aquele que leva o sacrifício

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  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    Èsù Elebo

    EBO

     

    Para melhor compreensão do porque da necessidade deoferendas aos deuses vamos aqui discorrer sobre o mito dacriação de Èsù, princípio dinâmico e princípio da existênciaindividualizada.A anlise de Èsù se imp!e como imprescindível paracompreensão da ação ritual e do sistema comototalidade. Princípio dinâmico e de expansão de tudo o queexiste, sem ele todos os elementos do sistema e seu devir

    "cariam imobilizados, a vida não se desenvolveria. #e$undo aspr%prias palavras de Ifá, &cada um tem seu pr%prio Èsù e seupr%prio Olórun, em seu corpo' ou &cada ser humano temseu Èsùindividual, cada cidade, cada casa (linha$em), cadaentidade, cada coisa e cada ser tem seu pr%prio Èsù', e mais, &se al$u*m não tivesse seu Èsù em seu corpo, não poderiaexistir, não saberia que estava vivo, porque * compuls%rio quecada um tenha seu Èsù individual'. +m virtude da maneira

    como Èsù foi criado porOlódùmarè, ele deve resolver tudo oque possa aparecer e isso faz parte de seu trabalho e de suasobri$aç!es. ada pessoa tem seu pr%prioÈsù- e ele devedesempenhar o seu papel, de tal modo que aude a pessoapara que ela adquira um bom nome e o poder de desenvolver/se.Olódùmarè fez Èsù  como se fosse um medicamento de poder sobrenatural próprio para cada

    pessoa. Isto quer dizer que cada pessoa tem à mão seu próprio remédio de poder sobrenatural

    podendo utilizá-lo para tudo o que desejar.  Èsù  exerce as mesmas funções para todosos ebora. ó os seres !umanos não podem "er seu Èsù  particular. #s ebora$ osòrìsà e todos

    os Irúnmalè podem "er-se a si próprios% acompan!ados de seu Èsù % fato que l!es permite

    executar tudo o que tem necessidade% de acordo com as maneiras espec&ficas e os de"eres de

    seu Èsù . 0os ritos de oferendas ambos comem untos- o nome decada Èsù acompanhante * conhecido, invocado e cultuado unto ao òrìsà, como elemento indestrutívelmente li$ado aele. A hist%ria conta que nas remotasori$ens,Olódùmarè e Òrìsànlá estavam começando a criar o

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    ser humano. Assim criaram Èsù, que "cou mais forte, maisdifícil que seus criadores.Olódùmarè enviou Èsù para vivercom Òrìsànlá- este colocou/o 1 entrada de sua morada e oenviava como seu representante para efetuar todos os

    trabalhos necessrios. 2oi então queÒrùnmìlà deseoso de terum "lho, foi pedir um a Òrìsànlá. +ste lhe diz que ainda nãotinha acabado o trabalho de criar seres e que deveria voltarum mês mais tarde. Òrùnmìlà insistiu, impacientou/sequerendo a qualquer preço levar um "lho consi$o. 3r4s1nlrepetiu que ainda não tinha nenhum.+ntão per$untou5 6ue * aquele que vi 1 entrada de sua casa7 8aquele mesmo que ele quer.Òrìsànlá lhe explicou que aquele

    não era precisamente al$u*m que pudesse ser criado emimado no 1i9*. :as Òrùnmìlà insistiu tantoque Òrìsànlá acabou por aquiescer. Òrùnmìlà deveriacolocar suas mãos em Èsù e , de volta ao àiyé, manterrelaç!es com sua mulherYebìírú, que conceberia um "lho.;oze meses mais tarde, ela deu 1 luz um "lho homem e,porque Òsàlà dissera que a criança seria Alábára, senhor dopoder, Òrùnmìlà decidiu chama/la !lébara- assim desde

    que, Òrùnmìlà pronunciou seu nome, a criança,Èsù mesmo,respondeu e disse5Iyá, ìyá   mãe% mãeNg o je eku   eu quero comer preás A mãe respondeu5 Omo naa jeè  fil!o% come% come,Omo naa jeè  fil!o% come% comeOmo l’okùn  'm fil!o é como contas de coral "ermel!o% Omo ni de  'm fil!o é como cobreOmo ni jìngìndìnrìngìn  'm fil!o é como ale(ria inestin(u&"el%   um se yì, mu s’òrun  'ma !onra apresentá"el% que nos ra eni   representará depois da morte. 

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    +ntão Òrùnmìlà trouxe todos os pres que pode encontrar. 0odia se$uinte a cena se reproduziu5 !o r’omo na  )isto que conse(ui ter um fil!o

     ji logba aso  o que acorda e usa duzentas "estimentasdiferentes%Omo máa *il!o% continue a comer  0o quarto dia, disse que queria comer carne. #ua mãe cantoucomo de hbito e seu pai trouxe/lhe todos os animaisquadr

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    necessrio envia/los a executar os trabalhos que ele lhesordenasse fazer, como se fossem seus verdadeiros "lhos. ?s@asse$urou/lhe que seria ele mesmo quem responderia por meiodos >an$í (pedaços de laterita) cada vez que o chamasse.

    $rùnmìlà  per(untou-l!e sobre a mãe que !a"ia sido de"orada% e ele de"ol"eu sua mãe ao pai eacrescentou/ $rùnmìlà ki o maa k'si oun

    "i ó ba fee ba b$b$ à#$n n%an"i eran a&i eye'i òun (e &i àiyé)è òun ó máà ràn án ló#ó

    lá&i bà *adà fún là&i $#$ à#$n Om$ aràiyé. $rùnmìlà  de"eria c!ama-lo#e ele queria recuperar a todos eada um dos animais e das aves6ue ele tinha comido sobre a terra+le (?s@) os assistiria paraeavê/los das mãos da humanidade.

     ;essa hist%ria rica em informaç!es, queremos destacar arelação que o ì&an estabelece entre o povoamento ou onascimento de descendentes, com a voracidade a$ressiva dorec*m/nascido e a devolução ulterior de tudo o que foiengolido B devido ao pacto. Particularmente a restituição damãe/símbolo, Yébìírú, 9* C bi C ir

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    de ?s@ !leb$ , oproprietrio, o que controla, o que re$ulao eb$, a oferenda ritual.Por ser a

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    a$iriam. Palavras para que possam agir , devem ser pronunciadas. +ntre

    os iorubas, os $fò são frases curtas nas quais muito freqDentemente o

    verbo que de"ne a ação esperada, o verbo atuante, * uma das sílabas do

    nome da planta ou do in$rediente empre$ado. omo exemplo vamos

    usar um trabalho feito para encontrar onde "car, &ed$.  +le indica aoferenda a ser feita e a encantação apropriada5 um pilão ($dó) * usado

    para encontrar onde acampar (dó)- folhas de &è&è para encontrar onde

    descansar (&è)- folhas bébé  para encontrar onde morar

    (bé). 2reqDentemente, o verbo atuante de uma preparação * o mesmo

    para todas as folhas nela empre$adas, e a mesma sílaba * encontrada

    em cada um dos nomes. 8 o caso, por exemplo, de uma receita para

    tratar lepra ($òùn è&è) em que a sílaba *a  * encontrada nos nomes

    das folhas i%í *u*a, $*arun e òrú*a, e na encantação, que tamb*m * amesma para as três5 ba mi *a àrùn è&è, &aude/me a matar a lepra'.

    F verbo atuante da f%rmula propiciat%ria tamb*m pode ser encontrado

    em mais de uma sílaba do nome da planta. 6uando *èrèún * usada

    em trabalhos para se obter boa sorte #úre $ríre, o elo * criado a partir

    de *èrè, com o $fò *èrèún *e rere #á, &pErE$

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    O2#È "345È $u O/"È A012343 O56 (o$bE/dono/da/casinha/de/

    dinheiro)

     

    ;eve/se pilar e#é *èrèún e imí $(ó *u*a (enxofre vermelho),misturar com sabão da costa e lavar/se com o preparado, dizendo o $fò5

     

     súr' .’aj' .

     Ada ìrììrì *7a(é.

    Oro a.’aj' má ye o6ùn1

    )èrèún ní í *e irúm$lè l7á&7òde òrun #7áyé.

    )èrèún #á l$ rèé *e a(é &èmi #á l7á&7òde òrun.

     +le/que/corre para chamar riquezas

    +le que apressa furiosamente para chamar riquezas

    2ala, chame riquezas sem falhar

    8 )èrèún que chama irúnm$lè do al*m para a terra

    èrègún% a(ora "á e c!ame min!a riqueza do além.

    ONI78 

     

    Onil'  era a fil!a mais recatada e discreta deOlódùmarè.)i"ia trancada em casa do pai e quase nin(uém a "ia$ quase nem se sabia de sua exist,ncia.

    uando os orixás seus irmãos se reuniam no palácio do (rande pai para as (randes audi,ncias

    em que Olódùmarè comunicava suas decis!es, Onil'  fazia um buraco noc!ão e se escondia% pois sabia que as reuniões sempre termina"am em festa%com muita m4sica e dança ao ritmo dos atabaques.

    #nilé não se sentia bem no meio dos outros. 'm dia o (rande deus mandou os seus arautos

    a"isarem/ !a"eria uma (rande reunião no palácio e os orixás de"iam comparecer ricamente

    "estidos% pois ele iria distribuir entre os fil!os as riquezas do mundo e depois !a"eria muita

    comida% m4sica e dança.

    or todo os lu(ares os mensa(eiros (ritaram esta ordem e todos se prepararam com esmero para

    o (rande acontecimento. 6uando che$ou por "m o $rande dia, cada

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    orix diri$iu/se ao palcio na maior ostentação, cada um maisbelamente vestido que o outro,pois este era o desejo de Olódùmarè. Iyam$(àc!e(ou "estida com a espuma do mar%os braços ornados de pulseiras de al(as marin!as% a cabeça cin(ida por um diadema de corais e

    pérolas% o pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola.Osòósì  escol!eu uma t4nica de ramos macios% enfeitada de peles e plumas dos mais exóticos

    animais.

    Osaniyn vestiu/se com um manto de folhas perfumadas.$gún preferiu uma couraça de aço brilhante, enfeitada comtenras folhas de palmeira.$sún escol!eu cobrir-se de ouro% trazendo nos cabelos as á(uas "erdes dos rios.

     9s roupas de $súmar' mostravam todas as cores, trazendo nas mãos

    os pin$os frescos da chuva.Oya escol!eu para "estir-se um sibilante "ento e adornou os cabelos com raios que col!eu da

    tempestade.

    9angó não fez por menos e cobriu/se com o trovão.$salà  trazia o corpo envolto em "bras alvíssimas de al$odão e atesta ostentando uma nobre pena vermelha de papa$aio.+ assim por diante.

    :ão !ou"e quem não usasse toda a criati"idade para apresentar-se ao (rande pai com a roupa

    mais bonita.

    :unca se "ira antes tanta ostentação% tanta beleza% tanto luxo.

    ;ada orixá que c!e(a"a ao palácio deOlódùmarè pro"oca"a um clamor de admiração%que se ou"ia por todas as terras existentes.

    #s $risás encantaram o mundo com suas "estes.

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    apresentar perante o pai, eles mesmos tinham feito a divisãodo mundo.+ntão Iyamojà "cava com o mar,$sún com o ouro e os rios.

     9 $sòósì  deu as matas e todos os seus bic!os%reser"ando as fol!as para $saniyn.

    >eu a Oya o raio e a 9angó o trovão.*ez :salà  dono de tudo que * branco e puro, de tudo que * oprincípio, deu/lhe a criação.>estinou a $sumar' o arco/íris e a chuva. 9 $gún deu o ferro e tudo o que se faz com ele, inclusive a$uerra.

