área temática 4 - educação, desenvolvimento e expressões artísticas
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Atas do XII Congresso Internacional Galego-Portugus de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013 ISBN: 978-989-8525-22-2
ndice
REA TEMTICA 4 - EDUCAO, DESENVOLVIMENTO E EXPRESSES ARTSTICAS
A GESTO DE CURSOS NO SISTEMA UAB: DESAFIOS E POSSIBILIDADES Luciene Borges Tavares & Maria Joo Carvalho & Carlos Machado dos Santos
1004
ILUSTRAO: DILOGO ENTRE ARTE E EDUCAO Mnica Oliveira & Brigite Silva
1016
MEDIAO CULTURAL: A EDIO E A SUA RELAO COM AS POLTICAS CULTURAIS/ESCOLA NA CONSTRUO DO GOSTO Isabel Garcez
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CONCEO DE ESTRATGIAS PARA O ENSINO COLETIVO DE VIOLINO NUMA SALA DE AULA DIFERENCIADA Ana Cristina Fernandes Mikus & Lusa Orvalho
1049
PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS DRAMTICAS - IMPLICAES DA OBSERVAO NA INTERVENO Manuel Neiva, Amlia Lopes & Ftima Pereira
1061
FENOMENOLOGIA JOGO E MOVIMENTO: UMA TRILOGIA PARA A COMPREENSO DO MOVIMENTO HUMANO Aguinaldo Cesar Surdi, Antnio Camilo Cunha, Danieli Alves P. Marques, Jos Tarcsio Grunennvaldt, Elenor Kunz & Ins Peixoto Silva
1073
AS EXPRESSES ARTSTICAS NA EDUCAO E O DESENVOLVIMENTO DO HOMEM NOVO Maria Santos Cunha
1089
EDUCAO, ARTE E QUESTES DE GNERO Ana Pereira
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A ATIVIDADE DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR DE INGLS: PERCEES DOS PROFESSORES SOBRE A TRANSIO ENTRE O 1. E O 2. CICLO DO ENSINO BSICO - UM ESTUDO DE CASO NO CONCELHO DE GUIMARES Alice Manuela Alves Cruz & Carlos Manuel Ribeiro da Silva
1116
DIAGNSTICO DE LAS COMPETENCIAS SOCIOEMOCIONALES EN EDUCACIN SECUNDARIA OBLIGATORIA Cristina Ceinos-Sanz & Miguel Angel Nogueira-Perez
1147
AS PERSPETIVAS DOS PROFESSORES SOBRE CONTINUIDADE EDUCATIVA NA ATIVIDADE FSICA E DESPORTIVA: UM ESTUDO DE CASO NUM AGRUPAMENTO DE BRAGA Carla Susana F. Fernandes & Carlos M. R. Silva
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CONSTRUINDO A PROFISSO: ENTRE A APRENDIZAGEM ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL - CONTRIBUTOS DA METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO E DO MODELO CURRICULAR PROCUR Joana Mafalda M. Caldas & Carlos M. R. da Silva
1178
A CRIANA E O CONTACTO COM A LEITURA: ESTRATGIAS DE MOTIVAO E PROMOO DA LEITURA Ctia Liliana Fernandes & Carlos M. R. da Silva
1203
AS AULAS DE ARTE DO IFRN/CNAT COMO ELEMENTO CONSTRUTOR DA AUTONOMIA ESTTICO-CULTURAL DOS SUJEITOS Elane Ftima Simes & Lia Raquel Moreira de Oliveira
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A EVT NA DINMICA INTER E TRANSDISCIPLINAR EM CONTEXTO TEIP Rolando Viana & Teresa Gonalves
1247
EFEITOS DAS ATIVIDADES ARTSTICAS NUM GRUPO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS Conceio Trigo & Teresa Gonalves
1263
DESENVOLVER AS COMPETNCIAS MATEMTICAS DAS CRIANAS. UMA INTERVENO EM JARDINS DE INFNCIA DE TERRITRIOS EDUCATIVOS DE INTERVENO PRIORITRIA Gloria Ramalho, Mafalda Magalhes, Susana Cruz, Sofia Ferreira & Ins Elias
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ENSINO EM GRUPO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS NO CONTEXTO DAS EXPRESSES ARTSTICAS DAS ESCOLAS PBLICAS Ana Roseli Paes dos Santos & Maria Helena G. L. Vieira
1290
A NO CONTEMPORANEIDADE DOS CONTEMPORNEOS:A EDUCAO EM PROL DO DESENVOLVIMENTO Maria Ins Faria
1303
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL: IMPLEMENTAO DO TURNO INTEGRAL NA REDE MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE Clarissa Candiota
1319
LA EXPRESIN MUSICAL EN LA PRCTICA PIANSTICA: ESTUDIO Y DESARROLLO DE LOS CONTENIDOS ESPECFICOS EN LA FORMACIN INSTRUMENTAL Isabel Romero Tabeayo, Francisco Csar Rosa Nepal & Mercedes Gonzalez Sanmamed
1332
ANLISIS DE LOS PRINCIPIOS METODOLGICOS EN EL DESARROLLO DEL APRENDIZAJE MUSICAL DESDE LA IMPROVISACIN: UN ESTUDIO DE CASO Francisco Csar Rosa Napal
1342
QUANDO A ILUSTRAO CONTA A HISTRIA: NARRATIVAS VISUAIS PARA A INFNCIA E FORMAO DE LEITORES Sara Reis da Silva
1353
ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS E POLTICAS PBLICAS NO BRASIL Wilson Rogrio dos Santos 1360
O LUGAR DE OUTRAS TIPOLOGIAS MUSICAIS NO CURRCULO DO CONSERVATRIO DO VALE DO SOUSA: UM ESTUDO DE CASO Ana Luiza Azevedo Miranda & Antnio Jos Pacheco Ribeiro
1369
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A PROPSITO DA MSICA DISCIPLINA DE OFERTA COMPLEMENTAR NO ENSINO SECUNDRIO DE MSICA DO CONSERVATRIO DO VALE DO SOUSA Lusa da Fonseca Ferreira & Antnio Pacheco Ribeiro
1377
EXIGNCIAS DA PROFISSO DOCENTE NA ACTUALIDADE PRTICAS PROFISSIONAIS CRIATIVAS E INOVADORAS Estela Pinto Ribeiro Lamas
1386
NOVAS VIAS PARA O FUTURO DA EDUCAO ARTSTICA EM PORTUGAL Ana Maria Senos Matias
1396
INTERVENO COM MSICA: PROJETO TRIPLO SALTO NA ILHA DA BOA VISTA (CABO VERDE) Joana Nogueira
1413
A ARTE NA EDUCAO COMO FORMA DE MUDANA SOCIAL Elsa Tavares
1422
ENSEMBLE SOPHIA DE MELLO BREYNER UM PROJETO POR E PELA MSICA Maria Helena Cabral
1431
PROJETO MUSICFLAT A PONTE ENTRE O ENSINO GENRICO E O ENSINO ESPECIALIZADO DA MSICA Marta Garcia Tracana
1440
A ESCOLA DE MSICA DA BANDA MUSICAL DA PVOA DE VARZIM: UMA PERSPETIVA CULTURAL, ARTSTICA E HUMANA Paulo Sousa
1451
FORMULAO DE PERGUNTAS NO MBITO DE UMA OFICINA DE CONSTRUO DE BRINQUEDOS QUE MEXEM: ESTUDO EXPLORATRIO Vernica Silva, Catarina Santos, Dbora Naiure, Eliana Silveira, Jefferson Silva, Rafael Camargo, Helena Albuquerque, Lina Ferreira & Piedade Vaz-Rebelo
1469
ANLISIS DE LOS PRINCIPIOS METODOLGICOS EN EL DESARROLLO DEL APRENDIZAJE MUSICAL DESDE LA IMPROVISACIN: UN ESTUDIO DE CASO Francisco Csar Rosa Nepal
1482
O RETRATAR DA CONDIO HUMANA NA OBRA DE PICASSO: LEITURAS PARA O EDUCADOR Leonora de Abreu Bernardes
1493
A EXPRESSO ARTSTICA E O GESTO PEDAGGICO Sueli Teresinha de Abreu-Bernardes,Osvaldo Freitas de Jesus & Fernanda Telles Mrques
1506
UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A EXTENSO VERBALIZADA DA SEQUNCIA NUMRICA POR CRIANAS DE UM JARDIM DE INFNCIA NO SUMBE, KWANZA SUL, ANGOLA Pedro Cardoso da Silva & Pedro Palhares
1520
QUALIDADE DA ARGUMENTAO PRODUZIDA NO MBITO DA TEMTICA DESTRUIO DA CAMADA DO OZONO POR ALUNOS DO 9 ANO DE ESCOLARIDADE Joana Alves & Jos Lus Coelho Silva
1531
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LUDICIDADE E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: AS EXPRESSES ARTSTICAS AO SERVIO DA LNGUA E DAS MATEMTICAS Isaura das Dores Gomes de Sousa, Maria de Ftima Rodrigues da Torre, Carla Marina Alves Alexandre, Maria Amlia Machado Rua & Elisabete Maria Sousa
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A GESTO DE CURSOS NO SISTEMA UAB: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Luciene Borges Tavares
Maria Joo de Carvalho
Carlos Machado dos Santos
Universidade do Estado do Par
Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro
RESUMO: A Educao a Distncia (EaD) em resultado dos reflexos do processo de transformao de uma economia globalizante, tem ocupado um lugar de destaque nas
organizaes educativas. Neste contexto surge a necessidade de se repensarem novas
formas de conceber o processo de ensino/aprendizagem onde a sala de aula passa a ser um
ambiente com possibilidades mltiplas, onde o encontro real/virtual de professores e alunos
acontece em espaos e/ou tempos diversos.
