apostila seguranÇa do trabalho

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Unidade de Educação a Distância SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Belo Horizonte / 2013

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Page 1: APOSTILA SEGURANÇA DO TRABALHO

Unidade de Educação a Distância

SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Belo Horizonte / 2013

Page 2: APOSTILA SEGURANÇA DO TRABALHO

Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA

REITOR

JOAO PAULO BARROS BELDI

VICE-REITORA

JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO

COORDENAÇÃO GERAL

AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA

EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS

DESIGNER INSTRUCIONAL

DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA

EQUIPE DE WEB DESIGNER

CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR FILIPE AFONSO CALICCHIO SOUZA

GABRIELA SANTOS DA PENHA LUCIANA REGINA VIEIRA

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO

AUXILIAR PEDAGÓGICO

ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA

REVISORA DE TEXTO

MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO

SECRETARIA

LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES

MONITORIA

ELZA MARIA GOMES

AUXILIAR ADMINISTRATIVO

THAYMON VASCONCELOS SOARES MARIANA TAVARES DIAS RIOGA

AUXILIAR DE TUTORIA

FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS MIRIA NERES PEREIRA

VANESSA OLIVEIRA BARBOSA

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Sumário

Unidade 1: Introdução à segurança do trabalho e saúde ocupacional 5

Unidade 2: Higiene e segurança do trabalho 16

Unidade 3: Legislação de segurança do trabalho e saúde ocupacional 28

Unidade 4: Ergonomia 44

Unidade 5: Primeiros Socorros e Prevenção e Combate a Incêndios 56

Unidade 6: Fundamentos da Higiene no Trabalho 71

Unidade 7: Gestão de segurança do trabalho e saúde ocupacional 84

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Ícones

Comentários

Reflexão

Dica

Lembrete

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Unidade 1: Introdução à segurança do trabalho e saúde ocupacional

1. Nosso Tema

Nosso objetivo é apresentar a você a importância da segurança e da saúde ocupacional para a sobrevivência do

homem. E para falar deste assunto devemos lembrar que o homem sempre procurou a sua sobrevivência seja

na pré-história ou nos tempos atuais. Mas, o que ele faz para distinguir uma época da outra? É a forma que o

homem busca para manter-se vivo e com saúde.

Na pré-história, a busca era por alimentos e por locais seguros para se proteger das

ameaças que existiam naquele período da historia. Nos tempos atuais, como

podemos perceber esta questão para o homem? O que mudou? Pode ser a forma

de buscar o alimento ou a forma de se proteger? Parece um pouco estranho

imaginar que, após tantos séculos, a preocupação do homem continua tão básica.

Este é o objetivo do estudo desta disciplina: apresentar a você, acadêmico, os conceitos e os assuntos históricos

e atuais que envolvem a segurança e a saúde ocupacional, e como este assunto está em evolução e sua

importância para a sociedade.

Nesta unidade, serão apresentados a você o conceito e o contexto histórico da segurança e da saúde

no trabalho, as leis e as normas que tratam deste assunto, os aspectos sociais, os tipos de acidentes,

o número de acidentes no país e o papel da previdência social nas questões relativas a acidentes do

trabalho.

Vamos em frente!!

Para Refletir

Como você entende este assunto?

Para você, o que é segurança do Trabalho?

Segurança é fazer os trabalhadores usarem os equipamentos de proteção

individual (capacete, botina e óculos)?

O que iremos perceber é que a segurança está muito além do simples ato de utilizar um equipamento

de proteção individual, e que se trata de um assunto que envolve toda a sociedade e apresenta

diversos aspectos sociais.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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2. Conteúdo Didático

2.1. Evolução histórica da Segurança do Trabalho

Agora lhe apresentaremos a evolução da segurança no contexto histórico. Voltando no tempo,

percebemos que o homem na pré-história já se preocupava com sua segurança, saindo para caçar

em grupos, vivendo em cavernas, etc. Eram várias as formas de se proteger dos riscos que o

acometiam naquela época.

Nesta fase, o homem também começa a se organizar e formar grupos e tribos para manter a sua

sobrevivência. Em grupos era mais forte para combater os ataques dos animais e até mesmo para

caçá-los. Assim, o homem, vivendo em tribos e aldeias, passou a brigar entre si e o perigo que eram

os animais selvagens agora eram os próprios seres humanos. Dessa forma, o homem criou vários

equipamentos de proteção, como o escudo, o capacete. Esses instrumentos podem ser chamados de

os primeiros equipamentos de segurança. Nos próximos tópicos, veremos a evolução da segurança.

2.2. Valorização do trabalho na sociedade

Com a própria evolução, o homem passou a produzir seu alimento, semeando. Essa necessidade fez

com o homem criasse ferramentas para o plantio. Começou com pedaços de ossos e, em seguida,

passou a dominar os metais. Assim, começam a surgir varias profissões, como o agricultor, os

fabricantes de armas e de utensílios para a agricultura. Com todos esses recursos mais próximos, a

população crescia de forma mais acelerada, fazendo com que a demanda de produtos aumentassem

a cada dia, sendo necessária a criação de formas de produção que oferecessem uma produtividade

maior do que os trabalhos artesanais.

Nesta fase, na Europa, ocorreu à revolução industrial no século XVII. O trabalho, então, deixa de ser

artesanal e passa a ser industrial. Surgem daí os acidentes de trabalho.

Neste século, foi quando o médico italiano, chamado Bernardino Ramazzini, fez o primeiro estudo da

relação das doenças com o trabalho. Ele pôde concluir que determinadas substâncias provocavam

determinados tipos de doenças. Ramazzini é considerado o pai da medicina do trabalho. Para que

você compreenda a importância dos estudos de Bernardino para a medicina do trabalho, podemos

mencionar o fato de naquela época ele ter identificado algumas doenças que são bem atuais, como

as lesões por esforços repetitivos. Há também um fato interessante que ele identificou: as chamadas

doenças do conselheiro do rei.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 7| P á g i n a

Agora lhe pergunto: que doença é essa que acometia os conselheiros dos

reis e continua existindo até hoje? Para que você possa entender, imagine a

seguinte situação: conselhos bons - glórias ao rei; conselhos ruins - falha do

conselheiro, que poderia ser condenado à morte. Diante desse exemplo,

você já deve saber que essa doença tem o nome atualmente de estresse.

Você pode perceber que há três séculos, esse médico conseguiu mapear

importantes doenças do trabalho que valem até hoje.

No paragrafo anterior, falamos da revolução industrial, que ocorreu na Europa. Os acidentes e as

doenças que acompanharam essa evolução ocorreram no seculo XVII. Já no Brasil, eles só foram

ocorrer no início do século XX.

Dessa forma, o Brasil teve que conviver com um grande número de acidentes e de doeças

ocupacionais, sugindo uma necessidade de controlá-los e reduzi-los. Foi então que, em 1944, o

presidente Getúlio Vargas criou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que é uma

obrigação legal até os dias atuais. A CIPA é uma comissão formada por representantes dos

empregados e do empregador que se reúnem uma vez por mês para discutirem assuntos relativos à

segurança do trabalho. Seu papel principal é a prevenção de acidentes e de doenças do trabalho.

Estaremos aprofundando neste assunto na Unidade 3.

Na década de 1970, através da Lei nº 6514 de 22/12/1977, foram criadas as Normas

Regulamentadoras e Segurança e Medicina do Trabalho. Elas foram aprovadas pela Portaria 3214/78

de 08/06/1978, do Ministério do Trabalho. O Brasil passa a ter uma legislação para tratar dos

assuntos de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Essas normas criadas nesta época são

basicamente as mesmas que determinam as ações de prevenção de acidentes do trabalho nos

tempos atuais. Em sua grande maioria, são normas que poderiam ser revisadas.

A Lei nº 6514, além de criar as normas regulametadoras em segurança e medicina do trabalho,

alterou também o capítulo do título II da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, relativo à

segurança e à medicina do trabalho. Com essa alteração, alguns artigos da CLT foram modificados,

assim ditando mais claramente regras a serem cumpridas em segurança. Esses artigos vão do 154

até 201.

Com base nessas informações, podemos agora passar a você o conceito de segurança do trabalho:

“Segurança do trabalho é o um conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas

usadas para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras dos ambiente quer

instrutindo ou convencendo as pessoas da implementação de práticas preventivas” (CHIAVENATO,

1999, p.381).

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 8| P á g i n a

Entendendo o que é a segurança do trabalho e sua evoluação histórica, você poderá visualizar

melhor os conceitos de acidentes de trabalho que veremos a seguir.

2.3. O acidente do trabalho: definição e lesões.

Para melhor compreensão do que é um acidente do trabalho, é importante conhecer os dois

conceitos que tratam desse tema: o primeiro é o Legal; e o segundo é o Prevencionista.

O conceito Legal, de acordo com a Lei nº 6367 de 19/10/1976, indica que o acidente do trabalho é

aquele que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou

perturbação funcional que cause a morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da

capacidade para o trabalho.

Já para o conceito Prevencionista, segundo Oliveira (2002, p.35), afirma que o acidente do trabalho é

a ocorrência imprevista e não desejada em que haja risco, próximo ou remoto, de lesão corporal e

que tenha referida ocorrência como resultado: lesão pessoal imediata, lesão pessoal mediata (doença

ocupacional), dano material ou apenas a iminência de lesão ou danos materiais.

Cada um desses conceitos tem sua importância, pois nos norteará de acordo com a nossa

necessidade. Vamos identificá-los nos exemplos a seguir:

1 - O trabalhador estava executando seu trabalho quando, ao movimentar-se no local, pisou

em um buraco no piso, torcendo o seu pé direito, provocando uma fratura nele.

2 – O trabalhador estava executando seu trabalho quando, ao movimentar-se no local, pisou

em um buraco no piso e quase sofreu uma queda. As peças que ele transportava caíram e

algumas se quebraram.

No exemplo 1, ocorreu uma lesão, caracterizando o acidente do trabalho, como dita o conceito Legal.

Dessa forma, a empresa deverá emitir uma Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) para que o

trabalhador seja encaminhado ao hospital para atendimento médico.

No exemplo 2, não ocorreu a lesão, mesmo assim será caracterizado como acidente de trabalho com

base no conceito Prevencionista. O incidente deverá ser analisado, investigando a sua causa e o

potencial de risco, pois, nesse conceito, o que é importante é a prevenção. Ocorreu somente o dano

material, porém, levando em consideração o potencial de risco, poderia ter havido conseqüências

mais sérias.

Portanto, quando houver a necessidade de saber se legalmente ocorreu um acidente de trabalho,

levaremos a cabo o conceito legal em que deverá ser observado se houve uma vítima com lesão para

que seja dada a tratativa adequada. E para uma atuação preventiva, devemos considerar qualquer

situação anormal que interfira no andamento do trabalho, devendo ser investigado seu potencial de

risco e estabelecer as ações preventivas.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 9| P á g i n a

Você pode perceber que o segundo conceito é mais abrangente e

contempla até a condição de danos materiais e acidentes sem lesão,

permitido uma atuação mais abrangente da área de segurança.

Nesse contexto de acidente, existe uma diferença entre acidente e lesão,

que reside no fato de que a segunda é conseqüência da primeira. Por

exemplo, o acidente é a queda e a lesão é a fratura. Outro exemplo seria

que o acidente é o contato de qualquer parte do corpo com uma superfície

quente e a queimadura é a lesão.

Entre os fatores geradores de acidentes, podemos destacar três que são: Condição insegura; Ato

inseguro e Fator pessoal de insegurança. Conhecendo esses fatores, entendo como ocorrem e,

atuando de forma preventiva, os riscos podem ser reduzidos, eliminados e/ou mantidos sob controle.

Vamos agora defini-los:

Condição insegura: são as situações de riscos geradas pelo ambiente de trabalho que

podem provocar um acidente. Exemplo: Piso irregular, máquinas e equipamentos

defeituosos, excesso de ruído ou vibrações, falta de limpeza e arrumação.

Ato inseguro: é o ato praticado pelo trabalhador de forma consciente ou não, que poderá

gerar o risco de acidentes, ou seja, é o descumprimento de regras de segurança por falta

de treinamento ou até mesmo estando treinado. Exemplo: Não usar equipamento de

proteção individual, fumar em local proibido, brincadeiras no ambiente de trabalho, ajustar

ou limpar uma máquina em funcionamento.

Fator pessoal de insegurança: são consideradas as condições pessoais do trabalhador

quer sejam físicas, emocionais ou mentais que podem contribuir para a ocorrência de um

acidente. Exemplo: Alcoolismo, problemas familiares, problemas diversos de ordem

pessoal ou psicológica.

Agora que você como futuro profissional de RH conhece os fatores

geradores de acidentes, qual o papel do profissional de recursos humanos

nesse contexto?

Você tem a função de identificar pontos ou falhas nos processos que podem gerar riscos, como falta

ou necessidade de treinamento melhor, conscientização da liderança em relação à segurança e à

saúde no trabalho, avaliação do clima interno, manutenção de uma interação com os trabalhadores,

para identificar os pontos já mencionados. Durante o processo de admissão, analisar o perfil do

candidato quanto ao cumprimento de regras de segurança e ao histórico de acidentes.

Até o momento, estudamos a evolução histórica dos acidentes, as leis e os mecanismos de

entendimento sobre o que é o acidente do trabalho. A seguir, veremos o número de acidentes de

trabalho no Brasil e a legislação de amparo ao trabalhador vitimado.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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2.3.1. Número de acidentes no Brasil e legislação de acidente do trabalho.

O Brasil, mesmo com a criação de leis, fiscalizações e multas com objetivo de eliminar ou reduzir os

números de acidentes, ainda continua nas estatísticas mundiais como um dos países que mais tem

acidentes de trabalho.

Veja, na sua aula online, um quadro com os dados de acidentes de trabalho

em algumas décadas no Brasil.

Os números elevados têm impactos diretos na Previdência Social, que é hoje a principal fonte de

custeio dos acidentados que gozam de alguns benéficos garantidos na Lei nº 8213/91.

Auxilio Doença Acidentário

É o beneficio de direito do trabalhador que sofre acidente ou doença e tem necessidade de

afastamento das suas atividades por um periodo superior a 15 dias consecutivos. Lembrando que os

primeiros 15 dias de afastamento são custeados pela empresa. A partir do 16º dia de afastamento do

trabalho, o custo é pago pela Previdência Social. No caso dos contribuintes como os profissionais

liberais, empresários, autônomos, entre outros, a Previdência paga por todo o período que o

trabalhador estiver afastado de suas atividades, desde que ele tenha devidamente requerido o

benefício.

Para que o trabalhador possa receber o benefício, a empresa deverá emitir a Comunicação de

Acidente do Trabalho (CAT). Como você pode observar, aqui está sendo tratado o conceito Legal de

acidente do trabalho, ou seja, deve haver vítima com lesão.

O benefício é de direito do trabalhador após a contribuição para a Previdência Social, durante um

período de no mínimo 12 meses. Em caso de acidente dentro ou fora do ambiente de trabalho, esse

prazo não será exigido.

É necessária a comprovação da incapacidade de trabalho, concedida pela perícia médica da

Previdência Social, para que o benefício seja liberado. Para se evitar a suspensão do benefício e dar

continuidade ao seu recebimento, o trabalhador deve, obrigatoriamente, realizar exames médicos

periódicos.

O beneficio pára de ser pago quando, através de pericia médica, custeda pela previdência, é

caracterizada a condição de retorno ao trabalho ou quando é convertido em aposentadoria por

invalidez.

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Auxilio Acidente

Tem direito a esse benefício o segurado que, após receber auxílio doença acidentário, retorne ao

trabalho e com alguma sequela definitiva que limite a sua capacidade para o trabalho que exercia

antes do acidente.

O auxílio equivale a 50% do sálario nominal do empregado que tem como referência o valor do

salário da data do acidente. Vejamos um exemplo: Sr. Zé sofreu um acidente de trabalho, uma fratura

exposta no braço direito. Após tratamento e acompanhamento médico, retornou ao trabalho, porém

não podendo mais execer a função de mecânico de manutenção.

No exemplo, você pode perceber que houve um limitação para os trabalhos

do Sr. Zé, portanto ele passa a ter direito ao benefício, que deixará de ser

pago quando começar a receber aposentadoria de qualquer espécie.

Vale destacar que o trabalhador receberá o auxílio acidente, mesmo que esteja trabalhando e

recebendo na condição de assalariado em uma empresa, desde que observado o exposto anterior.

Aposentadoria por invalidez

É o direito do segurando que, após receber ou não auxílio doença, seja considerado incapaz por

perícia médica da Previdência Social para execer seu trabalho ou condições de ser reabilitado, ou

seja, recolocado no mercado de trabalho em outra atividade diferente que exercia ou impossibilitado

de realizá-la. Dessa forma, não tem de onde prover seu sustento.

Poderão gozar deste benefício os segurandos que atendam o que determina a lei nº 8213/91, como,

por exemplo:

Não possuir doença ou lesão pré-existente a sua filiação à Previdência;

Sendo aceita a situação que o agravamento da enfermidade levou a incapacidade para o

trabalho.

Para manter o benefício, deverá o segurando passar por perícia médica em caráter bienal, sob pena

de suspensão do benefício, que também poderá deixar de ser pago quando o segurado oferecer

condições de retornar a trabalhar.

No caso de acidente do trabalho, o segurado, estando inscrito na Previdência Social, tem seu direito

assegurado, nos demais casos, terá direito, desde que já tenha contribuído pelo menos 12 meses

para a Previdência.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

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Pensão por morte

Será pago ao dependetes legais do trabalhador, quando ele morre. Para ter direito a esse benefício,

não há carência de contribuição para Previdencia. Porém, o trabalhador deve estar na condição de

segurado, ou seja, inscrito e contribuindo com a Previdência Social.

Sempre que ocorre um acidente, é obrigação do empregador a emissão da CAT – Comunicação de

Acidente de trabalho. Essa emissão é importante e necessária para que o trabalhador tenha

resguardados seus direitos previdenciários.

Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT

A Comunicação de Acidente do Trabalho deve ser emitida pela empresa e encaminhada em conjunto

com o acidentado ao local de atendimento médico. Ela se classifica em três tipos:

Inicial - é aberta no ato da ocorrência do acidente ou do conhecimento da doença

ocupacional.

Reabertura - quando o acidentado volta a apresentar problemas relativos ao acidente ou

à doença ocupacional em que já havia sido emitida uma CAT.

Comunicação de óbito - é emitida à Previdência nos casos em que ocorreu a morte do

trabalhador em função de um acidente de trabalho ou de doença ocupacional.

Caso o empregador não emita esse documento, poderão também emiti-lo:

O médico que prestou o atendimento;

O próprio acidentado;

Os dependentes direto do acidentado;

A entidade sindical da cotegoria do acidentado;

Qualquer autoridade pública.

Nesse caso, é importante resaltar que a omissão da empresa diante da emissão da comunicação de

acidente do trabalho poderá atingi-la de forma negativa, além do fato de poder gerar ações de

fiscalização por parte da Previdência e/ou Ministério do Trabalho e Emprego.

2.4. Introdução à Higiene e à Segurança do Trabalho

Neste tópico, iremos introduzir os conceitos básicos do que é higiene e segurança do trabalho, que,

na maioria das vezes, é confundido com limpeza e conservação do ambiente. Na realidade, trata-se

de conceitos técnicos para a avaliação do ambiente de trabalho, identificando os riscos presentes que

podem gerar danos à saúde do trabalhador. De acordo com o livro Higiene do Trabalho e PPRA de

Tuffi Saliba1, temos o seguinte conceito para a higiene do trabalho:

1 Saliba, Tuffi Messias. Higiene do Trabalho e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. São Paulo: LTr. 2002.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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São a ciência e arte dedicadas a antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de fatores e riscos ambientais originados nos postos de trabalho e que podem causar enfermidade, prejuízos para a saúde ou bem-estar dos trabalhadores, também tendo em vista o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente em geral. (SALIBA, 2002, p.11).

Como você pode perceber, a higiene do trabalho visa manter de fato limpo o ambiente, porém de

fatores que podem agredir a saúde do trabalhador, que são considerados os riscos ambientais. Os

riscos ambientais, quando não controlados e monitorados, podem agredir a saúde do trabalhador,

provocando doenças ocupacionais. Dessa forma, podem também gerar para a empresa processos

trabalhistas, em que se pleiteia o pagamento do adicional de insalubridade, pago quando a exposição

a riscos ambientais ultrapassa o limite de tolerância, podendo prejudicar a saúde do trabalhador.

Percebemos, assim, que a falta de segurança no trabalho poderá gerar prejuízos financeiros.

Você, futuro gestor de RH, deverá saber identificar situações que podem

gerar riscos ambientais e tomar ações para que eles permaneçam sob

controle. No próximo tópico, você conhecerá um pouco sobre esses riscos.

2.4.1. Riscos Ambientais2

São considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos, presentes no ambiente

de trabalho, capazes de produzir danos à saúde do trabalhador, quando superados os respectivos

limites de tolerância. Esses limites são estabelecidos por normas nacionais do Ministério do Trabalho

e Emprego ou internacionais, de acordo com o tipo de agente. Vejamos alguns exemplos de riscos

ambientais:

Riscos Físicos: Ruídos, temperaturas extremas (frio ou calor), radiações ionizantes e não

ionizantes;

Riscos Químicos: Poeira, fumos, gases, vapores, óleo e graxa;

Riscos Biológicos: Bactérias, fungos, protozoários e vírus.

O objetivo da higiene e da segurança no trabalho é neutralizar os agentes que podem causar

doenças, controlar e monitorar o ambiente, preservando a integridade física do trabalhador.

Trataremos novamente deste assunto na unidade 3.

2 Saliba, Tuffi Messias. Higiene do Trabalho e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. São Paulo: LTr. 2002. p.13

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3. Teoria na Prática

O texto que lhe será apresentado demonstra a importância de ações corretas em segurança e saúde

no trabalho, bem como o cumprimento da legislação, dos impactos e danos para o trabalhador, a

família, a Previdência e a empresa. Boa leitura.

A "boa aparência" perdida. (*)

A família de Mariana mudou-se de Pernambuco para São Paulo, em busca de melhores oportunidades de trabalho, quando ela tinha dois anos de idade. Aos doze anos, Mariana começou a trabalhar para cooperar nas despesas domésticas, e aos quatorze conseguiu um emprego de Auxiliar Geral numa indústria mecânica. Não era um emprego com carteira, mas, de qualquer forma, era um emprego... Além do mais, aquela empresa não tinha mesmo o costume de registrar seus empregados: uma de suas colegas de trabalho já tinha um ano de casa e continuava sem registro. Mariana não sabia bem quais as tarefas que teria que cumprir como "Auxiliar Geral". Em seu primeiro dia de trabalho, ficou sabendo que iria trabalhar com máquinas. Mariana trabalhava há dezoito dias na empresa, quando recebeu a incumbência de limpar uma máquina de processamento de carne. A garota desligou a máquina e enfiou a mão dentro dela, para iniciar a limpeza. Mariana ignorava, porém, que o motor dessa máquina não parava instantaneamente: continuava funcionando ainda durante vários segundos após desligado o interruptor. O acidente tornou-se ainda mais grave porque o chefe da menina, ao vê-la com a mão presa, pensou que a máquina estivesse ligada e acionou o interruptor com o intuito de "desliga-la". Com sua precipitação, o chefe ligara novamente a máquina, o que aumentou consideravelmente a lesão sofrida pela garota. Inconsciente, Mariana foi levada para o hospital com a mão ainda aprisionada pela engrenagem da máquina e teve os seus dedos amputados.

O chefe, que a acompanhara, receando alguma conseqüência indesejável para o seu lado, inventou para os médicos a versão de que a menina era apenas uma "amiga", que mexera na máquina sem o seu conhecimento. Mariana permaneceu no hospital por vários dias, estranhando o fato de ninguém ir visitá-la, nem mesmo seus familiares. Ao voltar para casa, tomou conhecimento de que sua família não fora sequer informada de seu acidente, tendo passado todos os aqueles dias sem qualquer notícia a seu respeito. Quanto ao seu ex-chefe, só foi reencontrá-lo meses depois, quando foi convocado pela Delegacia Regional de Trabalho para registrá-la. Mariana passou a freqüentar o Centro de Reabilitação Profissional do INSS, onde recebeu uma luva estética, destinada a minimizar os efeitos de seu acidente. Começou a procurar emprego como auxiliar de escritório. Como freqüentava com bom aproveitamento um curso supletivo do ginásio, passava com facilidade nos testes de admissão, mas, no momento das entrevistas, invariavelmente escutava que, sua "boa aparência física" ficara prejudicada... Além desta, outra barreira impunha-se às suas expectativas de conseguir uma nova colocação no mercado de trabalho: o fato de constar, em sua Carteira de Trabalho, uma passagem pelo INSS como acidentada. (*) extraído de um texto de Leonilde Galasso, baseia-se numa história verídica. Há mais relatos desta natureza na obra "Isto é trabalho de Gente?", trabalho que demonstra as condições impostas ao trabalhador Fonte: AFFONSO JÚNIOR, Carlos Morais. Acidentes de trabalho. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 45, set. 2000. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1211>.

Acesso em: 15/11/2008. Neste texto, é apresentado de forma clara um exemplo de como é tratada ainda a segurança do

trabalho por algumas empresas, que a princípio vislubram um ganho imediato, porém o risco que

correm podem contribuir para grandes prejuízos. Além disso, contribuem para que o Brasil continue

liderando as estatísiticas mundiais de acidentes do trabalho. Pense no papel do RH nesse contexto.

Qual a sua responsabilidade?

