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A EDUCAO A DISTNCIA COMO ALTERNATIVA PARA A FORMAO DE ADULTOS VOLUNTRIOS NO ESCOTISMO BRASILEIROAutora: MACDO, Maria Soares de Licenciada em Letras e mestre em Engenharia de Produo; Doutoranda em Cincias da Educao; Coordenadora Nacional do Grupo de Trabalho de Educao a Distncia da Equipe Nacional de Gesto de Adultos da Unio dos Escoteiros do Brasil. [email protected] Co-autores: BARBOSA, Paulo Henrique Maciel Bacharel em Engenharia Civil; Mestrando em Engenharia de Estruturas; Professor universitrio e ps-graduao latu-sensu em Belo Horizonte MG; Conselheiro Nacional da Unio dos Escoteiros do Brasil; Diretor de Cursos de Formao de Nvel Bsico da Unio dos Escoteiros do Brasil. [email protected] DE PAULO, Felipe Eduardo Portela Graduando em Direito; Assessor Juvenil do Comit Mundial do Escotismo; Membro da Equipe Mundial de Mtodos Educativos da Organizao Mundial do Movimento Escoteiro; Escotista da Unio dos Escoteiros do Brasil. [email protected]

RESUMO Este artigo apresenta as aes do Escotismo que objetiva a formao dos adultos que adentram como voluntrios e que precisam de capacitao, mas que por algum motivo, no tem condies de participar presencialmente, seja por compromissos profissionais, por residirem em cidades distantes de onde so fornecidos os eventos de formao para qualificao dos voluntrios atuantes no Movimento Escoteiro. O Escotismo um movimento de jovens para jovens, criado pelo ingls Robert Stephenson Smith BadenPowell em 1907 na Inglaterra, com a colaborao de adultos voluntrios e livres, unidos de um compromisso com a promessa e lei escoteira. Atravs dos eventos de formao, estes adultos voluntrios adquirem conhecimentos, prticas, metodologias, e outras vivncias, para assumirem este compromisso, seja como escotistas ou dirigentes, para a boa prtica do Escotismo. Em 2011, a Unio dos Escoteiros do Brasil, instituio que representa o Escotismo no Brasil, implantou o sistema de formao destes adultos voluntrios em formato de EAD (Educao a Distncia) e neste trabalho ser apresentando um comparativo quanto a sistema de formao do adulto voluntrio em alguns anos atrs na instituio com os dias atuais, com esta opo do mesmo em formato EAD.

PALAVRAS CHAVES: Escotismo; Educao distncia; Voluntariado. ABSTRACT This article presents the tools and methods of Scouting which aims at training of adults who enter as volunteers and they need training, but for some reason, is unable to attend in person or by work commitments, because they live in cities far from where they are provided training events for the qualification of volunteers active in Scouting. Scouting is a youth movement for young people, created by Sir Robert Stephenson Smith BadenPowell in England in 1907, with the help of adult volunteers, united in a commitment to the Scout Promise and Law. Through the training events, these volunteers acquire knowledge, practices, methodologies, and other experiences, to take on this commitment, either as Scout leaders (educators) or managers to the good practice of Scouting. In 2011, the Unio dos Escoteiros do Brasil, a body representing Scouting in Brazil, implemented the system of training of adult volunteers in EAD format (Distance Education) and this paper will be presented as a comparative system of training of adult volunteers from few years ago until nowadays, with this option of distance education. KEYWORDS: Scouting, Distance Education, Volunteering. 1. INTRODUO As mudanas na educao brasileira transformam qualquer cenrio de educao formal alvo de impactos provocados pelas novas tecnologias (TICs) e que exige dos atores/cidados sociais um perfil seja profissional, seja voluntrio ou at mesmo aprendiz, com capacidade diferente de aprender ou de ensinar. Nesse sentido o Movimento Escoteiro ME utiliza os cenrios da educao extraescolar (no formal) para contribuir com o desenvolvimento integral do ser humano, principalmente para que crianas e jovem assumam seu prprio desenvolvimento, especialmente do carter, na educao, no lazer atravs de atividades fixas e variadas que contribuem para a conquista dos objetivos educativos de maneira paulatina, sequencial e cumulativa, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades fsicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidados responsveis,

