nomeação generativa e memória de curto prazo em idosos com e sem défice cognitivo - 2013

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  Isa Alexandra Carvalho Dias  Nomeação Gen erativa e Memória d e Curto Prazo em Idoso Com e Sem Défice Cognitivo Universida de Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde, Portugal Porto, 201

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Nomeação Generativa e Memória de Curto Prazo Em Idosos Com e Sem Défice Cognitivo - 2013

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  • Isa Alexandra Carvalho Dias

    Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idoso Com e Sem Dfice

    Cognitivo

    Universidade Fernando Pessoa

    Faculdade de Cincias da Sade, Portugal

    Porto, 201

  • Isa Alexandra Carvalho Dias

    Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idoso Com e Sem Dfice

    Cognitivo

    Universidade Fernando Pessoa

    Faculdade de Cincias da Sade, Portugal

    Porto, 2013

  • Isa Alexandra Carvalho Dias

    Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idoso Com e Sem Dfice

    Cognitivo

    Atesto originalidade do trabalho:

    ______________________________________

    (Isa Alexandra Carvalho Dias)

    Trabalho apresentado Universidade Fernando

    Pessoa como parte dos requisitos para a obteno

    do grau de Licenciatura em Teraputica da Fala

    sob a orientadora da Dr. Eva Antunes

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    v

    Sumrio:

    O presente estudo teve o pressuposto de analisar o desempenho da nomeao generativa

    e a memria de curto prazo em idosos com e sem dfice cognitivo. Para tal foram

    aplicadas provas de nomeao generativa semntica e fonolgica, amplitude de

    memria de dgitos, e prova de recontar a histria. Props-se em simultneo a relao

    das variveis idade e escolaridade com o desempenho da nomeao generativa.

    Participaram 57 idosos institucionalizados e acompanhados em IPSS do distrito de Vila

    Real, com idades compreendidas entre os 61 e 97 anos. Da amostra 71,9 % apresentou

    dfice cognitivo enquanto 28,1% no apresentou dfice cognitivo, de acordo com o

    MMSE. Os achados deste estudo apresentaram diferenas estatisticamente significativas

    entre o desempenho tarefas e o dfice cognitivo. No se observou correlao

    significativa entre idade e escolaridade e a nomeao generativa.

    Palavras-Chave: Dfice Cognitivo; Nomeao Generativa; Memria de Curto Prazo

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    vi

    Abstract:

    This study aims at analysing the performance of generative naming and short-term

    memory in elderly with and without cognitive deficits. To accomplish that analysis, it

    was applied a group of tasks related to generative semantic namingand also

    phonological naming, memory span of digits and story retelling tasks. It was developed

    at the same time the study of the relation of age and education with the performance of

    generative naming.

    In this work participated 57 institutionalizedIPSS elders, currently living in the district

    of Vila Real, aged between 61 and 97 years. 71,9% of the individuals had cognitive

    impairment while 28,1% did not show any cognitive impairment, according to the

    MMSE. The results of this study proved statistically significant differences in the

    performance tasks and cognitive impairment. There was no significant correlation

    between age and educationand generative naming.

    Keywords: Cognitive Deficits; Generative Naming; Short- Term Memory

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    vii

    Agradecimentos:

    Em especial Dr. Eva Antunes por toda a disponibilidade, pacincia, orientao e pela

    possibilidade de realizao deste projeto. Por todo o conhecimento que transmitiu no

    decorrer do curso. Obrigada.

    A todos os Professores e Orientadores da UFP que me acompanharam e contriburam no

    processo de aprendizagem.

    A todas as instituies que me cruzei no distrito de Vila Real que facultaram a amostra,

    e a todos os participantes que se disponibilizaram.

    minha famlia, avs, pais e irmo, minhas irms e amigos, que sempre me apoiaram

    durante a realizao deste propsito.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    viii

    ndice

    Introduo ..................................................................................................................... 1

    I. ENQUADRAMENTO TERICO ......................................................................... 3

    1. Envelhecimento .................................................................................................. 3

    2. Dfice cognitivo ................................................................................................. 4

    3. Definio de demncia ....................................................................................... 7

    4. Memria ........................................................................................................... 10

    5. Nomeao generativa ....................................................................................... 15

    6. A pertinncia do terapeuta da fala no mbito do dfice cognitivo ...................... 18

    II. ESTUDO EMPRICO ...................................................................................... 20

    1. Tipo de estudo .................................................................................................. 20

    2. Objetivos .......................................................................................................... 20

    3. Variveis .......................................................................................................... 20

    4. Hipteses.......................................................................................................... 21

    5. Mtodo ............................................................................................................. 22

    5.1 Participantes .............................................................................................. 22

    5.2 Instrumentos .............................................................................................. 22

    5.3 Procedimentos ........................................................................................... 25

    5.4 Anlise e tratamento de dados ................................................................... 25

    6. Resultados ........................................................................................................ 26

    7. Discusso ......................................................................................................... 31

    Concluso ................................................................................................................... 35

    Referncias Bibliogrficas .......................................................................................... 37

    Anexos

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    ix

    ndice de tabelas

    Tabela 1- Caraterizao da amostra quando idade e ao sexo e escolaridade .............. 22

    Tabela 2 Resultados das provas realizadas ................................................................ 26

    Tabela 3 Pontuao das provas aplicadas em idosos sem dfice cognitivo (SD) e com

    dfice cognitivo (CD).................................................................................................. 27

    Tabela 4 Apresentao da ANOVA para valores de significncia estatstica relativo ao

    dfice cognitivo e as provas aplicadas ......................................................................... 29

    Tabela 5 Correlao da Nomeao Generativa (Fonolgica e Semntica) em funo da

    idade e escolaridade. ................................................................................................... 30

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    x

    Lista de abreviaturas

    AMD - Amplitude de Memria de Dgitos

    AVD - Atividades de Vida Diria

    ASHA- American Speech Language Hearing Association

    DA - Doena de Alzheimer

    DCL - Dfice Cognitivo Ligeiro

    DSM-IV - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

    CID - Classificao Internacional de Doenas

    NG - Nomeao Generativa

    NGF - Nomeao Generativa Fonolgica

    NGFI - Nomeao Generativa Fonolgica Intruso

    NGFR - Nomeao Generativa Fonolgica Repetio

    NGS - Nomeao Generativa Semntica

    NGSI - Nomeao Generativa Semntica Intruso

    NGSR - Nomeao Generativa Semntica Repetio

    NGSR - Nomeao Generativa Semntica Repetio

  • Introduo

    Durante o processo de envelhecimento ocorrem alteraes das capacidades cognitivas

    (Bertolucci, 2000 cit. in Carvalho, 2009). Ocorre um declnio significativo, da ateno,

    memria e funes executivas, mesmo em idosos afetados por doenas (Yassuda &

    Abreu, 2006). As demncias so sndromes caraterizados por este tipo de declnios, que

    ocorrem no envelhecimento e com aumento exponencial em funo da idade (Amaducci

    & Lippe, 1990; Hafner, 1990 cit. in Charchat 2001)

    A abordagem do tema surgiu com o objetivo de estudar os parmetros de memria e

    nomeao generativa em idosos com e sem dfice cognitivo, inseridos em ambiente

    institucional. Deste modo surgiu a pergunta de partida para o estudo: Haver

    diferenas no desempenho da nomeao generativa e memria de curto prazo em idosos

    com e sem dfice cognitivo?. O objetivo principal estabeleceu-se em averiguar e

    analisar as principais diferenas na nomeao generativa e memria de curto-prazo em

    idosos com e sem dfice cognitivo. Como objetivo secundrio pretendeu-se analisar o

    efeito da idade e escolaridade no desempenho da nomeao generativa. Para tal foram

    criadas hipteses de estudo, sendo elas: hiptese nula -O desempenho dos indivduos

    com dfice cognitivo no difere quanto amplitude de memria de dgitos, nomeao

    generativa semntica e fonolgica, recontar a histria relativamente aos indivduos sem

    dfice cognitivo; hiptese alternativa -O desempenho dos indivduos com dfice

    cognitivo difere quanto amplitude de memria de dgitos, nomeao

    generativasemntica e fonolgica, recontar a histria relativamente aos indivduos sem

    dfice cognitivo; hiptese nula - O desempenho quanto nomeao generativa no

    difere quanto escolaridade e idade; hiptese alternativa - O desempenho quanto

    nomeao generativa difere quanto escolaridade e idade.

    Para a execuo do estudo, props-se avaliar atravs de provas de nomeao generativa,

    assim como a memria de curto prazo com a amplitude de memria de dgitos e

    recontar a histria.

    No captulo I encontra-se o enquadramento terico, em que foi realizado o

    aprofundamento dos conhecimentos relativamente ao envelhecimento e ao dfice

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    2

    cognitivo. abordado o quadro demencial sob um ponto de vista geral, e depois

    especificamente a avaliao de estudo: memria de curto prazo e nomeao generativa.

    Por fim o enquadramento na rea de atuao, a pertinncia do terapeuta da fala no

    mbito do dfice cognitivo.

    No II captulo abarca o estudo emprico, onde descrito o tipo de estudo presente e os

    seus procedimentos metodolgicos efectuados, contm as variveis e hipteses de

    estudo, os instrumentos usados no estudo e os resultados encontrados e discusso dos

    mesmos.