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 15| P á g i n a

4. Recapitulando

Nesta unidade, você estudou:

Os antecedentes históricos da segurança e da saúde no trabalho, quando ocorreu os

primeiros estudos relacionando a doença com o trabalho realizado em 1700 por Bernardino

Ramazzini, um médico italiano;

A CIPA, que foi criada em 1944, com o objetivo de atuar na prevenção de acidentes;

A Lei nº 6514 de 22/12/1977, que criou as Normas Regulamentadoras em Segurança e

Medicina do Trabalho,aprovadas pela Portaria 3214/78 de 08/06/1978, do Ministério do

Trabalho, uma legislação para tratar dos assuntos de prevenção de acidentes e doenças

ocupacionais;

Os fatores geradores de acidentes, que são: ato inseguro, condição insegura e fator

pessoal de insegurança;

A responsabilidade do RH na prevenção de acidentes;

O número de acidentes no Brasil;

Os benefícios que têm direito os acidentados no trabalho, garantidos pela Lei nº 8213/91;

O que é a Comunicação de Acidente do trabalho, quem tem a obrigação de emiti-la e quem

também tem direito de emiti-la;

A higiene e a segurança do trabalho, que é identificada pelo controle dos riscos químicos,

físicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho e que podem provocar danos à

saúde do trabalhador.

Page 16: APOSTILA SEGURANÇA DO TRABALHO

Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 16| P á g i n a

Unidade 2: Higiene e segurança do trabalho

1. Nosso Tema

Na unidade anterior, você conheceu a evolução da segurança do trabalho, dos acidentes do trabalho,

entre outros assuntos. Tratamos também dos riscos ambientais, que são os fatores, químicos, físicos

e biológicos presentes no ambiente de trabalho e que podem provocar danos à saúde do trabalhador.

Agora, o que veremos, nesta unidade, são os impactos desse problema e a importância de manter

um controle rígido, para que isso não aconteça.

Iremos conhecer algumas entidades relacionadas à segurança e à saúde no trabalho, qual o seu

papel e importância e, ainda, a inter-relação delas com as empresas.

A Organização Mundial de Saúde define saúde como: “o estado de completo bem-estar físico,

mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”.

Podemos perceber que, nesse conceito, temos que mudar a idéia de apenas tratar a doença e sim de

preveni-la. Para isso, precisamos realizar atividades de identificação e mapeamento dos riscos que

acontecem nos ambientes de trabalho, que podem ser os principais “vilões” quando se fala em

doença ocupacional. Além disso, o RH (Recursos Humanos) tem o importante papel de contribuir

para manter o bem-estar mental e social do trabalhador.

Ficou curioso? Então, vamos em frente!!

Para Refletir

Vamos pensar um pouco:

Para você, como podemos reconhecer os riscos existentes no ambiente de

trabalho?

Não se preocupe que, no decorrer da unidade, responderemos a essa questão.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 17| P á g i n a

2. Conteúdo Didático

2.1. Conceitos de saúde ocupacional

Podemos definir, de forma sucinta, saúde como um bem-estar físico e mental e social, e, para manter

essa condição no ambiente de trabalho, são necessárias algumas ações e implantação de medidas

para prevenir ou manter sob controle a presença de agentes considerados como agressivos à saúde

do trabalhador.

Com esse objetivo, a Portaria 3214 de 08/06/78 apresenta uma Norma Regulamentadora de número

07, a qual trata da obrigação das empresas em relação ao controle médico da saúde do trabalhador,

o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO. Oliveira (2002) aborda o assunto da

seguinte maneira:

No PCMSO, são estabelecidas as diretrizes básicas para monitoramento da saúde no trabalho, e

para a sua elaboração, deverão ser seguidos os seguintes tópicos, segundo Oliveira (2002, p.102-

105):

Atividade desenvolvida pela empresa e grau de risco, com base na Classificação Nacional de

Atividades econômicas - CNAE;

Características da estrutura física da empresa;

Riscos Operacionais – (riscos ambientais);

Atividades preventivas desenvolvidas;

Tipos de exames a serem realizados:

o Admissional;

o Periódico;

o Mudança de Função;

o Retorno ao Trabalho;

o Demissional.

Os quatro primeiros tópicos são uma referência para apresentação e identificação da empresa e dos

riscos presentes no ambiente de trabalho. Com base nessas informações, inicia-se o processo de

estruturação do PCMSO.

Já o quinto tópico se refere à avaliação clinica do estado de saúde do trabalhador, que terá como

referência a aplicação prática do que foi estabelecido nos itens anteriores, além, é claro, de ser uma

importante ferramenta para o monitoramento da saúde dele, pois, como veremos a seguir, existe um

motivo gerador para cada tipo de exame.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 18| P á g i n a

Na unidade anterior, os riscos ambientais são os agentes presentes no ambiente de trabalho, que

podem provocar danos à saúde do trabalhador. Então, são esses riscos que devemos identificar,

estabelecendo, assim, os parâmetros para o monitoramento de saúde, ou seja, definindo os tipos de

exames que devem ser realizados para cada cargo ou função na empresa e sua periodicidade.

Os exames serão estabelecidos no programa através de um médico do trabalho, responsável pela

sua elaboração. É também intitulado médico coordenador do PCMSO. Esse profissional é o

responsável por todas as ações que envolvam o programa, devendo seu nome e demais dados

profissionais constar em toda a documentação do PCMSO, principalmente no Atestado de Saúde

ocupacional – ASO. Este é o documento emitido em que se atesta a condição de saúde do

trabalhador, sendo obrigatória a entrega de uma cópia ao interessado, colhendo sua assinatura,

confirmando o recebimento.

Para você, futuro gestor de RH, é importante saber da importância da

realização dos exames e dos controles médicos, pois serão eles que darão

condições de fazer uma gestão da saúde do trabalhador desde sua

admissão até seu desligamento, criando um histórico laboral da saúde do

trabalhador, apresentando as atividades exercidas, os riscos presentes no

ambiente e o monitoramento da saúde do trabalhador. Vale destacar que os

riscos ambientais são identificados através do Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais – PPRA -, que tem sua sustentação legal na Norma

Regulamentadora de número 09 da Portaria 3214 de 08/06/78.

Entenda agora o que são esses exames:

Admissional: é o exame que deverá ser realizado antes da admissão. Tem por finalidade avaliar

previamente a condição física do trabalhador e a pré-existência de doenças que podem ser

agravadas com o tipo de atividades a serem exercidas pelo cargo, além, é claro, de ser o melhor

momento para avaliar a compatibilidade física do candidato com o cargo ao qual está

concorrendo.

É importante lembrarmos que o exame médico é uma das fases do

processo seletivo, podendo também reprovar ou identificar alguma

incompatibilidade do candidato com o cargo pleiteado.

Periódico: é o exame que deverá ser realizado conforme a periodicidade estabelecida pelo

PCMSO da empresa, podendo ser anual, semestral ou em período determinado pelo médico do

trabalho. Com esse exame, o que queremos observar é se a exposição do trabalhador aos riscos

ambientais presentes em seu local de trabalho estão sobre controle, não prejudicando sua saúde.

Caso seja observada qualquer alteração nos exames que possa haver uma relação com a

atividade laboral, demonstra a existência de uma falha no controle dos riscos ambientais, o que

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 19| P á g i n a

sinaliza a necessidade de uma rápida intervenção para identificação e avaliação das causas da

falha.

Mudança de função: é o exame que deverá ser realizado sempre que ocorrerem alterações na

função do trabalhador, por mudança de local de trabalho, promoção, etc. Será realizado antes da

alteração da função. Ele tem uma aplicação similar ao exame admissional; sua finalidade é avaliar

as características e as condições físicas do candidato em relação à alteração que ocorrerá em

suas atividades na empresa. Como exemplo, podemos avaliar a seguinte condição:

O Sr. Zé está sendo promovido, porém, neste novo cargo, deverá controlar a entrada de peças em

forno, ou seja, um ambiente com temperatura elevada. No exame médico, foi identificado que o Sr. Zé

faz uso de medicação para controle da pressão arterial, que, às vezes, sobe um pouco. Diante desse

fato, o médico do trabalho poderá considerar o candidato inapto para função, por entender que tal

ambiente oferece um risco à sua saúde.

Retorno ao trabalho: é o exame pelo qual deverá passar o trabalhador quando ficar afastado do

trabalho por um período superior a 30 (trinta) dias, por motivo de doença, acidente do trabalho

e/ou licença maternidade. Com esse exame, o médico do trabalho irá avaliar a condição do

trabalhador para o retorno às atividades, podendo considerá-lo apto ou inapto para função. No

segundo caso, poderá a empresa ser obrigada a fazer uma reabilitação do trabalhador, ou seja,

colocá-lo para trabalhar em outro setor que não ofereça riscos à saúde.

Demissional: é o exame que deverá ser realizado até a data do desligamento do trabalhador da

empresa. Tem por finalidade demonstrar que ele está se desligando da empresa sem nenhuma

seqüela ou doença que poderia ter sido provocada pelos riscos ambientais, presentes no local de

trabalho. A legislação prevê que esse exame poderá ser desnecessário, caso o trabalhador tenha

passado por algum dos exames mencionados anteriormente em um período inferior a 90

(noventa) dias ou até a 135 (cento e trinta e cinco) dias, cumpridos alguns critérios legais.

Para aplicação dos prazos do exame demissional, deverão ser observadas

as diretrizes estabelecidas pela Portaria 3214 de 08/06/78, através da

Norma Regulamentadora de número 07, em que deverão ser considerados:

o número de funcionários da empresa e o grau de risco da atividade; o tipo

de risco a que está exposto o trabalhador; a periodicidade dos exames

estabelecida no PCMSO; e a determinação do Ministério do trabalho e

Emprego – MTE -, ou por negociação coletiva, podendo evitar custos

desnecessários com a realização de novos exames.

Assim, observamos que o PCMSO é um programa abrangente e contempla as diversas fases do

trabalhador na empresa, sendo uma ferramenta importante para manter o bem-estar físico do

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 20| P á g i n a

trabalhador, o que é de suma importância para impactos humanos, econômicos e sociais. Além disso,

apresenta melhores condições de trabalho e de resultados para as empresas, como veremos a

seguir.

2.2. Aspectos humanos, econômicos e sociais

As empresas que praticam com seriedade os assuntos pertinentes à prevenção e ao controle de

doenças, com certeza vão contribuir para que os aspectos humanos, econômicos e sociais sejam

preservados. Preservar consiste em uma melhor ou, no mínimo, a manutenção da saúde do

trabalhador, que poderá também manter ou melhorar a produtividade da empresa, contribuindo para

a sociedade, por exemplo, com o não desprendimento de recursos para pagamento previdenciário.

Poderá ainda contribuir para a imagem da empresa ao se perceber a preocupação dela com a

responsabilidade social, pois uma empresa que demonstra atitudes proativas em preservar a

integridade física de seus trabalhadores poderá ser vista pela sociedade como uma organização que

está engajada e que dá o devido valor às suas responsabilidades sociais.

Podemos perceber que o investimento na prevenção de doenças contribui para as empresas, pois

evita o absenteísmo de seus trabalhadores, evita o pagamento de indenização em caso de uma

reclamação trabalhista, evita a rotatividade de pessoal e além, é claro, do fato de poder evitar uma

intervenção do Ministério do Trabalho por não cumprimento da legislação.

Para os trabalhadores, os aspectos positivos são: melhor qualidade de saúde, prevenção de

doenças, maior confiança em relação ao controle dos riscos ambientais e certeza da preservação da

sua integridade física, manutenção das condições básicas de trabalho necessárias, e ainda receber

normalmente o seu salário, pois estarão em gozo de plena saúde.

A sociedade terá como contribuição a redução de pagamentos de benefícios previdenciários e

profissionais saudáveis no mercado, que é sinônimo de trabalhador produtivo, que gera retornos

financeiros e produtividade para a empresa e que resulta, ainda, na contribuição para girar a

economia. Com esses fatores, a sociedade enxerga a empresa como uma instituição socialmente

responsável e envolvida com as questões relacionadas à saúde do trabalhador.

Diante do apresentado até o momento, você percebe a atuação do

profissional de RH? Se a resposta foi em todos os aspectos, parabéns, pois,

de fato, caberá também a esses profissionais, conhecer e entender os

programas de promoção à saúde do trabalhador e quais outros fatores

podem também ser geradores de adoecimento no ambiente de trabalho,

que podem estar relacionados ao alcoolismo, tabagismo, dependência

química, estresse e AIDS.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 21| P á g i n a

Deve-se dar atenção também a outras doenças que podem não demonstrar nexo direto com o

trabalho, mas que são importantes e devem ser consideradas e tratadas, pois acabam gerando

também afastamento do trabalhador.

Quando o serviço médico da empresa não amplia a sua forma de atuação e considera importante

simplesmente monitorar e controlar as situações identificadas como riscos ambientais, poderá não

estar cuidando de forma preventiva da saúde do trabalhador. Como já mencionamos, existem outras

doenças que também podem ser prevenidas e é importante realizar essa prevenção, visto que elas

também influenciam na saúde dele e, conseqüentemente, poderão gerar impactos para empresa, nos

casos de afastamento.

O que queremos é chamar a sua atenção, futuro gestor de RH, para o fato

de que é muito importante identificar ou solicitar ao serviço médico da

empresa os tipos de doenças comuns na região em que a empresa está

instalada e nos locais em que presta serviços, pois, assim, poderá atuar

preventivamente, como, por exemplo, com campanhas de vacinação contra

a gripe, febre amarela, tétano entre outras.

2.3. Entidades relacionadas, políticas, programa de atividades de segurança.

Estudaremos, nesta subunidade, como abordado por Araújo (2002, p.16-25), as entidades que estão

relacionadas a ações de prevenção, seja por meio de suporte técnico, criação de leis e normas ou

fiscalização do cumprimento da legislação, políticas e programas que também servem para a

prevenção de doenças ocupacionais.

Segundo Araújo (2002, p.16-25), as entidades que estão relacionadas às ações de prevenção, seja

por meio de suporte técnico, criação de leis e normas, ou fiscalização do cumprimento da legislação,

são:

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) - no que tange à segurança e à saúde no

trabalho, é o órgão responsável pela representação política e social do governo em

assuntos relacionados ao trabalho.

Delegacias Regionais do Trabalho (DRT) - tem como objetivo orientar e controlar, dentro

de sua jurisdição, a execução de atividades relacionadas com a fiscalização nos

ambientes de trabalho, inclusive nos aspectos de segurança e saúde.

Para que você compreenda melhor a importância e a atuação dessas

delegacias, saiba que são elas que, através das fiscalizações, podem

multar, autuar, notificar, embargar ou interditar os locais de trabalho ou

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 22| P á g i n a

empresas que apresentem riscos à integridade física dos trabalhadores ou

não estejam cumprindo a legislação.

Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro-

pode ser considerado com um braço técnico do MTE, ou seja, atua em pesquisas,

suportes e orientações técnicas relativas à segurança do trabalho, entre outras

atribuições.

Sempre que necessitar de alguma orientação relativa à segurança do

trabalho, você deve procurar, preferencialmente, esse órgão em detrimento

ao MTE, pois ele é também um agente fiscalizador.

Sindicatos da Categoria - adotam acordos ou convenções coletivas que podem abordar

temas relativos à segurança e à saúde no trabalho.

Cabe a você, futuro gestor de RH, ao iniciar as atividades em uma

organização, conhecer seu sindicato e acordos ou convenções coletivas,

entendendo e cumprindo o que for estabelecido para a área de segurança e

saúde ocupacional ou simplesmente difundindo a informação para o

departamento de segurança, caso a organização o tenha.

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - é responsável pela normalização

técnica no país. Vale destacar que a Portaria 3214 de 08/06/78 estabelece que, caso as

Normas Regulamentadoras não contemplem todos os aspectos para reduzir ou

neutralizar os riscos nos ambientes de trabalho, deverão ser consultadas outras normas

nacionais ou de reconhecimento internacional para adoção de medidas de segurança.

Organização Internacional do Trabalho (OIT) - tem como atividade principal a divulgação

de informações e recomendações internacionais que visam à proteção do trabalhador. As

recomendações relativas à segurança não têm caráter obrigatório, ficando a cargo de

cada país que participa dessa organização decidir se irá transformar a recomendação em

lei.

Sobre as políticas e os programas de atividades de segurança, podemos destacar que, no Brasil,

atualmente não existe uma Política Nacional de Prevenção em Segurança e Saúde no trabalho.

Existe uma proposta do MTE, em que, além da prevenção de acidentes e doenças do trabalho, é

proposta também a unificação das informações entre a Previdência Social, Ministério do Trabalho e

Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, atribuem-se a cada um deles suas responsabilidades

quanto ao tema e também facilita o cruzamento de informações, como ações de fiscalização e sobre

as empresas que não investem em segurança e saúde no trabalho.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 23| P á g i n a

Para ter acesso à proposta da Política Nacional de Prevenção em

Segurança e Saúde, visite o site do MTE, disponível em:

<http://www.mte.gov.br/seg_sau/proposta_consultapublica.pdf> Acesso em:

08/01/2009.

Mesmo não tendo uma Política Nacional de Prevenção de Acidentes, foi introduzida no Brasil a

Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes – CANPAT -, que foi instituída pelo Decreto nº

8.255, de 16 de fevereiro de 1971, com objetivo de promover ações de prevenção de acidentes do

trabalho e doenças ocupacionais. É obrigação das empresas promoverem essas campanhas internas

de prevenção, com uma periodicidade que proporcione a conscientização dos trabalhadores.

Entre os Programas de prevenção de acidentes e doenças a serem aplicados pelas empresas,

destacamos os seguintes:

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - é obrigatória a implantação em todas

as empresas. Seu objetivo principal é mapear e identificar os riscos ambientais presentes no

ambiente de trabalho. Ele também servirá como base para o desenvolvimento do PCMSO da

empresa, pois são as informações constantes neste programa que darão subsidios para o

médico do trabalho identificar as doenças que podem ser provocadas pela exposição aos riscos

mapeados. Com os riscos ambientais identicados, caberá à empresa dar trativas adequadas

para controle, neutralização ou redução dos riscos desses agentes. A essas medidas adotadas

de forma preventiva é dado o nome de higiene do trabalho.

PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - é obrigatória a implantação

nas empresas, como já mencionado no paragrafo anterior. O PCMSO terá como base as

informações lenvatadas no PPRA para o seu desenvolvimento, sendo que o médico do trabalho

também poderá considerar outros fatores para o desenvolvimento do programa que visa ao

monitoramento da saúde do trabalhador, ou seja, ele serve como um indicador sobre que ações

tomadas com base no PPRA estão sendo eficazes, não provocando danos à saúde dele.

PCA – Programa de Conservação Auditiva - é obrigatória a sua implantação para as empresas

que apresentem altos níveis de ruído no ambiente de trabalho. Esse programa consiste em

estratificar no ambiente de trabalho os principais fatores geradores de ruído e os mecanismos

para neutralizá-los, além de ser muito importante para a definição do tipo de equipamento de

segurança mais adequado para o ambiente. A sua implantação auxilia tanto no PPRA como no

PCMSO.

PPR – Programa de Proteção Respiratória - é obrigatória a sua implantação para as empresas

que apresentem agentes agressivos à saúde que podem ser inalados, podendo ser gases,

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 24| P á g i n a

vapores ou poeiras. Como o PCA, esse programa também auxilia no PPRA, PCMSO e na

definição do tipo de proteção respiratória mais adequada para o ambiente e trabalhador.

PCMAT – Programa de Controle do Meio Ambiente de Trabalho - este é um programa que tem

um foco direcionado para canteiros de obras. São ações de prevenção que deverão ser

contempladas do início ao fim da obra. Um confusão comum em relação ao PCMAT é de se

achar que, uma vez implementado, não há a obrigação de implantar o PPRA, pois, na

realidade, ambos deverão ser aplicados nos canteiros de obra, pois cada um atende a

determinados requisitos de segurança, necessários para redução ou neutralização dos riscos

nos ambientes de trabalho;

Você deve entender a importancia da interrelação da área de RH com os assuntos relativos à

segurança e à sáude no trabalho, à amplitude das ações e à interação das diversas entidades e

programas de segurança e qual a finalidade de cada um, para assim, desenvolver um bom trabalho

no que diz respeito à prevenção e à proteção da saúde do trabalhador.

Na proxima unidade, será apresentado a você como funcionam esses programas e qual sua

finalidade, sua exigência legal, seus objetivos e também os impactos que podem provocar aos

trabalhadores e à empresa.

Até lá!!

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 25| P á g i n a

3. Teoria na Prática

Com base nesta unidade, podemos perceber ou visualizar a importância da promoção da saúde nas

empresas, como sendo um fator de grande participação na prevenção de doenças ocupacionais,

geração de lucros ou melhores resultados para as empresas e impactos econômicos e sociais.

Agora, que você tem esse conhecimento, deve saber também por que aplicá-lo. Como um bom

exemplo, temos a matéria publicada no Globo OnLine, em 04/06/2008, por Ione Luques. Ela retrata a

importância da realização dos exames médicos admissionais, que, antes de ser uma obrigação legal,

é uma importante ferramenta para empresas para não assumirem ou contratarem profissionais com

doenças pré-existentes que possam ser agravadas no ambiente para o qual a pessoa esta sendo

contratada, além do fato de avaliar a capacidade do candidato para exercer a atividade requerida pelo

cargo.

Veja a matéria na íntegra disponível em:

<http://oglobo.globo.com/economia/seubolso/mat/2008/06/04/exame_admis

sional_cuidar_da_saude_importante_para_conquistar_um_emprego-

546646790.asp>. Acesso em 07/01/2009.

De acordo com o conteúdo da unidade e o texto da matéria indicada, reafirmamos a importância de

um Programa de Controle Medico e Saúde Ocupacional (PCMSO) bem estruturado, pois é com base

nas diretrizes estabelecidas neste programa que serão realizados os exames dos candidatos. Caso

ocorram falhas nesses processos de avaliação médica e clínica, poderão acarretar sérios riscos para

a saúde do candidato. Ou seja, aprovando um candidato que não apresente condições de saúde, que

permita realizar as atividades do cargo, implicara limitação na execução dos trabalhos ou provocará

no trabalhador uma condição que poderá gerar um agravo no caso de uma doença pré-existente.

Um exemplo dessa situação temos em Monteiro (2000, p.71). Um exame não identificou que o

candidato é portador de um tipo de Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho – DORT,

denominada como ”Dedo no gatilho”, que consiste na impossibilidade de estender o dedo após flexão

máxima. A vaga em questão é para ser frentista em um posto de gasolina, e a atividade consiste em

acionamento do gatilho da bomba de gasolina.

A aprovação do candidato nessa condição poderá trazer sérios problemas para a sua saúde, além do

fato de a empresa passar a assumir uma responsabilidade de uma doença pré-existente, gerando,

assim, uma obrigação de indenizar o trabalhador em caso de uma ação trabalhista.

Nesse exemplo, temos diversos fatores a serem observados: de um lado, o candidato que necessita

da vaga para manter seu sustento, de outro a empresa que espera contratar uma pessoa capaz de

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 26| P á g i n a

realizar as atividades que são inerentes ao cargo. Em meio a esses fatores, existe a doença pré-

existente, que, no exercício do trabalho, poderá gerar o agravamento da lesão, e, como

conseqüência, o afastamento do empregado. A empresa tem que assumir os prejuízos em

administrar a falta deste trabalhador - o que poderá gerar atrasos na produção e prejuízos financeiros.

Agora você deverá estar apto para lidar com essa situação, sem contrariar a legislação que fala da

não discriminação do candidato, e a necessidade da empresa em contratar uma pessoa em

condições para realizar a atividade. Não será uma tarefa fácil, pois a contratação poderá prejudicar a

saúde do candidato.

Diante desse fato, como lhe explicar o motivo de sua reprovação?

Uma alternativa será apresentar os danos que poderão ser provocados à

sua saúde, caso seja contratado para o cargo, deixando entender que tal

motivo se faz em função da doença que ele já possui.

Por outro lado, caso a empresa tenha outras áreas onde possa recolocar esse profissional, poderá

contratá-lo e manter um controle rígido com relação ao monitoramento da doença já existente que

deverá ser mencionada em toda a documentação médica, desde o ato da admissão até o fim do

pacto laboral.

Com isso, o que percebemos é que investir na saúde do trabalhador é a

melhor forma de a empresa manter seus lucros e resultados, preservar o

trabalho íntegro, evitar impactos para a sociedade com os pagamentos de

benefícios previdenciários, além do fato de manter pessoas saudáveis no

mercado de trabalho.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 27| P á g i n a

4. Recapitulando

Neste capitulo, você aprendeu:

O conceito de saúde, que é um bem-estar físico, metal e social;

As fases para implantação de um Programa de Controle Médico e Saúde

Ocupacional e como pode trazer benefícios para empresa e trabalhadores, quando

implantados e aplicados de forma coerente com os riscos identificados no ambiente

de trabalho;

A importância da realização de exames médicos para o monitoramento da saúde do

trabalhador, como ferramenta para verificação da eficácia das medidas preventivas

adotadas no ambiente de trabalho. Entre esses exames que devem ter uma

periodicidade, podemos destacar os seguintes: Admissional, Periódico, Mudança de

Função, Retorno ao Trabalho e Demissional;

O Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) é um documento em que será registrado se

o candidato ou trabalhador está apto ou não para o trabalho, ou seja, atesta a

condição de saúde do trabalhador, o qual tem o direito de receber uma cópia desse

documento;

A inter-relação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais com Programa de

Controle Médico e Saúde Ocupacional, um atuando no monitoramento e controle do

ambiente de trabalho e outro no monitoramento e controle da saúde do trabalhador,

dois importantes programas que se integram;

O investimento em prevenção de acidentes e doenças ocupacionais poderá gerar

grandes benefícios para as empresas, como cumprimento dos prazos de entrega,

trabalhadores em um ambiente de trabalho saudável, manutenção da sua saúde e

contribuição para a sociedade, que também se beneficia com o não pagamento de

benefícios previdenciários;

O papel do RH no contexto da prevenção de doenças ocupacionais, que deixa de ser

uma situação passiva para ser proativa, identificando os diversos fatores que podem

prejudicar a saúde do trabalhador ou gerar prejuízos para empresa, em função de

falhas na prevenção;

As entidades relacionadas à segurança e à saúde no trabalho, a sua importância e a

atuação na prevenção, segurança e saúde no trabalho;

No Brasil, ainda não existe uma Política Nacional de Segurança e Saúde no

Trabalho, mas a sua implementação está em fase de estudo. Por isso, há a aplicação

de outros meios para a conscientização da população;

Programas preventivos em Segurança e Saúde no Trabalho, para que servem e onde

são aplicados, como o PPRA, PCMSO, PCA, PPR e PCMAT.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Unidade 3: Legislação de segurança do trabalho e saúde ocupacional

1. Nosso Tema

Nesta unidade, estudaremos a legislação aplicada à segurança e à saúde no trabalho, o que

possibilitará o entendimento da aplicação legal dos conceitos prevencionistas. A legislação além de

ser uma importante ferramenta de prevenção, é também um guia para os agentes de fiscalização do

Ministério do Trabalho e Emprego, pois é através das leis que eles se direcionam, para verificar as

condições de segurança do ambiente de trabalho.