participantes e teis em suas comunidades. Nessa perspectiva, se faz necessrio, a atuao de adultos capacitados e qualificados para orientar dos membros juvenis a realizar as metas e aes previstas pelo Projeto Educativo do ME. Para atender essa demanda, ou seja, aos adultos que atuam nos mais longnquos recantos do Brasil onde o Escotismo demarca territrios, a Unio dos Escoteiros do Brasil UEB lana mo da modalidade de Educao a Distncia para que os adultos que no tem acesso a formao presencial possa adquirir conhecimento e de forma continuada, o conhecimento necessrio, promovendo a diferena para crianas e jovens que participam do ME sem oferecer riscos para a qualidade e a uniformizao da aplicao do Programa Educativo desenvolvido pelo Escotismo. 2. DESENVOLVIMENTO O Escotismo um movimento feito para os jovens com a participao de adultos voluntrios e reconhecido pelo MEC atravs do Decreto-Lei n. 8.828 de 24 de janeiro de 1946 como uma instituio de educao extra-escolar. O Escotismo atua no desenvolvimento integral do ser humano e com a educao permanente dos jovens, como complemento familiar, escolar e de outras instituies. Seu propsito contribuir para que o jovem assuma seu prprio desenvolvimento, especialmente do carter, na educao, no lazer e na socializando de crianas e jovens atravs de atividades fixas e variadas que contribuem para a conquista dos objetivos educativos de maneira paulatina, sequencial e cumulativa, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades fsicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidados responsveis, participantes e teis em suas comunidades. Atualmente com mais de 30 milhes de membros ativos em todo o mundo, segundo dados da Organizao Mundial do Movimento Escoteiro OMME, Desde a sua fundao, h mais de um sculo, adultos ingressam no movimento escoteiro para contribuir, orientar ou complementar as necessidades educacionais de todos os jovens que manifestem interesse para tal. O Movimento Escoteiro, portanto, procura satisfazer as necessidades educacionais de cada jovem na medida em que estas se apresentam, enquanto continua estimulando o desenvolvimento em todas as reas, admitindo que, cada pessoa tem

diferentes potencialidades e, por isto, procura ajudar cada jovem, inclusive os com necessidades especiais, a desenvolver ao mximo suas habilidades, ou seja: Fazer o melhor possvel. 2.1 Promessa, Lei Escoteira e Metodologias: Para alcanar seu propsito, o Escotismo utiliza o mtodo escoteiro, que se constitui na combinao de diversos componentes: Promessa escoteira compromisso que o jovem aceita livremente, diante de seu grupo de companheiros, ser fiel palavra empenhada e fazer o seu melhor possvel. prometo pela minha honra fazer o melhor possvel para cumprir meus deveres para com deus e minha ptria, ajudar o prximo em toda e qualquer ocasio e obedecer lei escoteira. Lei escoteira um instrumento educativo em que esto expressos, de maneira compreensvel para as diferentes faixas etrias, os princpios que nos guiam. A aprendizagem pelo servio proporciona oportunidade para que os jovens assumam uma atitude solidria, realizem aes concretas de servio e se integrem progressivamente ao desenvolvimento de suas comunidades. Alm de contribuir para resolver um problema ou para aliviar uma dor, o servio uma forma de explorar a realidade, de conhecer a si mesmo, de descobrir outras dimenses culturais, de aprender a respeitar aos demais, de experimentar a aceitao e o reconhecimento do meio social, de construir a autoimagem e de estimular a iniciativa em direo s mudanas e melhoria da vida em comum. A aprendizagem pela ao educao ativa em que os jovens aprendem por si mesmos por meio da observao, do descobrimento, da elaborao, da inovao e da experimentao. Esta aprendizagem no formal permite viver experincias pessoais que interiorizam e consolidam o conhecimento, as atitudes e as habilidades. Desta maneira, e do ponto de vista cognitivo, se substitui a simples recepo de informao pela efetiva aquisio do conhecimento; no domnio da afetividade, se substitui a norma imposta pela norma descoberta e a disciplina exterior pela interior; e, no campo motriz, a passividade receptiva do destinatrio cede lugar criatividade efetiva do realizador. Um sistema de equipes um fator fundamental do mtodo a vinculao a pequenos grupos de jovens de idade semelhante. Estas equipes de iguais aceleram a

