aquecimentos por indução 2

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  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    REDEMATREDE TEMTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

    UFOP CETEC UEMG

    DISSERTAO DE MESTRADO

    "Efeito dos Parmetros de Austenitizao sobre aMicroestrutura e as Propriedades do Ao SAE4130

    Submetido a Tratamentos Trmicos por InduoEletromagntica"

    Autor: Marciano Quites MacedoOrientador: Prof. Fernando Gabriel da Silva Arajo

    Co-orientador: Prof. Andr Barros Cota

    Maio de 2007

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    REDEMATREDE TEMTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAISUFOP CETEC UEMG

    Marciano Quites Macedo

    "Efeito dos Parmetros de Austenitizao sobre a Microestruturae as Propriedades do Ao SAE4130 Submetido a Tratamentos

    Trmicos por Induo Eletromagntica "

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa

    de Ps-Graduao em Engenharia de Materiais da

    REDEMAT, como parte integrante dos requisitos

    para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia

    de Materiais.

    rea de concentrao: Processos de FabricaoOrientador: Prof. Fernando Gabriel da Silva Arajo

    Co-orientados: Prof. Andr Barros Cota

    Ouro Preto, junho de 2007

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    Catalogao:[email protected]

    M141e Macedo, Marciano Quites.Efeito dos parmetros de austenitizao sobre a microestrutura e as

    propriedades do ao SAE4130 submetido a tratamentos trmicos por

    induo eletromagntica [manuscrito] / Marciano Quites Macedo 2007.

    82 f.: il., graf., tabs.

    Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel da Silva Arajo.

    Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Rede

    Temtica em Engenharia de Materiais.

    rea de concentrao: Processo de fabricao.

    1. Induo eletromagntica - Teses. 2. Ao - Teses. 3. Ao -Ferramenta - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto.

    II. Ttulo.

    CDU: 669.1

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    Dedico este trabalho aos meus pais que

    sempre me aliceraram para que euconclusse cada etapa da minha vida com

    sucesso. Dedico tambm minha amada

    Aracely, que me apoiou durante todo o

    trabalho, e ao meu filho Danilo, que tornou a

    minha vida mais iluminada.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao Professor Fernando Gabriel pela confiana, ateno e conhecimentos que me

    foram passados.Ao Professor Andr Cota que contribuiu enormemente compartilhando seus

    conhecimentos;

    Ao Eng. Ronaldo Eisele, Diretor de Logstica da Geosol,por todo o apoio que me foi

    cedido.

    Ao Eng. Carlos Roberto Ferreira, pelos conhecimentos passados durante todo o

    trabalho.

    Dra. Margareth S. Andrade e aos senhores Thiago Filipe e Francisco Henrique, dosetor de Tecnologia Metalrgica do CETEC, pela realizao dos ensaios de dilatometria;

    Ao Eng. Luciano Machado e ao Sr. Fbio Jacob Ferreira, por toda a ajuda na

    preparao e execuo do trabalho;

    Geosol Ltda e Fundao Victor Dequech pelo incentivo e apoio pesquisa ;

    Fundao Gorceix, REDEMAT e Finep que tornaram possvel, atravs do

    convnio com a Geosol e a Fundao Victor Dequech, a realizao deste trabalho;

    Aos funcionrios do laboratrio do departamento de engenharia metalrgica emateriais, Ivete, Graciliano e Sidney;

    Aos funcionrios da oficina da Geosol pela boa vontade em ajudar.

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    ndice

    Agradecimentos.......................................................................................................................... 2

    ndice de tabelas ......................................................................................................................... 9Lista de notaes ...................................................................................................................... 10

    Resumo..................................................................................................................................... 12

    Abstract .................................................................................................................................... 13

    1. Introduo......................................................................................................................... 14

    2. Objetivos .......................................................................................................................... 15

    3. Reviso Bibliogrfica ....................................................................................................... 15

    3.1. Princpios bsicos de aquecimento por induo .................................................... 153.2. Influncia da transferncia de calor e parmetros eletromagnticos......................... 21

    3.3. Tmpera e Revenimento .................................................................................... 22

    3.4. Os princpios de metalurgia do tratamento trmico por induo eletromagntica ...... 25

    3.5. A formao da austenita ..................................................................................... 27

    3.6. A martensita e a sua correlao com a austenita .................................................... 35

    3.7. O controle do tamanho de gro austentico ........................................................... 38

    3.8. Dilatometria...................................................................................................... 414. Materiais e mtodos ......................................................................................................... 43

    4.1. Material ........................................................................................................... 43

    4.2. Determinao das temperaturas crticas de formao da austenita no aquecimento

    contnuo em altas taxas de aquecimento ..................................................................... 43

    4.3. Tratamentos trmicos......................................................................................... 44

    4.4. Ensaios de dureza .............................................................................................. 44

    4.5. Ensaio de trao ................................................................................................ 45

    4.6. Determinao do tamanho de gro austentico e quantidade de ferrita no transformada

    .............................................................................................................................. 46

    5. Resultados e discusses.................................................................................................... 48

    5.1. Microestrutura do ao estudado no estado de entrega ............................................ 48

    5.2. Temperaturas crticas de formao da austenita no aquecimento contnuo em altas

    taxas de aquecimento ............................................................................................... 49

    5.3. Avaliao do tamanho de gro austentico prvio e quantidade de ferrita no

    transformada ........................................................................................................... 53

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    4

    5.4. Perfil de dureza Vickers ao longo do comprimento das amostras ............................ 62

    5.5. Perfil de microdureza Vickers ao longo da espessura das mostras ........................... 65

    5.6. Limite de resistncia, limite de escoamento e alongamento percentual .................... 69

    6. Concluses ....................................................................................................................... 77

    7. Sugestes para trabalhos futuros ...................................................................................... 79

    8. Referncias Bibliogrficas. .............................................................................................. 80

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    5

    ndice de figuras

    Figura 3.1. Sistema convencional de aquecimento por induo constitudo de uma pea

    cilndrica envolvida por uma bobina de vrias espiras. [2] ......................................... 16Figura 3.2. Resistividade eltrica de aos (.m) em funo da temperatura [2]. ................ 18

    Figura 3.3. Distribuio da intensidade do campo magntico (H) e da permeabilidade

    magntica relativa () ao longo de um cilindro homogneo de ao carbono[2]. ............ 19

    Figura 3.4. Variao tpica da profundidade de penetrao de corrente durante o aquecimento

    por induo em uma pea de ao carbono[2]. ........................................................... 19

    Figura 3.5. Distribuio da corrente em barras condutoras devido ao efeito de proximidade [2].

    .......................................................................................................................... 20Figura 3.6. Efeito de anel em condutores (a) retangulares e (b) cilndricos. [2] ..................... 21

    Figura 3.7. Perdas de calor por conveco e por radiao em aquecimento por induo [6]. .. 22

    Figura 3.8. Deslocamento do tomo de ferro devido ao tomo de carbono na martensita[8]. . 23

    Figura 3.9. Diagrama esquemtico das operaes de tmpera e revenido[7]. ....................... 24

    Figura 3.10. Variao da resistncia a trao e limite de escoamento com a temperatura de

    revenimento[11]..................................................................................................... 27

    Figura 3.11. Efeito da temperatura de austenitizao na taxa de formao da austenita a partirde uma microestrutura perltica em um ao eutetide[8]. ........................................... 28

    Figura 3.12. Diagrama do equilbrio ferro-carbono [2] ..................................................... 29

    Figura 3.13. Stios de nucleao da austenita na microestrutura da perlita, onde a ferrita,

    cementita e a austenita[8]................................................................................ 30

    figura 3.14. Stios de nucleao da austenita na microestrutura constituda de cementita

    esferoidizada em matriz ferrtica, onde a ferrita, cementita e a austenita[8]. . 31

    Figura 3.15. Taxa de formao da austenita em funo da temperatura, para duas taxas deaquecimento. V a frao volumtrica de austenita e Af a temperatura de incio de

    transformao da ferrita em austenita[15]. ................................................................ 34

    Figura 3.16. Diviso progressiva de um gro austentico pelas placas de martensita[16] ....... 36

    Figura 3.17. Correlao entre tamanho de pacote de martensita e tamanho de gro

    austentico[8] ........................................................................................................ 37

    Figura 3.18. Aumento na resistncia da martensita com a diminuio do tamanho dos pacotes,

    D. A linha superior para martensita com Fe-0,2%C; a linha inferior para martensitacom Fe-Mg [8] ...................................................................................................... 38

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    6

    Figura 3.19. Tamanho de gro austentico como funo da temperatura de austenitizao para

    aos de granulao fina e grosseira[8]...................................................................... 39

    Figura 3.20. Efeito da concentrao de alumnio na temperatura de crescimento de gro da

    austenita[8]. .......................................................................................................... 40

    Figura 3.21. Variao da porcentagem por volume do AlN como funo da temperatura em

    ao doce contendo 0,01% de nitrognio e alumnio como mostrado. As temperaturas de

    crescimento so indicadas pelas setas[8]. ................................................................. 40

    Figura 3.22. Curva de dilatao trmica de um ao baixo carbono (Fe-0,11C-0,50Mn) obtida a

    uma taxa de aquecimento de 0,05C/s[18]. ............................................................... 41

    Figura 4.1. Esquema mostrando como foram retiradas as amostras para o ensaio de dureza

    Vickers. .............................................................................................................. 45

    Figura 4.2. Corpo de prova para ensaio de trao. ........................................................... 45

    Figura 4.3. Esquema mostrando como foram retirados os corpos de prova para os ensaios de

    trao.................................................................................................................. 46

    Figura 5.1 Imagem de microscopia tica do ao SAE4130 no estado de entrega; amostra

    atacada com nital, com concentrao 2%, durante 20s: a) ampliao de 500x; b)

    ampliao de 200x. .............................................................................................. 48

    Figura 5.2. Curvas dilatomtricas L=f(T), do ao SAE4130, para o aquecimento contnuo,

    para as taxas de 10, 30, 50, 70 e 90C/s. ................................................................ 49

    Figura 5.3. Derivadas das curvas dilatomtricas (dL/dT=f(T) ) do ao SAE4130, para o

    aquecimento contnuo, e taxas de 10, 30, 50, 70 e 90C/s. ........................................ 50

