arquivo como fonte de difusão cultural e educativa (1)
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Acervo, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 35-44, jan./jun. 2012 - pg. 35
Rosimere Mendes CabralProfessora do Departamento de Cincia
da Informao da Universidade Federal Fluminense.
Arquivo como Fonte de Difuso Cultural e Educativa
A funo dos arquivos pblicos como instituio o recolhi-mento, a preservao e a orga-nizao dos fundos documentais produzi-
dos pelo governo nos mbitos municipal,
estadual e federal, de forma a servir como
fonte de informao para o administrador,
o historiador e o cidado. Outra funo de
cunho mais social, embora pouco explo-
rada no Brasil, diz respeito ao papel edu-
cativo e de difuso cultural dos arquivos.
No que se refere funo social, sabe-se
que algumas instituies arquivsticas bra-
sileiras promovem palestras, seminrios,
exposies, debates, lanamentos de
obras, entre outras atividades. Contudo,
quando se pensa o arquivo como um espa-
o de difuso e ao cultural, pretende-se
que sejam realizados no apenas eventos
circunstanciais, mas implementado um
programa sistemtico visando aproximar
o pblico em geral, com o intuito de dar
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acesso informao e fomentar a criao
de conhecimentos.
A ideia de pensar o arquivo como um
espao de difuso cultural permite duas
vias de ao, que, de acordo com Bellotto
(1991, p. 228), seriam o lanamento de
elementos de dentro do arquivo para
fora, buscando atingir um maior cam-
po de abrangncia, e o retorno dessa
mesma poltica, acenando com atrativos
no recinto do arquivo. Esse caminho da
difuso cultural, conforme citado, j
trilhado por algumas instituies arquivs-
ticas brasileiras, ao promoverem eventos
como congressos, seminrios, reunies.
Em instituies de outros pases obser-
va-se uma prtica que vai alm dessas
atividades, ao proporcionar ao pblico
novas experincias, como a que ocorre no
Museu de Histria da Frana, chamada de
Le quart dheure de culture, em que um
comentrio sobre um grupo documental
de interesse mais popular produzido
pelos arquivistas, na hora do almoo,
atraindo trabalhadores das redondezas.
Trata-se de uma forma de aproximar um
pblico diversificado, expandindo assim
as categorias mais comuns de pesquisa-
dores, como os historiadores e estudantes
de graduao, de forma que percebam
a importncia do arquivo enquanto ins-
tituio que, alm de suas funes de
custdia, preservao, recolhimento e or-
ganizao, tambm participa ativamente
da vida cultural da cidade.
Bellotto (1991, p. 228) apresenta exem-
plos de outros pases, como Estados Uni-
dos, Rssia, Alemanha e Espanha, onde o
uso da transmisso radiofnica de apre-
sentao comentada tem alcanado bons
resultados ao ser usada concomitante-
mente exposio, no saguo do arquivo,
do documento do ms, selecionado de
acordo com uma efemride ou evento.
Esse trabalho conjunto de exposio e
transmisso radiofnica alcana um p-
blico diversificado e pode ser planejado
de forma sistemtica. Poderia ser imple-
mentado no Brasil com alguma facilidade,
visto que se tem prtica neste tipo de
atividade (exposio) em bibliotecas, ar-
quivos e museus, faltando, assim, aliar a
transmisso via rdio. A aproximao com
as bibliotecas e os museus facilitaria a
maior comunicao entre os profissionais
destas instituies, como bibliotecrios e
muselogos, com os arquivistas e histo-
riadores, possibilitando assim uma troca
de experincias e informaes de forma a
suscitar uma gama de reflexes acerca do
papel social dos profissionais e das insti-
tuies. Esta rede de contatos permitiria,
ento, repensar a prtica diria e, princi-
palmente, rever as metas, planejamentos
e poltica insitucional, que se poderia
ampliar a fim de aumentar o pblico visi-
tante de exposies, seminrios, para algo
alm, incluindo um programa sistemtico
voltado para a difuso e a ao cultural,
com atividades na quais o pblico se
tornaria agente ativo no processo e no
mero espectador.
H vrias atividades possveis de difuso
cultural em instituies arquivsticas,
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conforme Bellotto (1991), e este trabalho
ressaltar duas: o arquivo como fonte
educativa e o arquivo orientado para ao
cultural.
