artigo "um orçamento com menos impostos!" de pedro montez, jornal vida económica

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Page 1: Artigo "Um orçamento com menos impostos!" de Pedro Montez, jornal Vida Económica

Tiragem: 12600

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 23

Cores: Preto e Branco

Área: 25,70 x 14,40 cm²

Corte: 1 de 2ID: 66675295 28-10-2016

Um orçamento com menos impostos!Após apresentação da Proposta de

Orçamento para 2017, e em pleno período de discussões sobre as alterações fiscais na especialidade, do que ouvimos até agora confirma-se que estas alterações têm apenas justificação política e se podem resumir a uma deslocalização da tributação de impostos diretos para impostos indiretos.

No entanto, as discussões são tantas na praça pública e o frenesim é tanto que parece até que todas as partes políticas envolvidas apresentam sintomas de ansiedade parental para assistirem ao nascimento de um filho, apenas pelo facto de serem apontados como pais desta ou daquela medida fiscal. Mas todos deveríamos saber que, mais do que fazer o filho, o mais importante é estar presente, acompanhar, incentivar quando as coisas correm menos bem. E este processo deve ser constante até que chegue a altura da sua independência e do seu voo singular.

Se em vez de todos andarem preocupados com a criação de um novo imposto ou nova taxa, pudessem olhar para os impostos que já existem e, tal como um bom pai, melhorar o seu funcionamento, fazendo com que, em termos fiscais, se desenvolvesse a sua aplicação, tornando o sistema cada vez

mais eficiente e mais capaz de arrecadar a receita fiscal a que se propôs, todos teríamos a ganhar. Isto não são apenas ideias soltas. Deixo um pequeno exemplo que demonstra que seria possível obter mais receita, sem aumentar os impostos.

Nos primeiros oito meses de 2016 foram emitidas e comunicadas à Autoridade Tributária portuguesa cerca de 3570 milhões de faturas, correspondendo a um aumento de 2,9% em relação ao período homólogo de 2015. Das faturas comunicadas, no mesmo período, cerca de 723 milhões foram emitidas a consumidores finais, correspondendo a um aumento de 12,2% comparativamente com o período homólogo de 2015. Durante o passado mês de setembro foi publicado um relatório da União Europeia que apresenta um estudo, com base em dados de 2014, sobre a diferença entre as receitas estimadas e as receitas efetivas do IVA recolhidas pelas administrações fiscais de cada país da União Europeia, denominado o “VAT Gap”. Ao passo que o VAT Gap na Europa se situa numa média de cerca dos 16%, em Portugal o valor percentual da diferença entre as receitas de IVA estimadas e as efetivamente cobradas situou-se nos 12,5%.

Neste caso, a diferença é positiva, pois estamos abaixo da média europeia, no entanto esta percentagem corresponde a um valor superior a 2 mil milhões de euros em 2014. Ora, se o Estado podia ter arrecadado esta receita e não o fez, só podemos concluir que existe ainda muito a ser feito.

E isto não se resolve criando novos impostos, com todas as implicações que daí advêm desde a sua aplicação com base em legislação clara e respetiva adaptação por parte dos agentes económicos.

Para combater este VAT Gap a União Europeia não propõe a criação de um novo imposto. Estudou as causas e propõe uma série de medidas assentes em três pilares principais: aumentar a cooperação entre a União Europeia e países terceiros; tornar as administrações fiscais mais eficientes e, por fim, incentivar o cumprimento voluntário das obrigações fiscais.

Na proposta do Orçamento do Estado para 2017 poderia ser seguida uma estratégia semelhante, que permitisse implementar medidas que pudessem ir nesse sentido, ou seja, otimizar a máquina fiscal de forma que a receita fiscal arrecadada se assemelhasse cada vez mais à receita estimada.

O projeto E-fatura segue o seu caminho. Cada vez mais empresas comunicam as suas faturas e cada vez mais contribuintes solicitam faturas com número de contribuinte, ajudando também, de certa forma, o Estado na arrecadação de receita fiscal.

Neste contexto, e na minha opinião, a estratégia fiscal principal para o Orçamento do Estado de 2017 podia ser diferente, beneficiando da tecnologia existente na Autoridade Tributária e outra que se pudesse justificar como necessária para obter os mesmos resultados, ou seja, aumentar a receita fiscal sem aumentar os impostos.

Se no ano que vem pudéssemos estar aqui a falar de uma diferença de 1000 milhões de euros entre receita estimada e receita efetivamente cobrada, não seria um cenário ótimo, mas seria mais reconfortante e sinal de que efetivamente se estava no bom caminho. Seria possível ter um orçamento com menos carga fiscal se este trabalho abrangesse todos os impostos, de modo a que a receita arrecadada se aproximasse da receita estimada.

Pelo menos, com toda a certeza, a arrecadação da receita dos impostos seria mais eficiente e as opções orçamentais seriam diferentes.

PEDRO MONTEZFiscalista e especialista em softwares de faturação em Portugal e em países de língua portuguesa na PRIMAVERA BSS

Page 2: Artigo "Um orçamento com menos impostos!" de Pedro Montez, jornal Vida Económica

Tiragem: 12600

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 5,00 x 3,47 cm²

Corte: 2 de 2ID: 66675295 28-10-2016

FISCALIDADEPedro Montez, da Primavera

BSS

Estratégia fi scal

para o OE 2017

podia ser diferentePág. 23