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ÁREAS SUSCETÍVEIS A RISCOS GEOMORFOLÓGICOS NO CONTEXTO DAS ENCOSTAS URBANAS: O CASO DAS ENCOSTAS DE UM BAIRRO DE MACEIÓ (AL). James Rafael Ulisses dos Santos Universidade Federal do Espírito Santo - UFES [email protected] Edilsa Oliveira dos Santos Universidade Federal de Alagoas - UFAL [email protected] Everson de Oliveira Santos Universidade Federal de Alagoas - UFAL [email protected] Nivaneide Alves de Melo Universidade Federal de Alagoas - UFAL [email protected] 1. INTRODUÇÃO Encostas urbanas são ambientes que ao longo dos anos vem sofrendo processos de modelagem, devido a sua dinâmica natural e principalmente pelos fatores de ordem antropogênica. O homem nas últimas décadas tem intensificado e alterado as encostas íngremes, em detrimento das ocupações irregulares, com construções precárias realizadas sem planejamento habitacional prévio, e sendo na maioria dos casos, caracterizadas por populações de baixa renda. Fato que temdinamizadoos movimentos de massa nas vertentes, decorrente do lançamento de águas servidas (águas servidas cinzas e marrons), devido as precárias condições de moradia nessas áreas, sem infraestrutura básica. As discussões a respeito das ocupações desordenadas em áreas de risco e dos desastres naturais tem-se intensificado no meio acadêmico, em diversos setores do poder público e na comunidade cível etc. Nesse sentido na perspectiva de Florenzano (2008), o interesse sobre esses fenômenos tem levado pesquisadores, planejadores e

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ÁREAS SUSCETÍVEIS A RISCOS GEOMORFOLÓGICOS NO CONTEXTO DAS ENCOSTAS URBANAS: O CASO DAS ENCOSTAS DE UM BAIRRO DE

MACEIÓ (AL).

James Rafael Ulisses dos Santos

Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

[email protected]

Edilsa Oliveira dos Santos

Universidade Federal de Alagoas - UFAL

[email protected]

Everson de Oliveira Santos

Universidade Federal de Alagoas - UFAL

[email protected]

Nivaneide Alves de Melo

Universidade Federal de Alagoas - UFAL

[email protected]

1. INTRODUÇÃO

Encostas urbanas são ambientes que ao longo dos anos vem sofrendo processos

de modelagem, devido a sua dinâmica natural e principalmente pelos fatores de ordem

antropogênica. O homem nas últimas décadas tem intensificado e alterado as encostas

íngremes, em detrimento das ocupações irregulares, com construções precárias

realizadas sem planejamento habitacional prévio, e sendo na maioria dos casos,

caracterizadas por populações de baixa renda. Fato que temdinamizadoos movimentos

de massa nas vertentes, decorrente do lançamento de águas servidas (águas servidas

cinzas e marrons), devido as precárias condições de moradia nessas áreas, sem

infraestrutura básica.

As discussões a respeito das ocupações desordenadas em áreas de risco e dos

desastres naturais tem-se intensificado no meio acadêmico, em diversos setores do

poder público e na comunidade cível etc. Nesse sentido na perspectiva de Florenzano

(2008), o interesse sobre esses fenômenos tem levado pesquisadores, planejadores e

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gestores do setor público e privado a pensar novas estratégias sobre a instalação de

complexos industriais, estradas, linhas de transmissão de energia e principalmente casa

e conjunto residenciais. Bem como desenvolver novas soluções para os

empreendimentos que já estão instalados em áreas de riscos.

Segundo a ONU (1993), os movimentos de massa são os fenômenos naturais que

mais causam prejuízos financeiros e mortes no mundo. Sendo esses processos

morfológicos importantes para a evolução do relevo e tendo sua ocorrência nas

vertentes. No entanto, nas cidades, eles assumem, em geral, proporções catastróficas,

uma vez que causam danos materiais e perdas de vidas humanas (Brunsden; Prior,

1984; Montgomery; Dietrich, 1994; Fernandes; Amaral, 1996; Larsen; Torres-Sánchez,

1998; Zerkal, S.; Zerkal, O., 2004). (GUIMARÃES et al, 2008).