    Os achados deste estudo revelam diferenas existentes do desempenho de nomeao

    generativa e memria de curto prazo, nos participantes com dfice cognitivo

    relativamente aos participantes sem dfice cognitivo. Assim como a baixa relao entre

    a nomeao generativa com a escolaridade e idade.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

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    I. ENQUADRAMENTO TERICO

    1. Envelhecimento

    A definio de envelhecimento em termos, exclusivamente temporais, tem estado

    associado expresso envelhecer com xito (Rowe & Kahn, 1987 cit. in Petersen

    (2004). O conceito de envelhecimento ativo teve origem na Organizao Mundial de

    Sade, em 1997, e assenta, segundo Leuschner, 2005 p.240), no objetivo de:

    Permitir aos idosos que permaneam integrados e motivados na vida laboral e social, adaptando

    os postos de trabalho a uma mo de obra de idade mais avanada, assegurando modalidades de

    trabalho mais adequadas a estes trabalhadores e mais flexveis, eliminando atitudes e prticas

    discriminatrias dos idosos, melhorando os ambientes de trabalho para tornar a vida mais ativa

    mais longa, utilizando as potencialidades dos idosos.

    No que concerne ao envelhecimento normal, pessoas com estado fsico e farmacologia

    comuns, no so excludas do mbito do estudo. Esta vertente aceita que as doenas

    comuns associadas idade so fisiologicamente inerentes do processo de

    envelhecimento (Petersen, 2004).

    O processo de envelhecimento cognitivo caracteriza-se por estabilidade e mudana.

    Entre as mudanas fisiolgicas que ocorrem no crebro encontram-se as funes

    executivas e alguns subsistemas de memria (Yassuda & Abreu 2006 cit. in Silva,

    2010). Indivduos com o defeito cognitivo ligeiro (DCL) tm um dfice de memria que

    excede aquilo que se espera para o envelhecimento normal, para tal estimplcita a

    compreenso daquilo que constitui o funcionamento cognitivo em concordncia com a

    idade. (Petersen, 2004). Na maioria pensa-se que um determinado grau de perda

    cognitiva faz parte do envelhecimento designado normal, no obstante julga-se que na

    ausncia de doena, no deveria haver qualquer perda do funcionamento (Petersen,

    2004).

    Petersen (2004) reconhece ento que estudos no mbito do envelhecimento normal tm

    objetivos diferentes dos estudos na rea cognitiva do envelhecimento.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    4

    2. Dfice cognitivo

    A cognio um termo que sugere o armazenamento do conhecimento e o processo

    para criar e manipular conhecimento (Bayles & Tomoeda, 2007). Esta capacidade est

    inerente aos modelos biolgicos do desenvolvimento que apresentam o envelhecimento,

    como uma fase de senescncia com perda de capacidade funcional, e uma evoluo que

    tende para os estados patolgicos. (Schroot & Birren 1996 cit. in Santana, 2003).

    Contrariamente Baltes e Resse (1994 cit. in Santana, 2003) afirmam uma evoluo

    contnua, em que o envelhecimento integrado no conceito do desenvolvimento do

    indivduo. As modificaes do desempenho cognitivo so compreendidas como

    adaptaes e no como perdas ou deteriorao. Em consequncia uma pessoa com 85

    anos de idade tem fortes hipteses de ter um dfice cognitivo significativo, o que aponta

    para a importncia de se identificar o dfice cognitivo em perodos mais precoces

    (Petersen, 2004).

    Petersen (2004) expe que o dfice cognitivo ligeiro (DCL) representa um estado

    transitrio entre as alteraes cognitivas do envelhecimento normal e os marcadores

    precoces da doena de Alzheimer (DA). O grau de dfice deve ser determinado quanto

    aos dados normativos apropriados. medida que o campo do envelhecimento e da

    demncia progridem, os idosos com dfice cognitivo ligeiro, so aspirantes a

    intervenes teraputicas concebidos para atrasarem e/ou suspenderem a progresso da

    sndrome (Petersen, 2004). Uma problemtica atual com que se debatem mdicos e

    outros tcnicos de sade a deteo precoce das perturbaes mnsicas, se possvel na

    fase de dfice cognitivo ligeiro (Vasconcelos & Carneiro, 2005 cit. in Leuscchner,

    2005). Pois entre 20% a 30 % das pessoas com mais de 60 anos tem presente defeito

    cognitivo sem demncia e procuram auxlio mdico, por isso a sua deteo e

    seguimento de casos com dfice cognitivo atualmente uma prioridade, pois estes

    idosos esto em risco acrescido de desenvolver demncia no futuro (Leuschner, 2005).

    Na literatura mais recente o conceito e designao de DCL foi alargado a todos os

    dfices cognitivos, este so suscetveis de representar estdios pr-sintomticos de

    demncia (Petersen, 2003 cit. in Santana 2003). Deste modo Nunes (2005) descreve trs

    tipos diferentes de DCL sendo estes: 1) Puramente mnsico; 2) Defeito isolado no

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    5

    mnsico; 3) Defeito cognitivo mltiplo. Conforme os critrios da Mayo Clinic

    Alzheimers Disease Research Centre, esta designao considervel aquando: 1)

    queixas de memria pelo individuo ou familiar; 2) atividades de vida diria normais; 3)

    funo cognitiva geral normal; 4) alterao objetiva numa rea de funcionamento

    cognitivo segundo as normas para a idade; 5) pontuao de 0,5 na Clinical Dementia

    Rating Scale; 6) ausncia de demncia (Bischkopf, 2002; Petersen, 1995 cit. in Nunes,

    2005).

    Petersen (2004) indica que o dfice cognitivo ligeiro manifestado inicialmente pelo

    dfice de memria, este pode ter uma base degenerativa e evoluir de forma gradual para

    demncia, ou mesmo DA. O DCL pode ser heterogneo quanto a sua apresentao

    clnica (Petersen et. al 2001 cit. in Petersen, 2004) e foram estabelecidos critrios

    clnicos para tal, tais como: queixas de memria; dfice de memria objetiva,

    relativamente idade e nvel educacional; funo cognitiva geral maioritariamente

    intacta; AVDs preservadas; ausncia de demncia (Mayo Alzheimer Disease Center,

    Petersen et al., 1999 cit. in Petersen, 2004).

    Com toda a heterogenidade exposta Petersen (2004) define trs principais tipos de DCL:

    1) Mnsico; 2) Mltiplos domnios dfice ligeiro; 3) Domnio nico no da memria.

    Assim o tipo mnsico apresenta-se como o mais comum, e encontra-se com uma base

    degenerativa. No DCL de mltiplos domnios, os sujeitos apresentam DCL, em

    conjunto com outros dfices ligeiros, como por exemplo, do funcionamento executivo e

    fala. O indivduo com este tipo de dfice poder progredir para DA ou para demncia

    vascular (Levy, 1994, cit. in Petersen, 2004). Petersen (2004 p.4) expe:

    A distino entre dfice cognitivo ligeiro de mltiplos domnios e o dfice ligeiro mnsico

    que nenhum dos domnios tem um dfice desproporcionado relativamente a outros domnios

    cognitivos

    Por fim o DCL que no envolve o domnio da memria, na qual est caraterizado pelo

    indivduo manifestar um dfice relativamente isolado num nico domnio no

    relacionado com a memria, tal como a funo executiva, o processamento visual-

    espacial ou a fala. (Petersen, 2004). Na generalidade o DCL concebido pela maioria

    dos investigadores como uma entidade clnica que carateriza um estado transitrio

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

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    entreas alteraes cognitivas do envelhecimento normal e as apresentaes mais

    precoces da DA clinicamente provvel. (Petersen & Morris, 2004)

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    7

    3. Definio de demncia

    De acordo com a CID 10, (Caldas, 2005 p.1):

    A demncia definida como uma sndrome resultante da doena do crebro, em geral de

    natureza crnica ou progressiva no qual se registam alteraes de mltiplas funes nervosas

    superiores incluindo a memria, o pensamento, a orientao, a compreenso, o clculo, a

    linguagem e o raciocnio. O estado de conscincia no est enevoado. As perturbaes das

    funes cognitivas so muitas vezes acompanhadas, e por vezes precedidas por deteriorao do

    controlo emocional, do comportamento social ou da motivao.

    Mendona (2006) documenta que o DSM-IV classifica esta sndrome caso ocorra dfice

    de memria e outras funes mentais (linguagem, perceo, praxias e funes

    executivas). A sndrome demencial deve atingir a gravidade de modo a interferir

    significativamente com o desempenho social ou profissional.Para definir o conceito de

    gravidade de demncia, o DSM-IV favorece o uso de escalas funcionais para a sua

    avaliao, diversamente a CID-10 define a gravidade da demncia dependente do dfice

    das capacidades memria e pensamento abstrato. Logo assim a considera: 1) Ligeira,

    quando as capacidades tm defeito ligeiro; 2) Moderada, se o defeito grau moderado

    numa destas capacidades ou nas duas; 3) Grave, quando o defeito grave nas duas

    capacidades ou numa delas. (Guerreiro, 2005).

    Touchone e Portet (2002) definiram as demncias em duas principais categorias sob um

    ponto de vista etiolgico: generativas e no generativas. Nas demncias generativas na

    qual tem o padro a DA, so as mais frequentes e representa 45% das demncias assim

    como 75% das demncias degenerativas. As demncias no degenerativas que surgem

    com mais frequncia so as demncias vasculares, no entanto este tipo pode ser inserido

    como mista (pois pode estar associado a um processo degenerativo). As restantes

    demncias deste tipo so, demncias neurocirrgicas; txicas; infecciosas; inflamatria;

    metablicas; e demncias secundrias a um traumatismo craniano.

    Massano (2009) classifica os quadros demenciais como corticais e subcorticais e mistos,

    de acordo com a alterao clnica tpica existente das leses. Nas leses corticais ocorre

    tipicamente a existncia de dfices de memria, linguagem, reconhecimento percetivo,

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    8

    clculos, ou capacidade de realizao de tarefas motoras. Um exemplo destas demncias

    a DA e a degenerescncia lobar frontotemporal. Por outro lado as demncias

    subcorticais esto associadas a doena de Parkinson e a paralisia supranuclear

    progressiva, em que os dfices incluemlentificao ao nvel psicomotricidade e funes

    executivas. A degenerescncia cortico basal e demncia dos corpos Lewy compreendem

    caratersticas dos dois tipos de demncia (corticais e subcorticais). Salienta-se que a

    todos os tipos de quadro demencial esto associadas alteraes de comportamento,

    apatia, depresso, agressividade, alteraes dos ciclos de viglia e sono, entre outros

    (Massano,2009).

