apostila home studio - como montar um estúdio de gravação em casa - by done

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  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 1 A Popularizao dos Home Studios Um velho sonho de todos os msicos j rotina para uma boa parcela deles. Ter em casa um estdio de gravao, onde se possam gravar os prprios trabalhos, seja como fonte de renda, ou pelo menos para registrar as idias quando elas ainda esto frescas, recm-sadas da inspirao. O antigo sonho de compositores, cantores e instrumentistas se converteu em um mercado que movimenta milhes de dlares por todos os continentes.

    Muitos msicos, pelo mundo afora, tm seu prprio estdio, geralmente instalado em um quarto ou sala, em casa. Alguns so bastante sofisticados, com gravao de udio digital em 24 pistas ou mais, mesas de som automticas e muito poderosas, vrios samplers, sintetizadores, supercomputadores, tratamento acstico, enfim, recursos compatveis com os estdios comerciais de mdio ou at grande porte. Outros (a maioria) so bem mais simples, sem tratamento acstico, com menos equipamentos, mas com alto poder de fogo, de qualquer forma.

    No Brasil dos ltimos anos, com a liberalizao alfandegria para a importao de equipamentos eletrnicos, o mercado cresceu rapidamente. As lojas de instrumentos se modernizaram e aumentaram em quantidade e qualidade. A figura do muambeiro de

    instrumentos musicais, outrora o brao direito de todo msico profissional, vem, passo a passo, dando lugar a uma estabilizao do setor. O msico brasileiro se torna consumidor, com direito a garantia e assistncia tcnica para seus instrumentos de trabalho, em vez do antigo e triste papel de receptador de material contrabandeado. Por sua vez, a indstria nacional comea a despertar para as novas tecnologias e custos, frente feroz

    concorrncia dos produtos importados.

    A gigantesca multiplicao do nmero de estdios caseiros decorreu de alguns inventos, que surgiram com a tecnologia digital, no incio dos anos 80. Esses inventos evoluram de modelos que vinham sendo desenvolvidos nas duas dcadas anteriores. O mais conhecido o protocolo MIDI, a interface que comunica sintetizadores a computadores. A MIDI (ou o MIDI, como dizem) foi definida em 1983 pelos principais fabricantes de instrumentos musicais do mundo. Ela evoluiu de sistemas de triggers e outros sincronizadores, que cada fbrica desenvolvia para seus instrumentos e seqenciadores analgicos, sem muita compatibilidade entre equipamentos de fbricas diferentes. Em 83, a indstria resolveu criar um protocolo unificado, e aberto a inovaes futuras. Surgia a Musical Instrument Digital Interface, ou MIDI.

    Mais adiante, com o grande nmero de usurios e produtores de MIDI files, os arquivos no padro MIDI para computadores j no eram mais de interesse exclusivo dos msicos. Os jogos de computador, por exemplo, lanam mo desses recursos, e se dirigem a um pblico muito maior. Foi definido ento o padro General MIDI, um conjunto definido e limitado de timbres e outros recursos para compatibilizar diferentes equipamentos em aplicaes voltadas para o mercado da informtica. As placas de som e a multimdia

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 2 tiveram a um terreno frtil para se desenvolverem. Outro grande responsvel pela exploso dos home studios foi o chamado porta-estdio, o gravador cassete de quatro (ou mais) pistas, que foi aposentando os gravadores de rolo de quatro, oito ou 16 pistas. Hoje, o porta-estdio est sendo aos poucos substitudo pela gravao digital em hard disk ou em fita de vdeo. O custo relativamente baixo e a facilidade de manuseio desta tecnologia foram os responsveis pelo sbito aumento do nmero de produtores independentes. De l pra c, mquinas, ferramentas e software para se gravar msica em casa so lanados freneticamente em um mercado que no pra de se expandir. Nos anos 90, os seqenciadores por computador e a gravao de udio pelo processo digital em oito ou 16 pistas so as tecnologias que mais se popularizam. A Internet, a rede mundial de computadores, uma grande parceira desses estdios, na medida em que fornece programas, upgrades (atualizaes), gravaes de msicas, arquivos MIDI, partituras e informao musical de graa, sem que o msico precise sequer sair de casa.

    O outro lado da moeda a expanso do prprio mercado de trabalho do msico. Por todo canto, florescem novas produtoras de multimdia, de vdeo e animao, agncias de publicidade, rdios comunitrias e outras empresas que so clientes naturais das pequenas e mdias produtoras de som, caso de muitos home studios com objetivos comerciais. Aqui, o estdio caseiro fornece meio de trabalho para um ou mais msicos, cantores, compositores e arranjadores. Por

    seu baixo custo operacional, o home studio chega a competir com as grandes produtoras, oferecendo produtos de alta qualidade aos clientes mais exigentes. Mesmo as emissoras de TV tm preferido contratar produtores que disponham de estdio prprio.

    Para se montar e operar um home studio so necessrios alguns requisitos bsicos. O primeiro que vem mente, naturalmente, o capital necessrio; o segundo o equipamento a comprar. No entanto, um requisito fundamental muitas vezes esquecido nessa hora: planejamento. Sem ele, possivelmente o capital ser mal empregado ou o projeto no sair do mundo das idias. Planejar os objetivos, o mercado potencial, as condies de trabalho, o equipamento e os recursos humanos, tudo de acordo com o capital disponvel, deve vir antes da aquisio de qualquer mquina, para que o sonho no se torne um pesadelo. A consulta permanente s fontes de informao (revistas, manuais, lojas, especialistas, amigos com experincia, sites na Internet) outro requisito importante.

    O Planejamento faz a Diferena Para se montar um home studio preciso equilibrar uma srie de fatores. De acordo com os objetivos, capital, espao, clientela ou necessidades pessoais, surgem inmeras opes de equipamento e de projetos de tratamento acstico para quem vai se equipar.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 3 Nada pior que constatar erros de planejamento depois de realizado o investimento, como uma obra de isolamento acstico que no isola, ou a compra de aparelhos desnecessrios ou obsoletos. Antes de comprar, devem-se ponderar todas as necessidades e possibilidades, e a fazer uma lista de todos os itens, com modelos e preos compatveis. Primeiro vm os objetivos do empreendimento. Um estdio caseiro de gravao pode atender o mercado fonogrfico, publicidade, TV, cinema, vdeo, ou produzir fitas demo de um compositor, cantor ou instrumentista. Tambm conta o perfil de quem vai operar o estdio, se msico, engenheiro de som, produtor etc., e a sua experincia com o material. Cada combinao dessas variveis implica num set-up diferente. Um estdio voltado para produo de trilhas instrumentais com sintetizadores dever ter bons teclados e mdulos de som MIDI, alm de um bom computador, enquanto outro estdio, para gravao e mixagem de grupos vocais e/ou instrumentais, ter bons microfones, processadores e um sistema de gravao multipista. Nos dois casos, sero necessrias uma boa mesa de som e monitorao. Se se pretende operar simultaneamente nas reas de udio e MIDI, busca-se o melhor dos dois mundos, com equilbrio de investimentos entre eles. O segundo item o capital disponvel. Ele deve ser levado em conta para se definir o nvel ou o padro geral do estdio, para que se determinem equipamentos e obras acsticas compatveis entre si. Por exemplo, o uso de microfones caros e muito sensveis num quarto de alvenaria sem qualquer tratamento acstico pode trazer resultados decepcionantes. Distinguem-se trs nveis tpicos de home studios: Bsico: pode dispor de um porta-estdio (gravador) cassete de quatro pistas, como os modelos da Fostex, Tascam ou Yamaha, uma mesa de som de oito ou mais canais (Mackie), um ou dois microfones Shure ou AKG, reverberador, deck cassete, amplificador e caixas acsticas (s vezes a soluo inicial o aparelho de som domstico, se for de boa qualidade). O estdio MIDI deste nvel pode ter um sintetizador multitimbral da Roland ou da Korg com seqenciador prprio (workstation) ou externo. Este pode ser um programa de computador, como o Cakewalk ou o Cubase, ou um hardware sequencer da Roland, Yamaha ou Brother. O sistema pode ser sincronizado ao gravador multipista para expanso de canais atravs de uma interface para computador (MQX 32-M) ou em hardware, da MidiMan ou da J. L. Cooper. O computador para gravar o udio em substituio ao porta-estudio, atravs de programas como Cakewalk Pro-Audio ou Cubase Audio e placas de som Turtle Beach ou Roland, demanda uma configurao mais avanada que para aplicaes MIDI (gravao de instrumentos eletrnicos), vivel at mesmo em velhos 386 com 4 Mega de RAM rodando Windows 3.1. Os arquivos de som podem ser mil vezes maiores que os arquivos MIDI. Intermedirio: conta com um sistema de gravao de udio digital em oito ou 16 pistas, em fita de vdeo (Alesis ADAT-XT ou Tascam DA-88) ou em hard disk, via computador (Session 8, Session 16, Studio Vision) ou hardware (Roland, E-Mu). A gravao em HD mais cara que os gravadores de fita, trazendo contudo muitos recursos de edio. Outros investimentos, neste nvel, so mdulos de som (sintetizadores e baterias eletrnicas) e controladores MIDI, um sampler (Roland, Akai), um Pentium ou MacIntosh com interface MIDI/Sync, uma mesa de pelo menos 16 canais com conectores Canon (Mackie, Yamaha,

