área temática 4 - educação, desenvolvimento e expressões artísticas

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Atas do XII Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013 ISBN: 978-989-8525-22-2 Índice ÁREA TEMÁTICA 4 - EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EXPRESSÕES ARTÍSTICAS A GESTÃO DE CURSOS NO SISTEMA UAB: DESAFIOS E POSSIBILIDADES Luciene Borges Tavares & Maria João Carvalho & Carlos Machado dos Santos 1004 ILUSTRAÇÃO: DIÁLOGO ENTRE ARTE E EDUCAÇÃO Mónica Oliveira & Brigite Silva 1016 MEDIAÇÃO CULTURAL: A EDIÇÃO E A SUA RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS CULTURAIS/ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DO GOSTO Isabel Garcez 1035 CONCEÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO COLETIVO DE VIOLINO NUMA SALA DE AULA DIFERENCIADA Ana Cristina Fernandes Mikus & Luísa Orvalho 1049 PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS DRAMÁTICAS - IMPLICAÇÕES DA OBSERVAÇÃO NA INTERVENÇÃO Manuel Neiva, Amélia Lopes & Fátima Pereira 1061 FENOMENOLOGIA JOGO E MOVIMENTO: UMA TRILOGIA PARA A COMPREENSÃO DO MOVIMENTO HUMANO Aguinaldo Cesar Surdi, Antônio Camilo Cunha, Danieli Alves P. Marques, José Tarcísio Grunennvaldt, Elenor Kunz & Inês Peixoto Silva 1073 AS EXPRESSÕES ARTÍSTICAS NA EDUCAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO HOMEM NOVO Maria Santos Cunha 1089 EDUCAÇÃO, ARTE E QUESTÕES DE GÉNERO Ana Pereira 1101 A ATIVIDADE DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR DE INGLÊS: PERCEÇÕES DOS PROFESSORES SOBRE A TRANSIÇÃO ENTRE O 1.º E O 2.º CICLO DO ENSINO BÁSICO - UM ESTUDO DE CASO NO CONCELHO DE GUIMARÃES Alice Manuela Alves Cruz & Carlos Manuel Ribeiro da Silva 1116 DIAGNÓSTICO DE LAS COMPETENCIAS SOCIOEMOCIONALES EN EDUCACIÓN SECUNDARIA OBLIGATORIA Cristina Ceinos-Sanz & Miguel Angel Nogueira-Perez 1147 AS PERSPETIVAS DOS PROFESSORES SOBRE CONTINUIDADE EDUCATIVA NA “ATIVIDADE FÍSICA E DESPORTIVA”: UM ESTUDO DE CASO NUM AGRUPAMENTO DE BRAGA Carla Susana F. Fernandes & Carlos M. R. Silva 1164

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  • Atas do XII Congresso Internacional Galego-Portugus de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013 ISBN: 978-989-8525-22-2

    ndice

    REA TEMTICA 4 - EDUCAO, DESENVOLVIMENTO E EXPRESSES ARTSTICAS

    A GESTO DE CURSOS NO SISTEMA UAB: DESAFIOS E POSSIBILIDADES Luciene Borges Tavares & Maria Joo Carvalho & Carlos Machado dos Santos

    1004

    ILUSTRAO: DILOGO ENTRE ARTE E EDUCAO Mnica Oliveira & Brigite Silva

    1016

    MEDIAO CULTURAL: A EDIO E A SUA RELAO COM AS POLTICAS CULTURAIS/ESCOLA NA CONSTRUO DO GOSTO Isabel Garcez

    1035

    CONCEO DE ESTRATGIAS PARA O ENSINO COLETIVO DE VIOLINO NUMA SALA DE AULA DIFERENCIADA Ana Cristina Fernandes Mikus & Lusa Orvalho

    1049

    PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS DRAMTICAS - IMPLICAES DA OBSERVAO NA INTERVENO Manuel Neiva, Amlia Lopes & Ftima Pereira

    1061

    FENOMENOLOGIA JOGO E MOVIMENTO: UMA TRILOGIA PARA A COMPREENSO DO MOVIMENTO HUMANO Aguinaldo Cesar Surdi, Antnio Camilo Cunha, Danieli Alves P. Marques, Jos Tarcsio Grunennvaldt, Elenor Kunz & Ins Peixoto Silva

    1073

    AS EXPRESSES ARTSTICAS NA EDUCAO E O DESENVOLVIMENTO DO HOMEM NOVO Maria Santos Cunha

    1089

    EDUCAO, ARTE E QUESTES DE GNERO Ana Pereira

    1101

    A ATIVIDADE DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR DE INGLS: PERCEES DOS PROFESSORES SOBRE A TRANSIO ENTRE O 1. E O 2. CICLO DO ENSINO BSICO - UM ESTUDO DE CASO NO CONCELHO DE GUIMARES Alice Manuela Alves Cruz & Carlos Manuel Ribeiro da Silva

    1116

    DIAGNSTICO DE LAS COMPETENCIAS SOCIOEMOCIONALES EN EDUCACIN SECUNDARIA OBLIGATORIA Cristina Ceinos-Sanz & Miguel Angel Nogueira-Perez

    1147

    AS PERSPETIVAS DOS PROFESSORES SOBRE CONTINUIDADE EDUCATIVA NA ATIVIDADE FSICA E DESPORTIVA: UM ESTUDO DE CASO NUM AGRUPAMENTO DE BRAGA Carla Susana F. Fernandes & Carlos M. R. Silva

    1164

  • Atas do XII Congresso Internacional Galego-Portugus de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013 ISBN: 978-989-8525-22-2

    CONSTRUINDO A PROFISSO: ENTRE A APRENDIZAGEM ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL - CONTRIBUTOS DA METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO E DO MODELO CURRICULAR PROCUR Joana Mafalda M. Caldas & Carlos M. R. da Silva

    1178

    A CRIANA E O CONTACTO COM A LEITURA: ESTRATGIAS DE MOTIVAO E PROMOO DA LEITURA Ctia Liliana Fernandes & Carlos M. R. da Silva

    1203

    AS AULAS DE ARTE DO IFRN/CNAT COMO ELEMENTO CONSTRUTOR DA AUTONOMIA ESTTICO-CULTURAL DOS SUJEITOS Elane Ftima Simes & Lia Raquel Moreira de Oliveira

    1232

    A EVT NA DINMICA INTER E TRANSDISCIPLINAR EM CONTEXTO TEIP Rolando Viana & Teresa Gonalves

    1247

    EFEITOS DAS ATIVIDADES ARTSTICAS NUM GRUPO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS Conceio Trigo & Teresa Gonalves

    1263

    DESENVOLVER AS COMPETNCIAS MATEMTICAS DAS CRIANAS. UMA INTERVENO EM JARDINS DE INFNCIA DE TERRITRIOS EDUCATIVOS DE INTERVENO PRIORITRIA Gloria Ramalho, Mafalda Magalhes, Susana Cruz, Sofia Ferreira & Ins Elias

    1277

    ENSINO EM GRUPO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS NO CONTEXTO DAS EXPRESSES ARTSTICAS DAS ESCOLAS PBLICAS Ana Roseli Paes dos Santos & Maria Helena G. L. Vieira

    1290

    A NO CONTEMPORANEIDADE DOS CONTEMPORNEOS:A EDUCAO EM PROL DO DESENVOLVIMENTO Maria Ins Faria

    1303

    PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL: IMPLEMENTAO DO TURNO INTEGRAL NA REDE MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE Clarissa Candiota

    1319

    LA EXPRESIN MUSICAL EN LA PRCTICA PIANSTICA: ESTUDIO Y DESARROLLO DE LOS CONTENIDOS ESPECFICOS EN LA FORMACIN INSTRUMENTAL Isabel Romero Tabeayo, Francisco Csar Rosa Nepal & Mercedes Gonzalez Sanmamed

    1332

    ANLISIS DE LOS PRINCIPIOS METODOLGICOS EN EL DESARROLLO DEL APRENDIZAJE MUSICAL DESDE LA IMPROVISACIN: UN ESTUDIO DE CASO Francisco Csar Rosa Napal

    1342

    QUANDO A ILUSTRAO CONTA A HISTRIA: NARRATIVAS VISUAIS PARA A INFNCIA E FORMAO DE LEITORES Sara Reis da Silva

    1353

    ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS E POLTICAS PBLICAS NO BRASIL Wilson Rogrio dos Santos 1360

    O LUGAR DE OUTRAS TIPOLOGIAS MUSICAIS NO CURRCULO DO CONSERVATRIO DO VALE DO SOUSA: UM ESTUDO DE CASO Ana Luiza Azevedo Miranda & Antnio Jos Pacheco Ribeiro

    1369

  • Atas do XII Congresso Internacional Galego-Portugus de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013 ISBN: 978-989-8525-22-2

    A PROPSITO DA MSICA DISCIPLINA DE OFERTA COMPLEMENTAR NO ENSINO SECUNDRIO DE MSICA DO CONSERVATRIO DO VALE DO SOUSA Lusa da Fonseca Ferreira & Antnio Pacheco Ribeiro

    1377

    EXIGNCIAS DA PROFISSO DOCENTE NA ACTUALIDADE PRTICAS PROFISSIONAIS CRIATIVAS E INOVADORAS Estela Pinto Ribeiro Lamas

    1386

    NOVAS VIAS PARA O FUTURO DA EDUCAO ARTSTICA EM PORTUGAL Ana Maria Senos Matias

    1396

    INTERVENO COM MSICA: PROJETO TRIPLO SALTO NA ILHA DA BOA VISTA (CABO VERDE) Joana Nogueira

    1413

    A ARTE NA EDUCAO COMO FORMA DE MUDANA SOCIAL Elsa Tavares

    1422

    ENSEMBLE SOPHIA DE MELLO BREYNER UM PROJETO POR E PELA MSICA Maria Helena Cabral

    1431

    PROJETO MUSICFLAT A PONTE ENTRE O ENSINO GENRICO E O ENSINO ESPECIALIZADO DA MSICA Marta Garcia Tracana

    1440

    A ESCOLA DE MSICA DA BANDA MUSICAL DA PVOA DE VARZIM: UMA PERSPETIVA CULTURAL, ARTSTICA E HUMANA Paulo Sousa

    1451

    FORMULAO DE PERGUNTAS NO MBITO DE UMA OFICINA DE CONSTRUO DE BRINQUEDOS QUE MEXEM: ESTUDO EXPLORATRIO Vernica Silva, Catarina Santos, Dbora Naiure, Eliana Silveira, Jefferson Silva, Rafael Camargo, Helena Albuquerque, Lina Ferreira & Piedade Vaz-Rebelo

