aquele que leva o sacrifício elebo

104
Èsù Elebo EBO  Para melhor compreensão do porque da necessidade de oferendas aos deuses vamos aqui discorrer sobre o mito da criação de Èsù, princípio dinâmico e princípio da existência individualizada. A anlise de Èsù se imp!e como imprescindível para compreensão da ação ritual e do sistema como totalidade. Princípio dinâmico e de expansão de tudo o que existe, sem ele todos os elementos do sistema e seu devir "cariam imobilizados, a vida não se desenvolveria. #e$undo as pr%prias palavras de Ifá, &cada um tem seu pr%prio Èsù e seu pr%prio Olórun, em seu corpo' ou &cada ser humano tem seu Èsùindividual, cada cidade, cada casa (linha$em), cada entidade, cada coisa e cada ser tem seu pr%prio Èsù', e mais, & se al$u*m não tivesse seu Èsù em seu corpo, não poder ia existir, não saberia q ue estava vivo, porque * compuls%rio que cada um tenha seu Èsù individual'. +m virtude da maneira como Èsù foi criado porOlódùmarè , ele deve resolver tudo o que possa aparecer e isso faz parte de seu trabalho e de suas obri$aç!es. ada pessoa tem seu pr%prioÈsù- e ele deve desempenhar o seu papel, de tal modo que aude a pessoa para que ela adquira um bom nome e o poder de desenvolver/se. Olódùmarè fez Èsù  como se fosse um medicamento de poder sobrenatural próprio para cada pessoa. Isto quer dizer que cada pessoa tem à mão seu próprio remédio de poder sobrenatural podendo utilizá-lo para tudo o que desejar.  Èsù  exerce as mesmas funções para todos os ebora. ó os seres !umanos não podem "er seu Èsù  particular. #s ebora$ osòrìsà e todos os Irúnmalè podem "er-se a si próprios% acompan!ados de seu Èsù % fato que l!es permite executar tudo o que tem necessidade% de acordo com as maneiras espec&ficas e os de"eres de seu Èsù . 0os ritos de oferendas ambos comem untos- o nome de cada Èsù acompanhante * conhecido, invocado e cultuado  unto ao òrìsà, como elemento indestrutívelmente li$ado a ele. A hist%ria conta que nas remotas

Upload: prasantos

Post on 03-Jun-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 1/104

Èsù Elebo

EBO

 

Para melhor compreensão do porque da necessidade deoferendas aos deuses vamos aqui discorrer sobre o mito dacriação de Èsù, princípio dinâmico e princípio da existênciaindividualizada.A anlise de Èsù se imp!e como imprescindível paracompreensão da ação ritual e do sistema comototalidade. Princípio dinâmico e de expansão de tudo o queexiste, sem ele todos os elementos do sistema e seu devir

"cariam imobilizados, a vida não se desenvolveria.#e$undo as pr%prias palavras de Ifá, &cada um tem seupr%prio Èsù e seu pr%prio Olórun, em seu corpo' ou &cadaser humano tem seu Èsùindividual, cada cidade, cada casa(linha$em), cada entidade, cada coisa e cada ser tem seupr%prio Èsù', e mais, & se al$u*m não tivesse seu Èsù emseu corpo, não poderia existir, não saberia que estavavivo, porque * compuls%rio que cada um tenha

seu Èsù individual'. +m virtude da maneira como Èsù foicriado porOlódùmarè, ele deve resolver tudo o que possaaparecer e isso faz parte de seu trabalho e de suasobri$aç!es. ada pessoa tem seu pr%prioÈsù- e ele devedesempenhar o seu papel, de tal modo que aude a pessoapara que ela adquira um bom nome e o poder dedesenvolver/se.Olódùmarè fez Èsù  como se fosse um medicamento de poder sobrenatural próprio para

cada pessoa. Isto quer dizer que cada pessoa tem à mão seu próprio remédio de poder

sobrenatural podendo utilizá-lo para tudo o que desejar.  Èsù  exerce as mesmas funções

para todos os ebora. ó os seres !umanos não podem "er seu Èsù  particular. #s ebora$

osòrìsà e todos os Irúnmalè podem "er-se a si próprios% acompan!ados de seu Èsù % fato

que l!es permite executar tudo o que tem necessidade% de acordo com as maneiras

espec&ficas e os de"eres de seu Èsù . 0os ritos de oferendas ambos comem untos- o nome decada Èsù acompanhante * conhecido, invocado e cultuado unto ao òrìsà, como elemento indestrutívelmente li$ado aele. A hist%ria conta que nas remotas

Page 2: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 2/104

ori$ens,Olódùmarè e Òrìsànlá estavam começando acriar o ser humano. Assim criaram Èsù, que "cou maisforte, mais difícil que seuscriadores.Olódùmarè enviou Èsù para viver

com Òrìsànlá- este colocou/o 1 entrada de sua morada e oenviava como seu representante para efetuar todos ostrabalhos necessrios. 2oi então queÒrùnmìlà deseoso deter um "lho, foi pedir um a Òrìsànlá. +ste lhe diz queainda não tinha acabado o trabalho de criar seres e quedeveria voltar um mês mais tarde. Òrùnmìlà insistiu,impacientou/se querendo a qualquer preço levar um "lhoconsi$o. 3r4s1nl repetiu que ainda não tinha nenhum.

+ntão per$untou5 6ue * aquele que vi 1 entrada de suacasa7 8 aquele mesmo que ele quer.Òrìsànlá lhe explicouque aquele não era precisamente al$u*m que pudesse sercriado e mimado no 1i9*. :as Òrùnmìlà insistiu tantoque Òrìsànlá acabou por aquiescer. Òrùnmìlà deveriacolocar suas mãos em Èsù e , de volta ao àiyé, manterrelaç!es com sua mulherYebìírú, que conceberia um "lho.;oze meses mais tarde, ela deu 1 luz um "lho homem e,

porque Òsàlà dissera que a criança seria Alábára, senhordo poder, Òrùnmìlà decidiu chama/la !lébara- assimdesde que, Òrùnmìlà pronunciou seu nome, acriança,Èsù mesmo, respondeu e disse5Iyá, ìyá   mãe% mãe

Ng o je eku   eu quero comer preás

 A mãe respondeu5

 Omo naa jeè  fil!o% come% come,

Omo naa jeè  fil!o% come% come

Omo l’okùn  'm fil!o é como contas de coral "ermel!o%

 Omo ni de  'm fil!o é como cobre

Omo ni jìngìndìnrìngìn  'm fil!o é como ale(ria inestin(u&"el%

   um se yì, mu s’òrun  'ma !onra apresentá"el% que nos

 ra eni   representará depois da morte.

Page 3: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 3/104

 +ntão Òrùnmìlà trouxe todos os pres que podeencontrar. 0o dia se$uinte a cena se reproduziu5 

!o r’omo na  )isto que conse(ui ter um fil!o ji logba aso  o que acorda e usa duzentas "estimentas

diferentes%

Omo máa *il!o% continue a comer 

 0o quarto dia, disse que queria comer carne. #ua mãecantou como de hbito e seu pai trouxe/lhe todos osanimais quadr<pedes que pode achar- at* que não "cou

um s%, Èsù não parou de chorar.0o quinto dia, ele disse5 "yà "yà  mãe, mãeNg ó je ó  +u quero com,-la

 A mãe repetiu sua canção5 "lho come, "lho come, come efoi assim que Èsù en$oliu sua pr%pria

mãe. Òrùnmìlà alarmado, correu a consultaros "abalá#$, que lhe recomendaram fazer a oferenda deuma espada, de um bode e de quatorze mil cauris- eleassim o fez.0o sexto dia depois de seu nascimento, Èsùdisse5 #àbá, #àbá   ai% ai

Ng ó ju ó ó  +u quero com,-lo

 $rùnmìlà  cantou a canção da mãe e quando este se aproximou% $rùnmìlà  lançou-se em

sua perse(uição com a espada e Èsù  fu(iu. uando$rùnmìlà  o reapan!ou% começou a

seccionar pedaços de seu corpo% a espal!á-los% e cada pedaço transformou-se em

um %ang& . $rùnmìlà  cortou e espalhou duzentos pedaços e eles setransformaram em duzentos Yaní . 6uando o pai sedeteve, o que restou de Èsùlevantou/se e continuoufu$indo.

Page 4: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 4/104

=sto repetiu/se nos nove Òrun que "caram assim povoadosde Yaní . 0o <ltimo òrun, depois de ter sidotalhado, Èsù decidiu pactuar comÒrùnmìlà 5 este nãodevia mais perse$ui/lo- todos os >an$í seriam seus

representantes eÒrùnmìlà poderia consulta/los cada vezque fosse necessrio envia/los a executar os trabalhos queele lhes ordenasse fazer, como se fossem seus verdadeiros"lhos. ?s@ asse$urou/lhe que seria ele mesmo quemresponderia por meio dos >an$í (pedaços de laterita) cadavez que o chamasse.$rùnmìlà  per(untou-l!e sobre a mãe que !a"ia sido de"orada% e ele de"ol"eu sua mãe ao

pai e acrescentou/

 $rùnmìlà ki o maa k'si oun

"i ó ba fee ba b$b$ à#$n n%an"i eran a&i eye'i òun (e &i àiyé)è òun ó máà ràn án ló#ólá&i bà *adà fún là&i $#$ à#$n Om$ aràiyé. 

$rùnmìlà  de"eria c!ama-lo

#e ele queria recuperar a todos eada um dos animais e das aves6ue ele tinha comido sobre a terra+le (?s@) os assistiria paraeavê/los das mãos da humanidade. ;essa hist%ria rica em informaç!es, queremos destacar a

relação que o ì&an estabelece entre o povoamento ou onascimento de descendentes, com a voracidade a$ressivado rec*m/nascido e a devolução ulterior de tudo o que foiengolido B devido ao pacto. Particularmente a restituição damãe/símbolo, Yébìírú, 9* C bi C ir<5 a mãe que dnascimento a "lhos de todo tipo, o ventre/continente dahumanidade.A restituição da mãe e de tudo o que tinha sido in$eridoatrav*s de oferendas não s% restabelecea harmonia, mastransforma o descendente no símbolo de fecundidade e de

Page 5: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 5/104

transmissão do abàra, a força simbolicamente contidano adó+iràn (cabaça que contem a força que se propa$a).Por este motivo Èsù tamb*m * chamado !leb$, senhor dasoferendas.

$se( )ù*á, representante direto de Èsù, simboliza um de seusaspectos mais importantes, o de ser encarre$ado detransportar as oferendas, Ò(íse+eb$, evidenciando seucarter de ?s@ !leb$ , oproprietrio, o que controla, o quere$ula o eb$, a oferenda ritual.

Por ser a <nica entidade para quem são abertas as portasdo òrun, quando a relação òrun+àiyé"ca abalada e a secaameaça destruir inteiramente a terra, o descendente * o

<nico que pode transportar, fazer aceitar o eb$ e,conseqDentemente, trazer a chuva, fertilizar a terra,restabelecendo ao mesmo tempo a relação òrun+àiyé.Èsù  é o resultado da interação de um par/ nasceu do "entre e do àse de $sun Olori "yá(mi

 j'   do poder supremo feminino% e do àse dos 01 Irúnmalè +gbà Odù % do poder supremo

masculino.

 

( Afòsé) O VERBO – Sua importância

 

A transmissão oral do conhecimento * considerada na tradição

iorub como o veículo do asE, o poder, a força das palavras, que

permanece sem efeito em um texto escrito. F conhecimento

transmitido oralmente tem o valor de uma iniciação pelo verbo

atuante, uma iniciação que não est no nível mental dacompreensão, por*m na dinâmica do comportamento. 8 tamb*m

difícil traçar uma linha de demarcação entre o assim chamados

conhecimento cientí"co e prtica &m$ica'.

=sto ocorre devido 1 importância dada, em uma cultura

tradicionalmente oral como a iorub, 1 encantação,$fò, pronunciada

no momento de preparação ou aplicação das diversas receitas

medicinais, $òùn.0eles ($fò) encontramos a de"nição da ação

esperada de cada um dos elementos que entram na receita.

Page 6: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 6/104

+ssas encantaç!es (o$o de palavras) têm uma $rande importância

nas civilizaç!es de tradição oral. #endo pronunciadas em oraç!es

solenes, podem ser consideradas como de"niç!es e com freqDência

são as bases sobre as quais o raciocínio * construído.

0a cultura africana tradicional, saber o nome de uma pessoa oucoisa si$ni"ca que elas podem, at* certo ponto, ser controladas.

onseqDentemente, entre os iorubas a preparação de rem*dios e

trabalhos m$icos deve ser acompanhada de encantaç!es

($fò- com o nome das plantas, semas quais esses rem*dios e

trabalhos não a$iriam. Palavras para que possam agir , devem

ser pronunciadas. +ntre os iorubas, os $fò são frases curtas nas

quais muito freqDentemente o verbo que de"ne a ação esperada, o

verbo atuante, * uma das sílabas do nome da planta ou doin$rediente empre$ado. omo exemplo vamos usar um trabalho

feito para encontrar onde "car, &ed$.  +le indica a oferenda a ser

feita e a encantação apropriada5 um pilão ($dó) * usado para

encontrar onde acampar (dó)- folhas de &è&è para encontrar onde

descansar (&è)- folhas bébé  para encontrar onde morar

(bé). 2reqDentemente, o verbo atuante de uma preparação * o

mesmo para todas as folhas nela empre$adas, e a mesma sílaba *

encontrada em cada um dos nomes. 8 o caso, por exemplo, de umareceita para tratar lepra ($òùn è&è) em que a sílaba *a  *

encontrada nos nomes das folhas i%í *u*a, $*arun e òrú*a, e na

encantação, que tamb*m * a mesma para as três5 ba mi *a

àrùn è&è, &aude/me a matar a lepra'.

F verbo atuante da f%rmula propiciat%ria tamb*m pode ser

encontrado em mais de uma sílaba do nome da planta.

6uando *èrèún * usada em trabalhos para se obter boa

sorte #úre $ríre, o elo * criado a partir de *èrè, como $fò *èrèún *e rere #á, &pErE$<n chame a sorte (rere) para c-

mas quando * usada em trabalhos para a$radar as feiticeiras #í#á

ìyónú ìyàmi , o elo se baseia em ún, com o $fò *èrèún ó ní %í

ayé mi ó ún, pErE$<n manda que a minha vida sea reta (ún).

Gm babalaH% raramente empre$a os nomes dos odus em sua forma

ori$inal, dando preferência aos nomes derivados dele foneticamente,

1s vezes por acr*scimo de um pre"xo e um su"xo, que lhe conferem

uma si$ni"cação particular. ;essa maneira o babalaH% tem maior

Page 7: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 7/104

facilidade para encontrar o simbolismo e o contexto das hist%rias

(ì&àn) e rem*dios classi"cados naquele odu.

+is al$uns exemplos5

$gúndá òd&  também pode ser denominado ògúndá g'dì& ìgb&n% 23(4ndá-

corta-o-fundo-do-caracol5% em alusão à tranq6ilidade% uma "ez que o l&quidoque flui da conc!a do caracol é usado na preparação de um tranq6ilizante.

0os trabalhos para se obter favores das feiticeirasìyónú ìyàmi , o

odu òsá mé(ì, torna/se òsá eléye, Is/dono/do/pssaro, e $bè

òúndá torna/se $bè ìyàmi .

)imos assim a import7ncia da  verbalização de nossos desejos ou

necessidades. 8 justo e necessário que se obser"e ou relembre

que/ ala-ras .ara /ue .ossam agir, de-em ser .ronun0iadas1 +is a& uma

oportunidade/ 

O2#È "345È $u O/"È A012343 O56 (o$bE/dono/da/casinha/

de/dinheiro)

 

;eve/se pilar e#é *èrèún e imí $(ó *u*a (enxofre vermelho),

misturar com sabão da costa e lavar/se com o preparado, dizendo

o $fò5

  súr' .’aj' .

 Ada ìrììrì *7a(é.

Oro a.’aj' má ye o6ùn1

)èrèún ní í *e irúm$lè l7á&7òde òrun #7áyé.

)èrèún #á l$ rèé *e a(é &èmi #á l7á&7òde òrun.

 

+le/que/corre para chamar riquezas

+le que apressa furiosamente para chamar riquezas2ala, chame riquezas sem falhar

8 )èrèún que chama irúnm$lè do al*m para a terra

èrègún% a(ora "á e c!ame min!a riqueza do além.

ONI78 

Page 8: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 8/104

 

Onil'  era a fil!a mais recatada e discreta deOlódùmarè.

)i"ia trancada em casa do pai e quase nin(uém a "ia$ quase nem se sabia de sua

exist,ncia.

uando os orixás seus irmãos se reuniam no palácio do (rande pai para as (randesaudi,ncias em que Olódùmarè comunicava suas decis!es, Onil'  fazia

um buraco no c!ão e se escondia% pois sabia que as reuniões sempre termina"am em festa%

com muita m4sica e dança ao ritmo dos atabaques.

#nilé não se sentia bem no meio dos outros. 'm dia o (rande deus mandou os seus arautos

a"isarem/ !a"eria uma (rande reunião no palácio e os orixás de"iam comparecer ricamente

"estidos% pois ele iria distribuir entre os fil!os as riquezas do mundo e depois !a"eria muita

comida% m4sica e dança.

or todo os lu(ares os mensa(eiros (ritaram esta ordem e todos se prepararam comesmero para o (rande acontecimento. 6uando che$ou por "m o $randedia, cada orix diri$iu/se ao palcio na maior ostentação,cada um mais belamente vestido que o outro,pois este era o desejo de Olódùmarè. Iyam$(àc!e(ou "estida com a espuma do

mar%

os braços ornados de pulseiras de al(as marin!as% a cabeça cin(ida por um diadema de

corais e pérolas% o pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola.

Osòósì  escol!eu uma t4nica de ramos macios% enfeitada de peles e plumas dos mais

exóticos animais.

Osaniyn vestiu/se com um manto de folhas perfumadas.$gún preferiu uma couraça de aço brilhante, enfeitada comtenras folhas de palmeira.$sún escol!eu cobrir-se de ouro% trazendo nos cabelos as á(uas "erdes dos rios.

 9s roupas de $súmar' mostravam todas as cores, trazendo nasmãos os pin$os frescos da chuva.Oya escol!eu para "estir-se um sibilante "ento e adornou os cabelos com raios que col!eu

da tempestade.

9angó não fez por menos e cobriu/se com o trovão.$salà  trazia o corpo envolto em "bras alvíssimas de al$odãoe a testa ostentando uma nobre pena vermelha depapa$aio.+ assim por diante.

:ão !ou"e quem não usasse toda a criati"idade para apresentar-se ao (rande pai com a

roupa mais bonita.

:unca se "ira antes tanta ostentação% tanta beleza% tanto luxo.

Page 9: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 9/104

;ada orixá que c!e(a"a ao palácio deOlódùmarè pro"oca"a um clamor de admiração%

que se ou"ia por todas as terras existentes.

#s $risás encantaram o mundo com suas "estes. <enos Onil' .

Onil'  não se preocupou em "estir-se bem.

Onil'  não se interessou por nada.Onil'  não se mostrou para nin(uém.

Onil'  recol!eu-se a uma funda co"a que ca"ou no c!ão.

uando todos os $risás haviam che$ado,Olódùmarè mandou que fossem acomodadosconfortavelmente, sentados em esteiras dispostas ao redordo trono.+le disse então à assembléia que todos eram bem-"indos. ue todos os fil!os !a"iam

cumprido seu desejo e que esta"am tão bonitos que ele não saberia escol!er entre eles qualseria o mais "istoso e belo.

=in!a todas as riquezas do mundo para dar a eles% mas nem sabia como começar a

distribuição.

+ntão disse Olódùmarè que os pr%prios "lhos, ao escolherem oque achavam o melhor da natureza, para com aquelariqueza se apresentar perante o pai, eles mesmos tinhamfeito a divisão do mundo.

+ntão Iyamojà "cava com o mar,$sún com o ouro e os rios.

 9 $sòósì  deu as matas e todos os seus bic!os%

reser"ando as fol!as para $saniyn.

>eu a Oya o raio e a 9angó o trovão.*ez :salà  dono de tudo que * branco e puro, de tudo que * oprincípio, deu/lhe a criação.>estinou a $sumar' o arco/íris e a chuva. 9 $gún deu o ferro e tudo o que se faz com ele, inclusive a$uerra.+ assim por diante.

>eu a cada òrisà um pedaço do mundo% uma parte da natureza% um (o"erno particular.

>i"idiu de acordo com o (osto de cada um. + disse que a partir de então cada um seria o

dono e (o"ernador daquela parte da natureza.

 9ssim% sempre que um !umano ti"esse al(uma necessidade relacionada com uma daquelas

partes da natureza% de"eria pa(ar uma prenda aoòrisà que a possuísse.Pa$aria em oferendas de comida, bebida ou outra coisa quefosse da predileção do òrisà.

Page 10: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 10/104

#s òr&sàs% que tudo ou"iram em sil,ncio% começaram a (ritar e a dançar de ale(ria%

fazendo um (rande alarido na corte.

Olódùmarè pediu silêncio, ainda não havia terminado.>isse que falta"a ainda a mais importante das atribuições.

ue era preciso dar a um dos fil!os o (o"erno da =erra% o mundo no qual os !umanos"i"iam e onde produziam as comidas% bebidas e tudo o mais que de"eriam ofertar

aos òr&sàs.

>isse que da"a a =erra a quem se "estia da própria =erra.

uem seria? per(unta"am-se todos?

@ Onil'  @% respondeu Olódùmarè.

@ Onil' ?@ todos se espantaram.

;omo% se ela nem sequer "iera à (rande reunião?

:en!um dos presentes a "ira até então.:en!um sequer notara sua aus,ncia.

@ois Onil' est entre n%sJ, disse Olódùmarè e mandou que todos

ol!assem no fundo da co"a% onde se abri(a"a% "estida de terra% a discreta e recatada fil!a.

 9li esta"a Onil' % em sua roupa de terra.

Onil' % a que também foi c!amada de Ilè% a casa% o planeta.

Olódùmarè disse que cada um que habitava a Kerra pa$assetributo a Onil' %

pois ela era a mãe de todos% o abri(o% a casa.

 9 !umanidade não sobre"i"eria sem Onil' .

 9final% onde fica"a cada uma das riquezas queOlódùmarè partilhara com"lhos òr&sàs?

@=udo está na =erra@% disse Olódùmarè.

2# mar e os rios% o ferro e o ouro5%

#s animais e as plantas% tudo@ % continuou$ até mesmo o ar e o "ento% a c!u"a e o arco-&ris%

tudo existe porque a =erra existe% assim como as coisas criadas para controlar os !omens e

os outros seres "i"os que !abitam o planeta% como a "ida% a sa4de% a doença e mesmo a

morte.

ois então% que cada um pa(asse tributo aOnil' %

foi a sentença final de Olódùmarè.

Onil' % òrisà da Kerra, receberia mais presentes que os outros,pois deveria ter oferendas dos vivos e dos mortos, pois na Kerra tamb*m repousam os corpos dos que não vivem.Onil' % também c!amada iy' % a =erra% de"eria ser propiciada sempre% para que o mundo

dos !umanos nunca fosse destru&do.

=odos os presentes aplaudiram as pala"ras deOlódùmarè.

Page 11: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 11/104

=odos os òrisàs aclamaram Onil' .

=odos os !umanos propiciaram a mãe =erra.

+ então Olódùmarè retirou/se do mundo para sempre e deixouo $overno de tudo por conta de seus "lhos òrisàs.

 

Ancestralidade

 

:a ;ultura Aeje-:a(B %a "ida não se finda com a morte.

 +)ún*a% é o nome dado ao processo di"ino de exist,ncia 4nica/ 9 continuidade da "ida.

Oludumar'  % # upremo >eus Corubá no momento do nascimento ofereceaos !omens um conjunto de forças sa(radas que possibilita a"ida.ão elas/ 3/ # corpo f&sico "indo da Dama.

49È : +lementos do or(anismo !umano.

O;N / ;oração f&sico e espiritual E Fr(ão que centraliza o poder de "ida e sede da

inteli(,ncia% do pensamento e da ação.

O<I<I / +ss,ncia +spiritual.

8!" / # opro >i"ino de )ida.

O3" : 9 Indi"idualidade e a Identidade.:=> / # >estino e o camin!o a ser percorrido.

 ?9È :  2orça que movimenta a vida.:3"9+/ Guardião de cada exist,ncia !umana.

 

=odos estes aspectos não morremH )oltam as suas ori(ens% isto é% ao Orun% pois

pertencem aOlorun e só ele pode liberá-las. +stas forças di"inas animaram os

antepassados% os ancestrais% as ra&zes mães do asè orisà% ao partirem do iye% e "oltam

ao iye para animar seus descendentes e disc&pulos. 9 ancestralidade confirma aimortalidade% pois a "ida continua no #run como ancestrais. >oOrun a ancestralidade a tudo

Page 12: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 12/104

assiste. :o culto de Orisà% ancestrais si(nifica 9queles que um dia ti"eram a ener(ia de

"ida no iye e que cuja ener(ia de "ida é repassada às no"as (erações% (arantindo a

continuidade da "ida e do culto aos deuses africanosJ% como conclusão a "ida presente

depende da "ida passada de nossos ancestrais.

 O @A75O =O9 42AN2AN9 

 9tra"és do culto aos ancestrais% os 4gun ou4gungun é poss&"elreconstruir ori(ens% etnias% memória. +ssa memória% enraizada namultiplicidade da !erança ne(ro-africana% expande com força total%um et!os que passando a di"ersidade de suas expressõesmanifestas E :a(B% Aeje% 9n(ola% ;an(o% etc. E permite re"elar

estruturas% "alores% normas% denominadores comuns onde aquestão da ancestralidade m&tica e !istórica% marca a exist,ncia deuma forte comunalidade. 8 na memória e no culto aosantepassados que essa comunalidade se afirma <+=K+ >I>IJ

+(un(un ou +(un% esp&rito ancestral de pessoa importante%!omena(eado no 8ul&$ a$s !unun% esse culto é feito em casas

separadas das casas de Orisa. No Brasil o culto principal à 4gungun é praticado

na Il!a deI&a*arí9a no +stado da "a:ia mas existem casas em outros +stados.

#s na(Bs% então% cultuam os esp&ritos dos @mais "el!os@ dedi"ersas formas% de acordo com a !ierarquia que ti"eram dentro dacomunidade e com a sua atuação em prol da preser"ação e datransmissão dos "alores culturais. + só os esp&ritos especialmentepreparados para serem in"ocados e materializados é que recebemo nome +(un% +(un(un% Labá +(un ou simplesmente Labá paiJ%sendo objeto desse culto todo especial.

orque o objeti"o principal do culto dos 4gun é tornar "is&"el oesp&rito dos ancestrais% a(indo como uma ponte% um "e&culo% umelo entre os "i"os e seus antepassados. + ao mesmo tempo emque mantém a continuidade entre a "ida e a morte% o culto mantémestrito controle das relações entre os "i"os e mortos% estabelecendouma distinção bem clara entre os dois mundos/ o dos "i"os e o dosmortos os dois n&"eis da exist,nciaJ#s 4gungun se materializam% aparecendo para os descendentes efiéis de uma forma espetacular% em meio a (randes cerimBnias efestas% com "estes muito ricas e coloridas% com s&mbolos

Page 13: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 13/104

caracter&sticos que permitem estabelecer sua !ierarquia#s #abá(4gun ou 4gun(gbá  os ancestrais mais anti(osJ sedestacam por estar cobertos de b4zios% espel!os e contas e por umconjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é c!amado

 9balá% além de uma espécie de a"ental c!amado #an)B% e poremitirem uma "oz caracter&stica% (utural ou muito fina.#s .araká são 4gun mais jo"ens/ não t,m balá  nem#an)B enem uma forma definida$ e são ainda mudos e sem identidadere"elada% pois ainda não se sabe quem foram em "ida.

 9credita-se% então% que sob as tiras de pano encontra-se umancestral con!ecido ou% se ele não é recon!ec&"el% qualquer coisaassociada à morte. :este 4ltimo caso% o 4gungunrepresenta

ancestrais coleti"os que simbolizam conceitos morais e são os maisrespeitados e temidos entre todos os 4gungun%  $uardiãs quesão da *tica e da disciplina moral do $rupo.:o s&mbolo @4gungun@ está expresso todo o mistério datransformação de um ser deste mundo num ser do além% de suacon"ocação e de sua presença no 9iM, o mundo dos "i"osJ. +ssemistério  *CJ constitui o aspecto mais importante do culto. 

IIB(ID' / # Lerço Keli(ioso dos %orubas% deOdùdu*à a 9àngó

IlB(ID'  a ori(em do <undo

 9 cidade de IlB(ID'  é considerada pelos yorubaso lu(ar de ori(em de suas primeiras

tribos. lD'  é o berço de toda reli(ião tradicional yoruba a reli(ião dos $rìsà% o ;andomblé

do LrasilJ%é um lu(ar sa(rado% aonde os deuses lá c!e(aram% criaram e po"oaram o mundo

e depois ensinaram aos mortais como os cultuarem% nos primórdios da ci"ilização. IlB(ID'  é

o @Lerço da =erra@.

@+m um tempo onde os >euses e Neróis anda"am na terra com os Nomens.@

Olódùmarè4l'dá E # sen!or da criação que exalta a responsabilidade por toda a criação% e que +le

existe por si mesmo.

 láyè E # sen!or da "ida% lembra a condição de eternidade e poder sobre a "ida.

4l'm& E # sen!or do +m&% o que dá o poder da respiração e a tira quando jul(a necessário.

Page 14: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 14/104

Olójó Fn& E # sen!or do dia de !oje% si(nificando que >eus está presente em todos os

acontecimentos diários.

Olórun E #  rei do c*uOba dàk'dàjó E # sen!or da justiça% aquele que senta em sil,ncio e aplica a justiça.

Olórun lágbára E # #nipotente% aquele que põe e dispõeOlómònokàn E # onisciente% auqele que con!ece todos os corações% que tudo ", e ou"e

 )'rekáiy' E =ranscendente% aquele que cobre o mundo e faz todos sentirem sua presença.

Oba !imo E # rei puro% que * sa$rado e enfatizado mais pela suabenevolência do que pela sua severidadeOlórun Olóore E # >eus compassivo, que olha por todos combondade e miseric%rdia.

Olódùmarè o ser superior dos yorubas% que "i"e num uni"erso paralelo aonosso% con!ecido como $rún% por isso +le é também con!ecido como +jàlórún

e Olórun @en!or ou Kei do Or4n@% que atra"és dos $rìsàs por +le criados,resolve incumbir um dos $rìsà DunDun do brancoJ% $r&nsànlá % o (rande

$rìsàJ o primeiro a ser criado% também c!amado de $rìsà(nlá  e de Obà)álá,

de criar e (o"ernar o futuro +iy'  / a =erra% do nosso uni"erso con!ecido.