Assim, foi nosso intuito conhecer quais as principais dificuldades na implementao e na
gesto de cursos no sistema da Universidade Aberta do Brasil. Para tal, fizemos uso da
abordagem qualitativa com recurso entrevista, inqurito por questionrio, observao no
participante, anlise documental. Foi possvel concluir que existe desarticulao
administrativa e pedaggica na gesto dos Cursos; que h dificuldades quanto restrita
infraestrutura de apoio no Polo; que existe indefinio de parcerias e recursos diversos e
que so garantidas a dimenso tcnico-cientfica (uso das TIC) para o mundo do trabalho e
a dimenso poltica para a formao cidad.
Introduo
A EaD no Brasil aparece regulamentada no artigo 80 Lei de Diretrizes e Bases
da Educao Nacional (LDB, 9.394 de 1996), onde se pode ler que O Poder Pblico
incentivar o desenvolvimento e a veiculao de programas de ensino a distncia em
todos os nveis e modalidades de ensino e de educao continuada. Em 2005, o
Governo Federal, atento s antigas e novas exigncias da sociedade que passam pela
educao superior bem como pela formao de professores nas diversas Licenciaturas,
lana o Decreto n 5.622 de 2005, que regulamenta a educao a distncia (EaD) no
Brasil, dando origem ao programa Universidade Aberta do Brasil (UAB).
A UAB veio contemplar as polticas pblicas voltadas para a ampliao e
interiorizao da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade com extenso a
todos os Estados da Federao Brasileira. Nesse sentido, aumentou consideravelmente
o nmero de credenciamento de novos polos presenciais com ofertas de cursos em
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reas diversas, aumentou as expectativas e os desafios dirios para gestores,
professores e estudantes, com relao implementao e gesto dos cursos objeto de
nosso estudo, Biologia e Letras, oferecidos ao Polo Presencial, Polo Alfa.
Apesar da escassez de literatura na rea importante referir que o
aperfeioamento da EaD se d pela incluso, e pela democratizao ao nvel do acesso
dos estudantes que j h alguns anos se encontravam fora, ou excludos, do processo
educativo por motivos vrios, nomeadamente, de ordem social, econmica e
geogrfica.
Como enfatiza Kearsley e Moore:
Uma caracterstica especial da educao a distncia e talvez daquilo que a
maioria das pessoas considera quando pensa sobre educao a distncia
a capacidade de uma instituio ou organizao proporcionar acesso
educao a alguns alunos que, de outra forma, no poderia obt-la. (...) o
acesso at mais importante para determinados tipos de alunos:
deficientes, idosos ou que moram em reas rurais ou remotas (2007: 178).
O Edital Pblico do Ministrio da Educao (MEC) e Secretaria de Educao a
Distncia (SEED) lanou o programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), depois
denominado de sistema Universidade Aberta do Brasil, abrindo novas possibilidades
para o sistema de ensino pblico atravs de consrcios e parcerias nas esferas de
governo federal, estadual e municipal. Foram propostos diversos cursos de ensino
superior a distncia, de graduao e tambm de ps-graduao, oferecidos pelas
Instituies Pblicas de Ensino Superior (IPES) aos polos credenciados, conforme as
necessidades e demandas dos municpios brasileiros interessados nessa modalidade de
educao.
A elaborao da Proposta de Criao de Polos de Apoio Presencial para o
Ensino Superior a Distncia, pelos municpios, no ano de 2006, acontece em resposta
a uma chamada pblica do Ministrio da Educao - MEC e Secretaria de Educao a
Distncia - SEED, com abertura do Edital em 2005, destinado a todos os Estados da
Federao. O objetivo seria implementar o programa Universidade Aberta do Brasil,
por meio de polos presencias descentralizados, com potencialidade para a expanso
da interiorizao, com ofertas a nvel de cursos de licenciatura, contemplando um
pblico de regies longnquas, antes no alcanado.
A observao da realidade dos gestores municipais e secretrios de educao
apontaram como principais dificuldades, dos municpios em geral, para acesso ao
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sistema UAB, a fase inicial de cadastramento. Tal facto estava em estrita relao com
a falta de infraestruturas necessrias, como salas de aula, laboratrios e outros, que
atendesse s condies, ou exigncias, propostas em edital para a criao do polo
presencial. Constatou-se que na 1 chamada muitos municpios ficaram de fora, por
no atenderem s condies de infraestrutura exigidas pelos normativos do MEC. E
foi ento que, por meio do 2 edital lanado em 18 de outubro de 2006, nova
oportunidade surge para novos municpios se cadastrarem e enviarem as suas
propostas de criao de polos.
Para a nossa investigao foi escolhido como objeto de estudo um polo
municipal prximo a Braslia, situado na Regio Administrativa do Distrito Federal-
DF, que passamos a denominar por Polo Alfa.
Mtodo
Na tentativa de ler a realidade que se pretendeu conhecer, mediante a escolha de
mtodos e tcnicas adequadas ao objeto de estudo, realizamos um estudo de carter
qualitativo (mais utilizado em estudos sobre organizaes educativas), descritivo, pela
natureza sociolgica do objeto investigado - viso dos coordenadores, tutores e
estudantes, quanto aos desafios e obstculos administrativos e pedaggicos, assim
como s possibilidades da formao docente, na gesto dos cursos de Biologia e
Letras na modalidade EaD do sistema Universidade Aberta do Brasil, no Polo
Presencial (Municipal) - Polo Alfa. Fizemos, assim, incidir a nossa anlise
organizacional sobre trs instituies pblicas, o que se ter configurado enquanto
estudo de multicasos, considerado por Trivios (1987). Para fins desta pesquisa optou-
se pelo estudo de caso mltiplo incorporado para investigar os diferentes tipos de
papis das instituies parceiras no processo decisrio na gesto de cursos UAB.
a) Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES)
b) Universidade de Braslia (UnB)
c) Polo Presencial (Polo Alfa)
De acordo com Yin "O estudo de caso, como outras estratgias de pesquisa,
representa uma maneira de investigar um tpico emprico seguindo-se um conjunto de
procedimentos pr-especificados" (2005, p 36). Este configurou-se como a
metodologia mais adequada por se tratar de aprofundar o conhecimento como
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organizao universitria (a UnB) e o seu modo de articular a administrao com
outras instituies do Sistema UAB (Capes e Polo Alfa), para oferecer cursos na
modalidade de ensino relativamente nova, que a EaD.
Segundo Gil (1999) o estudo de caso no aceita um roteiro rgido para a sua
delimitao, mas possvel definir quatro fases que mostram o delineamento: a)
delimitao da unidade - caso; b) coleta de dados; c) seleo, anlise e interpretao
dos dados; d) elaborao do relatrio. A primeira fase consiste em delimitar a unidade
que constitui o caso, o que exige habilidades do pesquisador para perceber quais dados
so suficientes para se chegar compreenso do objeto como um todo.
Na linha de Baranno (2004), o estudo de caso um mtodo de investigao
utilizado que pressupe uma apresentao rigorosa de dados empricos, baseada numa
combinao de evidncias. Caracteriza-se, igualmente, pelo fato de reunir informaes
to numerosas e to pormenorizadas quanto possvel com vista a abranger a totalidade
da situao. a razo pela qual se recorre a tcnicas variadas de recolha de
informao observaes entrevistas, documentos.
Se verdade que os resultados no podem ser generalizados, eles permitem o
conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada e os resultados podem
formular hipteses para a formulao de outras pesquisas.
Objetivos
Contribuir para a consolidao da qualidade dos Cursos de Biologia e Letras no
sistema UAB e, consequentemente, favorecer a melhoria da formao profissional
docente oferecida no Polo, beneficiando, desta feita, a sociedade em geral.
Queramos, ainda, conhecer os modelos tericos que fundamentam o sistema
UAB e as implicaes desses modelos na elaborao e execuo do Projeto Poltico
Pedaggico (PPP) dos Cursos de Biologia e Letras, oferecidos no Polo, ao mesmo
tempo em que queramos saber se esses Cursos atendem s necessidades de formao
profissional dos estudantes.
Como premissas, definimos:
- Os principais desafios, obstculos e possibilidades da formao, vivenciados na
Gesto dos Cursos no sistema UAB esto atrelados, diretamente, s condies de
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funcionamento do Polo, quanto estrutura fsica, pedaggica, tecnolgica e de recursos
humanos e que a melhoria do processo de gesto administrativa e pedaggica dos
Cursos de Biologia e Letras perpassa por uma proposta de projeto de polo com prdio
prprio;
- Os modelos tericos que fundamentam a Gesto do sistema UAB determinam os
rumos da gesto administrativa e pedaggica dos Cursos de Biologia e Letras no Polo
de Apoio Presencial Polo Alfa;
- Apesar das dificuldades encontradas na gesto dos Cursos de Biologia e Letras
estes tm contribudo para o aperfeioamento da formao profissional docente dos
estudantes-professores que atuam na educao bsica.
