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Apresentação da Coleção Revisaço “REVISAÇO Editora Juspodivm. - final. didática: Questões divididas por matéria e assunto, comentadas assertiva por assertiva, item por item, comentários que vão além do assunto abordado no exercício. Ao final das disciplinas apresentamos: Dicas de estudo Súmulas dos Tribunais Superiores Informativos do STF, STJ e TST Orientações Jurisprudenciais. A ideia, portanto, é apresentar a prática do concurso ou Exame da Ordem (questões), a doutrina para estudo jurisprudência as questões. Ordem. EDITORA JUSPODIVM 00_Iniciais_TOMO-2.indd 9 12/06/2017 08:19:21

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Page 1: Apresentação da Coleção Revisaço · Lidiane Coutinho STF, a Corte afirmou que a inscrição de Estado-Mem-bro em cadastro federal de inadimplentes em face de ações/omissões

Apresentação da Coleção Revisaço

“REVISAÇO Editora Juspodivm.

-

final.

didática:

Questões divididas por matéria e assunto, comentadas assertiva por assertiva, item por item,

comentários que vão além do assunto abordado no exercício.

Ao final das disciplinas apresentamos:

Dicas de estudo

Súmulas dos Tribunais Superiores

Informativos do STF, STJ e TST

Orientações Jurisprudenciais.

A ideia, portanto, é apresentar a prática do concurso ou Exame da Ordem (questões), a doutrina para estudo jurisprudência

as questões.

Ordem.

EDITORA JUSPODIVM

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Page 2: Apresentação da Coleção Revisaço · Lidiane Coutinho STF, a Corte afirmou que a inscrição de Estado-Mem-bro em cadastro federal de inadimplentes em face de ações/omissões

1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

LEANDRO BORTOLETO E LUÍS FELIPE CIRINO

CF, art. 37, caput

Lei nº 9.784/99, art. 2º

01. (Cespe – Analista de Controle – Área Jurídica –

TCE – PR/2016) Quando a União firma um convênio com um estado da Federação, a relação jurídica envolve a União e o ente federado e não a União e determinado governador ou outro agente. O governo se alterna periodicamente nos termos da soberania popular, mas o estado federado é permanente. A mudança de comando político não exonera o estado das obrigações assumidas. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Fede-ral (STF) tem entendido que a inscrição do nome de estado-membro em cadastro federal de inadimplentes devido a ações e(ou) omissões de gestões anteriores não configura ofensa ao princípio da administração pública denominado princípio do(a)

a) intranscendência.

b) contraditório e da ampla defesa.

c) continuidade do serviço público.

d) confiança legítima.

e) moralidade.

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: A relação entre a União e os demais entes federativos é tema correlato tanto ao Direito Administrativo quanto ao Direito Constitucio-nal. A questão mencionada tem sido muito tratada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal com algu-mas controvérsias, até mais recentes que a levantada no enunciado.

Alternativa correta: letra “a” (responde as

demais alternativas). Em recente entendimento do

Direito Administrativo

Leandro Bortoleto, Luís Felipe Cirino e

Lidiane Coutinho

STF, a Corte afirmou que a inscrição de Estado-Mem-bro em cadastro federal de inadimplentes em face de ações/omissões de gestões anteriores não configura

violação ao princípio da intranscendência. Neste sentido, são AC nº 2614-PE, AC nº 781-PI e AC nº 2946-PI, por exemplo. Segundo a posição mais recente do Supremo Tribunal Federal (ACO nº 732-AP, julgada em 10 de maio de 2016), contudo, se a irregularidade do convênio firmado foi praticada pelo gestor anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medi-das para ressarcir o erário e corrigir as falhas, não há que se falar em inclusão nos cadastros de inadimplência da União. Segundo esta acepção, o princípio da intrans-

cendência subjetiva proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores.

02. (Cespe – Juiz de Direito Substituto – TJDFT/2015)

I. A administração pública não pode atuar com obje-tivo de prejudicar ou beneficiar pessoas determi-nadas, nem os seus atos devem ser imputados aos funcionários que os praticam, mas ao órgão da administração pública.

II. A administração deve agir de modo célere, com o melhor desempenho possível de suas atribuições, visando obter os melhores resultados.

No direito administrativo, essas assertivas corres-pondem, respectivamente, aos princípios da

a) supremacia do interesse público sobre o individual e da proporcionalidade.

b) legalidade e da eficiência.

c) impessoalidade e da razoabilidade.

d) impessoalidade e da eficiência.

e) moralidade e da isonomia.

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COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “d”. O princípio da efi-

ciência pode ser visto sob dois aspectos: um em relação aos administrados e outro em relação à própria Admi-nistração. No primeiro, também conhecido por princí-pio da finalidade pública, a atividade administrativa deve ser realizada buscando a satisfação do interesse público e, assim, não pode prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas. Todos que estejam na mesma situação devem receber o mesmo tratamento. No outro aspecto, os atos administrativos praticados devem ser imputados à pessoa jurídica na qual o servidor trabalha. Já de acordo com o princípio da eficiência, a Administra-ção Pública deve atuar de maneira a buscar resultados e não simplesmente agir. Isto é, a atuação administrativa deve buscar a melhor relação custo-benefício, deve ser feita a otimização dos recursos, o devido planejamento e estabelecimento de metas e a fiscalização do efetivo cumprimento do que fora planejado.

03. (Cespe – Analista Judiciário – Área Judiciária – TJ

– CE/2014) No que se refere ao regime jurídico adminis-trativo, assinale a opção correta.

a) A criação de órgão público deve ser feita, necessa-riamente, por lei; a extinção de órgão, entretanto, dado não implicar aumento de despesa, pode ser realizada mediante decreto.

b) A autotutela administrativa compreende tanto o controle de legalidade ou legitimidade quanto o controle de mérito.

c) A motivação deve ser apresentada concomitante-mente à prática do ato administrativo.

d) De acordo com o princípio da publicidade, que tem origem constitucional, os atos administrativos devem ser publicados em diário oficial.

e) No Brasil, ao contrário do que ocorre nos países de origem anglo-saxã, o costume não é fonte do direito administrativo.

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: o regime jurídico administrativo é o conjunto de princípios que atribuem à Adminis-tração Pública, em um extremo, prerrogativas e, no outro, sujeições. Dentre os que diversos princípios que o compõem, há dois que são considerados chamados de pedras angulares ou pedras de toque1 do direito administrativo, quais sejam, o princípio da supremacia

do interesse público e o princípio da indisponibili-

dade do interesse público.

1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito admi-nistrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 55 e 57.

Alternativa correta: letra “b”. Pelo princípio da autotutela, a Administração Pública analisa se os atos administrativos já praticados estão em conformidade com o direito ou se continuam convenientes e opor-tunos e, caso verificada a incompatibilidade, anulará o ato, quando possuir vício de legalidade, ou o revo-

gará, quando se tornar inconveniente ou inoportuno diante do interesse público. Há, inclusive, no Supremo Tribunal Federal, as Súmulas 346 (“A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos”) e 473 (“A Administração pode anular seus pró-prios atos quando eivados de vícios que os tornem ile-gais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, res-peitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”).

Alternativa “a”. Tanto a criação quanto à extinção de órgãos públicos deve ser feita por lei.

Alternativa “c”. Nem todos os atos administrativos precisam ser motivados; como exemplo, cita-se o caso da exoneração ad nutum, em que a motivação escrita pode ser dispensada. Além disso, é possível a motiva-

ção aliunde ou per relationem, isto é, a motivação rea-lizada externamente ao ato, consistindo em declaração de concordância com os fundamentos de um parecer anterior, de uma decisão já proferida e que passam a fazer parte integrante do ato, conforme estabelece o art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99.

Alternativa “d”. Pelo princípio da publicidade,

a atuação administrativa não pode ser secreta. Ao contrário, deve ser transparente para que, assim, o titular do poder – que é o povo – possa verificar se, realmente, a conduta do administrador estava pautada no interesse público. A regra, portanto, é que todo ato administrativo deve ser publicado, exceto quando, nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, o “sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Alternativa “e”. Muito embora haja divergência doutrinária se o costume é ou não fonte de direito admi-nistrativo, prevalece a corrente que o entende como tal. O costume é a prática reiterada, uniforme, de um com-portamento que é considerado uma obrigação legal. Não pode ser confundido com a praxe administrativa – que, por ser a simples rotina administrativa, não cons-titui fonte do direito administrativo.

04. (Cespe – Cartório – TJ – DF/2014) No que se refere ao regime jurídico-administrativo e aos princípios apli-cáveis à administração pública, assinale a opção correta.

a) A exigência de depósito prévio para a admissibili-dade de recurso administrativo não viola o direito à ampla defesa.

b) No âmbito do processo administrativo, não se aplica a proibição de apresentação de provas obti-das por meios ilícitos.

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c) Segundo o princípio da publicidade, a administra-ção pública deve ser transparente em sua atuação, devendo garantir o direito de acesso à informação dos administrados, independentemente de seu conteúdo.

d) O princípio da legalidade administrativa resume-se à observância da lei em sentido formal, não compre-endendo os atos normativos de diferentes modalida-des editados pelo próprio Poder Executivo.

e) De acordo com o princípio da finalidade, a interpre-tação da norma administrativa no âmbito do pro-cesso administrativo deve ser realizada da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, sendo vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “e”. No que toca ao prin-cípio da finalidade, Celso Antônio Bandeira de Mello ensina que ele “impõe que o administrador ao mane-jar as competências postas a seu encargo, atue com a rigorosa obediência à finalidade de cada qual”2. Trata-se, assim, de princípio que impõe ao administrador a obrigação de praticar o ato administrativo com vistas à realização da finalidade perseguida pela lei. Quanto aos princípios aplicáveis ao processo administrativo, em especial, o princípio da finalidade determina que a interpretação da norma administrativa deve ser

realizada da forma que melhor garanta o atendi-

mento do fim público a que se dirige, sendo vedada

a aplicação retroativa da norma interpretação, inti-mamente relacionado, na sua parte final, com o princí-

pio da segurança jurídica.

Alternativa “a”. Nos termos da Súmula Vincu-lante nº 21, “é inconstitucional a exigência de depó-sito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”. Quanto à violação aos princípios do contraditório e ampla defesa, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI nº 1.976, de Relatoria do Minis-tro Joaquim Barbosa.

Alternativa “b”. Na forma do art. 30, caput, da Lei nº 9.784/99, “são inadmissíveis no processo administra-tivo as provas obtidas por meios ilícitos”.

Alternativa “c”. Pelo princípio da publicidade,

a atuação administrativa não pode ser secreta. Ao contrário, deve ser transparente para que, assim, o titular do poder – que é o povo – possa verificar se, realmente, a conduta do administrador estava pautada no interesse público. A regra, portanto, é que todo ato administrativo deve ser publicado, exceto quando,

2 Curso de direito administrativo. 26 ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 65.

nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, o “sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Alternativa “d”. O princípio da legalidade é aquele que, de maneira mais íntima, representa o Estado de Direito, revelando a supremacia da lei e, dessa maneira, constitui-se importantíssima forma de tutela dos direitos fundamentais. O princípio da legalidade

não apresenta conteúdo idêntico para o particular e para a Administração Pública. Para esta, significa que a atuação administrativa deve se dar em conformi-

dade com a lei, com o direito. Assim, ao administrador somente é permitido agir de acordo com a lei, não vigo-rando a autonomia da vontade, prevalente na esfera privada, em que o particular não é obrigado senão em virtude de lei. São esses os dois principais aspectos do princípio da legalidade: seguir a lei e não contrariar a lei. Como bem ressalta Thiago Marrara, são as regras da “reserva legal” e da “supremacia da lei” e pode ser sintetizados, respectivamente, nas expressões “nada

sem lei” e “nada contra a lei”3.

