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Desenvolvendo projetos de Educação Ambiental e Educação em Ciências a partir da escola
Leonardo Kaplan (EDU/UERJ)Maria Jacqueline Girão S. Lima (FE/UFRJ)
Natalia Rios (CAp/UFRJ)
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A inserção da educação ambiental nas escolas e a questão da interdisciplinaridade
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• LOUREIRO, C. F. B.; LIMA, M. J. G. S. A educação ambiental e a escola: uma tentativa de (re)conciliação. In: Paz, R. J. (Org.). Fundamentos, reflexões e experiências em Educação Ambiental. João Pessoa: Ed. Universitária/UFPB, 2006
• LIMA, M. J. S. Reflexões sobre a prática interdisciplinar da educação ambiental no contexto escolar. In: Anais da 29ª Reunião Anual da ANPEd: Educação, Cultura e Conhecimento na contemporaneidade: desafios e compromissos, v. 1, pp. 1-6, 2006
• LOUREIRO, C. F. B.; LIMA, M. J. G. S. Hegemonia do discurso empresarial de sustentabilidade nos projetos de educação ambiental no contexto escolar: nova estratégia do capital. Revista Contemporânea de Educação, vol. 7, n. 14, pp. 289-303, agosto/dezembro 2012.
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EA como campo de pesquisas
• Pesquisadores oriundos de diferentes áreas
• EA como linha de pesquisa em muitos programas de pós, GTs em associações de pesquisa, diversos grupos de pesquisa pelo país
• Dissertações de mestrado e teses de doutorado
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EA nos contextos escolares• Censo Escolar 2003: 65% das escolas do EF inserem a temática ambiental
em suas disciplinas de 1ª à 4ª série; 27% tem projetos específicos
• Apesar das pesquisas e investimentos públicos e privados, a EA praticada nas escolas não tem atendido às expectativas de pesquisadores, alunos e professores, encontrando-se fragilizada (Guimarães, 2004)
• Cabem, portanto, reflexões sobre problemas identificados na EA como atividade escolar
• Perspectiva adotada aqui: EA Escolar Crítica, Transformadora e Emancipatória
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EA Crítica, Transformadora e Emancipatória“Em uma Educação Ambiental que se afirme como emancipatória ou a transformação que se busca é plena, o que significa englobar as múltiplas esferas da vida planetária e social, inclusive individual, ou o processo educativo não pode ser subentendido como transformador. Podemos afirmar que a prática educativa que ignora tal entendimento do sentido transformador, a problematização crítica da realidade e a possibilidade de atuação consciente nesta, se configura como politicamente compatibilista, socialmente reprodutora e metodologicamente não dialógica, adequando sujeitos a padrões, modelos idealizados de natureza, dogmas e relações opressoras de poder. Essa é a conotação pseudotransformadora da educação hegemônica, que prega a mutabilidade das coisas pelo movimento progressivo e linear de conhecimento da realidade, numa atividade individual-atomística isenta de condicionamento social.”(Loureiro, C. F. B. Educar, participar e transformar em Educação Ambiental, 2004, pp. 92-93).
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Identificação de problemas na EA nas escolas
• Existiriam limitações discursivas e epistemológicas (“armadilhas paradigmáticas”) evidenciadas por currículos disciplinares, ultrapassados e distanciados da realidade dos alunos
• Contradições entre discursos e práticas de professores que, mesmo bem intencionados, não conseguem realizar uma EA interdisciplinar e transformadora
• Grün, 1996; Viégas, 2002; Guimarães, 2004; Carvalho, 2004; Layrargues, 2004; Fracalanza, s.d.
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Visão hegemônica sobre currículos escolares
• Escola, saberes escolares e currículos são vistos como engessados, mecanicistas e reprodutivistas
• Aos professores são apontadas limitações diversas, sem situar suas contradições no escopo das contradições da sociedade como uma totalidade historicamente construída
• Muitos destes autores críticos raramente buscam seus referenciais teóricos no campo da Educação, o que faz com que nem sempre sejam consideradas as especificidades da escola definidas por seus objetivos, características da profissão docente, espaço físico, clientela e políticas públicas educacionais
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Visão hegemônica sobre currículos escolares
• Nesta conjuntura, é comum que se atribua à escola um grau de responsabilidade no processo de formação de valores e comportamentos que só é cabível se a imaginarmos ou como algo cuja dinâmica independa da sociedade da qual é uma prática social, ou como sendo a reprodução direta e fiel da sociedade
• Pesquisas que apontam problemas e erros da EA nas escolas, mas não dialogam com as mesmas, não trazendo grande contribuições para a sua melhoria
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Relação escola-sociedade
Adaptado de Cortella, M. S. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. São Paulo: Cortez, 2003.
