artigo método estudo de caso

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  • 7/26/2019 Artigo Mtodo Estudo de Caso

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    Fundao Escola de Comrcio lvares PenteadoFECAP - desde 1902

    Administrao On LinePrtica - Pesquisa - Ensino

    ISSN 1517-7912

    Volume 1 - Nmero 1(janeiro/fevereiro/maro - 2000)

    Pgina inicial Objetivos Conselho editorialArtigos Submeta um artigo Seus comentrios

    O MTODO DO ESTUDO DE CASO

    Flvio Bressan - FEA-USP

    I. INTRODUO

    O mtodo do Estudo de Caso considerado um tipo de anlise qualitativa (GOODE, 1969) e temsido considerado, de acordo com YIN (1989, p. 10): "o irmo mais fraco dos mtodos das Cincias

    Sociais" e as pesquisas feitas atravs deste mtodo tem sido consideradas desviadas de suasdisciplinas, talvez porque as investigaes que o utilizam possuem preciso, objetividade e rigorinsuficientes.

    De acordo com BONOMA, 1985, o mtodo do Estudo de Caso tem sido visto mais como um recursopedaggico ou como uma maneira para se gerar 'insights' exploratrios, do que um mtodo depesquisa propriamente dito e isto tem ajudado a mant-lo nesta condio.

    Mas, apesar das fraquezas e limitaes apontadas, o Estudo de Caso tem tido um uso extensivo napesquisa social, seja nas disciplinas tradicionais, como a Psicologia, seja nas disciplinas que possuemuma forte orientao para a prtica como a Administrao, alm de ser usado para a elaborao deteses e dissertaes nestas disciplinas. Mas, se o mtodo assim considerado, porque isto ocorre?

    Uma das possveis causas para isto, segundo YIN (1989) reside no fato de que a afirmao de queeste mtodo o irmo mais fraco dos mtodos, pode estar errada uma vez que, por ser utilizadocomo um mtodo pedaggico, seu projeto, suas limitaes e fraquezas no sejam bem conhecidasenquanto mtodo de pesquisa.

    O Mtodo do Estudo de Caso um mtodo das Cincias Sociais e, como outras estratgias, tem assuas vantagens e desvantagens que devem ser analisadas luz do tipo de problema e questes aserem respondidas, do controle possvel ao investigador sobre o real evento comportamental e ofoco na atualidade, em contraste com o carter do mtodo histrico.

    Um ponto comum entre vrios autores (GOODE, 1969, YIN, 1989, BONOMA, 1985) a

    recomendao de grande cuidado ao se planejar a execuo do estudo de caso para se fazer frentes crticas tradicionais que so feitas ao mtodo.

    objetivo deste trabalho apresentar o mtodo do estudo de caso como uma estratgia de pesquisa econsiderar aspectos relevantes para o desenho e a conduo de um trabalho de pesquisa com o usodeste mtodo, analisando as suas vantagens e desvantagens.

    1.1. Definio

    O Mtodo do Estudo de Caso " ... no uma tcnica especifica. um meio de organizar dados sociais

    preservando o carter unitrio do objeto social estudado" (GOODE & HATT, 1969, p.422). De outraforma, TULL (1976, p 323) afirma que "um estudo de caso refere-se a uma anlise intensiva de umasituao particular" e BONOMA (1985, p. 203) coloca que o "estudo de caso uma descrio de umasituao gerencial".

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    YIN (1989, p. 23) afirma que "o estudo de caso uma inquirio emprica que investiga umfenmeno contemporneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenmenoe o contexto no claramente evidente e onde mltiplas fontes de evidncia so utilizadas". Estadefinio, apresentada como uma "definio mais tcnica" por YIN ( 1989, p. 23 ), nos ajuda,segundo ele, a compreender e distinguir o mtodo do estudo de caso de outras estratgias depesquisa como o mtodo histrico e a entrevista em profundidade, o mtodo experimental e osurvey.

    O mtodo, muitas vezes, colocado como sendo mais adequado para pesquisas exploratrias eparticularmente til para a gerao de hipteses (TULL, 1976 ) e isto (YIN, 1989) pode tercontribudo para dificultar o entendimento do que o mtodo de estudo de casos, como ele desenhado e conduzido.

    1.2. O Uso do Mtodo Estudo de Caso

    Ao comparar o Mtodo do Estudo de Caso com outros mtodos, YIN (1989) afirma que para sedefinir o mtodo a ser usado preciso analisar as questes que so colocadas pela investigao. Demodo especfico, este mtodo adequado para responder s questes "como" e '"porque" que so

    questes explicativas e tratam de relaes operacionais que ocorrem ao longo do tempo mais do quefreqncias ou incidncias.

    Isto tambm se aplica ao Mtodo Histrico e ao Mtodo Experimental que tambm objetivamresponder a estas questes. Contudo, o caso do Mtodo Histrico ser recomendado quando nohouver acesso ou controle pelo investigador aos eventos comportamentais, tendo que lidar com umpassado "morto" (Yin, 1989, p. 19) sem dispor, por exemplo de pessoas vivas para daremdepoimentos e tendo que recorrer a documentos e a artefatos culturais ou fsicos como fontes deevidncias.

    No caso do Mtodo Experimental, as respostas a estas questes so obtidas em situaes onde oinvestigador pode manipular o comportamento de forma direta, precisa e sistemtica, sendo-lhe

    possvel isolar variveis, como no caso de experimentos em laboratrio. Ao fazer isto,deliberadamente se isola o fenmeno estudado de seu contexto. (YIN, 1981).

