apostila de semiologia médica - universidade federal do rio grande - furg

Upload: danilo-s-pinto

Post on 11-Oct-2015

726 views

Category:

Documents


17 download

DESCRIPTION

Caderno criado a partir das aulas dos professores da Medicina da FURG, das anotações dos veteranos (Ju Pires) e de fontes de consulta diversas.TEMAS:ANAMNESE 1 INTERROGATÓRIO DO APARELHO RESPIRATÓRIO 2 INTERROGATÓRIO DO APARELHO CARDIOVASCULAR 13 INTERROGATÓRIO DO APARELHO DIGESTIVO 18 INTERROGATÓRIO DO APARELHO URINÁRIO 27 INTERROGATÓRIO NEUROLÓGICO 33 EXAME FÍSICO TORÁCICO 37 SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS 45 EXAME FÍSICO CARDIOVASCULAR 55 SÍNDROMES CARDIOLÓGICAS 69 EXAME FÍSICO DE ABDÔMEN 73 SÍNDROMES RENAIS 82 SÍNDROMES DIGESTIVAS 89 EXAME FÍSICO NEUROLÓGICO 93 SÍNDROMES NEUROLÓGICAS 108 LESÕES ELEMENTARES DE PELE 112 HIPERTENSÃO PORTAL 114 ENCEFALOPATIA HEPÁTICA 115 PRESSÃO ARTERIAL117 HEMOGRAMA 120 SÍNDROMES HEMATOLÓGICAS 122 ENDOCRINOLOGIA 125 PROPEDÊUTICA DERMATOLÓGICA 136 SEMIOLOGIA OSTEOARTICULAR 139 PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA 143 PARALISIA FACIAL CENTRAL 143 SEPSE 143 PERDA DA CONSCIÊNCIA 143HIPOTENSÃO POSTURAL 144 TROMBOSE VENOSA PROFUNDA. 144 ERISIPELA X CELULITE 145 PULSO 145 ASCITE 148 ICTERÍCIA 148 VESÍCULA E VIAS BILIARES 152 PANCREATITE 153 COMA 153 CHOQUE 156

TRANSCRIPT

  • Caderno criado a partir das aulas dos

    professores da Medicina da FURG, das

    anotaes dos veteranos (Ju Pires) e de fontes

    de consulta diversas.

    Caderno de

    Semiologia Organizao: Smara Becker

    Medicina FURG ATM 2018

    Colaboradores: Ana Caroline Moraes

    Ariane Neuhaus Isabella Fonseca Jssica Santana Juliana Batista Luigi Cericato

    Marina Behrends Tefilo Vieira

    Valri Camargo Vincius Santos

  • SUMRIO

    ANAMNESE ................................................................................................................................................... 1

    INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO ....................................................................................... 2

    INTERROGATRIO DO APARELHO CARDIOVASCULAR ............................................................................... 13

    INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO ........................................................................................... 18

    INTERROGATRIO DO APARELHO URINRIO ............................................................................................. 27

    INTERROGATRIO NEUROLGICO ............................................................................................................. 33

    EXAME FSICO TORCICO ........................................................................................................................... 37

    SNDROMES RESPIRATRIAS ...................................................................................................................... 45

    EXAME FSICO CARDIOVASCULAR .............................................................................................................. 55

    SNDROMES CARDIOLGICAS .................................................................................................................... 69

    EXAME FSICO DE ABDMEN ..................................................................................................................... 73

    SNDROMES RENAIS ................................................................................................................................... 82

    SNDROMES DIGESTIVAS ............................................................................................................................ 89

    EXAME FSICO NEUROLGICO .................................................................................................................... 93

    SNDROMES NEUROLGICAS ................................................................................................................... 108

    LESES ELEMENTARES DE PELE ................................................................................................................ 112

    HIPERTENSO PORTAL ............................................................................................................................. 114

    ENCEFALOPATIA HEPTICA ...................................................................................................................... 115

    PRESSO ARTERIAL ................................................................................................................................... 117

    HEMOGRAMA ........................................................................................................................................... 120

    SNDROMES HEMATOLGICAS ................................................................................................................ 122

    ENDOCRINOLOGIA .................................................................................................................................... 125

    PROPEDUTICA DERMATOLGICA ........................................................................................................... 136

    SEMIOLOGIA OSTEOARTICULAR ............................................................................................................... 139

    PARALISIA FACIAL PERIFRICA .................................................................................................................. 143

    PARALISIA FACIAL CENTRAL...................................................................................................................... 143

    SEPSE ........................................................................................................................................................ 143

    PERDA DA CONSCINCIA .......................................................................................................................... 143

  • HIPOTENSO POSTURAL .......................................................................................................................... 144

    TROMBOSE VENOSA PROFUNDA ............................................................................................................. 144

    ERISIPELA X CELULITE ............................................................................................................................... 145

    PULSO ....................................................................................................................................................... 145

    ASCITE ....................................................................................................................................................... 148

    ICTERCIA .................................................................................................................................................. 148

    VESCULA E VIAS BILIARES ........................................................................................................................ 152

    PANCREATITE............................................................................................................................................ 153

    COMA ....................................................................................................................................................... 153

    CHOQUE ................................................................................................................................................... 156

  • 1 ANAMNESE

    ANAMNESE

    Questionrio: perguntas curtas e objetivas

    Pergunta aberta: como a sua dor?

    Porque o senhor veio ao mdico?

    Pergunta focada: como a sua dor torcica?

    Pergunta fechada: quantos anos voc tem?

    Facilitao: encorajar o paciente. Ex.: balanar a cabea enquanto o paciente fala, como sinal de

    entendimento.

    Reflexo: repetir as ltimas palavras do paciente.

    Esclarecimento: resumir as queixas do paciente, para ver se elas foram entendidas de maneira correta.

    Confrontao: colocar o paciente frente ao que disse, quando ele fala uma coisa mas demonstra outra,

    por exemplo.

    Interpretao: observaes acerca do relato do paciente.

    Empatia: por palavras, gestos ou atitudes.

    Observao:

    Sinal: um dado objetivo, que pode ser percebido pelo examinador pela inspeo, palpao,

    percusso, ausculta ou evidenciado atravs de meios subsidirios. Ex.: tosse, vmito, edema,

    cianose, hematria.

    Sintoma: sensao subjetiva anormal sentida pelo paciente e no visualizada pelo examinador.

    Ex.: dor, m digesto, tontura, nusea.

    Sndrome: conjunto de sinais e/ou sintomas que ocorrem associados e que podem ser

    determinados por diferentes causas. Ex.: sndrome febril.

    Processo mdico:

    Histria clnica

    uma descrio por escrito dos dados colhidos na entrevista mdica. Os dados devem ser reais,

    consistentes, claros, concisos e cronolgicos, alm de serem compreendidos por qualquer profissional

    da rea da sade.

    1) Identificao

    2) Queixa principal (qp)

    3) Histria da doena atual (hda)

    4) Antecedentes pessoais (ap)

    5) Antecedentes familiares

    6) Reviso de sistemas

    Histria Clnica

    Exame fsico Inspeo Palpao Percusso Ausculta

    Lista de problemas

    Conduta Diagnstica Teraputica Educacional

  • 2 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Tosse

    um fenmeno usualmente reflexo, em que h um fluxo o mais elevado possvel e cuja principal

    consequncia a defesa dos pulmes e das vias areas.

    uma manobra expulsiva forada, usualmente contra a glote fechada e que se associa a um som

    caracterstico.

    um ato expulsivo constitudo de 3 etapas:

    1. Esforo respiratrio: inspirao rpida e profunda.

    2. Esforo expiratrio forado contra a glote: fechamento da glote e contrao dos msculos

    expiratrios, principalmente o diafragma.

    3. Abertura da glote com rpido fluxo expiratrio: expirao forada mecanismo de defesa

    para as vias respiratrias.

    Anatomia e neurofisiologia do reflexo da tosse

    1. Receptores

    Encontrados em grande quantidade nas vias areas, da laringe at a carina e nos brnquios;

    Estimulados por mecanismos qumicos (gases irritantes), mecnicos (poeira, corpo estranho, ou da

    presso arterial), trmico (frio ou calor excessivo) e inflamatrios (hiperemia, edema, secrees e

    ulceraes).

    Outros locais: cavidade nasal, seios paranasais, conduto auditivo externo, membrana timpnica, pleura,

    estmago, pericrdio, diafragma e esfago.

    2. Nervos aferentes

    Vago, glossofarngeo, frnico e trigmeo.

    3. Centro da tosse

    Bulbo: controle do crtex cerebral.

    4. Nervos eferentes

    Frnico (diafragma), larngeo recorrente (glote) e vago (vias areas).

    5. Msculos efetores

    Msculos traco-abdominais.

    Fases da tosse

    Fase inspiratria

    * O pulmo insufla-se para elevar a massa de ar a ser expelida.

    * O aumento do volume pulmonar acarretar em um aumento da fora elstica (elasticidade,

    velocidade, eliminao) e fora retrtil dos alvolos.

    * Estimulao eferente dos nervos frnico, espinhais e intercostais (contrao do diafragma).

  • 3 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Fase compressiva

    * Fechamento da glote (larngeo recorrente) - presso nos alvolos.

    * Compresso dinmica das vias areas (vago).

    * A reduo do calibre brnquico ir criar um corredor por onde a massa de ar ir passar.

    Fase expiratria

    * Abertura da glote (larngeo recorrente).

    * Relaxamento do diafragma, que empurrado para cima, o que comprime ainda mais o trax

    (frnico).

    * O fluxo areo expulso em alta velocidade.

    Fase de relaxamento

    Avaliao semiolgica da tosse

    Frequncia

    Intensidade

    Durao

    Tonalidade (rouca,grave...)

    Presena de secreo

    Perodo em que predomina

    Relao com os decbitos

    Presena de outros sintomas (refluxo, azia, icc)

    Uso de medicamentos 20% dos inibidores da eca causam tosse.

    Mudana do carter da tosse.

    Intensidade

    * Escalas analgsicas 0-10

    * Questionrio sobre qualidade de vida.

    * Contagem de tosses: n de tosses em determinado perodo (normal 3 tosses/hora) + tempo que se

    gasta (em segundos) tossindo.

    Durao

    Ii diretrizes brasileiras para o manejo da tosse clnica

    * Aguda: presena de sintoma por at 3 semanas.

    * Subaguda: tosse persistente por perodo de 3 a 8 semanas.

    * Crnica: durao maior que 8 semanas.

    1 consenso brasileiro sobre tosse

    * Aguda: 3 semanas

    * Crnica: 3 semanas.

    cigarro, gotejamento ps-nasal, hiper-reatividade brnquica doena do refluxo gastro-esofgico,

    sinusopatia).

    Presena de secreo

    * Seca: sem secreo.

    * mida: com secreo.

  • 4 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    * Produtiva: escarra.

    * No produtiva: no escarra, engole.

    Perodo em que predomina

    Manh (acumula secreo durante a noite): dpoc, bronquite crnica, enfisematoso, fumante (substncia

    do cigarro causa paralisia dos clios).

    Noite: icc...

    Tipo de tosse Caractersticas principais

    Quintosa Em acessos, mais frequente de madrugada, acompanhada de vmitos e sensao de asfixia.

    Sncope Aps a crise intensa, leva perda de conscincia. Mais comum em idades avanadas.

    Bitonal Resultado de leso em corda vocal, que pode atingir o nervo larngeo recorrente.