    Figura 5.4. Curva dilatomtrica L=f(T) do ao em estudo para o aquecimento contnuo para

    a taxa de 10C/s e sua derivada (dL/dT=f(T) )....................................................... 51

    Figura 5.5. Variao das temperaturas Ac1 e Ac3 em funo da taxa de aquecimento, para o

    ao SAE4130....................................................................................................... 52

    Figura 5.6. Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico detmpera e revenimento por induo eletromagntica; amostras atacadas com soluo

    contendo 2g de cido pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10

    gotas de teepol, durante 4 minutos: a) 850C durante 15s; b) 850C durante 25s; c)

    850C durante 35s; d) 850C durante 45s. .............................................................. 54

    Figura 5.7. Imagem de microscopia tica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica; amostras atacadas com soluo

    contendo 2g de cido pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10gotas de teepol durante 4 minutos: a) 900C durante 15s; b) 900C durante 25s; c) 900C

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    7

    durante 35s; d) 900C durante 45s. ........................................................................ 55

    Figura 5.8. Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica; amostras atacadas com soluo

    contendo 2g de cido pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10

    gotas de teepol durante 4 minutos: a) 950C durante 15s; b) 950C durante 25s; c) 950C

    durante 35s; d) 950C durante 45s. ........................................................................ 56

    Figura 5.9. Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica; amostras atacadas com soluo

    contendo 2g de cido pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10

    gotas de teepol durante 4 minutos: a) 1000C durante 15s; b) 1000C durante 25s; c)

    1000C durante 35s; d) 1000C durante 45s. ........................................................... 57

    Figura 5.10. Variao do tamanho de gro austentico prvio do ao SAE4130 submetido a

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica: a) em funo do tempo de induo;

    b) em funo da temperatura de austenitizao. ....................................................... 58

    Figura 5.11.Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica, atacado com nital a 2%, durante

    20s, onde indica a ferrita no transformada e M a martensita revenida: a) 850C

    durante 15s; b) 850C durante 25s; c) 850C durante 35s; d) 850C durante 45s. ........ 60

    Figura 5.12. Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica, atacado com nital a 2%, durante

    20s, onde indica a ferrita no transformada e M a martensita revenida: a) 900C

    durante 15s; b) 900C durante 25s. ........................................................................ 61

    Figura 5.13. Variao da frao volumtrica de ferrita no ao SAE4130, aps tratamento

    trmico de tmpera e revenimento por induo eletromagntica, em funo do tempo de

    induo. .............................................................................................................. 61

    Figura 5.14. Grficos mostrando o perfil de dureza ao longo do comprimento de amostrastubulares de ao SAE4130, temperados e revenidos por induo eletromagntica, para

    cada temperatura, nos tempos de induo de: a) 15s; b) 25s; c) 35s; d) 45s. ................ 63

    Figura 5.15. Desvio padro dos valores de dureza, para a regio entre 0,5 e 10cm da

    extremidade, das amostras de ao SAE4130 temperadas e revenidas por induo

    eletromagntica: a) como funo do tempo de induo; b) como funo da temperatura.

    .......................................................................................................................... 64

    Figura 5.16. Distribuio de microdureza ao longo da espessura das paredes das amostrastubulares de ao SAE4130, em funo da distncia da parte externa, para a temperatura

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    de austenitizao por induo eletromagntica de 850C, nos tempos de induo de: a)

    15s; b) 25s; c) 35s; d) 45s ..................................................................................... 65

    Figura 5.17. Distribuio de microdureza ao longo da espessura das paredes das amostras

    tubulares de ao SAE4130, em funo da distncia da parte externa, para a temperatura

    de austenitizao por induo eletromagntica de 900C, nos tempos de induo de: a)

    15s; b) 25s; c) 35s; d) 45s. .................................................................................... 66

    Figura 5.18. Distribuio de microdureza ao longo da espessura das paredes das amostras

    tubulares de ao SAE4130, em funo da distncia da parte externa, para a temperatura

    de austenitizao por induo eletromagntica de 950C, nos tempos de induo de: a)

    15s; b) 25s; c) 35s; d) 45s ..................................................................................... 67

    Figura 5.19. Distribuio de microdureza ao longo da espessura das paredes das amostras

    tubulares de ao SAE4130, em funo da distncia da parte externa, para a temperatura

    de austenitizao por induo eletromagntica de 1000C, nos tempos de induo de: a)

    15s; b) 25s; c) 35s; d) 45s ..................................................................................... 68

    Figura 5.20. Grfico tenso-deformao para amostra do ao SAE4130, austenitizada a 850C

    durante 15s, em tratamento de tmpera e revenimento por induo eletromagntica. ... 69

    Figura 5.21. Variao do limite de resistncia de amostras tubulares de ao SAE4130

    temperadas e revenidas por induo eletromagntica: a) em funo do tempo de induo;

    b) em funo da temperatura. ................................................................................ 70

    Figura 5.22. Variao do limite de escoamento de amostras tubulares de ao SAE4130

    temperadas e revenidas por induo eletromagntica: a) em funo do tempo de induo;

    b) em funo da temperatura. ................................................................................ 72

    Figura 5.23. Variao do alongamento total de amostras tubulares de ao SAE4130

    temperadas e revenidas por induo eletromagntica: a) em funo do tempo de induo;

    b) em funo da temperatura. ................................................................................ 74

    Figura 5.24. Variao do alongamento uniforme de amostras tubulares de ao SAE4130temperadas e revenidas por induo eletromagntica: a) em funo do tempo de induo;

    b) em funo da temperatura. ................................................................................ 75

    Figura 5.25. Variao do produto do limite de resistncia pelo alongamento total, em funo

    da temperatura de austenitizao, para cada tempo de induo, de amostras tubulares de

    ao SAE4130 temperadas e revenidas por induo eletromagntica. .......................... 76

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    9

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 4.1. Composio qumica do ao SAE 4130, % em peso.............................................43

    Tabela 5.1. Temperaturas crticas de formao da austenita (Ac1 e Ac3) para o aquecimentocontnuo para diferentes taxas de aquecimento para o ao SAE 4130......................................51

    Tabela 5.2. Desvio padro dos valores de microdureza ao longo da espessura das amostras

    tratadas termicamente...............................................................................................................69

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    LISTA DE NOTAES

    Ac1- Temperatura de incio de formao da austenita;

    Ac3- Temperatura de final de formao da austenita;Af- Temperatura de incio da transformao da ferrita em austenita;

    AL- Alongamento percentual;

    D- Tamanho dos pacotes de martensita;

    f- Freqncia do campo magntico alternado da bobina;

    G- Velocidade de crescimento de gro;

    H- intensidade do campo magntico;

    HTW- Tipo de haste para sondagem geolgica (H referente ao dimetro externo da hasteque de 91mm, o W referente rosca que do tipo cnica com perfil trapezoidal e o T

    para especificar que uma rosca fina (thin));

    HV- Dureza Vickers;

    I- Intensidade de corrente eltrica;

    L0- Comprimento inicial da amostra de dilatometria;

    LE- Limite de escoamento;

    LR- Limite de resistncia;M- Martensita;

    Mf- Temperatura de final de formao da martensita;

    Mi- Temperatura de incio de formao da martensita;

    N- Taxa de nucleao;

    P- Perlita;

    r- Raio do primeiro ncleo formado;

    R- Resistncia eltrica;tx- Taxa de aquecimento;

    Tc- Temperatura de Curie;

    V0- Frao volumtrica de ferrita no transformada;

    V- Frao volumtrica de austenita;

    X- Frao volumtrica da fase nucleada;

    - Ferrita;

    - Profundidade de penetrao de corrente;L- Dilatao trmica da amostra de dilatometria;

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    - Austenita;

    - Permeabilidade magntica da pea;

    0- Permeabilidade magntica no vcuo;

    r- Permeabilidade magntica relativa;- Cementita;

    - Resistividade eltrica da pea;

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    RESUMO

    No tratamento trmico por induo eletromagntica, a correlao entre o tipo de ao

    tratado, os parmetros utilizados e as propriedades finais obtidas ainda pouco conhecida.Para fazer tal correlao, no presente trabalho, foram inicialmente determinadas as

    temperaturas crticas de incio e fim de formao da fase austenita no aquecimento rpido, de

    um ao SAE4130, atravs de ensaios de dilatometria. Foi feita a anlise das variaes da

    microestrutura atravs de microscopia ptica e as propriedades mecnicas foram medidas

    atravs de ensaios de dureza e trao, de amostras tratadas por induo eletromagntica. As

    amostras analisadas foram austenitizadas a 850, 900, 950 e 1000 C, durante 15, 25, 35 e 45 s

    de induo, temperadas e revenidas a 500C durante 15s. A temperatura de incio de formaoda austenita (Ac1), praticamente no variou quando a taxa de aquecimento aumentou de 10

    C/s para 90 C/s. A temperatura de final de formao da austenita (Ac3) aumentou de 920 C

    para 1035 C quando a taxa de aquecimento aumentou de 10 C/s para 90 C/s. O tamanho

    mdio dos gros austenticos prvios aumentou em funo do aumento do tempo de induo e

    do aumento da temperatura de austenitizao. Para o tratamento trmico por induo

    eletromagntica, o tempo de induo de corrente tem uma influncia menor nas propriedades

    mecnicas, quando comparado com o aumento da temperatura de austenitizao. O aumentoda temperatura proporcionou uma melhora das propriedades mecnicas, ou seja, para

    temperaturas maiores, foram obtidos maiores valores de resistncia a trao, alongamento

    total e uniforme, alm de uma distribuio de dureza mais homognea ao longo regio tratada

    termicamente das amostras tubulares.