+le l!e entre(a o +.ò(I*á  a sacola da exist,nciaJ o qual contém todas as

coisas necessárias para a criação% e é aclamado como láàbáláàse% @en!or 

que tem o poder de su(erir e realizar@. ;omo a tradição manda"a% para

todos% antes de iniciar a "ia(em ele foi consultar o oráculo de IDá % com

$rúnmìlà% outro $rìsà DunDun% e este l!e orientou a fazer al(uns

sacrif&cios a di"indade Èsù % mas se ele já era or(ul!oso e prepotente%

mais ainda ficou% se recusou e nada fez% mas foi a"isado que infort4nios

poderiam ocorrer.

$rìsànlá % de posse do +.ò(I*á % põe-se a camin!ar pelo $rún% para c!e(ar à

@porta do espaço@% até então um "azio% que "iria a ser o +iy' . +le é o

$rìsà que usa um cajado ritual con!ecida comoò.ásóró% durante o camin!o%

com muita sede% ele se defronta com o igi(ò.' ár"ore do dend,zeiroJ e com

o seu ò.ásóró% perfura o caule da ár"ore da qual começa a @jorrar o emu @

"in!o de palmaJ% e põe-se a beber% a tal ponto% que cai totalmente

embria(ado no pé da palmeira e dorme profundamente. # infort4nio começa

acontecer.

Odùdu*à#utro $rìsà DunDun% o se(undo criado por Olódùmarè% por conceito

Page 15: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 15/104

@irmão mais no"o@ de $rìsànlá % ficou enciumado% porque Olódùmarè tin!a

entre(ado a $rìsànlá  o +.ò(I*á % e o esta"a se(uindo pelos camin!os do

$rún% esperando que ele cometesse al(um deslize% o que de fato aconteceu.

Odùdu*à% encontrando-o naquele estado% apodera-se do +.ò(I*á  e le"a-o até

Olódùmarè% narrando o acontecido% e% por este fato% Olódùmarè dele(a aOdùdu*à o poder de criar o +iy'  e por punição incumbe a $rìsànlá  de

somente criar e modelar os corpos dos seres !umanos no $rún% sob sua

super"isão e o pro&be terminantemente de nunca mais beber o emu .

Odùdu*à então% cumpre a tradição e faz as obri(ações% para se tornar o pro(enitor 

dos %orubas% do <undo / OlóDin Odùdu*à% o futuro +jàlàiy' .

>esde então a relação tempestuosa entreOdùdu*à e Obà)álá se perpetuou%

ora em disputas% discórdias% contro"érsias e de outras formas% mas sempremunindo a eterna ri"alidade.

Odùduwà chegando ao Àiyé, cria tudo o que era necessário e delega poderes

às divindades que o seguiram, conhecidos como os Àgbà, para governarem a

criação, e volta ao Òrún, e só retornaria quando tudo estivesse realmente

concluído. Òrìsànlá, que tinha ficado no Òrún com seus seguidores,  

havia moldado corpos su"cientes para povoarem o inicio do mundo,

vai então

para o iyé, com seus se$uidores, os ;unfun- fato que ocorre antesda

volta de Odùdu#à para o iyé.

6uando Oló<n Odùdu#à retorna ao iyé, funda a cidade de Il=+

Ifé, e vem a

ser o primeiro Oba (rei) do povo yorubano com o titulo de "Oba Óòni", ou

sea, o primeiro Óòni de Ifé, e a cidade se torna a morada dos deuses e

dos novos seres.

>urante todo este tempo% Odùdu*à que já esta"a casado com "yá Olóòkun%

di"indade feminina% responsá"el e dona dos mares% tem dois fil!os% o

primo(,nito% a di"indade $gún e uma fil!a de nome "sèd'lè. # tempo passa%

e Odùdu*à% que era uma di"indade ne(ra% porém albina% incumbe seu fil!o

$gún de ir para a aldeia de $gò)ún% "izin!a deID' % conter uma rebelião.

$gún% di"indade ne(ra%  senhor do ferro, parte para sua missão erealiza ointento, trazendo consi$o 7akanje% fil!a do rebelde "encido. #ra% 7akanje

Page 16: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 16/104

era espólio de Odùduwà% o :òni  de lD' % portanto intocá"el% mas 7akanje era

muito bela e extremamente sensual e $gún não resistiu aos seus encantos e

com ela te"e "árias noites de amor% durante sua "ia(em de "olta. ;!e(ando

a lD' % ele entre(a os espólios da conquista% inclusi"e 7akanje% a seu pai

Odùdu*à% que também não resistiu aos lindos encantos da mortal 7akanje epor ela se apaixona e acabaram por casar-se.$gún nada tin!a contado a seu

pai dos fatos ocorridos e lo(o após o casamento7akanje está (rá"ida%

desta (ra"idez nasce um fil!o de nome Od'de.

ó que o destino foi fat&dico% Od'de nasceu metade ne(ro% como a pele de

$gún e metade branco% como a pele do albinoOdùdu*à% re"elando assim% a

traição de $gún para com a confiança do seu pai% esta situação (erou muita

discussão entre Odùdu*à e $gún% mas a principal foi @quem tin!a razão@%ou% quem teria mais @(enes@ no fil!o em comum%Od'de% e cada um se

posiciona"a com a se(uinte frase / @a min!a pala"ra triunfou@ ou @a min!a

pala"ra é a correta@% que a(lutinada é$rànm&yàn e foi assim que ele

passou a ser c!amado e con!ecido.

;om 7akanje% uma das muitas esposas deOdùdu*à% ou com outras% te"e ou já

tin!a mais seis fil!os% outros dizem dezesseis% uns% um n4mero maior 

ainda% enfim% al(uns dos fil!os destas esposas% (eraram as lin!a(ens dos

Obas %orubanos% uns foram os precursores de sete das principais tribos% ou

mais% que deram ori(em à ci"ilização dosyorubas% e reli(iosamente

falando% todos os po"os do mundo. #s fil!os% netos ou bisnetos de Odùdu*à%

os deuses% semideuses ePou !eróis% formaram a base da nação Moruba%

portanto OlóDin Odùdu*à +jàlàiy'  é aclamado como @# atriarca dos

Corubas@.

Obà)álá G$rìsànláH %que também já esta"a no +iy'  com sua comiti"a% mas

de"ido a (rande ri"alidade com Odùdu*à% foi expulso de IlB(ID'  e funda a

cidade de "gbò e se torna o primeiro Obà "gbòc!amado também de #àbá "gbò%

pai dos ìgbòs. :uma sociedade pol&(ama%$rìsànlá  é um caso raro de

mono(amia% pois a di"indade %emo*o foi sua 4nica esposa e não ti"eram

fil!os.

$rànm&yàn 9pós (randes "itórias% $rànm&yàn torna-se o braço direito de seu pai em

IlB(IDB% pois seus outros irmãos foram po"oar re(iões distantes% menos

Page 17: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 17/104

ObàlùDan $gbógbódirin. Odùdu#à ordena então que $rànm&yàn conquiste terras

ao norte de ID' % mas $rànm&yàn não conse(ue cumprir a tarefa e sai

derrotado e% com "er(on!a de encarar seu pai% não "olta mais a ID' % com

isso funda uma no"a cidade e l!e dá o nome deOyó% tornando-se o primeiro

Oba láàDin Oyó. Tentando subir uma colina o seu cavalo deslizou, todos gritaram “Ó yó” que signica ele deslizou. Òrànmíyànconstruiu aía cidade com o nome de Òyòsignicando lugarescorregadioJ. 'ma outra citação sobre o nome da cidade de $yó  revelaque Òóyó Or$mu%$, umoutro l!o deOdùdú#à muitodoente" tomou caldo quente feito de uma erva $$y$" o quel!e valeu o título de Ol$y$ e que ele conservou e que foidado # cidade em que era rei" Oy$.

asado com >$rèmi, uma bela mortal, nativa de Òfà , quese tornou maistarde uma heroína em Il=+Ifé, na qual tem um "lho, querecebe o nome de

 A(a%á. Ap%s al$um tempo, Òrànmíyàn investe em novasconquistas e volta a$uerrear contra a 0ação dos 'a*as, onde havia sidoderrotado, mas desta

vez conse$ue uma $rande vit%ria sobre !lém*e, na *pocarei dos 'a*as. Porsua derrota, !lém*e entre$a/lhe sua "lha'$r$sí , para quese case comele. etornando a Oyó, Òrànmíyàn casa/se com '$r$sí  ecom ela tem um"lho, chamado de Olufínràn que viria a serdenominado 9àngó, um mortal%

nascido de uma mãe mortal e um pai semideus% portanto com ascendentes

di"inos por parte de pai.

 9pós este per&odo com in4meras "itórias% a cidade de Oyó torna-se um

poderoso império% $rànm&yàn% presti(iado e redimido de sua "er(on!a% "olta

para IlB(ID' % deixando em seu lu(ar% em Oyó% o pr&ncipe coroado% seu fil!o

 jaká % que torna-se o se(undo láàDin  Oyó.

+m uma de suas conquistas% a da cidade de#enin% anterior a fundação de

Oyó% $rànm&yàn termina com a dinastia deOgìso% o então rei% expulsando-o

Page 18: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 18/104

e assumindo o trono% tornando-se o primeiroObab&n&n% e inicia sua

dinastia tendo um fil!o% c!amado È*'kà% com uma mul!er do local. 9ntes de

deixar a cidade% ele torna È*'kà como seu sucessor no trono do #enin.

9tual cidade na :i(éria% anti(o Keino do Lenin% não confundir com a

3e.úbli0a do #enin% anti(o pa&s c!amado=aom' .J

>urante sua lon(a aus,ncia em IlB(ID', ObàlùDon $gbógbódirin %seu irmão

mais "el!o% se tornou o se(undo :òni  de ID' % após o reinado de Odùdu*à.

uando ObàlùDon morreu% e nin(uém sabia do paradeiro de $rànm&yàn% o po"o

de ID'  aclamou ObàlùDon láy'more como sucessor direto de seu pai.

uando $rànm&yàn c!e(a em ID' % ObàlùDon láy'more já reina"a como o

terceiro :òni  de ID' % mas com um fraco reinado. +nfurecido com o po"o deID'  que !a"iam aclamado láy'more% e que o tin!am c!amado para combater 

poss&"eis inimi(os% o poderoso (uerreiro colérico% comete "arias

atrocidades e só para% quando uma anciã $rita desesperada queele estdestruindo seus Jpr%prios "lhosJ, o seu povo. AtLnito, ele"nca no chãoseu asà escudoJ que imediatamente se transforma em uma enorme laje de

pedra %num lu(ar !oje c!amado de @")a lásà@ %e decide ir embora e nunca

mais "oltar à ID' .

uando ruma"a para fora dos arredores de ID' %em !ò.á % foi interceptado

pelo po"o que o sauda"am como :òni de ID'  e suplica"am por sua "olta. +le

então satisfeito e en"aidecido %atende ao po"o e finca no c!ão seu ò.á 

seu bastão de (uerreiroJ transformando-o em um monólito de (ranito/

$.á $rànm&yànJ selando assim o acordo com o po"o e "olta em uma

procissão triunfante ao palácio de ID' .

abendo disso% ObàlùDon láy'more abandona o palácio e se exila na cidade

de "lárá . $rànm&yàn ascende ao trono e se torna o QR :òni de ID'  até sua

morte. ObàlùDon láy'more% retorna do ex&lio e reassume como o SR :òni de

ID'  e reina desta "ez% com sucesso até a sua morte.

 jaká # láàDin  Oyó% o Oba jaká % meio irmão de9àngó% era muito pacifico%

apático e não realiza"a um bom (o"erno.

Page 19: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 19/104

9àngó% que cresceu nas terras dos 5a.as Nu.eJ% local de ori(em de

5oros& % sua mãe% e mais tarde se instalou na cidade de ;òso% mesmo

rejeitado pelo po"o por ser "iolento e incontrolá"el% mas sendo tir7nico%

se aclamou como Oba ;òso. <ais tarde% com seus se(uidores% se estabeleceu

em Oyó% num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que "i"eu% ;òso ecom isso mante"e seu titulo de Oba ;òso.9àngó percebendo a fraqueza de

seu irmão e sendo astuto e á"ido por poder% destrona jaká  e torna-se o

terceiro láàDin  Oyó.

 jaká % também c!amado de =adá % exilado% sai de Oyó para reinar numa cidade

menor% Igbo6o %"izin!a de Oyó% e não poderia mais usar a coroa real de

Oyó. +% com "er(on!a por ter sido deposto% jura que neste seu reinado "ai

usar uma outra coroa adeJ% que l!e cubra seus ol!os en"er(on!ados e quesomente irá tirá-la quando ele puder usar no"amente o ade que l!e foi

roubado. +sta coroa que =adá jaká  passa a usar% é rodeada por "ários fios

ornados de b4zios no lu(ar das contas preciosas do de 3eal  de Oyó% e esta

c!ama-se de #ayánni =adá jaká  então se casa e tem um fil!o

que se c!ama ganju % que "em a ser sobrin!o de 9àngó.

9àngó reina durante sete anos sobre Oyó e com intenso remorso das in4meras

atrocidades cometidas e com o po"o re"oltado% ele abandona o trono de Oyó

e se refu(ia na terra natal de sua mãe em 5a.a. 9pós um tempo% suicida-se%

enforcando-se numa ár"ore c!amada de àyòn GàyànH na cidade de ;òso. ;om o

fato consumado% =adá jaká  "olta à Oyó e reassume o trono% retira então o

 de #ayánni  e passa a usar o de láàDin% tornando-se então o quarto

 láàDin  Oyó. 9pós sua morte% assume o trono seu fil!o ganju % neto de

$rànm&yàn e sobrin!o de 9àngó% tornando-se o quinto láàDin  Oyó.

;om ganju % termina o primeiro per&odo da formação dos po"os yoruba e após

seu reinado se dá inicio ao se(undo per&odo% o dos reis !istóricos. )imos

/ @De ID' até Oyó% de Odùdu*à a ganju % passando por 9àngó.@

9àngó# que notamos nesse primeiro per&odo Morubano% é que na realidade% o que

se fala de 9àngó% e a sua !istória nos ;andomblés do Lrasil% e de outros

acima descritos% é incorreto% le"ando os fiéis a crer em fatos irreais.

Inicialmente% a"eri(uamos que Odùdu*à é um$rìsà DunDun masculino e 4nico%

é o pai do po"o yorubano e não uma simples @qualidade@ de $rìsànlá  ou

seja% são di"indades totalmente distintas% inclusi"e% não se suporta"am%

Page 20: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 20/104

pelos fatos "istos$ e que também "yá Olóòkun% é um $rìsà feminino e a >ona

do <ar% portanto da á(ua sal(ada% é quem (o"erna os oceanos e não o $rìsà

%emojá, @en!ora do rio %emojá  e do rio Ogun@% di"indade de á(ua doce% e

muito menos mãe de $gún e de outros fil!os$rìsà à ela atribu&dos. :otar a

acentuação diferente no nome do $rìsà $gún e do rio% pois são pala"rasdistintas.

uanto a 9àngó% demonstramos que foi um mortal em sua "ida no +iy' %

portanto quando morreu% tornou-se um egún% pois seus pais eram mortais. #

que ocorreu em sua "ida% foi que uma de suas esposas% e a 4nica que o

acompan!ou em sua fu(a de Oyó% era a di"indade Oya% loucamente apaixonada

por ele% e no instante de sua morte ela o pe(a com o seu poder de $rìsà e

o conduz diretamente a Olódùmarè% e por insist,ncia de Oya% +le o@ressuscita@ como uma di"indade% já que em "ida% Oya% perdida de amores%

ensina-l!e "ários se(redos dos $rìsà% principalmente o se(redo do fo(o que

pertencia somente a Oya% que ela l!e ensina e l!e dá este poder e outros%

por paixão.  +sta a"rmação * facilmente notada, pois 9àngó é a

4nica di"indade do

panteão que é assentada de forma material completamente diferente% isto é%

em madeira% numa (amela sobre um pilão% sua roupa ritual é composta de

"árias tiras de panos% coloridas e soltas% caindo sobre as pernas% que

lembra perfeitamente o tipo de roupa usada pelos #àbá 4gúngún ancestraisJ

e seu animal preferido para sacrif&cio é também o mesmo dos egún% dos

mortos comum% o carneiro$ existem também outras min4cias% que aqui não cabe

mencionar.

:os ;andomblés% citam jaká  e ganju  como sendo @qualidades@ de 9àngó% que

a(ora sabemos isto não é poss&"el% pois% jaká  é seu meio irmão e ganju   seu reinado foi 

longo e próspero, teve a faculdade de domesticar animais selvagens e répteis venenosos;

tinha em casa um Leopardo mansoJ% é fil!o de =adá jaká % portanto seu sobrin!o%

notóriamente pessoas mortais e completamente distintas% que fazem parte da fam&lia

de 9àngó% mas não ti"eram a !onra de tornarem-se $rìsà% mas são ancestrais ilustres.

=ambém no Lrasil% faz-se uma cerimBnia c!amada de @@oroa de =adá @ ou @ dB

#aiyani @. que a coroa é le"ada ritualmente em uma c!arola durante as festas do ciclo

de9àngó c!amada de #anni  ou lyamasse% que representa a mãe de 9àngó. #ra% sabemos

que quem usou este ade foi% jaká % apelidado de=adá % de quem 9àngó l!e roubou o trono%

e que a mãe de 9àngó foi 5oros& % fil!a de 4l'm.e% rei dos 5a.a% e que ela não tem

nen!uma import7ncia teoló(ica% somente !istórica% por ter sido mãe de um láàDin.

Page 21: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 21/104

 

Sociedade Ogboni 

Resumo/ K+'<#/ # <useu de 9rqueolo(ia e +tnolo(ia da 'ni"ersidade de ão aulo

possui um conjunto de peças de metal fundido usados por uma instituição tradicional dos

iorubás% :i(éria% de caráter pol&tico-reli(ioso c!amada associação Ògbóni . #s objetos

dos Ògbóni  são normalmente feitos de li(a metálica% referidos nas publicações como

@bronzes@% sendo edanum tipo espec&fico desses objetos. # objeti"o deste arti(o é

apresentar um estudo dos edandessa coleção em que sistematizamos os dadosdocumentais% !istóricos e etno(ráficos correspondentes e os obtidos atra"és da análise

formal% funcional e simbólica das peças. Isso conduziu à caracterização das

esculturas edanda coleção ògbóni  do <9+% definindo-as como uma cate(oria especifica de

produção técnica% mas sobretudo estil&stica e icono(ráfica dos iorubás.

G0=K+:F#5 Mfrica5 =orub B Arte africana5 estilística B +scultura em

metal B =orub5 associação $g%óni B :itolo$ia5 &l' B :useus5 estudo

de coleç!es.

Apresentaço

F :useu de Arqueolo$ia e +tnolo$ia da Gniversidade de #ão Paulo

possui um importante, e in*dito, conunto de obetos de metal

fundido usados pela associação $g%óniN dos iorubas,O 0i$*ria. +ssa

associação * uma instituição político/reli$iosa tradicional,

estreitamente relacionada ao culto a &l'(JKerraJ ou Jterrit%rioJ, na

forma de uma poderosa divindade feminina). As peçasdos $g%óni são, em maioria, antropom%r"cas, e, freqDentemente

referidas nas publicaç!es como JbronzesJ.

 Kodas as esculturas dessa associação podem ser, $enericamente,

chamadas de edan, mas adotamos a de"nição simpli"cada

apresentada por :orton/Qilliams (NRST5 SR), se$undo quem o

obeto edan J(U) consiste essencialmente de duas ima$ens de latão

(ou bronze) B uma de um homem nu, a outra de uma mulher nua B

unidos por uma corrente, e cada uma montada num espeto curto deferro (raramente de bronze)J.V Assim, consideramos edan os obetos

Page 22: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 22/104

apresentados na Kabela =.W ;evemos ainda acrescentar que, como o

seu sinLnimo, (lóló, edan * um substantivo feminino (cf. XaHal NRRW5

VN/V e :orton/Qilliams NRST5 SR), e que se trata,

conceitualmente, de um obeto unitrio, ainda que formado por duas

estatuetas.S

As demais esculturas da associação $g%óni têm características

semelhantes, mas não apresentam corrente, nem o pino de ferro.

+m vez disso, têm uma base plana, p*s $randes ou pernas

aoelhadas, o que as sustenta na vertical, razão pela qual,

presumivelmente, são usadas em altar, sendo al$umas delas, por

vezes, chamadas de onil) oua*ag%o. F obeto de que tratamos neste

arti$o se distin$ue dessas outras esculturas (g%óni, principalmente,

porque cada membro possui o seu- * um obeto sa$rado que podeser visto por não iniciados- e, pode ser retirado do santurio onde

ocorrem as reuni!es dos membros $g%óni B o il)d+.Y 8 tamb*m,

se$undo a biblio$ra"a consultada, o obeto que * empre$ado para os

usos mais diversi"cados dessa associação. Por conse$uinte, ele se

tornou seu emblema.

F obetivo deste arti$o * apresentar uma caracterização dos edan do

acervo do :A+, sistematizando dados documentais, hist%ricos e

etno$r"cos correspondentes e os obtidos atrav*s da anlise formal,funcional e simb%lica. ;ividimos este arti$o em três partes5 N.

;iscussão biblio$r"ca- O. +studo etno/morfol%$ico dos obetos B que

est subdividido em quatro itens constitutivos5 hist%rico das peças-

classi"cação funcional- anlise estilística- anlise icono$r"ca- e, .

onclusão.

!. "iscusso #i#lio$r%&ca

!.! "a associaço Òbóni 

F territ%rio iorubano * composto por vrios reinos, onde os direitos

sobre o uso da terra são patrilineares. F termo 9oruba foi difundido apartir do s*culo Z=Z para desi$nar os povos que, al*m da mesma

Page 23: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 23/104

lín$ua, tinham a mesma cultura e tradiç!es ori$inrias de &l),&f',

onde, se$undo os mitos, o primeiro rei iorub, -ddu/#,

estabeleceu/se, vindo do leste.

 9pesar disso% essas cidades nunca ti"eramuma centralização pol&tica e esses po"osnão se c!ama"am entre si por um 4niconome.9qui no Lrasil% os escra"os de ori(emiorubá foram mais con!ecidos por nag e em;uba por lucumi . 9pós a partil!a colonial da Tfrica ;on(resso de Lerlim de 0UUQ-USJ%esses po"os ficaram di"ididos e !oje estãolocalizados em cinco pa&ses/ a maioria nosudoeste da :i(éria% uma parte na Kep4blicaopular do Lenim ex->aoméJ e al(uns(rupos no =o(o% em Gana e erra Deoa cf.

)er(er 0VU0/ 00-01$ 9déW3Mà 0VVV/ 0X-SYJ.)eja o mapa ilustrati"o.

Mapa – Parte do território iorubá Adaptado de !er"er #$$%&

 9 associação Ògbóni %[ também c!amada deÒs!gbó% é% como já mencionamos% uma

instituição com funções reli(iosas% judiciais e pol&ticas. +la é uma espécie de assembléia de

anciãos da cidade% unidos ritualmente% que re(em um importante culto estruturado a partir

da cosmo(onia dos iorubás E o culto a "l#% que% às "ezes% é tida como mais poderosa do que

os orixás% e até mãe de todas as deidades iorubanas cf. <orton-Zilliams 0V1[/ X1Q e Da\al

0VVS/ Q0-QXJ.

0ão se sabe ao certo quando essa associação foi criada, mas Glli

\eier (apud osta e #ilva NRRS5 WSR) a"rma que ela deve ter sido

uma JressonânciaJ de uma reli$ião anterior 1s mudanças políticas

efetuadas pela che$ada de -ddu/# (o Jprimeiro reiJ, ou Jfundador

da sociedadeJ) e seus descendentes B aqueles que instituíram o

culto dos orixs. ;e acordo com osta e #ilva, os

sacerdotes $g%óni conservaram o poder e o prestí$io dentro do novo

sistema porque sabiam paci"car &l' e mantê/la f*rtil. Fs

sacerdotes$g%óni, no se$redo de suas reuni!es, teriam continuado a

praticar sua f*, cuidar da ordem e estabilidade social e da

manutenção dos velhos costumes. Por isso, conforme o autor, Jos

novos reis viram/se obri$ados a prestar homena$em aos oniles, ou

]donos da terra^J.

0otamos a semelhança desses dados com os colhidos e publicados

por :orton/Qilliams (NRST5 SV), que se$undo a tradição, J a Kerra

Page 24: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 24/104

(U) existiu antes das divindades e o culto $g%óni antes da realeza. A

 Kerra * a mãe a quem os mortos retornam. A Kerra e os ancestrais,

não as divindades (orixs), são as fontes da lei moralJ.R

F texto mais anti$o a que tivemos acesso sobre a

associação $g%óni * do oronel +llis, que data de N[RV. 0essa obra,ele aponta dois aspectos dessa associação que foram questão de

controv*rsia durante todo o s*culo ZZ e sobre os quais, at* hoe, não

h consenso entre os africanistas5 a denominação de Jsociedade

secretaJ e a ambivalência de sua competência que compreende, ao

mesmo tempo, assuntos reli$iosos e seculares.

+llis (N[RV5 cap. _, O` ) vê a $g%óni como uma instituição tirânica5

Jacredita/se popularmente que os membros possuam um se$redo doqual deriva seu poder, mas o <nico se$redo parece ser o de uma

poderosa e inescrupulosa or$anizaçãoJ.NT 2robenius (apud :orton/

Qilliams NRST5 SO), explorador e viaante alemão, partilhava

concepç!es semelhantes quando, em NRN, caracterizou

a $g%óni da cidade de =badan como uma J0ompan!ia de

1ecapitação 2tdaJ.NN

+sses dois autores reproduzem as ideolo$ias evolucionistas

reinantes na virada do s*culo Z=Z para o ZZ, acreditando que associedades europ*ias estavam num est$io JsuperiorJ de civilização.

;este modo, todas as prticas culturais que se afastavam do padrão

ocidental, principalmente os assuntos concernentes ao ristianismo,

eram prontamente consideradas como prova da JinferioridadeJ de

tais povos, e, conseqDentemente, essas prticas culturais eram

desprezadas, estando, nessa *poca, seus praticantes sueitos 1

perse$uição severa do $overno colonial.

AreHa e #troup assinalam opini!es diferentes quando se referem 1s

id*ias de Qebster, que vê essa associação como Jo <ltimo

desenvolvimento da sociedade tribalJ, e tamb*m de ;ennett, que

su$ere Jum aspecto senatorialJ para essa associação, o qual

prote$eria o interesse p<blico do despotismo do o%a(rei) (Qebster,

;ennett apud AreHa e #troup NRYY5 OYV/OYS).

Qilliam \ascom (apud :orton/Qilliams NRST5 SO eapud AreHa e#troup NRYY5 OYV/OYS) refuta a classi"cação de Jsociedade secretaJ

Page 25: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 25/104

e a"rma que, sociolo$icamente, a associação * semelhante a outros

$rupos ou associaç!es reli$iosas iorubs como

dos3g4ng4n e 5gemo. +le acredita que essa classi"cação *

impr%pria e advenha da distinção ri$orosa que as culturas ocidentais

fazem entre a =$rea e o +stado. +, mesmo que considere aassociação $g%óni como reli$iosa, admite o papel político que ela

tem na or$anização social iorub.

:orton/Qilliams (NRST5 SO), por sua vez, acredita que ela sea uma

típica Jsociedade secretaJ pelos se$uintes motivos5 seus membros

têm poderes seculares porque proclamam poderes místicos, o que

lhes outor$a privil*$ios em relação aos não associados- acredita,

tamb*m, que ela sea seletiva, que exi$e al$umas qualidades efeitos dos que pleiteiam inte$r/la- e, ainda, que seus diri$entes

tenham o direito de impor sans!es 1queles que revelam seus

se$redos e procedimentos ou quebram os acordos "rmados.

+ssa associação tem poderes maiores que os do o%a, pois são seus

sacerdotes que fazem os funerais e o processo de entronização,

cuos ritos são fundamentais na instauração, le$itimação e

manutenção da ordem social e política . um festival anual na0i$*ria, em que o 6as(run, chefe do$yó 7isiNO o$a =fN para saber

se o duplo espiritual do o%a ainda suporta sua estadia na Kerra.

+stando inapto para $overnar, o o%a * levado a cometer suicídio,

fazendo/se envenenar (:orton/Qilliams NRST5 SV).

A $g%óni possui dois $raus de iniciação e participação5 o J<niorJ

ou 8e,/e,/ee o JsêniorJ,-log%oni ou AloHo. Gm membro que entra

no 8e,/e,/e não faz parte dos rituais secretos at* ser um $raduado

quando, então, recebe o título de -log%oni. Gm -log%oni *especialmente nomeado como 5p'n#, sendo ele o responsvel pelas

funç!es udiciais do culto. um pequeno $rupo de mulheres

existentes na associação, bem menos numeroso em relação ao dos

homens, elas nunca presidem os rituais. #ão chamadas 3rel4 e

representam os interesses das mulheres da cidade nas reuni!es

(:orton/Qilliams NRST5 SW/YT). F título de 3rel4 aparece no \rasil

atribuído 1 diri$ente da associação feminina uEl*d* que tamb*m

existiu na \ahia at* os anos NRT (arneiro NRSY5 SV).NV

Page 26: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 26/104

;e acordo com XaHal (NRRW5 Y), pode/se dizer, em síntese, que a

associação $g%óni cultua o Jespírito da KerraJ, &l', para asse$urar a

sobrevivência humana, a paz, a felicidade, a estabilidade social da

comunidade, a prosperidade e a lon$evidade. =sso dissolve,

de"nitivamente, a impressão peorativa com que ela foi descrita pelaanti$a etno$ra"a.

A maior parte de nossas informaç!es vieram de Peter :orton/

Qilliams, que fez pesquisas na cidade de $yó, 0i$*ria, em NRV[, e

as publicou em NRST. 2oi quem primeiro descreveu a

associação $g%óni com maiores detalhes, delineando seu papel

político e descrevendo rituais e crenças reli$iosas que sustentam a

sua função no poder secular. ;estacam/se, por*m, outros autores dereferência cua leitura foi de $rande importância para nosso

trabalho5 ;ennis Qilliams, que, entre NRSO e NRS, fez entrevistas

com membros$g%óni e com os 59edan/aiye (artesãos

especializados em edan), estudando os obetos em campo e em

coleç!es, tais quais as da Gniversidade de =badan e do :useu

0i$eriano de Xa$os- X.+. oache, que pesquisou durante os anos de

NRS[ e NRSR na rea rural de =ebu/Fde, 0i$*ria- e, "nalmente,

\abatunde XaHal, que pesquisou durante os anos de NRSS e NRRNem diversas cidades da 0i$*ria, utilizando a tradição oral para

interpretar quest!es polêmicas como o si$ni"cado do lado esquerdo

e o $ênero de &l' (cf. item O.V).

0o :A+, al$uns folhetos em que se reproduzem informaç!es sobre

as peças da coleção (g%óniapresentam dados da pesquisa inicial de

:arianno arneiro da unha.NW

!.' "a confecço e utiliaço o edan òbóni 

 5 mat)ria,prima e a linguagem est)tica

A escultura (g%óni se diferencia da escultura feita para os orixs.