    1469

    ANLISIS DE LOS PRINCIPIOS METODOLGICOS EN EL DESARROLLO DEL APRENDIZAJE MUSICAL DESDE LA IMPROVISACIN: UN ESTUDIO DE CASO Francisco Csar Rosa Nepal

    1482

    O RETRATAR DA CONDIO HUMANA NA OBRA DE PICASSO: LEITURAS PARA O EDUCADOR Leonora de Abreu Bernardes

    1493

    A EXPRESSO ARTSTICA E O GESTO PEDAGGICO Sueli Teresinha de Abreu-Bernardes,Osvaldo Freitas de Jesus & Fernanda Telles Mrques

    1506

    UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A EXTENSO VERBALIZADA DA SEQUNCIA NUMRICA POR CRIANAS DE UM JARDIM DE INFNCIA NO SUMBE, KWANZA SUL, ANGOLA Pedro Cardoso da Silva & Pedro Palhares

    1520

    QUALIDADE DA ARGUMENTAO PRODUZIDA NO MBITO DA TEMTICA DESTRUIO DA CAMADA DO OZONO POR ALUNOS DO 9 ANO DE ESCOLARIDADE Joana Alves & Jos Lus Coelho Silva

    1531

  • Atas do XII Congresso Internacional Galego-Portugus de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013 ISBN: 978-989-8525-22-2

    LUDICIDADE E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: AS EXPRESSES ARTSTICAS AO SERVIO DA LNGUA E DAS MATEMTICAS Isaura das Dores Gomes de Sousa, Maria de Ftima Rodrigues da Torre, Carla Marina Alves Alexandre, Maria Amlia Machado Rua & Elisabete Maria Sousa

    1546

  • A GESTO DE CURSOS NO SISTEMA UAB: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

    Luciene Borges Tavares

    Maria Joo de Carvalho

    Carlos Machado dos Santos

    Universidade do Estado do Par

    Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro

    [email protected]

    [email protected]

    [email protected]

    RESUMO: A Educao a Distncia (EaD) em resultado dos reflexos do processo de transformao de uma economia globalizante, tem ocupado um lugar de destaque nas

    organizaes educativas. Neste contexto surge a necessidade de se repensarem novas

    formas de conceber o processo de ensino/aprendizagem onde a sala de aula passa a ser um

    ambiente com possibilidades mltiplas, onde o encontro real/virtual de professores e alunos

    acontece em espaos e/ou tempos diversos.

    Assim, foi nosso intuito conhecer quais as principais dificuldades na implementao e na

    gesto de cursos no sistema da Universidade Aberta do Brasil. Para tal, fizemos uso da

    abordagem qualitativa com recurso entrevista, inqurito por questionrio, observao no

    participante, anlise documental. Foi possvel concluir que existe desarticulao

    administrativa e pedaggica na gesto dos Cursos; que h dificuldades quanto restrita

    infraestrutura de apoio no Polo; que existe indefinio de parcerias e recursos diversos e

    que so garantidas a dimenso tcnico-cientfica (uso das TIC) para o mundo do trabalho e

    a dimenso poltica para a formao cidad.

    Introduo

    A EaD no Brasil aparece regulamentada no artigo 80 Lei de Diretrizes e Bases

    da Educao Nacional (LDB, 9.394 de 1996), onde se pode ler que O Poder Pblico

    incentivar o desenvolvimento e a veiculao de programas de ensino a distncia em

    todos os nveis e modalidades de ensino e de educao continuada. Em 2005, o

    Governo Federal, atento s antigas e novas exigncias da sociedade que passam pela

    educao superior bem como pela formao de professores nas diversas Licenciaturas,

    lana o Decreto n 5.622 de 2005, que regulamenta a educao a distncia (EaD) no

    Brasil, dando origem ao programa Universidade Aberta do Brasil (UAB).

    A UAB veio contemplar as polticas pblicas voltadas para a ampliao e

    interiorizao da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade com extenso a

    todos os Estados da Federao Brasileira. Nesse sentido, aumentou consideravelmente

    o nmero de credenciamento de novos polos presenciais com ofertas de cursos em

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    1004

  • reas diversas, aumentou as expectativas e os desafios dirios para gestores,

    professores e estudantes, com relao implementao e gesto dos cursos objeto de

    nosso estudo, Biologia e Letras, oferecidos ao Polo Presencial, Polo Alfa.

    Apesar da escassez de literatura na rea importante referir que o

    aperfeioamento da EaD se d pela incluso, e pela democratizao ao nvel do acesso

    dos estudantes que j h alguns anos se encontravam fora, ou excludos, do processo

    educativo por motivos vrios, nomeadamente, de ordem social, econmica e

    geogrfica.

    Como enfatiza Kearsley e Moore:

    Uma caracterstica especial da educao a distncia e talvez daquilo que a

    maioria das pessoas considera quando pensa sobre educao a distncia

    a capacidade de uma instituio ou organizao proporcionar acesso

    educao a alguns alunos que, de outra forma, no poderia obt-la. (...) o

    acesso at mais importante para determinados tipos de alunos:

    deficientes, idosos ou que moram em reas rurais ou remotas (2007: 178).

    O Edital Pblico do Ministrio da Educao (MEC) e Secretaria de Educao a

    Distncia (SEED) lanou o programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), depois

    denominado de sistema Universidade Aberta do Brasil, abrindo novas possibilidades

    para o sistema de ensino pblico atravs de consrcios e parcerias nas esferas de

    governo federal, estadual e municipal. Foram propostos diversos cursos de ensino

    superior a distncia, de graduao e tambm de ps-graduao, oferecidos pelas

    Instituies Pblicas de Ensino Superior (IPES) aos polos credenciados, conforme as

    necessidades e demandas dos municpios brasileiros interessados nessa modalidade de

    educao.

    A elaborao da Proposta de Criao de Polos de Apoio Presencial para o

    Ensino Superior a Distncia, pelos municpios, no ano de 2006, acontece em resposta

    a uma chamada pblica do Ministrio da Educao - MEC e Secretaria de Educao a

    Distncia - SEED, com abertura do Edital em 2005, destinado a todos os Estados da

    Federao. O objetivo seria implementar o programa Universidade Aberta do Brasil,

    por meio de polos presencias descentralizados, com potencialidade para a expanso

    da interiorizao, com ofertas a nvel de cursos de licenciatura, contemplando um

    pblico de regies longnquas, antes no alcanado.

    A observao da realidade dos gestores municipais e secretrios de educao

    apontaram como principais dificuldades, dos municpios em geral, para acesso ao

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  • sistema UAB, a fase inicial de cadastramento. Tal facto estava em estrita relao com

    a falta de infraestruturas necessrias, como salas de aula, laboratrios e outros, que

    atendesse s condies, ou exigncias, propostas em edital para a criao do polo

    presencial. Constatou-se que na 1 chamada muitos municpios ficaram de fora, por

    no atenderem s condies de infraestrutura exigidas pelos normativos do MEC. E

    foi ento que, por meio do 2 edital lanado em 18 de outubro de 2006, nova

    oportunidade surge para novos municpios se cadastrarem e enviarem as suas

    propostas de criao de polos.

    Para a nossa investigao foi escolhido como objeto de estudo um polo

    municipal prximo a Braslia, situado na Regio Administrativa do Distrito Federal-

    DF, que passamos a denominar por Polo Alfa.

    Mtodo

    Na tentativa de ler a realidade que se pretendeu conhecer, mediante a escolha de

    mtodos e tcnicas adequadas ao objeto de estudo, realizamos um estudo de carter

    qualitativo (mais utilizado em estudos sobre organizaes educativas), descritivo, pela

    natureza sociolgica do objeto investigado - viso dos coordenadores, tutores e

    estudantes, quanto aos desafios e obstculos administrativos e pedaggicos, assim

    como s possibilidades da formao docente, na gesto dos cursos de Biologia e

    Letras na modalidade EaD do sistema Universidade Aberta do Brasil, no Polo

    Presencial (Municipal) - Polo Alfa. Fizemos, assim, incidir a nossa anlise

    organizacional sobre trs instituies pblicas, o que se ter configurado enquanto

    estudo de multicasos, considerado por Trivios (1987). Para fins desta pesquisa optou-

    se pelo estudo de caso mltiplo incorporado para investigar os diferentes tipos de

    papis das instituies parceiras no processo decisrio na gesto de cursos UAB.

    a) Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES)

    b) Universidade de Braslia (UnB)

    c) Polo Presencial (Polo Alfa)

    De acordo com Yin "O estudo de caso, como outras estratgias de pesquisa,

    representa uma maneira de investigar um tpico emprico seguindo-se um conjunto de

    procedimentos pr-especificados" (2005, p 36). Este configurou-se como a

    metodologia mais adequada por se tratar de aprofundar o conhecimento como

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  • organizao universitria (a UnB) e o seu modo de articular a administrao com

    outras instituies do Sistema UAB (Capes e Polo Alfa), para oferecer cursos na

    modalidade de ensino relativamente nova, que a EaD.

    Segundo Gil (1999) o estudo de caso no aceita um roteiro rgido para a sua

    delimitao, mas possvel definir quatro fases que mostram o delineamento: a)

    delimitao da unidade - caso; b) coleta de dados; c) seleo, anlise e interpretao

    dos dados; d) elaborao do relatrio. A primeira fase consiste em delimitar a unidade

    que constitui o caso, o que exige habilidades do pesquisador para perceber quais dados

    so suficientes para se chegar compreenso do objeto como um todo.

    Na linha de Baranno (2004), o estudo de caso um mtodo de investigao

    utilizado que pressupe uma apresentao rigorosa de dados empricos, baseada numa

    combinao de evidncias. Caracteriza-se, igualmente, pelo fato de reunir informaes

    to numerosas e to pormenorizadas quanto possvel com vista a abranger a totalidade

    da situao. a razo pela qual se recorre a tcnicas variadas de recolha de

    informao observaes entrevistas, documentos.

