arquitetura interativa: do encontro faz-se o...

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O TERRAÇO DO HORIZONTE O último pavimento pode ser acessado pela rampa, por elevadores, ou pela Arquibancada da Empatia. O terraço é todo coberto por uma pérgola, com o sistema OPV (organic photovoltaic), para captar energia solar. Inspirado pelos terreiros de candomblé e bandeirinhas de festas populares, a pérgola será feita com tecidos brancos, que criam padrões esvoaçantes e saúdam o vento. Aqui teremos um café-bar com vista para o horizonte, com um grande balcão e mesas de diferentes tamanhos e formatos, e um sofá único que envolve o espaço como uma grande e aconchegante sala de estar brasileira. O projeto de interiores irá unir artesanato brasileiro com novas tecnologias de fabricação digital. Deste encontro inesperado e surpreendente, teremos por exemplo o Capim dourado do Jalapão, com impressão 3D em polímero de cana de açúcar, ou as rendas do interior de Minas Gerais, com marcenarias de forma paramétrica. Este café-bar dará suporte às reuniões da área administrativa localizada ao lado, e aos visitantes, que nesse andar encontrarão oportunidade para o casual, o flerte e os negócios. Na frente do terraço, com vista para a rua principal, situam-se outros dois site- specifics, do coletivo carioca OPAVIVARÁ!, intitulado Rede Social, composto por diversas redes brasileiras, com as cores do arco-íris, costuradas entre si. Subindo no topo da superfície da arquibancada, encontra-se o ponto acessível mais alto do Pavilhão do Brasil, intitulado Mirante do Futuro: um platô que recebe pequenos grupos, para em silêncio observarem as atividades e pessoas que integram o Pavilhão do Brasil, e o conjunto do Parque expositivo da Expo Dubai 2020. Este terraço foi projetado para proporcionar também um ambiente perfeito para negócios. Ele pode ser completamente isolado do resto do Pavilhão em ocasiões especiais, ou pode integrar estrategicamente a área administrativa e as salas de reunião ao café, dando, neste formato, acesso direto dos convidados VIP a esta área exclusiva. ARQUITETURA INTERATIVA: DO ENCONTRO FAZ-SE O SAMBA A estrutura central do edifício se dá por uma arquibancada de superfície fluida vinda de um contorno circular. Uma espécie de colina topológica que convida os visitantes a passearem, sentarem-se e amalgamarem-se, promovendo uma ação colaborativa de caráter performático. Concebida como uma arquitetura híbrida que incorpora a materialidade analógica à digital, a obra integra madeira, sensores, luzes e microcontroladores para criar uma experiência interativa cujo objetivo é emocionar e estimular a empatia. Em um momento de repouso e contemplação, os visitantes podem tocar sensores espalhados pela arquibancada. Estes sensores coletam seus batimentos cardíacos por meio do contato com o dedo. Quando a coleta de dados vitais é realizada coletiva e simultaneamente, em pequenos grupos de participantes, os dados de batimentos cardíacos darão ritmo às luzes e serão utilizados como base para composição de uma música em tempo real.  As batidas de seus corações se transformarão em um samba generativo (uma maneira contemporânea de criação digital que se utiliza de algoritmos e regras processuais em tempo real), através de um software que será desenvolvido por um time multidisciplinar composto por acadêmicos, músicos, artistas e programadores. Os batimentos cardíacos e o samba generativo poderão ser ouvidos pelo sistema de áudio localizado por toda a extensão da arquibancada. Esse sistema é composto de caixas de som que terão seu direcionamento auditivo controlado para não interferir nos eventos temporários que acontecerão no pavilhão do Brasil, nem nos pavilhões vizinhos. O sistema também dispõe de equipamentos luminotécnicos integrados à estrutura das arquibancadas, criando efeitos visuais responsivos aos batimentos cardíacos e à música e marcando visualmente as zonas de encontro. Essa arquibancada torna tangível o intangível: a visualização de dados emocionais através de som e luz. Um modo poético de incentivar a troca empática entre os visitantes, e de atiçar sorrisos. Essa obra de arte sonora, produzida pelo corpo dos visitantes e pela máquina, poderá ser ouvida em qualquer lugar do mundo através da internet por meio de um portal do projeto. Nossos corpos poéticos, pulsantes, expandidos pelas novas tecnologias ecoarão através do ciberespaço. Ao pesquisarmos definições sobre empatia, uma frase de autor anônimo se destacou: “empatia é sentir com o coração do outro”. Nossa arquitetura convida os visitantes do Pavilhão a escutarem os corações, originando melodia e efeitos luminosos, que, como fogos de artifícios numéricos, celebram as possibilidades presentes no encontro e na diversidade. PLANTA BAIXA TERRAÇO | ESCALA 1:250 SENSORES SPEAKERS SISTEMA DE ILUMINAÇÃO ESTRUTURA HORIZONTAL ESTRUTURA VERTICAL DO ENCONTRO FAZ-SE O SAMBA SISTEMA INTERATIVO ACIONADO NO COLETIVO B A LEGENDA 1. recepção com lavabo 2. lounge de espera 3. sala diretor 4. sala reunião P 5. sala de reunião G 6. sala staff 7. escritório 8. depósito 9. copa 10. sanitários staff 11. foyer 12. café / bar 13. sanitários 14. terraço 1 2 3 4 5 6 8 8 9 10 13 11 14 12 7