    + assim por diante.>eu a cada òrisà um pedaço do mundo% uma parte da natureza% um (o"erno particular.

    >i"idiu de acordo com o (osto de cada um. + disse que a partir de então cada um seria o dono e

    (o"ernador daquela parte da natureza.

     9ssim% sempre que um !umano ti"esse al(uma necessidade relacionada com uma daquelas

    partes da natureza% de"eria pa(ar uma prenda aoòrisà que a possuísse. Pa$ariaem oferendas de comida, bebida ou outra coisa que fosse dapredileção do òrisà.

    #s òr&sàs% que tudo ou"iram em sil,ncio% começaram a (ritar e a dançar de ale(ria%

    fazendo um (rande alarido na corte.

    Olódùmarè pediu silêncio, ainda não havia terminado.>isse que falta"a ainda a mais importante das atribuições.

    ue era preciso dar a um dos fil!os o (o"erno da =erra% o mundo no qual os !umanos "i"iam e

    onde produziam as comidas% bebidas e tudo o mais que de"eriam ofertar aos òr&sàs.

    >isse que da"a a =erra a quem se "estia da própria =erra.

    uem seria? per(unta"am-se todos?

    @ Onil'  @% respondeu Olódùmarè.@ Onil' ?@ todos se espantaram.

    ;omo% se ela nem sequer "iera à (rande reunião?

    :en!um dos presentes a "ira até então.

    :en!um sequer notara sua aus,ncia.

    @ois Onil' est entre n%sJ, disse Olódùmarè e mandou que todos ol!assem nofundo da co"a% onde se abri(a"a% "estida de terra% a discreta e recatada fil!a.

     9li esta"a Onil' % em sua roupa de terra.

    Onil' % a que também foi c!amada de Ilè% a casa% o planeta.

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    Olódùmarè disse que cada um que habitava a Kerra pa$assetributo a Onil' %pois ela era a mãe de todos% o abri(o% a casa.

     9 !umanidade não sobre"i"eria sem Onil' .

     9final% onde fica"a cada uma das riquezas queOlódùmarè partilhara com"lhos òr&sàs?@=udo está na =erra@% disse Olódùmarè.2# mar e os rios% o ferro e o ouro5%

    #s animais e as plantas% tudo@ % continuou$ até mesmo o ar e o "ento% a c!u"a e o arco-&ris% tudo

    existe porque a =erra existe% assim como as coisas criadas para controlar os !omens e os outros

    seres "i"os que !abitam o planeta% como a "ida% a sa4de% a doença e mesmo a morte.

    ois então% que cada um pa(asse tributo aOnil' %

    foi a sentença final de Olódùmarè.Onil' % òrisà da Kerra, receberia mais presentes que os outros, poisdeveria ter oferendas dos vivos e dos mortos, pois na Kerratamb*m repousam os corpos dos que não vivem.Onil' % também c!amada iy' % a =erra% de"eria ser propiciada sempre% para que o mundo dos

    !umanos nunca fosse destru&do.

    =odos os presentes aplaudiram as pala"ras deOlódùmarè.=odos os òrisàs aclamaram Onil' .

    =odos os !umanos propiciaram a mãe =erra.

    + então Olódùmarè retirou/se do mundo para sempre e deixou o$overno de tudo por conta de seus "lhos òrisàs. 

    Ancestralidade

     

    :a ;ultura Aeje-:a(B %a "ida não se finda com a morte. +)ún*a% é o nome dado ao processo di"ino de exist,ncia 4nica/ 9 continuidade da "ida.

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    Oludumar'  % # upremo >eus Corubá no momento do nascimento oferece aos!omens um conjunto de forças sa(radas que possibilita a "ida.ão elas/ 3/ # corpo f&sico "indo da Dama.

    49È : +lementos do or(anismo !umano.

    O;N / ;oração f&sico e espiritual E Fr(ão que centraliza o poder de "ida e sede da inteli(,ncia%do pensamento e da ação.

    O / # >estino e o camin!o a ser percorrido.

     ?9È :  2orça que movimenta a vida.:3"9+/ Guardião de cada exist,ncia !umana.

     =odos estes aspectos não morremH )oltam as suas ori(ens% isto é% ao Orun% pois pertencem

    aOlorun e só ele pode liberá-las. +stas forças di"inas animaram os antepassados% os ancestrais%

    as ra&zes mães do asè orisà% ao partirem do iye% e "oltam ao iye para animar seus

    descendentes e disc&pulos. 9 ancestralidade confirma a imortalidade% pois a "ida continua no #run

    como ancestrais. >oOrun a ancestralidade a tudo assiste. :o culto de Orisà% ancestrais si(nifica

    9queles que um dia ti"eram a ener(ia de "ida no iye e que cuja ener(ia de "ida é repassada às

    no"as (erações% (arantindo a continuidade da "ida e do culto aos deuses africanosJ% como

    conclusão a "ida presente depende da "ida passada de nossos ancestrais.

     O @A75O =O9 42AN2AN9 

     9tra"és do culto aos ancestrais% os 4gun ou4gungun é poss&"elreconstruir ori(ens% etnias% memória. +ssa memória% enraizada namultiplicidade da !erança ne(ro-africana% expande com força total% umet!os que passando a di"ersidade de suas expressões manifestas E

    :a(B% Aeje% 9n(ola% ;an(o% etc. E permite re"elar estruturas% "alores%normas% denominadores comuns onde a questão da ancestralidadem&tica e !istórica% marca a exist,ncia de uma forte comunalidade. 8 namemória e no culto aos antepassados que essa comunalidade seafirma I>IJ

    +(un(un ou +(un% esp&rito ancestral de pessoa importante%!omena(eado no 8ul&$ a$s !unun% esse culto é feito em casas separadasdas casas de Orisa. No Brasil o culto principal à 4gungun é praticado na Il!adeI&a*arí9a no +stado da "a:ia mas existem casas em outros +stados.

    http://www.orixas.com.br/wiki/Culto_aos_Egungunhttp://www.orixas.com.br/wiki/Culto_aos_Egungunhttp://www.orixas.com.br/wiki/Orix%C3%83%C2%A1http://www.orixas.com.br/wiki/Orix%C3%83%C2%A1http://www.orixas.com.br/wiki/Brasilhttp://www.orixas.com.br/w/index.php?title=Itapar%C3%ADca&action=edithttp://www.orixas.com.br/w/index.php?title=Itapar%C3%ADca&action=edithttp://www.orixas.com.br/wiki/Bahiahttp://www.orixas.com.br/wiki/Culto_aos_Egungunhttp://www.orixas.com.br/wiki/Orix%C3%83%C2%A1http://www.orixas.com.br/wiki/Brasilhttp://www.orixas.com.br/w/index.php?title=Itapar%C3%ADca&action=edithttp://www.orixas.com.br/wiki/Bahia

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    #s na(Bs% então% cultuam os esp&ritos dos @mais "el!os@ de di"ersasformas% de acordo com a !ierarquia que ti"eram dentro da comunidadee com a sua atuação em prol da preser"ação e da transmissão dos"alores culturais. + só os esp&ritos especialmente preparados para

    serem in"ocados e materializados é que recebem o nome +(un%+(un(un% Labá +(un ou simplesmente Labá paiJ% sendo objeto desseculto todo especial.orque o objeti"o principal do culto dos 4gun é tornar "is&"el o esp&ritodos ancestrais% a(indo como uma ponte% um "e&culo% um elo entre os"i"os e seus antepassados. + ao mesmo tempo em que mantém acontinuidade entre a "ida e a morte% o culto mantém estrito controle dasrelações entre os "i"os e mortos% estabelecendo uma distinção bem

    clara entre os dois mundos/ o dos "i"os e o dos mortos os dois n&"eisda exist,nciaJ#s 4gungun se materializam% aparecendo para os descendentes e fiéisde uma forma espetacular% em meio a (randes cerimBnias e festas% com"estes muito ricas e coloridas% com s&mbolos caracter&sticos quepermitem estabelecer sua !ierarquia#s #abá(4gun ou 4gun(gbá  os ancestrais mais anti(osJ sedestacam por estar cobertos de b4zios% espel!os e contas e por um

    conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é c!amado 9balá%além de uma espécie de a"ental c!amado #an)B% e por emitirem uma"oz caracter&stica% (utural ou muito fina. #s .araká são 4gun mais

     jo"ens/ não t,m balá  nem#an)B e nem uma forma definida$ e sãoainda mudos e sem identidade re"elada% pois ainda não se sabe quemforam em "ida.

     9credita-se% então% que sob as tiras de pano encontra-se um ancestralcon!ecido ou% se ele não é recon!ec&"el% qualquer coisa associada à

    morte. :este 4ltimo caso% o 4gungunrepresenta ancestrais coleti"osque simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidosentre todos os 4gungun%  $uardiãs que são da *tica e dadisciplina moral do $rupo.:o s&mbolo @4gungun@ está expresso todo o mistério da transformaçãode um ser deste mundo num ser do além% de sua con"ocação e de suapresença no 9iM, o mundo dos "i"osJ. +sse mistério  *CJ constitui oaspecto mais importante do culto. 

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     IIB(ID' / # Lerço Keli(ioso dos %orubas% deOdùdu*à a 9àngó

    IlB(ID'  a ori(em do eus compassivo, que olha por todos com bondadee miseric%rdia.

    Olódùmarè o ser superior dos yorubas% que "i"e num uni"erso paralelo ao

    nosso% con!ecido como $rún% por isso +le é também con!ecido como +jàlórún

    e Olórun @en!or ou Kei do Or4n@% que atra"és dos $rìsàs por +le criados,resolve incumbir um dos $rìsà DunDun do brancoJ% $r&nsànlá % o (rande$rìsàJ o primeiro a ser criado% também c!amado de $rìsà(nlá  e de Obà)álá,

    de criar e (o"ernar o futuro +iy'  / a =erra% do nosso uni"erso con!ecido.

    +le l!e entre(a o +.ò(I*á  a sacola da exist,nciaJ o qual contém todas as

    coisas necessárias para a criação% e é aclamado como láàbáláàse% @en!or 

    que tem o poder de su(erir e realizar@. ;omo a tradição manda"a% para

    todos% antes de iniciar a "ia(em ele foi consultar o oráculo de IDá % com

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    $rúnmìlà% outro $rìsà DunDun% e este l!e orientou a fazer al(uns

    sacrif&cios a di"indade Èsù % mas se ele já era or(ul!oso e prepotente%

    mais ainda ficou% se recusou e nada fez% mas foi a"isado que infort4nios

    poderiam ocorrer.

    $rìsànlá % de posse do +.ò(I*á % põe-se a camin!ar pelo $rún% para c!e(ar à

    @porta do espaço@% até então um "azio% que "iria a ser o +iy' . +le é o

    $rìsà que usa um cajado ritual con!ecida comoò.ásóró% durante o camin!o%

    com muita sede% ele se defronta com o igi(ò.' ár"ore do dend,zeiroJ e com

    o seu ò.ásóró% perfura o caule da ár"ore da qual começa a @jorrar o emu @

    "in!o de palmaJ% e põe-se a beber% a tal ponto% que cai totalmente

    embria(ado no pé da palmeira e dorme profundamente. # infort4nio começa

    acontecer.

    Odùdu*à#utro $rìsà DunDun% o se(undo criado por Olódùmarè% por conceito

    @irmão mais no"o@ de $rìsànlá % ficou enciumado% porque Olódùmarè tin!a

    entre(ado a $rìsànlá  o +.ò(I*á % e o esta"a se(uindo pelos camin!os do

    $rún% esperando que ele cometesse al(um deslize% o que de fato aconteceu.

