apostila teoria da contabilidade 2011

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA CURSO DE CINCIAS CONTBEIS PROFESSORA: ANGELITA ADRIANE DE CONTO

APOSTILA DA DISCIPLINA DE

Teoria da Contabilidade

2 CHAPEC 2011 SUMRIO

1 EVOLUO DA CONTABILIDADE.....................................................................................05 1.1 Contabilidade como cincia social.....................................................................................06 1.2 Teorias da contabilidade....................................................................................................07 1.2.1 Escola italiana.................................................................................................................07 1.2.2 Escola contista................................................................................................................07 1.2.3 Escola personalista.........................................................................................................08 1.2.4 Escola controlista............................................................................................................09 1.2.5 Escola neoconsita...........................................................................................................10 1.2.6 Escola aziendalista ........................................................................................................11 1.2.7 Escola patrimonialista.....................................................................................................12 1.2.8 Escola norte-americana..................................................................................................13 1.2.9 Escola Alem..................................................................................................................13 1.3 Princpios fundamentais da contabilidade.........................................................................15 1.3.1 O Princpio da entidade..................................................................................................15 1.3.2 O Princpio da continuidade............................................................................................16 1.3.3 O Princpio da oportunidade...........................................................................................16 1.3.4 O Princpio do registro pelo valor original.......................................................................16 1.3.5 O Princpio da atualizao monetria.............................................................................17 1.3.6 O Princpio da competncia............................................................................................17 1.3.7 O Princpio da prudncia................................................................................................18 1.4 Concepes em relao aos princpios da contabilidade..................................................19 1.4.1 Postulados ambientais da contabilidade.........................................................................20 1.4.2 Postulado da continuidade das entidades......................................................................21 1.4.3 Princpios da contabilidade.............................................................................................23 1.4.3.1 Princpio do custo como base de valor........................................................................24 1.4.3.2 Princpio de realizao da receita................................................................................25 1.4.3.2.1Receitas a serem reconhecidas proporcionalmente a certo perodo contbil...........27

3 1.4.3.2.2 Produtos cuja produo contratada para execuo a longo prazo........................27 1.4.3.2.3 Reconhecimento da receita antes da transferncia por valorao de estoques .....28 1.4.3.2.4 Reconhecimento da receita aps o perodo de transf. do produto ou servio..........29 1.4.3.2.5 Princpio do confronto das despesas/receitas/perodos contbeis...........................29 1.4.4 Convenes (restries aos princpios)..........................................................................30 1.4.4.1 Conveno da objetividade)........................................................................................30 1.4.4.2 Conveno da materialidade)......................................................................................31 1.4.4.3 Conveno do conservadorismo.................................................................................32 1.4.4.4 Conveno da consistncia.........................................................................................32 1.5 Contabilidade no Brasil......................................................................................................33 1.5.1 Um Frei Franciscano.......................................................................................................34 1.5.1.1 Texto: Prof. Jos Carlos Marion..................................................................................36 1.6 Contabilidade....................................................................................................................38 1.6.1 Conceito.........................................................................................................................38 1.6.2 Funes da contabilidade..............................................................................................39 1.6.3 Objetivos da contabilidade.............................................................................................39 1.6.4 Metodologia de mensurao e finalidade da contabilidade............................................40 1.6.5 Campo de atuao e objeto da contabilidade.................................................................41 1.6.5.1 reas de atuao.........................................................................................................41 1.6. 6 Usurios da contabilidade..............................................................................................42 1.6.6.1 Usurios internos e externos da contabilidade............................................................42 1.7 Dado e informao contbil...............................................................................................43 1.7.1 Qualidade e caracterstica da informao contbil.........................................................44 1.7.2 A informao e o valor como feedback...........................................................................44 1.7.2.1 Compreensibilidade.....................................................................................................45 1.7.2.2 Relevncia...................................................................................................................45 1.7.2.3 Confiabilidade..............................................................................................................46 1.7.2.4 Comparabilidade..........................................................................................................48 1.7.2.5 Materialidade...............................................................................................................48 1.7.2.6 Tempestividade...........................................................................................................49 1.8 Metodologia de mensurao e finalidade da contabilidade...............................................49 1.9 Processo de tomada de deciso........................................................................................50

4 2 RECEITAS, DESPESAS, PERDAS E GANHOS.................................................................51 2.1 Receitas.............................................................................................................................51 2.1.1 Receita operacional e no operacional...........................................................................53 2.1.2 Dedues de receita operacional...................................................................................53 2.2 Despesas...........................................................................................................................54 2.3 Perdas................................................................................................................................57 2.4 Ganhos..............................................................................................................................58 3 ATIVO, PASSIVO E PATRIMNIO LQUIDO......................................................................58 3.1 Ativo...................................................................................................................................59 3.1.1 Natureza do ativo............................................................................................................61 3.1.2 Mensurao/avaliao do ativo......................................................................................61 3.1.2.1Custo histrico original..................................................................................................62 3.1.2.2 Custo histrico corrigido..............................................................................................63 3.1.2.3 Custo de reposio......................................................................................................64 3.1.2.3.1 Custo de reposio no estado de novo....................................................................64 3.1.2.3.2 Custo de reposio no estado em que se encontra.................................................64 3.1.2.4 Custo de reposio corrigido.......................................................................................65 3.2 Passivo..............................................................................................................................65 3.2.1 Natureza do passivo.......................................................................................................66 3.2.2 O reconhecimento e a mensurao/avaliao do passivo.............................................67 3.3 Patrimnio lquido..............................................................................................................69 3.3.1 Natureza e fontes do patrimnio lquido.........................................................................70 3.3.2 Terminologias de capital em contabilidade.....................................................................70 3.3.3. Teorias sobre o patrimnio lquido. ...............................................................................71 3.3.4 Equaes patrimoniais....................................................................................................72 3.3.5 Contas contbeis............................................................................................................73 REFERNCIAS.......................................................................................................................73

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1 EVOLUO DA CONTABILIDADE Segundo alguns pesquisadores, os primeiros sinais da existncia da contabilidade, foram observados por volta do ano 4.000 a C , na civilizao Sumrio-Babilonense, coincidentemente com a inveno da escrita. As primeiras anotaes eram feitas em formas fsicas, pois nessa poca somente haviam trocas, j em 1.100 a C, este quadro se alterou, quando surgiu a moeda. A contabilidade na poca em que no existia moeda, escrita e nmeros. 1Inverno 2Inverno Comparao entre os 2 invernos

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Fonte: Iudcibus, Srgio de; Marion, Jos Carlos.

De acordo com Iudcibus e Marion (2002), ao comparar o conjunto de pedrinhas do ano atual com o anterior, o pastor constatava que haveria um acrscimo, o que significava que ele havia sido bem sucedido. Mas isso no o satisfazia, pois alm de aumentar seu rebanho, as ovelhas haviam produzido l que aquecer sua famlia. Dessa forma, o pastor estimava que se fosse trocar ovelhas por agasalho, iria precisar de 2 ovelhas para passar o inverno e, como suas prprias ovelhas haviam produzido essa l, separava mais duas pedrinhas, que representava 2 ovelhas, que representavam o adicional na sua riqueza, assim sucessivamente nos prximos invernos. Se houvesse moeda, a forma de medir, de contar, no seriam ovelhas, mas sim o valor em dinheiro, em moeda. De qualquer forma, ainda hoje o inventrio avaliado de forma analtica, com descrio dos bens, e por outro lado, tem-se que mesmo sem nmeros, moedas ou escrita, o inventrio j existia, o que evidncia que ela to antiga quanto a existncia do homem em atividades econmicas.

6 Iudicibus e Marion (2002) chamam essa poca de fase emprica da contabilidade, poca em que utilizavam desenhos, figuras, imagens para identificar o patrimnio existente. Ainda os autores concluem que desde os povos mais primitivos, a contabilidade j existia em funo da necessidade de controlar, medir e preservar o patrimnio familiar, e at mesmo para trocar bens para maior satisfao das pessoas. Ainda na Bblia, o livro de J, descreve que J era rico e justo, na terra de Uz no Oriente, onde sua riqueza era descrita: E era o seu gado sete mil ovelhas, e trs mil camelos, e quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas. Certamente ele haveria um timo contador. Em determinada poca, J perde toda sua fortuna e riqueza, e torna-se um homem pobre. No final de seu livro, J recupera toda a fortuna e reencontra o contador que apresenta o seguinte relatrio E assim abenoou o Senhor o ltimo estado de J, mais do que o primeiro; porque teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois e mil jumentas cap. 42, versculo 12 do livro de J. De acordo com Martins (2002), a poca de J ficou conhecida como perodo Mnemnico da Contabilidade por meio de cuneiforme, ou seja, smbolos gravados em barro ou placa de argila que tambm serviam de relatrios, dando-se os primeiros passos para o registros. H registros de que os primeiros rudimentos de balano surgiram no ano de 1.300 em Florena, Itlia. Entre os sculos XIII e XVII a contabilidade se fortaleceu pelo fato de que neste perodo a atividade mercantil, econmica e cultural era muito importante, ou seja, a evoluo da contabilidade estar sempre associada ao desenvolvimento da sociedade. A intensidade das atividades mercantis, econmicas e culturais, determinou o surgimento das escolas de contabilidade na Itlia. No nosso pas, at por volta dos anos 60, o contador era chamado de guarda-livros, j a partir dos anos 70, o profissional contador passou a ser valorizado e visto com outros olhos.

Contabilidade como cincia social

A contabilidade vista como cincia social, e no como cincia exata, uma vez que a ao humana que gera e transforma o patrimnio, porm, esta cincia social utiliza a matemtica e a estatstica para realizar-se. No sculo XIII os nmeros romanos foram substitudos pelos nmeros indo-arbicos (0, 1, 2, 3, 4,....), antes disso, o zero no era conhecido.

7 Teorias da contabilidade

Foi na escola italiana que surgiram as principais correntes de pensamento contbil: o contismo, o personalismo, o neocontismo, o controlismo, o aziendalismo e o patrimonialismo.

