artigo para evaluar brasil
DESCRIPTION
Perspectiva do BrasilTRANSCRIPT
-
1
CAPTULO XX
ELEMENTOS PARA UMA AVALIAO CRTICA DO PROGRAMA DE
FORMAO E MOBILIZAO SOCIAL PARA CONVIVNCIA COM O
SEMIRIDO - UM MILHO DE CISTERNAS RURAIS P1MC
Resumo
A partir da problematizao das aes e perspectivas do Programa de Formao e
Mobilizao Social para Convivncia com o Semirido Um milho de Cisternas Rurais
(P1MC) e do trabalho da Articulao no Semirido Brasileiro (ASA), com base em evidncias
empricas que dialogam com um referencial terico, o presente estudo identificou tenses
entre as concepes e as prticas do Programa e apresenta uma agenda para discusso.
ponderado que na dimenso tecnolgica, da utilidade do servio, o programa cumpre seus
propsitos imediatos. No entanto, na dimenso pedaggica-cidad, h sintomas que indicam
um paulatino esvaziamento da proposta.
Palavras chaves: P1MC, ASA, cisternas, semirido, cidadania
1 Introduo
O suprimento de gua doce de boa qualidade essencial para a qualidade de vida das
populaes humanas, para o desenvolvimento econmico e para a sustentabilidade dos ciclos
no planeta. A gua no o nico elemento indispensvel e importante para o desenvolvimento
de uma regio, mas, dentre todos os componentes que fazem parte daquele ecossistema, talvez
seja o principal a servir como elo entre os diferentes compartimentos (EPA, 2009). O Brasil
-
2
se destaca em termos quantitativos pela sua capacidade hdrica, porm, a distribuio das
fontes de gua heterognea. A variabilidade climtica anual e sazonal significativa e,
como condicionante da disponibilidade hdrica, constitui-se em fator importante para a
sustentabilidade das atividades socioeconmicas (TUCCI; HESPANHOL; NETTO, 2001).
O Semirido brasileiro (SAB) tem apenas 3% das guas doces do Pas, mas abriga
uma populao de 20.858.264 milhes de pessoas, o que significa quase 12% da populao
nacional. Desse total, mais de 40% vivem na zona rural. Duas caractersticas histricas
marcam a regio: secas peridicas prolongadas, que ocorrem aproximadamente a cada dez
anos, e a escassez anual de gua durante o perodo de estiagem (VIERA, 2002; BLANK;
HOMRICK; ASSIS, 2008). o Semirido mais chuvoso do planeta, com uma pluviosidade
mdia anual de 750 mm/ano (variando, dentro da regio, de 250 mm/ano a 800 mm/ano),
entretanto as chuvas so irregulares e se concentram em poucos meses do ano. Alm disso,
so frequentemente interrompidas por veranicos, e a evaporao provoca o tpico quadro de
balano hdrico negativo, o que precariza, fortemente, as condies de vida na regio.
O subsolo formado em 70% de sua rea por rochas cristalinas pr-cambrianas, o que
dificulta a infiltrao da gua e a consequente formao de mananciais perenes. A
composio geolgica, portanto, influencia na qualidade das guas subterrneas e superficiais,
que tendem a ser salinas e duras, e nem sempre adequadas para consumo (MALVEZZI,
2007).
As secas foram e ainda so o principal obstculo ao crescimento e melhoria do bem
estar das populaes desta regio, provocando grandes desequilbrios econmicos, sociais e
ambientais que atingem, principalmente, os habitantes dispersos da zona rural. A Organizao
Mundial de Sade (OMS) destaca que todas as pessoas, em quaisquer estgios de
desenvolvimento e condies socioeconmicas, tm direito a um suprimento adequado de
gua. Por isso, o fenmeno se apresenta como desafio s polticas que visam o
desenvolvimento local sustentvel (OMS, 2001).
-
3
Em primeiro lugar porque, no caso do Semirido brasileiro, as secas carregam,
historicamente, uma marca poltica negativa. Seu enfrentamento sempre se pautou por
polticas paliativas, assistencialistas e eleitoreiras, que longe de resolverem o problema da
escassez hdrica, asseguraram a manuteno histrica de grupos oligrquicos no poder. E, em
segundo, porque, tambm historicamente, as solues tcnicas apresentadas de combate s
secas, como a construo de barragens e audes, ou poos artesianos, concentravam mais do
que distribuam a gua, um bem comum, patrimnio da humanidade, no privatizvel.
A busca de solues tecnolgicas para o fornecimento de gua aos habitantes do SAB
deve oferecer, de um lado, garantias de sustentabilidade, de forma que as atividades
econmicas e sociais desenvolvidas tenham continuao e dinmicas independentes da
existncia ou no de um evento de seca e, de outro, o fim das privaes que comprometem a
experincia das liberdades instrumentais, sem as quais no h desenvolvimento nos termos
definidos por Sen (2000), apoiados neste trabalho. Assim, neste contexto, em 2001, a
Articulao no Semirido Brasileiro (ASA) idealizou o Programa de Formao e Mobilizao
Social para Convivncia com o Semirido Um milho de Cisternas Rurais (P1MC). A ASA
uma rede de organizaes formada em 1999 durante a realizao do Frum Paralelo da
Sociedade Civil III Conferncia das Partes da Conveno das Naes Unidas para o
Combate Desertificao (COP3), realizada em Recife, Pernambuco, Brasil, e, na atualidade,
congrega mais de 700 organizaes com atuao no Semirido Brasileiro.