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O TERRAÇO DO HORIZONTE

O último pavimento pode ser acessado pela rampa, por elevadores, ou pela Arquibancada da Empatia. O terraço é todo coberto por uma pérgola, com o sistema OPV (organic photovoltaic), para captar energia solar. Inspirado pelos terreiros de candomblé e bandeirinhas de festas populares, a pérgola será feita com tecidos brancos, que criam padrões esvoaçantes e saúdam o vento.

Aqui teremos um café-bar com vista para o horizonte, com um grande balcão e mesas de diferentes tamanhos e formatos, e um sofá único que envolve o espaço como uma grande e aconchegante sala de estar brasileira. O projeto de interiores irá unir artesanato brasileiro com novas tecnologias de fabricação digital. Deste encontro inesperado e surpreendente, teremos por exemplo o Capim dourado do Jalapão, com impressão 3D em polímero de cana de açúcar, ou as rendas do interior de Minas Gerais, com marcenarias de forma paramétrica. Este café-bar dará suporte às reuniões da área administrativa localizada ao lado, e aos visitantes, que nesse andar encontrarão oportunidade para o casual, o flerte e os negócios.Na frente do terraço, com vista para a rua principal, situam-se outros dois site-specifics, do coletivo carioca OPAVIVARÁ!, intitulado Rede Social, composto por diversas redes brasileiras, com as cores do arco-íris, costuradas entre si.

Subindo no topo da superfície da arquibancada, encontra-se o ponto acessível mais alto do Pavilhão do Brasil, intitulado Mirante do Futuro: um platô que recebe pequenos grupos, para em silêncio observarem as atividades e pessoas que integram o Pavilhão do Brasil, e o conjunto do Parque expositivo da Expo Dubai 2020.

Este terraço foi projetado para proporcionar também um ambiente perfeito para negócios. Ele pode ser completamente isolado do resto do Pavilhão em ocasiões especiais, ou pode integrar estrategicamente a área administrativa e as salas de reunião ao café, dando, neste formato, acesso direto dos convidados VIP a esta área exclusiva.

ARQUITETURA INTERATIVA: DO ENCONTRO FAZ-SE O SAMBA

A estrutura central do edifício se dá por uma arquibancada de superfície fluida  vinda de um contorno circular.  Uma espécie de colina topológica que convida os visitantes a passearem, sentarem-se e amalgamarem-se, promovendo uma ação colaborativa de caráter performático. Concebida como uma arquitetura híbrida que incorpora a materialidade analógica à digital, a obra integra madeira, sensores, luzes e  microcontroladores  para criar uma experiência interativa cujo objetivo é emocionar e estimular a empatia.