    De acordo com YIN (1989), a preferncia pelo uso do Estudo de Caso deve ser dada quando doestudo de eventos contemporneos, em situaes onde os comportamentos relevantes no podemser manipulados, mas onde possvel se fazer observaes diretas e entrevistas sistemticas.Apesar de ter pontos em comum com o mtodo histrico, o Estudo de Caso se caracteriza pela "...capacidade de lidar com uma completa variedade de evidncias - documentos, artefatos, entrevistase observaes." (YIN, 1989, p. 19)

    Este mtodo ( e os outros mtodos qualitativos) til, segundo BONOMA (1985, p. 207), "...quando um fenmeno amplo e complexo, onde o corpo de conhecimentos existente insuficiente

    para permitir a proposio de questes causais e quando um fenmeno no pode ser estudado forado contexto no qual ele naturalmente ocorre".

    Os objetivos do mtodo de Estudo de Caso, segundo McClintock et al. (1983, p. 150), "...so (1)capturar o esquema de referncia e a definio da situao de um dado participante ... (2) permitirum exame detalhado do processo organizacional e (3) esclarecer aqueles fatores particulares aocaso que podem levar a um maior entendimento da causalidade.

    BONOMA (1985) ao tratar dos objetivos da coleta de dados, coloca como objetivos do Mtodo doEstudo de Caso no a quantificao ou a enumerao, "... mas, ao invs disto (1) descrio, (2)classificao (desenvolvimento de tipologia), (3) desenvolvimento terico e (4) o teste limitado dateoria. Em uma palavra, o objetivo compreenso" (p. 206).

    De forma sinttica, YIN (1989) apresenta quatro aplicaes para o Mtodo do Estudo de Caso:

    Para explicar ligaes causais nas intervenes na vida real que so muito complexas paraserem abordadas pelos 'surveys'ou pelas estratgias experimentais;

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    Para descrever o contexto da vida real no qual a interveno ocorreu;2.Para fazer uma avaliao, ainda que de forma descritiva, da interveno realizada; e3.Para explorar aquelas situaes onde as intervenes avaliadas no possuam resultados clarose especficos.

    4.

    1.3. Preconceitos e Crticas em relao ao Estudo de Caso

    O Mtodo de Estudo de Caso, de acordo com TULL e HAWKINS (1976), no deve ser usado comoutros objetivos alm do objetivo de gerao de idias para testes posteriores pois fatores como o"...pequeno tamanho da amostra, a seleo no randmica, a falta de similaridade em algunsaspectos da situao problema, e a natureza subjetiva do processo de medida se combinam paralimitar a acuracidade de um poucos casos" (p. 324).

    Apesar de ser uma forma distinta para a inquirio emprica, ele visto como a forma menosdesejvel do que a experimentao ou surveys. Segundo YIN (1989), isto ocorre por razes como agrande preocupao sobre a falta de rigor das pesquisas de estudo de caso, uma vez que, "... muitasvezes, o investigador de estudo de caso tem sido descuidado e tem admitido evidncias equivocadasou enviesadas para influenciar a direo das descobertas e das concluses".(YIN, 1989, p. 21)

    Um outro aspecto levantado por GOODE e HATT (1967, p. 426), que o "...perigo bsico no seu uso a resposta do pesquisador ... que chega a ter a sensao de certeza sobre as suas prpriasconcluses". Mais frente, estes autores colocam tambm que "... cada caso desenvolvido comouma unidade assume dimenses completas na mente do pesquisador. Ele passa a sentir-se segurode poder responder muito maior nmero de questes do que poderia fazer somente com os dadosregistrados". Isto significa que o sentimento de certeza do pesquisador grande e maior do quenos outros mtodos de pesquisa e isto pode levar o pesquisador a ignorar os princpios bsicos doplano da pesquisa e, segundo GOODE e HATT (1967, p. 427), o "resultado, naturalmente, umagrande tentao de extrapolar, sem garantia".

    Ainda segundo GOODE e HATT (1967), a ocorrncia deste sentimento de certeza pode resultar no

    perigo de se negligenciar ou deixar de verificar fidedignidade dos dados registrados, da classificaousada ou da anlise dos dados. Aqui, interessante o comentrio feito pelos autores:

    "Como o pesquisador tende a frisar, ningum conhece os dados to bemquanto ele, assim imagina que ningum poderia verificar apropriadamenteseu trabalho. Alm disto, a coleta de dados uma atividade que exige tempo,e difcil encontrar outros que estejam dispostos a estudar os casos tocompletamente."

    Uma outra preocupao em relao a este mtodo (YIN, 1989) o fato dele fornecer pequena basepara generalizaes cientficas uma vez que , por estudar um ou alguns casos no se constitui emamostra da populao e, por isto, torna-se sem significado qualquer tentativa de generalizao para

    populaes.

    tambm uma preocupao freqente com este mtodo queixa de que "... eles tomam muitotempo e resultam em um documento volumoso e de difcil leitura" (YIN, 1989, p 21.), o que nosparece, dificulta o entendimento e a compreenso.

    Com relao a estas consideraes, concordamos com YIN (1989) quando ele afirma que bonsestudos de caso so difceis de serem realizados e que um dos principais problemas a istorelacionado refere-se dificuldade de se definir ou testar as habilidades de um investigador para arealizao de um bom estudo de caso.