    A demncia uma patologia do envelhecimento e a sua prevalncia superior nos

    grupos mais idosos (Nunes, 2005). A DA caracteriza a maior parte dos quadros

    demenciais com uma percentagem de 60 a 70%, (Nunes, 2005). O sexo feminino e a

    escolaridade, assim como a idade, tm se apresentados como fatores de risco, mais

    relacionados para a demncia, (Gao, 1995; Mortimer, 1993 cit. in Nunes, 2005) e existe

    uma maior prevalncia para o sexo feminino no que diz respeito a idade e escolaridade

    (von Strauss, 1999 cit. in Nunes, 2005). Aquando a correlao da baixa escolaridade a

    sua prevalncia surge em ambos os sexos (Prencipe 1996 cit. in Nunes, 2005).

    O diagnstico precoce de demncia surge com dificuldade, devido a factores como o

    nvel scio cultural, a escolaridade a idade, a presena de alteraes de comportamentos

    e as suas repercusses funcionais (Nunes, 2005). No diagnstico, particularmente nos

    idosos, surge a dificuldade de distinguir manifestaes iniciais da demncia e alteraes

    associadas com o envelhecimento normal (Ficher, 1995 cit. in Nunes, 2005). Gil (2001)

    reporta que em certas demncias principalmente as demncias frontais podem surgir

    transtornos de memria, estando afetada a memria de curto e longo prazo. Nos

    pacientes com demncia a linguagem encontra-se empobrecida (Gil, 2001).

    Simultaneamente surgem problemas cognitivo-comunicativos da demncia, que

    resultam de uma alta deteriorao dos processos cognitivos principalmente na memria.

    Assim a compreenso dos sistemas de memria e da sua neuroanatomia necessria,

    para entender porqu e como o funcionamento comunicativo afetado em indivduos

    com demncia (Hooper & Bayles, 2008).

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

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    Os efeitos da idade foram demonstrados em nomeao por confronto (Goodlgass, 1980;

    Nicholas, Barth, Obler, Au & Albert, 1997 cit. in Bayles & Tomeda, 2007) e por testes

    de nomeao generativa (Coppens & Frisinger, 2005; Kempler, Teng, Dick, Tausig &

    Davis, 1988 cit. in Bayles & Tomeda, 2007), mas num sentido funcional os mais velhos

    no so limitados na sua habilidade para comunicar. Os idosos continuam a aprender

    novas palavras e conceitos ao longo da vida, porem eles podem ser menos eficientes na

    aprendizagem. (Kemper, Kynette, Rash, Obrien, & Sprott, 1989 cit. in Bayles &

    Tomoeda, 2007). Os idosos retm a habilidade para adquirir novo vocabulrio e

    compreender palavras, formam frases gramaticais, e podem distinguirconstrues

    gramaticais de agramaticais. Os efeitos descritos do envelhecimento na linguagem so

    primariamente consequncias de decrscimos no processamento sensorial e

    retardamento psicomotor mais do que perda do conhecimento lingustico (Bayles &

    Tomoeda, 2007). Problemas de linguagem e comunicao associados demncia so

    reconhecidos e so estimados de ocorrer em quase todos os indivduos com esta

    sndrome (Kempler, 1995 cit. in Lubinski & Orange, 2000)

    Tendo em considerao a literatura, asdificuldades na comunicao so percebidas por

    prestadores de cuidados de indivduos com demncia,como um problema primrio.

    Estes problemas aumentam o risco de institucionalizao precoce (Gurland et. al, 1994;

    Richter et. al 1995; Williamson & Schulz, 1993 cit. in Lubsinki & Orange, 2000).

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    10

    4. Memria

    J tendo sido abordado o dfice cognitivo e a demncia nos captulos precedentes,

    impe-se agora aprofundar um pouco mais aspetos relacionados com a memria. A

    memria uma funo cognitiva complexa que permite registar e recordar informaes

    (Phaneuf, 2010), sendo uma das vrias funes (tal como a linguagem, o raciocnio, o

    clculo, o humor, a personalidade, entre outras) que estoinstitudas nas estruturas

    corticais(Pais, 2008).Abarca diversas atividades cognitivas, inerentes ao processamento

    da linguagem. A memria de trabalho est relacionada com a compreenso de fala, na

    leitura de frases complexas e na produo de discurso falado (Gomes, 2009) O estudo

    neste mbito tambm interdisciplinar e abrange diversas reas (Corra, 2008).

    Wiliam James (1980 cit. in Corra, 2008) diferenciou a designao de memria primria

    e memria secundria, que mais tarde foram denominadas por Broadbent (cit. in Corra,

    2008) como memria de curto prazo e memria de longo prazo. De uma forma geral a

    memria de curto prazo, referia-se a tarefas guardadas durante alguns segundos,

    enquanto a memria de longo prazo dizia respeito a tarefas nas quais a sua reteno

    mais duradoura (Nunes & Caldas, 2009). O modelo de registo triplo de Atkinson e

    Schiffrin (1968 cit. in Pais, 2008) previu trs sistemas de memria memria sensorial,

    memria de curto prazo e memria de longo prazo capazes de armazenar informao

    por perodos de tempo distintos, com capacidades especializadas e processos de

    funcionamento prprios. Mais tarde o modelo de Craik e Lockhart (1972 cit. in Pais,

    2008) abordou a memria como uma s estrutura em que o grau de reteno variava

    essencialmente de acordo com o modo como a informao era processada, e no das

    funes especficas da memria a curto prazo ou da memria a longo prazo.

    Posteriormente Baddeley e Hitch (1974 cit. in Baddeley, 2003) propuseram um modelo

    de memria que designaram working memory, ou seja, memria de trabalho. A fim

    de compreender e reunir vrios experimentos sobre memria de curto prazo, Baddley e

    Hicth (1974 cit. in Charchat, 2001) propuseram este conceito de memria de trabalho,

    sugerindo trs subcomponentes: o centro executivo, loop fonolgico e esboo visuo-

    espacial (Nunes & Caldas, 2009). Gaspar (2001) refere que estas trs componentes

    desempenham funes especficas relativamente ao processamento da linguagem.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    11

    Este modelo sofreu alteraes e Baddeley (2000a cit. in Nunes & Caldas 2009) sugere

    um novo componente ao modelo designado de buffer episdico. Baddeley (2003 cit. in

    Carrillo-Mora, 2010) definiu o circuito fonolgico, que contem um loop fonolgico que

    pode reter a informao por alguns segundos e um sistema articulatrio de reforo e

    repetio, idntico repetio verbal. Assim perante este mecanismo, a informao

    pode ser recordada com a repetio verbal. Porm, a memria imediata limitada

    porque a articulao ocorre em tempo real, de modo a aumentar o nmero de estmulos

    consecutivos por recordar, logo surge um momento em que primeiro ter sido esquecido

    antes de poder ser repetido (Baddeley 2003 cit. in Carrillo-Mora, 2010). O buffer

    episdico considerado ento, um local de armazenamento temporrio da informao e,

    para alguns autores, a fraca capacidade de reteno imediata de informao que se

    observa na DA est associada a defeitos na gesto de informao que feita pelo

    sistema executivo central. (Gonzaga, 2008).

    Quando a informao da memria de trabalho descodificada na memria de longo

    prazo, relacionada com outras memrias similares (Bayles & Tomoeda, 2007). A

    memria de trabalho est contextualizada como contendo buffers que armazenam

    informao sensorial recebida, porm por estes tem capacidade limitada (Bayles &

    Tomoeda, 2007), tal como j foi referido anteriormente.A presena de um dfice da

    memria de curto prazo ou memria de trabalho em pacientes com DA descrita por

    autores como Morris e Baddeley (1988). Miller (1956 cit. in Bayles & Tomoeda, 2007)

    sugere atravs de um estudo experimental, que o alcance dos buffers em mdia entre 5

    a 9 minutos, se a quantidade de informao excede a capacidade do buffer, a informao

    perdida.

    Ao longo do tempo foram apresentados diversos modelos de memria a curto prazo, no

    entanto os investigadores esto em concordncia quanto ao facto da memria de curto

    prazo ser um sistema caracterizado por uma capacidade limitada, que pode ser

    mensurada atravs das provas de memria imediata. A prova de amplitude de nmeros

    representa de uma formaclssica estas provas, em que solicita a reproduo imediata e

    por ordem de sries de dgitos com extenses variveis (Gaspar, 2001). Gonzaga (2008)

    afirma que as provas de avaliao neuropsicolgica que avaliam a memria de trabalho,

    tais como a repetio de sries de dgitos em ordem direta e em ordem inversa permitem

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    12

    observar que os doentes apresentam de forma consistente uma repetio direta dentro da

    normalidade. Nesta linha, Martins (2006) indica que na populao portuguesa um adulto

    saudvel capaz de repetir uma sequncia de 6 a 7 dgitos, aquando o teste da memria

    imediata. Este realizado habitualmente, atravs de provas de repetio de sries de

    dgitos ou memria de dgitos, por ordem direta ou inversa.

    Foram ainda desenvolvidos outros conceitos de tipos de memria, Tulving (1972 cit. in

    Corra, 2008) sugeriu a distino de memria semntica e memria episdica.