Em um  momento de repouso e contemplação, os visitantes podem tocar sensores espalhados pela arquibancada. Estes sensores coletam seus batimentos cardíacos por meio do contato com o dedo. Quando a coleta de dados vitais é realizada coletiva e simultaneamente, em pequenos grupos de participantes, os dados de batimentos cardíacos darão ritmo às luzes e serão utilizados como base para composição de uma música em tempo real.  As batidas de seus corações se transformarão em um samba generativo (uma maneira contemporânea de criação digital que se utiliza de algoritmos e regras processuais em tempo real), através de um software que será desenvolvido por um time multidisciplinar composto por acadêmicos, músicos, artistas e programadores.

Os batimentos cardíacos e o samba generativo poderão ser ouvidos pelo sistema de áudio localizado por toda a extensão da arquibancada. Esse sistema é composto de  caixas de som  que  terão seu direcionamento auditivo controlado para não interferir nos eventos temporários que acontecerão no pavilhão do Brasil, nem nos pavilhões vizinhos. O sistema também dispõe de equipamentos luminotécnicos integrados à estrutura das arquibancadas, criando efeitos visuais responsivos aos batimentos cardíacos e à música e marcando visualmente as zonas de encontro. Essa arquibancada torna tangível o intangível: a visualização de dados emocionais através de som e luz. Um modo poético de incentivar a troca empática entre os visitantes, e de atiçar sorrisos.

Essa obra de arte sonora, produzida pelo corpo dos visitantes e pela máquina, poderá ser ouvida em qualquer lugar do mundo através da internet  por meio de um  portal do projeto. Nossos corpos  poéticos, pulsantes, expandidos pelas novas tecnologias ecoarão através do ciberespaço. Ao pesquisarmos definições sobre empatia, uma frase de autor anônimo se destacou: “empatia é sentir com o coração do outro”. Nossa arquitetura convida os visitantes do Pavilhão a escutarem os corações, originando melodia e efeitos luminosos, que, como fogos de artifícios numéricos, celebram as possibilidades presentes no encontro e na diversidade. 

PLANTA BAIXA TERRAÇO | ESCALA 1:250

SENSORES SPEAKERS

SISTEMA DE ILUMINAÇÃO

ESTRUTURA HORIZONTAL

ESTRUTURA VERTICAL

DO ENCONTRO FAZ-SE O SAMBA

SISTEMA INTERATIVO ACIONADO NO COLETIVO

B

A

LEGENDA1. recepção com lavabo2. lounge de espera3. sala diretor4. sala reunião P5. sala de reunião G6. sala staff7. escritório8. depósito9. copa10. sanitários staff11. foyer12. café / bar13. sanitários14. terraço

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Para representar os diferentes contextos brasileiros, cinco artistas e coletivos contemporâneos foram convidados para elaborar e expor obras de grande escala. Eles são os artistas Ana Mazzei, Erika Verzutti, Ernesto Neto e Juarez Paraíso e os coletivos MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin) e OPAVIVARÁ!. Além deles, haverá uma área dedicada à escultura brasileira, um verdadeiro grupo de corpos encantados que unidos nos proporcionarão a experiência de caminhar pela praia, entre colinas ou em uma floresta, mas sempre ao lado de um forte tesouro artístico nacional – misturando aquilo que é muitas vezes reduzido à categoria de popular ou regional com o que já está inserido no cânone contemporâneo.

DIAGRAMA DE SUSTENTABILIDADE

DIAGRAMA DAS ARTES

Ernesto Neto (solo, instalação imersiva)

Erika Verzutti (ovos ou vitoria regia no espelho d´águae instalação imersiva)

Ana Mazzei (solo, instalação imersiva)

Obra InterativaDo encontro faz-se o samba

Praça da diversidade

Mirante do futuro

Opavivará (no terraço).