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    13

    ABSTRACT

    In the heat treatment by electromagnetic induction, the correlation between the type of

    treated steel, the parameters utilized and the final properties obtained, are still little known. To

    make such a correlation, the present work initially determined the critical temperatures for the

    beginning and end of austenite formation of a SAE4130 steel, for high heating rates, by

    dilatometric analysis. The evolution of the microstructures of samples treated by induction

    heating were examined by optical microscopy and their mechanical properties were measured

    by hardness and tensile tests. The samples were quenched after austenitizing by induction at

    850, 900, 950 and 1000C, during 15, 25, 35 and 45s, for each temperature, and tempered at

    500C during 15s. The temperature for the beginning of austenite formation (Ac1) did not

    change when the heating rate was increased from 10C/s to 90C/s. The temperature for the

    end of austenite formation (Ac3) increased from 920C to 1035C when the heating rate was

    increased from 10C/s to 90C/s. The prior austenite average grain size increased with the

    induction time and with the austenitization temperature. For the induction heat treatment, the

    time of current induction has less influence on the mechanical properties than the increase in

    the austenitization temperature. The temperature increase improved the mechanical properties,

    with higher values for the tensile strength, total and uniform elongation, together with a more

    homogeneous distribution of the hardness through the length of the heat treated regions of the

    tube samples.

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    14

    1.INTRODUO

    A tecnologia de tratamento trmico por induo eletromagntica de materiais,

    utilizada em campos diversos da engenharia, vem sendo aplicada no setor mineral e,especificamente, nas hastes para sondagem geolgica.

    Os tratamentos trmicos visam modificar as principais propriedades fsicas e

    mecnicas dos materiais metlicos, sendo os aos aqueles que melhor respondem a tais

    processos, resultando, mediante processos especficos de tratamento, em produtos mais

    resistentes abraso e ao desgaste, alm de uma boa resistncia ao choque.

    O aquecimento a alta velocidade proporcionado pela induo eletromagntica altera

    sensivelmente as temperaturas de transformao dos aos e, conseqentemente, suasmicroestruturas. Outro fator importante a ser considerado est relacionado ao tipo de ao que

    se deseja tratar, uma vez que diferentes microestruturas iniciais e diferentes teores de carbono

    e de elementos de liga influenciam a microestrutura austentica produzida, assim como os

    produtos de sua tmpera e revenimento.

    A correlao entre tipos de aos tratados, parmetros de tratamento trmico por

    induo eletromagntica e as propriedades finais obtidas que promover a compreenso

    inicial dos fenmenos envolvidos e constitui uma importante investigao para a rea detratamentos trmicos.

    Com ensaios que permitam tal correlao, neste trabalho foi dada continuao a

    desenvolvimentos tecnolgicos da parceria entre a REDEMAT, a Fundao Gorceix e a

    Geosol, nos quais foram estabelecidos os parmetros timos de tratamento trmico por

    induo de tubos dos aos SAE1045 e SAE4130, para a fabricao de hastes de sondagem

    geolgica.

    As amostras para a realizao do trabalho foram retiradas de tubos do ao SAE4130

    que possuem as dimenses adequadas para a fabricao das hastes HTW, onde o H referente

    ao dimetro externo da haste que de 91mm, o W referente rosca que do tipo cnica

    com perfil trapezoidal e o T para especificar que uma rosca fina (thin)

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    2.OBJETIVOS

    Geral

    Correlacionar os parmetros dos tratamentos trmicos de tmpera e revenimento porinduo eletromagntica microestrutura e conseqentemente s propriedades

    mecnicas finais do ao SAE4130.

    Especficos

    Otimizar o tratamento trmico por induo eletromagntica das extremidades de tubos

    de ao, para a utilizao como hastes de sondagem do tipo HTW.

    Aumentar a vida til de hastes em operaes de sondagem geolgica, uma vez que ahaste termicamente tratada tem durao de quatro a seis vezes maior que a haste no

    tratada.

    3.REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1.PRINCPIOS BSICOS DE AQUECIMENTO POR INDUO

    Uma corrente eltrica alternada circulando atravs de um condutor produz sempre um

    campo magntico volta deste condutor. Se a corrente circula em um condutor em forma de

    espiral e introduz-se um corpo metlico no campo magntico no interior do espiral, este

    campo cria no metal uma fora eletromotriz induzida que produz uma corrente eltrica

    (correntes parasitas ou de Foucault), em sentido tal que produzam, por sua vez, um campo

    magntico induzido que se ope variao do fluxo magntico da bobina [1].

    A esta corrente podemos associar perdas por efeito Joule (P=I2R), que faro com que a

    energia injetada no sistema para criar campo magntico ser, em grande parte, transformada

    em calor [1].

    Alm deste efeito de aquecimento, devido as perdas por efeito Joule, um outro

    fenmeno acontece causado pelas chamadas perdas por histerese. Os elementos

    ferromagnticos, possuindo uma permeabilidade magntica relativa >> 1, apresentam este

    efeito num campo alternado. Ele resulta do fato do material magntico ser composto por

    minsculos ms elementares dispostos ao acaso. No campo magntico alternado da bobina de

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    induo estes so obrigados a mudar continuamente a sua orientao, ao ritmo da freqncia

    da corrente que circula na bobina. Esta mudana de direo provoca uma quantidade de calor

    que aumenta com a elevao da freqncia, mas mesmo para freqncias elevadas este

    aquecimento consideravelmente fraco, por comparao com a quantidade de calor devido s

    perdas por efeito Joule, pois estas aumentam com o quadrado da freqncia.

    As perdas por histerese aparecem at o ponto de Curie. Prximo a este ponto e acima

    dele a permeabilidade magntica relativa do material decresce ento para 1, enquanto que em

    temperaturas menores que a temperatura de Curie elevada[1].

    Um sistema de aquecimento por induo convencional, que consiste em uma pea

    cilndrica envolvida por uma bobina de induo de vrias espiras, mostrado na figura 3.1.

    Figura 3.1. Sistema convencional de aquecimento por induo constitudo de uma pea

    cilndrica envolvida por uma bobina de vrias espiras. [2]

    Devido a fenmenos eletromagnticos, a distribuio de corrente dentro do indutor e

    da pea no uniforme. Esta no uniformidade da fonte de calor resulta em um perfil de

    temperatura no uniforme na pea. Uma distribuio de corrente no uniforme pode ser

    causada por fenmenos eletromagnticos complexos, incluindo: efeito superficial, efeito de

    proximidade e efeito de anel. Estes efeitos tm um importante papel na compreenso do

    fenmeno aquecimento por induo [2].

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    3.1.1.EFEITO SUPERFICIAL

    Quando uma corrente alternada atravessa um condutor, a distribuio de corrente no

    uniforme. O valor mximo da densidade de corrente sempre estar localizado na superfciedo condutor e diminuir da superfcie para o seu interior (em direo ao centro). Este

    fenmeno de distribuio de corrente no uniforme dentro de uma seo atravs do condutor

    chamado de efeito superficial. Este efeito sempre ocorre em condutores isotrpicos na sua

    seo reta, sendo tambm encontrado na pea localizada dentro da bobina (figura 3.1).

    Devido ao efeito superficial, aproximadamente 86% da corrente concentra-se na

    camada superficial do condutor, em uma regio chamada de camada de referncia ou de

    penetrao, de profundidade . Em corrente alternada, o grau do efeito superficial depende da

    freqncia da corrente alternada e de propriedades do material aquecido, como resistividade

    eltrica e permeabilidade magntica relativa[2].

    O efeito superficial pode ser descrito por uma equao diferencial, cuja soluo

    demonstra que a corrente induzida em uma superfcie plana reduz exponencialmente em

    direo ao centro da pea. A profundidade de penetrao de corrente em determinada pea em

    tratamento definida pelo limite no qual a densidade de corrente alcana 37% do valor obtido

    na superfcie[3,4], conforme pode ser calculado pela equao 3.1. [5]

    =(/ (. 0.. f) )1/2 3.1

    sendo:

    = profundidade de penetrao.

    = resistividade eltrica da pea.

    0 = permeabilidade magntica no vcuo.

    = permeabilidade magntica da pea.

    f = freqncia do campo magntico alternado da bobina.

    Para os aos, pode-se considerar que, acima do ponto Curie, a profundidade () de

    penetrao da corrente, em mm, aproximadamente:

    = 500/f1/2 3.2

    onde f a freqncia da corrente em Hertz.

    Na camada com essa espessura, dispende-se aproximadamente 87% de toda

    energia calorfica. Conseqentemente, a profundidade de penetrao da corrente, , diminui

    com a elevao de sua freqncia.

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    Na utilizao do efeito de superfcie, est baseado o aquecimento por induo de

    elevada freqncia para a tmpera superficial.

    Nos clculos prticos, a permeabilidade magntica de uma pea no magntica, ,

    prxima do ar e assume valor 1. Isto se aplica tambm para aos acima da temperatura de

    Curie. A permeabilidade magntica relativa de aos magnticos comumente usada em

    aquecimento por induo pode variar de pequenos valores de r (r=2 ou 3)a valores muito

    altos de r (acima de 500), dependendo da intensidade do campo magntico H e da

    temperatura[2]. A resistividade eltrica () dos materiais uma funo da temperatura, como

    ilustrado para aos na figura 3.2. Durante o ciclo de aquecimento, a resistividade eltrica dos

    aos pode aumentar o seu valor de 4 a 5 vezes em relao ao valor inicial.

    Figura 3.2. Resistividade eltrica de aos (.m) em funo da temperatura [2].

    Similar distribuio da corrente, a intensidade do campo magntico apresenta valor

    mximo na superfcie da pea com queda exponencial em direo ao centro, como mostradona figura 3.3. A permeabilidade magntica tambm varia dentro do corpo magntico. Com o

    aumento da distncia da superfcie, aumenta e, aps atingir seu valor mximo, em H=Hcrtico

    (campo magntico), torna a reduzir, como mostra a figura 3.3[2].

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    R a i o d o c i l in d r o d e a o c a r b o n o

    H

    H

    s u p e r f c i e c e n t r o

    Figura 3.3. Distribuio da intensidade do campo magntico (H) e da permeabilidade

    magntica relativa () ao longo de um cilindro homogneo de ao carbono[2].

    A profundidade de penetrao tambm funo da temperatura. No incio do ciclo de

    aquecimento, a penetrao de corrente dentro do ao aumenta, devido ao aumento da

    resistividade eltrica do metal com a temperatura, figura 3.4. Prximo da temperatura crtica

    Tc (temperatura de Curie) a permeabilidade cai drasticamente, para uma unidade, pois o metal

    se torna paramagntico, aumentando ainda mais a profundidade de penetrao. Aps o

    aquecimento acima da temperatura crtica Tc, a profundidade de penetrao continuar a

    aumentar devido ao aumento na resistividade eltrica do metal, entretanto, a razo de

    crescimento no ser to significativa, quanto a que ocorre na transio atravs da

    temperatura de Curie[2].