Atores Privilegiados (Amostra)
Instituio I (CAPES) Num total de 04 Coordenadores, 02 entrevistados (50%),
mais 01 entrevistado na posio de ex-coordenador dessa Instituio. Tendo o total de
03 entrevistas realizadas;
Instituio II (UnB) - 06 questionrios aplicados, sendo 01 ao Coordenador do
Curso de Biologia e 01 ao Coordenador de Letras, 01 questionrio ao Tutor Presencial
de Biologia e 01 questionrio de um total de 04 Tutores a Distncia de Biologia (25%),
01 questionrio ao Tutor Presencial de Letras (100%) e 01 questionrio de um total de
quatro Tutores (25%) no primeiro bimestre;
Instituio III (Polo Alfa) - 16 Estudantes dos Cursos de Biologia e Letras,
mediante anlise interpretativa das estatsticas relativas aos questionrios aplicados a 09
de um total de 15 estudantes (60%) que cursam Biologia e a 07 de um total de 19
estudantes (36,8%) que cursam Letras.
Procedimentos
A pertinncia em conhecer a viso dos atores, sobre as prticas de gesto dos
cursos de Biologia e Letras, sob o efeito de determinantes administrativos e
pedaggicos. Foi necessrio reunir informaes numerosas, a partir de fontes
documentais (legislao e outros) e orais para se conhecer a administrao nas trs
instituies pesquisadas e especificamente a gesto universitria dos cursos no Polo de
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Apoio Presencial, quanto aos aspectos pedaggicos, recursos humanos e
infraestrutura.
Considerando ainda que para Baranno (2004), o estudo de caso serve para
explicar ou avaliar a implementao de um programa e seus efeitos, o critrio
utilizado na escolha dos casos em questo, cumpre as caractersticas apontadas por
este autor, uma vez que, durante a elaborao do estudo, a estrutura organizacional do
Polo investigado, por exemplo, pde ser caracterizada com base nos Referenciais de
Qualidade para EaD Superior estabelecidos pelo MEC.
Instrumentos
custa de um posicionamento descritivo e analtico procurou-se, ento, fazer
uma abordagem mais intensiva dos aspectos das instituies em anlise, viabilizando a
captao de muitos e variados elementos da dinmica organizacional a partir de
procedimentos variados de coleta de informaes (Yin, 2005).
Para o efeito recorreu-se entrevista semi-estruturada, ao inqurito por
questionrio, observao no participante, pesquisa documental (registros de
arquivos editais, leis, ofcios, decretos, catlogos, relatrios de avaliao, projetos,
arquivos de imagens, sonoros e vdeos e-mails e mensagens pessoais).
A utilizao destes instrumentos de recolha de dados permitiu perceber o
comportamento dos atores face ao cumprimento dos normativos estabelecidos; dos
significados e da percepo dos atores sobre a relao entre a dimenso administrativa
e a dimenso pedaggica, dos conflitos e da relativa autonomia, dos acordos entre os
grupos das Instituies, dos processos decisrios, apontando por fim aos desafios e
obstculos na gesto dos cursos.
Conforme Vergara (2010) pode-se, ainda, utilizar na coleta de dados o mtodo
da observao no participante, no momento que ocorrem as entrevistas. Do mesmo
modo, fez-se uso desse mtodo de observao em momentos especficos, previamente
combinados, como nas aulas presenciais no Polo (Curso de Letras e Curso de
Biologia).
Segundo Bogdan e Biklen (1994) na observao no-participante, o investigador
no interage de forma alguma com o objeto do estudo no momento da observao.
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Esta tcnica permite o uso de instrumentos de registro sem influenciar o objeto
observado.
Desse modo, a escolha das duas tcnicas de coleta de dados, a observao no
participante e a entrevista, representam o carter qualitativo da pesquisa e tambm
evita tendncias resultantes de uma fonte nica. Todavia, organizar e analisar todo o
material obtido por meio de observao e entrevistas no so tarefas fceis e exigem a
aplicao de uma metodologia da qual a anlise de contedo faz parte (Godoy, 1995).
Desta feita, como instrumentos de recolha de dados fizemos uso da entrevista
semiestruturada, o inqurito por questionrio, a observao no participante e a
pesquisa documental. Como tcnica de anlise e tratamento de dados, utilizamos a
anlise de contedo e o aplicativo Statistical Package for the social Sciences (SPSS),
verso 14.0 para Windows.
Com o foco maior no tipo de anlise interpretativa, o estudo de multicaso em
questo, tornou possvel conhecer e descrever a estrutura, a organizao e o
funcionamento das Instituies investigadas em especial no que diz respeito feio
burocrtica - anrquica da administrao universitria, relativas aos processos e
prticas de gesto dos cursos no sistema UAB.
Resultados
As percepes dos gestores da Instituio I-(CAPES)
A Diretoria de Educao a Distncia (DED) da CAPES por meio de Planilha
especfica (n de alunos) fomenta, financia e supervisiona a produo e material
didtico dos cursos.
Por meio das indicaes das reas adquire, financia e envia os laboratrios
pedaggicos.
So feitas visitas in loco para verificao das condies de funcionamento do
Polo. Polos sem sede prpria, ficam a cargo da Instituio ofertante.
O Grupo Assessor da UAB auxilia a DED na definio de diretrizes e tomada de
deciso.
Sistema de Informaes - Os atores so responsveis por preencher as
informaes: coordenadores adjuntos, coordenadores de curso e coordenadores
de Polo.
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As percepes dos atores das Instituies II e III
Quanto ao material didtico, laboratrios e a biblioteca:
Pouco se explorado em termos de pesquisa a outras fontes que no as
disponibilizadas em ambiente virtual. Os professores/tutores no sugerem
leituras complementares, to pouco valorizam outras formas didticas de apoio
ao curso. (E2);
Pois o aluno no tem disponveis apostilas e livros e nem biblioteca equipada
para atender as necessidades do curso eles tm acesso unicamente aos textos
enviados pelos professores supervisores nas pginas das disciplinas. (Tutor
Presencial);
de responsabilidade do mantenedor do Polo embora a CAPES tenha apoiado
a aquisio. Quando o Polo no tem laboratrio, os estudantes so levados para
dentro da Instituio, onde so cedidos os laboratrios para realizao das aulas
laboratoriais. (E1).
Sobre as principais dificuldades do Polo
Em ordem de importncia:
A construo do Prdio- Sede do Polo; a participao do Gestor
Administrativo-Municpio; o funcionamento do Polo de forma descentralizada.
(Estudante);
A participao do Gestor Administrativo-Municpio; a manuteno do Polo
definio de parcerias e recursos; a construo do Prdio-Sede prpria; o
funcionamento do Polo de forma descentralizada. (Coordenador de Curso).
Quanto aos indicadores:
Quanto aos Indicadores, pelo grfico abaixo, a evaso maior no curso
de Biologia e no curso de Letras o n de estudantes evadidos tambm considervel.
Quanto ao item qualidade, o maior percentual est no curso de Letras. Vindo a
seguir o tempo, aprovao e economia.
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Grfico I- Indicadores
Consideraes feitas pelos respondentes:
Tanto a evaso, quanto a qualidade na formao prevalecem em relao ao curso
oferecido. (Tutor Presencial);
Aprovao, a economia e a qualidade na formao prevalecem com relao ao
curso oferecido. (Tutor a Distncia);
Tivemos um alto ndice de evaso, no entanto credito mais s dificuldades
pessoais do que propriamente pelas falhas no Curso (...) tivemos muitas disciplinas
exatas, o que assustou quem pensava encontrar facilidades. (E7);
Temos aprovao, reprovao evaso. Como muitos alunos residem distantes do
polo, a questo de tempo relevante, tendo o aluno que gastar dinheiro para pagar vaias
passagens. De tanto insistirmos, conseguimos declarao para pegarmos gratuidade de
passagens de nibus e metr no DF, direito de estudantes. Isso muito importante,
tendo em vista, que a ida e a volta (residncia, polo, vice-versa) custa 10 reais (2 nibus,
2 metr). A qualidade na formao comprometida, diante do desestmulo de vrios
alunos que chegam ao polo e veem a falta de biblioteca, de laboratrio enfim, de uma
verdadeira aula universitria.(E9).
Interessante observar que apesar do indicador qualidade na formao, ainda
assim grande a evaso nos cursos. Segundo depoimentos das turmas, a turma de
Biologia iniciou com 40 estudantes e frequentam atualmente apenas 15, pois
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recentemente mais um estudante desistiu. No Curso de Letras, que iniciou com 45
estudantes, hoje so frequentes apenas 19. H que se considerar, os diversos obstculos,
causas da evaso, alegados, principalmente pelos estudantes.
O que afirmam os entrevistados da Instituio I - Categoria 6C Grupo Assessor
da UAB e a definio de diretrizes e tomada de deciso- acompanhamento e avaliao
de cursos e polos de apoio presencial.