Este estudo foi desenvolvido em Flechal de Cima, comunidade localizada no

bairro de Bebedouro em Maceió, Alagoas, onde realizou-se um levantamento das

principais áreas suscetíveis à ocorrência delandslides (deslizamentos e/ou

escorregamento) nas encostas (slopes), e um mapeamento das características físicas da

área, com auxílio dos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs). Sendo essas

ferramentas importantes na elaboração de estudos voltados para o monitoramento,

prevenção e recuperação de áreas suscetíveis à ocorrência de desastres naturais.

E como produto final adotou-se uma proposta de sensibilização ambiental da

comunidade supracitada, realizando debates e palestras, a respeito da problemática de

ocupar áreas suscetíveis a riscos geomorfológicos e da necessidade da preservação

ambiental das mesmas.

2. OBJETIVOS 2.1.Geral:

Analisar as áreas suscetíveis aos riscos de movimentos de massa nas encostas

urbanas do bairro de Bebedouro em Maceió, Alagoas.

2.2.Específicos:

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Entender a problemática do processo de ocupação urbana desordenada nas

encostas íngremes do bairro;

Caracterizar os pontos do bairro com maior suscetibilidade para a ocorrência de

deslizamentos, por meio de um mapeamento das encostas;

Trabalhar com as comunidades do bairro de Bebedouro uma metodologia de

sensibilização e gestão dos riscos de movimentos de massa em encostas íngremes.

3. METODOLOGIAS

Como metodologia adotada para o desenvolvimento desse estudo utilizou-se os

seguintes procedimentos: realizou-se pesquisas bibliográficas concernentes aos

processos de ocupação em encostas urbanas íngremes que apresentam suscetibilidade

para o desencadeamento de riscos geomorfológicos.

Em seguida, obteve-se o mapeamento de risco de deslizamentos do município de

Maceió, em escala de detalhe junto a COMDEC (Coordenadoria Municipal de Defesa

Civil), tendo como fonte o Plano Municipal de Redução de Riscos – Produto 2.

Relatório de Mapeamento de Risco. Maceió, Julho de 2007. Além do banco de dados,

com todos as informações de Alagoas, no site do Instituto do Meio Ambiente –

IMA/AL para a produção do mapeamento da área de estudo.

Posteriormente foram feitas visitas a campo, com a finalidade de validar os

dados adquiridos e tabulados em laboratório, sendo essa uma etapa relevante para o

desenvolvimento do estudo, (na ocasião foram realizadas cinco visitas de campo na

encosta da comunidade Flechal de Cima em Bebedouro), onde delimitou-se e

caracterizou-se as unidades geomorfológicas, tipos de litológicas, os solos da área,

aspectos climáticos, rede hidrográfica e classes de declividade.Sendo enquadrado como

um ambiente suscetível a ocorrência de riscos geomorfológicos.

Na sequência, foram desenvolvidas atividades como palestras e debates com a

população no âmbito de tentar sensibilizar a comunidade do bairro inserida nas encostas

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urbanas íngremes, sobre a problemática de edificar suas casas nessas áreas sujeitas a

deslizamentos. Fato que tem causado uma série de perdas tanto materiais, como de

vidas humanas, devido aos aspectos geológicos-geomorfológicos do ambiente,

inadequado para construções de residências, devido à instabilidade do terreno.

E como produto final, no Laboratório de Geomorfologia e Solos

(GEOMORFOS), do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente -

IGDEMA/UFAL, foram editadas as fotografias do levantamento tiradas em campo e

confeccionados os mapas da área de estudo, com auxílio dos Sistemas de Informações

Geográficas (SIGs), e das técnicas de Geoprocessamento. E dessa forma, tendo como

meta representar o bairro de Bebedouro, descrevendo suas áreas com maior grau de

suscetibilidade de riscos à ocorrência de movimentos de massa (landslades) devido a

ocupação sem planejamento das suas encostas.