Arquivistas alemes trabalham em conjun-
to com agncias de turismo contribuindo
para a criao de textos, correo de
notcias histricas em seus folhetos pu-
blicitrios, cartazes, mapas, ou para a si-
nalizao de monumentos, como mostra
Bellotto (1991, p. 229). Tais exemplos
mostram a variedade das atividades a se-
rem exercidas por arquivistas de forma a
participarem mais ativamente da movimen-
tao cultural e turstica das cidades, indo
alm do papel tecnicista. As contribuies
advindas desses profissionais da informa-
o abrem espao para uma atuao mais
voltada para o lado ldico, ao proporcionar
aes no mbito educacional, cultural e
turstico. necessrio um bom planeja-
mento das atividades a serem desenvol-
vidas, de modo que sejam sistematizadas
e avaliadas constantemente e se faam
ajustes e correes ao longo dos projetos,
assim como adequaes em relao aos
objetivos que devem ser alcanados.
Vale ressaltar que, quando se fala de uma
prtica que vai alm da tecnicista, em
momento algum se pretende diminuir a
importncia dessa dimenso, visto que
sem ela no seria possvel uma recupe-
rao satisfatria dos documentos. O
que est em pauta algo mais, ou seja,
uma prtica que conjugue o lado tcnico
com o cunho social da instituio arqui-
vstica, por meio de uma poltica voltada
para o pblico, atraindo-o de forma que
compreenda o arquivo como espao de
coleta, preservao, mas tambm como
lugar de criao de conhecimentos, de
lazer cultural. Uma pesquisa informal
realizada com alunos de graduao em
arquivologia mostrou que um pequeno
percentual deles pensa o arquivo como
espao de lazer cultural. A maioria acre-
dita que seus familiares e amigos no
tm interesse em visitar e frequentar um
arquivo. Ora, se os graduandos da rea
no veem seus espaos de trabalho como
lugares de difuso cultural, e no pensam
que poderiam s-lo, a mudana de viso
tende a se comprometer.
Reitera-se que uma boa comunicao, um
alinhamento com outros profissionais,
em especial bibliotecrios e muselogos,
poderia facilitar a criao de um programa
sistemtico de atuao dos arquivos volta-
do a uma prtica direcionada aos campos
educacional, cultural e turstico. A respeito
da ligao entre arquivo e educao,
necessrio que se atente para as experin-
cias de outros pases, para ento verificar
como adequ-las realidade brasileira, e,
ainda, que se avalie a validade de orientar
os arquivos para a prtica educativa, em
consonncia com a estrutura funcional da
prpria instituio. Payne (apud Bellotto,
1991, p. 231) apresenta uma orientao
a respeito:
O desenvolvimento de laos entre os ar-
quivos e a educao no depende s da
compreenso do papel que a educao
deve exercer no mundo contemporneo;
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so igualmente importantes o reconheci-
mento do verdadeiro valor dos arquivos
como fonte educativa e a vontade de
transformar o valor educativo potencial
dos arquivos em programas positivos e
realistas.
Da a necessidade de uma avaliao, por
parte da instituio arquivstica, da ado-
o de uma prtica que pense o arquivo
como fonte educativa, ao aproximar, por
exemplo, estudantes de ensino mdio
ou crianas por meio de um programa
sistemtico de trabalho conjunto com as
escolas.
Um belo trabalho que vem sendo desen-
volvido pelo Arquivo Nacional da Torre
do Tombo (ANTT), em Portugal, foi apre-
sentado no VII Seminrio Internacional de
Arquivos de Tradio Ibrica, no Rio de
Janeiro, em 2011, pela arquivista Maria
de Lurdes Henriques. O servio educativo
do ANTT possui duas vertentes de atua-
o: a implementao de uma estrutura
organizacional com foco nas visitas esco-
lares, de forma a atender diversas faixas
etrias e de ensino, com temas variados
e integrados aos planos curriculares; e
a concepo, planejamento, organiza-
o e implementao de exposies e/
ou mostras documentais permanentes,
direcionadas para fins didcticos pe-
daggicos, mediando-as para diferentes
pblicos-alvo, investindo nesses pblicos,
por forma a aproxim-los do Arquivo,
dando-lhes a conhecer o seu patrimnio
e promovendo simultaneamente lies
de cidadania.
A experincia do ANTT mostra o trabalho
conjunto do arquivo com as escolas por
meio de um programa sistemtico que
orienta o planejamento de aes reali-
zadas com base nos planos curriculares,
como forma de promover aulas fora das
escolas, com atividades que envolvem
outros modos de leitura, diferentes dos
livros, o que permite o enriquecimento
com a descoberta de diversas escritas.