    Se verdade que os resultados no podem ser generalizados, eles permitem o

    conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada e os resultados podem

    formular hipteses para a formulao de outras pesquisas.

    Objetivos

    Contribuir para a consolidao da qualidade dos Cursos de Biologia e Letras no

    sistema UAB e, consequentemente, favorecer a melhoria da formao profissional

    docente oferecida no Polo, beneficiando, desta feita, a sociedade em geral.

    Queramos, ainda, conhecer os modelos tericos que fundamentam o sistema

    UAB e as implicaes desses modelos na elaborao e execuo do Projeto Poltico

    Pedaggico (PPP) dos Cursos de Biologia e Letras, oferecidos no Polo, ao mesmo

    tempo em que queramos saber se esses Cursos atendem s necessidades de formao

    profissional dos estudantes.

    Como premissas, definimos:

    - Os principais desafios, obstculos e possibilidades da formao, vivenciados na

    Gesto dos Cursos no sistema UAB esto atrelados, diretamente, s condies de

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  • funcionamento do Polo, quanto estrutura fsica, pedaggica, tecnolgica e de recursos

    humanos e que a melhoria do processo de gesto administrativa e pedaggica dos

    Cursos de Biologia e Letras perpassa por uma proposta de projeto de polo com prdio

    prprio;

    - Os modelos tericos que fundamentam a Gesto do sistema UAB determinam os

    rumos da gesto administrativa e pedaggica dos Cursos de Biologia e Letras no Polo

    de Apoio Presencial Polo Alfa;

    - Apesar das dificuldades encontradas na gesto dos Cursos de Biologia e Letras

    estes tm contribudo para o aperfeioamento da formao profissional docente dos

    estudantes-professores que atuam na educao bsica.

    Atores Privilegiados (Amostra)

    Instituio I (CAPES) Num total de 04 Coordenadores, 02 entrevistados (50%),

    mais 01 entrevistado na posio de ex-coordenador dessa Instituio. Tendo o total de

    03 entrevistas realizadas;

    Instituio II (UnB) - 06 questionrios aplicados, sendo 01 ao Coordenador do

    Curso de Biologia e 01 ao Coordenador de Letras, 01 questionrio ao Tutor Presencial

    de Biologia e 01 questionrio de um total de 04 Tutores a Distncia de Biologia (25%),

    01 questionrio ao Tutor Presencial de Letras (100%) e 01 questionrio de um total de

    quatro Tutores (25%) no primeiro bimestre;

    Instituio III (Polo Alfa) - 16 Estudantes dos Cursos de Biologia e Letras,

    mediante anlise interpretativa das estatsticas relativas aos questionrios aplicados a 09

    de um total de 15 estudantes (60%) que cursam Biologia e a 07 de um total de 19

    estudantes (36,8%) que cursam Letras.

    Procedimentos

    A pertinncia em conhecer a viso dos atores, sobre as prticas de gesto dos

    cursos de Biologia e Letras, sob o efeito de determinantes administrativos e

    pedaggicos. Foi necessrio reunir informaes numerosas, a partir de fontes

    documentais (legislao e outros) e orais para se conhecer a administrao nas trs

    instituies pesquisadas e especificamente a gesto universitria dos cursos no Polo de

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  • Apoio Presencial, quanto aos aspectos pedaggicos, recursos humanos e

    infraestrutura.

    Considerando ainda que para Baranno (2004), o estudo de caso serve para

    explicar ou avaliar a implementao de um programa e seus efeitos, o critrio

    utilizado na escolha dos casos em questo, cumpre as caractersticas apontadas por

    este autor, uma vez que, durante a elaborao do estudo, a estrutura organizacional do

    Polo investigado, por exemplo, pde ser caracterizada com base nos Referenciais de

    Qualidade para EaD Superior estabelecidos pelo MEC.

    Instrumentos

    custa de um posicionamento descritivo e analtico procurou-se, ento, fazer

    uma abordagem mais intensiva dos aspectos das instituies em anlise, viabilizando a

    captao de muitos e variados elementos da dinmica organizacional a partir de

    procedimentos variados de coleta de informaes (Yin, 2005).

    Para o efeito recorreu-se entrevista semi-estruturada, ao inqurito por

    questionrio, observao no participante, pesquisa documental (registros de

    arquivos editais, leis, ofcios, decretos, catlogos, relatrios de avaliao, projetos,

    arquivos de imagens, sonoros e vdeos e-mails e mensagens pessoais).

    A utilizao destes instrumentos de recolha de dados permitiu perceber o

    comportamento dos atores face ao cumprimento dos normativos estabelecidos; dos

    significados e da percepo dos atores sobre a relao entre a dimenso administrativa

    e a dimenso pedaggica, dos conflitos e da relativa autonomia, dos acordos entre os

    grupos das Instituies, dos processos decisrios, apontando por fim aos desafios e

    obstculos na gesto dos cursos.

    Conforme Vergara (2010) pode-se, ainda, utilizar na coleta de dados o mtodo

    da observao no participante, no momento que ocorrem as entrevistas. Do mesmo

    modo, fez-se uso desse mtodo de observao em momentos especficos, previamente

    combinados, como nas aulas presenciais no Polo (Curso de Letras e Curso de

    Biologia).

    Segundo Bogdan e Biklen (1994) na observao no-participante, o investigador

    no interage de forma alguma com o objeto do estudo no momento da observao.

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  • Esta tcnica permite o uso de instrumentos de registro sem influenciar o objeto

    observado.

    Desse modo, a escolha das duas tcnicas de coleta de dados, a observao no

    participante e a entrevista, representam o carter qualitativo da pesquisa e tambm

    evita tendncias resultantes de uma fonte nica. Todavia, organizar e analisar todo o

    material obtido por meio de observao e entrevistas no so tarefas fceis e exigem a

    aplicao de uma metodologia da qual a anlise de contedo faz parte (Godoy, 1995).

    Desta feita, como instrumentos de recolha de dados fizemos uso da entrevista

    semiestruturada, o inqurito por questionrio, a observao no participante e a

    pesquisa documental. Como tcnica de anlise e tratamento de dados, utilizamos a

    anlise de contedo e o aplicativo Statistical Package for the social Sciences (SPSS),

    verso 14.0 para Windows.

    Com o foco maior no tipo de anlise interpretativa, o estudo de multicaso em

    questo, tornou possvel conhecer e descrever a estrutura, a organizao e o

    funcionamento das Instituies investigadas em especial no que diz respeito feio

    burocrtica - anrquica da administrao universitria, relativas aos processos e

    prticas de gesto dos cursos no sistema UAB.

    Resultados

    As percepes dos gestores da Instituio I-(CAPES)

    A Diretoria de Educao a Distncia (DED) da CAPES por meio de Planilha

    especfica (n de alunos) fomenta, financia e supervisiona a produo e material

    didtico dos cursos.

    Por meio das indicaes das reas adquire, financia e envia os laboratrios

    pedaggicos.

    So feitas visitas in loco para verificao das condies de funcionamento do

    Polo. Polos sem sede prpria, ficam a cargo da Instituio ofertante.

    O Grupo Assessor da UAB auxilia a DED na definio de diretrizes e tomada de

    deciso.

    Sistema de Informaes - Os atores so responsveis por preencher as

    informaes: coordenadores adjuntos, coordenadores de curso e coordenadores

    de Polo.

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    1010

  • As percepes dos atores das Instituies II e III

    Quanto ao material didtico, laboratrios e a biblioteca:

    Pouco se explorado em termos de pesquisa a outras fontes que no as

    disponibilizadas em ambiente virtual. Os professores/tutores no sugerem

    leituras complementares, to pouco valorizam outras formas didticas de apoio

    ao curso. (E2);

    Pois o aluno no tem disponveis apostilas e livros e nem biblioteca equipada

    para atender as necessidades do curso eles tm acesso unicamente aos textos

    enviados pelos professores supervisores nas pginas das disciplinas. (Tutor

    Presencial);

    de responsabilidade do mantenedor do Polo embora a CAPES tenha apoiado

    a aquisio. Quando o Polo no tem laboratrio, os estudantes so levados para

    dentro da Instituio, onde so cedidos os laboratrios para realizao das aulas

    laboratoriais. (E1).

    Sobre as principais dificuldades do Polo

    Em ordem de importncia:

    A construo do Prdio- Sede do Polo; a participao do Gestor

    Administrativo-Municpio; o funcionamento do Polo de forma descentralizada.

    (Estudante);

    A participao do Gestor Administrativo-Municpio; a manuteno do Polo

    definio de parcerias e recursos; a construo do Prdio-Sede prpria; o

    funcionamento do Polo de forma descentralizada. (Coordenador de Curso).

    Quanto aos indicadores:

    Quanto aos Indicadores, pelo grfico abaixo, a evaso maior no curso

    de Biologia e no curso de Letras o n de estudantes evadidos tambm considervel.

    Quanto ao item qualidade, o maior percentual est no curso de Letras. Vindo a

    seguir o tempo, aprovao e economia.

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    1011

  • Grfico I- Indicadores

    Consideraes feitas pelos respondentes:

    Tanto a evaso, quanto a qualidade na formao prevalecem em relao ao curso

    oferecido. (Tutor Presencial);

    Aprovao, a economia e a qualidade na formao prevalecem com relao ao

    curso oferecido. (Tutor a Distncia);

    Tivemos um alto ndice de evaso, no entanto credito mais s dificuldades

    pessoais do que propriamente pelas falhas no Curso (...) tivemos muitas disciplinas

    exatas, o que assustou quem pensava encontrar facilidades. (E7);

    Temos aprovao, reprovao evaso. Como muitos alunos residem distantes do

    polo, a questo de tempo relevante, tendo o aluno que gastar dinheiro para pagar vaias

    passagens. De tanto insistirmos, conseguimos declarao para pegarmos gratuidade de

    passagens de nibus e metr no DF, direito de estudantes. Isso muito importante,

    tendo em vista, que a ida e a volta (residncia, polo, vice-versa) custa 10 reais (2 nibus,

    2 metr). A qualidade na formao comprometida, diante do desestmulo de vrios

    alunos que chegam ao polo e veem a falta de biblioteca, de laboratrio enfim, de uma

    verdadeira aula universitria.(E9).