1.2.1 Escola italiana

Publicada em Veneza em 10/11/1494 a 1 edio da obra La Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalit, de autoria do Frei Luca Pacioli, dando conhecimento e consolidando o mtodo das partidas dobradas, o que fez com que a escola italiana ganha-se um grande impulso, espalhando-se por toda a Europa. A obra de Pacioli pode ser vista como incio do pensamento cientfico da contabilidade, mesmo por que esta coincidiu com a chegada da imprensa na Itlia. O comerciante Benedetto Cotrugli, em 1458 escrevia um manuscrito de 160 pginas que tratava das partidas dobradas.(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

1.2.2 Escola contista

Surgiu na primeira corrente de pensamento contbil (1494). Seu surgimento est relacionado aos estudos feitos pelos primeiros expositores do Mtodo de Partidas Dobradas. Os defensores dessa corrente adotaram como idia bsica o mecanismo das contas, centrando sua preocupao no seu funcionamento, e no percebendo que o processo de escriturao e as tcnicas de registro atravs de contas, so apenas conseqncias das transaes que acontecem numa entidade, e que essas transaes que devem merecer a mxima ateno da cincia contbil. Com a chegada do regime scio-econmico, os meios de produo pertenciam s pessoas que possussem capitais, os negcios, o crdito entre compradores e vendedores experimentaram um grande desenvolvimento, o que fez com que as contas contbeis se tornassem um dos mais hbeis instrumentos para o registro do dbito e crdito. Alguns franceses com seus trabalhos de pesquisa, entre os quais Degranges que em 1795 divulgou a chamada teoria das cinco contas, baseada em estudo realizado em 1675

8 por Jacques Savary sobre a teoria geral das contas, o que impulsionou ainda mais a escola contista. Segundo os Franceses, o comrcio tinha cinco objetivos principais que lhe serviam de meio de troca, sendo este fato a base de sua teoria. As cinco contas a que fazia referncia eram: (1) Mercadorias, (2) Dinheiro, (3) Contas a Receber, (4) Contas a Pagar e (5) Lucros e Perdas. Segundo Degranges, deveria ser aberta uma conta para a pessoa com quem o comerciante mantinha transaes a prazo e, ao mesmo tempo, abrir cinco para si mesmo, isto , uma para mercadorias, uma para o caixa, uma para as contas a receber, uma para as contas a pagar e uma para o resultado. Essas contas, na realidade, representavam o comerciante. Para ele, o lanamento a dbito ou a crdito em uma dessas contas representava debitar ou creditar o prprio comerciante (Schmidt, 2000). Esta teoria no teve boa aceitao, no se tornando universal. A teoria de cinco contas, foi substituda pelo surgimento de um Livro Dirio/Razo de 6 colunas, pois constavam ainda colunas para a data, detalhes, total, etc. Mais tarde, em 1976, a chegada do livro dirio e razo e dois livros auxiliares, o caixa e o armazm, demonstrou a necessidade de se manter a fidelidade das informaes contidas no dirio e no razo, de uma maior sistematizao do processo de registro das operaes, com a resultante melhoria na qualidade do produto deste processo. A conta capital foi criada com o surgimento das sociedades com mais de um capitalista, considerada na poca, pelos contistas, como uma dvida da empresa para com o capitalista. A escola contista define a Contabilidade como a cincia das contas.(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

1.2.3 Escola personalista

A escola personalista enfatiza a relao jurdica entre as pessoas como objetivo da Contabilidade. Surgiu como uma resposta ao contismo, durante a segunda metade do sculo XIX (1867), o que deu personalidade s contas explicando as relaes de direitos e obrigaes, pois antes, as contas eram vistas dessa mesma forma, mas no se tratava de uma teoria cientfica, mas sim de uma explicao para o mecanismo das contas. Ou seja, as contas deveriam ser abertas para pessoas fsicas e jurdicas, e o dever e haver eram representados por dbitos e crditos das pessoas que das quais as contas foram abertas.

9 Francesco Marchi (1822/1871), foi um dos primeiros idealizadores desta teoria, mas foi Giuseppe Cerboni(1827/1917) o construtor da teoria personalista. Segundo Cerboni a teoria personalista fundamenta-se em vrios tpicos, sendo os principais: Segundo a teoria personalista, a administrao composta por uma ou vrias aziendas (conjunto de bens, direitos e obrigaes) e essa mesma azienda possui um proprietrio a quem ela pertence. Da mesma forma, no se pode administrar sem que o proprietrio entre em relao com agentes (empregados) e correspondentes (terceiros). Possuir os direitos de propriedade da azienda e administra ela so coisas diferentes. Administrar a azienda uma coisa, guardar os bens da mesma e ser responsvel por eles outra coisa. Para todo dbito criado simultnea deve-se criar um crdito e vice-versa. Se tratando dos empregados e terceiros, o proprietrio o credor do ativo e o devedor do passivo. Sempre que os empregados e terceiros sejam debitados ou creditados o proprietrio deve ser creditado ou debitado na mesma importncia. O que o proprietrio deve ou tem a haver, somente variar como resultados de ganhos ou perdas ou de redues ou reforos da dotao inicial da azienda. Na teoria da escola personalista, a cincia contbil considerada o estudo das variaes da riqueza em relao a azienda e a contabilidade a cincia da administrao aziendal. Foi com a escola personalista que a contabilidade passou a ser considerada um instrumento informacional referente a forma de gerir das entidades e de tomar decises, e deixou de ser uma simples tcnica de registro de transaes da economia da poca.(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

1.2.4 Escola controlista

Por volta do ano de 1880, Fabio Besta entendia a contabilidade como representao da cincia do controle econmico. Para Besta, o controle econmico era compostos de duas partes: a primeira responsvel pelo registro contbil dos momentos da administrao econmica e sua efetivao por meio de escriturao e a segunda era a revelao das partidas dobradas dos fatos administrativos em conexo com os critrios organizacionais articulados de acordo com os mecanismos de controle inerentes escriturao contbil. De acordo com a escola controlista, balanos, contas, oramentos, demonstraes de resultados, etc., eram formas de controle da riqueza. Nesse sentido, as funes do controle econmico eram classificadas de acordo com o momento em que ocorriam com referncia

10 aos fatos administrativos e de acordo com a sua natureza. Ou seja, de acordo com o momento de ocorrncia, as funes de controle eram: antecedentes: contratos, estatutos, regulamentos, atas, inventrios, etc. Concomitantes: se caracterizam pela vigilncia das tarefas determinadas para cada pessoa que deve ser feita por quem exerce a autoridade direta, administradores ou outras pessoas indicadas. - Subsequentes: o exame dos fatos em seus aspectos jurdicos e econmicos, ou seja, o confronto entre o que foi realizado com o que deveria ter sido feito. Para Besta, a contabilidade tinha a misso de atender as seguintes fases: estabelecer um ponto de partida para tornar possvel a anlise dos resultados da gesto; acompanhar a gesto evidenciando os fatos ocorridos que julgar-se o trabalho administrativo; demonstrar os resultados finais da administrao econmica para a devida aprovao ou rejeio da gesto Da mesma forma, o patrimnio era representado como uma grandeza mensurvel e varivel, demonstrado por uma soma de valores positivos e negativos e o controle apenas um instrumento de apoio e no um fim ou objeto da contabilidade. A escola controlista limita a Contabilidade em funo do controle das entidades.(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

1.2.5 Escola neoconsita A Escola Neoconsita teve como seus principais representantes: Besta, Dumarchey, Delaporte, Calms. No ano de 1914, o neoconsitmo deixou em evidencia na contabilidade e como seu objeto a riqueza patrimonial, conseqentemente, trouxe um enorme avano para o estudo da anlise patrimonial e de fenmenos decorrentes da gesto de empresas, tendo surgido como um movimento contrrio ao personalista, valorizando assim as contas, ou seja, as contas no deveriam ser abertas a pessoas ou entidades, nem representavam direitos e obrigaes, mas deveriam espelhar os valores dos componentes patrimoniais sujeitos modificaes. O neoconsitmo deu contabilidade a funo de evidenciar o ativo, o passivo e a situao lquida das entidades e dessa forma, abria contas com valores dos ativos (positivas), passivos (negativas) e diferenciais (abstratas/situao lquida). Assim apresentavam a frmula do balano, ou seja: Ativo (igual) Passivo (mais ou

11 menos) Situao Lquida (A=P+/-SL), sendo que as contas eram dispostas no balano baseando-se, para o ativo, no seu grau de disponibilidade e para o passivo, no de exigibilidade e a dinmica do balano era baseada em fatos permutativos e modificativos. Ainda, de acordo com os neocontistas as contas ativas so debitadas pelo saldo inicial e pelos aumentos e creditadas pelas diminuies. J para as contas passivas, ocorre exatamente o contrrio. Cabe ainda citar, que na teoria neocontista a principal funo da contabilidade era a revelao patrimonial, ocupando-se principalmente dos processos de classificao e registro das contas.(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

1.2.6 Escola aziendalista

A Escola Aziendalista teve como seu principal representante, Gino Zappa, que destacou num s plano trs tpicos: a Gesto, a Organizao e a Contabilidade, e no considerando o estudo cientfico da contabilidade sem ao mesmo tempo o conhecimento das doutrinas que formam a economia aziendal. Nesse sentido, a gesto tinha o objetivo de definir um conjunto de princpios destinados a servir de instrumento de auxlio ao da gesto, enquanto a organizao estava direcionada para o estudo da constituio e harmonizao do organismo pessoal da entidade e contabilidade tinha como funo a demonstrao dos resultados da gesto, atravs da observao adequada ao estudo quantitativo dos fenmenos empresariais. De acordo com essa teoria, a contabilidade deveria ocupar-se da demonstrao dos fatos da gesto e no se resumir apenas a um simples mtodo de registro, ou seja, tratavase de uma teoria baseada no resultado, nesse sentido, a situao econmica da entidade s pode ser conhecida se for demonstrado e conhecido todos os fatos e relaes econmicas da entidade, possibilitando o conhecimento das receitas e custos da entidade. Para os Aziendalistas o resultado o acrscimo ou decrscimo do capital em determinado perodo como conseqncia das operaes da gesto que so influenciadas positiva ou negativamente pelos acontecimentos de exerccios anteriores e perodos subseqentes. De acordo com essa teoria, o capital a representao do conjunto de elementos do ativo e do passivo que iro gerar o resultado da entidade, enquanto o resultado representa as mudanas dos componentes patrimoniais em determinado perodo.