No ano de 2003, o P1MC ganhou novo impulso ao ser includo no programa
governamental Fome Zero. Neste ano, o P1MC institucionalizou-se, sob responsabilidade da
Secretaria Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional Sesan do Ministrio do
Desenvolvimento Social e Combate Fome MDS. Por meio de um convnio pactuado entre
Governo Federal e ASA, a Unio passou a apoiar e financiar programas de construo de
cisternas e formao de multiplicadores (BRASIL, 2008).
-
4
Embora a construo de cisternas de placas1*nucleie as aes do P1MC, seus objetivos
so mais amplos, uma vez que perpassam a mobilizao, participao e formao da
populao beneficiada para convivncia com o Semirido. Nessa perspectiva, as aes
propaladas pela ASA por meio do P1MC buscam o desenvolvimento de um processo de
formao para convivncia com o Semirido que tem como referncia a construo de
estruturas de captao de gua de chuva, apresentando como objetivo maior a mobilizao da
populao do Semirido brasileiro. Orientao importante no trabalho realizado pela ASA
refere-se forma de ao da rede que alm de se colocar como agente interlocutora da
populao rural do Semirido, principalmente, no que concerne captao de recursos,
constri espaos e meios pelos quais esta populao tem a possibilidade de se formar
acessando informaes, participando das discusses, elaborando, apresentando e testando suas
propostas.
No intuito de refletir sobre este processo de formao, o presente texto apresenta
elementos para uma avaliao crtica do P1MC e do trabalho da ASA a partir da anlise da
integrao e incorporao dos conhecimentos tcnicos aos saberes tradicionais das
comunidades beneficiadas. Para tanto, buscou-se a discusso dos resultados empricos por
meio de um arcabouo terico composto pelos aportes da ecologia dos saberes, tomando por
1Cisternas de placas so construdas a partir de placas de cimento pr-moldadas, so cobertas e, por meio de um
sistema de calhas acoplado aos telhados, recebem e armazenam a gua da chuva. As cisternas construdas pelo
P1MC tm capacidade para armazenar 16.000L de gua. De acordo com ASA (s. d.), o volume de 16.000L foi
estimado a partir de pesquisa realizada pela Fundao Luterana de Diaconia (FLD), organizao que financia
projetos e programas sociais em todo o Brasil, e refere-se ao consumo de gua para beber e cozinhar, de uma
famlia com cinco pessoas, num perodo de oito meses (intervalo probabilstico de pluviosidade na regio). A
rede de organizaes ainda observa que para que a cisterna tenha saturado sua capacidade de armazenamento
necessrio, considerando-se os telhados das casas com rea mnima de 40m, uma pluviosidade de 500mm por
ano, mdia de precipitao da regio. Em relao rea dos telhados, a Embrapa Semirido junto ao Grupo de
Pesquisa Cisternas das Universidades Estadual da Paraba e Federal de Campina Grande, observam que, para o
nordeste semirido, com ndices pluviomtricos mnimos de at 200mm, se recomenda reas entre 56 e 60m2.
Segundo os pesquisadores, reas menores de telhados no seriam suficientes para completar, nos anos crticos,
os 16.000 litros.
-
5
base o discutido por Santos (2006), e pelo conceito de bricoleur desenvolvido por Lvi-
Strauss (1976), a fim de discutir os processos que visam fazer com que as comunidades rurais
se apropriem de novos conceitos e os apliquem cotidianamente, como tambm se procurou
avaliar a interferncia que as prticas tradicionais exercem no processo de sensibilizao da
populao. A este referencial terico foram incorporados os aportes de Sen (2000) que aborda
a expanso das liberdades como caminho para o fortalecimento das aes humanas.
Para Santos (2006:102), a ecologia de saberes baseia-se no reconhecimento da
pluralidade de saberes heterogneos, da autonomia de cada um deles e da articulao
sistmica, dinmica e horizontal entre estes saberes. Segundo o autor, o conhecimento
interconhecimento, reconhecimento, autoconhecimento. Considera-se que os saberes
tradicionais forjados e exercidos nas comunidades estudadas so relevantes para a formao
de sua identidade ambiental/cultural, no podendo ser alterados em curto prazo por processos
de formao pontuais. Estes processos so ferramentas de integrao e incorporao dos
conhecimentos tcnicos aos saberes tradicionais.
Lvi-Strauss (1976) conseguiu expor atravs da linguagem escrita esse pensamento,
recorrendo ao bricoleur (bricoleur, do francs, significa uma pessoa que faz todo o tipo de
trabalho, trabalhos manuais. Bricolage, na antropologia, tem o sentido de trabalho onde a
tcnica improvisada, adaptada ao material, s circunstncias). Para ele, o bricoleur torna
compreensvel um acontecimento dando-lhe uma estrutura de inteligibilidade, uma estrutura
simblica. Torna-o compreensvel sem explicar tal acontecimento. O universo instrumental do
bricoleur fechado e a regra de seu jogo a de arranjar-se sempre com os meios-limites que
dispe. Assim, cada um dos objetos que constitui o seu tesouro ir estabelecer uma relao
entre si para definir um conjunto a realizar, de modo que o todo e a parte constituem uma s e
mesma realidade; o subjetivo e o objetivo no so separados.
