apostila semiologia 3 - dor

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  • 8/19/2019 Apostila Semiologia 3 - Dor

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    PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

    FACULDADE DE MEDICINA

    Phelipe Augusto Canossa Uchoa

    Ricardo Cunha de Camargo

    Marcos Guilherme dos Santos Farias

    Profª: Maria Cristina Furian

    SEMIOTÉCNICA

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      SINAIS E SINTOMAS COMUNS A MUITAS ENFERMIDADES:

    o  DOR:

    É uma sensação, portanto um fenômeno consciente e intransferível, negativamente afetiva,determinada por fenômeno reflexo, resultante de lesão dos tecidos que sofrem agressõesfísicas, químicas e biológica ou, menos frequentemente, proveniente de estímulos dolorosos(algógenos) direto de zonas encefálicas. É uma experiência sensorial e emocionaldesagradável associada a dano tecidual real ou potencial. É geralmente descrita segundo osprocessos penetrantes ou destrutivos dos tecidos (ex.: em punhalada, em queimação, emcontorção, dilacerante, compressiva etc.) e ou segundo reações emocionais ou corporais(pavorosa, nauseante, debilitante). A dor é um fenômeno subjetivo de caráter dual: é tantouma sensação como uma emoção, logo o relato de dor de um paciente deve ser aceitocomo fato, a não que haja alguma prova contrária. 

    São diversas as teorias que explicam o fenômeno da dor, dentre elas, as mais aceitassão:

      Teoria Bioquímica da Dor: É o efeito do contato de substancias sobre as terminaçõesamielínicas paravasculares, ou da ação irritante de algumas prostaglandinas sobreas ramificações terminais dos nervos sensitivos (extremidades livres dos nervos);

    BIOQUÍMICA DA DOR:

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    Em resumo, é preciso que se fixem e se compreendam as seguintes etapas:1) Isquemia – qualquer que seja o tipo de lesão.2) Liberação de substâncias autacóides: aminas, quininas, bradicininas,

    prostaglandinas, leucotrienos, todos em maior concentração tecidual.

    3) Acidose local  –  levam ao edema e excitam a extremidade livre do neurônio(componente aferente), dando a sensação da dor.

     Teoria da Comporta (Gate Control Theory): A dor é consequência da interação defatores facilitantes ou bloqueantes que modulam a transmissão sináptica dosreceptores periféricos até o sistema nervoso central.

    TIPOS DE DOR:

      Dor aguda: tende a estar associada a alguma lesão e/ou inflamação. Tende estarassociada a uma reatividade comportamental e a uma resposta de estresse corporal:

    elevação da pressão arterial, da frequência cardíaca, aumento do diâmetro da pupila(midríase) e dos níveis plasmáticos de cortisol. Muitas vezes pode haver contraçãode músculos no local da dor (ex.: flexão de membros, rigidez da parede abdominal).

      Dor crônica: persiste além do período de cicatrização esperado, portanto éconsiderada patológica.

      Dor somática: é bem localizada, sua etiologia tende a ser de lesão ou doença dapele, estruturas musculoesqueléticas e articulações.

      Dor visceral: costuma ser difusa, mal localizada e está frequentemente referida emregiões somáticas, tem etiologia associada a disfunções dos órgãos internos, porexemplo, a inflamação, isquemia, oclusão do fluxo resultando distensão capsular ou

    do órgão.  Dor neuropática: resulta de doença ou lesão do sistema nervoso somatossensorial

    periférico ou central.  Dor nociceptiva: tem etiologia, geralmente, relacionada a lesão ou patologia que

    afeta estruturas somáticas como a pele, músculos, tendões e ligamentos, ossos earticulações.

    DOR REFERIDA:

    O que está na base desse fenômeno é a convergência de impulsos sensoriais paraum único neurônio medular transmissor da dor. Os neurônios medulares que recebemimpulsos das vísceras e estruturas musculares também recebem impulsos da pele. Opadrão da convergência é determinado pelo segmento medular do gânglio da raiz dorsalque supre a inervação aferente de uma estrutura específica. Essa convergência e o fato deos neurônios medulares serem frequentemente ativados por impulsos oriundos da peleexplicam o porquê de a atividade despertada nos neurônios medulares por impulsosprovenientes de estruturas profundas serem equivocadamente correspondente à área depele inervada pelo mesmo segmento medular. Dessa forma, uma inflamação localizada nodiafragma ou em suas imediações é habitualmente relatada como uma sensação dedesconforto próximo ao ombro.