socializao, identificam seus membros com os objetivos comuns, ensinam a estabelecer vnculos profundos com outras pessoas, geram responsabilidades progressivas, proporcionam autoconfiana e criam um espao educativo privilegiado para que o jovem cresa e se desenvolva. Uma sociedade de jovens os pequenos grupos e as demais estruturas oferecidas pelo Movimento fazem lembrar uma sociedade de jovens. Nela se observam rgos de governo e espaos para a participao, assembleias e conselhos que ensinam a administrar divergncias e a obter consensos, organismos de tomada de decises de interesse coletivo ou individual, equipes executivas que impulsionam ao e fazem com que as coisas aconteam. Uma escola ativa que incorpora a aprendizagem da convivncia, da democracia e da eficincia vida cotidiana. A aprendizagem pelo jogo o jogo oferece oportunidades para experimentar, aventurar, imaginar, sonhar, projetar, construir, criar e recriar a realidade. No jogo o jovem protagonista onde ele desempenhar papis diversificados, descobrir regras, se associar com outros, assumir responsabilidades, medir foras, desfrutar de triunfos, aprender a perder, avaliar seus acertos e seus erros. Sistema progressivo de objetivos e atividades um variado programa de atividades que representa para o jovem uma oferta coincidente com seus interesses e dentro da qual eles escolhem o que desejam fazer. Os objetivos se baseiam nas necessidades do desenvolvimento harmnico dos jovens e se ajustam a suas possibilidades nas diferentes idades. As atividades propostas so desafiantes, teis, recompensadoras e atraentes. A vida ao ar livre os desafios que a natureza apresenta permitem aos jovens equilibrar seu corpo, desenvolver suas capacidades fsicas, manter e fortalecer a sade, ampliar a criatividade, exercitar espontaneamente sua liberdade, estabelecer vnculos profundos com outros jovens, compreender as experincias bsicas da vida em sociedade, valorizar o mundo, formar seus conceitos estticos, descobrir e se encantar com a ordem da Criao. A presena estimulante do adulto no processo de crescimento dos jovens, o educador adulto se incorpora alegremente ao dinamismo juvenil, dando testemunho dos valores do Movimento e ajudando os jovens a descobrir o que no poderiam descobrir sozinhos. Este estilo permite estabelecer relaes horizontais de cooperao para a aprendizagem, facilita o dilogo entre as geraes e demonstra que o poder e a autoridade podem ser exercidos a servio da liberdade daqueles a quem se educa, dirige