Por outro lado, o P1MC tambm tem como importante caracterstica a ampliao do
acesso agua. E o acesso gua uma das condies para que as pessoas vivam com
-
6
qualidade e exeram suas liberdades. Para Sen (2000), a expanso das liberdades
(oportunidades econmicas, liberdades polticas, servios sociais, garantiras de
transparncias, segurana protetora) importante para o desenvolvimento por duas ordens de
razo: a avaliao (a apreciao do progresso tem que ser feita em termos do alargamento da
liberdade das pessoas) e a eficcia (a qualidade do desenvolvimento depende da ao livre dos
indivduos). O que as pessoas podem efetivamente realizar depende, assim, do conjunto das
liberdades e condies que dispuser para viver com qualidade. O acesso igualitrio ao bem
comum gua uma dessas condies.
2 O problema
Advoga-se, aqui, que o acesso gua de qualidade e em quantidade suficiente gera
transformaes profundas na vida das pessoas: diminui a incidncia de doenas, reorganiza as
relaes familiares, libera mulheres e crianas para outras atividades (estudar, brincar, cuidar
do lar e das crianas, atender a roa, participar de grupos comunitrios), permite a
diversificao da produo (garantindo a segurana alimentar), e rompe com a dependncia
poltica dos carros-pipa e de outras fontes de gua sob domnio privado, favorecendo
condies de vida cidad (BRASIL, 2010).
Atualmente busca-se o desenvolvimento nesta regio por meio de um novo paradigma:
a convivncia com o Semirido, tendo como perspectiva a emancipao social dos indivduos.
O fator primordial para que a convivncia ocorra o acesso gua, que gera transformaes
profundas na vida das famlias ao reorganiz-las frente nova realidade de gua disponvel
e a garantia de alimentos, liberta-as da dependncia poltica e desperta-as para a cidadania e
para a organizao comunitria (BRASIL, 2010).
De acordo com Silva (2006), do ponto de vista da dimenso econmica, a convivncia
a capacidade de aproveitamento sustentvel das potencialidades naturais e culturais, em
-
7
atividades produtivas, apropriadas ao meio ambiente e representa uma mudana
paradigmtica uma vez que superaria a orientao de combate seca e os seus efeitos. O
mesmo autor ainda complementa que a ASA expressa a aglutinao de sujeitos que assumem,
nesse momento histrico, o protagonismo na defesa de uma poltica alternativa de
convivncia com o Semirido, contrapondo-se a velhas e decadentes oligarquias sertanejas, s
foras empresariais que reproduzem a explorao socioambiental da regio a ao tecnicismo
burocrtico do Estado (SILVA, 2006).
A captao da gua de chuva uma alternativa para se conviver com a regio
semirida. Para que a gua de chuva seja consumida com segurana faz-se necessria a
execuo de um manejo higinico do sistema de captao e manejo da gua de chuva como
um todo (desde o telhado, passando pelos dutos at a cisterna, o uso de bomba manual para
retirar de forma higinica a gua) at o seu consumo final, aps a desinfeco nas residncias
antes de beber (ANDRADE NETO, 2003; XAVIER, 2010). Para obter um manejo adequado
dos sistemas e suas cisternas nas comunidades beneficiadas indispensvel introduo da
educao ambiental (EA) como ferramenta integradora importante na transferncia de novas
tecnologias, facilitando ou intermediando sua apropriao.
Segundo Jacobi (2003), isso implica na necessidade de fortalecer o direito ao acesso
informao e educao ambiental em uma perspectiva integradora, baseada na
conscientizao, mudana de comportamento, capacidade de auto avaliao e participao.
Entretanto, tradicionalmente as famlias das zonas rurais agrupadas em pequenas
comunidades ou povoados, desenvolvem e adquam saberes prprios de seu ambiente, clima
e manejo de seus recursos. Esses saberes, s vezes conflitantes com os dominantes e
experimentais, esto arraigados de tal maneira na cultura das pessoas que criam pontos de
tenso quanto apropriao de novas prticas.
Com o propsito de ampliar a abrangncia das anlises, o ncleo emprico da pesquisa
representado pelo estudo dos processos que se materializaram na comunidade rural
-
8
denominada Buraco, localizada no municpio de Chapada do Norte, Minas Gerais, e pelos
processos observados na comunidade de Poos das Pedras, municpio de So Joo do Cariri,
Paraba.
3 Aspectos metodolgicos
Buraco um ncleo comunitrio rural do municpio de Chapada do Norte, Vale do
Jequitinhonha, Minas Gerais. Compartilham o espao da comunidade cerca de 40 famlias. A
precariedade das condies de vida desse ncleo populacional exacerbada pela falta de
acesso ao saneamento bsico, em especial, naquilo que envolve o abastecimento de gua.
Compem as fontes de suprimento de gua para a populao 33 cisternas construdas na
comunidade pela ASA, por meio do P1MC, e um poo raso. As Figuras 1 e 2 so imagens da
comunidade e de uma das cisternas construdas. As Figuras 3 e 4 retratam o poo raso e a
gua por ele disponibilizada populao local.
Figura 1- Comunidade do Buraco, Vale do
Jequitinhonha, Minas Gerais. Figura 2- Cisterna construda na comunidade
do Buraco.
Figura 3- Fonte de gua aspectos gerais. Figura 4- Fonte de gua aspectos gerais
-
9
A compreenso dos processos de formao e das mudanas de hbitos proporcionadas
com a atuao do P1MC na comunidade foi subsidiada por um arcabouo emprico
constitudo por quatro entrevistas abertas realizadas com beneficirios do programa, por nove
questionrios fechados respondidos pelos moradores e por duas visitas comunidade.