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    SENSIBILIZAÇÃO:

    Processo clinicamente importante que envolve mediadores de inflamação, fator decrescimento neural, algumas prostaglandinas e leucotrienos. Ocorre tanto em nível dasterminações nervosas periféricas (sensibilização periférica) como no corno posterior damedula espinal (sensibilização central). Contribui para hipersensibilidade à palpação,sensibilidade dolorosa e hiperalgesia. Exemplo: pele queimada pelo Sol. Esse fenômeno éparticularmente essencial para compreendermos a dor e a sensibilidade de tecidosprofundos; normalmente as vísceras são relativamente insensíveis a estímulos mecânicos etérmicos nocivos, apesar de as vísceras cavo-musculares causarem desconforto importante

    quando distendidas. Porém, quando os tecidos profundos são afetados por processosmórbidos com componentes inflamatórios, estes adquirem notável sensibilidade àestimulação mecânica. As vísceras são inervadas por fibras aferentes nociceptorastotalmente insensíveis nesses tecidos quando livres de lesão e inflamação, isto é, não sãoativadas por estímulos mecânicos ou térmicos conhecidos nem se encontramespontaneamente ativas; porém, na presença de mediadores inflamatórios esses aferentestornam-se sensíveis a estímulos mecânicos. Por isso, em condições patológicas, asestruturas profundas relativamente insensíveis podem tornar-se fonte de dor intensa edebilitante.

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    MODULAÇÃO DA DOR:

    CARACTERES PROPEDÊUTICOS DA DOR:

    1) SEDE: é o local de maior intensidade. Pedir para o paciente apontar o local de maiorintensidade.

    2) COMPARAÇÃO: pedir para que o paciente compare a dor sentida com algumasensação já experimentada por ele (peso, cólica, queimação, facada, choque,constrição, aperto, estufamento, plenitude ou mal definida). Vale lembrar,novamente, que se faça a pergunta de modo a não induzir o paciente a dar umaresposta que o profissional espera, logo é prudente, ao invés de perguntar “o quesenhor sente são facadas”, perguntar “a dor que o senhor sente parece com o que?”.  

    3) INTENSIDADE: pedir ao paciente classificar a dor de 0 a 10, 0 sendo nenhuma e 10sendo a dor mais forte que ele já sentiu. Vale lembrar que, ao registrar no prontuário,é preciso estar presente a intensidade e a escala; exemplo: 1/10, 8/10 etc.

    4) EXTENSÃO: Área abrangida pela dor. Solicitar ao paciente que delimite com a mão

    ou com o dedo, na sede da dor, o tamanho da área desta. A grosso modo existem,basicamente, dois tipos de dor: superficial, que é bem delimitada e de pequenaextensão; profunda, que é extensa e mal delimitada (difusa) e normalmente ocorre

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    2) DOR ABDOMINAL: a interpretação correta é um desafio e exige maior discernimentodo médico, afinal seus resultados são catastróficos e estes podem ser antecipadospor sinais e sintomas sutis. Anamnese e exame físico devem ser minuciosos.Descreva propedeuticamente as dores dos distúrbios relacionados abaixo, liste suas

    causas e explique os mecanismos que desencadearam as dores de cada um dessesdistúrbios.a) Inflamação do peritônio parietal.b) Distúrbios vasculares.c) Parede abdominald) Doenças com dor referida no abdomee) Crises abdominais metabólicas

    REFERÊNCIAS:

    SEMIOTECNICA DA OBSERVAÇÃO CLÍNICA – JOSÉ RAMOS JUNIOR.

    CECIL MEDICINA – LEE GOLDMAN E ANDREW I. SCHAFER.

    MEDICINA INTERNA DE HARRISON – LOGO ET AL.