artigo - utilização de um injetor de fluidos tipo venturi para fins de quimigação
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UTILIZAÇÃO DE UM INJETOR DE FLUIDOS TIPO VENTURI PARA FINS
DE QUIMIGAÇÃO
Cleudimar Griebler*
Geizon Laureano**
RESUMO
O presente trabalho visa verificar a eficiência, bem como possível utilização de um
injetor de fluidos tipo Venturi, em uma técnica de dosagem de produtos químicos denominada
quimigação. Os resultados são expressos em forma de modelagem matemática por meio de
regressão linear, ao se observar a variação do poder de sucção do injetor nos diferenciais de
pressão abordados, contando ainda, com a discussão de aspectos importantes quanto ao uso do
injetor para a prática de dosagem de fluidos em um conduto forçado.
Palavras chave: Venturi, quimigação, fertirrigação.
* Estudante - Disciplina de Fenômenos do transporte. Universidade do Vale do Itajaí. Acadêmico do quinto período do curso de Engenharia Ambiental. Universidade do Vale do Itajaí. E-mail: [email protected]
**Estudante - Disciplina de Fenômenos do transporte. Universidade do Vale do Itajaí. Acadêmico do quinto período do curso de Engenharia Ambiental. Universidade do Vale do Itajaí. E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
Com o aumento da população mundial nos últimos 60 anos, algo próximo de 6 bilhões
de habitantes, e uma crescente demanda por bens de consumo, o homem passou a explorar
novas áreas do conhecimento a fim de aumentar a produtividade e qualidade dos alimentos,
por ventura disso, a agricultura irrigada desempenha um papel importante quanto a esses
aspectos, apresentando um custo relativamente menor (Veloso et al., 2001).
A aplicação de produtos químicos via água de irrigação (quimigação) vem tornando-se
muito utilizada nas áreas irrigadas, principalmente na região nordeste do país. Quando esses
produtos químicos são os fertilizantes, a prática é denominada fertirrigação. O injetor de
fluido Venturi é um dos equipamentos mais utilizados para essa prática (Veloso et al., 2001).
O tubo Venturi é um aparelho que foi desenvolvido por Giovanni Battista Venturi, em
1791, um filósofo italiano que foi o primeiro hidráulico a experimentar tubos divergentes
(Azevedo Netto et al., 1998), citado em (Ibars, 2004). O tubo pertence à categoria dos
elementos primários geradores de pressão diferencial e pode operar com líquidos, gases e
vapor, sendo instalado em série com a tubulação (Delmée, 1982) e (Ibars, 2004).
De acordo com Spink (1967), Bringer (2003) e (Ibars, 2004) o tubo Venturi é
considerado um dos melhores tipos de medidor de vazão de fluídos e trabalha com alta
concentração de sólidos, não possuindo obstáculos à passagem do fluído, ou seja, não
causando retenção de partículas. O tubo de Venturi tem sido frequentemente utilizado em
laboratórios para calibrar outros instrumentos.
Segundo Aguila (2003) e (Ibars, 2004), os tubos Venturi são utilizados normalmente
em tubulações de grande diâmetro, apresentando vantagens quanto a sua durabilidade, baixa
perda de carga e trechos relativamente curtos de tubulação para sua montagem. Para Delmée
(1982), Olalla (2003) e (Ibars, 2004) os tubos Venturi podem ser fabricados usando-se
qualquer material, desde que sejam realizados de acordo com as dimensões recomendadas. De
acordo com este segundo autor, o Venturi com cone de fundição é mais utilizado em
tubulações com diâmetro de até 800 mm e para tubulações com maiores diâmetros utilizam-se
chapas de metal soldadas. Outros materiais usados na fabricação são: aço inoxidável, níquel,
bronze, fibra de vidro, policloreto de vinil, titânio, etc.
O tubo Venturi combina dentro de uma unidade simples, uma curta garganta cilíndrica
entre duas seções cônicas de maior diâmetro, sendo a primeira convergente e a segunda
divergente. Seu objetivo é acelerar o fluído e temporariamente baixar sua pressão. A
recuperação da pressão em um tubo Venturi é bastante eficiente, sendo seu uso recomendado
quando se deseja uma maior recuperação de pressão (menor perda de carga) e quando o fluído
medido carrega sólidos em suspensão (Galli & Onofre, 2003), (Ibars, 2004).