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 4 Tascam), microfones para vozes e instrumentos (AKG C-3000 e Shure SM-57), direct boxes (Furhman, Countryman) para conectar as fontes sonoras mesa, reverberadores (Lexicon, Yamaha, Alesis), compressores (Dbx, Alesis), noise gate, equalizador, DAT ou Mini-Disk, amplificador e monitores de estdio Yamaha, Alesis ou JBL. Um projeto de isolamento e tratamento acstico viabiliza a gravao e a mixagem. Estes recursos permitem boas gravaes para CDs independentes ou publicidade e demos de boa qualidade. Avanado: apto a oferecer qualquer servio de gravao profissional, adiciona uma mesa de gravao (Mackie, Soundcraft, Tascam, Yamaha) com 32 ou mais canais de entrada/sada e oito subgrupos, automao e patch bay, um sistema de gravao digital (24 pistas) em fita de vdeo (ADAT, DA-88) ou computador (MacIntosh com Pro Tools), dois sistemas de monitorao com amplificadores e caixas profissionais para gravao e mixagem, processadores (equalizadores, compressores Dbx, reverberadores Lexicon e Yamaha, multi-efeitos, Vocalist, Aural Exciter etc.), distribuidores para uns 10 headphones, vrios microfones (Neumann U87, AKG C-414, Shure SM-57, SM-94, Audio Technica 4049, Sennheiser MD 421U, Eletro Voice RE 20) e cabos de qualidade. O sistema MIDI se expande com uma interface de oito portas (8 Port, Studio 5 etc.) para o Pentium ou o Mac, teclado controlador Roland ou Kurzweil, sintetizadores Korg Trinity, Roland JV-1080, Ensoniq TS-12, samplers (Roland, Akai, Emulator). A bateria pode ser acstica (microfonada) e/ou trigada ao sampler. Na terceira varivel, o espao disponvel, um planejamento de obras de tratamento acstico vital para o seu perfeito desempenho. Quanto mais alto o nvel, mais cuidado se deve ter com tratamento e isolamento. Um arquiteto com experincia em estdios do porte do seu evita decepes com projetos improvisados que pioram a sonoridade de sua sala. Reserve um espao para a tcnica e outro para os msicos, perfeitamente isolados. Se for um estdio pequeno ou mdio, pode-se at gravar com headphones, num nico cmodo da casa.

    O mais importante se fazer um projeto com coerncia, pesando as reais necessidades de acordo com suas condies e metas. Vale a pena comear com um estdio mais simples, e depois ir evoluindo de acordo com a sua trajetria.

    As Mesas de Som

    Mesa, console ou mixer. O item central de qualquer estdio costuma ser negligenciado por aqueles que esto iniciando no universo da gravao de udio, visto como luxo por alguns que comeam a adquirir seus equipamentos, ou como um verdadeiro bicho-de-sete-cabeas por outros. impossvel se operar um estdio sem a mesa, e ela que determina a qualidade do seu som. Mesmo os mini-estdios baseados

    num nico sintetizador workstation, ou s num computador com placa de som, dependem do mixer virtual instalado neles.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 5 O porte da mesa proporcional ao do estdio e os fatores principais para se escolher um bom equipamento so a adequao s necessidades, qualidade do som, recursos auxiliares, facilidade de manuseio, versatilidade e custo. O mercado conta hoje com as mais conceituadas marcas mundiais, como Mackie, Yamaha, Soundcraft, Behringer, Soundtracs etc. Alguns gravadores multipista, cassete, Mini-Disk ou HD, vm com um pequeno mixer acoplado, que em diversos casos suficiente. Em um sistema de gravao com mais de uma fonte sonora (instrumento ou voz), todas as fontes devem ser transmitidas mesa de som atravs de cabos. Os sinais sonoros entram na mesa atravs dos canais de entrada (inputs), so processados um a um e finalmente misturados e enviados, pelos canais de sada (outputs), a um gravador ou um amplificador. Canais. O nmero de inputs, oito, 12, 16, 24, 32 ou mais, depende do nmero de fontes sonoras (microfones, instrumentos eltricos e eletrnicos) a se gravar simultaneamente, e a se mixar (canais de gravao, instrumentos eletrnicos seqenciados). Alm desses, temos os inputs auxiliares, geralmente para entrada de efeitos externos, como o reverber, ou como canais extras para mixagem de teclados ou outros sinais flat (no processados pela mesa). Os canais de sada so os masters estreo (direito e esquerdo), em pares de outputs para monitorao e mixagem, mais as sadas individuais ou de subgrupos de canais para gravao, alm das sadas auxiliares para processamento e efeitos. Conexes. Os conectores, na maioria das mesas, so do tipo banana; outras usam plugs RCA. Os conectores banana podem ser balanceados (com reduo do rudo nas gravaes) ou no balanceados. Prefira os plugs do formato XLR ou Canon, balanceados. As impedncias dos sinais de entrada so geralmente equilibradas pelos controles de ganho (gain ou trim), ou com diferentes inputs para diferentes impedncias (microfone/linha, mic/line, por exemplo). Nunca use duas entradas de um mesmo canal. Controles. Cada canal de entrada possui controles de nvel (volume), timbre (equalizao), posio estereofnica (pan), e efeitos ou auxiliares. O endereamento para subgrupos de canais (bus ou submasters), controles solo e mute so exclusivos de mesas de mdio e grande porte. O processamento do sinal sonoro se d atravs do fader, equalizador, pan e efeitos (ou auxiliar). O fader, um potencimetro linear, controla o nvel de entrada (volume) da fonte sonora ligada quele canal. til nivelarem-se os canais pelos controles de ganho, deixando inicialmente os faders em 50%, para otimizar os recursos de gravao e mixagem. O equalizador (EQ), que define o timbre de cada canal, pode ser desde um simples par de controles de tonalidade (grave, low, e agudo, high) at um equalizador paramtrico de vrias faixas de freqncia. Mais comumente, as mesas apresentam controles de freqncias baixas (Low: 80 ou 100 Hz), mdias (Mid: 1 ou 2,5 KHz) e altas (High: 10 ou 12 KHz). As maiores tm uma ou duas faixas de paramtricos nos mdios, mais agudo e grave.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 6 O pan pot, controle do panorama estreo, posiciona o sinal de um canal de entrada nos canais stereo de sada, mais esquerda ou direita. Instrumentos estreo, como teclados, que utilizem dois canais da mesa, devem ter os pan ajustados, um todo para a esquerda e o outro todo para a direita. O controle da estereofonia, neste caso, feito com os faders, aumentando-se ou abaixando-se cada um para modificar a posio espacial. Algumas mesas dispem de canais estreo, que endeream os dois sinais para esquerda e direita. Neste caso, usa-se normalmente o pan, e os outros controles afetam igualmente os dois lados. Controles auxiliares ou de efeitos determinam quanto sinal de um canal ser enviado at um processador de som, tal como um reverberador ou delay (eco), pelas sadas auxiliares da mesa, de forma que um mesmo processador possa ser usado por vrios canais em intensidades diferentes. Os sinais de diversos canais, devidamente misturados, so enviados por um output auxiliar (mono ou stereo) at o processador, retornando mesa por um input auxiliar (mono ou stereo) e misturados aos sons originais (secos). Masters, ou mestres, so um ou dois faders que controlam o nvel geral dos canais masters de sada, e os controles de retorno dos auxiliares. Os subgrupos ou submasters, encontrados nas mesas de mdio e grande porte, tipo 8 bus, funcionam como canais coletivos que gerenciam outros canais. Por exemplo, se as peas de uma bateria ou de uma seo de instrumentos esto entrando por vrios canais, pode-se equaliz-los em separado e depois endere-los para um mesmo submaster, o que permite o uso de um nico fader ou um par estreo para toda a seo ou a bateria, e gravar tudo em uma ou duas pistas, pelas sadas dos submasters. Automao. As mesas com automao, em geral via MIDI, podem ser controladas por um computador. Diversos procedimentos de mixagem, difceis de se realizarem simultaneamente, podem ser preparados no computador e repetidos infinitas vezes durante o processo. Vrios controles da mesa so automatizados, como os faders, pan e outros. O recurso chamado recall permite recuperar as posies dos controles de uma mixagem feita antes. Algumas mesas vm com automao interna, independente do computador, e todo o processamento on board, isto , com multiprocessadores de efeitos internos. Mesas digitais transmitem e recebem o sinal dos gravadores por fibra tica, mantendo o som definitivamente no campo digital. Escolha a mesa de seu estdio de acordo com as necessidades e caractersticas do mesmo. Observe os equalizadores, a quantidade de mandadas e retornos auxiliares, o nmero de canais, mas principalmente a qualidade do som. Este ser o seu som. A Captao do Som Gravar vozes, instrumentos acsticos e eltricos a tarefa mais delicada de um estdio. Ainda mais, por no haver regras pr-estabelecidas sobre qual a melhor forma de se