12 Para Gino Zappa, a diviso dos resultados de vrios exerccios buscando determinar o exato valor dos custos de produo, uma utopia, j que existem operaes em curso no fim do exerccio e no incio do prximo exerccio, que colaboram com a formao do resultado, ou seja, operaes que iniciaram em exerccios anteriores e operaes que se encerraro em perodos posteriores. A escola aziendalista define a Contabilidade como a cincia da administrao da entidade.(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

1.2.7 Escola patrimonialista

A escola patrimonialista teve como expoente o estudioso Vicenzo Masi e baseou-se nos seguintes princpios: a) O objeto da contabilidade o patrimnio aziendal b)Os fenmenos patrimoniais so fenmenos contbeis c) A contabilidade uma cincia social d) A contabilidade se divide em trs ramos na sua parte terica: - esttica patrimonial: se ocupa do patrimnio no seu aspecto esttico (equilbrio funcional e financeiro dos elementos patrimoniais). - dinmica patrimonial: estuda o patrimnio na sua condio dinmica (obteno e emprego de capitais). - revelao patrimonial: definida como um conjunto de princpios e de normas que regem a individuao e a representao qualitativa e quantitativa especialmente monetria ou valorativa do patrimnio, em dado instante e na sucesso de instantes. Foi na escola Patrimonialista, em 1926, que o patrimnio foi definido como objeto da contabilidade, pois o mesmo uma grandeza real que passa por transformaes que variam com o desenvolvimento das atividades econmicas, onde a contribuio deve ser estudada e demonstrada, ou seja, conhecida, para que se possa analisar adequadamente os motivos das variaes ocorridas no decorrer de determinado perodo. Para os patrimonialistas, a contabilidade uma cincia, com leis e princpios prprios, que estuda e interpreta os fenmenos patrimoniais, ou seja, define a Contabilidade como a cincia que estuda o patrimnio.(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

13 1.2.8 Escola norte-americana

A escola Norte-Americana iniciou-se a partir do surgimento das grandes corporaes no comeo do sculo XX e teve grande contribuio para a contabilidade gerencial, teve como seus principais representantes: Sprague, Hatfield, Paton, Littleton, Moonitz. A doutrina Norte-Americana caracterizou-se pela praticidade na forma de tratar os problemas econmico-administrativos, com limitadas construes tericas, estas com origem em entidades ligadas a profissionais da rea contbil. Considerada uma das teorias mais importantes e influentes no mundo, onde ditava regras para o tratamento de questes ligadas contabilidade de custos, controladoria, anlise das demonstraes contbeis, gesto financeira, controle oramentrio, etc. Esta teoria buscava a qualificao da informao contbil para auxiliar no processo de tomada de deciso, a padronizao dos procedimentos contbeis, a criao de princpios de contabilidades geralmente aceitos e o estabelecimento de objetivos para a contabilidade.(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

1.2.9 Escola Alem

Foram seus principais criadore: Schmalenbach, Schmidt, Gomberg, Schar e Gutenberg, sendo que seu desenvolvimento se deu pela crescentes necessidades dos usurios das informaes contbeis nos vrios setores da sociedade, como por exemplo, desenvolvimento dos mercados financeiros, a acelerao crescente da concentrao das companhias, a expanso dos grupos empresariais e as crises sociais dos perodos de guerra e ps-guerra. A teoria da Escola Alem estava direcionada para a anlise da gesto e da organizao das entidades, buscando a sistematizao dos conhecimentos relativos vida econmica das empresas, assim como a formulao dos princpios que presidem a organizao e a gesto das mesmas. Vrias foram as teorias desenvolvidas na escola Alem, referente ao Balano destacaram-se as seguintes: 1 - teoria esttica ou monista, o balano patrimonial o instrumento responsvel pela demonstrao da situao patrimonial da entidade. O resultado de um perodo deve ser apurado a partir do confronto entre o valor patrimonial inicial e final deste perodo. Na

14 avaliao patrimonial feita de acordo com os princpios da escola, o resultado transformado em dinheiro, este calculado na data do balano. 2 - Teoria orgnica ou dualista: o balano patrimonial pode fornecer no somente o estado patrimonial, mas os reais resultados do exerccio. Explicado a partir da avaliao dos elementos patrimoniais a valor de reposio. 3 - Teoria dinmica: a de maior destaque na doutrina alem, tendo como representante maior Eugen Schmalenbach que separou os balanos em estticos e dinmicos. O balano esttico era utilizado para a determinao do valor e composio do patrimnio em um determinado momento e o dinmico tinha como finalidade apurao do resultado de um exerccio, sendo considerado por isso mesmo um balano de resultados. A principal conta desse autor era a conta de ganhos e perdas, pois revelava a movimentao ocorrida num determinado perodo, em funo da gesto sobre um patrimnio Quanto ao balano dinmico, teve como caracterstica marcante o sistema de movimentao das contas, onde nesta demonstrao so classificados os valores pendentes, ou seja, os ativos permanentes como prdios, veculos, etc., que aparecem no balano, so interpretados como sadas ou despesas da conta de ganhos e perdas, motivo pela qual se encontram no ativo, sendo que se forem vendidos so transformados em receitas e devero ser amortizados nos perodos seguintes. Na doutrina da escola Alem, o balano patrimonial uma conta auxiliar que recebe os valores relativos s negociaes em circulao, valores pendentes que no podem ser classificados na conta de resultados. Com excluso da conta caixa, os demais valores patrimoniais so pr-prestaes (ativo) ou ps-prestaes (passivo), que devem ser entendidos como valores transitrios, ou seja, representam elementos positivos e negativos de resultados futuros. Assim, todos os elementos da conta de ganhos e perdas devem possuir um relacionamento com as contas do balano. 1.3 Princpios fundamentais da contabilidade De acordo com a Resoluo CFC N 750(1) de 29 de dezembro de 1993, a observncia dos Princpios Fundamentais de Contabilidade obrigatria no exerccio da profisso e constitui condio de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade(Fonte: Marion, Jos Carlos; Iudcibus, Srgio de;)

15 (NBC). Os Princpios Fundamentais de Contabilidade representam a essncia das doutrinas e teorias relativas Cincia da Contabilidade. De acordo com ser art. 3, so Princpios Fundamentais de Contabilidade: I - o da ENTIDADE; II - o da CONTINUIDADE; III - o da OPORTUNIDADE; IV - o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; V - o da ATUALIZAO MONETRIA; VI - o da COMPETNCIA e VII - o da PRUDNCIA. 1.3.1 O Princpio da entidade De acordo com art. 4 da Resoluo 750/193, o Princpio da ENTIDADE reconhece o Patrimnio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciao de um Patrimnio particular no universo dos patrimnios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituio de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqncia, nesta acepo, o patrimnio no se confunde com aqueles dos seus scios ou proprietrios, no caso de sociedade ou instituio. Pargrafo nico. O PATRIMNIO pertence ENTIDADE, mas a recproca no verdadeira. A soma ou agregao contbil de patrimnios autnomos no resulta em nova ENTIDADE,mas numa unidade de natureza econmicocontbil. 1.3.2 O Princpio da continuidade A CONTINUIDADE ou no da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou provvel, devem ser consideradas quando da classificao e avaliao das mutaes patrimoniais, quantitativas e qualitativas. A CONTINUIDADE influencia o valor econmico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extino da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsvel. A observncia do Princpio da CONTINUIDADE indispensvel correta aplicao do Princpio da COMPETNCIA, por efeito de se relacionar diretamente quantificao dos componentes patrimoniais e

16 formao do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de gerao de resultado. 1.3.3 O Princpio da oportunidade O Princpio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, tempestividade e integridade do registro do patrimnio e das suas mutaes, determinando que este seja feito de imediato e com a extenso correta, independentemente das causas que as originaram. Pargrafo nico. Como resultado da observncia do Princpio da OPORTUNIDADE: I - desde que tecnicamente estimvel, o registro das variaes patrimoniais deve ser feito mesmo na hiptese de somente existir razovel certeza de sua ocorrncia; II - o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos fsicos e monetrios; III - o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variaes ocorridas no patrimnio da ENTIDADE, em um perodo de tempo determinado, base necessria para gerar informaes teis ao processo decisrio da gesto. 1.3.4 O Princpio do registro pelo valor original Os componentes do patrimnio devem ser registrados pelos valores originais das transaes com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do Pas, que sero mantidos na avaliao das variaes patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregaes ou decomposies no interior da ENTIDADE. Pargrafo nico. Do Princpio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: I - a avaliao dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposio destes; II - uma vez integrado no patrimnio, o bem, direito ou obrigao no podero ter alterados seus valores intrnsecos, admitindo-se, to-somente, sua decomposio em elementos e/ou sua agregao, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais; III - o valor original ser mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimnio, inclusive quando da sada deste; IV - os Princpios da ATUALIZAO MONETRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL so compatveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e mantm atualizado o valor de entrada; V - o uso da moeda do Pas na traduo do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneizao quantitativa dos mesmos.

17 1.3.5 O Princpio da atualizao monetria Os efeitos da alterao do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contbeis atravs do ajustamento da expresso formal dos valores dos componentes patrimoniais. Pargrafo nico. So resultantes da adoo do Princpio da ATUALIZAO MONETRIA: I - a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, no representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II - para que a avaliao do patrimnio possa manter os valores das transaes originais (art. 7), necessrio atualizar sua expresso formal em moeda nacional, a fim de que permaneam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por conseqncia, o do patrimnio lquido; III - a atualizao monetria no representa nova avaliao, mas, tosomente, o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicao de indexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a variao do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado perodo. 1.3.6 O Princpio da competncia As receitas e as despesas devem ser includas na apurao do resultado do perodo em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. O Princpio da COMPETNCIA determina quando as alteraes no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuio no patrimnio lquido, estabelecendo diretrizes para classificao das mutaes patrimoniais, resultantes da observncia do Princpio da OPORTUNIDADE. O reconhecimento simultneo das receitas e despesas, quando correlatas, conseqncia natural do respeito ao perodo em que ocorrer sua gerao. As receitas consideram-se realizadas: I - nas transaes com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivlo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes ENTIDADE, quer pela fruio de servios por esta prestados; II - quando da extino, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; III - pela gerao natural de novos ativos independentemente da interveno de terceiros; IV - no recebimento efetivo de doaes e subvenes. Consideramse incorridas as despesas: I - quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferncia de sua propriedade para terceiro; II - pela diminuio ou extino do valor econmico de um ativo; III - pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.