Por seu turno, a comunidade de Poos das Pedras, municpio de So Joo do Cariri,
Paraba, possui 25 famlias em residncias dispersas, no beneficiada com rede de
abastecimento de gua e saneamento bsico, sendo a fonte predominante de abastecimento um
barreiro, o rio Tapero e cisternas instaladas, tambm atravs do trabalho da ASA, em
algumas residncias. A gua do rio Tapero usada apenas para dessedentao animal e para
fins menos nobres (lavar roupa, lavar a casa, descarga, irrigao de subsistncia), pois o rio
recebe os esgotos de cidades prximas. A comunidade possui uma escola que tem uma nica
professora e funciona em regime multiseriado (do 1 ao 5 ano) apenas no turno da manh.
Nesta localidade foram realizados seminrios e oficinas de educao ambiental, com
enfoques em temas como manejo sustentvel de sistemas de captao de guas de chuva,
desinfeco da gua antes de beber e sade da famlia. No total realizaram-se 16 encontros
(OLIVEIRA, 2009) com a participao continua de 11 famlias que foram novamente
entrevistadas um ano depois (MIRANDA, 2011).
A anlise das respostas aos questionrios fechados possibilitou uma avaliao das
condies de sade das famlias, do grau de escolaridade, da situao de higiene das
residncias, das medidas de captao e manejo da gua de beber e tratamento da gua de
consumo. Por meio das entrevistas abertas foi possvel verificar a apropriao dos conceitos
relativos convivncia com o Semirido pelos entrevistados. Aps a entrevista formal a
equipe continuava na residncia conversando com os moradores, que se sentiam mais livres
para expor suas opinies pessoais.
4 Resultados e inferncias
-
10
4.1 O que dizem as informaes levantadas?
A avaliao dos questionrios torna mais evidente a precariedade de acesso aos
servios de saneamento nas comunidades. Em Buraco, oito dos nove entrevistados no
dispem de instalaes hidrossanitrias e fazem suas necessidades fisiolgicas no mato. O
outro morador dispe de uma fossa. Oito entrevistados queimam o lixo produzido pela famlia
j que o Estado no oferece comunidade nenhum mecanismo de coleta de resduos e seis
sujeitos j observaram a presena de ratos no domiclio.
Em quatro domiclios da comunidade de Buraco a telha de barro, em seis o piso
cimentado, em outros dois domiclios o piso de cho batido. Cinco domiclios so de adobe
e dois de pau a pique. A precariedade das condies dos domiclios cria pontos de tenso em
relao capacidade do P1MC de alterar as condies de vida na comunidade, mesmo que o
processo seja pautado em aes de formao. O relato de um dos beneficirios entrevistados
retrata uma situao desoladora. Ainda que tenha se esforado para construir sua cisterna, no
pde usufruir do benefcio por ela proporcionado, j que sua casa desabou ocasionando danos
estrutura da cisterna, conforme relatado pela beneficiria e retratado na Figura 5:
-
11
, eu, assim, eu nem tem como contar vocs, sabe? Porque quando ns fizemos a caixa a
casa nossa tava trincando, mas eu pensei que ela no ia cair agora... ... muito, di demais.
Eu carreguei o qu? Acho que 80 sacos de cimento pra cada, no sei assim... ... Guardei l
na casa dele e de l carregava l pra casa, a guardei e constru a minha caixa e a o meu
corao doeu porque minha casa caiu e minha caixa tambm, que a parede caiu em cima
dela, agora t l daquele jeito. Eu no gosto nem de ir l pra olh pra caixa... que di, a
gente sofrer tanto pra ter a caixa da gente pra depois cair, no... o tanto que a gente penou
pra t fazendo aquelas tampas, pra t carregando as tampas.
Figura 5- Cisterna danificada em decorrncia de desabamento do domiclio.
tambm atribuda s condies do domiclio, em especial ao estado do telhado,
resistncia utilizao da gua armazenada na cisterna. A contaminao da gua ao entrar em
contato com o telhado da casa descrita por uma entrevistada:
A gua da chuva pra ns, ns acha muito importante, t ajudando ns muito, s que aqui
em casa mesmo a gua da caixa ns no usa pra fazer comida e nem pra beber, por causa
que ela... o telhado aqui muito ruim e s vezes a gua cai e cai muito preta na caixa, a ns
no usa ela. S usa ela pra lavar a roupa, pro banho, a ns usa ela...
Em So Joo do Cariri, na Paraba, a avaliao dos questionrios socioculturais sobre
Sade da Famlia revelou que os entrevistados mantm prticas de higiene inadequadas. Em
80% das casas a limpeza do quintal e da prpria residncia precria. Animais so livremente
criados nas proximidades da cisterna que armazena a gua para consumo, e o lixo guardado
no quintal, em reas prximas a cozinha.