05. (Cespe – Cartório – TJ – DF/2014) Em relação ao regime jurídico-administrativo e aos princípios aplicá-veis à administração pública, assinale a opção correta.

a) É obrigatória a observância do princípio da publi-cidade nos processos administrativos, mediante a divulgação oficial dos atos administrativos, inclu-sive os relacionados ao direito à intimidade.

b) A presunção de legitimidade dos atos administra-tivos, que impõe aos particulares o ônus de provar eventuais vícios existentes em tais atos, decorre do regime jurídico – administrativo aplicável à admi-nistração pública.

c) Uma das exceções ao princípio da legalidade admi-nistrativa consiste na possibilidade de o presidente da República editar decreto para criar cargos ou funções públicas.

d) A violação do princípio da moralidade administra-tiva não pode ser fundamento exclusivo para o con-trole judicial realizado por meio de ação popular.

e) Para que determinada conduta seja caracterizada como ato de improbidade administrativa violadora do princípio da impessoalidade, é necessária a com-provação do respectivo dano ao erário.

3 As fontes do direito administrativo e o princípio da lega-lidade. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella; RIBEIRO, Carlos Vinicius Alves (coord.). Supremacia do interesse público e outros temas relevantes do direito administrativo. São Paulo: Altas, 2010. p. 232.

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COMENTÁRIOS.

Nota do autor: São atributos dos atos adminis-trativos a presunção de legitimidade, a imperatividade e autoexecutoriedade (PIA).

Alternativa correta: letra “b”. A presunção de

legitimidade está intimamente relacionada com o princípio da legalidade, pois se a atuação administra-tiva deve se dar de acordo com a lei e com o direito, pre-

sume-se que todo ato administrativo praticado seja

legal. Entretanto, trata-se de presunção relativa (iuris tantum), pois admite prova em contrário.

Alternativa “a”. Pelo princípio da publicidade,

a atuação administrativa não pode ser secreta. Ao contrário, deve ser transparente para que, assim, o titular do poder – que é o povo – possa verificar se, realmente, a conduta do administrador estava pautada no interesse público. A regra, portanto, é que todo ato administrativo deve ser publicado, exceto quando, nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, o “sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Alternativa “c”. O regulamento autônomo, des-crito no art. 84, VI, da Constituição Federal, atribui ao Presidente da República a competência para dispor, mediante decreto, sobre a administração federal, desde

que não implique aumento de despesa, não faça a

criação de órgão público e nem a extinção de cargo

público provido.

Alternativa “d”. Nos termos do art. 1º da Lei da Ação Popular, qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Fede-ral, dos Estados, dos Municípios. A Constituição Federal traz previsão ainda mais ampla ao atestar que qualquer

cidadão é parte legítima para propor ação popular

que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou

de entidade de que o Estado participe, à moralidade

administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio

histórico e cultural.

Alternativa “e”. A aplicação das sanções por ato

de improbidade administrativa, nos termos do art. 20, da Lei nº 8.429/92, independe da efetiva ocorrên-

cia de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento.

06. (Cespe – Procurador do Estado – BA/2014) O atendimento ao princípio da eficiência administrativa autoriza a atuação de servidor público em desconfor-midade com a regra legal, desde que haja a comprova-ção do atingimento da eficácia na prestação do serviço público correspondente.

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: Pelo princípio da eficiência, a Administração Pública deve atuar de maneira a buscar

resultados, e não simplesmente agir. Isto é, a atuação administrativa deve buscar a melhor relação custo

-benefício, deve ser feita a otimização dos recursos, o devido planejamento e estabelecimento de metas e a fis-calização do efetivo cumprimento do que fora planejado.

“Errado”. A necessária observância dos princí-

pios administrativos deve ser feita em sua totalidade, sendo vedada, ao administrador público, a mitigação de um princípio em favor do outro.

07. (Cespe – Procurador do Estado – BA/2014) Supo-nha que o governador de determinado estado tenha atribuído o nome de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, a escola pública estadual construída com recursos financeiros repassados mediante convênio com a União. Nesse caso, há violação do princípio da impessoalidade, dada a existência de proibição consti-tucional à publicidade de obras com nomes de autori-dades públicas.

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: O princípio da impessoalidade deve ser visto sob dois aspectos: em relação ao admi-

nistrado e em relação à própria Administração. No que se refere ao administrado, a impessoalidade se faz presente na busca pela finalidade pública e nunca de interesse particular. No outro sentido – em relação à própria Administração – significa que não é o agente público, enquanto pessoa física, que pratica o ato admi-nistrativo, pois, na verdade, quem o faz é a pessoa jurí-dica à qual pertence o órgão em que o servidor está lotado.

“Errado”. Nos termos do art. 37, § 1º, da Constitui-ção Federal, “a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. Além disso, o art. 1º, da Lei nº 6.454/77, estabelece que “é proibido, em todo o terri-

tório nacional, atribuir nome de pessoa viva a bem

público, de qualquer natureza, pertencente à União

ou às pessoas jurídicas da Administração indireta”. Como, no caso, Nelson Mandela já era falecido, à época da realização do concurso, não há violação ao princípio da impessoalidade.

08. (Cespe – Promotor de Justiça – AC/2014) Com relação aos princípios que regem a administração pública, assinale a opção correta.

a) Constatadas a concessão e a incorporação indevi-das de determinada gratificação especial aos pro-ventos de servidor aposentado, deve a administra-ção suprimi-la em respeito ao princípio da autotu-tela, sendo desnecessária a prévia instauração de procedimento administrativo.

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b) Segundo o entendimento do STF, para que não ocorra violação do princípio da proporcionalidade, devem ser observados três subprincípios: adequa-ção, finalidade e razoabilidade stricto sensu.

c) O princípio da razoabilidade apresenta-se como meio de controle da discricionariedade administra-tiva, e justifica a possibilidade de correção judicial.

d) O princípio da segurança jurídica apresenta-se como espécie de limitação ao princípio da lega-lidade, prescrevendo o ordenamento jurídico o prazo decadencial de cinco anos para a adminis-tração anular atos administrativos que favoreçam o administrado, mesmo quando eivado de vício de legalidade e comprovada a má-fé.

e) Ferem os princípios da isonomia e da irredutibili-dade dos vencimentos as alterações na composição dos vencimentos dos servidores públicos, mediante a retirada ou modificação da fórmula de cálculo de vantagens, gratificações e adicionais, ainda que não haja redução do valor total da remuneração.

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “c”. Pelo princípio da razoabilidade, também chamado de princípio da proi-

bição de excessos ou da proporcionalidade ampla, os meios devem ser adequados aos fins do ato admi-

nistrativo. Trata-se, portanto, de importante limitador à atividade discricionária da Administração Pública, sendo aplicado, inclusive, pelo Poder Judiciário, quando da análise do mérito do ato administrativo, possível à luz da necessária observância dos princípios constitucionais.

Alternativa “a”. Constatadas a concessão e a incor-poração indevidas de determinada gratificação especial aos proventos de servidor aposentado, deve a adminis-tração suprimi-la em respeito ao princípio da autotu-tela, sendo necessária a prévia instauração de procedi-mento administrativo, assegurados o contraditório e

a ampla defesa.

Alternativa “b”. Segundo o entendimento do STF, para que não ocorra violação do princípio da proporcio-nalidade, devem ser observados três subprincípios: ade-quação, finalidade e proporcionalidade stricto sensu.

Alternativa “d”. O princípio da segurança jurídica apresenta-se como espécie de limitação ao princípio da legalidade, prescrevendo o ordenamento jurídico o prazo decadencial de cinco anos para a administração anular atos administrativos com efeitos favoráveis ao

destinatário, desde que não haja má-fé, nos termos do art. 54, da Lei nº 9.784/99.

Alternativa “e”. Conforme consolidado entendi-mento jurisprudencial, não havendo valor total da

remuneração, não há ofensa aos princípios da isono-mia e da irredutibilidade dos vencimentos as alterações na composição dos vencimentos dos servidores públi-cos, mediante a retirada ou modificação da fórmula de

cálculo de vantagens, gratificações e adicionais. Nesse sentido, é o Recurso Extraordinário nº 550.650, julgado pelo Supremo Tribunal Federal em 27 de Junho de 2008.

09. (Cespe – Analista Judiciário – Área Judiciária –

TRT 10/2013) O princípio da supremacia do interesse público é, ao mesmo tempo, base e objetivo maior do direito administrativo, não comportando, por isso, limi-tes ou relativizações.

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: Pelo princípio da supremacia

do interesse público, havendo conflito entre o inte-

resse público e o privado, aquele deverá prevalecer.

É o princípio que confere autoridade à atuação admi-

nistrativa, justificando, por exemplo, o poder de polí-

cia da Administração Pública

“Errado”. O princípio da supremacia do interesse público não é ilimitado. Há outros princípios balizadores da atividade administrativa como, por exemplo, o prin-cípio da indisponibilidade do interesse público, pelo qual a Administração não pode se afastar do interesse público, constituindo verdadeira limitação à atividade administrativa e ao uso do princípio da supremacia do interesse público. Também, podem ser destacados os princípios da legalidade e da razoabilidade.

10. (Cespe – Analista Judiciário – Área Judiciária

– TRT 10/2013) Em decorrência do princípio da legali-dade, a lei é a mais importante de todas as fontes do direito administrativo.

COMENTÁRIOS.

“Certo”. O princípio da legalidade é aquele que, de maneira mais íntima, representa o Estado de Direito, revelando a supremacia da lei e, dessa maneira, consti-tui-se importantíssima forma de tutela dos direitos fun-damentais. O princípio da legalidade não apresenta conteúdo idêntico para o particular e para a Administra-ção Pública. Para esta, significa que a atuação adminis-

trativa deve se dar em conformidade com a lei, com

o direito. Assim, ao administrador somente é permitido agir de acordo com a lei, não vigorando a autonomia da vontade, prevalente na esfera privada, em que o parti-cular não é obrigado senão em virtude de lei. São esses os dois principais aspectos do princípio da legalidade: seguir a lei e não contrariar a lei. Como bem ressalta Thiago Marrara, são as regras da “reserva legal” e da “supremacia da lei” e pode ser sintetizados, respecti-vamente, nas expressões “nada sem lei” e “nada con-

tra a lei”4.

4 As fontes do direito administrativo e o princípio da lega-lidade. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella; RIBEIRO, Carlos Vinicius Alves (coord.). Supremacia do interesse público e outros temas relevantes do direito administrativo. São Paulo: Altas, 2010. p. 232.

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11. (Cespe – Defensor Público – TO/2013) Em rela-ção aos princípios do direito administrativo, assinale a opção correta.

a) A personalização do direito administrativo é con-sequência da aplicação do princípio democrático e dos direitos fundamentais em todas as atividades da administração pública.

b) Não se qualifica a violação aos princípios da admi-nistração pública como modalidade autônoma de ato que enseja improbidade administrativa.

c) O princípio da impessoalidade limita-se ao dever de isonomia da administração pública.

d) A disponibilização de informações de interesse coletivo pela administração pública constitui obri-gação constitucional a ser observada até mesmo nos casos em que as informações envolvam a inti-midade das pessoas.

e) O princípio da eficiência administrativa funda-se na subordinação da atividade administrativa à racio-nalidade econômica.

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “a”. O Direito Adminis-trativo, como ramo autônomo do Direito, só é possível em uma ordem democrática, já que fundamentado, basicamente, na repartição das funções estatais ou, na nomenclatura de Montesquieu, dos poderes estatais, em Poder Legislativo, Poder Judiciário e Poder Execu-

tivo. Justamente nesse que está embutida a função

típica de administrar. Assim, a atividade administra-tiva é característica do Poder Executivo, pois a este cabe exercer a atividade administrativa com repercussão imediata na coletividade e, por outro lado, as atividades administrativas desempenhadas pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário não refletem imediatamente na coletividade e são realizadas como atividades de apoio às suas funções principais.

Alternativa “b”. Uma das espécies de atos de improbidade administrativa é, justamente, a daqueles que ofendem os princípios constitucionais da Adminis-tração Pública, consoante art. 12, da Lei nº 8.429/92.