Iremos conhecer como é caracterizada uma situação insalubre ou periculosa, os riscos que podem

proporcionar ao trabalhador e à empresa.

Começaremos, agora, a entender ainda mais a legislação que se aplica à segurança e à saúde no

trabalho. Nesse contexto, o RH pode contribuir em muito para que seja cumprido o que é

estabelecido na legislação, pois o não cumprimento dela poderá acarretar danos à saúde do

trabalhador e prejuízos financeiros para a empresa.

Então, vamos em frente e entender esse assunto!!!

Para Refletir

Lanço algumas questões para pensar:

Alguém pode trabalhar em um local insalubre?

Uma atividade de periculosidade oferece riscos à integridade física do trabalhador?

O simples fato de cumprir a legislação contribuirá para que os riscos mencionados acima

sejam eliminados?

No decorrer desta unidade, você encontrará respostas para essas questões.

Então, vamos lá!!

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 29| P á g i n a

2. Conteúdo Didático

2.1. Organização de Segurança do Trabalho e Leis de acidentes do trabalho

Nesta unidade, estudaremos a importância da organização de segurança e leis de acidentes do

trabalho no decorrer dos nossos estudos, o que iremos perceber é a importância e a inter-relação

dessas duas situações que serão favoráveis tanto para o trabalhador quanto para a empresa.

Observaremos que a aplicação preventiva desses conceitos irá contribuir para manter o bem estar

físico do trabalhador e da empresa, com a redução dos riscos de ações trabalhistas pelo não

cumprimento das regras de segurança.

A seguir, veremos as atribuições dos órgãos internos das empresas que são responsáveis por essas

ações preventivas, as leis que regulamentam e as diretrizes a serem seguidas para implantação de

medidas ou regras de segurança do trabalho e de saúde ocupacional.

2.1.1. CIPA, SESMT, NR’s, PCMSO, PPP, PPRA

Quantas siglas? Para que servem? É necessário decorar? Neste momento,

pode ser que você esteja com esses e com muitos outros questionamentos.

No decorrer desta unidade, verificaremos essas questões. Vamos em

frente!!

A primeira sigla que lhe apresentaremos é a CIPA, que significa Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes. Oliveira (2002) apresenta a evolução e o surgimento da CIPA, que ocorreu em 1944. O

Presidente Getulio Vargas institui essa comissão, como já tratamos na Unidade 1. Desde então, ela

tem sido alterada e ganhando cada vez mais atribuições e autonomia de atuação.

A CIPA tem sua sustentação legal assegurada pela Norma

Regulamentadora de número 05 da Portaria 3214, de 08/06/78.

Para uma atuação eficaz da CIPA, a legislação determina que a comissão seja composta por

representantes dos empregados e do empregador, que deverão reunir no mínimo uma vez por mês

para tratar dos assuntos de segurança. Os representantes dos empregados serão por eles eleitos,

através de um processo que seguem algumas regras e critérios, como eleição de cargos públicos. Já

os representantes da empresa são por ela designados. Uma vez formada a comissão deverá ser

registrada no Ministério do Trabalho e Emprego, onde receberá um número de registro o qual será de

validade permanente.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Formada a comissão, ela terá um mandato de um ano e é permitida uma reeleição dos

representantes dos empregados. Os representantes da empresa podem ser designados sucessivas

vezes. Vale mencionar que o membro eleito tem estabilidade no emprego durante o ano de mandato

e mais um ano após encerrada a gestão. Não é permitido que o mesmo candidato seja eleito por mais

de dois mandatos consecutivos, ou seja, a cada dois mandatos consecutivos, ele deverá ficar sem se

candidatar, no mínimo, um ano, veja o exemplo:

Na empresa XYZ, o Sr. Zé foi eleito para compor a CIPA nos anos de 2007 e 2008. Em 2009,

ele não pode se candidatar, somente a partir de 2010 ele poderá novamente se candidatar.

Mas, como realizar um processo eleitoral?

Acesse sua aula online e saiba como é feito este processo eleitoral.

Acesse o link para obter mais informações em relação à CIPA, suas

atribuições e o processo eleitoral:

<http://www.mte.gov.br/delegacias/pr/pr_serv_cipa.asp>. Acesso em:

08/02/2009.

Neste momento, você deve estar se perguntando: quem é obrigado a manter a CIPA? E a resposta

é: todas as empresas e as organizações que tenham empregados regidos pela CLT, levando em

consideração o que estabelece o quadro I e o II da NR- 05, em que são estabelecidos o

dimensionamento.

No caso de a empresa não se enquadrar nos quadros I e II da NR-05, o empregador deverá designar

um representante para tratar dos assuntos relativos à segurança e à saúde no trabalho, devendo

cumprir e fazer cumprir todas as obrigações legais referentes a esse assunto.

Para um melhor preparo do designado ou membro eleito, a legislação determina que seja ministrado

um curso com carga horária mínima de 20 horas. Ele deve ser realizado no horário normal de

trabalho e antes da posse da comissão, salvo exceção do primeiro mandato de uma CIPA. Para esse

curso, a legislação prevê um currículo mínimo, em que deverão ser abordados assuntos relativos às

condições do ambiente de trabalho, investigação de acidentes, noções de acidentes e doenças do

trabalho, legislação trabalhista e previdenciária, princípios gerais de higiene do trabalho, organização

e funcionamento da CIPA. Poderá ser ministrado pelo Serviço Especializado em Segurança e

Medicina do Trabalho – SESMT da empresa ou outra entidade que tenha conhecimento sobre o

tema.

Para acessar a NR-05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, na

íntegra, use este link:

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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<http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_05.pdf>.

Acesso em: 08/02/2009.

Na sequência, estaremos tratando do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho

SESMT, que é um departamento o qual a CIPA deve servir de suporte, além, é claro, de manter uma

constante interação, uma vez que ambos têm um objetivo em comum: a prevenção de acidentes.

Agora é a vez do SESMT, também conhecido como SEESMT – Serviço Especializado em

Engenharia, Segurança e Medicina do Trabalho, que é o departamento de segurança do trabalho das

empresas. A norma que trata esse assunto é a NR – 04. Araújo (2002) apresenta as implicações e as

obrigações legais para dimensionamento e manutenção do SESMT nas empresas.

Como a CIPA, o SESMT é uma obrigação legal que deve ser cumprida por todas as empresas que

tenham empregados regidos pela CLT. Em caso de não cumprimento, implicará penalidades.

Apesar de ser uma obrigação legal, nem todas as empresas são obrigadas a manter um SESMT,

pois, além de ter empregados regidos pela CLT, as empresas deverão se enquadrar no

dimensionamento estabelecido pelo quadro II da NR – 04. Esse enquadramento considera duas

variáveis, que são a Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE e o número de

empregados da empresa. O estabelecimento do cruzamento dessas informações é que irá permitir a

verificação da necessidade ou não do SESMT para empresa ou estabelecimento, além de determinar

como será composto o quadro de profissionais.

Os profissionais que compõem o SESMT são:

Técnico em Segurança do Trabalho;

Engenheiro em segurança do Trabalho;

Médico do Trabalho;

Enfermeiro do Trabalho;

Auxiliar de Enfermagem do Trabalho.

Para que seja considerado como SESMT completo de uma empresa, não é necessário que haja

todos esses profissionais e sim que atenda ao dimensionamento do Quadro II da NR – 04. Portanto,

de acordo com o quadro, poderá ocorrer que o SESMT de uma empresa possa ser composto apenas

por um técnico em segurança do trabalho. É importante sabermos que os profissionais SESMT

seguem regras determinas pela NR-04, inclusive no tocante à jornada de trabalho. Veja como

funciona:

Técnico em Segurança do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho, jornada

de oito horas diárias, respeitada a legislação trabalhista;

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do

trabalho, quando a jornada for parcial, consideram-se três horas diárias e

integrais como seis horas diárias.

O dimensionamento e a jornada de trabalho desses profissionais são estabelecidos pela Portaria

3214 de 08/06/78, através na NR-04.

E como a CIPA, o SESMT também deverá ser registrado no MTE, apesar de o número de registro

também ser permanente, a empresa é obrigada a informar ao MTE qualquer alteração que ocorrer no

quadro de profissionais do SESMT da empresa. O não cumprimento desse registro poderá acarretar

multas para empresa em caso de uma fiscalização.

A não obrigatoriedade em manter o SESMT não exime a empresa da responsabilidade de cumprir o

que determina a legislação. Para isso, deverá a empresa definir um representante legal para

cumprimento dessas obrigações, o qual deverá ser capacitado e qualificado para tal, e denominado

como representante designado.

O SESMT na empresa será responsável por todos os trabalhos de prevenção e conscientização no

tocante à segurança e à saúde no trabalho. Eles serão responsáveis pela determinação de condutas,

de regras e de definição de formas de segurança para realização dos trabalhos na empresa. Caberá

a esses profissionais manter o controle das informações, o ambiente de trabalho, todos os

documentos pertinentes à área atualizados, além de promover campanhas de conscientização.

A esses profissionais é também imputada a responsabilidade de cumprir e fazer o que determina as

Normas Regulamentadoras – NR’s do MTE. Elas formam um total de trinta e três normas, que

trataremos a seguir.

A NR – 01 Disposições Gerais: nela, são estabelecidos os campos de aplicação das

demais Normas Regulamentadoras de segurança e saúde do trabalho urbano.

A NR – 02 Inspeção Prévia: nesta norma, são estabelecidos parâmetros para que a

empresa solicite a realização de uma inspeção de seus estabelecimentos antes de iniciar

o funcionamento, ou seja, uma aprovação para iniciar a operar o negócio.

A NR – 03 Embargo ou Interdição: estabelece parâmetros para embargo ou interdição de

máquinas, equipamentos, instalações ou canteiros de obras. A base desta norma é não

deixar o trabalhador ficar exposto ao risco grave e iminente de acidente ou doença do

trabalho.

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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A NR – 04 Serviço Especializado e Segurança e Medicina do Trabalho: trata do

dimensionamento e da forma de atuação dos profissionais deste setor nas empresas,

como já tratamos anteriormente.

A NR – 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA: é uma norma para

tratar das atribuições, responsabilidades e forma de atuação da comissão.

A NR – 06 Equipamentos de Proteção Individual – EPI: esta norma estabelece as regras

em relação à comercialização, à importação e à utilização de EPI’s. Também trata da

responsabilidade do MTE, das empresas e dos empregados em relação aos EPI’s.

A NR – 07 Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO: esta norma

estabelece parâmetros para controle e monitoramento da saúde do trabalhador, como já

tratado na Unidade 2. Nela se estabelecem os exames a que os trabalhadores deverão

ser submetidos enquanto perdurar o pacto laboral.

A NR – 08 Edificações: é uma norma que estabelece parâmetros mínimos que devem ser

observados nas edificações (construções) para proporcionar segurança e conforto para

os que nela trabalham.

A NR – 09 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA: esta norma trata da

higiene do ambiente de trabalho, ou seja, seu objetivo é identificar e manter sob controle

os riscos físicos, químicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho, apesar de ser

tratada após a NR-07 PCMSO. Ela fornece subsídios para o desenvolvimento do

PCMSO, pois, somente após identificar os riscos no ambiente, é possível determinar os

exames médicos e clínicos para monitorar a saúde do trabalhador. Abordaremos

novamente essa norma no decorrer desta unidade.

A NR – 10 Instalações e Serviços em Eletricidade: nesta norma estão as diretrizes

mínimas para garantir segurança aos trabalhadores, usuários e terceiros na realização de

trabalhos e na utilização da energia elétrica em suas fases de distribuição, transmissão e

consumo.

A NR – 11 Transporte, Movimentação, Armazenamento e Manuseio de Materiais:

estabelece regras básicas para transporte e movimentação manual de materiais; forma e

requisitos de segurança para um correta estocagem do material; e regras para condução

de veículos com força motriz própria para a movimentação de cargas.

A NR – 12 Máquinas e Equipamentos: esta norma visa atuar preventivamente nos

equipamentos visando à prevenção de acidentes nas etapas de operação e manutenção.

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A NR – 13 Caldeiras e Vasos Sob Pressão: nesta norma são apresentados os requisitos

técnicos legais relativos à instalação, à operação e à manutenção desses equipamentos,

de modo prevenir a ocorrência de acidentes do trabalho.

A NR – 14 Fornos: esta norma tem o objetivo de estabelecer os parâmetros mínimos de

segurança e conforto pertinentes à construção, à operação e à manutenção dos fornos

industriais no ambiente de trabalho.

NR – 15 Atividades e Operações Insalubres: nesta norma são estabelecidos os critérios

para mapeamento, identificação dos agentes insalubres, limites de tolerância e percentual

a ser pago em caso de caracterização da insalubridade. Na próxima unidade, trataremos

mais sobre esse tema.

NR – 16 Atividades e Operações Perigosas: define os critérios técnicos para avaliação e

caracterização das atividades e operações consideradas periculosas, ensejando o

pagamento do adicional de periculosidade que é equivalente a 30% (trinta por cento) do

salário nominal do trabalhador. Esse tema também será abordado na próxima unidade.

NR – 17 Ergonomia: esta norma visa estabelecer parâmetros que permitam a integração

ou adaptação das condições do ambiente de trabalho no que diz respeito às condições

psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,

segurança e desempenho eficiente. Na Unidade 4, iremos aprofundar um pouco mais

neste tema.

NR – 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção: é uma

norma direcionada a trabalhos envolvendo a construção civil. Nela, são estabelecidas

diretrizes de ordem administrativa, planejamento e organização com o objetivo de

prevenir acidentes e doenças do trabalho relacionados a atividades de construção civil.

NR – 19 Explosivos: esta norma trata das atividades de manuseio, transporte e

armazenamento de explosivos, parece ser uma atividade pouco comum, mas devemos

lembrar que explosivos são utilizados por mineradoras, fábricas de fogos de artifícios,

entre outras atividades. Sob essa ótica, fica mais fácil de percebermos a aplicação prática

dela e sua importância em nosso dia-a-dia, pois, quando falamos em explosivos, às

vezes nos remete muito a atividades militares e não percebemos a proximidade de sua

aplicação em ambientes de trabalho.

NR – 20 Líquidos e combustíveis inflamáveis: trata-se das definições e dos aspectos de

segurança envolvendo as atividades com líquidos inflamáveis, combustíveis, Gás

Liquefeito de Petróleo (GLP) e outros gases inflamáveis. Com essas definições, é

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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possível estabelecer diretrizes de segurança para manuseio, armazenagem e estocagem

desses produtos.

NR – 21 Trabalho a Céu Aberto: esta norma trata das medidas preventivas relacionadas

com as atividades de trabalho a céu aberto, como as que envolvem minas ao ar livre e

pedreiras.

NR – 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: nesta norma, são tratadas todas

as condições de segurança relativas aos trabalhos na área de mineração. Ela apresenta

uma característica distinta das demais, pois trata de maneira separada da NR – 05 da

CIPA aqui chamada de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração -

CIPAMIN, apresentando um dimensionamento específico para essa atividade.

NR – 23 Proteção Contra Incêndios – PCI: esta norma trata das medidas preventivas a

serem adotadas no ambiente de trabalho para diminuir o risco ou facilitar a ação de

combate em caso de um princípio de incêndio. Voltaremos a tratar deste tema na

Unidade 5.

NR – 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho: esta norma

determina os requisitos básicos para instalações sanitárias, especialmente referentes à

cozinha, aos banheiros, vestiários, refeitórios, alojamentos e com relação ao fornecimento

de água potável.

NR – 25 Resíduos Industriais: é uma norma que visa determinar as medidas preventivas

para a destinação dos resíduos gerados no processo produtivo, evitando agredir a saúde

do trabalhador e o meio ambiente.

NR – 26 Sinalização de Segurança: esta norma padroniza a utilização de cores no

ambiente de trabalho de forma a prevenir e reduzir os riscos de acidentes, além de

estabelecer diretrizes para a rotulagem de produtos de forma a reduzir os riscos do

manuseio, da armazenagem e do transporte.

NR – 27 Registro Profissional do Técnico em Segurança do Trabalho no Ministério do

Trabalho: é uma norma que tem como objetivo único estabelecer os requisitos para o

registro desse profissional. Quando essa norma foi criada, seu objetivo foi estabelecer o

parâmetro de referência para registro do técnico em segurança do trabalho em caráter

provisório até a criação de um conselho de classe, o qual ainda não existe. Portanto, fica

ainda obrigatório o registro deste profissional no MTE para que possa exercer a profissão.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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NR – 28 Fiscalização e Penalidades: será nesta norma que você poderá verificar como

serão os procedimentos adotados pelos agentes de fiscalização, valores de multas por

descumprimento de regras de segurança e prazos a serem definidos em caso de

autuação.

NR – 29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário: esta norma é especifica para os

trabalhos portuários e ela estabelece parâmetros específicos para dimensionamento do

serviço de segurança do trabalho e CIPA, que aqui tem nomes bem distintos que são

Serviço de Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário – SESSTP e Comissão de

Prevenção de Acidentes do Trabalho Portuário – CPATP.

NR – 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário: esta norma se destina

especificamente a trabalhos em embarcações comerciais utilizadas no transporte de

mercadorias e passageiros na navegação marítima.

NR – 31 Segurança e Saúde do Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,

Exploração Florestal e Aqüicultura: esta norma trata de forma bem clara os riscos e as

medidas preventivas a serem adotadas para os trabalhadores exposto à atividade

apresentada.

NR – 32 Segurança e Saúde no Trabalho nos Estabelecimentos de Saúde: esta norma

trata as diretrizes de segurança para trabalhos na área hospitalar e laboratórios.

NR – 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados: esta norma tem como

objetivo definir diretrizes básicas a serem tomadas para avaliação dos ambientes de

trabalho que podem ser considerados como espaços confinados, permitindo tomar ações

preventivas para neutralizar os riscos nos trabalhos neste tipo de ambiente. Estabelece,

ainda, cursos e treinamentos que devem ser ministrados aos profissionais para realização

de trabalhos nesses locais.

Para acessar as Normas Regulamentadoras na íntegra, acesse

http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras.

Para finalizarmos esta unidade, estudaremos o Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP de acordo

com Chaves (2003, p.1–16). Trata-se de um documento que relata a vida laboral do trabalhador no

que diz respeito à exposição ou não a agentes agressivos a sua saúde. O preenchimento desse

documento tem como base as informações presentes no PPRA e PCMSO. É um documento dinâmico

que requer uma atualização constante, pois ele visa estabelecer o perfil profissiográfico do

trabalhador, ou seja, um histórico da vida laboral no aspecto de segurança e saúde ocupacional.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 37| P á g i n a

O PCMSO é um programa que tem por finalidade o controle e o monitoramento da saúde do

trabalhador, além, é claro, das outras situações que fazem parte do PCMSO, conforme estudamos na

Unidade 2.

Já o PPRA é um programa que tem por finalidade principal levantar ou analisar as condições de

exposição a agente agressivos à saúde. Essas informações servirão como base para o

desenvolvimento do PCMSO, pois, neste momento, o PPRA norteará as ações em relação ao

cumprimento da legislação.

Este documento serve para o trabalhador requerer benefícios previdenciários principalmente para a

comprovação de exposição a agentes insalubres que poderá gerar o benefício da aposentadoria

especial, que consiste na redução dos prazos para aposentar. Esse documento é de preenchimento

obrigatório pela empresa.

Neste momento, você deve estar se questionando: terei que decorar todas

essas normas leis e programas? E a resposta é não, porque o importante ou

objetivo de apresentar a você todo esse conteúdo é para demonstrar que

para cada situação ou ambiente existem normas relativas à segurança e à

saúde do trabalhador que devem ser cumpridas. Em muitas empresas, será

você, futuro Gestor de RH, o profissional responsável por coordenar os

trabalhos da área de segurança e saúde no trabalho. Vale aqui chamarmos

a atenção para que você se lembre do nível de detalhamento das NR’s,

como exemplo a NR-24, que tem um item que trata da importância da água

potável no ambiente de trabalho.

Com esse exemplo, percebemos como podem ser minuciosas algumas

normas, requerendo bastante atenção em sua leitura e interpretação, pois,

assuntos que parecem óbvios e sem muita importância podem ser

considerados relevantes em algumas normas.

Na próxima unidade, você irá estudar a inter-relação entre as normas apresentadas, e principalmente

os efeitos de caracterização de insalubridade e/ou periculosidade no ambiente de trabalho. Então,

vamos entender mais esses temas?

2.2. Insalubridade e Periculosidade

Para iniciarmos os estudos desses temas, é importante, primeiro, esclarecer o que são, e que,

embora tratados juntos, sejam muito diferentes, como será percebido no decorrer dos estudos.

Adotaremos como referência a abordagem de Saliba (2002) em que o autor trata todas as

implicações, as formas de caracterização, os riscos e a legislação aplicada ao assunto.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 38| P á g i n a

Insalubre pode ser considerado como algo prejudicial à saúde do trabalhador, desde que observados

alguns critérios técnicos e legais. Para um melhor entendimento, a legislação nos direciona para três

grupos que são considerados os riscos ambientais ou agentes que podem provocar danos à saúde

do trabalhador gerando doenças ocupacionais. Os grupos são:

Agentes Físicos – Ruído, calor, radiações, frio, vibrações e umidade;

Agentes Químicos – Poeira, gases, vapores, nevoas e fumos;

Agentes Biológicos – microorganismos, bactérias e vírus.

É importante entendermos que a simples presença desses agentes não é uma situação de risco para

a saúde do trabalhador, porém o que caracterizará se o agente é insalubre será sua intensidade,

concentração, forma de manuseio ou quando esta acima do limite de tolerância.

A NR – 15 é a norma que estabelece todos os parâmetros para avaliação ambiental, ou seja, as

informações ou regras por esta norma estabelecida é que servirão de referência para avaliação do

ambiente e da identificação de insalubridade dessa atividade. Quando considerada como insalubre, o

trabalhador poderá ter direito ao pagamento do adicional de insalubridade, que varia de 10, 20 ou

40% do salário mínimo, dependendo do tipo de agente insalubre a que estiver exposto. Não ensejará

o pagamento do adicional ao trabalhador se ele fizer uso de equipamentos de proteção de ordem

individual ou coletiva que neutralize a absorção do agente pelo organismo. Ou seja, não basta a

existência do agente, ele tem que agredir a saúde do trabalhador para gerar direito ao adicional. Por

esse motivo, é melhor atuar de maneira preventiva. Além de não onerar a empresa, estará

preservando a integridade física do trabalhador.

A periculosidade tem como característica básica o enquadramento nas seguintes situações:

Contato com explosivos e inflamáveis, conforme tratados nas NR 16;

Trabalhos com energia elétrica, conforme lei 7369/85 regulamentada pelo

Decreto 93412/86;

Radiação ionizante, como exemplo, a presente nos equipamentos de raio x, e

esta assegurada pela portaria 3393.

Diferente da insalubridade, a periculosidade coloca o trabalhador exposto a um risco de morte e não

de adoecimento, por esse motivo o adicional pago ao trabalhador tem como base o 30% do salário

nominal dele. É importante você, futuro Gestor de RH, saber que a periculosidade pode não se

restringir ao posto de trabalho, ao local de armazenagem ou ao manuseio do material. Para uma

avaliação correta, vale considerar os parâmetros estabelecidos pela NR – 16, em que são avaliadas

as áreas de risco.

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Para um melhor entendimento, vamos colocar a seguinte situação:

Na empresa XYZ, todo o trabalho de movimentação de materiais na área interna é

realizado por empilhadeiras, as quais têm como combustível o Gás Liquefeito de

Petróleo – GLP, fornecido por uma empresa distribuidora em cilindros com

capacidade de 20 litros. Para atender à demanda, a empresa mantém armazenados

em local com restrição de acesso sete cilindros deste gás, totalizando 140 litros. Por

saberem que trata de um produto considerado perigoso e que gera direito ao

pagamento de um adicional de 30% sobre o salário de quem manuseia essa

quantidade de produto, a empresa estabeleceu que somente uma pessoa estava

autorizada a manusear os produtos no local de estocagem, para pagar somente a

essa pessoa o referido adicional. A empresa, para estabelecer essa regra, considerou

o que estabelece a legislação: locais em que estejam armazenados volumes

superiores a 135 litros de GLP geram direito ao adicional de insalubridade.

Em uma visão superficial, podemos entender que a situação está totalmente regular,

porém a legislação também prevê que será considerada como área de risco um raio

de 15 metros do local de armazenamento dessa quantidade e tipo de produto.

Portanto, trabalhadores que transitarem dentro desse raio de 15 metros também farão

jus ao respectivo adicional de periculosidade.

Veja, em sua aula online, um pouco mais sobre Insalubridade e

Periculosidade.