4. RESULTADOS PRELIMINARES

4.1. Análise das Encostas Urbanas em Maceió

Segundo Guerra (2012), o desenvolvimento das encostas é, consequentemente, o

principal resultado da denudação, e o estudo dessas feições possui um caráter de grande

importância para a Geomorfologia. E que qualquer processo que ocorra nas encostas por

intervenção do homem acarretará em mudanças significativas nas formas de relevo.

Nesse sentido, Guerra (2012) destaca que a ação humana sobre as formas de relevo

causa alterações e transformações devido à ocupação desordenada, seja em áreas

urbanas ou rurais. Essa ocupação quando se dá sem nenhum planejamento habitacional

prévio desenvolverá impactos ambientais que tende a afetar tanto o meio físico como os

seres humanos, além de culminar em riscos geomorfológicos, como movimentos de

massa.

Com relação as feições geomorfológicas de Maceió,a cidade está inserida

praticamente nas encostas, sejam elas do tipo fundos de vale, flúvio-lagunares ou

originárias de falésias erosivas, e sendo nessas formas de relevo, caracterizadas pelas

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acentuadas declividades, que uma grande

parte da população da cidade construiu suas moradias. No entanto, as encostas são

ambientes que sofrem uma dinâmica tanto dos processos naturais como antropogênicos,

o que vem a acarretar uma série de problemas socioambientais por consequência do

desenvolvimento de movimentos de massa em decorrência da ocupação sem

planejamento subindo as vertentes íngremes (Figura: 01).

Figura: 01 – Lançamento de lixo ao longo da encosta em Bebedouro, Maceió (AL), fato que construiu

para o desencadeamento de umdeslizamento superficial, destruindo parte uma casa. Fonte: SANTOS, J. R. U, 2013.

De acordo com levantamento realizado pela Defesa Civil, em Maceió [...] grande

parte das encostas apresentam boa estabilidade natural, visto que os desastres vão se

consolidando devido à forma de ocupação, fato que desencadeia riscos aos moradores,

por consequência dos cortes no sopé dos taludes, saturação dos solos das vertentes

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devido ao vazamento e lançamento de águas servidas e lixo (por falta de saneamento

básico) ao longo das encostas (COMDEC, 2007).

E para dar uma melhor representatividade a esse estudo sobre as áreas de riscos

geomorfológicos nas encostas da comunidade Flechal de Cima em Bebedouro, Maceió-

AL, foram caracterizadas, por meio de um Modelo Digital de Elevação – MDE (Figura:

02) de parte dos bairros que margeiam a laguna Mundaú (margem esquerda), com

destaque para Bebedouro, as classes de declividade com suscetibilidade para a

ocorrência de escorregamentos nas encostas (landslides).

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Figura: 02 - Modelo Digital de Elevação (MDE), do município de Maceió, destacando o bairro de Bebedouro. (Classes de Declividade adaptado de FLORENZANO, 2008).

Fonte dos Dados: IMA-AL.

Portanto, para o MDE de Bebedouro, foi estabelecida cinco classes de

declividades com relação à ocorrência de riscos de deslizamentos nas encostas

(landslides). Onde foram determinadas as classes de declividades em porcentagem da

seguinte forma: < 6% declividade muito fraca (risco muito baixo); 6% a 12%

declividade fraca (risco baixo); 12% a 20% declividade média (risco moderado); 20% a

30% declividade forte (risco alto) e > 30% declividade muito forte (risco muito alto).

A comunidade Flechal de Cima, por se encontrar numa área de risco com

declividade variando entre 20% a mais de 30% apresenta suscetibilidade a movimentos

de massa de moderado, alto a muito alto.

4.2.Sensibilização Ambiental como Proposta de Prevenção e Gestão de Riscos

Geomorfológicos em Bebedouro, Maceió – AL.