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 7 captar o som de um instrumento. Neste artigo, vamos conhecer os procedimentos usuais de captao e os microfones mais usados pelos estdios mundo afora. Se o seu home studio opera somente via MIDI, isto , se teclados e baterias eletrnicas so suas nicas fontes sonoras, no h muito com que se preocupar, pois os instrumentos eletrnicos so conectados diretamente mesa de som pelos cabos de udio. Porm, se o estdio dispe de um gravador multipista (em fita, HD ou MD) e tem o objetivo de gravar vozes e instrumentos, necessrio conhecer alguns recursos tcnicos. Se o seu home studio bsico, com um porta-estdio cassete de 4 pistas e sem tratamento acstico, ainda no o momento apropriado para se fazer uma coleo de microfones para todas as finalidades. Neste caso, o uso de microfones dinmicos, desses que se usam nos palcos, como os Shure SM57 e SM58 (ou Beta 57, 58) pode ser uma boa soluo. Dinmicos e unidirecionais (cardiides), esses modelos compensam a falta de tratamento acstico do pequeno estdio. Outra boa soluo para o pequeno estdio com isolamento acstico o modelo AKG C3000, a condensador. H vrios tipos de microfones, para diversas finalidades. Os microfones para gravao se dividem em dinmicos, que so mais resistentes a rudos de manuseio e tm uma resposta mais dura, e os microfones a condensador, bem mais sensveis. Estes precisam ser alimentados por corrente eltrica. Geralmente, a mesa de som tem uma chave de phantom power, que os alimenta com uma corrente de 48 V atravs do prprio cabo de udio. Quanto rea de atuao, os cardiides captam melhor o som numa rea em forma de corao, diante da cpsula e a moderada distncia, sendo chamados de unidirecionais. Os hiper-cardiides tm essa rea de captao ainda mais estreita. H ainda os omni-direcionais ou multi-direcionais, captando reas mais largas, e ainda em forma de 8. A mesa deve ter inputs do formato XLR ou Canon para uma melhor qualidade do som. Se ela s possui entradas com plugs do tipo banana, verifique no manual se essas entradas so balanceadas. Neste caso, podem-se usar plugs banana estreo (com 3 vias) para fazer a conexo. Note que esses plugs estreo sero usados como mono (a terceira via usada como terra). Para gravar instrumentos em linha numa mesa com entradas Canon, ideal o uso de Direct Boxes, casadores de impedncia que mandam o sinal para a mesa por cabos Canon. J os microfones so plugados diretamente mesa. Vejamos aqui algumas tcnicas e os microfones mais usados para a captao de vozes e dos instrumentos mais comuns: Voz. Os microfones a condensador so os mais apropriados. Os mais usados so o Neumann U87 e AKG C-414. O AKG C3000, de menor custo, uma boa soluo para o home studio. O microfone deve ficar sempre no pedestal, com suspenso prpria e uma tela para filtrar o som da voz e barrar a emisso mais forte do ar, que causa o indesejvel puf na gravao. A distncia varia de acordo com a potncia vocal do cantor, geralmente entre 20 e 70 cm, mais ou menos na altura dos olhos. Usando-se um microfone dinmico (no pequeno estdio), deve-se posicion-lo a 45 graus da boca do cantor, a uns 5, 10 cm. Violo. Temos aqui vrias opes de captao. O violo com cordas de nylon ser

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 8 captado por um microfone a condensador, como os citados para voz, a uns 20 ou 30 cm da boca do instrumento. Usa-se ainda, nos violes eletrificados, combinar o som do microfone com o som direto, plugando-se o violo em um segundo canal da mesa. O ideal se gravar em vrias pistas para ento dosar o nvel dos sons. O violo com cordas de ao, atuando em conjunto com outros instrumentos de harmonia, pode ser captado por um microfone que realce as altas freqncias (agudos), como o AKG C-391 ou o Shure SM-81. Guitarra. Apesar da polmica entre som direto e microfonado, majoritria a gravao da guitarra atravs de microfones dinmicos, como o Shure SM-57, captando o alto-falante do amplificador a uns 20 cm. O amplificador deve estar em outra sala, isolado da tcnica. Aps se definir o timbre no amplificador da guitarra, busca-se reproduzi-lo nos monitores do estdio atravs dos equalizadores da mesa. Usa-se tambm a gravao em linha atravs de um pr-amplificador. Baixo eltrico. Pode ser gravado diretamente na mesa, microfonado, via amplificador, ou de vrias formas combinadas. Microfonado, segue os padres da guitarra, usando Shure SM 57, AKG D112, Eletro-Voice RE 20 ou Sennheiser 421. Em linha, com direct box, o som mais ntido. As cordas tm que estar novas, o instrumento regulado e, se usar captao ativa, bateria nova. O ideal experimentar at se alcanar a sonoridade desejada. O custo/hora do home studio costuma ser bem menor que nos estdios de maior porte, o que permite uma experimentao maior. Bateria. Usam-se vrios microfones diferentes, em geral dinmicos para as peles e condenser para os pratos. Para a caixa, o mais comum o Shure SM57, voltado para a pele superior, a uns 10 cm. Para o bumbo, AKG D112 ou Eletro Voice RE 20, dentro do bumbo. Tom tons e surdo, Sennheiser MD 421, como na caixa. Contratempo, Shure SM 94. Os pratos podem ser captados por dois microfones overall do tipo lapiseira, como o Shure SM 81. Nunca demais experimentar opes de captao, j que o que realmente importa o resultado. A boa execuo vocal ou instrumental o fator mais importante para uma gravao de qualidade. No deixe para recuperar a qualidade na mixagem. As melhores solues so encontradas na hora de gravar. Os Gravadores Multipista H poucas dcadas, a gravao de um disco era feita diretamente para a fita master, gravando-se msicos e cantores todos ao mesmo tempo. Se houvesse um erro por parte de qualquer um deles, todo o trabalho era refeito. O lanamento dos gravadores multipista permitiu uma grande evoluo nas tcnicas de gravao. Os estdios dispem hoje de dois tipos de gravadores, multipista e estreo, o primeiro para a gravao em si e o segundo para a mixagem. Cada tipo apresenta diversos formatos, para gravao analgica ou digital. O gravador multitrack, multipista ou multicanais, registra os sinais sonoros de fontes acsticas, eltricas e eletrnicas na primeira fase de uma gravao. H modelos analgicos, de fita magntica cassete ou de rolo, e os digitais, de fita de vdeo, disco