    Mas estes problemas podem ser contornados. YIN (1989) e GOODE & HATT (1967), propem

    algumas medidas para que se possa obter um bom estudo de caso:

    Desenvolver um plano de pesquisa que considere estes perigos ou crticas. Por exemplo, comrelao ao sentimento de certeza, pode-se usar um padro de amostra apropriado pois, "sabendo que sua amostra boa, ele tem uma base racional para fazer estimativas sobre o

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    universo do qual ela retirada" (GOODE & HATT, 1989, p. 428).Ao se fazer generalizaes, da mesma maneira que nas generalizaes a partir deexperimentos, faz-las em relao s proposies tericas e no para populaes ou universos(YIN, 1989).

    2.

    Planejar a util izao, tanto quanto possvel, da "...tcnica do cdigo qualitativo para traos efatores individuais que so passveis de tais classificaes. Se usar categorias como 'egosta'ou 'ajustado' ... desenvolver um conjunto de instrues para decidir se um determinado casoest dentro da categoria e estas instrues devem ser escritas de maneira que outros

    cientistas possam repeti-las"( GOODE & HATT, 1969, p. 428-429). Estes autores recomendamque, por segurana, as classificaes feitas sejam analisadas por um conjunto decolaboradores que atuaro como "juizes da fidedignidade mesmo das classificaes maissimples".(ibid., p. 429).

    3.

    Evitar narraes longas e relatrios extensos uma vez que relatrios deste tipo desencorajama leitura e a anlise do estudo do caso.

    4.

    Proceder seleo e treinamento criteriosos dos investigadores e assistentes para assegurar odomnio das habilidades necessrias realizao de Estudo de Caso.

    5.

    II. O PROJETO DE PESQUISA COM O USO DO MTODO DO ESTUDO DE CASO

    Ao abordar os procedimentos para a elaborao de um projeto de pesquisa, YIN (1989), defineProjeto de Pesquisa como sendo "... a seqncia lgica que conecta os dados empricos s questesiniciais de estudo da pesquisa e, por fim, s suas concluses".(p. 27).

    Isto significa, a nosso ver que, a elaborao do projeto de pesquisa tem uma influncia direta sobreos resultados a serem obtidos e a validade das concluses tiradas do trabalho e ele serve de guiapara todo o trabalho do investigador.

    Isto coerente com que nos apresentam NACHMIAS e NACHMIAS (apud, YIN, 1989), quandodescrevem o projeto de pesquisa como sendo uma planta que "... guia o investigador no processo de

    coleta, anlise e interpretao das observaes. um modelo lgico que conduz o pesquisador aoformular inferncias a respeito das relaes causais entre as variveis em observao ... e define...se as interpretaes obtidas podem ser generalizadas para a populao maior ou para situaesdiferentes".(p. 28-29).

    O projeto de pesquisa enderea quatro problemas: (1) que questes devem ser estudadas, (2) quedados so relevantes, (3) que dados devem ser coletados e (4) como se deve analisar os resultados.O projeto de pesquisa, se corretamente elaborado ir ajudar o investigador a evitar as situaesonde as evidncias no endeream as questes inicialmente colocadas. Visto desta forma, o projetode pesquisa um trabalho, como veremos, bem mais completo do que um plano de trabalho e elelida com os aspectos lgicos da pesquisa e no com os aspectos logsticos dela.

    2.1. Componentes do Projeto de Pesquisa

    No que se refere ao Projeto de Pesquisa para a utilizao do Estudo de Caso, cinco componentes(YIN, 1989) so especialmente importantes e devem ser elaborados com cuidado e rigor pois darosustentao ao processo de pesquisa e guiaro o investigador em seu trabalho, ajudando-o a semanter no rumo decidido. So eles:

    2.1.1. - Questes de Estudo

    Conforme foi afirmado anteriormente, este mtodo indicado para

    responder s perguntas "como" e "porque" que so questes explicativas,nos estudos que tratam de relaes operacionais que ocorrem ao longo dotempo mais do que freqncias ou incidncias e de eventos contemporneos,em situaes onde os comportamentos relevantes no podem sermanipulados, mas onde possvel se fazer observaes diretas e entrevistas

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    sistemticas e a primeira tarefa a ser empreendida a clarificao precisa danatureza das questes. Esta tarefa importante pois ela que nortear todoo trabalho a ser realizado.

    2.1.2. - Proposies do Estudo

    As proposies dizem respeito ao que ser examinado dentro do escopo dotrabalho e sua definio ajudar na deciso de onde procurar evidnciasrelevantes. De acordo com YIN, 1989, sem estas proposies, "uminvestigador pode sentir-se tentado a coletar 'tudo' o que impossvel de serfeito".(p. 30) Alternativamente s proposies, o investigador podeestabelecer o propsito para o estudo ou mesmo definir os critrios pelosquais o sucesso da investigao ser analisado.

    2.1.3. - Unidade de Anlise

    A unidade de anlise est relacionada com a definio do que o caso e elapode ser um indivduo, uma deciso, um programa, pode ser sobre aimplantao de um processo e sobre uma mudana organizacional. Adefinio da unidade de anlise est ligada maneira pela qual as questesde estudo forma definidas.

    2.1.4. Ligao dos Dados Proposio e a os Critrios para a Interpretaodos Dados

    Estes dois componentes, o quarto e o quinto, representam a anlise noEstudo de Caso e o projeto de pesquisa a base sobre a qual esta anliseser feita, relacionando-se as informaes obtidas com as proposiesestabelecida no incio da elaborao do projeto de pesquisa. Com relao aoscritrios para interpretao dos dados, as anlises e inferncias, em Estudosde Caso, so feitas por analogia de situaes e buscam responder squestes por que e como inicialmente formuladas.(CAMPOMAR, 1991).