    Figura 3.4. Variao tpica da profundidade de penetrao de corrente durante o aquecimento

    por induo em uma pea de ao carbono[2].

    A variao de em uma pea de ao, durante o tratamento trmico por induo, muda

    drasticamente o grau do efeito superficial. Este fator de grande importncia no projeto de

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    um equipamento de induo para tmpera de ao, onde a diferena de temperatura superfcie-

    centro primeiramente um resultado do efeito superficial [2].

    3.1.2.E

    FEITO ELETROMAGNTICO DE PROXIMIDADE

    Quando ocorre um fluxo de corrente em direes opostas, atravs de dois condutores

    paralelos, um forte campo magntico se forma na regio entre estes, figura 3.5. As linhas do

    campo magntico, que so produzidas nas barras paralelas, tm a mesma direo, fazendo

    com que o campo magntico resultante entre as barras seja muito forte. Se as correntes tm a

    mesma direo, ento as linhas do campo magntico tm direes opostas na rea entre as

    barras, e assim elas se cancelam. O aumento da distncia entre as barras diminui a potncia do

    efeito de proximidade[2].

    (a) opostas (b) similares

    Sentido da corrente

    Intensidade docampo magntico

    Figura 3.5. Distribuio da corrente em barras condutoras devido ao efeito de proximidade[2].

    Os sistemas de induo consistem de dois condutores: um o indutor que transporta a

    corrente da fonte e o outro a pea localizada prxima ao indutor. Correntes parasitas so

    induzidas na pea por um campo magntico alternado externo. Devido aos efeitos deproximidade, as correntes da bobina e as induzidas na pea se concentraro nas reas faciais

    de uma a outra.

    3.1.3.EFEITO DE ANEL ELETROMAGNTICO

    Se a barra de conduo curva, em forma de anel, como mostrado na figura 3.6,

    ocorrer tambm a redistribuio da corrente. As linhas de fluxo magntico se concentrarodentro do anel e assim a densidade do campo magntico ser alta nessa regio. Como

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    resultado, a maior parte da corrente fluir dentro de uma fina camada superficial interna. Este

    efeito de anel similar ao efeito de proximidade e provoca a concentrao da corrente na

    superfcie interna da bobina de induo. [2]

    (a) (b)

    Figura 3.6. Efeito de anel em condutores (a) retangulares e (b) cilndricos. [2]

    3.2. INFLUNCIA DA TRANSFERNCIA DE CALOR E PARMETROS

    ELETROMAGNTICOS

    A natureza do aquecimento por induo uma combinao de dois fenmenos:

    transferncia de calor e induo de corrente. Eles esto rigorosamente inter-relacionados,

    porque as propriedades fsicas rigorosamente dependem dos dois fenmenos, intensidade docampo magntico e temperatura [6].

    No aquecimento por induo, as trs formas de transferncia de calor esto presentes:

    conduo, conveco e radiao. Em geral, os problemas de conduo de calor transiente na

    pea condutora podem ser descritos pela equao de Fourier. Devido ao fenmeno de

    transferncia de calor por conduo, o calor conduzido da regio de alta temperatura da pea

    em direo regio de baixa temperatura. A razo de transferncia de calor proporcional ao

    gradiente de temperatura e condutividade trmica do material. Devido ao comportamentono constante das propriedades trmicas da pea, tal como condutividade trmica e calor

    especfico, o problema de transferncia de calor no linear. O projeto da bobina baseado na

    aproximao bruta da condutividade trmica pode conduzir a erros significativos na previso

    do perfil de temperatura com a pea [6].

    Aproximao no exata do calor especfico pode no somente induzir a perfis de

    temperatura incorretos, mas pode tambm criar um erro significante na escolha da potncia

    requerida.

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    Geralmente os problemas de aquecimento por induo so afetados por perda de calor

    por conveco e radiao. Perdas de calor pela superfcie da pea so distintamente variveis

    devido ao comportamento no constante das perdas por conveco e especialmente as perdas

    por radiao. Em anlises feitas para baixa temperatura, de aplicaes de aquecimento por

    induo (aquecimento por induo do alumnio, chumbo, zinco, estanho, magnsio, etc),

    perdas por conveco so uma parte significante da perda total de calor. Porm, em aplicaes

    a alta temperatura (tal como aquecimento por induo do ao carbono, titnio, tungstnio,

    nquel, etc) perdas por radiao so a maior parte das perdas de calor.

    A figura 3.7 mostra as perdas de calor por conveco e radiao no aquecimento por

    induo, com o aumento de temperatura[6].A figura revela que, devido s perdas por radiao,

    altas temperaturas diminuem fortemente a eficincia do processo.

    Figura 3.7. Perdas de calor por conveco e por radiao em aquecimento por induo [6].

    Transferncias de calor por radiao e conveco so usualmente fatores negativos no

    processo de aquecimento por induo convencional, porque eles refletem o valor da perda de

    calor. Alm disto como um resultado desses fatores, no aquecimento por induo da pea,

    ocorre o indesejvel perfil no uniforme de temperatura[6].

    3.3.TMPERA E REVENIMENTO

    3.3.1.TMPERA

    A tmpera do ao visa a obteno da estrutura martenstca, atravs do resfriamentorpido, acima da velocidade crtica de resfriamento, a partir da temperatura de austenitizao.

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    A martensita de um ao comum uma soluo slida super-saturada de carbono em

    ferro alfa, o que provoca uma distoro do reticulado cbico centrado, transformando-o em

    tetragonal, gerando discordncias e tenses internas de grande intensidade [7]. Esta distoro

    no retculo cristalino do ferro torna o movimento de discordncias muito difcil e

    considerada como a maior responsvel pelas altas resistncia e dureza da martensita [8]. A

    figura 3.8 mostra esquematicamente um exemplo da distoro do reticulado do cristalino

    ferro.

    Figura 3.8. Deslocamento do tomo de ferro devido ao tomo de carbono na martensita[8].

    A temperatura de austenitizao, o tempo de manuteno e a velocidade de

    resfriamento so fatores muito importantes no tratamento trmico de tmpera, pois estes

    fatores determinam o xito da operao. A figura 3.9 mostra esquematicamente o tratamento

    de tmpera e revenimento. Vrios fatores devem ser considerados neste processo, tais como:

    forma da pea; condies externas; potencial de extrao de calor do meio de resfriamento;

    etc.

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    Figura 3.9. Diagrama esquemtico das operaes de tmpera e revenido [7].

    3.3.2. REVENIMENTO

    A pea temperada possui estrutura martenstica, de alta dureza, mas tenses internas

    introduzidas durante a tmpera promovem sua fragilizao[7]. A fragilidade da estrutura

    martenstica devida a vrios fatores, como distoro da rede causada pelo tomo de carbonoretido no stio octadrico da martensita, segregao de tomos de impureza nos contornos de

    gros prvios da austenita e tenso residual produzida durante a tmpera[8]. A tenacidade e a

    ductilidade podem ser melhoradas e as tenses internas reduzidas atravs do revenimento.

    A microestrutura martenstica de um ao altamente instvel. Razes para a

    instabilidade incluem a super-saturao de tomos de carbono na rede tetragonal do reticulado

    de corpo centrado da martensita; a energia de deformao associada com a pequena distoro

    ou estrutura de macla da martensita; a energia interfacial associada com a alta densidade decontornos de ripas ou placas; a austenita retida que est presente principalmente em aos de

    baixo carbono. A super-saturao de tomos de carbono fornece: fora motriz para a

    formao de carboneto; alta energia de deformao, que fora motriz para a recuperao;

    alta energia interfacial, que a fora motriz para o crescimento de gro da matriz ferrtica; e

    austenita instvel, que a fora motriz para a transformao de ferrita e cementita no

    revenimento[8].

    Na prtica, revenimento consiste em reaquecer a pea temperada at temperaturasinferiores temperatura de transformao em austenita, como mostrado na figura 3.9,

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    aliviando as tenses internas provenientes da tmpera e promovendo alteraes estruturais,

    tais como: formao de carboneto de transio e reduo da concentrao de carbono na

    matriz martenstica; transformao de austenita retida em ferrita e cementita; troca de

    carboneto de transio e martensita de baixo carbono por cementita e ferrita[8]. Estas

    mudanas estruturais reduzem a fragilidade da estrutura martestica.

    A temperatura de revenimento altera consideravelmente as propriedades mecnicas

    dos aos, tais como tenacidade, dureza e limite de resistncia. O aumento da temperatura de

    revenimento reduz a dureza, sendo que este efeito aumenta com o aumento da concentrao

    de carbono[8]. Tanto o limite de escoamento como o limite de resistncia diminuem

    continuamente e a ductilidade aumenta com o aumento da temperatura de revenimento [8].

    Alguns elementos de liga tambm ajudam a retardar o amaciamento durante o

    revenimento. Os elementos mais efetivos a este respeito so fortes formadores de carbonetos

    como cromo, molibdnio e vandio. Sem estes elementos, os aos amaciam rapidamente com

    o aumento da temperatura de revenimento[8]. Porm, quando presentes em quantidade

    suficiente, estes elementos formadores de carbonetos no apenas retardam o amolecimento

    como tambm formam carbonetos finos, que provocam um aumento na dureza em altas

    temperaturas de revenimento[8].

    3.4. OS PRINCPIOS DE METALURGIA DO TRATAMENTO TRMICO

    POR INDUO ELETROMAGNTICA

    O aquecimento por induo um processo muito rpido. A taxa de aquecimento

    excede freqentemente o valor de 100C/s e a alta taxa de aquecimento afeta drasticamente a

    cintica da formao da austenita, que desloca esta transformao para as temperaturas maisaltas [2,9]. As temperaturas de tratamento apropriadas para aos dependem no somente da taxa

    de aquecimento, mas so funes da microestrutura anterior e tambm da concentrao de

    carbono. As microestruturas de amostras que contm perlita fina ou de amostras temperadas e

    revenidas so consideradas mais adequadas ao tratamento trmico por induo[2]. Tais

    microestruturas, na medida em que permitem reduzir a temperatura requerida para a formao

    da austenita, permitem a resposta rpida e consistente da liga ao tratamento, com uma

    quantidade mnima de crescimento de gro, menor distoro de forma e tamanho, mnimo de

    energia requerida e de superfcie oxidada.