Foi um primeiro movimento adotado no sentido de acompanhar melhor o
Sistema UAB, mas ele ainda no se consolidou na prtica. Isso fica evidenciado em
visitas aos Polos. um pouco para isso que diz a Portaria, mas na prtica mesmo,
acontece muito pouco. (E2).
Contudo est disponvel no sitio do MEC os Indicadores de qualidade para cursos
de graduao a distncia. Estes subsidiam o planejamento dos cursos. Apesar de
existirem os Indicadores, Carline e Ramos (2009, p 163) defendem que no h um
padro nico e consensual nacional ou internacional, a ser empregado na avaliao de
cursos a distncia.
Quanto dimenso tcnica e dimenso poltica:
O aluno torna-se mais independente e com o passar do tempo ele desenvolve
uma habilidade que s vezes no tinha antes no uso da TIC. (Tutor Presencial);
Forma cidados mais disciplinados, comprometidos, com senso crtico, pois a
EAD faz com que o aluno adquira mais responsabilidades e aprenda de forma
construtiva, aonde ele vai construindo o saber juntamente com discusses a respeito de
um tema. (Tutor Presencial).
Discusso
Necessidades/Desafios do Curso (por ordem de prioridade)
Na viso dos Coordenadores:
O problema das instalaes fsicas se concentra muito mais na cobrana dos
compromissos assinados pelos parceiros locais do que na falta de orientaes ou
definies das necessidades. Alguns polos simplesmente no cumpriram o
prometido.
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O problema dos recursos humanos se defronta com dois problemas: (a) a
escolha dos tutores e coordenadores de polo, que nem sempre seguem critrios
acadmicos e (b) a absoluta ausncia de profissionais especializados em algumas
sedes de polos.
Embora os aspectos pedaggicos sejam de extrema importncia, a maior lacuna
sem dvida ocorreu quanto infraestrutura do polo. A parte pedaggica, sob
responsabilidade da Universidade, com todas as dificuldades iniciais de
adaptao para a EAD, conta com profissionais qualificados, no entanto a
estrutura fsica e a disponibilizao de pessoal para atuar no polo deixou
muito a desejar.
Algumas Constataes/Possibilidades:
(...) a nica forma possvel para que pudesse dar continuidade a minha
formao profissional. A EaD requer uma adaptao a sua metodologia, pois
apesar do benefcio de diminuir as distncias e a facilidade de mobilidade de
horrios, a grande evaso confirma a queda dos mitos quanto facilidade desta
modalidade educacional, bem como a falta de qualidade dos cursos. (...) uma
grande soluo para os que realmente querem dar continuidade formao,
quebrando barreiras e expandindo limites. (E7);
O Curso superior em EaD certamente garante a formao continuada e o
desenvolvimento cientfico e tecnolgico da sociedade local, uma vez que
propicia a atualizao profissional de forma rpida e dinmica, flexibilizando a
gesto do tempo de cada indivduo de modo a possibilitar que o mesmo se
mantenha no mercado de trabalho com competncia e autonomia. (E2);
Sem dvida, a EaD uma estratgia muito boa. Excelente! Ela uma
modalidade til para a incluso social. O Sistema UAB tem uma grande
contribuio, que foi socializar, aproximar a EaD das universidades. (E2).
Concluses
Existe desarticulao administrativa e pedaggica na gesto dos Cursos de
Biologia e Letras. Com indicao para os Projetos Polticos Pedaggicos (PPP) dos
Cursos (em aperfeioamento) como via dessa articulao.
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H dificuldades quanto : restrita infraestrutura de apoio no Polo (prdio
emprestado), indefinio de parcerias, recursos diversos. Com indicao para maior
participao do Gestor Administrativo-Municpio e construo do prdio prprio.
So garantidas a dimenso tcnico-cientfica (uso das TIC) para o mundo do
trabalho e a dimenso poltica para a formao cidad. Atendendo aos aspectos
pedaggicos, segundo os Referenciais de qualidade da Educao Superior a Distncia
do MEC (2007).
Apesar das limitaes encontradas na investigao, como o fato de serem as
primeiras turmas no Polo Alfa, constatamos que os Cursos de Biologia e Letras, esto
cumprindo o objetivo maior do Sistema UAB, que contribuir para a formao
profissional dos Professores da Educao Bsica no Brasil.
Referncias Bibliogrficas
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Apoio Realizao de Trabalhos de Investigao. Lisboa: Slabo.
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ILUSTRAO: DILOGO ENTRE ARTE E EDUCAO
Mnica Oliveira
Brigite Silva
Escola Superior de Educao de Paula Frassinetti
RESUMO: A ilustrao atual desempenha um papel vital na construo da cultura visual, tendo adquirido uma preponderncia atravs da pluralidade de imagens, temas, estilos,
formas de representar que incitam a novas formas de interpretar e refletir visualmente o
mundo em que vivemos. Na atualidade, o livro ilustrado, como meio de comunicao
artstica, torna-se um objeto educativo incontornvel, quer pelo valor das experincias
precoces que a capacidade da imagem proporciona criana permitindo criar e recriar o
mundo atravs dos sentidos, quer por colocar a criana como recetora da sua prpria
cultura, usufruindo assim do tempo em que vive, quer ainda pelo impacto visual das formas
de representao, com influncias da arte contempornea, que possibilitam o
desenvolvimento da sua sensibilidade esttica e da sua representao grfica. A ampliao
do conceito artstico subjacente ilustrao atual produz efeitos presentes com impactos
futuros na educao das crianas. Esta investigao pretende lanar novos olhares sobre a
importncia da ilustrao atual enquanto recurso educativo multidisciplinar e inovador e
perceber de que forma na educao pr-escolar se tem vindo a utilizar e potenciar a
ilustrao como recurso educativo.
Introduo
Uma caraterstica comum dos livros infantis que, para alm de palavras, utilizam
imagens para contar histrias. A maioria das vezes so as prprias ilustraes que
narram, que traduzem todo o significado, com uma ausncia quase total da palavra. A
importncia destas ilustraes reside no facto de desempenharem um papel fundamental
para o desenvolvimento intelectual e artstico das crianas: permitem a aquisio de
conceitos e significados, a articulao de diferentes domnios de aprendizagem,
desenvolvem a perceo visual e a sensibilidade esttica; adicionalmente estimulam a
imaginao, a criatividade, o juzo crtico a forma de expresso e comunicao e
promovem o interesse pela leitura.
Para as crianas a imagem visual constituiu um elemento muito atrativo. Da que a
ilustrao de livros infantis se converta numa forma artstica capaz de estabelecer nveis
de comunicao e de deixar uma marca profunda na conscincia da criana. A ilustrao
alimenta no s os nossos horizontes percetivos com contedos em permanente
renovao, como o imaginrio. Para tal tem de conseguir reunir qualidade artstica e
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afetiva para dar fora comunicao visual tendo sempre presente a leitura de
significados. Como afirma Vernica Uribe y Marianne Delon: "Las imgenes y la
concepcin grfica son de gran importancia en un libro para nios. En el aprendizaje de
la lectura y en la consolidacin de hbitos de lectura, las imgenes juegan un papel
interesante de apoyo, motivacin y apresto a la lectura. No deben ser simples adornos
del libro ni debemos considerar que simplemente hacen al libro ms bonito. Las
imgenes constituyen por s mismas un lenguaje de fcil aprehensin por parte de los
nios, que pueden tener tanta o ms importancia que el lenguaje escrito. Por este
motivo, es indispensable prestar atencin a la calidad grfica de los libros para
nios" (Uribe e Delon, 1983, p. 27).
Com este projeto pretende-se conhecer e compreender o trabalho desenvolvido
pelos educadores de infncia no que concerne educao artstica, mais concretamente,
no caso especfico, na utilizao da ilustrao como recurso pedaggico. Neste contexto
torna-se necessrio identificar e problematizar os conhecimentos dos educadores nesta
rea, as suas competncias, as estratgias de interveno bem como as diferentes
limitaes de natureza institucional, social, cultural ou pessoal, com o objetivo de
diagnosticar a prtica educativa atual e promover a (re)construo profissional do
educador de infncia neste mbito. Foram vrias as questes que emergiram da
amplitude deste tema: Qual a importncia concedida pelos educadores de infncia
ilustrao enquanto elemento potenciador de aprendizagem? Qual a natureza das
competncias que este profissional deve mobilizar perante a cultura visual? Qual a
importncia da ilustrao no desenvolvimento global da criana? De que forma a
educao pr-escolar tem vindo a potenciar a ilustrao como recurso educativo? Quais
as estratgias utilizadas pelo educador no ato de ensinar?
Tendo em considerao o objetivo do projeto acima apresentado, pretende-se com
este artigo, concetualizar a noo de ilustrao na atualidade, carateriz-la e apresentar
os resultados preliminares at esta fase de implementao do projeto.
A ilustrao atual como recurso educativo
Entendemos que atualmente o mundo da ilustrao se torna cada vez mais
pertinente na educao na medida em que apresenta uma panplia de propostas grficas
centradas no que se entende por arte contempornea, oferecendo assim uma diversidade
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e complexidade de solues artsticas e estticas que colocam a criana como recetora
do seu tempo alargando a sua perceo visual, quer atravs de novos significados e
novas interpretaes, quer ainda atravs do desenvolvimento do vocabulrio grfico que
podem utilizar na sua representao plstica.