18 1.3.7 O Princpio da prudncia O Princpio da PRUDNCIA determina a adoo do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente vlidas para a quantificao das mutaes patrimoniais que alterem o patrimnio lquido. O Princpio da PRUDNCIA impe a escolha da hiptese de que resulte menor patrimnio lquido, quando se apresentarem opes igualmente aceitveis diante dos demais Princpios Fundamentais de Contabilidade. Observado o disposto no art. 7, o Princpio da PRUDNCIA somente se aplica s mutaes posteriores, constituindo-se ordenamento indispensvel correta aplicao do Princpio da COMPETNCIA. A aplicao do Princpio da PRUDNCIA ganha nfase quando, para definio dos valores relativos s variaes patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau varivel. 1.4 Concepes em relao aos princpios da contabilidade A Deliberao CVM N 29, de 05 de fevereiro de 1986, aprovar e referendar o pronunciamento anexo do Instituto Brasileiro de Contadores - IBRACON, sobre Estrutura Conceitual Bsica da Contabilidade. Em relao aos Princpios Fundamentais da contabilidade, a CVM se manifesta: (...) Os vrios autores e pesquisas realizadas sobre o assunto tm assumido posies diversas. Sprouse e Moonitz de certa forma hierarquizam os vrios Conceitos; Mattessich denomina todos os Conceitos Fundamentais; o Conselho Federal de Contabilidade classifica-os em Princpios Fundamentais de Contabilidade, todos da mesma hierarquia; Anthony admite uma diferenciao entre Princpios e Convenes. Claramente, a nosso ver, a necessidade de hierarquizao existe, mais para entender bem a evoluo e o entrelaamento dos vrios Conceitos do que pelo fato de serem mais ou menos importantes na prtica. Outros, na verdade, complementam, explicam, delimitam e restringem a aplicao dos demais, da serem de uma hierarquia menor. Para nossas finalidades, classificamos os Princpios (Conceitos) Fundamentais de Contabilidade em trs categorias bsicas, a saber: Postulados ambientais da contabilidade. Princpios contbeis propriamente ditos. Restries aos princpios contbeis fundamentais - Convenes.

19 (...) Na verdade, sob nossa tica, os postulados ambientais enunciam, solenemente, condies sociais, econmicas e institucionais dentro das quais a Contabilidade atua; escapam ao restrito domnio da Contabilidade, para inserir-se no mais amplo feudo da Sociologia Comercial e do Direito, bem como da Economia e outras cincias. Predispem a Contabilidade, no que se segue, a assumir esta ou aquela postura, embora o condicionamento no seja to restrito quanto se possa imaginar. Os princpios propriamente ditos representam a resposta da disciplina contbil aos postulados, uma verdadeira postura filosfica e tambm prtica diante do que antes apenas contemplvamos e admitamos (os postulados). Os princpios constituem, de fato, o ncleo central da estrutura contbil. Delimitam como a profisso ir, em largos traos, posicionar-se diante da realidade social, econmica e institucional admitida pelos Postulados. J as convenes ou restries, como a prpria denominao indica, representam, dentro do direcionamento geral dos Princpios, certos condicionamentos de aplicao, numa ou noutra situao prtica. (...). Assim, mantendo o entendimento da CVM, tem-se que os Princpios Fundamentais de Contabilidade so classificados em trs categorias: 1 - Postulados ambientais da contabilidade: representam as condies sociais, econmicas e institucionais dentro das quais a contabilidade atua, ou seja, so uma proposio de certa realidade no sujeita a verificao e constituem a lei maior da Contabilidade, seu objeto de estudo e a sua existncia no tempo. 2 - Princpios contbeis propriamente ditos: princpios significam a resposta da disciplina contbil aos postulados. Constituem o ncleo central da estrutura contbil. Procuram delimitar como a profisso deve se posicionar em relao realidade social, econmica e institucional admitida pelos postulados. 3 - Restries aos princpios contbeis fundamentais Convenes: restries aos princpios representam os condicionamentos de aplicao dos princpios, considerando-se as situaes prticas vivenciadas. Os Princpios representam a larga estrada a seguir rumo a uma cidade. As Convenes seriam os sinais ou placas indicando, com mais especificidade, o caminho a seguir, os desvios, as entradas, sadas, etc. (Iudcibus, Martins e Gelbcke, 1995)

20 1.4.1 Postulados ambientais da contabilidade 1.4.1.1 Postulado da entidade O Postulado da Entidade Contbil : Contabilidade mantida para as Entidades; os scios ou quotistas destas no se confundem, para efeito contbil, com aquelas..." De acordo com a CVM, Entidades so conjuntos de pessoas, recursos e organizaes capazes de exercer atividade econmica, como meio ou como fim. (...) A Contabilidade, todavia, engloba todos os aspectos e dimenses numa abordagem s: a viso contbil. Para a Contabilidade, nenhuma das quatro dimenses suficiente para caracterizar, contabilmente, uma entidade. (...) principalmente (...) cada entidade contbil digna da ateno toda especial da Contabilidade, pois sua individualidade marcante e suas realizaes so peculiares em termos de contribuio para adicionar valor e utilidade aos recursos que manipula. Para entender a Contabilidade e como ela atua preciso entender o pano de fundo de sua atuao, isto , as Entidades, de toda natureza e fins. Considerando o entendimento da CVM, em relao aos Postulados, cabe-nos ainda citar: De acordo com Silva (2002) o Postulado da Entidade reconhece o Patrimnio como objeto da contabilidade, e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciao de um patrimnio particular no universo dos patrimnios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituio de qualquer natureza ou finalidade. Por conseqncia dessa acepo, o patrimnio no se confunde com aqueles de seus scios ou proprietrios, no caso de sociedade ou instituio. Para Iudcibus, Martins e Gelbcke, (1995), o postulado da entidade d entidade contbil vida e personalidade prpria. Esse postulado determina que o patrimnio de toda e qualquer unidade econmica que manipula recursos econmicos, independente da finalidade de gerar ou no lucros, de ser pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado, no confunde com a riqueza patrimonial de seus scios ou acionistas, ou proprietrio individual e nem sofrer os reflexos das variaes nela verificadas Dessa forma, quando uma empresa paga uma despesa o caixa da mesma que est desembolsando o dinheiro e no o dono da empresa. Observa-se que este postulado importante na medida em que ele identifica o campo de atuao da Contabilidade, pois onde existir patrimnio administrvel existir certamente a Contabilidade. A contabilidade mantida para as entidades; os scios ou quotistas destas no se confundem, para efeito

21 contbil, com aquelas. A contabilidade procura manter registros separados para cada entidade. No caso de uma entidade, Empresa ABC Ltda., cujos scios so A, B e C, o contador ao manter a contabilidade para a mesma, est procurando acompanhar a evoluo do seu patrimnio lquido e no dos seus scios. Por outro lado, o mesmo contador poderia manter a contabilidade para as pessoas fsicas dos scios A, B e C. Tratam-se de quatro entidades distintas, mas com grandes relacionamentos de interesse O Postulado da Entidade apresenta as seguintes caractersticas: Jurdica onde a entidade distinta dos scios (separao cuidadosa do que dos scios e do que da entidade). -Econmica onde a entidade caracteriza-se como massa patrimonial, cabendo contabilidade acompanhar sua evoluo qualitativa e quantitativa (comparao da situao patrimonial da entidade, como um todo, em vrios perodos). - Organizacional onde a entidade pode ser considerada como um grupo de pessoas ou pessoa, exercendo controle de receitas e despesas, investimentos e distribuies (abertura de centros de custo, lucro ou investimento). Social onde considera-se que a entidade pode ser avaliada no s pela utilidade que a si acresce, bem como pela sua contribuio no campo social (comentrios em notas explicativas sobre programas de complementao de aposentadoria, etc.). 1.4.1.2 Postulado da continuidade das entidades Enunciado: "Para a Contabilidade, a Entidade um organismo vivo que ir viver (operar) por um longo perodo de tempo (indeterminado) at que surjam fortes evidncias em contrrio..." De acordo com a CVM, a contabilidade, entre a vida e a morte, escolhe sempre a primeira. De fato, esta uma constatao do histrico dos negcios; no existe, a priori, nenhum motivo para julgar que um organismo vivo venha a ter morte sbita ou dentro de curto prazo. Ainda mais, as entidades so organismos que renovam suas clulas vitais atravs do processo de reinvestimento. O Postulado da Continuidade tem outro sentido mais profundo que o de encarar a entidade como algo capaz de produzir riqueza e gerar valor continuadamente sem interrupes. Na verdade, o exerccio financeiro anual ou semestral uma fico