    Interessante observar que apesar do indicador qualidade na formao, ainda

    assim grande a evaso nos cursos. Segundo depoimentos das turmas, a turma de

    Biologia iniciou com 40 estudantes e frequentam atualmente apenas 15, pois

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  • recentemente mais um estudante desistiu. No Curso de Letras, que iniciou com 45

    estudantes, hoje so frequentes apenas 19. H que se considerar, os diversos obstculos,

    causas da evaso, alegados, principalmente pelos estudantes.

    O que afirmam os entrevistados da Instituio I - Categoria 6C Grupo Assessor

    da UAB e a definio de diretrizes e tomada de deciso- acompanhamento e avaliao

    de cursos e polos de apoio presencial.

    Foi um primeiro movimento adotado no sentido de acompanhar melhor o

    Sistema UAB, mas ele ainda no se consolidou na prtica. Isso fica evidenciado em

    visitas aos Polos. um pouco para isso que diz a Portaria, mas na prtica mesmo,

    acontece muito pouco. (E2).

    Contudo est disponvel no sitio do MEC os Indicadores de qualidade para cursos

    de graduao a distncia. Estes subsidiam o planejamento dos cursos. Apesar de

    existirem os Indicadores, Carline e Ramos (2009, p 163) defendem que no h um

    padro nico e consensual nacional ou internacional, a ser empregado na avaliao de

    cursos a distncia.

    Quanto dimenso tcnica e dimenso poltica:

    O aluno torna-se mais independente e com o passar do tempo ele desenvolve

    uma habilidade que s vezes no tinha antes no uso da TIC. (Tutor Presencial);

    Forma cidados mais disciplinados, comprometidos, com senso crtico, pois a

    EAD faz com que o aluno adquira mais responsabilidades e aprenda de forma

    construtiva, aonde ele vai construindo o saber juntamente com discusses a respeito de

    um tema. (Tutor Presencial).

    Discusso

    Necessidades/Desafios do Curso (por ordem de prioridade)

    Na viso dos Coordenadores:

    O problema das instalaes fsicas se concentra muito mais na cobrana dos

    compromissos assinados pelos parceiros locais do que na falta de orientaes ou

    definies das necessidades. Alguns polos simplesmente no cumpriram o

    prometido.

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  • O problema dos recursos humanos se defronta com dois problemas: (a) a

    escolha dos tutores e coordenadores de polo, que nem sempre seguem critrios

    acadmicos e (b) a absoluta ausncia de profissionais especializados em algumas

    sedes de polos.

    Embora os aspectos pedaggicos sejam de extrema importncia, a maior lacuna

    sem dvida ocorreu quanto infraestrutura do polo. A parte pedaggica, sob

    responsabilidade da Universidade, com todas as dificuldades iniciais de

    adaptao para a EAD, conta com profissionais qualificados, no entanto a

    estrutura fsica e a disponibilizao de pessoal para atuar no polo deixou

    muito a desejar.

    Algumas Constataes/Possibilidades:

    (...) a nica forma possvel para que pudesse dar continuidade a minha

    formao profissional. A EaD requer uma adaptao a sua metodologia, pois

    apesar do benefcio de diminuir as distncias e a facilidade de mobilidade de

    horrios, a grande evaso confirma a queda dos mitos quanto facilidade desta

    modalidade educacional, bem como a falta de qualidade dos cursos. (...) uma

    grande soluo para os que realmente querem dar continuidade formao,

    quebrando barreiras e expandindo limites. (E7);

    O Curso superior em EaD certamente garante a formao continuada e o

    desenvolvimento cientfico e tecnolgico da sociedade local, uma vez que

    propicia a atualizao profissional de forma rpida e dinmica, flexibilizando a

    gesto do tempo de cada indivduo de modo a possibilitar que o mesmo se

    mantenha no mercado de trabalho com competncia e autonomia. (E2);

    Sem dvida, a EaD uma estratgia muito boa. Excelente! Ela uma

    modalidade til para a incluso social. O Sistema UAB tem uma grande

    contribuio, que foi socializar, aproximar a EaD das universidades. (E2).

    Concluses

    Existe desarticulao administrativa e pedaggica na gesto dos Cursos de

    Biologia e Letras. Com indicao para os Projetos Polticos Pedaggicos (PPP) dos

    Cursos (em aperfeioamento) como via dessa articulao.

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  • H dificuldades quanto : restrita infraestrutura de apoio no Polo (prdio

    emprestado), indefinio de parcerias, recursos diversos. Com indicao para maior

    participao do Gestor Administrativo-Municpio e construo do prdio prprio.

    So garantidas a dimenso tcnico-cientfica (uso das TIC) para o mundo do

    trabalho e a dimenso poltica para a formao cidad. Atendendo aos aspectos

    pedaggicos, segundo os Referenciais de qualidade da Educao Superior a Distncia

    do MEC (2007).

    Apesar das limitaes encontradas na investigao, como o fato de serem as

    primeiras turmas no Polo Alfa, constatamos que os Cursos de Biologia e Letras, esto

    cumprindo o objetivo maior do Sistema UAB, que contribuir para a formao

    profissional dos Professores da Educao Bsica no Brasil.

    Referncias Bibliogrficas

    Baranano, A. M. (2004). Mtodos e Tcnicas de Investigao em Gesto: Manual de

    Apoio Realizao de Trabalhos de Investigao. Lisboa: Slabo.

    Bardin, L. (2011). Anlise de Contedo. Lisboa: Edies 70.

    Bogdan, R. C., & Biklen, S. K. (1994). Investigao qualitativa em educao: uma

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    Carline, A. L., & Ramos, M. P. (2009). A avaliao do curso. Em M. Formiga & F. M.

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    Brasil, 161-165.

    Decreto no. 5.622 de 19 de Dezembro de 2005. Estabelece as diretrizes e bases da

    educao nacional. (2005). Obtido Janeiro 15, 2011, de

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/decreto/D5622.htm

    Gil, A. C. (1999). Como elaborar projetos de pesquisa. So Paulo: Atlas.

    Godoy, A. S. (1995). Introduo pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de

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    Kearsley, G., & Moore, M. G. (2007). Educao a distncia: uma viso integrada. So

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    Yin, R. K. (2005). Estudo de caso: planejamento e mtodos. Porto Alegre: Bookman

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    Trivios, A. N. S. (1987). Introduo pesquisa em cincias sociais: a pesquisa

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    Vergara, S. C. (2010). Projetos e relatrios de pesquisa em administrao (12th ed.).

    So Paulo: Atlas.

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  • ILUSTRAO: DILOGO ENTRE ARTE E EDUCAO

    Mnica Oliveira

    Brigite Silva

    Escola Superior de Educao de Paula Frassinetti

    [email protected]

    [email protected]

    RESUMO: A ilustrao atual desempenha um papel vital na construo da cultura visual, tendo adquirido uma preponderncia atravs da pluralidade de imagens, temas, estilos,

    formas de representar que incitam a novas formas de interpretar e refletir visualmente o

    mundo em que vivemos. Na atualidade, o livro ilustrado, como meio de comunicao

    artstica, torna-se um objeto educativo incontornvel, quer pelo valor das experincias

    precoces que a capacidade da imagem proporciona criana permitindo criar e recriar o

    mundo atravs dos sentidos, quer por colocar a criana como recetora da sua prpria

    cultura, usufruindo assim do tempo em que vive, quer ainda pelo impacto visual das formas

    de representao, com influncias da arte contempornea, que possibilitam o

    desenvolvimento da sua sensibilidade esttica e da sua representao grfica. A ampliao

    do conceito artstico subjacente ilustrao atual produz efeitos presentes com impactos

    futuros na educao das crianas. Esta investigao pretende lanar novos olhares sobre a

    importncia da ilustrao atual enquanto recurso educativo multidisciplinar e inovador e

    perceber de que forma na educao pr-escolar se tem vindo a utilizar e potenciar a

    ilustrao como recurso educativo.

    Introduo

    Uma caraterstica comum dos livros infantis que, para alm de palavras, utilizam

    imagens para contar histrias. A maioria das vezes so as prprias ilustraes que

    narram, que traduzem todo o significado, com uma ausncia quase total da palavra. A

    importncia destas ilustraes reside no facto de desempenharem um papel fundamental

    para o desenvolvimento intelectual e artstico das crianas: permitem a aquisio de

    conceitos e significados, a articulao de diferentes domnios de aprendizagem,

    desenvolvem a perceo visual e a sensibilidade esttica; adicionalmente estimulam a

    imaginao, a criatividade, o juzo crtico a forma de expresso e comunicao e

    promovem o interesse pela leitura.

    Para as crianas a imagem visual constituiu um elemento muito atrativo. Da que a

    ilustrao de livros infantis se converta numa forma artstica capaz de estabelecer nveis

    de comunicao e de deixar uma marca profunda na conscincia da criana. A ilustrao

    alimenta no s os nossos horizontes percetivos com contedos em permanente

    renovao, como o imaginrio. Para tal tem de conseguir reunir qualidade artstica e

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  • afetiva para dar fora comunicao visual tendo sempre presente a leitura de

    significados. Como afirma Vernica Uribe y Marianne Delon: "Las imgenes y la

    concepcin grfica son de gran importancia en un libro para nios. En el aprendizaje de

    la lectura y en la consolidacin de hbitos de lectura, las imgenes juegan un papel

    interesante de apoyo, motivacin y apresto a la lectura. No deben ser simples adornos

    del libro ni debemos considerar que simplemente hacen al libro ms bonito. Las

    imgenes constituyen por s mismas un lenguaje de fcil aprehensin por parte de los

    nios, que pueden tener tanta o ms importancia que el lenguaje escrito. Por este

    motivo, es indispensable prestar atencin a la calidad grfica de los libros para

    nios" (Uribe e Delon, 1983, p. 27).