    Rouca Ocorre em laringite crnica (tabagismo) ou aguda.

    Reprimida O paciente reprime a tosse por ela causar dor.

    Ps-infecciosa Algum microrganismo deixa os receptores mais sensveis por um tempo.

    Expectorao

    o conjunto de materiais formados e/ou depositados na mucosa respiratria e eliminado por via oral.

    Em condies normais so produzidos 100ml de muco em 24h, que so trazidos at a garganta pela

    movimentao ciliar e depois deglutidos inconscientemente com a saliva. A tosse s surge quando essa

    produo est aumentada, quando precisamos eliminar esse excesso.

    O muco constitudo por cerca de 95% de gua e 2-3% de glicoprotenas.

    Avaliao semiolgica da expectorao

    Aspecto

    Odor

    Volume

    Cor

    Horrio

    Mudana de carter

    Aspecto

    * Seroso: semelhante saliva (predominantemente gua, clulas e protenas).

    * Mucoso: translucido e transparente como a clara de ovo (gua, mucoprotenas e clulas).

    * Purulento: amarelo-esverdeado (rico em picitos restos de leuccitos, celularidade).

    * Hemptico: com sangue.

    * Piohemtico: pus e sangue.

    * Molde brnquico: compacto.

    Hemoptise

    a expectorao de sangue oriundo do trato respiratrio. todo o sangue que tem origem abaixo das

    cordas vocais (traquia, brnquios e pulmes).

    Varia desde estrias de sangue no escarro at sangramento macio com risco de vida.

  • 5 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Qualquer doena pulmonar pode se manifestar como hemoptise.

    Circulao pulmonar

    O pulmo nutrido por dupla circulao.

    Artrias brnquicas: por fazer parte da circulao sistmica, presso (+volume).

    Nutre dos brnquios principais at os bronquolos terminais, interstcio, pleura, tecido linfoide e

    estruturas nervosas.

    A maior parte dos sangramentos provm dessas artrias.

    Bronquite crnica, bronquioectasias, carcinoma brnquico (acometem vasos da parede brnquica).

    Artrias pulmonares: apresentam presso bem menor.

    Nutrem o parnquima pulmonar e os bronquolos respiratrios.

    O volume sanguneo costuma ser menor.

    Etiologia

    Vasos da parede brnquica: bronquite crnica, bronquioectasias, ca brnquico.

    Vasculatura pulmonar: ice, estenose mitral, embolia pulmonar.

    Parnquima pulmonar: pneumonia, inalao de cocana, doenas autoimunes.

    Iatrognica: distrbio coagulao, ca, tabaco.

    Caracterizao

    Tosse: hemoptise precedida de tosse.

    Sangue vermelho vivo.

    Presena de bolhas de ar.

    Rudos respiratrios.

    Sensao de fervura.

    Borbulhamento.

    Diagnstico diferencial

    * Epistaxe (sangramento pelo nariz): se houver aspirao, haver tosse.

    * Hematmese (sangramento do trato digestivo alto): sem bolhas, de cor escura, com restos

    alimentares, precedido de nuseas e vmitos.

    * Sangramento de cavidade oral (visvel)

    Classificao

    Leve: 600ml em 24h ou +de 30ml/hora.

  • 6 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    macia: causa risco de bito.

    Vmica

    a expulso brusca e macia, pela boca (e inclusive pelo nariz), de uma grande quantidade de pus ou

    lquido.

    feita em golfadas, com violentos acessos de tosse.

    Pode provocar sufocao e asfixia, quando no eliminada.

    Acontece frequentemente em abscessos pulmonares, quando o paciente deita sobre o lado do abscesso

    e drena.

    Dispnia

    a dificuldade para respirar (sintoma subjetivo), presente em doenas ou grandes exerccios.

    comum nas doenas respiratrias e cardacas.

    Pode ser visualizada por sinais como taquipnia, batimento das asas do nariz, tiragem intercostal ou

    generalizada, cianose, fscies de angstia.

    O desconforto respiratrio varia na qualidade e na intensidade, dependendo do paciente.

    Deriva de interaes entre mltiplos fatores fisiolgicos, psicolgicos, sociais e ambientais e pode

    induzir respostas secundrias fisiolgicas e comportamentais.

    Sensaes descritas e situaes associadas

    Sensao DPOC ICC Doena

    intersticial Asma

    Doena neuro-muscular

    Gravidez TEP

    Respirao rpida

    Exalao incompleta

    Respirao superficial

    Aumento do esforo

    Sufocao

    Fome de ar

    Opresso torcica

    Respirao pesada

  • 7 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Controle respiratrio e mecanismos da dispnia

    Sintomas respiratrios

    Manifestaes primrias Manifestaes secundrias

    Manifestaes das vias areas: tosse, expectorao, hemoptise e chieira. Manifestao pleural: dor torcica. Manifestaes funcionais: dispneia, cianose.

    Manifestaes gerais: febre, anorexia, astenia, emagrecimento. Manifestaes mediastinais: sndrome da veia cava superior, compresso do nervo frnico, compresso do nervo larngeo recorrente. Manifestaes extra-torcicas: baqueteamento, sndrome de osteoartropatia, sndrome paraneoplsica.

    Ventilao normal implica:

    Eficiente comando nervoso pelo centro respiratrio e quimiorreceptores centrais e perifricos

    (leso neurolgica).

    Adequada resposta dos msculos respiratrios aos comandos nervosos (doena muscular

    congnita)

    Boa complacncia traco pulmonar (edema)

    Permeabilidade das vias areas (bronquite secreo)

    Patogenia

    Alterao anormal do centro respiratrio no tronco enceflico.

    Alteraes nas concentraes de po2 e pco2 sinalizadas por quimiorreceptores na cartida e aorta.

    Mecanorreceptores nas vias areas pulmes e parede torcica.

    Receptores aferentes vagais nas vias areas e pulmes.

    Receptores de estiramento pulmonares.

    Receptores inativos nas clulas epiteliais brnquicas.

    Fibras c encontradas no interstcio pulmonar.

    Ocorrer quando...

    Aumentar o nvel de ventilao, como no exerccio.

    Aumentar a resistncia das vias areas ou diminuir a elasticidade pulmonar.

  • 8 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Ocorrer fraqueza ou distrbio da eficincia mecnica dos msculos respiratrios.

    Causas agudas de dispnia: psicolgica, crise de asma intermitente, traumatismo torcico com fraturas

    de costelas, pneumotrax, hemotrax, embolia pulmonar, edema agudo de pulmo.

    Causas crnicas de dispneia: dpoc, asma, miocardiopatias, doena pulmonar intersticial.

    Etiologia

    Cardaca Pulmonar Outras causas

    Icc Cardiopatia isqumica Infarto do miocrdio Cardiomiopatia Disfuno valvular Arritmias

    Dpoc Asma Doenas pulmonares restritivas Pneumotrax

    Gravidez Obesidade Anemia Descondicionamento Altitude Sepse Causas psquicas

    Caractersticas semiolgicas

    Intensidade/severidade

    Relacionada restrio das atividades: dispneia de esforos

    * Grandes esforos: em esforos maiores que o habitual.

    * Mdios esforos: esforos habituais.

    * Pequenos esforos: em funes que nos mantm vivos.

    * Repouso.

    Grau de dispneia x atividade realizada

    * Grau 0 ao realizar exerccio intenso (nadar, correr...).

    * Grau 1 ao caminhar apressado no plano ou subir escadas.

    * Grau 2 anda mais devagar que as pessoas da mesma idade ou precisa parar de vez em

    quando enquanto caminha.

    * Grau 3 precisa parar ao andar alguns minutos ou 100m no plano.

    * Grau 4 precisa de ajuda para se vestir ou tomar banho.

    Frequncia respiratria (12-16)

    * Taquipnia: aumento da frequncia com diminuio da amplitude.

    * Bradipnia: diminuio da frequncia respiratria.

    * Hiperpnia: aumento da frequncia com aumento da amplitude.

    * Apnia: interrupo dos movimentos respiratrios por perodos prolongados.

    Ritmo

    * Normal

    * Ritmo de cheyne-stokes: ciclos respiratrios de amplitudes crescentes e depois decrescentes,

    alternados com perodos de apnia que se acompanham de obnubilao com ou perda de

    conscincia. Na fase apnica, a po2 cai e a pco2 aumenta, o que estimula o centro respiratrio,

    resultando em hiperventilao e hipocapnia, o que leva recorrncia da apneia (aterosclerose

    cerebral).

    * Ritmo de kusmaull: inspirao profunda e ruidosa, pausa, expirao profunda, nova pausa e

    assim sucessivamente.

    Modo de incio

  • 9 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Agudo ou crnico

    Durao e evoluo

    imediata (minutos), breve (horas/dias), prolongada (semanas).

    Fatores atenuantes e desencadeantes

    Sintomas associados

    * Chiado no peito: pode indicar broncoespasmo.

    Secreo na via erea, asma, dpoc.

    * Dor torcica: a dispneia pode ser secundaria a limitao ventilatria imposta pela dor,

    pneumotrax, pneumonia.

    * Dispneia sbita + dor torcica ventilatrio-dependente: pode ser pneumotrax espontneo,

    tromboembolismo pulmonar ou traumatismo torcico.

    * Tosse

    * Hemoptise

    * Edema

    OR

    TOP

    NEI

    A E

    DIS

    PN

    EIA

    PA

    RO

    XIS

    TIC

    A N

    OTU

    RN

    A

    Piora deitado e melhora sentado.

    IVE: o edema reabsorvido na posio deitada, RV, contudo, o corao no tem capacidade para armazenar esse sangue, levando ao edema pulmonar, que melhora sentado (RV).

    Doente respiratrio: usa melhor a musculatura na posio ortosttica ( menos necessrio para ele ficar sentado que na ICC).

    TREP

    OP

    NEI

    A

    Dispneia que aparece em determinado decubito lateral e desaparece com o decbito oposto. Indica doena unilateral, como derrame pleural ou paralisia de um hemidiafragma.

    PLA

    TIP

    NEI

    A

    Dispneia que surge/piora com a posio ortosttica, em especial de p. Quadros de pericardite e shunts direito-esquerdos.

    DIS

    PN

    EIA

    SU

    SPIR

    OSA

    Quando no se acha uma razo orgnica para a dispneia, esta pode ser chamada de suspirosa ou psquica. Relaciona-se ansiedade.

  • 10 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Avaliao da dispneia

    Dispneia cardaca Dispnia respiratria

    Incio sbito + inspiratria Tosse seca Edema membros inferiores, jugular Sopro valvar, ictus deslocado, sudorese e platipnia Dispneia paroxstica noturna

    Incio gradativo + expiratria Tosse crnica produtiva Hipocratismo digital mv,caixa torcica, tiragem, trepopneia. Dispneia paroxstica noturna

    Dor torcica

    Dor uma experincia sensorial e emocional desagradvel, associada a uma leso tecidual j existente u

    potencial, ou relatada como se uma leso existisse.

    Sintoma com componentes sensorial, cognitivo e afetivo-emocional.

    um mecanismo bsico de defesa.

    Quando aguda, est associada excitao comportamental e a resposta de estresse com aumento da

    pa, da fc, do dimetro pupilar e dos nveis plasmticos de cortisol.

    Causas

    Pulmonares: pneumonia (2%), pneumotrax, pleurites, traqueobronquites, cncer de pulmo

    (1,5%).