Esse trabalho promove a aproximao dos
estudantes com a instituio e a prtica
arquivstica, ao mostrar um lugar de des-
cobertas, de busca de novos conhecimen-
tos, melhorando a compreenso sobre a
importncia daquele espao no contexto
histrico-cultural da cidade, do pas. Pos-
sibilita, ainda, o interesse dos alunos em
aprender de maneiras diferentes daquelas
apresentadas nas salas de aula, comple-
mentando a prxis docente com outros
tipos de material, como documentos his-
tricos relevantes para a histria do pas,
que so mostrados na ntegra com seu
vocabulrio e tipos de letra especficos.
Os documentos podem vir acompanhados
de uma traduo preparada por arqui-
vistas, e pode ser proposto aos alunos
que recriem documentos histricos com
outros formatos, como vdeos, desenhos,
pinturas, estimulando assim a criatividade
e a passagem de sujeitos passivos para
ativos no processo de gerao de novos
conhecimentos.
A fonte educativa propiciada pelo arquivo
pode ser uma grande aliada no processo
pedaggico das escolas, auxiliando no
ensino de matrias como histria, portu-
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gus, cincias, ao oferecer uma gama de
documentos que fazem parte dos fundos
dos arquivos. Trabalhar com os planos
curriculares permite que tanto professores
como arquivistas planejem as atividades,
ao longo do ano letivo, com exposies,
aulas, oficinas e debates que visem apro-
fundar as informaes recebidas pelos
alunos. Assim, por meio destas atividades,
eles podem participar como sujeitos ativos
no processo de criao de conhecimentos.
A experincia apresentada pela arquivista
Maria de Lurdes Henriques, do ANTT, mos-
tra que o programa educativo faz parte
da poltica institucional, num trabalho
conjunto com a rea de educao, como
estratgia de auxlio aos professores, e,
principalmente, de poltica educacional,
como chave para a melhoria da qualidade
do ensino e a difuso cultural propiciada
pela instituio arquivstica. Esta aproxi-
mao permite ainda maior visibilidade do
profissional arquivista junto sociedade,
numa postura que vai alm do tecnicismo,
proporcionando outras experincias, mais
ldicas. E no se pode deixar de mencio-
nar a possibilidade de abranger um pbli-
co maior, assim como a necessidade de
ampliao de atendimento, aumentando
o horrio de abertura, inclusive nos fins
de semana, algo incomum nas instituies
brasileiras.
O caso portugus mostra como o arqui-
vo, orientado para uma poltica educati-
va, pode contribuir para a melhoria da
qualidade do ensino na rede escolar, ao
estimular uma cidadania mais ativa e par-
ticipante, buscando formas variadas para
o processo de gerao de conhecimentos,
e, como diz Paulo Freire, educar para a
liberdade.
Por exemplo, o ANTT oferece aos escolares
documentos numa calota esfrica com tela
sensvel ao toque, num projeto que ensina
astronomia. O programa educativo deve
ainda abranger outros pblicos, como
os idosos, em atividades orientadas no
sentido de propiciar experincias ldicas,
dilogo intercultural, alm de promover o
acesso ao conhecimento e a valorizao
do profissional arquivista.
Retorna-se, assim, proposta inicial de
pensar o arquivo como fonte educativa e
orientada para a ao cultural.
Em se tratando de ao cultural, ainda incipiente essa prtica em unidades de informao como bibliotecas e arquivos, mas o tema
vem sendo debatido desde o incio da
dcada de oitenta, aps a apresentao
de Flusser no XI Congresso Brasileiro de
Documentao, em Joo Pessoa, Paraba,
em 1982.
Flusser (1983, p. 148) trouxe a ideia da
biblioteca como instrumento de ao
cultural, sendo esta basicamente me-
diao e criao de acervo, inserido em
contexto cultural bem definido. Ora, so
conhecidas as diferenas entre arquivos e
bibliotecas quanto s suas funes, e no
se pretende a transposio de prticas
biblioteconmicas, todavia so espaos
que, como dissemos, podem e devem ser
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usados para trocar experincias de forma
a contribuir para novas perspectivas de
trabalho. Assim, pensa-se que a prtica
da ao cultural pode ser desenvolvida
dentro das instituies arquivsticas como
mostra o trabalho realizado no ANTT,
por meio de sua participao efetiva na
inovao curricular, com a aproximao
entre bibliotecrio escolar, professores
e arquivistas.