Primeiramente, h diferença no material usualmente empre$ado.

+nquanto as estatuetas de orixs, ou de outras entidades dos

iorubs, seriam feitas de "bras, ferro ou madeira /NSmateriais

facilmente de$radveis /, a $rande maioria das estatuetas $g%óni *

Page 27: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 27/104

feita com li$as de cobre B um material relativamente mais durvel

(Qilliams NRSV5 NSN).NY

#e$undo +lbein dos #antos (NRR5 R/VN), o cobre e suas li$as são

portadores de ax*N[ e esse metal faz parte do $rupo do Jsan$ue

vermelhoJ do reino mineral. :esmo que a pertinência etnol%$ica ouvernacular dessa classi"cação sea refutada por _er$er (NR[O5 [),

não * de todo improcedente a suposição de que a essas li$as sea

atribuído, assim como por $rande parte da humanidade, pelos

iorubs, um si$ni"cado maior, por causa da cor, do brilho e at* da

tecnolo$ia demandada não apenas para a extração e manipulação

de min*rios, mas tamb*m pela so"sticação da t*cnica de elaboração

artística do metal.

Qilliams (NRSV5 NR) caracteriza a est*tica do edancomo icLnica,linear B Jproeção não escultural de um desenho em ceraJ, hiertica

e arquetípica. =sto porque se trata de "$uras humanas

aparentemente tridimensionais, pelo volume, mas detalhadas, via/

de/re$ra, apenas de frente, reforçando sua imobilidade corporal mas

feitas de serenas express!es características (cf. destaque da 2oto O).

#e$undo ele, essas características contrastam com a abstrata,

arquitetLnica, descritiva e humanística "$uração dos orixs. +sse

autor ainda a"rma que essas diferenças são devidas a distintasfunç!es5 enquanto as formas est*ticas das estatuetas usadas no

culto dos orixs apenas Jsimbolizam o espíritoJ, a arte (g%óni *

sacralizada e adorada como se fosse o Jenv%lucro do espíritoJ.

- artesão e sua o%ra

F escultor de edan * chamado 59edan/aiye, que poderia ser

traduzido, se$undo Qilliams, como Jaquele que traz o edan ao #iy)J

B o mundo material. eralmente ocupada por um ancião, essapro"ssão * evitada pelos ovens pois est associada 1 impotência e 1

perda de "lhos. Al*m disso, acredita/se que homens viris podem

alterar a forma sa$rada da ima$em. =sso não * tolerado, pois ela

deve ser fundida com todos os atributos que a torne um ícone.

A confecção de um edan * relatada por Qilliams (NRSV5 NV/NVW).

+la exi$e uma evocação contínua de um orix

auxiliar.NR 2reqDentemente, acredita/se que esse escultor adquire

poderes superiores e, por isso, as pessoas comuns o temem. A

Page 28: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 28/104

sucessão dessa arte * $eralmente de pai para "lho, mas *

o 5p'n# quem, em <ltimo caso, de"ne quem ser um 59edan/aiye.

8 tamb*m o 5p'n# quem certi"ca se a ima$em est dentro dos

padr!es aceitveis no culto, podendo reeit/la.

As fases de confecção podem ser ilustradas pela 2oto N, compondo/se de seis etapas5

*oto 0 E Ilustração das etapas de fabricação de uma das ima(ens do edan pela técnica da

cera perdida

a) a providência de um bastão, normalmente de ferro,OT usado na

estrutura da peça como eixo axial-b) a modela$em da ima$em em ar$ila- nessa etapa,

o 59edan/aiye mant*m uma vi$ília de três dias e noites, durante os

quais a ima$em * mantida no fo$o para secar. ;epois disso, ele faz

libaç!es, simbolizando a importância suprema da ima$em, em sua

forma de ar$ila, associada com a Kerra-

c) o revestimento da ima$em de ar$ila com uma camada de cera-

d) a elaboração dos detalhes de superfície da ima$em na cera,

<ltima etapa da modela$em que precede a fundição, em que são

feitos sacrifícios adicionais. =ntensas invocaç!es são feitas em nome

do orix auxiliar da feitura, e nos intervalos são quebrados obis

(nozes de cola, usadas tamb*m para a comunicação com o mundo

espiritual) para se asse$urar que o processo est indo bem-

e) a fundição5 o calor derrete a cera, que escorre por um orifício naparte superior da peça de ar$ila e o lu$ar, antes ocupado por cera,

a$ora * preenchido com a li$a metlica derretida. +ssa peça *,

então, embrulhada em um pano branco limpo e colocada para secar

em um lu$ar se$uro. =sso * feito no ocaso do sexto dia-v f) a

revelação da ima$em5 na manhã do s*timo dia o molde * removido

e o edan * retirado. =sso deve ser feito de forma muito cuidadosa e

sem força. A ima$em * lavada e polida com um pano branco. F

iniciado providencia miolo de um pão de $rãos típico (i9uru) que *amassado em cima do novoedan. F obi * lançado novamente pelo

Page 29: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 29/104

artesão para se certi"car que o obeto est pronto para ser levado

para a casa do iniciado. #e a resposta * favorvel, novo sacrifício *

feito sobre as ima$ens unto com pimentas. Gm pouco mais tarde,

elas são masti$adas pelo 59edan/aiye, que JfalaJ com o obeto

fundido por interm*dio do obi. 0o pLr/do/sol, "nalmente, ele *embrulhado em outro pano branco, unto com o seu molde, para ser

levado ao santurio. X, * lavado pelo 5p'n#. F -l4/o, o o"ciante

principal do culto, declara, então, que o edan est pronto. em sua

casa, o iniciado enterra o molde num lu$ar secreto escolhido, onde

o edan passar o resto de sua vida (a descrição se refere

aos edan de uso pessoal B cf. item O.O). :as, embora deixado nesse

lu$ar, o edan * removido para prop%sitos ritualísticos,

exclusivamente. 8 lavado periodicamente com suco de lima eal$umas ervas para conter a oxidação do metal e ser limpo do

san$ue sacri"cial.

 5 escultura e seu uso

omo dissemos anteriormente, as esculturas (g%ónitêm m<ltiplos

usos. A literatura relata que o edanpode ser usado, por exemplo,

para5 prever o futuro- curar doenças- afastar Jmaus espíritosJ- ul$arcidadãos- enterrar defuntos, entre outros usos. Fedan * o elo que

une a comunidade a &l'.

_ale a pena destacarmos al$uns rituais associados a essa escultura

depois de sua confecção.

a) ito de entrada ao $rau sênior, se$undo :orton/Qilliams (NRST5

S[/SR).

F in$ressante deve trazer os animais para o sacrifício. +le se inclina

e toca o edan com a testa e os lbios antes de os animais serem

sacri"cados e antes de o san$ue ser vertido sobre ele. &l' (entidade

simbolizada pelo edan) * saudada e o iniciante * instruído

pelo -l4/o que conclui o rito com uma oração para a cidade, como

sempre * feito quando um sacrifício * vertido sobre a escultura. Gma

corda com três cauris (b<zios) en"leirados * amarrada ao redor dopulso esquerdo do in$ressante e deve "car l at* o terceiro dia. +la *

Page 30: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 30/104

apertada tão fortemente que deixa uma cicatriz escura no pulso

esquerdo, o sinal da iniciação.

b) F mesmo rito anterior, relatado por Qilliams (NRSV5 NVW).

0o il)d+, um banho * preparado para o iniciado numa bacia com

$ua na qual * imersa uma escultura edanrec*m fundida,

previamente puri"cada por san$ue de pombo e ervas medicinais. A

cabeça, mãos, p*s e $enitais do iniciado são lavados pelo -l4/o.

;epois ele * enrolado num pano branco da cintura para baixo.

F -l4/o invoca bênçãos para o in$ressante, que passa o resto do

dia evocando força e pureza. :ais tarde, &l' * consultada, por meio

do obi, para saber se os ritos foram apropriados e se o iniciado foiaceito. #e o rito não for apropriado, mas o iniciado for aceito, *

necessrio fazer outro ritual mais elaborado, com sacrifícios mais

numerosos. 6uando o rito * apropriado e o candidato * aceito

por &l', faz/se uma reunião 1 tarde onde todos os membros do culto

dançam, especialmente o iniciado, que dança freneticamente e

invoca virtudes para si. A bacia do banho em que ele foi puri"cado

continua no il)d+coberta por um pano branco, em que "ca a parte do

seu dote 1 associação $g%óni. Fs ritos de oração e puri"caçãocontinuam por dezesseis dias, depois dos quais o iniciado *

considerado um membro sênior, um-log%oni.

c) ito de eleição de o"ciante do culto se$undo :orton/Qilliams

(NRST5 SR).

6uando um membro $g%óni * eleito para uma função de o"ciante

do culto, o edan * posto em suas mãos pelo 5p'n# na presença dosiniciados reunidos. +nquanto ele se$ura a escultura, * dito que

apesar de ele a$ora possuir o título, nunca poder contar o que

acontece no il)d+.

d) \ri$as entre cidadãos com derramamento de san$ue B rito

relatado por :orton/Qilliams (NRST5 SS).

0a cultura iorub o derramamento de san$ue humano no chão *sacríle$o, a menos que se trate de san$ue sacri"cial. 6uando duas

Page 31: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 31/104

pessoas bri$am e al$u*m * ferido, derramando san$ue no chão,

mesmo que a ferida não sea $rave, considera/se ter havido a

profanação de &l'. +ssa informação che$a diretamente ao

conhecimento do chefe udicial da$g%óni, o 5p'n#, pelo povo ou

mesmo pelo o%a B tão $rave * considerada a situação.=mediatamente ele manda um mensa$eiro levar um edan, o qual *

colocado ao lado do san$ue derramado. F 5p'n#convoca os outros

o"ciais $g%óni e anciãos para se reunirem no il)d+, onde os

adversrios são trazidos. F 5p'n# ouve a disputa e faz um

 ul$amento tentando reconciliar as partes. Ambos pa$am uma multa

e providenciam animais para o sacrifício. F san$ue * vertido sobre

o edan. #e "car evidente que uma das partes est mentindo e a

disputa não puder ser satisfatoriamente reparada, uma provação *imposta5 o edan * colocado em uma bacia de $ua (em al$umas

outras localidades * adicionado tamb*m um punhado de terra). Fs

disputantes são obri$ados a bebê/la. Kem/se que o infrator (ou

culpado) morrer dentro de dois dias.

e) 6uando da ofensa entre cidadãos, outro rito relatado por :orton/

Qilliams (NRST5 SS).

Al$u*m que tenha sido seriamente ofendido por outra pessoa e que

não queira estar envolvido numa disputa lon$a, cansativa e que

envolva outras pessoas, e at* feitiçaria, pode apelar para a

associação $g%óni. #e o assunto * trivial, o 5p'n# manda os

disputantes procurarem seus chefes comunitrios ou os chefes de

linha$em. #e o problema * realmente s*rio, ele envia seu edan,

convocando ambas as partes ao il)d+. F malfeitor precisa fazer um

pesado pa$amento em dinheiro e animais para o sacrifício. Gmaesculturaedan * trazida para fora e os animais são sacri"cados sobre

ela.

f) 6uando da disputa entre os iniciados -log%oni, ainda se$undo

:orton/Qilliams (NRST5 SS/SY).

Gm -log%oni pode acusar outro de roubo ou de perse$uir sua

esposa. +m $yó, na reunião $g%óni que se se$ue 1 acusação, umaescultura edan * trazida para fora do il)d+ e posta no chão. F

Page 32: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 32/104

acusado * questionado sobre a acusação. #e ele concordar que *

verdadeira, o 5p'n# tentar restaurar as boas relaç!es. #e ele ne$ar

a acusação, precisa declarar na frente do edan5 J#e eu for inocente,

eu não sofrerei nenhum dano. #e eu "z o que eles estão dizendo,

morrerei em dois diasJ. F 5p'n# balança um sino de bronzeconsa$rado e todos os presentes $ritam J 5:);J. 0a re$ião +$bado

dos iorubs, as partes são postas para beber a $ua em que a

estatueta * imersa.

$) :orton/Qilliams (NRST5 SS) tamb*m se refere a rituais quando

ocorre abuso de poder.

A associação $g%óni tamb*m pode mandar uma escultura edan paraoutros homens nobres da cidade, que ul$ue estar ultrapassando os

limites de seus direitos e privil*$ios. F edan, colocado na porta da

casa desses homens, impede que al$u*m cruze o portão principal,

sendo um marco de ver$onha, que sinaliza a atitude inconveniente

do morador. F edans% pode ser removido quando o culpado

reconhecer sua falta com a $g%óni e "zer o pa$amento de uma

pesada multa, que consiste em animais para serem sacri"cados

sobre as ima$ens.

h) Qilliams (NRSV5 NVS) refere/se a um rito funerrio

dos -log%oni usando o edan.

A escultura edan tamb*m desempenha um papel importante nos

ritos morturios dos membros da associação. F corpo * entre$ue ao

o"ciante que preside a volta do JespíritoJ do defunto para o J<teroJ

de &l'. Fs parentes compram animais, cuo san$ue al*m deessências materiais são vertidos sobre o cadver. #ão feitas marcas

ao redor do pulso esquerdo do corpo. =sso si$ni"ca a remoção dos

se$redos concedidos durante a vida. ;urante esse rito o edan *

"ncado na terra ao lado das têmporas do cadver, enquanto a

corrente que li$a as duas partes da escultura repousa sobre a

cabeça. F edan s% * retirado para o enterro, ele nunca * sepultado

 unto com o defunto. Ap%s o sepultamento, o edan volta aoil)d+.

Page 33: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 33/104

i) , "nalmente, um rito que marca o casamento

dos-log%oni relatado por :orton/Qilliams (NRST5 SY).

Gm membro $g%óni idoso, que teme ser envenenado por uma de

suas esposas, possivelmente subornada por um rival, pode casar/secom uma ovem, mandando suas outras mulheres viverem em outro

lu$ar. A nova esposa deve cozinhar e cuidar dele sozinha. +le a leva

ao il)d+ e, l, parte em dois um obi- com a ponta do edan ele apanha

um pedaço e o oferece para ela, pe$ando o outro para si mesmo. Fs

dois comem cada qual a sua parte, sendo, assim, considerados

unidos ritualmente como as duas "$uras que comp!em a

escultura edan, e * dito para ela que se o trair certamente morrer

ou "car louca.. Estuo etno*morfol+$ico os o#,etos

'.! -ist+rico as esculturas edan a coleço $b$ni o AE*

/S0ON

 9 primeira peça dessa coleção *oto ]J foi comprada em 0VY] da Galeria e(M de :o"a

CorW% especializada em arte africana. +ssa (aleria% na pessoa de Dadislas e(M% mante"e

correspond,ncia com o <9+ nessa fase inicial de constituição do acer"o% "endendo peças

que atendessem aos critérios estabelecidos pelo <useu. >a associação Ògbóni  só foiadquirida essa peça.OO #s demais edan foram trazidos da Tfrica pelo rof. >r. <arianno

;arneiro da ;un!a% que foi leitor da 'ni"ersidade de If^% na :i(éria entre 0VYQ e 0VY1.O 9s

peças foram compradas em entrepostos de "enda de arte tradicional no per&odo dessa

- objetos simbólicos/ elementos que acompan!am as fi(uras% como por exemplo% amuletos%

bastões% coroas e emblemas$

/ $estual5 nota/se a posição corporal (em p*, sentado, de oelhos) e a

posição dos membros- e,

/ material5 cor e qualidade do metal ou li$a usados.

d) observaç!es5 campo em que foram anotadas referências de

esculturas semelhantes, al*m do estado de conservação da peça,

como os defeitos encontrados, e, dados relativos 1 superfície

metlica . +sse tipo de obeto, por suas características materiais,

est sueito a alteração química (corrosão), o que usti"ca a

deterioração em que a coleção (g%óni se encontra, sendo necessrio

Page 34: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 34/104

identi"car sua ori$em e sua $ravidade, para adotar meios

adequados de interrupção desse processo e de proteção futura.OS

Ap%s os desenhos procedeu/se a uma divisão inicial das mesmas.

#eparamos as peças em J$ruposJ e Jsub/$ruposJ por crit*rios

morfol%$icos. As cate$orias preliminares encontradas podem servistas na Kabela ===.

om a Kabela ===, procuramos orientar o estudo biblio$r"co, de

maneira que as pesquisas feitas at* o momento sobre a

associação $g%óni fornecessem subsídios te%ricos para se atin$ir os

obetivos desse trabalho.

0otamos que a maioria das esculturas (YY), * formada por casais

(pares masculino/feminino, no caso das peças de corpo todo, e pares

que não exibem os sexos, como são as esculturas s% com a cabeça).+sses pares estão, na maioria das vezes (SR), li$ados por corrente.

:esmo as estatuetas que não possuem corrente têm ar$olas,

su$erindo a união de uma ima$em 1 outra por uma corrente

provavelmente perdida (exceção apenas do edan [). =sso ocorre

porque a presença e li$ação do masculino e do feminino têm

si$ni"cado reli$ioso.

#e$undo as informaç!es que :orton/Qilliams (NRST5 SR/YO)obteve, a Kerra, assim como sua contraparte, o Jc*uJ (-lorun), não *

representada por nenhum símbolo na arte iorub, entretanto ela *

personi"cada no edan. As ima$ens, se$undo ele, representam

um -log%oni e uma 3rel4 servindo ao seu mist*rio, 5/o.OY Qilliams

(NRSV5 NVO) a"rma que Jo par, masculino e feminino simboliza a

união do c*u e da terra na qual a existência humana * baseadaJ. O[

0ão sabemos se * correto dizer que &l' sea a contraparte de -lorun,

como inferem os dois autores. +lbein dos #antos (NRR5 WS) a"rmaque J* comum referir/se 1 terra como #iy) subentendendo/se que&l',

a terra, não compreende a totalidade do #iy) e que ao falar/se

de (run, não se trata apenas do c*u, mas de todo o espaço

sobrenaturalJ.

omo escreve a mesma autora, a tradução de -lorunpor Jc*uJ pode

levar a en$anos. #abemos que #iy) e(run são os dois planos da

existência. F #iy) * o mundo material, concreto (a terra, as $uas e,

inclusive, o c*u, que se chama snmI). F (run * uma concepção

Page 35: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 35/104

abstrata, * o mundo espiritual, transcendente, e não pode ser

localizado em nenhuma parte do #iy) , pois ele J* um mundo

paralelo ao mundo real que coexiste com todos os conte<dos deste.

ada indivíduo, cada rvore, cada animal, cada cidade etc. possui

um duplo espiritual e abstrato no (run- no (run habitam pois todasas sortes de entidades sobrenaturais (U), ou, ao contrrio, tudo o

que existe no (run tem sua ou suas representaç!es materiais

no #iy) J( +lbein dos #antos NRR5 WV).

;reHal (apud XaHal NRRW5 VW) interpreta as ima$ens

do edan referindo/se especi"camente ao par como os fundadores

ori$inais da comunidade, uma esp*cie de JAdão e +vaJ dos iorubs.

Por*m, XaHal refuta essa interpretação e concorda com a explicaçãode :orton/Qilliams (NRST5 SR) de que nenhuma "$ura representa

um indivíduo especí"co, mas o masculino se refere ao papel

do -l4/o, como sacerdote/chefe dos $g%óni, e a feminina

representa o papel das3rel4. XaHal ainda acrescenta que

o edan precisa estar em par para ser e"caz no culto. #e$undo as

palavras de um ancião $g%óni entrevistado por ele, J(U) o

masculino vai unto com o femininoJ, ORressaltando que a

perpetuação do ciclo da existência depende da união dos sexos- e Jobem vai unto com o malJ,T si$ni"cando que o cosmos iorub * um

delicado e inseparvel balanço entre o bem e o mal. F feminino na

cultura iorub indica positividade, complacência- o masculino indica

ne$atividade, ri$idez. F fato de o conunto todo (as duas ima$ens

li$adas pela corrente) simbolizar &l', e não apenas a "$ura feminina,

não quer dizer que essa divindade sea andr%$ina, mas sim que *

uma divindade completa- ela *, ao mesmo tempo, J(U) "rme e

delicada, boa e m, $enerosa e peri$osa.(U) +la * quem d a vida equem recebe o morto, a ]:ãe de Kodos^ e ainda a criadora da

feitiçariaJN (XaHal NRRW5 VW/VS).

A$ora que discutimos as interpretaç!es relativas 1 unicidade da

escultura edan, veamos o que os autores escrevem a respeito das

esculturas que se apresentam s% com a cabeça e as que possuem o

corpo inteiro. F $rupo de edan que estamos analisando possui WV

das peças com corpo completo e VS delas com a representação

apenas da cabeça.

Page 36: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 36/104

:orton/Qilliams (NRST5 SR) relata que cada il)d+ tem pelo menos

dois edan que "cam sob responsabilidade do 5p'n#. Gm * maior que

o outro e mais bem detalhado na execução. +le nunca sai do il)d+. Fs

outros podem ser simpli"cados a um par de cabeças diretamente

sobre os pinos de ferro (sem o corpo) e li$adas por uma corrente.#ão eles que seus mensa$eiros carre$am. +ssas peças são as <nicas

que podem ser vistas por não iniciados (com exceção dos#g%< B

tambores (g%óni) e as <nicas que podem sair do il)d+. Ap%s a

iniciação, cada membro $g%ónirecebe um edan, que depois de

sacralizado se torna um talismã chamado i%o/o, que prote$e o seu

dono contra feitiçaria usando o poder dos orixs.

Qilliams (NRSV5 NVS) tamb*m relata o uso de edancomo amuleto.#e$undo ele, esse edan * semelhante aos outros, apesar de ser mais

r<stico, ter tamanho menor (entre W e [ cm) e poder ser

confeccionado tamb*m em chumbo, mar"m ou eventualmente em

madeira. +sse tipo de edan * levado com o sacerdote,

especialmente durante as via$ens para ele ser reconhecido como

membro $g%óni em outras casas de culto.

oache (NRYN5 W) tamb*m encontrou edan sendo usado comoamuleto, devido seus poderes apotropaicos. +le considera esse tipo

de edan, via/de/re$ra, uma miniatura que tem cerca de cm de

altura, constituído apenas pelas cabeças.

A cabeça, entre os iorub, * a parte mais importante do corpo. 8

chamada ori, que, se$undo ibeiro (NRRW5 NRN) si$ni"ca

Jliteralmente" ca%eça física. 3sta )" entretanto" sím%olo da ca%eça

interior c!amada ori inu" que constitui a ess=ncia do ser e controlatotalmente a personalidade do !omem" guiando e a*udando a

 pessoa desde antes do nascimento" durante toda a vida e após a

morte. > pois" a centel!a divina no !umano. -ri ) que rece%e de

1eus ?-lorun@ o destino" por ocasião do nascimento da pessoaJ.

A partir dessa anlise biblio$r"ca, e considerando nosso material

empírico, deduzimos que existem pelo menos três classes funcionais

para as esculturasedan. #uas características são a$rupadasna Kabela =_.

Page 37: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 37/104

A classi"cação se baseou na forma e tamanho do obeto. Por*m, o

que de"ne a classe de edan * o uso que fazem dele, mais que seu

tamanho ou forma. 8 possível que ima$ens simples e pequenas

seam usadas dentro do il)d+ e que ima$ens $randes e elaboradas

seam usadas nos cultos fora dele. F tamanho da peça, por si s%, nãoexpressa o menor ou maior poder da escultura, mas pode ser o

reexo do poderio político/econLmico do reino iorub a que

pertence. ;esta forma, nos * impossível precisar que tipo de uso as

peças edan do :A+ tiveram, pois a documentação das mesmas não

tem nenhuma indicação sobre isso. +ssa classi"cação, portanto,

serve como um instrumento de representação e ilustração das

diversas formas, possibilidades de usos e crenças que a

escultura edan possui.

'() Análise estil*stica

A partir da observação das peças, dos desenhos e das foto$ra"as,

construímos modelos para os elementos presentes nas estatuetas.

+les estão a$rupados na Kabela _. 0a Kabela _=, condensamos os

dados da tabela anterior, apresentando um mapa $eral de todos os

tipos de elementos presentes. Xembramos que, por serem modelos,podem sofrer al$umas variaç!es de tamanho e de acabamento, de

acordo com a peça. Fs desenhos dos modelos foram tomados das

vistas que dão melhor visualização dos elementos característicos

recorrentes. 0a maioria dos casos, o desenho foi tomado de frente

da "$ura humana. 6uando usamos outras vistas, elas vão

mencionadas na pr%pria tabela. Fs desenhos da Kabela _ foram

elaboradas em traço di$ital por Ademir ibeiro unior, a partir das

foto$ra"as tomadas por Qa$ner #ouza e #ilva, destacandoelementos si$ni"cativos resultantes da anlise estilística (cf. 0ota W).

A partir do exame das Kabelas _ e _=, podemos apontar al$umas

observaç!es que caracterizam as esculturas analisadas5

a) as correntes são todas de li$as de cobre. A literatura consultada

con"rma que essas li$as são as mais usadas, mas re$istra tamb*m

que, raramente, al$uns edan apresentam corrente de ferro (Qilliams

NRSV5 NWY/NST)-

Page 38: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 38/104

b) a ar$ola, usada para unir a ima$em 1 corrente, * lisa e "ca

posicionada no topo da cabeça, num plano perpendicular ao plano

da face (exceção apenas dosedan R e NT, que possuem ar$olas na

nuca, e do edanO, que possui a ar$ola num plano paralelo ao plano

da face)-

c) exceto o edan N, todas as esculturas apresentam al$um adorno

na cabeça, considerando/se tamb*m, como adorno, a forma de um

cabelo artisticamente penteado (como * o caso dos edan [, R e NT).

+sses adornos possuem formas que su$erem um movimento para o

alto. =sso pode ser observado no formato cLnico das coroas

dos edan N, O, , V, W, S, [ e R- no formato helicoidal das coroas

presentes nas "$uras doedan R- no formato cuneano do cabelo das"$uras doedan [- e, no formato cLnico e trançado do cabelo da

"$ura do edan R. ;estacamos que o cabelo da peça R * muito

semelhante a um tipo de escultura de altar dos $g%óni, encimada

com pontas como dois chifres. :orton/Qilliams (NRST5 YT, prancha

==a), apresenta um exemplar do :useu 0i$eriano, que tem cerca de

YS cm de altura, e * chamada onil) ou a*ag%o B isto para apontar,

aqui, um exemplo de recorrência de elementos das estatuetas de

altar nos edanpropriamente ditos-

d) os elementos "sionLmicos (olhos, nariz, boca e orelhas) estão

presentes em todas as estatuetas (com exceção da orelha, que,

quando presente, muitas vezes est voltada para trs, não sendo

vista, normalmente, de face). =sso ocorre por causa da importância

que a cabeça tem em relação 1s outras partes do corpo (cf. item

O.O), mas tamb*m pela valorização da parte frontal da maioria delas-

e) todas as "$uras das esculturas possuem olhos $randes e o $lobo

ocular proetado para fora. =sso * uma característica muito marcante

da "$uração humana na arte (g%óni-

f) todas as "$uras possuem a boca aberta. =sso pode ser uma

referência 1 palavra. 0as tradiç!es africanas a palavra falada tem,

al*m de um valor moral fundamental, um carter sa$rado vinculado

1 sua ori$em divina e 1s forças ocultas depositadas nela. Al*m disso,a fala teria o poder de colocar em movimento forças que estão

Page 39: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 39/104

contidas dentro do homem, sendo, assim, a materialização ou

exteriorização das vibraç!es dessas forças. Por ter um valor tão

si$ni"cativo e importante, a palavra não * usada

desnecessariamente e sem prudência (ampât* \â NR[O)-

$) a barba * um elemento que simboliza a sabedoria e a

lon$evidade. ;e fato, os sacerdotes (g%óni são anciãos $randes

conhecedores da cultura iorub, pois são iniciados no o$o de =f e

$randes depositrios da tradição oral. A barba não * um bom

parâmetro para a identi"cação do $ênero das "$uras porque as

femininas tamb*m podem ser esculpidas com esse elemento

(cf. edan O)-

h) todas as "$uras femininas, que apresentam a "$uração humana

completa, possuem seios, e têm as mãos estendidas em $esto de

oferecimento (cf. item O.V)-

i) quanto ao $estual e aos obetos, observamos as características

abaixo5

/ quando as "$uras do edan não estão fazendo o $estotípico $g%óni (mão esquerda sobre a direita) ou se$urando os seios,

no caso das femininas, elas portam al$uns obetos nas mãos-

/ as "$uras masculinas se$uram dois tipos de o%*etos- um *

relacionado ao $ênero masculino B um facão ou um porrete B que

"ca na mão direita (o lado direito * masculino para os iorubs)- o

outro tipo * relacionado ao $ênero feminino B uma cabaça com alça

ou uma esp*cie de bornal /, que "ca na mãoesquerda (lado tidocomo feminino)-

/ as "$uras femininas, por outro lado, se$uramapenas um o%*eto,

que * sempre relacionado ao $ênero feminino (bacia, colher ou dois

bast!es)-

 ) as marcas corporais ou escari"caç!es podem ser sinais iniciticos

(como os dois símbolos da lua crescente) ou marcas de identidade*tnica (como os riscos no rosto)-

Page 40: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 40/104

l) os adereços da cintura ocorrem tanto nas esculturas que detalham

apenas a cabeça quanto nas que se apresentam de corpo inteiro-

m) a va$ina $eralmente * sutil (um vinco no baixo/ventre) ou pode

nem ser evidenciada, enquanto o pênis aparece em todas as "$urasmasculinas de corpo todo, e * exa$eradamente $rande-

n) as "$uras do edan quase sempre estão sentadas (exceto

o edan [, no qual as "$uras estão em p*). A posição sentada *

associada em vrios lu$ares da Mfrica ao chefe, por isso, * tamb*m

uma insí$nia de poder e autoridade B uma postura freqDentemente

associada ao rei-

o) a maioria das estatuetas possui pinos de ferro. +nquanto W "$uras

(OO num total de O ima$ens) possuem pinos de li$as de cobre, N[

"$uras (Y[ ) possuem pinos de ferro. :orton/Qilliams, na sua

de"nição estrita de edan, menciona que tamb*m hedan com pino

de JbronzeJ, ainda que raramente (cf. 0ota V)- e, "nalmente

p) observamos que muitos dos elementos do edanpossuem formas

inspiradas no ima$inrio $g%óni que iremos examinar a se$uir.Antes por*m, enfatizamos aqueles que merecem destaque5

/ os quatro tipos de nariz encontrados nas ima$ens tendem a ter a

base trian$ular, provavelmente inspirados na simbolo$ia importante,

como veremos, que o n<mero três possui entre os $g%óni-

/ os braços das "$uras femininas, quando se$uram os seios, "cam

numa posição que lembra duas parbolas opostas, ou um duplo sinalda lua crescente-

/ a barba presente nos edan N, O, , W e NN * delineada de modo a

lembrar, tamb*m, o símbolo da lua crescente- isso ocorre, ainda,

com o par de orelhas das "$uras presentes nos edan V, W, S e NN-

/ as coroas, tendendo a uma forma cLnica, delineiam um falo,

especialmente as coroas dos edan N e NN.