    Ao desenvolver estes componentes do Projeto de Pesquisa, o investigador forado a construir uma teoria inicial relativa ao estudo a ser empreendido.Esta teoria deve ser formulada antes do incio da coleta de dados e ela irajudar a cobrir de forma incremental as questes, a proposies ou opropsito do estudo, as unidades de anlise e possibilitar a ligao dosdados s proposies e fornecer os critrios para a anlise dos dados. (YIN,1989).

    Ao proceder desta maneira e desenvolver o Projeto de Pesquisa, oinvestigador ter um roteiro objetivo e habilitado para orient-lo durantetodo o processo de realizao do estudo, que lhe dar direo para a

    definio dos dados a serem coletados e para a definio das estratgiaspara a sua anlise, possibilitando-lhe fazer contribuies/generalizaespara a teoria maior (YIN, 1989).

    2.2. - Processo para Pesquisa com o Uso do Mtodo do Estudo de Caso

    Quando um investigador decide usar o Mtodo do Estudo de Caso para os seus propsitos depesquisa, ele deve possuir conhecimento e domnio do processo a ser utilizado para tal. BONOMA(1985), ao discorrer sobre o processo para a realizao do Estudo de Caso aplicado ao Marketing,apresenta-o como sendo composto por outro estgios:

    2.2.1. - Estgio Inicial (Drift Stage)

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    Neste estgio, o investigador aprende os conceitos relativos ao caso, sualocalizao e os jarges relacionado com o caso, tal qual eles ocorrem navida real, estuda a literatura relativa ao caso e busca uma primeira noosobre como opera o fenmeno objeto do estudo e dos componentes daprtica observada. De acordo com BONOMA (1985), este o "... estgio deimerso, no qual o contexto observado para se obter uma perspectiva dasmodificaes necessrias nas questes bsicas do estudo para se asseguraruma investigao frutfera". (p. 204-205).

    O investigador elabora, ento, um modelo preliminar que servir de basetanto para determinar os vieses iniciais e os esforos necessrios paraelimin-los quanto para o desenho do projeto de pesquisa.

    2.2.2. - Estgio do Projeto

    Neste estgio, o objeto da coleta de dados o acesso e o refinamento dasreas de investigao mais importantes sugeridas pelo projeto preliminar.Neste estgio, a habilidade crtica requerida do investigador que ele

    possibilite que os dados colhidos posteriormente reconduzam-no ao estgioinicial caso seus conceitos inicias no se coadunem com a nova situao ouas melhores conceitualizaes sugeridas por si mesmas.

    2.2.3. - Estgio de Predio

    Este estgio ocorre do meio para o final do projeto de pesquisa do estudo decaso. Neste estgio, o investigador j possui um modelo sugerido daspossveis generalizaes para teste e uma boa compreenso dos fatores sobos quais as observaes de campo podero ser agrupadas e pode desejar

    avaliar as suas predies/proposies iniciais.

    Neste estgio, o investigador pode colher informaes sobre outros casosque foram investigados em outras situaes ou localidades, mas que sejamconsistentes, para testar generalizaes. (BONOMA, 1985).

    O aspecto crtico deste estgio reside na necessidade, por parte doinvestigador, de estar aberto para o fato de que muitas das suasgeneralizaes no serem muito gerais mas circunscritas a situaesparticulares e para tratar as desconformidades como um estmulo para odesenvolvimento de novas generalizaes ou de modificaes nas jrealizadas.

    2.2.4. - Estgio de Desconfirmao

    Este estgio consiste na testagem adicional dos limites de generalizao norejeitados no estgio inicial. Neste estgio feito um esforo proposital parase desconfirmar as generalizaes feitas, aplicando-as a um conjunto maiorde casos do que aquele conjunto identificado no estagio inicial e os contextosdestes casos para a aplicao das generalizaes devem ser caracterizadospor condies extremas onde se possa esperar que os limites degeneralizao sejam excedidos. (BONOMA, 1985).

    BONOMA (1985), ao formatar e propor este processo afirma que estesestgios no so hierarquizados mas esto em uma evoluo interativa cujoobjetivo a busca da compreenso, mais parecida com a que encontradanos mtodos dedutivos.

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    2.3. - Critrios para a Avaliao da Qualidade dos Projetos de Pesquisa

    Considerando que o projeto de pesquisa deve ser uma proposio lgica, sua qualidade deve seranalisada tambm por critrios lgicos e, de acordo com YIN (1989), quatro testes, referentes aValidade e a Confiabilidade so relevantes.

    2.3. 1. - ValidadeDe acordo com SYKES (1990), o termo validade usado em uma grandevariedade de sentidos nos debates sobre a pesquisa quantitativa. A sua maisimportante distino est em seu uso referindo-se ao tipo e preciso dainformao obtida das amostras individuais, sejam elas indivduos ou grupose a avaliao da validade deve ser feita luz do propsito do trabalho deinvestigao.