2.3. Ambiente de Trabalho e a Saúde Ocupacional

Como base no que estudamos sobre insalubridade e periculosidade, podemos perceber a

importância do ambiente de trabalho para a saúde ocupacional, pois um ambiente de trabalho isento

de agentes agressivos é fator primordial para a saúde do trabalhador.

Vale lembrar que, em algumas situações, não será possível a retirada do

agente do ambiente, tornando necessária a conivência do trabalhador com

o agente agressivo. Porém, nesse caso, o que teremos como fator

determinante para manutenção da saúde do trabalhador será o controle

desse agente agressivo, que poderá ser através de adoção de medidas de

ordem coletiva, a utilização de EPI’s ou medidas de ordem administrativa,

que podem manter a situação sobre controle ou abaixo dos limites de

tolerância fixados pela legislação.

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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A seguir, veremos os acidentes e as doenças que podem ser provocados por falta de controle no

ambiente.

2.3.1. Acidentes e doenças profissionais

Os acidentes e as doenças ocupacionais poderão ocorrer caso não sejam tomadas ações preventivas

ou pelo menos de cumprimento da legislação. Para acidentes e doenças no trabalho, iremos

considerar o que é tratado por Monteiro (2000). O autor cita a Lei 8213/91 como sendo importante

para tratar das questões envolvendo acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.

A Lei 8213/91 de fato contempla diversas situações que podem ser caracterizadas como acidentes do

trabalho ou doença profissional, pois, com base nesta Lei, torna-se possível identificar e verificar se a

doença será considerada ocupacional ou não. Ainda nesta Lei, existe uma relação de situações que

podem nortear os critérios para caracterização do acidente ou da doença do trabalho, considerando

como ponto importante a atividade executada pelo trabalhador na organização.

Embora algumas doenças possam apresentar características que podem ser relacionadas à atividade

ou ao agente agressivo podem não ser consideradas como doença do trabalho. Como exemplo,

podemos considerar a situação de um trabalhador que executa trabalhos de transporte manual de

materiais, porém, mesmo antes de realizar esse tipo de atividade, já apresentava queixas de dor na

coluna. No exercício da atividade, a situação das dores ficaram insuportáveis, o que levou ao

afastamento do trabalho. Durante um exame clínico, o médico constatou um problema pré-existente e

não caracterizou a doença como ocupacional. Para esses casos, existe nesta Lei um anexo em que

são relacionados os agentes patogênicos que classificam a associação do trabalho com a doença,

embora tal situação tenha se modificado, como veremos na Unidade 7.

Podemos, ainda, entender um pouco mais, com a definição do que é um acidente considerado Típico,

que é aquele que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa e tenha como causa direta a

atividade desenvolvida pelo trabalhador. Consideramos, também, a doença profissional típica, que é

uma situação similar ao acidente típico, em que já pré-existe uma listagem para caracterização da

condição de dano à saúde.

Já entendemos também a situação em que o trabalhador está a serviço da empresa, porém a causa

base não está relacionada diretamente à atividade executada pelo trabalhador. Como exemplo,

podemos considerar o acidente de trajeto.

2.3.2. Atividades e operações insalubres e perigosas

Você estudou o que são agentes agressivos à saúde do trabalhador. Agora

serão apresentadas as atividades e as operações que são consideradas

insalubres, como são caracterizadas ou identificadas.

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Segundo Saliba (2002), a NR – 09 é a norma que serve para mapear e identificar a presença dos

agentes no ambiente de trabalho, de forma qualitativa e quantitativa e com base nesses dados irá

comparar os limites de tolerância de cada agente conforme estabelecido pela NR – 15. Essa norma já

prevê que, quando o agente agressivo não tiver um limite de tolerância estabelecido nacionalmente,

deverão ser consideradas normas internacionais para verificação do limite de tolerância.

Na sua aula online, você encontrará um quadro com algumas operações ou

atividades que são consideradas insalubres e os seus respectivos

percentuais do adicional de insalubridade. Verá, também, um quadro com a

classificação das atividades e das operações consideradas perigosas. Não

deixe de acessá-la!!

Com base na NR – 16 e segundo Saliba (2002), as atividades e as operações consideradas

perigosas são as que envolvem contato, manuseio e armazenamento de explosivos e líquidos

inflamáveis, operações que envolvam energia elétrica, atividades ou operações podendo gerar

exposição à radiação ionizante. Esses trabalhadores farão jus a receber um adicional equivalente a

30% (trinta por cento) do salário nominal.

Nesta unidade, foi apresentada a você a legislação básica aplicada à segurança e à saúde do

trabalho, insalubridade e periculosidade, como elas são caracterizadas e a forma de neutralização.

Com essas informações, você, futuro gestor de RH, poderá atuar preventivamente, minimizando os

riscos para o trabalhador e poderá contribuir com a empresa em que estiver trabalhando para a

redução de gastos ou despesas com pagamentos de adicionais.

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3. Teoria na Prática

Esta unidade nos apresentou diversas situações que podem gerar riscos à saúde do trabalhador em

um ambiente que não ocorrem investimentos ou ações preventivas, o que também poderá acarretar

prejuízos financeiros para as empresas e possíveis danos à saúde dos trabalhadores.

A situação descrita é também abordada por Lucina Galvão em um texto intitulado “Conseqüências de

Ações por Insalubridade e Periculosidade são Desastrosas”. Leia o texto na íntegra, acessando o link

<http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/3843/CONSEQUENCIAS_DE_ACOES_POR_INSALUB

RIDADE_E_PERICULOSIDADE_SAO_DESASTROSAS>. Acessado em 09/01/2009.

Nesse texto, ela menciona os custos do não investimento em ações de segurança que podem ter

valores muito elevados em caso de ações trabalhistas aplicadas por ex-trabalhadores da empresa,

pleiteando o pagamento de adicionais de insalubridade e periculosidade.

Essas ações nem sempre são muito simples para as empresas. Em sua grande maioria, quando

processada por esses motivos, se veem sem condições de apresentar evidências de investimentos e

aplicação de medidas preventivas em relação à segurança e à saúde no trabalho.

Algumas empresas até fornecem equipamentos de segurança de forma adequada, mantendo o

isolamento das áreas consideradas perigosas, mas falham em não criarem registros para evidenciar o

cumprimento da legislação e preservação da integridade física do trabalhador. Essa falha em

evidenciar o fornecimento e cumprimento das regras de segurança podem contribuir para que a

empresa acabe perdendo o processo. Percebemos, então, que tão importante quanto fornecer,

controlar e monitorar os riscos no ambiente de trabalho é gerar evidências do cumprimento e do

monitoramento das ações.

Neste momento, aparece o profissional de RH, que será responsável por estabelecer esse elo entre a

prática de segurança nas empresas e a geração de documentos para evidenciar o que é praticado.

Dessa forma, contribui para manter a integridade física do trabalhador e reduzir os riscos de a

empresa perder ações em processos trabalhistas.

Mais uma vez, percebemos que investir em segurança do trabalho é uma das maneiras de as

empresas melhorarem seus resultados financeiros. Além disso, contribui para que a empresa possa

ser percebida pelo mercado como uma empresa socialmente responsável, ou seja, contribui para a

imagem da empresa e até mesmo para o fortalecimento da marca.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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4. Recapitulando

Neste capitulo, você aprendeu:

Qual a importância da organização e da segurança no ambiente de trabalho para a

prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais;

O que é CIPA, suas atribuições e seu dimensionamento;

Processo de eleição de CIPA e que o membro eleito goza de direito à estabilidade de

02 anos no emprego;

O que significa as siglas SESMT e SEESMT;

Como deve se fazer para dimensionar o SESMT em uma empresa, as atribuições e

as responsabilidades desses profissionais;

Como o técnico em segurança do trabalho, o engenheiro de segurança do trabalho, o

médico do trabalho, o enfermeiro do trabalho e o auxiliar de enfermagem do trabalho

compõem o quadro de profissionais do SESMT;

Que tanto a CIPA quanto o SESMT devem ser registrados no MTE;

Que existem 33 NR’s para tratarem dos assuntos relativos a segurança e saúde no

trabalho e estas normas apresentam características distintas de acordo com a

aplicação;

Como são caracterizadas as atividades insalubres, a legislação que trata desse

assunto e os adicionais que fazem jus aos profissionais expostos aos riscos, sem a

devida proteção;

Como identificar uma atividade ou operação perigosa, adicional que faz jus a ao

trabalhador exposto a esse risco, que é de 30 % do salário base do profissional;

O Perfil Profissiográfico Previdenciário, que é um documento que retrata a vida

laboral dos empregados de uma empresa e que é utilizado para a concessão de

benefícios previdenciários, principalmente para aposentadoria especial;

Que a Lei 8213/91 é uma das principais leis para tratar os assuntos relativos a

acidentes do trabalho e a doenças ocupacionais.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 44| P á g i n a

Unidade 4: Ergonomia

1. Nosso Tema

Agora, iremos tratar do tema sobre ergonomia, uma palavra que hoje tem sido muito utilizada e

difundida, pois as pessoas começaram a perceber a importância de posturas ergonomicamente

corretas, de equipamentos e mobiliários adequados ao perfil de cada indivíduo.

Até para as crianças existe essa atenção em relação ao peso do material

escolar que carregam em suas mochilas.

Além desses motivos, iremos estudar a importância desse assunto nas organizações e para a saúde

dos trabalhadores, as implicações legais, seus impactos e benefícios para a sociedade, o retorno

financeiro que pode gerar para a empresa, entre outras situações.

Você, futuro gestor de RH, entenderá a importância e o papel do RH e por que se envolver com esse

assunto.

Então, acerte a sua postura e vamos em frente!!!

Para Refletir

Você já pensou sobre as seguintes questões:

Investir em ergonomia é obrigação legal das empresas?

Produtos ergonomicamente corretos são melhores?

Programas de ergonomia podem contribuir com a saúde das pessoas?

Quais os pontos são avaliados durante a implantação de um programa de ergonomia?

Se sim, deve ter uma visão sobre o assunto, caso contrário não se preocupe, pois neste momento o

importante é você procurar uma postura mais correta ou confortável e continuar o estudo da unidade

enquanto responderemos a essas e a outras questões.

Vamos lá!!

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 45| P á g i n a

2. Conteúdo Didático

2.1. Ergonomia

Trataremos, nesta unidade, os conceitos básicos sobre ergonomia e aplicação prática no ambiente de

trabalho. Veremos também um pouco da evolução histórica deste tema e o que ele tem provocado de

ganhos para os trabalhadores e para a empresa.

Você irá estudar também a importância e os motivos para que, no desenvolvimento dos programas de

ergonomia, se tenha a participação de diversos departamentos ou setores de uma empresa. Veremos

qual departamento pode ser o articulador do programa e quais os pontos a serem considerados para

a sua implantação. A seguir, estudaremos a evolução histórica e sua conceituação.

2.1.1. Ergonomia - Conceituação

Como já estudamos na unidade 1, o médico Bernardino Ramazzini também tem sua importância e

contribuição para os estudos da ergonomia. Assim, podemos dizer que a história da ergonomia teve

seu início no ano de 1700, quando foi publicado o livro de Ramazzini. Ele apresentou um estudo com

54 grupos de trabalhadores, abrangendo mais de 60 profissões, relacionando as atividades, as

doenças consequentes e as medidas de prevenção e tratamento. Mesmo na época atual, esse livro é

uma importante ferramenta para o estudo das doenças ocupacionais.

Segundo Wisner (1987, p.12), ergonomia “é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao

homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser

utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia”. Já de acordo com Araújo (2002, p. 649),

a palavra Ergonomia deriva do grego Ergon [trabalho] e nomos [normas, regras, leis], portanto temos

uma área para estudar, de forma sistêmica, os aspectos das atividades humanas relacionadas ao

trabalho, como organização do trabalho pesado, biomecânica aplicada ao trabalho, adequação dos

postos de trabalho e prevenção da fadiga no trabalho e erro humano.

Para uma amplitude deste estudo, é importante que tenhamos em mente o conceito base de

ergonomia, que, de forma geral, é tratada como uma ciência que estuda a adaptação do trabalho ao

homem. Ou seja, considera as características físicas e as limitações do ser humano para o

desempenho da atividade. Dessa forma, valoriza o trabalhador, o que é mais saudável, e, diferente

do que ocorria no inicio dos processos de produção em série e divisão da tarefa, o foco estava

direcionado à atividade ou ao processo, pouco considerando os aspectos humanos para sua

realização.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 46| P á g i n a

Outro marco dos estudos ergonômicos ocorreu na Segunda Guerra Mundial3, com a criação de

comissões interdisciplinares para o desenvolvimento de soluções para a utilização de armamentos e

equipamentos para guerra que eram complexos e caros. Esse estudo envolveu três áreas básicas:

exatas, humanas e biomédicas. Os resultados conseguidos foram satisfatórios, tendo sido trazidos

para as indústrias.

No Brasil, podemos falar de ergonomia a partir das décadas de 60 e 70, ainda sem muita força, pois

se tratava do início da abordagem desse assunto, não existindo, em nível nacional, um conhecimento

aprofundado sobre o tema. Além disso, ainda se dispunha de poucos recursos didáticos ou científicos

que abordassem o tema no Brasil.

Hoje, esse assunto é tratado pela Norma Regulamentadora de número 17,

que foi estabelecida pela Portaria 3214 de 08/06/1978 e tem sua existência

jurídica assegurada como legislação ordinária através dos artigos 198 e 199

da CLT.

Os avanços dos processos produtivos, a crescente demanda para a redução de custos, os ciclos

operacionais e o aumento dos casos de doenças ocupacionais foram fatores que fortaleceram a

necessidade de melhorar a interação do sistema, ou os estudos da ergonomia com a organização do

trabalho. Esse estudo mais minucioso de todos os processos envolvidos na execução de uma

atividade se realiza com o objetivo de melhorar os resultados.

Diante da busca por melhorar os resultados e manter a saúde dos trabalhadores, os empresários se

viram obrigados a adequarem e atenderem uma nova carência nos ambientes organizacionais, de

forma a evitar o adoecimento de seus profissionais e melhorar a performance produtiva. Assim,

esperava-se obter um ambiente mais saudável, com menores custos operacionais, melhor otimização

de recursos, atendimento da legislação e redução de passivos trabalhistas.

Os gestores de RH nas organizações passam a ter um novo papel: o de também tornar o ambiente

de trabalho mais adequado à saúde do trabalhador.

Mas, como atingir esse objetivo?

Fazendo um estudo de todo o processo que se deseja trabalhar, levando em consideração as

limitações do homem e os potenciais que podem ser explorados no ambiente, seja na alteração e nas

melhorias de lay-out, seja nos processos operacionais, no peso de materiais, na instalação de

dispositivos auxiliares para a movimentação de materiais, etc.

Para definir uma melhor forma de alcançar essa adequação, cabe aos gestores entenderem que para

melhora ergonômica devem-se considerar os seguintes aspectos sobre o trabalhador: nível de

PEINADO, Jurandir; GRAEMLl, Alexandre Reis. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba: UnicenP, 2007.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 47| P á g i n a

iluminação do ambiente de trabalho, conforto térmico, nível de ruído, posturas, esforço físico,

movimentos repetitivos, monotonia, atenção, carga mental do trabalho, tomada de decisão, trabalho

em grupo, paradigmas do trabalho e cultura organizacional. Esses são apenas alguns pontos para

servirem de referência na tomada de ações de um estudo ergonômico, portanto não basta alterar o

processo sem entender a necessidade dos trabalhadores.

Percebe-se, então, a importância da interação interdepartamental para

tomada de ações.

Em uma organização, pode-se dizer que o departamento de logística dará a sua contribuição fazendo

um estudo do ciclo produtivo, processos de aquisições de produtos, matérias primas, estabelecendo

tempos e pesos que atendam às especificações ergonômicas. A área de recursos humanos avalia o

impacto das atividades produtivas na saúde do trabalhador, entendendo como saúde o bem-estar

físico, emocional e social. A área médica avalia o impacto do trabalho sobre o corpo do trabalhador,

conhecendo o processo e definindo perfis físicos para atividades (por exemplo, em ambiente com

temperatura elevada, o trabalhador não poderá ter hipertensão), não comprometendo sua saúde e

podendo proporcionar um melhor rendimento operacional.

Enfim, o conjunto dessas ações poderá gerar um sistema que proporcionará resultados positivos para

o trabalhador e para a empresa. Para o primeiro, os ganhos podem ser considerados com a

manutenção de sua saúde, menor desgaste físico para execução, ambiente de trabalho mais seguro,

melhoria da qualidade e da produtividade. Já para as empresas, poderá ocorrer redução de custos

operacionais, aumento da produtividade, maior fidelização dos trabalhadores, gerar uma imagem

positiva da empresa e maior competitividade pela redução de custos e prazos para fabricação de

seus produtos ou serviços.

No próximo tópico, trataremos do programa de prevenção de riscos ergonômicos. Com esse estudo,

você entenderá melhor a importância do envolvimento interdepartamental no aspecto de ergonomia.

2.2. Programa de prevenção de riscos ergonômicos

Com base na NR – 17 da Portaria 3214 de 08/06/78, para avaliação dos riscos presentes no

ambiente de trabalho em relação à ergonomia, deverão ser consideradas as condições de trabalho,

as características psicofisiológicas dos trabalhadores e também os seguintes aspectos:

Levantamento e transporte manual de cargas;

Mobiliário dos postos de trabalho;

Equipamentos dos postos de trabalho;

Condições ambientais de trabalho;

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Organização do trabalho.

Neste momento, você pode estar pensando: que relação tem esses

aspectos com a ergonomia?

A resposta é simples: TUDO. Vejamos agora o que observar em cada aspecto, tendo como base a

NR - 17:

Levantamento e transporte manual de cargas, segundo a NR-17. Esta atividade será

considerada quando o trabalhador suporta sozinho o peso da carga. Deverão ser

observados: limite de carga, capacidade física do trabalhador periodicidade e rotina do

trabalho. A legislação atual não define de forma direta o limite de peso que pode ser

transportado manualmente por um trabalhador, mas menciona que deverá ser considerado

um limite que não ofereça riscos de segurança e à saúde dele. Ressalta ainda o trabalho

de menores e da mulher em relação à movimentação de cargas, que deverá ser inferior ao

volume ou peso definido para os homens;

Mobiliário dos postos de trabalho. Ao tratar deste tema, a primeira imagem que pode nos

vir à mente são os escritórios das empresas, porém o tema é mais abrangente, pois

considera mobiliário de forma geral. Como exemplo, uma bancada de trabalho é

considerada como mobiliário. Com essa visão, fica mais simples de entendermos esse

aspecto. Vale ainda destacar que a legislação sugere que sempre que o trabalho puder ser

executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para

essa posição, ou seja, adequar a atividade para que seja realizada na posição sentada.

Para efeito do mobiliário, deverá ser considerado: altura, possibilidade de ajustes, área de

trabalho oferecendo conforto, postura para execução do trabalho e permitir a

movimentação adequada do trabalhador. Importante também é considerar para as

atividades que devem ou necessitem que sejam realizadas com o trabalhador em pé,

manter, próximo ao local, bancos ou assentos que permitam a ele utilizá-los para descanso

sempre que a atividade permitir;

Maquinas/Equipamentos dos postos de trabalho. Deverão ser observados se oferecem

condições para atender às características dos trabalhadores e à natureza do trabalho,

verificando os limites de capacidade de produção da máquina/equipamento e do

trabalhador. Da mesma forma que no mobiliário, observar altura, ângulo de visão do

trabalhador, mobilidade, permitir sempre que possível regulagens de altura e ajustes, de

maneira a propiciar maior conforto para o execução da atividade;

Condições ambientais de trabalho para prevenção de riscos ergonômicos. As condições

são ruído, calor e iluminação. Diferente dos fatores insalubres, como estudamos na

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 49| P á g i n a

unidade 3, essas condições serão avaliadas com valores ainda mais criteriosos para

proporcionar uma melhoria da condição do ambiente de trabalho, ou seja, para estudo de

fatores ergonômicos, a presença desses agentes pode ser que não represente um

ambiente insalubre e sim de desconforto. Portanto é importante que você tenha essa

clareza de visão.

Para avaliação ergonômica, considera-se a questão do calor, da iluminação e do nível de

ruído para as atividades que exijam atenção e concentração intelectual constantes, como

salas de projetos, escritórios, salas de controle, etc.

Nesse caso, o nível de ruído considerado como aceitável está definido pela

NBR10152 (NBR são normas técnicas brasileiras criadas pela ABNT,

Associação Brasileira de Normas Técnicas. Elas servem de referência

nacional para aplicação de conceitos que requerem um padrão. Essas

Normas, em alguns casos, seguem parâmetros internacionais como

referência) e para o calor será considerado confortável entre 20 a 23ºC. A

iluminação segue os parâmetros estabelecidos pela NBR-5413, em que são

estabelecidos os níveis mínimos de iluminação a serem observados nos

locais de trabalho.

Organização do trabalho é um dos pontos mais abrangentes, pois irá requerer a inter-

relação das diversas áreas envolvidas de forma direta ou indireta no processo. Essa

organização é considerada desta forma por envolver as diversas etapas de um processo

produtivo, como complexidade da tarefa, ciclo operacional, exigências do cargo, as

máquinas e equipamentos envolvidos na fabricação, rotinas e regras de trabalho, aspectos

psicológicos e perfil do trabalhador para o cargo. Assim, entendemos que uma organização

do trabalho bem estruturada e planejada poderá servir para evitar ou reduzir os riscos

ergonômicos dos processos de fabricação. Para que ela ocorra no aspecto de segurança,

deverão ser consideradas as normas ou rotinas de produção, forma de execução do

trabalho, tempo a ser desprendido na atividade, ritmo de trabalho e conteúdo das tarefas.

Dessa forma, você pode perceber que a interação e a comunicação entre os diversos

setores se tornam inevitáveis para as organizações que desejam desenvolver um programa

de prevenção de riscos ergonômicos.

Você, futuro gestor de RH, pode perceber que, para prevenir os riscos

ergonômicos, englobamos diversas ações que exigem um trabalho em

conjunto com os diversos setores de uma organização. O RH poderá ser

uma peça fundamental para que ocorra essa interação. Ele pode criar um

comitê para tratar dos assuntos relativos à ergonomia, provocar uma

interação entre os departamentos através de treinamentos, criar um

programa aberto a todos os funcionários para apresentar sugestões sobre

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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ergonomia, difundir o tema para alta administração, trabalhar de forma a

motivar a participação de um representante das principais áreas da

empresa. Esses são alguns exemplos de como poderá o RH fomentar os

trabalhos. A seguir, abordaremos um tema que exigirá ainda mais do

profissional de RH.

2.3. Aspectos comportamentais na relação entre risco e homem

Os aspectos comportamentais que podem contribuir para um aumento dos riscos para o trabalhador

são: desatenção na realização da atividade podendo realizá-la adotando posturas inadequadas e

negligência às regras a serem seguidas. Esses fatores estão relacionados com a forma com que esse

trabalhador percebe sua atividade e atua nela, com a autonomia para intervir no processo sempre

que perceber uma anomalia ou potencial de melhoria, e ainda alterar a atividade, respeitando, é claro,

regras de produção, entendimento da tarefa e variedade do trabalho.

O autor que aborda este tema é Chiavenato (1999, p.392-393). Ele cita o modelo de estruturação de

cargo proposto por Hackmam e Oldham. Dentro dessa visão, são considerados os aspectos

comportamentais. O que eles propõem é que seja dado maior valor ao cargo, proporcionando

maiores responsabilidades, gerando comportamentos positivos e redução de riscos nas atividades.

Essas habilidades proporcionadas ao cargo podem contribuir para que o trabalhador perceba a sua

importância no processo do trabalho, apresentando propostas de melhorias e cumprindo as regras ou

normas estabelecidas para evitar riscos ergonômicos.

O que se espera com essa abordagem comportamental de Hackmam e Oldham é levar para o

trabalhador fatores que irão enriquecer o seu trabalho. Ou seja, ele entende a importância da

atividade que realiza, sabe de sua autonomia, conhece e entende o processo de trabalho e tem

retorno do andamento do trabalho.

Para você implementar essas ações para enriquecer, delegar e gerar autonomia, sugiro-lhe utilizar o

que é citado por Chiavenato (1999, p.392-393), tratando das dimensões do cargo, considerando os

seguintes:

Oferecer ao cargo variedade de habilidades na execução dos trabalhos quer

sejam intelectuais, motoras;

Entendimento e significado da tarefa. O trabalhador deve compreender a

importância da execução do seu trabalho, o que terá como produto final de sua

atividade e como seu trabalho afeta no andamento do processo e nas atividades

de outros setores ou departamentos. Esse entendimento por parte do trabalhador

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 51| P á g i n a

contribuirá para que se sinta valorizado com o trabalho que realiza, interagindo

melhor com os outros departamentos ou setores.

Ter autonomia. Poder do trabalhador ao perceber qualquer anomalia no

processo, para que ele possa interromper e até propor soluções na realização do

trabalho, permitir que o trabalhador utilize sua capacidade criativa no

desempenho do seu trabalho;

Proporcionar retorno do desempenho de seu trabalho, demonstrando se o que

está sendo realizado está correto ou não, além do fato de demonstrar a

importância do trabalho e acompanhamento. Dará condições do trabalhador

perceber se a execução de sua atividade está correta;

Permitir que a tarefa realizada possibilite um contato com trabalhadores de

cargos superiores, com outros setores ou até mesmo com clientes externos, pois,

dessa forma, o trabalhador também poderá perceber a importância do seu

trabalho e sua valorização, que são fatores contribuintes para seu maior

comprometimento e envolvimento.

Para exemplificar as situações apresentadas, vamos utilizar o seguinte exemplo:

O Sr. Zé, funcionário da empresa XYZ, atua na área de atendimento ao Call Center. Após cinco anos

trabalhados, apresentou várias queixas em relação a dores nos punhos e nas articulações dos dedos

das mãos. Nessa mesma empresa, trabalha o Sr. Jota, realizando as mesmas atividades que Sr. Zé,

e com o mesmo tempo de trabalho, porém não apresentando nenhum problema relacionado a esse

tipo de queixa.