22 determinada pela necessidade de se tomar o pulso do empreendimento de tempos em tempos. Mas as operaes produtivas da entidade tm uma continuidade fluidificante: do processo de financiamento ao de estocagem de fatores de produo, passando pelo uso desse no processo produtivo, at a venda que ir financiar novo ciclo e assim por diante. (...) Uma conseqncia imediata do Postulado da Continuidade considerar-se que os ativos da entidade (menos os produtos) no so mantidos para serem vendidos no estado em que se encontram, mas para, devidamente manipulados pela Entidade, gerarem receitas em excesso s despesas (ativos consumidos ou dados em troca no esforo de produzir receita), redundando, assim, num resultado positivo (para as empresas) ou, de alguma forma, gerando servios ou benefcios para a coletividade (para as entidades de outras naturezas, de finalidades no lucrativas). Dessa forma, a entidade no existe para, oportunisticamente, adquirir ativos quando o preo baixo visando revend-los, no estado em que se encontram, quando o valor de mercado maior ou quando o fluxo de caixa da entidade assim o necessite. Considerado a manifestao da CVM tem-se ainda: Para Silva (2002), esse postulado baseado no pressuposto de que a empresa ou entidade algo em andamento, em continuidade, que funcionar por prazo indeterminado. Uma empresa em processo de extino (descontinuidade) ou liquidao, ser contabilizada por outras regras, pois a continuidade influencia o valor econmico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimentos dos passivos, especialmente quando a extino da entidade tem prazo determinado, previsto ou previsvel. A entidade um empreendimento em andamento, com inteno de existncia indefinida, ou por tempo de durao indeterminado, devendo sobreviver aos seus prprios fundadores e ter seu patrimnio avaliado pela sua potencialidade de gerar benefcios futuros, e no pela sua capacidade imediata de ser til somente entidade. Ex: o balano patrimonial somente reflete adequadamente a situao econmico-financeira do patrimnio no momento de sua elaborao quando h presuno de que a entidade prosseguir no processo contnuo de realizao de suas atividades, pois se estas forem interrompidas, a realizao dos valores patrimoniais no ser processada de acordo com o balano, devido a motivos como a imediata interrupo de suas receitas e no dos custos fixos, que prosseguem na fase de liquidao, quando h cessao das atividades da entidade. Para Iudcibus, Martins e Gelbcke, (1995) Para a contabilidade, a entidade um organismo vivo que ir viver (operar) por um longo perodo de tempo (indeterminado) at que

23 surjam fortes evidncias em contrrio.. Pode se entender o Postulado da Continuidade como aquele que tem a entidade como algo capaz de produzir riqueza e gerar valor continuadamente, sem interrupes, ou seja, o exerccio financeiro anual ou semestral uma fico que decorre da necessidade de conhecer-se o andamento do empreendimento de tempos em tempos. Da mesma forma, este postulado no desconhece a possibilidade de descontinuidade, mas considera tal possibilidade somente quando h evidncias de sua ocorrncia. Em tais situaes, os Princpios Contbeis Fundamentais no se aplicam s essas entidades, uma vez que as mesmas no esto em marcha e essas possibilidades de descontinuidade deve ser evidenciada em relatrios pelos auditores independentes. Ainda, de acordo com este postulado, os ativos da entidade devem ser avaliados por algum tipo de custo, ou seja, mantidos para que sejam manipulados pela entidade e assim produzirem receitas superiores s despesas (consumo de ativos para produzir receitas), gerando um resultado positivo ou gerando servios ou benefcios para a coletividade (entidades de fins no lucrativos) e no para que sejam vendidos no estado em que se encontram. A verdadeira natureza ntima da contabilidade consiste, basicamente, no confronto entre sacrifcios (mensurados por custos) e realizaes (mensuradas por valores de venda).. Ainda a Entidade em Continuidade a premissa bsica da contabilidade. 1.4.2 Princpios fundamentais da contabilidade

Os princpios provm da necessidade do estabelecimento de um conjunto de conceitos, princpios e procedimentos que no somente fossem utilizados como elementos disciplinadores do comportamento do profissional no exerccio da Contabilidade, seja para a escriturao dos fatos e transaes, seja na elaborao de demonstrativos, mas que permitissem aos demais usurios fixar padres de comparabilidade e credibilidade, em funo do conhecimento dos critrios adotados na elaborao dessas demonstraes. Para Iudcibus, Martins e Gelbcke, (1995) alm de delimitar e qualificar o campo de atuao da Contabilidade, os princpios servem de suporte aos postulados. E atravs da evoluo da tcnica contbil em funo de novos fatos scio-econmicos, modificaes na legislao, novos pontos de vista, ou outros fatores, um princpio que hoje aceito, poder ser modificado, para atender s inovaes ocorridas na vida empresarial. Os princpios fornecem as linhas filosficas de resposta da contabilidade aos desafios do sistema de informao contbil, atuando num cenrio marcado pela complexidade, ao

24 nvel de Postulados. Os princpios constituem o ncleo central da doutrina contbil, so eles: - Princpio do custo como base de valor - Princpio do denominador comum monetrio - Princpio de realizao da receita Princpio do confronto das despesas com as receitas e com os perodos contbeis 1.4.2.1 Princpio do custo como base de valor

O princpio do custo com base no valor tem importante aplicao para a Contabilidade na medida em que ele descarta a possibilidade do uso de valores subjetivos para o registro dos bens, estabelecendo que seja utilizado o valor que a entidade sacrificou no momento de sua aquisio. Dessa forma, quando uma entidade adquiriu um imvel que devido ao seu estado de conservao, o mercado o avalia em 10 unidades monetrias. Considerando que a entidade tenha feito uma excelente negociao, ela pagou por este imvel 06 unidades monetrias. De acordo com Iudcibus, Martins e Gelbcke, (1995) ...O custo de aquisio de um ativo ou dos insumos necessrios para fabric-lo e coloc-lo em condies de gerar benefcios para a entidade representa a base de valor para a contabilidade, expresso em termos de moeda de poder aquisitivo constante.. Trata-se do mais antigo princpio de contabilidade e considerado dentro da Teoria da Contabilidade como uma conseqncia direta do Postulado da Continuidade. No caso de doaes de ativos, os mesmos devem ser registrados pelo custo que custaram, originalmente, para quem os doou. Ainda, aceito admitir-se como base de valor para doaes de ativos, o preo que seria pago por um bem no mesmo estado de conservao, no mercado de novos ou usados, se existir, dessa forma para base de registro para a contabilidade deve prevalecer o valor de entrada. De qualquer forma, existem vrios valores considerados como de entrada, o que leva a pensar-se que seria melhor considerar o custo original (histrico) como base de registro inicial e no como base de valor. As demonstraes contbeis, sem prejuzo dos registros detalhados de natureza qualitativa e fsica, sero expressas em termos de moeda nacional de poder aquisitivo da data do ltimo Balano Patrimonial... Traduz a dimenso financeira da contabilidade, pois a mesma deve tratar de

25 homogeneizar, para o usurio das demonstraes contbeis, ativos e passivos que apresentam natureza bastante diferenciada entre si, pelo denominador comum monetrio, isto , sua avaliao deve ser feita em moeda corrente do Pas. Esse padro de mensurao (moeda), no deveria sofrer alteraes em sua essncia. O perodo inflacionrio vivido no Brasil at pouco tempo, no reunia as condies para ser considerado um padro de mensurao afianvel, a no ser no exato momento da transao. Dessa forma, estabelece que a Contabilidade seja processada em uma nica moeda, o que dar maior consistncia aos registros e maior confiabilidade s informaes constantes nos relatrios contbeis. Nas situaes em que a entidade realiza transaes com base em outras moedas, esse princpio torna-se muito importante por estabelecer que as transaes sejam convertidas em moeda nacional no momento do registro contbil, o que acontece por exemplo no registro no valor da moeda nacional de um produto importado pago em dlar.

1.4.2.2 Princpio de realizao da receita

A receita considerada realizada e, portanto, passvel de registro pela Contabilidade, quando produtos ou servios produzidos ou prestados pela entidade so transferidos para outra entidade ou pessoa fsica com a anuncia destas e mediante pagamento ou compromisso de pagamento especificado perante a entidade produtora... De acordo com Iudcibus, Martins e Gelbcke; Hilrio Franco. E considerando a teoria contbil do lucro as receitas so consideradas realizadas no momento da entrega do bem ou do servio para o cliente e neste momento, todas as despesas que foram necessrias realizao daquelas receitas devem ser computadas na apurao do resultado. Assim, ao relacionar as despesas com as receitas, o resultado estar sendo apurado e poder refletir o mais prximo possvel a realidade da entidade. Por exemplo: diferentes etapas na execuo de um processo de produo, podem adicionar valor no proporcional ao tempo decorrido na etapa e mesmo ao custo, embora a proporcionalidade entre custos incorridos e receita-valor gerado tem sido usada em certos casos. O Princpio de realizao da receita adota como ponto normal para reconhecimento e

26 registro da receita na contabilidade da empresa, aquele em que h transferncia de produtos ou servios ao cliente. Normalmente este ponto coincide com o momento da venda. Procedese dessa forma na contabilidade, porque: - a transferncia do produto ou servio em geral concretizada quando todo ou praticamente todo o esforo para obteno da receita j foi realizado; - nesse ponto conhece-se com mais exatido e objetividade o valor de mercado (da transao) para a devida transferncia; - tambm nesse ponto j so conhecidos todos os custos de produo do referido produto ou servio transferido, bem como outras despesas ou dedues da receita associveis aos mesmos, como: comisses sobre vendas, despesas com consertos ou reformas em decorrncia da garantia concedida, etc. Tais despesas normalmente so pagas aps a transferncia, porm o montante destas conhecido ou estimvel j no ato da transferncia. Essas trs condies determinam quando uma receita pode ser reconhecida na contabilidade da entidade, independente dos interesses de ordem fiscal. Muitas vezes h a tendncia de avaliao dos estoques de produtos ou servios a valores de mercado, antes da transferncia ao cliente. Tal atitude tem os seguintes inconvenientes: - o mercado, de modo geral, s considera que deu seu veredito sobre o valor da transao quando esta se completa; - muitas vezes este reconhecimento da receita tem por objetivo favorecer esta ou aquela configurao de resultados, significando uma utilizao indevida dos princpios de contabilidade. Cabe destacar, ainda, que em atendimento ao Postulado da Continuidade, os ativos figuram nos registros pelos seus valores de entrada (custo original) at o sacrifcio dos mesmos no esforo de gerar receita. A receita dada pelo valor de sada; o confronto, portanto, deve ser com valores de entrada. 1.4.2.2.1 Receitas a serem reconhecidas proporcionalmente a certo perodo contbil Existem determinados servios, aluguis, emprstimos, etc., que esto relacionados ao decurso de determinado perodo de apropriao contbil atravs de contrato. Este perodo normalmente mensal. Na verdade o servio prestado continuamente, at o encerramento do contrato. O que se faz, reconhecer em cada um destes perodos, uma