A pertinncia da ilustrao atual, como referido, recai na sua proximidade com a
arte contempornea. Este efeito ocorre por variadas razes nomeadamente por
intermdio do uso de cdigos grficos e lingusticos de diferentes formas de expresso
artstica num mesmo espao pictrico (podemos encontrar num livro de ilustrao a
modelagem, a pintura, a colagem em perfeita harmonia esttica). No existem fronteiras
entre as artes, que interpenetram-se, contaminam-se, ampliando as potencialidades
grficas da imagem visual. A coexistncia harmoniosa de vrias tcnicas tradicionais e
digitais, permite tambm perceber que o vocabulrio artstico foi-se expandindo
tornando-se hoje mais rico e, simultaneamente, mais complexo.
Do mesmo modo a intencionalidade e a representao expressiva sofrem
alteraes do ponto de vista concetual e plstico nomeadamente na seleo dos temas a
abordar mais prximos da nossa sociedade de hoje (o multiculturalismo, o direito
diferena, o divrcio, a adoo, os novos medos). Os ilustradores usam o seu poder
mediador para refletir sobre o contexto cultural que nos rodeia, representando de forma
grfica a sua perspetiva dos princpios, costumes, valores ticos, morais e estticos,
entre outros. Os temas tratados pelos artistas so temas que preocupam a sociedade atual
sendo tratados de acordo com as suas experincias e identidades. A relao entre a vida
e a arte sempre alimentou o esprito artstico, tendo o quotidiano, cada vez mais,
ocupado uma posio central nas artes visuais da atualidade. O dia-a-dia, os simples
objetos de uso utilitrio (tecidos, carto, objetos naturais, papel de jornal, latas, fios,
embalagens, etc.), bem como outros reciclados comuns da vida quotidiana so
integrados e redefinidos a partir de novas funcionalidades e significados atingindo o
estatuto de objetos artsticos que permitem criana comear a perceber que a arte e a
vida so indissociveis, alimentando-se reciprocamente. Para tal, o artista recorre a
diferentes referncias, cruzando dessa forma territrios e categorias at ento distintas.
Esta situao integra a criana no mundo ao qual pertence, aproximando-a da realidade
por ela vivida, promovendo a sua identidade e o sentimento de pertena comunidade.
A ilustrao permite criana falar e descrever as situaes de seu tempo, do espao em
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que vivem, da realidade que a cerca. Em suma, mostra-lhe uma leitura e aprendizagem
do mundo e da vida, desperta-lhe a curiosidade e impulsiona a vontade de descobrir.
As representaes visuais encerram, ainda, modos de ver e julgar visualmente o
que nos rodeia (Chaplin, 1994; Sauvageot, 1994; Berger, 1999). Uma representao
visual, mesmo sendo contemplada como uma realizao de autor, denuncia um
momento histrico preciso, nas suas convenes, tecnologias e tcnicas de figurao, no
modelo cognitivo e ideolgico. Revela as particularidades sociais que animam as
relaes especficas entre sujeito e objeto representado. , para todos os efeitos,
testemunha histrica de um ato simblico expressivo daquilo que so o agente da
representao e o agente representado.
Howard Gardner destaca e defende um conjunto de ideias e princpios que, na
realidade, deveriam servir de guies tanto para qualquer educador de infncia, como
para qualquer escritor/ilustrador de livros para crianas: Eu quero que as minhas
crianas compreendam o mundo, mas no apenas porque o mundo um lugar fascinante
e a mente humana curiosa. Quero que o compreendam de modo a se posicionarem
para fazer dele um lugar melhor. O conhecimento no o mesmo do que moralidade,
mas precisamos de o compreender se quer evitar erros do passado e seguirmos direes
mais produtivas. Uma parte importante dessa compreenso a de saber quem somos e o
que podemos fazer... Finalmente, devemos sintetizar as nossas compreenses sobre ns
mesmos. A performance para compreender o que importa a que podemos levar a cabo
como seres humanos num mundo imperfeito que podemos afetar, para o bem e para o
mal (Gardner, 1999, p.180-181).
Igualmente a organizao da imagem pictrica (a escolha dos elementos que
devem constar da imagem, aqueles que devem estar em destaque, os fundos, a
articulao com da imagem e do texto, etc.) agora alvo da ateno do artista.
Nesse sentido, as ilustraes de qualidade evitam enfoques mimticos sobre a
realidade e reprodues fotogrficas e/ou demasiado realistas conjugando em si mesmo
um conjunto de estratgias que tornam inevitvel o seu impacto sobre o pblico,
apelando para uma postura ativa centrada na descodificao da imagem atravs da
leitura cumulativa dos seus elementos constituintes quebrando uma passividade
contemplativa tradicional.
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Esta situao advm, em grande medida, da postura do artista perante a arte e para
a qual muito contribuiu a sua formao acadmica. O contato e o estudo aprofundado de
diferentes movimentos artsticos, diferentes formas de expresso contempornea, a sua
prtica artstica na qual a investigao, o processo criativo e sensibilidade esttica
ultrapassam as normas convencionais artsticas, esto hoje evidenciadas na forma de
ilustrar. Resultado desta nova atitude o facto de hoje se perceber, atravs de enorme
nmero de publicaes infantis, que o livro se transforma numa espcie de galeria de
arte dinmica com imagens mveis que viajam com os textos. Como refere Andrican,
un libro ilustrado por un artista relevante, bien editado y mejor impreso, puede
funcionar, entonces, como una sala de arte. Y si un libro acta como una pequea
galera, entonces, una buena biblioteca de libros ilustrados funciona como un museo
(Andrican, 2005, p.43). Os artistas tm vindo a perceber que a ilustrao um recurso
didtico muito prximo das crianas que influencia a sua forma de ver e que permite
prepar-las para apreenderem novas formas artsticas, potenciando a formao de novos
pblicos nas artes e na cultura. De acordo com Camargo (1995, p. 33), seja no livro
ilustrado, em que a visualidade dialoga com o texto, seja no livro de imagem, em que a
ilustrao a nica linguagem, vrias so as funes que ela assume no texto, ao
descrever, narrar, simbolizar, brincar, persuadir e pontuar pela linguagem plstica.
Este convite participao ativa das crianas no processo artstico, no caso
concreto da ilustrao, quer como simples apreciadoras, quer ainda como co autoras em
experincias mais ricas e mais ousadas, contribuiu em definitivo para a abolio da
ilustrao como fenmeno meramente decorativo e redundante do texto narrativo. A
ilustrao atual tende a ser mais interativa e prxima do mundo das crianas de hoje,
tentando estabelecer nexos entre problemas, lugares, tempos e pessoas e articulando
contedos interdisciplinares. Da que faa todo o sentido a sua incluso no currculo
escolar. E se as prticas artsticas esto a mudar, se j no existe um discurso artstico
totalizador e legitimador para a ilustrao, se os seus fundamentos e meios expressivos
so diversos, tambm a educao pr-escolar deve acompanhar essa mudana na sua
prtica. Atualmente o professor no se pode pautar apenas pelo domnio de um conjunto
fixo de conhecimentos, devendo, pelo contrrio, estar apto a renov-los, a reinterpret-
los e a problematiz-los.
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A ilustrao atual: impacto na educao de infncia
O contato visual das crianas com formas visuais, tcnicas, materiais e temas
indagadores e provocatrios transferidos das propostas artsticas atuais , em si mesmo,
uma forma de educao esttica e artstica.
Corroborando com a afirmao da ilustradora checa Kveta Pacovsk de que um
livro ilustrado a primeira galeria de arte que uma criana visita, pode-se afirmar que
um livro ilustrado, se provido de imagens com proeminente valor esttico, pode
constituir um relevante contributo para a educao artstica pelas suas potencialidades
na sensibilizao do olhar e do sentido esttico, essenciais para a formao da criana
como leitor visual e criadora de imagens.
A ilustrao, estabelecendo uma relao entre a criana e a arte atual, adquire uma
funcionalidade ldica na aprendizagem, contribuindo de forma indelvel para a
construo da sua identidade. Neste sentido, Bruner refere-se (...) narracin como
forma de pensamiento y como una expresin de la visin del mundo de la cultura. Es a
travs de nuestras propias narraciones como principalmente construimos una versin de
nosotros mismos y el mundo, y es a travs de sus narraciones como una cultura ofrece
modelos de identidad y accin a sus miembros. (Bruner, 1997:15).
A criao artstica como instrumento de desenvolvimento cultural e social tem
cada vez mais importncia. Para que a difuso da arte como valor social e cultural seja
efetiva e de ampla repercusso, o professor deve selecionar livros cujos textos/imagens
levem, como diz Hernndez (2007), definio de uma nova narrativa educativa: a
relevncia da viso e da visualidade no mundo contemporneo, as mudanas nas
representaes sociais sobre a infncia, as mudanas nas artes visuais e a necessidade de
novos saberes para a educao.
A ilustrao atual prope um trabalho artstico como fonte para a aprendizagem
interdisciplinar, promove a perceo e o uso reflexivo da imagem, articula a explorao
de contedos diversos assim como a interpretao e a criao de artefactos visuais.