Este processo de interao baseado em
vises mltiplas sobre os fundos do-
cumentais propicia novas experincias
a serem vividas pelo pblico, leituras
codificadas para facilitar a compreen-
so de documentos e maior conscincia
acerca dos documentos arquivsticos e
de sua importncia, alm de contribuir
para a formao da cidadania do pblico
escolar.
Outro trabalho vem sendo desen-volvido pelos arquivos franceses desde 1950, apesar da ideia de se criar servios educativos ter tido incio
aps a Segunda Guerra Mundial, com sua
abertura a um novo pblico embora o
contato arquivo-escola j se processasse
desde 1912 atravs de circular do di-
retor dos Archives nationales, tornando
obrigatria a realizao de conferncias
peridicas, feitas por arquivistas, para os
alunos das escolas normais, segundo rela-
tos de Bellotto (1991, p. 234), que elenca
as atividades dos servios educativos
que os arquivos franceses desenvolvem.
Dentre elas est uma prtica que chama a
ateno pelo seu potencial de aproximar
os alunos e de ampliar o pblico para a
comunidade do entorno das instituies
arquivsticas. Na atividade em questo, so
realizadas campanhas junto aos alunos
para a coleta de documentos familiares
ou de estabelecimentos comerciais, indus-
triais, esportivos, sindicais ou polticos aos
quais seus familiares ou amigos estejam
ligados. O material recolhido engloba
lembranas orais e escritas, material de
valia para a histria local contempornea
(Bellotto, 1991, p. 237).
A reunio deste material composto por
documentos familiares, como fotografias,
relatos orais e escritos, aproxima-se do
uso da histria oral como metodologia
cuja finalidade a criao de fontes his-
tricas, de acordo com Freitas (2006, p.
19), sendo a histria oral dividida em trs
gneros distintos: tradio oral, histria
de vida, histria temtica. O primeiro
gnero pode ser definido como um tes-
temunho transmitido verbalmente de uma
gerao para outra (Vansina, 1982, p.
157 apud Freitas, 2006, p. 19). A histria
de vida, segundo gnero, pode ser con-
siderada um relato autobiogrfico, mas
do qual a escrita [...] est ausente, por
meio de uma reconstituio do passado
pelo prprio indivduo.
J na histria oral temtica, a entrevista
realizada por um grupo de pessoas, sobre
um assunto especfico, como explicitado
por Freitas (2006, p. 21-22). Um projeto de
histria oral pode ser desenvolvido como
iniciativa individual ou trabalho coletivo:
em pr-escolas, nos primeiro e segundo
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graus, nas universidades, na educao
de adultos, por centros comunitrios, por
museus convencionais, museus itineran-
tes ou por museus de rua e por outras
instituies.
Como vimos no caso da Frana, esse mo-
delo tambm pode ser desenvolvido por
instituies arquivsticas pblicas, e aqui
se abre uma possibilidade para os arqui-
vos de empresas privadas, que poderiam
estabelecer um programa sistemtico de
coleta de material por seus funcionrios,
sob coordenao do arquivista. Fotogra-
fias, convites de eventos, inauguraes,
vdeos, enfim, diversos materiais podem
ser colhidos para uma exposio que con-
tasse a evoluo histrica da empresa com
base no material recolhido. Esse trabalho
desenvolvido pelo arquivista visaria envol-
ver o corpo de trabalhadores na formao
de um espao dinmico, onde se pudesse
trocar ideias, relatos, experincias, refle-
xes, e criar novos conhecimentos por
meio da prtica da ao cultural. Esta seria
vista como um processo que engloba ati-
vidades que propiciem condies para o
encontro de indivduos e para o estmulo
da atividade cognitiva, conforme Flusser
(1983, p. 159).
Dessa forma, podem-se ampliar as possi-
bilidades de se pensar a instituio arqui-
vstica, com a promoo de uma prtica
que propicie aos indivduos serem sujeitos
ativos no processo de gerao de conheci-
mentos, a partir dos fundos documentais
dessas instituies e da criao de novos
fundos por meio da coleta de materiais,
seja de grupos familiares, idosos, comer-
ciais, polticos, ligados, como no caso dos
arquivos franceses, aos alunos envolvidos
em atividades dos servios educativos.
Isto se daria tambm por meio das narra-
tivas orais, como orienta Freitas (2006),
enquanto possibilidade de aproximao do
pblico, que, ao se sentir sujeito ativo no
processo de construo de conhecimentos
e novos fundos atravs das histrias de
vida, forma um importante material para
a histria local e contempornea.