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 9 rgido ou Mini-Disk, com quantidade variada de pistas de gravao ("tracks"). Gravadores analgicos. Os gravadores de rolo so o padro original da gravao multipista. Utilizam fitas de 1/4, 1/2, 1 ou 2 polegadas, em 4, 8, 16, ou 24 pistas. Os rolos de 8 pistas com fita de 1/4, das marcas Fostex e Tascam eram muito encontrados em home studios at o lanamento dos gravadores digitais em fita de vdeo. Gravadores cassete de 4, 6 ou 8 pistas, os porta-estdios, da Tascam, Fostex e Yamaha, esto entre as causas da sbita popularizao dos estdios pessoais em quase todo o planeta. Vm com uma pequena mesa de som e um filtro de rudos, e custam em torno de 500 dlares. Gravadores digitais utilizam fitas de vdeo em 8 pistas, expansveis at 128, como o Alesis ADAT-XT (fita S-VHS) e os Tascam DA-88 e DA-38 (fita Hi-8), Mini-Disk (MD) em 4 pistas (Tascam, Yamaha e Sony) ou disco rgido (HD), em hardware (Roland, E-Mu) ou via computador. Enquanto a fita permite o livre trnsito do material gravado entre vrios estdios, a gravao em HD ou MD ganha poderosos recursos de edio. Os programas de computador (para Mac e PC) controlam sistemas de quatro ou oito pistas, em geral, utilizando hard disks de mais de um gigabyte de memria. Os mais usados so o Pro-Tools, da Digidesign (que inclui os perifricos como interface de udio etc.), o Sonic Solutions , ambos para o MacIntosh, e o Session 8 (Digidesign) para o PC (Windows). Recentemente, os seqenciadores MIDI vm implementando a gravao de udio em HD atravs das placas ou interfaces de som. Os mais comuns so o Cakewalk Pro Audio (PC), o Studio Vision, o Digital Performer (Mac), o Cubase Audio e o Logic Audio (para as 2 plataformas). Pistas e canais so termos usados de forma genrica e confusa para gravadores, mesas, MIDI e seqenciadores. Cabe aqui uma distino: canal ("channel") a rota de um sinal de entrada ou sada, seja de udio em uma mesa de som, seja de informaes MIDI sendo transmitidas ou recebidas por um instrumento ou computador; pista ou trilha ("track") a faixa de uma fita onde um sinal gravado. Por exemplo, a fita cassete estreo gravada em duas pistas (direita e esquerda) no lado A e mais duas no lado B. Os seqenciadores, inspirados nos gravadores, tm seus setores de "gravao" igualmente denominados "pistas" .O mesmo ocorre com gravadores de HD. Nada impede, pois, que enderecemos vrios canais de uma mesa direto para uma nica pista do gravador, ou seja, que gravemos vrias fontes, atravs de vrios canais da mesa, numa nica pista. Diferenas entre estreo e multipista. O gravador multipista difere do estreo nos modos de gravao e reproduo. Comparado a um cassete multipista, o deck cassete stereo tem quatro pistas de gravao, que correspondem aos canais esquerdo e direito de cada lado ("A" ou "B") da fita. O cabeote atua sobre duas pistas, os dois canais stereo daquele lado. Virando-se a fita, gravam-se ou reproduzem-se as duas pistas do outro lado. O gravador multipista, por seu turno, utiliza todas as pistas de uma s vez. No h lado "A" ou "B", mas um nico lado com 4 ou 8 pistas, cada uma delas sendo gravada ou reproduzida independentemente. Cada pista tem seu sinal enviado a um diferente canal da mesa de som, onde s ento o sinal posicionado no campo auditivo stereo (direito/esquerdo) via controle de pan. Canais de entrada e de monitorao em uma gravao exigem ateno. Os gravadores multipista tm canais de entrada (inputs) correspondentes s pistas de gravao e canais

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 10 de sada (outputs) para monitorao e mixagem. O input recebe o sinal, proveniente da fonte sonora atravs da mesa de som, e o envia para o cabeote de gravao. O output envia o sinal, da cabea reprodutora, de volta mesa de som, para ser monitorado e processado num segundo canal. Para termos maior liberdade na mixagem, o procedimento usual gravar o sinal seco, no tratado acusticamente nem equalizado (timbre "flat"), nivelando-se os canais de entrada da mesa e do gravador, de modo que os VUs ou os LEDs de ambos atinjam o pico entre zero e +3 dB (decibis), para otimizar a relao sinal/rudo. Nos gravadores digitais, o nvel de gravao no pode ultrapassar zero dB. Monitorando-se a "volta" (o canal da mesa onde se liga o output do gravador) com o processamento desejado na hora de gravar, esse processamento no interfere na gravao flat, devendo ser refeito na mixagem e sempre que se desejar. H excees, em que se opta por gravar o sinal j processado, principalmente da guitarra. Filtros. Nos gravadores analgicos, devemos usar sempre o filtro de rudos, dbx ou Dolby, desnecessrios nos modelos digitais. Os gravadores em HD e MD, com suas peculiaridades, sero matria de um outro artigo. A escolha de um gravador multipista leva em conta a qualidade do som mais a vocao e o oramento do estdio. Gravao de udio no Computador

    Muito tm evoludo os sistemas de gravao de udio. No princpio, gravava-se toda a orquestra ou banda reunida, monofonicamente (em um nico canal). Ou seja, gravao e mixagem eram uma coisa s, ocorriam no mesmo momento. Havendo algum erro por parte de um dos msicos, tudo precisava ser regravado. Depois, veio a gravao estreo, e da em 4, 8, 16 e 24 pistas, nos gravadores analgicos de rolo. Surgiu a a tcnica do playback, a gravao em separado das partes de um arranjo. Mais recentemente, com o advento do udio digital, entraram em cena os gravadores em fita de vdeo, com 8 pistas, como o ADAT, e gravadores digitais de rolo. A nova tendncia o udio gravado diretamente para o disco rgido de um computador. Atravs de uma interface (placa) de som e um programa, o micro passa a ser o prprio estdio de gravao. Primeiro surgiram programas dedicados exclusivamente gravao de udio no hard disk, em geral com 8 pistas, como o Pro Tools, para o Mac, e o Session 8, para Windows, ambos da Digidesign. Nos ltimos anos, uma nova opo ganha cada vez mais fora, principalmente nos home studios: os programas que conjugam gravadores de som e seqenciadores MIDI, como o Digital Performer, o Studio Vision (Mac), o Cubase Audio, o Logic Audio, ambos para Mac e Windows, e o mais popular de todos, o Cakewalk Pro Audio (Windows). Com um programa como esses, em um PC multimdia, o usurio dispe de um estdio de gravao com muitos recursos de edio, junto a um poderoso seqenciador de teclados MIDI. No Cakewalk, por exemplo, usando qualquer placa de som, pode-se gravar, em cada track, um canal de udio (voz, instrumento eltrico ou acstico) ou um canal MIDI de instrumentos eletrnicos. Para isso, basta selecionar a fonte sonora (MIDI ou udio) com o mouse, na coluna apropriada do programa. Os dois sistemas de gravao, de udio e MIDI, trabalham sincronizados e unidos, como se

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 11 fossem uma nica tecnologia. No entanto, so dois sistemas independentes: um seqencia (registra e ordena) informaes sobre a performance do msico nos teclados e baterias eletrnicas, com baixo consumo de memria, e depende de hardware externo, como sintetizadores, samplers e bateria eletrnica; o outro um gravador de som multipista que usa o HD como meio, ao invs de uma fita, convertendo os sinais de udio em dados digitais, consumindo um grande espao em disco. Para o home studio de nvel bsico, esta revoluo significa que, dispondo-se de um PC com uma placa Soundblaster, geralmente usada para sonorizar jogos, basta instalar um programa como o Cakewalk Pro Audio para ter um porta-estdio digital e um seqenciador MIDI sem custos adicionais. O estdio de nvel intermedirio pode usar uma placa de som Turtle Beach ou Roland, que aceitam maior nmero de pistas de udio e conferem melhor qualidade sonora. O estdio avanado usa a mesma verso do software, com uma placa Audiomedia III, da Digidesign, e um hard disk SCSI, mais rpido que o IDE. Conexes e recursos de edio de udio. Para se gravar o udio, usa-se a entrada Line In da placa de som. A fonte sonora conectada mesa de som, e endereada at a placa, por um cabo de udio. Na ausncia da mesa, pode-se ligar um microfone na entrada Mic da placa de som. Atravs da placa e do programa, os sons so registrados no HD. Para se reproduzir o udio, liga-se a sada Line Out da placa s entradas da mesa, ou se monitora diretamente nas caixas de som do kit multimdia, ligadas sada Speaker. O nmero de canais e pistas de gravao, 2, 4, ou 8, limitado apenas pela placa de som, no pelo programa. Cada pista de udio possui vrias ferramentas de edio, que vo desde o recurso de cortar, copiar e colar trechos gravados, at processadores e efeitos sonoros on board, como equalizadores e reverberadores, sejam recursos do programa ou da placa de som. possvel, por exemplo, copiar a voz do refro de uma msica e fazer repetir o trecho em outras partes dessa msica. Recursos do seqenciador MIDI. O seqenciador a funo original desses programas. Embora contem hoje com recursos de gravao de udio, edio de partituras etc., todos eram sequencers nas suas primeiras verses. Atravs das conexes MIDI, presentes nos instrumentos e na maioria das placas de som, controlam os sintetizadores, samplers, baterias eletrnicas, e at processadores de efeitos, mesas e gravadores automticos. Os teclados, por exemplo, so literalmente tocados por ele, que aprende a msica quando o instrumentista a executa ou a escreve com o mouse. O programa permite que se editem todas as partes da msica com enorme liberdade, como repetir trechos, mudar timbres, andamentos, tons, acrescentar ou retirar notas etc. A quantizao corrige automaticamente imprecises no ritmo tocado pelo msico. O seqenciador executa ao vivo os instrumentos eletrnicos, tornando desnecessrio o registro de seu udio em um gravador multipista, porque os dois sistemas, seqenciador e gravador, trabalham sincronizados. Assim, os teclados se renem ao udio gravado (voz, instrumentos acsticos e eltricos) na mesa de som, sendo gravados, ainda em 1a gerao, somente na mixagem. O uso do seqenciador sincronizado ao gravador multipista expande em muito os recursos e os canais do estdio, seja este pequeno ou grande. Vantagens do seqenciador com udio incorporado. Essas novas verses dos programas, como o Cakewalk Pro Audio, dispensam o gravador multipista externo. Toda a

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 12 gravao e o seqenciamento so feitos no computador. Alm disso, a gravao de udio conta com os recursos de edio j citados, inexistentes nos gravadores de fita, como o ADAT.