    Cardiovasculares: angina (31%), iam, pericardites (4%), miocardites, aneurisma dissecante da aorta.

    Caixa torcica: dor muscular, ssea, articular, trauma.

    Gastrointestinais: esofagites, espasmo esofgico, lcera pptica, distenso gstrica, pancreatite e

    litase biliar (42%).

    Psicolgicas: pnico e ansiedade

    Neurolgicas: herpes zoster (1%).

    Espirometria: diagnstico da doena restritiva e/ou obstrutiva.

    Radiografia Torcica: hiperinsuflao, doena bolhosa ou mudana no interstcio, alteraes no tamanho cardaco.

    Ecocardiograma: pacientes com corao aumentado ao raio-X, ou quando o diagnstico da doena tromboemblica crnica ou hipertenso pulmonar est sendo considerado.

    Tomografia computadorizada: no rotina. importante no diagnstico precoce de fibrose pulmonar e em pacientes fumantes com espirometria e radiograma normais com enfizema.

    Medida da difuso de gs (CO) Saturao Arterial de Oxignio (oximetria do dedo)

    Testes de exerccio cardiopulmonar

  • 11 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Doenas que cursam com a dor torcica e que podem levar ao risco de vida imediato:

    * Sndromes coronarianas agudas

    * Pneumotrax hipertensivo

    * Disseco da aorta

    * Tromboembolismo pulmonar

    Perguntas importantes

    H risco de vida imediato?

    A dor de origem cardaca?

    A rapidez no tratamento melhora o desfecho do paciente?

    Dor torcica de origem respiratria (traqueobrnquica, pleural, hipertenso pulmonar).

    Componentes do aparelho respiratrio: vias areas superiores, vias areas inferiores, parnquima

    pulmonar, pleura e vasos pulmonares.

    Componentes com sensibilidade dolorosa: vias areas superiores, traqueia, brnquio-fontes, pleura

    parietal, artrias pulmonares.

    Dor traqueobrnquica

    Aparece nas traqueobronquites agudas, de etiologia infecciosa ou irritativa e comum nas gripes, sendo

    provocada pela tosse.

    L Traqueobrnquica (retroesternal)

    I Sem irradiao

    C Queimao

    I Moderada (5 a 6)

    D Varivel

    E Auto-limitada, poucos dias.

    F Desencadeantes/agravantes: tosse, respirao profunda. Atenuante: repouso, antiinflamatrios e tosse. Acompanhantes: sintomas de via area superior e inferior.

    Dor pleural

    Tem sua origem na estimulao de receptores sensitivos localizados na pleura parietal, estimulados por

    inflamao e/ou distenso dela, durante os movimentos ventilatrios e/ou seus equivalentes.

    L Depende da inervao da poro pleural comprometida, mas bem localizada.

    I Trajeto intercostal

    C Pontada/facada

    I Forte (8 a 10)

    D Aguda

    E Depende da etiologia

    F Agravantes: ventilao, tosse Atenuantes: menor ventilao Acompanhantes: tosse e/ou dispneia e, s vezes, febre.

  • 12 INTERROGATRIO DO APARELHO RESPIRATRIO

    Quando a dor some e comea a dispneia, o derrame pleural se instala.

    Localizao da dor pleural:

    * Pleura costal at o nvel da 7 costela (n.intercostais): dor na rea vizinha a zona comprometida.

    * pleura costal da 8 a 12 costela e da poro perifrica do diafragma: dor na parte inferior do trax

    e superior do abdmen, inclusive fossas ilacas.

    * Pleura apical (plexo cervical): dor no ombro e regio cervical

    lateral.

    * Pleura diafragmtica medial (nervo frnico): dor no ombro.

    Dor pleural na pneumonia: pleurisia isolada.

    Dor pleural no pneumotrax:

    * Sbita, aguda, intensa.

    * Carter: punhalada

    * Acompanhada de dispneia, de maior e a menor intensidade, sem

    febre.

    Dor pleural Dor m. Esqueltico

    Incio abrupto Aguda,forte. Bem localizada, unilateral. Ventilatria-dependente Ausncia de hiperestesia palpao. Melhora em decbito homolateral. Taquipneia Ventilao reduzida no hemitrax.

    Incio mais insidioso Mdia intensidade Mais difusa; frequentemente bilateral. Piora com os movimentos do tronco. Presena de hiperestesia palpao. No melhora com o decbito. No costuma modificar o padro ventilatrio. No reduz a ventilao torcica.

    Exames complementares teis na investigao da dor:

    Radiografia Torcica

    Ecocardiograma Eletrocardiograma de esforo

    Cintilografia pulmonar

    TC Trax

  • 13 INTERROGATRIO DO APARELHO CARDIOVASCULAR

    INTERROGATRIO DO APARELHO CARDIOVASCULAR

    Tipos nosolgicos

    Cardiopatia isqumica - dor

    uma consequncia da isquemia cardaca (falta de irrigao falta de oxignio).

    Etiologia: doena aterotrombtica coronariana.

    fatores de risco: diabetes, hipertenso arterial sistmica, dislipidemia (todos lesam o endotlio vascular

    coronariano).

    A funo do endotlio produzir xido ntrico

    (vasodilatador) e endotelina (vasoconstritor) e o equilbrio

    dos dois que mantm o fluxo balanceado.

    Os fatores de risco alteram essa funo endcrina, xido

    ntrico e endotelina, o que leva a um processo

    inflamatrio, que facilita a migrao de outras clulas que

    carregam gordura para o vaso placas de ateroma

    obstruo.

    Isso leva a obstruo parcial ou total das coronrias,

    isquemias agudas ou crnicas do miocrdio, com ou sem

    infarto, levando a uma perda da funo miocrdica.

    Volumes diastlico e sistlico final ficam aumentados.

    Frao de ejeo fica diminuda.

    Relaxamento ventricular diminudo, contratilidade

    diminuda.

    Perda do relaxamento vascular arterial.

    Cardiopatia hipertensiva dispneia

    a consequente hipertrofia concntrica do ventrculo (remodelamento ventricular) a partir da has.

    O ps-carga aumentado produz um estmulo de remodelamento positivo.

    Cardiomiopatia reumatismal

    Ocorre na febre reumtica (doena colgeno-imune).

    A cpsula de streptococcus b hemoltico possui elementos parecidos com a do nosso corpo (por

    exemplo, das valvas), com isso, a resposta inflamatria do organismo a essa bactria leva a um processo

    autoimune, com inflamaes no endocrdio valvar, nas articulaes, rins, etc.

    No endocrdio valvar h retrao cicatricial do processo inflamatrio, provocando insuficincia ou

    estenose da vlvula artica e mitral.

  • 14 INTERROGATRIO DO APARELHO CARDIOVASCULAR

    Essa consequencia de sobrecarga de volume ou depresso nas cavidades nas quais as vlvulas cicatrizam

    a cardiopatia reumatismal.

    Cardiopatia congnita

    Conjunto de alteraes que levam dilatao ou hipertrofia.

    Miocardites virais, cardiomiopatia chagsica e cardiomiopatia congnita.

    Endocardiopatias

    Infeces que atacam locais com endotlio alterado, principalmente as valvas.

    Extremamente graves, mortalidade muito alta e tratamento muito agressivo.

    Pericardiopatias

    Decorrente de vrus, outras infeces, cncer, lpus, tuberculose.

    Doenas dos vasos pulmonares

    Tromboembolismo pulmonar:

    Disseco da aorta

    Complicao de um aneurisma de aorta, pode levar morte.

    Tipos de sofrimento

    Insuficincia cardaca

    Aumento da presso nos trios (esquerdo, direito ou ambos).

    Perda da funo diastlica e sistlica.

    Patologias: hipertrofia do ventrculo esquerdo, estenose artica, coarctao artica, has.

    Insuficincia coronariana

    Caracterizada pela falta de fluxo coronariano para um consumo de o2 adequado para o miocrdio.

    Coronria obstruda

    Hipertrofia do ve: fluxo coronariano insuficiente quando aumentar o consumo.

    Falta de 02 para o ciclo de krebs para produzir atp acidose dor.

    Arritmias

    Distrbios anatmicos e fisiolgicos (como irrigao, por exemplo) das regies de conduo eltrica.

    Bradicardias excessivas por falta de automatismo do nodo sinusal.

    Presso pulmonar

    Vasoconstrio (liberao de endotelina)

    Hipxia Sobrecarga do

    ventrculo direito (VD)

    Hipertrofia inicial

    Dilatao

  • 15 INTERROGATRIO DO APARELHO CARDIOVASCULAR

    Bloqueios atrioventriculares por reduo da conduo acentuada do n a-v.

    Bloqueio de ramo com assincronismo da contratilidade dos ventrculos.

    Hipoxemia

    Pela baixa po2, o sangue no vai adequadamente do trio direito para a circulao pulmonar e no

    chega adequadamente ao trio esquerdo para gerar um dbito cardaco bem oxigenado.

    sintomas

    Dispneia

    Indica congesto pulmonar.

    Esforo ventilatrio alm do normal.

    Dispneia cardaca:

    Dispneia aos esforos

    Pequenos, mdios, grandes esforos e repouso.

    Rpida progresso (diferente da respiratria).

    Ortopneia

    Aparece to logo o paciente se deita.

    Ao deitar:

    Dispneia paroxstica noturna (dpn)

    Mesmo mecanismo da ortopneia

    O paciente acorda com intensa dispneia, sufocao, tosse seca, opresso torcica posio de

    ancoragem.

    Obs: asma cardaca: dpn acompanhada de broncoespasmo, com sibilos.

    Edema agudo de pulmo

    a expresso final da dispneia cardaca.

    Transudao de lquido que ocorre rapidamente para o interstcio pulmonar, resultante do

    aumento da presso no trio esquerdo.

    Intensa dispneia, tosse com expectorao espumosa ou branca ou rosada.

    Presso no ventrculo

    Presso no trio

    Presso capilar

    pulmonar

    Extravazamento de lquido do

    capilar pulmonar

    Dificuldade ventilatria

    Retorno venoso

    Dbito no trio

    direito

    Fluxo pulmonar

    Dificuldade respiratria

  • 16 INTERROGATRIO DO APARELHO CARDIOVASCULAR

    Dor cardaca

    Dor coronariana (isquemia)

    Ocorre devido isquemia do miocrdio, que diminui o oxignio dos tecidos, obrigando a fazer um

    metabolismo anaerbio do ciclo das pentoses (em vez de entrar no ciclo de krebs) que leva a acidose e

    dor.

    Etiologia: aterosclerose.

    L Retroesternal

    I Face interna do membro superior esquerdo, nos ltimos 2 dedos, mandbula, pescoo, brao direito, ombros...

    C Constritiva, em aperto, sufocao, ardncia, queimao.

    I Varia com o grau de comprometimento isqumico.

    D Angina (2-3min); infarto (+ de 20min).

    E Rpida

    F Desencadeantes: exerccio fsico, emoes, frio, refeies copiosas (infarto repouso). Atenuantes: repouso; nitrato sublingual. Acompanhantes: no infarto nusea, vmito, sudorese fria.

    lembrar que diabticos, alcolatras e idosos podem no ter a percepo da dor como as outras

    pessoas.

    Dor pericrdica

    semelhante angina, mas mais aguda.

    constritiva, mas no desencadeada por esforos, no momentnea e agrava-se com a

    respirao em decbito dorsal, sendo aliviada com o paciente inclinado para a frente.

    Ausculta: atrito e alterao de bulhas.

