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ARGUMENTAÇÃO E CONTRA- ARGUMENTAÇÃO

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Page 1: ARGUMENTAÇÃO E CONTRA- ARGUMENTAÇÃO. A ARTICULAÇÃO DOS ELEMENTOS DO TEXTO Coerência Textual: Corresponde à ligação textual obtida por meio da reunião

ARGUMENTAÇÃO E CONTRA-ARGUMENTAÇÃO

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A ARTICULAÇÃO DOS ELEMENTOS DO TEXTO

• Coerência Textual: Corresponde à ligação textual obtida por meio da reunião de idéias (informações explícitas e implícitas) compatíveis entre si. É responsável pela percepção de uma unidade de sentido. Não pode haver nada contraditório, nada desconexo.

• Coesão Textual: Conexão interna entre os vários enunciados do texto. Corresponde à ligação textual por meio de elementos lingüísticos específicos. É alcançada pela escolha de palavras cuja função é justamente a de estabelecer referências e relações, articulando entre si as várias partes do texto.

Elementos de coesão (conectivos) Elementos de retomada ou antecipação (anafóricos) Pronomes demonstrativos Pronomes relativos

Obs.: Na verdade, coesão e coerência andam juntas, porque a escolha inadequada de um elemento coesivo pode provocar, em determinadas passagens do texto, um problema na associação que se pretende fazer das idéias.

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ELEMENTOS DE COERÊNCIA E COESÃO Conectivo: palavra que liga dois termos ou duas orações.

Exemplos:  Conjunções Adversativas: mas, porém, contudo, no entanto, entretanto, todavia...

Conjunções Conclusivas: logo, pois, portanto, por isso, por conseguinte...

Conjunções Explicativas: pois, que, porque, porquanto...

Conjunções Conformativas: como, conforme, segundo, consoante...

Conjunções Concessivas: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, por mais que, se bem que, posto que, nem que...

Conjunções Consecutivas: de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que, tal que...

Conjunções Causais: porque, porquanto, visto que, visto como, uma vez que...

Conjunções integrantes: que, se.

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ELEMENTOS DE COERÊNCIA E COESÃO

Referências internas: elementos de retomada (R) ou antecipação (A)

Exemplos: “Diante disso, a particularidade do conhecimento...”. (R) “Comumente faz-se referência a essa disponibilidade de

palavras...”. (R) “Em casos assim, verifica-se que o horizonte...”. (R) “Dessa maneira, o ‘enriquecimento do vocabulário’...”. (R) “Entretanto, o princípio de propriedade...”. (R) “Finalmente, em toda a leitura sistemática...”. (R) “Entende-se, em síntese, que a linguagem, antes de ser

uma questão de mecanismos...”. (R) “O texto literário é, assim, um destino natural...” (R) “Quanto à terceira base da instituição universitária...”. (R)

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ELEMENTOS DE COERÊNCIA E COESÃO Referências internas: elementos de retomada (R) ou

antecipação (A)

Exemplos:

• “Mesmo este status, porém, varia...”. (R)• “Tudo isso, a meu ver, se presta a muita...”. (R)• “Tal exploração, econômica, tipo capital intensiva...”. (R)• “Em tal organização, existe integrada uma série de

cargos...”. (R)• “Enquanto Camões é um símbolo unitário global,

Machado é um símbolo pluralista e parcial...”. (A)• “Além de ler muito, o jovem precisa ampliar seu

vocabulário”. (A)• “Ao passo que Machado se refugiou em sua gruta

interior e via com desdém...”. (A)

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INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS

Conceito de Implícito:1.contido numa proposição mas não expresso

formalmente; não manifestamente declarado; subentendido, tácito

Ex.: cláusula i.

2. que se manifesta mais por atos que por palavras (diz-se de desejo)

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• Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrário, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou – o que é pior – pode concordar com coisas que rejeitaria se as percebesse.

Pressuposto: Idéias que não são expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase

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Exemplo: O governo deve avançar nas privatizações para que o Estado se concentre em atividades como saúde, educação e segurança.

Pressuposto: Auto-regulação dos mercados.

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INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS O subentendido difere do pressuposto num aspecto

importante: o pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o ouvinte, não é para ser contestado. O subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o ouvinte depreendeu;

Viés: todo relato já na escolha dos fatos mencionados, já nos pormenores omitidos ou enfatizados intencionalmente ou não, traz o viés do julgamento do produtor do texto que pode influenciar a opinião do leitor desatento.

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INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS Ao introduzir uma idéia sob a forma de pressuposto, o falante

transforma o ouvinte em cúmplice (aprisiona o ouvinte), uma vez que essa idéia não é posta em discussão e todos os argumentos subseqüentes só contribuem para confirmá-la. Por isso, pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamentos montado pelo falante;

A aceitação do pressuposto é o que permite levar a frente o debate;

Um texto não pode apresentar pressupostos conflitantes, pois isso invalida a argumentação;

As contradições entre afirmações explícitas e pressupostos derrubam qualquer argumentação. Por isso, sem manejar as pressuposições com eficácia, corre-se o risco de ter os argumentos pulverizados por um oponente que saiba ler elementos implícitos do texto.

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ARGUMENTAÇÃO

• Por argumentação deve entender-se qualquer tipo de procedimento usado pelo produtor do texto com vistas a levar o leitor a dar sua adesão às teses defendidas pelo texto.