Alternativa “c”. O princípio da impessoalidade deve ser visto sob dois aspectos: em relação ao admi-

nistrado e em relação à própria Administração. No que se refere ao administrado, a impessoalidade se faz presente na busca pela finalidade pública e nunca de interesse particular. No outro sentido – em relação à própria Administração – significa que não é o agente público, enquanto pessoa física, que pratica o ato admi-nistrativo, pois, na verdade, quem o faz é a pessoa jurí-dica à qual pertence o órgão em que o servidor está lotado.

Alternativa “d”. Pelo princípio da publicidade,

a atuação administrativa não pode ser secreta.

Ao contrário, deve ser transparente para que, assim, o titular do poder – que é o povo – possa verificar se, realmente, a conduta do administrador estava pautada no interesse público. A regra, portanto, é que todo ato administrativo deve ser publicado, exceto quando, nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, o “sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Alternativa “e”. Pelo princípio da eficiência, a Administração Pública deve atuar de maneira a bus-

car resultados, e não simplesmente agir. Isto é, a atu-ação administrativa deve buscar a melhor relação cus-

to-benefício, deve ser feita a otimização dos recursos, o devido planejamento e estabelecimento de metas e a fiscalização do efetivo cumprimento do que fora pla-nejado.

12. (Cespe – Defensor Público – RR/2013) Conside-rando os princípios aplicáveis à administração pública e a jurisprudência do STF, assinale a opção correta.

a) Se um servidor administrativo estadual tiver um pedido administrativo negado pela administração pública, a admissibilidade de recurso administra-tivo que vier a ser oferecido por esse servidor estará condicionada ao depósito prévio da taxa recursal.

b) O princípio da legalidade administrativa impõe que a administração pública fundamente a sua atuação no direito, razão por que, para se realizar exame psi-cotécnico em concurso público, é necessária prévia autorização em ato normativo do chefe do Poder Executivo.

c) Caso o presidente de autarquia estadual pretenda nomear seu sobrinho para o cargo de diretor admi-nistrativo dessa entidade, não haverá óbice jurídico para a nomeação, já que a vedação ao nepotismo depende da edição de lei formal.

d) O princípio da publicidade exige que a adminis-tração pública dê ampla divulgação dos seus atos, inclusive fornecendo, gratuitamente, certidões para a defesa de direitos e o esclarecimento de situ-ações de interesse pessoal quando solicitadas.

e) O STF entende, com base no princípio da ampla defesa, que, em processo administrativo disciplinar, é obrigatório que a defesa técnica seja promovida por advogado.

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “d”. Pelo princípio da

publicidade, a atuação administrativa não pode ser

secreta. Ao contrário, deve ser transparente para que, assim, o titular do poder – que é o povo – possa verificar se, realmente, a conduta do administrador estava pau-tada no interesse público. A regra, portanto, é que todo ato administrativo deve ser publicado, exceto quando, nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, o

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“sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. Neste sentido, preceitua o art. 5º, XXXIV, da Constituição, ser a todos assegurados, independente-mente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certi-dões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações pessoais.

Alternativa “a”. Nos termos da Súmula Vinculante nº 21, “é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissi-bilidade de recurso administrativo”. Quanto à violação aos princípios do contraditório e ampla defesa, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI nº 1.976, de Relatoria do Ministro Joaquim Bar-bosa.

Alternativa “b”. Nos termos da Súmula Vinculante nº 44, “só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público”.

Alternativa “c”. Na forma da Súmula Vinculante nº 13, “a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servi-dor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de fun-ção gratificada na administração pública direta e indi-reta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Consti-tuição Federal”.

Alternativa “e”. Consoante Súmula Vinculante nº 5, “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.

13. (Cespe – Juiz de Direito Substituto – MA/ 2013) Consoante aos princípios da administração pública, assinale a opção correta.

a) De acordo com o princípio da publicidade, toda e qualquer atividade administrativa deve ser autori-zada por lei.

b) Dado o princípio da legalidade, deve o administrador público pautar sua conduta por preceitos éticos.

c) A obrigação de a administração pública ser impes-soal decorre do princípio da moralidade.

d) A eficiência constitui princípio administrativo pre-visto na CF.

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “e”. São princípios cons-titucionais, previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal, a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência, este último acrescentado com a aprovação da Emenda Constitucional nº 19/98.

Alternativa “a”. Pelo princípio da publicidade,

a atuação administrativa não pode ser secreta. Ao contrário, deve ser transparente para que, assim, o titular do poder – que é o povo – possa verificar se, realmente, a conduta do administrador estava pautada no interesse público. A regra, portanto, é que todo ato administrativo deve ser publicado, exceto quando, nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, o “sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Alternativa “b”. Dado o princípio da moralidade, deve o administrador público pautar sua conduta por preceitos éticos.

Alternativa “c”. A obrigação de a administração pública ser impessoal decorre do princípio da igual-

dade.

14. (Cespe – Juiz do Trabalho Substituto 5ª

região/2013) Em relação aos atos e princípios adminis-trativos, assinale a opção correta à luz da CF, da jurispru-dência dos tribunais superiores e da doutrina.

a) Segundo o STF, é imprescindível a existência de norma legal específica com vistas a coibir a prática do nepotismo, haja vista que a vedação a essa prá-tica decorre diretamente das normas constitucio-nais aplicáveis à administração pública, em especial do princípio da moralidade.

b) É do princípio constitucional da eficiência que decorre o dever estatal de neutralidade, objeti-vidade e imparcialidade do comportamento dos agentes públicos.

c) O STF admite a aplicação do princípio da isonomia com vistas a elevar a remuneração de servidores públicos.

d) O princípio da razoabilidade é expressamente pre-visto na CF.

e) O ato administrativo complexo deve ser formado pela junção de manifestações de vontade de órgãos diferentes, sendo, portanto, derivado da conjugação de vontades de órgãos diversos.

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “e”. Quanto à forma-

ção de vontade, os atos podem ser classificados como simples, complexos e compostos. O ato complexo

decorre da manifestação de vontade de dois ou mais

órgãos, ou seja, há a soma de vontades de mais de um órgão para que seja possível a formação de um ato único.

Alternativa “a”. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, as restrições impostas à atu-ação do administrador público pelo princípio da mora-lidade e demais postulados do art. 37 da Constituição Federal – dentre os quais se depreende a proibição do

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nepotismo – são auto-aplicáveis, por trazerem em si carga de normatividade apta a produzir efeitos jurídi-cos, permitindo, em consequência, ao Judiciário exercer o controle dos atos que transgridam os valores fundan-tes do texto constitucional. Dessa forma, não é necessá-rio que haja norma legal específica com vistas a coibir o nepotismo, conforme sugere a assertiva.

Alternativa “b”. Pelo princípio da eficiência, a Administração Pública deve atuar de maneira a bus-

car resultados, e não simplesmente agir. Isto é, a atu-ação administrativa deve buscar a melhor relação cus-

to-benefício, deve ser feita a otimização dos recursos, o devido planejamento e estabelecimento de metas e a fiscalização do efetivo cumprimento do que fora plane-jado. A assertiva, na realidade, refere-se ao princípio da

impessoalidade.

Alternativa “c”. Nos termos da súmula vinculante nº 37, não cabe ao Poder Judiciário, que não tem fun-ção legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. O princípio da isonomia dirige-se aos Poderes Executivo e Legislativo, a quem cabe, mediante avaliação de conveniência e oportunidade, estabelecer a remuneração dos servido-res públicos, permitindo a sua efetivação.

Alternativa “d”. O princípio da razoabilidade é decorrência direta do princípio do devido processo

legal e significa que os meios devem ser adequados

aos fins do ato administrativo. Assim, para que a ativi-dade administrativa seja razoável, devem ser adotados “meios que, para a realização de seus fins, revelam-

se adequados, necessários e proporcionais”5. Tal princípio, contudo, não se encontra expressamente pre-visto na Constituição Federal.

15. (Cespe – Juiz Federal Substituto 2ª região/ 2013)

Com referência ao regime jurídico e aos princípios da administração pública, assinale a opção correta de acordo com o pensamento doutrinário dominante.

a) São considerados como basilares da administração pública os princípios da legalidade, da supremacia do interesse público sobre o privado e o da conti-nuidade do serviço público.

b) Para o particular, o princípio da legalidade apre-senta conotação negativa ou restritiva; já para a administração pública ele apresenta caráter posi-tivo ou ampliativo.

c) Do princípio da continuidade do serviço público decorrem os princípios da sindicabilidade e da autoexecutoriedade.

5 CUNHA JÚNIOR, Dirley de. Curso de direito administrativo. 8 ed. Salvador: Juspodivm, 2009. p. 50

d) O princípio da sindicabilidade é reconhecido expressamente pela jurisprudência do STF.

e) Sempre que a administração pública estiver envol-vida em relações jurídicas, sejam elas de direito público ou de direito privado, o interesse da admi-nistração pública deverá imperar, pois ele sempre se sobrepõe ao interesse privado.

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “d”. Pelo princípio da

sindicabilidade, é permitido ao Poder Judiciário o con-trole dos atos administrativos, quando eivados de vícios que o tornem ilegais. Nesse sentido, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de Segurança nº 30.860, de relatoria do Ministro Luiz Fux.

Alternativa “a”. São vários os princípios da Admi-nistração Pública, mas a doutrina costuma apontar como sendo basilares os princípios da supremacia do

interesse público e da indisponibilidade do inte-

resse público.

Alternativa “b”. O princípio da legalidade não apresenta conteúdo idêntico para o particular e para a Administração Pública. Para esta, significa que a atua-

ção administrativa deve se dar em conformidade

com a lei, com o direito. Assim, ao administrador somente é permitido agir de acordo com a lei, não vigo-rando a autonomia da vontade, prevalente na esfera privada, em que o particular não é obrigado senão em virtude de lei. São esses os dois principais aspectos do princípio da legalidade: seguir a lei e não contrariar a lei. Como bem ressalta Thiago Marrara, são as regras da “reserva legal” e da “supremacia da lei” e pode ser sintetizados, respectivamente, nas expressões “nada

sem lei” e “nada contra a lei”6.

Alternativa “c”. O princípio da continuidade do

serviço público, pelo qual todas as atividades admi-nistrativas devem ser prestadas de modo contínuo, decorre do princípio da indisponibilidade do inte-

resse público.

Alternativa “e”. Não é em todas as situações em que a Administração Pública estiver envolvida que pre-valecem os seus interesses; isso não ocorre, por exem-plo, num contrato de locação, em que o Estado assume a condição de locatário. Nessa situação, não age a Admi-nistração Pública em posição de superioridade, sendo a relação jurídica regulada pelo Código Civil e pela legis-lação específica do assunto.

6 As fontes do direito administrativo e o princípio da lega-lidade. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella; RIBEIRO, Carlos Vinicius Alves (coord.). Supremacia do interesse público e outros temas relevantes do direito administrativo. São Paulo: Altas, 2010. p. 232.

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16. (Cespe – Procurador do DF/ 2013) Com funda-mento no princípio da moralidade e da impessoalidade, o STF entende que, independentemente de previsão em lei formal, constitui violação à CF a nomeação de sobrinho da autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão, ainda que para cargo político, como o de secretário estadual.

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: Na forma da Súmula Vincu-lante nº 13, “a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Esta-dos, do Distrito Federal e dos Municípios, compreen-dido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.

“Errado”. O Supremo Tribunal Federal consolidou entendimento de que a nomeação de parente para

cargo de natureza política – como é o de Secretário Estadual – não viola o disposto na Súmula Vinculante nº 13. Destaque-se, no julgamento do Recurso Extra-ordinário nº 579.951-RN, o posicionamento do Ministro Joaquim Barbosa, para quem a nomeação de paren-tes para cargos políticos nem sempre descaracteriza o nepotismo, em especial quando comprovado que a nomeação ocorreu apenas e tão somente por conta do parentesco.