    Desenvolveu em simultneo conceitos da memria implcita e explcita (Tulwing cit. in

    Corra, 2008). A memria semntica o conhecimento organizado que o indivduo

    possuisobre o significado das palavras e outros smbolos verbais. Inclui o conhecimento

    no verbal, como o significado de objetos ou smbolos visuais (Corra, 2008). A

    memria episdica faz parte do conhecimento autobiogrfico do indivduo. (Corra,

    2008). O conceito de memria implcita descrito por Graf e Shacter (cit. in

    Vasconcelos, 2006) como um tipo de memria revelado indiretamente e poder ser uma

    memria revelada pela facilitao no seu desempenho, tambm chamado de priming

    (Cofer, 967 cit. in Vasconcelos, 2006). A memria explcita refere-se a uma

    recuperao consciente da informao tambm chamada de memria declarativa.

    (Vasconcelos, 2006).

    Numa abordagem anatomofisiolgica, a informao processa pela memria de trabalho

    tem a possibilidade de se tornar uma memria de longo prazo e estes processos parecem

    estar localizados nos crtices associativos posteriores (Kandel, 2000). No lobo frontal,

    mais precisamente no crtex motor e pr motor, esto envolvidos processos cognitivos

    como a memria de trabalho entre outros. O lobo temporal est envolvido na

    compreenso da linguagem hemisfrio esquerdo e aspetos relacionados com a

    memorizao (Caldas, 2005). Segundo Pais (2008), a memria uma funo complexa,

    ligada a outras reas da cognio, est integrada numa extensa rede neuronal e depende,

    portanto, da integridade de todo o sistema. Por um lado precisa que o crebro esteja

    ativo para o seu trabalho inicial de receo e organizao das memrias. Por outro lado

    precisa de reas importantes do crtex cerebral, umas da memria e outras especficas

    de funes como a linguagem, para que se consiga a correta incorporao e evocao

    das memrias.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    13

    O centro executivo, que est localizado no crtex pr-frontal e focaliza ativamente a

    perceo sobre eventos especficos no ambiente. Este o sistema que permite a

    repetio de uma sequncia de dgitos (Kandel, 2000). Os lobos frontais so essenciais

    para a memria de trabalho particularmente regies pr frontais que so extensivamente

    conectadas com os sistemas de processamento sensorial do crebro e com estruturas que

    constituem a base da emoo (Bayles & Tomoeda, 2007). Eichenbaum (2002 cit. in

    Bayles & Tomoeda, 2007) nota que o crtex pr-frontal tem a capacidade de guardar

    objetos na conscincia para manipulao, e codificao de estmulos e eventos. As suas

    subdivises so altamente conectadas umas com as outras e com as reas posteriores

    do crtex para operar como uma complexa e muito difundida rede para controlo

    consciente sobre a memria e outras funes intelectuais. A rea de Broca e o crtex

    envolvente, bem como crtex inferior parietal e inferior temporal tm influncia no

    funcionamento do loop fonolgico. (Baddeley, 2003 cit. in Bayles & Tomoeda, 2007).

    Os indivduos que manifestam leses nos lobos frontais e nas estruturas ligadas aos

    mesmos, como consequncia apresentam o funcionamento da memria de trabalho, que

    fica comprometida (Bayles & Tomoeda, 2007). Devido presena de dfices ao nvel

    cognitivo, incluindo a memria, nos indivduos com demncia as funes

    comunicativas esto sempre afetadas (Bayles & Tomoeda, 2007). Pais (2008)indica que

    as estruturas internas dos lobos temporais, chamadas mesiais, so constitudas pelos

    hipocampos, amgdala e parahipocampos. Sendo estas estruturas fundamentais na

    consolidao de informaes e no armazenamento a longo prazo. As alteraes de

    memria do envelhecimento parecem estar relacionadas com a disfuno frontoparietal,

    enquanto nos doentes de Alzheimer as alteraes se prendem com a disfuno nos

    hipocampos e outras estruturas temporais mediais. (Gonzaga, 2008). Este autor assegura

    ser fulcral detetar o incio das alteraes cognitivas, distinguindo entre as dificuldades

    encontradas no envelhecimento normal e os primeiros sintomas de demncia. Este

    princpio ser mais relevante do quedistinguir entre os diferentes tipos de demncia

    No mbito da demncia, a memria surge com lacunas significativas e,conforme Pais

    (2008), esta a primeira capacidade cognitiva afetada na maioria dos casos de demncia

    degenerativa e uma das capacidades que sofre modificaes durante o envelhecimento

    normal. Por isso, as alteraes de memria so as mais estudadas na rea do

    envelhecimento (Pais, 2008), contudo nem todos os sistemas de memria so afetados

    de igual forma (Bayles & Tomoeda, 2007). Desta forma Gonzaga (2008) verificou que a

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    14

    memria implcita encontra-se mais alterada, concretamente ao nvel de aprendizagem

    de procedimentos, o que contrasta com as demncias corticais, como a DA, onde este

    tipo de memria no sofre alterao. A caraterstica mais tpica da destas demncias

    um defeito de memria que incide sobre a capacidade de recuperao, de evocao da

    informao e no na capacidade de aprendizagem dessa informao. Assim, indivduos

    com este tipo de doena subcortical apresentam uma baixa pontuao nas provas de

    evocao livre, e melhor pontuao nas provas de evocao por reconhecimento. A

    capacidade de intencionalmente aprender a reter novas informaes uma das primeiras

    reas do funcionamento cognitivo a aparecer alterada na DA, mas tambm decresce no

    envelhecimento normal. (Gonzaga, 2008).

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    15

    5. Nomeao generativa

    Os testes de fluncia verbal, igualmente denominados de - nomeao generativa -

    envolvem a evocao do maior nmero de palavras num perodo de tempo fixado

    (Rodrigues, 2008). Geralmente aplicam-se os subtestes, com categorias semnticas e

    fontica, e factores scio demogrficos podem influenciar o seu desempenho

    especialmente escolaridade e idade (Arajo et. al, 2011). Poder ser uma avaliao

    realizada num minuto, dirigida a funes executivas bem como habilidades lingusticas

    (Arajo et al., 2011). Segundo (Magila & Carameli, 2001 cit. in Silva, 2010) estas

    tarefas exigem aptides de organizao, auto regulao assim como memria de

    trabalho. Estes testes constituem um meio vantajoso para investigar a evoluo

    progressiva de competncias cognitivas particulares e, so sensveis reduo da

    nomeao generativa em leses pr-frontais. (Simes, 2003)

    O baixo desempenho nas provas de nomeao generativa (NG) pode representar um

    resultado de alteraes em diferentes funes cognitivas, tais como, a memria

    operacional, a memria semntica e a linguagem. (Rodrigues, Yasmashita & Chiappeta,

    2008 cit. in Silva, 2010)

    Segundo Simes (2003) existem diversos tipos de tarefas para realizar neste mbito no

    entanto, permanecem dois grandes tipos de testes relativos a este conceito, tendo

    cumprido um papel importante na investigao neuropsicologia: os testes de

    nomeaogenerativa fonmica (NGF) e os Testes de nomeao generativa semntica

    (NGS). Os testes de NGF exigem que o indivduo produza palavras comeadas com

    uma determinada letra (Simes, 2003). A sequncia P-M-R considerada a mais

    adequada para este tipo de tarefas, atravs de estudos no publicados, realizados em

    Portugal com crianas e adolescentes (Fernando et. al 2003 cit. in Simes, 2003). As

    provas de nomeao generativa semntica so outro meio para avaliar a nomeao

    generativa, neste caso necessrio que os indivduos produzam exemplares de

    categorias especficas como por exemplo nomes de animais (Simes, 2003). A tarefa

    de NGF intrnseca e nominalmente mais difcil (Bayles et. tal 1993 cit. in Simes,

    2003), esta requer mais esforo e habilidade, uma vez que este tipo de nomeao

    generativa menos congruente com o modo como a memria semntica est

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    16

    organizada. (Martin et. al, 1944; Rosen, 1980 cit. in Simes, 2003). Nestes testes

    conveniente uma anlise cuidada dos erros de nomeao generativa, pois estes

    proporcionam informaes qualitativas de manifestaes cognitivas, como repeties,

    parafasias, incluso de outros itens de outras categorias entre outros (Silva, 2010).

    De acordo com Arajo et. al (2011), as doenas neurodegenerativas apresentam

    mudanas marcadas na nomeao e compreenso de palavras, frases e linguagem como

    um todo. Perante a DA assim como na doena de parkinson, os resultados dos testes de

    nomeao generativa diferem comparativamente com idosos saudveis. Os testes de NG

    podem incluir ambas categorias, est estabelecido que o resultado superior a NGF, na

    distino entre controlos normais e DA mesmo nos estgios mais suaves de demncia.

    Enquanto ambas as tarefas so avaliadas para avaliar a recuperao de linguagem. Esta

    discrepncia foi atribuda para deteriorao seletiva de redes semnticas em estados

    iniciais de AD (Clark et. al, 2009).

    Estudos recorreram neuroimagem demonstraram que um bom desempenho nas tarefas

    de NG, fonolgica e semntica, est associado ao lobo frontal e ao temporal

    respetivamente (Rodrigues, 2008). A eficcia no teste de NG requer a generalizao de

    palavras dentro de subcategorias e trocas para uma nova subcategoria, quando a

    primeira se esgotar. Este processo implica o uso da memria verbal e est relacionada

    ao lobo temporal, por outro lado as trocas exigem flexibilidade mental e cognitiva,

    associada ao lobo frontal e funes executivas (Rodrigues, 2008). O conceito de funes

    executivas designa um conjunto de capacidades cognitivas e princpios de organizao

    essenciais para lidar com resoluo de tarefas. Estas capacidades incluem planeamento,

    auto regulao, coordenao motora fina sendo dependentes de reas pr frontais

    (Nitrini et. al, 2005).

