apresentação do projecto - a importância da dança em crianças com défice cognitivo
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Baião, Fevereiro de 2010
A importância da Dança em Crianças com Défice Cognitivo
Instituto Superior de Ciências da Informação e AdministraçãoCurso de Especialização em Educação Especial - Domínio Cognitivo e Motor
Disciplina: Formação para Projectos
Docente: Professor Dr. Horácio Saraiva
Discente: Maria Luísa Oliveira
“ Os portadores de doença mental são geralmente bem dispostos, alegres, carinhosos, e gostam de se comunicar. Têm uma sensibilidade aguçada e, muitas vezes, uma esperteza fora do habitual para avaliar o ambiente e as pessoas que o cercam.”
(Miranda, 2003)
Conceito de Défice Cognitivo
Conceito de Dança
Enquadramento Empírico
Problema Geral
Objectivos do Estudo
Metodologia
Problemas Específicos e Definição de Hipóteses e Variáveis
Instrumento e sua Caracterização
Caracterização da Amostra
Apresentação dos Resultados
Discussão/Conclusões
Índice
Segundo o DSM IV - TR (2002), produzido pela Associação Americana
de Psicologia (APA), “a característica essencial da Deficiência Mental é
o funcionamento intelectual global inferior à média ( Critério A) que é
acompanhado por limitações no funcionamento adaptativo em pelo
menos 2 das áreas seguintes: comunicação, cuidados próprios, vida
doméstica, competências sociais/ interpessoais, uso de recursos
comunitários, autocontrolo, competências académicas funcionais,
trabalho, tempos livres, saúde e segurança (Critério B). O início deve
ocorrer antes dos 18 anos (Critério C).”
Défice Cognitivo
Segundo estudos realizados por Oliveira & Zimmermann (2004), a dança pode
assumir-se como um meio eficaz para a adaptação e sucesso da criança. Esta
adquire através da dança novos meios de percepção e relação entre o mundo real
e imaginário. Explora novas formas de linguagem que facilitam a comunicação das
suas ideias, o processo de socialização e a superação das dificuldades. A dança
surge como um estímulo que permite a construção de possibilidades para um
desenvolvimento pessoal saudável em todas as suas dimensões.
Já Laban (1948) afirmava que: “A dança …é uma cooperação organizada das
nossas faculdades mentais, emotivas e corporais, que se traduz em acções cuja
experiência é da máxima importância para o desenvolvimento da personalidade.”
Dança
Problema Geral:
“Qual a importância da Dança em crianças com Défice Cognitivo?”
Os Objectivos do presente estudo foram:
Determinar a importância que os professores atribuem à dança nas crianças com
Défice Cognitivo.
Constatar de que forma os professores consideram a dança como um factor de
promoção da autonomia, da comunicação, das relações interpessoais e da
psicomotricidade.
Enquadramento Empírico
Foi nossa intenção conhecer a opinião dos professores relativamente à
importância da Dança em crianças com Défice Cognitivo, não nas
indicações que cada docente nos poderia fornecer, mas sim nas
similitudes e divergências que os docentes possuem. Emergiu, como
mais adequada, a utilização de procedimentos metodológicos de tipo
quantitativo.
Metodologia
1º Problema Específico - Será que a dança promove a autonomia das
crianças com défice cognitivo?
H1- A dança promove a autonomia das crianças com défice cognitivo.
Variável Independente: Dança
Variável Dependente: Autonomia
Problemas Específicos, Definição das Hipóteses e Variáveis
2º Problema Específico -Será que a dança promove a comunicação
das crianças com défice cognitivo?
H2 - A dança promove a comunicação das crianças com défice cognitivo.
Variável Independente: Dança
Variável Dependente: Comunicação
Problemas Específicos, Definição das Hipóteses e Variáveis
3º Problema Específico - Será que a dança facilita as relações
interpessoais das crianças com défice cognitivo?
H3- A dança facilita as relações interpessoais das crianças com défice
cognitivo.
Variável Independente: Dança
Variável Dependente: Relações interpessoais
Problemas Específicos, Definição das Hipóteses e Variáveis
4º Problema Específico - Será que a dança promove o
desenvolvimento da psicomotricidade das crianças com défice
cognitivo?
H4- A dança promove o desenvolvimento da psicomotricidade das crianças
com défice cognitivo.
Variável Independente: Dança
Variável Dependente: Psicomotricidade
Problemas Específicos, Definição das Hipóteses e Variáveis
Para a recolha de informação, utilizamos como instrumento um questionário, constituído
por questões fechadas e questões abertas.
Para identificar possíveis dificuldades de linguagem, de compreensão e clareza das
perguntas, foi realizado um pré questionário que foi distribuído aleatoriamente a 4
professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, professores esses que não fizeram parte da
nossa amostra, mas faziam do nosso universo. Com efeito, e após a sua aplicação,
constatámos que não existiam ambiguidades que justificassem o seu aperfeiçoamento,
resultando assim o questionário definitivo.
Procedemos ao envio dos questionários via email, explicando os objectivos do estudo, e
adiantando o esclarecimento de possíveis dúvidas.