Page 41: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 41/104

'.1 An%lise icono$r%&ca

A unicidade do casal li$ado pela corrente, o realce dos sexos e a

importância da cabeça foram abordados quando da classi"cação

funcional (cf. item O.O), que, como vimos, est vinculada, do pontode vista morfol%$ico, sobretudo a esses três fatores. A$ora nos

ocuparemos em analisar a si$ni"cação de outros símbolos

recorrentes nas peças.

$s+ A o lado esquerdo

A preponderância do lado esquerdo ((s+) sobre o lado direito ((t4n)

est representada no $estual típico$g%óni que coloca a mãoesquerda sobre a direita com os punhos cerrados e o pole$ar

escondido (cf. Kabela _==). +les sa<dam &l' fazendo esse $estual três

vezes na altura do abdome, enquanto dizem uma saudação (:orton/

Qilliams NRST5 YO). Fs iniciados tamb*m se cumprimentam com a

mão esquerda e se movem para a esquerda enquanto dançam ao

som das batidas dos #g%< (tambores) dentro do templo ou

santurio il)d+ (XaHal NRRW5 V).

#e$undo +lbein dos #antos (NRR5 YT), Jde maneira $eral, o que *masculino * considerado como pertencendo 1 direita e o que *

feminino como pertencendo 1 esquerdaJ . :as em ;reHal

(apud XaHal NRRW5 V/VV), consta que o lado esquerdo nas

estatuetas (g%óni não est relacionado ao feminino, mas sim ao

sa$rado, e por conseqDência, aos assuntos potencialmente

peri$osos.

XaHal discorda dessa acepção, recorrendo 1 tradição oral, sobretudoaos versos do =f, para a"rmar que &l'* uma divindade feminina e

que o lado esquerdo, (s+, representa o escondido, o suave, o poder

espiritual feminino, enquanto o lado direito, (tun, representa a força

física masculina, a ri$idez (cf. um confronto entre essas duas

concepç!es em #alum NRRR5 NS[/NYT). Por isso, a mão esquerda *

metaforicamente conhecida entre os iorubs como a Jmão da paz J

ou a Jmão do segredoJ.O om esses novos dados, ele conclui que, na

icono$ra"a (g%óni, o lado esquerdo representa o feminino e o laço

Page 42: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 42/104

entre mãe e "lho B e entre os J"lhos da mesma mãeJ (-mo By<),

como os membros $g%óni costumeiramente se denominam.

8 importante lembrar que, $enericamente e universalmente, formas

cLncavas ou massas com reentrâncias são associadas 1 va$ina e

tidas como femininas. 2enLmeno semelhante ocorre com asJcavernasJ ou J$rutasJ, e com a JterraJ. 0a icono$ra"a do

ristianismo primitivo * comum vermos a _ir$em :aria dando 1 luz

no interior de uma $ruta, e não em um estbulo.

0o romance JF mundo se despedaçaJ do escritor ni$eriano hinua

Achebe (cf. Achebe NR[) "ca evidenciado o papel central do culto 1

terra tamb*m para os ibLs. Kratando da questão, ainda que

literariamente, o autor revela como a terra personi"ca/se emdivindade feminina e como esse culto foi desestruturado pelos

colonizadores. onsiderando a proximidade $eo$r"ca e cultural dos

ibLs com os iorubs, esse paralelo vem reforçar a profundidade do

si$ni"cado de &l', como Jterrit%rioJ ou JdivindadeJ, na compreensão

do ima$inrio(g%óni.

3)ta A o n4mero tr=s

F n<mero três * muito recorrente na icono$ra"a(g%óni. Podemos vê/

lo representado nos elementos triplos ou em forma trian$ular.

A Kabela _=== mostra al$uns arranos possíveis, mas h muitos outros

encontrveis, de forma idealizada, nos elementos de estilo (cf., por

exemplo, as construç!es de coroas e narizes, ou estruturas das

correntes e escari"caç!es da Kabela _).

;e acordo com os autores consultados, a união do masculino e do

feminino na ima$em do edansimboliza a formação do JterceiroJ.#eria como aquele $erado pela complementaridade de partes,

aquele que se se$ue B a pro$enitura, ou o devir, reiterando os laços

entre passado, presente e futuro. +ssa tríade se estabelece quando

um -log%oni * visto com as duas "$uras humanas no peito, usando

o edan pendurado no pescoço, como mostra a renomada foto de

Qilliam 2a$$ (\lier NRRY5RY, f. Y[).

F terceiro elemento * &l', o mist*rio, o pr%prio se$redocompartilhado (:orton/Qilliams NRST5 Y) B que tem raízes

Page 43: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 43/104

ancestrais. Para XaHal (NRRW5 VV), Jo n<mero três (e*ta), (U)

si$ni"ca poder dinâmico (a$bra), ambos físico e metafísico. (U) A

terceira parte B &l'gedan B * a força da li$ação da promessa,

companheirismo, contrato, obri$ação, ou responsabilidade moralJ.

+sse n<mero, se$undo :orton/Qilliams (NRST5 Y), tamb*m estpresente na concepção iorub dos três est$ios da existência

humana5 a saída do (run para viver no #iy) e eventualmente se

tornar um espírito em &l'. Fs iorubs tamb*m acreditam na

existência de três componentes JespirituaisJ5 'mí  (a respiração)-ara,

(run (um componente que retorna para o (runpara renascer),

e imole (que se torna um ancestral).

+lbein dos #antos (NRR5 YN) aponta que três são tamb*m as forçasque constituem o universo e tudo o que existe5 B/#, princípio da

existência, 5:), princípio da realização, e C%<, princípio orientador.

+, nos terreiros na$Ls da \ahia a que se refere a autora, o n<mero

três tamb*m est li$ado 1 terra5 Jtoda ação ritual no ]terreiro^ est

indissoluvelmente li$ada 1 terra- desde -lorun, passando por todos

os orixs at* os ancestrais, todos são saudados e invocados no início

de cada cerimLnia derramando um pouco de $ua três vezes sobre a

terraJ (idem5 WY).

-s A sím%olo da lua crescente

;reHal (apud XaHal NRRW5 VY) interpreta o símbolo da lua crescente

como a abstração de um pssaro, que * um dos emblemas das

JfeiticeirasJ iorubs. on"ra o Jedan sentado com pssaros

]mensa$eiros^J B peça da coleção . te de la \urde, (oache NRYN5

WN, f. Y) B em que os corpos dos pssaros, representados de per"lsobre a cabeça da "$ura, têm denotada forma de meia lua. Futra

interpretação vem dos informantes de XaHal, se$undo a qual esse

símbolo *-s, a lua crescente, associado 1 inovação e a

re$eneração. +le * conhecido pelas mulheres iorubs, que se

baseiam na fase crescente e min$uante da lua como calendrio

menstrual. Fra, as JfeiticeirasJ não deixam de ser a$entes dinâmicos

e transformadores, havendo consonância no cruzamento da

ar$umentação dos dois autores citados.

Page 44: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 44/104

+ncontramos esse símbolo em vrios elementos dos obetos5 nas

escari"caç!es na testa das ima$ens (edan NN e NO), na posição dos

braços femininos se$urando os seios (edan W e S), nas orelhas que

"cam na parte posterior da cabeça (edan V, W, S, [), no formato do

cabelo (edan [), e nas barbas de al$umas peças (edan N, W e NN). +lepode aparecer de forma dupla como as marcas na testa do edan NO.

+xemplos do aparecimento da forma da lua crescente

nos edan vêem/se destacados na Kabela =Z.

3spiral" círculos conc=ntricos e forma cDnica

Fs informantes de XaHal (NRRW5 VY/V[) deram duas diferentes,

por*m relacionadas, interpretaç!es sobre a espiral e os círculos

concêntricos que aparecem nas estatuetas. A primeira delas diz queesse símbolo representa o $iro (ranyinranyin) da forma cLnica de um

caramuo ((9(tó), que * brinquedo de criança, e est associado com

o crescimento, movimento dinâmico e, por extensão, com o poder

transformador de +xu B o mensa$eiro divino e intermedirio

entre &l'e edan. A outra versão diz que esses motivos $r"cos

si$ni"cam o poder expansivo de Flocun B a divindade do mar e da

abundância. A $ua e a terra são dois aspectos do mesmo fenLmeno

cultuado pela associação Eu'l'd) como By< Fl< (J:ãe/0aturezaJ),que * chamada, se$undo o autor, J-ló9un #*#ró (9(tóJ B a divindade

do mar que $ira como o caramuo (9(tó.

0otamos esses símbolos em diversos elementos. Al$uns exemplos

estão destacados na Kabela Z. F que pode vir a reforçar a atribuição

do formato cLnico, circular concêntrico e espiral a +xu *,

provavelmente, o formato de $lande que al$umas coroas

apresentam, como as dos edan N e NN. F pênis * um dos principaissímbolos de +xu (cf. _er$er NR[N5 Y[/YR), sendo as formas flicas da

escultura dos iorubs atribuídas a essa entidade. F cabelo

do edan NT * tamb*m muito parecido com a cabeleira de +xu da

estaturia em madeira.

-%*etos sim%ólicos

Fs obetos sustentados pelas "$uras humanas de

umedan simbolizam aspectos importantes das crenças(g%óni e são

Page 45: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 45/104

como que pequenas r*plicas dos obetos utilizados nos rituais da

associação. #e$ue abaixo consideraç!es sobre eles.

a) A col!er  representa a renovação e o reabastecimento. 8 um

símbolo $eralmente vinculado 1 "$ura feminina (como no edan [),pois remete 1s mulheres 3rel4 que, entre outras tarefas, preparam a

comida servida no il)d+ (XaHal NRRW5 VY).

b) Fs %astGes, ou cetros cerimoniais, são símbolos de poder e

autoridade dentro dos cultos reli$iosos iorubs. F edan R carre$a um

par desses bast!es, que pode ser uma auto/referência ao edan (uma

ima$em do edan se$urando outro edan). c) A bacia * usada

pelo -l4/o para lavar o iniciado (Qilliams NRSY5 NVW), $anhandonova si$ni"cação, pois * tamb*m essencial nas tarefas udiciais

(:orton/Qilliams NRST5 SS). eralmente * se$urada pela "$ura

feminina, como noedan NN.

d) F facão * um símbolo associado ao masculino e, por isso, *

se$urado pela mão direita (o lado direito * o lado masculino).

#imboliza o sacrifício e tamb*m * uma referência 1s penalidades

aplicadas a qualquer um que revele se$redos ou quebre acordosrelativos 1 associação.

e) F porrete tamb*m * um símbolo associado ao masculino, como o

facão. 8 se$urado pela mão direita da "$ura masculina. +sses dois

obetos estão associados 1 morte, que * relacionada ao masculino

na cultura iorub. A morte, ou &94, est profundamente li$ada 1 terra

e 1 $ênese humana (+lbein dos #antos NRR5 NTS/NTY).

f) F %ornal B esse elemento que tamb*m pode denotar a forma de

uma Jcabaça com alçaJ B est, nas peças que constituem

nosso corpus de pesquisa, sempre no lado esquerdo do corpo de

todas as guras masculinas. Parece contradit%rio, lembrando que,

para os $g%óni o lado feminino * o esquerdo, e, ademais, esse

elemento alude 1 contenção de al$o poderoso ou valioso, que não

pode ser visto nem revelado, mantendo/se escondido e inacessível,

mas presente. Xembremos que a cabaça * associada, $enericamentena Mfrica, ao <tero, 1 $estação e aos mist*rios da vida. 8 hora de

Page 46: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 46/104

dizer que os sacerdotes$g%óni usam um bornal semelhante a este

obeto do lado esquerdo do corpo quando saem a trabalho (cf. XaHal

NRRW5 VS, f. NT). Pode ser uma referência ao $rande poder ancestral

feminino de &l', que est li$ada 1 JfeitiçariaJ tamb*m. 8 importante

lembrar que, tradicionalmente, a JfeitiçariaJ entre os iorubs nemsempre * considerada uma prtica anti/social. As JfeiticeirasJ

iorubs trabalham com forças muito poderosas e terríveis. +ssas

mulheres são anciãs muito temidas e respeitadas na sua

comunidade. ;iferentemente das culturas ocidentais, que

desprezaram e JcaçaramJ suas JfeiticeirasJ, entre os iorubs elas

são reverenciadas e apazi$uadas com danças e cerimLnias (cf.

_er$er NRRO5 O/OV- arneiro da unha NR[V- quanto 1 proeção

dessa discussão na arte, cf. #alum NRRR5 NS[/NYT).

Heios

 Kodas as "$uras femininas sinalizam $estos de oferecimento com

suas mamas cLnicas e pendentes. Fs seios enfatizam a afeição

maternal e $enerosidade de &l'. #e$undo XaHal (NRRW5 VS), h um

prov*rbio(g%óni que diz5 Jo leite dos seios maternos * doce ou

suave- n%s todos su$amos deleJ.V +le * entoado três vezes pelosmembros quando sa<dam uns aos outros ou quando tocam

o edan com a lín$ua.

8 interessante notar que a "$ura feminina do edan de corpo inteiro,

quando não est na posição típica da mão esquerda sobre a direita,

parece estar sempre oferecendo al$o, de braços estendidos.

0os edan W e S, a "$ura oferece os seios- no edan [, oferece uma

colher- no edan R, um par de bast!es- e, "nalmente, no edan NN a

"$ura oferece uma ti$ela. Kodos esses obetos são relacionados ao$ênero feminino (cf item O.).

Ho%re a nudez 

Fs $g%óni ditam que os seres humanos não podem esconder nada

de &l' e, em al$uns rituais, os participantes "cam nus. =sso viria a

demonstrar, se$undo Qilliams (NRSV5 NVS), a imediata relação que

deve existir entre os homens e &l'. +m sua pesquisa, esse autor

constatou que todos os edan de corpo inteiro são feitos nus. Kodos

Page 47: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 47/104

os edan do acervo do :A+, examinados por n%s, estão em

conformidade com essa re$ularidade.

2. 3oncluso

Apontamos a se$uir observaç!es que, ao "m deste arti$o, nos

parecem relevantes, tanto do ponto de vista te%rico, quanto

metodol%$ico.

a) he$amos ao "nal, com uma síntese biblio$r"ca sobre um

assunto pouco explorado, de fontes escassas e em lín$ua

estran$eira, de pouco acesso entre n%s, e, praticamente inexistente

em portu$uês. onsideramos que nosso estudo possa vir a contribuirnão apenas para os estudos de coleção, mas para os de natureza

hist%rica e s%cio/antrop%lo$ica, bem como 1s pesquisas sobre o

0e$ro no \rasil.W

b) F estudo, obeto deste arti$o, permitiu/nos delimitar um $rupo de

peças do acervo de ori$em africana do :A+/G#P, quanti"cado, que

forma uma coleção museol%$ica em si mesma, permitindo su$erir

denomin/la coleção (g%óni do 753. 0essa coleção inserem/se,

al*m dos edan aqui apresentados, as estatuetas Jsem pinoJ e JsemcorrenteJ, al*m de al$umas outras peças avulsas (bast!es,

recipientes, %ias). +las serão tratadas em uma publicação pr%xima.

c) Futro resultado que nos parece importante destacar nesta

conclusão * a constatação, pela anlise morfol%$ica, da presença ou

representação no acervo do :A+ das três classes funcionais das

esculturasedan reportadas na etno$ra"a dos principais autores sobre

a mat*ria.

d) om o estudo efetuado, temos, a$ora, embasamento para de"nir

o $rupo de esculturas edanda coleção (g%óni do :A+5

/ são peças iorubs da associação $g%óni, que che$aram da Mfrica

na d*cada de NRYT e, provavelmente, são do s*culo ZZ-

/ são obetos de li$as de cobre feitos pela chamada Jt*cnica da ceraperdidaJ e compostos por um par de ima$ens baseadas na gura

Page 48: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 48/104

!umana. +ssas ima$ens possuem pinos metlicos na parte inferior e

são li$adas por uma corrente na parte superior-

/ as ima$ens simbolizam um casal humano nu. Al$uns pares

possuem somente a cabeça. 6uando representam a "$ura de corpointeiro, * comum ver/se nelas a sinalização do gesto (g%óni (mão

esquerda sobre a direita). 6uando não, elas sustentam nas mãos

obetos determinados. A "$ura masculina se$ura dois obetos B um

li$ado ao $ênero masculino, que "ca do lado direito, e outro li$ado

ao feminino, que "ca do lado esquerdo. Por outro lado, a "$ura

feminina se$ura apenas um obeto do universo feminino com as

duas mãos- e,

/ nessas esculturas, h uma profusão de símbolos materializados por

diversos recursos de representação da "$ura humana. #ão

perceptíveis pelas marcas corporais, nas silhuetas de postura, nos

obetos/insí$nias inte$rantes, assim como, nos elementos

constitutivos (como olhos, mãos ou pernas). +ntre os símbolos

encontrados estão os relativos ao n<mero três e 1 lua crescente,

al*m dos que indicam movimento e crescimento. +ssa

caracterização pode ser <til no trabalho de identi"cação de outraspeças.

e) 0o que diz respeito 1 pesquisa sobre coleç!es, rea"rmamos a

importância do estudo formal e funcional como mola propulsora para

o exame aprofundado da documentação escrita, aqui sintetizada,

permitindo, no retorno, examinar essas formas tão sin$ulares e

emblemticas, desmembrando/as nos seus elementos mais

si$ni"cativos.

f) 0a possibilidade de estendermos, no futuro, nosso corpus para

al*m das peças da coleção (g%óni do :A+, os resultados deste

estudo apontam para uma tipolo$ia capaz de auxiliar a classi"cação

de obetos con$êneres conservados em outras instituiç!es, tendo em

vista que não se conhece, ainda, pelas publicaç!es especializadas

disponíveis, um trabalho focalizado na mat*ria.

_ _ _

Page 49: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 49/104

 

KIL+IK# AK.% 9$ 9D'<% <.N.D. tMlistic and icono(rap!ic studM of t!e edan sculptures of

<9+-' collections. $ev% do &useu de 'r(ueologia e )tnologia% ão aulo% 0X/ ]]Y-]SU%

][[X.

AB+,RA-,/ =!e <useu de 9rqueolo(ia e +tnolo(ia of t!e 'ni"ersitM of ão aulo !as acollection of pieces of cast metal used bM a traditional institution of t!e Iorubas from :i(eria%

called Ògbóni  societM% of political-reli(ious c!aracter. =!e Ògbóni ̀s objects are normallM

made of metal alloM% referred in t!e publications as @bronzes@% and edan is a specific tMpe of

suc! objects. =!e (oal of t!is article is to present a studM of t!e edan of t!is collection in

\!ic! \e sMstematize t!e correspondin( documental% !istoric and et!no(rap!ic data and

t!ose obtained t!rou(! formal% functional and sMmbolic analMses of t!e pieces. =!is led to t!e

c!aracterization of t!e edan sculptures of t!e <9+s ògbóni collection definin( t!em as a

specific cate(orM of tec!nical% but abo"e all stMlistic and icono(rap!ic production of t!eIorubas .

/N45ERS5  9frica/ Ioruba E 9frican art/ stMlistic E <etal sculpture E

Ioruba/ Ògbóni  societM E <it!olo(M/ "l# E <usei/ collection studies.

RE.ER/0-1A+ B1B21O3R4.1-A+

A+\+, .

NR[ - mundo se despedaça. #ão Paulo5 Mtica.

A;8j3>k, F.A.NRRR Ior%<5 Kradição oral e hist%ria. #ão Paulo5 Kerceira :ar$em.

 9K+Z9% #.$ =K#'% .

0VYY =!e #(boni ;ult Group :i(eriaJ. 'nthopos% Y] 0-]J/ ]YQ-]UY.

\A#F:, Q..

NRVV Khe #ociolo$ical ole of the>oruba ult roup. 5merican

 5nt!ropologist . (:emoirs, S)

\X=+, #.P.

NRRY 2Jart royal africain. aris/ *lammarion.

A0+=F ;A G0A, .:.

NR[ Arte Afro/\rasileira. Q. anini (oord.).Kistória Eeral da 5rte no

6rasil. _ol. ==. #ão Paulo, =nstituto Qalther :oreira #alles5 RY/NT.

NR[V A 2eitiçaria entre os 0a$L/>orub. 1)dalo, #ão Paulo, O5 N/NW.

Page 50: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 50/104

F#KA + #=X_A, A.

NRRS 5 en:ada e a lança5 A Mfrica antes dos portu$ueses. io de

 aneiro5 0ova 2ronteira.

>+::+==% K.+.0V01 =!e Ògbóni  and ot!er secret societM in:i(eria. *ournal of the 'frican +ociet % 01/ 01-

]V. >K+Z9D% N.A.

0VUV 9rt and +t!os of Ijebu. N.A. >re\al$ A. emberton$ K. 9biodun +ds.J -oruba/ :ine

;enturies of 9frican 9rt and =!ou(!t. :o"a CorW% =!e ;enter of 9frican 9rt/ 00Y-0QS.

+DL+I: ># 9:=#% A.

0VVX .s /0g e a &orte. ão aulo/ )ozes.

+DDI% 9.L.

0UVQ The -oruba1+pea2ing 3eoples of the +lave 4oast of 5est 'frica. \\\.sacred-texts.com% ][[X.

2F\+0=G#, X.

NRN L!e voice of  'frica. )ol. I. Dondres/ Nutc!inson ;o.

N9<=8 L% 9.

0VU] 9 tradição "i"a. A. i-gerbo ;oord.J.6istória 7eral da 8frica. )ol. I. <etodolo(ia e pré-

!istória da Tfrica. ão aulo% Ttica/ 0U0-]0U.

D9Z9D% L.

0VVS h Cà Gbó% h Cà =ó/ :e\ erspecti"es onedan Ògbóni . 'frican 'rts ]U 0J/ XY-QV.:FKF0/Q=XX=A0#, P.

NRST Khe >oruba $g%óni ult in F9o.  'frica% Dondres X[ QJ/ X1]-XYQ.

=\+=F, .

NRRW 7ãe Fegra5 o si$ni"cado iorub da maternidade. Kese

(;outorado em Antropolo$ia). #ão Paulo5 22XgGniversidade de #ão

Paulo.

K#9;N+% D.+.

0VY0 sMcop!Msical 9ttibutes of t!e #(boniedan. 'frican 'rts Q ]J/ QU-SX.

#AXG:, :..X.

0VVV or que são de madeira essas mul!eres dá(ua? $ev% do &useu de 'r(ueologia e

)tnologia% ão aulo% V/ 01X-0VX.

#AXG:, :..X.- +M_FXF, #.:.

NRR onsideraç!es sobre o per"l da oleção Africana e Afro/

\rasileira no :A+/G#P. Mev. do 7useu de 5rqueologia e 3tnologia,

#ão Paulo, 5 NSY/N[W.

Page 51: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 51/104

_++, P.

NR[N -ri:<s5 deuses iorubs na Mfrica e no 0ovo :undo. #ão Paulo5

orrupio.

NR[O +tno$ra"a reli$iosa iorub e probidade cientí"ca. Meligião e

Hociedade, [5 /NT.NRRO +splendor e decadência do culto de =9ami Fsoron$a entre os

=orubas5 J:inha :ãe 2eiticeiraJ. P. _er$er. 5rtigos5 Komo =. #ão Paulo,

orrupio5 W/RN.

NRRW 1ieu: dN5frique5 culte des orishas et vodouns 1 l^ancienne cLte

des esclaves en Afrique et 1 \ahia, la \aie de Kous les #aints au

\resil. Paris5 evue 0oire.

OTTT Fotas so%re o 0ulto aos -ri:<s e Ooduns na 6a!ia de Lodos os

Hantos" no 6rasil" e na 5ntiga 0osta dos 3scravos" na frica. #ãoPaulo5 +;G#P.

Z+L=+K% N.

0VX] 3rimitive +ecret +ocieties. :o"a Iorque/ <acmillan ;o.

ZIDDI9<% >.

0V1Q =!e Iconolo(M of t!e Coruba edan #(boni. 'frica% Dondres% XQ ]J/ 0XV-011.

NO5AS

() +ste arti$o * resultado de um plano de estudo vinculado ao

proeto JKratamento de acervos africanos em museus do \rasil face

aos estudos africanistas no país e aos sistemas de catalo$ação

internacional5 o caso do :useu de Arqueolo$ia e +tnolo$ia da G#PJ.

() \olsista P=\=g0Pq do :useu de Arqueolo$ia e +tnolo$ia e

$raduando do ;epartamento de ist%ria da 2aculdade de 2iloso"a,

Xetras e iências umanas da Gniversidade de #ãoPaulo. ar*Qusp.%r 

() :useu de Arqueolo$ia e +tnolo$ia da Gniversidade de #ão

Paulo.

(N) Kraduzimos a expressão corrente -g%oni Hociety (do in$lês) por

Jassociação $g%óniJ, para não haver en$ano em pens/la como uma

sociedade no sentido de uma nação ou povo, e intensi"car o sentidode instituição e de fraternidade que ela possui.

Page 52: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 52/104

(O) ;esde , os termos vernaculares serão $rafados conforme a

fon*tica da lín$ua iorub. A $ra"a desses vocbulos varia de um

autor para outro (especialmente a $ra"a dos tons e das vo$ais

especí"cas do iorub). Por isso, utilizamos a escrita mais difundida

dentro do conunto das obras citadas. 2azem exceção as palavras aportu$uesadas comoa:)" if<" nagD" o%i" ori:< ou mesmo ioru%<, que

serão $rafadas no nosso idioma.

() f. item O.O., em que trataremos dos problemas de material e

t*cnica.

QJ @HJconsists essentiall of t9o brass or bronze images, the one of a na2ed man, the

other of a na2ed 9oman, lin2ed together b a chain, and each mounted on a short ironrarel, brass spi2e@.

SJ 9 partir de a(ora% nos referiremos a cadaedan estudado pelo n4mero que apresenta

nesta tabela. =odas as foto(rafias deste arti(o foram tomadas por Za(ner ouza e il"a

<9+-'J% a quem a(radecemos seu entusiasmo e colaboração na determinação de

"istas que resultassem em ima(ens re"eladoras e expressi"as dos objetos% sem abrir mão

da fidelidade que um estudo foto(ráfico cient&fico exi(e neste caso.

(S) F uso do arti$o masculino na frente da palavraedan s% pode ser

aceitvel, então, se for referente ao obeto a que a concepçãode edan d forma. 6uando escrevemos JedanJ, estamos nos

referindo, mesmo que implicitamente, ao obeto e, por isso, usamos

o arti$o masculino. Procuraremos manter esse crit*rio ao lon$o do

nosso texto, no qual o obeto edantamb*m poder ser tratado como

escultura. 6uando escrevemos J"$uraJ ou JestatuetaJ, queremos

desi$nar uma das duas ima$ens do edan.

YJ ;omo explica Da\al 0VVS/ Q0J/ "lé od< % @t!e !ouse of secrets@.

UJ :ão de"emos confundir a associaçãoÒgbóni % tradicional entre os iorubás E con!ecida na

literatura in(lesa como @9bori(inal Ògbóni *raternitM E 9.#.*.@ E com a @Keformed #(boni

*raternitM E K.#.*.@% que foi criada em 0V0Q por um padre an(licano% o Ke"erendo =!omas

 9dés&nà Aacobson O(4nb&M&% que re"isou os rituais e o simbolismo tradicional para ser

aceitá"el aos cristãos% muçulmanos e indi"&duos não-iorubás Da\al 0VVS/ XVJ.

VJ @)arth = e>isted before the gods, and the .gboni cult before the 2ingship% )arth is the

mother to 9hom the dead return% )arth and the ancestors, not the gods orisa, are the

sources of the moral la9 .@

Page 53: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 53/104

(NT) JL!e mem%ers are popularly %elieved to possess a secret from

/!ic! t!ey derive t!eir po/er" %ut t!eir only secret appears to %e

t!at of a po/erful and unscrupulous organization (U)J.

00J @Decaptation 4ompan, Limited @(NO) onselho de +stado da cidade de $yó externos 1 realeza e,

necessariamente, membros $g%óni.

(N) o$o de adivinhação dos iorubs, chamado =f, re$ido pela

divindade Frumil.

(NV) :aria <lia 2i$ueiredo, do Kerreiro do +n$enho _elho da \ahia,

tinha o título de Byalóde,3rel4. #obre as mscaras e aassociação Eu'l'd)na Mfrica e seu ima$inrio no \rasil, cf. item B

J0ota sobre a Fxum de Zan$L ou sobre a essência da feminilidadeJ

e item V B J:arcas honorí"cas das ]iy<#g%a] nas esttuas de

2robenius e de =badanJ (#alum NRRR5 N[V/N[Y).

(NW) 0o texto sobre os $g%óni e os edan publicado no catlo$o da

J+xposição de peças africanas e afro/brasileirasJ do :A+, no

on$resso =nternacional da +scravidão (NR[[5 OY, T), reproduz/se ale$enda usada na exposição do anti$o/:A+, quando no \loco ; do

G#P. +m sua obra p%stuma (cf. arneiro da unha NR[), :arianno

refere/se ao edan quando apresenta Jetapas da cera perdidaJ (p.

R[W), fazendo apenas breve menção aos $g%óni (p. R[S).

(NS) F uso de madeira na escultura ritual relativa aos orixs *

restrito apenas a al$umas entidades ou modalidades de culto (cf.

#alum NRRR).

(NY) A caracterização metlica dos edan * prop%sito de uma

pesquisa em andamento, realizada por uma equipe multidisciplinar

de pro"ssionais t*cnicos e docentes do :A+, da +scola Polit*cnica da

G#P e da G2#, com apoio do 0Pq (Prof. ;r. esponsvel5 ercílio

omes de :elo).

(N[) Jforça vital" que assegura a e:ist=nciaR elemento dinSmico que permite o acontecer e o devir J

Page 54: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 54/104

(NR) 0ão h na literatura disponível menção de qual orix se trata.

(OT) 0a Kabela _= apontamos a incidência de cinco peças do acervo

do :A+ com pinos de li$as de cobre e não de ferro. f. tamb*m uma

de"nição do obeto na 0ota W.(ON) f. tamb*m o hist%rico do acervo africano e afro/brasileiro

publicado em #alum e ervolo (NRR).

(OO) f. arta de OYgTRgYO B de Xadislas #e$9 (aleria #e$9 B 0ova

 >or), para Prof. ;r. Glpiano \ezerra de :eneses (diretor do :A+)-

erti"cado da aleria #e$9 emitido em OYgTRgYO- arta :A+ B .

TTgYO, de NgNNgYO, para Xadislas #e$9- ecibo de T[gNOgYO,

assinado por Antonietta \orba :uniz de #ouza- arta :A+ Ff. n`VSgYO, de OTgNNgYO, para o eitor da G#P, Prof. ;r. :i$uel eale-

arta de OOgNNgYO, de Xadislas #e$9 para o :A+- arta :A+ B

TWgYO, de OgNNgYO para Xadislas #e$9 (todos esses documentos

estão na pasta suspensa Jompras B A2J do #etor de ;ocumentação

do :A+).