Propor a utilizao da ilustrao como recurso visual, como estmulo da cultura
visual, favorece caminhos e formas de aprendizagem ativos, para gerar dilogos de
interpretao e compreenso de subjetividades nas crianas assumindo a posio, como
Aguirre, que desde un punto de vista educativo, lo que (..) interesa del arte o la cultura
visual concebidos como experiencia, es su capacidad de convertirse en detonante de la
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transformacin personal de los usuarios, tanto en su calidad de productores como
receptores (Aguirre, 2011, p. 41).
Todavia, a interpretao e compreenso das imagens requer uma aprendizagem no
sentido da literacia visual. A expresso literacia visual ampliou-se, estando presente em
documentos emanados pelo Ministrio da Educao, onde feita referncia relao
que a criana estabelece com a imagem. Nas Metas de Aprendizagem (2010) publicadas
pelo Ministrio da Educao mencionado que a expresso Plstica assenta no
desenvolvimento das competncias em Literacia nas Artes nomeadamente: no
desenvolvimento da capacidade de expresso e comunicao, na compreenso das
artes no contexto, na apropriao da linguagem elementar das artes e no
desenvolvimento da criatividade (Metas de aprendizagem, 2010).
Segundo Camargo, tal como a leitura da palavra depende do conhecimento de
mundo e do conhecimento lingustico, a leitura da imagem tambm depende do
conhecimento de mundo e do conhecimento da linguagem visual (2006: 13). Isso
significa que no basta somente ver, preciso aprender a ver. Engana-se quem acredita
que a leitura de imagens seja puramente instintiva ou fcil; compreender uma narrativa
visual pressupe uma alfabetizao do olhar. Aprende-se a ler, mas tambm a ver - e o
papel do educador , tambm, mostrar como decifrar os cdigos visuais, muitas vezes
extremamente sofisticados. Como afirma Almejeiras, el papel de la educacin artstica
debiese ser el alfabetizacin artstica (1991:47). Acrescenta ainda que la observacin,
atenta de la realidad circundante, el estmulo de la creatividad, la motivacin,
comunicacin e interpretacin de los lenguajes artsticos seran la base de la
alfabetizacin visual (1991: 49).
Corroborando com Tishman e Palmer (2007), observar arte requer pensar, sendo
um modo de cultivar disposies de pensamento. A aproximao das crianas arte,
mesmo que atravs da explorao de ilustraes, constitui uma oportunidade para o
desenvolvimento destas disposies de pensamento que envolvem observar, descrever,
interpretar, questionar e investigar, explorar pontos de vista, explorar complexidades
visuais, comparar e relacionar (Tishman e Palmer, 2007).
Segundo Sergio Andrican (2005), a ilustrao atual um caminho para a
apreciao das artes visuais e para o desenvolvimento da comunicao. um meio, por
excelncia, para promover da sensibilidade esttica da criana, para estimular os seus
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sentidos para diferentes formas ver e representar, que ultrapassam o figurativo, o bvio,
o esteretipo, e por conseguinte, do perigo do clich.
Metodologia de investigao
Investigar o reconhecimento e a ateno que os educadores de infncia, em termos
concretos, facultam ilustrao enquanto recurso pedaggico apresenta-se como
necessrio para se sustentar uma interveno formativa a este nvel.
A definio de uma pergunta de partida foi essencial para orientar o
desenvolvimento do trabalho. Deste modo, a pergunta de partida que norteou o estudo
desenvolvido a seguinte: Que importncia concedida pelos educadores de infncia
ilustrao enquanto elemento potenciador de aprendizagem?
Os objetivos principais determinados para esta investigao relacionam-se
essencialmente com o conhecimento sobre as representaes que os educadores de
infncia possuem sobre a importncia da ilustrao para o processo educativo e de
aprendizagem das crianas e sobre o modo como a ilustrao explorada enquanto
recurso pedaggico tratando-se de um estudo de natureza exploratria com uma
abordagem metodolgica quantitativa.
Por conseguinte, os objetivos definidos baseiam-se em: perceber que importncia
o educador de infncia concede ilustrao quando seleciona os livros que pretende
apresentar s crianas; perceber que intencionalidade educativa subjaz a ao do
educador de infncia quando explora a ilustrao com as crianas; conhecer os critrios
que o educador de infncia considera ao selecionar livros infantis para a sua interveno
educativa; conhecer as estratgias que o educador de infncia utiliza para explorar as
ilustraes dos livros com as crianas; perceber o interesse que as crianas manifestam
pelas ilustraes.
Sujeitos do Estudo
A amostra, sendo de convenincia, por se ter selecionado os membros da
populao mais facilmente acessveis para a obteno da informao (Carmo e Ferreira,
1998; Sousa, 2009), composta por 58 educadores de infncia selecionados pelo facto
de exercerem funes, no distrito do Porto, em instituies cooperantes de uma Escola
Superior de Educao.
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Tcnicas, instrumentos e procedimentos de recolha e de anlise de dados
O instrumento de recolha de dados utilizado para procurar respostas pergunta de
partida e aos objetivos determinados foi o inqurito por questionrio, definido por
Marconi e Lakatos (2002, p. 98) como () um instrumento de coleta de dados
constitudo por uma srie ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito
e sem a presena do entrevistador. A utilizao de questionrios tem como principais
vantagens a economia de tempo e obteno de um grande nmero de dados, pudendo
chegar a um maior nmero de pessoas e rea geogrfica. Assim, obtm-se respostas
mais rpidas e precisas, com maior liberdade e segurana quanto ao anonimato e pela
menor influncia do investigador.
Com intuito de responder aos objetivos da investigao, o questionrio criado para
o estudo contm um total de 19 questes que se debruam sobre a caraterizao socio
profissional dos educadores de infncia inquiridos (7 questes) e sobre a importncia
concedida ilustrao, estratgias pedaggicas utilizadas nesta rea pelo educador e o
impacto verificado nas crianas da sua explorao (11 questes).
Apresentao e Discusso dos Resultados
A partir das respostas dadas ao questionrio, verifica-se, como representado na
tabela I, que a maioria dos educadores de infncia inquiridos (79,7%) possuem idades
inferiores a 40 anos e que 21% possuem idades superiores a 40 anos o que revela ser
uma amostra maioritariamente jovem.
Tabela I Idade dos educadores
Constatou-se que somente um educador de infncia do gnero masculino o que
refora o facto de ser uma profisso exercida sobretudo por mulheres.
Tabela II - Gnero dos educadores
21-30 anos 31-35 anos 36-40 anos 41-45 anos 46 anos
15% 36% 28% 9% 12%
Feminino Masculino
98% 2%
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Pela tabela III pode-se apurar que a maioria dos educadores (84,5%) possui como
grau acadmico a Licenciatura. Possui ainda o Bacharelato 1,7% e 6,9% dos educadores
expandiram a sua formao tendo obtido o Mestrado.
Tabela III Grau acadmico
Bacharelato Licenciatura Mestrado
1,7% 84,5% 6,9%
Relativamente ao tipo de instituies onde os educadores exercem a sua funo
docente, 50% dos educadores trabalha numa instituio particular de solidariedade
social (IPSS), 43,1% trabalha numa instituio particular e/ou cooperativa e 5,2%
trabalha numa instituio pblica.
Tabela IV - Tipo de instituio onde trabalha
Pblica Particular e/ou cooperativa IPSS
5,2% 43,1% 50%
Como se verifica na tabela V, todas as instituies pertencem ao distrito do Porto
apesar de variarem quanto ao concelho. O concelho onde trabalham mais educadores
inquiridos o concelho da Maia com 31%, seguido do Porto com 17,2% enquanto que
os restantes educadores se distribuem por instituies pertencentes aos concelhos de
Valongo (12,1%), Vila Nova de Gaia (12,1%), Matosinhos (10,3%), Rio Tinto (3,4%) e
Gondomar (1,7%).
Tabela V - Localidade da instituio
Valongo V. N. de Gaia Maia Porto Matosinhos Gondomar Rio Tinto
12,1% 12,1% 31% 17,2% 10,3% 1,7% 3,4%
Pode-se verificar, pela tabela VI, que um menor grupo de educadores (12,1%)
trabalha com grupos com crianas de diferentes idades em simultneo grupos mistos
e um maior nmero de educadores (32,8%) trabalha com um grupo de crianas de 5
anos, 25,9% trabalha com crianas de 4 anos e 27,6% trabalha com crianas de 3 anos.
Tabela VI - Idade do grupo de crianas com quem trabalha
3 anos 4 anos 5 anos Misto: 3+4 anos Misto: 4+5 anos Misto: 3+4+5 anos
27,6% 25,9% 32,8% 1,7% 5,2% 5,2%
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Os dados recolhidos permitem verificar (ver tabela VII) que o educador que tem
um maior impacto na seleo dos livros infantis a serem disponibilizados s crianas na
instituio educativa. A direo/coordenao da instituio tem uma menor influncia
nos livros selecionados (22,4%). Ainda, 36% dos educadores inquiridos referem que as
crianas tambm tm voz na seleo dos livros infantis disponibilizados e 34,5% refere
que alguns livros so oferecidos. Pde-se verificar que uma educadora menciona
somente livros oferecidos podendo-se deduzir que a qualidade dos livros, nesta sala,
est sobretudo dependente de quem os oferece.