    Odùdu*à% encontrando-o naquele estado% apodera-se do +.ò(I*á  e le"a-o até

    Olódùmarè% narrando o acontecido% e% por este fato% Olódùmarè dele(a a

    Odùdu*à o poder de criar o +iy'  e por punição incumbe a $rìsànlá  de

    somente criar e modelar os corpos dos seres !umanos no $rún% sob sua

    super"isão e o pro&be terminantemente de nunca mais beber o emu .

    Odùdu*à então% cumpre a tradição e faz as obri(ações% para se tornar o pro(enitor 

    dos %orubas% do

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    6uando Olóurante todo este tempo% Odùdu*à que já esta"a casado com "yá Olóòkun%

    di"indade feminina% responsá"el e dona dos mares% tem dois fil!os% o

    primo(,nito% a di"indade $gún e uma fil!a de nome "sèd'lè. # tempo passa%

    e Odùdu*à% que era uma di"indade ne(ra% porém albina% incumbe seu fil!o

    $gún de ir para a aldeia de $gò)ún% "izin!a deID' % conter uma rebelião.

    $gún% di"indade ne(ra%  senhor do ferro, parte para sua missão erealiza ointento, trazendo consi$o 7akanje% fil!a do rebelde "encido. #ra% 7akanjeera espólio de Odùduwà% o :òni  de lD' % portanto intocá"el% mas 7akanje era

    muito bela e extremamente sensual e $gún não resistiu aos seus encantos e

    com ela te"e "árias noites de amor% durante sua "ia(em de "olta. ;!e(ando

    a lD' % ele entre(a os espólios da conquista% inclusi"e 7akanje% a seu pai

    Odùdu*à% que também não resistiu aos lindos encantos da mortal 7akanje e

    por ela se apaixona e acabaram por casar-se.$gún nada tin!a contado a seu

    pai dos fatos ocorridos e lo(o após o casamento7akanje está (rá"ida%

    desta (ra"idez nasce um fil!o de nome Od'de.

    ó que o destino foi fat&dico% Od'de nasceu metade ne(ro% como a pele de

    $gún e metade branco% como a pele do albinoOdùdu*à% re"elando assim% a

    traição de $gún para com a confiança do seu pai% esta situação (erou muita

    discussão entre Odùdu*à e $gún% mas a principal foi @quem tin!a razão@%

    ou% quem teria mais @(enes@ no fil!o em comum%Od'de% e cada um se

    posiciona"a com a se(uinte frase / @a min!a pala"ra triunfou@ ou @a min!a

    pala"ra é a correta@% que a(lutinada é$rànm&yàn e foi assim que ele

    passou a ser c!amado e con!ecido.

    ;om 7akanje% uma das muitas esposas deOdùdu*à% ou com outras% te"e ou já

    tin!a mais seis fil!os% outros dizem dezesseis% uns% um n4mero maior 

    ainda% enfim% al(uns dos fil!os destas esposas% (eraram as lin!a(ens dos

    Obas %orubanos% uns foram os precursores de sete das principais tribos% ou

    mais% que deram ori(em à ci"ilização dosyorubas% e reli(iosamente

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

    16/99

    falando% todos os po"os do mundo. #s fil!os% netos ou bisnetos de Odùdu*à%

    os deuses% semideuses ePou !eróis% formaram a base da nação Moruba%

    portanto OlóDin Odùdu*à +jàlàiy'  é aclamado como @# atriarca dos

    Corubas@.

    Obà)álá G$rìsànláH %que também já esta"a no +iy'  com sua comiti"a% mas

    de"ido a (rande ri"alidade com Odùdu*à% foi expulso de IlB(ID'  e funda a

    cidade de "gbò e se torna o primeiro Obà "gbòc!amado também de #àbá "gbò%

    pai dos ìgbòs. :uma sociedade pol&(ama%$rìsànlá  é um caso raro de

    mono(amia% pois a di"indade %emo*o foi sua 4nica esposa e não ti"eram

    fil!os.

    $rànm&yàn 9pós (randes "itórias% $rànm&yàn torna-se o braço direito de seu pai em

    IlB(IDB% pois seus outros irmãos foram po"oar re(iões distantes% menos

    ObàlùDan $gbógbódirin. Odùdu#à ordena então que $rànm&yàn conquiste terrasao norte de ID' % mas $rànm&yàn não conse(ue cumprir a tarefa e sai

    derrotado e% com "er(on!a de encarar seu pai% não "olta mais a ID' % com

    isso funda uma no"a cidade e l!e dá o nome deOyó% tornando-se o primeiro

    Oba láàDin Oyó. Tentando subir uma colina o seu cavalo deslizou, todos gritaram

     “Ó yó” que signica ele deslizou. Òrànmíyànconstruiu aí acidade com o nome de Òyòsignicando lugar escorregadioJ.'ma outra citação sobre o nome da cidade de $yó  revelaque Òóyó Or$mu%$, umoutro l!o deOdùdú#à muitodoente" tomou caldo quente feito de uma erva $$y$" o que l!evaleu o título de Ol$y$ e que ele conservou e que foi dado #cidade em que era rei" Oy$.asado com >$rèmi, uma bela mortal, nativa de Òfà , que se

    tornou maistarde uma heroína em Il=+Ifé, na qual tem um "lho, que recebeo nome de

     A(a%á. Ap%s al$um tempo, Òrànmíyàn investe em novasconquistas e volta a$uerrear contra a 0ação dos 'a*as, onde havia sido derrotado,mas destavez conse$ue uma $rande vit%ria sobre !lém*e, na *poca reidos 'a*as. Porsua derrota, !lém*e entre$a/lhe sua "lha'$r$sí , para que se

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

    17/99

    case comele. etornando a Oyó, Òrànmíyàn casa/se com '$r$sí  e comela tem um"lho, chamado de Olufínràn que viria a ser

    denominado 9àngó, um mortal%nascido de uma mãe mortal e um pai semideus% portanto com ascendentesdi"inos por parte de pai.

     9pós este per&odo com in4meras "itórias% a cidade de Oyó torna-se um

    poderoso império% $rànm&yàn% presti(iado e redimido de sua "er(on!a% "olta

    para IlB(ID' % deixando em seu lu(ar% em Oyó% o pr&ncipe coroado% seu fil!o

     jaká % que torna-se o se(undo láàDin  Oyó.

    +m uma de suas conquistas% a da cidade de#enin% anterior a fundação de

    Oyó% $rànm&yàn termina com a dinastia deOgìso% o então rei% expulsando-o

    e assumindo o trono% tornando-se o primeiroObab&n&n% e inicia sua

    dinastia tendo um fil!o% c!amado È*'kà% com uma mul!er do local. 9ntes de

    deixar a cidade% ele torna È*'kà como seu sucessor no trono do #enin.

    9tual cidade na :i(éria% anti(o Keino do Lenin% não confundir com a

    3e.úbli0a do #enin% anti(o pa&s c!amado=aom' .J

    >urante sua lon(a aus,ncia em IlB(ID', ObàlùDon $gbógbódirin %seu irmão

    mais "el!o% se tornou o se(undo :òni  de ID' % após o reinado de Odùdu*à.

    uando ObàlùDon morreu% e nin(uém sabia do paradeiro de $rànm&yàn% o po"o

    de ID'  aclamou ObàlùDon láy'more como sucessor direto de seu pai.

    uando $rànm&yàn c!e(a em ID' % ObàlùDon láy'more já reina"a como o

    terceiro :òni  de ID' % mas com um fraco reinado. +nfurecido com o po"o de

    ID'  que !a"iam aclamado láy'more% e que o tin!am c!amado para combater 

    poss&"eis inimi(os% o poderoso (uerreiro colérico% comete "arias

    atrocidades e só para% quando uma anciã $rita desesperada que eleestdestruindo seus Jpr%prios "lhosJ, o seu povo. AtLnito, ele "ncano chãoseu asà escudoJ que imediatamente se transforma em uma enorme laje depedra %num lu(ar !oje c!amado de @")a lásà@ %e decide ir embora e nunca

    mais "oltar à ID' .

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

    18/99

    uando ruma"a para fora dos arredores de ID' %em !ò.á % foi interceptado

    pelo po"o que o sauda"am como :òni de ID'  e suplica"am por sua "olta. +le

    então satisfeito e en"aidecido %atende ao po"o e finca no c!ão seu ò.á 

    seu bastão de (uerreiroJ transformando-o em um monólito de (ranito/$.á $rànm&yànJ selando assim o acordo com o po"o e "olta em uma

    procissão triunfante ao palácio de ID' .

    abendo disso% ObàlùDon láy'more abandona o palácio e se exila na cidade

    de "lárá . $rànm&yàn ascende ao trono e se torna o QR :òni de ID'  até sua

    morte. ObàlùDon láy'more% retorna do ex&lio e reassume como o SR :òni de

    ID'  e reina desta "ez% com sucesso até a sua morte.

     jaká # láàDin  Oyó% o Oba jaká % meio irmão de9àngó% era muito pacifico%apático e não realiza"a um bom (o"erno.

    9àngó% que cresceu nas terras dos 5a.as Nu.eJ% local de ori(em de

    5oros& % sua mãe% e mais tarde se instalou na cidade de ;òso% mesmo

    rejeitado pelo po"o por ser "iolento e incontrolá"el% mas sendo tir7nico%

    se aclamou como Oba ;òso.

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    enforcando-se numa ár"ore c!amada de àyòn GàyànH na cidade de ;òso. ;om o

    fato consumado% =adá jaká  "olta à Oyó e reassume o trono% retira então o

     de #ayánni  e passa a usar o de láàDin% tornando-se então o quarto

     láàDin  Oyó. 9pós sua morte% assume o trono seu fil!o ganju % neto de

    $rànm&yàn e sobrin!o de 9àngó% tornando-se o quinto láàDin  Oyó.;om ganju % termina o primeiro per&odo da formação dos po"os yoruba e apósseu reinado se dá inicio ao se(undo per&odo% o dos reis !istóricos. )imos

    / @De ID' até Oyó% de Odùdu*à a ganju % passando por 9àngó.@

    9àngó# que notamos nesse primeiro per&odo Morubano% é que na realidade% o que

    se fala de 9àngó% e a sua !istória nos ;andomblés do Lrasil% e de outros

    acima descritos% é incorreto% le"ando os fiéis a crer em fatos irreais.Inicialmente% a"eri(uamos que Odùdu*à é um$rìsà DunDun masculino e 4nico%

    é o pai do po"o yorubano e não uma simples @qualidade@ de $rìsànlá  ou

    seja% são di"indades totalmente distintas% inclusi"e% não se suporta"am%

    pelos fatos "istos$ e que também "yá Olóòkun% é um $rìsà feminino e a >ona

    do

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

    20/99

    e seu animal preferido para sacrif&cio é também o mesmo dos egún% dos

    mortos comum% o carneiro$ existem também outras min4cias% que aqui não cabe

    mencionar.

    :os ;andomblés% citam jaká  e ganju  como sendo @qualidades@ de 9àngó% quea(ora sabemos isto não é poss&"el% pois% jaká  é seu meio irmão e ganju   seu reinado foi longo

    e próspero, teve a faculdade de domesticar animais selvagens e répteis venenosos; tinha em

    casa um Leopardo mansoJ% é fil!o de =adá jaká % portanto seu sobrin!o% notóriamente pessoas

    mortais e completamente distintas% que fazem parte da fam&lia de 9àngó% mas não ti"eram a

    !onra de tornarem-se $rìsà% mas são ancestrais ilustres. =ambém no Lrasil% faz-se uma cerimBnia

    c!amada de @@oroa de =adá @ ou @ dB

    #aiyani @. que a coroa é le"ada ritualmente em uma c!arola durante as festas do ciclo

    de9àngó c!amada de #anni  ou lyamasse% que representa a mãe de 9àngó. #ra% sabemos quequem usou este ade foi% jaká % apelidado de=adá % de quem 9àngó l!e roubou o trono% e que a

    mãe de 9àngó foi 5oros& % fil!a de 4l'm.e% rei dos 5a.a% e que ela não tem nen!uma import7ncia

    teoló(ica% somente !istórica% por ter sido mãe de um láàDin.