(O) f. elação da coleção pertencente a os* :arianno arneiro da

unha, posta em dep%sito no :A+ em a$osto de NRYS (pastaJ;ep%sitos B A2J)- elação da coleção de .:... posta em dep%sito

no :A+ em unho de NRYY (pasta J;ep%sitos B A2J)- "chas

catalo$r"cas das peças- Xivro de Kombo do acervo.

(OV) ;ados da entrevista concedida pela Profa. ;ra. :aria :anuela

Xi$eti arneiro da unha a #uel9 :oraes ervolo e Patrícia aaini

em T[gTOgNRRT, re$istrada em "ta cassete.

(OW) f. arta de TgT[g[N, de :aria :anuela Xi$eti arneiro da

unha para a Profa. ;ra. ilda eale #tarz9nsi, ;iretora do :A+

(pasta J;ep%sitos B A2J)- elação da coleção doada por :aria

:anuela Xi$eti arneiro da unha ao :A+ (pasta J;oação B A2J).

]1J ;f. :ota 0Y.

(OY) JL!e 3art! is not represented %y any sym%ol in Ioru%a art"

alt!oug! it is personied. L!is corresponds to an a%sence ofrepresentation of its counterpart" t!e s9y -lorunJ.

Page 55: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 55/104

(O[) JL!e pair" male and female" sym%olizing t!e union of Keaven

and 3art! on /!ic! !uman e:istence is %asedJ.

(OR) J(U)La9o" ta%o" '*+/#p( 7ale and female go toget!erTJ.

(T) J(U)Li%i" tire" '*i/#p( Eood and evil go toget!erT J.

(N) J(U)s!e is %ot! rm and tender" good and evil" generous and

dangerous.UT H!e is t!e giver of life and receiver of t!e dead" t!e

V7ot!er of 5llV and yet t!e originator of /itc!craft J.

(O) Jo/ó #l<<fí# t!e !and of tranquillityTV e Vo/ó a/o V!and of

secrecyVT J.

() JL!e num%er t!ree e)taT" on t!e ot!er !and" signies dynamic

 po/er ag%ar<T" %ot! p!ysical and metap!ysical. UT t!e t!ird party

A &l'Wedan A is t!e %inding force of a promise" fello/s!ip" contract"

o%ligation" or moral responsi%ility. J

(V) J$m4 +y< dn 4n muR g%og%o /a la *o nmu 4J, traduzido pelo

autor como @the mother?s breast mil2 is s9eet; 9e all suc2 it@ .XSJ # tema foi objeto da nossa comunicação de pesquisa% @edan E emblema da

associaçãoÒgbóni  na Tfrica/ in"esti(ação sobre seu uso no Lrasil@ cf. Kibeiro Ar.$ alum% I

II;'% ][[X/HHH.usp.brgsiicuspJ

 

Page 56: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 56/104

 ARAO6O7 5ERRA "E A"8A 9ONPor5 os* :anuel edeo outo

avana./ F tema Arar%*E:e*9on ser o "o condutor que nos levar

1 ori$em $eo$r"ca dos Arar, localizados no ;aomê. +ste nome * a

forma francesa de "an;ome no "entre da serpenteJ.

#e$undo a lenda, o palcio foi construído no ventre de um reichamado ;an, quem foi destronado depois e o nome "an;ome se

aplicou à cidade !istórica deAbone5% referido ao pa&s dos tempos do tráfico ne(reiro até

0VYS.

Fs $rupos arar%s, trazidos a uba na etapa escravista lo$raram

sobreviver principalmente em municípios da província

de atanas (a NTO m da capital) zona onde se aprecia com maior

pureza o le$ado arar%tendo expoentes como

:aximiliano Bar+, i$uelina Bar+7 Emiliano <ulueta e Atilano9ern%ne.

omo toda cultura tem a sua ori$em e si$ni"cado, a

cultura Arar% ou E:e*9on parece proceder de Arra(Ares7

Arre7 Aru7 Arran) nome de um reino da Mfrica Fcidental, que se

encontrava ustamente na porção meridional do que * hoe a atual

ep<blica de \enin. +ste reino aparece unicamente nos mapas

velhos, não assim no atual mapa político/administrativo de \enin.

#e$undo as tradiç!es recolhidas pelo etn%lo$o beninês \arthelem$

Adouonou em Abone9 e que concordam com as que che$aram de

etnias irmãs estendidas pelo Ko$o e o sudeste ni$eriano como a

ptria comum dos Ada/2on.

 9 c!e(ada à 9mérica deste (rupo% não foi mais que uma etapa na lon(a mi(ração que partiu

deO5oetle617e% anti(as e poderosas cidades do pa&s dos iorubás. uer dizer que de ,ado%

pequena localidade na fronteira entre o anti(o >aom, e o ,o"o atual% a tradição oral

Page 57: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 57/104

remeteO5ó6178 para su(erir uma ori(em comum dos (rupos ad9a67on e iorubá. ;to< etuJ%

cidade situada a uns 1[ Wm ao norte de orto :o"o% foi uma importante parada na lon(a

"ia(em destes emi(rantes.

Para o investi$ador cubano, umbert ;eschamps, osA,a depois de

sua instalação em 5ao se separaram, os E:e se trasladaram aooeste atual do 5o$o e os9on ao este da atual ep<blica de \enin.

+m todos os casos os estudos lin$Dísticos estruturais comparados

do a,a*fon, do e:e e do =oru#% revelam a indiscutível inte$ração

destas lín$uas num sistema cultural comum.

Fs fon foram os fundadores dos reinos tradicionais deAllana7

A#one=7 0orto No>o e Sa>i nas zonas meridional e central do

atual \enin. ontinua vi$ente a polêmica ao redor dosvocbulos Arres7 Arre7 Arer7 Arra?, impostos pelos europeus

como variantes diferentes e atribuem a diversas localidades do atual

\enin as denominaç!es do @uan Arera, pequeno A?lia e capital

do eino de Arra.

#ão contados os trabalhos que tentam romper as barreiras que

separam os estudos culturais na Mfrica e aqueles que se realizam na

Am*rica. 8 preciso contribuir ao estabelecimento de pontes,proporcionar reex!es comuns e su$erir hip%teses com o obetivo de

aprofundar cada vez mais a anlise das culturas africanas.

0o exame da tradição lin$Dística podem de"nir/se três centros de

interesse fundamental5 o m$ico, o mito e a lenda da vida e a morte.

0o que se refere 1 reli$iosidade cinco aspectos bsicos se enunciam5

;eus e as demais deidades, o homem $en*rico, os animais, obetos,

fenLmenos naturais e a ma$ia.

0a cultura e:e*fon em uba existe um ser supremo

denominado Se$#olisa ou "aase$so, cuo outro nome de %:u,

quase nunca se utiliza. 0a teo$onia 2on, se atribuem diversas

funç!es mediadoras a um $rupo de divindades que são os deuses da

natureza, como a"rma :etraux.

#e$undo dados obtidos do testemunho de :i$uelina \ar% *spedes

(O[gTRgNRRO) as festas reli$iosas em uba de ori$em africana seiniciam depois de consultar o primeiro _odum (divindade ou deidade)

Page 58: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 58/104

para que dê a sua aprovação. +ste primeiro _odum se$undo

 uventino ubru$ou9 * ,ura$o em arar% eEle$#a em =oru#%.

0a mitolo$ia 9on Ele$#a – -una=o em a;i/ cumpre uma função

de primeira ordem, em todo o sistema reli$ioso, pois * mensa$eirodos deuses e expressa a vontade destes, * tamb*m a deidade do

destino,-una=o * honrado ao princípio de cada cerimLnia e recebe

as primeiras oferendas.

+ntre os fon esta deidade se coloca no portal da casa familiar, em

forma de um monte de terra com o membro viril de metal ou de

madeira, muitas vezes exa$erada. +m uba aparece sincretizado

com #ão Pedro, #ão oque ou #anto :enino de Atocha. +m Perico(:atanzas), lhe * atribuído o nome de Afra- em ovellanos

(:atanzas) se usa o nome de 8ura,o, isto poderia explicar/se porque

na mitolo$ia iorub ambos conformam a deidade E;u6Ele"ba.

E;u equi"aleria a A7ra e Ele"ba a =ura9o% a deidade que abre o camin!o e de"e enc!er-se

de comida antes que o resto dos deuses possa comer. 9s cerimBnias de )odum de Lenin se

desen"ol"em em meio a muito colorido% mas não se pode asse(urar que cada deidade

ten!a as suas cores preferidas como no caso de ;uba onde existe um simbolismo no

"estuário.Ao che$ar a outro meio $eo$r"co, a mudança que se opera nos

atributos, o vesturio e as funç!es favoreceram a aparição de novos

relatos ao redor da ori$em das deidades a tal ponto que as anti$as

lendas foram esquecidas pelos descendentes africanos em uba,

cuas poucas exceç!es são as casas/templo centenrias.

 Kamb*m essas lendas se conservam quase sem variaç!es em outras

reas do territ%rio cubano, por exemplo em A$ramonte, :atanzas,Perico e ovellanos. 0o iorub, as conservam a #ociedade F risto,

em Palmira, #anta \rbara e #ão oque, assim como o abildo dos

on$os na mesma Palmira, província de ienfue$os (zona central de

uba) que se$undo contam era de ori$em arar%.

F conceito do homem $en*rico na reli$ião arar%, en$loba dois tipos

de pessoas5 o homem (comum e não comum) e os ancestrais, ambos

são obetos de culto, i$ual que entre os a,a*fon de \enin. ;entrodo primeiro tipo entram os chamados A#iu, os êmeos e os An!es.

Page 59: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 59/104

+ntre os iorubs e os eHe/fon da 0i$*ria e ;ida ome9,

respectivamente, se pratica um culto aos $êmeos que conta com

suportes míticos associados aos seus pante!es tutelares.

+m uba s% na pequena cidade de A$ramonte os $êmeos seinte$ram ao panteão arar% e são chamados de O,o,o (-o;o em LeninJ.

#s (,meos são "enerados em Lenin mas isto não quer dizer que pertençam a al(uns dos

tr,s panteões fundamentais destas re(iões% os -o;os podem ser assinalados por .a Ifá

em iorubáJ a pessoas que sejam Ono% (,meos.

;e acordo com uma velha crença, são seres que procediam de uma

selva chamada <un entre os 9on Ei$#o embora entre os na$L nem

sempre re$e o princípio dual. F estudo dos $êmeos * mais

complicado do que se sup!e, entre os $rupos arar, foramre$istrados nomes de deidades consideradas autLnomas, mas na

verdade são $êmeos na mitolo$ia 2on, tais são os casos de "aa

<o,i e N=o;wew Ananu% para muitos membros da fam&lia+a>pata% a deidade da "ar&ola.

#e$undo eiovits, %:u era ao mesmo tempo homem e mulher e

bastante tempo transcorreu de que a parte feminina concebesse

$êmeos, o macho foi chamado de "aa <o,i e a fêmea de N=o;wew

Ananu. +sta% se(undo uma "ersão não confirmada% se transformou em esposa do primeiro.

+m Perico não se menciona Sapata como deidade principal davaríola e as epidemias, mas sim "ao,i, daí a preferência deste

sobre a primeira, estas variantes de hierarquização entre deidades

da mesma família tamb*m existe em A$ramonte, onde os

testemunhos de 2rancisca 6uevedo e 2ermina \ar% (NRRN) chamam

de aborderads 1s deidades que trazem preuízos que são Ao,i7

5osu7 A:%:u O:%nu7 Aliprete ou Ariprete.

 Kanto para os beninenses, como para os cubanos, são vlidasdiferentes ordens hierrquicas ou listas de deidades e este fato

mostra as variantes e as contradiç!es que podem existir numa

mesma tradição. #obre os Abiu ou deidades das crianças que

morrem, do testemunho de +miliano ulueta (NRRO) podemos

entender que se trata de pessoas que a$ora estão bem e ao minuto

morrem, que lhes fazem cerimLnias e voltam em si e NT dias depois

"cam doentes de novo.

Page 60: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 60/104

hamam/se de Abiu porque sempre têm problemas- no Abiu h

um espírito mau- para curar 1 criança * preciso banh/lo com

alfavaca e ]escova amar$a^- um dos sentidos da palavra Abiu em

uba *, como aponta olacio, o de menino que sobrevive a todos os

irmãos que nascem depois dele.

Para X9dia abrera, Abiu * o espírito viaeito que encarna nas

crianças pelo que estas morrem prematuramente Jo menino que tem

um espírito que o leva de repente e volta para levar/se outro da

família, nasce e renasce. Podemos reconhecer os Abius porque

choram a toda hora e são raquíticos e doentiosJ.

Por sua vez ;a #ilva explica5 JFs Abius são crianças que nascem emorrem, desempenham tamb*m um papel importante no destino

dos habitantes do ;aomê. +m tempos difíceis de sua existência

al$uns recorrem ao 2a e os seus derivados. Futros aos Abius que

vivem em $rupos, em certas matas chamadas Aniu un, em 2on ]a

mata dos Abiu^.

;entro deste ref<$io misterioso pode evitar/se que se revelem,

$raças aos sacrifícios que lhes façam, rem*dios para o futuro ou asvias necessrias para evitar ou afastar as des$raçasJ. F estudo do

anão, como ser humano não comum, não * su"ciente conhecido em

uba, mas em \enin são chamados de Koxosu.

0o entanto, <amaonou, a deidade principal do panteão dos e;:e%

entenda-se os monstros da fam&lia real de 9bomeM% é muito con!ecido em erico e tem

muitos afil!ados. +m 9bomeM ainda !oje é objeto de culto no bairro de De(o e se encontra

aos 5o;osu dentro do culto dos anormais da fam&lia real.

Ao respeito dos antepassados se distin$ue o culto 1 família real(A,a?uto7 5o;osu7 Nesu;:eJ$ o dos defundos ordinários e das sociedades secretas

oro? e"un? >utito? @an"stoJ. elo "isto em ;uba% ao i(ual que em Lenin principalmente na

tradição arará% o culto que se rende aos defundos crianças% jo"ens e até pessoas menores

de 1[ anos% não tem a mesma import7ncia que o culto aos defuntos anciãos.

0o caso particular de Neso;:e se rende culto a todos os mortos da fam&lia real%

sem exceção. :o entanto% os utito que podem classificar-se como mortos ordinários que

depois inte(ram as sociedades secretas o culto é seleti"o. :em todos os mortos são

considerados ordinários% se(undo os crentes% re(ressam desde a sua "ida no mais além%

Page 61: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 61/104

possuem al(uns membros da fam&lia e prote(em a outros% tanto o culto dos mortos entre

os Cesu;:e% como o dos utitospodem considerar-se cultos aos ancestrais.

+ntre os arar em uba se aprecia bastante confusão em relação

com este aspecto. #e$undo eiovits o culto aos antepassados

constitui o ponto fundamental da or$anização social no ;aomê, paraque um clã ou família exista e se perpetue, a veneração dos seus

ancestrais deve ser estritamente cumprida.

Gm elemento importante deste culto * que estabelece que as

cerimLnias f<nebres a todos os adultos devem estender/se durante

um prazo menor de três anos, a partir do instante da morte, para

que essas almas não se percam para o clã ou a família. Para tais

cerimLnias pode indicar/se o ciclo de at* NT anos.

:ichaelle Ascencio considera o culto aos mortos como a f%rmula

ritual que empre$am os membros de uma linha$em para manter a

união entre os vivos e mortos e atrair/se a proteção dos que

]foram embora^. F culto * reforçado pela ciência em quase todas as

culturas de que os antepassados ocupam um lu$ar interm*dio entre

os vivos e os deuses.

Futro aspecto importante da reli$iosidade arar * o culto aos

animais bastante difundido na Mfrica, mas diferente e não li$ada ao

totemismo. 0 a maioria dos casos as suas raízes são mais diretas e

imediatas5 o temor supersticioso das feras selva$ens estimula em

al$uns casos a reli$iosidade- * indiscutível que nos cultos zooltricos

do ;aomê o culto 1 serpente * o mais importante.

A principal entidade que se encontra no ;aomê se chama elidi-outro culto * dedicado 1 deidade ;an (A #erpente), princípio do

movimento e da vida, qualidades de tudo o exível, sinuoso e <mido.

Gm santurio de pit!es e outro de serpente em 6uidah, se$undo

 Koare, * atendido por um sacerdote de con"ança, o que demonstra

a importância deste culto. +m uba, os ritos o"oltricos se

encontram associados 1s deidades QaHa \uruu, Aitiata e :ale/

;aHa.

Page 62: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 62/104

+m ovellanos se menciona a ;an A9ibo Hebo (F Arco/ris) que não

tem a mesma conotação que em \enin nem no aiti, onde esta

deidade * responsvel das relaç!es humanas e da continuidade das

esp*cies e da humanidade.

Fs sacerdotes desta deidade cantam e dançam dizendo5 Jmeus pais

verdadeiros, os peda, me arruinaram, mas os maxi me adotaramJ

para expressar a provvel ori$em de Hebo, que se$undo a lenda

entrou em contato vrias vezes com os peda de A9ibo Hebo, pelas

$uerras que proporcionaram a estes o culto de ;an, pois nas

montanhas dos pedas era mais bem freqDente o fenLmeno do Arco/

ris e "zeram deste o equivalente da rande #erpente.

Alis, dois tipos de causas poderiam ter motivado o fenLmeno do

sincretismo entre os arar. A ori$em imediata reete a continuação

dos fenLmenos operados na Mfrica e a inuência das novas relaç!es

políticas no país de destino, enquanto o país que "cou pode ser

entendido como resultado das mi$raç!es, êxodos, pere$rinaç!es,

etc. entre diferentes tribos.

0umerosas deidades, procedentes de terras iorubs, foramincorporadas aos templos fon. +m =fê/F9%/Kapu, se conhecia como

Frix e em \enin como _odum- assim aconteceu com ebioso que

che$ou desde o país iorub como Zan$L- :Hu como Fl%rum-Xisa/:aHo como Fbatal/Fdudua- Afaf (ou sea pai do 2a)como Frumil e seu sacerd%cio (\ooono AHog \abalaHo).+ntre os descendentes arar se pode precisar quanto elementos

fundamentais da identidade5 a *tica, a hospitalidade, a lin$ua$em e

a arte. A *tica se reete sobretudo na educação formal e o respeitoaos maiores, quanto 1s crianças a proibição de participar em

conversas de maiores e sentar/se entre eles, a obri$ação de

permanecer afastado no quintal.

6uando che$a um visitante maior ou inclusive um familiar *

obri$at%rio beiar o chão para cumpriment/lo, beiar/lhe a mão e

pedir a bênção. +m \enin entre os fon de Abo9e e lu$ares vizinhos

quando che$a um di$nitrio, um príncipe ou rei, o an"trião "ca de

Page 63: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 63/104

 oelhos e leva a testa ao chão at* que a autoridade tradicional lhe

ordenar que se levante.

=$ualmente acontece com os bailes de osta de :ar"m e em $eral

entre os habitantes do #aara para os que o cumprimento * um atoobri$at%rio e solene que exi$e dos an"tri!es o cumprimento de uma

s*rie de normas. #e entre os arar, o visitante recebe $ua quando

este a pede, entre os fon, o recebimento do visitante vai

imediatamente acompanhado de $ua fresca e pode que lhe sea

oferecido tamb*m sbedehan (a$uardente de milho) se$undo

testemunho de :. \ar% ou como em \enin, o sobadi (a$uardente de

palmeira).

Al$o semelhante, como resultado do aporte da cultura arar a nossaidentidade ocorre com estes descendentes em uba. Por exemplo,

em ovellanos, onde o visitante não pode nem descon"ar que lhe

vão fazer comida- o mensa$eiro comunica 1 cozinheira na ]$íria

familiar^5 Jsobosi, seno papa que prepara ndod< pnonu quetaquiJ

(sobosi papa ordena que prepare para a mulher ou o homem que

est aqui).

A lin$ua$em * pilar fundamental da identidade cultural dos cubanosdescendentes de eHe/fon- a lín$ua mahi/fon foi 1 lín$ua principal

dos ancestrais- a$ora h muitas express!es culturais dos arar que

foram readequadas ao meio e tomaram versão espanhola.

omo $rande aporte da cultura arar a nossa identidade temos a

literatura e a m<sica que são express!es artísticas principais dos

descendentes dos arar em uba. A literatura est referida a cantos,

rezas, prov*rbios e refrães que expressam valores, emoç!es,paix!es, sentimentos e id*ias que transcendem no tempo.

0o estudo da inuência arar em uba, ocupam um lu$ar

determinante as fontes orais. +stas emanam do conunto de

informaç!es, acontecimentos e express!es passadas que conservam

na mem%ria coletiva e são transmitidas de $eração em $eração com

um relativo $rau de alteração e não tem carter ritual.

Page 64: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 64/104

omumente * admitida a se$uinte de"nição de tradição oral5 todos

os testemunhos orais relativos ao passado que * transmitido de boca

em boca. A tradição *, alis, uma manifestação cultural trazida do

passado e que transcende no tempo, ao menos seus ras$os

essenciais e como variantes culturais est sueita e mudanças. Atradição oral transmitida de $eração a $eração se preserva com um

carter ritual e não acostuma a "car exposta a deformaç!es mas

evoluç!es.

 Kamb*m como aporte a nossa identidade em relação aos eHe/fon ou

arar descendentes em uba vemos como eles conservam os nomes

de consa$ração do ;aomê como nomes pr%prios. Por exemplo, o

nome de santo de :i$uelina \ar% da quarta $eração * #obosi B;esosbo deidade da família Zeboso- o nome de Patrício \ar% *

Fdansi de F ;an, a serpente, quer dizer, devoto da serpente Aido

Heso, a sua esposa +sperança, se chama :asevi de :ase deidade

de rio. 8 assim como em nossos dias preservam esse le$ado.

 

Os orubás

1dioma orubá

*alado principalmente na :i(éria% o idioma Morubá é complexo e arrai(ado em tradições. 8 o

se(undo maior idioma da :i(éria% é falado em "árias seitas difundidas pelo mundo% entre

estes estão a Kep4blica do Lenin% ;uba% Lrasil% =rinidad% e +stados 'nidos.

 9 ori(em deste idioma é obscura% e não existe nen!uma e"idencia conclusi"a pro"ando

onde exatamente se ori(inou. 9 quem di(a que o idioma Morubá pro"ém dos +(&pcios% a

centenas de anos atrás% e"idenciados no fato de que um "asto n4mero de pala"ras Morubás

ser bem parecidas com as +(&pcias% porém realmente% não existe nen!uma explicação

formal de como sur(iu o idioma na :i(éria.

uem sCo os orubás

#s Corubás são um dos mais importantes (rupos étnicos da :i(éria% apreciam uma !istória

e cultura muito rica. +xistem "árias teorias sobre a ori(em do po"o Morubá% estas

informações se a(rupam cuidadosamente nas declarações "ia tradição oral.

+ste po"o parece ter se ori(inado de 2amurudu% um dos reis de Mecca na atual 9rábia

auditaJ.2amurudu te"e um fil!o c!amado Oduduwa% que é amplamente con!ecido como

Page 65: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 65/104

o fundador das tribos Morubás. >urante o reinado de seu pai%Oduduwa era muito influente a

atraiu "ários se(uidores% transformou as mesquitas% em templos para a adoração de &dolos%

com a ajuda de um sacerdote c!amado Asara.

Asara te"e um fil!o% Braima% que foi educado como muçulmano% e se ressentiu da adoração

obri(ada de &dolos.or influ,ncia de Oduduwa% todos os !omens da cidade% eram ordenados em uma

expedição de caça% que dura"a tr,s dias% em preparação para !onra e culto de seus

deuses. Braima apro"eitou a oportunidade da aus,ncia dos !omens e tomou a cidade. +le

destruiu tudo% inclusi"e os &dolos% deixando um mac!ado no pescoço do &dolo mais

importante. :a "olta da expedição% se deram com a cidade destru&da% e foram atrás

deBraima para queimá-lo "i"o. :este momento começou uma re"olta que desencadeou

uma (uerra ci"il.

2amurudu foi morto e seus fil!os expulsos deMecca. Oduduwa e seus se(uidoresconse(uiram escapar% com dois &dolos% para 1l8 17; ainda il, ifé na :i(éria

modernaJ. Oduduwae seus fil!os juraram se "in(ar$ mas Oduduwamorreu em 1l8 17;% antes

de ser poderoso suficiente para lutar contra os muçulmanos de seu pa&s. eu

primo(,nito O>anbi% comumente c!amado de 1de>osero>e% também morreu em1l8

17;. Oduduwa deixou sete pr&ncipes e princesas. >estes ori(inaram-se "árias tribos

Morubás. 9 primeira era uma princesa que se casou com um sacerdote e se tornou mãe

deOlowu% que se tornou rei de E"bá. 9 se(unda princesa se tornou mãe de Ala>etu%

pro(enitor do po"o de >etu$ o terceiro se tornou rei do po"o de Lenin$ o quarto Oran"un% se

tornou rei de 1la$ o quinto Onisabe% se tornou rei de +a<;% e o sexto se tornou rei

dos Popos. # sétimo e 4ltimo a nascer era Oran5an Drànm*5àn& odede& % que se tornou

pro(enitor dos Morubás$ ele era o mais jo"em% mas e"entualmente se tornou o mais rico. +le

construiu a cidade de O5ó A9a>a% !oje O5ó.

>e 1l8 17;% os descendentes de Oduduwaespal!aram-se por outras zonas da re(ião Morubá$

entre os estados que fundaram estão19esa 19eFá&? E>iti e Ondo a leste$ >etu?

+abee E"bado a oeste$ O5ó a norte% e 19ebu a sul.

Oran5an% fundou a dinastia de O5ó% que "eio a ser o mais con!ecido dos estados Morubás%

em "irtude de seu dom&nio pol&tico-militar sobre (rande parte do sudoeste da :i(éria e da

área que é !oje a Kep4blica de Lenin. +stas estruturas pol&ticas e militares tem sido muitas

"ezes citadas como modelos de or(anização% onde fi(ura"a o Ala7in ou rei% considerado

como um c!efe cuja posição na terra era compará"el à do ser upremo no ara&so.

# Ala7in (o"erna"a com a ajuda de seus poderosos consel!eiros% osO5ó Mesi% que eram

numericamente sete e que tin!am também a seu car(o a escol!a do no"oAla7in% de entre

os fil!os do rei anterior. # c!efe dos O5ó Mesi% o Basorun% tin!a como funções às de c!efe

de estado e de consel!eiro principal do Ala7in% enquanto que o exército de O5ó era c!efiado

Page 66: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 66/104

durante uma (uerra por um (rupo de nobres con!ecidos por Eso% o c!efe dos quais era

o Are6Ona>a>an7o ou o (eneral&ssimo do exército.

Ouu:% – *undador da cultura 9fro  - ][[[ a 0U[[ antes de ;risto

Oan#i B 0 9lafin de #Mo E 0Y[[ a 01[[ antes de ;risto

Oranian E ] 9lafin de #Mo E 01[[ a 0S[[ antes de ;ristoA,a% E X 9lafin de #Mo E 0S[[ a 0QS[ antes de ;risto

an$D E Q 9lafin de #Mo 0QS[ a 0QX1 antes de ;risto

A,a% E S 9lafin de #Mo -  0QX1 a 0XY[ antes de cristo

A$an,u E 1 9lafin de #Mo E 0XY[ a 0]V[ antes de ;risto

– 6ori B onstrução de edegFso$boF – OluasoG – Oni$#oni

!H* A&ran B onstrução de #ai!!* E$uo,u B onstrução de =$boho!'* Orompoto!2* A,i#o=ee!1* A#ipa B econstrução de F9%!I* O#aloun!J* A,a$#o!* Oara:u

!F* 6anran !G* 8a=in'H* A=i#i:os dias de !oje% o rei Obá ou OGniJ de 1l8 17;% seria como o apa ne(ro% é o !omem que

representa toda cultura ne(ra iniciada por Oduduwa. 8 o l&der espiritual da cultura Morubana%

sua coroa representa a autoridade dosObás. =odos os demais #bás reisJ dependem e

cur"am-se a seus consel!os. +m seu palácio em 1l8 17; estão (uardados os oráculos oficiais

de Oduduwa% fundador de Il, Ifé e bisa"B deZan$L. resume-se que Oduduwa ten!a

"i"ido de ].0U[ a 0U[[ 9.;.

:ist*rios de Ouu:% 9 mais con!ecida de todas as peças arqueoló(icas encontradas até !oje% relacionada com

a "eneranda fi(ura de Oduduwá% o ancestral da raça ne(ra% é a Opá Oranianmonolito de

#ranianJ% que se supõe ser o t4mulo do !erói. +m forma de obelisco% nitidamente de

inspiração fen&cia% o monólito tem uma inscrição formada por pala"ras da ;abala !ebraica%

que parecem confirmar todas as lendas e mitos em torno da ori(em de Oduduwáe sua

li(ação com os lemurianos. +stão (ra"adas na pedra as se(uintes pala"ras/ od%Res? !o?

Bet? Alep% cuja tradução seria/ 9 di"indade  odJ por ordem da 'nidade s&quica do ser

Page 67: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 67/104

ResJ deu ori(em !oJ ao mo"imento da luz BetJ% objeto central de estabilidade coleti"a

do Nomem AlepJ.

 9ssim% os s&mbolos od e Res comporiam as letras %O3 $ o s&mbolo !O% a letra A $ o

s&mboloBet% a letra #$ e o s&mbolo Alep% a letra .

 9o mesmo tempo em que se c!e(a a uma ori(em cabal&stica da pala"ra ioruba% a inscriçãoé uma profecia sobre a implantação do Império Ioruba por 0imrodHOduduwá. 2 9

di"indadeH OduduwáJ% por ordem da 'nidade s&quica do erH IeusJ% deu ori(em ao

mo"imento da DuzH o mo"imento mi(ratório da raça numa missão reli(iosaJ% objeto central

de estabilidade coleti"a do Nomem a fundação da anti(a cidade de Ilé E Ifé% berço da

cultura iorubaJ.

+sta tese é defendida por teólo(os e africanólo(os li(ados aos estudos básicos da reli(ião

africana.

# Ala7in de O5ó% rei de oMóJ é o l&der pol&tico da cultura Morubana% na realidade é o l&derdos Morubás. enta no mesmo trono que seu ancestral Zan$L ocupou. Kepresenta o poder

ancestral dos conquistadores desta raça.

A Reli"iCo dos orubás

 9 reli(ião tradicional Morubá en"ol"e adoração e respeito a Olorun ou OlGdùmarJ% o criador%

dosFrixs e dos antepassados% e cultuam Q[0 deidades$ a maior parte desses Frixs são

fi(uras antropomorfas% que também são associadas com caracter&sticas naturais. 9s

pessoas rezam e fazem sacrif&cios% de acordo com suas necessidades e situação. ;ada

di"indade tem suas re(ras% ritos e sacrif&cios próprios. #s Morubás rezam para

os Frixs para inter"enção di"ina em suas "idas.