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Expansão para menos da escolas públicas no Brasil
Escola pública e pobreza no Brasil: a ampliação para menos – Eveline Algebaile (2005)
A expansão da oferta de vagas nas escolas públicas para atender a entrada dos pobres se deu com a precarização das condições (físicas, de trabalho, de currículo, etc) das escolas públicas
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Expansão da educação ambiental nas escolas
Censo escolar 2001: 61,2% das escolas ofereciam EA (25,3 mi de matr.) Censo escolar 2004: 94% das escolas ofereciam EA (32,3 mi de matr.) Como se insere a educação ambiental nas escolas? 2005-2006: Pesquisa do MEC/INEP/Universidades “O que fazem as escolas que dizem que
fazem educação ambiental?” 418 escolas públicas e privadas de 10 estados (4 municípios por estado, 10 escolas por
município) Norte: PA; AP -> UFPA Nordeste: Ceará; RN -> UFRN Centro-Oeste: MS (38 escolas); MT -> UFMS Sudeste: MG; RJ; SP (2 municípios) -> UFRJ Sul: SC; RS -> FURG RJ: Rio de Janeiro, Niterói, Macaé e Maricá
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Perfil da EA nas escolas Modalidades de Inserção da EA: projetos, disciplinas especiais e inserção da temática
ambiental nas disciplinas (MEC/INEP, 2006, p. 34)
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Perfil da EA nas escolas
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Perfil da EA nas escolas
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Perfil de EA nas escolas
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Perfil da EA nas escolas
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Perfil da EA nas escolas
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Na escola... discurso empresarial preocupado com o ambiente e com a
sociedade: empresa socialmente responsável ou “marketing verde” (LAMOSA, 2010).
Empresas passaram a investir nas escolas, reforçando a ideologia do cada um faz a sua parte.
Ambientalização do currículo escolar promovida pela iniciativa das empresas: cursos de formação continuada e materiais didáticos.
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Cabe perguntar que concepções de ambiente, sociedade, ciência,
cultura e educação têm sido difundidas nestes cursos e
materiais e quais as implicações destas concepções na prática do
professor e, acima de tudo, na formação da consciência
ambiental dos alunos (BAGNOLO, 2009:588).
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Projetos empresarias nas escolas públicas
Rede Municipal de Teresópolis/RJ: projetos de responsabilidade social com temas (água, energia, reciclagem) e materiais didáticos definidos pelas empresas (Nova Cedae, Indústria Comary, Ampla) – (Lamosa, 2010)
Programa “Agronegócio na escola”: redes municipais e estadual de SP
Escola Sustentável (C. E. Erich Walter Heine): parceria entre governo estadual RJ e TKCSA, Santa Cruz/RJ
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Projeto escolas sustentáveis CGEA/MEC:
–Espaço físico;–Currículo;–Gestão escolar;
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O Caso “Escolas sustentáveis TKCSA-Governo do estado do RJ
Contexto geral da TKCSA (instalação na Baía de Sepetiba) Conflitos socioambientais:
– Expulsão de assentados (MST) – 75 famílias;– Impactos a saúde (doenças de pele, irratações nos olhos e vias respiratórias);– Impactos ao meio ambiente 76% CO2 na cidade do Rio de Janeiro;– “Chuva de prata” (folhigens de grafite);– Ressupensão de metais pesados no mar;
Batalha jurídica:– Auto de infração (IEF);– Embargo da obra e multa (IBAMA);– Interdição e embargo (MPT);– 9 ações civis públicas;– Inquérito no MPF;– Multa de 1,8 milhão (Inea);
Manifestações e denúncias (moradores, pescadores, pesquisadores, movimentos sociais)
“Desenvolvimento a ferro e fogo”
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Colégio Estadual Erich Walter Heine:– Primeira escola sustentável da América Latina;– Início: 2011;– 200 alunos;– Horário integral – 7 as 17h;– Investimento da TKCSA: 11 milhões de reais– Ensino Médio Integrado:
Curso técnico em administração Parceria público-privada: formar mão-de-obra para TKCSA
– Selo LEED (118 nos EUA, 1 Noruega, 1 Indonésia): Certificação de edifícios sustentáveis (ONG US Green Building
Council;) Ecotelhado, reaproveitamento de água da chuva, ecopiso, ar-
condicionado (40% -), sensores de luz nas salas, lâmpadas led, captação de luz solar e ventos, coleta seletiva de lixo, sistema acústico, acessibilidade para cadeirantes, plantio de espécies nativas, etc.