Descrição do Instrumento
Caracterização da Amostra
O universo de onde foi extraída a nossa amostra refere-se aos professores do 1º Ciclo
do Ensino Básico, professores de Educação Física e professores de Educação Especial
dos Agrupamentos de Escolas de Resende, Régua, Lamego, Tarouca e Armamar.
O contacto inicial com estes agrupamentos foi feito presencialmente e formalizado
através de um requerimento a solicitar a distribuição via email dos questionários.
A aplicação dos questionários foi feita numa amostra de 50 professores, escolhidos
por conveniência geográfica, pertencentes a uma população constituída por professores
do 1º Ciclo do Ensino Básico, professores de Educação Física e professores de
Educação Especial, que leccionam nas escolas dos Agrupamentos acima referidos.
Habilitações Académicas
70% dos professores é detentor de Licenciatura;
20% dos professores tem Especialização em Educação Especial;
8% dos professores tem Bacharelato
havendo apenas (2%) dos professores com mestrado.
Tempo de Serviço
A maior parte dos professores está incluído no intervalo 15-19 anos.
Caracterização da Amostra
Categoria Profissional
19 professores são do Primeiro Ciclo do Ensino Básico (que corresponde a
38%);
16 professores são de Educação Especial (que correspondente a 32%);
15 professores são de Educação Física (que correspondente a 30%).
Caracterização da Amostra
Verifica-se, pela análise do gráfico, que 100% (N=50) dos professores que
responderam ao questionário já utilizaram a Dança na prática pedagógica.
Apresentação dos Resultados
De acordo com as respostas dadas pelos professores, 62% (N=33) dos
professores responderam que utilizam poucas vezes a Dança; 28%(N=12)
responderam que utilizam algumas vezes e apenas 10% (N=5) da amostra
utiliza muitas vezes a Dança na prática pedagógica.
Apresentação dos Resultados
É possível verificar que os inquiridos concordam que a Dança tem um papel
muito relevante na Inclusão de crianças com Défice Cognitivo uma vez que 62%
(N=31) refere que tem muita relevância a implementação deste programa e 38%
(N= 19) diz que tem Relevância.
Apresentação dos Resultados
Pelo que se pode observar no gráfico, podemos afirmar que os professores
inquiridos são de opinião que a Dança promove a Autonomia, a nível da
execução dos movimentos, dado que 70% (N=35) respondeu que concordava
totalmente com esta afirmação e 30% (N=15) respondeu que concordava.
Apresentação dos Resultados
Pode-se verificar que 56% (N=28) concorda que a Dança promove a autonomia
a nível da concentração, 38% (N=19) concorda totalmente e 6% (N=3) não
concorda nem discorda.
Apresentação dos Resultados
Ao analisarmos as respostas dadas pelos professores pode-se constatar que os
mesmos consideram que a Dança contribui para uma melhor comunicação no
que diz respeito à relação com os seus pares uma vez que 78% (N=39) e 20%
(N=10) tendem a sua resposta para o Concordo e apenas 2% (N=1) não
concorda nem discorda.
Apresentação dos Resultados
No gráfico que se segue pode observar-se os resultados das respostas dadas
pelos inquiridos no que se refere à importância da Dança quanto às Relações
Interpessoais a nível da Aceitação de si e dos outros. Observa-se que 78%
(N=39) concorda totalmente, 18% (N=9), concorda e apenas 4% (N=2) não
concorda nem discorda.
Apresentação dos Resultados
No gráfico que se segue iremos observar a opinião expressa pelos professores
quanto às relações interpessoais a nível do cumprimento de regras. Verifica-se,
pela análise do gráfico que 4% (N=2) não concorda nem discorda, 24% (N=12)
concorda e 72% (N=36) concorda totalmente.
Apresentação dos Resultados
Apresenta-se a seguir o gráfico com a opinião manifestada pelos professores no
que respeita ao desenvolvimento da psicomotricidade a nível de lateralidade. Ao
analisarmos os resultados obtidos vemos que os inquiridos têm uma opinião
muito favorável dado que 22% (N=11) concorda e 76% (N=38) concorda
totalmente, havendo apenas 2% (N=1) dos professores que não concordam
nem discordam.
Apresentação dos Resultados
Os dados obtidos respeitantes ao desenvolvimento da psicomotricidade a nível
de Orientação Espacial. Observa-se que 2% (N=1) não concorda nem discorda,
30% (N=15) concorda e 68% (N=34) concorda totalmente.
Apresentação dos Resultados
No gráfico que se segue estão expressas as opiniões dos professores
referentes ao desenvolvimento da Psicomotricidade a nível de Coordenação
Motora. Verifica-se, pela análise dos resultados que a opinião dos professores é
favorável dado que 26% (N=13) concorda totalmente e 72% (N=36) concorda
com a afirmação colocada e apenas 2% (N=1) não concorda nem discorda.
Apresentação dos Resultados
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
Através da análise feita verifica-se que apesar dos inquiridos
responderem que utilizam a Dança e que a consideram importante na sua
prática pedagógica, verificámos que a maioria(62%) a utiliza poucas vezes.