-
12
Sob o prisma do abastecimento de gua, as cisternas de placa construdas pelo P1MC
podem ser conceituadas como tecnologias alternativas e individuais. Tudela (1982) ressalta
que toda tecnologia incorpora e determina um conjunto de valores, uma determinada
estruturao das relaes sociais e uma concreta viso do mundo. por isso que, segundo o
autor, quando uma opo tecnolgica implantada, tende a reproduzir a estrutura
sociocultural de onde foi gerada. A reflexo proposta por Tudela (1982) conduz a uma anlise
do P1MC que evidencia o carter conflituoso das avaliaes do Programa. Ao mesmo tempo
em que o P1MC fortalece uma mudana de paradigma em direo convivncia com o
Semirido por meio de uma tecnologia criada pelos prprios sertanejos, portanto, coerente
com o modelo de sociedade no qual foi gerado, o Programa tambm traz em seu bojo a
utilizao de uma tecnologia em que o indivduo o principal responsvel pela manuteno e
operao do sistema, esvaziando assim a responsabilidade do Estado de promover o acesso
gua em qualidade e quantidade.
Do ponto de vista emprico, conforme apresentado no prosseguimento do texto, a
anlise acima corroborada pela constatao de que a populao exalta o programa e que, por
vezes, relaciona sua concretizao interferncia divina, o que contrasta com as anlises
relativas s aes, ou ausncia delas, voltadas manuteno da qualidade da gua, o que
leva a concluir que a gua disponibilizada pela cisterna, dificilmente, atende aos padres de
potabilidade institudos pelo Ministrio da Sade por meio da Portaria 518/2004 (BRASIL,
2004).
Nas falas a seguir, transcries de entrevistas realizadas na comunidade de Buraco,
permitem observar como os sujeitos se referem chegada do P1MC a esta comunidade.
A gente pensava s que ns num tinha a caixa ainda, mas a gente pensava que um dia,
acontecia da gente ter a caixa e agora a gente tem...
A pra ns foi um milagre. Um milagre porque fez a caixa, pegou gua da goteira e serviu
muito pra ns...
-
13
Em contraste, os dados empricos indicam que, embora tenha ocorrido um momento
de capacitao, os beneficirios ainda mantm prticas higinicas inadequadas sugerindo que
os processos de formao no conseguiram sensibilizar a populao em relao necessidade
e a forma correta de se tratar a gua. No Vale do Jequitinhonha, embora oito dos nove
entrevistados assegurem tratar a gua, e destes, cinco afirmem clorar a gua, observa-se que
este tratamento no ocorre de forma sistemtica e existe dificuldade de compreenso em
relao s razes da utilizao do cloro e sua relao com o processo de desinfeco. Supe-
se que estes conhecimentos no foram apropriados efetivamente pela populao o que indica
falhas nos processos de formao.
Uma possvel explicao para estas limitaes decorre das diferenas entre os sistemas
de crenas de tcnicos e da populao beneficiria. Enquanto o nosso pensamento, o
pensamento das instituies e dos tcnicos tende a separar, analisar, purificar as coisas, a
cincia dos povos tradicionais se apoia em sistemas de crenas diferentes. Em outras palavras,
o pensamento tradicional, para construir as suas representaes do mundo, baseia-se no jogo
simblico das metforas e metonmias. Lvi-Strauss (1976) conseguiu expor este jogo
simblico por meio da linguagem escrita, recorrendo ao bricoleur:
o bricoleur o que executa um trabalho usando meios e expedientes
que denunciam a ausncia de um plano preconcebido e se afastam dos
processos e normas adotadas pela tcnica. Caracteriza-o especialmente
o fato de operar com materiais fragmentrios j elaborados, ao
contrrio, por exemplo, do engenheiro que, para dar execuo ao seu
trabalho, necessita da matria-prima (LVI-STRAUSS, 1976:37)
Ao desconsiderar essas particularidades ocorre a reduo da assimilao das novas
prticas discutidas nos processos de capacitao, como as recomendadas para o tratamento de
gua. Tambm nas comunidades do Cariri paraibano observaram-se processos semelhantes.
Os entrevistados afirmaram compreender a importncia do processo de desinfeco da gua
-
14
antes do consumo, entretanto apenas 20% realizam a clorao da gua, usando o hipoclorito
regularmente. A desinfeco da gua seria essencial, pois das 11 famlias quatro no possuem
cisternas e dependem da gua de um barreiro construdo pelos moradores, que imprpria
para consumo. Frequentemente ocorrem episdios diarricos em crianas e idosos. Mesmo
nessas condies os usurios no fazem a desinfeco, e usam a decantao e coao para
limpar a gua. No associam diarria com o uso de gua contaminada.
Para o setor tcnico, a diarria transmitida pela contaminao feco-oral (transmisso
hdrica e relacionada com a higiene) como, por exemplo, atravs da ingesto de gua
contaminada, de mos sujas, pratos e copos sujos e est fortemente associada ao nvel da
limpeza domstica (GOLDMAN; PEBLEY; BECKETT, 2001; HELLER, 1995). Entretanto,
sistemas de crenas diferentes que no acreditam na origem microbiana das doenas
infecciosas permanecem comuns nessas comunidades rurais. Sade, para o senso comum
dessas populaes, est intrinsecamente conectado a Deus, disponibilidade de gua e
fartura de alimentos. De um modo geral, vrus, bactria, protozorio, seres somente visveis
atravs do microscpio, no fazem parte do mundo fsico e sociocultural de muitos dos
indivduos que vivem nessas comunidades rurais.