Tabela VII Quem seleciona os livros infantis para a sala
Educador Direo/coordenao da
instituio
Crianas Oferecidos
96,6% 22,4% 36,2% 35,5%
Pelo grfico seguinte, observa-se que os educadores no tm como principais
critrios na seleo dos livros o autor da ilustrao. Consideram pouco importante ao
autor do texto e o facto de ser uma publicao recente em detrimento da qualidade do
texto em que 32,8% refere como sendo o critrio mais importante. Do tambm muita
importncia concordncia da ilustrao com o texto (22% refere como mais
importante), a qualidade da ilustrao (37,9% refere como o 2 aspeto mais importante).
Pode-se assim referir que os critrios mais considerados na seleo dos livros so, em
primeiro lugar, a qualidade do texto e, em segundo lugar, a qualidade da ilustrao.
Grfico I - Critrios que tem em conta na escolha dos livros infantis
32,8%
13,8%
22,4%
12,1%
1,7%
10,3%
19%
37,9%
8,6%
12,1%
3,4%
10,3%
13,8%
6,9%
20,7%
17,2%
1,7%
10,3%
1,7%
22,4%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
A qualidade do texto
A qualidade da ilustrao
A concordncia da ilustrao com o texto
O apelo criatividade
O autor da ilustrao
O autor do texto
Pertencer ao Plano Nacional de Leitura
Ser uma publicao recente
O tema est relacionado com o trabalho emdesenvolvimento
3 (Menosimportante)
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Dos educadores inquiridos, 87,9% refere que d muita importncia ilustrao
quando seleciona os livros e 10,3% do alguma importncia. Nenhum educador
menciona que d pouca ou nenhuma importncia ilustrao.
Tabela VIII - Importncia concedida ilustrao quando seleciona os livros
Nenhuma Pouca Alguma Muita
0% 0% 10,3% 87,9%
A razo que os educadores de infncia inquiridos mais apontam como sendo a
mais significativa face importncia concedida ilustrao diz respeito ao facto de esta
ajudar a criana na compreenso do texto. O facto de a ilustrao ser apontada como
promotora do desenvolvimento esttico e da criatividade tambm so razes apontadas
de forma mais expressiva.
Grfico II - Razes que justificam a importncia concedida ilustrao
Os educadores de infncia consideram que a ilustrao tem uma influncia mais
importante no desenvolvimento cognitivo das crianas (62% referem como o domnio
25,9%
5,2%
17,2%
5,2%
27,6%
10,3%
3,4%
0%
13,9%
12,1%
19%
5,2%
19%
5,2%
13,8%
5,2%
1,7%
13,9%
10,3%
15,5%
10,3%
10,3%
3,4%
8,6%
20,7%
3,4%
1,7%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Desenvolve a sensibilidade esttica
Desenvolve a perceo visual
Estimula a criatividade
D a conhecer criana reresentaes grficasdiferentes da sua
Ajuda a criana na compreenso do texto
D a conhecer criana tcnicas e materiais
uma forma de comunicao
Ajuda a criana a ampliar a sua representaogrfica
Acrescenta dados que o texto literrio no indica
Limita a criatividade da criana na sua forma derepresentar
Desconcentra a criana da leitura do texto
3 (Menos importante)
2
1 (Mais importante)
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mais influenciado) em confrontao com o desenvolvimento esttico, grfico ou
lingustico.
Grfico III - Domnios de desenvolvimento em que a ilustrao poder ter influncia na criana
Os educadores mencionam que quando trabalham com a ilustrao tm como
principais objetivos contribuir para o desenvolvimento da representao grfica das
crianas seguindo-se objetivos como dar a conhecer o vocabulrio da linguagem
plstica, ajudar as crianas a interpretar narrativas visuais e ajudar as crianas a
compreender a histria.
Grfico IV - Objetivos que pretende alcanar quando trabalha a ilustrao com as crianas
62%
17,2%
19%
19%
37,9%
39,7%
1,7%
17,2%
41,4%
39,7%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Cognitivo
Grfico
Esttico
Lingustico
3 (Menos importante)
2
1 (Mais importante)
1,7%
17,2%
36,2%
5,2%
5,2%
15,5%
17,2%
20,7%
1,7%
19%
10,3%
17,2%
8,6%
17,2%
1,7%
1,7%
13,9%
10,3%
19%
13,9%
6,9%
1,7%
17,2%
8,6%
1,7%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Proporcionar um entretenimento s crianas
Dar a conhecer o vocabulrio da linguagem plstica
Dar a conhecer tcnicas
Dar a conhecer materiais
Contribuir para o desenvolvimento da representaogrfica das crianas
Desenvolver capacidades visuais
Articular as imagens com outras reas do saber
Ensinar a reproduzir modelos
Ajudar as crianas a compreeender a histria
Ajudar as crianas a interpretar narrativas visuais
Desenvolver a linguagem oral
Desenvolver a memria e capacidade de expressooral ao recontar o que ouviu
3 (Menos importante)
2
1 (Mais importante)
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Somente uma educadora de infncia refere no ser frequente mostrar imagens
quando conta uma histria. Mostrar imagens s crianas quando contam histrias
revela-se uma prtica comum por parte dos educadores.
Tabela IX - Quando conta uma histria s crianas, frequente mostrar as imagens
Sim No
98,3% 1,7%
O dilogo sobre a ilustrao observada, o reconto da histria a partir das
ilustraes e propostas de trabalhos de expresso plstica sobre a histria apresentada
so as estratgias mais utilizadas pelos educadores de infncia para explorarem a
ilustrao.
Grfico V Como trabalha a ilustrao com as crianas
Pela tabela seguinte percebe-se uma grande diversidade de ilustradores que so
dados a conhecer s crianas. Verifica-se que muitos dos nomes referidos so
ilustradores portugueses. Manuela Bacelar (65,5%), Andr Letria (56,9%) e Marta
Torro (44,8%) so os ilustradores mais apresentados s crianas.
31,0%
6,9%
22,4%
8,6%
22,4%
5,2%
24,1%
3,4%
13,8%
29,3%
15,5%
1,7%
8,6%
17,2%
6,9%
5,2%
37,9%
25,9%
1,7%
3,4%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Promove o dilogo sobre a ilustrao observada
Mostra as ilustraes sem qualquer comentrio medida que l o texto
Realiza a leitura da histria atravs da anlise dailustrao
Prope trabalhos de expresso plstica sobre ahistria apresentada
Pede-lhes para recontar a histria atravs dasilustraes
D a conhecer as tcnicas utilizadas pelo educador
D a conhecer os materiais utilizados peloilustrador
D a conhecer os diferentes ilustradores
Promove o dilogo sobre os elementos dalinguagem plstica
3 (Menos utilizada)
2
1 (Mais utilizada)
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Tabela X - Ilustradores apresentados s crianas
Manuela Bacelar 65,5% Rosa Maria Curto 1,7%
Andr Letria 56,9% Ins Burgos 1,7%
Marta Torro 44,8% Jos Matos 1,7%
Carla Pott 25,9% Miguel Tanco 1,7%
Madalena Matoso 22,4% Mafalda S 1,7%
Cristina Valadas 20,7% Maria Joo Lopes 1,7%
Joo Vaz de Carvalho 15,5% Rui Truta 1,7%
Gmeo Lus 12,1% Christian Voltz 1,7%
Eric Carle 6,9% Carla Antunes 1,7%
Pedro Leito 5,2% David Mckee 1,7%
Kveta Pacovsk 4,2% Oliver Jeffers 1,7%
Ftima Afonso 3,4% Helga Bansch 1,7%
Raquel Pinheiro 3,4% Susana Oliveira 1,7%
Oscar Vill 3,4% Mafalda Milhes 1,7%
Srgio Mora 3,4% Joana Quental 1,7%
Yara Kono 3,4% Leo Lionni 1,7%
Bernardo Carvalho 3,4% Armando Alves 1,7%
Marta Madureira 3,4% Gianni Rodari 1,7%
Jos Cardoso Marques 3,4% Pierre Couronne 1,7%
Liliane Crismer 3,4% Elsa L 1,7%
Roger Olmos 3,4% Danny Wojciechowski 1,7%
Joana Quental 3,4% Ute Krause 1,7%
Joana Alves 1,7% Sarah Pirson 1,7%
Daniela Gonalves 1,7% Anthony Browne 1,7%
Carla Nazareth 1,7%
Todos os educadores de infncia so unnimes ao afirmar que as crianas
preveem acontecimentos/aes numa narrativa atravs das ilustraes (87,9%), criam as
suas prprias narrativas atravs de imagens (86,2%), identificam e descrevem aes/
personagens/ espaos atravs das imagens (91,4%), exploram a relao da imagem com
a histria narrada (74,1%).
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Grfico VI Capacidades das crianas perante o visionamento de ilustraes
Somente 3,5 % dos educadores referiram que as crianas no possuem livros de
ilustrao ao seu acesso na sala.
Tabela XI - Existncia de livros de ilustrao ao acesso das crianas
Sim No
93,1% 3,5%
Os educadores, na sua maioria (65,5%), referem que as crianas do muita
importncia ilustrao enquanto 29,3% dos educadores no so to afirmativos
relativamente reao de importncia concedida pelas crianas ilustrao, referindo
que estas do alguma importncia. Os restantes 3% de educadores no responderam a
esta questo.