     

    Sociedade Ogboni

     

    Resumo/ K+'

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    F :useu de Arqueolo$ia e +tnolo$ia da Gniversidade de #ão Paulo possui

    um importante, e in*dito, conunto de obetos de metal fundido usados

    pela associação $g%óniN dos iorubas,O 0i$*ria. +ssa associação * uma

    instituição político/reli$iosa tradicional, estreitamente relacionada ao

    culto a &l'(JKerraJ ou Jterrit%rioJ, na forma de uma poderosa divindadefeminina). As peças dos $g%óni são, em maioria, antropom%r"cas, e,

    freqDentemente referidas nas publicaç!es como JbronzesJ.

     Kodas as esculturas dessa associação podem ser, $enericamente,

    chamadas de edan, mas adotamos a de"nição simpli"cada apresentada

    por :orton/Qilliams (NRST5 SR), se$undo quem o obeto edan J(U)

    consiste essencialmente de duas ima$ens de latão (ou bronze) B uma de

    um homem nu, a outra de uma mulher nua B unidos por uma corrente, e

    cada uma montada num espeto curto de ferro (raramente debronze)J.V Assim, consideramos edan os obetos apresentados na Kabela

    =.W ;evemos ainda acrescentar que, como o seu sinLnimo, (lóló, edan *

    um substantivo feminino (cf. XaHal NRRW5 VN/V e :orton/Qilliams NRST5

    SR), e que se trata, conceitualmente, de um obeto unitrio, ainda que

    formado por duas estatuetas.S

    As demais esculturas da associação $g%óni têm características

    semelhantes, mas não apresentam corrente, nem o pino de ferro. +m vez

    disso, têm uma base plana, p*s $randes ou pernas aoelhadas, o que assustenta na vertical, razão pela qual, presumivelmente, são usadas em

    altar, sendo al$umas delas, por vezes, chamadas de onil) oua*ag%o. F

    obeto de que tratamos neste arti$o se distin$ue dessas outras

    esculturas (g%óni, principalmente, porque cada membro possui o seu- *

    um obeto sa$rado que pode ser visto por não iniciados- e, pode ser

    retirado do santurio onde ocorrem as reuni!es dos membros $g%óni B

    o il)d+.Y 8 tamb*m, se$undo a biblio$ra"a consultada, o obeto que *

    empre$ado para os usos mais diversi"cados dessa associação. Porconse$uinte, ele se tornou seu emblema.

    F obetivo deste arti$o * apresentar uma caracterização dos edan do

    acervo do :A+, sistematizando dados documentais, hist%ricos e

    etno$r"cos correspondentes e os obtidos atrav*s da anlise formal,

    funcional e simb%lica. ;ividimos este arti$o em três partes5 N. ;iscussão

    biblio$r"ca- O. +studo etno/morfol%$ico dos obetos B que est

    subdividido em quatro itens constitutivos5 hist%rico das peças-

    classi"cação funcional- anlise estilística- anlise icono$r"ca- e, .

    onclusão.

    http://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela1.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela1.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela1.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela1.html

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    !. "iscusso #i#lio$r%&ca

    !.! "a associaço Òbóni 

    F territ%rio iorubano * composto por vrios reinos, onde os direitos sobre

    o uso da terra são patrilineares. F termo 9oruba foi difundido a partir do

    s*culo Z=Z para desi$nar os povos que, al*m da mesma lín$ua, tinham a

    mesma cultura e tradiç!es ori$inrias de &l),&f', onde, se$undo os mitos,

    o primeiro rei iorub, -ddu/#, estabeleceu/se, vindo do leste.

     9pesar disso% essas cidades nunca ti"eramuma centralização pol&tica e esses po"os nãose c!ama"am entre si por um 4nico nome.9quino Lrasil% os escra"os de ori(em iorubá forammais con!ecidos por nag e em ;ubapor lucumi . 9pós a partil!a colonial da Tfrica;on(resso de Lerlim de 0UUQ-USJ% essespo"os ficaram di"ididos e !oje estão localizadosem cinco pa&ses/ a maioria no sudoeste da

    :i(éria% uma parte na Kep4blica opular doLenim ex->aoméJ e al(uns (rupos no =o(o%em Gana e erra Deoa cf. )er(er 0VU0/ 00-01$ 9déW3Mà 0VVV/ 0X-SYJ. )eja o mapa ilustrati"o.

    Mapa – Parte do território iorubá Adaptado de !er"er #$$%&

     9 associação Ògbóni %[ também c!amada deÒs!gbó% é% como já mencionamos% uma instituição

    com funções reli(iosas% judiciais e pol&ticas. +la é uma espécie de assembléia de anciãos da

    cidade% unidos ritualmente% que re(em um importante culto estruturado a partir da cosmo(onia dosiorubás E o culto a "l#% que% às "ezes% é tida como mais poderosa do que os orixás% e até mãe de

    todas as deidades iorubanas cf.

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    f*rtil. Fs sacerdotes$g%óni, no se$redo de suas reuni!es, teriam

    continuado a praticar sua f*, cuidar da ordem e estabilidade social e da

    manutenção dos velhos costumes. Por isso, conforme o autor, Jos novos

    reis viram/se obri$ados a prestar homena$em aos oniles, ou ]donos da

    terra^J.

    0otamos a semelhança desses dados com os colhidos e publicados por

    :orton/Qilliams (NRST5 SV), que se$undo a tradição, J a Kerra (U)

    existiu antes das divindades e o culto $g%óni antes da realeza. A Kerra *

    a mãe a quem os mortos retornam. A Kerra e os ancestrais, não as

    divindades (orixs), são as fontes da lei moralJ.R

    F texto mais anti$o a que tivemos acesso sobre a associação $g%óni *

    do oronel +llis, que data de N[RV. 0essa obra, ele aponta doisaspectos dessa associação que foram questão de controv*rsia durante

    todo o s*culo ZZ e sobre os quais, at* hoe, não h consenso entre os

    africanistas5 a denominação de Jsociedade secretaJ e a ambivalência de

    sua competência que compreende, ao mesmo tempo, assuntos reli$iosos

    e seculares.

    +llis (N[RV5 cap. _, O` ) vê a $g%óni como uma instituição tirânica5

    Jacredita/se popularmente que os membros possuam um se$redo doqual deriva seu poder, mas o

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    desenvolvimento da sociedade tribalJ, e tamb*m de ;ennett, que su$ere

    Jum aspecto senatorialJ para essa associação, o qual prote$eria o

    interesse p

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    os rituais. #ão chamadas 3rel4 e representam os interesses das mulheres

    da cidade nas reuni!es (:orton/Qilliams NRST5 SW/YT). F título

    de 3rel4 aparece no \rasil atribuído 1 diri$ente da associação feminina

    uEl*d* que tamb*m existiu na \ahia at* os anos NRT (arneiro NRSY5

    SV).NV

    ;e acordo com XaHal (NRRW5 Y), pode/se dizer, em síntese, que a

    associação $g%óni cultua o Jespírito da KerraJ, &l', para asse$urar a

    sobrevivência humana, a paz, a felicidade, a estabilidade social da

    comunidade, a prosperidade e a lon$evidade. =sso dissolve,

    de"nitivamente, a impressão peorativa com que ela foi descrita pela

    anti$a etno$ra"a.

    A maior parte de nossas informaç!es vieram de Peter :orton/Qilliams,que fez pesquisas na cidade de $yó, 0i$*ria, em NRV[, e as publicou em

    NRST. 2oi quem primeiro descreveu a associação $g%óni com maiores

    detalhes, delineando seu papel político e descrevendo rituais e crenças

    reli$iosas que sustentam a sua função no poder secular. ;estacam/se,

    por*m, outros autores de referência cua leitura foi de $rande

    importância para nosso trabalho5 ;ennis Qilliams, que, entre NRSO e

    NRS, fez entrevistas com membros$g%óni e com

    os 59edan/aiye (artesãos especializados em edan), estudando osobetos em campo e em coleç!es, tais quais as da Gniversidade de

    =badan e do :useu 0i$eriano de Xa$os- X.+. oache, que pesquisou

    durante os anos de NRS[ e NRSR na rea rural de =ebu/Fde, 0i$*ria- e,

    "nalmente, \abatunde XaHal, que pesquisou durante os anos de NRSS e

    NRRN em diversas cidades da 0i$*ria, utilizando a tradição oral para

    interpretar quest!es polêmicas como o si$ni"cado do lado esquerdo e o

    $ênero de &l' (cf. item O.V).

    0o :A+, al$uns folhetos em que se reproduzem informaç!es sobre as

    peças da coleção (g%óniapresentam dados da pesquisa inicial de

    :arianno arneiro da unha.NW

    !.' "a confecço e utiliaço o edan òbóni 

     5 mat)ria,prima e a linguagem est)tica

    A escultura (g%óni se diferencia da escultura feita para os orixs.Primeiramente, h diferença no material usualmente empre$ado.

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

    26/99

    +nquanto as estatuetas de orixs, ou de outras entidades dos iorubs,

    seriam feitas de "bras, ferro ou madeira /NSmateriais facilmente

    de$radveis /, a $rande maioria das estatuetas $g%óni * feita com li$as

    de cobre B um material relativamente mais durvel (Qilliams NRSV5

    NSN).NY

    #e$undo +lbein dos #antos (NRR5 R/VN), o cobre e suas li$as são

    portadores de ax*N[ e esse metal faz parte do $rupo do Jsan$ue

    vermelhoJ do reino mineral. :esmo que a pertinência etnol%$ica ou

    vernacular dessa classi"cação sea refutada por _er$er (NR[O5 [), não *

    de todo improcedente a suposição de que a essas li$as sea atribuído,

    assim como por $rande parte da humanidade, pelos iorubs, um

    si$ni"cado maior, por causa da cor, do brilho e at* da tecnolo$ia

    demandada não apenas para a extração e manipulação de min*rios, mastamb*m pela so"sticação da t*cnica de elaboração artística do metal.

    Qilliams (NRSV5 NR) caracteriza a est*tica do edancomo icLnica, linear B

    Jproeção não escultural de um desenho em ceraJ, hiertica e

    arquetípica. =sto porque se trata de "$uras humanas aparentemente

    tridimensionais, pelo volume, mas detalhadas, via/de/re$ra, apenas de

    frente, reforçando sua imobilidade corporal mas feitas de serenas

    express!es características (cf. destaque da 2oto O). #e$undo ele, essas

    características contrastam com a abstrata, arquitetLnica, descritiva ehumanística "$uração dos orixs. +sse autor ainda a"rma que essas

    diferenças são devidas a distintas funç!es5 enquanto as formas est*ticas

    das estatuetas usadas no culto dos orixs apenas Jsimbolizam o

    espíritoJ, a arte (g%óni * sacralizada e adorada como se fosse o

    Jenv%lucro do espíritoJ.