17. (Cespe – Procurador do DF/ 2013) Em atendimento ao princípio da publicidade, a administração pública deve proporcionar ampla divulgação dos seus atos, e a lei regular o acesso dos usuários de serviço público a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observadas, no entanto, as restrições estabe-lecidas constitucionalmente quanto ao direito à intimi-dade e à segurança da sociedade e do Estado.

COMENTÁRIOS.

“Certo”. Pelo princípio da publicidade, a atuação

administrativa não pode ser secreta. Ao contrário, deve ser transparente para que, assim, o titular do poder – que é o povo – possa verificar se, realmente, a conduta do administrador estava pautada no interesse público. A regra, portanto, é que todo ato administrativo deve ser publicado, exceto quando, nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, o “sigilo seja imprescin-dível à segurança da sociedade e do Estado”.

18. (Cespe – Procurador do Ministério Público junto

ao TCDF/2013) De acordo com o critério legalista, o direito administrativo compreende o conjunto de leis

administrativas vigentes no país, ao passo que, conso-ante o critério das relações jurídicas, abrange o conjunto de normas jurídicas que regulam as relações entre a administração pública e os administrados.

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: Para Maria Sylvia Zanella Di Pie-tro, o Direito Administrativo é “o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurí-dicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”7.

“Certo”. Com base no critério da Administração

Pública, Hely Lopes Meirelles define o direito adminis-trativo como o “conjunto harmônico de princípios

jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as ativi-

dades públicas tendentes a realizar concreta, direta

e imediatamente os fins desejados pelo Estado”8.

19. (Cespe – Procurador do Ministério Público junto

ao TCDF/2013) Por força do princípio da legalidade, a administração pública não está autorizada a reconhe-cer direitos contra si demandados quando estiverem ausentes seus pressupostos.

COMENTÁRIOS.

“Certo”. O enunciado está intimamente relacio-nado com a atividade discricionária da Administração Pública; neste sentido, ausentes determinados pressu-postos, a Administração Pública não está autorizada a reconhecer direitos contra si demandados. Por exem-plo, não é possível a outorga de licença para dirigir se o postulante não foi aprovado em exame psicotéc-

nico. Por ser a licença expressão da atividade vincu-

lada da Administração Pública, não pode esta, pela

aplicação do princípio da legalidade, reconhecer direitos contra si demandados se ausentes os pressu-postos necessários.

20. (Cespe – Procurador do Ministério Público junto

ao TCDF/2013) Constitui exteriorização do princípio da autotutela a súmula do STF que enuncia que “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados dos vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a aprecia-ção judicial”.

7 Direito administrativo. 23 ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 47.

8 Direito administrativo brasileiro. 36 ed. São Paulo: Malhei-ros, 2010. p. 40.

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LEANDRO BORTOLETO, LUÍS FELIPE CIRINO E LIDIANE COUTINHO 36

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: O enunciado traz, literalmente, o disposto na Súmula nº 473, do Supremo Tribunal Federal.

“Certo”. Pelo princípio da autotutela, a Adminis-tração Pública analisa se os atos administrativos já prati-cados estão em conformidade com o direito ou se con-tinuam convenientes e oportunos e, caso verificada a incompatibilidade, anulará o ato, quando possuir vício

de legalidade, ou o revogará, quando se tornar incon-

veniente ou inoportuno diante do interesse público.

21. (Cespe – Defensor Público – ES/ 2012) Como o direito administrativo disciplina, além da atividade do Poder Executivo, as atividades administrativas do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, os princípios que regem a administração pública, previstos na CF, apli-cam-se aos três poderes da República.

COMENTÁRIOS.

Nota do autor: Legislar e fiscalizar são as fun-ções típicas do Legislativo, administrar é função típica do Executivo e julgar é função típica do Judiciário. Entretanto, a Constituição Federal, estabelece hipóte-ses em que um Poder pode exercer a função atribuída a outro, sem violar o princípio da separação de poderes.

“Certo”. A função administrativa não é exclusivi-

dade do Poder Executivo, já que, de maneira atípica, é

exercida pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judici-

ário. Esses poderes têm como tarefa principal a execu-ção de suas atividades típicas, próprias; porém, não há como exercerem suas atividades principais sem que se utilizem da atividade administrativa, pois necessitam de pessoal e de bens. Assim devem, de igual modo, obser-

vância aos princípios da Administração Pública,

aplicáveis, pois, aos três poderes.

2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E TERCEIRO

SETOR

LEANDRO BORTOLETO E LUÍS FELIPE CIRINO

CF, art. 37, XIX, XX e § 8º

CF, art. 173 e 175

Decreto-Lei nº 200/67

Decreto-Lei nº 900/69, art. 5º

Lei nº 9.649/98, art. 51

Lei nº 11.107/05

Lei nº 9.637/98

Lei nº 9.790/99

22. (Cespe – Delegado de Polícia – PE/2016) Conside-rando os princípios e fundamentos teóricos do direito administrativo, assinale a opção correta.

a) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, se constituídas como pessoa jurídica de direito privado, não integram a administração indireta.

b) Desconcentração é a distribuição de competên-cias de uma pessoa física ou jurídica para outra, ao passo que descentralização é a distribuição de com-petências dentro de uma mesma pessoa jurídica, em razão da sua organização hierárquica.

c) Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o poder público faça tudo o que não estiver expressamente proibido pela lei.

d) A administração pública, em sentido estrito e subje-tivo, compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes públicos que exerçam função administrativa.

e) No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de jurisdição do sistema francês, o ingresso de ação judicial no Poder Judiciário para questionar ato do poder público é condicionado ao prévio exauri-mento da instância administrativa.

COMENTÁRIOS.

Alternativa correta: letra “d”. A Administração Pública em sentido amplo engloba a atividade política e a atividade administrativa, incluindo tanto os órgãos governamentais quanto os órgãos administrativos. Já, em sentido estrito, corresponde, exclusivamente, à fun-ção administrativa exercida pelos órgãos administrati-vos. No sentido estrito, a Administração Pública pode ser subdividida em: a) sentido subjetivo, formal ou

orgânico, pelo qual diz respeito ao conjunto de pes-

soas jurídicas, órgãos públicos e agentes públicos

que realizam a atividade administrativa, isto é, leva-

se em conta quem faz a atividade administrativa,

quem integra a Administração Pública.; b) sentido objetivo, material ou funcional, que diz respeito à ati-vidade destinada a satisfazer as necessidades coletivas, ou seja, a atividade administrativa, que compreende o serviço público, a polícia administrativa, o fomento e a intervenção. Nesse sentido, a relevância é dada à fun-ção, ao conteúdo da atividade e não quem a executa, ou seja, interessa o que é realizado.

Alternativa “a”. As empresas públicas e socieda-des de economia mista são, necessariamente, pessoa jurídica de direito privado e integram a Administra-

ção Pública Indireta.

Alternativa “b”. Descentralização é a distribuição de competências de uma pessoa física ou jurídica para outra (distribuição externa de competências), ao passo que desconcentração é a distribuição de compe-tências dentro de uma mesma pessoa jurídica, em razão da sua organização hierárquica (distribuição interna

de competências).

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DICAS (RESUMO)

LEANDRO BORTOLETO

1. CONCEITO E FONTES DO DIREITO ADMI-

NISTRATIVO

O direito administrativo é o “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a reali-zar concreta, direta e imediatamente os fins deseja-dos pelo Estado”1.

A principal fonte do direito administrativo é a lei, mas deve ser concebida em sentido amplo, isto é, abrange todos os atos legislativos. Nesse sentido, além das leis ordinárias, complementares e dele-gadas, inclui, ainda, as medidas provisórias, os decretos legislativos, as resoluções legislativas, a Constituição Federal, as Emendas à Constituição, as Constituições estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal e as Leis Orgânicas dos Municípios. São as chamadas fontes primárias. De todos os atos legis-lativos apontados, por óbvio, a Constituição Federal é a principal fonte, na qual há diversos dispositivos aplicados ao direito administrativo (por exemplo, art. 5º, 21, 23, 37).

A jurisprudência em regra, caráter orientador, mas há casos em que tem força vinculante. Exemplos: as decisões proferidas pelo STF na ação direta de inconstitucionalidade, na ação declaratória de constitucionalidade (CF, art. 102, § 2º) e a súmula vinculante.

2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Os princípios são normas e vinculam a Admi-nistração Pública. STF (RE 579.951): a vedação do “nepotismo não depende de lei formal para coibir a prática. Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal”.

1 Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malhei-ros, 2010. p. 40.

Direito AdministrativoLeandro Bortoleto, Luís Felipe Cirino e

Lidiane Coutinho

O regime jurídico administrativo é o conjunto

de princípios que confere prerrogativas e impõe

sujeições à Administração Pública. É a interação de

dois polos opostos. Por isso, o uso das expressões

bipolaridade do direito administrativo2 ou binômio3

do direito administrativo.

Síntese dos princípios da Administração Pública4:

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Supremacia

do interesse

público

prerrogativa

interesse público prevalece sobre privado

interesse público primário

Indisponibili-

dade do inte-

resse público

sujeição

interesse público é indisponível

Legalidade

atuação de acordo com a lei e o direito

esfera pública: não vigora auto-nomia da vontade

Impessoali-

dade

busca da finalidade pública

atos imputados à Administra-ção: imputação

proibição de promoção pessoal

Moralidade honestidade, boa-fé, lealdade,

padrões morais e éticos

Publicidade transparência; publicação dos

atos administrativos

Eficiência rendimento; atuação eficiente;

organização eficiente

2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 62.

3 Fernando Garrido Fala apud Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 56).

4 BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salvador: Jus-podivm, 2012. p. 50.

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LEANDRO BORTOLETO, LUÍS FELIPE CIRINO E LIDIANE COUTINHO 162

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Continuidade

do serviço

público

serviço público não pode parar

Autotutela administração anula e revoga

seus próprios atos

Tutela ou

controle

administração direta controla finalidade da administração indireta

Especialidade criação de pessoa específica

para atuação específica

Presunção de

legitimidade

regra: ato administrativo é legal

produz efeitos até ser extinto

Controle

judicial dos

atos adminis-

trativos

sistema de jurisdição única

Segurança

jurídica

aspecto objetivo: princípio da segurança jurídica. Tentativa de preservação do ato. Nova interpretação não retroage

aspecto subjetivo: princípio da proteção à confiança. Expec-tativa do administrado de que Administração respeitará os atos por ela praticados.

Motivação ou

fundamenta-

ção

indicação dos pressupostos de fato e direito

Razoabilidade

meios devem ser adequados aos fins do ato

utilidade, necessidade, propor-cionalidade

Hierarquia coordenação, organização,

delegação, avocação

3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E TERCEIRO

SETOR

Função administrativa: exercida pelo Poder Exe-cutivo, de forma típica, e pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário, de maneira atípica.

Administração Pública: conjunto de pessoas jurí-dicas, órgãos públicos e agentes públicos que rea-lizam a atividade administrativa, consistente em serviços públicos, fomento, polícia administrativa e intervenção.

Administração Pública em sentido amplo: engloba a atividade política e a atividade administrativa, incluindo tanto os órgãos governamentais quanto os órgãos administrativos. Administração Pública

em sentido estrito: corresponde, exclusivamente, à função administrativa exercida pelos órgãos admi-nistrativos. Subdivide-se em: a)sentido subjetivo, formal ou orgânico (conjunto de pessoas jurídicas, órgãos públicos e agentes públicos que realizam a atividade administrativa; quem faz a atividade administrativa); b) sentido objetivo, material ou funcional (é a atividade administrativa, que com-preende o serviço público, a polícia administrativa, o fomento e a intervenção; o que é realizado).