Mahku (serpente no chão da rampa)

Juarez Paraízo (solo, instalação imersiva)

Floresta de esculturas (o maior dos núcleos, com escultura popular brasileira, desde pequenas escul-turas de cerâmica fazendo a área de praias até os bancos fazendo a floresta baixa e carrancas e demais esculturas grandes fazendo a floresta de esculturas)

Together for people

Together for tomorrow

Together for natureco2

OPV (Organic Photovoltaic)A captação de energia solar é feita por meio de filmes orgânicos fotovoltaicos aplicados à estrutura do pergolado da cobertura, convertendo a luz solar em energia para o Pavilhão.

Louças e metais Em todos os sanitários e cozinha as torneiras apresentam baixo consumo de água, bem como as bacias. Os mictórios dos sanitários masculinos são secos (sistema que já vem sendo utilizado em Dubai) e podem ser alugados em fornecedor local, uma vez que o Pavilhão é temporário.

Iluminação Será utilizado LED controlado por sensores de ocupação

e luz natural.

PaisagemAs plantas e o espelho d’água propostos no projeto da paisagem colaboram com o conforto térmico do Pavilhão. A vegetação contribui por meio da evapotranspiração das folhas e a água ajuda na criação do microclima, por meio do processo de esfriamento por evaporação.

Painel interativoTeremos um painel interativo de Sustentabilidade, que mostra em tempo real o consumo de energia e água, geração de resíduos, fluxo de pessoas e temperaturas externa e interna do Pavilhão.

Hands-dryer Devem ser usados nos sanitários para diminuir a quantidade de papéis utilizados, reduzindo em torno de 10 a 12 mil folhas por dia.

Pageven FloorO caminhar dos visitantes nas rampas de acesso ao primeiro pavimento e cobertura gera parte da energia do Pavilhão.

Selo de Eficiência EnergéticaTodos os equipamentos industriais da cozinha e eletrodomésticos da copa de apoio devem apresentar os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria.

TransporteTodos os materiais serão comprados ou alugados de fornecedores locais, como forma de otimizar os processos e diminuir a emissão de gás carbônico no meio ambiente.

CompostagemCom os resíduos orgânicos do restaurante e do café teremos adubo para o paisagismo do próprio Pavilhão e, como parte do programa educacional, os visitantes podem levar adubo embalado.

Coleta seletivaOs resíduos orgânicos não utilizados na compostagem são separados dos resíduos recicláveis e destinados de

forma correta para descarte.

Tratamento de água cinzaO sistema de tratamento de águas cinzas (das torneiras) fornece água para o sistema de irrigação do paisagismo, que será feita por meio de gotejadores acionados por uma central microclimática com sensores de

evapotransipiração e umidade.

UFAD (Underfloor Air Distribution)O sistema de climatização proposto para o Pavilhão é o insuflamento pelo piso elevado e pelas lâminas de madeira da arquibancada, expulsando o ar quente dos

ambientes de baixo para cima.

Vidro dinâmicoO vidro da fachada se adapta ao grau de incidência solar ao longo do dia, alterando a sua tonalidade durante os horários com maior luminosidade externa. Esse sitema trabalha a favor do conforto térmico do Pavilhão, ajudando a manter a temperatura das áreas internas e exigindo menos do sistema de climatização.

Pinus europeuA madeira (CLT) da estrutura e vedação do Pavilhão armazena gás carbônico, melhorando a qualidade do

seu ar interno e externo.Além disso, ela não será tratada com nenhuma

substância tóxica como arsênio ou boro.

LixeirasSerão utilizadas lixeiras compactadoras de resíduos, que reduzem a emissão de gás carbônico, pois diminuem a

demanda de coleta desses resíduos em 80%.