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    Se a microestrutura inicial de uma pea de ao tiver uma quantidade significativa de

    perlita grosseira e, o mais importante, ferrita grosseira com aglomerados ou faixas de ferrita,

    ela apresentar maiores dificuldades na obteno de um tratamento trmico de tmpera e

    revenimento que resulte em propriedades mecnicas desejadas. As grandes reas, (conjuntos

    ou faixas) de ferrita requerem um longo tempo para a homogeneizao da microestrutura e, ao

    fim da tmpera, um complexo de microestrutura ferrtica-martenstica poder ser formado.

    Pontos macios e duros dispersados caracterizam esta estrutura de austenitizao por induo

    no uniforme, o que resulta em propriedades mecnicas indesejadas. Temperaturas mais altas

    e tempos mais longos de permanncia so requeridos para austenitizar tais estruturas.

    Recomenda-se, portanto, maior cuidado ao tratar as microestruturas zonadas e segregadas das

    peas no estado de entrega. Os aos com grandes carbonetos estveis tm tambm resposta

    ruim ao endurecimento por induo e implicam na necessidade de ter o aquecimento

    prolongado e temperaturas mais altas para a austenitizao. Um tempo mais longo de

    fornecimento de calor conduz ao crescimento do gro, ao aparecimento da martensita

    grosseira, zona de transio estendida, maior superfcie de oxidao / descarbonetao, alm

    de maior distoro da forma[10].

    No revenimento, a diferena entre os valores de resistncia trao, obtidos em

    amostras revenidas por induo e nas amostras revenidas por banho de sal, relativamente

    pequena, para temperaturas de revenimento em torno de 300C, isto comparado com as

    diferenas obtidas para temperaturas de revenimento acima de 500C. Isto pode ser atribudo

    ao curto tempo no revenimento por induo eletromagntica, que insuficiente para a

    aniquilao de discordncias e para a recuperao a altas temperaturas. A figura 3.10 mostra

    a variao do limite de resistncia (LR) e limite de escoamento (LE) em funo da

    temperatura de revenimento para amostras revenidas por banho de sal (BS) e por induo

    eletromagntica(IE)[11].

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    Figura 3.10. Variao da resistncia a trao e limite de escoamento com a temperatura de

    revenimento[11].

    3.5.A FORMAO DA AUSTENITA

    A formao da austenita em aos se d por nucleao e crescimento com o aumento da

    temperatura, que por sua vez aumenta a mobilidade atmica. A fora motriz para o

    crescimento de gro a reduo da rea de contorno de gro por unidade de volume,

    reduzindo a energia de superfce.

    Tanto a fora motriz termodinmica como a mobilidade atmica se tornam maiores

    com o aumento da temperatura e com isso tanto a taxa de nucleao como a taxa de

    crescimento devero aumentar continuamente com o aumento da temperatura[12]. A figura

    3.11 mostra o aumento na velocidade de formao da austenita em um ao perltico com 0,8%

    de carbono, quando a temperatura de austenitizao foi aumentada de 730C para 751C [8].

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    Figura 3.11. Efeito da temperatura de austenitizao na taxa de formao da austenita a partir

    de uma microestrutura perltica em um ao eutetide[8].

    A concentrao de carbono na austenita aumenta continuamente com o tempo na

    medida em que mais carbonetos so dissolvidos, alcanando o valor do equilbrio que dado

    pelo limite de solubilidade na temperatura de interesse[12]. A figura 3.12 mostra o diagrama do

    equilbrio ferro-carbono. Neste diagrama mostrado o campo de estabilidade da austenita ().

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    Figura 3.12. Diagrama do equilbrio ferro-carbono [2] .

    A presena dos elementos de liga nos aos tambm altera a estabilidade das fases. O

    magnsio e o nquel, por exemplo, so estabilizadores de austenita; o silcio, o cromo e o

    nibio so estabilizadores de ferrita. Os estabilizadores de ferrita e austenita expandem os

    respectivos campos de estabilidade das fases. Os estabilizadores da austenita abaixam a

    temperatura eutectide, expandindo a faixa acima da qual a austenita estvel [8]. Para o

    aquecimento lento, quase no equilbrio, algumas frmulas empricas, que mostram os efeitos

    dos elementos de liga, foram desenvolvidas por anlise de regresso de grande quantidade dedados experimentais, como por exemplo as frmula elaboradas por Andrews para obter as

    temperaturas crticas de incio de formao da austenita (Ac1) e de final de formao da

    austenita (Ac3)[8]:

    WAsCrSiNiMnAc 38,62909,161,299,167,107231 ++++= (3.3)

    WMoVSiNiCAc 1,135,311047,442,152039103 ++++= (3.4)

    sendo a composio qumica dada em % em peso.

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    3.5.1. FORMAO DA AUSTENITA A PARTIR DE UMA MICROESTRUTURA

    PERLTICA

    Para o ao eutetide, a transformao para austenita no aquecimento envolve a reao

    ferrita+cementitaaustenita. Ento, podemos esperar que a nucleao da austenita ocorra nainterface ferrita-cementita, que uma nucleao heterognea. Como a perlita tem uma grande

    rea superficial de interface ferrita-cementita, espera-se que a nucleao da austenita na

    perlita ocorra com taxas extremamente altas[12].

    Uma observao mais cuidadosa da microestrutura da austenita formada da perlita

    mostra gros de austenita nucleados na interface entre as colnias de perlita e no apenas na

    interface ferrita-carboneto

    A energia de superfcie uma funo da descontinuidade da rede entre dois cristaisadjacentes e um contorno de alto ngulo pode favorecer a nucleao. Por esta razo ocorre

    pouca nucleao na interface ferrita-cementita da microestrutura perltica, ocorrendo uma

    maior nucleao nos contornos de alto ngulo entre as colnias de perlita, onde a energia de

    superfcie mais favorvel[12]. A figura 3.13 mostra os stios de nucleao da austenita na

    perlita.

    Figura 3.13. Stios de nucleao da austenita na microestrutura da perlita, onde a ferrita,

    cementita e a austenita[8].

    3.5.2. A FORMAO DA AUSTENITA A PARTIR DE ESTRUTURAS DE FERRITA

    PRIMRIA E PERLITA

    A formao da austenita em aos hipoeutetides, a partir de uma microestrutura de

    ferrita primria e perlita, bem diferente daquela formada a partir de uma microestrutura toda

    perltica. As regies perlticas tornam-se instveis acima da temperatura Ac1, que a

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    31

    temperatura de incio de formao da austenita. Ento, no aquecimento para uma temperatura

    acima de Ac1, as regies perlticas convertem-se em austenita e a ferrita primria

    inicialmente estvel. Os contornos entre a austenita e a ferrita se movem para diminuir a

    quantidade de ferrita, at que toda a ferrita seja consumida. Simultaneamente, o carbono nas

    regies austenticas estar se difundindo para regies de baixa concentrao de carbono, para

    aumentar a concentrao na austenita recm formada (das regies ferrticas)[12].

    3.5.3. A FORMAO DA AUSTENITA A PARTIR DE UMA MICROESTRUTURA DE

    CEMENTITA ESFEROIDIZADA EM MATRIZ FERRTICA

    Em uma microestrutura de cementita esferoidizada em matriz ferrtica, a austenitanucleia-se nas interfaces cementita-ferrita, especialmente para cementita nos contornos de

    gro ferrticos. A austenita cresce ao longo da interface, at que a cementita esteja envolvida

    por uma camada de austenita. A formao subseqente de austenita depende de difuso de

    carbono atravs da austenita, com a dissoluo do carboneto, o que leva a uma taxa de

    formao de austenita mais baixa, comparada com aquela que ocorre em um ao perltico,

    onde o pequeno espaamento entre as lamelas de ferrita e cementita reduz a distncia de

    difuso para a formao da austenita[8]. A continuao da formao da austenita ocorre pelo

    movimento da interface ferrita-austenita e tambm pelo movimento da interface cementita-

    austenita. Ento as partculas de cementita so reduzidas no tamanho[12]. A figura 3.14 mostra

    esquematicamente os stios preferenciais para a formao da austenita em uma microestrutura

    de cementita esferoidizada em matriz ferrtica.

    figura 3.14. Stios de nucleao da austenita na microestrutura constituda de cementitaesferoidizada em matriz ferrtica, onde a ferrita, cementita e a austenita[8].

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    32

    3.5.4.CINTICA DA NUCLEAO E DE CRESCIMENTO DE GRO

    Para modelar processos de nucleao e crescimento, segundo condies isotrmicas, geralmente usada a equao de Avrami. Considerando-se um ncleo esfrico de raio r, uma

    velocidade de crescimento G e o tempo t, tem-se a relao[13]:

    r = G.t (3.5)

    A variao da frao volumtrica em funo do tempo dada por:

    ( )XNrdt

    dX=

    13

    4 3 (3.6)

    onde X a frao volumtrica e

    N a taxa de nucleao, o termo (1-X) foi adicionado ao

    segundo termo da equao para compensar a superposio no crescimento de vrios ncleos

    prximos[13]. Separando-se as variveis, substituindo r por G.t e integrando ambos os termos

    tm-se:

    ( )

    =

    dtNtGx

    dx 33

    3

    4

    1 (3.7)

    43

    3)1ln( tNGX

    =

    (3.8)

    ento se obtm a equao:

    =

    43

    3exp1 tNGX

    (3.9)

    que geralmente apresentada na forma:

    )exp(1 nKtX = (3.10)

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    33

    onde K uma constante para uma dada temperatura, t o tempo e n uma constante,

    caracterizando a cintica [14].