    Com este projeto pretende-se conhecer e compreender o trabalho desenvolvido

    pelos educadores de infncia no que concerne educao artstica, mais concretamente,

    no caso especfico, na utilizao da ilustrao como recurso pedaggico. Neste contexto

    torna-se necessrio identificar e problematizar os conhecimentos dos educadores nesta

    rea, as suas competncias, as estratgias de interveno bem como as diferentes

    limitaes de natureza institucional, social, cultural ou pessoal, com o objetivo de

    diagnosticar a prtica educativa atual e promover a (re)construo profissional do

    educador de infncia neste mbito. Foram vrias as questes que emergiram da

    amplitude deste tema: Qual a importncia concedida pelos educadores de infncia

    ilustrao enquanto elemento potenciador de aprendizagem? Qual a natureza das

    competncias que este profissional deve mobilizar perante a cultura visual? Qual a

    importncia da ilustrao no desenvolvimento global da criana? De que forma a

    educao pr-escolar tem vindo a potenciar a ilustrao como recurso educativo? Quais

    as estratgias utilizadas pelo educador no ato de ensinar?

    Tendo em considerao o objetivo do projeto acima apresentado, pretende-se com

    este artigo, concetualizar a noo de ilustrao na atualidade, carateriz-la e apresentar

    os resultados preliminares at esta fase de implementao do projeto.

    A ilustrao atual como recurso educativo

    Entendemos que atualmente o mundo da ilustrao se torna cada vez mais

    pertinente na educao na medida em que apresenta uma panplia de propostas grficas

    centradas no que se entende por arte contempornea, oferecendo assim uma diversidade

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  • e complexidade de solues artsticas e estticas que colocam a criana como recetora

    do seu tempo alargando a sua perceo visual, quer atravs de novos significados e

    novas interpretaes, quer ainda atravs do desenvolvimento do vocabulrio grfico que

    podem utilizar na sua representao plstica.

    A pertinncia da ilustrao atual, como referido, recai na sua proximidade com a

    arte contempornea. Este efeito ocorre por variadas razes nomeadamente por

    intermdio do uso de cdigos grficos e lingusticos de diferentes formas de expresso

    artstica num mesmo espao pictrico (podemos encontrar num livro de ilustrao a

    modelagem, a pintura, a colagem em perfeita harmonia esttica). No existem fronteiras

    entre as artes, que interpenetram-se, contaminam-se, ampliando as potencialidades

    grficas da imagem visual. A coexistncia harmoniosa de vrias tcnicas tradicionais e

    digitais, permite tambm perceber que o vocabulrio artstico foi-se expandindo

    tornando-se hoje mais rico e, simultaneamente, mais complexo.

    Do mesmo modo a intencionalidade e a representao expressiva sofrem

    alteraes do ponto de vista concetual e plstico nomeadamente na seleo dos temas a

    abordar mais prximos da nossa sociedade de hoje (o multiculturalismo, o direito

    diferena, o divrcio, a adoo, os novos medos). Os ilustradores usam o seu poder

    mediador para refletir sobre o contexto cultural que nos rodeia, representando de forma

    grfica a sua perspetiva dos princpios, costumes, valores ticos, morais e estticos,

    entre outros. Os temas tratados pelos artistas so temas que preocupam a sociedade atual

    sendo tratados de acordo com as suas experincias e identidades. A relao entre a vida

    e a arte sempre alimentou o esprito artstico, tendo o quotidiano, cada vez mais,

    ocupado uma posio central nas artes visuais da atualidade. O dia-a-dia, os simples

    objetos de uso utilitrio (tecidos, carto, objetos naturais, papel de jornal, latas, fios,

    embalagens, etc.), bem como outros reciclados comuns da vida quotidiana so

    integrados e redefinidos a partir de novas funcionalidades e significados atingindo o

    estatuto de objetos artsticos que permitem criana comear a perceber que a arte e a

    vida so indissociveis, alimentando-se reciprocamente. Para tal, o artista recorre a

    diferentes referncias, cruzando dessa forma territrios e categorias at ento distintas.

    Esta situao integra a criana no mundo ao qual pertence, aproximando-a da realidade

    por ela vivida, promovendo a sua identidade e o sentimento de pertena comunidade.

    A ilustrao permite criana falar e descrever as situaes de seu tempo, do espao em

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  • que vivem, da realidade que a cerca. Em suma, mostra-lhe uma leitura e aprendizagem

    do mundo e da vida, desperta-lhe a curiosidade e impulsiona a vontade de descobrir.

    As representaes visuais encerram, ainda, modos de ver e julgar visualmente o

    que nos rodeia (Chaplin, 1994; Sauvageot, 1994; Berger, 1999). Uma representao

    visual, mesmo sendo contemplada como uma realizao de autor, denuncia um

    momento histrico preciso, nas suas convenes, tecnologias e tcnicas de figurao, no

    modelo cognitivo e ideolgico. Revela as particularidades sociais que animam as

    relaes especficas entre sujeito e objeto representado. , para todos os efeitos,

    testemunha histrica de um ato simblico expressivo daquilo que so o agente da

    representao e o agente representado.

    Howard Gardner destaca e defende um conjunto de ideias e princpios que, na

    realidade, deveriam servir de guies tanto para qualquer educador de infncia, como

    para qualquer escritor/ilustrador de livros para crianas: Eu quero que as minhas

    crianas compreendam o mundo, mas no apenas porque o mundo um lugar fascinante

    e a mente humana curiosa. Quero que o compreendam de modo a se posicionarem

    para fazer dele um lugar melhor. O conhecimento no o mesmo do que moralidade,

    mas precisamos de o compreender se quer evitar erros do passado e seguirmos direes

    mais produtivas. Uma parte importante dessa compreenso a de saber quem somos e o

    que podemos fazer... Finalmente, devemos sintetizar as nossas compreenses sobre ns

    mesmos. A performance para compreender o que importa a que podemos levar a cabo

    como seres humanos num mundo imperfeito que podemos afetar, para o bem e para o

    mal (Gardner, 1999, p.180-181).

    Igualmente a organizao da imagem pictrica (a escolha dos elementos que

    devem constar da imagem, aqueles que devem estar em destaque, os fundos, a

    articulao com da imagem e do texto, etc.) agora alvo da ateno do artista.

    Nesse sentido, as ilustraes de qualidade evitam enfoques mimticos sobre a

    realidade e reprodues fotogrficas e/ou demasiado realistas conjugando em si mesmo

    um conjunto de estratgias que tornam inevitvel o seu impacto sobre o pblico,

    apelando para uma postura ativa centrada na descodificao da imagem atravs da

    leitura cumulativa dos seus elementos constituintes quebrando uma passividade

    contemplativa tradicional.

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  • Esta situao advm, em grande medida, da postura do artista perante a arte e para

    a qual muito contribuiu a sua formao acadmica. O contato e o estudo aprofundado de

    diferentes movimentos artsticos, diferentes formas de expresso contempornea, a sua

    prtica artstica na qual a investigao, o processo criativo e sensibilidade esttica

    ultrapassam as normas convencionais artsticas, esto hoje evidenciadas na forma de

    ilustrar. Resultado desta nova atitude o facto de hoje se perceber, atravs de enorme

    nmero de publicaes infantis, que o livro se transforma numa espcie de galeria de

    arte dinmica com imagens mveis que viajam com os textos. Como refere Andrican,

    un libro ilustrado por un artista relevante, bien editado y mejor impreso, puede

    funcionar, entonces, como una sala de arte. Y si un libro acta como una pequea

    galera, entonces, una buena biblioteca de libros ilustrados funciona como un museo

    (Andrican, 2005, p.43). Os artistas tm vindo a perceber que a ilustrao um recurso

    didtico muito prximo das crianas que influencia a sua forma de ver e que permite

    prepar-las para apreenderem novas formas artsticas, potenciando a formao de novos

    pblicos nas artes e na cultura. De acordo com Camargo (1995, p. 33), seja no livro

    ilustrado, em que a visualidade dialoga com o texto, seja no livro de imagem, em que a

    ilustrao a nica linguagem, vrias so as funes que ela assume no texto, ao

    descrever, narrar, simbolizar, brincar, persuadir e pontuar pela linguagem plstica.

    Este convite participao ativa das crianas no processo artstico, no caso

    concreto da ilustrao, quer como simples apreciadoras, quer ainda como co autoras em

    experincias mais ricas e mais ousadas, contribuiu em definitivo para a abolio da

    ilustrao como fenmeno meramente decorativo e redundante do texto narrativo. A

    ilustrao atual tende a ser mais interativa e prxima do mundo das crianas de hoje,

    tentando estabelecer nexos entre problemas, lugares, tempos e pessoas e articulando

    contedos interdisciplinares. Da que faa todo o sentido a sua incluso no currculo

    escolar. E se as prticas artsticas esto a mudar, se j no existe um discurso artstico

    totalizador e legitimador para a ilustrao, se os seus fundamentos e meios expressivos

    so diversos, tambm a educao pr-escolar deve acompanhar essa mudana na sua

    prtica. Atualmente o professor no se pode pautar apenas pelo domnio de um conjunto

    fixo de conhecimentos, devendo, pelo contrrio, estar apto a renov-los, a reinterpret-

    los e a problematiz-los.

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  • A ilustrao atual: impacto na educao de infncia

    O contato visual das crianas com formas visuais, tcnicas, materiais e temas

    indagadores e provocatrios transferidos das propostas artsticas atuais , em si mesmo,

    uma forma de educao esttica e artstica.

    Corroborando com a afirmao da ilustradora checa Kveta Pacovsk de que um

    livro ilustrado a primeira galeria de arte que uma criana visita, pode-se afirmar que

    um livro ilustrado, se provido de imagens com proeminente valor esttico, pode

    constituir um relevante contributo para a educao artstica pelas suas potencialidades

    na sensibilizao do olhar e do sentido esttico, essenciais para a formao da criana

    como leitor visual e criadora de imagens.

    A ilustrao, estabelecendo uma relao entre a criana e a arte atual, adquire uma

    funcionalidade ldica na aprendizagem, contribuindo de forma indelvel para a

    construo da sua identidade. Neste sentido, Bruner refere-se (...) narracin como

    forma de pensamiento y como una expresin de la visin del mundo de la cultura. Es a

    travs de nuestras propias narraciones como principalmente construimos una versin de

    nosotros mismos y el mundo, y es a travs de sus narraciones como una cultura ofrece

    modelos de identidad y accin a sus miembros. (Bruner, 1997:15).