Sistema de Medição RemotaEsse sistema permite que as concessionárias tenham acesso aos dados de consumo à distância, o que não

demanda visitas técnicas recorrentes ao Pavilhão.

AutomaçãoO Pavilhão conta com automação dos sistemas de

iluminação, ar condicionado, tomadas e bombas.

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DESERTO

Acácia Ehrenbergiana

Nannorrohops Ritchiana

Chaenorhinum

Rubrifolium

Aloe Vera

Phoenix Dactylifera

Haloxylon Salicornicum

DESERTO

Acácia Ehrenbergiana

Nannorrohops Ritchiana

Chaenorhinum

Rubrifolium

Aloe Vera

Phoenix Dactylifera

Haloxylon Salicornicum

Wawa’su - Babaçu (do Tupi)

Karana’iwa - Caranauba (do Tupi)

TRANSIÇÃO ÚMIDOpaisagismo

temperatura

+umidade+condições

menos umidade-condições+adaptação

ham ã'bae (samambaia)

imbé (Philodendron)

Alocasia amazonica

Epipremnum pinnatum

taîaoba (Taioba)

Anthurium andraeanum

Philodendron martiaum

CORTE B | ESCALA 1:125

+ 4,15M

+ 8,30M

+ 11,30M

+ 14,00M

PAISAGISMO

Alinhados aos conceitos que determinam o partido da arquitetura, museografia e experiência, a paisagem é tratada da mesma maneira com intensidade simbólica, técnica e sustentável. Entendemos que arquitetura e paisagem são manifestações interdependentes: quando se cria um espaço também se cria uma paisagem. O projeto paisagístico para o Pavilhão do Brasil 2020 convida seus visitantes a uma experiência de transição entre o externo e o interno, entre biomas ricos em diversidade, com suas características e qualidades determinadas pelo desenho arquitetônico e condições ambientais de sustentabilidade criadas pelo projeto. Os canteiros foram estruturados simbolicamente em um desenho radial partindo de seu centro pulsante e magnético até as extremidades de nosso terreno. Fisicamente e estrategicamente eles também organizam os fluxos de entrada e saída dos visitantes.

Encontramos em nossa Caatinga semi-árida, um bioma exclusivamente brasileiro, características bio empáticas com o bioma desértico predominante dos Emirados Árabes, que nos fez determinar o eixo vegetativo externo do projeto. O jardim abriga espécies nativas desérticas, adaptadas às condições extremas de calor, salinidade da água e ventos. Somos conscientes da necessidade de abrigo térmico e conforto de nossos visitantes: as Tamareiras (Tamar em árabe) serão responsáveis pela sombra, as gramíneas variadas emolduram os canteiros que abrigam bancos-pedra para o descanso e encontro dos visitantes. Justificamos nosso partido vegetativo externo às iniciativas locais educacionais já iniciadas para a conscientização do público geral em várias cidades dos Emirados, além de reduzir drasticamente o consumo hídrico e de manutenção ao longo da Expo.

No eixo principal do edifício, criamos um braço de água  que segue sua trajetória até o centro do Pavilhão desembocando em um espelho d’água que recebe o nome de Rio Amazonas em homenagem ao mais extenso do mundo, que também possui o maior volume mundial de água. Caminhando em direção a Praça da Diversidade, a paisagem sofre uma transição caracterizada fisicamente por condições de temperatura e umidade, onde trazemos canteiros secos de sementes de Babaçu (do tupi wawa,su) e Carnaúba (do tupi karana,iwa), palmeiras encontradas em nossa rica Mata dos Cocais, bioma de transição de alta capacidade resiliente que se desenvolve entre a caatinga e a floresta amazônica.Adentrando ainda mais, às beiras do espelho d’água Rio Amazonas e emoldurando a Arquibancada da Empatia se desenvolvem os canteiros de umidade, uma alusão ao nosso mais rico e biodiverso dos biomas: o Amazônico, de vegetação densa, folhagens diversas, forrações rasteiras e cipós, todas espécies encontradas em viveiros locais.