    - artesão e sua o%ra

    F escultor de edan * chamado 59edan/aiye, que poderia ser traduzido,se$undo Qilliams, como Jaquele que traz o edan ao #iy)J B o mundo

    material. eralmente ocupada por um ancião, essa pro"ssão * evitada

    pelos ovens pois est associada 1 impotência e 1 perda de "lhos. Al*m

    disso, acredita/se que homens viris podem alterar a forma sa$rada da

    ima$em. =sso não * tolerado, pois ela deve ser fundida com todos os

    atributos que a torne um ícone.

    A confecção de um edan * relatada por Qilliams (NRSV5 NV/NVW). +la

    exi$e uma evocação contínua de um orix auxiliar.NR 2reqDentemente,

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    acredita/se que esse escultor adquire poderes superiores e, por isso, as

    pessoas comuns o temem. A sucessão dessa arte * $eralmente de pai

    para "lho, mas * o 5p'n# quem, em

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    novoedan. F obi * lançado novamente pelo artesão para se certi"car que

    o obeto est pronto para ser levado para a casa do iniciado. #e a

    resposta * favorvel, novo sacrifício * feito sobre as ima$ens unto com

    pimentas. Gm pouco mais tarde, elas são masti$adas pelo 59edan/aiye,

    que JfalaJ com o obeto fundido por interm*dio do obi. 0o pLr/do/sol,"nalmente, ele * embrulhado em outro pano branco, unto com o seu

    molde, para ser levado ao santurio. X, * lavado pelo 5p'n#. F -l4/o, o

    o"ciante principal do culto, declara, então, que o edan est pronto. em

    sua casa, o iniciado enterra o molde num lu$ar secreto escolhido, onde

    o edan passar o resto de sua vida (a descrição se refere aos edan de

    uso pessoal B cf. item O.O). :as, embora deixado nesse lu$ar, o edan *

    removido para prop%sitos ritualísticos, exclusivamente. 8 lavado

    periodicamente com suco de lima e al$umas ervas para conter aoxidação do metal e ser limpo do san$ue sacri"cial.

     5 escultura e seu uso

    omo dissemos anteriormente, as esculturas (g%ónitêm m

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

    29/99

    tão fortemente que deixa uma cicatriz escura no pulso esquerdo, o sinal

    da iniciação.

    b) F mesmo rito anterior, relatado por Qilliams (NRSV5 NVW).

    0o il)d+, um banho * preparado para o iniciado numa bacia com $ua na

    qual * imersa uma escultura edanrec*m fundida, previamente puri"cada

    por san$ue de pombo e ervas medicinais. A cabeça, mãos, p*s e $enitais

    do iniciado são lavados pelo -l4/o. ;epois ele * enrolado num pano

    branco da cintura para baixo. F -l4/o invoca bênçãos para o

    in$ressante, que passa o resto do dia evocando força e pureza. :ais

    tarde, &l' * consultada, por meio do obi, para saber se os ritos foram

    apropriados e se o iniciado foi aceito. #e o rito não for apropriado, mas oiniciado for aceito, * necessrio fazer outro ritual mais elaborado, com

    sacrifícios mais numerosos. 6uando o rito * apropriado e o candidato *

    aceito por &l', faz/se uma reunião 1 tarde onde todos os membros do

    culto dançam, especialmente o iniciado, que dança freneticamente e

    invoca virtudes para si. A bacia do banho em que ele foi puri"cado

    continua no il)d+coberta por um pano branco, em que "ca a parte do seu

    dote 1 associação $g%óni. Fs ritos de oração e puri"cação continuam por

    dezesseis dias, depois dos quais o iniciado * considerado um membrosênior, um-log%oni.

    c) ito de eleição de o"ciante do culto se$undo :orton/Qilliams (NRST5

    SR).

    6uando um membro $g%óni * eleito para uma função de o"ciante do

    culto, o edan * posto em suas mãos pelo 5p'n# na presença dos

    iniciados reunidos. +nquanto ele se$ura a escultura, * dito que apesar deele a$ora possuir o título, nunca poder contar o que acontece no il)d+.

    d) \ri$as entre cidadãos com derramamento de san$ue B rito relatado

    por :orton/Qilliams (NRST5 SS).

    0a cultura iorub o derramamento de san$ue humano no chão *

    sacríle$o, a menos que se trate de san$ue sacri"cial. 6uando duas

    pessoas bri$am e al$u*m * ferido, derramando san$ue no chão, mesmoque a ferida não sea $rave, considera/se ter havido a profanação de &l'.

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    +ssa informação che$a diretamente ao conhecimento do chefe udicial

    da$g%óni, o 5p'n#, pelo povo ou mesmo pelo o%a B tão $rave *

    considerada a situação. =mediatamente ele manda um mensa$eiro levar

    um edan, o qual * colocado ao lado do san$ue derramado.

    F 5p'n#convoca os outros o"ciais $g%óni e anciãos para se reuniremno il)d+, onde os adversrios são trazidos. F 5p'n# ouve a disputa e faz

    um ul$amento tentando reconciliar as partes. Ambos pa$am uma multa

    e providenciam animais para o sacrifício. F san$ue * vertido sobre

    o edan. #e "car evidente que uma das partes est mentindo e a disputa

    não puder ser satisfatoriamente reparada, uma provação * imposta5

    o edan * colocado em uma bacia de $ua (em al$umas outras

    localidades * adicionado tamb*m um punhado de terra). Fs disputantes

    são obri$ados a bebê/la. Kem/se que o infrator (ou culpado) morrerdentro de dois dias.

    e) 6uando da ofensa entre cidadãos, outro rito relatado por :orton/

    Qilliams (NRST5 SS).

    Al$u*m que tenha sido seriamente ofendido por outra pessoa e que não

    queira estar envolvido numa disputa lon$a, cansativa e que envolva

    outras pessoas, e at* feitiçaria, pode apelar para a associação $g%óni.#e o assunto * trivial, o 5p'n# manda os disputantes procurarem seus

    chefes comunitrios ou os chefes de linha$em. #e o problema *

    realmente s*rio, ele envia seu edan, convocando ambas as partes

    ao il)d+. F malfeitor precisa fazer um pesado pa$amento em dinheiro e

    animais para o sacrifício. Gma esculturaedan * trazida para fora e os

    animais são sacri"cados sobre ela.

    f) 6uando da disputa entre os iniciados -log%oni, ainda se$undo :orton/Qilliams (NRST5 SS/SY).

    Gm -log%oni pode acusar outro de roubo ou de perse$uir sua esposa.

    +m $yó, na reunião $g%óni que se se$ue 1 acusação, uma

    escultura edan * trazida para fora do il)d+ e posta no chão. F acusado *

    questionado sobre a acusação. #e ele concordar que * verdadeira,

    o 5p'n# tentar restaurar as boas relaç!es. #e ele ne$ar a acusação,

    precisa declarar na frente do edan5 J#e eu for inocente, eu não sofrereinenhum dano. #e eu "z o que eles estão dizendo, morrerei em dois diasJ.

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    F 5p'n# balança um sino de bronze consa$rado e todos os presentes

    $ritam J 5:);J. 0a re$ião +$bado dos iorubs, as partes são postas para

    beber a $ua em que a estatueta * imersa.

    $) :orton/Qilliams (NRST5 SS) tamb*m se refere a rituais quando ocorreabuso de poder.

    A associação $g%óni tamb*m pode mandar uma escultura edan para

    outros homens nobres da cidade, que ul$ue estar ultrapassando os

    limites de seus direitos e privil*$ios. F edan, colocado na porta da casa

    desses homens, impede que al$u*m cruze o portão principal, sendo um

    marco de ver$onha, que sinaliza a atitude inconveniente do morador.

    F edans% pode ser removido quando o culpado reconhecer sua falta coma $g%óni e "zer o pa$amento de uma pesada multa, que consiste em

    animais para serem sacri"cados sobre as ima$ens.

    h) Qilliams (NRSV5 NVS) refere/se a um rito funerrio

    dos -log%oni usando o edan.

    A escultura edan tamb*m desempenha um papel importante nos ritos

    morturios dos membros da associação. F corpo * entre$ue ao o"cianteque preside a volta do JespíritoJ do defunto para o J

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    em dois um obi- com a ponta do edan ele apanha um pedaço e o oferece

    para ela, pe$ando o outro para si mesmo. Fs dois comem cada qual a

    sua parte, sendo, assim, considerados unidos ritualmente como as duas

    "$uras que comp!em a escultura edan, e * dito para ela que se o trair

    certamente morrer ou "car louca.. Estuo etno*morfol+$ico os o#,etos

    '.! -ist+rico as esculturas edan a coleço $b$ni o AE*

    /S0ON

     9 primeira peça dessa coleção *oto ]J foi comprada em 0VY] da Galeria e(M de :o"a CorW%

    especializada em arte africana. +ssa (aleria% na pessoa de Dadislas e(M% mante"e

    correspond,ncia com o r.

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    associação $g%óni fornecessem subsídios te%ricos para se atin$ir os

    obetivos desse trabalho.

    0otamos que a maioria das esculturas (YY), * formada por casais

    (pares masculino/feminino, no caso das peças de corpo todo, e pares que

    não exibem os sexos, como são as esculturas s% com a cabeça). +ssespares estão, na maioria das vezes (SR), li$ados por corrente. :esmo as

    estatuetas que não possuem corrente têm ar$olas, su$erindo a união de

    uma ima$em 1 outra por uma corrente provavelmente perdida (exceção

    apenas do edan [). =sso ocorre porque a presença e li$ação do masculino

    e do feminino têm si$ni"cado reli$ioso.

    #e$undo as informaç!es que :orton/Qilliams (NRST5 SR/YO) obteve, a

     Kerra, assim como sua contraparte, o Jc*uJ (-lorun), não * representadapor nenhum símbolo na arte iorub, entretanto ela * personi"cada

    no edan. As ima$ens, se$undo ele, representam um -log%oni e

    uma 3rel4 servindo ao seu mist*rio, 5/o.OY Qilliams (NRSV5 NVO) a"rma

    que Jo par, masculino e feminino simboliza a união do c*u e da terra na

    qual a existência humana * baseadaJ.O[

    0ão sabemos se * correto dizer que &l' sea a contraparte de -lorun,

    como inferem os dois autores. +lbein dos #antos (NRR5 WS) a"rma que J*

    comum referir/se 1 terra como #iy) subentendendo/se que&l', a terra,não compreende a totalidade do #iy) e que ao falar/se de (run, não se

    trata apenas do c*u, mas de todo o espaço sobrenaturalJ.

    omo escreve a mesma autora, a tradução de -lorunpor Jc*uJ pode

    levar a en$anos. #abemos que #iy) e(run são os dois planos da

    existência. F #iy) * o mundo material, concreto (a terra, as $uas e,

    inclusive, o c*u, que se chama snmI). F (run * uma concepção

    abstrata, * o mundo espiritual, transcendente, e não pode ser localizadoem nenhuma parte do #iy) , pois ele J* um mundo paralelo ao mundo

    real que coexiste com todos os conte

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    uma esp*cie de JAdão e +vaJ dos iorubs. Por*m, XaHal refuta essa

    interpretação e concorda com a explicação de :orton/Qilliams (NRST5

    SR) de que nenhuma "$ura representa um indivíduo especí"co, mas o

    masculino se refere ao papel do -l4/o, como sacerdote/chefe

    dos $g%óni, e a feminina representa o papel das3rel4. XaHal aindaacrescenta que o edan precisa estar em par para ser e"caz no culto.