    A validade pode ser:

    Validade Terica- os mtodos de coleta de dados tm validade terica quando seus

    procedimentos so justificados em termos de teorias estabelecidas como as Psicolgicas,Sociolgicas etc. (SYKES, 1990);Validade de Construto- diz respeito ao estabelecimento de medidas de operao corretaspara os conceitos a serem estudados (YIN, 1989) e flui de algum construto terico (SYKES,1989);Validade Interna- refere-se ao estabelecimento de relaes causais (YIN, 1989) e resulta deestratgias que objetivem eliminar a ambigidade e a contradio, imbutidas nos detalhes edo estabelecimento de fortes conexes entre os dados (SYKES, 1990);Validade Externa- estabelece o domnio para o qual as descobertas do estudo podem sergeneralizadas (YIN, 1989) e pode ser obtida pela replicao da pesquisa;Validade Instrumental ou de Critrio- baseada na validade atribuda aos procedimentos

    usados na pesquisa. Contudo, nenhum procedimento/mtodo pode ser considerado vlido 'apriori' mas pode-se buscar a comparabilidade ou a compatibilidade das descobertas, usando-seo mtodo da triangulao para se fazer esta anlise (SYKES, 1990);Validade Consultiva- refere-se possibilidade de se consultar os envolvidos no processo depesquisa - entrevistadores, observadores, respondentes, entrevistados - para se obterinformaes sobre sua preciso, completude, relevncia, etc. dos dados obtidos (SYKES,1990).

    2.3.2. - Fidedignidade

    A fidedignidade refere-se consistncia dos dados (SYKES, 1990) e repetibilidade dos resultados em se repetindo os mesmos procedimentos emsituao semelhante, ou seja, se outro investigador seguir exatamente osmesmos procedimentos como os descritos pelo primeiro e conduzir o mesmoestudo de caso ele chegar s mesmas descobertas e concluses (YIN,1989).

    Para que isto seja possvel, condio necessria que os procedimentos doestudo a ser repetido estejam devidamente documentados e, para facilitareste processo, o investigador deve projetar o maior nmero de estgiospossveis.

    2.4. - Tipos de Casos

    YIN, 1989, apresenta quatro tipos de 'designs', resultantes de uma matriz de dupla entrada,

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    considerando o nmero de casos envolvidos no projeto - um caso ou mltiplos casos - e a unidadede anlise - holstica ou encaixada (ver tambm CAMPOMAR, 1991).

    Neste aspecto, uma questo que tem sido levantada a relativa validade do estudo de um nicocaso. YIN, 1989, salienta que, por exemplo, se o caso estudado representa um caso crtico ele irafetar diretamente uma teoria bem formulada, servindo de teste para confirm-la, desafi-la ou atmesmo ampli-la. O caso pode representar tambm um caso extremo ou nico ou pode se tratar deum caso revelador que no era possvel de ser investigado anteriormente e, desta forma seconstiturem objetos vlidos para estudo.

    Contudo, este autor salienta que as evidncias dos casos mltiplos so reconhecidas como maisfortes do que as evidncias de caso nico.

    Considerando a matriz, teremos ento quatro tipos de casos: tipo 1 - caso nico/holstico, tipo 2 -caso nico/encaixado, tipo 3 - mltiplos casos/holstico e tipo 4 - mltiplo casos/encaixados.

    Nas consideraes sobre os tipos de casos, um aspecto relevante a ser considerado o fato de queum projeto de pesquisa no algo fechado e completo mas algo dinmico e vivo e que, por causadisto, pode ser necessrio fazer-se modificaes no projeto durante a sua execuo. Segundo YIN,1989, o grande risco a ser evitado mudana da teoria inicial pois, se isto ocorrer, o pesquisadorpoder ser acusado de se deixar levar por um vies na conduo da pesquisa ou na interpretao dosdados.

    III. A PREPARAO PARA A CONDUO DO ESTUDO DE CASO

    Ao se decidir pela execuo de um Estudo de Caso, deve-se ter em mente que a preparaodemanda ateno para as habilidades do investigador, o seu treinamento, a preparao para arealizao do Estudo de Caso, o desenvolvimento de um protocolo e a conduo de um estudo piloto.(YIN, 1989).

    3.1. - Habilidades do Investigador

    Um investigador, para conduzir com sucesso um estudo de caso deve ser possuidor de habilidadesque o habilitem para tal. Colwell (1990) apresenta um resumo do estudo de alguns autores(Axelrod, 1976; May, 1978; Calder, 1977; Berent, 1966; WELL, 1974 e R&D sub Committee, 1979)sobre as habilidades que um investigador deve possuir para ser bem sucedido na conduo de umestudo qualitativo. Destas habilidades, segundo YIN (1989), as mais comumente encontradas so:

    Habilidade para fazer perguntas e interpretar os resultados;

    Habilidade para ouvir e no se deixar prender pelas suas prprias ideologias e percepes;

    Habilidade para adaptar-se e ser flexvel para que possa ver as novas situaes encontradacomo oportunidades e no ameaas;Firme domnio das questes em estudo.

    Capaz de se manter protegida das vias derivadas de noes preconcebidas, incluindo as derivadasprpria teoria.

    [ No aspecto de seleo de investigadores, interessante notar que um dos testes psicolgicos queparece atender necessidade de avaliao destas habilidades tal como propostas por YIN (1989), o MYERS-BRIGGS TYPE INDICATOR - MBTI, cuja descrio pode ser encontrada em CASADO, Tnia -

    O Dilogo entre Jung e From - Dissertao de Mestrado - FEA-USP, 1991].

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    3.2. - Treinamento e Preparao para um Estudo de Caso Especfico

    O objetivo do treinamento e da preparao o de criar condies para que o investigador possaatuar como um Investigador Senior e, uma vez no campo, possa conduzir seu prpriocomportamento e tomar as decises necessrias sem causar prejuzo para o estudo, sua validade efidedignidade.