    O Cakewalk Pro Audio

    Embora seja fcil sincronizar qualquer gravador multipista com um seqenciador, uma nova tendncia vem se irradiando com muita intensidade: os programas de computador que conjugam seqenciamento MIDI com gravao e edio de udio digital. Um desses programas vem se tornando um verdadeiro padro nos estdios: o Cakewalk Pro Audio. Fcil de operar, o programa (para Windows) conta com inmeros e poderosos recursos. A verso 6.0 est em fase de lanamento. Operar o Cakewalk muito fcil: do lado esquerdo da tela, temos 256 tracks em linhas horizontais, que podem servir para gravao de udio ou MIDI. Em cada track, seleciona-se a fonte sonora, o canal de udio ou MIDI e outros parmetros, de acordo com a natureza da gravao, como volume, pan, patches de sintetizadores etc., clicando nas colunas correspondentes. No lado direito, cada take gravado tem a forma de um clip, um retngulo de comprimento proporcional sua durao. Os clips MIDI so rosa e os de udio, vermelhos, facilitando sua identificao, j que sua edio ter importantes diferenas. Vejamos, primeiro, a configurao do programa e do computador. Visto que se est trabalhando com dois sistemas diferentes ao mesmo tempo (udio e MIDI), as placas ou interfaces devem atender s duas necessidades. Algumas placas controlam udio e MIDI simultaneamente, outras no, o que, neste caso, requer o uso de mais de uma placa. A Soundblaster controla os dois sistemas, embora no oferea grande qualidade de som. A placa MIDI mais usada a MQX-32(M) da Opcode, e as placas de som preferidas pelos home studios so as da Roland, como a RAP-10, e da Turtle Beach, como a Tahiti e a nova Multisound Fiji. A Audiomedia III, da Digidesign, muito elogiada, sendo bem mais cara. O nmero de canais de udio e de portas MIDI depende de cada placa, sendo ilimitados no programa. Instalado o hardware e o software, deve-se abrir o menu Settings: MIDI Devices, como tambm Settings: Audio, e assinalar as interfaces de entrada e sada de dados. Tambm se pode habilitar o programa para mudar os patches (timbres) de cada sintetizador do seu estdio pelos seus nomes. Isto possvel porque o Cakewalk dispe de uma extensa lista de teclados e outros instrumentos MIDI, com os presets de fbrica, o que facilita muito a escolha dos timbres. No encontrando seu teclado na lista, podem-se digitar os seus patches. Encontre essas listas com um duplo clique do mouse na coluna Patch da janela principal. Clique depois em Assign Instruments, Define Instruments, Import, src.ins e o nome do seu instrumento. Depois, venha clicando OK ou Close at voltar janela Assign Instruments, onde se associar cada canal MIDI do lado esquerdo com o instrumento preferido do lado direito, antes de se voltar janela principal. Atravs de seu instrumento controlador MIDI, pode-se tocar qualquer outro instrumento MIDI. Midiados os instrumentos e plugadas as entradas e sadas de som (de preferncia atravs de uma mesa), a gravao feita simplesmente acionando-se o cone com o

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 13 boto REC. O boto REWIND (
  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 14 Todo seqenciador registra o que o msico executa em seu instrumento eletrnico como mensagens MIDI. Essas mensagens aparecem na tela com algum aspecto grfico, sejam notas em uma partitura, nmeros ou outras formas. Alm de serem executveis nos instrumentos eletrnicos, as mensagens MIDI podem ser editadas, tanto quanto as palavras em um editor de texto. Podem-se copiar e colar trechos inteiros, por exemplo, montando-se a msica parte por parte. Os mesmos recursos do Windows, encontrados na maioria dos programas, como selecionar um trecho arrastando o mouse sobre ele (highlight), recortar, copiar e colar etc. so aplicveis tambm aqui. Vamos, ento, conhecer os principais recursos de edio do Cakewalk. Quantizao. Se o ritmo executado no foi preciso, basta selecionar o trecho com o mouse e acionar o menu Edit Quantize. Escolha a resoluo equivalente ao menor valor rtmico (colcheia, semicolcheia etc.) que foi tocado. Determine tambm se quer afetar o incio ou a durao das notas. Clique OK. Oua o trecho. As notas que estavam adiantadas ou atrasadas agora soaro exatamente no tempo. Fique atento: se escolher a resoluo errada ou tocar muito fora do tempo, a quantizao poder mover algumas notas inadequadamente. s vezes, convm tocar de novo. Alguns "Instrumentos" soam melhor quantizados, como bateria e baixo; outros, como cordas e solos, no. A deciso depende de cada linguagem musical. Transposio. No menu Edit Transpose, um trecho selecionado transposto para o intervalo que se quer, permanecendo o resto no tom original. Scale Velocities. O menu Edit Scale Velocities modifica a expresso (mais forte ou mais piano) de um trecho marcado mantendo-se a expresso original do restante da msica. Edio grfica. As telas a seguir so rapidamente acionadas com o boto direito do mouse sobre a track (pista) a editar: Staff. No Cakewalk, o nome dado edio da partitura convencional, que inclui notas no pentagrama, letras de msicas e sinais de expresso. Acrescente, retire e modifique notas com o mouse, diretamente na partitura, usando lpis e borracha. Depois, oua o resultado. Piano-roll. Derivado dos rolos de papel perfurado das pianolas movidas a corda do sc. XIX, visveis nos Westerns, o Piano-roll a tela de edio mais completa. Tem a forma de um grfico cartesiano "x-y", com o tempo na horizontal e a escala musical (as alturas das notas) na vertical. Cada nota um trao horizontal, cujo comprimento representa sua durao, e a posio se refere altura e ao tempo. Com o mouse, facilmente se modifica sua durao, pitch (altura, "afinao"), velocity (intensidade do toque), bem como se pode retirar uma nota "esbarrada" ou acrescentar outras. Controllers. Os controladores e controles em tempo real, como volume, pan, pedal sustain, pitch wheel, pedal de expresso, portamento e todos aqueles disponveis nos seus instrumentos, podem ser editados com o mouse nesta tela. Na verso atualmente em lanamento, a 6.0, esta tela faz parte do Piano-roll. Event List. Como nos seqenciadores em hardware, na lista de eventos cada mensagem MIDI uma linha com nmeros que a representam, indicando o tipo de evento (notas, outros comandos), o tempo, a intensidade etc. Podem-se editar as mensagens mudando-se os nmeros.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 15 Faders. No menu View Faders, um mixer ou mesa de som controla tanto os sintetizadores MIDI quanto mesas de som automticas, permitindo-se controlar volume, pan e outros parmetros para mixagem, passo a passo. Audio. O udio gravado no Cakewalk editvel em vrios parmetros: equalizador grfico e paramtrico, reverse (toca o trecho de trs para a frente), fade in e fade out etc. Cada trecho pode ser cortado com uma "tesoura" e editado em separado. Um boto de volume em cada um desses trechos (ou clips) modifica o nvel de sada do som de cada parte, simplificando a monitorao e a mixagem. A nova verso do programa, em lanamento, acrescenta recursos como reverber, chorus, flanger, delay e converso de udio monofnico em MIDI, ou Pitch Detection. Este fascinante recurso permite que uma melodia cantada ou tocada, e gravada como udio, seja convertida em MIDI e executada com qualquer timbre de um sintetizador, facilitando ainda mais o uso do programa por aqueles que no dominam a tcnica do teclado. O nmero de canais de udio e a qualidade do som gravado nesses programas dependem das interfaces, as chamadas placas de som.

    Placas de Som Seu computador est novinho, com 32 MB de RAM e um HD grande e rpido, s esperando ser configurado para gravao de udio. Voc at j instalou um programa de gravao, agora s falta a placa de som. Mas, qual placa? O que ela precisa ter? Quantas entradas e sadas? I/O digitais, ou analgicos? MIDI? Sync? Pode-se gravar udio de qualidade com placas multimdia?