    Dor dos grandes vasos

    Causada pela disseco dos vasos.

    Retroesternal; irradiao para pescoo, regio interescpulovertebral e ombros; lancinante,

    intensa, no atenua (morfina), incio sbito.

    Pa muito alta ou muito baixa, na amplitude de pulso, sopro.

    Dor pleural (embolia pulmonar)

    Ventilatrio-dependente, em pontada, intensa dispneia, cianose, hipoxemia.

    Palpitaes

    a sensao dos batimentos cardacos (incmodo), podendo ser fisiolgica ou patolgica. Nem sempre

    significa arritmia.

    Palpitaes de esforo: iniciam com o exerccio e desaparecem no repouso.

    Palpitaes que traduzem alteraes do ritmo cardaco: arritmias.

    Palpitaes que acompanham distrbios emocionais: so acompanhadas de sudorese, desmaio,

    dormncia.

    Perguntar:

  • 17 INTERROGATRIO DO APARELHO CARDIOVASCULAR

    * Forma de incio e de trmino.

    * Caracterstica (regulares ou irregulares), ritmo.

    * Bradi ou taquicardias (frequncia).

    * Fatores desencadeantes, acompanhantes, agravantes e atenuantes.

    * Fatores associados: drogas, agentes fsicos, alteraes hidroeletrolticas e/ou metablicas.

    Edema

    O edema cardaco consequente da insuficincia cardaca global, pois resulta do aumento da presso

    no trio direito.

    * p. Ad

    * Estimulao do sistema renina-angiotensina-aldosterona.

    * Capacidade de drenagem linftica ultrapassada.

    Associado a turgncia jugular e hepatomegalia.

    Caractersticas: frio, indolor, simtrico e vespertino.

    Outros sintomas

    Tosse: ice seca, mais a noite, causada pela congesto pulmonar. A congesto pulmonar causa irritao

    no receptor da tosse do bronquolo terminal.

    Hemoptise: p.ae hipertenso pulmonar secundaria a ic varizes sangue

    Cansao: dc o2 para os msculos.

    Sncope, pr-sncope (lipotimia/desmaio): dc circulao cerebral desorientao. tambm causada por alteraes no ritmo, hipoglicemia.

    Cianose: central ou perifrica vasoconstrio, baixa perfuso.

    Tontura: instabilidade

    Sintomas urinrios: nictria, oligo-anria, alteraes urinrias baixas.

    Sintomas digestivos: nuseas, vmitos, diarreia, anorexia.

    Antecedentes pessoais

    Hipertenso arterial sistmica

    Aterosclerose

    Outras cardiopatias

    Antecedentes familiares

    Cardiopatia isqumica

    Morte sbita

    Has

    Cardiomiopatia hipertrfica

    Cardiopatia congnita

  • 18 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    Caractersticas da anamnese

    importante saber:

    Fatores emocionais: quem , o que faz, onde mora, o seu trabalho.

    Fatores alimentares: o que come, quando come, se come rpido, se tem hora para comer.

    Uso de medicamentos: o muco protetor que vai da boca ao nus produzido por prostaglandinas,

    que so inbidas por anti-inflamatrios, podendo causar lceras.

    Bebidas alcolicas: em excesso pode causar doena heptica e tambm gastrite aguda, de incio

    sbito, acompanhadas de nusea e vmitos pela manh e dor epigstrica.

    Fumo/cigarro: retarda a ciscatrizao das lceras e de leses do tubo digestivo alto.

    Doenas pregressas

    Antecedentes pessoais e familiares: muitos tumores tm fator hereditrio importante, como o de

    clon.

    Esfago

    transporta o alimento da cavidade oral at o estmago.

    Keywords: odinofagia, disfagia, pirose, dor torcica, eructao, regurgitao,

    vmitos.

    Odinofagia

    a dor ao deglutir. Normalmente est acompanhada de disfagia e sempre

    deve-se perguntar onde est doendo, em que altura a dor. Normalmente

    di o pescoo.

    O tubo digestivo tem 2 plexos (autonmicos):

    Meissner: na mucosa, responsvel pela produo de muco e hormnios.

    Auerbach (mioentrico): muscular (peristaltismo).

    O tubo digestivo no tem fibras sensitivas na mucosa nem na submucosa, portanto no causa dor.

    Assim, as vsceras ocas doem devido contrao e distenso da mucosa.

    A odinofagia ocorre devido contrao e distenso da mucosa.

    Causas: lceras de esfago, anti-inflamatrios esteroides (diclofenaco), refluxo. causa a proliferao de fibras sensitivas = dor

    Disfagia

    a dificuldade deglutio.

    Disfagia motora: alterao na peristalse, na conduo do alimento ou na crdia.

    Acalsia: incoordenao dos movimentos peristlticos do esfago em relao cardia. O corpo do esfago praticamente no tem ondas peristlticas capazes de abrir a crdia para o

    alimento passar. Comum na doena de chagas: destruio do plexo mioentrico, que leva a uma hipotonia

    esofgica.

  • 19 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    Sequelados de avc: quando h um comprometimento do tronco cerebral que impossibilita o

    indivduo de se alimentar sem se engasgar.

    Disfagia mecnica: comea de maneira lenta e progride em 4-6 semanas.

    Ocorre em tumor de esfago (fumantes, alcolatras).

    uma disfagia para alimentos slidos, lquidos e pastosos.

    Comea a dor/sintomas quando 70% da luz esofgica est poupada.

    Pirose

    a sensao de queimao na regio retroesternal ou epigstrica.

    patognomnica na doena do refluxo esofgico.

    Ocorre normalmente aps as refeies e pode ser acompanhada de refluxo.

    Causas: gravidez, hrnia hiatal, hipotonia do esfncter inferior do esfago.

    Dor torcica

    Pode ser confundida com a dor cardaca (pois melhora com vasodilatadores), no entanto, a dor

    esofagiana:

    Ocorre comumente com o paciente deitado, em repouso.

    Melhora quando o paciente caminha.

    Pode melhorar com anticidos.

    Eructao

    Ocorre em consequncia de maior quantidade de ar durante as refeies ou em situaes de ansiedade.

    No um sintoma prprio do esfago.

    Regurgitao

    a volta do alimento ou de secrees do esfago e estmago cavidade oral, sem nuseas e sem a

    participao de msculos abdominais.

    Ocorre quase sempre aps as refeies.

    Causas: estenoses, neoplasias, obstruo por alimentos (causas mecnicas), megaesfago chagsico,

    acalsia idioptica (causas motoras).

    Ocorrem na hrnia hiatal, hipotonia do esfncter inferior do esfago, aumento da presso intra-gstrica

    ou intra-abdominais e em mudanas posturais.

    Estmago

    responsvel pela digesto.

    Keywords: dor epigstrica (3 tempos), pirose, plenitude ps-prandial,

    eructao, vmitos, hematmese, melena, dispepsia, halitose.

    Dispepsia

  • 20 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    qualquer dor ou desconforto que acometa o andar superior do abdmen (epigastro).

    um conjunto de sintomas: pirose, refluxo, azia, dor epigstrica, etc.

    Dor epigstrica

    percebida na linha mediana do epigastro, logo abaixo do apndice xifoide. Pode ser em 2, 3 ou 4

    tempos.

    Dor na lcera duodenal (3 tempos): di come passa a dor. O alimento neutraliza o cido que est irritando a lcera

    Dor na lcera gstrica (4 tempos): no tem dor come tem dor passa

    Plenitude ps-prandial

    a sensao de estufamento aps comer pouco.

    um sintoma muito inespecfico, pois ocorre tambm em quem tem ansiedade, depresso e dpoc, por

    exemplo.

    causado em leses na regio antral e do bulbo duodenal (tem muito contato com cidos).

    Vmito e nusea

    Normalmente manifesta-se em associao dor.

    Frequentemente tem origem extradigestiva.

    Sndrome pilrica

    uma obstruo do piloro, causada por lcera ou tumor. Sintoma inicial: plenitude.

    Halitose

    Cheiro amargo, cido no hlito. Pode ser um problema esofgico ou gstrico.

    Doena do refluxo gastroesofgico: pirose, halitose, dor torcica em espasmos, tosse crnica, problemas

    dentrios, faringites de repetio.

    Intestino delgado

    rgo longo, com funo de transporte e absoro de

    nutrientes. Todas as doenas do intestino delgado

    podem causar desnutrio. Alm disso, tem funo

    endcrina e imunolgica.

    Keywords: dor abdominal, diarreia, esteatorreia,

    hematoquezia, distenso abdominal, flatulncia,

    hematmese, melena.

    Dor abdominal

    Dor em regio periumbilical, tipo clica, com irradiao por todo o abdome, intensidade e durao

    variveis, acompanham alteraes na eliminao de gases e fezes; desencadeada pela alimentao e

    aliviada por antiespasmdicos.

  • 21 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    Causas: parasitoses intestinais, ocupao da vscera oca por tumores onde h o aumento da peristalse

    para eliminar a obstruo.

    Mecanismo: distenso da parede intestinal, aumento da tenso da parede intestinal, alteraes

    vasculares (congesto e isquemia), inflamao intestinal e inflamao peritoneal.

    Diarreia

    o aumento do teor lquido das fezes, frequentemente associado ao aumento do n de evacuaes e

    volume fecal em 24 horas.

    o sintoma que dirige o raciocnio diagnstico para o intestino delgado.

    Diarreia do intestino delgado: a frequncia menor que 10 vezes ao dia, no h tenesmo (sensao de

    esvaziamento incompleto), no h puxo e so de grande volume, pois possuem grande quantidade de

    alimento no absorvido.

    Esteatorreia

    o aumento anormal da quantidade de gordura nas fezes.

    Pode indicar m-absoro exclusiva de lipdios ou de todos os macronutrientes.

    Na maioria das vezes, associa-se diarreia, com aumento do volume das fezes.

    Pode ser acompanhada de clicas periumbilicais, distenso abdominal e flatulncia.

    As fezes so amareladas, mal formadas, brilhantes, com cheiro de rano e boiam no vaso, possuindo

    gordura ao redor.

    Tipos de diarreia

    Secretora: grande quantidade de lquido, na+ e k

    +. Incio sbito, desidratao, artralgia, cefaleia, e.coli,

    v. Cholerae.

    Osmtica: m-absoro de lipdios, glicdios, protdios. Diarreia volumosa, dor periumbilical.

    Motora: diarreia com diabetes ou hipertireoidismo. Mecanismo: peristaltismo, absoro, lquidos.

    Exsudativa: muco, pus, sangue. Ex: disenteria.

    Fisiopatologia da diarreia

    Problemas na digesto no estmago, na produo de sais biliares no fgado e no pncreas podem resultar em m absoro de gordura. Tumores gstricos, cirrose, obstruo da via biliar, pancreatite crnica, doena da mucosa, doena celaca, doena dos vasos.

    MELENA (ca clon, ca esfago, gastrite, tumores do intestino

    delgado, ruptura de varizes esofgicas, lcera pptica).

    Fezes pretas, ftidas, mal formadas, brilhantes.

    Indica sangramento acima do ngulo de treitz (aparelho digestivo

    alto).

    Normalmente associada diarreia.

    Hematmese (ca de esfago, ruptura de varizes esofgicas, ca

    gstrico, lcera pptica e esofgica, distrbios de coagulao).

    Perda de sangue do trato digestivo alto pela cavidade oral.