ou governa. A avaliao progressiva proposta pelo Projeto Educativo do Movimento Escoteiro, tem a participao de todos, mediante formas de animao que variam segundo as diferentes etapas de progresso, permitindo analisar, por exemplo, o impacto das aes desenvolvidas na realidade social concreta. A primeira etapa a do Ramo Lobinho que formada por meninas e meninos de 7 a 10 anos que querem descobrir e entender o sentido das coisas. Toda esta fase desenvolvida em torno do Livro da Jngal de Rudyard Kipling, resumido em Mowgli, O Menino Lobo, com o objetivo de aguar a fantasia que as crianas dessa idade vivem. A prxima etapa no Ramo Escoteiro, em que participam os moas e rapazes de 11 a 14 anos. o perodo de busca de valores, fundamentada em um sistema de equipes e num encontro com a natureza. Em seguida, j adolescentes, eles passam para o Ramo Snior, em que ser trabalhada a formao da identidade do jovem. Desta fase participam os jovens que tm entre 15 e 17 anos. O principal aspecto neste Ramo o desafio da autorrealizao, incentivando as atividades aventureiras, o servio comunitrio, social e cultural. Finalmente, o Ramo Pioneiro compreende a fase jovem-adulta do Movimento, com mulheres e homens de 18 a 21 anos de idade. Nele, o jovem busca alcanar a completa autonomia e d-se nfase no seu processo de integrao com o mundo adulto e a definio de seu projeto de vida, privilegiando sobre tudo o servio comunidade, como expresso da cidadania. A motivao que atrai os jovens ao o brincar para o Ramo Lobinho, a aventura para o Ramo Escoteiro, o desafio para o Ramo Snior e o servio para o Ramo Pioneiro. A avaliao num contexto educacional propicia subsdios para tomadas de decises quanto ao direcionamento das aes como uma dimenso do processo educativo, dinmico, processual, que deve qualificar e oferecer subsdios para um direcionamento ou redimensionamento de aes dos chefes/adultos. 2.2 - Poltica de Gesto de Adultos da Unio dos Escoteiros do Brasil e da Organizao Mundial do Movimento Escoteiro:

Todo esse processo educativo s possvel graas formao e capacitao realizadas pela UEB - dos adultos voluntrios que participam do ME. Baseada nas Diretrizes Nacionais para Gesto de Adultos, parte integrante da Poltica de Gesto de Adultos da UEB, a Equipe Nacional de Gesto de Adultos dos Escoteiros do Brasil prioriza a promoo de um sistema nacional de gesto de adultos de qualidade, eficaz e flexvel o suficiente para ser adaptado com sucesso s diversas situaes particulares de cada poro do territrio nacional. (Unio dos Escoteiros do Brasil, 2009 p. 5). A Poltica Mundial de Gesto de Adultos, adotada na Conferncia Mundial do Escotismo, realizada em Bangkok (1993), estabeleceu uma poltica comum para todas as associaes em matria de Gesto dos Adultos, e enfatizou a prioridade estratgica mundial n.5, Voluntrios no Movimento Escoteiro: desenvolvimento de novos enfoques para ampliar a base de apoio de adultos, contidos na Estratgia para o Movimento Escoteiro, para 2007 e mais alm, adotada na 36 Conferncia Mundial realizada em Tessalnica (2002), reforada pelo desafio chave: Atrair e Manter os Adultos que Necessitamos, apresentado na 37 Conferncia Mundial na Tunsia em 2005 e fortalecidas pelo documento Adultos no Escotismo Poltica Mundial, aprovado na 39a Conferncia Mundial do Escotismo, realizada em 2011, em que a cidade de Curitiba no Paran foi anfitri (Unio dos Escoteiros do Brasil, p. 5, 2009). Neste sentido, a Unio dos Escoteiros do Brasil mantm um esforo permanente de atualizao da sua Poltica de Gesto de Adultos, com base nas diretrizes estabelecidas. Essa poltica, discutida tanto entre seus adultos que atuam como formadores, como em Seminrios Nacionais, embasada na permanente anlise das necessidades de treinamento do escotismo brasileiro, enfoca a seguinte prioridade estratgica: Promover um sistema nacional de gesto de adultos de qualidade, eficaz e flexvel o suficiente para ser adaptado com sucesso s diversas situaes particulares de cada poro do territrio nacional. Com essa prioridade, essa poltica busca estimular metodologias que possibilitem CAPTAR, CAPACITAR e ACOMPANHAR adequadamente o adulto voluntrio da Unio dos Escoteiros do Brasil. Essa prioridade resultou em trs objetivos: 1) Manter atualizada a poltica nacional de gesto de adultos; 2) Padronizar os contedos mnimos de formao de adultos; e

