apresentaÇÃo - operação de migração para o novo data ... · demarca esta fronteira?...

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APRESENTAÇÃO

Embora eu tenha sorte o bastante para fazer parte do PDE (Programa

de Desenvolvimento da Educação) no qual encontrei uma vasta comunidade

de educadores que compartilham algumas de minhas ideias, que reforçam a

certeza de que na educação todos poderão sempre produzir e inovar, a

comunidade que mais me importa é aquela para qual retorno, e na qual se

solidifica minhas bases.

Em um ano de pesquisa aprendi muito, sou grata por esta oportunidade

e todos os integrantes do programa merecem meus agradecimentos, mas é

agora com o 4º ano do curso de Formação de Docentes, nesta proposta de

trabalho, que vamos tecer juntos um novo capítulo e que vamos concretizar os

esboços da busca da estrutura do equilíbrio na produção escrita.

Considerando as necessidades e expectativas desta turma o trabalho

proposto se respalda em uma conexão pessoal com a escrita, pois se você, a

quem se destina este trabalho, se permitir sentir, pensar e experimentar e

articular será mais fácil compreender a experiência da escrita.

A estrutura da proposta é simples para que todos os envolvidos se

sintam livres de uma coreografia e capazes responder às descobertas, tanto

quanto de divergir das afirmações e provarem através do seu poder

argumentação que os caminhos para autonomia na produção escrita são

muitos e que todos podem ensinar e aprender.

Um abraço

A autora

Produção de Texto

Buscando a Arquitetura do Equilíbrio

Pense nas ideias como material de manipulação. Quantas possibilidades

você percebe para expressar uma mesma ideia? Observe os exemplos a

seguir e responda: em que estes textos são semelhantes e em que são

diferentes?

Texto:1

Texto: 2

“ A primavera vai chegar

e eu não verei as flores .”

De que forma você diria?

“É preciso saber viver” ou é preciso saber dizer?

“Sou cego, ajude-me.”

EXERCÍCIO

Tanto o primeiro texto “Sou cego, ajude-me.”, quanto o segundo texto “A

primavera vai chegar e eu não verei as flores” podem ser usados para a

mesma situação, supomos que sejam usados no caso de um mendigo pedindo

esmolas, qual das formas de se expressar poderia trazer melhor resultado para

o mendigo?

O que nos permite diferenciar um texto do outro?

Começamos por descartar qualquer critério que se baseie no conteúdo

abordado pelos textos, pois ambos trazem a mesma mensagem, então o que

demarca esta fronteira? Poderíamos estabelecer como diferença a ficção ou

não–ficção quando ambos interpretam uma realidade efetiva? Ou seria a

forma?

É preciso buscar a distinção em outro lugar, pode-se afirmar que o

primeiro texto tem uma função utilitária (informar, explicar, documentar), por

isso faz uso de linguagem denotativa, e objetiva, preocupa-se apenas em

transmitir o conteúdo, recorre à ordem direta, enquanto que o segundo tem

uma função estética, também chamada de função poética utiliza figuras

(palavras no sentido figurado), e as palavras adquirem sentidos mais amplos

do que geralmente possuem.

E que diferença isto faz?

Quem lê ou ouve uma mensagem utilitária, com linguagem denotativa,

cuja finalidade é informar não se importa com o plano de expressão; atravessa-

o e vai diretamente ao conteúdo, para entender a informação,

O segundo texto reforça esta definição, pois é o plano da expressão que

desperta a atenção porque o escritor não procura apenas dizer o fato, mas

recriá-lo nas palavras, de modo que, nele, importe não apenas o que se diz,

mas o modo como se diz.

RELEITURA

Se posicione como autor dos textos usados como exemplo, pense na

escrita como processo de diálogo entre o escritor e o texto e faça as mesmas

indagações a amb os os textos.

• O que eu disse até agora? O que eu estou tentando dizer?

• Será que eu gosto do que escrevi? O que é tão bom aqui que eu

possa estender? O que não é tão bom que eu possa melhorar?

• Como meu texto soa? Como parece?

• O que o meu leitor ou leitora pensará quando ler isso? Que

indagações poderão fazer? O que observarão? Pensarão?

Sentirão?

• E o que farei a seguir?

Veja como questionando surge uma combinação de forças que sugerem:

intimidade e distância, pressão e retraimento, criação e crítica é isso que torna

a escrita um instrumento do aprendizado e do crescimento. É nesse exercício

que os pensamentos vão sendo remodelados e refinados, é você interagindo

com sua própria escrita.

Esta diferença é clara, mesmo em uma leitura superficial?