  • 22 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    Causas de melena e hematmese: lcera esofgica, duodenal ou gstrica, varizes esofgicas,

    gastropatia hipertensiva portal, doena de crohn.

    Outros sintomas do intestino delgado (menos frequentes)

    Anemia, enfraquecimento, equimose, dor ssea (absoro de vitaminas), anorexia.

    Observao:

    Sndrome de koenig: estenose no intestino delgado. No absoro de clcio (osteoporose).

    Intestino grosso

    absoro de gua e de certos eletrlitos;

    Sntese de determinadas vitaminas pelas bactrias

    intestinais;

    Armazenagem temporria dos resduos (fezes);

    Eliminao de resduos do corpo (defecao).

    Keywords: dor abdominal, diarreia, disenteria,

    constipao, dor anorretal, prurido anal, flatos,

    flatulncia, distenso abdominal.

    Dor abdominal

    Dor em clica, no baixo ventre, acompanhada de alteraes do hbito intestinal (constipao ou

    diarreia).

    Diarreia

    A diarreia do intestino grosso tem uma frequncia de mais de 10 vezes ao dias, costuma ter puxo e

    tenesmo, sangue, muco e pus.

    Disenteria

    Diarreia acompanhada de clicas intensas, com fezes com muco, pus e sangue.

    Mucosa danificada submucosa fica exposta libera sangue e plasma.

    Geralmente relacionada a infeces bacterianas (ex: salmonela), nas quais a diarreia dura em torno de 2

    dias ou a doenas inflamatrias intestinais, com comportamento crnico, nas quais h diarreia por mais

    de 30 dias.

    Hematoquezia (ca clon, disenteria, distrbios da coagulao, hemorroidas, diverticulite, plipos

    colorretais, lcera pptica, fissura anal, displasia vascular).

    Presena de sangue vermelho brilhante misturado com fezes.

    Pode ser leve, moderada ou intensa.

    Indica sangramento digestivo abaixo do ngulo de treitz, assim como passagem de sangue no digerido

    pelo tgi.

    As neoplasias cursam com sangramento dessa tipo, juntamente com alteraes do calibre das fezes e

    tambm dificuldade de evacuar.

  • 23 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    Constipao

    Reteno fecal por mais de 48 horas.

    considerado normal 3 evacuaes por dia at 1 a cada dois dias.

    Deve-se identificar quem constipado por natureza e quem est constipado por alguma alterao

    patolgica.

    Pode ocorrer devido:

    Leses que ocluem a luz ou impedem a contrao da parede intestinal;

    Comprometimento dos componentes nervosos;

    Afeces metablico-hormonais;

    Alteraes emocionais;

    Medicamentos;

    Alimentao inadequada.

    Dor anorretal

    Indica comprometimento do canal anal da linha pectnea para fora (da metade do nus para fora).

    Isso porque a partir da que existem fibras sensitivas.

    Prurido anal

    Aparece em diversas situaes.

    M higiene, enterobase, doenas anorretais cutneasm diabetes, hepatopatias.

    Hemorroidas

    Sensao de tumorao anal junto com sangue.

    Flatos

    Presena de ar na barriga.

    Flatulncia

    Eliminao de ar, gases.

    Distenso abdominal

    Caracteriza-se pelo aumento do volume do ventre; no intestino grosso, ocorre devido a algum obstculo

    que impede a progresso de gases e fezes ou toro.

    Ca de intestino, fecaloma, estenose de clon e reto.

    Cinco f: fezes, feto, gordura, tumor fatal e flatulncia.

    Observao:

    Dor abdominal

  • 24 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    Dor referida: acontece em rgos que tm a mesma inervao na sua trajetria, portanto uma dor

    que est longe do rgo e que tem como origem fisiopatolgica uma inervao comum.

    Dor visceral: a dor das vsceras ocas, mal definida, quase sempre se manifesta por distenso ou

    contrao muscular. Geralmente referida na regio medial do abdmen.

    Dor parietal: a dor que tem comprometimento do peritnio parietal. localizada, caracterstica de

    inflamao das estruturas.

    Fgado e vias biliares

    a funo digestiva do fgado produzir a bile, uma secreo verde amarelada, para passar para o

    duodeno. A bile produzida no fgado e armazenada na vescula biliar, que a libera quando gorduras

    entram no duodeno. A bile emulsiona a gordura e a distribui para a parte distal do intestino para a

    digesto e absoro.

    Outras funes do fgado so:

    Metabolismo dos carboidratos;

    Metabolismo dos lipdios;

    Metabolismo das protenas;

    Processamento de frmacos e

    hormnios;

    Excreo da bilirrubina;

    Excreo de sais biliares;

    Armazenagem;

    Fagocitose;

    Ativao da vitamina d.

    Dor

    Dor surda ou sensao de peso no hipocndrio direito

    Parnquima heptico no tem sensibilidade, mas a cpsula de glisson, quando distendida, ocasiona dor

    em hipocndrio direito e epigastro, sem irradiao e que piora com a palpao.

    Causa mais comum a congesto heptica, por ic (hepatomegalia dolorosa).

    Clica biliar

    Dor em clica, incio sbito, com grande intensidade, em hipocndrio direito, com horas de durao.

    Causa mais frequente: colelitase.

    Colecistite aguda

    Dor contnua, localizada em hipocndrio direito, podendo irradiar-se para o ngulo da escpula ou

    ombro direito. Piora com a palpao.

    Ictercia

  • 25 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    Deposio de bilirrubina na pele, mucosa e esclertica, sendo geralmente detectvel quando acima de

    2mg de bilirrubina/1dl de sangue.

    pode ocorrer por:

    Produo excessiva: hemlise, alterao na eritropoiese.

    Defeitos de transporte e captao: recm nascidos, competio com medicamentos.

    defeitos na conjugao.

    insuficincia hepatocelular: defeitos de excreo, hepatite, lcool, cirrose, medicamentos.

    Colestase: bloqueio do fluxo para o intestino.

    Doenas biliares e pancreticas (inflamao, cicatriz, ca, clculos).

    Colria: eliminao de bilirrubina pela urina (espuma amarela). Indica aumento da bilirrubina direta,

    pois a nica que filtrada pelos rins.

    Acolia: fezes sem pigmento biliar (ausncia de bile no intestino).

    Prurido: causado pelos sais biliares.

    O que importante saber:

    Tempo de durao, intensidade e evoluo da ictercia (sbita ou gradativa), se h flutuao de

    intensidade.

    Cor da urina e das fezes, presena de prurido.

    Fadiga, febre ou calafrios.

    Anorexia, dor abdominal, nusea, perda de peso, vmito.

    Utilizao de lcool, cncer (histria) ou doenas hepticas ou biliares, assim como histria de

    hepatite.

    Hematmese e melena.

    Trade de charcot: dor em hipocndrio direito, febre e ictercia colangite.

    Sinal de courvoisier-terrier: vescula palpvel com ictercia. Ca cabea de pncreas.

    Sndrome de renoir: confuso mental ou choque + trade de charcot.

    Pncreas

    o pncreas produz atravs de uma secreo

    excrina o suco pancretico que entra no

    duodeno atravs dos ductos pancreticos, uma

    secreo endcrina produz glucagon e insulina

    que entram no sangue. O pncreas produz

    diariamente 1200 1500ml de suco

    pancretico.

    O pncreas tem as seguintes funes:

    Dissolver carboidrato (amilase

    pancretica);

    Dissolver protenas (tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastase);

    Dissolver triglicerdios nos adultos (lpase pancretica);

    Dissolver cido nuclicos (ribonuclease e desoxirribonuclease).

    No-conjugada

    Conjugada

  • 26 INTERROGATRIO DO APARELHO DIGESTIVO

    Dor

    o sintoma mais frequente, sobretudo nos processos inflamatrios (pancreatite).

    Dor epigstrica, em faixa, de intensidade e durao variada, irradiando-se

    para o dorso, agravada por alimentao, lcool e decbito dorsal. Aliviada

    pela posio de prece maometana.

    Emagrecimento

    Presente tanto na pancreatite crnica como na aguda.

    Ocorre em 70% dos casos.

    Ictercia

    Obstruo da via biliar distal (colestase extra-heptica) com predomnio de bilirrubina direta.

    Diarreia e esteatorreia

    M absoro/deficincia enzimtica.

    Depresso

    Presente em 50-70% das neoplasias pancreticas.

  • 27 INTERROGATRIO DO APARELHO URINRIO

    INTERROGATRIO DO APARELHO URINRIO

    Funo dos rins

    Manter a homeostasia (manter volume e composio dos lquidos corporais).

    Eliminao de frmacos.

    produo de hormnios: eritropoietina e angiotensina.

    Anatomia

    Entre a 12 vrtebra torcica e a 3 lombar.

    11x5x3cm

    ngulo costovertebral, polo inferior do rim direito,

    palpvel.

    Manifestaes do sistema urinrio

    Alteraes no volume urinrio

    Alteraes relacionadas ao ato miccional e ritmo urinrio

    Alteraes do aspecto fsico da urina

    Edema

    Dor

    Febre

    Anamnese

    Com frequncia as queixas no esto relacionadas ao aparelho renal.

    Anorexia, astenia, nuseas, vmitos e anemia.

    Isso acontece em afeces em que o rim vai sendo lesado insidiosamente at atingir grave

    deteriorao da funo renal.

    Importncia da identificao (sexo, idade, raa) e antecedentes familiares.

    Infeco urinria baixa: sexo feminino vias ascendente cistite;

    Caso passe pela bexiga: trato urinrio alto pielonefrite.

    Rins policsticos e em ferradura: antecedentes familiares.

    Alteraes no volume urinrio

    Normal (800-2500 ml/24h)

    Capacidade da bexiga: 350 a 450 ml e esvaziam-na quando a quantidade de urina atinge 200 ml.

    Poliria (>2500 ml/24h)

    Incapacidade de concentrar urina fase inicial da irc.

    Diurese osmtica: excreo aumentada de solutos, determinando maior excreo de gua.

    Diabetes mellitus descompensado: filtrao de glicose, [ ]do filtrado, sede, bebe gua.

    Fisiolgica: aps comer um churrasco salgado, por exemplo.

    Psicognica: o indivduo mentalmente estimulado a beber gua.

    Iatrognica: uso de diurticos.

  • 28 INTERROGATRIO DO APARELHO URINRIO

    Oligria (>100ml/24horas

  • 29 INTERROGATRIO DO APARELHO URINRIO

    Hesitao

    Intervalo maior que o normal para que aparea o jato urinrio.

    Presente na hiperplasia de prstata.

    Fora do jato urinrio

    Diminui progressivamente com a idade.

    Presente na hiperplasia de prstata.

    Gotejamento ps-miccional

    Ocorre na gravidez, em alteraes do ngulo da bexiga.

    Presente na hiperplasia de prstata.

    Enurese

    Perda involuntria de urina durante o sono.

    Primria: a pessoa nunca teve controle (trao familiar).

    Secundria: perdeu o controle h algum tempo (infeco urinria).

    Noctria

    Urinar durante a noite (fase inicial da ic).

    Nictria

    Inverso: o paciente urina mais noite (ic).

    Observao: noctria e nictria refletem a incapacidade do rim de concentrar a urina ou reteno

    lquida diurna; ocorrem na insuficincia renal ou cardaca, cursam com edema.

    Alteraes no aspecto fsico da urina

    Colorao

    Depende da concentrao da urina e da presena de pigmentos.

    Laranja Urina concentrada (desidratao), bilirrubina, hematria leve.