Ainda em relao preservao da qualidade da gua, h de se ressaltar que os bices
para integrao das reas de saneamento e sade so reconhecidamente obstculos para a
melhoria das condies de vida no Brasil (HELLER, 1997), contexto que suplanta as aes do
P1MC e se reflete na ausncia ou atuao insuficiente dos profissionais das equipes do
Programa da Sade da Famlia. A comunidade estudada em Minas Gerais, naquele momento,
no tinha acesso ao Programa da Sade da Famlia e entre os habitantes do cariri paraibanos
ntida a insatisfao com os Agentes de Vigilncia Ambiental (AVAS) e com o Programa de
Sade da Famlia. Dentre as questes levantadas pelos moradores est a m qualidade do
atendimento, o fato de os agentes passarem na comunidade apenas uma vez por ms e a falta
de qualificao destes profissionais. Como exemplo, no est incorporado no seu cotidiano
-
15
incluir nas suas falas a associao de qualidade da gua com a sade, da importncia da
origem da gua de beber e sua desinfeco antes do uso, dos cuidados com a cisterna, entre
algumas questes relacionadas com gua. Alguns no sabem ou no tem segurana na simples
metodologia de adicionar duas gotinhas de hipoclorito de sdio para cada litro de gua.
A anlise do Programa de Sade da Famlia nas duas comunidades remete a questo
do acesso aos servios pblicos pelas camadas da populao de baixa renda. Estes grupos
populacionais esto, no Brasil, ou excludos ou expostos a servios de qualidade precria, o
que fere o princpio da equidade que ainda no ascendeu agenda pblica brasileira na
dimenso que lhe cabida.
A equidade no uma questo trivial quando se avaliam as polticas voltadas
melhoria da qualidade de vida para as populaes do Semirido, dadas as condies sociais
desta regio. Paim (2011), tomando como referncia a rea de sade, observa que a equidade
tem sido contemplada de forma progressiva, j que considera a distribuio desigual de danos,
riscos e determinantes entre grupos sociais, etrios e tnicos. O autor, tomando como
referncia Elias (2005), aborda a equidade luz da justia social, conforme apresentado a
seguir:
A noo de equidade se associa de modo diverso igualdade e, sobretudo,
justia, no sentido de propiciar a correo daquilo em que a igualdade agride e,
portanto, naquilo que a justia deve realizar. Tomada nesse sentido, a equidade
requer igualdade para produzir efeitos, pois se constitui justamente em corretora
da situao igualdade, na medida em que a adoo desse recurso se revele
imperfeita diante dos objetivos da promoo da justia (Elias, 2005:291, apud
Paim, 2011).
Do ponto de vista socioeconmico constatou-se que, das nove famlias do Vale do
Jequitinhonha que responderam ao questionrio, seis recebem algum auxlio do governo,
cinco so beneficirias do Programa Bolsa Famlia e uma recebe aposentadoria rural. Para
-
16
sete famlias a renda per capita inferior a R$70,00, o que as situa entre os 16,2 milhes de
miserveis brasileiros (BRASIL, 2011).
A dependncia em relao aos programas pblicos, que direta ou indiretamente
proporcionam transferncia de renda, tambm foi observada em So Joo do Cariri. Um
aspecto emblemtico reside no fato de que os questionrios mostraram que as cisternas
construdas na comunidade so todas provenientes de programas sociais como o Programa
Um Milho de Cisternas (P1MC), do fundo rotativo (ASA e Diocese local) dentre outros, com
exceo de uma que a moradora construiu com recursos prprios, mas, no adequada, pois
era uma caixa dgua que foi transformada em reservatrio. As poucas famlias sem cisternas,
no tm condies financeiras de constru-las e esperam a contemplao pela prefeitura.
Para Silva (2006), a misria e a pobreza da maioria da populao do Semirido
alimentam os processos de subordinao com base no clientelismo poltico, mantendo os
domnios das elites socioeconmicas. Estas condies caracterizam um quadro estrutural que
tem implicaes nas polticas de abastecimento de gua propostas para a regio, elevando os
desafios para alcance de objetivos tais como os do P1MC, um programa de abastecimento de
gua que busca inserir a promoo do acesso em um processo mais amplo, voltado ao
fortalecimento das populaes rurais difusas no Semirido.
4.2 Limites e tenses
Em Minas Gerais e na Paraba, as conversas informais e a observao de campo nos
colocaram mais prximos da realidade das famlias, promovendo uma interao mais
dinmica e legtima com o seu dia a dia. Atravs desses processos foram identificadas as
maiores variveis desta pesquisa e os principais focos de tenses, como sero expressos a
seguir.
Durante as conversas informais os participantes falavam da dificuldade em incorporar
novas tcnicas de manejo da gua e da cisterna. As prticas exercidas nas comunidades h
-
17
anos (captao da gua de barreiro, uso do balde para retirar a gua na cisterna, no desinfetar
a gua antes de beber) fazem parte da cultura destas pessoas, que acreditam, sobretudo, na
eficincia e segurana destas. Como so acostumadas a lidar com a falta de gua tanto no
aspecto quantitativo quanto qualitativo, diante da possibilidade de ter gua limpa em seu
quintal por meio da introduo das cisternas, acreditam que seus problemas foram resolvidos,
no havendo a necessidade de mais mudanas para elevar a qualidade de uma gua que
consideram puras em contraposio a uma situao passada de extrema precariedade.
Apesar de ressaltarem a importncia da desinfeco da gua antes do consumo, como
forma de garantir a segurana de sua qualidade, nenhum dos nove entrevistados em Chapada
do Norte fez referncia ao hipoclorito de sdio, enquanto que em So Joo do Cariri apenas
20% dos entrevistados afirmou tratar a gua de beber, regularmente, com hipoclorito de sdio.