    #e$undo as palavras de um ancião $g%óni entrevistado por ele, J(U) o

    masculino vai unto com o femininoJ, ORressaltando que a perpetuação do

    ciclo da existência depende da união dos sexos- e Jo bem vai unto com o

    malJ,T si$ni"cando que o cosmos iorub * um delicado e inseparvel

    balanço entre o bem e o mal. F feminino na cultura iorub indica

    positividade, complacência- o masculino indica ne$atividade, ri$idez. F

    fato de o conunto todo (as duas ima$ens li$adas pela corrente)simbolizar &l', e não apenas a "$ura feminina, não quer dizer que essa

    divindade sea andr%$ina, mas sim que * uma divindade completa- ela *,

    ao mesmo tempo, J(U) "rme e delicada, boa e m, $enerosa e peri$osa.

    (U) +la * quem d a vida e quem recebe o morto, a ]:ãe de Kodos^ e

    ainda a criadora da feitiçariaJN (XaHal NRRW5 VW/VS).

    A$ora que discutimos as interpretaç!es relativas 1 unicidade da

    escultura edan, veamos o que os autores escrevem a respeito das

    esculturas que se apresentam s% com a cabeça e as que possuem ocorpo inteiro. F $rupo de edan que estamos analisando possui WV das

    peças com corpo completo e VS delas com a representação apenas da

    cabeça.

    :orton/Qilliams (NRST5 SR) relata que cada il)d+ tem pelo menos

    dois edan que "cam sob responsabilidade do 5p'n#. Gm * maior que o

    outro e mais bem detalhado na execução. +le nunca sai do il)d+. Fs

    outros podem ser simpli"cados a um par de cabeças diretamente sobreos pinos de ferro (sem o corpo) e li$adas por uma corrente. #ão eles que

    seus mensa$eiros carre$am. +ssas peças são as

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    Qilliams (NRSV5 NVS) tamb*m relata o uso de edancomo amuleto.

    #e$undo ele, esse edan * semelhante aos outros, apesar de ser mais

    r pois" a centel!a

    divina no !umano. -ri ) que rece%e de 1eus ?-lorun@ o destino" por

    ocasião do nascimento da pessoaJ.

    A partir dessa anlise biblio$r"ca, e considerando nosso material

    empírico, deduzimos que existem pelo menos três classes funcionais

    para as esculturasedan. #uas características são a$rupadas na Kabela =_.

    A classi"cação se baseou na forma e tamanho do obeto. Por*m, o que

    de"ne a classe de edan * o uso que fazem dele, mais que seu tamanho

    ou forma. 8 possível que ima$ens simples e pequenas seam usadas

    dentro do il)d+ e que ima$ens $randes e elaboradas seam usadas noscultos fora dele. F tamanho da peça, por si s%, não expressa o menor ou

    maior poder da escultura, mas pode ser o reexo do poderio político/

    econLmico do reino iorub a que pertence. ;esta forma, nos * impossível

    precisar que tipo de uso as peças edan do :A+ tiveram, pois a

    documentação das mesmas não tem nenhuma indicação sobre isso. +ssa

    classi"cação, portanto, serve como um instrumento de representação e

    ilustração das diversas formas, possibilidades de usos e crenças que a

    escultura edan possui.

    http://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela4.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela4.html

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    '() Análise estil*stica

    A partir da observação das peças, dos desenhos e das foto$ra"as,

    construímos modelos para os elementos presentes nas estatuetas. +les

    estão a$rupados na Kabela _. 0a Kabela _=, condensamos os dados databela anterior, apresentando um mapa $eral de todos os tipos de

    elementos presentes. Xembramos que, por serem modelos, podem sofrer

    al$umas variaç!es de tamanho e de acabamento, de acordo com a peça.

    Fs desenhos dos modelos foram tomados das vistas que dão melhor

    visualização dos elementos característicos recorrentes. 0a maioria dos

    casos, o desenho foi tomado de frente da "$ura humana. 6uando

    usamos outras vistas, elas vão mencionadas na pr%pria tabela. Fs

    desenhos da Kabela _ foram elaboradas em traço di$ital por Ademiribeiro unior, a partir das foto$ra"as tomadas por Qa$ner #ouza e #ilva,

    destacando elementos si$ni"cativos resultantes da anlise estilística (cf.

    0ota W).

    A partir do exame das Kabelas _ e _=, podemos apontar al$umas

    observaç!es que caracterizam as esculturas analisadas5

    a) as correntes são todas de li$as de cobre. A literatura consultada

    con"rma que essas li$as são as mais usadas, mas re$istra tamb*m que,

    raramente, al$uns edan apresentam corrente de ferro (Qilliams NRSV5NWY/NST)-

    b) a ar$ola, usada para unir a ima$em 1 corrente, * lisa e "ca

    posicionada no topo da cabeça, num plano perpendicular ao plano da

    face (exceção apenas dosedan R e NT, que possuem ar$olas na nuca, e

    do edanO, que possui a ar$ola num plano paralelo ao plano da face)-

    c) exceto o edan N, todas as esculturas apresentam al$um adorno nacabeça, considerando/se tamb*m, como adorno, a forma de um cabelo

    artisticamente penteado (como * o caso dos edan [, R e NT). +sses

    adornos possuem formas que su$erem um movimento para o alto. =sso

    pode ser observado no formato cLnico das coroas dos edan N, O, , V, W,

    S, [ e R- no formato helicoidal das coroas presentes nas "$uras

    doedan R- no formato cuneano do cabelo das "$uras doedan [- e, no

    formato cLnico e trançado do cabelo da "$ura do edan R. ;estacamos

    que o cabelo da peça R * muito semelhante a um tipo de escultura de

    altar dos $g%óni, encimada com pontas como dois chifres. :orton/

    http://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela5.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela6.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela5.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela5.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela6.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela5.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela6.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela5.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela5.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela6.html

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    Qilliams (NRST5 YT, prancha ==a), apresenta um exemplar do :useu

    0i$eriano, que tem cerca de YS cm de altura, e *

    chamada onil) ou a*ag%o B isto para apontar, aqui, um exemplo de

    recorrência de elementos das estatuetas de altar nos edanpropriamente

    ditos-

    d) os elementos "sionLmicos (olhos, nariz, boca e orelhas) estão

    presentes em todas as estatuetas (com exceção da orelha, que, quando

    presente, muitas vezes est voltada para trs, não sendo vista,

    normalmente, de face). =sso ocorre por causa da importância que a

    cabeça tem em relação 1s outras partes do corpo (cf. item O.O), mas

    tamb*m pela valorização da parte frontal da maioria delas-

    e) todas as "$uras das esculturas possuem olhos $randes e o $lobo

    ocular proetado para fora. =sso * uma característica muito marcante da

    "$uração humana na arte (g%óni-

    f) todas as "$uras possuem a boca aberta. =sso pode ser uma referência

    1 palavra. 0as tradiç!es africanas a palavra falada tem, al*m de um

    valor moral fundamental, um carter sa$rado vinculado 1 sua ori$em

    divina e 1s forças ocultas depositadas nela. Al*m disso, a fala teria opoder de colocar em movimento forças que estão contidas dentro do

    homem, sendo, assim, a materialização ou exteriorização das vibraç!es

    dessas forças. Por ter um valor tão si$ni"cativo e importante, a palavra

    não * usada desnecessariamente e sem prudência (ampât* \â NR[O)-

    $) a barba * um elemento que simboliza a sabedoria e a lon$evidade. ;e

    fato, os sacerdotes (g%óni são anciãos $randes conhecedores da cultura

    iorub, pois são iniciados no o$o de =f e $randes depositrios datradição oral. A barba não * um bom parâmetro para a identi"cação do

    $ênero das "$uras porque as femininas tamb*m podem ser esculpidas

    com esse elemento (cf. edan O)-

    h) todas as "$uras femininas, que apresentam a "$uração humana

    completa, possuem seios, e têm as mãos estendidas em $esto de

    oferecimento (cf. item O.V)-

    i) quanto ao $estual e aos obetos, observamos as características abaixo5

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    / quando as "$uras do edan não estão fazendo o $esto

    típico $g%óni (mão esquerda sobre a direita) ou se$urando os seios, no

    caso das femininas, elas portam al$uns obetos nas mãos-

    / as "$uras masculinas se$uram dois tipos de o%*etos- um * relacionadoao $ênero masculino B um facão ou um porrete B que "ca na

    mão direita (o lado direito * masculino para os iorubs)- o outro tipo *

    relacionado ao $ênero feminino B uma cabaça com alça ou uma esp*cie

    de bornal /, que "ca na mãoesquerda (lado tido como feminino)-

    / as "$uras femininas, por outro lado, se$uramapenas um o%*eto, que *

    sempre relacionado ao $ênero feminino (bacia, colher ou dois bast!es)-

     ) as marcas corporais ou escari"caç!es podem ser sinais iniciticos

    (como os dois símbolos da lua crescente) ou marcas de identidade *tnica

    (como os riscos no rosto)-

    l) os adereços da cintura ocorrem tanto nas esculturas que detalham

    apenas a cabeça quanto nas que se apresentam de corpo inteiro-

    m) a va$ina $eralmente * sutil (um vinco no baixo/ventre) ou pode nemser evidenciada, enquanto o pênis aparece em todas as "$uras

    masculinas de corpo todo, e * exa$eradamente $rande-

    n) as "$uras do edan quase sempre estão sentadas (exceto o edan [, no

    qual as "$uras estão em p*). A posição sentada * associada em vrios

    lu$ares da Mfrica ao chefe, por isso, * tamb*m uma insí$nia de poder e

    autoridade B uma postura freqDentemente associada ao rei-

    o) a maioria das estatuetas possui pinos de ferro. +nquanto W "$uras

    (OO num total de O ima$ens) possuem pinos de li$as de cobre, N[

    "$uras (Y[ ) possuem pinos de ferro. :orton/Qilliams, na sua de"nição

    estrita de edan, menciona que tamb*m hedan com pino de JbronzeJ,

    ainda que raramente (cf. 0ota V)- e, "nalmente

    p) observamos que muitos dos elementos do edanpossuem formas

    inspiradas no ima$inrio $g%óni que iremos examinar a se$uir. Antespor*m, enfatizamos aqueles que merecem destaque5

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    / os quatro tipos de nariz encontrados nas ima$ens tendem a ter a base

    trian$ular, provavelmente inspirados na simbolo$ia importante, como

    veremos, que o n

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    relacionado ao feminino, mas sim ao sa$rado, e por conseqDência, aos

    assuntos potencialmente peri$osos.

    XaHal discorda dessa acepção, recorrendo 1 tradição oral, sobretudo aos

    versos do =f, para a"rmar que &l'* uma divindade feminina e que o ladoesquerdo, (s+, representa o escondido, o suave, o poder espiritual

    feminino, enquanto o lado direito, (tun, representa a força física

    masculina, a ri$idez (cf. um confronto entre essas duas concepç!es em

    #alum NRRR5 NS[/NYT). Por isso, a mão esquerda * metaforicamente

    conhecida entre os iorubs como a Jmão da paz J ou a Jmão do

    segredoJ.O om esses novos dados, ele conclui que, na

    icono$ra"a (g%óni, o lado esquerdo representa o feminino e o laço entre

    mãe e "lho B e entre os J"lhos da mesma mãeJ (-mo By

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    ;e acordo com os autores consultados, a união do masculino e do

    feminino na ima$em do edansimboliza a formação do JterceiroJ. #eria

    como aquele $erado pela complementaridade de partes, aquele que se

    se$ue B a pro$enitura, ou o devir, reiterando os laços entre passado,

    presente e futuro. +ssa tríade se estabelece quando um -log%oni * vistocom as duas "$uras humanas no peito, usando o edan pendurado no

    pescoço, como mostra a renomada foto de Qilliam 2a$$ (\lier NRRY5RY, f.

    Y[).

