aprendizagem e controle motor

Aprendizagem e Controle Motor 2º semestre/ 2012

Profa. Tatiana Müller

Aprendizagem e Controle Motor

• Aprendizagem: aprendizado; ação de aprender; tomar conhecimento; reter na memória.

• Compreende em como o indivíduo aprende uma habilidade motora, como ela se desenvolve e como usá-la nas diversas situações.

• Processos internos associados com a prática ou a experiência conduzindo a um ganho relativamente permanente na capacidade de desempenhar uma tarefa/ação.

• Surge de um processo complexo entre a percepção/cognição/ação.

• Estratégias para solucionar uma tarefa motora que surge da interação entre indivíduo/tarefa/ambiente.


Comportamento Motor

Aprendizagem Motora

Controle Motor

Desenvolvimento Motor


• Controle motor – investiga como os movimentos são controlados, como o SNC se organiza para que músculos e articulações e informações sensoriais tornem-se coordenados em movimentos controlados.

• Desenvolvimento motor – mudanças que ocorrem no movimento ao longo da vida.

• Aprendizagem motora – estuda os processos e mecanismos envolvidos na aquisição de habilidades motoras e os fatores que a influenciam.


• Movimento – deslocamento do corpo como um todo ou dos membros produzido como uma seqüência do padrão espacial e temporal de contração muscular (Newell, 1978).

• Habilidade – Ação complexa e intencional envolvendo toda uma cadeia de mecanismos sensório, central e motor; que através do processo aprendizagem, tornaram-se organizadas e coordenadas de tal forma a alcançarem objetivos pré-determinados com a máxima certeza (Whiting, 1975).


• Movimentos idênticos – o ser humano é incapaz de realizar dois movimentos idênticos.

• Equivalência motora – alcançar a mesma meta por meios diferentes de movimento.

• Alternativas de soluções de problemas (processo de geração e não apenas solução de respostas).

• Ao invés do indivíduo se ajustar a técnica, a técnica seria construída de modo a se ajustar as características do individuo.


• Capacidade motora – capacidade do indivíduo, relacionada com o desempenho de uma variedade de habilidades motoras, tais como força, velocidade, tempo de reação, flexibilidade, equilíbrio, etc...(Magill,1980).

• Padrão de Movimento – Movimentos que constituem a estrutura básica de certas habilidades motoras específicas (correr; arremessar; lançar).

• Padrão Motor – Ação motora de menor precisão e maior disponibilidade na sua adaptação a várias situações; preocupação com o comportamento global do indivíduo.


Mecanismo de entrada dos sinais no SNC: a) Estimulação do receptor sensorial pelo contato

com uma forma de energia específica; b) Codificação de estimulação do receptor por meio

de freqüência de impulsos nervosos; c) Transmissão dos sinais gerados pelo receptor por

vias aferentes até o SNC; d) Pré-processamento dos sinais sensoriais no

tálamo; e) Decodificação dos impulsos vindos do tálamo em

regiões específicas do cérebro, chamadas sensoriais primárias.


• O tálamo recebe informações sensoriais do corpo e as passa para o córtex cerebral. O córtex cerebral envia informações motoras para o tálamo que posteriormente são distribuídas pelo corpo.


Proprioceptores • Capacidade do sistema

sensorial de captar sinais gerados pelo corpo, através de receptores localizados internamente no organismo (músculos (fuso muscular); tendões (orgãos tendinosos de Golgi); articulações (receptores articulares); ouvido interno (aparelho vestibular).

• Geram informações sobre postura e movimento do corpo.

Exteroceptores • Conjunto de receptores que

geram informações sobre o ambiente externo.

• Tato, visão e audição. • Geram informação sobre a

posição e deslocamento do corpo.


• O cerebelo é o principal responsável pelo processo de aprendizagem motora. Ele é a cópia de segurança das projeções do córtex motor. Sua alta densidade neuronal (50%) atesta a complexidade e importância do controle motor.

• responsável pelo refinamento; correção e mudanças repentinas no movimento. Além de preparar os padrões motores para ações futuras e armazenar a sequência correta de movimentos.


• Ao executarmos um movimento registramos sua impressão às áreas sensoriais – ENGRAMAS DO MOVIMENTO. Quando reproduzimos o movimento – a área motora aciona os efetores e a área sensorial capta as impressões proprioceptivas desencadeadas pelo movimento.

• As impressões são confrontadas com os engramas correspondentes e a área motora é avisada se o movimento está correto ou necessita de correção.