    A criao artstica como instrumento de desenvolvimento cultural e social tem

    cada vez mais importncia. Para que a difuso da arte como valor social e cultural seja

    efetiva e de ampla repercusso, o professor deve selecionar livros cujos textos/imagens

    levem, como diz Hernndez (2007), definio de uma nova narrativa educativa: a

    relevncia da viso e da visualidade no mundo contemporneo, as mudanas nas

    representaes sociais sobre a infncia, as mudanas nas artes visuais e a necessidade de

    novos saberes para a educao.

    A ilustrao atual prope um trabalho artstico como fonte para a aprendizagem

    interdisciplinar, promove a perceo e o uso reflexivo da imagem, articula a explorao

    de contedos diversos assim como a interpretao e a criao de artefactos visuais.

    Propor a utilizao da ilustrao como recurso visual, como estmulo da cultura

    visual, favorece caminhos e formas de aprendizagem ativos, para gerar dilogos de

    interpretao e compreenso de subjetividades nas crianas assumindo a posio, como

    Aguirre, que desde un punto de vista educativo, lo que (..) interesa del arte o la cultura

    visual concebidos como experiencia, es su capacidad de convertirse en detonante de la

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    1021

  • transformacin personal de los usuarios, tanto en su calidad de productores como

    receptores (Aguirre, 2011, p. 41).

    Todavia, a interpretao e compreenso das imagens requer uma aprendizagem no

    sentido da literacia visual. A expresso literacia visual ampliou-se, estando presente em

    documentos emanados pelo Ministrio da Educao, onde feita referncia relao

    que a criana estabelece com a imagem. Nas Metas de Aprendizagem (2010) publicadas

    pelo Ministrio da Educao mencionado que a expresso Plstica assenta no

    desenvolvimento das competncias em Literacia nas Artes nomeadamente: no

    desenvolvimento da capacidade de expresso e comunicao, na compreenso das

    artes no contexto, na apropriao da linguagem elementar das artes e no

    desenvolvimento da criatividade (Metas de aprendizagem, 2010).

    Segundo Camargo, tal como a leitura da palavra depende do conhecimento de

    mundo e do conhecimento lingustico, a leitura da imagem tambm depende do

    conhecimento de mundo e do conhecimento da linguagem visual (2006: 13). Isso

    significa que no basta somente ver, preciso aprender a ver. Engana-se quem acredita

    que a leitura de imagens seja puramente instintiva ou fcil; compreender uma narrativa

    visual pressupe uma alfabetizao do olhar. Aprende-se a ler, mas tambm a ver - e o

    papel do educador , tambm, mostrar como decifrar os cdigos visuais, muitas vezes

    extremamente sofisticados. Como afirma Almejeiras, el papel de la educacin artstica

    debiese ser el alfabetizacin artstica (1991:47). Acrescenta ainda que la observacin,

    atenta de la realidad circundante, el estmulo de la creatividad, la motivacin,

    comunicacin e interpretacin de los lenguajes artsticos seran la base de la

    alfabetizacin visual (1991: 49).

    Corroborando com Tishman e Palmer (2007), observar arte requer pensar, sendo

    um modo de cultivar disposies de pensamento. A aproximao das crianas arte,

    mesmo que atravs da explorao de ilustraes, constitui uma oportunidade para o

    desenvolvimento destas disposies de pensamento que envolvem observar, descrever,

    interpretar, questionar e investigar, explorar pontos de vista, explorar complexidades

    visuais, comparar e relacionar (Tishman e Palmer, 2007).

    Segundo Sergio Andrican (2005), a ilustrao atual um caminho para a

    apreciao das artes visuais e para o desenvolvimento da comunicao. um meio, por

    excelncia, para promover da sensibilidade esttica da criana, para estimular os seus

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    1022

  • sentidos para diferentes formas ver e representar, que ultrapassam o figurativo, o bvio,

    o esteretipo, e por conseguinte, do perigo do clich.

    Metodologia de investigao

    Investigar o reconhecimento e a ateno que os educadores de infncia, em termos

    concretos, facultam ilustrao enquanto recurso pedaggico apresenta-se como

    necessrio para se sustentar uma interveno formativa a este nvel.

    A definio de uma pergunta de partida foi essencial para orientar o

    desenvolvimento do trabalho. Deste modo, a pergunta de partida que norteou o estudo

    desenvolvido a seguinte: Que importncia concedida pelos educadores de infncia

    ilustrao enquanto elemento potenciador de aprendizagem?

    Os objetivos principais determinados para esta investigao relacionam-se

    essencialmente com o conhecimento sobre as representaes que os educadores de

    infncia possuem sobre a importncia da ilustrao para o processo educativo e de

    aprendizagem das crianas e sobre o modo como a ilustrao explorada enquanto

    recurso pedaggico tratando-se de um estudo de natureza exploratria com uma

    abordagem metodolgica quantitativa.

    Por conseguinte, os objetivos definidos baseiam-se em: perceber que importncia

    o educador de infncia concede ilustrao quando seleciona os livros que pretende

    apresentar s crianas; perceber que intencionalidade educativa subjaz a ao do

    educador de infncia quando explora a ilustrao com as crianas; conhecer os critrios

    que o educador de infncia considera ao selecionar livros infantis para a sua interveno

    educativa; conhecer as estratgias que o educador de infncia utiliza para explorar as

    ilustraes dos livros com as crianas; perceber o interesse que as crianas manifestam

    pelas ilustraes.

    Sujeitos do Estudo

    A amostra, sendo de convenincia, por se ter selecionado os membros da

    populao mais facilmente acessveis para a obteno da informao (Carmo e Ferreira,

    1998; Sousa, 2009), composta por 58 educadores de infncia selecionados pelo facto

    de exercerem funes, no distrito do Porto, em instituies cooperantes de uma Escola

    Superior de Educao.

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    1023

  • Tcnicas, instrumentos e procedimentos de recolha e de anlise de dados

    O instrumento de recolha de dados utilizado para procurar respostas pergunta de

    partida e aos objetivos determinados foi o inqurito por questionrio, definido por

    Marconi e Lakatos (2002, p. 98) como () um instrumento de coleta de dados

    constitudo por uma srie ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito

    e sem a presena do entrevistador. A utilizao de questionrios tem como principais

    vantagens a economia de tempo e obteno de um grande nmero de dados, pudendo

    chegar a um maior nmero de pessoas e rea geogrfica. Assim, obtm-se respostas

    mais rpidas e precisas, com maior liberdade e segurana quanto ao anonimato e pela

    menor influncia do investigador.

    Com intuito de responder aos objetivos da investigao, o questionrio criado para

    o estudo contm um total de 19 questes que se debruam sobre a caraterizao socio

    profissional dos educadores de infncia inquiridos (7 questes) e sobre a importncia

    concedida ilustrao, estratgias pedaggicas utilizadas nesta rea pelo educador e o

    impacto verificado nas crianas da sua explorao (11 questes).

    Apresentao e Discusso dos Resultados

    A partir das respostas dadas ao questionrio, verifica-se, como representado na

    tabela I, que a maioria dos educadores de infncia inquiridos (79,7%) possuem idades

    inferiores a 40 anos e que 21% possuem idades superiores a 40 anos o que revela ser

    uma amostra maioritariamente jovem.

    Tabela I Idade dos educadores

    Constatou-se que somente um educador de infncia do gnero masculino o que

    refora o facto de ser uma profisso exercida sobretudo por mulheres.

    Tabela II - Gnero dos educadores

    21-30 anos 31-35 anos 36-40 anos 41-45 anos 46 anos

    15% 36% 28% 9% 12%

    Feminino Masculino

    98% 2%

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    1024

  • Pela tabela III pode-se apurar que a maioria dos educadores (84,5%) possui como

    grau acadmico a Licenciatura. Possui ainda o Bacharelato 1,7% e 6,9% dos educadores

    expandiram a sua formao tendo obtido o Mestrado.

    Tabela III Grau acadmico

    Bacharelato Licenciatura Mestrado

    1,7% 84,5% 6,9%

    Relativamente ao tipo de instituies onde os educadores exercem a sua funo

    docente, 50% dos educadores trabalha numa instituio particular de solidariedade

    social (IPSS), 43,1% trabalha numa instituio particular e/ou cooperativa e 5,2%

    trabalha numa instituio pblica.

    Tabela IV - Tipo de instituio onde trabalha

    Pblica Particular e/ou cooperativa IPSS

    5,2% 43,1% 50%

    Como se verifica na tabela V, todas as instituies pertencem ao distrito do Porto

    apesar de variarem quanto ao concelho. O concelho onde trabalham mais educadores

    inquiridos o concelho da Maia com 31%, seguido do Porto com 17,2% enquanto que

    os restantes educadores se distribuem por instituies pertencentes aos concelhos de

    Valongo (12,1%), Vila Nova de Gaia (12,1%), Matosinhos (10,3%), Rio Tinto (3,4%) e

    Gondomar (1,7%).

    Tabela V - Localidade da instituio

    Valongo V. N. de Gaia Maia Porto Matosinhos Gondomar Rio Tinto

    12,1% 12,1% 31% 17,2% 10,3% 1,7% 3,4%

    Pode-se verificar, pela tabela VI, que um menor grupo de educadores (12,1%)

    trabalha com grupos com crianas de diferentes idades em simultneo grupos mistos

    e um maior nmero de educadores (32,8%) trabalha com um grupo de crianas de 5

    anos, 25,9% trabalha com crianas de 4 anos e 27,6% trabalha com crianas de 3 anos.