O presente trabalho utiliza-se da técnica denominada quimigação, a técnica consiste
basicamente na passagem de água da rede de distribuição e irrigação pelo injetor Venturi
onde, na parte afunilada do tubo se gera um diferencial de pressão e ocorre a sucção da
solução desejada e introdução da mesma na rede de distribuição.
“O injetor de fluidos tipo Venturi apresenta boa eficiência na injeção de produtos químicos via água de irrigação, baixo custo de aquisição, fácil operacionalização, construção simples, sem peças móveis e geralmente dispensa energia externa ao sistema. O sucesso do seu uso depende de vários fatores, podendo-se destacar a uniformidade de injeção dos produtos químicos, os quais devem ser avaliados e calibrados antes de serem usados” (Veloso et al., 2001, p. 06).
Este estudo, objetivou-se montar um sistema de injeção automática de produtos
químicos em um conduto forçado, por meio do uso do Tubo de Venturi, succionar substâncias
através do vácuo gerado na diferença de pressão existente na garganta do tubo. Essa prática
denomina-se quimigação, é o mesmo princípio usado para fertirrigação na agricultura. Têm se
por objetivação específica, construir um sistema injetor de produtos químicos para prática de
quimigação do tipo Venturi, determinar os materiais a serem utilizados bem como seu
dimensionamento visando uma relação direta entre custo e benefício. Observar as vantagens
que a utilização dessa técnica representa, e equacionar um modelo de regressão linear que
apresente o poder de sucção do injetor, com a variação de pressão no sistema e vazão de
entrada motriz constante.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para o presente estudo, foram utilizados diversos materiais para a construção do
devido projeto, dentre eles estão:
Cano de PVC para água de 32 mm (2 metros);
Cano de PVC para água de 25 mm (1 metro);
4 reduções de 32 mm para 25 mm;
2 reduções de ½ polegadas para ¼ de polegada;
2 reduções de ¼ polegadas para 1/8 de polegada;
3 T’s de 32 mm;
1 registro de globo de 32 mm;
2 registros de gaveta de 25 mm;
3 joelhos de 90 graus de 25 mm;
3 joelhos de 90 graus de 32 mm;
Fita veda rosca;
Lixa para cano;
Cola de cano;
2 manômetros;
1 chave inglesa de 12 polegadas, chaves de 17 e 19 mm tipo boca;
1 bomba d’água com vazão constante de 2700 litros por segundo;
1 proveta de 1000 mL;
Cronômetro;
Balde com volume conhecido de 18 litros
1 injetor Venturi de 1 polegada de diâmetro;
O projeto baseia-se em adaptar um tubo de Venturi para succionar automaticamente
produtos químicos em um fluxo proveniente de conduto forçado. A aplicação prática dessa
automação pode ser realizada em estações de tratamento de efluentes ou água, onde se faz
necessário o uso de produtos químicos específicos para reações como floculação, coagulação,
diminuir a espuma gerada no lodo do tratamento (Chorume), regulagem de pH, entre outras
aplicações, promove uma redução de custos pelo fato de não necessitar de um profissional
habilitado periodicamente para dosagem desses compostos. Vale ainda ressaltar que
equipamentos como bombas, utilizadas para esse fim, possuem um alto valor agregado,
portanto não correm o risco de serem danificadas por esses produtos, além do injetor
apresentar uma fácil manutenção com um custo relativamente menor, não necessitando de
energia elétrica para seu funcionamento.
Para utilizarmos esse protótico na prática de quimigação anteriormente citada,
necessitamos deduzir algumas variáveis do sistema por meio das equações de governo
expostas a seguir. Essas características são as velocidades, áreas e perdas de carga nos
diferentes pontos do tubo e no sistema completo, bem como as vazões, vazões que vão
determinar o potencial de sucção de produtos pelo quimigador.
O projeto vai relacionar a vazão de sucção medida experimentalmente, a fim de se
obter fórmulas (equações de regressão linear) que auxiliem o utilizador na calibração do
sistema para suas condições de uso necessárias, se ressalta ainda que essa equações servem
apenas para as medidas específicas deste projeto.