    Para a formao da austenita, em condies no isotrmicas, necessrio adaptar a

    equao de Avrami. Considerando que:

    KNG =

    3

    3

    ento substituindo em (3.9):

    ( )4exp1 KtX = (3.11)

    Tomando o logaritmo e a derivada da equao (3.11) para calcular a frao de

    austenita formada durante o aquecimento contnuo tem-se[14]:

    dtKtX

    dX

    Xd

    3411

    1ln =

    =

    (3.12)

    Se for considerada uma taxa constante (tx) para a condio de aquecimento, o tempo

    pode ser expresso por:

    xt

    dTdt=

    xt

    Tt

    = (3.13)

    e substituindo na equao (3.12) tem-se:

    dTt

    TK

    X

    dX

    x

    4

    3

    41

    =

    (3.14)

    Integrando a equao (3.14) nos intervalos [0,X] e [Ac1,T] nos lados esquerdo e

    direito respectivamente:

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    34

    =

    =

    T

    Ac x

    T

    Ac x

    X

    dTTGNt

    dTt

    TK

    X

    dX

    1

    334

    14

    3

    0 3

    44

    1

    (3.15)

    logo, conclui-se que:

    =T

    Ac x

    dTTGNt

    X1

    3343

    4exp1

    (3.16)

    onde

    N e G so funes da temperatura[14] .

    Para o aquecimento contnuo, a taxa de formao da austenita atinge o mximo

    aproximadamente temperatura final de dissoluo da perlita, sendo que a taxa de formao

    da austenita em funo da temperatura maior para taxas de aquecimento maiores [15], como

    mostra a figura 3.15

    Figura 3.15. Taxa de formao da austenita em funo da temperatura, para duas taxas de

    aquecimento. V a frao volumtrica de austenita e Af a temperatura de incio de

    transformao da ferrita em austenita[15].

    Do resultados de Oliveira et al.[15], o parmetro K da equao de Avrami, associado

    com a cintica de austenitizao, aumenta consideravelmente com a taxa de aquecimento.

    Este parmetro representa a influncia da taxa de aquecimento na taxa de nucleao e

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    crescimento da austenita, alm disto, o parmetro n da equao de Avrami praticamente

    independente da taxa de aquecimento.

    3.6.A MARTENSITA E A SUA CORRELAO COM A AUSTENITA

    Nos aos, a austenita a fase que pode se transformar em martensita no resfriamento

    rpido. A transformao martenstica adifusional e, portanto, a martensita possui exatamente

    a mesma concentrao de carbono presente na austenita. Assim que a difuso dos tomos de

    carbono contida pelo resfriamento rpido, os mesmos no se difundem para formar a ferrita

    e cementita, mas so instantaneamente aprisionados nos stios octadricos da estrutura cbicade corpo centrado, produzindo um novo constituinte, a martensita[8].

    A temperatura de incio de formao da martensita diminui significantemente com o

    aumento da concentrao de carbono nos aos. O carbono em soluo slida aumenta a

    resistncia ao cisalhamento da austenita e, portanto, uma grande fora motriz requerida para

    iniciar o cisalhamento para a formao da martensita em ligas com alta concentrao de

    carbono. Elementos de liga tambm influenciam a temperatura Mi dos aos, sendo que todos

    os elementos de liga diminuem a temperatura Mi, exceto o cobalto. A equao desenvolvida

    por Andrews, descrita abaixo, fornece bons resultados entre a temperatura Mi calculada e

    medida experimentalmente[8].

    ( ) ))((6,67))((5,71)(2175,9159,16453512 2 CrCMnCCMoCrNiCCMi ++= (3.17)

    sendo a composio qumica dada em % em peso.

    Com respeito transformao, os contornos de gro austenticos so stios

    preferenciais para a nucleao das fases pro-eutetides e perlita. Portanto, se o tamanho de

    gro austentico em um ao grosseiro, poucos stios de nucleao esto disponveis e a

    transformao por difuso controlada da austenita retardada. Como resultado, a

    temperabilidade martenstica aumentada[8].

    O tamanho de gro austentico tambm afeta a cintica da transformao martenstica,

    pelo seu efeito na temperatura Mi. Em ligas Fe-Ni e Fe-Ni-C, reduo do tamanho de gro

    austentico abaixa significantemente a temperatura Mi. O ltimo resultado atribudo alta

    resistncia da austenita de granulao fina, a qual aumenta por sua vez a resistncia cisalhante

    da transformao austenita-martensita.

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    A temperatura Mi aumenta com o aumento do tamanho de gro austentico. Para o ao

    AISI 4340 pode ser representada pela equao abaixo[16]:

    ( ) GCMi

    = 1,286,526 (3.18)

    onde G o nmero ASTM do tamanho de gro[16].

    Foi observado tambm que o tamanho de gro austentico afeta a resistncia mecnica

    da martensita em aos de baixo carbono. Quando o tamanho de gro da austenita reduzido,

    ocorre um aumento significativo da resistncia.

    As ripas de martensita formam unidades de martensita em arranjos paralelos,

    chamados pacotes, os quais subdividem o gro austentico prvio, e cada pacote

    efetivamente um gro [8]. A orientao especfica vem da relao entre austenita e martensita,

    que exclui a possibilidade das placas martensticas se estenderem atravs do contorno de gro

    da fase austenita. Evidentemente, o tamanho de gro determina o tamanho da primeira placa a

    se formar, que quase sempre se estende de contorno a contorno. A primeira placa divide o

    gro austentico em duas regies. As placas que se formam nessas regies so pequenas e tem

    uma orientao diferente[17], como mostra a figura 3.16.

    Figura 3.16. Diviso progressiva de um gro austentico pelas placas de martensita [16]

    Como a diviso do gro em regies cresce, o volume mdio das placas decresce[16]. A

    Figura 3.17 mostra que tamanho de pacote est diretamente relacionado com tamanho de gro

    austentico, e ajuda a explicar porque a resistncia da ripa de martensita pode ser relacionada

    com tamanho de gro prvio da austenita ou tamanho de pacote [8].

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    37

    Figura 3.17. Correlao entre tamanho de pacote de martensita e tamanho de gro

    austentico[8]

    Desta maneira, tanto o tamanho do pacote de martensita como o tamanho de gro

    austentico podem ser correlacionados com propriedades mecnicas. A figura 3.18 mostra o

    aumento do limite de escoamento com o decrscimo do tamanho dos pacotes de martensitaem uma liga de Fe-0,2%C. Tamanho dos pacotes (D) representado graficamente no eixo

    D-1/2, no qual relacionado para como uma representao grfica de Hall-Petch[8].

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    38

    Figura 3.18. Aumento na resistncia da martensita com a diminuio do tamanho dos pacotes,

    D. A linha superior para martensita com Fe-0,2%C; a linha inferior para martensita com

    Fe-Mg [8]

    3.7.O CONTROLE DO TAMANHO DE GRO AUSTENTICO

    Aos podem ter granulao fina ou grosseira. Aos de granulao fina so geralmente

    desoxidados com alumnio e contm partculas finas de nitreto de alumnio, que retm o

    crescimento do gro austentico. Aos de granulao grosseira so geralmente desoxidados

    com slica, mtodo que no produz disperso efetiva de partculas que inibem o crescimento

    do gro austentico[8]. Aos de granulao grosseira coalescem gradualmente com a

    temperatura de austenitizao, mas aos de granulao fina no mostram crescimento at que

    uma temperatura de austenitizao relativamente alta seja alcanada, como mostra a figura

    3.19.

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    Figura 3.19. Tamanho de gro austentico como funo da temperatura de austenitizao para

    aos de granulao fina e grosseira

    [8]

    .

    Em muitos tratamentos trmicos, a temperatura de austenitizao nunca excede 980C.

    Aos de gros refinados, portanto, retm um fino tamanho de gro austentico, mas em aos

    de granulao grosseira os gros crescem significantemente, especialmente em tratamentos

    realizados durante muitas horas a uma faixa de 930C a 955C[8].

    O mecanismo de controle de tamanho de gro baseado no fato de o alumnio que no

    se combina com o oxignio durante a desoxidao, combinar-se com nitrognio e formar uma

    disperso de partculas finas de nitreto de alumnio. Essas partculas se posicionam no

    contorno de gro e, deste modo, inibem o crescimento do gro. Contudo, com o aumento da

    temperatura, as partculas de alumnio crescem e ou se dissolvem. Quando a distribuio de

    partculas se torna muito grossa para conter o crescimento efetivamente, muito rapidamente

    ocorre o crescimento de gro[8].

    A figura 3.20 mostra o efeito do alumnio na temperatura de crescimento de gro no

    ao baixo carbono. Alumnio at 0,08% aumenta a temperatura de crescimento anormal de

    gro, mas alta adio causa uma diminuio da temperatura de crescimento [8].

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    Figura 3.20. Efeito da concentrao de alumnio na temperatura de crescimento de gro da

    austenita[8].

    A reao Al+N AlN reversvel e a altas temperaturas algumas partculas de AlN

    retornam em soluo permitindo o crescimento do gro, especialmente em aos com pouca

    quantidade de alumnio. A figura 3.21 mostra a solubilidade do nitreto de alumnio em trs

    diferentes concentraes de Al [8].

    Figura 3.21. Variao da porcentagem por volume do AlN como funo da temperatura em

    ao doce contendo 0,01% de nitrognio e alumnio como mostrado. As temperaturas decrescimento so indicadas pelas setas[8].

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    41

    O tamanho de gro austentico pode ser controlado por outros elementos sem ser o

    alumnio, em particular os metais de transio semelhantes como o titnio, vandio e nibio,

    que so fortes formadores de carbonetos e nitretos com comportamento similar ao do

    alumnio com respeito produo de disperso de partculas, que inibem o crescimento do

    gro austentico. Pequenas quantidades, freqentemente menos de 0,05% de nibio, vandio e

    titnio so usados em aos de baixa liga e alta resistncia [8].