    Estudos com grupos de controlo e pacientes com DA e pacientes com estgios leves de

    Demncia, indicaram resultados de NGS superiores aos de NGF (Clark, 2009). Um

    estudo realizado por Clark (2009), comprovou que os dois tipos de tarefas de NG so

    usadas para a avaliao e reabilitao de linguagem.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    17

    Snowen, Kindell e Neary (cit. in Bryan & Maxim, 2006) na utilizado tarefas de NGS

    podem ser manifestadas dificuldades de nomeao o que facilita e o seu papel num

    diagnstico diferencial. Porm so as tarefas de NGS que so mais provveis para

    evidenciar dfices nos estdios inicias de demncia, vivel fazer um teste NGF como

    comparador. De facto a NGF com critrio a uma letra, apresenta se limitada nos casos

    de afasia no fluente comparada com DA.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    18

    6. A pertinncia do terapeuta da fala no mbito do dfice cognitivo

    A interveno cognitiva encarada como algo suprfluo e geralmente no est

    disponvel aos doentes na totalidade dos servios pblicos e no acessvel, seno a

    uma escassa minoria de doentes. (Gonzaga, 2008). Contudo, a evidncia da sua

    utilidade como teraputica coadjuvante crescente e o prprio senso comum diz-nos

    que treinar repetidamente as capacidades traz benefcios, os quais ainda que ligeiros so

    importantes em doenas assim devastadoras (Gonzaga, 2008).

    Pertersen (2004) defende que medida que o campo do envelhecimento e da demncia

    for avanando, os indivduos tornar-se-o candidatos a intervenes teraputicas

    concebidas para retardarem ou mesmo intermitirem o progresso subjacente do processo

    patolgico. Surge assim a necessidade da interveno precoce nos indivduos com

    demncia, que faculta uma independncia durante mais tempo, e acautela a sobrecarga

    para as famlias. Koehler (2011). Bottino (2002) indica que a literaturaexistente, abarca

    mltiplos mtodos na reabilitao cognitiva nos casos de DA, e que estes abrangem

    uma abordagem multidisciplinar, destacado pelo treino cognitivo, a estruturao do

    ambiente, entre outras. A reabilitao recorrente a treinos que envolvem a memria

    implcita e de procedimentos atesta resultados benficos (Bottino, 2002)

    As dificuldades cognitivo-comunicativas so experienciadas por indivduos com

    demncia, que lhes diminui qualidade de vida, sendo necessrios os servios de um

    terapeuta da fala (ASHA, 2005 cit. in Hopper & Bayles 2008). Tal como referem Bayles

    e Tomoeda (2007), os terapeutas da fala foram solicitados em meados dos anos 70 para

    a avaliao da perturbao cognitivo-comunicativa e de deglutio presentes em

    indivduos com demncia. A ASHA (American Speech Language Hearing Association)

    publicou nos Estados Unidos da Amrica em 2005, um documento explicativo

    relativamente ao papel do terapeuta da fala junto destes indivduos. Sendo estabelecido

    um papel primrio na monitorizao, avaliao e tratamento assim como

    aconselhamento e treino junto dos cuidadores (Bayles & Tomoeda, 2007). Na mesma

    linha, Hooper (2007) defende que o terapeuta da fala tem um papel importante na

    avaliao e gesto nas perturbaes cognitivo-comunicativas associadas a indivduos

    com demncia, assim como interveno, aconselhamento de acordo com ASHA. Em

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    19

    2001 foram reconhecidos os servios do terapeuta da fala relacionados com aspetos

    cognitivos para a comunicao, como por exemplo, ateno, memoria, resoluo de

    problemas, e funes executivas. Com fim de identificar comportamentos e ambientes

    que afetam a comunicao.

    Koehler (2001) defende que no que concerne aos aspectos lingusticos e comunicativos,

    importante obter precocemente o diagnstico de demncia, para que se possa iniciar

    uma interveno e obter melhores resultados. Assim o indivduo poder permanecer

    num nvel cognitivo e funcional mais elevado. Maxim e Bryan (1994 cit. in Bryan,

    2006) sugerem uma srie de parmetros que devem ser considerados inerentes

    linguagem, cognio e comunicao:

    Quais os processos de linguagem esto perturbados;

    Se h perturbao igualitria nos sistemas de linguagem e cognio;

    Qual o nvel de severidade presente;

    Se a incapacidade de comunicar est presente;

    Qual a relao entre a incapacidade de comunicar e outros comportamentos.

    Achados sugerem que a influncia negativa de dificuldades comunicacionais, podem ser

    reduzidas quando, os prestadores de cuidados tm conhecimento adequado da natureza

    das modificaes comunicacionais ao longo do curso da demncia (Clark, 1995 cit. in

    Orange & Lubinski, 2000).

    Em suma, os terapeutas da fala devem estar preparados para desenvolver e implementar

    e avaliao da comunicao e programas de interveno para indivduos com demncia

    que: a) avaliar o grau de limitao e comunicao funcional (incluindo o discurso e

    conversao); b) capitalizar foras comunicacionais e capacidade de resoluo de

    problemas dos cuidadores; c) apontar comportamentos desafiadores dos indivduos com

    demncia relacionadas com a comunicao porque pode contribuir para o aumento dos

    nveis de stress e carga dos cuidadores; d) responder a mudanas na comunicao ao

    longo do percurso da doena; e) fazer ajustamentos em ambientes fsicos e psicolgicos

    que suportam a comunicao. (Bourgeois, 1997; Clark, 1997; Lubinski, 1995; Tomoeda

    & Bayles, 1991 cit. in Lubinski & Orange, 2000).

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    20

    II. ESTUDO EMPRICO

    1. Tipo de estudo

    Neste trabalho, foi adotada uma metodologia quantitativa, que visa a escolha de uma

    amostra representativa da populao, em que os instrumentos de colheita de dados so

    definidos e aplicados aos participantes (Fortin, 2006). um estudo correlacional, pois

    estabelece relaes entre as variveis, e transversal porque mede a frequncia de

    apario de um acontecimento/problema na populao num determinado momento

    (Fortin, 2006).

    2. Objetivos

    Destaca-se como principal objetivo do presente estudo, a avaliao da nomeao

    generativa e da memria de curto prazo na populao idosa. Os objetivos especficos

    consideram-se:

    Analisar o desempenho da memria de curto prazo atravs da amplitude de

    memria de dgitos em idosos com e sem dfice cognitivo

    Analisar o desempenho da memria de curto prazo na prova recontar a

    histria em idosos com e sem dfice cognitivo;

    Analisar a nomeao generativa semntica em idosos com e sem dfice

    cognitivo;

    Analisar a nomeao generativa fonolgica em idosos com e sem dfice

    cognitivo;

    Analisar a influncia de escolaridade, e da idade na nomeao generativa

    semntica e fonmica.

    3. Variveis

    Fortin (2006) enuncia que a varivel independente uma varivel que o investigador

    introduz (tratamento, interveno) num estudo experimental, para medir o efeito que ela

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    21

    produz na varivel dependente. A varivel dependente sofre o efeito da varivel

    independente e produz um resultado. Deste modo considera-se como variveis

    dependentes: a nomeao generativa fonmica e semntica, e a memria de curto prazo.

    Considera-se como variveis independentes: a idade, o sexo e o nvel cognitivo.

    4. Hipteses

    As hipteses para o presente estudo foram as seguintes:

    H10: O desempenho dos indivduos com dfice cognitivo no difere quanto amplitude

    de memria de dgitos relativamente aos indivduos sem dfice cognitivo.

    H1:O desempenho dos indivduos com dfice cognitivo difere quanto amplitude de

    memria de dgitos relativamente aos indivduos sem dfice cognitivo.

    H20: O desempenho dos indivduos com dfice cognitivo no difere na nomeao

    generativa semntica relativamente aos indivduos sem dfice cognitivo.

    H2: O desempenho dos indivduos com dfice cognitivo difere na nomeao generativa

    semnticarelativamente aos indivduos sem dfice cognitivo.

    H30: O desempenho dos indivduos com dfice cognitivo no difere na nomeao

    generativa fonolgica relativamente aos indivduos sem dfice cognitivo.

    H3: O desempenho dos indivduos com dfice cognitivo difere na nomeao generativa

    fonolgica relativamente aos indivduos sem dfice cognitivo.

    H40: O desempenho dos indivduos com dfice cognitivo no difere a recontar a histria

    relativamente aos indivduos sem dfice cognitivo.

    H4: O desempenho dos indivduos com dfice cognitivo difere a recontar a histria

    relativamente aos indivduos sem dfice cognitivo.

    H50: O desempenho quanto nomeao generativa no difere quanto escolaridade e

    idade.

    H5: O desempenho quanto nomeao generativa difere quanto escolaridade e idade.

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    22

    5. Mtodo

    5.1 Participantes

    No presente estudo participaram 57 indivduos de ambos sexos e com idades

    compreendidas entre os 61 e os 97 anos de idade.A recolha da amostra foi realizada de

    modo aleatrio em indivduos institucionalizados e acompanhados pelas IPSS

    (Instituies particulares de solidariedade social). Para a seleo dos participantes foram

    delineados critrios de incluso e excluso. Consideraram-se os seguintes critrios de

    incluso: i) inserido em ambiente institucional; ii) apresentar como lngua materna o

    portugus. O critrio de excluso considerou-se no apresentar dfice visual e/ou

    auditivo.

    Tabela 1- Caraterizao da amostra quando idade e ao sexo e escolaridade

    Idade Escolaridade Sexo

    Mdia DP Mn. Mx. Mdia DP Mn. Mx. Mas. Fem.

    80,21 8,3 61 97 2,65 2,23 0 11 21 36

    Como se pode observar na tabela 1 a amostra representa uma idade avanada e

    encontram-separticipantes iletrados, com um mximo de onze anos de escolaridade, o

    que apura uma amostra com uma baixa escolaridade.