Será verificada a relativa mudança na vazão de sucção, quando a pressão no sistema
for alterada e a vazão de alimentação (motriz) juntamente com as dimensões da tubulação for
a mesma, ou seja, uma vazão motriz mínima será exigida para o funcionamento perfeito do
quimigador.
Abaixo segue o desenho esquemático do sistema a ser construído para quimigação (Figura 1).
Figura 1 – Esquema de montagem do sistema protótico para quimigação. Fonte: PLASNOVA et al. 2012.
A figura acima (Figura 1) demonstra o esquema do sistema quimigador ao qual deve
ser empregado, podemos observar que um fluxo em conduto forçado contendo um fluído em
particular, é forçado a passar por um segundo fluxo com o fechamento do registro A, a vazão
inicial nos condutos pode ser realizada por uma bomba motriz, ou outro meio que possa se
tornar mais viável e aplicável. No ponto B será usado um registro para alterar a pressão no
sistema a medida que esse é fechado, um manômetro C deve ser usado a fim de mensurar essa
pressão, no ponto D, o tubo Venturi estará instalado para fins de sucção de produtos do ponto
G, e a vazão de sucção a ser determinada será no ponto E. A inserção de um registro na saída
do sistema B1 se torna necessário quando não for necessária a quimigação, e apenas deve-se
ter o fluxo normal.
O fluido usado nos experimentos foi a água e os respectivos diâmetros e tamanho de
tubulações empregadas no experimento estão expostos abaixo:
A tubulação ilustrada na cor azul (Figura 1), possui um diâmetro de 32 mm com extensão de
1,5 metros, a tubulação entre B e B1, tem aproximadamente 1,25 metros com diâmetro de 25
mm, incluindo curvas, reduções, T’s, registros, manômetro e o injetor Venturi com diâmetro
externo de 1 polegada e internamente cerca de 0,75 polegada com extensão de 22 cm. Uma
proveta foi usada para determinar a vazão de sucção de forma experimentalmente precisa e na
saída do sistema, havia outro manômetro, a fim de mensurarmos a devida diferencial de
pressão.
O principio de funcionamento do injetor Venturi segue a equação que expressa o
teorema de Bernoulli considera como referencial o movimento de um fluido perfeito,
desprezando as perdas de carga (hf ) provocadas pelo atrito, a viscosidade e turbilhonamento
do fluido no interior da tubulação. Para atender às condições reais dos fluidos, acrescentou-se
o termo hf (Denículi, 1985), (Veloso et al., 2001). O teorema de Bernoulli passou a ser
definido teoricamente por:
Z 1+ P 1γ
+V 12
2 g=Z 2+ P 2
γ+ V 22
2 g+hf (1−2) (1)
O princípio de funcionamento do injetor de fluido Venturi está relacionado com o
teorema de Bernoulli. De acordo com Feitosa Filho (1990), Denículi et al. (1992) e (Veloso et
al., 2001), esse principio fundamenta-se no fenômeno da transformação de formas de energia,
onde parte da energia de pressão (da água na tubulação) é transformada em energia cinética
(quando passa pela secção convergente e secção estrangulada do Venturi) que normalmente,
se transforma em energia de pressão (quando volta à tubulação principal). O Venturi aumenta
a velocidade da água na seção estrangulada, provocando queda de pressão, ocasionando a
sucção da solução, colocada em um reservatório aberto, injetando-a na tubulação da linha
principal de irrigação (Figura 2).
Segundo Frizone et al. (1994) e (Veloso et al., 2001), o injetor de fertilizante Venturi
produz uma sucção pela pressão negativa e pelo princípio da transformação de energia de
pressão da água dentro da tubulação em energia cinética. Com isso aumenta-se a velocidade
da água, na zona de estrangulamento do Venturi, voltando à energia de pressão, ao retornar a
tubulação normal.
Figura 2 - Esquema do princípio de funcionamento do injetor Venturi. Fonte: Feitosa Filho. 1990 e Veloso et al., 2001.
Para o funcionamento do Venturi alguma condições físicas são requeridas e para
Kaufmann (1963), citado por Feitosa Filho (1998) e (Veloso et al., 2001), considerou um
sistema constituído por um injetor e por três reservatórios com funções específicas,
estabelecendo os aspectos hidráulicos do processo de sucção, para explicar as condições de
funcionamento do injetor de fluido Venturi (Figura 3).