• Todo indivíduo é apto a transformar suas intenções em ações motoras, independente do tamanho e da complexidade do sistema nervoso.

Seqüência universal para regulação do comportamento

1) disparo de comandos motores pelo SNC;

2) transmissão dos sinais pelas vias eferentes;

3) contração do músculo-alvo visando determinada posição ou deslocamento de segmento corporal

na produção do movimento.


Ato reflexo é o mais rápido mecanismo de estímulo e resposta do sistema nervoso. Ocorre quando reagimos de maneira instantânea e involuntária a estímulos ambientais. Certos reflexos são fundamentais para a auto-preservação do indivíduo. O percurso dos impulsos nervosos pelos órgãos que desencadeiam o ato reflexo é chamado de arco reflexo.


“O controle muscular durante todo o desenrolar da ação seria dependente de mecanismos regulatórios baseados em feedback.”


• “Por ser completamente redundante, o feedback sensorial seria desprezado como fonte de informação para o controle motor.”


• Feedback sensorial: tipo particular de informação originária da realização do movimento ou da manutenção da postura corporal, captada pelo próprio indivíduo que se move, por meio de diferentes fontes sensoriais.

• Feedback aumentado: informação extra sobre a ação em curso.

Fatores moduladores do uso de feedback

1) Quantidade de prática de uma tarefa;

2) Tempo de movimento;

3) Velocidade do movimento;

4) Magnitude do erro;

5) Origem do erro – intrínsecas ou extrínsecas;

6) Exigência particular de controle da tarefa;

7) Importância dada à precisão dos movimentos.


Feedback: tipo particular de informação que indica ao indivíduo a ocorrência de erros em seu próprio desempenho.

Programação Central: indica a concepção de uma seqüência previamente organizada de comandos motores, na qual estão prescritas as características da ação que desejam realizar.

“Quanto mais tempo houver disponível para se efetuar ajustes na resposta, mais correções

podem ser implementadas.”


• O conjunto de sinais eferentes pré-estruturado é denominado PROGRAMA MOTOR.

• A organização é traduzida em sinais eferentes que são dirigidos ao sistema muscular e que permitem a realização do movimento, mesmo sem feedback.


• “A PROGRAMAÇÃO DE MOVIMENTOS É VITAL PARA O SUCESSO DE AÇÕES DE CURTA DURAÇÃO.”

• “A medida que o intervalo mínimo para iniciar correções voluntárias é de aproximadamente 110 ms, vários movimentos discretos ou partes importantes parecem ser regulados inteiramente a partir de uma seqüência pré-estruturada de comandos motores.”

• A PARTICIPAÇÃO DE PROGRAMAS MOTORES NO CONTROLE DA AÇÃO É VARIÁVEL EM FUNÇÃO DA EXIGÊNCIA PARTICULAR DA TAREFA.


• Summers (1981): Demonstra que a utilização de programas motores

no controle de movimentos é evidenciada pela demonstração de que:

a) Uma resposta motora não é alterada num curto intervalo de tempo, mesmo na presença de informação sensorial;

b) Alguns movimentos podem ser realizados na completa ausência de feedback sem declínios de desempenho;

c) Os movimentos podem ser estruturados antes do seu início.


• Desaferentação: eliminação de informação aferente.

Estrutural:

quando a perda da sensibilidade não é restituída após o procedimento cirurgico ou traumático.

Funcional:

perda da sensibilidade passageira.


• Com a aprendizagem, o praticante adquire a capacidade de especificar parâmetros de programação de forma mais precisa, o que torna o feedback desnecessário para realizar a ação.

• Se não existem erros de desempenho, não há o que ser corrigido. A informação será desprezada.

Lei de Fitts

• Em tarefas que requerem movimentos rápidos e precisos é preciso observar um aumento no tempo de movimento conforme a demanda por precisão de resposta aumenta, onde o uso de feedback é apontado como um dos principais fatores desse comportamento.


• “Em habilidades de locomoção , de coordenação motora global e nas que envolvem movimentos rítmicos, verificou-se que dificilmente é possível perceber algum prejuízo na qualidade da ação devido á desaferentação.”

• “Em habilidades motoras finas, que requerem movimentos precisamente graduados, a desaferentação freqüentemente leva a declínios marcantes de desempenho.”


• Problema de complexidade de organização: como um sistema com capacidade de atenção limitada é capaz de controlar os inúmeros graus de liberdade do corpo nas ações que envolvem a coordenação de diferentes segmentos corporais?