    5.2 Instrumentos

    Para obter os dados e analis-los recorre-se a instrumentao para significar uma

    medida objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento. Foram aplicadas

    uma srie de 6 provas aos indivduos com uma durao mdia de 20 a 30 minutos. As

    provas foram aplicadas aps o consentimento positivo na participao das mesmas, e

    empregadas pela ordem especfica que se segue.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    23

    Os instrumentos utilizados neste trabalho foram: 1) Questionrio Scio Demogrfico

    (cf. Anexo III); 2) Mini Mental State Examination; 3) Amplitude de Memria de

    Dgitos (PALPA-P n.13); 4) Nomeao Generativa Fonolgica (cf. Anexo IV); 5)

    Nomeao Generativa Semntica (cf. Anexo IV); 6) Prova de Recontar a Histria (cf.

    Anexo V).

    O Questionrio Scio-Demogrfico foi construdo de modo a recolher os dados

    referentes aos participantes como idade, sexo e escolaridade, diagnstico clnico e

    problemas de sade associados. Estes ltimos parmetros no foram analisados no

    estudo visto no ser possvel o acesso a esta informao.

    Recorreu-se ao Mini Mental State Examination (MMSE), mais comum para rastreios

    populacionais de demncias e dfice cognitivo (Nunes, 2005). Este tipo de teste foi

    construdo para uma avaliao global do estado mental, para uso em mbito de consulta

    mdica ou estudos populacionais, tais como estudo epidemiolgicos (Guerreiro, 2010).

    composto por 7 categorias com a finalidade de avaliar o desempenho cognitivo, a sua

    pontuao varia entre 0 a 30. O dfice cognitivo atribudo consoante a escolaridade do

    participante e a pontuao obtida.

    Na Prova de Amplitude de Memria de Dgitos pedida a tarefa de repetio atravs

    de uma sequncia de dgitos, o estmulo dado com uma entoao neutra para toda a

    srie. A sua pontuao varia entre 2 a 7 conforme a sequncia repetida. Esta tarefa est

    integrada nas Provas de Avaliao da Linguagem e da Afasia em Portugus (PALPA-P)

    com verso original de Kay, Lesser e Coltheart (1992) adaptada por Castro, Cal e

    Gomes (2007). Avalia a memria fonolgica a curto termo, um tipo de memria

    essencial para compreender linguagem, falada ou escrita, e permite que a fala seja

    fluente. (Kay, Lesser & Coltheat 1992 cit. in Castro, Cal & Gomes, 2007).

    A prova de Nomeao Generativa (NG) exige que o participante durante um minuto

    evoque palavras segundo um determinado critrio, tal semntica ou fonolgica. Na

    prova de nomeao generativa fonolgica, (NGF) foi solicitada a evocao de palavras

    com o critrio fonolgico, ou seja palavras comeadas com o som /m/. Selecionou-se

    este critrio, como j referido anteriormente, est inserido numa das sries consideradas

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    24

    mais adequadas (P-M-R), atravs de estudos no publicados realizados em Portugal.

    (Fernandes et. al, 2003 cit. in Simes, 2003). Na nomeao generativa semntica foi

    adotado o critrio nomes de animais, um dos exemplos referidos por Simes (2003)

    Os testes de NG podem ser executados rapidamente e com pouco equipamento, portanto

    so menos stressantes para a pessoa a ser testada, podendo ainda ser utilizados por

    pessoas com problemas visuais e ou auditivos, e esto includos numa avaliao

    cognitiva geral (Snowen, Kindell & Neary cit. in Bryan & Maxim, 2006). Para uma

    avaliao mais rigorosa, surgiu a necessidade de constituir os critrios de repetio de

    palavras j referidas pelo participante assim como intrusos, palavras nomeadas

    consideradas fora da categoria. Deste modo a cotao s era atribuda s palavras

    solicitadas na categoria correta e sem repetio, por cada palavra nomeada dentro dos

    critrios atribudo um ponto.

    Na Prova de Recontar a Histria originalmente ABCD (Arizona Battery for

    Communication Disordersof Dementia), Story Retelling no teste lida uma histria

    curta ao participante, que ter que reconta-la imediatamente a seguir e posteriormente

    passado algum tempo. (Bayles & Tomoeda 1933 cit. in Stevens, 2006). Segundo

    Snowen, Kindell e Neary (cit. in Bryan & Maxim 2006) nesta bateria este, um dos

    subtestes mais sensveis para as alteraes cognitivas mais precoces. Devido prova ser

    originalmente recolhida da bateria ABCD como story retelling, na lngua inglesa,

    surgiu necessidade de realizar a traduo para a lngua portuguesa e a retro-traduo

    novamente para a lngua original, com objetivo de confrontar com a verso original da

    mesma, e deste modo obter a traduo final. Este processo envolveu a anlise de trs

    docentes da Universidade Fernando Pessoa. Esta prova est estabelecida em 17

    segmentos conforme recolhido no artigo de Cherney et. al (1997). Apresenta uma

    pontuao compreendida entre 0 a 17 pontos, em que, por cada segmento recontado

    pelo indivduo atribudo 1 ponto. A prova foi classificada numa primeira parte

    Recontar a Histria, e numa segunda parte Recontar a Histria 2 que corresponde

    ao segundo momento, neste o participante reconta a histria novamente sendo a

    evocao tardia da mesma. Optou-se pela insero da prova de NG entre estes dois

    momentos.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    25

    5.3 Procedimentos

    Primeiramente solicitou-se a aprovao do respetivo pedido ao conselho de

    administrao da Comisso de tica da Faculdade de Cincias da Sade da

    Universidade Fernando Pessoa, para a realizao do estudo. De seguida efetuou-se a

    recolha e o tratamento das provas a aplicar. Realizou-se uma deslocao a diferentes

    instituies de terceira idade e uma IPSS (Instituio Particular de Solidariedade Social)

    do distrito de Vila Real,onde foi entregue uma carta (cf. Anexo I), para o pedido para a

    realizao do estudo. Aps concedida a autorizao para a recolha da amostra, foi

    distribudo pelas instituies e responsveis o consentimento informado (cf. Anexo II),

    explicativo ao referente estudo. Consoante a dinmica de cada instituio foi assinado o

    consentimento informado, por famlia ou instituio do participante. Todos os dados

    foram recolhidos e tratados sem qualquer identificao dos participantes na

    investigao. Aps a explicao do objetivo e procedimento do estudo e cedida a

    autorizao dos participantes, foram aplicadas o conjunto de provas pela aluna.

    5.4 Anlise e tratamento de dados

    A anlise dos dados estatsticos realizou-se atravs do programa Statistical Package for

    Social Sciences (SPSS), verso 20.0. A utilizao deste facilita a anlise estatstica e as

    devidas relaes das variveis desejadas. Para anlise e interpretao de dados foram

    realizados testes paramtricos, assumindo-se a normalidadeda distribuio da amostra

    atravs da recorrncia ao teste de Shapiro-Wilk de Kolmogorov-Smirnov.

    Recorreu-se ao teste anlise fatorial de varincia (ANOVA) - teste estatstico para

    avaliar o efeito de duas ou mais variveis independentes sobre uma varivel dependente.

    (Sampieri, 2006) - para avaliar os efeitos do dfice cognitivo no desempenho da

    memria de curto prazo (memria de amplitude de dgitos; recontar a histria) e

    nomeao generativa. O investigador estabelece previamente o nvel de significao

    segundo qual a hiptese ser rejeitada ou no, com a mais fraca probabilidade de erro. O

    nvel de significao exprime-se habitualmente por valores de alfa 0,01 e 0,05 (Fortin,

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    26

    2009). Submetendo os resultados de uma ANOVAa um fator de amostras emparelhadas

    assume-se que os resultados so significativos para p

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    27

    Nomeao Generativa Repetio 0,19 0,64 0 4

    Nomeao Generativa Semntica Total 7,84 3,40 0 14

    Nomeao Generativa Semntica Intruso 0,12 0,47 0 3

    Nomeao Generativa Semntica Repetio 0,09 0,34 0 2

    Recontar Histria 8,44 3,86 0 14

    Recontar Historia 2 8,07 4,12 0 14

    Na tabela seguinte, apresenta-se a anlise descritiva para as pontuaes das provas

    aplicadas (Memria de Amplitude de Dgitos; Nomeao Generativa Fonolgica;

    Nomeao Generativa Semntica; Recontar a Histria (2)). A pontuao das provas est

    distribuda pelos participantes com e sem dfice cognitivo.

    Tabela 3 Pontuao das provas aplicadas em idosos sem dfice cognitivo (SD) e com

    dfice cognitivo (CD)

    N=57 M DP Mx. Mn.

    Amplitude de Memria de Dgitos SD 5,81 0,99 7 4

    CD 4,51 1,54 7 2

    Nomeao Generativa Fonolgica Total SD 6,94 3,66 14 1

    CD 3,22 2,78 9 0

    Nomeao Generativa Intruso SD 0,44 0,63 4 2

    CD 0,32 1,01 4 0

    Nomeao Generativa Repetio SD 0,31 1,01 4 0

    CD 0,15 0,42 2 0

    Nomeao Generativa Semntica Total SD 10,19 2,74 14 4

    CD 6,93 3,21 12 0

    Nomeao Generativa Semntica Intruso SD 0,31 0,79 3 0

    CD 0,05 0,22 1 0

    Nomeao Generativa Semntica Repetio SD 0,06 0,25 1 0

    CD 0,10 0,37 2 0

    Recontar Histria SD 10,81 2,86 14 11

    CD 7,51 3,82 14 0

    Recontar Historia 2 SD 11,19 2,04 14 7

    CD 6,85 4,09 13 0

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    28

    A Amplitude de Memria de Dgitos para os participantes sem dfice cognitivo,

    apresentou-se com uma mdia superior de amplitude relativamente aos participantes

    com dfice cognitivo

    No que concerne Nomeao Generativa com critrio fonolgico, os participantes sem

    dfice cognitivo exibiram resultados com uma mdia superior analogamente aos

    participantes sem dfice cognitivo. Observou-se critrios de intruso de um modo

    idntico para os dois tipos de participantes. No critrio de repetio os resultados foram

    semelhantes, nas suas mdias para os participantes com e sem dfice.