    As primeiras interfaces de udio tinham um som muito ruim. Eram baratas, com alto rudo, e seus conectores se limitavam a miniplugs estreo (1/8" ou P2). Hoje, uma verdadeira revoluo acontece nesse mercado, onde os modelos evoluem muito rapidamente em recursos e qualidade de som. A multimdia, para o mercado de consumo, tem placas baratas com mltiplas funes, como a popular SoundBlaster. Pode-se gravar com essas placas, embora seu som lembre o de um rdio AM. As placas para multimdia congregam um grande nmero de funes, como interface MIDI, sons de sintetizador, controlador de CD ROM e de joystick para jogos etc., mas no possuem recursos de sincronizao (sync time code) para gravadores multipista externos. Os estdios dispem de interfaces de udio internas e externas com alta qualidade de som, inmeros recursos de processamento digital de sinal (DSP), como reverb, delay, EQ, compressor etc., e preos atraentes.

    Entre os principais responsveis pela qualidade do som digital, os conversores AD/DA (analgico/digital e digital/analgico) de entrada e sada evoluram de 16 bits para 18 e 20 bits, expandindo a dinmica do som. Algumas interfaces tm DSP (processamento interno) de 24 bits. A relao sinal rudo, em poucos anos, passou de 60-70 dB para 80-100 dB. Todas as boas placas utilizam sampling rates de 44.1 KHz, a mesma resoluo de amostragem dos CDs, e de 48 KHz, usada em udio profissional. Vrias delas tm ainda outras taxas de amostragem. O recurso de full duplex permite gravao e audio simultneas.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 16 As entradas e sadas de udio aparecem em diversos formatos, tanto analgicos quanto digitais. As interfaces externas, conectadas a algumas dessas placas, alm de permitirem maior variedade e quantidade de ins e outs, evitam o rudo gerado por componentes do computador. Os inputs e outputs analgicos podem ser do formato XLR (Canon), 1/4" (banana) balanceados ou no, 1/8" (P2) ou RCA. Os formatos de I/O digitais estreo mais comuns so o S/PDIF (encontrado na maioria dos aparelhos de som digitais, como DATs e CDs), com cabos e conectores coaxiais (RCA) ou ticos (TOS link), e o AES/EBU (para udio profissional), com conectores XLR. Os formatos ADAT e TDIF (Tascam DA-88) permitem conexo digital multicanal com os respectivos gravadores de fita. A transferncia digital do sinal de um equipamento para outro preserva a qualidade original da gravao, sem passar pelos conversores AD/DA ou por cabos de udio analgico.

    Algumas placas vm com interface MIDI, sincronizao a outros equipamentos, efeitos digitais, capacidade de expanso de entradas e sadas e um gerador de sons, recursos que interessaro aos usurios, dependendo de suas necessidades. Na ausncia de certos recursos, como MIDI, sync ou mais canais de udio, pode-se usar mais de uma placa, em geral, para suprir estas necessidades.

    No quadro (Anexo), so comparados vrios recursos das placas mais conhecidas do mercado. No so citados, por limitao de espao, os sistemas integrados, pacotes com placa/interface/software, nem as placas para multimdia, embora ambos tambm sejam utilizados para gravao de udio em HD. Os preos em dlares se devem dificuldade de compararmos todos os preos em reais.

    Voc pode gravar o udio em seu HD atravs de uma ou mais dessas placas, com um programa gravador de udio multipista ou estreo, como o Cakewalk Pro Audio, o Cubase Audio, o Logic Audio, o Session, o Saw Plus ou o Sound Forge, para citar os mais usados. importante verificar a compatibilidade entre a placa e o programa, pois nem todos trabalham em conjunto ou utilizam todos os recursos. Outra boa opo, geralmente mais cara, so os sistemas integrados (kits) com placas, interfaces externas e programas num s produto, como o Pro Tools, o Session 8 ou o Yamaha CBX-D5, entre outros, o assunto de nosso prxim artigo. Veremos, tambm, os recursos das placas multimdia, como a SoundBlaster AWE 64, e suas possibilidades de utilizao no estdio.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 17 Placas de Som Comparativo (Anexo I)

    Marca/Modelo PC/Mac Configurao Recomendada Ins/Outs Analgicos

    I/O Digital

    Sample Rates

    Full Duplex MIDI Sync Extras

    Preo (US$)

    ADB

    Multi!Wav Pro 18

    PC 486

    ISA 16 bits

    2 Outs

    DAC 18 bits

    24 bits S/PDIF

    AES/EBU

    At 96 KHz Sim No

    Via S/PDIF DSP24bits 699,00

    Antex

    StudioCard PC

    Pentium

    16 MB, PCI

    4 Ins / 4 Outs

    XLR

    AES/EBU

    S/PDIF

    6.25 a

    50 KHz Sim

    1 In

    1 Out

    MIDI,

    LTC/VITC

    Efeitos

    Opcionais 1595,00

    AVM

    Apex PC * * * * * * *

    Synth

    Kurzweil

    Efeitos

    349,00

    CreamWare

    Master Port PC

    486/66 16 MB

    ISA 16 bits 2 Ins / 2 Outs

    4 I/O

    S/PDIF * Sim

    1 In

    1 Out

    MTC

    MIDI

    EQ em

    tempo real

    Efeitos

    998,00

    Digidesign

    AudioMedia III

    Mac

    PC

    PowerMac/ Pentium,16MB, PCI

    2 Ins / 2 Outs

    RCA S/PDIF

    11.025 a

    48 KHz

    Sim No No EQ 795,00

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 18

    Marca/Modelo PC/Mac Configurao Recomendada Ins/Outs Analgicos

    I/O Digital

    Sample Rates

    Full Duplex MIDI Sync Extras

    Preo (US$)

    Digital Audio Labs

    CardDplus

    PC 486, 4 MB,

    ISA 16 bits

    2 Ins / 2 Outs

    RCA

    No, s via

    Dig. Only CardD

    11.025 a

    48 KHz

    Sim No No - 795,00

    Digital Audio Labs

    Digital Only CardD

    PC 486, 4 MB,

    ISA 16 bits

    No, s via

    CardDplus S/PDIF

    32, 44.1 e

    48 KHz

    Sim No No - 495,00

    Emagic

    Audiowerk8

    Mac

    PC

    PowerMac/ Pentium,16MB, PCI

    2 Ins / 8 Outs RCA AD/DA 18 bits

    S/PDIF 38.5 a

    50 KHz Sim No

    MTC via

    S/PDIF VMR 799,00

    Event Electronics

    Layla

    Mac

    PC

    PowerMac/ Pentium,16MB, PCI

    8 Ins / 10 Outs Balanceados

    1/4" 20 bits

    24 bits S/PDIF

    Qualquer Sim

    1 In 1 Out 1 Thru

    SMPTE/

    MTC

    MIDI

    Interface externa

    DSP24bits 999,00

    Event Electronics

    Gina

    Mac

    PC

    PowerMac/ Pentium,16MB, PCI

    2 Ins / 8 Outs

    1/4", AD/DA de 20 bits

    24 bits S/PDIF

    11 a

    48 KHz Sim No No

    Interface externa

    DSP24bits 499,00

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 19

    Marca/Modelo PC/Mac Configurao Recomendada Ins/Outs Analgicos

    I/O Digital

    Sample Rates

    Full Duplex MIDI Sync Extras

    Preo (US$)

    Event Electronics

    Darla

    Mac

    PC

    PowerMac/ Pentium,16MB, PCI

    2 Ins / 8 Outs

    RCA, AD/DA

    de 20 bits

    No 11 a

    48 KHz Sim No No DSP24bits 349,00

    Frontier Designs

    WaveCenter

    PC 486

    ISA 16 bits No

    8 ADAT I/O

    S/PDIF

    39 a

    51 KHz Sim

    1 In

    3 Outs

    * DSP24bits 825,00

    Gadget Labs

    Wave/4 PC

    Pentium, 8 MB,

    ISA 16 bits

    4 Ins / 4 Outs

    1/8" No

    22.05 a

    48 KHz Sim

    1 In

    1 Out MIDI - 499,00

    Korg

    1212 I/O Mac

    PowerMac

    8 MB, PCI

    2 Ins / 2 Outs

    1/4"

    S/PDIF

    ADAT tica

    44.1 e

    48 KHz Sim No

    WordClck

    ADAT - 1250,00

    Lucid Technology

    PCI24

    Mac

    PC PowerMac/ Pentium, PCI No

    AES/EBU

    S/PDIF * * No * * 499,00

    Lucid Technology

    NB24

    Mac PowerMac

    NuBus No S/PDIF * * No * DSP24bits 399,00

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 20

    Marca/Modelo PC/Mac Configurao Recomendada Ins/Outs Analgicos

    I/O Digital

    Sample Rates

    Full Duplex MIDI Sync Extras

    Preo (US$)

    MIDIMAN

    DMAN PC

    486, 8 MB,

    ISA 16 bits

    2 Ins / 2 Outs

    1/8", Mic In No * Sim

    1 In

    1 Out MIDI - 249,95

    Turtle Beach

    MultiSound Fiji PC

    486, 8 MB,

    ISA 16 bits

    2 Ins / 2 Outs

    1/8", Mic In

    S/PDIF opcional

    5 a

    48 KHz Sim

    1 In

    1 Out MIDI 20bits AD/DA 299,00

    Turtle Beach

    MultiSound Pinnacle

    PC 486, 8 MB,

    ISA 16 bits

    2 Ins / 2 Outs

    1/8", Mic In

    S/PDIF opcional

    5 a

    48 KHz Sim

    1 In

    1 Out MIDI

    Synth

    Kurzweil 429,00

    (*) dados no disponveis

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 21 Sistemas de Gravao de udio em HD; Placas Multimdia Home studios existem em diferentes nveis, do mais bsico ao mais sofisticado, e o mercado oferece interfaces de udio para todos os gostos (e gastos). Os estdios entry level podem praticar at mesmo com as baratssimas e versteis placas para multimdia. No terreno do udio digital, o estado-da-arte so os sistemas integrados para gravao em hard disk, compostos de placas, interfaces externas com conectores, conversores etc. e o software que gerencia a gravao. As placas de som, para estdios de nvel intermedirio, foram objeto de nossa ltima edio.