Figura 3 - Condições requeridas para haver a sucção pelo injetor Venturi. Fonte: Feitosa Filho. 1990 e Veloso et al., 2001.
O primeiro reservatório (1) fornece as vazões motrizes ao injetor Venturi (2). O
segundo reservatório (3) faz a captação da solução (armazena) succionada pelo injetor (2).
Consideraram-se as seguintes condições de contorno para se estabelecer o processo de sucção
pelo injetor Venturi:
O primeiro reservatório de abastecimento (1) funciona fechado e possui uma pressão
de serviço maior que a pressão atmosférica. O nível de água é mantido;
O segundo reservatório (4) encontra-se sob a ação da pressão atmosférica;
O reservatório de captação (3) também funciona aberto e encontra-se sob a ação da
pressão atmosférica, com descarga livre;
O nível referencial do sistema passa na parte central da secção contraída do injetor.
Utilizaram-se três equações básicas: a equação de Bernoulli (1), a Equação da
Continuidade (2) e a Equação que mede a velocidade de um fluido num bocal (3):
A 1 V 1=A 2V 2=A 3 V 3
(2)
V=K √2 g ∆ h (3)
O ponto de descarga (3) possui uma área A e uma altura h3, que esta abaixo do nível
da água do reservatório de abastecimento (1). Desprezou-se a influência das vazões
succionadas pelo injetor junto ao fluido motriz. que passa pela secção estrangulada ou na
câmara de mistura. Aplicando-se a Equação de Bernoulli entre os pontos (1) e (2) definidos na
superfície do primeiro reservatório, tem-se:
P 1γ
+V 12
2 g+h1=P 2
γ+V 22
2 g
(4)
Ou
P 1−P 2γ
=V 22−V 12
2 g−h1
(5)
Utilizando-se a Equação da Continuidade (2) em relação aos pontos 1 e 3 e entre os
pontos 2 e 3, respectivamente, obtendo-se:
V 1= A 3∗V 3A 1
(6)
E
V 2= A 3∗V 3A 2
(7)
Substituindo-se os valores de V da equação (6) e V da equação (7) na equação (5),
obtêm-se:
P 1−P 2γ
= A 32∗V 32
2 g [ 1A 22 −
1A 12 ]−h1
(8)
Considerando a área A 2 da equação (8) muito pequena em relação à área A 1 o termo
A 12 desta equação foi desprezado. A equação (8) passou a ser expressa:
P 1−P 2γ
= A 32∗V 32
2 g [ 1A 22 ]−h 1
(9)
A velocidade do fluido (V 3), no ponto de descarga do bocal, pode ser determinada
utilizando a equação (3):
V 3=√2 gh3 (10)
Substituindo o valor da velocidade V 3 , equação (10), na equação (9). Foi obtida a
equação:
P 1−P 2γ
=[h3A 3A 2 ]
2
−h1
(11)
O lado direito da equação (11), para que eles obtivessem valores positivos seria
necessário que:
h 1<h 3[ A 3A 2 ]
2
(12)
E
P 2<P1 (13)
Se uma ou as duas condições forem verdadeiras, o fluido motriz que passa pela secção
contraída do injetor Venturi (2) não sairá por essa tubulação, porque há na secção
estrangulada do injetor uma sucção, pressão negativa ou tensão. Por esse fenômeno, pode-se
adicionar solução e/ou ar ao interior de uma tubulação permitindo-se fazer a quimigação.
A solução ao alcançar o interior da câmara de mistura do injetor é incorporada
automaticamente ao fluido motriz. Para ocorrer a sucção da solução na tubulação vertical do
injetor é necessário que:
h 2∗γsol<(P 1−P 2) (14)
em que,
h 2 - altura a ser elevada a solução do nível do reservatório ate a câmara de mistura do injetor.
m;
γsol - peso específico da solução, Kgf. m-³.