Há várias formas de desempenho da atividade administrativa5:

FORMAS DE DESEMPENHO DA ATIVIDADE

ADMINISTRATIVA

Concentrada

(concentra-

ção)

atividade é realizada por um único órgão

pessoa jurídica sem divisão interna

Desconcen-

trada (descon-

centração)

atividade é realizada por vários órgãos

pessoa jurídica com divisão interna

distribuição interna de com-petência

Centralizada

(centraliza-

ção)

atividade é realizada direta-mente pela pessoa política, por meio de seus órgãos

Descentrali-

zada (descen-

tralização)

atividade é realizada por outra pessoa jurídica

distribuição externa de com-petência

Administração direta: conjunto de órgãos que compõem a pessoa política.

Administração indireta: conjunto das pessoas administrativas, com personalidade de direito público ou de direito privado, patrimônio próprio e autonomia administrativa, vinculadas à administra-ção direta, criadas para o desempenho de determi-nada atividade administrativa.

Classificação dos órgãos públicos:

a) Quanto à posição estatal ou hierarquia: inde-pendentes (representam as funções principais do Estado; não estão subordinados a nenhum outro); autônomos (estão situados abaixo dos órgãos independentes; possuem autonomia administrativa, financeira e técnica.); superio-res (subordinados aos autônomos e indepen-dentes; possuem poder de direção, mas não

5 BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salvador: Jus-podivm, 2012. p. 69.

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Direito Administrativo 163

têm autonomia administrativa nem financeira); subalternos (possuem pequeno poder de decisão; atividades de execução).

b) Quanto à estrutura: simples (não se subdivi-dem em outros); compostos: (subdividem-se em outros órgãos)

c) Quanto à atuação funcional ou composi-ção: singulares ou unipessoais (a atuação do órgão é realizada de acordo com a decisão de um único agente); coletivos ou pluripesso-ais (a atuação do órgão é decidida por vários agentes).

d) Quanto à esfera de atuação: centrais (atuam em toda a área territorial da pessoa); locais (atuam apenas em parte do território da pessoa que integram)

São características dos órgãos públicos: a) criação e extinção por lei; b) resultado da desconcentração; c) despersonalizados; d) não possuem patrimônio próprio; e) não possuem capacidade processual; f) alguns órgãos podem ser parte em processo para defesa de prerrogativa; g) podem celebrar contrato de gestão; h) órgãos gestores de orçamento devem ser inscritos no CNPJ.

O candidato deve se atentar para não confundir as definições das entidades da administração indireta. Ter personalidade jurídica, patrimônio próprio, autonomia administrativa, submeter-se a controle da administração direta, por exemplo, não identifi-cam nenhuma das pessoas e o que deve ser obser-vado é se a personalidade é de direito público ou de direito privado, se é criada por lei ou se a lei autoriza a criação e qual a atividade desempenhada.

Autarquia: lei cria; personalidade de direito público; atividade típica do Estado.

Fundação Pública: lei cria (personalidade de direito público) e lei autoriza (personalidade de direito pri-vado); atividade não exclusiva do Estado (interesse público).

Sociedade de economia mista e Empresa Pública: lei autoriza; personalidade de direito privado; pres-tação de serviço público ou exploração de ativi-dade econômica.

Lei 13.303/16 (estatuto das estatais) “estatuto jurí-dico da empresa pública, da sociedade de econo-mia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de econo-mia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade eco-nômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos” (art. 1º, caput).

Exploração de atividade econômica pelo Estado será exercida por meio de empresa pública, de socie-dade de economia mista e de suas subsidiárias. Lei precisa indicar de forma clara a presença de relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional, nos termos do caput do art. 173 da Constituição Federal.

Depende de autorização legal: criação de empresa pública ou de sociedade de economia mista; criação de suas subsidiárias; participação de qualquer delas em empresa privada, cujo objeto social deve estar relacio-nado ao da investidora

Empresa pública (art. 3º): entidade dotada de perso-nalidade jurídica de direito privado, com criação auto-rizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Podem parti-cipar no capital social outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como as entidades da administra-ção indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, desde que pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administra-ção indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Sociedade de economia mista (art. 4º): entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de socie-dade anônima, cujas ações com direito a voto perten-çam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

Agência reguladora: estão sendo criadas como autarquia em regime especial; maior autonomia; deve ter personalidade de direito público.

Agência executiva: é uma qualificação, um título, que é dado a uma autarquia ou a uma fundação pública. São requisitos (art. 51 da Lei nº 9.649/98) a existência de plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento e a celebração de contrato de gestão com o ministé-rio supervisor. A qualificação se dá por ato do Presi-dente da República.

Consórcio público: está regulado pela Lei nº 11.107/05. Trata-se de uma nova pessoa adminis-trativa que surge da união entre pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Em um primeiro momento, há o protocolo de inten-ções, que é uma espécie de ajuste preliminar entre as pessoas políticas, no qual há a definição do objeto do consórcio, quais são seus participantes, qual sua duração, qual a forma de eleição do repre-sentante legal. Depois, o protocolo de intenções deve ser publicado na imprensa oficial e, na sequ-ência, ele deve ser ratificado por lei em cada um dos entes consorciados.

Consórcio público poderá ter personalidade de direito público (associação pública; conhecido

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LEANDRO BORTOLETO, LUÍS FELIPE CIRINO E LIDIANE COUTINHO 164

como autarquia interfederativa ou autarquia multifederada) ou de direito privado.

Contrato de consórcio: formaliza a constituição do consórcio.

Contrato de rateio: formaliza a entrega de recur-sos dos entes consorciados para o consórcio.

Contrato de programa: instrumento usado quando um dos consorciados assumir a obrigação de pres-tar serviço por meio de seus órgãos ou entidades.

TERCEIRO SETOR

Marco regulatório: Lei 13.019/14 (vigência: janeiro 2016; para Municípios: janeiro de 2017). Disposições da nova lei não se aplicam às organizações sociais, reguladas pela Lei nº 9.637/98, nos termos do art. 3º, III. Quanto às organizações da sociedade civil, objeto da Lei nº 9.790/99, as disposições aplicam-se, no que couber.

Parcerias são formalizadas:

a) quando houver transferência de recursos: termo

de colaboração (para a realização de atividades de interesse público propostas pela Administra-ção Pública, nos termos do art. 16) e por termo de

fomento (para a realização de atividades de inte-resse público propostas pela organização da socie-dade civil, conforme o art. 17); em ambos os casos: exigência de escolha da entidade do Terceiro Setor por meio de um processo seletivo denominado Cha-mamento Público, salvo as exceções previstas em lei;

b) quando não houver transferência de recursos: acordo de cooperação.

Organização social (OS) e Organização da Socie-dade Civil de Interesse Público (Oscip): são enti-dades civis sem fins lucrativos, integrantes do setor privado, que recebem a qualificação do Poder Público. Oscip: deve estar em funcionamento regu-lar há, no mínimo, 3 anos.

Não podem ser qualificadas como Oscip (art. 2º):

a) sociedades comerciais;

b) sindicatos, associações de classe ou de repre-sentação de categoria profissional;

c) instituições religiosas ou voltadas para a dis-seminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;

d) organizações partidárias e assemelhadas, inclu-sive suas fundações;

e) entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo res-trito de associados ou sócios;

f) entidades e empresas que comercializam pla-nos de saúde e assemelhados;

g) instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

h) escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;

i) organizações sociais;

j) cooperativas;

k) fundações públicas;

l) fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;

m) organizações creditícias que tenham qualquer tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constitui-ção Federal.

Diferenças entre OS e Oscip: a) a OS opera a absor-

ção de determinada atividade que o Estado esteja

fazendo e, com frequência, leva à extinção do órgão

público que realizava a mesma atividade e, por

outro lado, a Oscip representa verdadeira parceria

e não há extinção de órgãos; b) a outorga da quali-

ficação é ato discricionário na OS e ato vinculado na

Oscip; c) o vínculo na OS é contrato de gestão e na

Oscip é termo de parceria; d) na OS, há exigência de

que tenha a presença de representantes do poder

público no órgão de administração, o que não

ocorre com a Oscip; e) no caso de desqualificação,

os bens adquiridos com recursos públicos serão

revertidos ao Poder Público, no caso da OS e, se for

Oscip, será transferida à outra Oscip, de preferência,

na mesma área de atuação.

Sistematização da Administração Pública e do Ter-

ceiro Setor6:

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ADMINISTRAÇÃO

INDIRETA

ADMINISTRAÇÃO

DIRETA

Conjunto das pessoas administrativas, com personalidade de direito público ou de direito pri-vado, patrimônio próprio e autonomia administra-tiva, vinculadas à admi-nistração direta, criadas para o desempenho de determinada atividade administrativa

Conjunto dos órgãos públicos que integram as pessoas jurídicas polí-ticas

Pessoas jurídicas de direito público

União, Estados, Distrito Federal e Municípios

6 BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salva-dor: Juspodivm, 2012. p. 106.

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Direito Administrativo 165

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ADMINISTRAÇÃO

INDIRETA

ADMINISTRAÇÃO

DIRETA

Autarquia: direito público

Agência reguladora: autarquia em regime especial

Agência Executiva: autar-quia que recebeu a qua-lificação (contrato de gestão)

Fundação Pública: direito público ou direito privado

Agência Executiva: fun-dação pública que rece-beu a qualificação (con-trato de gestão)

Empresa Pública: direito privado; prestadora de serviço público ou explo-radora de atividade eco-nômica

Sociedade de Economia Mista: direito privado; prestadora de serviço público ou exploradora de atividade econômica

Consórcio Público: direito público (associa-ção pública) ou direito privado

TERCEIRO SETOR

pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrati-vos, pertencentes ao setor privado, que desenvolvem atividade de interesse público.

Marco regulatório (Lei nº 13.019/14): parcerias firma-das por: a) termo de fomento ou por termo de cola-boração, quando envolverem transferência de recur-sos financeiros; entidades são escolhidas por meio de chamamento público, exceto os casos de dispensa e inexigibilidade; b) acordo de cooperação, quando não envolver transferência de recursos financeiros.

Serviço social autônomo

Entidade de apoio

Organização Social (OS)

Vínculo jurídico com a administração direta: contrato de gestão

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip)

Vínculo jurídico com a administração direta: termo de parceria

4 AGENTES PÚBLICOS: DISPOSIÇÕES

CONSTITUCIONAIS

Regime jurídico único: STF (ADI 2135): foi deferida medida liminar para suspender a eficácia do art. 39, caput, da Constituição, por vício formal na aprova-ção da Emenda nº 19/98, com efeitos ex nunc, “sub-sistindo a legislação editada nos termos da emenda declarada suspensa”, mantendo-se, “assim, o então vigente caput do art. 39, que tratava do regime jurí-dico único, incompatível com a figura do emprego público”.

Cronologia do regime jurídico único:

Regime Jurídico

Único

REGIME JURÍDICO ÚNICO

retorno do Regime Jurídico

Único

RJU

Servidores federais

FimRegime Jurídico

Único

Emprego Público

União, aut. e fund.

05/10/1988 12/12/1990 04/06/1998 23/02/2000 02/08/2007

CF, art. 39, caput Lei nº 8.112 EC 19,

art. 39, caput Lei nº 9.962 ADI 2135

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Direito Administrativo 197

Medidas cautelares previstas na Lei de Improbi-dade Administrativa: a) indisponibilidade dos bens (art. 7º); b) sequestro (art. 16); c) investigação, exame e bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais; d) afas-tamento do cargo (art. 20, parágrafo único).

Indisponibilidade dos bens (art. 7º): “Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a auto-ridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indispo-nibilidade dos bens do indiciado. Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patri-monial resultante do enriquecimento ilícito”.

Legitimidade ativa para propor ação: Ministério Público ou a pessoa jurídica (uma das previstas no art. 1º da Lei nº 8.429/92, bem como o ente tribu-tante que figurar no polo ativo da obrigação tribu-tária de que tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003). Todavia, quando for proposta por uma dessas pes-soas interessadas, o Ministério Público, obrigatoria-mente, atuará como fiscal da lei, sob pena de nuli-dade (art. 17, § 4º).