No que respeita aos resultados obtidos podemos destacar o facto de os
professores manifestarem uma opinião concordante e favorável quanto à
relevância que a Dança representa para as crianças com Défice Cognitivo,
uma vez que os inquiridos referem que esta facilita o estabelecimento de
relações interpessoais, desenvolve a psicomotricidade, a autonomia, a
concentração e atenção.
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
Indo, deste modo, ao encontro do que defende Silva (2003), quando diz que
a Dança constitui um meio completo e abrangente, facilitador do
desenvolvimento da criança com Défice Cognitivo a todos os níveis. Isto
porque proporciona um ambiente onde se executam actividades que
desenvolvem habilidades corporais, coordenação motora, percepção do
espaço, percepção temporal, concentração, capacidade de relacionamento e
estimulam a aquisição de competências a nível de comunicação, de aptidões
para a vida, tendo em vista o desenvolvimento global da criança.
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
Quanto às questões relacionadas com a melhoria da comunicação, os
inquiridos manifestam uma visão global concordante. Também, Scarpato (2001)
considera que a Dança é uma forma de expressão e comunicação do aluno
tornando-o um cidadão crítico, participativo e responsável, capaz de se
expressar em várias linguagens.
No que diz respeito à comunicação a nível das relações com seus pares e
com os professores, verifica-se que os inquiridos têm uma opinião concordante.
Tal como aponta Morais (2000), deste modo, a Dança contribui para o
estabelecimento de relações de solidariedade, companheirismo, fomentando,
assim, quer o desenvolvimento social, quer a promoção da comunicação dos
indivíduos.
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
A dança tem um valor em termos formativos e educativos. A mesma dá resposta a duas grandes necessidades do homem, a necessidade natural de movimento, por um lado e a necessidade de comunicar, por outro. E face a estas necessidades, permite melhorar a capacidade de movimento e conhecer uma nova linguagem, a gestual. Mas contribui, igualmente, para promover a educação estética, desenvolvendo a sensibilidade, a capacidade de simbolização e criatividade e promove diferentes relações inter – individuais (Morais, 2000).
Quanto à promoção da autonomia, os professores consideram que a Dança é um factor promotor desta, dado que as suas respostas recaíram prioritariamente para o concordo ou para o concordo totalmente. Estas respostas vão ao encontro do pensamento de Silva (2003), que diz que a actividade física deve conter desafios a todos os alunos e promover a sua autonomia, enfatizando o potencial no domínio motor.
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
A Dança apresenta novos olhares para o ser humano, mostra o quanto ele pode criar, expressar, aprender, socializar e cooperar. (Scarpato, 2001).
Esta opinião é partilhada pelos inquiridos dado que as suas respostas incidiram maioritariamente para o concordo ou para o concordo totalmente. Do mesmo modo, quando é pedido que respondam de que forma é que estas relações interpessoais se estabelecem as respostas recaem, sobretudo na aceitação e respeito de si e dos outros, o reforço do espírito de grupo e o cumprimento de regras.
Esta visão está em consonância com as ideias do autor referido anteriormente quando diz que durante a actividade física o estabelecimento de relações interpessoais ocorre duma maneira privilegiada, porque a dança requer organização, estabelecimento de regras, definição de papéis, cooperação e colaboração de todos os participantes.
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
No que diz respeito às questões relacionadas com a importância da Dança no desenvolvimento da psicomotricidade, nas suas diferentes vertentes (esquema corporal, lateralidade, estrutura espacial, orientação espacial, agilidade e coordenação motora), os professores, mais uma vez apontam para uma opinião concordante indo, assim, de encontro aos estudos efectuados por Scarpato (2001), quando refere que a Dança auxilia o desenvolvimento da lateralidade e da consciência do seu corpo.
Do mesmo modo, Morais (2000) aponta que a Dança propicia condições de manipulação, experiência e descoberta do próprio corpo que se reflectem numa melhor agilidade e coordenação motora.
Podemos assim dizer que, na globalidade, as hipóteses por nós definidas se confirmam na sua totalidade, dado que os inquiridos consideram que a criança com Défice Cognitivo incluídas em actividades de Dança apresentam melhorias significativas a nível da comunicação, relações interpessoais, autonomia e psicomotricidade, contribuindo assim para a “libertação” da Criança portadora de Défice Cognitivo.
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
Sintetizando e concluindo, no plano de intervenção, podemos constatar que
urge promover a prática da dança e torná-la comum aos vários contextos da
vida dos indivíduos, com particular destaque para a escola, onde é possível
transformá-la em factor de Inclusão e de integração social, bem como, de
promoção e desenvolvimento físico e psicológico de todos os alunos, quer
apresentem ou não Défice Cognitivo ou qualquer outro tipo de problemas.
A percepção dos movimentos que a dança permite em alunos com
Necessidades Educativas Especiais, não tão bem controlados, às vezes até
mesmo “desajeitados”, mas únicos, singulares, tornou-se, então, diferença e
não incapacidade.
Obrigada pela Atenção!