    3.8.DILATOMETRIA

    A dilatometria uma tcnica muito utilizada para estudar a transformao de fases emaos. Esta tcnica permite monitorar em tempo real a evoluo das transformaes em termo

    de mudanas dimensionais que ocorrem na amostra com a aplicao de um ciclo trmico. No

    caso de pesquisas de transformaes de fases no estado slido, a dilatometria empregada

    devido s mudanas no volume especfico das amostras, durante uma transformao de

    fase[14,18]. Quando o material sofre uma mudana de fase a estrutura cristalina da rede muda e

    isto , em princpio, acompanhado de uma mudana do volume especfico[18]. A

    transformao nos aos durante o aquecimento acompanhada de uma mudana no

    volume atmico de aproximadamente 1%, a qual associada com uma significante contrao

    na curva dilatomtrica[18]. A temperatura de incio da transformao austentica, Ac1,

    definida como a temperatura na qual a expanso trmica representada graficamente pela

    funo L/L0=f(T), sofre o primeiro desvio da linearidade, como mostrado na figura 3.22.

    Figura 3.22. Curva de dilatao trmica de um ao baixo carbono (Fe-0,11C-0,50Mn) obtida a

    uma taxa de aquecimento de 0,05C/s[18].

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    Este efeito causado pela contrao do volume que associada formao da

    austenita, que possui a estrutura cristalina CFC a qual mais compacta que a estrutura

    cristalina CCC da ferrita. Posteriormente volta a ocorrer a expanso trmica normal do ao

    devido ao aumento da temperatura. A localizao deste ponto obtida atravs da extrapolao

    da linearidade da curva de expanso trmica. Pelo mesmo caminho, a temperatura de final da

    transformao obtida atravs da extrapolao da poro linear aps a transformao[18].

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    43

    4.MATERIAIS E MTODOS

    Foram investigados os efeitos dos parmetros de aquecimento por induo

    eletromagntica, para tmpera e revenimento, sobre um ao carbono microligado, paracorrelacionar as microestruturas prvias com as propriedades mecnicas finais, a fim de

    conferir previsibilidade ao processo.

    4.1.MATERIAL

    O material estudado neste trabalho foram amostras tubulares do ao SAE4130,

    produzidas pela V&M do BRASIL S.A.

    A composio qumica deste ao mostrada na tabela abaixo:

    Tabela 4.1. Composio qumica do ao SAE 4130, % em peso.

    ELEMENTO C Mn P S Si Ni Cr Cu Mo

    % peso Min 0,28 0,40 --- --- 0,15 --- 0,80 --- 0,15

    % peso Max 0,33 0,60 0,03 0,04 0,35 0,25 1,10 0,35 0,25

    4.2.DETERMINAO DAS TEMPERATURAS CRTICAS DE FORMAO

    DA AUSTENITA NO AQUECIMENTO CONTNUO EM ALTAS TAXAS DE

    AQUECIMENTO

    As temperaturas de crticas de incio e fim de formao da austenita foram

    determinadas atravs de ensaio de dilatometria. As temperaturas crticas foram obtidas para astaxas de aquecimento de 10C/s, 30C/s, 50C/s, 70C/s e 90C/s.

    Os ensaios foram realizados no setor de tecnologia metalrgica do CETEC (Fundao

    centro tecnolgico de Minas Gerais), em um dilatmetro de tmpera do tipo Adamel

    Ihomargy LK02, a temperatura de setup foi de 1100C, sendo que o dilatmetro atinge

    1200C.

    As amostras foram cortadas com 0,6mm de espessura, 2mm de largura e 12mm de

    comprimento.

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    44

    4.3.TRATAMENTOS TRMICOS

    Foi utilizado um equipamento de induo eletromagntica fabricado pela empresa

    Inductoheat, com ajustes e adaptaes de projeto feitos por tcnicos da Geosol e pela equipede pesquisa. O equipamento de tratamento trmico de tubos por induo eletromagntica tem,

    como principais caractersticas, uma potncia mxima de operao de 150kW, freqncia fixa

    de 10kHz, operao nos modos contnuo e pulsado, controle do tratamento por definio das

    potncias e tempos de operao e monitoramento da temperatura por pirmetro ptico. A

    alimentao das amostras nas regies da bobina de aquecimento e do jato de soluo

    polimrica feita por controle automtico pneumtico.

    Neste trabalho foram utilizadas 64 amostras tubulares, as mesmas foram cortadas com300mm de comprimento e foram confeccionadas roscas internas do tipo HTW, Estas roscas

    foram confeccionadas para a fixao em uma haste do tipo HTW, para que ficassem com o

    comprimento de 3115mm que a medida para a qual o forno projetado. Tendo como base

    os parmetros utilizados por Ferreira et al[20,21], as amostras foram austenitizadas por induo

    eletromagntica com a potncia de 97,5kW e 10kHz de freqncia, nas temperaturas nominais

    e tempos de induo listados abaixo, sendo 4 amostras em cada parmetro:

    1. 850C durante 15s, 25s, 35s e 45s

    2. 900C durante 15s, 25s, 35s e 45s

    3. 950C durante 15s, 25s, 35s e 45s

    4. 1000C durante 15s, 25s, 35s e 45s

    Em seguida foram temperadas em soluo polimrica (gua + polmero para

    tratamento trmico AQUA QUENCH 251, fornecido pela HOUGHTON BRASIL LTDA) na

    temperatura de 30C, durante 15s.

    Todas as amostras foram revenidas por induo eletromagntica com a temperatura

    nominal de 500C, com 150kW de potncia, durante 15s e depois foram novamente resfriadas

    em soluo polimrica.

    4.4.ENSAIOS DE DUREZA

    As amostras para o ensaio de dureza foram cortadas com 250mm de comprimento e

    aproximadamente 10mm de largura, como indicado no esquema da figura 4.1.

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    Figura 4.1. Esquema mostrando como foram retiradas as amostras para o ensaio de dureza

    Vickers.

    Em seguida, as amostras foram fresadas e posteriormente foi feito o lixamento em um

    plano das amostras com lixas 180, 220, 320, 400, 600 e 800, a fim de obter superfcies

    adequadas ao ensaio de dureza Vickers, sendo que neste ensaio foram feitas duas

    impresses a cada 10mm ao longo do comprimento das amostras com a carga de 100kgf.

    Os ensaios de dureza foram realizados no laboratrio do Departamento de Engenharia

    Metalrgica e de Materiais da Escola de Minas, em um durmetro da marca Wolpert.

    Para o ensaio de microdureza Vickers as amostras foram cortadas a uma distncia de

    50mm da extremidade e embutidas em resina. Posteriormente foi feito lixamento com as

    lixas 180, 240, 320, 400, 600, 800, 1000 e 1200. Os ensaios de microdureza Vickers foramrealizados ao longo da espessura da parede da amostra com espaamento de 0,15mm entre

    cada impresso com carga de 0,025kgf.

    4.5.ENSAIO DE TRAO

    As amostras para o ensaio de trao foram confeccionadas em um equipamento de

    usinagem automatizado conforme a norma ASTM E8M, com as dimenses indicadas na

    figura 4.2.

    Figura 4.2. Corpo de prova para ensaio de trao.

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    Foram retirados 3 corpos de prova em cada uma das amostras tubulares, como

    indicado no esquema da figura 4.3, para uma maior confiabilidade no ensaio.

    Figura 4.3. Esquema mostrando como foram retirados os corpos de prova para os ensaios de

    trao.

    Os ensaios foram realizados no laboratrio do Departamento de Engenharia

    Metalrgica e de Materiais da Escola de Minas, em um equipamento de trao da marca

    Instron modelo 8802, que utiliza uma bomba de leo da marca Instron modelo 3411. Foi

    utilizada uma clula de carga para 25000kgf, o programa de operao do equipamento foi

    limitado em 5000kgf devido a limitaes da garra de fixao do corpo de prova. A taxa de

    deformao aplicada foi de 20mm/min.

    4.6. DETERMINAO DO TAMANHO DE GRO AUSTENTICO E

    QUANTIDADE DE FERRITA NO TRANSFORMADA

    Para a determinao do tamanho de gro austentico e quantidade de ferrita residual,

    foram observados os resultados do ensaio de trao e selecionada a amostra maisrepresentativa em cada parmetro de tratamento trmico. As amostras selecionadas foram

    embutidas em resina e em seguida foram o lixadas em um plano com lixas 180, 220, 320,

    400, 600, 800, 1000 e 1200. Posteriormente, as amostras foram polidas com pasta de

    diamante de 6, 3 e 1m. Foram lavadas e atacadas com soluo contendo 2g de cido

    pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10 gotas de teepol durante 4

    minutos, permitindo assim revelar os gros austenticos prvios. Foram obtidas imagens

    de microscopia tica e foram medidos os gros austenticos pelo mtodo de interceptos.Para determinar a quantidade de ferrita residual as amostras foram polidas novamente com

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

    50/85

    47

    alumina e posteriormente atacadas com nital de concentrao 2% durante 20 segundos.

    Novamente foram obtidas imagens de microscopia tica e as quantidades de ferrita no

    transformada foram obtidas atravs do software de aquisio de imagens do microscpio

    tico.

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

    51/85

    48

    5.RESULTADOS E DISCUSSES

    5.1. MICROESTRUTURA DO AO ESTUDADO NO ESTADO DEENTREGA

    A figura 5.1 mostra a microestrutura do ao SAE 4130. A microestrutura constituda

    de ferrita, que so os gros claros da figura 5.1 (a), e perlita, que so os gros escuros,

    indicadas na figura por e P, respectivamente.

    (a) (b)

    Figura 5.1 Imagem de microscopia tica do ao SAE4130 no estado de entrega; amostra

    atacada com nital, com concentrao 2%, durante 20s: a) ampliao de 500x; b) ampliao de

    200x.

    A amostra contm uma frao volumtrica de ferrita de )%6,048(V 0 = , com a

    estrutura de bandas, que devida aos processos de laminao e trefilao para a fabricao

    dos tubos.

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

    52/85

    49

    5.2. TEMPERATURAS CRTICAS DE FORMAO DA AUSTENITA NO

    AQUECIMENTO CONTNUO EM ALTAS TAXAS DE AQUECIMENTO

    Utilizando as equaes de Andrews (3.3 e 3.4) os valores de Ac1 e Ac3 para o ao

    SAE4130, no aquecimento lento, so: CAc = )4736(1 e CAc = )4793(3 .

    Para o aquecimento contnuo e em altas taxas de aquecimento, foram feitos ensaios de

    dilatometria para determinar as temperaturas Ac1 e Ac3. A figura 5.2 mostra as curvas

    dilatomtricas L=f(T), para o aquecimento contnuo em altas taxas de aquecimento do ao

    em estudo .