    Tabela VI - Idade do grupo de crianas com quem trabalha

    3 anos 4 anos 5 anos Misto: 3+4 anos Misto: 4+5 anos Misto: 3+4+5 anos

    27,6% 25,9% 32,8% 1,7% 5,2% 5,2%

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    1025

  • Os dados recolhidos permitem verificar (ver tabela VII) que o educador que tem

    um maior impacto na seleo dos livros infantis a serem disponibilizados s crianas na

    instituio educativa. A direo/coordenao da instituio tem uma menor influncia

    nos livros selecionados (22,4%). Ainda, 36% dos educadores inquiridos referem que as

    crianas tambm tm voz na seleo dos livros infantis disponibilizados e 34,5% refere

    que alguns livros so oferecidos. Pde-se verificar que uma educadora menciona

    somente livros oferecidos podendo-se deduzir que a qualidade dos livros, nesta sala,

    est sobretudo dependente de quem os oferece.

    Tabela VII Quem seleciona os livros infantis para a sala

    Educador Direo/coordenao da

    instituio

    Crianas Oferecidos

    96,6% 22,4% 36,2% 35,5%

    Pelo grfico seguinte, observa-se que os educadores no tm como principais

    critrios na seleo dos livros o autor da ilustrao. Consideram pouco importante ao

    autor do texto e o facto de ser uma publicao recente em detrimento da qualidade do

    texto em que 32,8% refere como sendo o critrio mais importante. Do tambm muita

    importncia concordncia da ilustrao com o texto (22% refere como mais

    importante), a qualidade da ilustrao (37,9% refere como o 2 aspeto mais importante).

    Pode-se assim referir que os critrios mais considerados na seleo dos livros so, em

    primeiro lugar, a qualidade do texto e, em segundo lugar, a qualidade da ilustrao.

    Grfico I - Critrios que tem em conta na escolha dos livros infantis

    32,8%

    13,8%

    22,4%

    12,1%

    1,7%

    10,3%

    19%

    37,9%

    8,6%

    12,1%

    3,4%

    10,3%

    13,8%

    6,9%

    20,7%

    17,2%

    1,7%

    10,3%

    1,7%

    22,4%

    0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

    A qualidade do texto

    A qualidade da ilustrao

    A concordncia da ilustrao com o texto

    O apelo criatividade

    O autor da ilustrao

    O autor do texto

    Pertencer ao Plano Nacional de Leitura

    Ser uma publicao recente

    O tema est relacionado com o trabalho emdesenvolvimento

    3 (Menosimportante)

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  • Dos educadores inquiridos, 87,9% refere que d muita importncia ilustrao

    quando seleciona os livros e 10,3% do alguma importncia. Nenhum educador

    menciona que d pouca ou nenhuma importncia ilustrao.

    Tabela VIII - Importncia concedida ilustrao quando seleciona os livros

    Nenhuma Pouca Alguma Muita

    0% 0% 10,3% 87,9%

    A razo que os educadores de infncia inquiridos mais apontam como sendo a

    mais significativa face importncia concedida ilustrao diz respeito ao facto de esta

    ajudar a criana na compreenso do texto. O facto de a ilustrao ser apontada como

    promotora do desenvolvimento esttico e da criatividade tambm so razes apontadas

    de forma mais expressiva.

    Grfico II - Razes que justificam a importncia concedida ilustrao

    Os educadores de infncia consideram que a ilustrao tem uma influncia mais

    importante no desenvolvimento cognitivo das crianas (62% referem como o domnio

    25,9%

    5,2%

    17,2%

    5,2%

    27,6%

    10,3%

    3,4%

    0%

    13,9%

    12,1%

    19%

    5,2%

    19%

    5,2%

    13,8%

    5,2%

    1,7%

    13,9%

    10,3%

    15,5%

    10,3%

    10,3%

    3,4%

    8,6%

    20,7%

    3,4%

    1,7%

    0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

    Desenvolve a sensibilidade esttica

    Desenvolve a perceo visual

    Estimula a criatividade

    D a conhecer criana reresentaes grficasdiferentes da sua

    Ajuda a criana na compreenso do texto

    D a conhecer criana tcnicas e materiais

    uma forma de comunicao

    Ajuda a criana a ampliar a sua representaogrfica

    Acrescenta dados que o texto literrio no indica

    Limita a criatividade da criana na sua forma derepresentar

    Desconcentra a criana da leitura do texto

    3 (Menos importante)

    2

    1 (Mais importante)

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    1027

  • mais influenciado) em confrontao com o desenvolvimento esttico, grfico ou

    lingustico.

    Grfico III - Domnios de desenvolvimento em que a ilustrao poder ter influncia na criana

    Os educadores mencionam que quando trabalham com a ilustrao tm como

    principais objetivos contribuir para o desenvolvimento da representao grfica das

    crianas seguindo-se objetivos como dar a conhecer o vocabulrio da linguagem

    plstica, ajudar as crianas a interpretar narrativas visuais e ajudar as crianas a

    compreender a histria.

    Grfico IV - Objetivos que pretende alcanar quando trabalha a ilustrao com as crianas

    62%

    17,2%

    19%

    19%

    37,9%

    39,7%

    1,7%

    17,2%

    41,4%

    39,7%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

    Cognitivo

    Grfico

    Esttico

    Lingustico

    3 (Menos importante)

    2

    1 (Mais importante)

    1,7%

    17,2%

    36,2%

    5,2%

    5,2%

    15,5%

    17,2%

    20,7%

    1,7%

    19%

    10,3%

    17,2%

    8,6%

    17,2%

    1,7%

    1,7%

    13,9%

    10,3%

    19%

    13,9%

    6,9%

    1,7%

    17,2%

    8,6%

    1,7%

    0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

    Proporcionar um entretenimento s crianas

    Dar a conhecer o vocabulrio da linguagem plstica

    Dar a conhecer tcnicas

    Dar a conhecer materiais

    Contribuir para o desenvolvimento da representaogrfica das crianas

    Desenvolver capacidades visuais

    Articular as imagens com outras reas do saber

    Ensinar a reproduzir modelos

    Ajudar as crianas a compreeender a histria

    Ajudar as crianas a interpretar narrativas visuais

    Desenvolver a linguagem oral

    Desenvolver a memria e capacidade de expressooral ao recontar o que ouviu

    3 (Menos importante)

    2

    1 (Mais importante)

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  • Somente uma educadora de infncia refere no ser frequente mostrar imagens

    quando conta uma histria. Mostrar imagens s crianas quando contam histrias

    revela-se uma prtica comum por parte dos educadores.

    Tabela IX - Quando conta uma histria s crianas, frequente mostrar as imagens

    Sim No

    98,3% 1,7%

    O dilogo sobre a ilustrao observada, o reconto da histria a partir das

    ilustraes e propostas de trabalhos de expresso plstica sobre a histria apresentada

    so as estratgias mais utilizadas pelos educadores de infncia para explorarem a

    ilustrao.

    Grfico V Como trabalha a ilustrao com as crianas

    Pela tabela seguinte percebe-se uma grande diversidade de ilustradores que so

    dados a conhecer s crianas. Verifica-se que muitos dos nomes referidos so

    ilustradores portugueses. Manuela Bacelar (65,5%), Andr Letria (56,9%) e Marta

    Torro (44,8%) so os ilustradores mais apresentados s crianas.

    31,0%

    6,9%

    22,4%

    8,6%

    22,4%

    5,2%

    24,1%

    3,4%

    13,8%

    29,3%

    15,5%

    1,7%

    8,6%

    17,2%

    6,9%

    5,2%

    37,9%

    25,9%

    1,7%

    3,4%

    0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

    Promove o dilogo sobre a ilustrao observada

    Mostra as ilustraes sem qualquer comentrio medida que l o texto

    Realiza a leitura da histria atravs da anlise dailustrao

    Prope trabalhos de expresso plstica sobre ahistria apresentada

    Pede-lhes para recontar a histria atravs dasilustraes

    D a conhecer as tcnicas utilizadas pelo educador

    D a conhecer os materiais utilizados peloilustrador

    D a conhecer os diferentes ilustradores

    Promove o dilogo sobre os elementos dalinguagem plstica

    3 (Menos utilizada)

    2

    1 (Mais utilizada)

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  • Tabela X - Ilustradores apresentados s crianas

    Manuela Bacelar 65,5% Rosa Maria Curto 1,7%

    Andr Letria 56,9% Ins Burgos 1,7%

    Marta Torro 44,8% Jos Matos 1,7%

    Carla Pott 25,9% Miguel Tanco 1,7%

    Madalena Matoso 22,4% Mafalda S 1,7%

    Cristina Valadas 20,7% Maria Joo Lopes 1,7%

    Joo Vaz de Carvalho 15,5% Rui Truta 1,7%

    Gmeo Lus 12,1% Christian Voltz 1,7%

    Eric Carle 6,9% Carla Antunes 1,7%

    Pedro Leito 5,2% David Mckee 1,7%

    Kveta Pacovsk 4,2% Oliver Jeffers 1,7%

    Ftima Afonso 3,4% Helga Bansch 1,7%

    Raquel Pinheiro 3,4% Susana Oliveira 1,7%

    Oscar Vill 3,4% Mafalda Milhes 1,7%

    Srgio Mora 3,4% Joana Quental 1,7%

    Yara Kono 3,4% Leo Lionni 1,7%

    Bernardo Carvalho 3,4% Armando Alves 1,7%

    Marta Madureira 3,4% Gianni Rodari 1,7%

    Jos Cardoso Marques 3,4% Pierre Couronne 1,7%

    Liliane Crismer 3,4% Elsa L 1,7%

    Roger Olmos 3,4% Danny Wojciechowski 1,7%

    Joana Quental 3,4% Ute Krause 1,7%

    Joana Alves 1,7% Sarah Pirson 1,7%

    Daniela Gonalves 1,7% Anthony Browne 1,7%

    Carla Nazareth 1,7%

    Todos os educadores de infncia so unnimes ao afirmar que as crianas

    preveem acontecimentos/aes numa narrativa atravs das ilustraes (87,9%), criam as

    suas prprias narrativas atravs de imagens (86,2%), identificam e descrevem aes/

    personagens/ espaos atravs das imagens (91,4%), exploram a relao da imagem com

    a histria narrada (74,1%).

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  • Grfico VI Capacidades das crianas perante o visionamento de ilustraes

    Somente 3,5 % dos educadores referiram que as crianas no possuem livros de

    ilustrao ao seu acesso na sala.