    Essa grande variedade de modelos de interfaces de udio traz uma enorme gama de opes: conectores analgicos e digitais de diversos formatos, vrias taxas de amostragem (sampling rates), tipos de sync time code, nmero de pistas de gravao, recursos de edio e processamento etc. s vezes, uma consulta a um profissional mais experiente evita despesas inteis com recursos que no sero usados e otimiza as escolhas.

    O estdio bsico, que conta com o possvel para realizar suas gravaes, pode fazer de seu kit multimdia um verdadeiro "porta-estdio", gravando o udio e seqenciando pistas MIDI de teclados, com uma verso com udio de qualquer software seqenciador, como o Cakewalk Pro Audio. O udio gravado no HD de seu computador atravs de uma placa de som como a SoundBlaster 16, AWE 32 ou 64, ou compatvel, tudo controlado pelo programa. Voc contar com recursos de edio, processamento acstico (reverber, compressor...), mixagem e muito mais, em vrias pistas de udio. Se seu estdio tem uma mesa de som, ligue primeiro o microfone ou instrumento na mesa, e envie o sinal dela para a entrada de linha (line in) da placa de som. Para monitorar, ligue a sada de linha (line out) da placa a 2 entradas da mesa. Caso no possua a mesa, ligue o microfone direto entrada mic in da placa, controle o nvel de sinal de entrada/sada via software e oua o resultado nas caixinhas do kit multimdia ou outro par de caixas plugado sada speaker out da placa.

    No se deve subestimar nem superestimar o poder das placas multimdia. De um lado, so baratssimas (SoundBlaster 16: R$89; AWE 64, tima, menos de R$300), extremamente versteis (controlam CD, joystick, MIDI, gravam/reproduzem udio, e tm um pequeno sintetizador MIDI) e prticas, mas, em contrapartida, apresentam qualidade sonora inferior das placas para estdios, apesar da macia propaganda. Isto se deve economia de custos proporcionada pela escolha de conversores AD/DA de baixa qualidade, entre outros fatores.

    Tpicos de estdios de nvel profissional, os sistemas de gravao, edio, mixagem e masterizao de udio em hard disk so, alm da ltima palavra da tecnologia musical, fortes concorrentes dos gravadores analgicos de rolo em 2 polegadas, ainda hoje o padro mundial de gravao. Liderados pelo famoso kit Pro Tools III, esses sistemas tm como principal vantagem, alm do menor preo, os recursos de edio e processamento do material gravado. As desvantagens surgem na dificuldade de transferncia do material gravado (backup), e no altssimo consumo de memria do computador. A maior vantagem sobre as placas de som a interface externa, que mantm conectores e conversores de udio suficientemente distantes dos componentes eltricos do computador, verdadeiras usinas de rudo.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 22 Vrios sistemas permitem gravao em um Jaz Drive, um disco removvel de um Gigabyte, a preo de 150 reais, j que o udio profissional gasta cerca de 5 Mb por minuto por canal. O custo oriundo do tempo despendido em copiar e deletar esses arquivos do HD justifica a opo da gravao em um Jaz Drive. O uso de gravadores digitais de fita, como o DA-88 e o ADAT, para se fazer backup dos arquivos de udio do HD para a fita digital, determina a escolha da interface que disponha dos recursos necessrios, tanto para transferncia de sinal analgico ou digital, quanto para se sincronizar os 2 sistemas durante essa transferncia. Usando-se os 2 sistemas durante a mixagem na mesa de som, tem-se boa expanso do nmero de pistas de gravao e dos canais de sada.

    Cada estdio tem suas peculiaridades, e, com tantas opes, pode-se encontrar os sistemas que satisfaam s mais variadas exigncias. Escolha o seu de acordo com as suas reais necessidades. Procure contar com a opinio e orientao de quem j tem experincia com alguns desses kits de udio.

    A dificuldade de se encontrar a maioria desses produtos no mercado brasileiro nos levou escolha pelos preos dos EUA, para garantir a comparao entre os produtos. A tabela anexa apresenta, quando disponveis, os 2 preos, o do mercado americano e brasileiro. As diferenas se devem principalmente aos custos de transporte e aos altos impostos, taxando produtos que no possuem similar nacional.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 23 Placas Multimdia Comparativo (Anexo II) Marca/ Modelo

    Config. Mnima

    Pistas de Grav/Repr

    Ins/Outs Analgicos I/O Digital

    Sample Rates Sync

    Preo (US$) EUA/BR

    CreamWare

    tripleDAT

    Pentium 90

    16Mb

    4/8-25 (256 virtuais) 2/ 2 RCA

    S/PDIF coax./t.; AES/EBU

    32, 44.1,

    48 KHz

    MTC, MIDI, word, LTC

    1798,/*

    1998,/*

    (c/AES)

    Digidesign

    Session 8

    (mais interfaces 888,882,882-S)

    486 DX2/66

    16Mb

    HD SCSI

    8/8

    888: 8/8 XLR

    882: 8/8 1/4"

    882-S: 4 XLR+ 10 1/4"/8 1/4"

    888:S/PDIF coax., 8 AES/EBU

    882 e 882-S: S/PDIF coax

    44.1 e

    48 KHz

    MTC, MIDI, word, LTC, ADAT

    Kit: 1995,/2300,

    888: */3500,

    882: */1250,

    882-S: */*

    Digidesign

    Pro Tools Project

    PowerMac

    16 Mb 8/8

    888: 8/8 XLR

    882: 8/8 1/4"

    882-S: 4 XLR+ 10 1/4"/8 1/4"

    Conforme a interface

    44.1 e

    48 KHz

    MTC, MIDI, word, LTC, ADAT

    2495,/3000,

    Digidesign

    Pro Tools III

    PowerMac

    16 Mb

    8-48/

    16-48

    888: 8/8 XLR

    882: 8/8 "

    Conforme a interface

    44.1 e

    48 KHz

    MTC, MIDI, word, LTC, ADAT

    NuBus: 6995,/8250,

    PCI: 7995,/9300,

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 24 Marca/ Modelo

    Config. Mnima

    Pistas de Grav/Repr

    Ins/Outs Analgicos I/O Digital

    Sample Rates Sync

    Preo (US$) EUA/BR

    DoReMi Labs

    Dawn-II

    PowerMac

    16 Mb 8/8 8/8 XLR 4 AES/EBU

    32, 44.1 e

    48 KHz

    MTC, LTC, word,

    RS-422, BB

    14445,/*

    Korg

    1212 I/O

    PowerMac

    16 Mb 2-12/16-30 2/2 1/4" S/PDIF, ADAT

    11.025, 22.05, 44.1 e 48KHz

    MMC/MTC, word, ADAT 1250,/*

    Merging

    Pyramix V. S.