• Problema de capacidade de memória: de que forma um enorme volume de informação – que corresponde aos comandos para controlar cada grau de liberdade individualmente e á coordenação entre diferentes graus de liberdade – pode ser armazenado na memória?

• Problema de variabilidade condicionada ao contexto: não há uma relação invariante entre movimentos produzidos e forças musculares geradas para que esses movimentos sejam produzidos.


• Habilidade pode ser conceituada de duas maneiras: como uma tarefa motora OU como a capacidade/competência que um indivíduo demonstra quando executa um movimento.

• Habilidade – Ação complexa e intencional envolvendo toda uma cadeia de mecanismos sensório, central e motor; que através do processo aprendizagem, tornaram-se organizadas e coordenadas de tal forma a alcançarem objetivos pré-determinados com a máxima certeza (Whiting, 1975).


• Habilidade discreta: ação breve; com início e fim bem definidos.

• Habilidade seriada: uma seqüência de habilidades discretas em uma ordem adequada.

• Habilidade contínua: ações repetidas sem identificação clara de começo e do fim.

ORGANIZAÇÃO DE TAREFAS


• Habilidade aberta – executada em ambiente variável e imprevisível.

• Habilidade fechada – executada em ambiente estável e previsível.

• Ambiente semiprevisível.

AMBIENTE


• Habilidade cognitiva – o sucesso do desempenho depende mais da estratégia por trás do movimento do que da produção do próprio movimento.

• Habilidade motora – o sucesso do movimento é o próprio movimento.

• Tomada de decisão minimizada + Controle motor maximizado.

• Tomada de decisão maximizada + Controle motor minimizado.

• Alguma tomada de decisão + Algum controle motor.


Máxima certeza para alcançar o objetivo/ realizar a tarefa. Freqüência de acertos e erros; Não ao acaso ou sorte. Mínimo dispêndio de energia. Eliminação de movimentos desnecessários; Alta eficiência; Redução da demanda mental para a realização

da tarefa. Mínimo dispêndio de tempo. Importância nos esportes; Otimização na performance para realização de

uma tarefa.


Formas de Aprendizagem

• Associativa – envolve a associação de idéias com relação entre um estímulo e outro ou entre u

• Não-associativa – habituação (redução na receptividade que ocorre como resultado de uma exposição repetitiva a um estímulo indolor) e sensibilização (elevada receptividade após um estíulo ameaçador ou nocivo).


Aprendizagem de habilidades motoras

Seleção de informação

Ambiente

Armazenamento na memória de longa duração


“Com a prática, a capacidade de seleção e retenção de informações relevantes à atividade que estamos realizando, é aperfeiçoada.” “A melhora na seleção de informações relevantes poderá facilitar a antecipação da resposta, e conseqüentemente, facilitar a “performance”.”

“ todos estes autores concordam que o estímulo antes do filtro é livre de atenção, sendo processado em paralelo (simultaneamente) e quando atinge o filtro, passa

a ser processado de maneira serial (individualmente), exigindo atenção. Entretanto, nenhuma destas teorias obtiveram

sucesso em apontar com precisão o local do filtro.”


“...sendo que o grau de dificuldade e complexidade da tarefa é que ditarão a quantidade de prática necessária para que possamos realizar a tarefa “sem pensar”. Entenda-se “sem pensar”, a realização de uma atividade, a execução de um movimento automaticamente, ou o “processo automático” definido por Schneider & Shiffrin (1977) e Shiffrin & Schneider (1977) como sendo “rápido, paralelo, basicamente sem esforço e com possibilidades de não sofrer interferência de atividades paralelas”.

• Estímulo Sensorial

Depósito

Sensorial de

Curta Duração ATENÇÃO SELETIVA

Memória de Prática cognitiva

ou outros processos

curta duração Processo de procura e busca

RESPOSTA

Memória de

longa duração


“ eles concordam que a atenção possui duas características marcantes: 1) capacidade limitada; 2) processa a informação de maneira seriada.” Todos os autores “ definem capacidade limitada como sendo a dificuldade do indivíduo em atender diversos estímulos ao mesmo tempo.” “Atividades diferentes impõem diferentes demandas nesta capacidade limitada da atenção e que quando ocorre um desequilíbrio entre a capacidade da atenção e a demanda, a “performance” deteriorar-se-á consideravelmente.”


Busca visual: processo de orientação visual, com o objetivo de localizar informações adequadas no ambiente.

“Dar uma busca visual no ambiente, ajuda o indivíduo a obter as informações necessárias para tomar decisões sobre que ações realizar, como executá-las e quando iniciá-las.”