    Com relao ao treinamento especfico, YIN (1989), o objetivo dar a cada um a compreenso dosconceitos bsicos, a terminologia, e as questes relevantes do estudo. De forma especfica, cadainvestigador deve saber (1) porque o estudo est sendo feito, (2) que evidncias esto sendoprocuradas, (3) que variaes podem ser previstas e o que pode se constituir numa evidncia quesuporte ou contrarie cada uma das proposies. Alm disto, deve ser treinado nas prticas eprocedimentos a serem adotados no campo e deve ser treinado para o domnio completo dasquestes do estudo.

    Cada investigador deve, neste processo de treinamento, ter a oportunidade de treinar e praticarcada uma das tcnicas e instrumentos que sero utilizados na pesquisa para garantir que possuam aproficincia necessria para se conduzirem com autonomia quando estiverem no campo. Isto estaem acordo com a proposta de COLWELL (1990).

    3.3 - O Protocolo do Estudo do Caso

    Este protocolo contm os procedimentos, os instrumentos e as regras gerais que devem ser seguidasna aplicao e no uso dos instrumentos e se constitui numa ttica para aumentar a fidedignidade dapesquisa. Segundo YIN (1989), este protocolo ou manual deve conter:

    uma viso geral do projeto do estudo de caso - objetivos, ajudas, as questes do estudo decaso e as leituras relevantes sobre os tpicos a serem investigados;os procedimentos de campo;as questes do estudo de caso que o investigador deve ter em mente, os locais, as fontes de

    informao, os formulrios para o registro dos dados e as potenciais fontes de informao paracada questo;um guia para o relatrio do Estudo do Caso.

    Isto dever atuar como facilitador para a coleta de dados, possibilitar a coleta dentro de formatosapropriados e reduzir a necessidade de se retornar ao local onde o estudo foi realizado.

    3.4. - O Estudo do Caso Piloto

    A preparao final do investigador na coleta de dados consiste na conduo de um estudo piloto. Aexecuo do estudo piloto, segundo YIN (1989), ir ajudar o investigador a refinar os seusprocedimentos de coleta e registro de dados e dar-lhe- a oportunidade para testar osprocedimentos estabelecidos para esta finalidade.

    A conduo de um estudo piloto de extrema importncia e a ele deve ser dada mais recursos doque fase de coleta de dados do caso real (YIN, 1989. p. 80) pois, se concluir com sucesso aconduo do estudo piloto, a probabilidade de sucesso na conduo do estudo do caso real serbastante elevada.

    IV. A CONDUO DO ESTUDO DE CASOO Mtodo do Estudo de Caso obtm evidncias a partir de seis fontes de dados: documentos,registros de arquivos, entrevistas, observao direta, observao participante e artefatos fsicos ecada uma delas requer habilidades especficas e procedimentos metodolgicos especficos.

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    4.1. - Documentao

    A documentao, pela sua prpria caracterstica, uma importante fonte de dados e nela asinformaes podem tomar diversas formas como cartas, memorandos, agendas, atas de reunies,documentos administrativos, estudos formais, avaliaes de plantas e artigos da mdia.

    O uso da documentao deve ser cuidadoso pois, segundo YIN (1989), eles no podem ser aceitoscomo registros literais e precisos dos eventos ocorridos e seu uso deve ser planejado para que sirvapara corroborar e aumentar as evidencias vindas de outras fontes.

    Eles nos ajudam a estabelecer com clareza os ttulos e os nomes das organizaes mencionadas einferncias podem ser feitas a partir da anlise da qualidade dos registros e dos documentos, comopor exemplo, definir para quem determinados memorandos eram enviados e assim por diante (YIN,1989, p. 86).

    4.2. Dados Arquivados

    Os dados arquivados, em computador por exemplo, podem ser relevantes para muitos estudos decaso. Estes dados podem ser (YIN, 1989) dados de servios, como nmero de clientes, dadosorganizacionais - oramentos, mapas e quadros - para dados geogrficos, lista de nomes, dados delevantamentos, dados pessoais - como salrios, listas de telefone, que podem ser usados emconjunto com outras fontes de informaes tanto para verificar a exatido como para avaliar dadosde outras fontes.

    Um cuidado a ser tomado que, apesar de estes dados geralmente serem precisos, sua existncia,por si , no so garantia de preciso e acurcia. Por causa disto, sempre necessrio que oinvestigador faa cruzamentos antes de chegar a concluses.

    4.3 Entrevistas

    Esta uma das fontes de dados mais importantes para os estudos de caso, apesar de haver umaassociao usual entre a entrevista e metodologia de 'survey' (YIN, 1989). A entrevista, dentro dametodologia do Estudo de Caso, pode assumir vrias formas:

    Entrevista de Natureza Aberta-Fechada - onde o investigador pode solicitar aos respondentes-chave a apresentao de fatos e de suas opinies a eles relacionados;

    Entrevista Focada - onde o respondente entrevistado por um curto perodo de tempo e pode

    assumir um carter aberto-fechado ou se tornar conversacional, mas o investigador devepreferencialmente seguir as perguntas estabelecidas no protocolo da pesquisa;

    Entrevista do tipo Survey- que implicam em questes e respostas mais estruturadas.

    De forma geral, as entrevistas so uma fonte essencial de evidncias para o estudo de Caso (YIN,1989), uma vez que os estudos de caso em pesquisa social lidam geralmente com atividades depessoas e grupos. O problema que isto pode sofrer a influncia dos observadores e entrevistadorese, por isto, podem ser reportadas e interpretadas de acordo com as idiossincrasias de quem faz erelata a entrevista. Por outro lado, os respondentes bem informados podem fornecer importantesinsightssobre a situao. Ao se considerar o uso das entrevistas, portanto, deve-se cuidar para queestes problemas no interfiram nos resultados provendo treinamento e habilitao dos

    investigadores envolvidos.