3) Propor metodologias eficazes de cursos de formao nas duas linhas e trs nveis de formao.A formao continuada dos adultos no ME tem no seu bojo o desenvolvimento de competncias impulsionadas pela autoaprendizagem e o desenvolvimento das capacidades individuais compreendidas em trs reas distintas: a soluo dos problemas norteada pelo conhecimento adquirido, pelas habilidades desenvolvidas ao longo da vida e por seus valores e atitudes demonstradas diante dos conflitos estabelecidos. (Unio dos Escoteiros do Brasil, 2009). A autoaprendizagem dos adultos sempre foi incentivada pelo ME desde a sistematizao da aquisio da Insgnia de Madeira, instituda na dcada de 1920, constitudo-se numa titulao para o adulto voluntrio que completa seu ciclo de formao, desde seu vnculo no movimento. Comea pelo nvel preliminar de formao, em seguida o nvel bsico, e finalmente a concluso do nvel avanado de formao, que intitula o voluntrio no mbito do Escotismo com a conquista da Insgnia de Madeira, grau mximo da formao para um adulto voluntrio no Escotismo (BOULANGER, 2007). H um tempo atrs, que ainda comum no processo de formao de adultos dos Escoteiros do Brasil, uma das fases para a concluso do nvel avanado de formao era a resposta por parte do candidato a Insgnia de Madeira de um questionrio, composto por aproximadamente 20 a 30 perguntas relacionadas ao Programa Educativo e Gesto Institucional do Escotismo, em que este voluntrio aps responder tal questionrio remete o mesmo ao escritrio regional da Unio dos Escoteiros do Brasil da cidade de abrangncia de sua atuao. Este questionrio remetido por sua vez, pelo escritrio regional a um leitor, j portador da Insgnia de Madeira e que atua como diretor de cursos de nvel avanado, com a devida qualificao para leitura e avaliao das respostas do candidato. Este leitor um sujeito oculto, desconhecido para o candidato, e assim se mantm. Com isso, mantm-se um processo de comunicao leitor / avaliador e candidato oculto, mas existente, j que comum este leitor recomendar alteraes nas respostas do adulto candidato a Insgnia de Madeira ou at mesmo encaminhar uma mensagem de elogio pelas perfeitas respostas deste questionrio. Essa metodologia utilizada por formadores para avaliar a distncia e o aprendiz a estudar sozinho, faz parte do histrico do desenvolvimento do ensino a distncia to utilizada hoje impulsionada principalmente pelas novas Tecnologias (TICs).

Encontra-se registro de experincias de educao a distncia desde a Antiguidade, primeiro na Grcia na produo das cartas de Plato e depois em Roma nas epstolas de So Paulo, umas continham informaes rotineiras, outras transmitiam saber cientfico. A prtica do ensinamento a distncia teve sua importncia tambm no Iluminismo e no Humanismo (SARAIVA, 1996). No meio acadmico, apenas no sculo XIX quando autorizado na Europa e nos Estados Unidos a emisso de diplomas usando essa metodologia que a partir da passou a us-la em todos os nveis de ensino, tanto em sistemas formais como no formais objetivando o atendimento a milhares de estudantes separados pelo espao geogrfico. (CHAVES, 1999). 2.3 A Educao a Distncia no Brasil: No Brasil a EAD utilizada desde o XX, foi oficializado com a promulgao da Lei n 9.394/96. Em 1923 foi ao ar pela Rdio Sociedade do Rio de Janeiro, programas de literatura, lnguas, e temas de alcance social operada pelo Departamento de Correios e Telgrafos. Em 1993, foi criada pelo Ministrio da Educao e Cultura MEC o Sistema Nacional de Educao a Distncia sendo a regulamentao da EAD pela Secretaria de Educao a Distncia. Seguindo a linha do tempo, foram registradas outras experincias de EAD: Nos anos de 1920 e 1930 surgiram as escolas radiofnicas em diversos pases e no Brasil a experincia aconteceu em Natal-RN, 1939 Instituto Rdio Monitor, 1941 Instituto Universal Brasileiro, na dcada de 1950 Movimento de Educao de Base, 1970 Projeto Minerva, 1974 Sistema Avanado de Comunicaes Interdisciplinares SACI e Projeto LOGOS, final dos anos 70 Telecurso do 2 Grau, dcada de 1980 Telecurso 1 Grau, dcada de 1990 Telecurso 2000. A EAD necessita de meios de comunicao para intermediar o processo professor x aluno. Por muito tempo esse meio foi o material impresso, udio ou vdeos transmitidos por TVs e rdios educativas. Hoje, as TICs proporciona interao em tempo real dependendo do objetivo e do formato do curso a ser reproduzido ou da experincia a ser vivenciada. Atualmente, a oferta de cursos usando a metodologia educao a distncia cresce a passos muito largos. De acordo com o MEC, mais de um milho de brasileiros