Substituindo-se o termo (P 1−P 2) da equação (14) na equação (11):
h 2∗γsolγ
=h3[ A 3A 2 ]
2
−h 1
(15)
Considerando-se o peso específico da solução succionada igual ao peso especifico do
fluido motriz. Então, os termos gsol e g da equação (15) serão simplificados, resumindo-se
em apenas:
h2=h3 [ A 3A 2 ]
2
−h1 (16)
Analisando-se os termos da equação (16) percebe-se que para haver a sucção da
solução na tubulação, ao invés da forma de igualdade, essa equação deverá ser expressa como
uma desigualdade, ou seja:
h 2<h 3 [ A 3A 2 ]
2
−h 1 (17)
Ou
A 3A 2
>√ h 2+h 1h 3
(18)
onde:
p - Peso específico do fluído, N.m-³;
Dh - Diferencial de pressão entre pontos no injetor Venturi, Pa;
A2 - Área de secção a montante do injetor, m²;
A3 - Área da secção a jusante de injetor, m²;
g - Aceleração da gravidade local, m.s-²;
N - Rendimento (%);
H1 - Energia de pressão por unidade de peso na entrada do injetor, m.c.a.;
H2 - Energia de pressão por unidade de peso na câmara de mistura, m.c.a.;
H3 - Energia de pressão por unidade de peso na tubulação pós-injetor, m.c.a.;
hf - Perdas de carga localizada, Pa;
K - Coeficiente de descarga;
P1 - Pressão em um ponto a montante do injetor simples, Pa;
P2 - Sucção na câmara de mistura do injetor simples, Pa;
P3 - Pressão na tubulação pós-injetor simples, Pa;
Q1 - Vazão motriz do fluido na tubulação a montante do injetor, m³.s-¹;
Q2 - Vazão do fluido na tubulação de sucção, m³.s-¹;
Q3 - Vazão do fluido na tubulação a jusante do injetor, m³.s-¹;
V1 - Velocidade do fluido na secção a montante do injetor, m.s-¹;
V2 - Velocidade do fluido na tubulação de sucção, m.s-¹;
V3 - Velocidade do fluido na tubulação a jusante do injetor, m.s-¹;
Essas foram as deduções e considerações estabelecidas por Kaufmann (1963), citado
por Feitosa Filho (1998) e (Veloso et al., 2001), utilizadas para expressar o principio de
funcionamento do injetor Venturi.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao término dos experimentos realizados com o injetor de fluidos tipo Venturi para fins
de quimigação, utilizando como base técnico científica as condições de funcionamento
determinadas por Kaufmann (1963), citado por Feitosa Filho (1998) e (Veloso et al., 2001),
chegando a resultados satisfatórios de sucção de agentes químicos para a prática de
quimigação, como pode ser visto a seguir na Tabela 2. Variáveis como vazões de entrada e
saída, pressões de entrada e saída com respectivos diferenciais de pressão, além de
velocidades ao longo dos experimentos, foram abordadas para fins de analises elementares de
possíveis leitores e utilizadores desse artigo em trabalhos futuros (Tabelas 1 e 2).
Os resultados são expressos em forma de modelagem matemática obtida por meio de
regressão linear estatística (Tabela 3), foi levado em consideração essa metodologia pelo fato
das equações representarem as condições hidráulicas reais do sistema para quimigação. As
equações de reta levam em consideração as perdas de carga existentes em todo o sistema,
ocasionadas pela viscosidade do fluido utilizado nos experimentos (água), turbilhonamento do
mesmo e atrito existente no interior das tubulações e singularidades hidráulicas.
Tabela 1 – Variáveis obtidas experimentalmente.
Vazão De Entrada (L/h)
Pressão De Entrada (m.c.a)
Diferencial De Pressão (m)
Pressão De Saída (m.c.a)
2700
103 75 58 2
153 125 108 7
203 175 158 12
Fonte: Os autores, 2012.
Tabela 2 – Variáveis obtidas experimentalmente.
Velocidade De Entrada (m/s)
Velocidade De Saída (m/s)
Velocidade De Sucção (m/s)
Vazão De Sucção (L/h)
Número De Reynolds (Sucção)
1,48
1,53 0,31 87 30691,57 0,57 162 56441,64 1,04 293 102971,51 0,20 56 19801,56 0,51 143 50491,63 0,99 280 9802
1,48 0,03 8 2971,51 0,17 48 16831,59 0,72 203 7129
Fonte: Os autores, 2012.
Tabela 3 – Coeficientes de regressão linear e equações de reta obtidas com valores experimentais de vazão de sucção e diferencial de pressão.