Tabela XII Importncia dada pelas crianas ilustrao
Nenhuma Pouca Alguma Muita
0% 0% 29,3% 65,5%
O interesse que as crianas demonstram pela ilustrao , segundo os educadores
inquiridos, sobretudo verificvel quando recorrem s imagens para contar a histria
(65,5% - mais frequente).
87,9% 86,2% 91,4%
74,1%
12,1% 13,8% 8,6%
25,9%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Prever acontecimentos/aes numa narrativaatravs das ilustraes
Criar as suas prpriasnarrativas atravs de
imagens
Identificar e descreveraes/ personagens/espaos atravs das
imagens
Explorar a relao daimagem com a histria
narrada
Sim
Em parte
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Grfico VII Modo como as crianas demonstram interesse pela ilustrao
Consideraes finais
Os dados recolhidos a partir do inqurito por questionrio efetuado aos
educadores de infncia permitem apurar que a ilustrao entendida e usada pelos
educadores como um elemento com potencialidades pedaggicas ao qual reconhecem
valor centrando a sua ateno em ilustradores portugueses de reconhecido mrito nesta
rea que utilizam uma linguagem contempornea e que vai ao encontro das
potencialidades educativas apresentadas neste artigo. Na seleo dos livros, os
educadores valorizam sobretudo a qualidade do texto, embora a qualidade da imagem
seja tambm uma das suas prioridades. Esta questo justifica que a maioria dos
educadores considere a ilustrao como elemento que ajuda a criana na compreenso
do texto ainda que salientem tambm a importncia no desenvolvimento da
sensibilidade esttica, contribuindo sobretudo para a representao grfica e para o
conhecimento do vocabulrio da linguagem plstica.
So vrias as estratgias que os educadores utilizam para trabalhar a ilustrao
que passam fundamentalmente pelo dilogo sobre a imagem, a leitura da histria atravs
da anlise da ilustrao que permitem criana, como os mesmos referem, preverem
acontecimentos/aes numa narrativa, criarem as suas prprias narrativas, identificarem
e descreverem aes, personagens e espaos atravs das imagens, explorarem a relao
da imagem com a histria narrada. Tambm os trabalhos sobre expresso plstica so
65,5%
19%
1,7%
8,6%
1,7%
1,7%
19%
32,8%
13,8%
32,8%
8,6%
24,1%
29,3%
31,0%
1,7%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Recorrem s imagens para contar a histria
Concentram-se nas imagens que compe a histria
Recorrem s imagens quando tem dificuldade emrepresentar
Questionam ou comentam as imagens
Pedem para visualizar a ilustrao
Recorrem s imagens para reinventar uma novahistria
Quando querem desenhar algo que ainda no fizerampedem para ir buscar um livro para os ajudar
3 (Menos frequente)
2
1 (Mais frequente)
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uma das estratgias de eleio dos educadores. Em suma, podemos afirmar que existe
uma preocupao por parte dos educadores em centrarem o seu trabalho quer no aspeto
cognitivo, quer ao aspeto produtivo da educao artstica que pressupe um impacto no
desenvolvimento das crianas. Este impacto advm do enorme interesse das prprias
crianas na ilustrao e pelo facto de terem livre acesso aos livros de ilustrao. Este
aspeto verifica-se fundamentalmente quando elas recorrerem s imagens para contar
histrias e quando as questionam ou as comentam de forma livre e espontnea.
Para finalizar, importante referir que as ilustraes enquanto recurso pedaggico
concorrem para alfabetizao visual, aquela que compreende o universo das imagens,
e cuja leitura permite que se amplie o prazer de ver, para compreender o sentido de que
se reveste o texto. A leitura da ilustrao permite criana desenvolver uma maior
capacidade de avaliao e compreenso das imagens que as cercam e que compem a
cultura visual do seu tempo. Ampliando a sua viso, as crianas podero ser capazes de
questionar e criticar a qualidade das ilustraes dos livros que leem, no apenas quanto
ao seu carter esttico, mas tambm no que se reporta ao significado das imagens
relacionando-as com o mundo que os circunda. Explorar visualmente as ilustraes
aproveitar o museu na prpria sala de atividades e promover, por conseguinte,
disposies de pensamento.
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MEDIAO CULTURAL: A EDIO E A SUA RELAO COM AS POLTICAS CULTURAIS/ESCOLA NA CONSTRUO DO GOSTO
Isabel Garcez
Universidade de Lisboa
RESUMO: So as sucessivas polticas culturais pblicas que definem a cultura de um pas e no ser por acaso que a leitura um campo sempre privilegiado, pois o livro permite
aceder democraticamente obra original de um autor cada um dos exemplares to
autntico como qualquer outro , apresenta-se com grande potencial perante as novas
tecnologias e , de entre os vrios produtos culturais, um dos mais acessveis. O atual ambiente cultural que tende valorizao de formas culturais tidas como
populares no argumento para diminuir a qualidade da formao de pblicos, pois estes
devem tornar-se aptos a usufrurem prazenteiramente das formas mais exigentes de arte.
Assim, o papel do Estado no caso o Plano Nacional de Leitura , da Escola
nomeadamente o programa Ler + Escolas e, finalmente, dos Editores no que concerne s
suas linhas editoriais e s relaes que estabelecem, tanto com o PNL como com as escolas
devero ser vistos como agentes preferenciais na formao de pblicos e na construo do
gosto desses mesmos pblicos, pois a partir do gosto que se constri a gramtica que nos
permite aceder s muitas representaes possveis do mundo.
Como j dizia Karl Marx,[...] preciso considerar a sensibilidade
como atividade prtica dos sentidos do homem
(Piaget, 2010: 167)
Iniciamos esta reflexo com uma rara citao em que os editores, os autores e os
livreiros so contemplados na listagem dos mediadores da leitura:
muito importante a figura do mediador [...] (pais, professores, educadores,
assistentes sociais ou bibliotecrios, ainda que, em boa verdade, deveramos
considerar tambm como tal os editores, os autores ou os livreiros). (Lluch.
Apud Torremocha, 2010:98).
Em nossa opinio, a presena rara destas tradicionalmente excludas figuras nos
inmeros estudos sobre mediao cultural, em geral, e mediadores de leitura, em
particular, dever-se- a vrios fatores: o facto de serem muito poucos os autores,
editores e livreiros que tambm refletem criticamente sobre as suas funes
profissionais, entre elas, o seu papel na mediao da leitura; o facto de estas figuras
estarem posicionadas na cadeia dos livros e da leitura antes de os livros chegarem aos
leitores o que acaba por permitir uma sndrome semelhante quela que leva as
crianas a pensar que o leite nasce nos pacotes, ou que, por analogia, os livros
nascem nas prateleiras; e, finalmente, o facto de atualmente a mediao cultural estar
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marcadamente mercantilizada, o que afasta estes quadros da responsabilidade social e
cvica do seu trabalho.
A esta lista de fatores, acrescentamos ainda a particularidade da figura do autor,
primeiro ator em todo o processo pelos menos, o autor-artista , mas que, muito
embora esteja mais ou menos consciente de que o seu trabalho oferece leituras do
mundo, no est, na esmagadora maioria dos casos, a pensar no tipo de receo que a
sua obra ter.
Assim, qualquer trabalho sobre mediao cultural e de leitura deveria implicar
refletir tambm sobre as figuras do autor, do editor e do livreiro, pois s com eles se
poder integrar o estudo sobre a edio e, sem refletir sobre a edio propriamente dita,
qualquer estudo sobre mediao cultural conter uma lacuna grave.
O que um indito? O que a edio? O que um dito? Como as prprias
palavras indicam, h, entre o primeiro e o ltimo, uma dimenso temporal, porque um
indito s pode existir antes de deixar de o ser, ie, antes de ser dito, dado que a
edio tem um sentido nico e irreversvel. a edio que transforma o indito em
dito , pelo que nunca ser de mais realar a responsabilidade inerente e
intransmissvel da edio enquanto mediador do sempre poderoso e misterioso veculo
que a palavra e do modo como esta, atravs do seu suporte privilegiado o livro , se
apresenta editada, ie, definida, definitiva e pblica.
Defendemos que a primeira responsabilidade de um editor relativa ao prprio
texto em que trabalha: desde o primeiro momento, o editor ter de abrir uma plataforma
de dilogo exclusiva com o texto, pois s assim se garante que esse texto especfico
respeitado em todo o processo de produo, de modo a poder ser acedido, sob a forma
de objeto-livro, pelo leitor final com integridade.
As entidades autor o que cria , editor o que medeia e recetor o que recebe
tm exatamente a mesma idade histrica, mesmo que as respetivas aes/funes s
recentemente1 tenham a clareza de posicionamento atuais. Parece-nos por isso legtimo
deduzir que estaro fadadas a existir em conjunto, para sempre. A obra de arte e/ou de
conhecimento pode existir apenas enquanto obra resultante do impulso criador do seu
1 Genericamente, estas diferentes figuras que, durante a Antiguidade e grande parte da Idade Mdia, muitas vezes se
conjugavam/misturavam na mesma pessoa s depois de Guttenberg comearam a ganhar, cada uma delas, autonomia, tanto em
termos de denominao como em termos dos diferentes direitos e deveres que detinham.
Atas do XII Congre