realizam cursos a distncia credenciados pelo Ministrio da Educao em diversos nveis de ensino, desde o letramento at ps-graduao. 2.4 A EAD no processo de Gesto de Adultos da Unio dos Escoteiros do Brasil: Sendo a EAD uma metodologia que oportuniza o acesso ao conhecimento, independente do espao em que se encontrem os aprendizes, o ME lana mo dessa metodologia para capacitar seus adultos. Em abril de 2011 foi lanado em Braslia-DF por ocasio da Assembleia Nacional da Unio dos Escoteiros do Brasil, a plataforma onde foi disponibilizado o curso de formao para Dirigente de Grupo Escoteiro. A plataforma utilizada para a EAD na formao de adultos voluntrios para o Movimento Escoteiro utiliza-se do sistema Moodle para desenvolvimento das atividades. A figura 1 abaixo, apresenta a interface inicial do aluno junto a plataforma. Figura 1: Template de acesso inicial do candidato na plataforma Moodle do sistema em EAD para a Formao de Adultos dos Escoteiros do Brasil http://www.uebmg.org.br/ueb-ead

A plataforma Moodle possibilita uma interao com o aluno, j que ao passar pela tela de apresentao, o aluno insere seu login e senha, e de fato, ingressa no ambiente de trabalho do curso por ele inscrito, onde h o acesso direto aos mdulos sequenciais do curso em questo e a possibilidade de interao com seu tutor de atividades e com demais alunos inscritos no curso com a troca de informaes e dilogos acerca dos trabalhos em desenvolvimento. A Figura 2 abaixo, apresenta a tela inicial, com perfil logado experimental, para acesso ao Curso de Dirigente de Grupo Escoteiro.

Figura 2: Tela de acesso ao curso de Dirigente de Grupo Escoteiro da plataforma Moodle dos Escoteiros do Brasil.

Especificamente o Curso para Dirigente de Grupo Escoteiro um evento de formao para capacitao especfica do adulto voluntrio que atua na gesto institucional de um Grupo Escoteiro. Este curso proporciona conceitos preliminares acerca dos fundamentos do Escotismo, gesto financeira, gesto de pessoas, documentos necessrios e diretrizes nacionais, dentre outros aspectos que no ultrapassam 12 horas de curso, comparando-o em regime presencial. Assim, por ter esta pequena carga horria, e a possibilidade e recursos de mdia, os Escoteiros do Brasil proporcionam este curso, como pioneiro na instituio, em formato de EAD (BARBOSA, 2011). 2.5 - Plataformas em EAD: e-learning em outras Associaes Escoteiras: Ao observar as tendncias e tpicos que afetam o voluntariado em escala global, em especial, o nmero limitado de horas disponveis. Abordamos para fins comparativos analticos, trazer ao estudo, resumos das plataformas de outras associaes escoteiras. a) Scouts Canada, associao escoteira do Canad Possui um sistema de EAD que utiliza o software da Adobe para operacionalizar, sendo oferecido em ingls e francs. O pblico alvo de todo o sistema de EAD so voluntrios escoteiros que vo atuar diretamente na educao e animao

dos jovens. Dividido no apenas por idioma, mas pelas faixas etrias previstas no projeto educativo daquela associao. Figura 3: Catlogo de treinamento da plataforma em EAD utilizada pela Scouts Canada