Outro aspecto importante para manuteno da qualidade da gua armazenada na
cisterna envolve a utilizao de barreiras sanitrias. Barreiras sanitrias so sistemas que
combinam aspectos construtivos, equipamentos e mtodos operacionais na busca de
estabilizar as condies ambientais, minimizando a probabilidade de contaminao por
microrganismos patognicos ou outros organismos indesejveis. No que tange ao uso dos
sistemas de captao e armazenamento de gua de chuva em cisterna, so consideradas
barreiras sanitrias a limpeza dos telhados e dos dutos antes das primeiras chuvas, a limpeza
da cisterna uma vez ao ano, o desvio das primeiras guas de cada evento de chuva, por que
lavam o telhado e so as mais sujas, a utilizao de bombas para retirada de gua, a
desinfeco da gua no seu ponto final de consumo, nas residncias, e antes de beber
(ANDRADE NETO, 2004).
Tanto em Minas Gerais quanto na Paraba, os relatos dos entrevistados sugerem que os
processos de formao em relao utilizao das barreiras sanitrias alcanaram relativa
efetividade. Na comunidade localizada em Minas Gerais oito dos nove entrevistados
asseguram realizar o desvio da primeira gua de chuva; todos afirmam limpar o entorno da
-
18
cisterna. No entanto, seis entrevistados utilizam balde para retirada da gua. Na Paraba, os
entrevistados informaram, tambm, realizar o desvio das primeiras guas de cada chuva, e
manter o entorno da cisterna limpo, mas, em seguida, alegavam no fazer o desvio em todas
as chuvas por estarem fora de casa ou por esquecimento e apresentavam, no quintal, acmulo
de lixo e criaes de animais prximos s cisternas.
5 Consideraes finais
As duas referncias empricas apresentadas aqui como ponto de partida para a
definio de uma avaliao crtica do P1MC permitem inferir, num plano mais geral, que, no
quesito satisfao, o programa vai muito bem obrigado. No h, nos discursos coletados,
queixas, reclamaes ou crticas diretas s cisternas como tecnologia de armazenamento de
gua ou ao trabalho conduzido pela ASA. Em nosso ver, esse um aspecto significativo. No
entanto, preciso ponderar que, se na dimenso tecnolgica, da utilidade do servio, o
programa cumpre, por assim dizer, seus propsitos imediatos (assegurar gua de qualidade
para beber), na dimenso pedaggica-cidad h sintomas que preocupam. O primeiro deles
diz respeito qualidade e eficcia da apropriao social dos princpios norteadores do P1MC.
O que se constata que, na compreenso geral, o programa um benefcio da assistncia
pblica, e no uma conquista cidad. As noes de qualidade tcnica conflitam com prticas
tradicionais de cuidado. Os processos de educao no fixam compromissos, a no ser para a
conformao de um discurso de convenincia poltico-social, que se adqua s diferentes
situaes e atores. Outro problema est relacionado participao e adeso filosofia do
programa. No h registro, nas duas comunidades, de aes espontneas ou mobilizao que
no tenham sido estimuladas ou induzidas pelos atores gestores. E, nesse sentido, a
participao tem natureza pragmtica: est em jogo o benefcio.
-
19
H uma ausncia de articulao do P1MC com o conhecimento tradicional das
comunidades rurais. preciso saber como as comunidades rurais esto entendendo,
elaborando e se apropriando das mensagens e saberes transmitidos nas aes oficiais do
P1MC. O que se percebe que as intervenes esto sendo realizadas sem o necessrio
conhecimento da cultura dessas comunidades rurais e o reconhecimento de como a
especificidade cultural do grupo influencia no xito do trabalho. Deve-se ter em mente que
cada comunidade rural de uma regio um caso, portanto se devem traar estratgias e
prticas diferenciadas para desenvolver atividades com cada uma delas. No agindo deste
modo, o P1MC se articula como mais uma poltica que prima por homogeneizar as aes,
incorrendo nos mesmos erros de outras polticas pblicas implementadas no Semirido
brasileiro.
Em sntese, e como agenda para discusso, deixamos a seguinte impresso: a
implantao do PIMC, particularmente nas reas estudadas, descurou da participao e o
modelo de transferncia da tecnologia, por sua natureza unidirecional, no levou em
considerao os saberes tcnicos e valores locais, apresentando como resultado o seguinte
quadro: a) baixa apropriao, particularmente dos cuidados relativos qualidade da gua; b)
baixo envolvimento com os princpios do projeto e o seu esprito transformador; c) a
compreenso de gua longe da idia de bem comum e instrumento de cidadania; e d) desvio
de finalidade (cisternas usadas para outros fins).
Ao problematizar as aes e perspectivas do P1MC e do trabalho da ASA com base
em evidncias empricas que dialogam com um referencial terico foi possvel identificar
tenses entre as concepes e as prticas do Programa e apresentar uma agenda para
discusso que poder nortear novos trabalhos acadmicos e, eventualmente, mudanas na
atuao dos atores que conduzem sua elaborao e execuo. So evidentes as possibilidades,
o carter inovador e a contraposio do Programa s velhas e decadentes prticas
desenvolvidas sob a gide da perspectiva de combate seca. Menos bvio, por seu turno, so
-
20
os reais alcances do P1MC e a capacidade do Programa de efetivar uma proposta de formao
e mobilizao para convivncia com o Semirido.
6 Referncias
ANDRADE NETO, C. O. Proteo sanitria das guas de cisternas rurais. In: 4 SIMPSIO BRASILEIRO DE CAPTAAO E MANEJO DE GUA DE CHUVA. Petrolina, 2003.