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Expedientes de argumentação O texto deve ter unidade, um só objeto, uma só matéria (coeso e

coerente):

Recurso lógico: apontar causas e efeitos das afirmações que produz (implica coerência);

Composição das teses defendidas com outros textos: Corresponde à intertextualidade (Alusões e referências a outros textos). Este recurso à citação chama-se “argumento de autoridade”. São finalidades da citação:– Reafirmação (paráfrase)– Polemização (paródia)

Confirmar com exemplos adequados as afirmações que faz;

O apoio da consensualidade.

A comprovação pela experiência ou observação.

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Norma Lingüística e Argumentação: O uso de certo padrão de linguagem concorre para

aumentar ou diminuir o poder de persuasão daquele que fala;

O uso adequado de certo tipo de linguagem pode funcionar para impor respeito, o uso inadequado pode ter efeito contrário, isto é, expor o falante ao ridículo.

Em um texto, cada segmento que ocorre deve acrescentar um dado novo ao anterior e a própria repetição, quando é funcional, acrescenta e por isso se justifica; as repetições sem função desqualificam o texto.

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Defeitos de Argumentação: Emprego de noções confusas: o defeito de tais argumentações nem

sempre reside no princípio que defendem, mas no modo como se faz a defesa dele. Por exemplo, palavras de sentido amplo devem ser previamente definidas (uma mesma palavra pode ter sentido contraditório).

Emprego de totalidade indeterminada: verdadeiras afrontas a uma reflexão analítica mais cuidadosa.

Instauração de falsos pressupostos:

Uso de conceitos que se contradizem entre si

Emprego de noções semiformalizadas

Defeito de argumentação pelo exemplo, pela ilustração ou pelo modelo:

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Exemplos: dados de base para a conclusão (fatos devem ser verdadeiros; fatos e conclusões devem estar logicamente implicados);

Ilustração: consiste em comprovar com dados concretos uma afirmação de caráter geral. Deve ser usada quando for representativa; funciona muito bem para demonstrar que há várias maneiras de fazer alguma coisa, pois, neste caso, basta um único exemplo para confirmar;

Uso de Modelos: condutas aprováveis ou reprováveis com fundo moralizante. Representam estereótipos, não devem ser usados.

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Erros na Argumentação: Falácias ou Sofismas.

Falácias: erros de raciocínio em que podemos cair por inadvertência ou falta de atenção ao nosso tema, ou então porque somos iludidos por ambigüidades na linguagem usada para formular o nosso argumento.

Argumentum ad baculum (recurso à força): Apelo à força ou ameaça de força. Pode ser sutil.

Exemplo: "Não é conveniente para o futuro de seu periódico que

você publique isso... se quiser seguir gozando do crédito de nossos bancos amigos".

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Argumento ad hominem (contra o homem): Tem duas variedades:

“Ofensiva”: Não se ataca a verdade do que se afirma e sim o homem que faz a afirmação;

Exemplo:A teoria moral do filósofo francês Rousseau é falsa porque Rousseau abandonou os seus filhos em um orfanato.

“Circunstancial”: Diz respeito às relações entre as convicções de uma pessoa e as suas circunstâncias.

Exemplo:Paulo acredita no sistema de produção em massa porque ele é supervisor

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Sofismas de premissa falsa ou duvidosa: Consistem em tomar como premissa certa para um raciocínio uma proposição que em realidade é falsa, ou que não tenha sido suficientemente demonstrada. Denominam-se também "sofismas a priori", porque o defeito está no começo, antes de iniciar a raciocinar.

Exemplo:• Somente as ciências úteis devem ser estudadas

pelos jovens.• A história, a filosofia e as humanidades não são

ciências úteis.• A história, a filosofia e as humanidades não

devem ser estudadas pelos jovens

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Sofisma de analogia: A partir do dado de que duas coisas coincidem nalguns aspectos comprovados, se conclui que certo aspecto comprovado em somente uma delas, também se dá seguramente na outra. Esta classe de raciocínio se denomina "raciocínio por analogia" e é válido quando a conclusão se postula como provável; porém se pretende como certa, teremos um sofisma.

Exemplo:• Marte tem um movimento de rotação sobre seu eixo,

como a Terra.• Marte tem atmosfera, como a Terra.• Marte tem água em sua superfície, como a Terra.• Marte tem estações, como a Terra.• Marte tem seres vivos, como a Terra.

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Sofisma de falsa causa:Esta falácia se produz quando da anterioridade de um evento com respeito a outro se conclui que o evento primeiro é a causa do outro, ou quando da mera coincidência temporal de dois fatos, se conclui que um deles é a causa do outro.

Exemplo:• "Dado que coincidiu na França uma época de

contínuo aumento da criminalidade juvenil com a época em que a educação primária se estendeu a todo o povo, concluiu-se que a educação primária havia sido a causa do aumento da delinqüência juvenil na França”.

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Falácia de ênfase: a maneira como os significados mudam na falácia de ênfase depende de que partes deles são enfatizados.

Exemplo:• Grifos e usos de citações diretas em contextos

equívocos

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Expedientes para Desqualificar um Enunciado

Científico:

Atribuindo-o a opinião pessoal do enunciador;

Restringindo a universalidade da verdade que ele afirma;

Atacá-lo nos seus expedientes de argumentação: Citando autores renomados que contrariam o conteúdo

afirmado no enunciado ou evidenciando que o enunciador não compreendeu o significado da citação que fez;

Desautorizando os dados da realidade apresentados como prova ou mostrando que o enunciador, a partir de dados corretos, por equívoco de natureza lógica, tirou conclusões inconseqüentes.