    4.4. - Observao Direta

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    Ao visitar o local de estudo, um observador preparado pode fazer observaes e coletar evidnciassobre o caso em estudo. "Estas evidncias geralmente so teis para prover informaes adicionaissobre o tpico em estudo." (YIN, 1989, p.91) Para se aumentar a fidedignidade das observaes,alm de se ter roteiro definido no protocolo, pode-se designar mais de um observador e, aps asobservaes, comparar os resultados das observaes relatadas para se eliminar discrepncias.

    4.5. - Observao ParticipanteEste um tipo especial de observao, na qual o observador deixa de ser um membro passivo epode assumir vrios papis na situao do caso em estudo e pode participar e influenciar noseventos em estudo.

    Este um mtodo que tem largo uso nas pesquisas antropolgicas sobre diferentes grupos culturaise pode prover certas oportunidades para a coleta de dados que podem dar ao investigador acesso aeventos ou informaes que no seriam acessados por outros mtodos.

    O problema da observao participante que ela tem grande capacidade de produzir vieses, pois oinvestigador pode assumir posies ou advogar contra os interesses das prticas cientificas

    recomendadas, pode assumir posies do grupo ou organizao em estudo e pode ter problemas aofazer anotaes ou levantar questes sobre os eventos em perspectivas diferentes.

    4.6. - Artefatos Fsicos

    Os artefatos Fsicos e Culturais tambm se constituem em uma fonte de evidncias e podem sercoletados ou observados como parte do estudo de campo e podem fornecer informaes importantessobre o caso em estudo.

    Ao elaborar o Plano de Pesquisa, o investigador tem que estabelecer procedimentos que visem

    maximizar os resultados a serem obtidos com utilizao destas seis fontes de evidncia. Paraauxili-lo nesta tarefa, YIN (1989) recomenda a aplicao de trs princpios:

    Princpio do Uso de Mltiplas Fontes de Evidncia - esta uma caracterstica dos Estudos deCaso e o uso de mltiplas fontes de evidncia pode ajudar o investigador a abordar o caso deforma mais ampla e completa, alm de pode fazer cruzamento de informaes e evidncias;

    Princpio da Criao de um Banco de Dados do Estudo de Caso - para se registrar todas asevidncias, dados, documentos e reportes sobre o caso em estudo e para torn-los disponveispara consultas;

    Princpio da Manuteno de uma Cadeia de Evidncias - que deve ser seguido para melhorar a

    fidedignidade do Estudo do Caso e tem como objetivo explicitar as evidncias obtidas para asquestes iniciais e como elas foram relacionadas s concluses do estudo, servindo deorientao para observadores externos ou para aqueles que faro uso dos resultados doestudo.

    V. A ANLISE DAS EVIDNCIAS NO ESTUDO DE CASO

    A anlise de evidncias no Estudo de caso um dos menos desenvolvido e um dos mais difceispassos na conduo de um Estudo de Caso (YIN, 1989.) Muitas vezes, um investigador inicia umestudo de caso sem uma viso muito clara das evidncias a serem analisadas e podem sentir

    dificuldades para realizar este passo.

    Yin (1989) aponta que necessrio, para se fazer esta anlise, se ter uma estratgia geral para aanlise. "O objetivo final da anlise o de tratar as evidencias de forma adequada para se obterconcluses analticas convincentes e eliminar interpretaes alternativas". (YIN, 1989, p. 106).

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    5.1. - Estratgias Gerais

    YIN (1989), apresenta duas estratgias para a anlise das evidncias:

    Confiana nas Proposies Tericas - Seguir as proposies tericas estabelecidas no inicio doEstudo de Caso , segundo YIN (1989), a melhor estratgia para a anlise das evidncias,

    uma vez que os objetivos originais e o projeto da pesquisa foram estabelecidos com base nasproposies que refletem as questes da pesquisa, a reviso da literatura e novos insights.

    As proposies ajudam o investigador a manter o foco e a estabelecer critrios para selecionar osdados. Ajudam tambm a organizar o caso e a analisar explanaes alternativas.

    Desenvolvimento da Descrio do Caso - Constitui-se na elaborao de um esquema descritivopara se organizar o Estudo de Caso e pode ser usado para ajuda a identificar os tipos deeventos que podem ser quantificados e como um padro geral de complexidade para ajudarexplicar.

    5.2. - Modelos de Anlise Mais Usados

    Os modelos citados por YIN (1989), como os mais usados so:

    Padro Combinado - recomendado como um dos mtodos mais recomendados para se fazer aanlise. Compara padres com base emprica com os padres previstos. Se os padres coincidem, osresultados ajudam o Estudo de Caso a aumentar a sua validade interna. Nos casos de estudosexplanatrios, os padres podem ser relacionados com as variveis dependentes e independentes.

    Elaborao de Explicaes- o objetivo o de analisar o estudo de caso para elaborar explicaessobre o caso e se constitui de (a) uma acurada relao com os fatos do caso, (b) algumas

    consideraes sobre as explicaes alternativas e (c) algumas concluses baseadas em simplesexplicaes que paream mais congruentes com os fatos ( YIN, 1981, p.61).

    Anlise de Sries Temporais - anloga s anlises de sries temporais conduzidas nosexperimentos e quase-experimentos e, quanto mais precisos forem os padres, mais vlidas seroas concluses para o estudo de caso.