– Simulação de ambiente empresarial: Empresa júnior
– Formação (Ciclos Consultoria Ambiental): Programa de Comunicação e Educação Ambiental;
Reportagem CNT
Protesto dos alunos
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Hegemonia do discurso empresarial em projetos de EA nas escolas públicas
• Noção de desenvolvimento sustentável
• Leitura idealizada das relações sociais, pragmática e instrumentalizadora
• Ideologia da sustentabilidade no interior da EA: ex. -> discurso da UNESCO
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Hegemonia do discurso empresarial em projetos de EA nas escolas públicas
• Qual é o discurso hegemônico nas práticas escolares em EA?
• De que forma professores e professoras vêm lidando com o mesmo?
• Práticas escolares vêm sendo crescentemente promovidas por empresas e ONGs que prestam serviços a essas e reproduzem um discurso de capitalismo verde (“economia verde”)
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Hegemonia do discurso empresarial em projetos de EA nas escolas públicas
• Até o final dos anos 1990, a disputa por hegemonia discursiva no campo da EA dava-se, principalmente, entre conservacionista e socioambientalistas
• Nos anos 2000, a disputa passou a ser entre conservacionistas, pragmáticos e críticos, com predomínio de proposta de EA dentro da perspectiva do “capitalismo verde”
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“Capitalismo verde”• Defende o “uso mais racional” dos recursos naturais (sem
refletir e buscar romper com as relações econômicas de mercado e o processo de acumulação de riqueza material)
• Ênfase nos aspectos comportamentais, técnico-gerenciais e éticos da relação humana com a natureza dita não humana
• Caráter instrumental e de aplicação imediata na vida de cada indivíduo: poderoso meio de reprodução ampliada de ideologias compatibilistas entre sustentabilidade e capitalismo que veicula
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“Capitalismo verde”
• Naturalização do modo de produção e organização social dominante
• Abordagem tangencial e estritamente moral, quando se fala, a questão das desigualdades sociais que determina o acesso assimétrico ao que a natureza dispõe, ao saneamento, à habitação e outros fatores associados à sobrevivência das sociedades humanas. (LAYRARGUES e LIMA, 2011)
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EA hegemônica e mudança social• Criou-se uma expectativa de que cabe à EA “conscientizar” e
“sensibilizar” sobre questões como consumo, uso de energia, mudanças climáticas, biodiversidade, conservação, etc
• Isso levaria a uma transformação em direção a uma “sociedade sustentável”
• O indivíduo é fetichizado, com ações pontuais e comportamentais, muitas vezes confundidas com políticas públicas
• Temas como modo de produção, distribuição de bens materiais, acesso à terra e à cidade ou não são tratado ou são secundarizados
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EA hegemônica e mudança social
• Propagação da ideia falaciosa de “salvação planetária” fundada em uma concepção não-conflitiva de sociedade (“todos no mesmo barco”)
• Discurso harmonioso de parceria entre sujeitos e concialiação de classe na promoção da sustentabilidade de fácil assimilação
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EA hegemônica nas escolas públicas
• Novo padrão de sociabilidade promovido pelo empresariado e por ONGs
• Lógica de prestação de serviços, dissociadas das lutas sociais e ligadas a setores empresariais
• Movimento vinculado à atuação crescente do empresariado nas escolas públicas por meio de projetos de responsabilidade social
• Atuação de agentes de fora para dentro da escola que afirmam o diálogo e o consenso, negando os conflitos estruturais
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Hegemonia do discurso empresarial de sustentabilidade nas escolas
• Sustentabilidade como premissa, mas sem aprofundamento da polissemia do termo
• Principal meio de difusão do discurso de sustentabilidade do capital via relação escola-empresa (Bagnolo, 2009)
• Grande entusiasmo e ampla aceitação a esses projetos empresariais e relação dependente de professores aos recursos das empresas
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Hegemonia do discurso empresarial de sustentabilidade nas escolas
• Ambientalização curricular das escolas por iniciativa das empresas: cursos de formação continuada e materiais didáticos
• “Cabe perguntar que concepções de ambiente, sociedade, ciência, cultura e educação têm sido difundidas nestes cursos e materiais e quais as implicações destas concepções na prática do professor e, acima de tudo, na formação da consciência ambiental dos alunos” (Bagnolo, 2009, p. 588).