Diante dessa situação, a empresa estruturou um comitê de ergonomia, o qual realizou diversos

estudos e pesquisas neste setor em que obteve os seguintes resultados:

O Sr. Zé estava subordinado a uma liderança autocrata, a qual não proporcionava retorno em

relação ao desempenho do trabalho, não direcionava o andamento das ações, não permitia a

comunicação entre os funcionários do departamento e não aceitava que o atendente desse

retorno para o cliente quanto aos questionamentos mais importante, sem passar por sua

avaliação;

O Sr. Jota estava subordinado a uma liderança mais democrática, a qual sempre que possível

dava retorno quanto a seu rendimento, performance e pedindo melhores resultados quando

necessário em relação ao andamento dos trabalhos. Essa liderança permitia que o Sr. Jota

apresentasse sua opinião sobre a execução e permitia dentro dos limites pré-estabelecidos

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 52| P á g i n a

alterar a rotina. Em relação ao retorno para os clientes, o Sr. Jota já havia sido orientado sobre

os parâmetros que poderia responder aos clientes e, em caso de dúvidas, deverá procurar se

orientar com seu superior.

Com base neste exemplo, podemos perceber que as situações apresentadas anteriormente podem

contribuir para que o trabalhador entenda o significado e a importância do seu trabalho, contribuindo

para um estado emocional mais adequado, reduzindo a possibilidade de adquirir alguma doença ou

lesão pela ação do trabalho. É fato que não basta esse tipo de ação. Ela é apenas uma em um grupo

de atividades a serem trabalhadas para propiciar melhores condições no ambiente de trabalho.

Desenvolvendo esses princípios na estruturação dos cargos e tarefas a

serem realizadas nos processos de trabalho, espera-se que o trabalho se

torne mais dinâmico e estimulante para o trabalhador, que deixa de ser um

simples executor para ser uma pessoa responsável pelo trabalho que

realiza.

Com esses passos, os riscos relativos aos aspectos comportamentais tendem a reduzir ou ficar sob

controle, pois o trabalho deixa de ser monótono, o trabalhador tende a manter uma maior

concentração na atividade. Esses fatores, além de contribuir para o aspecto ergonômico, também

podem impactar a qualidade do trabalho, a redução de absenteísmo e da rotatividade de pessoal.

Dessa forma, o RH deve interagir e fazer com que os assuntos relativos à ergonomia sejam avaliados

e considerados em todos os processos da organização, contribuindo para a saúde e o bem-estar do

trabalhador, além do importante fator de poder melhorar a produtividade e os resultados operacionais

da organização.

Com base no que estudamos nesta unidade, podemos perceber a importância de investir na

segurança e na saúde no trabalho e também a interação do RH neste processo.

Além desses conceitos e ações, as organizações devem também ter atenção com a implantação de

programas com foco na ergonomia e/ou melhoria nos ambientes de trabalho, de forma a tornar o

trabalho menos agressivo à saúde do trabalhador. A seguir, apresentaremos a você alguns exemplos

de programas de ergonomia:

Ginástica laboral é um dos programas atualmente mais usuais nas organizações, o qual

consiste na realização de atividade físicas com os trabalhadores antes do inicio das

atividades do trabalho, podendo também ocorrer durante a jornada de trabalho,

provocando uma quebra no ritmo do trabalho e aliviando as tensões ou riscos da

atividade. Os exercícios que envolvem este programa são em sua grande maioria de

alongamento e re-postura corporal e normalmente conduzidos por profissionais de

educação física ou fisioterapeutas.

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Rodízio nos postos de trabalho é um programa que visa quebrar os ciclos de trabalho, ou

seja, após uma avaliação ergonômica e estudo dos movimentos em cada atividade,

avalia e define os parâmetros para rodízio nos postos de trabalho assim proporcionado

uma variação nos movimentos o que irá contribuir para a prevenção de doenças

relacionadas a movimentos repetitivos como LER/DORT (Lesão por Esforço

Repetitivo/Distúrbio Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho).

Avaliação e estudos dos postos de trabalho. Essa avaliação requer alguns

conhecimentos técnicos para verificação ou adequação dos postos de trabalho a

necessidades do trabalhador, através de ajustes de altura de mobiliário equipamentos ou

máquinas, alteração no arranjo físico do ambiente, instalação de equipamentos ou

máquinas de apoio e suporte como exemplo, equipamento para içar cargas, eliminando o

risco de levantamento manual de pesos. A abrangência e a complexidade destes estudos

estão diretamente relacionadas à amplitude e a variações do posto de trabalho.

Pausa ou intervalo no trabalho. Esse programa consiste em estabelecer pausas durante a

jornada de trabalho em que, de fato, o trabalhador para de executar qualquer tipo de

trabalho para ter um descanso. Essa situação é muito comum para profissionais que

executam trabalhos com movimentos repetitivos. Para sua implantação, também há a

necessidade de um estudo da atividade para definir os tempos de intervalo que

normalmente são de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados. Vale ressaltar que,

para efeito de pagamento de salários, este intervalo é considerado como hora trabalhada.

Conforto térmico é um programa que tem como objetivo principal avaliar a temperatura do

ambiente de trabalho para torná-lo confortável ou com uma temperatura mais adequada

em relação ao trabalho, de maneira a não comprometer a saúde do trabalhador. Como

exemplo, podemos considerar a instalação de sistema de ar condicionado em uma sala, a

climatização de um ambiente fabril que pode ser realizada através de instalação de

isolamento térmico no telhado, abertura de janelas laterais, etc. Para essa ação, é

importante um estudo prévio da atividade, pois, em alguns casos, a alteração da

temperatura no ambiente pode afetar a qualidade do produto.

Esses são alguns exemplos de programas que auxiliam na prevenção de doenças relacionadas ao

trabalho, mas, para definição e implantação de qualquer desses programas, é importante que seja

realizado um estudo ergonômico prévio para analisar e avaliar qual programa poderá ser mais

adequado ao ambiente analisado.

E a você, futuro Gestor de RH, caberá, em algumas empresas, a condução ou a coordenação dos

trabalhos e estudos ergonômicos.

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3. Teoria na Prática

Nesta unidade, você estudou alguns pontos importantes e a serem considerados para implantação de

programa de ergonomia e benefícios que podem gerar para a organização e para os trabalhadores.

Foi possível também perceber que implantar esse programa requer integração e envolvimento das

diversas áreas da empresa, ou seja, a implantação eficaz depende de ações interdepartamentais.

O Jornal quinzenal da CATHO – Online traz uma matéria de Daniel Limas. Nela são abordadas

situações que demonstram a importância de implantar um programa de ergonomia na empresa e

benefícios que podem ser esperados com esse programa. A matéria tem o titulo de Ergonomia:

cuidados com o dia-a-dia do trabalhador leia no link

<http://www.catho.com.br/estilorh/index.phtml?secao=236>. Acessado em: 01/02/2009.

Nesta matéria, você poderá perceber que implantar um programa de ergonomia esta muito além de

uma simples mudança do mobiliário e que o investimento nesta área pode gerar ganhos reais e

retornos para a empresa e trabalhadores.

Este retorno para empresa vai além do ambiente de trabalho, pois a implantação do programa de

ergonomia é atualmente uma obrigação legal que pode gerar autuações, multas e punições, e ainda

chegar ao extremo da interdição de uma área ou de toda empresa, caso, na ação da fiscalização do

Ministério do Trabalho e Emprego, seja constada uma situação de risco grave à saúde do

trabalhador.

Outro fator também motivador é em relação à imagem da empresa, que poderá ser vista como uma

organização socialmente responsável. Estará demonstrando de maneira prática a aplicação de uma

responsabilidade social interna, ao procurar manter e preservar a saúde de seus trabalhadores.

Preservando a saúde do trabalhador, a empresa ainda poderá ter uma maior fidelização de seus

trabalhadores, que estarão satisfeitos por trabalharem em um local onde se sentem valorizados e

respeitados.

Vimos que implantar um programa de ergonomia gera diversos benefícios, mas vale ressaltar que,

mesmo diante de todas as vantagens, em algumas organizações, existe uma resistência em

implementá-lo. Diante desse fato, poderá caber a você conscientizar e convencer as organizações da

importância do programa. Isso nem sempre será uma tarefa fácil, mas é muito importante que

aconteça.

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4. Recapitulando

Nesta unidade, você aprendeu que a ergonomia é uma ciência que estuda a adaptação do ambiente

ao homem e que seu estudo teve seu início no ano de 1700, com o médico Bernardino Ramazzini,

um médico italiano.

No Brasil, o tema começou a se destacar nas décadas de 60 e 70, e, em 1978, foi publicada a NR- 17

da portaria 3214, fazendo com que o tema tivesse um amparo legal.

A NR- 17 também é uma importante ferramenta para o direcionamento e a implantação de um

programa de ergonomia em uma organização. Nela são abordados os aspectos a serem

considerados para a implantação de um programa, que são:

Levantamento e transporte manual de cargas;

Mobiliário dos postos de trabalho;

Equipamentos dos postos de trabalho;

Condições ambientais de trabalho;

Organização do trabalho.

Os aspectos comportamentais podem influenciar em um programa de ergonomia, sendo muito

importante considerar as atribuições do cargo, analisando os seguintes fatores:

Variedade de habilidades na execução dos trabalhos;

Entendimento e significado da tarefa;

Autonomia;

Proporcionar retorno do desempenho de seu trabalho;

Permitir que a tarefa realizada possibilite um contato com trabalhadores de

cargos superiores outros setores ou até mesmo com clientes externos.

Para implantar um programa de ergonomia, requer-se o envolvimento de diversas áreas da

organização e que pode ser o RH o setor responsável em estabelecer essa comunicação

interdepartamental para direcionar as ações para a implantação do programa.

Com base em todos esses fatores, você pôde perceber que a implantação dos programas de

ergonomia tem como foco a melhoria do ambiente, o retorno financeiro para as organizações. Ela

pode ainda impactar a imagem da empresa como socialmente responsável, além do fato de poder

provocar uma fidelização de seus trabalhadores.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Unidade 5: Primeiros Socorros e Prevenção e Combate a Incêndios

1. Nosso Tema

Nas unidades anteriores, estudamos sobre as formas de prevenção de riscos para a saúde do

trabalhador e prejuízos para a empresa, agora o que veremos são as técnicas ou metodologias para

a prestação do pronto atendimento a uma possível vítima e métodos de prevenção e combate a

incêndios.

Você estudará os conceitos básicos que podem ajudá-lo ao salvar vidas.

Neste instante, você pode estar se perguntando: como socorrer alguém?

Mal posso ver sangue que praticamente desmaio. Ou então, eu não tenho

habilidades diante de uma situação emergencial e quanto mais enfrentar um

incêndio.

O que é mais importante é você manter a calma e prosseguir com os estudos. No decorrer desta

unidade, trataremos desse assunto e você poderá perceber que mais importante que agir diante de

uma situação emergencial é saber identificar os riscos presentes na situação e manter a calma para

ter clareza em suas ações. Salvar uma vida pode ser um simples ato, como o de efetuar um

telefonema ou manter o isolamento de um local.

Com muita calma e atenção, vamos em frente!

Para Refletir

O que é melhor: “prevenir ou remediar”? Essa pergunta pode nos levar a

pensar onde falhei, que erro cometemos, e agora, como iremos agir? Mas,

quando falamos em primeiros socorros e prevenção e combate a incêndios,

devemos ter em mente ou já definido o que iremos fazer, quais atitudes e

comportamentos a tomar quando alguma situação fugir da normalidade.

Agora você pode se perguntar: uma forma de prevenção é estabelecer regras e rotinas buscando

prever as situações emergências e diretrizes de ação? Para essa pergunta, podemos responder sim.

E, você, futuro profissional de RH, como deverá agir?

Vamos lá!!!

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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2. Conteúdo Didático

2.1. Noções básicas de primeiros socorros

Depois de já termos estudado algumas formas de prevenir e evitar acidentes e doenças ocupacionais,

agora o que estudaremos é como agir quando a prevenção falha. O que a princípio pode parecer o

óbvio, pode não ser o mais adequado a fazer. Estudaremos, por exemplo, os conceitos básicos para

a prestação dos primeiros socorros e como agir em caso de princípios de incêndios.

Antes de aprofundarmos em nossos estudos, é importante que você tenha em mente o seguinte:

Primeiros socorros é o atendimento imediato e provisório prestado em caso de

acidente ou sintoma agudo, geralmente prestado no local da ocorrência até a possibilidade de transporte para tratamento definitivo. Com o objetivo de preservar a vida, reduzir o sofrimento, prevenir complicações e/ou até proporcionar transporte adequado da vítima

4.

Socorrer então é diferente de medicar.

Agora, com esse conceito bem claro, podemos prosseguir!

2.1.1. Primeiros atendimentos

Para iniciar, é importante sabermos que existe na legislação o amparo legal, estabelecendo a

obrigatoriedade de manter, nos estabelecimentos, material necessário e adequado à prestação dos

primeiros socorros, levando em consideração as atividades desenvolvidas no local, devendo ainda

manter guardado em local adequado sob a responsabilidade de pessoa(s) treinada(s) e capaz (es) de

agir diante de uma situação emergencial (ARAÚJO,2002, p.229).

Como exemplo de legislação que aborda o tema primeiros socorros, podemos citar as seguintes

Normas Regulamentadoras – NR’s:

NR-05 – Comissão Interna de prevenção de acidentes - Nesta norma, o conteúdo

básico do curso de treinamento para o cipeiro (representante da Cipa) consta que

deverá fazer parte do treinamento;

NR-07 – Programa de controle médico e saúde ocupacional - PCMSO - o item 7.5.1

desta norma trata das obrigações do empregador com relação à prestação dos

primeiros atendimentos;

4 Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - Esta norma remete à

importância dos profissionais que executam atividades em áreas elétricas estarem

capacitados a prestarem os primeiros socorros no caso de acidentes. O treinamento

de primeiros socorros para esta norma está incluso no curso que deve ser dado a

todo funcionário que exerça atividades em partes elétricas, sendo previsto para o

curso uma carga horária mínima de 40 horas. Será considerado dentro desse tempo

e no conteúdo programático do curso um período destinado à parte de primeiros

socorros;

NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - Nesta

norma, são estabelecidos os parâmetros para aplicação de regras de segurança do

trabalho na indústria da construção, entre essas regras constam também as de

atendimento de emergência;

NR – 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração - As regras para execução

de trabalhos na área de mineração são definidas por meio do item 22.32, intitulado

operações de emergência;

NR – 23 – Prevenção e Combate a Incêndios - Define que, entre as atribuições da

equipe de pessoas capacitadas para manuseio de equipamentos de combate a

incêndio de que trata a norma, também serão estes os responsáveis para os

atendimentos de primeiros socorros;

NR – 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário - Logo nas disposições gerais

da norma, já é tratada ou citada a importância dos primeiros socorros que deverão

ser atendidas para a aplicação no ambiente de trabalho;

NR – 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário - Esta norma trata das

condições e regras de segurança para atividades em embarcações comerciais que

estejam em território nacional, em seu item 30.12, intitulado “da Proteção à Saúde”.

Ele cita a importância de a enfermaria manter meios adequados para cumprir com a

finalidade para a qual se destina;

NR – 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,

Exploração Florestal e Aquicultura - As atividades tratadas nesta norma oferecem

algumas características distintas por serem realizadas em um ambiente onde se

apresentam riscos de ataque por animais peçonhentos, sendo citada na norma a

questão dos atendimentos dos primeiros socorros em casos envolvendo ataque por

cobra;

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 59| P á g i n a

NR – 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados - No conteúdo

básico do curso de trabalho em espaços confinados, que é uma obrigação legal para

todas as pessoas que exerçam trabalhos nesta condição, é contemplada, em seu

conteúdo programático, a questão dos primeiros socorros. Nesse caso, são

consideradas as peculiaridades por se tratar de um socorro em uma condição que

foge do padrão normal, pois, em espaços confinados, a ação deve ainda ser mais

rápida em algumas situações (como exemplo, vazamento de gás), além do fato do

ambiente ou local não propiciar espaço amplo para movimentação.

Você, agora, já pode perceber que prestar os primeiros socorros não requer

simplesmente manter uma maca, essa ação é muito mais ampla e

abrangente. Vai além de requerer preparos e condições diversas a serem

adotadas de acordo com o ambiente que possa gerar a necessidade do

atendimento emergencial. Vale lembrar que, por trás de todas essas ações,

existe a legislação a ser cumprida e a não observância do estabelecido

poderá, expor a vítima ou pessoa que requeira os primeiros socorros a um

dano ainda maior em sua saúde. Poderá ainda implicar multas em caso de

fiscalização pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Iremos agora estudar algumas condutas a serem tomadas em casos de emergência e o perfil do

socorrista. Estudaremos como agir em casos de ferimentos, hemorragia, choque elétrico,

queimaduras, desmaios, convulsões, corpo estranho nos olhos, fraturas e parada cardíaca e

respiratória. De acordo com Oliveira (2002, p.108 – 117):

Ferimentos – podem variar de superficiais a profundos, podendo, de acordo com a

sua gravidade, provocar uma hemorragia.

Superficiais - Nestes tipos de ferimentos, caso ocorra uma hemorragia, esta

será normalmente mais leve ou moderada. Para cuidar, o primeiro passo é se

proteger calçando luvas ou outros meios para evitar o contado com sangue e

ferimento da vítima. Após esse procedimento, lavar o local removendo as

impurezas, caso tenha algum objeto ou material fixado no ferimento não tente

remover, pois poderá agravar a lesão. Nesta situação, procure auxílio médico

de imediato. Após a limpeza, faça aplicação de um antisséptico no local e

cubra com uma gaze limpa e esterilizada. Faça a fixação com esparadrapo

ou curativo autocolante.

Profundos - Caso haja hemorragia, o primeiro passo será estancá-la, o que

pode ser feito por meio de uma compressão no local para reduzir e até parar

o fluxo. Em casos mais graves como amputação ou dilaceração de algum

membro, deve-se utilizar a aplicação de torniquete. A aplicação do torniquete

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 60| P á g i n a

consiste em enrolar um pedaço de pano largo logo acima do membro

amputado ou dilacerado e dar um nó nesse pano, colocar um objeto rígido no

meio do nó (por exemplo, um cano ou uma ripa) e completar o nó em cima

desse objeto, apertando bem para fixá-lo no local. Você deverá girar esse

objeto, pressionando o membro da vítima, até estancar a hemorragia e, a

cada dez a quinze minutos, afrouxar o torniquete, até a chegada no local para

atendimento médico.

IMPORTANTE: O TORNIQUETE SOMENTE DEVE SER APLICADO EM

CASO DE AMPUTAÇÃO OU DILACERAÇÃO DE MEMBROS.

Hemorragias – Fora as já citadas, em questão de ferimentos, podemos destacar aqui

a hemorragia nasal e interna, que também merecem muito cuidado e atenção.

Nasal - Neste caso, você deverá assentar a vítima posicionado a cabeça para

frente e apertar o nariz por uns dez minutos. Se a hemorragia persistir, pode

ser colocada uma bolsa de gelo sobre o nariz e a fronte da vítima. Ainda

persistindo o sangramento, poderá tamponar o nariz com uma gaze e

procurar auxílio médico.

Interna - Para esta situação, o que fazemos é considerar a suspeita de uma

hemorragia interna e proceder o socorro como se assim o fosse. São comuns

em casos de pancadas na região do tórax e abdômen. Os sintomas

normalmente são:

Pulso fraco;

Pela fria;

Suor intenso;

Palidez intensa;

Sede e tonturas.

Abdômen rígido;

Você deverá manter a vítima deitada e com uma leve inclinação para que a

cabeça permaneça em um nível abaixo do corpo. O auxílio médico nesses

casos deve ser o mais rápido possível, pois tal situação pode provocar a

morte da vítima. Nunca dê líquidos a uma pessoa com esse tipo de sintoma.

Choque elétrico – O primeiro passo é verificar se a fonte de energia elétrica que pode

estar em contato com a vítima já foi desligada. Feito essa parte, verificar o estado da

vítima e traumas. Proceder ao atendimento de acordo com a lesão que, nestes casos,

podem variar dependendo da situação que ocorreu o acidente, como, por exemplo, a

descarga elétrica ter provocado a queda de uma determinada altura, a qual poderá

provocar uma fratura. Em uma situação normal, os traumas mais comuns são

queimadura e parada cardiorrespiratória. Diante dessa situação, vale lembrar a

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 61| P á g i n a

importância de atender o que determina a NR-10 com relação ao treinamento dos

profissionais que trabalham em instalações elétricas.

Queimaduras – São muitas as fontes que podem gerar uma queimadura, como fogo,

vapores, produtos químicos e até mesmo por exposição a baixas temperaturas. Em

todos esses casos, elas podem ser superficiais ou profundas e ambas requerem

muito cuidado e atenção, dependo da extensão e da parte do corpo atingida, pois o

tecido danificado se torna uma porta de entrada para bactérias, o que poderá

provocar infecções. No caso da queimadura com produtos químicos, lavar o local

com água em abundância. Nas empresas, é importante identificar os produtos que,

em contato com a pele, não devem ser lavados com água, pois pode reagir com o

produto, agravando lesão. Procure não furar as bolhas e cubra o ferimento com uma

gaze limpa e encaminhe para o atendimento médico. Em casos de tecidos ou objetos

agarrados na vítima, não os remova. Nos olhos, procure um auxílio médico o mais

rápido possível.

Desmaios – Podemos entender como uma perda súbita, total ou parcial dos sentidos.

A vítima apresenta palidez, pulso e respiração normalmente fracos. Para prestar

socorro à vítima, é importante procurar manter a cabeça em nível abaixo do corpo

para melhorar a oxigenação e o fluxo sanguíneo no cérebro. Em seguida, encaminhar

a pessoa para uma avaliação médica.

Convulsões – É uma situação similar a do desmaio, porém ocorrem contraturas

musculares, ou seja, uma contração involuntária dos músculos. Esse tipo de situação

é mais propício de ocorrer com pessoas com epilepsia, tumores cerebrais, crianças

com febre muito elevada e traumatismos cranianos. Diante dessa situação, é

importante uma atuação rápida e encaminhamento para atendimento médico,

principalmente quando você desconhece as causas da convulsão. Mas, de forma

geral, você deve procurar proteger a vítima para que ela não se machuque durante a

crise, retirando do local objetos e materiais, mantê-la deitada com a cabeça virada

para a lateral, com objetivo facilitar a saída da saliva, caso esteja excessiva.

Corpo estranho nos olhos – É o alojamento de algum material nos olhos. O socorro

neste caso inicia-se com a não tentativa de retirar o corpo estranho e a busca por

auxílio médico.

Fraturas – É uma lesão direta no osso, que pode levar ao seu rompimento total ou

parcial. Ela pode ocorrer de duas formas, abertas ou fechadas. As abertas ocorrem

quando há o rompimento da pele e o osso fraturado fica exposto, já na fechada, não

ocorre a lesão na pele. Quando se tratar de fratura exposta, pode ser necessário

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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controlar a hemorragia antes de tratar da fratura. Sempre que possível procure

imobilizar a parte do corpo atingida com talas. Observar para que a imobilização

ocorra principalmente nas articulações próximas ao local fraturado.

Parada Cardíaca e Respiratória – É a ausência de batimentos cardíacos e

respiratórios que se caracterizam com as unhas e os lábios com um tom de cor roxa

e pupilas dilatadas. Para prestar esse tipo de socorro, você deve proceder o mais

rápido possível, evitando assim o falecimento da vítima. Diante dessa situação, você

deverá seguir os procedimentos abaixo:

Respiração artificial;

Deitar a vítima em uma superfície plana e com a cabeça voltada

para cima;

Desobstruir as vias respiratórias, retirando da boca da vítima

objetos como dentadura, balas, entre outros que possam obstruir

as vias respiratórias;

Levantar o pescoço e inclinar a cabeça para trás, provocando

assim a abertura das vias áreas;

Tampar as narinas da vítima, usando o polegar e o indicador;

Encaixar a sua boca na da vítima e soprar até notar o peito

levantando;

Após soprar o ar, retirar a sua boca da boca da vítima, soltar as

narinas da vítima e deixá-la expirar, soltar o ar livremente, ou

seja, sozinha;

Repetir o movimento pelo menos quinze vezes por minuto, até a

chegada de auxílio médico ou que a vítima restabeleça a sua

respiração.

Massagem cardíaca:

Deitar a vítima em uma superfície plana e com a cabeça votada

para cima;

Apoiar as mãos sobrepostas em cima da metade superior do

esterno (osso acima do que chamamos de “boca do estômago”);

Fazer em seguida uma pressão com bastante vigor, provocando

uma compressão do coração;

Repetir a manobra quantas vezes for necessário até o socorro

médico;

Respiração artificial e massagem cardíaca: Seguindo os passos já

apresentados, você poderá realizar as manobras em conjunto, caso a vítima

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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esteja com uma parada respiratória e cardíaca ao mesmo tempo, observando

o seguinte:

Se estiver socorrendo sozinho, deverá fazer 15 compressões

cardíacas para cada 02 sopros;

Caso tenha mais uma pessoa auxiliando, 05 compressões

cardíacas para cada sopro.

Você agora possui informações básicas para identificar situações que

requerem um socorro e até mesmo de prestá-lo em caso de urgência. É

importante que você tenha a clareza que as informações aqui passadas não

o qualificam como um socorrista, para ter esse título, se requer um

treinamento específico com aulas práticas e teóricas.

Aqui nosso objetivo é passar a você, futuro gestor de RH, a importância de manter na empresa

pessoas treinadas e aptas a prestar os primeiros socorros, pois são diversas a situações que podem

ocorrer a necessidade de salvar uma vida ou simplesmente aliviar a dor ou o sofrimento até o

atendimento. E o que é ainda mais importante, ter o conhecimento para não agir de forma a agravar

ainda mais uma lesão.