27 parcela da receita total (do servio total) em termos proporcionais ao perodo ou evento decorrido, no esperando at o final para reconhecimento total, de uma s vez. Na prestao de servios de consultoria e de auditoria, por exemplo, em que se caracteriza este fluxo de servio, em geral as horas de servio acumuladas no ms ou perodo de apurao contbil indicam a base para o faturamento da receita ao cliente. Segundo vo se acumulando as horas, vai tambm crescendo a receita numa base contnua de tempo decorrido. O valor da receita a reconhecer, necessariamente no proporcional ao esforo realizado ou custos incorridos no mesmo perodo, mas diretamente proporcional ao tempo transcorrido ou horas gastas no servio. De qualquer forma, o tempo transcorrido ou as horas de esforo que foram aplicadas, constituem o fator preponderante para reconhecimento da receita em perodos menores que o lapso de tempo necessrio para completar o contrato ou servio. 1.4.2.2.2 Produtos cuja produo contratada para execuo a longo prazo Nos casos de produo sob encomenda com prazo de fabricao longo (navio por exemplo), mais conveniente reconhecer, durante o transcurso do exerccio financeiro (no final do perodo de apurao contbil) uma parcela da receita proporcional: 1 - s etapas fsicas de construo completadas (grau de acabamento); - ou aos custos incorridos no perodo de apurao. Justifica-se tal comportamento, considerando-se que certamente os acionistas poderiam discordar de demonstraes contbeis que no revelassem nenhum lucro num exerccio em que foi empregado muito esforo e gastos muitos recursos para obteno de uma parte do acabamento do contrato total que permitir um lucro final, com adequado grau de probabilidade. A escolha do critrio deve obedecer conceitos teoricamente sustentveis, especialmente se considerar-se a comparabilidade por parte do usurio externo, de vrias entidades que atuam no mesmo ramo. Entidades que produzem produtos de longo perodo de maturao ou acabamento, tanto do ponto de vista terico como prtico, devem reconhecer a receita em proporo aos fatores considerados, observando as seguintes condies: - o preo total do produto determinado por contrato ou por correo contratual de seu preo atual; - a incerteza quanto ao recebimento em dinheiro da transao mnima ou a mesma pode

28 ser bem estimada; - os custos necessrios para completar a produo podem ser razoavelmente bem estimados. Apura-se a receita a ser reconhecida em determinado exerccio, dividindo-se os custos incorridos no mesmo pelos custos totais estimados do produto, sendo o resultado multiplicado pela receita de venda do produto completo o que resulta na receita a ser apropriada. Em se tratando de etapa fsica de acabamento, calcula-se um percentual em relao ao grau de acabamento total que, da mesma maneira, aplicado ao preo do produto totalmente acabado.

1.4.2.2.3 Reconhecimento da receita antes da transferncia por valorao de estoques

Existem produtos que tm um processo de produo que rene caractersticas especiais, como crescimento natural ou acrscimo de valor vegetativo (entidades agropecurias, mineradoras, produtoras de vinho, etc.), e outros cujo valor de mercado possvel determinar-se prontamente, e em que o risco de no venda praticamente no existe (minerao, lapidao de metais e pedras preciosas), os quais se pode, em circunstncias bem determinadas, reconhecer receita antes do ponto de transferncia ao cliente, observando-se as condies a seguir: - os estoques existentes no final do perodo contbil so avaliados com base no valor de realizao naquele momento, quando objetivamente determinvel, atravs de amplo consenso do mercado sobre o valor dos mesmos, deduzindo-se por estimativa o montante necessrio para o acabamento e suporte de todas as despesas e custos a incorrer para venda efetiva do produto. Se o produto estiver totalmente acabado, deduz-se as despesas para sua venda como produto final; - o processo para obteno de lucro nessa atividade se caracteriza mais pela atividade fsica de nascimento, crescimento, envelhecimento ou outra, do que pela venda de entrega do bem. 1.4.2.2.4 Reconhecimento da receita aps o perodo de transferncia do produto ou servio possvel reconhecer-se a receita aps o ponto de transferncia em alguns casos

29 excepcionais como, por exemplo, um determinado ativo ser recebido em troca de uma venda realizada, o qual no tem valor reconhecido de mercado. Nestas circunstncias, transfere-se o custo do ativo vendido para o ativo recebido em troca e quando esse ltimo for vendido, reconhece-se um resultado. 1.4.2.2.5 Princpio do confronto das despesas com as receitas e com os perodos contbeis Toda despesa diretamente delinevel com as receitas reconhecidas em determinado perodo, com as mesmas dever ser confrontada; os consumos ou sacrifcios de ativos (atuais ou futuros), realizados em determinado perodo e que no puderam ser associados receita do perodo nem s dos perodos futuros, devero ser descarregados como despesa do perodo em que ocorrerem... Para Iudcibus, Martins e Gelbcke, (1995), a base de confronto so as receitas reconhecidas (ganhas) e as despesas incorridas (consumidas) no perodo. Portanto, toda e qualquer despesa ou perda ocorrida num determinado perodo, deve ser confrontada com as receitas reconhecidas no mesmo perodo ou a ele atribudas, com exceo de: - gastos de perodos em que a empresa total ou parcialmente pr-operacional. Estes gastos so normalmente ativados e comeam a ser amortizados como despesa a partir do exerccio em que a empresa, ou parte do ativo, comece a gerar receitas; - parte dos gastos do departamento de pesquisa e desenvolvimento que superar o montante necessrio para o funcionamento do mesmo, independentemente da quantidade de projetos em execuo. importante ressaltar que todos aqueles gastos que foram diferidos e que no vierem a gerar receitas, tero seus valores descarregados como perda no perodo em que se confirmar a impossibilidade da gerao de receita ou desmobilizao do projeto. Este princpio e o princpio de realizao da receita em seu conjunto so conhecidos por Regime de Competncia. 1.4.4 Convenes (restries aos princpios)

Constituem um complemento dos Postulados e dos Princpios na medida em que lhes delimita os conceitos, atribuies e direes que devem ser seguidos.

30 Tm a funo de indicar a conduta adequada que deve ser observada no exerccio profissional da Contabilidade.

1.4.4.1 Conveno da objetividade

Para Iudcibus, Martins e Gelbcke, (1995) Para procedimentos igualmente relevantes, resultantes da aplicao dos Princpios, preferir-se-o, em ordem decrescente: a) os que puderem ser comprovados por documentos e critrios objetivos; b) os que puderem ser corroborados por consenso de pessoas qualificadas da profisso, reunidas em comits de pesquisa ou em entidades que tm autoridade sobre princpios contbeis... Em obedincia a esta conveno, os contadores devem decidir em relao ao atributo ou evento que ser mensurado, selecionando os procedimentos de mensurao adequados, a fim de que as demonstraes contbeis sejam to confiveis quanto possvel. Dessa forma, o contador no deve se deixar levar por vontades ou expectativas de administradores ou qualquer outro que possa influenciar no seu trabalho e os registros devem estar baseados, sempre que possvel, em documentos que comprovem a ocorrncia do fato administrativo. 1.4.4.2 Conveno da materialidade O contador dever, sempre, avaliar a influncia e materialidade da informao evidenciada ou negada para o usurio luz da relao custo-benefcio, levando em conta aspectos internos do sistema contbil... No que se refere ao usurio da informao contbil, determinada cifra ou informao material na medida em que se no evidenciada ou mal evidenciada, pode lev-lo a cometer um srio erro na avaliao do empreendimento e de suas tendncias. No mbito interno, material o procedimento ou cifra que se no for processado, prejudica a qualidade e confiabilidade do sistema de informao e do prprio controle interno. Exemplo: Analisando-se as contas a receber constata-se, por exemplo, que em cerca de 12% dos casos apresentam-se pequenos erros. Mesmo que o valor dos erros de pequena monta, o fato de se verificarem em 12% dos registros pode significar a existncia de alguma falha grave no sistema o que os torna relevantes do ponto de vista da auditoria e de

31 controle interno. relativamente difcil julgar sobre a materialidade ou no de uma cifra. Alguns critrios poderiam ser: 1 - Quanto ao usurio externo, a evidenciao ou no de determinada cifra e a correta adoo ou no dos princpios contbeis, sero mais ou menos materiais quando se referirem: A - a eventos que refletem tendncias do empreendimento; B - a eventos que afetam apenas um exerccio. 2 - Os valores correspondentes a receitas e despesas operacionais, normalmente so mais materiais, para efeitos de avaliao de tendncia, do que possveis ganhos e perdas ou efeitos de exerccios anteriores. 3 - As cifras oriundas de mudanas de critrios usados no passado so consideradas materiais com relao avaliao do usurio. A evidenciao necessria nesses casos. Materialidade no significa desprezo pelo detalhe em si, se esse estiver encobrindo problemas maiores. Naturalmente, o conceito da materialidade sempre considerar uma alta dose de julgamento e de bom senso do contador, em cada situao. Assim, a informao contbil deve sempre ser relevante, justa e adequada e o contador deve considerar a relao custo x benefcio da informao que ser gerada, evitando perda de recursos e de tempo da entidade.Fonte: (Iudcibus, Martins e Gelbcke, 1995)

1.4.4.3 Conveno do conservadorismo

Entre conjuntos alternativos de avaliao para o patrimnio, igualmente vlidos, segundo os Princpios Fundamentais, a contabilidade escolher o que apresentar o menor valor atual para o ativo e o maior para as obrigaes.. O conservadorismo ou prudncia em contabilidade, deve ser entendido sob dois aspectos: 1 - Vocacional e histrico da profisso, segundo o qual, dentre vrias disciplinas que avaliam, pelo menos em parte, o valor de uma empresa, a contabilidade a que tenderia, consideradas as mesmas condies, a apresentar o menor valor. 2 - Operacional que se refere ao fato de que considerados os amplos graus de julgamento

32 que a aplicao dos Princpios permite empregar, a contabilidade tende a escolher a menor das avaliaes igualmente relevantes para o ativo e a maior para o passivo. No se deve pensar em manipulao dos resultados contbeis, e sim considerar o aspecto de resguardo e neutralidade que a contabilidade deve apresentar. A conveno do conservadorismo estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta mais conservadora em relao aos resultados que sero apresentados, evitando que projees distorcidas sejam feitas pelos usurios. Dessa forma, melhor manter expectativa de prejuzo e a entidade apresentar resultados positivos, ou seja, se houver duas opes deve-se optar sempre por aquela que acusa um menor valor para os ativos e para as receitas e o maior valor para os passivos e para as despesas.