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Hegemonia do discurso empresarial de sustentabilidade nas escolas
• Claro que também há rejeição a esses projetos, mas a presença de empresas nas escolas não é inócua
• Pesquisa de Lamosa (2010) na rede municipal de Teresópolis: projetos unilateralmente formulados pelas empresas
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Parcerias público-privadas nas escolas
“(...) com a parceria público/privada e o fortalecimento do terceiro setor, o privado acaba influenciando ou definindo o público, não mais apenas na agenda, mas na execução das políticas, definindo o conteúdo e a gestão da educação” (Peroni, 2009, p. 139)
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Estudo sobre PPPs no Rio (Monteiro, 2009)
• Algumas conclusões:1) Normalmente são os parceiros privados que procuram as instâncias de ensino público;
2) As propostas acabam refletindo o perfil e os interesses do financiador ou executor privado;
3) Poucos projetos iniciam com um diagnóstico de problemas da rede de ensino ou da escola;
4) Há indícios de que as ofertas de parceria são desiguais entre as CREs e relacionadas à localização ou ao desejo da organização parceira;
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Estudo sobre PPPs no Rio (Monteiro, 2009)
• Algumas conclusões:5) 81% das parcerias têm um projeto escrito, porém em 60% dos casos a escola não participaram de sua elaboração;
6) As organizações parceiras já chegam até as escolas com o projeto financiado e nem sempre a escola localiza o papel do agente financiador;
7) Não se verificou correlação significativa entre a existência de parcerias e a melhora dos indicadores educacionais, como a Prova Brasil e o IDEB.
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Estudo sobre PPPs no Rio (Monteiro, 2009)
• Por sua vez, as escolas investigadas justificaram o estabelecimento das parcerias face à carência das redes de ensino e diante da possibilidade de os trabalhos desenvolvidos na escola ganharem visibilidade dentro da rede.
• Muitos defendem que os projetos se adequem às necessidades da escola, mas essa é uma premissa que vem sendo descumprida sistematicamente (MONTEIRO, 2009).
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Estudo sobre PPPs no Rio (Monteiro, 2009)
• Tanto pode haver adesão aos projetos empresariais quanto resistência a eles
• Mas faltam condições para as escolas exercerem sua função crítica e desenvolverem um trabalho autônomo de qualidade considerando a ausência de recursos para isto
![Page 43: Apresentação cespeb 2016 - A inserção da EA nas escolas e a tensão público-privado](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022070515/58774b2a1a28ab84388b5807/html5/thumbnails/43.jpg)
Concluindo• Disputas no campo da EA: necessidade de explicitação das
perspectivas teóricas, desfazendo supostos consensos em torno de objetivos, conceitos, pressupostos e práticas
• Crítica ao discurso hegemônico de sustentabilidade do capital
• Crescente número de pesquisas sobre as graves consequências da entrada do discurso empresarial nas escolas em projetos de EA
• Recomendação que essas vozes de resistência e crítica sejam ouvidas e potencializadas nos contextos de elaboração de políticas educacionais
• Se não para impedir, pelo menos para criar rigorosos processos de seleção e avaliação desses projetos no interior de cada escola.
![Page 44: Apresentação cespeb 2016 - A inserção da EA nas escolas e a tensão público-privado](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022070515/58774b2a1a28ab84388b5807/html5/thumbnails/44.jpg)
• A partir da leitura do texto “reflexões sobre a prática interdisciplinar da educação ambiental no contexto escolar”, em grupo, responda à questão para debate:
• Quais são as possibilidades e os limites da interdisciplinaridade na educação ambiental escolar?
• A interdisciplinaridade é fundamental para uma boa prática de EA?