Olorun o dono do céuJ% ou OlGdùmarJ é o >eus supremo dos Morubás% ele é o criador% é

in"ocado em benções e em certas obri(ações% mas nen!um santuário existe para ele%

nen!um sacerdócio or(anizado.

#s Morubás% também% cr,em que os antepassados interfiram diariamente nos e"entos da

terra. +m al(umas cidades são feitos% anualmente festi"ais% onde cada E"un"undança% e é

festejado. ;omo já "imos os Morubás% são um po"o com uma cultura muito rica. +les

superaram muitos obstáculos para alcançar o ponto que estão !oje. ua cultura e !istória

podem ser "ista ao lon(o do mundo% especialmente as con"icções reli(iosas% em outras

pala"ras% os Morubás são dos mais influentes po"os do mundo.

#utra explicação que se faz a respeito do aparecimento das di"indades seria

que O;al% ouO#atal%% deus da criação instalou seu reino em17;% lu(ar sa(rado dos

Morubás. *ala-se queObatalá tin!a um irmão mais moço c!amadoOduduwa% que

ambiciona"a executar as tarefas que OlGdùmarJ confiou a Obatalá e% para tanto% fez

um b% contando com a colaboração de E;u,que armou uma cilada% pro"ocando muita

sede em Obatalá% que se encontra"a bastante cansado da "ia(em. 9o se aproximar de uma

palmeira% usando seu cajado% furou a dita palmeira e bebeu o emu  "in!o de palmaJ que

Page 68: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 68/104

 jorra"a. +xausto embria(ou-se rapidamente e ali mesmo deitou e

adormeceu. Oduduwa que "in!a de espreita na reta(uarda% passou em sua frente% tornou-

se fundador dos po"os Morubás.

Olodumare

oucos sacerdotes falam de OlGdùmarJ% pois não existe nen!um altar% nen!umassentamento dedicado a ele e nen!um fil!o ou fil!a l!e é consa(rado. 9 reli(ião é parte

essencial da cultura dos po"os africanos% e acreditam queOlGdùmarJ seja o ser supremo% é

o Obá Orum% rei do céu. 8 ele acima de tudo$ onipresente% ele é Olorun Ala"bara% o >eus

oderoso.

>iz a mitolo(ia Morubá que OlGdùmarJ% junto com a criação do céu e da terra % trouxe para a

exist,ncia as outras di"indades Frixs% para ajudar ele a administrar sua criação% e a

import7ncia de cada di"indade depende da posição dentro do panteão

Morubá. OlGdùmarJ é o >eus upremo dos Morubás% merecedor de (rande re"er,ncia % seustatus de supremacia é absoluto.

+le é onipotente E tão onipotente que paraOlGdùmarJ nada é imposs&"el% ele é o rei cujos

trabal!os são feitos para perfeição.

+le é imortal E olGdùmarJ nunca morre% os Morubás cr,em que seja inima(iná"el

para Elemio dono da "idaJ morrer.

+le é #nisciente E OlGdùmarJ sabe tudo% não existe nada que possa se esconder dele$ ele

é sábio% tudo está ao seu alcance. 9l(uns estudiosos dizem que a reli(ião Morubá% é a

reli(ião monote&sta mais anti(a da !umanidade.

0ascimento dos orubás

#utra formalidade importante Morubá é o nascimento de uma pessoa. >ar nome a um fil!o

en"ol"e a comunidade inteira% que participa dando boas "indas ao recém nascido% felicitando

os pais e fazendo pedidos em conjunto para que o fil!o ten!a um futuro feliz e afortunado.

 9 fam&lia% primeiramente% escol!e o nome apropriado ao fil!o$ o nome (eralmente é

escol!ido de acordo com as circunstancias do nascimento da criança% obser"ando as

tradições de fam&lia e até fenBmenos naturais que aconteceram em torno da nascimento do

beb,. >epois do nome selecionado% o pai ou um parente mais "el!o anuncia o dia de dar o

nome que é c!amado 1>omo9ade. =radicionalmente% para meninos é um dia após o

nascimento% para meninas é no sétimo dia e para (,meos de ambos os sexos% no oita"o dia

de nascimento. Noje em dia a prática é feita no oita"o dia para todos os recém nascidos.

 9 cerimBnia acontece ao ar li"re% a criança de"e estar com os pés descalços% e á a primeira

"ez que ela tem contato com os pés na terra% é a primeira "ez que o fil!o sai fora de casa.

=odos os parentes e membros da comunidade t,m interesse em dar boas "indas ao recém

nascido% cada pessoa trará din!eiro% roupas e outros presentes tanto para o fil!o quanto

para aos pais. 9s mul!eres entre(am os presentes à mãe e os !omens dão os presentes ao

Page 69: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 69/104

pai. >epois de todos os presentes à mãe entre(a o fil!o a um ancião% que exercerá os

rituais$ é apropriado que um "el!o ancião seja o primeiro a (uiar o fil!o.

=udo começa quando um jarro de á(ua é jo(ado sobre o tel!ado% de forma que o recém

nascido é se(uro de baixo e recebe no corpo a á(ua que cairá de "olta. e o fil!o se

manifesta (ritando é considerado de bom sinal% isto indica que ele "eio para ficar. 9 á(ua é oprimeiro dos muitos itens cerimoniais% seu uso reflete a import7ncia do fil!o para a fam&lia.

 9pós o fil!o ser borrifado com á(ua o ancião sussurra o nome do recém nascido em seu

ou"ido$ e mol!a seu dedo na á(ua e toca a fronte do beb,% e anuncia o nome escol!ido em

"oz alta para que todos ouçam. ão colocadas as "asil!as contendo os in(redientes

necessários para continuação da formalidade$ cada in(rediente tendo um si(nificado

especial. 9 primeira "asil!a consiste em pimenta "ermel!a da qual o ancião dá uma pro"a

ao pequeno fil!o. 9 pimenta simboliza que o beb, será resoluto e terá comando acima das

forças da natureza. 9 pimenta então é distribu&da para o (osto da assembléia inteira$ depoisda pimenta o recém nascido experimenta á(ua% si(nificando a pureza de corpo e esp&rito%

que o deixará li"re das doenças$ lo(o o ancião oferece sal ao beb,% que simboliza a

sabedoria% a inteli(,ncia$ deseja-se que nunca l!e falte o sal% mas que sua "ida não seja

sal(ada% que ele ten!a felicidade e doçura na "ida% que ten!a uma "ida sem amar(ura$

depois é oferecido óleo de palma epBJ que é tocado com os dedos nos lábios do beb,% num

desejo de pot,ncia e sa4de. # fil!o então saboreia mel% e o ancião pede que ele seja tão

doce quanto mel% para a fam&lia e para a comunidade% que ten!a felicidade. >epois é

oferecido "in!o% para que o fil!o ten!a fartura e prosperidade na "ida$ e finalmente o beb,

recebe uma pro"a de noz de Wola% simbolizando o desejo para boa fortuna do fil!o. #

ancião% ou particularmente o pai da criança% pode adicionar mais in(redientes para fazer

parte da formalidade% pode ser objetos que representam as di"indades que a fam&lia cultua%

como por exemplo se a deidade da fam&lia é #(um% o pai exi(e que uma faca ou espada

seja usada na formalidade% e assim por diante. # nascimento mais importante é de

(,meos 1be9isJ% o nome do primeiro nascido será ,á*wo% e o se(undo a nascer será

c!amado de ;Knd;$ e o fil!o nascido depois de (,meos será c!amado de1dowu% este

nascimento é cercado de superstições.

>epois do item final ser distribu&do para a comunidade% começam as festi"idades% e todos

comem e dançam numa (rande ale(ria que durará até a madru(ada.

Os orubás e a morte

#s Morubás e muitos outros (rupos africanos acreditam que a "ida e a morte alternam-se em

ciclos% de tal modo que o morto "olta ao mundo dos "i"os% reencarnando-se num no"o

membro da própria fam&lia. ão muitos os nomes Morubás que exprimem exatamente esse

retorno% comoBabatund8% que quer dizer @o pai renasceu@.

ara os Morubás% o mundo em que "i"em os seres !umanos em contato com a natureza%

c!ama-se de aiM,% e um mundo sobrenatural% onde estão os Frixs% outras di"indades e

Page 70: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 70/104

esp&ritos% é c!amado de orum. uando al(uém morre% seu esp&rito ou parte dele "ai para o

orum% de onde pode retornar ao aMi, nascendo de no"o.

 9l(uns esp&ritos são cultuados e se manifestam nos festi"ais de e"un"un no corpo de

sacerdotes que se dedicam a esta parte do ritual africano% comandados pelo sacerdote

c!efe c!amado BabansK>ù$ nesta ocasião transitam entre os !umanos% jul(ando suasfaltas% dando consel!os e resol"endo contendas e pend,ncias de interesse da comunidade.

 9ssim como a sociedade e"un"un cultua os antepassados masculinos do (rupo% outra

sociedade de mascarados% a sociedade 3Jl;d;% se dedica a !omena(ear as mães

ancestrais as 15a 0laJ.

:a concepção Morubá% existe a idéia do corpo material% que c!amam de ara% o qual se

decompõe com a morte e é reinte(rado a natureza% por este moti"o os sacerdotes anti(os

não (osta"am da idéia de serem enterrados% pós-morte% em outro lu(ar a não ser direto na

terra. 9 parte espiritual é formada de "árias unidades reunidas/ 0 emi ess,ncia "ital de cadapessoa que independe de seu corpo f&sico e que sobre"i"e a morte deste% ] o ori que é a

personalidade-destino% espécie de portão espiritual para o culto% é no ori que reside à força

principal de captação e re-emissão do ax*% é nesta re(ião que se determina qualquer tipo

de comportamento% onde se pode reproduzir o conjunto de atitudes que correspondem às

caracter&sticas psicoló(icas de um ori;%. 8 conseq6entemente no ori que se manifesta

odupo que cada pessoa possui na natureza% o seu tipo de comportamental cujas

caracter&sticas ad",m da !umanização de uma ener(ia da natureza. X Elemi ou Eledá% a

identidade sobrenatural ou identidade de ori(em que li(a a pessoa à natureza% ou seja%

o Ori;% pessoal e Q o esp&rito propriamente dito ou e"un. ;ada parte destas precisa ser

inte(rada no todo que forma a pessoa durante a "ida% tendo cada um destino diferente após

a morte. # emi% sopro "ital que "em de Olorun% que está representado pela respiração%

abandona o corpo material na !ora da morte% sendo reincorporado à massa coleti"a que

contém o principio (enérico e ines(otá"el da "ida% força "ital cósmica do deus-

primordialOlódùmarJ. # emi nunca se perde e é constantemente reutilizado. # ori% que nós

c!amamos de cabeça e que contém a indi"idualidade e o destino% desaparece com a morte%

pois é 4nico e pessoal% de modo que nin(uém !erda o destino do outro. ;ada "ida será

diferente% mesmo com a reencarnação. #ori;% indi"idual% que define a ori(em m&tica de

cada pessoa% retorna com a morte ao Ori;%(eral% do qual faz parte. *inalmente o e"un%

que é a própria memória do "i"o em sua passa(em pelo ai58% "ai para o Orun% podendo da&

retornar% renascendo no seio da própria fam&lia bioló(ica. :o caso do e"un% os "i"os podem

cultuar sua memória% que pode ser in"ocada atra"és de um altar ou assentamento% assim

como se faz para os Ori;%s ou outras entidades espirituais. acrif&cios "oti"os são

oferecidos ao e"un que inte(ra a lin!a(em dos ancestrais da fam&lia ou da comunidade

mais ampla. Kepresentam as ra&zes daquele (rupo.

Page 71: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 71/104

:a reli(ião de ori(em africana% a morte de um iniciado implica na realização de rituais

funerários. # rito f4nebre é denominado JrKsLnerissumJ no Latuque do rio Grande do ul%

tendo como principal fim% despac!ar o e"un do morto% para que ele deixe o mundo terreno e

"á para o mundo espiritual. ;omo cada iniciado passa por ritos e etapas iniciati"as ao lon(o

de toda a "ida% os ritos funerários serão tão mais complexos quanto mais tempo de iniciaçãoo morto ti"er. # rito funerário é% pois% o desfazer de laços e compromissos e a liberação das

partes espirituais que constituem a pessoa% nesta cerimBnia. os objetos sa(rados do morto

são desfeitos% desa(re(ados% quebrados% partidos e despac!ados% cortando qualquer

possibilidade de "&nculo do e"un com o mundo terreno . :estas obri(ações% !á cantos

espec&ficos e danças % sacrif&cios e oferendas "ariadas aoe"un e os Ori;%s li(ados

ritualmente ao morto% "árias di"indades participam ati"amente do rito funerário atra"és de

transe. :os rituais funerários da nação 4,e;%% costuma-se "elar o corpo em casa% ou seja%

no terreiro% onde !á toques de tambores% danças e canti(as apropriadas. 9 primeirapro"idencia a ser tomada pós-morte é despac!ar os Barás que pertenciam aoirLnmGle do

falecido. # ponto culminante do rito% é o JrKssùn% que acontece no sétimo dia. +stes rituais

"ariam de terreiro para terreiro% de nação para nação.

 

15ami Osoron"a

 

uando se pronuncia o nome de Iyami Osorongá  quem esti"er sentado de"e se le"antar%

quem esti"er de pé fará uma re"er,ncia pois esse é um tem&"el Orisá % a quem se de"e

respeito completo.

!ássaro africano, Osorongá emite um som onomatopaico de onde provm

seu nome. # o sím$olo do Orisá Iyami, aí o vermos em suas mãos. %os seus

ps, a corua dos aug&rios e presságios. Iyami Osorongá  a dona da $arriga

e não há quem resista aos seus e$os fatais, so$retudo quando ela e'ecuta

oOjiji, o feitiço mais terrível. om Iyami todo cuidado pouco, ela e'ige o

má'imo respeito. Iyami Osorongá, $ru'a pássaro.

Page 72: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 72/104

%s ruas, os caminhos, as encruilhadas pertencem aEsu. *esses lugares se

invoca a sua presença, faem+se sacrifícios, arreiam+se oferendas e se lhe

faem pedidos para o $em e para o mal, so$retudo nas horas mais perigosas

que são ao meio dia e à meia+noite, principalmente essa hora, porque a

noite governada pelo perigosíssimo odu Oyeu !eji.

meia+noite ningum deve estar na rua, principalmente em encruilhada,

mas se isso acontecer deve+se entrar em algum lugar e esperar passar os

primeiros minutos. -am$m o vento (afefe) de que Oya ou Iansan  a dona,

pode ser $om ou mau, atravs dele se enviam as coisas $oas e ruins,

so$retudo os ventos ruins, que provoca a doença que o povo chama de "ar do

vento".

Ofurufu, o firmamento, o ar tam$m desempenha o seu papel importante,

so$retudo á noite, quando todo seu espaço pertence a Eleiye, que são

as "jé, transformadas em pássaros do mal, como "gbibg#$ Elùlú$ "%ioro$

Osoronga, dentre outros, nos quais se transforma a "jé&m'e, mais

conhecida por Iyami Osoronga. -raidas ao mundo pelo odu Osa !eji,

as "jé, untamente com o odu Oyeu !eji, formam o grande perigo da

noite. Eleiye voa espalmada de um lado para o outro da cidade, emitindo

um eco que rasga o silncio da noite e enche de pavor os que a ouvem ouvem.

-odas as precauç/es são tomadas. 0e não se sa$e como aplacar sua f&ria ou

condui+la dentro do que se quer, a &nica coisa a se faer afugentá+la ou

esconurá+la, ao ouvir o seu eco, diendo Oya obe l(ori (que a faca de 1ansã

corte seu pescoço), ou então )o$ fo$ fo (voe, voe, voe).

2m caso contrário, tem+se que agradá+la, porque sua f&ria fatal. 0e nummomento em que se está voando, totalmente espalmada, ou após o seu eco

aterroriador, diemos respeitosamente " fo fagun wo(lu ( 3sa&do4 a que voa

espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver pousar em qualquer

ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, diemos, para agradá+

la "%ioro bale sege sege (3sa&do4 %tioro que pousa elegantemente) e assim

uma srie de procedimentos diante de um dos donos do firmamento à noite.

5esmo agradando+a não se pode descuidar, porque ela fatal, mesmo em selhe felicitando temos que nos precaver. 0e nos referimos a ela ou falamos em

Page 73: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 73/104

seu nome durante o dia, at antes do sol se p6r, faemos um 7 no chão, com

o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo. 0e

durante a noite corremos a mão espalmada, à altura da ca$eça, de um lado

para o outro, a fim de evitar que ela pouse, o que significará a morte. 2nfim,

há uma infinidade de maneiras de proceder em tais circunst8ncias.

  As Senhoras do Pássaro da Noite

Iyami Osorongá  o termo que designa as terríveisajés, feiticeiras africanas,

uma ve que ningum as conhece por seus nomes. %s Iyami representam o

aspecto som$rio das coisas9 a invea, o ci&me, o poder pelo poder, a

am$ição, a fome, o caos o descontrole. *o entanto, elas são capaes de

realiar grandes feitos quando devidamente agradadas. !odem+se usar os

ci&mes e a am$ição das Iyami em favor próprio, em$ora não searecomendável lidar com elas.

: poder de Iyami  atri$uído às mulheres velhas, mas pensa+se que, em

certos casos, ele pode pertencer igualmente a moças muito ovens, que o

rece$em como herança de sua mãe ou uma de suas avós.

;ma mulher de qualquer idade poderia tam$m adquiri+lo, voluntariamente

ou sem que o sai$a, depois de um tra$alho feito poralguma Iyamiempenhada em faer proselitismo.

2'istem tam$m feiticeiros entre os homens, os o ? o% porém seriam infinitamente

menos "irulentos e cruéis que as aj'  feiticeirasJ.

%o que se di, am$os são capaes de matar, mas os primeiros amais atacam

mem$ros de sua família, enquanto as segundas não hesitam em matar seus

próprios filhos. %s Iyami são tenaes, vingativas e atacam em segredo. <ier

seu nome em vo alta perigoso, pois elas ouvem e se apro'imam pra verquem fala delas, traendo sua influncia.

Iyami  freq=entemente denominada eleyé, dona do pássaro. : pássaro o

poder da feiticeira> rece$endo+o que ela se torna ajé. # ao mesmo tempo

o espírito e o pássaro que vão faer os tra$alhos malficos.

<urante as e'pediç/es do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa,

inerte na cama at o momento do retorno da ave. !ara com$ater uma ajé,$astaria, ao que se di, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e

Page 74: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 74/104

indefeso. ?uando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo

maculado por seu interdito.

Iyami possui uma ca$aça e um pássaro. % corua um de seus pássaros. #

este pássaro quem leva os feitiços at seus destinos. 2le pássaro $onito eelegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e silencioso.

"0e ela di que pra matar, eles matam, se ela di pra levar os intestinos de

algum, levarão".

2la envia pesadelos, fraquea nos corpos, doenças, dor de $arriga, levam

em$ora os olhos e os pulm/es das pessoas, dá dores de ca$eça e fe$re, não

dei'a que as mulheres engravidem e não dei'a as grávidas darem à lu.

%s Iyami costumam se reunir e $e$erem untas o sangue de suas vítimas.

-oda Iyami deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das

feiticeiras. 5as elas tm seus protegidos, e umaIyami não pode atacar os

protegidos de outra Iyami.

Iyami Osorongá está sempre encoleriada e sempre pronta a desencadear

sua ira contra os seres humanos. 2stá sempre irritada, sea ou não

maltratada, estea em companhia numerosa ou solitária, quer se fale $em oumal dela, ou at mesmo que não se fale, dei'ando+a assim num

esquecimento desprovido de glória. -udo prete'to para que Iyamise sinta

ofendida.

Iyami  muito astuciosa> para ustificar sua cólera, ela institui proi$iç/es.

*ão as dá a conhecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os

homens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proi$iç/es

não seam violadas. Iyamifica ofendida se algum leva uma vida muitovirtuosa, se algum muito feli nos negócios e unta uma fortuna honesta,

se uma pessoa por demais $ela ou agradável, se goa de muito $oa sa&de,

se tem muitos filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os sentimentos

de ci&me dela com oferendas em segredo. # preciso muito cuidado com elas.

2 sóOrunmilá consegue acalmá+la.

inha mãe, com suas asas ma$ní"cas, minha mãe feiticeira,

n%s te saudamos, não me mates. 

Page 75: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 75/104

K=amL M;òròn$% (rande mãe feiticeiraJ% K=a l=P  dona% mãe dos

pássarosJ% K=amimin!a mãeJ%A,e% são os nomes com que se con!ece esta di"indade% que

na realidade são "árias deusas a(rupadas por um mesmo propósito.

+la é a encarre(ada de estabelecer o controle e o equil&brio da natureza estabelecendo a

!armonia e a ordem de toda a criação% utilizando para tanto osc!amados Osobu ou A5eo$ 1>umorteJ% arun doençaJ% o7o perdaJ% eMo fatalidadeJ% etc e

contando sempre com a ajuda de E;u.

Gosta muito de óleo de palma% do pó de osuncom o qual se pinta% de e9e e

defumações%  das a"es% dona de todos os pássaros que são seus fil!os e feiticeiros% é surda

e ce(a  o que justifica sua falta de misericórdia e sua atitude eternamente a(ressi"a e

desafiadora% como no caso de E;u, não se obtém nada delas sem não l!es oferecerem

sacrif&cios.

+m seus sacrifícios que são realizados sempre a noite,utilizasse lamparinas ou velas para que veam as oferendasmais o toque de campainhas de bronze ou ferro para queescutem os pedidos e concedam sua miseric%rdia e perdão,tornado/se assim em sua outra faceta de amor e bondade.Para executar suas funç!es se transformam em pssaros evão aos mais lon$ínquos lu$ares para isto.Gm itan de Osa me,i  conta que quando todas as criaturas

e deidades "zeram sua descida para a Kerra, K=ami nãopode fazê/lo pois estava totalmente desnuda. Pediu auda atodos mas nada conse$uiu at* que viu Orunmila esabedora de sua bondade pediu/lhe auda paradescer. Orunmila lhe per$untou com faria isto pois estavadesnuda ao que ela lhe respondeu5 2cil, permita/me entrarem você e quando l estivermos eu sairei. Porem quandoda che$ada a Kerra ela se recusou a sair de Orunmila e

ainda lhe diz que iria comê/lo por dentro para que nãoperecesse de fome. Orunmila apavorado com apossibilidade fez Osoifa e vendo este odu fez ossacrifícios necessrios para este "m. 5ami lo(o ao sentir o c!eiro do sacrif&cio saiu e se pos a comer

quando Orunmila apro"eitando-se disto tratou de sair dali. *icou assim estabelecido o

poder de 5ami na =erra.

=empos depois   5ami se di"idiu e a primeira coisa que fizeram foi beber da á(ua dos sete

rios sa(rados% que são/ Ma9oma9o? Ole5o? 15ewa? O;erere? O"un? 1bo? o"bere$ lo(o após

diri(indo-se a uma floresta onde ele(eram as ár"ores que seriam seus i"bo e que ser"iriam

Page 76: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 76/104

umas para o bem ireJ e outras para o ma ibiJ% e estas foram/ Oró"bó ire& Garcinia olaJ?

 ró>G ibi& ;!lorop!ora +xcelsaJ? ArJre ibi&araticum da areia 9nnona ene(alensisJ?

O;e (ire) \aob, :aria $orda7 Obobo ire&? 15a ou 2áà ibi& <amona Kicinus

;ommunisJe NsùrKn ire ati ibi& ilJ a;J 5ami resid,ncia do poder de kMamiJ

+ntandrop!ra(ma ;andolleiJ.Gm outro itan de O=eu 0elean narra sobrequando K=ami e humanidade eram irmãs. K=amitinha um<nico "lho que era um pssaro e humanidade tinha muitos"lhos. erta vez humanidade teve que ir ao mercadode4,i$#omeun Aira que era na *poca o mercado dasdivindades e dos humanos, os do c*u e os da Kerra e que"cava a três dias de via$em, deixando assim seus "lhos

aos cuidados deK=ami. Ao re$ressar encontrou seus "lhosem bom estado. he$ou então a vez de 9ami ir aomercado para as compras e deixando seu <nico "lho aoscuidados de humanidade. avia passado dois dias e os"lhos de humanidade estavam famintos e pediram a mãeque lhes desse de comer o pssaro de 9ami ao que elarecusou pedindo que a$uardassem pois ela iria buscar umpssaro qualquer no mato. Assim que saiu, seus "lhos

mataram o "lho de 9ami e o comeram. Ao terceiro dia nore$resso de 9ami esta recebeu a fatídica notícia de queseu <nico "lho havia sido morto pelas mãos dos "lhos dehumanidade, pelo que ela urou que enquanto o mundofosse mundo faria de tudo para acabar com os "lhos de suairmã humanidade.Oole ;e=in $umole #i eni arinmorin7 #o #a ,a o rin auro si7 a ifa fun Oanlenu 4runmole7 :Qn torun #o

:a=e a ifa fun ele=e7 e$un7 o;a7 orunmila. 9 casa tem uma corcunda em suas costas como uma pessoa in"alida que quer camin!a

mas não pode% é o que foi profetizado% para as ][0 di"indades% eles "ieram do céu para a

=erra% o profetizado para as feiticeiras% os esp&ritos% osori;as e Orunmila.

+ste camin!o  narra quando Obatala e 5amieram "izin!os e cada um tin!a

respecti"amente um la(o% os quais esta"am unidos por um conduto que era fec!ado

por E;upara que não se comunicarem um com o outro% já que existia um desn&"el e tirar a

pedra que o fec!a"a faria com que toda a á(ua de Obatala fosse para o la(o das Ele5e.

Orunmila disse a Obatala que necessita"a fazer oferenda para manter-se bem% porém este

recusou fazer a oferenda por jul(ar desnecessário.  E;usabendo%  foi até lá e tirou a pedra

Page 77: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 77/104

fazendo com que toda a á(ua de Obatalapassasse paro o al(o das Ele5e.   9s  mul!eres

de Obatala necessitadas de la"ar suas partes intimas% pois esta"am menstruadas% ao não

encontrar á(ua em seu la(o% foram faz,-lo no la(o de 5ami que esta"a transbordante de

á(ua e ao faz,-lo foram "istas pelo pássaro (uardião% que rapidamente a"isou as 5ami que

esta"am sujando de menstruação suas á(uas e isso era tabu paraelas.   9s 5ami entendendo que isto era culpa de Obatala% foram em seu encalço para

capturá-lo e sacrificá-lo% mas Obatala soube disto e se pos a correr implorando a ajuda de

todos os ori;%s.  # primeiro a "ir em seu socorro foi O"un% mas em "ão pois elas

rapidamente acabaram com ele.   9ssim aconteceu com todos os outros que tentaram

interferir   desafiando  o poder de 5ami.  +las só pararam quandoObatala entrou na casa

de Orunmila e se abri(ou debaixo do manto deste. 9s 5amipediram a Orunmila que l!es

desse Obatala e l!e narraram o acontecido e Orunmila l!es disse/ or que não esperam

sete dias% poisObatala está muito fraco nestes dias e eu "ou en(ordá-lo. 9s 5ami concordaram em esperar. >urante estes dias Orunmila preparou 01 assentos com

cola de pe(ar pássaros e alimentos que elas (osta"am. 9o sétimo dia % apareceram

cedo  e Orunmila as mandou desfrutar primeiro o repasto para elas preparado. ;!e(ado o

momento em que (rudaram% Obatalasaiu de seu esconderijo e a (arrotadas foi acabando

com elas% mas uma delas% a mais "el!a conse(uiu fu(ir e ela desta "ez ela foi esconder-se

no manto de Orunmila.  uandoObatala ia acabar com ela% #runmila o dete"e e l!e

disse/ :ão ",s o estado em que ela esta e que se colocou sob meu manto% não posso

permitir que faças isto% pois quando tu necessitastes eu te ajudei e a todo que pedir min!a

ajuda eu ajudarei.

Obatala se acalmou e 5ami  disse a Orunmila/ ue fa"or "oc, quer por !a"er sal"o a mim

e a meu 4nico fil!o que carre(o nas entran!as?

Orunmila l!e disse/ que respeite a meus fil!os% não l!es poderá causar nen!um dano sem

meu consentimento% e sempre e quando não "iolarem os tabus ditados para eles por

mim. 5amiaceitou  e concluiu/ todo fil!o feiticeiroJ meu que ataque injustamente um fil!o

seu% eu juro que eu mesmo o destruirei.  + a =erra será testemun!a do que di(o% além disso

todo aquele que c!e(ue a ti e faça oferendas e re(ue com san(ue a porta e o arredor da

casa será respeitado por um tempo con"eniente e seus pedidos serão concedidos% assim

como te concedo prender os meus fil!os as a"es% (alos% (alin!as% pombas% etcJ para

sacrif&cios às di"indades e ali"ie os males que eu ocasionei.   9ssim foi como

continuaram as descend,ncias de feiticeiros e feiticeiras sobre a =erra até !oje em dia. 9

literatura reli(iosa Morubá confirma em alto (rau a participação de Orunmila% o Ir4x1 a

inteli(,ncia e o con!ecimento como controlador das ati"idades das +leMes. 'm itan de 1rete

Olota cita quando as 5ami quiseram pro"ar o poder de Orunmila e l!e en"iaram os

pássaros feiticeiros para testarem os seus poderes.  ;onta este odu

queOrunmila preparou i;ucom e>u9ebu um (rão muito duroJ e um opipi ele5e  uma

Page 78: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 78/104

pomba sem penasJ e foi aonde elas se manifestaram e l!es disse/ assim como "oc,s não

podem comer e>u9ebu e este fil!o seu não pode "oar porque assim eu quis%% "oc,s não

terão poder para matar-me.  #utro odu O"be5onu fala de quando as 5ami esta"am

exterminando aos seres !umanos por completo e foram até Orunmila e acordaram que se

ele não acertasse a uma questão colocada por elas%  ele l!es daria permissão paracontinuar seu exterm&nio.

Orunmila foi aonde começa"am os sete rios de 5ami e ali consultou o oráculo o"be5onu e

fez os sacrif&cios para os !umanos/ o"os% penas de papa(aio% e\e oMoMo% e\e aanu% ojusaju

% a(o(B i(un% al(odão% obi branco e "ermel!o% osun e efun.  :o encontro com

as 5ami estas ficaram assombradas% pois as fol!as que Orunmilaesta"a usando era para

apazi(uá-las . :ão obstante elas l!e fizeram a proposição% dizendo/ arrebentar. #runmila

dizia/ a(arrar E e elas diziam/ sim% isto sete "ezes. #runmila falou / isto seria um o"o que

lançado sete "ezes em um monte de al(odão não se arrebenta.   9ssim aplacadasas 5ami se retiraram e desistiram naquele momento de suas intenções.