    F terceiro elemento * &l', o mist*rio, o pr%prio se$redo compartilhado

    (:orton/Qilliams NRST5 Y) B que tem raízes ancestrais. Para XaHal

    (NRRW5 VV), Jo n

  • 8/20/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício

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    cabeça da "$ura, têm denotada forma de meia lua. Futra interpretação

    vem dos informantes de XaHal, se$undo a qual esse símbolo *-s, a lua

    crescente, associado 1 inovação e a re$eneração. +le * conhecido pelas

    mulheres iorubs, que se baseiam na fase crescente e min$uante da lua

    como calendrio menstrual. Fra, as JfeiticeirasJ não deixam de sera$entes dinâmicos e transformadores, havendo consonância no

    cruzamento da ar$umentação dos dois autores citados.

    +ncontramos esse símbolo em vrios elementos dos obetos5 nas

    escari"caç!es na testa das ima$ens (edan NN e NO), na posição dos

    braços femininos se$urando os seios (edan W e S), nas orelhas que "cam

    na parte posterior da cabeça (edan V, W, S, [), no formato do cabelo

    (edan [), e nas barbas de al$umas peças (edan N, W e NN). +le podeaparecer de forma dupla como as marcas na testa do edan NO. +xemplos

    do aparecimento da forma da lua crescente nos edan vêem/se

    destacados na Kabela =Z.

    3spiral" círculos conc=ntricos e forma cDnica

    Fs informantes de XaHal (NRRW5 VY/V[) deram duas diferentes, por*m

    relacionadas, interpretaç!es sobre a espiral e os círculos concêntricos

    que aparecem nas estatuetas. A primeira delas diz que esse símbolorepresenta o $iro (ranyinranyin) da forma cLnica de um caramuo

    ((9(tó), que * brinquedo de criança, e est associado com o

    crescimento, movimento dinâmico e, por extensão, com o poder

    transformador de +xu B o mensa$eiro divino e intermedirio

    entre &l'e edan. A outra versão diz que esses motivos $r"cos si$ni"cam

    o poder expansivo de Flocun B a divindade do mar e da abundância. A

    $ua e a terra são dois aspectos do mesmo fenLmeno cultuado pela

    associação Eu'l'd) como By< Fl

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    entidade. F cabelo do edan NT * tamb*m muito parecido com a cabeleira

    de +xu da estaturia em madeira.

    -%*etos sim%ólicos

    Fs obetos sustentados pelas "$uras humanas de umedan simbolizamaspectos importantes das crenças(g%óni e são como que pequenas

    r*plicas dos obetos utilizados nos rituais da associação. #e$ue abaixo

    consideraç!es sobre eles.

    a) A col!er  representa a renovação e o reabastecimento. 8 um símbolo

    $eralmente vinculado 1 "$ura feminina (como no edan [), pois remete 1s

    mulheres 3rel4 que, entre outras tarefas, preparam a comida servida

    no il)d+ (XaHal NRRW5 VY).

    b) Fs %astGes, ou cetros cerimoniais, são símbolos de poder e autoridade

    dentro dos cultos reli$iosos iorubs. F edan R carre$a um par desses

    bast!es, que pode ser uma auto/referência ao edan (uma ima$em

    do edan se$urando outro edan). c) A bacia * usada pelo -l4/o para lavar

    o iniciado (Qilliams NRSY5 NVW), $anhando nova si$ni"cação, pois *

    tamb*m essencial nas tarefas udiciais (:orton/Qilliams NRST5 SS).

    eralmente * se$urada pela "$ura feminina, como noedan NN.

    d) F facão * um símbolo associado ao masculino e, por isso, * se$urado

    pela mão direita (o lado direito * o lado masculino). #imboliza o sacrifício

    e tamb*m * uma referência 1s penalidades aplicadas a qualquer um que

    revele se$redos ou quebre acordos relativos 1 associação.

    e) F porrete tamb*m * um símbolo associado ao masculino, como o

    facão. 8 se$urado pela mão direita da "$ura masculina. +sses doisobetos estão associados 1 morte, que * relacionada ao masculino na

    cultura iorub. A morte, ou &94, est profundamente li$ada 1 terra e 1

    $ênese humana (+lbein dos #antos NRR5 NTS/NTY).

    f) F %ornal B esse elemento que tamb*m pode denotar a forma de uma

    Jcabaça com alçaJ B est, nas peças que constituem nosso corpus de

    pesquisa, sempre no lado esquerdo do corpo de todas as guras

    masculinas. Parece contradit%rio, lembrando que, para os $g%óni o ladofeminino * o esquerdo, e, ademais, esse elemento alude 1 contenção de

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    al$o poderoso ou valioso, que não pode ser visto nem revelado,

    mantendo/se escondido e inacessível, mas presente. Xembremos que a

    cabaça * associada, $enericamente na Mfrica, ao

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    todos os edan de corpo inteiro são feitos nus. Kodos os edan do acervo

    do :A+, examinados por n%s, estão em conformidade com essa

    re$ularidade.

    2. 3oncluso

    Apontamos a se$uir observaç!es que, ao "m deste arti$o, nos parecem

    relevantes, tanto do ponto de vista te%rico, quanto metodol%$ico.

    a) he$amos ao "nal, com uma síntese biblio$r"ca sobre um assunto

    pouco explorado, de fontes escassas e em lín$ua estran$eira, de pouco

    acesso entre n%s, e, praticamente inexistente em portu$uês.

    onsideramos que nosso estudo possa vir a contribuir não apenas paraos estudos de coleção, mas para os de natureza hist%rica e s%cio/

    antrop%lo$ica, bem como 1s pesquisas sobre o 0e$ro no \rasil.W

    b) F estudo, obeto deste arti$o, permitiu/nos delimitar um $rupo de

    peças do acervo de ori$em africana do :A+/G#P, quanti"cado, que forma

    uma coleção museol%$ica em si mesma, permitindo su$erir denomin/la

    coleção (g%óni do 753. 0essa coleção inserem/se, al*m dos edan aqui

    apresentados, as estatuetas Jsem pinoJ e Jsem correnteJ, al*m de

    al$umas outras peças avulsas (bast!es, recipientes, %ias). +las serãotratadas em uma publicação pr%xima.

    c) Futro resultado que nos parece importante destacar nesta conclusão *

    a constatação, pela anlise morfol%$ica, da presença ou representação

    no acervo do :A+ das três classes funcionais das

    esculturasedan reportadas na etno$ra"a dos principais autores sobre a

    mat*ria.

    d) om o estudo efetuado, temos, a$ora, embasamento para de"nir o

    $rupo de esculturas edanda coleção (g%óni do :A+5

    / são peças iorubs da associação $g%óni, que che$aram da Mfrica na

    d*cada de NRYT e, provavelmente, são do s*culo ZZ-

    / são obetos de li$as de cobre feitos pela chamada Jt*cnica da cera

    perdidaJ e compostos por um par de ima$ens baseadas na gura

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    !umana. +ssas ima$ens possuem pinos metlicos na parte inferior e são

    li$adas por uma corrente na parte superior-

    / as ima$ens simbolizam um casal humano nu. Al$uns pares possuem

    somente a cabeça. 6uando representam a "$ura de corpo inteiro, *comum ver/se nelas a sinalização do gesto (g%óni (mão esquerda sobre

    a direita). 6uando não, elas sustentam nas mãos obetos determinados.

    A "$ura masculina se$ura dois obetos B um li$ado ao $ênero masculino,

    que "ca do lado direito, e outro li$ado ao feminino, que "ca do lado

    esquerdo. Por outro lado, a "$ura feminina se$ura apenas um obeto do

    universo feminino com as duas mãos- e,

    / nessas esculturas, h uma profusão de símbolos materializados pordiversos recursos de representação da "$ura humana. #ão perceptíveis

    pelas marcas corporais, nas silhuetas de postura, nos obetos/insí$nias

    inte$rantes, assim como, nos elementos constitutivos (como olhos, mãos

    ou pernas). +ntre os símbolos encontrados estão os relativos ao n

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    KIL+IK# AK.% 9$ 9D'

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    >+::+==% K.+.

    0V01 =!e Ògbóni  and ot!er secret societM in:i(eria. *ournal of the 'frican +ociet % 01/ 01-]V.

    >K+Z9D% N.A.

    0VUV 9rt and +t!os of Ijebu. N.A. >re\al$ A. emberton$ K. 9biodun +ds.J -oruba/ :ine ;enturies

    of 9frican 9rt and =!ou(!t. :o"a CorW% =!e ;enter of 9frican 9rt/ 00Y-0QS.+DL+I: ># 9:=#% A.

    0VVX .s /0g e a &orte. ão aulo/ )ozes.

    +DDI% 9.L.

    0UVQ The -oruba1+pea2ing 3eoples of the +lave 4oast of 5est 'frica. \\\.sacred-texts.com%

    ][[X.

    2F\+0=G#, X.

    NRN L!e voice of  'frica. )ol. I. Dondres/ Nutc!inson ;o.

    N9

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    NRRO +splendor e decadência do culto de =9ami Fsoron$a entre os

    =orubas5 J:inha :ãe 2eiticeiraJ. P. _er$er. 5rtigos5 Komo =. #ão Paulo,

    orrupio5 W/RN.

    NRRW 1ieu: dN5frique5 culte des orishas et vodouns 1 l^ancienne cLte des

    esclaves en Afrique et 1 \ahia, la \aie de Kous les #aints au \resil. Paris5evue 0oire.

    OTTT Fotas so%re o 0ulto aos -ri:

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    () f. item O.O., em que trataremos dos problemas de material e t*cnica.

    QJ @HJconsists essentiall of t9o brass or bronze images, the one of a na2ed man, the other of

    a na2ed 9oman, lin2ed together b a chain, and each mounted on a short iron rarel, brass

    [email protected] 9 partir de a(ora% nos referiremos a cadaedan estudado pelo n4mero que apresenta nesta

    tabela. =odas as foto(rafias deste arti(o foram tomadas por Za(ner ouza e il"a

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    (NV) :aria or),

    para Prof. ;r. Glpiano \ezerra de :eneses (diretor do :A+)- erti"cado

    da aleria #e$9 emitido em OYgTRgYO- arta :A+ B . TTgYO, deNgNNgYO, para Xadislas #e$9- ecibo de T[gNOgYO, assinado por

    http://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela6.htmlhttp://www.arteafricana.usp.br/codigos/artigos/003/tabela6.html

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    Antonietta \orba :uniz de #ouza- arta :A+ Ff. n` VSgYO, de OTgNNgYO,

    para o eitor da G#P, Prof. ;r. :i$uel eale- arta de OOgNNgYO, de

    Xadislas #e$9 para o :A+- arta :A+ B TWgYO, de OgNNgYO para

    Xadislas #e$9 (todos esses documentos estão na pasta suspensa

    Jompras B A2J do #etor de ;ocumentação do :A+).

    (O) f. elação da coleção pertencente a os* :arianno arneiro da

    unha, posta em dep%sito no :A+ em a$osto de NRYS (pasta J;ep%sitos

    B A2J)- elação da coleção de .:... posta em dep%sito no :A+ em

     unho de NRYY (pasta J;ep%sitos B A2J)- "chas catalo$r"cas das peças-

    Xivro de Kombo do acervo.

    (OV) ;ados da entrevista concedida pela Profa. ;ra. :aria :anuela Xi$etiarneiro da unha a #uel9 :oraes ervolo e Patrícia aaini em

    T[gTOgNRRT, re$istrada em "ta cassete.

    (OW) f. arta de TgT[g[N, de :aria :anuela Xi$eti arneiro da unha

    para a Profa. ;ra. ilda eale #tarz9nsi, ;iretora do :A+ (pasta

    J;ep%sitos B A2J)- elação da coleção doada por :aria :anuela Xi$eti

    arneiro da unha ao :A+ (pasta J;oação B A2J).