A prtica da ao cultural possui um ca-
rter transformador da realidade social e
pressupe que os indivduos sejam sujei-
tos ativos num processo sistemtico de
criao de novos bens culturais e conheci-
mentos, e no em atividades espordicas,
ou seja, que eles participem ativamente no
sentido de opinar, formular e criar (Rosa,
2009, p. 373), como sujeitos da cultura,
por meio de trocas de experincias, de-
bates que permitam aos indivduos uma
viso mais reflexiva e crtica do mundo
onde se vive.
O uso da histria oral como metodologia
aliada a um servio educativo bem plane-
jado, como nos exemplos apresentados,
em consonncia com uma poltica ins-
titucional orientada para algo alm das
funes primordiais de um arquivo, pode
propiciar uma mudana de imagem junto
sociedade e, principalmente, contribuir
na formao de cidados crticos e cons-
cientes de seu papel, assim como da his-
tria, do passado no qual esto inseridos
enquanto indivduos.
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Percebe-se que uma poltica institucional
que trabalhe com servio educativo bem
estruturado com as escolas e seus curr-
culos, aes culturais voltadas a pblicos
variados, com base nos fundos documen-
tais das instituies arquivsticas e dos que
podem ser criados pelas atividades desen-
volvidas, proporcionariam uma guinada
na visibilidade dos arquivos e arquivistas
junto ao pblico em geral, aumentando a
visitao.
A mudana de viso sobre a capacidade
dos arquivos, como dissemos, passa por
uma mudana da poltica institucional e
tambm da viso que os arquivistas pos-
suem da prpria profisso, que engloba
as funes tcnicas essenciais prtica,
como recolhimento, custdia, preservao
e organizao de fundos documentais,
alm de uma dimenso mais educativa,
social e cultural.
Vale mencionar, ainda, a falta de recur-
sos humanos e financeiros, que implica
a dificuldade de se implementar uma
prtica direcionada para o servio edu-
cativo e a ao cultural, uma vez que os
profissionais esto muito ocupados com
a funo tcnica diria. De fato, sabe-se
das precrias condies de trabalho em
arquivos pblicos Brasil afora e das limi-
taes encontradas pelos profissionais
que neles atuam, como falta de material
bsico de trabalho, espao adequado ao
armazenamento de fundos documentais
e sobrecarga devido ao pequeno nmero
de funcionrios. Contudo, a experincia
do ANTT mostra que uma poltica institu-
cional consolidada no sentido de priorizar
uma prtica voltada para a oferta proativa
de divulgao de acervo, buscando novos
pblicos, inclusive a partir das escolas,
possvel com uma equipe reduzida que
atua na organizao e planejamento do
marketing cultural e de projetos.
essencial boa articulao e comunicao
entre todos os funcionrios do arquivo
para gerir os projetos, a fim de atingir
qualidade e sucesso na implantao,
manuteno e avaliao permanente do
servio educativo e das aes culturais.
Referncias Bibliogrficas
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T. A. Queiroz, 1991.
FLUSSER, Victor. A biblioteca como instrumento de ao cultural. Revista Brasileira de
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R V O
Acervo, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 35-44, jan./jun. 2012 - pg. 43
FREITAS, Snia Maria de. Histria oral: possibilidades e procedimentos. 2. ed. So Paulo:
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VANSINA, Jan. A tradio oral e sua metodologia. In: ______. Histria geral da frica. So
Paulo: tica; Paris: Unesco, 1982, v.1.
R E S U M O
O artigo apresenta uma possibilidade de pensar o arquivo enquanto fonte educativa
e de ao cultural, para alm da sua funo primordial de recolhimento, preservao
e organizao de fundos documentais. Discute a funo social das instituies arqui-
vsticas por meio de uma poltica institucional voltada para a capacidade educativa,
social e cultural.
Palavras-chave: instituio arquivstiva; fonte educativa; ao cultural.
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A B S T R A C T
This article presents a possibility of thinking of archive as a source of education and
cultural action, to beyond its primordial function of collecting, preserving and organizing
documentary collections. Discusses the social role of archival institutions through institu-
tional policy aimed towards the educational, social and cultural capacity.
Keywords: archival institution; educational source; cultural action.
R E S U M N
Este artculo presenta una posibilidad de pensar en el archivo como una fuente de accin
educativa y cultural, adems de su funcin primordial de reunir, conservar y organizar los
fondos documentales. Analiza el papel social de las instituciones de archivo a travs de
la poltica institucional respecto a la capacidad educativa, social y cultural.
Palabras clave: institucin de archivo; fuente educativa; accin cultural.
Recebido em 12/9/2012
Aprovado em 13/9/2012