ANDRADE NETO, C.O. Proteo sanitria das cisternas rurais. In: SIMPSIO LUSO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITRIA E AMBIENTAL. Natal, 2004.
ASA - ARTICULAO NO SEMI-RIDO BRASILEIRO. Programa de formao e mobilizao para a convivncia com o Semi-rido: um milho de cisternas rurais (P1MC). s.d (mimeo).
BLANK, D. M. P.; HOMRICH, I. Da G. N.; ASSIS, S. V. O gerenciamento dos recursos hdricos luz do Ecodesenvolvimento. Revista Eletrnica do Mestrado em Educao Ambiental-FURG-RS. v. 20, p.53, jan. a jun. 2008.
BRASIL. Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome. Secretaria Nacional Alimentar e Nutricional. 2008a. Programa Cisternas: Histrico. Disponvel em: http://www.mds.gov.br/programas/seguranca-alimentar-e-nutricional-san/cisternas/ cisternas-2/historico. Acesso em: 06 de outubro de 2008.
BRASIL, Ministrio do Desenvolvimento Social. Semirido. Braslia. 2010. Disponvel em: Acessado em: 10 ago. 2010.
BRASIL, Ministrio do Desenvolvimento Social. Secretaria Extraordinria de Superao da Extrema Pobreza. Braslia. 2011. Disponvel em: < http://www.mds.gov.br/brasilsemmiseria> Acessado em: 1 jun. 2011.
ELIAS, P.E. A utilizao da noo de eqidade na alocao de recursos em tempos do pensamento (neo)liberal: anotaes para o debate. Cincia & Sade Coletiva, n. 10, p. 289-292, 2005.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). Water: Monitoring & Assessment. 2009. Disponvel em: http://www.epa.gov/owow/monitoring/vol.html Acessado em: 14 abr. 2009.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006
GOLDMAN. N.; PEBLEY, A. R.; BECKETT M. Diffusion of ideas about personal hygiene
and contamination in poor countries: evidence from Guatemala. Social Science and
Medicine, n. 52, p. 53-69, 2001.
HELLER, L. Associao entre cenrios de saneamento e diarria em Betim-MG: o
emprego do delineamento epidemiolgico caso-controle na definio de prioridades de
-
21
interveno. 1995. 294 p. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 1995.
HELLER, L. Relao entre sade e saneamento na perspectiva do desenvolvimento. Cincia & Sade Coletiva, v. 3, n.2, p. 73-84, 1998.
JACOBI, P. Educao ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118, p. 189-205, mar. 2003.
LVI-STRAUSS, C. O Pensamento selvagem. So Paulo: Companhia Editora Nacional,
1976.
MALVEZZI, R. Semirido - uma viso holstica. Braslia: Confea, 2007.
MIRANDA, P.C. Cisternas no cariri paraibano: avaliao de prticas de educao ambiental no uso higinico da gua. 2011. 103p. Dissertao (Mestrado) Universidade Estadual da Paraba, Campina Grande, 2011
OLIVEIRA, L. A. Estratgias de Educao ambiental para promoo do manejo sustentvel dos sistemas de captao de guas de chuva em comunidades rurais do Cariri-PB. 2009.103p. Dissertao (Mestrado) Universidade Estadual da Paraba, Campina Grande, 2009.
ORGANIZAO MUNDIAL DE SADE (OMS). gua e Sade. 2001. Disponvel em: Acessado em: 14 fev. 2011.
PAIM, J. S. Universalidade, integralidade e equidade. In: REZENDE, S.C. (org.). Cadernos temticos. (Vol. 7). In: HELLER, L.; MORAES, L. R. S.; BRITTO, A. L. N. P.; BORJA, P. C.; REZENDE, S. C. (coord.). Panorama do saneamento bsico no Brasil. Braslia: Ministrio das Cidades, 2010.
SANTOS, B, DE S. La Sociologa de las Ausencias y la Sociologa de las Emergencias: para una ecologa de saberes. In: SANTOS, B. DE S. (Ed). Renovar la teora crtica y reinventar la emancipacin social. Buenos Aires, 2006. Disponvel em: Acessado em: 26 fev. 2011.
SEN, A. Desenvolvimento como Liberdade. So Paulo: Companhia das Letras, 2000, 410 p.
SILVA, R. M. A. Entre o combate seca e a convivncia com o semi-rido: transies paradigmticas e sustentabilidade do desenvolvimento. 2006. 298p. Tese (Doutorado) Universidade de Braslia, Braslia, 2006.
TUCCI C. E. M; HESPANHOL I.; NETTO O. DE M. C. Gesto da gua no Brasil. Braslia: UNESCO, 2001.156p.
TUDELA, F. Seleo de tecnologias apropriadas para assentamentos humanos: um guia metodolgico. CEPAL, 1981.
TUDELA, F. Tecnologias para os assentamentos humanos: um quadro conceitual. CEPAL, 1982.
-
22
VIEIRA, V. P. P. B. gua doce no semi-rido. In: REBOUAS, A. C; BRAGA, B.; TUNDISI, J.G (Ed.). gua Doce no Mundo e no Brasil. So Paulo: Escrituras Editora, 2002.
XAVIER, R. P. Influncia de barreiras sanitrias na qualidade da gua de chuva armazenada em cisternas no semirido paraibano. 2010. 165 p. Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2010.