    Quanto NG com critrio semntico, observam-se resultados significativamente

    superiores, em comparao com a NGF, tanto para o grupo sem dfice cognitivo, como

    o grupo com dfice cognitivo. Para o critrio de intruso observou-se um valor mais

    significativo para o grupo sem dfice cognitivo com mdia superior em relao ao

    grupo sem dfice cognitivo. No critrio de repetio no apresentou, esta ter

    disparidades entre os dois grupos, com uma mdia inferior para o grupo sem dfice

    cognitivo.

    Na anotao dos resultados obtidos para a prova de Recontar a Histria, obtiveram-se

    pontuaes mais elevadas para o grupo sem dfice cognitivo. No entanto na prova de

    Recontar a Historia 2, constatou-se uma mdia superior a antecedente, para o grupo sem

    dfice cognitivo, no que concerne ao grupo com dfice cognitivo a mdia inferior

    neste parmetro.

    Na tabela 4 encontram-se apresentados os resultados da anlise de varincia (ANOVA)

    efetuada entre os participantes com e sem dfice cognitivo e o desempenho das tarefas

    (Amplitude de Memria de Dgitos; Nomeao Generativa Fonolgica e Semntica

    (Repetio e Intruso) e Recontar a Histria 2).

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    29

    Tabela 4 Apresentao da ANOVA para valores de significncia estatstica relativo ao

    dfice cognitivo e as provas aplicadas

    Soma dos

    Quadrados

    gl Mdia dos

    Quadrados

    F P

    Amplitude

    de Memria

    de Dgitos

    Entre Grupos 19,459 1 19,459 9,848 0,003

    Intra Grupos 108,68 55 1,976

    Total 128,14 56

    Nomeao

    Generativa

    Fonolgica Total

    Entre Grupos 159,09 1 159,091 17,158 0,000

    Intra Grupos 509,96 55 9,272

    Total 669,05 56

    Nomeao

    Generativa Fonolgica

    Intruso

    Entre Grupos 0,17 1 0,167 0,196 0,660

    Intra Grupos 46,82 55 0,851

    Total 46,98 56

    Nomeao Generativa

    Fonolgica

    Repetio

    EntreGrupos 0,32 1 0,318 0,775 0,383

    Intra Grupos 22,56 55 0,410

    Total 22,88 56

    Nomeao

    Generativa

    Semntica Total

    Entre Grupos 122,36 1 122,361 12,813 0,001

    Intra Grupos 525,22 55 9,549

    Total 647,58 56

    Nomeao

    Generativa Semntica

    Intruso

    Entre Grupos 0,80 1 0,800 3,882 0,054

    Intra Grupos 11,34 55 0,206

    Total 12,14 56

    Nomeao Generativa

    Semntica

    Repetio

    EntreGrupos 0,01 1 0,014 0,119 0,732

    Intra Grupos 6,545 55 0,119

    Total 6,56 56

    Recontar

    Histria

    EntreGrupos 125,35 1 125,354 9,756 0,003

    Intra Grupos 706,68 55 12,849

    Total 832,04 56

    Recontar

    Histria 2

    EntreGrupos 216,16 1 216,160 16,251 0,000

    Intra Grupos 731,56 55 13,301

    Total 947,72 56

    *p 0,05

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    30

    Os resultados apresentados na tabela 4, com o teste ANOVA, foi considerado o nvel de

    confiana utilizado como referncia para aceitar ou rejeitar a hiptese nula foram de p

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    31

    demonstrou relativamente a idade uma correlao fraca o que significa que a idade

    influncia pouco o desempenho da tarefa. Relativamente escolaridade observou-se que

    a correlao com a Nomeao Generativa Semntica fraca, significa que esta tem uma

    baixa influncia com o desempenho da tarefa. Na Nomeao Generativa Fonolgica a

    sua correlao pode-se considerar moderada, ou seja, a escolaridade influi de forma

    razovel o desempenho da tarefa. Na generalidade pode-se considerar que as

    correlaes apresentadas demonstraram-se longe de serem correlaes perfeitas o que

    leva a no rejeitar a hiptese nula (hiptese 5).

    7. Discusso

    No presente estudo foram analisados idosos com e sem dfice cognitivo relativamente

    memria de curto prazo e nomeao generativa, atravs de tarefas especficas. Foi

    analisado tambm o desempenho na nomeao generativa relativamente idade e a

    escolaridade.

    A amostra deste estudo apresentou-se com baixa escolaridade, com uma mdia de 2,65

    anos de escolaridade, visto que uma mdia de seis anos pode ser considerada baixa

    (Fratiglioni, 1991; Unverzagt, 1998 cit. in Guerreiro, 2005). No entanto a bibliografia

    pode considerar sujeitos analfabetos abaixo de 3 a 4 anos de escolaridade, num grupo de

    baixa escolaridade (Ardila, 1989; Deloche 1999 cit. in Guerreiro, 2005). Este factor

    essencial no desempenho das funes cognitivas tendo-se encontrado vrios trabalhos

    que abordam a relao entre os resultados em estes neuropsicolgicos e a escolaridade

    (Garcia, 1983; Reis, 1997 cit. in Guerreiro, 2005).

    indispensvel referir que os resultados devem ser ponderados sob o ponto de vista

    interpretativo, visto que a amostra foi analisada na sua totalidade, e as comparaes

    apresentadas entre participantes com e sem dfice cognitivo no correspondem a grupos

    homogneos. Desde de j este fator foi uma limitao do estudo, no entanto a diviso de

    grupos poderiam por em causa a representatividade da amostra, por isso optou-se por

    uma anlise nesta linha.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    32

    Um dos objetivos do estudo a anlise da memria de curto prazo atravs do

    desempenho da prova de amplitude de memria de dgitos. Os resultados mostraram

    uma a amplitude de memria com uma mdia de 4,88, estes consideram-se prximos da

    mdia para adultos. Segundo um estudo realizado por Gomes (2009) em que se

    observou uma mdia de amplitude de memria de dgitos para adultos, com uma

    extenso entre 5 e 6. Nos resultados obtidos num outro estudo populao portuguesa,

    referenciado a prova de amplitude de dgitos de com um valor mdio de 6,5. (Gaspar

    2001), ainda que a nossa amostra se trate da populao idosa. No grupo com dfice

    cognitivo observou-se uma extenso mais baixa (M = 4,51; DP = 1,54) dentro destes, o

    grupo sem dfice cognitivo apresentou uma extenso com mdia de 5,81 (DP=0,99)

    verificando-se assim diferenas entre os participantes com e sem dfice, e a diferena do

    seu desempenho. No entanto pode-se contrapor que a baixa escolaridade poder ter sido

    um fator que influenciou o desempenho da memria de curto prazo, os sujeitos com

    baixa escolaridade apresentam declnio mais precoce das capacidades mnsicas.

    (Guerreiro 2005). Nesta linha com a anlise de varincia (ANOVA) como referido

    anteriormente, observou-se a rejeio da hiptese nula (hiptese 1) isto levou a verificar

    que existem diferenas significativas entre grupos, e que o desempenho quanto a

    amplitude de memria de dgitos difere quanto aos indivduos com dfice e sem dfice

    cognitivo.

    No que concerne prova de Recontar a Histria, no desempenho desta tarefa, os

    segmentos recontados foram superiores para os indivduos sem dfice cognitivo, assim

    como o recontar tardio. Estes resultados vo de encontro a um estudo realizado por

    Rinaldi (2008) no qual demonstra que o reconto de histrias apresenta um pior

    desempenho em indivduos com DA em diferentes estgios comparativamente a idosos

    saudveis, e esta tarefa diferencia significativamente os dois grupos. A mesma premissa

    referida por Welsh (1991 cit. in Nitrini, 2005) em que os testes de recordao tardia

    apresentam elevada preciso para o diagnstico de DA. Concluram-se tambm

    diferenas estatisticamente significativas que o desempenho desta prova difere quando

    ao dfice cognitivo, segundo a rejeio da hiptese nula (hiptese 4). Assim as tarefas

    de recontar a histria so reconhecidas para detetar mudanas precoces ao nvel

    cognitivo. (Bschor e tal. 2001; Salmon et. al 2002 cit. in Stevens, 2006). til para o

    diagnstico diferencial entre em pessoas com funes normais e anormais

    providenciando padres comparativos de performance para diferentes patologias como a

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    33

    demncia vascular, demncia semntica e provvel DA (Stevens, 2006). Embora se

    tenham notado as principais diferenas na prova entre idosos com e sem dfice

    cognitivo, um estudo de Gly-Nargeot, Ska & Touchon ( 2002 cit. in Rinaldi, 2008)

    demonstra que os resultados ao nvel de recontar detalhes, diminui conforme a

    severidade da demncia. No presente estudo apenas foram analisados os segmentos

    recontados, tendo-se discriminado a anlise mais pormenorizada dos mesmos, pois

    como indica Rinaldi (2008) recontar a histria no s reproduzir palavra a palavra. A

    memria pode reter o enredo ou as unidades significativas da histria. Esta poderia ser

    uma reflexo interessante para estudos futuros.