    700 750 800 850 900 950 1000 1050100

    110

    120

    130

    140

    150

    L(

    m)

    Temperatura(C)

    tx=10C/s

    tx=30C/s

    tx=50C/s

    tx=70C/s

    tx=90C/s

    Figura 5.2. Curvas dilatomtricas L=f(T), do ao SAE4130, para o aquecimento contnuo,

    para as taxas de 10, 30, 50, 70 e 90C/s.

    A figura 5.3 mostra as derivadas das curvas dilatomtricas dL/dT=f(T), evidenciando

    melhor as grandes diferenas entre as temperaturas de final de formao austentica, Ac3,

    com a variao das taxas de aquecimento.

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    50

    600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1050 1100-0,15

    -0,10

    -0,05

    0,00

    0,05

    0,10

    0,15

    0,20

    0,25

    0,30

    tx=10C/s

    tx=30C/s

    tx=50C/s

    tx=70C/s

    tx=90C/s

    dL/dT(m/C)

    Temperatura(C)

    Figura 5.3. Derivadas das curvas dilatomtricas (dL/dT=f(T) ) do ao SAE4130, para o

    aquecimento contnuo, e taxas de 10, 30, 50, 70 e 90C/s.

    Na figura 5.4, para a taxa de aquecimento mais baixa de 10C/s, possvel identificar

    a temperatura de incio da transformao da ferrita em austenita (Afi), que de

    aproximadamente de 790C, aps a dissoluo da perlita. Na figura 5.4 tambm esto

    indicadas as temperaturas Ac1 e Ac3. Para taxas de aquecimento mais altas, a transformao

    da perlita em austenita ocorre em taxas muito altas [15], ento a temperatura Afi no to

    facilmente identificada, como mostra a figura 5.3.

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    51

    600 650 700 750 800 850 900 950 100080

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    Afi

    Ac3

    Ac1

    L(m)

    T (C)

    -0,15

    -0,10

    -0,05

    0,00

    0,05

    0,10

    0,15

    0,20

    0,25

    d(L)/dT(m/C)

    Figura 5.4. Curva dilatomtrica L=f(T) do ao em estudo para o aquecimento contnuo para

    a taxa de 10C/s e sua derivada (dL/dT=f(T) ).

    Os valores das temperaturas Ac1 e Ac3, para cada taxa de aquecimento no aquecimento

    contnuo so listados na tabela 5.1.

    Tabela 5.1. Temperaturas crticas de formao da austenita (Ac1 e Ac3) para o aquecimento

    contnuo para diferentes taxas de aquecimento para o ao SAE 4130.

    tx (C/s) Ac1 (C) Ac3 (C)

    10 740 920

    30 744 977

    50 740 985

    70 738 1016

    90 740 1035

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    52

    A figura 5.5 mostra a variao das temperaturas Ac1 e Ac3 em funo da taxa de

    aquecimento, para as taxas de 10, 30, 50,70 e 90 C/s.

    0 20 40 60 80 100

    750

    800

    850

    900

    950

    1000

    1050

    Ac1

    Ac3Tem

    peratura(C)

    tx (C/s)

    Figura 5.5. Variao das temperaturas Ac1 e Ac3 em funo da taxa de aquecimento, para o

    ao SAE4130.

    A temperatura de incio de formao da austenita (Ac1), definida como a

    temperatura na qual a expanso trmica linear, que funo da temperatura, se desvia da

    linearidade[18], praticamente no variou com a taxa de aquecimento, como pode ser visto

    tambm nas figuras 5.2 e 5.3. . A formao da austenita a partir de uma microestrutura de

    ferrita e perlita se inicia com a dissoluo da perlita, pois a mesma se torna instvel a

    temperaturas acima de Ac1. A nucleao da austenita ocorre nas interfaces entre as colnias

    de perlita e na interface ferrita-cementita, o que implica em altas taxas de formao, devido s

    pequenas distncias para a difuso do carbono. Portanto, mesmo com o aumento da taxa de

    aquecimento a fora motriz para o incio da transformao e, conseqentemente Ac1,

    permanecem inalteradas. A temperatura final de transformao austentica (Ac3) aumenta com

    o aumento da taxa de aquecimento. Este aumento da taxa de aquecimento diminui o tempo

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    53

    para a formao da austenita, ou seja, reduz o tempo para o processo difusional, o que exige

    maior fora motriz para a transformao, e portanto em maior valor de Ac3.

    5.3. AVALIAO DO TAMANHO DE GRO AUSTENTICO PRVIO EQUANTIDADE DE FERRITA NO TRANSFORMADA

    As figuras de 5.6 a 5.9 mostram os contornos dos gros austenticos prvios atravs de

    microscopia ptica, revelados por ataque qumico, das amostras austenitizadas por induo

    eletromagntica a 850, 900, 950 e 1000C durante 15, 25, 35 e 45s para cada temperatura. A

    evoluo do tamanho de gro austentico prvio das amostras de ao SAE4130, em funo do

    intervalo de tempo de induo e da temperatura de austenitizao mostrada na figura 5.10.Os tratamentos trmicos por induo eletromagntica proporcionam altas taxas de

    aquecimento, em torno de 100C/s. Isto resulta em tamanhos de gro austentico pequenos e

    heterogneos, devido aos curtos intervalos de tempo para a homogeneizao da

    microestrutura. Mesmo para os pequenos intervalos de tempo do tratamento trmico por

    induo, o tamanho de gro austentico aumentou com o aumento do tempo de induo, para

    as temperaturas acima de 850C, e aumentou com o aumento da temperatura para um mesmo

    tempo de induo de corrente, como pode ser visto na figura 5.10.

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    54

    (a) (b)

    (c) (d)

    Figura 5.6. Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica; amostras atacadas com soluo contendo2g de cido pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10 gotas de teepol,

    durante 4 minutos: a) 850C durante 15s; b) 850C durante 25s; c) 850C durante 35s; d)

    850C durante 45s.

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    55

    (a) (b)

    (c) (d)

    Figura 5.7. Imagem de microscopia tica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica; amostras atacadas com soluo contendo2g de cido pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10 gotas de teepol

    durante 4 minutos: a) 900C durante 15s; b) 900C durante 25s; c) 900C durante 35s; d)

    900C durante 45s.

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    56

    (a) (b)

    (c) (d)

    Figura 5.8. Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica; amostras atacadas com soluo contendo2g de cido pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10 gotas de teepol

    durante 4 minutos: a) 950C durante 15s; b) 950C durante 25s; c) 950C durante 35s; d)

    950C durante 45s.

  • 8/3/2019 aquecimentos por induo 2

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    57

    (a) (b)

    (c) (d)

    Figura 5.9. Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica; amostras atacadas com soluo contendo2g de cido pcrico, 240ml de gua destilada, 2ml de cido clordrico e 10 gotas de teepol

    durante 4 minutos: a) 1000C durante 15s; b) 1000C durante 25s; c) 1000C durante 35s; d)

    1000C durante 45s.

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    58

    15 20 25 30 35 40 453

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    17

    850C900C950C

    1000C

    Tamanhomdiodegroaustentico(m)

    Tempo de induo (s)

    (a)

    840 860 880 900 920 940 960 980 1000 1020

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    15s25s

    35s45s

    Tamanhomdiodogroaustentico(m)

    Temperatura (0C)

    (b)

    Figura 5.10. Variao do tamanho de gro austentico prvio do ao SAE4130 submetido a

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica: a) em funo do tempo de induo; b)

    em funo da temperatura de austenitizao.

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    Para as temperaturas de 850C e 900C foi possvel verificar e quantificar, atravs de

    microscopia ptica, a presena de ferrita no transformada. As imagens obtidas nas amostras

    austenitizadas a 850 e 900C, atacadas com nital com concentrao 2%, so mostradas nas

    figuras 5.11 e 5.12. A ferrita no transformada a parte clara, sendo a parte escura a

    martensita revenida. A figura 5.13 mostra a frao volumtrica de ferrita em funo do tempo

    de induo de corrente para as temperaturas de 850 e 900C.

    Para as temperaturas de 850 e 900C, o aumento do tempo de induo ocasionou uma

    diminuio da frao volumtrica de ferrita no transformada, que mostrada na figura 5.13,

    e do tamanho dos gros de ferrita, como pode ser notado na figura 5.11 e 5.12. Como foi

    verificada no item 5.2, a temperatura Ac3 para a taxa de 90C/s no aquecimento contnuo, para

    o ao SAE4130, foi de 1035C. Este fato refora os resultados obtidos, que mostram que

    necessrio um tempo maior para as temperaturas de 850 e 900C ou uma temperatura maior

    que 900C para a completa austenitizao deste ao, em altas taxas de aquecimento.

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    (a) (b)

    (c) (d)

    Figura 5.11.Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica, atacado com nital a 2%, durante 20s,

    onde indica a ferrita no transformada e M a martensita revenida: a) 850C durante 15s; b)

    850C durante 25s; c) 850C durante 35s; d) 850C durante 45s.

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    (a) (b)

    Figura 5.12. Imagem de microscopia ptica do ao SAE4130, aps tratamento trmico de

    tmpera e revenimento por induo eletromagntica, atacado com nital a 2%, durante 20s,

    onde indica a ferrita no transformada e M a martensita revenida: a) 900C durante 15s; b)

    900C durante 25s.

    15 20 25 30 35 40 450

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    850C

    900C

    Fraovolumtricadeferritaresidual(%)

    Tempo de induo (s)

    Figura 5.13. Variao da frao volumtrica de ferrita no ao SAE4130, aps tratamento

    trmico de tmpera e revenimento por induo eletromagntica, em funo do tempo de

    induo.

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    62

    5.4. PERFIL DE DUREZA VICKERS AO LONGO DO COMPRIMENTO

    DAS AMOSTRAS

    No tratamento trmico por induo eletromagntica, a ocorrncia de alguns fenmenos

    eletromagnticos torna difcil a previso da distribuio de corrente na pea a ser tratada e,

    conseqentemente, a distribuio de temperatura. Uma no uniformidade do perfil de

    temperatura na austenitizao ir provocar uma no u