    Rosada/vermelha Hemcias, mioglobina, beterraba, hematria leve.

    Vermelha/marrom Hemoglobina, mioglobina, metronidazol.

    Azul/esverdeado Pseudomonas, indometacina, amitriptilina.

    Ausncia de cor Diluio (diabetes, poliria).

    Hemoglobinria

    Presena de hemoglobina livre na urina (hemlise excessiva).

    Pode ter cor de coca-cola, mas translcida (diferente da hematria).

    Mioglobinria

    Presena de mioglobina na urina (destruio muscular macia, queimaduras,...).

  • 30 INTERROGATRIO DO APARELHO URINRIO

    Cor escura (pode levar a ir).

    Colria

    Presena de bilirrubina direta (que solvel) na urina.

    Cor de coca-cola.

    Para saber se mesmo, sacudir: se criar espuma amarela-escura colria.

    Hematria

    Presena de sangue na urina (1cm3 em 1,5l), micro ou macroscpica.

    A colorao depende do ph: vermelha (bsico) ou amarronzada (cido).

    Inicial: leso entre a uretra distal e o colo vesical.

    Terminal: leso no trgono vesical ou prstata.

    Total: sangramento renal, uretral ou das paredes da bexiga acima do colo vesical.

    Aspecto

    Normal: translcido.

    Turva: piria (leuccitos), proteinria (com espuma), cristalria (cristais), muco, espermatozoides,

    fungos, lipidria.

    Odor

    O odor caracterstico ocorre pela eliminao de amnia.

    Torna-se desagradvel em infeces, uso de certas medicaes, concentrao alta.

    Edema

    Comum nas doenas renais, tanto agudas quanto crnicas.

    Geralmente periorbital e mais intenso no perodo da manh.

    antigravitacional, ao contrrio do edema da icc, que vespertino.

    um edema mole, inelstico, indolor, com temperatura da pele normal (ou levemente diminudo

    quando o edema for muito intenso).

    Fisiopatologia de qualquer edema presso hidrosttica plasmtica

    Reteno de lquido, diminuio da filtrao glomerular ou obstruo venosa. Ex: insuficincia renal aguda e crnica. Icc, trombose venosa profunda.

    diminuio da presso coloidosmtica plasmtica Cirrose, desnutrio, perda proteica renal ou intersticial.

    Obstruo linftica

    permeabilidade vascular

    Leso da parede do vaso por processos inflamatrios, infecciosos, traumatismo mecnico ou trmico, medicamentos, reaes alrgicas, auto-imune...).

    Reteno de sdio e gua

    Toda vez que houve que houve reduo do vace, haver aumento do adh e reteno de sdio e gua pela ativao do sraa. Ex: diminuio da presso coloidosmtica aumento da permeabilidade glomerular, desnutrio ou

    diminuio da produo proteica (cirrose).

  • 31 INTERROGATRIO DO APARELHO URINRIO

    Cuidado!

    O edema alrgico ocorre principalmente na regio peripalpebral, mas devido ao aumento da

    permeabilidade vascular resultante de reao ag-ac que libera histaminas e cininas (vasodilatadoras).

    Dor do sistema urinrio

    Distenso da cpsula renal e ureteres.

    Clica renal

    L Regio lombar e flanco

    I Fossa ilaca e testculo/grandes lbios do lado da dor (trs frente)

    C Clica

    I Forte

    D Depende do tratamento

    E intermitente, mas nunca desaparece totalmente.

    F agravada com a movimentao do clculo e no melhora com o repouso (paciente inquieto). O paciente no consegue ficar parado, est sempre procurando uma posio melhor.

    Dor renal (lombar)

    Diferenas principais da clica renal:

    I No tem.

    C Profunda, constante.

    F Piora com o movimento e melhora com o repouso.

    Dor supra-pbica ou vesical

    Sensao de peso, no muito intenso, sem irradiao, frequente em inflamaes.

    Se for maior no incio da mico: problema de prstata, obstruo.

    Se for maior no fim da mico: sinal de irritabilidade. Ex: cistite.

    Dor prosttica ou perineal (sacro e reto)

    Dor em peso ou tenso, que indica infeco aguda ou da prstata.

    Dor testicular

    Orquite: inflamao do testculo; unilateral, melhora com repouso e com elevao do rgo

    (manobra de prett).

    Toro testicular: uma urgncia mdica, pois a isquemia causa necrose rpida; no melhora com

    nada.

    Febre

    Infeco aguda ou crnica: pielonefrite, prostatite, cistite.

    Febre de origem obscura: neoplasia renal; ir crnica.

  • 32 INTERROGATRIO DO APARELHO URINRIO

    Exame fsico renal

    Pa e pulso

    Peso (dirio e no mesmo horrio em pacientes com edema).

    Estado de hidratao

    Pesquisa de edema

    Ausculta das artrias renais

    Sinal de giordano: indica inflamao da cpsula. Batida seca na loja renal (ngulo costovertebral);

    quando h inflamao, dor intensa e pode ocorrer contratura muscular.

    Palpao: captura do rim e sinal de rechao.

    Importante!

    Disria + polaciria + alterao no odor urinrio + piria e/ou hematria + urgncia miccional = infeco

    do trato urinrio?

    Sede + poliria = diabetes?

    Hesitao + diminuio da fora do jato + gotejamento em homens = hiperplasia benigna de prstata ou

    ca de prstata (calibre da uretra) ou estenose da uretra em pacientes que j foram sondados.

    Hematria + clica renal = clculo?

    Febre + dor lombar + calafrios = pielonefrite?

    Anemia + has = irc?

    deficincia de eritropoietina leva anemia e tenso liquida leva a has.

  • 33 INTERROGATRIO NEUROLGICO

    INTERROGATRIO NEUROLGICO

    Em neurologia, a anamnese faz o diagnstico, no ambulatrio, em 90% dos casos. As queixas mais

    comuns no ambulatrio so: dor de cabea, convulso, vertigem e tontura.

    Tontura

    Vertigem

    Sensao que o paciente tem de que o ambiente gira em sua volta ou que ele gira dentro do ambiente.

    uma alucinao, uma sensao errada que o snc est recebendo.

    Sncope

    Perda momentnea e reversvel da conscincia (desmaio).

    Ocorre por diminuio do fluxo sanguneo cerebral, diminuio da glicose, por forte emoo.

    Desequilbrio

    Sensao de instabilidade.

    Tonteira mal-definida

    Manifestaes subjetivas do paciente.

    Dor de cabea

    Migrane (enxaqueca)

    L Unilateral, geralmente frontal, podendo ser occipital ou fronto-occipital, hemicraniana (pode ser bilateral).

    I Frontal, occipital ou ao redor do olho (fronto-orbitria).

    C Latejante, pulstil ( dentro da cabea)

    I Varivel, de moderada a forte.

    D Horas (2-3) ou dias (3-4). Periodicidade: normalmente h grande relao com fatores hormonais.

    E Aura (aviso visual de que vai ter a crise) e progno (sensao que vai ter a crise).

    F Acompanhantes: nusea, vmito, inapetncia, sonofobia. Agravantes: luz, barulho e perfumes. Atenuantes: silncio, escuro, comprimir a artria temporal superficial.

    Cefaleia cluster headache

    Atinge uma mulher para cada seis homens ( rara).

    Dor extremamente forte, incessante, crises normalmente noite.

    H rubor facial, sndrome de horton (constrio da pupila, prega palpebral), lacrimejamento, olhos

    vermelhos, com diminuio da fossa nasal do mesmo lado.

    As crises podem ser agravadas com quantidades mnimas de bebidas alcolicas.

    O paciente no consegue ficar parado.

    Cefaleia da hipertenso intracraniana

  • 34 INTERROGATRIO NEUROLGICO

    Normalmente acompanhada por vmitos e edema de pupila.

    Cefaleia da meningite

    violenta e sbita.

    Precedida de quadro gripal, de 2 a 4 dias antes: mialgia, atralgia, calafrios, nusea, vmitos, mal-

    estar geral.

    acompanhada por rigidez na nuca e febre.

    uma dor de cabea secundria: a manifestao de uma doena.

    Cefaleia da hemorragia subaracnidea (cefaleia sentinela)

    Quando um vaso rompe, h uma intensa dor de cabea.

    Localizada na nunca.

    Pode haver perda de conscincia.

    Lquor com sangue.

    Mesmos sinais da meningite, mas sem febre.

    Cefaleia tensional

    Dor muscular episdica, mas pode ser crnica.

    Em faixa, capacete, sensao de peso sobre a cabea.

    Pode piorar com a postura e melhoras com bebida alcolica.

    Arterite temporal ou cefaleia de clulas gigantes (rara)

    a cefaleia das doenas do colgeno.

    Tumefao de uma artria temporal superficial: endurecida e visvel.

    Ocorre em pacientes acima de 50 anos.

    Mialgia, atralgia, emagrecimento, anorexia e febre.

    Pode levar cegueira do olho do mesmo lado da arterite.

    Diagnstico por bipsia: presena de clulas gigantes.

    Cefaleia por medicao

    Comum em quem toma muito remdio, quando interrompe, d dor de cabea.

    Tambm ocorre em que ingere muita cafena.

    Lombociatalgia

    L Lombar

    I Citico (perna).

    C Em choque.

    I Forte

    D Em geral curta.

    E 80% passa espontaneamente; 20% cirurgia.

    F Atenuantes: joelho dobrado sobre o abdmen, perna fletida, decbito lateral com pernas encolhidas. Agravantes: estiramento da perna, tosse, espirro, fora.

  • 35 INTERROGATRIO NEUROLGICO

    Convulso (2-5 min)

    Fase tnica: sustentada, enrijecimento global, diafragma no funciona, paciente fica plido e com

    lbios cianticos, baba e sua.

    Fase crnica: contraes musculares sucessivas, generalizadas e intensas. Pode haver relaxamento

    dos esfncteres.

    Fase de relaxamento: cansao, dor articular e muscular, sono.

    Mal convulsivo: ocorre quando o paciente tem uma convulso seguida de outra, sem acordar; deve ser

    levado ao hospital.

    Pode ocorrer no lobo temporal (problemas psicolgicos fala sozinho), occipital (alucinaes visuais).

    Causada por tumor cerebral, bebida alcolica em excesso, xilocana, anti-inflamatrios, traumatismos.

    Epilepsia: uma doena caracterizada por repetio de quadros convulsivos.

    Crise de ausncia: a criana est fazendo algo e de repente para. estimulada por hiperventilao.

    Antecedentes pessoais

    Fuma? 33% das metstases cerebrais vm do pulmo.

    Remdios

    Infarto do miocrdio (relata aterosclerose; pode ter isquemia cerebral).

    Paralisia facial

    Diabetes: polineuropatia cerebral, perda dos reflexos.

    Has: hemorragia cerebral.

    Problemas no parto.

    Drogas lcitas e ilcitas: hemorragia cerebral, convulses, crise de abstinncia, tremores e

    alucinaes.

    Estado de conscincia

    Controlado pelo tronco cerebral.

    Viglia: plena conscincia.

    Obnubilao: conscincia pouco comprometida.

    Sonolncia: paciente logo despertado, responde mais ou menos e volta logo a dormir.

    Confuso mental: perda de ateno, pensamento no claro, resposta lenta e falta de percepo

    espao- temporal.

    Quando acompanhada de alucinaes: delrio.