O contedo dos cursos ofertados, est em ministrar duas grandes linhas de conhecimento: a primeira, sobre a poltica de proteo juvenil, trabalhando fatores de combate pedofilia, maus tratos no ambiente domstico, bullying e outros pontos. A outra linha de treinamento consiste em adiantar determinados temas dos cursos presenciais, de cunho mais terico, como princpios filosficos, regulamentos, gerenciamento de risco, comunicao, planejamento e programao. O foco est em ter um momento presencial posterior para validao do treinamento, atravs de revises, mas que a EAD seja um otimizador do tempo, adiantando certos assuntos, e com isso o curso presencial tem seu tempo voltado para relaes interpessoais e conhecimentos que necessitam de exerccio, geralmente em grupo, como atividades ludo-pedaggicas, dinmicas de grupo, e principalmente, treinamento em habilidades relacionadas aos esportes de aventura ou atividades regulares ao ar livre.

Figura 4: Tela de um dos mdulos da plataforma em EAD utilizada pela Scouts Canada

b) Scouts Australia, associao escoteira da Austrlia Os escoteiros australianos sempre foram referncia no treinamento de seus adultos, tanto em nvel global ou continental, sendo que sua preocupao no processo qualitativo que fez com que fosse fundado o SAIT- Scouts Australia Training Institute, um instituto que visa capacitar os adultos, em diversos nveis, onde o processo macro levaria at trs anos para ser completado. A EAD da Associao Escoteira da Austrlia, tem foco nos adultos, atuando como treinamento complementar, ofertando mais de 50 mdulos diferentes que podem dar profundidade ou parametricidade aos assuntos dos cursos presenciais, e por fim aprofundando outros pontos que no so prioritrios no processo presencial. Uma das associaes mais avanadas em termos de material audiovisual para jovens, propiciando que os jovens sejam educados e at mesmo treinados em determinadas habilidades, liderana por exemplo, em vdeos e outros materiais. c) Keep Scous Safe From Harm, mantendo os escoteiros longe do perigo Uma iniciativa da Organizao Mundial do Movimento Escoteiro em parceria com a fundao Childhood, com apoio da Rainha Silvia da Sucia, disponibilizada para todos os 6 milhes de adultos voluntrios no Movimento Escoteiro, tendo como foco a

blindagem de nossos jovens, reforando o habitual ambiente educativo seguro e salutar que temos h mais de um sculo, mas tambm de proteger o adulto. Os temas como pedofilia, abusos domsticos e bullying so tratados dentro da plataforma que distribuda em CD-ROM, utilizando tecnologia Adobe Flash/Html. Possuindo o treinamento por volta de duas horas. Figura 5: Template de acesso a um estudo de caso do curso em formato EAD Safe from Harm da Organizao Mundial do Movimento Escoteiro.

d) Boy Scouts of America - BSA, associao escoteira dos Estados Unidos da Amrica A associao escoteira nacional que conta com a melhor e maior estrutura profissional e portanto, consegue gerar um alto padro e ferramenta de EAD. Possui um sistema prprio, que se integra a intranet dos membros, atingindo adultos ( diretores ou educadores) e responsveis pelos jovens. Um valioso adendo, o sistema conta com um espao de coleta e divulgao de boas prticas, uma vez que a maior parte dos cursos tem um carter de aula, abolindo o sistema de frum, faz com que seja possvel uma troca de experincia menos institucional. O foco est no adulto, capacitando em diversas reas, seja na parte educacional ou no gerenciamento dos nveis institucionais, supre treinamento na parte de programa

educativo, gerenciamento de riscos, estudos de caso, regulamentos e outras formas de gesto. Alm de oferecer, uma sria de cursos rpidos que do o panorama e as informaes iniciais para operacionalizao das atividades do escotismo, sendo tambm um elemento de divulgao. O treinamento de proteo aos jovens deve ser feito por todos responsveis pelos jovens e adultos voluntrios, sendo obrigatrio, amarrando todo o sistema que visa proteger de eventuais abusos, devendo ser renovado a cada dois anos sob pena do adulto ser desligado. Figura 6: Viso geral da plataforma de EAD da Boy Scouts of America