EBO e ADIMU

 

EBO 

 9 "ida de um ser !umano esta plena de sacrif&cios. ara obter-se al(o sempre será

necessário al(um tipo de sacrif&cio% e para se receber   teremos antes que dar al(o em troca.

or exemplo% se uma pessoa necessita din!eiro% !a"erá de fazer um in"estimento% este

in"estimento será um pouco de din!eiro para conse(uir mais ou tal"ez analisara uma

carreira bem remunerada% porém isto si(nificaria dedicação e tempo que bem poderia utilizar 

em uma di"ersão% ou outra coisa. <uitos outros exemplos poderiam ser colocados como a

compra de uma casa% fil!os% bens.# destino de uma pessoa já esta proferido% seuOri  tem que  e"itar ou superar   todos os

obstáculos existentes% aumentando ou diminuindo os n&"eis de conseq6,ncias que os

acompan!am% poderá "ariar os lapsos de tempo de triunfos ou fracassos e estes 4ltimos

seriam miti(ados se tens bom #ri% conforme a paci,ncia que traz % a compreensão% o

entendimento e a sabedoria% ou em caso contrário% le"ará uma "ida  de infelicidade e

frustração.

 9 fim de obter um Ori a culminação ,xitosa de seu destino% este não só de"erá realizar os

sacrif&cios ao seu próprio #ri como também aosori;as e seus antepassados% assim como

obser"ar os tabus ou proibições que eles determinem.

Page 79: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 79/104

+xistem "ários tipos de P#Qe suas composições se obt,m da consulta

aos ori;%sou  a 17á.

 9tra"és da oferenda poder&amos alterar os espaços de tempo do destino. )ejamos um

exemplo$ uma mul!er teria um destino assim composto/ nasce% sua "ida transcorre

normalmente até que completou 0U anos e quebra a perna% se casa aos ]S% se di"orcia% secasa de no"o aos Q[ anos e se di"orcia X anos mais tarde e "olta a casar aos S[ anos. <ais

tarde aos U[ anos (an!a na loteria. 9tra"és de um itan ou oráculo consultado aos deuses

isto sairia% que fazer? >e"eria fazer sacrif&cios.   9o fazer os sacrif&cios prescritos% tudo seria

diferente.   9os 0U anos ela não quebraria sua perna% isso seria passado para os U[ anos e

inclusi"e poderia ser reduzido a um simples arran!ão% porém al(o l!e aconteceria. Aá não se

(an!aria na loteria aos U[ anos e sim aos X[% é claro que se isto esti"er em seu destino. Ná

certas coisas que não se podem impor ou forçar para que façam parte do destino de

al(uém% e esta é uma das funções do babala\o% mostrar isto de forma clara para não criarexpectati"as ou frustrações futuras nos iniciados ou simpatizantes do culto.

)oltemos ao caso em questão/ a mul!er tem em seu destino X casamentos%  isto será

ine"itá"el% porém se poderiam reduzir os espaços de tempo $ casa-se aos ]S% se di"orcia no

ano$ casa-se aos ]1 e se di"orcia no ano se(uinte e alcança a felicidade no terceiro

casamento aos ]Y anos% boa diferença% e tal"ez se possa diminuir ainda mais o tempo dos

fracassos  a dois simples e passa(eiros noi"ados antes de c!e(ar ao terceiro que seria o

de suas n4pcias permanentes. )aleria então a pena fazer os sacrif&cios para as deidades e

os ancestrais ao in"és de suportar sofrimentos e lamentações.

 9 maneira de diferenciar os sacrif&cios rituais/ estes se definem pelo termo Morubá b ou

adimu.  #Q são os sacrif&cios que incluem animais e outras coisas enquanto

que Adimusão oferendas adicionais ao primeiro e que também podem ser 4nicas% ou seja%

simples oferendas.

)amos a al(umas classificações/

 

P#Q etetu5 sacrif&cio propiciatório aos falecidos

P#Q  ala&a5 oferendas de paz% felicidade

P#Q omisi5 ban!os lustrais

P#Q iame:a5 oferendas de d&zimos ou esmolas% incluem comidas e festas

P#Q itasile5 oferendas de pedidos e"oti"as aos deuses e antepassados

P#Q ope5 oferendas de (raças ou a(radecimentos% incluem toques% adimus e festas

P#Q oresisun ou sisun5 sacrif&cio ao fo(o% compreende a destruição da oferenda pelo

fo(o% separando um estado passado com uma dimensão futura mel!or 

P#Q &fL 5 sacrif&cio para as ondas do mar%mesma intenção que o acima porém com o

elemento á(ua

Page 80: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 80/104

P#Qri5 sacrif&cio ao sei #ri

P#Q e;e5 sacrif&cio por pecados ou desobedi,ncias

P#Q eni5 sacrif&cio de esteira

P#Q ate7 aterun7 atepQn5 sacrif&cio que realiza o a\o de #runmila

 17á disse/ o ,ei =i$#i ota lo omi7 ,ei =i$#i ota lo omi7 o ,ei ,ei a$#ao

o$un maa a ifa fun a,alo Olo&n

permita-me ser forte como a pedra% permita-me% permita-me ser necessário como a á(ua%

permita-me% permita-me crescer como o mil!o. *oi o profetizado para o eni(ma de Olo7in.

:este si(no Olo7in colocou uma pedra% á(ua e mil!o diante dos diferentes adi"in!os como

eni(ma de seu desejo e só Orunmila adi"in!ou que a pedra si(nifica a força% a á(ua a

necessidade que temos todos nós dela e a rapidez do mil!o que ", sua col!eita aos X

meses.8 por isso que para realizar uma oferenda se necessitam certos elementos de maneira que

identifiquem o problema do indi"iduo.

Kealizada a consulta% os deuses mostrarão o destino da pessoa e o sacrif&cio a realizar a fim

de mel!orar a situação ou e"itar o peri(o.

# b !abitualmente será composto de ewes ou seja% er"as% eran>o ou animais e outros

objetos os quais confirmarão o sistema !omeopático e de conformidade com o desejado.

Isto será acompan!ado de rezas especificas cuja intenção é ori(inar a ener(ia necessária

para realizar a alquimia  e modificar ou alcançar   os resultados desejados.

:o momento da realização das oferendas de"emos fazer uso dos Q elementos/ á(ua omi

tutuJ% fo(o itana% "elasJ% pois os elementos terra e ar estarão presentes por natureza.

# odu de Ifá O7un .unda classifica de forma (eral o uso das fol!as ou er"as para as

distintas situações como "eremos a se(uir/

0 E 9s er"as de tonalidades brancas ou "erdes claro% assim como as flores brancas são para

obter benef&cios monetários.

] E 9s er"as pe(ajosas que aderem à roupa e a pele são para atração e amarração.

X E 9s er"as espin!osas para "encimento de dificuldades e conflitos.

Q E 9s plantas (randes e frondosas que duram muitos anos% para a sa4de.

:o caso de sacrif&cios maiores como por exemplo oria;ou

assentamento  do  ori;ano Oride uma pessoa% as fol!as serão diferenciadas se(uindo a

estrutura dos Q elementos$ ewe inafo(oJ urticantes% ewe o5e arJ plantas de talo ele"ado ou

parasita% ewe omi á(uaJ % ewe ileterrestresJ rasteiras.

:o caso dos animais/ em Osa me9i   5amiconcordou com o >eus de 17á de entre(ar seus

fil!os% as a"es% para a sal"ação da !umanidade% em Hnrin os quadr4pedes passaram a

ser objetos de sacrif&cios e em 1rete me9isubstitu&ram aos seres !umanos nos sacrif&cios aos

deuses.

Page 81: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 81/104

#s animais de forma (eral substituem as "idas !umanas% independentes de que os mesmos

são utilizados se(undo as faculdades ou "irtudes  que possuam cada um/ os mais usados

são/

#s (alos ou a>i>o adi5e/ para "itórias e para mul!eres casarem% pois o (alo representa o

!omem. 8 uma a"e de batal!a e persistente. 9 (alin!a ou a"bebo adi5e/ para o mesmo caso anterior porém para os !omens. 9 (alin!a

representa a mul!er.

 9s pombas ou ei5ele para ter fil!os% casa% din!eiro e matrimonio% dada a capacidade de

reprodução destas% sua capacidade de unir-se% fazer seus nin!os. roteção% pois  a pomba

"oa por cima dos muitos peri(os.

# coel!o ou n9oro% para ter fil!os dada a sua capacidade reproduti"a e escapar da morte ou

a justiça pela faculdade de escapar e esconder-se deste animal.

# bode ou obu>o% a cabra ou ewure% o carneiro ou a"bo% a o"el!a ou a"utan% para sa4de% já que substituem ao ser !umano.

 9 (alin!a da an(ola ou etu% a codorniz ou aparo% para problemas judiciais de"ido à

facilidade de ambas escapulirem de seus perse(uidores.

# porco ou elede% reprodução% finanças% prosperidade (eral% desembaraço% sa4de.

# pinto ou oromodie% para a abertura de Orun% durante o nascimento% as iniciações e

os itutu.

# pato ou pepei5e% para neutralizar o inimi(o% pro"ocar o esquecimento e manter alerta.

 9 lesma ou 1"bin% para pacificar% pois é o 4nico animal que não é !ostil com nen!um outro%

seu mo"imento lento da a sensação de assentamento% comodidade e tranq6ilidade.

 9 tartaru(a ou a9apa% "ida lon(a% casa% fil!os% se(urança% "irilidade e proteção.

# peixe ou e9a% para propiciar a ori% atrair e"un% cerimBnias de austeridade  e reprodução.

>efumado%  para  adimu. +xistem certos tipos de peixes como por exemplo o e9a oro ou

mudfis! ou catfis! que tem uma (rande "italidade e capacidade de sobre"i",ncia% inclusi"e

à falta de á(ua e o e9abo ou par(o que o animal que comunica o ori com #lodumare.

# cac!orro ou aja% sacrif&cios diretos para fins de "itórias e sa4de obtendo os fa"ores

do òr;TO"un. 'sa-se em assentamentos deste òrsT.

 9 jutia ou e>ute% assentamento o òr;T Ele"ba% elaborados trabal!os de (estação% pois

são i(uais aos peixes% estas dão à luz continuamente% justiça% etc.

# ratão ou e>utele% matrimBnio% casa% din!eiro% (estação.

a"ão real ou o>in% só para reis% (o"erno% mando% controle.

)eado ou a"bonrin%  para (o"ernos% sa4de% justiça

# ca"alo ou e;in%  proteção% direção% controle

Gato ou olo"bo% proteção e ma(ias más.

Da(artos ou a"an ou a"emo% proteção% ma(ias más

Page 82: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 82/104

;rocodilo ou oni% proteção (eral% sa4de% foi o 4nico animal que apQnnQn o deus da

"ar&ola não conse(uiu matar.

 

UB6W (nascer*morrer) #% mesmo um $rande mestre como Pierre _er$er para nostirar da i$norância sobre este tema, atrav*s da sua

pesquisa e cora$em, cuo le$ado ser eterno.#e uma mulher, em país y$rubá d 1 luz uma s*rie decrianças natimortas ou mortas em baixa idade, tradiçãoreza que não se trata da vinda ao mundo de vriascrianças diferentes, mas de diversas apariç!es do mesmoser (para eles, mal*"co) chamado àbí%ú (nascer/morrer)que se ul$a vir ao mundo por um breve momento paravoltar ao país dos mortos, %run (o c*u), vrias vezes.

 +le passa assim seu tempo a ir e voltar do c*u para omundo sem amais permanecer aqui por muito tempo, para$rande desespero de seus pais, deseos de ter os "lhosvivos. +ssa crença se encontra entre os A%an, onde a mãe *chamada A#$ma#u (ela bota os "lhos no mundo para amorte). Fs ib$ chamam osabi%ú de $ban(e,os :au@as de dan#abi  e os fan&i, %$ssama:.

Page 83: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 83/104

 +ncontramos informaç!es a respeito dos abi%úemoito i&an (hist%rias) de Ifá, sistema de adivinhaçãodoa y$rubá, classi"cados nos OWS odu (sinais de Ifá).

+ssas hist%rias mostram que os abi%ú formam sociedadesno ebá órun (c*u), presididas porIyà(ansà (a mãe/se/bate/e/corre) para os meninos e Oló%ó  (chefe da reunião)para as meninas, mas * Alá#aiyé (ei de A#aiyé) que aslevou ao mundo pela Nw vez na sua cidade de A#ayié. X seencontra a oresta sa$rada dosabi%ú, aonde os paisde abi%ú vão fazer oferendas para que eles "quem nomundo.

 6uando eles vêm do c*u para a terra, os abi%úpassam oslimites do c*u diante do $uardião da porta, Oníb$déórun , seus companheiros vão com ele at* o local ondeeles se dizem at* lo$o. Fs que partem declaram o tempoque vão "car no mundo e o que farão. #e prometerem aseus companheiros que não "carão ausentes,essas, crianças apesar de todo os esforços de seus pais,

retornarão, para encontrar seus ami$os no c*u. Fs abi%ú podem "car no mundo por períodos mais oumenos lon$os. Gm abi%ú menina chamada JA/morte/os/puniuJ declara diante deOníb$dé órun que nada do queos seus pais façam ser capaz de retê/la no mundo, nempresentes nem dinheiro, nem roupas que lhes ofereçam,nem todas as cosias que eles $ostariam de fazer por ela

atrairiam os seus olhares nem lhe a$radariam. Gm abi%ú menino, chamado Ilere, diz que recusar todoalimento e todas as coisas que lhe queiram dar no mundo.+le aceitar tudo isto no c*u.6uando Alá#aiyé levou duzentos e oitentaabi%ú aomundo pela primeira vez, cada um deles tinha declarado,ao passar a barreira do c*u, o tempo que iria "car nomundo. Gm deles se propunha a voltar ao c*u assim quetivesse visto sua mãe- um outro, iria esperar at* o dia em

Page 84: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 84/104

que seus pais decidissem que ele casasse- um outro, queretornaria ao c*u, quando seus pais concebessem um novo"lho, um ainda não esperaria mais do que o dia em quecomeçasse a andar.

Futros prometem 1 Iyà(an(asà, que est che"ando a suasociedade no c*u, respectivamente, "car no mundo setedias, ou at* o momento em que começasse a andar ouquando ele começasse a se arrastar pelo chão, ou quandocomeçasse a ter dentes ou "car em p*. 0ossas hist%rias de Ifá nos dizem que oferendas feitas comconhecimento de causa são capazes de reter no mundo

esses abi%ú e de lhes fazer esquecer suas promessas devolta, rompendo assim o ciclo de suas idas e vindasconstantes entre o c*u e a terra, porque, uma vez que otempo marcado para a volta tenha passado, seuscompanheiros se arriscam a perder o poder sobre eles. 8 assim que nessas quatro hist%rias encontramos oferendasque comportam um tronco de bananeira acompanhado de

diversas outras coisas. Gm s% dos casos narrados, oterceiro, explica a razão dessas oferendas5 JGm caçador que estava 1 espreita, no cruzamento doscaminhos dos abi%ú, escutou quais eram as promessasfeitas por três abi%úquanto 1 *poca do seu retorno aoc*u.J 

JGm deles promete que deixar o mundo assim, que o fo$outilizado por sua mãe, para preparar sua papa de le$umes,se apa$ue por falta de combustível. F se$undo esperarque o pano que sua mãe utilizar, para carre$/lo nas costasse ras$ue. A terceira esperar, para morrer, o dia em queseus pais lhe di$am que * tempo de ele se casar e ir morarcom seu esposo.J JF caçador vai visitar as três mães no momento em queelas estão dando 1 luz a seus "lhosabi%ú e aconselha 1

Page 85: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 85/104

primeira que não deixe se queimar inteiramente a lenhasob o pote que cozinha os le$umes que ela prepara paraseu "lho- 1 se$unda que não deixe se ras$ar o pano queela usar para carre$ar seu "lho nas costas, que utilize um

pano de qualidade diferente- ele recomenda, en"m 1terceira, de não especi"car, quando che$ar a hora, qualser o dia em que sua "lha dever ir para a casa do seumarido.J As três mães vão, então consultar a sorte, Ifá, que lhesrecomenda que façam respectivamente as oferendas deum tronco de bananeira, de uma cabra e de um $alo,

impedindo, por meio deste subterf<$io, que ostrês abi%ú possam manter seu compromisso. Porque, se aprimeira instala um tronco de bananeira no fo$o, destinadoa cozinhar a papa do seu "lho, antes que ele se apa$ue, otronco de bananeira, cheio de seiva e esponoso, não podequeimar, e o abi%ú, vendo uma acha de lenha nãoconsumida pelo fo$o, diz que o momento da sua partidaainda não * che$ado. A pele de cabra oferecida pela

#e$unda mãe serve para reforçar o pano que ela usa paralevar seu "lho nas costas- a criançaabi%ú não vai acharnunca que esse pano se ras$ou e não vai poder manter suapromessa. 0ão se sabe bem o porque do oferecimento deum $alo, mas a hist%ria conta que quando che$ou a horade dizer 1 "lha uma moça, que ela deveria ir para casado seu marido, os pais não lhe disseram nada e a enviarambruscamente para a casa dele.

 0ossos três abi%ú não podem mais manter a promessa que"zeram, porque as circunstâncias que devem anunciar suapartida não se realizaram tais como eles tinham previsto nasua declaração diante de Oníb$dé órun. +stestrêsabi%ú não vão mais morrer. +les se$uiram um outrocaminho. omentamos esta hist%ria com al$uns detalhes porqueilustra bem o mecanismo das oferendas e de sua função.

Page 86: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 86/104

0ão * o seu lado aned%tico (de lenda) que nos interessaaqui, mas a tentativa de demonstração de que empaís y$rubá, a sorte (destino) pode ser modi"cada, numacerta medida, quando certos se$redos são conhecidos.

 +ntre as oferendas que os retêm aqui, na terra, "$uram, emprimeiro plano, as plantas lit<r$icas. inco delas sãocitadas nestas hist%rias5+ Abírí%$l$ 9r$&alaria la9:n$*:era, *a*il$li$na9aae-+ Aídímabayin nB$ iden&i<9ada-+ Cdí &erminalia iD$rensis, 9$mbre&a9ae-+ I(á àb$rin nB$ iden&i<9ada-

( 7ara .u.a Gri0inus 0ommunis E mamona -ermel6aH Ainda mais duas plantas são freqDentemente utilizadaspara reter os abi%ú e que não "$uram nessas hist%rias5  + Ol$bu&$(e (a&r$*:a 9ur9as,eu*:$rbia9eae-  + Ò*á eméré #al&:eria ameri9ana,s&er9ulia9eae-.

 A oferta dessas folhas constitui uma esp*cie de mensa$eme * acompanhada por $fó(encantamentos). +m país y$rubá, os pais, para prote$er seus "lhos abi< etentar retê/los no mundo, podem se dedicar a certasprticas, tais como fazer pequenas incis!es nas untas dacriança e aí esfre$ar a&in (um p% preto feito com $sun,

favas e folhas lit<r$icas para esse "m) ou ainda li$ar 1cintura da criança um $ndè, talismã feito desse mesmo p%ne$ro, contido num saquinho de couro. A ação protetora buscada nas folhas, expressa nas f%rmulasde encantamento, * introduzida no corpo da criança porpequenas incis!es e fricç!es, e a parte do p% preto, contidano saquinho do $ndè, representa uma mensa$em nãoverbal, uma esp*cie de apoio material e permanente damensa$em diri$ida pelos elementos protetores contra os

Page 87: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 87/104

elementos hostis, sendo essa forma de expressão menosefêmera do que a palavra. +m uma outra hist%ria, são feitas alus!es aos xaorLs, an*is

providos de $uizos, usados nos tornozelos pelascrianças abi%ú , para afastar os companheiros que tentamvir busc/los no mundo e lembrar/lhes suas promessas. ;efato seus companheiros não aceitam assim tão facilmente afalta de palavra dos abi%ú, retidos no mundo pelasoferendas, encantamentos e talismãs preparados pelospais, de acordo com o conselho dos \abalaHo. 0em sempreessas precauç!es e oferendas são su"cientes para reter as

crianças abi%ú sobre a terra. Iyá(an(àsa* muitas vezesmais forte. +la não deixa a$ir o que as pessoas fazem paraos reter e por tudo a perder o que as pessoas tiverempreparado. ontra os abi%ú não h rem*dios.%iájanjàsá  os atrairá à força para o céu. #s corpos dos abikú  que morrem assim% são

freq6entemente mutilados. 9 fim de que% dizem% eles percam seus atrati"os e seus

compan!eiros no céu não queiram brincar com eles sobretudo para que o esp&rito do abikú %

maltratado deste modo% não deseje mais "ir ao mundo.

 +ssas crianças abi%ú recebem no seu

nascimento, nomes particulares. Al$uns desses nomes sãoacompanhados de saudaç!es tradicionais. +les podem serclassi"cados5 quer nomes que estabeleçam sua condiçãode abi%ú- quer nomes que lhes aconselham ou lhesuplicam que permaneçam no mundo- quer em indicaç!esde que as condiç!es para que o abi%ú volte não são

favorveis- quer em promessas de bom tratamento, casoeles "quem no mundo. A freqDência com que se encontra,em paísy$rubá, esses nomes em adultos ou velhinhos que$ozam de boa sa<de, mostra que muitosabi%ú "cam nomundo $raças, pensam as almas piedosas, a todas essasprecauç!es, 1 ação de Òrúnmìlà, e 1 intervenção dosbabalaHo. 

AX@/NS NOES "A"OSAOS AB46W

Page 88: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 88/104

  Aiyédùn E a Dida é d$9e

  Aiyélabe E Fós <9am$s n$ mund$  A%ú(i E O Gue es&á m$r&$, des*er&a

  "án(ó%ó E Hen&a+se 9$mi$  úró(aiyé E ;i9a *ara $Jar a Dida  úró$ríì%e E ;i9a, &u serás mimada  Èbèl$%ú E Hu*li9a *ara Gue <Gue  Ilè&án E A &erra a9ab$u nB$ :á mais&erra *ara en&errá+l$-  Kò(é%ú E FB$ 9$nsin&a em m$rrer   Kò%úmó E nB$ m$rra mais

  Kúmá*áyìí E A m$r&e nB$ leDa es&e daGui   Om$&úndé E A 9rian@a D$l&$u  'ì(úi%ú E !nDer$n:ad$ da m$r&e nB$dei?a a m$r&e &e ma&ar-

AYZO 8E8[ORIGEM DA PALAVRA JEJE

% palavra JEJE vem do @oru$á adjeje que significa estrangeiro, forasteiro.!ortanto, não e'iste e nunca e'istiu nenhuma nação Aee, em termos

políticos. : que chamado de nação Aee o candom$l formado pelos

povos fons vindo da região de *a+omé e pelos povos mahins. Aee era o

nome dado de forma peorativa pelos @oru$ás para as pessoas que ha$itavam

o leste, porque os mahins eram uma tri$o do lado leste

e ,alu-á ou ,a-alu eram povos do lado sul. : termo ,alu-á ou ,a-alu, na

verdade, vem de ",a-. " que era o lugar onde se cultuava /an'. /an', uma

das origens das quais seria 0ariba, uma antiga dinastia originária de um filho

de Oduduá, que o fundador de ,a-.  (tendo neste caso a ver com os povos

Page 89: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 89/104

fons). : "bomei ficava no oeste, enquanto "1an%is era a tri$o do norte.

-odas essas tri$os eram de povos Aee.

ORIGEM DA PALAVRA DAHOMÉ

% palavra *"2O!3 , tem dois significados9 ;m está relacionado com um

certo 4ei 4amilé que se transformava em serpente e morreu na terra

de *an. <aí ficou "*an Imé" ou "*a+omé", ou sea, aquele que morreu na

-erra da 0erpente. 0egundo as pesquisas, o trono desse rei era sustentado

por serpentes de co$re cuas ca$eças formavam os ps que iam at a terra.

2sse seria um dos significados encontrados9*an B Cserpente sagradaD

e 2omé B Ca terra de*anD, ou sea, *a+omé B Ca terra da serpente

sagradaD. %credita+se ainda que o culto à *an  oriundo do antigo Egi%o. %licomeçou o verdadeiro culto à serpente, onde os Earaós usavam seus anis e

coroas com figuras de co$ra. 2ncontramos tam$m leópatra com a figura

da co$ra confeccionada em platina, prata, ouro e muitos outros adornos

femininos. 2ntão, posso dier que este culto veio descendo

do Egi%o at *a+omé.

Dialetos falados:

:s povos Aees se enumeravam em muitas tri$os e idiomas, como9 "1an%is$

5ans$ "gonis$ 6o7#s$ 8rus, etc. !ortanto, teríamos deenas de idiomas para

uma tri$o só, ou sea, todas eram Aee, o que foge evidentemente às leis da

ling=ística F muitas tri$os falando diversos idiomas, dialetos e cultuando os

mesmos 9oduns. %s diferenças vinham, por e'emplo,

dos !inas F 5ans ou "gonis, 6o7#s que falavam a língua das :obosses, que

a meu ver, e'iste uma grande confusão com essa língua.

Os ri!eiros no "rasil:

:s primeiros negros Aee chegados ao Grasil entraram por 0ão Huís do

5aranhão e de 0ão Huís desceram para 0alvador, Gahia e de lá para achoeira

de 0ão Eli'. -am$m ali, há uma grande concentração de povos Aee. %lm

de 0ão Huís (5aranhão), 0alvador e achoeira de 0ão Eli' (Gahia), o

%maonas e $em mais tarde o Iio de Aaneiro, foram lugares aonde

encontram+se evidncias desta cultura.

Page 90: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 90/104

#lassifi$a%&o dos Vod'ns:

5uitos Joduns Aee são originários de "judá. !orm, o culto desses voduns só

cresceram no antigo*a+omé. 5uitos desses Joduns não se fundiram com os

ori'ás nagos e desapareceram totalmente. : culto da serpente *'ng&bi  ume'emplo, pois ele nasceu em "judá, foi para o *a+omé, atravessou o

%tl8ntico e foi at as %ntilhas.

?uanto a classificação dos Joduns Aee, por e'emplo, no ;eje !a+in tem+se

a classificação do povo da terra, ou os -oduns 8a-iunos, que seriam

os -oduns "<anssu, /an' e 0e=ém. -emos, tam$m, o vodun

chamado "y<ain que vem da nata da terra. 2ste um vodun que nasce em

cima da terra. # o vodun protetor da "<an, onde "<an quer dier "es%eira",em Aee. %chamos em outro dialeto Aee, o dialeto 5ans&8rus, tam$m o

termo >enin ou "<eni ou >ani e ainda o>olé. %inda so$re os voduns da

terra encontramos?oo. 2le apesar de estar ligado tam$m aos astros e a

família de 2e-iosso, tam$m está na família8a-iuno, porque ?oo  árvore

sagrada> a gameleira $ranca, que uma árvore muito importante na nação

Aee. 0eus filhos são chamados de ?ooses. "gue$ "<aá  tam$m um

vodun 8a-iuno. % família2e-iosso  enca$eçada por 0ad@, "=orumbé,

tam$m filho de ,ogbA, chamado de 4un+#. !awu&?issá seria o ori'á :'aládos @oru$ás. ,ogbA tam$m tem particularidade com o :ri'á em Koru$á,

7ang6, e ainda com o filho mais velho do <eus do trovão que

seria "-eree%e, que filho de "gue e irmão de "nai%e. "nai%e seria uma

outra família que viria da família de "<iri, pois são

as "<iris ou :obosses que viriam a ser as Babás dos Koru$ás, achamos

assim "<iri%obosse. 2stou falando do Aee de um modo geral, não

especificamente do 5ahin, mas das famílias que englo$am o 5ahin e

tam$m outras famílias Aee.

omo relatei, Aee era um apelido dado pelos @oru$ás. *a verdade, esta

família, ou sea, as pessoas que pertencem a esta nação deveriam ser

classificados de povo Ewe, que seria o mais certo. Ewe&)on seria a

verdadeira denominação. 0eriam povos Ewe ou povos)ons. 2ntão, se fosse

pensar em alguma possi$ilidade de mudança, nós iríamos chamar, ao invs de

nação ;eje, de nação Ewe&)on. 0omente assim estaríamos faendo us ao que

encontrado em solo africano. Aee então um apelido, mas assim ficará

Page 91: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 91/104

para todas as geraç/es classificados como povo Aee, em respeito aos

antepassados.

ontinuando com algumas nomenclaturas da palavraEwe&)on, por e'emplo,

a casa de candom$l da nação Aee chama+se Cwe B "casa". % casa matricialem achoeira de 0ão Eli' chama+se Cwe 8eja Dndé. -oda casa Aee tem

que ser situada afastada das ruas, dentro de florestas, onde e'ista espaço

com árvores sagradas e rios. <epende das matas, das cachoeiras e depende

de animais, porque o Aee tam$m tem a ver com os animais. 2'istem at

cultos com os animais tais como, o leopardo, crocodilo, pantera, gavião e

elefante que são identificados com os voduns. 2ntão, este espaço sagrado,

este grande sítio, esta grande faenda onde fica o Cwe chama+se 4un7ame,

que quer dier "faenda" na língua Ewe&)on. 0endo assim, a casa chama+se Cwe e o local onde fica situado o candom$l, 4un7ame. *o 5aranhão

predomina o culto às divindades como "<oanador  e :obosses e vários

Joduns onde a "sacerdotisa" chamada /o=+ee o cargo

masculino, :oi-oduno.

:s fundadores9

Joltando a falar so$re "Cwe 8eja Dndé", esta casa como chamada emachoeira de 0ão Eli' de "Ioça de Gai'o" foi fundada por escravos como

5anoel Jentura, :i1erem, L do Grechó e Hudovina !essoa.

Hudovina !essoa era esposa de 5anoel Jentura, que no caso africano o

dono da terra. 2les eram donos do sítio e foram os fundadores da Cwe 8eja

Dndé. 2ssa MNe ainda seria chamada de 6o<erren, que vem de Ci7#,

"pantera".

<arei um pequeno relatório dos criadores do 6o<erren :i1arene que seria o

primeiro !eigan da roça> e Hudovina, pessoa que seria a primeira 5aia=ú.

% roça de cima que tam$m em achoeira oriunda do Aee <ahom, ou

sea, uma outra forma de Aee. 2stou falando do 5ahin, que era comandada

por 0inhá Iomana que vinha a ser "1rmã de santo" de Hudovina !essoa (esta

&ltima mais tarde assumiria o cargo de Oaiac& na MNe de Goa Jentura). 5as,

pela ordem temos 5anoel Jentura, que seria o fundador, depois viria 0inhá!ararase, 0inhá Galle e atualmente Oamo HoPo+se. : MNe ea ;nd

Page 92: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 92/104

encontra+se em controvrsia, ou sea, Oamo HoPo+se escolhida por 0inhá

!ararase para ser a verdadeira herdeira do trono e Oaiac& %gu+se, que seria

2lisa Oonçalves de 0oua, vem a ser a dona da terra atualmente. 2la

pertence a família Oonçalves, os donos da terra. %ssim, temos os fundadores

da MNe ea ;nd.

*o Iio de Aaneiro, saindo de achoeira de 0ão Eli', -atá Eomutinho deu

o$rigação com 5aria %ngorense, conhecida como Misin$i Misin$i.