1.4.4.4 Conveno da consistncia

A contabilidade de uma entidade dever ser mantida de forma tal que os usurios das demonstraes contbeis tenham possibilidade de delinear a tendncia da mesma com o menor grau de dificuldade possvel... O contador dever refletir muito antes de decidir pela adoo de determinado procedimento de avaliao, para garantir a utilizao dos mesmos procedimentos na maior seqncia possvel de exerccios. Ressalta-se que se uma mudana de procedimento, que seja material se faz necessria, essa deve ser evidenciada em notas explicativas e seus efeitos, tanto em relao ao balano quanto aos resultados, devem ser mensurados e bem enunciados. Em se tratando de avaliao de tendncia do empreendimento, fundamental que a consistncia exista nos perodos abrangidos pelas demonstraes. difcil estabelecer regras precisas e matemticas em relao consistncia e materialidade, o que exige um slido conhecimento de teoria, por parte do contador, para este possa escolher o melhor conjunto de procedimentos, em cada situao. Dessa forma, os relatrios devem ser elaborados com a forma e o contedo das informaes consistentes, para facilitar sua interpretao e anlise pelos diversos usurios. O Conselho Federal de Contabilidade emitiu em 29/12/93, a Resoluo CFC n 750 que dispe sobre os Princpios Fundamentais de Contabilidade, tornando obrigatria sua observncia no exerccio profissional e constituindo condio de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade. Igualmente ressalta que na aplicao destes princpios a

33 situaes concretas, a essncia da transao deve prevalecer sobre seus aspectos formais (essncia x forma). Contabilidade no Brasil

Em 1850, a chegada do Cdigo Comercial instituiu a obrigatoriedade da escriturao contbil e da elaborao anual da demonstrao do balano geral composto de bens, direitos e obrigaes, das empresas comerciais. Pode-se dizer que essa foi um elemento importante para a evoluo da contabilidade brasileira. Na cidade de So Paulo, no ano de 1902, foi criada a Escola Prtica de Comrcio que criou um curso regular que oficializou a profisso contbil. A Escola Prtica do Comrcio tinha como objetivo, juntar ao desenvolvimento agrcola, o incio da expanso industrial com a necessidade de habilitar especialistas para assim executar as tarefas de rotina da contabilidade e controlar as finanas e ao mesmo tempo dar a So Paulo elementos capazes de articular o desenvolvimento dos negcios, com a conseqente ampliao das fronteiras de atuao. Em 1940 foi criado o Decreto-Lei n 2627, que instituiu a primeira Lei das S/A, estabelecendo os seguintes procedimentos para a contabilidade: a. Regras para a avaliao de ativos. b. Regras para a apurao e distribuio dos lucros. c. Criao de reservas. d. Determinao de padres para a publicao do balano. e. Determinao de padres para a publicao dos lucros e perdas. J em 1972, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), atravs da Resoluo CFC 321/72 adotou Princpios de Contabilidade Geralmente Aceitos como normas resultantes do desenvolvimento da aplicao prtica dos princpios tcnicos emanados da contabilidade, visando proporcionar interpretaes uniformes das demonstraes contbeis. Logo em seguida, no ano de 1976, foi publicada a nova Lei das S/A n 6404, significando uma nova fase para o desenvolvimento da contabilidade no Brasil e assumindo as tendncias da Escola Norte-Americana. Em 1981 a Resoluo CFC n 529 disciplinou as Normas Brasileiras de Contabilidade e a Resoluo CFC n 530 os Princpios Fundamentais de Contabilidade, os quais foram atualizados em 1993 pela Resoluo CFC 750.

34 1.5.1 Um Frei Franciscano

Na leitura do autor Peter L. Bernstein et al Iudcibus e Marion (2002), encontramos breve histrico sobre Luca Pacioli: O renascimento foi uma poca de descobertas. Colombo iou as velas no ano da morte de Piero della Francesca; pouco depois, Coprnico revolucionou a viso da humanidade em relao ao prprio firmamento. As realizaes do Coprnico exigiram um nvel de habilidade matemtica, e durante o sculo XVI os avanos na matemtica foram rpidos e empolgantes, sobretudo na Itlia. Aps a introduo da imprensa com tipos mveis, ao redor de 1450, muitos dos clssicos de matemtica foram traduzidos para o italiano e publicados em latim ou no vernculo. Os matemticos entregaram-se a animados debates pblicos sobre as solues de complexas equaes algbricas, enquanto as multides incentivavam seus favoritos. O estmulo de grande parte desse interesse data de 1494, com a publicao de um notvel livro de um monge franciscano chamado Luca Pacioli. Pacioli nasceu por volta de 1445, em Borgo San Sepolcro, cidade natal de Piero della Francesca. Embora a famlia exortasse o menino a se preparar para uma carreira nos negcios, Piero ensinou-lhe a literatura, arte e histria e recomendou que freqentasse a famosa biblioteca da corte vizinha de Urbino. Ali os estudos de Pacioli formaram a base da fama subseqente como matemtico. Aos vinte anos, Pacioli conseguiu um emprego em Veneza como preceptor dos filhos de um mercador rico. Ele comparecia s prelees pblicas sobre filosofia e teologia e estudou matemtica com um professor particular. Hbil estudante, escreveu sua primeira obra de matemtica publicada na estada em Veneza. Seu Tio Benedetto, oficial do exrcito baseado em Veneza, ensinou a Pacioli arquitetura e questes militares. Em 1470, Pacioli transferiu-se para Roma a fim de prosseguir os estudos e, aos 27 anos tornou-se monge franciscano. Entretanto ele continuou suas perambulaes. Lecionou matemtica em Perugia, Roma, Npoles, Pisa e Veneza, antes de se fixar como professor em Milo, em 1496. Dez anos antes recebera o ttulo de magister, equivalente a um doutorado. A obra-prima de Pacioli, Summa de arithmetica, geometria et proportionalit (as obras acadmicas mais srias ainda eram escritas em latim), apareceu em 1494. Escrito em elogio imensa abstrao e sutileza da matemtica a Summa reconhece a dvida de Pacioli para

35 como Liber abaci, de Fibonacci, elaborado quase trezentos anos antes. A Summa fixa os princpios bsicos da lgebra e contm todas as tabuadas de multiplicao at 60 x 60 um recurso til em uma poca em que a imprensa vulgarizo o uso do novo sistema de numerao. Uma das contribuies mais notveis do livro foi sua apresentao da contabilidade por partidas dobradas. Embora no fosse inventada por Pacioli, recebeu o mais extenso tratamento at ento. A noo de contabilidade por partidas dobradas j se esboara no Liber abaci, de Fibonacci, e aparecera em um livro publicado em torno de 1305 pela filial londrina de uma empresa italiana. Qualquer que seja sua origem, essa inovao revolucionria nos mtodos contbeis teve importantes conseqncias econmicas, comparveis descoberta da mquina a vapor trezentos anos depois. (grifo nosso) Em sua estada em Milo, Pacioli entrou em contato com Leonardo da Vinci, que se tornou seu amigo ntimo. Pacioli ficou impressionadssimo, com os talentos de Leonardo e comentou sobre sua inestimvel obra sobre o movimento espacial, a percusso, o peso e todas as foras. Eles devem ter tido muito em comum, pois Pacioli se interessava pelas inter-relaes entre matemtica e arte. Certa vez, ele observou que se diz que a msica satisfaz a audio, um dos sentidos naturais... (a perspectiva) faro mesmo para a viso, que muito mais valiosa por ser a principal porta do intelecto. Leonardo sabia pouca matemtica at conhecer Pacioli, embora fosse dotado de um senso intuitivo de proporo e geometria. Seus cadernos de notas esto repletos de desenhos feitos com rgua e compasso, mas Pacioli encorajou-o a dominar os conceitos que vinha usando intuitivamente. Martin Kemp, um dos bigrafos de Leonardo, afirma que Pacioli forneceu o estmulo para uma transformao sbita nas ambies matemticas de Leonardo, efetuando uma reorientao no interesse de Leonardo que nenhum outro pensador da poca conseguiu. Leonardo, por sua vez, forneceu desenhos complexos para a outra grande obra de Pacioli, De divine proportione, que apareceu em dois belos manuscritos em 1498. A edio impressa veio a lume em 1509. Leonardo possua um exemplar da Summa e deve t-la estudado com grande afinco. Seus cadernos registram vrias tentativas de compreender os mltiplos e as fraes como uma ajuda para o seu uso da proporo. Em certo ponto, ele se prope a aprender a multiplicao das razes com mestre Luca. Atualmente, Leonardo mau conseguiria acompanhar uma aula de aritmtica do terceiro ano primrio. Pacioli decifrou um enigma que permitiu, pela primeira vez, que pessoas tomassem

36 deciso e previssem o futuro com ajuda dos nmeros. 1.5.1.1 Texto do Prof. Jos Carlos Marion