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Como proposta de sensibilização ambiental na comunidade Flechal de Cima,

inserida nas encostas urbanas do bairro de Bebedouro, Maceió (AL), foi proposta uma

metodologia de sensibilização ambiental no intuito de tornar a população mais crítica a

respeito da problemática de habitar em áreas de riscogeomorfológicos, por meio de

palestras e debates sobre o perigo de ocupar as encostas suscetíveis a ocorrência de

movimentos de massa, esses sendo desenvolvidos por consequência de processos físicos

decorrentes da dinâmica do relevo e de processos antrópicos, derivados do mau uso e

ocupação do solo urbano.

No norteamento das discussões com a comunidade do bairro, adotou-se a

proposta metodológica de Veyret (2007), para as ações e estratégias de prevenção e

gestão dos riscos, que do ponto de vista da autora deve ser adotado os seguintes

critérios:

Avaliar de maneira consensual a aceitabilidade do risco; facilitar sua percepção pelas populações ameaçadas; fundar a participação das comunidades locais na informação e na educação em matéria de riscos e de meio ambiente; adotar mecanismos de prevenção e de gestão dos riscos; definir uma estratégia de longo prazo, principalmente uma política de planificação urbana que integre o desenvolvimento dos bairros frágeis (MASURE, 1989, apud VEYRET, 2007, p.101).

Contudo, é importante que a população tenha um conhecimento elementar sobre

os eventos geomorfológicos e antropogênicos que contribui como fator relevante na

modelagem das formas de relevo, visto que, a ação antrópica tem sido ao longo dos

anos, o principal agente na transformação das encostas, principalmente, devido ao

processo de ocupação irregular, fruto da falta de planejamento urbano, obrigandocomo

quase sempre acontece, a população de baixa renda a avançar sobre as áreas

ambientalmente frágeis.

Ainda de acordo com a autora, algumas soluções teóricas são necessárias para a

prevenção dos efeitos e das catástrofes naturais na prática como:

Ocupação racional do território e, principalmente, orientação da urbanização das zonas menos expostas e menos frágeis; modificação das ações antrópicas geradoras de riscos e adoção de normas de construção adequadas [...]; realização de obras corretivas (estabilização das encostas, regulamentação e canalização dos cursos de água, luta contra a erosão); instalação de redes de

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auscultação dos fenômenos perigosos; organização dos atores operacionais encarregados da proteção, do socorro a das ações de reabilitação etc. (MASURE, 1989, apud VEYRET, 2007, p.102).

Para se ter uma resposta eficaz quanto a uma boa gestação das áreas de risco, se

torna necessário um maior envolvimento da população a respeito do conhecimento da

base física do meio à qual está inserida, bem como, intensificar a capacidade crítica com

relação a percepção, prevenção e gestão dos riscos, podendo dessa forma, reivindicar

melhorias junto aos gestores públicos, no intuito de viabilizar obras de infraestrutura

como: saneamento básico com rede de esgoto tratada e sistema de drenagem de

qualidade, evitando que as águas servidas e pluviais sejam lançadas a céu aberto,

causando doenças à população, pavimentação das ruas, evitando transtornos durante o

período de chuva, etc.

Durante a realização do estudo, notou-se o descaso para com a população,

decorrente da falta de interesse dos gestores públicos na elaboração de políticas públicas

voltadas para a expansão e ordenamento urbano dos bairros periféricos da cidade. Pois,

segundo relatos dos moradores, projetos de infraestrutura são elaborados, mas na

realidade não se concretizam na prática, sendo que, muitas vezes os órgãos que tem a

incumbência de realizar melhorias, mesmo sendo dada a ordem de serviço, não realizam

as obras, deixando a população a mercê do descaso e numa situação humilhante e

preocupante.

Uma situação atípica e ao mesmo tempo dicotômica, mas que tem sido

considerada “normal” nas áreas frágeis sujeitas a ocorrência de movimentos de massa e

danos materiais e humanos, são as construções de grandes empreendimentos

imobiliários ao lado de casebres nas encostas de Maceió, como exemplo, desse tipo de

edificações nos bairros de Cruz das Almas, Jacarecica e Jacintinho.