    ]1J ;f. :ota 0Y.

    (OY) JL!e 3art! is not represented %y any sym%ol in Ioru%a art" alt!oug!

    it is personied. L!is corresponds to an a%sence of representation of its

    counterpart" t!e s9y -lorunJ.

    (O[) JL!e pair" male and female" sym%olizing t!e union of Keaven and

    3art! on /!ic! !uman e:istence is %asedJ.

    (OR) J(U)La9o" ta%o" '*+/#p( 7ale and female go toget!erTJ.

    (T) J(U)Li%i" tire" '*i/#p( Eood and evil go toget!erT J.

    (N) J(U)s!e is %ot! rm and tender" good and evil" generous and

    dangerous.UT H!e is t!e giver of life and receiver of t!e dead" t!e

    V7ot!er of 5llV and yet t!e originator of /itc!craft J.

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    (O) Jo/ó #l

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    avana./ F tema Arar%*E:e*9on ser o "o condutor que nos levar 1

    ori$em $eo$r"ca dos Arar, localizados no ;aomê. +ste nome * a forma

    francesa de "an;ome no "entre da serpenteJ.

    #e$undo a lenda, o palcio foi construído no ventre de um rei chamado

    ;an, quem foi destronado depois e o nome "an;ome se aplicou à cidade!istórica deAbone5% referido ao pa&s dos tempos do tráfico ne(reiro até 0VYS.

    Fs $rupos arar%s, trazidos a uba na etapa escravista lo$raram

    sobreviver principalmente em municípios da província de atanas (a

    NTO m da capital) zona onde se aprecia com maior pureza o

    le$ado arar%tendo expoentes como :aximiliano Bar+, i$uelina Bar+7

    Emiliano

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    Fs fon foram os fundadores dos reinos tradicionais deAllana7 A#one=7

    0orto No>o e Sa>i nas zonas meridional e central do atual \enin.

    ontinua vi$ente a polêmica ao redor dos vocbulos Arres7 Arre7

    Arer7 Arra?, impostos pelos europeus como variantes diferentes e

    atribuem a diversas localidades do atual \enin as denominaç!esdo @uan Arera, pequeno A?lia e capital do eino de Arra.

    #ão contados os trabalhos que tentam romper as barreiras que separam

    os estudos culturais na Mfrica e aqueles que se realizam na Am*rica. 8

    preciso contribuir ao estabelecimento de pontes, proporcionar reex!es

    comuns e su$erir hip%teses com o obetivo de aprofundar cada vez mais

    a anlise das culturas africanas.

    0o exame da tradição lin$Dística podem de"nir/se três centros de

    interesse fundamental5 o m$ico, o mito e a lenda da vida e a morte. 0o

    que se refere 1 reli$iosidade cinco aspectos bsicos se enunciam5 ;eus e

    as demais deidades, o homem $en*rico, os animais, obetos, fenLmenos

    naturais e a ma$ia.

    0a cultura e:e*fon em uba existe um ser supremo

    denominado Se$#olisa ou "aase$so, cuo outro nome de %:u,quase nunca se utiliza. 0a teo$onia 2on, se atribuem diversas funç!es

    mediadoras a um $rupo de divindades que são os deuses da natureza,

    como a"rma :etraux.

    #e$undo dados obtidos do testemunho de :i$uelina \ar% *spedes

    (O[gTRgNRRO) as festas reli$iosas em uba de ori$em africana se iniciam

    depois de consultar o primeiro _odum (divindade ou deidade) para que

    dê a sua aprovação. +ste primeiro _odum se$undo uventino ubru$ou9

    * ,ura$o em arar% eEle$#a em =oru#%.

    0a mitolo$ia 9on Ele$#a – -una=o em a;i/ cumpre uma função de

    primeira ordem, em todo o sistema reli$ioso, pois * mensa$eiro dos

    deuses e expressa a vontade destes, * tamb*m a deidade do

    destino,-una=o * honrado ao princípio de cada cerimLnia e recebe as

    primeiras oferendas.

    +ntre os fon esta deidade se coloca no portal da casa familiar, em formade um monte de terra com o membro viril de metal ou de madeira,

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    muitas vezes exa$erada. +m uba aparece sincretizado com #ão Pedro,

    #ão oque ou #anto :enino de Atocha. +m Perico (:atanzas), lhe *

    atribuído o nome de Afra- em ovellanos (:atanzas) se usa o nome

    de 8ura,o, isto poderia explicar/se porque na mitolo$ia iorub ambos

    conformam a deidade E;u6Ele"ba.E;u equi"aleria a A7ra e Ele"ba a =ura9o% a deidade que abre o camin!o e de"e enc!er-se de

    comida antes que o resto dos deuses possa comer. 9s cerimBnias de )odum de Lenin se

    desen"ol"em em meio a muito colorido% mas não se pode asse(urar que cada deidade ten!a as

    suas cores preferidas como no caso de ;uba onde existe um simbolismo no "estuário.

    Ao che$ar a outro meio $eo$r"co, a mudança que se opera nos

    atributos, o vesturio e as funç!es favoreceram a aparição de novos

    relatos ao redor da ori$em das deidades a tal ponto que as anti$as

    lendas foram esquecidas pelos descendentes africanos em uba, cuaspoucas exceç!es são as casas/templo centenrias.

     Kamb*m essas lendas se conservam quase sem variaç!es em outras

    reas do territ%rio cubano, por exemplo em A$ramonte, :atanzas, Perico

    e ovellanos. 0o iorub, as conservam a #ociedade F risto, em Palmira,

    #anta \rbara e #ão oque, assim como o abildo dos on$os na mesma

    Palmira, província de ienfue$os (zona central de uba) que se$undo

    contam era de ori$em arar%.

    F conceito do homem $en*rico na reli$ião arar%, en$loba dois tipos de

    pessoas5 o homem (comum e não comum) e os ancestrais, ambos são

    obetos de culto, i$ual que entre os a,a*fon de \enin. ;entro do

    primeiro tipo entram os chamados A#iu, os êmeos e os An!es. +ntre

    os iorubs e os eHe/fon da 0i$*ria e ;ida ome9, respectivamente, se

    pratica um culto aos $êmeos que conta com suportes míticos associados

    aos seus pante!es tutelares.

    +m uba s% na pequena cidade de A$ramonte os $êmeos se inte$ram

    ao panteão arar% e são chamados de O,o,o (-o;o em LeninJ. #s (,meos são

    "enerados em Lenin mas isto não quer dizer que pertençam a al(uns dos tr,s panteões

    fundamentais destas re(iões% os -o;os podem ser assinalados por .a Ifá em iorubáJ a pessoas

    que sejam Ono% (,meos.

    ;e acordo com uma velha crença, são seres que procediam de uma selva

    chamada

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    sup!e, entre os $rupos arar, foram re$istrados nomes de deidades

    consideradas autLnomas, mas na verdade são $êmeos na mitolo$ia 2on,

    tais são os casos de "aa pata% a deidade da "ar&ola.

    #e$undo eiovits, %:u era ao mesmo tempo homem e mulher ebastante tempo transcorreu de que a parte feminina concebesse

    $êmeos, o macho foi chamado de "aa

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    habitantes do ;aomê. +m tempos difíceis de sua existência al$uns

    recorrem ao 2a e os seus derivados. Futros aos Abius que vivem em

    $rupos, em certas matas chamadas Aniu un, em 2on ]a mata dos

    Abiu^.

    ;entro deste refutito? @an"stoJ. elo "isto em ;uba% ao i(ual que em Lenin principalmente na tradição

    arará% o culto que se rende aos defundos crianças% jo"ens e até pessoas menores de 1[ anos% não

    tem a mesma import7ncia que o culto aos defuntos anciãos.

    0o caso particular de Neso;:e se rende culto a todos os mortos da fam&lia real% sem

    exceção. :o entanto% os utito que podem classificar-se como mortos ordinários que depois

    inte(ram as sociedades secretas o culto é seleti"o. :em todos os mortos são considerados

    ordinários% se(undo os crentes% re(ressam desde a sua "ida no mais além% possuem al(uns

    membros da fam&lia e prote(em a outros% tanto o culto dos mortos entre os Cesu;:e% como o

    dos utitospodem considerar-se cultos aos ancestrais.

    +ntre os arar em uba se aprecia bastante confusão em relação com

    este aspecto. #e$undo eiovits o culto aos antepassados constitui o

    ponto fundamental da or$anização social no ;aomê, para que um clã ou

    família exista e se perpetue, a veneração dos seus ancestrais deve serestritamente cumprida.

    Gm elemento importante deste culto * que estabelece que as cerimLnias

    f

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    :ichaelle Ascencio considera o culto aos mortos como a f%rmula ritual

    que empre$am os membros de uma linha$em para manter a união entre

    os vivos e mortos e atrair/se a proteção dos que ]foram embora^. F

    culto * reforçado pela ciência em quase todas as culturas de que os

    antepassados ocupam um lu$ar interm*dio entre os vivos e os deuses.

    Futro aspecto importante da reli$iosidade arar * o culto aos animais

    bastante difundido na Mfrica, mas diferente e não li$ada ao totemismo.

    0 a maioria dos casos as suas raízes são mais diretas e imediatas5 o

    temor supersticioso das feras selva$ens estimula em al$uns casos a

    reli$iosidade- * indiscutível que nos cultos zooltricos do ;aomê o culto

    1 serpente * o mais importante.

    A principal entidade que se encontra no ;aomê se chama elidi- outro

    culto * dedicado 1 deidade ;an (A #erpente), princípio do movimento e

    da vida, qualidades de tudo o exível, sinuoso e

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    resultado das mi$raç!es, êxodos, pere$rinaç!es, etc. entre diferentes

    tribos.

    0umerosas deidades, procedentes de terras iorubs, foram incorporadas

    aos templos fon. +m =fê/F9%/Kapu, se conhecia como Frix e em \enincomo _odum- assim aconteceu com ebioso que che$ou desde o país

    iorub como Zan$L- :Hu como Fl%rum- Xisa/:aHo comoFbatal/Fdudua- Afaf (ou sea pai do 2a) como Frumil e seusacerd%cio (\ooono AHog \abalaHo).+ntre os descendentes arar se pode precisar quanto elementos

    fundamentais da identidade5 a *tica, a hospitalidade, a lin$ua$em e a

    arte. A *tica se reete sobretudo na educação formal e o respeito aos

    maiores, quanto 1s crianças a proibição de participar em conversas demaiores e sentar/se entre eles, a obri$ação de permanecer afastado no

    quintal.

    6uando che$a um visitante maior ou inclusive um familiar * obri$at%rio

    beiar o chão para cumpriment/lo, beiar/lhe a mão e pedir a bênção. +m

    \enin entre os fon de Abo9e e lu$ares vizinhos quando che$a um

    di$nitrio, um príncipe ou rei, o an"trião "ca de oelhos e leva a testa ao

    chão at* que a autoridade tradicional lhe ordenar que se levante.

    =$ualmente acontece com os bailes de osta de :ar"m e em $eral entre

    os habitantes do #aara para os que o cumprimento * um ato obri$at%rio

    e solene que exi$e dos an"tri!es o cumprimento de uma s*rie de

    normas. #e entre os arar, o visitante recebe $ua quando este a pede,

    entre os fon, o recebimento do visitante vai imediatamente

    acompanhado de $ua fresca e pode que lhe sea oferecido tamb*m

    sbedehan (a$uardente de milho) se$undo testemunho de :. \ar% oucomo em \enin, o sobadi (a