    Alm destes modelos, YIN (1981) cita ainda:

    Distino entre Notas e Narrativas - isto deve ser feito para evitar deixar-se levar por narrativasbem elaboradas feitas para relatar entrevistas individuais, reunies especficas, atividades, sumriosde documentos ou de relatrios individuais, que pela sua redao podem influenciar a anlise das

    evidncias. Ater-se aos fatos a melhor alternativa.Tabulao dos Eventos Significativos - se o investigador fez uso de categorias ou cdigos,conforme sugerido por GOODE & HATT (1969), ele poder usar mtodos para tabular estes dadosquantificados. A armadilha existente, segundo YIN (1981) ocorre quando o investigador usacategorias que so muito pequenas e muito numerosas, pois elas criaro dificuldades para oanalista. Os dados quantitativos devem refletir os eventos mais importantes do Estudo de Caso.

    De acordo com YIN (1989), nenhuma destas estratgias de uso fcil e "nenhuma pode ser aplicadamecanicamente, seguindo uma receita de bolo" ( p. 125). A anlise das evidncia o estgio maisdifcil de ser realizado e vale ressaltar aqui a necessidade de se tomar os cuidados necessrios,desde a fase de elaborao do plano de trabalho, para se evitar os perigos e as crticas que so

    feitas ao Estudo de Caso (Ver GOODE & HATT, 1969; YIN, 1989 e TULL & HAWKINS, 1976, porexemplo).

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    VI - A ELABORAO DO RELATRIO

    Normalmente, os relatrios de Estudo de Caso so longas narrativas que no seguem uma estruturaplanejada, difcil tanto de ser redigida quanto de ser lida. Ao se elaborar o relatrio, a primeira coisaa fazer elaborar um esquema conceitual claro que ir orientar todo o trabalho de redao.

    Ao se elaborar o relatrio do Estudo de Caso, deve-se atentar para alguns aspectos importantes,como os propostos por YIN (1989):

    A audincia para o Estudo de Caso;

    A variedade de composies possveis para os relatos de Estudos de Caso;

    A estrutura das ilustraes para o estudo de caso;

    Os procedimentos a serem seguidos na confeco;

    As caractersticas de um relatrio adequado, cobrindo o projeto e o contedo.

    Observar estes aspectos pode ajudar o investigador a elaborar um relatrio de forma adequada e,assim, atender tanto aos requisitos dos leitores quanto aos de relato do estudo de casopropriamente dito.

    VII - CONCLUSO

    O mtodo do Estudo de Caso, como todos os mtodos de pesquisa, mais apropriado para algumassituaes do que para outras em pesquisa em Administrao. Ao se decidir pelo uso deste mtodo depesquisa, um investigador deve ter em mente os perigos e as crticas que so normalmente feita ao

    mtodo em questo e deve tomar as precaues e cuidados necessrias para evit-los ou minimizaras suas conseqncias.

    De qualquer forma, o Mtodo do Estudo de Caso oferece significativas oportunidades para aAdministrao e para os Administradores, pois pode possibilitar o estudo de inmeros problemas deAdministrao de difcil abordagem por outros mtodos e pela dificuldade de se isol-los de seucontexto na vida real.

    Este mtodo, assim como os mtodos qualitativos, so teis quando o fenmeno a ser estudado amplo e complexo, onde o corpo de conhecimentos existente insuficiente para suportar aproposio de questes causais e nos casos em que o fenmeno no pode ser estudado fora docontexto onde naturalmente ocorre. (BONOMA, 1985).

    BIBLIOGRAFIA

    BONOMA, Thomas V. - Case Research in Marketing: Opportunities, Problems, and Process. Journalof Marketing Research, Vol XXII, May 1985.

    CAMPOMAR, Marcos C. - Do uso do "Estudo de Caso" em Pesquisas para Dissertao e Teses emAdministrao. Revista de Administrao, So Paulo, v.26, n 3, p. 95-97, julho-setembro 1991.

    GOODE, W. J. & HATT, P. K. - Mtodos em Pesquisa Social. 3ed., So Paulo: Cia Editora Nacional,

    1969.COLWELL, John - Qualitative Market Research: a Conceptual Analysis and Review of PractitionerCriteria. Journal of the Market Research Society, Vol. 32, n 1, Jan 1990.

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    MORGAN, Garreth & SMIRCICH, Linda - The Case for Qualitative Research. Academy of ManagementReview, Vol 5, n 4, 1980.

    PARASURAMAN, Simpson A. - Marketing Research. Addison Wisley Publishing Company,Canada,1986.

    PERRIEN, Jean et alli - Recherce en Marketing: Methodes et Dcisions. Gaetan MorinEditeur,Canada, 1986.

    SYKES, Vanda - Validity and Reliability in Qualitative Marketing Research: a Review ofLiterature.Journal of the Market Research Society, Vol. 32, n 3, July, 1990.

    TULL, D. S. & HAWKINS, D. I. - Marketing Research, Meaning, Measurement and Method. MacmillanPublishing Co., Inc., London, 1976.

    YIN, Robert K. - Case Study Research - Design and Methods. Sage Publications Inc., USA, 1989.

    ________ - The Case Study Crisis - Some Answers. Administrative Science Quartely, Vol 26, March1981.

    ________ & HEALD, Karen A. - Using the Case Survey Method to Analyse Policy Studies.Administrative Science Quartely, Vol 20, September 1975.

    ___________________________

    NOTAS:

    Ver GOODE, W. J. & HATT, P. K. - Mtodos em Pesquisa Social. 3ed., So Paulo: Cia EditoraNacional, 1969, p. 428.

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