Prazo para propor ação de improbidade: a) em 5 anos após o término do exercício do mandato, de cargo em comissão ou função de confiança (inciso I); b) dentro do prazo previsto em legislação espe-cial para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego (inciso II); c) até cinco anos da data da apresentação à Administração Pública da prestação de contas final pelas entida-des referidas no parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.429/92.

STF (RE 578.428-AgR): as ações de ressarcimento ao erário são imprescritíveis (art. 37, § 5º).

Leandro Bortoleto

SÚMULAS APLICÁVEIS

1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-BLICA

1.1 SÚMULA DO STF Súmula nº  636: “Não cabe recurso extraordinário

por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitu-cionais pela decisão recorrida”.

2. AGENTES PÚBLICOS

2.1. SERVIDOR PÚBLICO SÚMULA VINCULANTE nº 33: “Aplicam-se ao ser-

vidor público, no que couber, as regras do Regime Geral de Previdência Social sobre aposentado-ria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal, até edição de lei complementar específica”.

Súmula vinculante 21 – É inconstitucional a exi-gência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

Súmula Vinculante 5 – A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.

Súmula vinculante 3 – Nos processos perante o Tri-bunal de Contas da União asseguram-se o contra-ditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administra-tivo que beneficie o interessado, excetuada a apre-ciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

STF 21 – Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.

STF 20 – É necessário processo administrativo, com ampla defesa, para demissão de funcionário admi-tido por concurso.

STF 19 – É inadmissível segunda punição de servi-dor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.

STF 18 – Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a puni-ção administrativa do servidor público.

STJ 378 – Reconhecido o desvio de função, o servi-dor faz jus às diferenças salariais decorrentes.

STJ 218 – Compete à justiça dos estados processar e julgar ação de servidor estadual decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.

STJ 173 – Compete à justiça federal processar e julgar o pedido de reintegração em cargo público federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado antes da instituição do Regime Jurídico Único.

STJ 170 – Compete ao juízo onde primeiro for inten-tada a ação envolvendo acumulação de pedidos, trabalhista e estatutário, decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com o pedido remanescente, no juízo pró-prio.

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STJ 137 – Compete à justiça comum estadual pro-cessar e julgar ação de servidor público municipal, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário.

STJ 97 – Compete à justiça do trabalho processar e julgar reclamação de servidor público relativa-mente a vantagens trabalhistas anteriores à institui-ção do Regime Jurídico Único.

2.1.1. CONCURSO PÚBLICO SÚMULA VINCULANTE Nº 44: “Só por lei se pode

sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de can-didato a cargo público”.

SÚMULA VINCULANTE Nº 43: “É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em con-curso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anterior-mente investido”.

STF 686 – Só por lei se pode sujeitar a exame psico-técnico a habilitação de candidato a cargo público.

STF 685 – É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público desti-nado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

STF 684 – É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público.

STF 683 – O limite de idade para a inscrição em con-curso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.

STF 17 – A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse.

STF 16 – Funcionário nomeado por concurso tem direito a posse.

STF 15 – Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito a nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.

STJ 377 – O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.

STJ 266 – O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.

2.1.2. DEMISSÃO STF 25 – A nomeação a termo não impede a livre

demissão, pelo Presidente da República, de ocu-pante de cargo dirigente de autarquia.

STF 8 – Diretor de sociedade de economia mista pode ser destituído no curso do mandato.

2.1.3. DISPONIBILIDADE STF 39 – À falta de lei, funcionário em disponibili-

dade não pode exigir, judicialmente, o seu aprovei-tamento, que fica subordinado ao critério de conve-niência da Administração.

STF 22 – O estágio probatório não protege o funcio-nário contra a extinção do cargo.

2.1.4. REMUNERAÇÃO SÚMULA VINCULANTE Nº 55: “O direito ao auxí-

lio-alimentação não se estende aos servidores inati-vos”.

SÚMULA VINCULANTE Nº 42: “É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servi-dores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária”.

SÚMULA VINCULANTE nº 37: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumen-tar vencimentos de servidores públicos sob o fun-damento de isonomia”.

Súmula Vinculante 20 – A Gratificação de Desem-penho de Atividade Técnico-Administrativa – GDATA, instituída pela Lei nº 10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos termos do art. 5º, parágrafo único, da Lei nº 10.404/2002, no perí-odo de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art. 1º da Medida Provisória nº 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos.

Súmula Vinculante 16 – Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.

Súmula Vinculante 15 – O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.

Súmula vinculante 6 – Não viola a constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço mili-tar inicial.

Súmula Vinculante 4 – Salvo os casos previstos na Constituição Federal, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vanta-gem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.

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Direito Administrativo 199

STF 682 – Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos venci-mentos de servidores públicos.

STF 681 – É inconstitucional a vinculação do rea-juste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetá-ria.

STF 672 – O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas leis 8.622/93 e 8.627/93, estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais compensações decorren-tes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.

STF 671 – Os servidores públicos e os trabalhado-res em geral têm direito, no que concerne à URP de abril/maio de 1988, apenas ao valor correspon-dente a 7/30 de 16,19% sobre os vencimentos e salá-rios pertinentes aos meses de abril e maio de 1988, não cumulativamente, devidamente corrigido até o efetivo pagamento.

STF 359 – Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários.

STF 339 – Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

2.1.5. TEMPO DE SERVIÇO STF 726 – Para efeito de aposentadoria especial

de professores, não se computa o tempo de ser-viço prestado fora da sala de aula. Atenção: em 29/10/2008, o STF, por maioria, no julgamento da ADI 3.772, decidiu que a atividade de magistério não é restrita ao trabalho em sala de aula e que dela fazem parte as funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico, desde que exercidas, em estabelecimentos de ensino básico, por profes-sores de carreira, excluídos os especialistas em edu-cação.

STF 567 – A Constituição, ao assegurar, no § 3º, do art. 102, a contagem integral do tempo de serviço público federal, estadual ou municipal para os efei-tos de aposentadoria e disponibilidade não proíbe à União, aos Estados e aos Municípios mandarem contar, mediante lei, para efeito diverso, tempo de serviço prestado a outra pessoa de direito público interno.

2.1.6. VITALICIEDADE STF 47 – Reitor de universidade não é livremente

demissível pelo Presidente da República durante o prazo de sua investidura.

STF 46 – Desmembramento de serventia de justiça não viola o princípio de vitaliciedade do serventuá-rio.

STF 36 – Servidor vitalício está sujeito a aposenta-doria compulsória, em razão da idade.

2.1.7. NOMEAÇÃO PARA CARGO EM CO-MISSÃO (NEPOTISMO) Súmula Vinculante 13 – A nomeação de cônjuge,

companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, che-fia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gra-tificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

3. PODERES ADMINISTRATIVOS

3.1. PODER DE POLÍCIA STF 646 – Ofende o princípio da livre concorrência

lei municipal que impede a instalação de estabele-cimentos comerciais do mesmo ramo em determi-nada área.

STF 645 – É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.

STF 419 – Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas.

STF 397 – O poder de polícia da Câmara dos Depu-tados e do Senado Federal, em caso de crime come-tido nas suas dependências, compreende, conso-ante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.

4. ATO ADMINISTRATIVO STF 473 – A administração pode anular seus pró-

prios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportu-nidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressal-vada, em todos os casos, a apreciação judicial.

STF 346 – A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

5. PROCESSO ADMINISTRATIVO STJ 467 – Prescreve em cinco anos, contados do

término do processo administrativo, a pretensão da

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LEANDRO BORTOLETO, LUÍS FELIPE CIRINO E LIDIANE COUTINHO 200

Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.

STJ 373 – É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.

6. BENS PÚBLICOS STF 650 – Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição

Federal não alcançam terras de aldeamentos extin-tos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.

STF 480 – Pertencem ao domínio e administração da União, nos termos dos artigos 4º, IV, e 186, da Constituição Federal de 1967, as terras ocupadas por silvícolas.

STF 479 – As margens dos rios navegáveis são domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.

STF 477 – As concessões de terras devolutas situ-adas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domí-nio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.

STJ 496 – Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União.

STJ 238 – A avaliação da indenização devida ao pro-prietário do solo, em razão de alvará de pesquisa mineral, é processada no juízo estadual da situação do imóvel.

STJ 103 – Incluem-se entre os imóveis funcionais que podem ser vendidos os administrados pelas Forças Armadas e ocupados pelos servidores civis.

7. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PRO-PRIEDADE PRIVADA

7.1. DESAPROPRIAÇÃO STF 652 – Não contraria a Constituição o art. 15, §

1º, do DL. 3.365/41 (Lei da Desapropriação por Utili-dade Pública).

STF 618 – Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano.

STF 617 – A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetaria-mente.

STF 561 – Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez.

STF 476 – Desapropriadas as ações de uma socie-dade, o poder desapropriante, imitido na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos ineren-tes aos respectivos títulos.

STF 475 – A Lei 4.686, de 21.06.1965, tem aplicação imediata aos processos em curso, inclusive em grau de recurso extraordinário.

STF 416 – Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização complemen-tar além dos juros.

STF 378 – Na indenização por desapropriação incluem-se honorários do advogado do expro-priado.

STF 164 – No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.

STF 157 – É necessária prévia autorização do Pre-sidente da República para desapropriação, pelos Estados, de empresa de energia elétrica.

STF 23 – Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o impede a declaração de utilidade pública para desapropriação do imó-vel, mas o valor da obra não se incluirá na indeniza-ção, quando a desapropriação for efetivada.

STJ 408 – Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisó-ria nº 1.577, de 11.6.1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13.9.2001, e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula nº 618 do Supremo Tribu-nal Federal.

STJ 354 – A invasão do imóvel é causa de suspen-são do processo expropriatório para fins de reforma agrária.

STJ 141 – Os honorários de advogado em desa-propriação direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas moneta-riamente.

STJ 131 – Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devida-mente corrigidas.

STJ 114 – Os juros compensatórios, na desapropria-ção indireta, incidem a partir da ocupação, calcula-dos sobre o valor da indenização, corrigido mone-tariamente.

STJ 113 – Os juros compensatórios, na desapropria-ção direta, incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.

STJ 102 – A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei.

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Direito Administrativo 201

STJ 70 – Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em julgado da sentença.

STJ 69 – Na desapropriação direta, os juros com-pensatórios são devidos desde a antecipada imis-são na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.

STJ 67 – Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez, inde-pendente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da indeniza-ção.

STJ 56 – Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade.

STJ 12 – Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios.