Essa matriz vegetativa integra também o ecossistema de conforto térmico por suas qualidades intrínsecas de liberação de agua e oxigênio. Condições técnicas de resfriamento em detrimento com o calor ambiente resultarão em umidade criando assim o micro ambiente favorável para o crescimento dessa vegetação. Seguindo com o mesmo partido de transição de biomas, a borda da Arquibancada da Empatia abrigará cachepots de plantas com sistemas irrigados cujo desenho será open source (licença de código aberto), fomentando assim a troca democrática de conhecimento.

O visitante tem a possibilidade de chegar à cobertura pela arquibancada. Mais uma vez, adentramos lentamente o bioma desértico, com transição da vegetação passando por um maciço de Espadas de São Jorge, espécie nativa Africana, conhecida popularmente e culturalmente por sua qualidade protetora, e Aloe Vera, espécie de uso medicinal e agrícola, originária da Península Arábica, mas que cresce selvagem em climas tropicais em todo o mundo – inclusive no Brasil.

O PAVILHÃO BRASILEIRO E A SUSTENTABILIDADE

O conceito chave para o desenvolvimento do projeto de Sustentabilidade é a Biofilia, ou seja, fortalecer a conexão entre as pessoas e a natureza. O Pavilhão visa promover a sustentabilidade, proporcionando impacto positivo à comunidade da Expo Dubai 2020 e seu entorno, e mostrar como a sabedoria tradicional pode ser somada à tecnologia, sugerindo um futuro saudável e abundante.

O Pavilhão discursa, ainda, sobre o equilíbrio entre diferentes frentes no Brasil, como a preservação dos recursos naturais aliada à produção do agronegócio e da indústria, cultura e ecoturismo, destacando o papel fundamental que o país exerce como líder mundial em soluções sustentáveis e sua rica sociobiodiversidade.Como desdobramento do conceito de Biofilia, o projeto proporciona aos visitantes oportunidades de estar ao ar livre e um centro pulsante de imersão multissensorial, a Arquibancada da Empatia, espaço onde o corpo e a natureza estão em movimento simbiótico.

Todo o edifício foi projetado pensando em soluções sustentáveis. Sua implantação foi orientada conforme a incidência solar e direção dos ventos, buscando maximizar o aproveitamento da iluminação e ventilação naturais, reduzindo o uso de sistemas mecânicos consumidores de energia.

A estrutura em madeira faz do pavilhão um grande estoque de carbono, que poderá ser posteriormente desmontado para outros usos, garantindo que os recursos sejam utilizados conforme a sua longevidade, não se limitando ao período do Expo.

A especificação de materiais como um todo é norteada, assim, pelo conceito da economia circular, privilegiando produtos saudáveis, com conteúdo reciclável, regionais e renováveis. Se por um lado a água é um recurso escasso na região, por outro, a incidência solar é abundante. Partindo das características climáticas, o projeto incorpora tecnologias para se adequar às condições extremas em que se encontra, indicadas no Diagrama de Sustentabilidade.

As soluções tecnológicas e arquitetônicas do projeto foram desenhadas para atender aos parâmetros das certificações internacionais LEED e WELL, combinando estratégias de desempenho ambiental e bem-estar, com uma abordagem holística sobre os elementos do ambiente construído.

O projeto apresentado foi validado em consultoria feita por uma empresa especializada, garantindo o máximo de Eficiência Energética e Sustentabilidade.