Na figura 7 podemos observar como a Boy Scouts of America interage com seu voluntrio em um dos mdulos de um dos cursos em EAD com mensagens advindas de casos tpicos, possveis de ocorrncia em um evento escoteiro no campo, e valora desta forma o comportamento do voluntrios para situaes em que necessita-se de uma postura do adulto voluntrio.

Figura 7: Viso de um dos mdulos dos cursos de EAD da Boy Scouts of America

Viso do Mdulo

3. CONSIDERAES FINAIS Conforme demonstrado, atualmente, a ferramenta de EAD se torna um dos principais catalisadores no processo de capacitao de voluntrios na Unio dos Escoteiros do Brasil, pois devido a fatores externos e internos ao voluntariado, tais como, intenso fluxo de informao, baixa disponibilidade de viagens, custos envolvidos na modalidade presencial e exiguidade de horas disponveis para o servio voluntrio, e com isso menos ainda para o processo de treinamento. Faz-se mister uma abordagem flexvel, de baixo custo e disponvel em lugares de remoto acesso, ou ainda onde uma iniciativa presencial seria pouco eficaz, pelos fatores intrnsecos dessa modalidade. O custo adquire maior relevncia sobretudo quando o curso tem nmero mnimo de participantes. Afastando as caractersticas que afetam um determinado grupo social, e se atendo as tendncias e tpicos que afetam o voluntariado em escala global, em especial, o nmero limitado de horas disponveis. Com isso, a Unio dos Escoteiros do Brasil apresenta sua plataforma em EAD afim de potencializar seu sistema de formao de adultos, regido pelas Diretrizes Nacionais, com objetivo principal de promover um sistema nacional de gesto de adultos de qualidade, eficaz e flexvel o suficiente para

ser adaptado com sucesso s diversas situaes particulares de cada poro do territrio nacional. 4. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS UNIO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL (Paran) (Org.). Diretrizes Nacional para Gesto de Adultos. Curitiba: Ueb, 2009. 36 p. Disponvel em: . Acesso em: 20 mar. 2012. CHAVES, Eduardo O. Ensino a distncia: conceitos bsicos. [on line]. 1999, p. 2-12. Avaible from Internet: . Acesso em: 18/03/2012. SARAIVA, T. Educao a Distncia no Brasil: Lies da Histria. Em Aberto. Braslia, no 16, n 70, p.17, abr/jun. 1996. BOULANGER, Antnio. Em Meus Sonhos Volto Sempre a Gilwell. Ed. Letracapital. Rio de Janeiro, 2007. UNIO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL (Paran) (Org.). Projeto Educativo da Unio dos Escoteiros do Brasil. Curitiba: UEB, 2009. Disponvel em: . Acesso em: 30 mar. 2012. UNIO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL (Paran) (Org.). Plano Estratgico 20112015, Muitos Olhares, a Mesma Viso. Curitiba: UEB, 2011. 45 p. Disponvel em: . Acesso em: 30 mar. 2012. BARBOSA, Paulo Henrique Maciel. Relatrio de Participao como membro do Contingente dos Escoteiros do Brasil na 39a Conferncia Mundial do Escotismo Curitiba, Brasil. Belo Horizonte, 2011. WORLD ORGANIZATION OF SCOUT MOVEMENT. Triennial Report 2008-2011, 2010. WORLD ORGANIZATION OF SCOUT MOVEMENT. Adults in Scouting, 2011.