INFORMATIVOS APLICÁVEIS

STF

1. AGENTES PÚBLICOS

1.1. DISPOSIÇÕES GERAIS Greve de servidor público e desconto de dias não

trabalhados

A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O des-conto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público. RE 693456/RJ, repercussão geral, Rel. Min. Dias Toffoli, 27.10.2016. Pleno. (Info 845)

Nomeação de servidor e nepotismo

Reputou-se improcedente reclamação na qual se discu-tia a prática de nepotismo em face de nomeação de ser-vidor público para ocupar cargo em tribunal de contas, onde seu tio (parente colateral de 3º grau), já exerceria cargo de assessor-chefe de gabinete de determinado conselheiro. O nepotismo não decorre diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa desig-nada e agente político ou servidor público, mas da pre-sunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou assessoramento seja direcionada a pessoa com relação de parentesco com alguém com potencial de interferir no processo de seleção. Viola o princípio da impessoalidade vedar o acesso de qualquer cidadão a cargo público somente em razão da existência de rela-

ção de parentesco com servidor que não tenha com-petência para selecioná-lo ou nomeá-lo para cargo de chefia, direção ou assessoramento, ou que não exerça ascendência hierárquica sobre aquele que possui essa competência. Rcl 18564/SP, Red. p/ ac. Min. Dias Toffoli, 23.2.2016. 2ª T. (Info 815)

Suspensão de convênio e impossibilidade de adesão a plano de saúde

Mandado de segurança. TCU. Suspensão de inclusão de novos beneficiários. Operadora de plano de saúde. GEAP. Óbice ao ingresso de servidor do Poder Executivo cedido à Justiça Federal, que, acometido de doença grave, retornou ao órgão de origem para aposentaria por invalidez. Impossibilidade de interrupção do trata-mento da doença iniciado durante período de cessão. Vedação administrativa excepcionada pelas peculiari-dades da espécie em exame. Princípio da dignidade da pessoa humana e do direito à saúde. MS 33619/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, 23.8.2016. 2ª T. (Info 836)

1.2. CONCURSO PÚBLICO

Concurso público: direito subjetivo a nomeação e surgimento de vaga

O prazo de validade do concurso em que aprovado o recorrente expirou antes da abertura do novo certame, a significar que o caso não se amolda ao precedente firmado no RE 837.311, em sede de repercussão geral, em que o Tribunal fixou a tese de que a existência de direito subjetivo à nomeação está ligada ao surgi-mento de nova vaga durante a validade do certame. RMS 31478/DF, Rel. p/ ac. Min. Edson Fachin, 9.8.2016. 1ª T. (Info 834)

Concurso público: direito subjetivo à nomeação e surgimento de vagas

O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de vali-dade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da admi-nistração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequí-voca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subje-tivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; e c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo con-curso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imoti-vada por parte da administração nos termos acima. RE 837311/PI, repercussão geral – mérito, Rel. Min. Luiz Fux, 9.12.2015. Pleno. (Info 811)

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Direito Administrativo 201

STJ 70 – Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em julgado da sentença.

STJ 69 – Na desapropriação direta, os juros com-pensatórios são devidos desde a antecipada imis-são na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.

STJ 67 – Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez, inde-pendente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da indeniza-ção.

STJ 56 – Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade.

STJ 12 – Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios.

INFORMATIVOS APLICÁVEIS

STF

1. AGENTES PÚBLICOS

1.1. DISPOSIÇÕES GERAIS Greve de servidor público e desconto de dias não

trabalhados

A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O des-conto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público. RE 693456/RJ, repercussão geral, Rel. Min. Dias Toffoli, 27.10.2016. Pleno. (Info 845)

Nomeação de servidor e nepotismo

Reputou-se improcedente reclamação na qual se discu-tia a prática de nepotismo em face de nomeação de ser-vidor público para ocupar cargo em tribunal de contas, onde seu tio (parente colateral de 3º grau), já exerceria cargo de assessor-chefe de gabinete de determinado conselheiro. O nepotismo não decorre diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa desig-nada e agente político ou servidor público, mas da pre-sunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou assessoramento seja direcionada a pessoa com relação de parentesco com alguém com potencial de interferir no processo de seleção. Viola o princípio da impessoalidade vedar o acesso de qualquer cidadão a cargo público somente em razão da existência de rela-

ção de parentesco com servidor que não tenha com-petência para selecioná-lo ou nomeá-lo para cargo de chefia, direção ou assessoramento, ou que não exerça ascendência hierárquica sobre aquele que possui essa competência. Rcl 18564/SP, Red. p/ ac. Min. Dias Toffoli, 23.2.2016. 2ª T. (Info 815)

Suspensão de convênio e impossibilidade de adesão a plano de saúde

Mandado de segurança. TCU. Suspensão de inclusão de novos beneficiários. Operadora de plano de saúde. GEAP. Óbice ao ingresso de servidor do Poder Executivo cedido à Justiça Federal, que, acometido de doença grave, retornou ao órgão de origem para aposentaria por invalidez. Impossibilidade de interrupção do trata-mento da doença iniciado durante período de cessão. Vedação administrativa excepcionada pelas peculiari-dades da espécie em exame. Princípio da dignidade da pessoa humana e do direito à saúde. MS 33619/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, 23.8.2016. 2ª T. (Info 836)

1.2. CONCURSO PÚBLICO

Concurso público: direito subjetivo a nomeação e surgimento de vaga

O prazo de validade do concurso em que aprovado o recorrente expirou antes da abertura do novo certame, a significar que o caso não se amolda ao precedente firmado no RE 837.311, em sede de repercussão geral, em que o Tribunal fixou a tese de que a existência de direito subjetivo à nomeação está ligada ao surgi-mento de nova vaga durante a validade do certame. RMS 31478/DF, Rel. p/ ac. Min. Edson Fachin, 9.8.2016. 1ª T. (Info 834)

Concurso público: direito subjetivo à nomeação e surgimento de vagas

O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de vali-dade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da admi-nistração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequí-voca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subje-tivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; e c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo con-curso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imoti-vada por parte da administração nos termos acima. RE 837311/PI, repercussão geral – mérito, Rel. Min. Luiz Fux, 9.12.2015. Pleno. (Info 811)

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LEANDRO BORTOLETO, LUÍS FELIPE CIRINO E LIDIANE COUTINHO 202

Concurso público e restrição à tatuagem

[RPG] Editais de concurso público não podem estabe-lecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. RE 898450/SP, repercussão geral, Rel. Luiz Fux, 17.8.2016. Pleno. (Info 835)

Concurso público e suspeita de irregularidade de titulação

A criação de critério “ad hoc” de contagem de títulos de pós-graduação, após a abertura da fase de títulos e da apresentação dos certificados pelos candidatos, constitui flagrante violação ao princípio da segurança jurídica e da impessoalidade. Impossibilidade de aplicação retroativa da Res. 187/2014/CNJ ao presente concurso, em respeito à modulação dos efeitos efetuada pelo CNJ e aos prece-dentes desta Corte sobre a matéria. MS 33406/DF, Rel. p/ ac. min. Roberto Barroso, 6.9.2016. 1ª T. (Info 838)

Contratação em caráter temporário e concurso público

É inconstitucional lei estadual que assegura a permanên-cia de servidores da Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte admitidos em caráter temporário, entre o período de 8.1.1987 a 17.6.1993, sem a prévia apro-vação em concurso público, e torna sem efeitos os atos de direção da universidade que, de qualquer forma, exclu-íram esses servidores do quadro de pessoal. A proposi-ção legislativa decorreu de iniciativa parlamentar que usurpou a prerrogativa do chefe do Executivo quanto às matérias relacionadas ao regime jurídico dos servidores públicos. Houve ofensa ao princípio do concurso público (CF/88, art. 37, II), haja vista a estabilização de servidores contratados apenas temporariamente. O art. 19 do ADCT concedera estabilidade excepcional somente aos servi-dores que, ao tempo da promulgação do texto, estavam em exercício há mais de cinco anos. ADI 1241/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22.9.2016. Pleno. (Info 840)

Contratação temporária de professores e emergen-cialidade

São inconstitucionais dispositivos de lei estadual que autorizam a contratação temporária de professores da rede pública de ensino nas hipóteses de “afastamentos que repercutam em carência de natureza temporária” e para “fins de implementação de projetos educacionais, com vistas à erradicação do analfabetismo, correção do fluxo escolar e qualificação da população cearense”. O art. 37, IX, da CF exige complementação normativa cri-teriosa quanto aos casos de necessidade temporária de excepcional interesse público que ensejam contra-tações sem concurso. Recrutamentos dessa espécie são admissíveis, mesmo para atividades permanentes da Administração, mas o legislador deve especificar os traços de emergencialidade que justificam a medida atípica. A lei também permite a contratação temporária de profissionais do magistério nas situações de licença para tratamento de saúde; licença gestante; licença por motivo de doença de pessoa da família; licença para trato de interesses particulares; e cursos de capacitação.

Nessas ocorrências, alheias ao controle da Administra-ção, cuja superveniência pode resultar em desaparelha-mento transitório do corpo docente, permite-se reco-nhecer a emergencialidade. ADI 3721/CE, Rel. Min. Teori Zavascki, 9.6.2016. Pleno. (Info 829)

Magistratura: triênio para ingresso na carreira e momento de comprovação

A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz substituto, nos ter-mos do art. 93, I, da CF, deve ocorrer no momento da inscrição definitiva no concurso público. RE 655265/DF, repercussão geral – mérito, Red. p/ ac. Min. Edson Fachin, 13.4.2016. Pleno. (Info 821)

1.3. REGRAS REMUNERATÓRIAS ADI: aumento de vencimentos e efeitos financeiros

São inconstitucionais disposições legais que tornaram sem efeito o aumento dos valores dos vencimentos dos servidores públicos estaduais concedido por outras leis anteriores, taxativas ao estabelecer que entrariam em vigor na data de sua publicação. Os efeitos financeiros relativos à aplicação dessas leis, isto é, o pagamento dos valores correspondentes ao reajuste dos subsídios previstos, ocorreriam a partir do primeiro dia do ano seguinte. Assim, desde a entrada em vigor das leis, com suas publicações, a melhoria concedida fora incor-porada ao patrimônio jurídico dos agentes públicos. Assim, o termo (primeiro dia do ano seguinte) não sus-pendera a eficácia do direito, e sim o seu exercício, não havendo confusão entre vigência de leis e efeitos finan-ceiros decorrentes do que nelas disposto. ADI 4013/TO, Rel. Min. Cármen Lúcia, 31.3.2016. Pleno. (Info 819)

2. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PRO-PRIEDADE

2.1. DESAPROPRIAÇÃO Desapropriação por utilidade pública e princípio da

justa indenização

A preferência do julgador por determinada prova insere-se no livre convencimento motivado e não cabe compelir o magistrado a colher com primazia determinada prova em detrimento de outras pretendidas pelas partes se, pela base do conjunto probatório tiver se convencido da verdade dos fatos (CPC/73, art. 436). RE 567708/SP, Red. p/ ac. Min. Cármen Lúcia, 8.3.2016. 2ª T. (Info 817)

3. LICITAÇÕES Exigência para participar de licitação e conflito

legislativo

Por ofensa à competência privativa da União para legis-lar sobre normas gerais de licitação e contratos, o Plená-rio, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade

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Direito Administrativo 203

da Lei 3.041/05 do Estado de Mato Grosso do Sul, sem efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo. ADI 3.735/MS, Rel. min. Teori Zavascki, 8.9.2016. Pleno. (Info 838)

4. PRESCRIÇÃO ADMINISTRATIVA Ação de ressarcimento e imprescritibilidade

É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. RE 669069/MG, reper-cussão geral – mérito, Rel. Min. Teori Zavascki, 3.2.2016. Pleno. (Info 813)

Administração Pública: ressarcimento e decadência

O TCU havia determinado que órgão da Administração Pública federal adotasse providências para que fosse restituída quantia relativa a auxílio-moradia paga a servidora pública entre out./2003 e nov./2010. A impe-trante sustentava a decadência do direito de a Admi-nistração Pública anular os atos dos quais decorreram efeitos favoráveis. Não há que se falar em prescrição e decadência em casos de pretensão ressarcitória do Estado, tendo em conta o disposto no art. 37, § 5º, da CF/88. Por outro lado, verificar a legitimidade da per-cepção do auxílio-moradia e a existência de boa-fé da impetrante demandaria incursão na análise de fatos e provas. Tal questão, portanto, deveria ser debatida em ação ordinária, de ampla cognição, e não na via estreita do mandado de segurança. MS 32569/DF, Rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, 13.9.2016.