Basta reler os dois primeiros textos, agora observe estes exemplos:

Texto:1

O amor pode não durar a vida inteira,

mas enquanto durar

deve ser muito intenso.

Texto: 2

“Eu possa me dizer do amor

(que tive)

Que não seja imortal,

posto que é chama

Mas que seja infinito

enquanto dure”.

EXERCÍCIOS

1. Compare os textos. Questione-os. Tome partido.

2. E então, a diferença é clara?

3. Se você conseguiu se posicionar como autor dos textos usados como

exemplo você estabeleceu um processo de interação com os mesmos,

descobriu pontos de partida e possivelmente está esboçando resultados que se

modificam a medida que você vai se indagando. Certo?

4. Voltemos ao grande Vinícius de Moraes “Eu possa me dizer do amor

(que tive) / Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito

enquanto dure”, onde está o seu diferencial?

A grande diferença seria a beleza na forma de se expressar?

Se o texto priorizar a beleza e não houver preocupação com o

significado ou com a plurissignificação da mensagem, será alienado, será

arte pela arte cujo objetivo é perfeição da forma, deixando em segundo plano a

mensagem, isso prenderia o interesse do leitor?

Será que quando nos expressamos em outras áreas do

conhecimento também podemos trabalhar as ideas experimentando

possibilidades, explorando sensações?

Questione a forma de expressão da arte popular, música, cinema,

paradidáticos, é possível perceber a plurissignificação da linguagem a arte na

construção de sentidos?

LEITURA

No paradidático A Menina que Fez a América, de Ilka Brunhilde Laurito

a autora apresenta a protagonista no fragmento seguinte:

Eu nasci no ano de 1980, numa pequena aldeia da Calábria, ao sul da Itália. E onde fica a Itália?... É só olhar um mapa da Europa e procurar uma terra em forma de bota, que dá um pontapé no Mar Mediterrâneo e um chute de calcanhar no mar Adriático .

É lá.Lá, nessa terra entre mares, foi que eu nasci num dia de inverno, quando as flores

silvestres que perfumavam o ar puro dos campos de minha aldeia estavam à espera do reflorescer da primavera.

Saracena: este era o nome do lugar pequenino que nasci. Eu disse “era”, embora o lugar ainda exista e tenha crescido, como eu também cresci.

Mas como nunca mais voltei para lá, acho que não pode ser mais o mesmo que conheci e onde vivi até os dez anos de idade.

A Saracena de 1890 era aquela sem a comunicação do telefone, os sons do rádio e as imagens da televisão nas casas; sem o eco dos carros e das motocicletas nas estradas ou o ronco dos aviões sobre os telhados. A música que andava no ar, nos tempos da minha infância, vinha do canto dos pássaros, do chiar das rodas das carroças, batidas dos cascos dos cavalos, do burburinho do riso das crianças e do lamento do sino das igrejas. Essa era a voz da onde começava a minha vida e terminava o meu mundo.

(Ilka Brunhilde Laurito, a Menina que Fez a América, Editora: FTD Ano: 1993)

Por quais áreas do conhecimento o texto transitou? Como?

“É preciso saber viver” ou é preciso saber dizer?

Percebeu que alguns textos têm o poder de desautomatizar a

linguagem?

INTERVALO

No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos

deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência'? Acesse o

link osdir.com/ml/education.brazil.../2006-09/msg00023.html (acessado em

29/06/2011) e leia a produção vencedora.

Qual a sua opinião sobre essa produção, considerando a área de atua

da empresa Volkswagen do Brasil?

Continue brincando com possibilidades. É divertido observar como cada

escritor se relaciona com a linguagem e como o mesmo conteúdo pode se

transformar quando se modifica o autor ou o leitor, agora tenta se posicionar

como corretor produções de texto de um vestibular ou do ENEM (Exame

Nacional do Ensino Médio), imagine o mesmo conteúdo sendo explorado por

alunos de todo o país ao mesmo tempo, o leque de possibilidades é igual ao

número de candidatos, como definir a nota que vale uma decisão significativa

na vida do candidato autor do texto?

EXERCÍCIOS

Para exercitar vamos ao site educacao.uol.com.br/bancoderedacoes,

(acessada em 29/06/2011) observando quais critérios são adotados pelos

corretores, tente se posicionar como um deles, escolha um exemplo e analise o

resultado obtido e as razões que justificaram tal resultado, use os erros e

acertos alheios para entender o processo da produção do texto como esteio

para o produto final.

1. Analise os critérios de correção, ou as competências

avaliativas e compare com os critérios que você já estabeleceu

para si mesmo ao longo dos anos na sua produção de texto,

faça anotações a fim de fazer os ajustes necessários.