    Torpor: alterao de conscincia mais pronunciada, mas o paciente ainda despertado por

    estmulos fortes e tem movimentos espontneos.

    Coma: no h despertar com nenhum estmulo, falta de movimentos espontneos.

    Escala de glasgow

    Avalia a abertura ocular, a resposta verbal e a resposta motora.

    O pior paciente 3 e o melhor 15 (no est em coma).

  • 36 INTERROGATRIO NEUROLGICO

    Abertura ocular

    Espontnea = 4

    Ordem vertical (se chamado) = 3

    S sob dor = 2

    No abre = 1

    Melhor resposta verbal

    Lcido e orientado = 5

    Confuso = 4

    Palavras inapropriadas = 3

    Apenas sons = 2

    Sem resposta = 1

    Melhor resposta motora

    Obedece a comando verbal = 6

    Localiza a dor = 5

    Flexo normal inespecfica (flete a perna, se dor) = 4

    Flexo anormal dor = 3

    Extenso dor = 3

    Sem resposta = 1

    3 a 8: coma grave.

    9 a 13: coma moderado.

  • 37 EXAME FSICO TORCICO

    EXAME FSICO TORCICO

    Inspeo

    TOPOGRFICA

    Pontos

    ngulo de louis: juno do

    manbrio com o corpo do esterno.

    Corresponde articulao da 2

    costela (bifurcao da traqueia).

    ngulo epigstrico ou de charpy: formado pelos dois rebordos costais.

    Linhas anteriores

    Hemiclavicular

    3 articulao condro-esternal

    6 articulao condro-esternal

    Arco ou rebordo costal inferior

    Mdio-esternal

    Esternal

    Paraesternal

    Medioclavicular

    Axilar anterior

    Regies anteriores

    Supraclavicular

    Infraclavicular

    Mamria

    Hipocndrio ou inframamria

    Supraesternal

    Esternal (superior e inferior).

    Linhas posteriores

    Escapular superior

    Escapular inferior

    Mdia espinhal

    Escapular

    Axilar posterior

    12 costela

    Regies posteriores

    Supraescapular

    Interescapularvertebral

    Escapular (supra e infra-espinhal)

    Infra-escapular.

  • 38 EXAME FSICO TORCICO

    ESTTICA

    Observar pele e suas alteraes (palidez, cianose, leses), cicatrizes, subcutneo, msculos, ossos,

    mamas (ginecomastia uma sndrome paraneoplsica ou seja, evolui paralelamente a uma neoplasia) e

    a configurao torcica.

    Cianose

    Cor azulada da pele e das mucosas que se manifesta quando a Hb produzida maior que 5g/100ml

    (normal = 2,6 g/100ml)

    Central: menor saturao de O2 no sangue arterial (IC ou troca insuficiente); maior

    concentrao de Hb reduzida.

    Perifrica: ocorre devido ao fluxo lento capilar com maior captao de O2 pelos tecidos

    (vasoconstrio) frio, DC, hipotenso.

    Hipocratismo digital

    o surgimento da forma de uma baqueta de tambor nas extremidades dos dedos.

    Se caracteriza pelo aumento do dimetro das falanges distais e das unhas das mos, com aumento

    da convexidade do leito ungueal (unhas em vidro de relgio), havendo obliterao do ngulo

    existente entre a superfcie da unha e a cutnea dorsal distal dos dedos, decorrente do aumento

    das partes moles subungueais.

    Pode ser hereditrio/congnito (trao familiar) ou adquirido.

    Ocorre nas neoplasias intratorcicas (CA pulmo ou mesotelioma pleural), doenas benignas

    intratorcicas (DPOC, bronquiectasias, fibrose pulmonar idioptica, abcesso crnico), doenas

    extratorcicas e IC (hipxia crnica).

    CONFIGURAO TORCICA

    Trax normal

    Dimetro A-P do dimetro transversal.

    Varia com a idade e com o bitipo normolneo, longilneo ou brevilneo.

    Trax patolgico

    Deformaes bi ou unilaterais localizadas (expanses ou retraes) ou secundrias a algum problema de

    coluna.

    Trax globoso ou em tonel

    Aumento exagerado do dimetro ntero-posterior.

    Maior horizontalizao dos arcos costais.

    Abaulamento da coluna dorsal, cifose.

    Tpico da hiperinsuflao pulmonar: DPOC, asma.

    Trax chato ou alado

    Parede anterior perde a convexidade ou diminuio do dimetro ntero-posterior.

    da inclinao das costelas, espaos intercostais.

    Escpulas mais baixas, afastando-se do trax: trax alado.

    Tpico dos longilneos.

  • 39 EXAME FSICO TORCICO

    Trax infundibuliforme, de sapateiro ou pectus escavatum

    Depresso na regio inferior do esterno e na regio epigstrica.

    Em geral congnito, mas pode ser adquirido na infncia raquitismo.

    Trax cariniforme ou em quilha

    Esterno proeminente; congnito ou adquirido.

    Trax em sino

    Parte inferior exageradamente alargada.

    Hepatoesplenomegalia, ascite volumosa ou gordura.

    DINMICA

    Avalia a funo respiratria

    Tiragem

    a depresso inspiratria exagerada das partes moles torcicas (indica dificuldade da expanso

    pulmonar, geralmente por obstculo entrada do ar na via area com aumento da presso negativa

    intrapleural).

    Difusa ou localizada.

    Comeas a inspecionar de baixo para cima.

    Obstruo brnquica, atelectasia.

    Tipo respiratrio

    Varia com o sexo.

    Costal-superior: no movimenta o abdmen: Ex: pancreatite.

    Traco-abdominal: mole o trax e o abdmen.

    Abdominal: quanto mais deitado, mais abdominal.

  • 40 EXAME FSICO TORCICO

    Razo inspirao/expirao

    Normal = 4/5

    Frequncia respiratria

    12-22 rpm (taquipnia e bradipnia).

    1/3 inspirao, 1/3 expirao e 1/3 apnia.

    Amplitude respiratria e dispneia

    Do incio da inspirao ao fim da expirao.

    Hiper e hipoapneia.

    Ritmo respiratrio

    Ritmo de Cheyne- Stokes

    Fase de apneia seguida de incurses respiratrias cada vez mais profundas, at atingir um mximo para depois decrescer at nova pausa. Na apneia h reteno de CO2, at atingir os centros bulbaresm que o estmulo para aumentar a amplitude dos movimentos respiratrios, baixando a [CO2];Sem estmulo do centro respiratrio, diminui a amplitude dos movimentos, reiniciando o ciclo. IC, doenas vasculares cerebrais.

    Ritmo de Biot

    Apneia seguida de inspirao e expirao completamente irregulares. Mesmas causas que Cheyne-Stokes.

    Ritmo de Kusmaull

    Inspirao apneia expirao apneia inspirao apneia... Acidose, principalmente na diabtica.

    Respirao Suspirosa

    Srie de movimentos inspiratrios de amplitude crescente seguidos de expirao breve e rpida ou suspiros isolados ou agrupados. Tenso emocional e ansiedade.

    Observaes:

  • 41 EXAME FSICO TORCICO

    Avaliao de disfuno respiratria: FR, batimentos de asa do nariz, tiragem, cianose, m perfuso

    perifrica, respirao paradoxal, pulso.

    Respirao paradoxal: retrao do gradil costal na inspirao. Indica exausto respiratria.

    Sinal de Lemos Torres: abaulamento dos espaos intercostais na expirao (DP extenso).

    Sinal de Ramond: contratura muscular vertebral no local onde h comprometimento inflamatrio

    pleural.

    Palpao

    ESTTICA

    Temperatura: comparativamente, com o dorso das mos.

    Pele, subcutneo, veias jugulares, edema, gnglios, tireoide.

    DINMICA

    1) Expansibilidade

    pices: mos espalmadas com as bordas internas tocando a base do pescoo, os polegares na coluna e

    os outros dedos nas fossas supraclaviculares.

    Bases: polegares nas linhas paravertebrais e outros dedos recobrindo os ltimos arcos costais.

    2) Frmito traco-vocal

    a sensao ttil, na parede torcica, da vibrao produzida pelas cordas vocais.

    O som se transmite melhor no slido e no lquido.

    Palpar comparativamente de cima para baixo.

    Aumentado: consolidao pulmonar a brnquio permevel, cavidades perifricas com brnquio

    permevel, bronquioectasias (dilatao brnquica).

    aumentado no sexo masculino, direita e nas bases.

    Diminudo ou ausente: CA larngeo; obstruo brnquica; DP; pneumotrax; paquipleurite (barreira);

    enfisema (muito ar); substituio do parnquima ou alteraes de parede ou no produz ou no

    transmite.

    Percusso

    Incio no lado posterior, de cima para baixo; 1 cada hemitrax, depois comparativo e simtrico.

    Som normal: som claro pulmonar.

    Diminuio: som macio ou submacio. (fgado: 5 ou 6 EIC).

    Aumento: som hipersonoro ou timpnico (espao de Traube).

    SOM CLARO PULMONAR

    rea de projeo dos pulmes.

  • 42 EXAME FSICO TORCICO

    Coluna sonora: C7 at T11.

    Linha mdia-clavicular: 6 costela * esquerda, 2 cm mais para baixo.

    Linha axilar mdia: 8 costela.

    Linha escapular: 10 costela.

    Diminuio: relao ar/tecido (som macio).

    Aumento da parede, derrame pleural, paquipleurite, consolidao.

    Aumento: relao ar/tecido (som ressonante e maior durao).

    Enfisema, pneumotrax, cavidade a tenso.

    Observao:

    Sinal de Signorelli

    Diferencia derrame pleural de consolidao. Percutir a coluna, que deve ter som claro, semelhante ao

    pulmo. Se houver som macio, percutir o paciente em decbito lateral, se o som macio persistir

    consolidao; se estiver claro, um derrame pleural.

    Ausculta

    Examinador inicia atrs do paciente.

    Auscultar simetricamente, comparando os dois lados (direto).

    1 - Face posterior.

    2 - Faces laterais.

    3- Face anterior.

    Limite inferior dos pulmes: 4 dedos abaixo da escpula.

    SONS NORMAIS

    Som bronquial (traqueal)

    Carter de sopro som de ar em um tubo oco.

    Bem audvel e rude na projeo da traqueia.

    Agudo

    Igual na inspirao e expirao, com pausa no meio.

    Sopro tubrio: presena de som bronquial onde ele no deveria estar.

    Ex: Condensao em cavidades de consolidao.

    Som bronco-vesicular

    Na zona das vias areas grossas: supra e infraclavicular, escapular superior.

    Quase igual na inspirao e na expirao, sem pausa.

    Menos rude que o bronquial e mais que MV.

    Ex: consolidao parcial no homognea.

    Murmrio vesicular

    Audvel no restante do trax, com variaes regionais.

    Som grave, suave, sussurro do vento.

    Relao 3/1 ou 2/1 entre inspirao e expirao, sem pausa.

  • 43 EXAME FSICO TORCICO

    Diminuio ou abolio do murmrio vesicular

    Consolidao pulmonar a brnquio fechado atelectasia.

    Derrame pleural

    Enfisema

    SONS ADVENTCIOS OU ANORMAIS

    Descontnuos

    Explosivos

    De curta durao e de frequncia alta.

    Registrar em que momento ocorrem: tele, meso, proto inspiratrios ou expiratrios.

    Gerados pela energia acstica das mini exploses do fluxo areo que so produzidas pela abertura

    sbita sequencial das vias areas, previamente colapsadas com rpida equalizao de presso.