ED e ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil

[RPG] Rejeitados embargos de declaração contra deci-são que entendeu ser prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. É clara a opção da Corte de considerar como ilícito civil os de natureza semelhante à do caso concreto (acidente de trânsito). O conceito, sob esse aspecto, deveria ser bus-cado pelo método de exclusão: não se considerariam ilí-citos civis, de modo geral, os que decorressem de infra-ções ao direito público (de natureza penal, decorrentes de atos de improbidade etc.). As questões atinentes ao transcurso do prazo prescricional, inclusive a seu termo inicial, seriam adstritas à seara infraconstitucional. Por isso, não se constatam motivos relevantes de segurança jurídica ou de interesse social hábeis a ensejar a modu-lação dos efeitos da decisão. RE 669069 ED/MG, Reper-cussão geral – mérito, Rel. Min. Teori Zavascki, 16.6.2016. Pleno. (Info 830)

5. PROCESSO ADMINISTRATIVO

5.1. PROCESSO ADMINISTRATIVO (DISPO-SIÇÕES GERAIS)

Anulação de anistia e prazo decadencial

O prazo decadencial para a anulação de atos adminis-trativos que geram efeitos favoráveis aos administrados

é de cinco anos (art. 54 da Lei 9.784/99), comportando apenas duas hipóteses de afastamento da decadência administrativa: a má-fé do beneficiário e a existência de medida administrativa impugnadora da validade do ato. 3. O processo administrativo de revisão da anistia do Impetrante expressamente afastou a existência de má-fé por parte do anistiado quando do requerimento para o reconhecimento dessa condição. 4. Não se qua-lificam Notas e Pareceres emanados por membros da Advocacia-Geral da União como “medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato”, nos termos do § 2º do art. 54 da Lei 9.784/99, em razão da generalidade de suas considerações, bem como do caráter meramente opinativo que possuem no caso em tela. 5. Ademais, em se tratando de competên-cia exclusiva para a concessão, revisão ou revogação de anistia política, somente ato do Ministro de Estado da Justiça, na qualidade de autoridade administrativa, tem o condão de, uma vez destinado à impugnação especí-fica de ato anterior, obstaculizar o transcurso do prazo decadencial para sua anulação. 6. Assim, como decorreu mais de cinco anos entre a Portaria que reconheceu a condição de anistiado ao Impetrante e a publicação da Portaria Interministerial, ato conjunto entre o Ministro da Justiça e o Advogado-Geral da União que determi-nou a abertura de processo administrativo de revisão das anistias políticas concedidas com fundamento na Portaria do Ministro de Estado da Aeronáutica, cons-tata-se a decadência do direito da Administração de anular o ato de concessão da anistia. RMS 31841/DF, Rel. Min. Edson Fachin, 2.8.2016. 1ª T. (Info 833)

5.2. PROCESSO ADMINISTRATIVO (DISCI-PLINAR)

PAD: comissão processante, demissão e improbi-dade administrativa

Negado provimento a recurso ordinário em mandado de segurança no qual auditor-fiscal da RFB sustentou a nulidade do processo administrativo disciplinar que o penalizou com demissão. Não há vício na instalação de segunda comissão disciplinar, após a primeira ter concluído pela insuficiência de provas. É possível rea-lizar diligências instrutórias com a designação de nova comissão processante, uma vez que, a partir do exame do relatório da primeira comissão, existe dúvida razo-ável a amparar a continuidade das investigações. Cor-reta a capitulação do fato imputado como improbidade administrativa (LIA, art. 132). Incabível a apreciação, na via estreita do “writ”, da proporcionalidade da pena cominada, à exceção das hipóteses em que a demissão estiver fundada na prática de ato de improbidade de natureza culposa, sem a imputação de locupletamento ilícito do servidor. RMS 33666/DF, Red. p/ ac. Min. Edson Fachin, 31.5.2016. 1ª T. (Info 828)

PAD: prova emprestada e nulidade

A prova colhida mediante autorização judicial e para fins de investigação ou processo criminal pode ser utilizada para instruir procedimento administrativo

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LEANDRO BORTOLETO, LUÍS FELIPE CIRINO E LIDIANE COUTINHO 204

punitivo. RMS 28774/DF, Rel. p/ ac. Min. Roberto Barroso, 9.8.2016. 1ª T. (Info 834)

6. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO Morte de detento e responsabilidade civil do Estado

[RPG] Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF, o Estado é responsável pela morte de detento. RE 841526/RS, reper-cussão geral – mérito, Rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016. Pleno. (Info 819)

STJ

1. AGENTES PÚBLICOS

1.1. DISPOSIÇÕES GERAIS Acumulação lícita de cargos públicos.

É possível a acumulação de um cargo público de pro-fessor com outro de intérprete e tradutor da Língua Bra-sileira de Sinais (Libras). Nos termos da CF, a inacumu-labilidade de cargo público emerge como regra, cujas exceções são expressamente estabelecidas no corpo da própria Carta Magna (art. 37, XVI). Na exceção prevista na alínea “b” do inciso XVI do art. 37 da CF (“a de um cargo de professor com outro técnico ou científico”), o conceito de “cargo técnico ou científico” não remete, essencialmente, a um cargo de nível superior, mas à ati-vidade desenvolvida, em atenção ao nível de especifi-cação, capacidade e técnica necessários para o correto exercício do trabalho (RMS 42.392, RMS 28.644 e RMS 20.033). REsp 1.569.547-RN, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 2.2.2016. 2ª T. (Info 575)

Greve de servidor público. Dias não compensados. Desconto em folha. Parcelamento.

Não se mostra razoável a possiblidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do servidor público dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de greve. RMS 49.339-SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, DJe 20.10.2016. 2ª T. (Info 592)

Inadmissibilidade de acumulação de cargos públi-cos cujas jornadas somem mais de sessenta horas semanais.

É vedada a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou científico quando a jornada de traba-lho semanal ultrapassar o limite máximo de sessenta horas semanais. REsp 1.565.429-SE, Rel. Min. Herman Ben-jamin, DJe 4.2.2016. 2ª T. (Info 576)

Redução da duração máxima de jornada de traba-lho de servidores da União que operam diretamente com raios X.

Independentemente da categoria profissional, todos os servidores da União, civis e militares, e os empregados

de entidades paraestatais de natureza autárquica que operam, de forma habitual, diretamente com raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes de irradia-ção, têm o direito à redução da duração máxima da jor-nada de trabalho de 40 para 24 horas semanais prevista no art. 1º da Lei 1.234/1950. AgInt no REsp 1.569.119-SP, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 15.4.2016. 2ª T. (Info 581)

Requisição de servidor público pela DPU.

A Administração Pública Federal não está mais obri-gada a atender toda e qualquer requisição de servidor público efetuada pelo Defensor Público-Geral da União na forma do art. 4º da Lei 9.020/95. MS 17.500-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 15.12.2015. 1ª S. (Info 575)

1.2. CONCURSO PÚBLICO

Formação exigida em edital de concurso ao cargo de perito datiloscopista de polícia civil estadual.

É legal a cláusula de edital que prescreva que as ativi-dades do cargo de perito datiloscopista são de nível médio, desde que, à época da publicação do edital do concurso para o referido cargo, haja previsão legisla-tiva estatual nesse sentido. A verificação da legalidade ou não de cláusula de edital que exija a formação em curso superior dos candidatos ao cargo de perito dati-loscopista de polícia civil estadual restringe-se objetiva-mente ao cotejo da legislação estadual e federal vigente à época da publicação do edital. Para solver a questão, o critério objetivo verificado é o rol de categorias de peritos de natureza criminal definido pelo art. 5º da Lei 12.030/09, no qual se relacionam os peritos criminais, os peritos médico-legistas e os peritos odontolegistas, sem nenhuma referência aos datiloscopistas. AgRg no RMS 32.892-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 3.2.2016. 1ª T. (Info 576)

Posse em cargo público por menor de idade.

Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e no edital de concurso público, é possível que o candidato menor de idade aprovado no concurso tome posse no cargo de auxiliar de biblioteca no caso em que ele, possuindo 17 anos e 10 meses na data da sua posse, já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses. REsp 1.462.659-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 4.2.2016. 2ª T. (Info 576)

2. BENS PÚBLICOS

Possibilidade de ajuizamento por particulares de demanda possessória relacionada a bem público de uso comum do povo.

Particulares podem ajuizar ação possessória para res-guardar o livre exercício do uso de via municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como ser-vidão de passagem. REsp 1.582.176-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 30.9.2016. 3ª T. (Info 590)

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Direito Administrativo 205

3. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Aplicação de multa eleitoral e sanção por ato de

improbidade administrativa.

A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às disposições contidas na Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) não impede a imposição de nenhuma das sanções previstas na Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa – LIA), inclusive da multa civil, pelo ato de improbidade decorrente da mesma conduta. AgRg no AREsp 606.352-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, DJe 10.2.2016. 2ª T. (Info 576)

Caracterização de tortura como ato de improbidade administrativa.

A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade administra-tiva que atenta contra os princípios da administração pública. REsp 1.177.910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 17.2.2016. 1ª S. (Info 577)

Desnecessidade de lesão ao patrimônio público em ato de improbidade administrativa que importa enri-quecimento ilícito.

Ainda que não haja dano ao erário, é possível a con-denação por ato de improbidade administrativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei 8.429/92), excluindo-se, contudo, a possibilidade de aplicação da pena de ressarcimento ao erário. REsp 1.412.214-PR, Rel. p/ ac. Min. Benedito Gonçalves, DJe 28.3.2016. 1ª T. (Info 580)

Improbidade administrativa e conduta direcionada a particular.

Não ensejam o reconhecimento de ato de improbidade administrativa (Lei 8.429/92) eventuais abusos perpetra-dos por agentes públicos durante abordagem policial, caso os ofendidos pela conduta sejam particulares que não estavam no exercício de função pública. O fato de a probidade ser atributo de toda atuação do agente público pode suscitar o equívoco interpretativo de que qualquer falta por ele praticada, por si só, representaria quebra desse atributo e, com isso, o sujeitaria às san-ções da Lei 8.429/92. Contudo, o conceito jurídico de ato de improbidade administrativa, por ser circulante no ambiente do direito sancionador, não é daqueles que a doutrina chama de elásticos, isto é, daqueles que podem ser ampliados para abranger situações que não tenham sido contempladas no momento da sua defini-ção. Dessa forma, considerando o inelástico conceito de improbidade, vê-se que o referencial da Lei 8.429/92 é o ato do agente público frente à coisa pública a que foi chamado a administrar. REsp 1.558.038-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 9.11.2015. 1ª T. (Info 573)

Inaplicabilidade das sanções por ato de improbi-dade administrativa abaixo do mínimo legal.

No caso de condenação pela prática de ato de impro-bidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, as penalidades de suspensão

dos direitos políticos e de proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios não podem ser fixadas aquém do mínimo previsto no art. 12, III, da Lei 8.429/92. REsp 1.582.014-CE, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 15.4.2016. 2ª T. (Info 581)

Possibilidade de dupla condenação ao ressarci-mento ao erário pelo mesmo fato.

Não configura “bis in idem” a coexistência de título exe-cutivo extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença con-denatória em ação civil pública de improbidade admi-nistrativa que determinam o ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do valor da obrigação que primeiramente foi executada no momento da execução do título remanes-cente. REsp 1.413.674-SE, Rel. para o acórdão Min. Benedito Gonçalves, DJe 31.5.2016. 1ª T. (Info 584)

4. PODERES ADMINISTRATIVOS

Aplicação de multa por excesso de velocidade pelo DNIT.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Trans-porte (DNIT) tem competência para autuar e aplicar san-ções por excesso de velocidade em rodovias e estradas federais. REsp 1.583.822-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, DJe 30.6.2016. 1ª T. (Info 586)

5. PROCESSO ADMINISTRATIVO

5.1. PROCESSO ADMINISTRATIVO (DISPO-SIÇÕES GERAIS)

Princípio da intranscendência das sanções e enti-dade integrante de consórcio público com pendência no CAUC.

O fato de ente integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a celebração de convênio, à transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC n. 101/00. REsp 1.463.921-PR, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 15.2.2016. 2ª T. (Info 577)

6. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Indenização em razão de equívoco no reconheci-mento de reincidência.

No caso em que o reconhecimento da reincidência tenha origem em infração anterior cuja pena tenha sido cumprida ou extinta há mais de cinco anos, deferido o pedido revisional para diminuir a pena equivocada-mente fixada, será devida a indenização ao condenado que tenha sofrido prejuízos em virtude do erro judiciá-rio. REsp 1.243.516-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fon-seca, DJ 30.9.2016. 5ª T. (Info 590)

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