Para prestar um socorro de emergência, é importante:

Manter a calma;

Garantir a segurança sua e da vítima;

Pedir socorro;

Verificar a situação da vítima,

Realizar as possíveis ações para o socorro da vítima.

Observando esses procedimentos, você poderá salvar uma vida, mas

lembre-se de que, antes de socorrer alguém, você deve primeiro verificar a

situação para não se tornar também uma vítima. Lembre-se de sempre se

proteger e evitar o contato sem a devida proteção com o sangue da vítima.

Agora que você estudou o que é prestar os primeiros socorros, é importante também atuar de forma

preventiva com campanhas de conscientização e educativas, como veremos a seguir.

2.1.2. Atividades educativas

A melhor maneira de salvar uma vida é prevenindo, como diz o ditado

popular “mais vale prevenir do que remediar”, e esta deve ser a nossa

principal preocupação, prevenir.

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 64| P á g i n a

Para prevenir, na maioria das vezes, é necessário educar. Tratando de primeiros socorros, as

campanhas educativas que podemos desenvolver são diversas, entre as quais destacamos as

seguintes:

Acidentes de trânsito;

Quedas de diferença de nível;

Prevenindo queimaduras;

Trabalhos com rede elétrica.

Veja alguns exemplos de como desenvolver esses tipos de campanha:

Acidentes de trânsito – apresentar aos trabalhadores dados estatísticos de acidentes,

a importância de realizar manutenção nos veículos, seja particulares ou da frota da

empresa, cursos de direção defensiva, entre outros aspectos relevantes. É relevante

considerar o tipo de atividade da empresa para definir o nível de profundidade do

treinamento. Esse tema para uma empresa de transporte é muito importante.

Quedas de diferença de nível – neste tema, podemos abordar as regras para subir e

descer escadas, rotinas de circulação, trabalhos em altura, organização do local de

trabalho, etc.

Prevenindo queimaduras – orientar quanto aos cuidados a tomar com manuseio de

peças aquecidas, cuidados na cozinha. Em caso de manuseio de produtos químicos,

treinar os trabalhadores sobre os riscos envolvidos na atividade.

Trabalhos com rede elétrica – você pode entender bem os cuidados que devem ser

tomados tanto na empresa quanto no lar e, principalmente, reforçar que na empresa

somente o profissional da área de elétrica está autorizado a realizar esse tipo de

trabalho. Lembrando que esse tema é tratado na NR-10.

O sucesso das campanhas está diretamente ligado à forma como elas são conduzidas, por isso,

devem ser bem planejadas com prazos e periodicidade de divulgação, seus objetivos e público alvo.

Quando atuamos de maneira a educar e a conscientizar os trabalhadores

sobre os riscos ambientais que estão expostos no ambiente de trabalho,

estamos contribuindo para que eles não se acidentem, assim, quando

estabelecemos campanhas educativas com as principais causas ou risco de

acidentes da empresa, estamos cumprindo o papel de prevencionistas.

2.2. Noções básicas de prevenção e combate a incêndio

Para iniciar os estudos sobre esse tema, vamos primeiro entender o que é o fogo. De acordo com

Araújo (2002, p.858), é uma oxidação ou reação química com o desprendimento de luz e calor. E a

diferença entre fogo e incêndio é que incêndio é o fogo que foge ao controle do homem, assim o

colocando em risco. Já o fogo é agente que auxilia o homem em sua subsistência.

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 65| P á g i n a

Pode parecer um pouco estranho estabelecer uma lei com objetivo de tratar as maneiras ou cuidados

que as organizações e pessoas devem ter com relação à prevenção e combate a incêndio. Uma

situação a se considerar é que um incêndio, além do sério risco de provocar vítimas, implica grandes

prejuízos financeiros, podendo até mesmo gerar o fim de uma empresa ou atividade.

Com esaa informação, podemos agora pensar e entender as formas, mecanismos legais que

podemos utilizar para prevenir que o fogo fuja ao controle. Vamos conhecer primeiro a legislação que

trata desse assunto.

2.2.1. Legislação

Como já mencionado na unidade 3, para tratarmos da prevenção e combate a incêndio, temos como

legislação básica a NR - 23, a qual estabelece os parâmetros básicos para manter protegido ou

minimizar os riscos de um incêndio ou simplesmente reduzir os danos e principalmente preservando a

integridade física do trabalhador.

Essa norma procura direcionar as ações para manter todos os controles possíveis no ambiente de

trabalho, porém, cientes de sua limitação técnica, seus redatores já previram que as empresas devem

se valer de normas técnicas e outras, até mesmo internacionais, para aplicação dessa prevenção.

Alguns exemplos de normas técnicas são as Normas Brasileiras - NBR:

o NBR – 12.962 trata da rotina de inspeção e manutenção de extintores de incêndio.

o NBR – 13435 trata da sinalização da segurança contra incêndio e pânico. Ou seja,

define as regras para sinalizar e padronizar as cores, por exemplo, da rota de fuga.

Esta norma também trata de sinalização de espaços públicos, como cinemas, teatros,

bares e casas noturnas.

o NBR – 14276 trata dos requisitos básicos para criar uma brigada de incêndio.

o LEI Nº 11.901, de 12 de janeiro de 2009, trata da profissão de Bombeiro Civil,

profissional qualificado para atuar na prevenção e combate a incêndio nas

organizações.

Além das NBR, as organizações devem também cumprir as legislações estaduais. Em nosso estudo,

não iremos aprofundar nessa legislação, porque, mesmo o assunto sendo comum, cada Estado pode

considerar aspectos distintos.

Já uma questão que é normal em todos os Estados é o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros –

AVCB. Esse documento é obrigatório para todas as empresas, pois se trata de uma inspeção prévia

no estabelecimento para verificação da conformidade dos equipamentos e instalações quanto à

prevenção e combate a incêndio e controle do pânico. Sem esse laudo, pode não ser possível a

empresa conseguir o alvará de funcionamento. Esse documento também é exigido por seguradoras.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Você, futuro profissional de RH, para entender a abrangência dessa

legislação, veja este exemplo: Com objetivo de integrar a família dos

funcionários à organização, você resolve realizar um evento de

confraternização dos funcionários e familiares. Fazendo um levantamento

dos custos, você percebe que o público previsto é de 500 pessoas. Esse

levantamento, de acordo com a Legislação Estadual de Minas Gerais (Lei

14.130), é obrigatório para se estabelecer um plano de controle de incêndio

e pânico, que deve ser aprovado pelo corpo de bombeiros e tem validade

somente para aquele dia e evento.

Esses são alguns motivos relevantes para que os profissionais de RH tenham conhecimento com

relação à legislação. Ainda referindo-se ao exemplo anterior, considere a hipótese de no dia do

evento a empresa ser fiscalizada pelo Corpo de Bombeiros e, por não possuir autorização e um plano

para controle de pânico, ter o local e a festa interditados. Imagine o impacto que poderá haver para a

organização diante de seus funcionários e poderá também impactar de forma negativa a imagem da

empresa.

Ainda embasados na legislação, veremos agora a importância de formação de uma brigada de

emergência. Vamos em frente!

2.2.2. Brigada de emergência

A brigada de emergência, mais conhecida como brigada de incêndio, tem amparo legal na NR – 23 e

na NBR – 14276, em que são estabelecidos o campo e a formação de atuação.

Para darmos sequência aos estudos, é importante que você conheça o conceito de brigada de

incêndio que é dado pela NBR – 14276: “Um grupo organizado de pessoas, preferencialmente

voluntários ou indicadas, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no combate ao princípio

de incêndio, abandono de área e primeiros socorros, dentro de uma área preestabelecida na planta”.

Com esse conceito, você pode notar a abrangência da atuação da brigada e a responsabilidade na

prevenção e combate a incêndio e prestação de socorro. Ele menciona grupo de pessoas treinadas,

portanto é necessário definir um número de pessoas para compor a equipe. A NBR – 14276 traz a

definição para esse dimensionamento e como deve ser a estrutura de toda a equipe.

Já a NR – 23 estabelece que os estabelecimentos que não possuam equipe de emergência deverão

ter pessoas capacitadas para atuação em uma situação de emergência. Diante dessa situação, é

recomendado que a organização treine alguns funcionários, capacitando-os para tal, estes também

poderão ser os responsáveis em prestar os primeiros socorros em casos de emergência.

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Além do cumprimento da legislação, maior proteção ao patrimônio da empresa e prevenir riscos aos

trabalhadores, a implantação de uma brigada ainda beneficia a empresa com descontos nas apólices

de seguro.

Instituída uma brigada de emergência, caberá à empresa, no mínimo anualmente, reciclar o

treinamento da equipe, realizar simulados internos com envolvimento de todos os trabalhadores com

intuito de conscientizá-los dos procedimentos a serem seguidos em situação de emergência, para

familiarizarem com o sinal de alarme e para que seja evitado qualquer pânico em uma situação real.

Assim, é ressaltada a importância de conscientização de todos os trabalhadores, entre outros

programas, como estudaremos.

2.3. Atividades educativas

A própria legislação, diversas vezes, menciona a importância de treinar e capacitar as pessoas para a

prevenção e combate a incêndio e determina que haja atividades como simulados, que são exercícios

teóricos e práticos com um objetivo único reduzir ou minimizar os impactos de um incêndio e deixar

os trabalhadores alertas e cientes de como comportar em casos de incêndios ou situação

emergencial. Dentro desse conceito, as organizações têm a tarefa de estabelecer e criar atividades

educativas relativas ao tema, como:

Organização, limpeza e arrumação – treinar as pessoas com relação à importância

de manter limpo e organizado o ambiente de trabalho, evitando acúmulo de papel e

outros materiais que podem contribuir para um incêndio;

Importância do extintor de incêndio – apresentar como funciona, sua aplicação e

função. Mostrar os objetivos da sinalização, que são para manterem os extintores

desobstruídos, ou seja, para facilitar o acesso em caso de emergência;

Incêndios domésticos – as principais causas de incêndios nas residências são, em

sua maioria, por falta de manutenção na rede elétrica e utilização inadequada do Gás

Liquefeito de Petróleo – GLP (gás de cozinha);

Não fumar em locais proibidos – riscos do hábito de fumar, os potenciais fatores de

incêndio, restrição dos locais;

Armazenamento de materiais – formas adequadas de acondicionamento do material,

separação por tipos de produtos. Produtos químicos que podem reagir devem ser

mantidos afastados uns dos outros.

Esses são alguns exemplos de campanhas ou treinamentos que podem ser desenvolvidos, mas vale

chamar atenção para a atividade realizada pela organização e a área que está inserida, para verificar

a necessidade de outros treinamentos.

Também é muito importante considerar as empresas ou organizações no entorno, pois pode ocorrer

de sua atividade não oferecer riscos elevados de incêndio, porém a empresa faz divisa com uma

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Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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fábrica de fogos de artifício, dessa forma, cabendo orientar e treinar seu público quanto a essa

situação, evitando o risco de algum trabalhador executar trabalhos que envolvam chamas/fogo

próximos a essa fábrica. Isso é importante até para que os funcionários saibam como proceder em

caso de incêndio na empresa ao lado, que aparentemente poderia não oferecer riscos à integridade

física de quem está tão longe do foco do incêndio, porém a explosão pode lançar matérias

incandescentes a uma longa distância.

Todo esse trabalho de treinamento e conscientização é uma tarefa árdua que requer planejamento,

conhecimento e ações de profissionais qualificados tecnicamente quanto à Prevenção e Combate a

Incêndio e, de um outro lado, um profissional que entenda de técnicas para desenvolvimento de um

treinamento estimulante, enriquecedor e prático. Nesse momento, mais uma vez, surge o RH atuante

na prevenção.

2.4. Importância do profissional de gestão de pessoas na preparação das equipes

O profissional de RH, neste contexto, terá um papel estratégico e articulador, pois será ele o

responsável em articular e identificar as necessidades dos treinamentos dos diversos setores da

empresa, podendo então incluir entre estes os que terão um foco em atendimento a primeiros

socorros e a prevenção e combate a incêndio.

Para a seleção dos candidatos a fazerem parte da brigada de emergência da empresa, poderá o RH

atuar auxiliando nesse processo, identificando trabalhadores que atendam ao perfil de um brigadista,

que possuam pró-atividade, tenham a capacidade de trabalhar em equipe, que saibam cumprir e

executar ordens, que sejam dinâmicos. Esses são alguns pontos que fazem parte do critério de

seleção, que com a participação do RH, podem ser mais facilmente identificados e trabalhados nas

pessoas.

Assim, encerramos esta unidade, apresentado a você, futuro Gestor de RH,

a importância estratégica do RH no envolvimento dos processos de ações

preventivas e de segurança, pois poderá o RH se valer dessa proximidade

com os trabalhadores durante essas intervenções, que têm um foco

preventivo em termos de acidentes e sinistros. Poderá o RH trabalhar a

integração entre departamentos e equipes, confiança, pois um brigadista

tem que saber trabalhar em equipe, um socorrista tem que passar confiança

ao socorrido.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 69| P á g i n a

3. Teoria na Prática

Estudada esta unidade, o que você poderá identificar de aplicação com

relação à prevenção e combate a incêndios?

As respostas podem ser diversas, entre elas acredito que haja algumas que fale com relação à

importância de manter extintores e hidrantes em bom funcionamento, isso é de fundamental

importância, pois estamos agindo para proteger vidas. De fato, essa é uma situação a ser sempre

considerada, pois o objetivo básico da Segurança e Saúde Ocupacional é preservar a integridade

física das pessoas.

Olhando de um ponto diferente, podemos entender que investir em prevenção a incêndios, além de

salvar vidas, pode também contribuir para que a organização se mantenha no mercado e obtenha

retornos financeiros. Com essa visão, os investimentos nessa área passam a ter um valor ainda

maior, por proporcionar condições do negócio, sofrer um impacto menor em caso de um sinistro ou

em um princípio de incêndio, que poderá danificar o patrimônio da organização.

O que pode tornar esses investimentos ainda mais atrativos para as organizações é saber que ao

investirem em prevenção, as empresas poderão ganhar descontos nas apólices de seguros, que

podem ter valores significativos.

Neste link http://www.revistaemergencia.com.br/novo/imgbanco/imagens/Re-

ConteudoPDF2/EM02_Entrevista.pdf (acessado em 21/03/2009), você poder ler uma entrevista

realizada pela Revista Emergência, em novembro de 2006, a um corretor de seguros. O profissional

apresenta as vantagens de investir na prevenção e combate a incêndios que, além de ser uma

obrigação legal, pode gerar diversos benefícios para as organizações e seus trabalhadores.

O interessante dessa entrevista é quando o profissional de seguros menciona o fato de ser mais

importante investir na prevenção, pois os prejuízos provocados pelo incêndio são diversos, como

exemplo, quando em um incêndio, uma empresa perde todos os registros de seus clientes que

estavam em um arquivo, como o segurador poderá ressarcir as perdas dessas informações?

Podemos, então, reforçar que investir em prevenção e conscientização pode ser um fator

determinante para a manutenção e sobrevivência de uma empresa no mercado.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 70| P á g i n a

4. Recapitulando

Estudamos nesta unidade:

A legislação que aborda assuntos relativos aos primeiros socorros. Entre as leis, destacamos

algumas normas regulamentadoras – NR’s, de número 05, 07, 10, 18, 22, 23, 29, 30, 31 e 33.

Todas elas tratam, de maneira direcionada, do objetivo de atender determinadas situações

para a prestação de atendimentos de emergências, bem como deve ser o conteúdo do

treinamento.

São variadas as condições para prestar os primeiros socorros.

Alguns exemplos mais comuns de situações que requerem atendimentos de primeiros

socorros, e que, mais importante que prestar o socorro, é avaliar a situação e o ambiente

para não se colocar em condição de risco e até mesmo poder retirar a vítima do local.

Os passos a serem observados para prestar o socorro:

o Manter a calma;

o Garantir a segurança sua e da vítima;

o Pedir socorro;

o Verificar a situação da vítima.

A importância de não ter contato com o sangue da vítima sem uma proteção adequada.

As campanhas educativas que podem ser implantadas nas organizações com objetivo de

prevenir situações de emergência.

Algumas normas e leis pertinentes na Prevenção e Combate a Incêndio, que são a NR - 23,

as NBR’s 12962, 13435, 14276 e a Lei 11.901 de 12 de janeiro de 2009. Devemos considerar

e ter atenção com relação às leis estaduais no tocante ao tema, pois os Estados podem ter

regras distintas com relação a esse assunto.

A importância da brigada de emergência, benefícios que podem gerar para empresa, regras

básicas para implantar uma equipe de emergência e a obrigatoriedade da empresa em

manter pessoas treinadas no manuseio de equipamentos de prevenção e combate a

incêndio.

Os critérios para seleção de um brigadista, a importância do RH nesse processo.

As campanhas educativas para a prevenção e combate a incêndio com a participação de

todos os trabalhadores da organização.

A importância do RH no processo de envolvimento e conscientização das pessoas, para

atuarem de forma a prevenir situações de emergência e até mesmo de como proceder diante

delas.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 71| P á g i n a

Unidade 6: Fundamentos da Higiene no Trabalho

1. Nosso Tema

Nesta etapa de nossos estudos, você já sabe distinguir os conceitos básicos de higiene no trabalho,

conforme o abordamos na unidade 1.

Agora iremos aprofundar os nossos estudos nos fatores que geram riscos ambientais ou que são

considerados como, tais e que podem gerar danos à saúde do trabalhador. Quando não controlados,

os riscos podem também gerar passivos trabalhistas para as organizações, ou seja, esses fatores

influenciam diretamente na vida do trabalhador e da empresa.

Em nossos estudos, iremos entender que o objetivo principal não é eliminar os agentes do ambiente

de trabalho e sim mantê-los sob controle.

Para que possamos manter esses riscos sob controle, teremos que conhecer e compreender o limite

de tolerância, que será a nossa principal referência para identificar e procurar controlar os riscos

presentes no ambiente de trabalho. Conhecermos esses riscos e sabermos de seus limites de

tolerância é extremamente importante para que possamos agir de forma a evitar ou prevenir as

doenças ocupacionais do trabalho.

Com essas informações prévias podemos prosseguir em nossos estudos, lembrando que prevenção

se faz com conhecimento, intervenção e antecipação.

Para Refletir

Vamos pensar um pouco:

Que danos os fatores de riscos podem gerar para a saúde do trabalhador?

A responsabilidade de prevenir esses riscos é exclusivamente da empresa?

Por que existem tais riscos nos ambientes de trabalho? O que o RH tem a

ver com essa situação?

Pode se acalmar e prosseguir com os estudos, pois no decorrer da unidade estaremos respondendo

a essas questões.

Então vamos conhecer para prevenir!

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 72| P á g i n a

2. Conteúdo Didático

2.1. Riscos Físicos

Para início dos estudos, devemos entender o conceito de riscos físicos, que é dado pela NR-09 no

item 9.1.5.1, o qual tem a seguinte redação: “Considera-se agentes físicos as diversas formas de

energia que podem estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais,

temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como infra-som e ultra-

som”.

Podemos perceber que o conceito de riscos físicos trata da identificação do agente físico, e que nem

sempre a identificação ou a presença desse agente poderá ser considerada um risco. Para que ele

passe a ser considerado um risco, dependerá da sua intensidade ou da concentração no ambiente de

trabalho, podendo gerar danos à saúde do trabalhador.

Com essa definição podemos tratar os agentes físicos, identificá-los e mantê-los sob controle.

Veremos a seguir como isso é possível.

2.1.1. Ruído, vibração, temperaturas, radiações ionizantes e não

ionizantes, iluminação

É importante, antes de iniciarmos os estudos, lembrar que os fatores de riscos ou agentes ambientais

estão previstos e determinados pela legislação por meio das NR’s – 09 e 15, sendo que na 09 esses

fatores são tratados de forma a identificá-los e avaliá-los no ambiente de trabalho. Já a NR -15 trata

dos limites de tolerância e concentração dos agentes no ambiente, tornando-o insalubre ou não para

determinadas concentrações, que estão estabelecidas nessa norma. Estudaremos os seguintes

riscos físicos:

De acordo com Saliba (2002, p.15), ruído é uma sensação desagradável,

provocada por um som ou combinações de sons não coordenados. O ruído

é um agente que tem seu limite de tolerância fixado entre 85 a 115 dB(A)5, e

que de acordo com sua intensidade é fixado um tempo máximo de

exposição diária sem proteção.

5 dB(A) é a representação de decibéis, que é a escala de medição do nível de pressão sonora (ruído).

RUÍDO

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 73| P á g i n a

Veja o exemplo: Um trabalhador exposto ao um

nível de ruído de 85 dB(A) poderá trabalhar durante

08 horas sem nenhuma proteção. Por outro lado,

caso o trabalhador esteja exposto a um nível de

ruído de 115 dB(A) sem a devida proteção, o tempo

permitido de exposição cai para 07 minutos.

Com base nessas informações, começamos a

entender a importância de conhecermos este agente

e suas formas de controle, pois, além de poder gerar

um grave dano a saúde do trabalhador, acarreta

situações para a empresa que são difíceis de serem administradas.

Para identificar este agente no ambiente de trabalho, na

maioria das vezes é bem simples, basta observamos a

dificuldade de comunicação no ambiente de trabalho,

através da entonação da voz. E para sabermos se este

agente é um risco, utilizamos um aparelho que tem o nome

de Medidor de Nível de Pressão Sonora, mais conhecido

como decibelímetro.

Realizadas as medições e caso sejam encontrados valores

que ultrapassem os limites estabelecidos pela legislação,

caberá à empresa tomar ações para controlar, reduzir, eliminar ou minimizar a concentração ou

exposição do trabalhador a este risco. As medidas podem variar entre medidas de ordem

administrativa, que são as regras, controles de processos estabelecidos pela empresa para minimizar

a situação de exposição.

Existem também as medidas de ordem coletiva, que são as ações tomadas para controlar o ruído na

fonte, podendo ser através da troca do equipamento, alteração no processo fabril, enclausuramento

da fonte geradora de ruído ou seu isolamento do ambiente de trabalho.

Como última alternativa há a adoção de medidas de proteção individual: os EPI’s, que, neste caso,

são os protetores auriculares que tem a finalidade de proteger o trabalhador da exposição ao ruído.

Antes de implementar o uso desse equipamento, é importante que seja feita uma avaliação técnica e

estudo do equipamento mais adequado, pois a atenuação do ruído varia entre os equipamentos.

Você, como futuro profissional de RH, pode questionar neste momento que

tal situação não estaria mais focada para especialistas da área?

Diante dessa indagação, deixo outra questão para você refletir:

SONS DIFERENTES COM ENERGIA EQUIVALENTE

INTENSIDADE DURAÇÃO

85 dB 8h

88 dB 4h

91 dB 2h

94 dB 1h

97 dB 30mn

100 dB 15mn

Fonte: Disponível em: <http://www.saudepublica.web.pt/05-PromocaoSaude/051-Educacao/ruido.htm>. Acesso em: 20/04/2009.

Exemplo de Decibelímetro Fonte: Disponível em: <http://www.playcipa.com.br/userfiles/DECIBELIMETRO_JPEG.jpg>. Acesso em: 27/04/2009.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 74| P á g i n a

Se um profissional perder a parte ou toda a audição em função de uma

exposição a uma fonte de ruído em seu ambiente de trabalho que impactos

poderá trazer para o trabalhador e para empresa?

Para responder a essa questão tenha como referência o que estudamos na Unidade 3 sobre

insalubridade e saúde ocupacional.

Segundo Saliba (2002, p.44), pode ocorrer principalmente em máquinas

e/ou equipamentos com movimentos rotativos ou alternados.

Os trabalhadores expostos a este tipo de risco podem ser acometidos

por diversos tipos de doenças, como as do sistema circulatório, nervos

sensoriais, músculos, ossos e articulações. Esses são alguns exemplos

de doenças que podem ocorrer pela exposição diária a este risco. Uma

vez acometido pela doença, o trabalhador fica limitado ou sem condições

de trabalhar.

As doenças mencionadas podem provocar os seguintes sintomas: crises dolorosas nos dedos, perda

do sentido de tacto e temperatura, adormecimento e formigueiro, perda de força de aperto e perda de

destreza manual.

Este risco é mais comum em equipamentos do tipo motosserras, marteletes, lixadeiras e máquinas de

grande porte, como empilhadeiras, tratores, ônibus, caminhões, entre outros. Como podemos

perceber, as fontes e as formas de gerar uma vibração são diversas, cabendo então uma análise

minuciosa para caracterização do risco.

Identificado este risco, podem ser tomadas algumas ações de ordem coletiva para reduzir ou

minimizar a exposição do trabalhador, utilizando equipamentos de isolamento da vibração que são

instalados na base das máquinas. Existem também anéis absorventes de vibração nas

empunhaduras das ferramentas, assentos montados sobre suportes elásticos, que são adaptações

que podem ser feitas nos equipamentos para redução da vibração percebida pelo trabalhador.

Podem também ser tomadas ações de ordem administrativa, como a redução do tempo de exposição,

alterações do processo de trabalho e/ou substituição da máquina ou equipamento.

E para proteção direta do trabalhador, existem os EPI’s que podem ser aplicados quando as outras

medidas não foram eficazes ou suficientes, como exemplo, podemos citar o uso de luvas, calçados

de segurança e cinturões, todos com sistema antivibração.

VIBRAÇÃO

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 75| P á g i n a

Podemos considerar como sendo extremas as atividades que envolvam

trabalhos com exposição a fontes de calor ou frio que normalmente são

artificiais. A exposição a temperaturas extremas (frias ou quentes) podem

provocar danos à saúde do trabalhador.