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MADEIRAS E ESTRUTURA

O projeto do edifício é um sistema pré-fabricado de construção com o objetivo de ser erguido em tempo exíguo, por uma equipe enxuta de operários, utilizando a tecnologia Cross Laminated Timber – CLT (madeira laminada colada cruzada). Esse sistema promove integração interdisciplinar e eficiência construtiva de recursos e energia, pautada pela ação conjunta entre projetistas e construtores. Elementos estruturais de CLT, que têm densidade média de até 600 Kg/m³ e possuem características estruturais por serem contra laminados em camadas cruzadas entre si, com dimensões de 12,00m x 2,40m, serão utilizados no projeto para garantir o transporte e o fácil manuseio por poucos operários, minimizando a necessidade de grandes máquinas – e consequentemente dos custos da obra.

Eficiência energética e economia de recursos do materialA madeira é significativamente menos poluente quando comparada a outros materiais, por considerar a expressiva redução na produção de resíduos nos canteiros e menor utilização de água, possibilitando assim uma construção seca. A densidade dos painéis utilizados para estrutura e fechamentos garante maior conforto térmico, dada a baixa inércia térmica da madeira, e acústico, por conta de sua massa e alto grau de atenuação, se comparado ao concreto ou bloco tradicional. A temperatura interior da edificação pode ser mantida com apenas um terço do gasto de energia necessário para o aquecimento ou refrigeração, se comparado ao custo da alvenaria tradicional.

Cadeia produtiva e reusoPor se tratar de uma construção seca e programada, ela apresenta alta eficiência em relação ao reaproveitamento do material. Como precisão é a palavra de ordem para este tipo de construção, todos os resíduos que sobrariam dos recortes das chapas podem ser programados para não serem descartados e para que possam gerar outros usos. Apresentamos aqui cadeia produtiva desde a extração da madeira em florestas de manejo sustentável, até a transformação em painéis que posteriormente podem ser beneficiados para a construção e eventual reciclagem. Ilustramos também a programação de usinagem de um dos painéis, e a possibilidade de reutilização após desmontagem do Pavilhão, com sugestão para que sejam remontados como abrigos modulares em países que sofrem com catástrofes naturais ou precisam abrigar grupos em situação de rua.

Considerando a precisão mecânica dos maquinários, é possível também planejar e executar os mobiliários do pavilhão ao mesmo tempo em que forem produzidas as peças estruturais da edificação. Outro ponto bastante relevante é a possibilidade futura de se tornar fonte de energia, caso os painéis sejam entregues a uma indústria de transformação.

O DESIGN BRASILEIRO

Todos os espaços do Pavilhão servirão como uma grande exposição de design de mobiliário brasileiro. Uma aula de história com clássicos e contemporâneos do nosso design. Todos os móveis, como cadeiras, poltronas e banquetas, serão divididas em três grupos: Design Autoral, com peças de importantes criativos, como Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer, Zanine Caldas e irmãos Campana. Um outro grupo contendo design popular, com peças impregnadas de memória afetiva, trarão peças vernaculares como o banco caipira, poltrona espaguete ou cadeira de varanda. O terceiro grupo será resultado de um concurso de design aberto (open source) realizado nas universidades brasileiras para revelar jovens talentos, nossos designers do amanhã. Todas as peças deste grupo serão fabricadas em fablabs e terão seus arquivos disponibilizados aos visitantes para sua livre reprodução, desde que sem finalidade comercial, na loja situada no térreo.

fim da vida ú�ltransformaçãoem mobiliários

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Projeto + Construção integrados

cnc painéis de madeira serraria

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Construção de Abrigose Mobiliário

aparas de madeirapara geração de energia

reciclagem- painel CLT (madeira laminada colada cru-zada)- prefabricação mes-clada com construção progamada in-loco- planejamento da construção e logística- manutenção para re-abilitação da estrutura para novos usos

3ª Etapa Construção

- detalhamento para corte e otimização de recursos- aproveitamento de es-paços que sobram no painel- Programação do corte [nesting e tagging]

2ª etapa: Projeto da construção

1ª Etapa projeto de edificação- conceituação do programa- visualização do projeto - análise de desempenho- BIM - modelo de informação com dados constutivos- planilhas de custos

Cadeia produtiva