Ainda que a Contabilidade remonte os primeiros sinais de existncia a 4.000 anos Antes de Cristo, ela atinge a sua fase adulta e completa, nas cidades italianas de Veneza, Gnova, Florena e Pisa. O desenvolvimento da Contabilidade est associado com o desenvolvimento social, comercial (econmico) e institucional das sociedades. A Itlia apresentava tais desenvolvimentos principalmente em torno do sculo XV, tornando-se conhecida como o bero da Contabilidade. O incio da era cientfica da Contabilidade ocorre exatamente neste sculo. O que marca o incio desta fase a obra de Fr Luca Pacioli, com seu monumental livro Tractatus de Computis et Scripturis, em Veneza, em 1494. A obra de Pacioli d incio ao que ainda se denomina hoje de Escola Contbil Italiana de Contabilidade Luca Pacioli nasceu em Borgo S. Sepolcro, hoje Sansepolcro, provincia de Arezzo, por volta de 1445 a 1450. Dedicou-se matemtica escrevendo Summa de Arithmetica, Geometria, Proportione et Proportionalit que deu origem obra acima referida. No tratado de Pacioli, pela primeira vez, explicado integralmente o mtodo contbil, conhecido hoje como processo das partidas dobradas. Iniciou-se assim a introduo da Contabilidade como cincia, ficando ele conhecido como "o pai dos autores de Contabilidade" ou ainda "o pai da Contabilidade Cientfica". Depois de Pacioli, os que lhe sucederam limitaram-se quase que a copiar o que ele havia escrito. Sua obra, surpreendentemente atual, foi reeditada no sculo passado a uma linguagem atual por Vicenzo Gitti. Em plena era da tecnologia da informao, da reengenharia, das maiores invenes da histria do homem, nada se avanou em termos do mtodo contbil oficializado por Pacioli. At mesmo os termos to complexos de se entender, Dbito e Crdito, usados por Pacioli, no encontraram qualquer variao. Conseguimos, sim, acelerar, dar uma velocidade espantosa na aplicaco do mtodo de Veneza na era da informtica, porm, sem mudar a sua base estrutural um milmitro se quer. Quem foi este gnio que revolucionou o mundo contbil ? Que em 500 anos de predomnio absoluto em nada foi superado ou contestado ? Ser que em qualquer outra rea

37 existe um mtodo que perdura tanto tempo, mantendo-se intacto, soberano, absoluto, sem concorrncia? Pacioli foi matemtico, telogo, gemetra, mestre, arquiteto, poeta, publicista, mstico etc, tendo escrito vrias obras sobre diversos assuntos, especialmente matemtica. Viveu no perodo ureo que se denominou Renascena. Foi uma figura mpar, de grande relevo das artes e das cincias ao ponto de sua fisionomia ser transposta do natural para a tela, pelos pincis de Giacomo de Barbari, de Leonardo Da Vinci e de Pierro Della Francesca. Alis, Leonardo da Vinci foi seu amigo, companheiro de estudos e colaborador de Pacioli. Possivelmente pelos seus conhecimentos de Contabilidade foi secretrio de vrios cardeais e mereceu a proteo e estima dos papas Julio II e Leo X, mecenas da Renascena, que lhe reconheceram mritos incontestveis. Os mritos devido a Pacioli tambm em funo de ter sido mestre, exercendo o magistrio com toda a dedicao de apstolo, tendo modificado os hbitos pedaggicos da sua poca. Existia na cidade natal de Pacioli um convento da Ordem fundada por So Francisco de Assis, il poverello, do qual chegou a ser comissrio, recebendo tambm as ordens sacras. Assim o monge, vestindo o hbito franciscano, tem proteo e apoio nas suas peregrinaes. Creio que o monge franciscano nunca poderia imaginar que passados cinco sculos seria to famoso principalmente no meio contbil; certamente no poderia supor que jamais a sua obra seria superada. Ele termina a sua Suma com a seguinte frase na sua maior obra: Frater Lucas de Burgo Sancti Sepulchri ordinis minorum et sacre theologie humilis professor suo parvo ingenuo ignaris compatiens hanc summan arithmetice, proportionumque et proportionalitatum edidit. "Irmo Lucas de Burgo Santo Sepulcro, da Ordem dos Menores e humilde professor da sagrada teologia deu lume este compndio de aritmtica, geometria, propores e proporcionalidades com seu pouco engenho, por compaixo dos ignorantes". 1.5 Contabilidade 1.5.1 Conceito A Contabilidade a cincia que estuda e controla o patrimnio, objetivando represent-lo graficamente, evidenciar suas variaes, estabelecer normas para sua

38 interpretao, anlise e auditagem e servir como instrumento bsico para a tomada de decises de todos os setores direta ou indiretamente envolvidos com a empresa. a cincia que estuda e pratica, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimnio das entidades, mediante o registro, a demonstrao expositiva e a revelao desses fatos, com o fim de oferecer informaes sobre a composio do patrimnio, suas variaes e o resultado econmico decorrente da gesto da riqueza econmica. (Hilrio Franco) A contabilidade registra todas as operaes da empresa, as quais devem ser tabuladas e quantificadas monetariamente, para que em seguida, sejam elaborados os respectivos relatrios contbeis que so entregues aos interessados em conhecer a situao da empresa. Esses interessados, por meio dos relatrios contbeis, recordam os fatos acontecidos, analisam os resultados obtidos , as causas que levaram queles resultados e tomam decises em relao ao futuro. Portando, a contabilidade um instrumento retrospectivo para a tomada de decises futuras. De acordo com o IBRACON, a contabilidade , objetivamente, um sistema de informao e avaliao, destinado a prover seus usurios com demonstraes e anlises de natureza econmica, financeira, fsica e de produtividade, com relao entidade objeto de contabilizao.

Funes da contabilidade

Registrar: todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor; Organizar: um sistema que controla adaptado e adequado empresa; Demonstrar: com base nos registros realizados, expor periodicamente por meio de demonstrativos, a situao econmica, patrimonial e financeira da empresa; Analisar: os demonstrativos podem ser analisados com a finalidade de apurao dos resultados obtidos pela empresa; Acompanhar: a execuo dos planos econmicos da empresa, prevendo os pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros, e alertando para eventuais problemas.

Objetivos da contabilidade

39 De acordo com Hendriksen e Breda (1999), o primeiro enfoque definio dos objetivos da contabilidade concentrou-se no clculo e na apresentao do lucro lquido resultante de regras especficas de realizao e vinculao num balano que relacionasse o perodo corrente e perodos futuros, ou seja, dava nfase ao processo de coleta de dados e ao formato das demonstraes financeiras. Ainda, a principal dificuldade com uma nfase no processo de contabilizao e na estrutura convencional de divulgao a de que certos termos contbeis, tais como lucro lquido e receita, e mensuraes tais como custo histrico, possuem pouco e nenhum significado interpretacional no que se refere a fenmenos do mundo real. Tais termos so criaes de contadores e, embora seja possvel utiliz-los para fazer predies de fenmenos do mundo real, as evidncias no apiam a validade da idia de fazer da estrutura da contabilidade seu objetivo bsica. Na histria, autores e livros j descreveram os mais diversos objetivos para a contabilidade, como medir os recursos possudos por entidades especficas; refletir os direitos contra essas entidades e os interesses nela existentes; medir as variaes desses recursos, direitos e interesses; atribuir as variaes a perodos determinveis; exprimir os dados anteriores em termos monetrios como denominador comum. Desde os seus primrdios que o objetivo bsico da Contabilidade tem sido o acompanhamento das atividades realizadas pelas pessoas, no sentido indispensvel de controlar o comportamento de seus patrimnios, na funo precpua de produo e comparao dos resultados obtidos entre perodos estabelecidos. De acordo com o Silva (2002) a contabilidade tem como objeto o Patrimnio das Entidades econmico-administrativas, seu objetivo permitir o estudo e o controle dos fatos decorrentes da gesto do patrimnio dessas entidades com a finalidade de propiciar a obteno de informaes econmicas e financeiras acerca da entidade. O objetivo fundamental da Contabilidade refere-se orientao da administrao das empresas no exerccio de suas funes. Portanto a Contabilidade o controle e o planejamento de toda e qualquer entidade scio-econmica. Controle: a administrao atravs das informaes contbeis, via relatrios pode certificar-se na medida do possvel, de que a organizao est agindo em conformidade com os planos e polticas determinados. Planejamento: a informao contbil, principalmente no que se refere ao estabelecimento de padres e ao inter-relacionamento da Contabilidade e os planos oramentrios, de grande

40 utilidade no planejamento empresarial, ou seja, no processo de deciso sobre que curso de ao dever ser tomado para o futuro. Para Iudcibus e Marion (2002), a contabilidade tida como um sistema de informaes e avaliaes que busca o provimento de demonstraes e anlises de natureza econmica, financeira, fsica e de produtividade aos seus usurios. A Contabilidade tem como objetivo principal permitir que os usurios avaliem a situao financeira e econmica da entidade e possam inferir sobre as tendncias futuras da mesma e assim contribuir para o processo decisrio dos usurios, no se justificando por si mesma. Os objetivos da contabilidade devem ser aderentes quilo que o usurio considera como elementos importantes para seu processo decisrio. A verdade da contabilidade reside em ser instrumento til para a tomada de deciso pelo usurio, tendo em vista a entidade. Usurio a pessoa fsica ou jurdica que tenha interesse na avaliao da situao e evoluo de qualquer entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades no lucrativas, ou mesmo patrimnio familiar.

1.6.4 Metodologia de mensurao e finalidade da contabilidade

De acordo com Iudcibus, Martins e Gelbcke (1995), a metodologia de mensurao, a contabilidade rene tanto o social quanto o quantitativo, pois seus critrios de avaliao envolvem muitas vezes subjetividade e incerteza, do prprio ambiente social e econmico no qual as entidades esto operando. No entanto, quanto a finalidade da contabilidade, tratase de uma cincia social, pois que suas avaliaes do progresso das entidades, possibilita conhecer-se a posio de rentabilidade e financeira, e de forma indireta auxilia o processo de tomada de decises e a aumentar a riqueza da entidade. Da mesma forma, materializa-se atravs da equao onde (Ativo = Passivo + Patrimnio Lquido).

1.6.5 Campo de atuao e objeto da contabilidade

Segundo Iudcibus e Marion (2002), o campo de atuao da contabilidade toda entidade que exera atividade econmica como meio ou fim. O objeto da contabilidade o

41 patrimnio de tais entidades sejam elas pessoas fsicas ou jurdicas, seja esse patrimnio resultante da consolidao de patrimnios de outras entidades distintas ou a subdiviso do patrimnio de