    Tabela XI - Existncia de livros de ilustrao ao acesso das crianas

    Sim No

    93,1% 3,5%

    Os educadores, na sua maioria (65,5%), referem que as crianas do muita

    importncia ilustrao enquanto 29,3% dos educadores no so to afirmativos

    relativamente reao de importncia concedida pelas crianas ilustrao, referindo

    que estas do alguma importncia. Os restantes 3% de educadores no responderam a

    esta questo.

    Tabela XII Importncia dada pelas crianas ilustrao

    Nenhuma Pouca Alguma Muita

    0% 0% 29,3% 65,5%

    O interesse que as crianas demonstram pela ilustrao , segundo os educadores

    inquiridos, sobretudo verificvel quando recorrem s imagens para contar a histria

    (65,5% - mais frequente).

    87,9% 86,2% 91,4%

    74,1%

    12,1% 13,8% 8,6%

    25,9%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    Prever acontecimentos/aes numa narrativaatravs das ilustraes

    Criar as suas prpriasnarrativas atravs de

    imagens

    Identificar e descreveraes/ personagens/espaos atravs das

    imagens

    Explorar a relao daimagem com a histria

    narrada

    Sim

    Em parte

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    1031

  • Grfico VII Modo como as crianas demonstram interesse pela ilustrao

    Consideraes finais

    Os dados recolhidos a partir do inqurito por questionrio efetuado aos

    educadores de infncia permitem apurar que a ilustrao entendida e usada pelos

    educadores como um elemento com potencialidades pedaggicas ao qual reconhecem

    valor centrando a sua ateno em ilustradores portugueses de reconhecido mrito nesta

    rea que utilizam uma linguagem contempornea e que vai ao encontro das

    potencialidades educativas apresentadas neste artigo. Na seleo dos livros, os

    educadores valorizam sobretudo a qualidade do texto, embora a qualidade da imagem

    seja tambm uma das suas prioridades. Esta questo justifica que a maioria dos

    educadores considere a ilustrao como elemento que ajuda a criana na compreenso

    do texto ainda que salientem tambm a importncia no desenvolvimento da

    sensibilidade esttica, contribuindo sobretudo para a representao grfica e para o

    conhecimento do vocabulrio da linguagem plstica.

    So vrias as estratgias que os educadores utilizam para trabalhar a ilustrao

    que passam fundamentalmente pelo dilogo sobre a imagem, a leitura da histria atravs

    da anlise da ilustrao que permitem criana, como os mesmos referem, preverem

    acontecimentos/aes numa narrativa, criarem as suas prprias narrativas, identificarem

    e descreverem aes, personagens e espaos atravs das imagens, explorarem a relao

    da imagem com a histria narrada. Tambm os trabalhos sobre expresso plstica so

    65,5%

    19%

    1,7%

    8,6%

    1,7%

    1,7%

    19%

    32,8%

    13,8%

    32,8%

    8,6%

    24,1%

    29,3%

    31,0%

    1,7%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

    Recorrem s imagens para contar a histria

    Concentram-se nas imagens que compe a histria

    Recorrem s imagens quando tem dificuldade emrepresentar

    Questionam ou comentam as imagens

    Pedem para visualizar a ilustrao

    Recorrem s imagens para reinventar uma novahistria

    Quando querem desenhar algo que ainda no fizerampedem para ir buscar um livro para os ajudar

    3 (Menos frequente)

    2

    1 (Mais frequente)

    Atas do XII Congresso Internacional Galego-Portugus de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013 ISBN: 978-989-8525-22-2

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  • uma das estratgias de eleio dos educadores. Em suma, podemos afirmar que existe

    uma preocupao por parte dos educadores em centrarem o seu trabalho quer no aspeto

    cognitivo, quer ao aspeto produtivo da educao artstica que pressupe um impacto no

    desenvolvimento das crianas. Este impacto advm do enorme interesse das prprias

    crianas na ilustrao e pelo facto de terem livre acesso aos livros de ilustrao. Este

    aspeto verifica-se fundamentalmente quando elas recorrerem s imagens para contar

    histrias e quando as questionam ou as comentam de forma livre e espontnea.

    Para finalizar, importante referir que as ilustraes enquanto recurso pedaggico

    concorrem para alfabetizao visual, aquela que compreende o universo das imagens,

    e cuja leitura permite que se amplie o prazer de ver, para compreender o sentido de que

    se reveste o texto. A leitura da ilustrao permite criana desenvolver uma maior

    capacidade de avaliao e compreenso das imagens que as cercam e que compem a

    cultura visual do seu tempo. Ampliando a sua viso, as crianas podero ser capazes de

    questionar e criticar a qualidade das ilustraes dos livros que leem, no apenas quanto

    ao seu carter esttico, mas tambm no que se reporta ao significado das imagens

    relacionando-as com o mundo que os circunda. Explorar visualmente as ilustraes

    aproveitar o museu na prpria sala de atividades e promover, por conseguinte,

    disposies de pensamento.

    Referncias bibliogrficas

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  • MEDIAO CULTURAL: A EDIO E A SUA RELAO COM AS POLTICAS CULTURAIS/ESCOLA NA CONSTRUO DO GOSTO

    Isabel Garcez

    Universidade de Lisboa

    [email protected]

    RESUMO: So as sucessivas polticas culturais pblicas que definem a cultura de um pas e no ser por acaso que a leitura um campo sempre privilegiado, pois o livro permite

    aceder democraticamente obra original de um autor cada um dos exemplares to

    autntico como qualquer outro , apresenta-se com grande potencial perante as novas

    tecnologias e , de entre os vrios produtos culturais, um dos mais acessveis. O atual ambiente cultural que tende valorizao de formas culturais tidas como

    populares no argumento para diminuir a qualidade da formao de pblicos, pois estes

    devem tornar-se aptos a usufrurem prazenteiramente das formas mais exigentes de arte.

    Assim, o papel do Estado no caso o Plano Nacional de Leitura , da Escola

    nomeadamente o programa Ler + Escolas e, finalmente, dos Editores no que concerne s

    suas linhas editoriais e s relaes que estabelecem, tanto com o PNL como com as escolas

    devero ser vistos como agentes preferenciais na formao de pblicos e na construo do

    gosto desses mesmos pblicos, pois a partir do gosto que se constri a gramtica que nos

    permite aceder s muitas representaes possveis do mundo.

    Como j dizia Karl Marx,[...] preciso considerar a sensibilidade

    como atividade prtica dos sentidos do homem

    (Piaget, 2010: 167)

    Iniciamos esta reflexo com uma rara citao em que os editores, os autores e os

    livreiros so contemplados na listagem dos mediadores da leitura:

    muito importante a figura do mediador [...] (pais, professores, educadores,

    assistentes sociais ou bibliotecrios, ainda que, em boa verdade, deveramos

    considerar tambm como tal os editores, os autores ou os livreiros). (Lluch.

    Apud Torremocha, 2010:98).

    Em nossa opinio, a presena rara destas tradicionalmente excludas figuras nos

    inmeros estudos sobre mediao cultural, em geral, e mediadores de leitura, em

    particular, dever-se- a vrios fatores: o facto de serem muito poucos os autores,

    editores e livreiros que tambm refletem criticamente sobre as suas funes

    profissionais, entre elas, o seu papel na mediao da leitura; o facto de estas figuras

    estarem posicionadas na cadeia dos livros e da leitura antes de os livros chegarem aos

    leitores o que acaba por permitir uma sndrome semelhante quela que leva as

    crianas a pensar que o leite nasce nos pacotes, ou que, por analogia, os livros

    nascem nas prateleiras; e, finalmente, o facto de atualmente a mediao cultural estar

    Atas do XII Congresso Internacional Galego-Portugus de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013 ISBN: 978-989-8525-22-2

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  • marcadamente mercantilizada, o que afasta estes quadros da responsabilidade social e

    cvica do seu trabalho.

    A esta lista de fatores, acrescentamos ainda a particularidade da figura do autor,

    primeiro ator em todo o processo pelos menos, o autor-artista , mas que, muito

    embora esteja mais ou menos consciente de que o seu trabalho oferece leituras do

    mundo, no est, na esmagadora maioria dos casos, a pensar no tipo de receo que a

    sua obra ter.

    Assim, qualquer trabalho sobre mediao cultural e de leitura deveria implicar

    refletir tambm sobre as figuras do autor, do editor e do livreiro, pois s com eles se

    poder integrar o estudo sobre a edio e, sem refletir sobre a edio propriamente dita,

    qualquer estudo sobre mediao cultural conter uma lacuna grave.

    O que um indito? O que a edio? O que um dito? Como as prprias

    palavras indicam, h, entre o primeiro e o ltimo, uma dimenso temporal, porque um

    indito s pode existir antes de deixar de o ser, ie, antes de ser dito, dado que a

    edio tem um sentido nico e irreversvel. a edio que transforma o indito em

    dito , pelo que nunca ser de mais realar a responsabilidade inerente e

    intransmissvel da edio enquanto mediador do sempre poderoso e misterioso veculo

    que a palavra e do modo como esta, atravs do seu suporte privilegiado o livro , se

    apresenta editada, ie, definida, definitiva e pblica.

    Defendemos que a primeira responsabilidade de um editor relativa ao prprio

    texto em que trabalha: desde o primeiro momento, o editor ter de abrir uma plataforma

    de dilogo exclusiva com o texto, pois s assim se garante que esse texto especfico

    respeitado em todo o processo de produo, de modo a poder ser acedido, sob a forma

    de objeto-livro, pelo leitor final com integridade.

    As entidades autor o que cria , editor o que medeia e recetor o que recebe

    tm exatamente a mesma idade histrica, mesmo que as respetivas aes/funes s

    recentemente1 tenham a clareza de posicionamento atuais. Parece-nos por isso legtimo

    deduzir que estaro fadadas a existir em conjunto, para sempre. A obra de arte e/ou de

    conhecimento pode existir apenas enquanto obra resultante do impulso criador do seu

    1 Genericamente, estas diferentes figuras que, durante a Antiguidade e grande parte da Idade Mdia, muitas vezes se

    conjugavam/misturavam na mesma pessoa s depois de Guttenberg comearam a ganhar, cada uma delas, autonomia, tanto em

    termos de denominao como em termos dos diferentes direitos e deveres que detinham.

    Atas do XII Congre