2. Compartilhe com a sua turma as suas conclusões. Nestas

conferências vocês reorganizam suas ideias e fortalecem suas

habilidades.

3. Continue observando resultados, escolha 5 produções entre os

resultados da proposta do mês de junho e analise as notas

obtidas em cada critério, após análise anote em qual critério

ocorreu maior perda de nota? Isto surpreendeu você?

Comente.

4. Você já leu diversas produções avaliadas seguindo os mesmos

critérios. Algum dos critérios estabelecidos lhe pareceu ser a

chave de uma boa produção? Justifique.

5. Para você qual critério lhe preocupa mais pensando na

avaliação de uma produção sua? E de que forma esta

preocupação pode ser sanada?

É importante saber de que forma você será avaliado porque você

caminha com mais segurança, porém a questão maior está no que você tem a

dizer, releia um texto dos escolhidos no exercício anterior fazendo conexões

entre leitura e escrita .

Fazendo conexões entre leitura e escrita

Para entender o texto do outro é necessário estabelecer conexões entre

a leitura e a escrita o que permite ao leitor ver o autor por trás dos textos

produzidos. Especular, agora este será seu trabalho diante do texto escolhido

no banco de redações.

Foco/Idéia

Central

Início do texto

Tom(humor)

Perspectiva

Sequência

O que o autor está tentando dizer em primeiro lugar? Por que escolheu este tópico?

É possível perceber progressão de ideas e a hierarquia das mesmas?

Como o autor começou o texto? E se começasse de outra forma? Como cada uma das possibilidades afetará o leitor? Esta forma de escrever é original, Capturou a atenção do leitor?

Qual é o tom, o clima deste texto? Em que parte do texto o clima se estabelece? Como o autor cria o clima?

Sob qual ponto de vista o autor aborda o tema? O autor mantém se ponto de vista, ou por vezes se afasta, permitindo outras possibilidades de visão? Como o autor realiza essas transições? Há partes do texto onde a perspectiva se perde?

Como o autor realiza a seqüência de ideas? A seqüência é cronológica? De causa e efeito? Em flashback, ou retrospectiva? Como o autor transmite o senso de estruturação? Há seções onde a transição parece meio abrupta e desajeitada?

Especular é procurar problemas que possam ser solucionados, é

questionar usando instrumentos que desenvolvem e refinam estratégias para

que as interpretações se tornem mais habilidosas, é gerar finalidades

cumulativas para as interpretações e para produção de novos textos.

Você é um bom especulador? Descobriu no texto

escolhido para a sua análise algo de essencial?

Bem, se você especulou o texto e terminou se perguntando “E daí?” é

porque neste texto faltava algo essencial, talvez uma força pessoal, por isso

não captura atenção do leitor. Se isso ocorreu sua tarefa não acabou, cabe a

você agora indagar o que o escritor fez de errado.

Dentre as alternativas abaixo quais você identifica no texto escolhido, e

complete, seguindo o seu raciocínio, se possuir esta qualidade otimiza o texto

ou pode empobrecê-lo?

( ) Estão claras as partes componentes da dissertação, como se cada

uma dessas partes fosse uma peça de um motor que pudesse ser

desmanchado reconstituído ou substituído.

....................................................................................................................

( ) Neste texto não é o alto nível de conhecimento do autor sobre o

assunto que o torna atraente, mas sim a visão organizadora, o foco integrado e

significativo.

....................................................................................................................

( ) Quando questiono este texto, percebo um equilíbrio em sua

estrutura, o texto tem voz, é possível detectar o que é essencial na ideia

defendida, pois o mesmo vai além de um emaranhado de técnicas.

....................................................................................................................

SE O EQUILÍBRIO ESTÁ ENTRE O ESSENCIAL E A TÉCNICA

COMO ATINGI-LO?

Não há uma receita a ser seguida, mas há necessidade de que o escritor

acredite em sua produção e que todo assunto seja tomado com seriedade, é

preciso transparecer que o escritor respalda suas afirmações, o texto torna-se

trivial, quando não se sustenta, parece “fabricado, seguindo receita”.

Todo bom escritor tem algo importante a dizer. E este suporte é

adquirido aos poucos, o tempo todo e de todas as fontes, por isso fique atento

aos jornais, filmes, periódicos, livros e principalmente ao ilimitado meio de

informação on-line. Seu crescimento é gradativo e interminável. Pense nisso!