“Sabendo onde a pessoa está olhando, os pesquisadores podem perceber em que informação do ambiente a pessoa está prestando atenção.”

“é possível prestar atenção a um aspecto do ambiente, sem movimentar os olhos para

focalizá-lo. Entretanto, não é possível movimentar os olhos sem um desvio

correspondente da atenção.”


Questão: como você avaliaria o desempenho motor do seu aluno/atleta/paciente?

MEDIDAS DE DESEMPENHO!

• 1° passo – definir que aspectos de desempenho será medido para depois avaliar.

• Indica a rapidez com que uma pessoa responde a um sinal, além de permitir examinar como a pessoa interage com o ambiente enquanto se prepara para executar a ação solicitada.


MEDIDAS DE RESULTADO DO DESEMPENHO

Indicam resultado ou os efeitos do desempenho de uma habilidade motora. N° de passos; velocidade; graus de flexão/extensão. Não informa a maneira/comportamento pela qual o corpo chegou aquele resultado. Baseada no RESULTADO do desempenho.

MEDIDAS DE PRODUÇÃO DE DESEMPENHO

Informa como o SN está funcionando; informa sobre a atuação do SM, articulações e membros, antes, durante e depois do desempenho da habilidade motora. Sinapses; musculatura agonista e antagonista; articulações envolvidas; adução/abdução/rotação. Informa a maneira/comportamento pela qual o corpo chegou aquele resultado. Baseada na PRODUÇÃO do desempenho.


TEMPO DE REAÇÃO (TR): indica quanto tempo leva para uma pessoa iniciar um movimento. É o intervalo de tempo entre o disparo do sinal/estímulo e o início de uma resposta de movimento. TEMPO DE MOVIMENTO (TM): começa quando o TR termina. É o intervalo entre o início e a conclusão do movimento. TEMPO DE RESPOSTA (TRp): é o intervalo de tempo total que inclui TR e TM.


Memória: algo é aprendido, retido durante um tempo e empregado em uma situação específica. “Só tem chance de entrar para a memória o que passar antes pelo filtro da atenção.” Memória de curta duração ou memória de trabalho; de longa duração; explícita ou episódica e implícita.

“Nós somos o que nós lembramos ser: pessoas com histórias construídas pelo cérebro ao longo da vida.”


• Prática: aumenta as oportunidades de desempenhos futuros bem-sucedidos consistindo na variabilidade das experiências vividas pelo aprendiz durante a prática. Significa variar as características do contexto em que o aprendiz desempenha a habilidade.

• Variabilidade da prática: variedade de movimento e das características do contexto que o aprendiz vivencia durante a prática de uma habilidade.

“O aprendiz tem a necessidade de explorar o espaço perceptivo-sensorial e descobrir soluções ideais para o problema do grau de liberdade imposto pela habilidade.”


A freqüência da prática pode afetar tanto o desempenho quanto a aprendizagem das habilidades motoras. Superaprendizagem – é a continuação da prática além da quantidade necessária, visando atingir um certo desempenho.


• Equivalência motora: capacidade de organizar vários segmentos corporais de diferentes maneiras a fim de gerar soluções apropriadas para um problema motor.

• Redundância na organização da ação: problema de escolher entre inúmeras formas de coordenação para colocar em prática.


• Restrições organísmicas: características físicas e neurais do indivíduo que realiza a ação.

• Restrições ambientais: forças externas ao corpo do indivíduo em movimento.

• Restrições à tarefa: cada tarefa possui sua especificidade, tornando-a única em termos de organização.

Coordenação motora.

Restrições organísmicas.

Restrições à tarefa.

Restrições Ambientais.


• Assimetrias de desempenho: diferenças na

capacidade de segmentos corporais contralaterais, que se manifestam em distintos aspectos da motricidade (precisão, velocidade, coordenação).

• Conforme o desempenho melhora no membro preferido, o desempenho contralateral melhora também. Essa é uma propriedade geral de desenvolvimento da lateralidade humana, válida para habilidade motoras finas e padrões globais de movimento.


SHUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOTT, M.H. Controle Motor: teoria e aplicações práticas. 2. ed. São Paulo: Manole, 2003. Disponível na Biblioteca Digital – capítulo 01; 02; 03 e 04. MAGILL, R.A. Aprendizagem Motora: conceitos e aplicações. 5ª ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. SCHMIDT, R.A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem baseada no problema. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. TEIXEIRA, L.A. Controle Motor. São Paulo: Manole, 2006.

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