Coeficientes De Regressão LinearEquação De Reta
a b R R²
41,395 -40,105 0,9991 0,9983 41,395*X-40,105
44,868 -79,632 0,9999 0,9998 44,868*X-79,632
40 -127 0,9773 0,9552 40*X-127
Fonte: Os autores, 2012.
Ao analisar os números de Reynolds (Tabela 2), tomando como base para os cálculos
as velocidades de sucção do injetor Venturi, observa-se que quanto menor o diferencial de
pressão no sistema, menor será o número de Reynolds, e por consequencia disso, o fluido
apresenta fluxo laminar com uma melhor homogeneização do produto químico utilizado. Em
contrapartida, menores diferenciais de pressão provocam um menor poder de sucção do
injetor, algo que pode impossibilitar seu uso em dosagens com altas vazões e distribuição
uniforme do agente químico na coluna do fluido em questão.
As equações de reta obtidas experimentalmente com valores de vazão de sucção e
diferenciais de pressão apresentam boa correlação linear estatística (Tabela 3), valores
próximos de 1. As equações em geral explicam cerca de 98% dos dados reais do estudo, é
importante lembrar que a população amostral é pequena, uma grande população não foi obtida
pelo fato da vazão de entrada ser alta para o funcionamento do injetor Venturi, e ainda, os
manômetros utilizados não eram precisos de forma a testar mais diferenciais de pressão. As
figuras 4, 5 e 6 demonstram as equações de reta obtidas experimentalmente, é possível
observar o intervalo amostral pequeno, mas cogita-se a hipótese que uma população maior irá
atingir resultados satisfatórios de mesma forma.
Figura 4 – Equação de reta gerada com os dados de vazão de sucção, e diferencial de pressão medidos experimentalmente, tendo como pressão de entrada 10 m.c.a. Fonte: Os autores, 2012.
Figura 5 - Equação de reta gerada com os dados de vazão de sucção, e diferencial de pressão medidos experimentalmente, tendo como pressão de entrada 15 m.c.a. Fonte: Os autores, 2012.
Figura 6 - Equação de reta gerada com os dados de vazão de sucção, e diferencial de pressão medidos experimentalmente, tendo como pressão de entrada 20 m.c.a. Fonte: Os autores, 2012.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática de quimigação com um injetor de fluidos tipo Venturi é possível, apresenta
viável eficiência por não necessitar de equipamentos adicionais como bombas para seu
funcionamento, economiza custos de energia, manutenção e operacionalização. Construir um
sistema injetor de fluidos tipo Venturi é relativamente fácil e viável ao considerar seu custo
beneficio.
As equações de reta obtidas apresentam boa correlação linear em um intervalo
amostral pequeno, cogita-se a hipótese do mesmo acorrer em populações maiores. Ao avaliar
o número de Reynolds, percebe-se que diferenciais de pressão menores provocam melhor
homogeneização da solução de interesse, mas apresentam menor poder de sucção,
inviabilizando a utilização desse injetor em situações que altas vazões de sucção são
necessárias.
Um injetor de fluidos tipo Venturi aplicado à prática de quimigação pode ser formado
basicamente de PVC na parte externa, com aditivação UV evitando corrosão por agentes
químicos e raios solares, e de fibra de vidro internamente por estar em constante contato com
soluções químicas muitas vezes corrosivas (PLASNOVA et al., 2012). O tamanho do injetor
varia conforme as necessidades do utilizador, no presente trabalho não foi possível
dimensionar esse tamanho para outras situações, mas somente para os propósitos desse
estudo.
REFERÊNCIAS
IBARS, Rubén Alcides Franco. Desenvolvimento e avaliação de tubos Venturi para
medição de vazão. 2004. 77 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Agrônoma,
Departamento de Escola Superior de Agricultura, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2004. Disponível em: <www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11143/tde.../ruben.pdf>.
Acesso em: 20 mar. 2012.
PLASNOVA; USP, ESALQ. Injetor tipo Venturi. Disponível em: <www.plasnovatubos.com.br/Injetor.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2012.
VELOSO, Marcos Emanuel da Costa; PAZ, Judivan Oliveira; SOUSA, Valdemício Ferreira de. Aplicação de fertilizantes via água de irrigação por injetor Venturi. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/64782/1/Doc59.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2012.