INTERVALO

Acesse o link http://youtu.be/U-VaM_uV5ys e reflita sobre as

proposições feitas pelo professor Francisco Platão Savioli, após assistir o vídeo

e registrar suas anotações discuta com a sua turma sobre o assunto e

questione também sobre a afirmação de que analisar o processo da escrita é a

forma mais simples de aferfeiçoar o produto. Será? O que diz a maioria do seu

grupo?

Qual será o tema da redação do Vestibular, ou do ENEM?

Você não precisa inventar temas, mas sim reconhecer aqueles que já

existem a sua volta. Vamos exercitar?

EXERCÍCIOS

Volte para o banco de redações, basta acessar o link:

educacao.uol.com.br/bancoderedacoes. Há uma relação de temas propostos

nos últimos meses analise os temas abordados, classifique-os em três tipos de

temas:

* Os assuntos que tratam do indivíduo e temas filosóficos.

* A relação do indivíduo com a sociedade,

* A relação do individuo com o universo.

Para saber mais sobre o assunto acesse o link: enem2010.org ou

acesse a página oficial do Ministério da Educação sobre o ENEM:

http://www.enem.inep.gov.br/

Volte a pensar em o quanto se pode manipular, brincar ou criar

estratégias quando você consegue dominar ideias, é fantástico o universo da

nossa língua materna, mas os componentes isolados da escrita (ponto de vista,

argumentação, a coerência a clareza e a coesão) devem ser todos tecidos

juntos. Cada um desses elementos é importante somente em conjunção com

os outros e este é o grande desafio de quem quer continuar descobrindo o quer

e o que pode nossa língua.

Avaliação dos Resultados da Análise do Processo da Escrita

Este trabalho partiu da premissa que é preciso permitir a você aluno se

posicionar como professor para que aprender ser aprendiz, se permitir a

afirmar, desenvolver e compartilhar o que sabe, situação cabível para uma

turma de 4º ano do curso de Formação de Docentes. Agora responda as

questões propostas, para análise de resultado da proposta e do crescimento de

cada um.

1. Ao se posicionar como um corretor de produção de texto de vestibular ou de

ENEM, você estudou como os professores fazem seu trabalho. Isto foi

relevante para a sua produção como autor e leitor de textos?

2. Analisando textos já avaliados no banco de redações você teve a oportunidade

de se posicionar de forma imparcial em relação ao texto do outro e se permitiu

ver como escritores iguais a você compõem e qual o percurso do processo da

escrita. De que forma este trabalho refletiu em você na posição de aluno?

3. Observar erros e acertos foi além de conferir notas, visou induzir você a se ver

como um contínuo aprendiz , a questionar sempre “o quê?” e “para quê?”

visando sempre um foco. Como futuro docente, qual a importância desta

questão para você?

4. Nosso trabalho objetivou a produção de texto, mas circulou durante boa parte

do tempo no eixo da leitura, para você qual é o peso desta necessária conexão

entre leitura e escrita?

5. Mais do que registrar é preciso exercitar o pensar, para que os textos tenham

voz e autor autonomia. Durante o percurso deste trabalho qual foi o exercício

que mais fez e de que forma isto contribuiu para sua formação?

6. Faça um inventário dos fatos, observações, detalhes, imagens, citações,

estatísticas, contradições vividas por você no decorrer do trabalho proposto.

Seja sincero com você mesma e comigo, porque, todas as citações,

referências, ou segmentos de informações serão usadas para base do próximo

passo do meu trabalho, e Oxalá seja também o alicerce da visão organizadora

do seu trabalho.

REFERÊNCIAS

BANCO de redações, <educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/> acesso em:29 de junho de 2011

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília, 1996

CALKINS, Lucy McCormick. A Arte de Ensinar a Escrever - O desenvolvimento do discurso escrito – Trad. Deise Batista. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

EDUCATION.Brazil <osdir.com/ml/education.brazil. html> acesso em: 29 de junho de 2011

ENEM 2011 – INEP, <http://www.enem.inep.gov.br/> acesso em:29 de junho de 2011

GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula: leitura & produção. 2. ed. Cascavel: Assoeste, 1985.

KRAMER, Sônia. Escrita, experiência e formação – múltiplas possibilidades de criação de escrita. In: CANDAU, Vera Maria (Org.). Linguagens, espaços e tempos no ensinar e aprender. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p. 105-121.

NASPOLINI, A.T. Didática de Português – Tijolo por tijolo – Leitura e produçãoEscrita. São Paulo: FTD, 1972.

NOVO ENEM: Dicas para uma boa redação <http://youtu.be/U-VaM_uV5ys> acesso em: 29 de junho de 2011

PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.

PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

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VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.