    Outro dos objetivo principais deste estudo a anlise da Nomeao Generativa que foi

    distribuda pelos dois critrios, semntico e fonolgico. Como o esperado os resultados

    com o critrio semntico foram superiores aos resultados com critrio fonolgico. Logo

    os testes de NGS tem revelado mais fceis do que os testes de NGF (Monsch et. al,

    1992; Ber et. al, 1986; Rosen, 1980 cit. in Simes, 2003) As diferenas de desempenhos

    podem ser explicadas a partir da exigncia de uma organizao hierrquica de

    categorias (letras e animais) uma vez que a recuperao de letras requer explorao de

    mais subconjuntos do que a recuperao de nomes de animais (Simes, 2003).

    Numa anlise em termos de dfice cognitivo o mesmo se evidenciou, ou seja, um

    melhor desempenho nos participantes sem dfice cognitivo, em critrio semntico.

    Segundo um estudo de Arajo (2001) o desempenho dos pacientes com DA no teste de

    nomeao generativa significativamente mais baixo do que o desempenho dos

    pacientes com DP e doena mental. Estes resultados mostraram que a severidade da

    doena tem um impacto direto na nomeao generativa, desprezado o diagnstico a

    idade a escolaridade ou o gnero.

    Assume-se a dificuldade em cumprir o ltimo objetivo proposto neste trabalho, que

    seria a influncia da escolaridade e idade quanto ao desempenho da nomeao

    generativa. Isto ocorreu ao facto de no se obter uma correlao perfeita, mas sim uma

    correlao de baixa significncia, prxima de nula, e a no rejeio da hiptese nula

    (hiptese 5). No obstante de resultados significativos para este propsito defendido

    em outros estudos realizados o contrrio. No estudo de Brucki e Rocha (2004 cit. in

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    34

    Silva, 2010) verificou-se que a escolaridade foi a varivel com maior influncia para o

    desempenho de NGS com o critrio de animais. Silva (2010) observou uma forte

    correlao para as variveis idade, escolaridade e sexo no desempenho da nomeao

    generativa. Outro exemplo ser o estudo de Coelho (2011) em que foi avaliado o

    desempenho cognitivo em idosos ativos, em que enuncia que na prova nomeao

    generativa para a categoria semntica animais, o desempenho aumenta conforme

    aumenta o nvel de escolaridade. Coelho (2011) indica ainda que diferentes estudos

    verificam que a escolaridade dependente do desempenho da prova. Presentemente

    foram encontradas diferenas estatisticamente significativas nos grupos com mais e

    menos 8 anos de escolaridade (Coelho, 2011). Pode-se assumir tambm como limitao

    do estudo as escolhas metodolgicas utilizadas, ou o tamanho da amostra, para no se

    ter encontrado uma correlao forte entre as variveis escolaridade e idade para o

    desempenho da nomeao generativa. Num estudo realizado por Carnero et. al (1999

    cit. in Silva, 2010) observou que sujeitos com menos anos de escolaridade

    mencionavam menor variedade para o critrio semntico animais. Este outro

    parmetro que poderia ser analisado, em estudos futuros, numa classificao mais

    meticulosa da NGS.

    essencial referir que podem surgir fatores que influenciam os resultados, tais como

    tratamento farmacolgico, capacidade de ateno, e encaminhamento dos sujeitos em

    estudo pela assistente social nos locais de aplicao das provas. Estes fatores vo de

    encontro s limitaes comuns com o estudo de Azevedo et. al (2009), que analisou

    alteraes cognitivas em pacientes com DA em funo das variveis sexo, idade e

    escolaridade.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    35

    Concluso

    Os achados do presente estudo dirigem as suas expectativas acerca da pesquisa da

    populao idosa. A fim de entender padres mais especficos de nomeao e generativa

    e memria de curto prazo para idosos institucionalizados e acompanhados pelas IPSS.

    necessrio entender o processo de envelhecimento normal e patolgico, com a

    finalidade de entender as caractersticas que o integram.

    O processo deste estudo debruou-se sob uma reviso bibliogrfica no mbito de

    contedos como o envelhecimento, dfice cognitivo, nomeao generativa e memria

    de curto prazo e interveno do terapeuta da fala na rea do dfice cognitivo.

    Seguidamente de uma anlise e interpretao dos dados recolhidos para o cumprimento

    do seu propsito. O principal objetivo deste estudo foi analisar o desempenho da

    nomeao generativa e da memria de curto prazo em idosos com e sem dfice

    cognitivo, onde se verificaram diferenas nos mesmos. Os idosos com dfice cognitivo

    exibiram baixo desempenho em relao aos idosos sem dfice cognitivo.

    As hipteses de estudo foram respondidas para o desempenho de cada prova

    relativamente ao dfice cognitivo. Ao nvel da nomeao generativa, verificaram-se

    diferenas de critrio, ao nvel semntico ocorre um melhor desempenho do que ao

    nvel fonolgico, tanto para idosos com e sem dfice. Assim como a diferenas

    estatisticamente significativas que comprova que o seu desempenho est dependente da

    varivel dependente, assim como se encontra aquando o confronto de estudos realizados

    em idosos com DA. No que concerne memria de curto prazo, realizou-se uma anlise

    atravs da extenso de amplitude de dgitos em que se verificaram resultados prximos

    dos esperados. Atravs da prova de recontar a histria observou-se que o desempenho

    menor em indivduos com dfice cognitivo. Para as mesmas observaram-se diferenas

    estatisticamente significativas no que concerne ao dfice cognitivo. Aquando a anlise

    com a bibliografia ainda pouco explorada pode ser considerado um teste de rastreio,

    para a discriminao de idosos saudveis. Ainda que no se tenha verificado uma

    correlao forte nos resultados, a bibliografia indicou que h uma relao entre as

    variveis, idade e escolaridade em funo da nomeao generativa.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

    36

    Em estudos futuros seria interessante estudar o desempenho da prova de recontar

    histria, para verificar a relao da mesma relativamente aos casos com dfice

    cognitivo, e a sua eficcia em testes de rastreio para demncia. Assim como estudos na

    nomeao generativa, com anlise em estdios diferentes, e evoluo num quadro

    demencial. Teria sido importante a anlise mais minuciosa da nomeao generativa, ao

    nvel semntico, as ocorrncias mais comum. O mesmo seria til para a nomeao

    generativa fonolgica

    Seria uma mais valia para o presente estudo, caso se tivesse abordado o desempenho das

    tarefas de memria e recontar a histria segundo variveis mais criteriosas como idade,

    sexo, escolaridade. Assim como a presena e um diagnstico clnico mais claro de cada

    participante, de modo a verificar fatores, como outras causas clnicas associadas,

    farmacologia, e acompanhamento de outras valncias de sade, na influncia ou

    confundimento dos resultados. Estes poderiam ser variveis a considerar num estudo

    posterior.

  • Nomeao Generativa e Memria de Curto Prazo em Idosos Com e Sem Dfice Cognitivo

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  • Anexos

  • Anexo I

  • Ex. mo(a) Sr. Diretor(a)

    Eu, Isa Dias, aluna finalista do curso de Teraputica da Fala, da Universidade

    Fernando Pessoa no Porto, estou a desenvolver um estudo subordinado ao tema

    Nomeao generativa e memria de curto prazo em idosos com e sem dfice

    cognitivo. Sob a orientao da Dr. Eva Bolle Antunes, este projeto pretende avaliar

    parmetros relativos comunicao e linguagem em idosos com e sem dfice cognitivo.

    A motivao para este estudo prende-se com o facto de a populao idosa ser, cada vez

    mais, uma realidade e necessidade de ateno no nosso pas, particularmente em 2012

    que foi definido como o ano do envelhecimento ativo pela Organizao Mundial de

    Sade.

    Para realizar esta pesquisa seria necessrio um procedimento da recolha de dados que

    passar pela aplicao de um conjunto de 6 provas a cada utente, tendo estes a durao

    total de 20 minutos. Estes enquadram a utilizao de um Questionrio Scio-

    Demogrfico (idade, sexo, etc.), Mini-mental State Examination, Prova de Amplitude

    de Memria de Dgitos, Prova de Recontar a Histria e Prova de Nomeao Generativa.

    Venho por este meio, solicitar a sua autorizao para realizar este estudo com os

    utentes a seu cargo.

    Seguem em anexo, os documentos necessrio para aplicao do estudo anteriormente

    mencionado.

    Sem mais de momento, aguardo resposta positiva por parte de vossa excelncia.

    Com os melhores cumprimentos,

    ________________________________

    (Isa Dias (telm. 937739656)

    ________________, ____ de ________________

  • Anexo II

  • Declarao de Consentimento Informado

    A aluna Isa Dias, aluna finalista da Licenciatura em Teraputica da Fala da

    Universidade Fernando Pessoa, no Porto, est a realizar um estudo sob a orientao da

    Dr. Eva Bolle Antunes, subordinado ao tema Nomeao generativa e memria de

    curto prazo em idosos com e sem dfice cognitivo. Esta pesquisa pretende definir quais

    as principais diferenas entre os dois grupos nas variveis anteriormente referidas.

    O procedimento da recolha de dados passar pela aplicao de um conjunto de 6 provas

    a cada utente, tendo estes a durao de 20 minutos. Estes enquadram a avaliao de:

    Questionrio Scio-Demogrfico, Mini-mental State Examination, Prova de Amplitude

    de Memria de Dgitos, Prova de Recontar a Histria e Prova de Nomeao Generativa.

    Eu, abaixo-assinado (a)___________________________________________________

    responsvel legal, compreendi a explicao que me foi fornecida acerca da

    investigao em curso, tendo tido a oportunidade de colocar questes que julguei

    necessrias.

    Tomei conhecimento de que, de acordo com as recomendaes da declarao de

    Helsnquia, a informao ou explicao prestada versou os objetivos e os mtodos da

    avaliao que ser realizada. Foi-me igualmente garantido que os procedimentos no

    causaro qualquer risco de sade