    Acontecem associados a processos que causam acmulo de fluidos no espao alveolar ou

    intersticial.

    Estertores finos ou creptantes

    Ocorrem mais no fim da inspirao.

    No se modificam com a tosse.

    Ouvidos principalmente nas bases.

    Estertores grossos ou subcreptantes

    Ocorrem no incio da inspirao e em toda a expirao.

    Sofrem ntidas alteraes com a tosse.

    Podem ser ouvidos em todo o trax.

    *Fibrose intersticial, edema, consolidao.

    Crepitao tele-inspiratria: colabamento das vias areas mais distais.

    Crepitao meso-inspiratria: colabamento das vias areas intermedirias.

    Crepitao proto-inspiratria: colabamento das vias areas mais proximais.

    Contnuos

    Podem ser ouvidos na inspirao e na expirao ou s na expirao.

    Originados pelas rpidas vibraes produzidas pela passagem do fluxo areo em tima velocidade

    atravs dos brnquios com calibre estreitado e com suas paredes quase ao ponto de fechar-se.

    Essa passagem de ar tem efeito de suco sobre as paredes das vias areas, que so puxadas para

    dentro e comeam a vibrar. A vibrao emite um som cujas caractersticas dependem da parede do

    brnquio, do grau de estreitamento e da velocidade de fluxo de gs.

    Para um mesmo fluxo, quanto maior a obstruo, maior o sibilo.

    Razes para que a luz brnquica esteja diminuda:

    Broncoconstrio: contrao da musculatura lisa da via area.

    Edema da mucosa das vias areas.

    Hipersecreo brnquica.

    Compresso dinmica das vias areas, observada na expirao forada.

    Quando localizadas, frequentemente resultam de obstrues mecnicas por tumor

    endobrnquico, intraluminais por corpo estranho ou por compresso extrnseca da via area.

  • 44 EXAME FSICO TORCICO

    Roncos

    Inspirao e expirao.

    Fugazes, mutveis, surgindo e desaparecendo em curto espao de tempo.

    Sibilos

    Inspirao e expirao predominante

    Quando acometem toda rvore brnquica: mltiplos e disseminados.

    Quando esto localizados: neoplasia e corpo estranho.

    Estridor

    Melhor audvel no pescoo.

    Exclusivamente inspiratrio.

    Ocorre nas obrstrues parciais, porm extensas, de laringe e de traqueia.

    SOM ANORMAL DE ORIGEM PLEURAL

    Atrito pleural

    Frico dos folhetos pleurais speros pela inflamao.

    Rudo irregular, ritmado com a respirao, descontnuo, grosseiro e grave, localizado.

    Desaparece com o derrame pleural.

    Fim da inspirao e incio da expirao.

    AUSCULTA DA VOZ: RESSONNCIA VOCAL.

    Auscultado com o esteto em regies homlogas: fala e cochicho.

    Mais intenso no pice direito, regies interescpulo-vertebrais e esternal superior.

    Normal: no se distingue as slabas.

    Diminuda: atelectasia.

    Aumentada:

    Broncofonia: sem nitidez.

    Pectorilquia fnica: voz ntida.

    Pectorilquia afnica: voz ntida quando o paciente est cochichando.

    Egofonia: broncofonia nasalada e metlica; ocorre na parte superior dos derrames pleurais e

    nas condensaes.

    Sinal de Lemos Torres: abaulamento dos espaos intercostais durante a expirao.

    Derrame pleural.

  • 45 SNDROMES RESPIRATRIAS

    SNDROMES RESPIRATRIAS

    Das vias areas superiores (acima da glote) otorrino

    Sintomas: coriza, rinorreia, espirros, prurido nasal, obstruo nasal, epistaxe, gotejamento nasal

    posterior, dor, alteraes no olfato, prurido, dor e irritao na garganta, disfagia, tosse seca ou

    produtiva, halitose, disfonia, pigarro.

    Sinais: exame do nariz, seios paranasais e orofaringe apresentando alteraes caractersticas.

    Sndromes: rinite, sinusite, amigdalites, faringites, laringites.

    Das vias areas inferiores

    Sintomas: tose seca ou produtiva, expectorao, hemoptise, vmica, dispnia, sibilncia, febre,

    anorexia, emagrecimento.

    Sinais: caractersticos de cada doena.

    Alteraes anatomopatolgicas:

    > edema e inflamao da mucosa brnquica

    > espasmos da mucosa brnquica

    > colapso das pequenas vias areas

    > obstruo brnquica

    Bronquite aguda

    Causa infecciosa, ou viral, ou bacteriana

    Acompanha gripe ou virose (sintomas gerais)

    Sintomas: tosse seca ou mida, expectorao mucosa ou purulenta, dor retroesternal, rouquido.

    Exame fsico: estertores grossos e talvez roncos e sibilos.

    Bronquite crnica

    Conceito (oms): condio que se manifesta por tosse e expectorao na maioria dos dias, por pelo

    menos 3 meses consecutivos, durante 2 anos ou mais, no sendo devido a outras causas como

    bronquiectasias, tuberculose ou doenas que podem dar sintomas semelhantes.

    uma doena inflamatria, causada pela inalao prolongada de toxinas e irritantes, dos quais o

    mais importante a fumaa do cigarro.

    A resposta inflamatria envolve, principalmente, neutrfilos e macrfagos alveolares.

    O diagnstico clnico e a medida da gravidade feita pela espirometria.

    Presente em 20% dos fumantes.

    *bc simples: cumpre o conceito

    *bc mucopurulenta: muito escarro

    *bc obstrutiva: chiado e opresso retroesternal, pode ter dispnia, evoluir para alaponamento areo,

    que levar ao enfisema -> dpoc

  • 46 SNDROMES RESPIRATRIAS

    a grande quantidade de edema, muco e broncoespasmo leva a uma reteno de ar, ento o paciente

    fica hiperinsuflado, levando a destruio dos septos interalveolares.

    Ps: subcreptantes (grossos), podendo ter roncos e sibilos.

    ENFISEMA

    Sndrome da rarefao pulmonar

    Conceito anatmico: a dilatao permanente e difusa do espao areo distal ao bronquolo terminal

    com ruptura de septos interalveolares e sem fibrose subseqente.

    Diagnstico: anatmico: por imagem, padro ouro tomo de trax

    Funcional: com DPOC: espirometria

    Tipos:

    Panlobular

    Centrolobular

    COMPLEXO BRONQUITE-ENFISEMA DPOC

    Fisiopatologia Fumo do cigarro

    Ativa macrfagos e linfcitos cd8

    Liberam IL-8, LTB4, TNF-

    Quimiotaxia de neutrfilos

    Liberam proteases (elastase, HPO, catepsinas)

    Destruio da parede alveolar Hipersecreo de muco

    Bronquite crnica

    Quadro clnico (varivel em funo da gravidade)

    Tosse produtiva de longa durao

    Dispnia de esforos lentamente progressiva

    Nas agudizaes: piora da tosse, aumento do volume e mudana da cor da expectorao.

    Roncos, sibilos e estertores inspiratrios e expiratrios.

    Manifestaes tardias da hipoxemia

    Hipertenso pulmonar com ICD Cor pulmonale crnica

    Policitemia secundria

    DPOC

    Doena caracterizada pela obstruo crnica do fluxo areo medida funcionalmente pela diminuio da

    relao VEF1/CVF e pelo VEF1.

    Dois tipos:

    Tipo A Pink puffer soprador rosado

    Tipo B Blue bloater azul pletrico

  • 47 SNDROMES RESPIRATRIAS

    Tipo A Pink Puffer Enfisema

    Tipo B Blue bloater

    Bronquite crnica Hbito longilneo Perda de peso Uso de msculos acessrios Expirao prolongada Posio de ancoragem Engurgitamento jugular Trax em tonel Horizontalizao das costelas Tiragem (principalmente inferior)

    Tosse e expectorao; Bronquite aguda de repetio.

    Tendncia obesidade Chiado e pouca dispneia Rudos: roncos, sibilos, creptaes. Etapas tardias: sonolncia, edema, IRA. Edemas perifricos Dimetro AP mantido RelaoVa/Qc , HAP, cor pulmonale crnico,

    policitemia e cianose. Espirometria alterada.

    ASMA BRNQUICA

    Conceito funcional: doena obstrutiva das vias areas reversvel espontaneamente ou por meio de

    medicamentos.

    Conceito fisiopatolgico: doena inflamatria crnica das vias areas tendo como clulas inflamatrias

    principais mastcitos e eosinfilos. A inflamao crnica responsvel pela hiper-reatividade bronquial

    vrios estmulos.

    H broncoconstrio, edema de mucosa e hipersecreo de muco.

    Desencadeantes: plen, pelos de animais, alimentos, medicamentos, cigarro, esforo e mudana de

    temperatura.

    Diagnstico funcional: espirometria.

    Pode ser de persistncia grave, moderada, leve ou intermitente.

    Depende dos sintomas, atividades, crises, uso de bombinha.

    Quadro clnico: episdios recorrentes de sibilncia, dispneia, opresso torcica e tosse.

    Crise severa: fscies de angstia, ortopneia, cianose, tiragem, MV, expirao prolongada com roncos e

    sibilos.

    BRONQUIECTASIAS

  • 48 SNDROMES RESPIRATRIAS

    Dilatao e distoro irreversvel dos brnquios, decorrentes da destruio dos componentes elstico e

    muscular de sua parede.

    Quadro clnico

    Infeces respiratrias

    Agudas: pneumonias de repetio no mesmo local.

    Crnicas: broncorreia, drenagem postural, dedos hipocrticos.

    Hemoptises recorrentes

    A perpetuao do processo inflamatrio local leva a destruio da parede brnquica.

    A cada nova infeco espalha para a vizinhana.

    Tratamento cirrgico, quando localizada.

    Exame fsico

    I: normal ou expansibilidade

    PA: FTV normal ou

    PE: normal

    A: crepitao localizada

    Do parnquima pulmonar

    CONDENSAES

    O ar alveolar substitudo por outro material que pode ser um exsudato inflamatrio, um transudato,

    clulas neoplsicas, sangue.

    Etiologia: pneumonias, abscessos pulmonares, tuberculose pulmonar, infarto pulmonar, edema

    pulmonar, massas tumorais, cistos, etc.

    Pneumonia

    Condensao a brnquio permevel.

    Processo inflamatrio agudo de um lobo pulmonar (parnquima) em contato com um brnquio.

    Atelectasia

    Sndrome de consolidao a brnquio ocludo.

    Etiologia

    Extra-murais: adenomegalias, tumores extrabronquiais e aneurismas vasculares.

    Da parede brnquica: tumores broncognicos malignos e benignos, tuberculose endobrnquica.

    Da luz brnquica: corpo estranho, cogulo, tampo de muco.

    Sintomas: tosse, dispneia, dor torcica.

    Diminuio do volume pulmonar causado por obstruo da via area, o ar interno reabsorvido.

    Pleurais

    Com ausncia de presso negativa endopleural (fora de retrao elstica pulmonar X oposio da

    parede torcica) a posio do trax e do pulmo isolados seria:

  • 49 SNDROMES RESPIRATRIAS

    Trax em extrema inspirao

    Pulmo totalmente colapsado

    A cavidade pleural um espao quase virtual entre a parede torcica e os pulmes; composta por:

    Pleura parietal

    Pleura visceral

    Capilares parietais e viscerais