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Este tipo de empreendimento, em terrenos suscetíveis, denotam a falta do

cumprimento das leis ambientais e urbanas (devido a falta da aplicação das leis vigentes

no Plano Diretor do município de Maceió), as quais proíbem esse tipo de construção

habitacional nas Áreas de Preservação Permanente (APP), que, todavia, deveriam ser

preservadas por apresentar características geológico-geomorfológicas propícias ao

desenvolvimento de riscos ambientais (Figura: 03).

Figura: 03 - Cicatriz do movimento de massa na encosta da comunidade Flechal de Cima, Bebedouro em

Maceió, evento que danificou parte de uma residência, fato ocorrido em 2013. Fonte: SANTOS, J. R. U, 2013.

Na proposta de sensibilizar ambientalmente da população da comunidade

supracitada, não deve só ser adotado como objetivo o alerta sobre os problemas

derivados da ocupação irregular nas áreas com suscetibilidade aos riscos

geomorfológicos, como também das possíveis soluções para evitá-los, onde a população

deve reivindicar por seus direitos, enquanto cidadãos, cobrando junto as autoridades

soluções de infraestrutura habitacional no ambiente urbano onde vivem.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos estudos de movimento de massa em encostas urbanas é necessário não

somenteas análises, mitigações e prevenções dos aspectos físicos do ambiente, mas

principalmente que a sociedade esteja a par dos fatores condicionantes dos processos

que desencadeiam os desastres naturais nas encostas das comunidades. Pois a sociedade

precisa de um senso mais crítico, e ser capacitada, no que tange aos conhecimentos de

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preservação e gestão das áreas de risco nas encostas. No entanto, trabalhar essa temática

não é tarefa fácil, porque é algo a ser pensado não para curto prazo, e sim para médio e

longo prazo.

O estudo faz parte de um projeto maior que teve duração de um ano, e encontra -

se concluído, sendo realizado nas encostas da comunidade Flechal de Cima, localizada

no bairro de Bebedouro em Maceió, Estado de Alagoas. Nessa área foram analisados os

principais pontos com suscetibilidade para a ocorrência de deslizamentos,

caracterizando-se assim como área de risco geomorfológico.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GUIMARÃES, R. F et al. Movimentos de Massa. In: FLORENZANO, T. G (Org). Gemorfologia: conceitos e tecnologias atuais. Ed. 1ª. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. Cap.6, p.159-184. LIMA, R. C. A. Maceió entre o mar e a laguna. In: TENÓRIO, D. A; LIMA, R. C. A, CARVALHO, C. P. Enciclopédia Municípios de Alagoas. Maceió: Instituto Arnon de Mello, 2006. LIMA, R. C. A.; COUTINHO, P. N.; MANSO, V. A. V. Estudo sedimentológico, geológico e das unidades geoambientais do sistema estuarino lagunar Mundaú. In: Geografia: espaço, tempo e planejamento. ARAÚJO, L. M (Org.) – Maceió: Ed. Edufal, 2004, p. 320. OLIVEIRA, M. R. Itinerário geo-histórico das paísagens e dos lugares de Maceió. In: Geografia: espaço, tempo e planejamento. ARAÚJO, L. M (Org.) – Maceió: Ed. Edufal, 2004, 320 p. COORDENADORIA MUNICIPAL DE DEFESA CIVIL – COMDEC. Plano Municipal de Redução de Riscos – Produto 2. Relatório de Mapeamento de Risco. Maceió, Julho de 2007. SANTOS FILHO, R. D. Antropogeomorfologia Urbana. In: Geomorfologia Urbana/ GUERRA, A. J.T. (org). – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. 280 p. SANTOS, R. J. Q; LIMA, R. C. A; FERREIRA NETO, J. V. A Geomorfologia do Tabuleiro como Consequencia do Neotectonismo. In: Geografia: espaço, tempo e planejamento. ARAÚJO, L. M (Org.) – Maceió: Ed. Edufal, 2004, 320 p. VEYRET, Y. (Org.); [tradutor Dilson Ferreira da Cruz]. Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. 1.ed., 1ª reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2007, p. 319.