Como exemplo dessas atividades, podemos considerar as que são realizadas no interior de câmaras

frigoríficas, nos altos fornos em indústrias siderúrgicas ou metalúrgicas.

Aos trabalhadores expostos a este risco podem ocorrer as seguintes doenças, como exemplo:

Calor:

Catarata, que é uma doença ocular provocada por exposição ao calor radiante, somente é

tratada através de cirurgia;

Desidratação, que pode levar à morte caso não seja tratada;

Câimbras, que ocorrem devido à perda excessiva de sais minerais.

Frio:

Ulceração do frio são feridas, bolhas, rachuduras dos tecidos superficiais, provocados pela

exposição ao frio excessivo;

Enregelamento dos membros, podendo chegar à gangrena e amputação;

Podem ocorrer outras doenças como reumática, respiratórias e ataques cardíacos.

Para os tipos de trabalhos realizados em temperaturas extremas (quente ou frio) o RH tem um papel

importante durante o processo de seleção, pois os candidatos a esse tipo de trabalho devem

apresentar características básicas em seu perfil, como trabalhar sobre condições de risco elevadas,

utilizando vestimentas pesadas que podem dar uma sensação de claustrofobia. Além do rigoroso

processo seletivo, vale destacar que no início dos trabalhos é importante um constante

acompanhamento médico para esses trabalhadores, pois existe um período chamado de

climatização, que é um tempo que o organismo do trabalhador exposto a temperaturas leva para se

adaptar a condição do ambiente.

São utilizadas na medicina para diagnósticos médicos, odontológicos,

tratamento de doenças e atividades industriais. A exposição a este agente

sem os devidos cuidados podem provocar graves doenças, como o câncer,

e podem levar até a morte. Para controlar a exposição a este agente, deve-

se fazer uma preparação prévia do local com uso de blindagem nas paredes

e se necessário nos pisos, o que visa a manter isolado o risco. Isso é um

tipo de proteção coletiva para este agente. Para o trabalhador é comum

TEMPERATURAS

RADIAÇÕES IONIZANTES

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 76| P á g i n a

fazer o uso de barreiras e controle da distância entre o trabalhador e a fonte

geradora para manter o controle da exposição ao risco.

Para este tipo de agente, vale destacar que a blindagem de um ambiente requer que seja feito

muito mais do que simplesmente a barreira física com a construção de uma parede de alvenaria.

É necessário também que sejam instaladas placas de chumbo ou outro material que proporcione

o devido isolamento.

Radiações não ionizantes são mais comuns nas atividades de solda elétrica,

uso de maçarico ou outra atividade que provoque o aquecimento de

matérias, deixando-as incandescentes (cor laranjada por causa do calor).

Podem também ser emitidas por lâmpadas. A exposição a estes agentes

sem a devida proteção pode provocar câncer de pele, problemas oculares e

queimaduras. Para controlar a exposição a estes agentes, se faz o uso de

EPI’s, como avental, manga de proteção, luvas, óculos de proteção com

lente escura e máscara de solda. Como proteção coletiva, uso de biombos

de proteção, restrição de um local para realização dos trabalhos. Essas são

medidas que corretamente aplicadas neutralizam os riscos à saúde dos

trabalhadores.

Embora não seja mais caracterizada como um risco físico e sim um fator

ergonômico a ser tratado na NR-17, vale ressaltar que é um erro comum de

alguns profissionais ainda tratarem a iluminação como risco físico.

Para este fator, devemos considerar as necessidades de iluminação do

ambiente, conforme é estabelecido pela referida NR e pela NBR – 5413, a

qual trata deste assunto.

O que estudamos neste tópico demonstra a relevância de realizar um levantamento e identificação

dos riscos presentes no ambiente de trabalho, que, às vezes, por mais simples que pareçam podem

acarretar sérios danos para o trabalhador. Este risco pode estar presente em diversos ambientes,

desde um consultório odontológico como em grandes indústrias. Situações de risco também podem

ocorrer com os materiais químicos, muito comuns e necessários nos ambientes de trabalho, como

estudaremos a seguir.

NÃO IONIZANTES

ILUMINAÇÃO

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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2.2. Riscos Químicos

Para início dos estudos, devemos entender o conceito de riscos químicos, que é dado pela NR-09 no

item 9.1.5.2, o qual tem a seguinte redação:

Condiseram-se agentes químicos as substâncias ou compostos ou produtos que

possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeira, névoas,

fumos, neblinas, gases ou vapores, ou que pela natureza da atividade, da

exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou

ingestão.

Com base neste conceito da norma, percebemos a abrangência destes

riscos, pois podem ser encontrados em diversas formas e locais em uma

organização. Podendo haver em uma área administrativa produtos

altamente tóxicos que podem provocar sérios danos à saúde do

trabalhador.

Para que possa haver um controle dos produtos químicos nas empresas, é importante, antes da

aquisição ou utilização de qualquer produto químico, analisar previamente os agentes presentes na

fórmula do produto, avaliando a existência de algum que possa oferecer riscos à saúde das pessoas

que o manuseiam. Essas informações são encontradas na Ficha de Informações de Segurança para

Produtos Químicos – FISPQ. É obrigatório o controle e o arquivamento de todas as FISPQ’s relativas

aos produtos utilizados na empresa.

Por meio da FISPQ que poderão ser identificados de maneira preliminar os riscos oferecidos pelo

produto e assim verificar a necessidade ou não de uma análise ou medição da concentração do

produto no ambiente de trabalho.

Diversos são os riscos oferecidos pelos produtos químicos, podendo variar de uma simples

intoxicação por inalação de um produto até queimaduras, câncer e morte. Por esses motivos, é

importante manter um rígido controle dos produtos na empresa.

Para controle da exposição e caracterização da insalubridade desses produtos, devemos considerar

as seguintes situações:

Alguns têm seu limite de tolerância estabelecido pela legislação;

Outros têm um valor teto, quando ultrapassado é proibido a realização de trabalhos ou

permanência no local por oferecer risco grave e eminente a saúde do trabalhador;

Há produtos que o simples contato sem a devida proteção oferece riscos à saúde do

trabalhador.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 78| P á g i n a

Para os profissionais de RH, é importante saber que esse risco é citado na maioria dos processos

trabalhistas onde o reclamante alega ter trabalhado exposto a um agente insalubre e que as

empresas não conseguem comprovar a neutralização da exposição ao risco. Na maioria das

situações, a empresa fornece os equipamentos de segurança, faz o monitoramento dos riscos, porém

falha no lançamento ou no controle da ficha de equipamentos de segurança, ou seja, não coleta de

forma adequada as assinaturas dos trabalhadores quando ocorre a entrega dos EPI’s.

O próximo risco de que trataremos é o biológico, que também requer cuidados quando identificado,

pois se trata de um risco que a simples presença no ambiente oferece possibilidade de contaminação

e de danos para a saúde do trabalhador.

Vamos em frente!

2.3. Riscos Biológicos

De acordo com a NR – 09 item 9.1.5.3, “considera-se agentes biológicos as bactérias, fungos,

bacilos, parasita, protozoários, vírus entre outros”. Podemos entender como sendo os

microorganismos que podem afetar ou influir de forma negativa sobre a saúde do trabalhador,

conforme relata Saliba (2002, p.176).

Estes agentes são analisados de forma qualitativa, ou seja, a simples presença no ambiente

caracteriza situação de risco para os trabalhadores.

As atividades mais comuns a essa exposição são as exercidas em hospitais, laboratórios de análises

clínicas, trabalhos em esgotos, cemitérios, entre outros.

Nesse caso é importante destacarmos que a NR-15, no anexo 14, apresenta as atividades que são

caracterizadas como insalubres e o grau do referido adicional.

As formas de controlar o risco de contaminação pelo manuseio ou trabalhos com este tipo de agente

podem variar da adoção de uso de EPI’s, imunização do trabalhador (vacinação), controles de

higiene pessoal e controle de exposição do agente.

No próximo tópico, estudaremos um pouco mais sobre o limite de tolerância, seu significado e

importância para tomada de ações preventivas, seja para os riscos biológicos como os demais

presentes no ambiente de trabalho.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 79| P á g i n a

2.4. Limites de Tolerância

A NR – 15 item 15.1.5 tem a seguinte redação: “Entende-se por limite de tolerância, para fins desta

norma, a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza, tempo de

exposição ao agente, que não causará dano a saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral”.

Com base neste conceito é que as empresas devem desenvolver as ações para controlar, minimizar

ou eliminar os riscos presentes no ambiente de trabalho que podem provocar danos à saúde do

trabalhador.

Considerando uma visão prevencionista, é importante entendermos claramente o objetivo do limite de

tolerância fixado para os agentes de risco, que são os valores que indicam que o agente não irá

afetar a saúde do trabalhador. Quando a norma menciona em não afetar a saúde do trabalhador

podemos interpretar que o agente poderá continuar presente no ambiente de trabalho, porém deverá

estar controlado de maneira a não oferecer riscos à saúde do trabalhador.

Uma falha comum são os profissionais entenderem que havendo a presença do agente insalubre é

caracterizada a condição de risco. Na realidade pode haver a presença do agente até acima do limite

de tolerância e não oferecer riscos ao trabalhador, pois, caso esteja fazendo-se uso de EPI’s ou

adoção de outras medidas que neutralizem a ação do agente sobre o trabalhador, elimina-se o risco.

Para o controle do limite de tolerância dos agentes é importante entender que empresa e

empregados têm responsabilidades bem definidas. A empresa deve oferecer treinamento, fornecer

recursos adequados para o controle da exposição do agente e monitorar a eficácia das ações. Já os

empregados devem usar os equipamentos disponibilizados pela empresa, cumprir as rotinas e

normas internas e sempre que perceber uma anormalidade comunicar a empresa para que seja

analisada e verificada.

Todos os pontos tratados nesta unidade fazem parte do conjunto de ações da empresa para a

prevenção de riscos ambientais, que são tratados através do PPRA – Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais.

O objetivo do PPRA é identificar, nos diversos postos de trabalho de uma empresa, os agentes ou

riscos ambientais para que sejam avaliados, monitorados e mantidos sob controle de maneira a não

oferecer riscos à saúde do trabalhador. Esse programa deverá ser implementado de acordo ou com

base no que está descrito na NR - 09.

O objetivo da explanação sobre o PPRA é para lembrar a você que praticamente todas as ações de

cunho prevencionista nas empresas têm como base esse programa, que se relaciona aos demais

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 80| P á g i n a

programas que visam a prevenir ou eliminar os riscos na empresa de forma bem direta. É esse

programa que dá subsídios para reconhecimentos dos riscos e como analisá-los de maneira

qualitativa ou quantitativa, bem como os mecanismos e as técnicas para controle deles.

Nesta unidade foram apresentados de maneira mais detalhada os riscos ou

agentes presentes no ambiente de trabalho que podem provocar danos à

saúde do trabalhador, se não mantidos sob controle. E qual a importância

prática destes conceitos para você, profissional de RH?

As respostas podem variar, mas acredito que uma base deve se manter, a de que conhecendo os

riscos no ambiente de trabalho poderemos atuar preventivamente evitando afastamentos do trabalho,

doenças ocupacionais e passivos trabalhistas.

Com essa base é que os profissionais de RH devem ter seu foco. Nas unidades anteriores,

estudamos os impactos e reflexos das doenças ocupacionais, acidentes de trabalho e passivos

trabalhistas que interferem nas organizações, na vida dos trabalhadores e sociedade, provocando

prejuízos emocionais, financeiros e sociais.

Diante dessa situação, você, futuro gestor de RH, pode perceber e entender a importância de

conhecer e interagir com a área de segurança e saúde no trabalho, pois esta poderá ser uma forma

para promover a saúde para os trabalhadores e gerar retornos financeiros ou resultados para a

empresa.

Novamente podemos lembrar a importância do PPRA para uma empresa, pois é este o documento

que será referencial para as ações preventivas da empresa. Por isso vale ressaltar que a empresa

deve sempre atualizar e revisar esse documento, pois poderá ser ele o auxílio para a comprovação

dos riscos e implantação de controles e de medidas para minimizá-los no ambiente de trabalho,

tornando assim um documento relevante para um processo trabalhista de reivindicação de

insalubridade.

Vale ainda lembrar que esse documento deve ser elaborado por qualquer empresa que tenha

empregado regido pela CLT.

Mais uma vez lembramos: investir em prevenção é uma das melhores

formas de a empresa obter resultados positivos, que podem ser pela

satisfação, conservação da saúde do trabalhador, como a redução de

despesas com afastamentos por doença ocupacional e redução ou

eliminação de passivos trabalhistas.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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3. Teoria na Prática

A reportagem abaixo apresenta alguns tipos de doenças que podem ser acometidos os trabalhadores

quando não há investimentos em prevenção. O interessante deste texto é que inicia com uma

corriqueira doença ocupacional que a grande maioria da população conhece e passa apresentar

outras que também oferecem sérios riscos à saúde do trabalhador e não são tão difundidas. O texto

demonstra a importância de investir em prevenção.

Trabalhar é preciso. Cuidar da saúde enquanto trabalha também

02/02/2009 - (Laila Magesk - Da Redação Multimídia)

Não tem como fugir. O trabalho faz parte da rotina de grande parte da população mundial. E,

independente do local de atuação ou do setor, as doenças geradas pelo trabalho estão presentes em

diversas funções. Da balconista do supermercado ao executivo. Encontrar casos de quem possui

alguma doença relacionada ao ambiente de trabalho é fácil. Mas alguns cuidados tomados pelos

funcionários e outros pelo empregador podem amenizar o número de casos. Nesta semana, o Vida

Saudável traz matérias sobre prevenção, dicas e exercícios para você ter mais qualidade de vida.

Começa com uma dor ao cortar um alimento, outro dia objetos simples passam a ter peso excessivo

até que o incomodo é tão grande que chega a hora de procurar um médico. Diagnóstico comum para

quem lida diariamente com telefone e computador: Lesão por Esforço Repetitivo (LER). A analista de

cobrança Ana Carolina da Silva, 22 anos, sentiu dores no pulso há cerca de oito meses. Foi ao

médico e fez exames que acusaram tendinite. "A dor começa no punho, mas se estende pelo braço,

dedos e cotovelo. Primeiro tive tendinite no punho direito. Agora tenho a mesma inflamação no braço

esquerdo", conta. Mesmo com a fisioterapia e exercícios praticados em casa, a dor persiste e o

simples ato de mexer os dedos é complexo. Usar uma pulseira mais apertada também não dá.

Fórum: O site Vida Saudável quer saber: Você cuida da saúde no ambiente de trabalho?

A LER é apenas uma das doenças. Existem várias outras, conforme explica o presidente da

Associação Nacional de Medicina do Trabalho do Espírito Santo, Charles Carone Amoury:

pneuconiose, doença adquirida pela poeira da pedra nas indústrias de exploração mineral; Perda

Auditiva Induzido pelo Ruído (Pair) e exposição a agentes biológicos. "Nessa última, o trabalhador

pode contrair doenças como Hepatite B ou C, através do contagio", diz o médico. Segundo ele, outras

doenças podem ocorrer. O pedreiro, por exemplo, fica muito tempo exposto à poeira do cimento, o

que pode levá-lo a ter uma dermatite de contato.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 82| P á g i n a

Mas o que fazer para não ter essas doenças? No caso do setor de mármore e granito, o

beneficiamento feito com água evita a exposição do trabalhador a agentes nocivos à saúde. Para

quem lida com o computador, sentar corretamente, com cadeiras e monitores na altura ideal, também

ajuda. Outra maneira de prevenção é o exercício físico matinal. "Fazer uma atividade física pela

manhã prepara a pessoa para o dia. Além de dar maior disposição e energia", garante o médico.

Qualquer exercício é recomendado, desde que com orientação de um profissional. Para cada função

existe um determinado exercício.

Ar-condicionado e estresse

Muito comum e presente em diversas empresas é o ar-condicionado. Com a alta temperatura do

verão ele é ainda mais utilizado. "O que faz mal no ar-acondicionado não é o ar frio, mas a falta de

limpeza. Ele deve ser limpo semanalmente para que não haja proliferação de ácaros e bactérias nas

tubulações", orienta. Mesmo com toda higiene, prevenção e cuidados um mal atinge muitos e

aparece de diferentes formas: o estresse. Com a tão comentada crise financeira e o aumento do

número de demissões, se torna mais difícil ainda manter a calma.

O estresse no trabalho pode ter um alto custo para os trabalhadores e para a própria empresa.

Concentre-se em gerenciar o estresse na sua origem em vez de esperar pelas sequelas físicas e

emocionais. Alguns sintomas do estresse negativo, como dores musculares, pressão arterial alta,

fadiga, taquicardia, ansiedade e angústia, têm sido atribuídos ao acúmulo das pressões profissionais.

Qualquer situação independente de estar vinculada ao trabalho pode ser percebida como

estressante. No entanto, alguns epidemiologistas americanos apontam certas características do

trabalho como prováveis causas de estresse. A sensação da falta de controle é a grande responsável

pelas doenças causadas pelo estresse.

Segundo a International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), homens com grande

responsabilidade e pouco controle no trabalho são pelo menos quatro vezes mais suscetíveis à

pressão alta do que seus colegas. Já as mulheres sofrem em dobro. O pior para elas é um trabalho

de alta pressão acrescido de pressões em casa. Nessas circunstâncias, as mulheres têm duas vezes

mais chance de ter um ataque cardíaco do que as outras, de acordo com a entidade. Para lidar

adequadamente com o estresse, eles dizem, o ideal é identificar os pensamentos negativos e

modificá-los de maneira positiva e racional, para minimizar as consequências do que não pode ser

mudado.

Fonte: Disponível em: <http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2009/02/53879trabalhar+e+preciso+cuidar+da+saude+enquanto+trabalha+tambem.html>. Acesso em 30/04/2009

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 83| P á g i n a

4. Recapitulando

Estudamos nesta unidade:

Que riscos físicos ou agentes físicos são as diversas formas de energia que podem estar

expostos os trabalhadores, como calor, ruído, vibração;

Que o ruído é um risco físico presente na maioria das empresas;

Que existe um limite de tolerância para exposição ao ruído e, de acordo com sua intensidade,

ele poderá interferir no tempo de exposição do trabalhador, sem a devida proteção;

As formas para controlar ou reduzir o nível de ruído para o trabalhador e ambiente;

Sobre vibração, as fontes mais comuns de geração que são:

Máquinas industriais;

Empilhadeiras;

Lixadeiras;

Marteletes;

Ônibus e caminhões;

As doenças que podem ser provocadas pela exposição à vibração durante a jornada de

trabalho;

Os riscos de trabalhar em temperaturas extremas, calor e frio;

As doenças que podem ser acometidos os trabalhadores nestas atividades;

O papel do RH, nesta situação de exposição ao frio e calor, que é muito importante durante o

processo de seleção, identificando características no candidato;

A radiação ionizante se não controlada e monitorada pode acarretar sérios danos à saúde

dos trabalhadores e que sua aplicação é mais comum em hospitais, laboratórios e indústrias;

A radiação não ionizante, apesar de ser mais simples de controlar, caso não seja feito um

controle,pode provocar câncer de pele e catarata, entre outras doenças. Pode ser percebida

em trabalhos de solda elétrica, lâmpadas, em materiais aquecidos e incandescentes.

Que iluminação é um risco ergonômico, porém já foi tratado como risco físico;

Que agentes químicos são ou compostos ou produtos que possam penetrar no organismo

pela via respiratória, nas formas de poeira, névoas, fumos, neblinas, gases ou vapores;

Que os riscos químicos podem ser classificados como insalubres pelo contato ou

concentração no ambiente que ultrapasse o limite de tolerância;

A importância Ficha de Informações de Segurança para Produtos Químicos – FISPQ;

Riscos biológicos são os ricos gerados por microorganismos que podem interferir na saúde

do homem;

Que a simples presença dos microorganismos já é um risco, de acordo com as atividades

descritas pela norma. Sendo que a norma já estabelece o percentual a ser pago em caso de

classificação da insalubridade;

O que o limite de tolerância é importante para a elaboração do PPRA.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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Unidade 7: Gestão de segurança do trabalho e saúde ocupacional

1. Nosso Tema

Entramos em nossa última unidade e você agora já é um conhecedor dos programas, riscos, técnicas

de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Sabe também da importância de agir

preventivamente.

Podemos, neste momento, afirmar que você sabe que:

Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional (STSO) contempla um número de ações muito

maiores que um simples ato de utilização e orientação para o uso de EPI’s.

Você compreende que fazer segurança é uma tarefa dinâmica e constantemente requer o

comprometimento de todos (empresários, trabalhadores, sociedade e governo) neste

processo.

Sabemos agora que a ausência de segurança pode gerar danos prejudiciais em diversas

áreas, influenciando na vida do trabalhador, em sua família, nos resultados empresariais,

nos impactos para sociedade e no desprendimento de recursos do governo.

O estudo desta última unidade servirá para você atuar ou aplicar o que já foi estudado nas unidades

anteriores, com uma visão sistêmica, de forma a lhe proporcionar condições de gerir um programa de

STSO em uma organização, ou seja, uma visão de gestão em STSO. Assim, será o momento em

que estaremos verificando a inter-relação entre as unidades já estudadas.

Podemos continuar nossos estudos, lembrando que gestão se faz com conhecimento, antecipação e

visão sistêmica, sabendo, assim, da importância da inter-relação entre as diversas áreas da

organização.

Curioso?? Então, vamos ao trabalho!!

Você já é considerado um sabedor:

Quando ocorrer falhas, você está apto para a reação, seja por um socorro a um

acidentado ou por um princípio de incêndio.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 85| P á g i n a

Para Refletir

Como você fará para implantar um programa de gestão em segurança e saúde no trabalho?

Em uma empresa sem um SESMT próprio pode-se implantar este programa?

Qual a importância de implantar este programa?

Qual a relação do RH com essa situação?

Acalme-se, respire fundo e vamos em frente, que, no decorrer dos nossos estudos, nesta nossa

última unidade, estaremos respondendo a esses questionamentos.

Então, vamos conhecer a gestão STSO!

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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2. Conteúdo Didático

Nesta unidade, estudaremos os conceitos básicos para implantação de um programa de gestão em

Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional em uma organização. No decorrer dos estudos, ainda

iremos conhecer um pouco sobre o chamado Nexo Técnico Epidemiológico (NTE), que trata de novos

conceitos e normas apresentados pela Previdência Social, com o intuito de melhorar os investimentos

em segurança e saúde no trabalho, além de servir de parâmetro para caracterização do nexo da

doença ou lesão em relação ao trabalho.

Iremos também estudar e conhecer duas normas que servem de guia para ações de preservação

ambiental e segurança e saúde no trabalho.

E, concluindo nossos estudos, entenderemos como funciona a perícia de um processo trabalhista em

Segurança e Saúde do Trabalho, as maneiras ou formas de conduzir esse processo e como

apresentar a documentação.

Finalizando a unidade 7, serão apresentadas as formas de fazer ou criar um programa de gestão em

STSO, o que poderá contribuir de forma significativa para prevenção em todos os aspectos nas

organizações que você possa vir a trabalhar.

Então, vamos iniciar os estudos pelo NTE.

2.1. Nexo Técnico Epidemiológico – NTE

O Nexo Técnico Epidemiológico (NTE) foi criado pela Previdência Social com objetivo de melhorar a

caracterização da doença ou acidente de trabalho em relação aos grupos e às atividades econômicas

desenvolvidas pela empresas.

Com a criação do NTE, caberá às empresas comprovar a não relação da doença ou seu agravo em

função do trabalho executado pelo trabalhador no seu ambiente laboral. Considerando esse ponto de

vista, a empresa passa a ter uma responsabilidade ainda maior em preservar a integridade física do

trabalhador, cabendo, então, investir sempre na prevenção e num criterioso processo seletivo no ato

da contratação de novos empregados.

Você, neste momento, pode estar questionando qual o objetivo de tudo isso. Já estudamos nas

unidades anteriores o que é extremamente importante para atuar de forma preventiva em relação aos

acidentes e às doenças ocupacionais. Porém, ressaltamos aqui que é de responsabilidade da

empresa comprovar que a doença que o trabalhador adquiriu tem ou não relação com o trabalho que

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 87| P á g i n a

ele desenvolve na organização. A princípio, temos a impressão que isto já ocorria, mas o que posso

te afirmar é que não era desta forma que é atualmente.

Veja, na sua aula online, um exemplo que caracteriza uma doença

ocupacional!

Você pode observar que existe a caracterização de doenças que fogem ao que já estudamos, que

são os casos em que são considerados os fatores de risco no ambiente de trabalho (físico, químico e

biológico). Perceba que agora as situações de pressão ou geradoras de estresse que provoquem um

distúrbio ou transtorno mental para o trabalhador em seu ambiente de trabalho poderão ser

relacionadas como doença ocupacional.

Observe o seguinte exemplo:

O Sr. Zé, frentista em um posto de abastecimento de combustíveis, acerca de três

meses sofreu um assalto no final do expediente quando fazia o fechamento do

caixa. Durante o assalto, foi ameaçado com uma arma e quase levou um tiro, que foi

disparado pelo assaltante. Após esse incidente, o Sr. Zé não conseguiu mais voltar a

trabalhar e passou a ter medo de sair de casa. Sendo analisado por especialistas na

área médica, constatou que o Sr. Zé estava com Síndrome do pânico. Diante desse

quadro, a previdência afastou o sr. Zé por doença do trabalho com base no NTE,

pois, ao cruzarem as informações sobre esse tipo de doença e a Classificação

Nacional de Atividade Econômica constatou que o seguimento tem uma certa

incidência deste tipo de afastamento, ficando, portanto, caracterizado o Nexo

Técnico Epidemiológico.

Tudo que lhe foi passado até este momento foi para que você possa entender que investir em

segurança do trabalho e saúde ocupacional no ambiente de trabalho passa a ser uma importante

ferramenta para redução de despesas para as organizações, pois, além do que já foi mencionado,

ocorre que a empresa contribui com o Fator Acidentário de Prevenção, que são alíquotas pagas pela

empresa para custear a previdência em relação aos gastos com acidentes e doenças ocupacionais.