;ma das curiosidades encontradas durante minha pesquisa so$re Aee o

que chamamos de <ePá, que na verdade vem do termo idecar, do termo fon

iidecar, que quer dier "transmissão de segredo". 2sse ritual feito quando

uma Oaiac& passa os segredos da nação Aee para futura Oaiac& pois, nanação Aee não se tem notícias, que possa ter havido "!ai de santo". : cargo

de sacerdotisa ou "5ãe de santo" era e'clusivamente das mulheres. 0ó as

mulheres poderiam ser Oaiac&s.

:gans9

:s cargos de :gan na nação Aee são assim classificados9 !eigan que o

primeiro :gan da casa Aee. % palavra !eigan quer dier C0enhor que elapelo altar sagradoD, porque !ei B "altar sagrado" e Oan B "senhor". :

segundo o Iuntó que o tocador do ata$aque Iun, porque na verdade os

ata$aques Iun, Iunpi e H são Aee. *o Metu, os ata$aques são chamados de

1l&. Qá tam$m outros :gans como Oaip, Iunsó, Oaitó, %rroN, %rrontod,

etc.

!odemos ver que a nação Aee muito particular em suas propriedades. #

uma nação que vive de forma independente em seus cultos e tradiç/es deraíes profundas em solo africano e traida de forma fiel pelos negros ao

Grasil.

5ina Aee9

2m RSTU, foi fundado no 5aranhão o culto 5ina Aee pelos negros fons vindos

de %$ome@, a então capital de <ahom, como relatei anteriormente, atual

Iep&$lica !opular de Genin.

Page 93: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 93/104

% família real Eon trou'e consigo o culto de suas divindades ancestrais,

chamados Joduns e, principalmente, o culto à *an ou o culto da 0erpente

0agrada.

;ma grande /o=+e ou 0acerdotisa, posteriormente, foi 5ãe %ndresa, &ltimaprincesa de linhagem direta Eon que nasceu em RVWX e morreu em RTWY, com

RXY anos de vida.

%qui, alguns nomes dos <euses Joduns9

"y<an F Jodun da nata da terra

5o6ossus E Kei das á(uasJJobo E o mesmo eu Ibeji para os Corubas

9ogbC E )odun do tro"ão da fam&lia de Ne"iosso% que fulmina os ladrões% malfeitores e os

feiticeiros% no tempo seco abate "oluntariamente as ár"ores.

guB E )odun da fol!a(em

7oko E )odun do tempo

Je-iosso E )odun "odun do tro"ão

den E ue se manifesta somente quando o céu está obscurecido% uma c!u"a fina o

acompan!a% é um "odun feminino.klomb' E que rac!a a testa das "&timas.

<a0u)á E Dançado de pedras meteoritosJ% é acompan!ado de c!u"as torrenciais

#essou e kou)' E como  den são "oduns femininos

#ad' E que recorta furiosamente os corpos

Jou ou gb' E # mar% "odun feminino

bonagar E +sposo de 9(bé% (uerreiro "in(ati"o

Na 4)e E 9 c!u"a

-reke)' E de caráter malicioso% indiscreto

9ak.a)a ou Ka.anan E ue (olpeia e mataJ "odun da "ar&ola e sua fam&lia

yinon E roprietário da =erraJ% outro nome de apanan

;o6ossu e Niob' nanu E # pai que dá a "ar&ola e sua mul!er 

=a Lodji E *il!o de o!ossu e :iobé% "odun que dá desinteria e "Bmitos que le"am à

morte

dan 5agni E que causa a lepra e corta os pés e as mãos

6ossu 2an*6a E pro"oca inc!ações

glossou)o( pro"oca as pra(as

Page 94: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 94/104

;uriosidades

Z% primeira asa Aee no Iio de Aaneiro foi, em RVYV, de <.Ioena, cua filha

de santo foi <.%delaide 0antos

Eede F termo Aee*one F cargo feminino na casa Aee, similar àBalori1á

*o%é F cargo ilustre do filho de ,ogbA

:s vodunces da família de *an são chamados de !egi%#, enquanto que da

família de Ca-iuno, do se'o masculino, são chamados de *o%é> e do se'o

feminino, de *oné.

:s cumprimentos ou pedidos de $ençãos entre os iniciados da famíliade *an seria C !egi%# 0enoF [D Iesposta9 C0enoF D> e aos iniciados da

famíliaCa-iuno, ou sea, *o%é e *oné seria C*o%é "o[D Iesposta9 " "#%in".

: termo usado "Oolofé", cua resposta "Olorun Colofé" vem da fusão das

*aç/es de Aee e de Metu.

%lgumas palavras do dialeto eNe9

esin B água

a%inGá B árvore

agrusa B porco

7o B pote

<# ou i<# B fogo

a-un B cachorro

ni-u B $eerro

bau1é B parto de $arrouen%# B Puentó

yan B fio de contas

-odun&se B filho do vodun ou iniciados da *ação Aee

yawo B filho do vodun ou iniciados da *ação Metu

mu<en<a B filho do vodun ou iniciados da *ação %ngola

%# B $anho

<andro B cerim6nia Aee

sidag' B au'iliar da <agã na erim6nia a Heg$a<errin B ritual f&ne$re Aee

Page 95: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 95/104

sara7o=' B cerim6nia feita XS(sete) dias antes da festa p&$lica de

apresentação do(a) iniciado(a) no Aee

sabaji B quarto sagrado onde fica os assentos dos Joduns

runjebe B colar de contas usado após XS(sete) anos de iniciação

runbono B primeiro filho iniciado na asa Aeerundeme B quarto onde fica os Joduns

ron=o B quarto sagrado de iniciação

bejereGu B cerim6nia de matança

2sta uma homenagem a todos os povos Aees.

 "rr#&bo&boF \

A IN(L)*N#IA DAS PALAVRAS JEJE NA #)L+)RA A(RO,"RASILEIRA

% cultura Aee vinda do %ntigo <ahom, que antes a$rangia o -ogo e faia

fronteira com o país de Oana , sem d&vida, uma das maiores contri$uiç/es

culturais dei'ada pelos negros fons no Grasil.

2stes povos %dees, como eram chamados pelos @oru$ás, esta$eleceram

fundamentos nos seguintes lugares9 achoeira de 0ão Eli', na Gahia> Iecife,em !ernam$uco e 0ão Huís, no 5aranhão. Qouve durante um período uma

influncia da cultura @oru$á, daí essa mistura passar a ser chamada de9

ultura Aee+*ag6. 2ssa mistura, como e'pliquei, adveio principalmente dos

@oru$ás com várias tri$os Aees. <entre elas destacaram+se9 tri$o 5an$

)an%i$ "1an%i$ !ina e !a+in. 2stes &ltimos, ou mahins, tiveram maior

destaque so$re as demais culturas Aee, no Grasil.

2stes negros falavam o dialeto eNe que, por ser marcante, influenciou pordemais a cultura @oru$á e tam$m a cultura $antu. omo e'emplo, cito os

nomes que comp/em um $arco de @aNo9 *ofono$ *ofoni%in$ )omo$

)omu%in$ 5amu$ 5amu%in e 9imu$ 9imu%in.

:utras palavras Aee foram incorporadas não só na cultura afro+$rasileira

como tam$m no nosso dia+a+dia, como por e'emplo9 "=assá, CfacaD que no

original eNe escrita com CMD ao invs de CD. :utra palavra Aee que ficou

no nosso cotidiano foi a palavra CtioloD que em eNe -ioló.

Page 96: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 96/104

A +RADI-.O JEJE:

O VOD)N JEJE SOG"/ E A PROVA DE 0O

A tradi%&o dos o1os fons 2'e a2'i no "rasil fora! $ha!ados de Ad3e3e o'

Je3e elos 4or'5ás6 re2'er '! lon7o $onfina!ento 2'ando na 8o$a de

ini$ia%&o9 Essa tradi%&o Je3e ei7ia de ;< =seis> !eses o' at8 ;? ='!> anode re$l's&o6 de !odo 2'e o no1o 1od'n,se arendesse as tradi%@es dos

1od'ns: $o!o $'lt'á,los6 !anter os esa%os sa7rados6 $'idar das ár1ores6

sa5er dan%ar6 $antar6 rearar as $o!idas e '! artesanato 5ási$o

ne$essário a i!le!entos !ateriais dos diferentes assentos6 ferra!entas

e s!5olos ne$essários ao $'lto9

0ara os po>os 8e,e7 os >ouns so serpentes \ue tem ori$em

no fo$o7 na %$ua7 na terra7 no ar e aina tem ori$em na >iae na morte. 0ortanto7 a i>inae patrona esse culto é "an

ou a ]Serpente Sa$raa].

3omo isse7 para o po>o 8e,e os Vouns so serpentes

sa$raas e seno as matas7 os rios7 as ^orestas o ?a#itat

natural as co#ras e os pr+prios >ouns. O ritual 8e,e

epene e muito >ere7 $ranes %r>ores pois muitos

>ouns tem seus assentos nos pés estas %r>ores.

Outra particularieae este culto é e \ue \uano as

>oun*ses esto em transe ou incorporaas com seu >oun_

os ol?os permanecem a#ertos7 ou se,a7 os >ouns 8e,e a#rem

os ol?os7 iferente os ori;%s os =oru#%s7 \ue mant`m os

ol?os sempre fec?aos.

[ comum no culto 8e,e pro>ar o poer os Vouns \uanoestes esto incorporaos em seus iniciaos. /ma estas

pro>as é a pro>a c?amaa 0ro>a o LMou 0ro>a o 9o$o

o D$dun H$bM7 \ue $o>erna as lar>as >ulcânicas e é irmo

e "adé e A9$r$mbé7 \ue comanam os raios e tro>es.

A se$uir7 escre>o uma 0ro>a o LM feita com uma >oun*se

feita para H$bM7 um >oun \ue assemel?a*se ao NanM o

 boru#%s_

Page 97: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 97/104

Num eterminao momento entra no salo uma panela e

#arro7 fume$ante7 e;alano c?eiro forte e en`

#or#ul?ante7 conteno entro al$uns peaços e a>e

sacri&caa para o >oun. H$bMaentra o salo com fria e

um raio7 os ol?os #em a#ertos (\ue como e;pli\uei écostume os >ouns) e tomano a iniciati>a >ai até a panela7

one mer$ul?a as mos por al$um tempo. Em se$uia7 e;i#e

para toos os peaços a a>e. [ um momento e profuna

emoço $erano $rane comoço por parte os outros

iniciaos \ue responem a\uele ato entrano em estao e

transe com seus >ouns.

NANZ

FanB "uru%u ou "u%u é consieraa a mais anti$a as

i>inaes. uito cultuaa na dfrica em re$ies como_ a@a

 Lum=, Ab$mey, um=, 8:e&i, "$dé, 0ubá, "an&é, (abalá,

)esi  e muitas outras re$ies.

0ara os fons e e:es7 a pala>ra FanB ou Fàná é empre$aa

para se c?amar e me as mul?eres iosas e respeit%>eis7 ouse,a7 a pala>ra si$ni&ca_ ]Respeit%>el Sen?ora].

FanB est% associaa a terra7 T %$ua e T lama. Os pântanos e

as %$uas loosas so o seu omLnio.

3omo relatei no começo7 é a mais anti$a as i>inaes7 pois

representa a mem+ria ancestral. e

e 0$%$ ou Ir$%M7 Om$lu e O?umare ou "e9émna

inastia ;$n7 FanB est% li$aa ao mistério a >ia e amorte. [ a sen?ora a sa#eoria7 mais >el?a \ue o ferro. "aL7

no usar lâminas em seu culto.

BE3[

O culto T serpente remonta ese o inLcio os séculos. Os

romanos e os $re$os ,% presta>am culto T co#ra7 seno os

po>os \ue mais ifuniram em séculos passaos este culto.

Page 98: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 98/104

No E$ito7 a serpente era >eneraa e encarre$aa e

prote$er locais e moraias. 3le+patra era uma sacerotisa

o culto T serpente. 5oos os seus pertences e aornos eram

em formatos e co#ras e similares. Este culto correu atra>és

o Rio Nilo as i>ersas re$ies africanas.

No Anti$o a:$mé7 este culto se intensi&cou e l%an7 como é

c?amaa a Serpente Sa$raa7 transformou*se no maior

sLm#olo e culto a\uele po>o7 tam#ém seno c?amao pelo

nome e >oun*#ecém. 8% os =oru#%s c?amaram esta mesma

entiae e O?umare ou a 3o#ra Arco*Lris e os ne$ros

Bantos7 e AnMr$.

Na >erae7 aL falamos e uma s+ i>inae com >%rios

nomes epeneno a re$io em \ue é cultuaa.

as7 O?umare7 como é mais popularmente con?ecio no

Brasil7 é o Ori;% \ue etermina o mo>imento contLnuo7

sim#oliao pela serpente \ue more a pr+pria caua e

enrola*se em >olta a terra para impeL*la e se

es$o>ernar. SeO?umare peresse a força7 a 5erra >a$ariasolta pelo espaço em uma rota a se$uir7 seno o &m o nosso

0laneta.

[ o ori;% a ri\uea7 um os #enefLcios mais apreciaos no

s+ pelos =oru#%s como por toos os po>os a terra.

 Arró+b$+b$í

/A O9EREN"A U BE3[ 0ARA 0ROS0ER4"A"E

Em tempos ifLceis7 um os >ouns \ue no poe ei;ar e

ser cultuao é "e9ém7 pois este >oun é o "eus o

mo>imento. Na naço e 6etu7 este >oun é assimilao ao

Ori;% O?umar=.

Os in$reientes necess%rios para a comia ou oferena T

Becém7 para prosperiae so_

Page 99: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 99/104

PQR &raDessa média de barr$

PSQQ de ba&a&a d$9e

PT % de 9an(i9a

PRU m$edas 9$rren&es

PRU f$l:as de l$ur$PRU búJi$s aber&$s

PQR 9$l:er de a@ú9ar 9ris&al 

3omo faer_

3oin?ar #em a can,ica e coloc%*la na tra>essa

3oin?ar as #atatas oces7 retirar as cascas e amass%*las

#em. oelar uas co#ras e #atata oce e coloc%*las emcima esta can,ica

En&ar as fol?as e louro nos cantos7 em >olta a can,ica.

(O#ser>aço_ para caa fol?a7 uma moea e um #io a#erto

até completar as !1 fol?as7 !1 moeas e !1 #ios)

Espal?ar o açcar cristal por cima e toa esta oferena e

oferec`*la T Becém7 em #ai;o e uma %r>ore #onita e

fronosa com !1 >elas em >olta7 acesas.

3ertamente7 Sr A9$l$ "e9ém ir% traer muita prosperiae

para >oc`sg

A8O4[ E E6E"4_

A pala>ra ha($ié é corresponente feminino e o$an pois7 a

pala>ra e%edi 7 ou e%e(í 7 >em o ialetoe#e7 falao pelos

ne$ros fons ou 8e,e.

0ortanto7 o corresponente =oru#% e e%edi  éa($ié7 one a

pala>ra a($ié si$ni&ca hme \ue o ori;% escol?eu e

con&rmou.

Assim como os emais $l$yés7 uma a($ié tem o ireito a uma

caeira no #arraco. "e>e ser sempre c?amaa e hme7

por toos os componentes a casa e ori;%7 e>eno*setrocar com ela peios e #enços. Os comportamentos

Page 100: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 100/104

eterminaos para os $ans e>em ser se$uios

pelas a($iés.

Em ias e festa7 uma a($ié e>er% >estir*se com seus tra,es

rituais7 seus &os e contas7 um $(á na ca#eça e traeno noom#ro sua insepar%>el toal?a7 sua principal ferramenta e

tra#al?o no #arraco e tam#ém sLm#olo o óyé7 ou car$o \ue

ocupa.

A toal?a e uma a($ié estina*se7 entre outras coisas7 a

en;u$ar o rosto os omo*ori;%s manifestaos.

/ma a($ié aina é respons%>el pela arrumaço e or$aniaço

as roupas \ue >estiro os omo*ori;%s nos ias e festas7como tam#ém7 pelos $(ás \ue enfeitaro >%rias partes o

#arraco nestes ias.

as7 a tarefa e uma a($ié no se restrin$e apenas a cuiar

os ori;%s7 roupas e outras coisas. /maa($ié tam#ém é

porta*>o o ori;% em terra. [ ela \ue em muitas as >ees

transmite ao Ba#alori;% ou balori;% o recao ei;ao pelo

pr+prio ori;% a casa.

No 3anom#lé o En$en?o Vel?o ou 3asa Branca7

as a($iés so c?amaas e e%edis. No @antois7 e ]Iyár$bá].

 8% na Naço e An$ola7 é c?amaa e ]ma%$&a de anúJ$].

as7 como relatei anteriormente7 ]e%edi ] é nome e ori$em

 8e,e mas7 \ue se populariou e é con?ecio em toas as

casas e 3anom#lé o Brasil7 se,a \ual for a Naço.

OS O"jS NA 3/X5/RA 8E8E_

/m Ba#ala:o7 ou 0ai os se$reos (a#M) é muito respeitao

pela cultura =oru#%.

O Ba#ala:o7 como o nome i7 é o con?eceor e toos os

mistérios e se$reos no culto T Orunmil%7 seno portanto

sacerote e if%. Somente o Ba#ala:o poe manipular oRos%rio e if% \ue em =oru#% rece#e o nome e opele*if% e

Page 101: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 101/104

em e:e7 lLn$ua a cultura fon ou 8e,e tem o nome e aú+

maá. Aina na cultura 8e,e7 if% é c?amao eV$dun+fá ou

"eus o estino e o Ba#ala:o é enominao e "$%unó.

as7 nas uas culturas7 tanto o "abala#$ os =oru#%s

\uanto o "$%unó os fons precisam e uma i>inae \ueinterprete as caLas o ,o$o T if%.

kuem seria essa i>inae 0ara os =oru#%s7 essa i>inae

\ue au;ilia o Ba#ala:o a interpretar as caLas o ,o$o*a*if%

tem o nome e !?u e para os e:es ou fons a cultura 8e,e

essa mesma i>inae é c?amaa e 0eba7 \ue em e:e

si$ni&ca_ ]"i>ino esperto].

3omo poemos o#ser>ar7 nas uas culturas o culto T if% é

#em constante na >ia estes po>os7 pois tanto na Ni$éria

como no anti$o "a?omé7 o estino ini>iual ou coleti>o é

moti>o e muita atenço("estino \ue em =oru#% se

c?ama $dù e em e:e*fon7 aírun+=)7 pois os po>os 8e,es

tam#ém cultua>am os $dùs ou aírun+=.

A#ai;o7 encontram*se i>ul$aos al$uns nomes os os7 eme:e*fon_

P$udá $u $bé$unda em y$rubá

Pl$ssM $u y$r$ssun em y$rubá

Pru$lin $u #arin em y$rubá

Psá $u $ssá em y$rubá

Page 102: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 102/104

PERFIL DO ILE IFÁ

IFÁ é a forma de adivinhação apresentada porOrunmila Ifá. Eistem várias formas de !o"o deIfá# Or$nmila Ifá é uma dessas formas.Orunmila%Ifá é um dos nomes da divindade deIfá& é'ertamente o sistema tradi'ional mais se"uro para a 'onfirmação do (r)s* do 'onsulente# isto

 por+ue# Orunmilá está presente +uando da 'riação do ser humano# e por este motivo é'onhe'ido 'omo Elér,, Ip,n-testemunha a 'riação# é por isso +ue o /a/ala0o +uando !o"a#interpreta as lendas indi'adas pelo Odu de Ifa# para assim dar as respostas ao 'onsulente# dea'ordo 'om a +ueda do Opele%Ifá.Ele é o se"undo /raço de Ol1d$nmaré -Deus 'riador.OD2O Od$ 'ontém os vários 'aminhos determinados# em 3oru/á -ese# aleatoriamentedistri/u,dos# não há o n$mero determinado. 4m Odu pode possuir um# dois# tr5s# +uatroen+uanto outro pode possuir 'in'o 'aminhos e# assim por diante. 6 'ada um deles 'orrespondeuma hist1ria -itan +ue auilia o 7a/ala0o a tradu8ir e dete'tar +uais os pro/lemas e perfil do

'onsulente# indi'ando o e/1 -oferendas ao (r)s* a ser feito 'aso ha!a ne'essidade. 9 atravésdo odu pessoal +ue o sa'erdote poderá dar E:E;<63E -o primeiro passo da pessoa na terra.Isto determinará +ual o oduOrisá-s e0os interdiç=es alimentares e 'omportamentais +uese"uida 'orrente e+uili/rará o destino da pessoa.>O?O :4R@I4 O AO@O DE OR4;?ILÁIFÁ >omo prova de sua indispensa/ilidade é importante men'ionar +ue#+uando Or$nmilá foi enfure'ido por um de seus filhos# deiou a terra e foi para o 'éu -orum.>om a aus5n'ia deOrunmila na terra sur"iram "randes pro/lemas# a ordem natural de todas as'oisas e atividades inverteram%se# +uando então# todas as pessoas re'lamavam e /us'avamalternativas para pa8 e normalidade. Diante dos 'onflitos eistentes#Orunmila novamentevoltou a terra e ao retornar ao orum -'éu# deiou IBin -'aroço sa"rado para o representar aseus filhos servindo tam/ém para en'ontrar soluç=es para todos os pro/lemas eistentes na

terra. 6ssim# podemos di8er +ue IBin é muito mais +ue um simples 'aroço# ele possui etremaimportCn'ia na transmissão do 'onhe'imento de Orunmilapara homens e deuses. IBin é tãoimportante +ue não pode ser visto simplesmente 'omo um 'aroço. Eiste um itan em oru/á+ue fala éni 1 /a fi o!$ GBHr1 0o Orunmila Ifá á pá á -se al"uém pensar +ueOrunmila não émais do +ue s1 um simples 'aroço# Ifá matará a+uela pessoa. 6 literatura de Ifá# +uanto *'ara'ter,sti'a f,si'a# mostra Orunmila 'omo um homem /aiinho e é por isso +ue se falaOBunrin BuBuru OBe I"/eti -um homem J/aiinho da 'idade de I"/eti.ILK IFÁ ILK IFÁ éum dos lu"ares 'riados para 'ultuar Ifá# do +ual fa8em parte vários 7a/ala0os# entre os+uais O"un!imi Ifaronmu 6deronmu +ue lidera o IlG Ifá situado na 'idade de :ão Paulo no7rasil. :e"ue a relação dos demais 7a/ala0os +ue 'omp=em o IlG Ifá- 7a/ala0o :ala0u6disa 6ro"undade -IfaBunle-M 7a/ala0o Iiola ?atanmi -Ifaemi-N 7a/ala0o 6ra/aO"unmola- 7a/ala0o Oesanmi 6"/a 60o- 7a/ala0o IfatoBi Oeemi-Q 7a/ala0oO"unsana 6"/a 6Bin Ifatoosi- Onise"un Oeemi Olo0omo!uore-S Onise"un6deneBan Omo/ola"i-T O!ela/i 6/e"unde -Ele"un ;a sua 'omposição tam/ém eistem asIa OlorisaIa Olorisa 6/iBe <oosiIa Olorisa Omotunde Omoladi -OlosunIa Olorisa6lalaBe 6rinola -OloaIa Olorisa Omo/olanle Inaola!i Os sa'erdotes e sa'erdotisas a'imamen'ionados são responsáveis pelo asG do IlG Ifá. <odas as 'asas se inte"ram formando uma'adeia# em "rupo de IlGs +ue se intera"em apoiando um ao outro.6@7OLE O7E?O U Rai8de ILK IFÁ 7a/á 6deBunle 6deronmu O"un!imi# nome ad+uirido +uando de seu nas'imento#em 'erimVnia pr1pria# tra8endo o si"nifi'ado da tradi'ional fam,lia da >oroa Real em Oo U 6/eoButá e di8 respeito ao Orilé 'om ori"em e li"ação san"W,nea de "eraç=es. 6s ra,8es se

remontam na tradição de pai para filho. 7a/á O"un!imi foi ini'iado aos X anos de idade parao Orisa O"un# em 6/eoButa na Áfri'a# sua terra ;atal# e posteriormente para os mistérios deifá. >onforme asse"ura a tradição de ori"em familiar# é /isneto de O!éla/i# 'ultuadorde E"un"un# neto de IfatoBi e filho 'arnal de Ifaronmu 6deronmu# do mesmo modo#

Page 103: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 103/104

sa'erdote no 'ulto a Ifá. Em resumo# sua des'end5n'ia reli"iosa se identifi'a nas ra,8es +ue'orresponde * "enealo"ia 6fri'ana# nas terras de 6/eoButa# preservando os fundamentos e'onhe'imentos de seus an'estrais. Por determinação de ifá# O"un!imi atravessou o 6tlCnti'o#'he"ando ao 7rasil. <ra8endo sua 'ultura 3oru/á# radi'ou%se na 'idade de :ão Paulo# eatravés de muito esforço foi 'riado o ali'er'e para a 'onstrução e o sur"imento do Ile 6se Ifá.4ma pe+uena reprodução do lu"are!o onde morou na Áfri'a# foi fundado tam/ém a+ui em

:ão Paulo# o I"/o Ifá# !untamente 'om todas as divindades# através de seu 7a/ala0o Y6ra/á:alau 6disá 6ro"undadeY# foi lançada sua pedra fundamental. Ile 6sé If*# deriva%se a palavraY6 'asa de IfáY -a testemunha do Destino e da >riação# termo i'ono"ráfi'o de nossaan'estralidade onde se tradu8 o Odu E!io"/e# no +ual l5%se o YPai de <odos os Odus Y. ;o Ile6sé Ifá se remonta a historia de seus antepassados e nessa linha"em se 'onfirma umase+W5n'ia de ensinamentos e se"redos de muitos des'endentes dando# 'om isso# a eist5n'ia e'ontinuidade a todos os inte"rantes do asé# +ue terão a responsa/ilidade de honrar este'ompromisso em nome de todos os nossos an'estrais.I;I>I6Z[O ;O ILK IFÁ 6 ini'iaçãono Ile Ifá é determinada pelo 7a/ala0o. Eistem duas formas de ini'iação- Ini'iação>omum \ O?O IF6-M Ini'iação para sa'erdote \ 6]O IF6I;I>I6Z[O >O?4?% é"eralmente para a pessoa +ue não vai tornar%se sa'erdote de Ifá# mas pre'isa de Ifá para

mostrar o 'aminho em sua vida e poderá ser do seo mas'ulino ou feminino eistindonenhuma dis'riminação. 6 ini'iação para Orunmila é feita durante o tempo m,nimo de N-tr5s

 podendo 'he"ar a até -de8essete dias# sendo +ue no ter'eiro dia -I<6%F6# OrunmilaIfa revela +ual odu esta pessoa a"ora um-a Omo Ifa# possui v,n'ulo e é através deste odu +ueo /a/ala0o poderá determinar os etutus ru/o +ue esse-a Omo Ifa# deverá re'e/er alémdo OruBo -nome +ue esta passará a ser 'hamada. O/s. 6 este tipo de ini'iação podemsu/meter%se todas as pessoas# pois tanto um/andistas# 'andom/le'istas +uanto 'ristãos emuçulmanos# diri"em%se ao Ile Ifa para pedir a ini'iação. Estes são ini'iados# 'ontudo sema/andonar suas anti"as práti'as reli"iosas. Ifa não é pre'on'eituoso e a/ran"e outros "ruposso'iais# sem desestruturar as suas respe'tivas linha"ens ini'iais. 6::E;<6?E;<O DE IFÁEsta pessoa tem a'esso a Ifa depois da ini'iação através do 60o Ifá# ele re'e/erá o6"ereIfá +ue é o assentamento do Ifa e as orientaç=es a respeito dos Oses +ue poderão ser semanal#mensal ou anual de a'ordo ao Odu da pessoa.Esu Ifa% 6o ini'iar# a pessoa re'e/e tam/ém o assentamento de Esu Ifa e é ne'essário se terassentado por+ue Esu é a $ni'a entidade -Orisa +ue pode a!udar ou pre!udi'ar a pessoa# até o

 pr1prio Ifa é alinhado 'om ele. Depois da ini'iação# a pessoa é responsável pelos seusassentamentos individuais e ela poderá 'ultuá%los so/ as orientaç=es do7a/ala0o.I;I>I6Z[O P6R6 O :6>ERD^>IO6]O IF6 Para esta ini'iação# de +ual+uerforma# é ne'essário +ue se tenha passado primeiro por uma ini'iação em Ifa# para +ue se sai/ao 'aminho da pessoa. 6través do odu +ue sair noI<6 -ter'eiro dia do Ifá é +ue se sa/erá seo-aOmo Ifa será um sa'erdote ou uma sa'erdotisa e se assim o for o 7a/ala0o irá orientá%

lo-a no 'aminho de Ifa# preparando%o-a para o sa'erd1'io.IPI;4D4 é a o/ri"ação feita para Omo Ifa se tornar 60o Ifa# sendo permitido somente aos homens estao/ri"ação.IPI;;4D4; 6]OLORI:6 U é a o/ri"ação feita somente por mulheres# Omo Ifa#+ue serão futuramente Ialorisa# isso +uer di8er +ue ela vai ter o seu Ile Ifa e somente atravésdo odu +ue sair para ela# é poss,vel se determinar o Orisa+ue ela vai ser ini'iada. >onstatado onome doOrisa# é +ue se pode dar o nome de sua 'asa. Por eemplo:e o odu dela é li"adoa Osun# ela vai ser ini'iada na Osun e a 'asa dela poderá se 'hamar Ilé Olosun. O/s Ela pode

 por determinação ou re"ra da sua 'asa mandar o filho ou a filha passar ou não por Ifá antesdo Orisa.Em nossa tradição não se ini'ia a outros Orisássem passar pela ini'iaçãode Orunmila Ifa. 6ssim# os Olorisas +ue possuem tal 'aminho no 'ulto dos Orisas# devemsempre# antes de ini'iar seus Ele"uns# 3aos# Oes# 6laan# passá%los pela ini'iação do Ifá para

 poderem o/ter o Odu individual deste adepto e através do 7a/ala0o serem orientados so/re+ual o melhor 'aminho da ini'iação do-s filho-s.>4?PRI?E;<O ;O ILK IFÁ _uandouma pessoa se torna 7a/ala0osi"nifi'a +ue Ifá está en'ostado nele e é ele +uem enfrenta

Page 104: Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

8/11/2019 Aquele Que Leva o Sacrifício Elebo

http://slidepdf.com/reader/full/aquele-que-leva-o-sacrificio-elebo 104/104

+ual+uer ne"atividade +ue o 'onsulente ou Omo Ifa 'arre"a# por isto ele mere'e um "randerespeito e não pode ser 'hamado pelo nome. 6 partir do momento +ue ele é preparado para

 /ri"ar por sua li/erdade# ele torna%se seu pai e deve ser 'hamado de 7a/a a/reviação de7a/ala0o. O/s. Ele não pode ser 'hamado pelo nome. >umprimento no dia a dia 7a/a#6/oru /oe<radução7a/a# saudaçãoResposta do 7a/a6 /oe /osise 6 "/o ato<radução<udo de /om pra vo'5# tenha /oa sa$de e prosperidade.-@eralmente 'om a 'a/eça

no 'hão.6 /oru6 /oe6 /osise