Atualmente, esse percentual é de 1%, 2% e 3% dos valores pagos sobre a folha de pagamento dos

salários dos trabalhadores da empresa.

Com a implantação e/ou aplicação do Nexo Técnico Epidemiológico, essas alíquotas podem sofrer

alterações de acordo com os investimentos que fizer em segurança e saúde do trabalho, com base na

Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2003. Essa lei prevê para as empresas que apresentarem bons

desempenhos em segurança e saúde do trabalho um desconto na alíquota, que pode ser de até 50%

. E, nos casos de falta de investimento, a alíquota pode ter seu valor acrescido em 100%.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 88| P á g i n a

Na aula online, na seção Amplie Seus Conhecimentos, estão

disponibilizados alguns links relativos à legislação que rege este tema e a

previdência social. Recomendo que os acesse, pois irão enriquecer os seus

estudos.

Agora, iremos dar seqüência em nossos estudos conhecendo e estudando duas normas que tratam

de sistemas de gestão em Segurança e Saúde Trabalho e sobre Meio Ambiente.

2.2. Normas

Para que possamos prosseguir, vamos primeiro entender o que é uma norma. De acordo com o

dicionário da língua portuguesa Larousse Cultural (1993, p 307), norma é um “conjunto de regras de

conduta impostas a um grupo social”. Ele a define também como sendo “modelo, exemplo.”

Com esses conceitos, podemos afirmar que normas são regras ou padrões estabelecidos para

direcionar as ações ou padronizar como deve ser feito ou realizado um trabalho ou uma tarefa.

Pensando nessa padronização, foram desenvolvidas as diversas normas que envolvem as pessoas e

as organizações. Entre as direcionadas para as organizações podemos citar as normas internacionais

de padronização dos sistemas de gestão da produção, qualidade, processos de Segurança e Saúde

no Trabalho e Meio Ambiente.

As que serão nosso foco de estudo são as que tratam da Segurança e Saúde no Trabalho e Meio

Ambiente.

Vamos entender um pouco mais sobre essas normas.

2.2.1 – OHSAS 18001

O que significa OHSAS6:

O – Occupationa;

H – Health

S – Safet;

A – Assessment

S – Series

6 Fonte: material do curso de interpretação e implantação da GSS – Bureau Veritas do Brasil

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 89| P á g i n a

O que traduzindo significa:

Série (de normas) de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional.

Já sabemos o significado da sigla, agora é só entendermos a norma, que traz como princípio básico a

prevenção de acidentes e doenças ocupacionais através de programas de gestão em Segurança e

Saúde do Trabalho.

Esses programas de gestão são ferramentas ou técnicas utilizadas no âmbito da organização, de

forma a tornar controlável e identificar todos os riscos presentes no ambiente. Quando mencionamos

controláveis é para termos a idéia de que nem todas as fontes ou riscos podem ser eliminados do

processo.

Esse conceito de que às vezes não será possível eliminar e sim controlar o risco,é o

principio desta norma.

Para controlar o risco, é necessário conhecer os riscos presentes no ambiente laboral, que, nesse

caso, são bem mais abrangentes do que os que já estudamos, como os riscos ambientais. Para efeito

desta norma, serão consideradas fontes de riscos toda e qualquer situação no ambiente de trabalho

que possa gerar um risco para a saúde e a integridade física do trabalhador.

Nesta norma, a responsabilidade para implantação dos programas de gestão em Segurança e Saúde

do Trabalho (SST) é colocada para as organizações, sendo a principal responsável a alta

administração, para que ocorra uma melhor absorção do programa na organização. De fato, a alta

administração terá um papel fundamental, pois caberá a ela estabelecer uma política de SST, em que

estarão expressos o principio ou as diretrizes da organização para implantação do programa de

gestão.

Definida a política de SST da organização, o próximo passo será o mapeamento dos perigos e riscos,

nas diversas atividades, quer sejam rotineiras ou não, devendo, ainda, contemplar os terceiros, como

os visitantes e prestadores de serviços. Esses perigos e riscos são as diversas situações presentes

no ambiente de trabalho ou na execução de uma atividade que pode oferecer riscos de acidentes ou

comprometer a saúde do trabalhador e de pessoas que estejam próximas do local onde é realizado o

trabalho.

Levantados os perigos e riscos da organização, será necessário realizar um estudo e levantamento

da legislação aplicada para a adequação da organização com as referidas normas e leis, municipais,

estaduais e federais. Na visão desta norma, uma legislação não cumprida demonstra falta de

comprometimento da organização em relação ao assunto e, em caso de uma auditoria,

caracterizando uma não conformidade.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 90| P á g i n a

Conhecendo os perigos e riscos, a organização deverá desenvolver um planejamento para tratá-los

Com ele será possível a definição de programas de gestão em SST, os quais irão contemplar os

perigos e riscos. Assim, é importante definir ações para mantê-los sob controle ou neutralizá-los,

preservando a integridade do trabalhador.

Realizadas todas as etapas anteriores, passamos agora para o treinamento de todos os

trabalhadores em relação aos perigos e riscos envolvidos em seu processo de trabalho e também as

consequências ou os danos que podem ser provocados a sua saúde, caso não cumpra o

estabelecido nos procedimentos ou rotinas definidos pelos programas de gestão em SST.

Como você pode perceber, implantar um programa de gestão em SST ou a própria Norma OHSAS

18801 poderá contribuir para que a empresa melhore as condições no ambiente de trabalho,

atendendo à legislação pertinente, reduzindo o risco de adoecimento de seus trabalhadores, além de

preveni-los em relação a passivos trabalhistas.

Atualmente, a implantação desses programas de gestão em SST irão também contribuir para

evidenciar a aplicação e os investimentos da organização em SST, que poderá servir para que a

organização pleiteie junto à previdência social um desconto na alíquota do Fator Acidentário de

Prevenção.

Para você, futuro gestor de RH, deve ficar ainda mais clara a importância de investir em Segurança

do Trabalho e Saúde Ocupacional, como sendo uma importante ferramenta que irá beneficiar as

diversas partes interessadas, empresa, trabalhador, sociedade, família e comunidade. Dessa

maneira, terá uma nova visão: investir em sistemas de gestão em SST não é mais uma simples

obrigação das organizações, mas deve ser vista como uma ferramenta estratégica para tornar a

organização mais competitiva no mercado, além do fato de passar ou demonstrar a imagem de uma

empresa socialmente responsável, que também é um grande diferencial.

Dentro desse conceito de responsabilidade social, trataremos o nosso próximo assunto que é a

norma ISO 14001. Ela trata da gestão ambiental, ou seja, do desenvolvimento sem degradar o meio

ambiente.

2.2.2 - ISO 14001.

ISO é a sigla da Organização Internacional de Normalização (International Organization for

Standardization), com sede em Genebra, Suíça e que cuida da normalização (ou normatização) em

nível mundial. E entre as normas ou padronizações desenvolvidas por esta organização temos a ISO

14001, que é uma norma que estabelece diretrizes para implantar um programa de gestão ambiental.

O objetivo deste programa é gerar condições para que as organizações conheçam e entendam a

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 91| P á g i n a

relação que tem com o meio que está inserida e seus possíveis danos ou impactos que poderão

provocar, devido ao seu processo produtivo.

Em situação similar ao que apresentamos para a implantação da OHSAS 18001, ocorrerá com esta

norma também o primeiro passo para a criação de uma política que demonstre as diretrizes da

organização para cumprimento da legislação, preservação ambiental, processo de melhoria contínua

e comprometimento da alta administração.

Implementada a política, partimos agora para o processo de identificação dos aspectos ambientais,

que são os meios que podem influenciar no meio ambiente, como exemplo a geração de resíduos

líquidos em um processo de lavagem de roupas industriais. Neste exemplo o aspecto é a água

gerada no processo de lavação e para o descarte desta água contaminada. Caberá a empresa tratá-

la previamente e somente após este tratamento poderá descartá-la no meio ambiente.

Identificado todos os aspectos da organização, será feito uma análise para verificação do

cumprimento da legislação que se aplica a estes aspectos e a forma de tratá-los.

Os demais passos a seguir consistem em elaborar os programas para fazer a gestão dos aspectos

ambientais e treinar os trabalhadores com relação às regras e procedimentos a serem adotados com

intuito de não agredir o meio ambiente.

O importante em conhecer esta norma que trata da gestão ambiental é para que possamos

vislumbrar a possibilidade de conciliar as melhorias ambientais com a segurança e saúde do trabalho.

Você neste momento pode questionar: qual relação é essa?

E a resposta é simples: toda.

Veja o seguinte:

Voltando ao exemplo anterior, a lavagem de roupas industriais, com certeza, possui aplicação de

produtos químicos. Pensado no meio ambiente, você pode substituir este produto por um que não o

agrida , e já conciliando com SST, poderá também substituir por um que seja menos agressivo a

quem o manuseia.

Com essa ótica, é possível perceber a importância da inter-relação entre as normas.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 92| P á g i n a

No próximo tópico, estudaremos as perícias trabalhistas relacionadas à SST, em que iremos perceber

a importância da gestão em SST, para a geração de evidências durante um processo de perícia

trabalhista.

2.3. Perícia Trabalhista.

De acordo com Monteiro (2000, p.113), a prova pericial é uma forma de estabelecer o nexo ou não da

relação de uma doença ou acidente em relação ao trabalho, podendo também ser utilizada como

forma de comprovar a realização de trabalhos em ambientes insalubre e/ou perigosos. Seguindo as

regras do art. 420 do código do Processo Civil, a perícia deve ser realizada por um perito designado

pelo juiz.

Uma vez nomeado um perito, as partes no processo trabalhista terão um prazo para apresentar os

quesitos7 e indicar os assistentes técnicos para acompanhar a perícia. Assim como o perito nomeado,

devem cumprir os prazos estabelecidos no art. 433 e seu parágrafo único do Código de Processo

Civil.

Para os processos que envolvem a SST, podemos destacar os seguintes tipos de perícia:

Médica: um médico estará analisando uma lesão ou doença que limitou a capacidade do

trabalhador para exercer sua atividade laboral, ou simplesmente o incapacitou para o

trabalho. Este tipo de perícia pode ocorrer em virtude de um processo trabalhista ou por

determinação da previdência social para estabelecer uma investigação e para verificar o

nexo da atividade do trabalhador e a doença ou lesão. Normalmente esta perícia ocorre

no local onde trabalha.

Verificação de Insalubridade e Periculosidade: este tipo de perícia normalmente

ocorre em processos trabalhistas em que o trabalhador se considera lesado por ter

trabalhado em um ambiente que ele considera como sendo insalubre ou periculoso.

Nessa situação, durante uma audiência, o juiz irá determinar uma perícia para que seja

verificada a veracidade dos relatos. Nomeia-se um perito oficial e as partes podem indicar

os assistentes técnicos, que têm a função de acompanhar o perito oficial dando-lhe

suporte e informações quando necessário, verificando a forma que ele está conduzindo

os trabalhos e a metodologia utilizada para avaliação e medição do ambiente.

As perícias trabalhistas de forma geral analisam aspectos técnicos e o cumprimento da legislação

no que tange a SST. Neste instante é que você percebe a importância de todo o conteúdo que

estudamos nesta unidade, pois serão eles os responsáveis por gerar subsídio para comprovar a

aplicação e o cumprimento da legislação pela organização, e da mesma forma a comprovação de

7 são as perguntas ou questionamentos que são feitos ao perito para direcionar a perícia.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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conscientização dos trabalhadores em relação aos riscos envolvidos em seu processo de trabalho e

as formas de neutralizar.

Como já apresentado em unidades anteriores, os programas relativos à SST, principalmente o

PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), têm a função de identificar os riscos

presentes no ambiente de trabalho e as formas de neutralizá-los, além, é claro, do PCMSO –

(Programa de Controle Medico e Saúde Ocupacional), que tem a finalidade de monitorar a saúde

do trabalhador, evidenciando a eficácia das ações tomadas no PPRA..

Com estes e outros programas implementados de forma eficaz na organização, a probabilidade de

êxito durante a perícia em favor da organização aumenta em muito. A perícia não é para verificar

simplesmente o problema, mas sim analisar a situação como um todo, ou seja, considerando e

avaliando os programas e as ações implementadas e sua eficácia, desde a utilização e

fornecimento de EPI’s, até a evidencia de registros de treinamentos e trabalhos de conscientização

do trabalhador em relação aos riscos presentes no seu ambiente de trabalho.

O importante é que você tenha uma grande atenção para evidenciar todos os programas: entrega,

distribuição e periodicidade de troca de EPI’s, exames médicos atualizados, registros de

treinamentos e até mesmo de punições disciplinares aplicadas a trabalhadores por descumprimento

de regras de segurança. Sendo interessante que nos autos iniciais do processo já seja incorporada

toda esta documentação.

Vale destacar que o reclamante poderá acompanhar todo o processo da

perícia, o que normalmente ocorre. Por esse motivo, é importante enfatizar

a relevância do assistente técnico para acompanhamento da perícia.

Você pôde perceber a importância de manter os registros de todos os programas e treinamentos

realizados na organização, o que de certa forma acaba por induzir a um controle mais amplo da

área de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, passando a demandar uma gestão da área

e não mais somente aplicação de normas e conhecimento técnico. Esse processo de gestão pode e

deve ser muito maior que ações pontuais, passando a ter um papel estratégico para a organização,

como veremos no próximo tópico.

2.4. Gestão da Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional – GSTSO.

Em nossos estudos de todas as unidades até chegarmos onde estamos, você pôde perceber as

diversas formas de atuação que devem ocorrer na área de STSO em uma organização. Porém, essas

atuações, ocorrendo de forma fragmentada, sem um planejamento lógico, pode não levar aos

resultados esperados ou pode simplesmente fazer cumprir a legislação sem gerar ganhos reais para

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 94| P á g i n a

os trabalhadores e para a empresa. Com esse conceito, iniciamos os estudos sobre as questões que

envolvem a Gestão da Segurança do Trabalho e Saúde do Trabalhador, que trataremos como

GSTSO.

Você já conhece os programas que devem ser implementados em uma

organização para cumprimento da legislação, conhece as formas de

implementar e monitorar os resultados.

Agora, iremos estudar como e quando aplicar esses conhecimentos.

Como é mencionada por Pacheco (2000, p. 26 – 52), a organização deve estar pronta para se

adaptar aos diversos cenários que esteja atuando. Como exemplo, podemos citar a globalização da

economia e dos mercados, que tem obrigado as empresas a manterem resultados cada vez mais

desafiadores para se manterem competitivas. Deverão ter excelentes produtos com um custo cada

vez menor. E até hoje o que as empresas buscaram foi isto: produzir com qualidade e ser excelente

em curtos prazos, conseguindo um custo competitivo. Porém, hoje, o que distingue as organizações

de alto desempenho é seu capital humano, ou melhor dizendo, as pessoas que compõem a

organização. Serão elas o diferencial competitivo no mercado.

E como fazer para retê-los e mantê-los saudáveis e produtivos?

Uma das formas para atingir esse objetivo é fazer a GSTSO, partindo do ponto que organização e

trabalhador necessitam saber onde estão situadas, conhecendo o que podemos chamar de ambiente

interno e ambiente externo, que serão os fatores direcionais das ações.

Conhecer o seu ambiente externo, ou seja, meio onde a organização está inserida, a comunidade no

entorno, empresas concorrentes, legislação municipal, estadual e federal que envolve a organização,

são fatores básicos para iniciar os estudos para implantar uma GSTSO. Essas são informações que

irão nortear as ações a serem tomadas para estruturar um programa de GSTSO.

Após essa análise inicial, a organização deve partir para um levantamento de seu ambiente interno:

como ocorre a interação da área de segurança com os demais departamentos? Como os

trabalhadores enxergam esta área e como a alta administração entende a atuação desses

profissionais? Esses dados são importantes para a definição da estratégia a adotar.

Neste momento, é importante que você já tenha percebido que o

levantamento dessas informações irá direcionar as ações para a sua

GSTSO. Veja como.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 95| P á g i n a

Conhecendo o ambiente externo, a organização estará em condições de se avaliar diante de seus

concorrentes em relação a investimentos e programas em segurança e saúde no trabalho. Assim,

pode ainda identificar boas práticas já implementadas pela organização e conhecer o que o mercado

está praticando.

Esses passos irão contribuir para a implantação eficaz de um programa de GSTSO, pois a

participação da área no planejamento da organização facilitará a antecipação e o reconhecimento de

possíveis fontes geradoras de riscos que poderão ser onerosas para a empresa, caso sejam

realizadas de determinada forma.

Como exemplo, podemos citar a criação de um estoque de produtos inflamáveis no interior de um

galpão que ensejará o direito do adicional de periculosidade a todos os trabalhadores que estejam

naquele ambiente. E você se lembra que o adicional de periculosidade equivale a 30% do salário do

trabalhador, considerando que esta empresa tem em torno de 100 funcionários com salário médio de

R$870,00, qual será o custo gerado para a empresa? Para ter uma noção, este valor será obtido em

um cálculo direto sem considerar os reflexos de impostos e encargos um valor mensal de

R$26.100,00 por mês, este poderá ser o valor a ser pago ou passivo gerado em cada mês.

Este é o objetivo de todo o conteúdo que foi apresentado a você no decorrer deste semestre: ações

simples e objetivas que podem contribuir para uma melhora na qualidade de vida dos trabalhadores e

um fator de resultados operacionais para as organizações, gerando impactos positivos para

sociedade, previdência, comunidade, clientes, fornecedores e todos mais envolvidos em uma cadeia

produtiva.

Lembre sempre:

Segurança é um trabalho dinâmico e contínuo que requer uma constante

atualização e reciclagem das pessoas da organização, e você, gestor de

RH, será uma peça fundamental para o sucesso.

Assim, concluímos esta unidade. Um grande abraço e muito sucesso em sua vida e carreira

profissional,. Seja você um diferencial na prevenção!!

Como você pode perceber:

Prevenir, comunicar, antecipar e envolver é primordial para a implantação de programas de

Gestão em Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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3. Teoria na Prática

Nesta reportagem, você poderá perceber os impactos que já eram esperados em abril de 2007 com a

implantação do Nexo Técnico Epidemiológico e como já era percebida a projeção desses fatores para

os anos seguintes.

Boa leitura!

Empresas que previnem acidentes de trabalho pagam menos à previdência

Irene Lôbo e Juliana Andrade

Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Desde abril deste ano, o Ministério da Previdência Social considera acidentes de trabalho os

benefícios que foram gerados pela Previdência em função de situações de trabalho, mesmo que não

tenham sido comunicados pelo empregador.

No mês de junho, foi feita uma reclassificação dos setores de atividade de acordo com a quantidade

de benefícios de acidentes de trabalho e auxílios-doença que os setores geravam, classificando-as

em graus de risco. Hoje as empresas contribuem com percentuais da folha de pagamento para

financiar benefícios de acidentes ou doenças de trabalho, dependendo do graus de risco da atividade:

risco baixo é 1%, risco médio, 2% e risco alto, 3%.

E em 2008, será feita uma nova flexibilização das alíquotas de contribuição, dessa vez por empresa,

de modo a beneficiar os empresários que fizerem prevenção de acidentes de trabalho e doenças

ocupacionais.

“Em 2008 nós queremos que cada empresa dentro do setor pague um pouco mais do que a média,

ou um pouco menos que a média, se tiver índices de acidentes de trabalho acima ou abaixo da média

do setor”, disse Schwarzer.

“Com isso nós achamos que as empresas vão passar a perceber de forma muito clara que a

prevenção de acidentes de trabalho ela se rentabiliza, ela traz um retorno do ponto de vista

econômico também, não é apenas do ponto de vista humano, o que por si já é o suficiente”.

Estudo apresentado no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, mostra que alguns dos

países mais desenvolvidos do mundo são os que têm menos mortalidade por acidentes de trabalho.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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De acordo com o estudo, enquanto que no Brasil o coeficiente de mortalidade no trabalho é de 14,8

pessoas a cada 100 mil trabalhadores, na Espanha esse índice é de 8,3, no Canadá, de 7,2, na

França de 4,4 e na Finlândia, de 2,1.

“O que a gente vê nos países mais desenvolvidos é que há um investimento muito importante nessa

áreas. Se você pegar os países da União Européia, da América do Norte, no Japão, existe

investimento muito grande na área de saúde do trabalhador, porque a melhoria das condições de

trabalho também reflete na produtividade desses países”, afirma o coordenador da Área Técnica de

Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Marco Antônio Perez.

Na opinião do diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho

e Emprego (MTE), Rinaldo Marinho, falta uma conscientização maior por parte dos empregadores,

que são, pela legislação brasileira, os responsáveis por prevenir acidente e doenças do trabalho.

“A maior dificuldade é que algumas empresas não encaram as medidas de prevenção de acidentes e

doenças como investimento, encaram como custo, porque elas não computam nas suas contas os

prejuízos que são gerados quando ocorre um acidente de trabalho ou quando o trabalhador adoece”.

O presidente da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho

(Fundacentro), Remígio Todeschini, orienta que as empresas tenham o cuidado preventivo como

norma de gestão, e que não deixem de fazer investimentos em saúde e segurança no trabalho.

"É preciso adotar o cuidado preventivo da gestão em saúde e segurança do trabalho nas empresas,

melhorando as condições de trabalho, e junto aos sindicatos estabelecer um processo melhor de

negociação coletiva, ampliando o processo de educação em saúde e segurança do trabalho”.

Fonte: Disponível em : <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/07/27/materia.2007-07-27.0850726159/view>. Acesso em 10/05/2009

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

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4. Recapitulando

Estamos terminando nossa disciplina e vale a pena relembrar os principais pontos de nossa última

unidade:

A gestão em segurança do trabalho e saúde ocupacional: podemos perceber que existem

diversos fatores externos que são geradores desta demanda, como o Nexo Técnico Epidemiológico,

que atualmente é um fator merecedor de grande atenção por parte das empresas, pois, com base

neste conceito, as empresas serão responsáveis em comprovar que uma lesão ou adoecimento de

um trabalhador, do seu quadro funcional, não tem relação com o trabalho. Além de servir como forma

da empresa que investe em segurança pleitear junto à previdência descontos nas alíquotas pagas

para efeito do Fator Acidentário de Prevenção -FAP, que são alíquotas pagas pela empresa para

custear a previdência em relação aos gastos com acidentes e doenças ocupacionais. Atualmente,

este percentual é de 1%, 2% e 3% dos valores pagos sobre a folha de pagamento dos salários dos

trabalhadores da empresa. As empresas que investem SST podem ter um desconto de até 50%, e a

falta desse investimento pode gerar um acréscimo de 100%.

As normas que tratam do sistema de gestão de SST(OHSAS 18001): remete no primeiro plano à

responsabilidade da alta administração em se envolver nas ações que se relacionam com a

implantação da norma. Existem alguns critérios a serem observados para a sua implantação, como

definir uma política, realizar o levantamento dos perigos e riscos, estabelecer programas e

principalmente treinar as pessoas em relação aos procedimentos a serem adotados.

A ISO 14001: é uma norma com foco na preservação do meio ambiente, em que são apresentados

alguns requisitos para serem seguidos pelas organizações que desejarem implantar um programa de

gestão ambiental. Vimos que aplicação de medidas de controle ambiental pode ter uma interação

direta com os aspectos de segurança e saúde do trabalho.

Perícia trabalhista: estudamos como pode ocorrer um processo de perícia trabalhista e seus

objetivos, podendo ser Médica, em que um médico estará analisando uma lesão ou doença que

limitou a capacidade do trabalhador para exercer sua atividade laboral, ou simplesmente o

incapacitou para o trabalho. De Verificação de Insalubridade e Periculosidade, esse tipo de perícia

normalmente ocorre em processos trabalhistas em que o trabalhador se considera lesado por ter

trabalhado em um ambiente que ele considera como sendo insalubre ou periculoso.

Gestão de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional: podemos estudar e avaliar a

abrangência do programa de gestão em segurança e os resultados que podem gerar para a

organização, estudando a relação direta com os diversos programas já mencionados nas unidades

anteriores. Serve como forma de agir estrategicamente na organização, gerando retornos financeiros,

além de contribuir como forma de evidenciar a prevenção na organização, gerando descontos no

FAP.

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Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro

Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 99| P á g i n a

5. Referências

ARAÚJO, Giovanni Moraes de (autor, editor e organizador). Normas Regulamentadoras Comentadas. 3ª ed. Rio de Janeiro: 2002. CHAVES, José Jacinto. Perfil Profissiográfico Previdenciário, Belo Horizonte: Folium, 2003. COSTA, Walter Rodrigues da. Saúde ocupacional. Belo Horizonte: [s.n], 1993. GALAFASSI, Maria Cristina. Medicina do trabalho: programa de controle médico de saúde ocupacional (NR-7). São Paulo: Atlas, 1999. MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2000.

OLIVEIRA, Cláudio A. Dias de. Passo a passo dos procedimentos técnicos em segurança e saúde no trabalho: micro, pequenas, médias e grandes empresas. São Paulo: LTr, 2002. PACHECO JUNIOR, Waldemar. Gestão da segurança e Higiene do trabalho: contexto estratégico, analise ambiental, controle e avaliação das estratégicas/Waldemar Pacheco Jr., Hyppolito do Vale Pereira Filho, Vera Lucia Duarte de Valle Pereira. São Paulo: Atlas 2000. PEINADO, Jurandir; GRAEMLl, Alexandre Reis. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba: UnicenP, 2007. SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e periculosidade aspectos técnicos e práticos. 6ª ed. atual - São Paulo: LTr, 2002. SALIM, Celso Amorim; CARVALHO, Luiz Fernando de (Org.). Saúde e segurança no trabalho: novos olhares e saberes. Belo Horizonte: SEGRAC, 2003.