    Pentium 150, 16 Mb 4-8/4-8 *

    S/PDIF coax./t.;

    ADAT

    32, 44.1,

    48 KHz

    LTC, word, RS-422, BB, ADAT

    5000,/* (4 canais)

    7000,/* (8 canais)

    11600,/* (c/PC)

    Metalithic

    Digital Wings for Audio

    Pentium 90,

    16 Mb,

    Win 95

    2/128

    2/1 (P2 stereo)

    breakout:4/4XLR

    2/2 1/4"stereo

    Breakout: S/PDIF, AES/EBU

    11.025, 22.05, 29.4,

    44.1 KHz

    MIDI 1695,/*

    c/breakout:1995,/*

    MicroSound

    Crystal 2400

    Pentium 90,

    16 Mb

    4-8/64 stereo 1/1 1/4" stereo S/PDIF, AES/EBU 8, 11.025, 16, 22.05, 24, 44.1, 48 KHz

    MTC, MIDI, word, LTC, BB

    2999,/*

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 25

    Marca/ Modelo Config. Mnima

    Pistas de Grav/Repr

    Ins/Outs Analgicos I/O Digital

    Sample Rates Sync

    Preo (US$) EUA/BR

    MicroSound

    MicroSound

    Pentium 90,

    16 Mb

    4/64 stereo 4/4 XLR S/PDIF, AES/EBU

    8, 9.45, 10, 11.025, 12, 16, 18.9, 20, 22.05, 24, 32, 37.8, 44.1, 48KHz

    MTC, LTC, BB 4895/*

    SonicSolutions

    SonicStudio 16*24

    PowerMac,

    24 Mb 16/24 8/8 XLR Opcionais 44.1, 48 KHz

    MTC, word, LTC, RS-422, BB

    7999,/*

    Soundscape

    SSHDR1

    486/50

    8 Mb 2/8 2/4 RCA S/PDIF 1 In/2 Outs

    22.05, 32, 44.1, 48 KHz

    MMC, MTC, LTC,

    RS-422

    3250,/*

    Spectral

    Prisma

    486/66

    16 Mb 2-8/12 (96 virtuais) Interfaces opcionais

    Interfaces opcionais 30-50 KHz

    MMC, MTC, MIDI, LTC, word, RS-422, BB, ADAT

    3390,-3890,/*

    Spectral

    AudioEngine

    486/66

    16 Mb 2-16/16 Interfaces opcionais

    Interfaces opcionais 30-50 KHz

    MMC, MTC, MIDI, LTC, word, RS-422, BB, ADAT

    4540,-6810,/*

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 26

    Marca/ Modelo Config. Mnima

    Pistas de Grav/Repr

    Ins/Outs Analgicos I/O Digital

    Sample Rates Sync

    Preo (US$) EUA/BR

    Studer Editech

    Dyaxis II

    PowerMac,

    16 Mb 4-16/8-32 4/4 XLR

    S/PDIF, AES/EBU,

    SDIF, Y2

    32, 44.1,

    48 KHz

    MMC, MTC, LTC, word, RS-422, BB

    10000,/*

    Studio A & V

    Sadie

    Pentium 75

    8 Mb

    2/10 2/4 XLR

    2 outs RCA

    S/PDIF,

    AES/EBU 1In/2Outs

    22.05, 32,

    44.1, 48 KHz MTC, LTC

    7995,/*

    10995,/* c/PC

    Yamaha

    CBX-D3

    Depende do software 2/4 4/4 1/4" S/PDIF out

    22.05, 32,

    44.1, 48 KHz

    Depende do software 995,/*

    Yamaha

    CBX-D5

    Depende do software 2/4 2/4 XLR

    S/PDIF, Y2, AES/EBU 1In/2Outs

    22.05, 32,

    44.1, 48 KHz

    Depende do software 1995,/*

    (*) dados no disponveis

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 27 Sync Time Code - O Pulo do Gato Como pode um estdio caseiro, com um gravador cassete de 4 pistas, um computador comum e um sintetizador, soar parecido com uma gravadora profissional? Onde est o segredo que permite a gravao e mixagem de dezenas de canais com alta qualidade de som num equipamento to simples? A chave do mistrio se chama SYNC, nome dado aos vrios recursos de sincronizao entre os equipamentos do estdio.

    Atravs dos formatos de sync time code fazemos os diversos meios de gravao de udio e seqenciamento MIDI trabalharem em conjunto. Dessa forma, por exemplo, no precisamos gravar os teclados seqenciados na fita, economizando canais: o seqenciador trabalhar sincronizado ao gravador multipista (porta-estdio, ADAT etc.). Isto quer dizer que os instrumentos eletrnicos MIDI (sintetizadores, samplers, baterias etc.) estaro funcionando ao vivo no momento da mixagem, tocados diretamente pelo seqenciador. O som desses instrumentos ser mixado ao som das pistas de udio gravadas, todos ligados mesa de som. Assim, na fita multipista s so gravados instrumentos acsticos/eltricos e vozes, consumindo-se poucos canais, evitando-se as redues e outros procedimentos que degradam a qualidade do som. Os teclados no ocupam canais dessa fita, e s sero gravados na fita mixada.

    Os formatos mais tpicos de sync so o MIDI Clock, o FSK e o SMPTE/MTC. Cada um usado entre diferentes meios de gravao/seqenciamento.

    MIDI Clock. Tambm chamado MIDI sync, atua entre 2 seqenciadores MIDI, com preciso de 24 pulsos por semnima. Serve para se copiar uma seqncia de um hardware para outro (de um teclado workstation para o Cakewalk, p/ ex.), ou para se executar um seqenciador e uma bateria eletrnica ao mesmo tempo. Comandos MIDI, como Start/Stop/Continue e Song Position Pointer (que indica o ponto exato da msica) so enviados pela conexo MIDI Out do seqenciador mestre (master) para o MIDI In do escravo (slave). Primeiro se ajusta o escravo para receber MIDI clock; em seguida dado o comando Play ou Record. O escravo, em compasso de espera, fica pronto para trabalhar em conjunto com o mestre. Este ajustado para transmitir os mesmos comandos. Quando se der o comando Play ou Record, como tambm Stop, no mestre, ambos atuaro juntos, no andamento deste. Quando terminar, no esquea de tirar o escravo do modo sync.

    FSK. Frequency Shift Key um sinal que muda de tom rpida e constantemente, de acordo com o andamento de uma msica seqenciada. Sincroniza um seqenciador MIDI a um gravador multipista. Vrios seqenciadores em hardware e baterias eletrnicas tm entradas e sadas tape ou sync, que so conversores MIDI/FSK e FSK/MIDI. O FSK age como um metrnomo: gerado pelo seqenciador e gravado na fita, ele permite que o gravador (mestre) acione o seqenciador (escravo) de acordo com o(s) andamento(s) da msica previamente determinado(s), bem como o ponto inicial e final. Assim, no so possveis alteraes nesses parmetros (andamento e durao), a no ser que se refaa todo o processo desde a gravao do sync na fita, inclusive regravando as pistas de udio. til quando o estdio no dispe de um computador, apesar de geralmente o FSK s sincronizar corretamente os aparelhos quando a msica executada desde o

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 28 incio (nada confortvel quando se precisa regravar vrias vezes um vocal no meio da msica).

    SMPTE/MTC. Derivado de padres de sincronizao de vdeo, um sinal analgico de udio (SMPTE) que tambm pode ser convertido em sinal MIDI (MIDI Time Code MTC). gerado pela interface MIDI/sync do computador, como a Opcode MQX-32(M), e gravado numa pista da fita de udio ou de vdeo. Quando o gravador multipista ou o videocassete (mestre) acionado (Play), envia este mesmo sinal de volta entrada de sync da interface do computador (escravo), atravs de um cabo de udio e plugs banana ou RCA. O seqenciador entra em funcionamento. Funciona como um relgio: o SMPTE contm informaes de tempo cronolgico: horas, minutos, segundos e frames (quadros por segundo), que indicam o tempo decorrido da fita. O contador de tempo do software seqenciador faz o clculo, relacionando o tempo cronolgico do SMPTE aos compassos e tempos da msica. Por exemplo, aos 2 minutos, no andamento de 120 bpm e em 4/4, estamos no compasso 60. Qualquer que seja o ponto onde a fita comece a tocar, em um segundo o seqenciador estar tocando, perfeitamente sincronizado. No h problemas em se mudar o andamento nem a durao da msica, aps gravado o time code na fita. Pode-se grav-lo logo ao adquirir a fita (os usurios do ADAT costumam syncar a fita durante sua formatao, j que as 2 operaes tomam o mesmo tempo, o tempo total da fita). Alguns gravadores e conversores transformam o sinal do SMPTE ou de seus prprios contadores de tempo em mensagens MIDI, o MTC, gerado automaticamente. Poupando uma pista de udio e o tempo de gravar o time code na fita, o MTC enviado ao computador por um cabo MIDI, conectado do MIDI Out do gravador ao MIDI In da interface.

    O sinal de udio do sync time code sempre um sinal de altas freqncias, no devendo jamais passar por filtros de nenhuma espcie. Conecte o seqenciador ou interface diretamente ao gravador, sem passar pela mesa etc. Vrios porta-estdios tm uma chave e conectores sync. porque eles trabalham usando filtros de rudo dbx ou Dolby, que prejudicam o sincronismo. A chave sync desliga o filtro na ltima pista de gravao, permitindo gravar o time code sem o filtro, ao contrrio das demais pistas.

    Sincronizados, gravador multipista e seqenciador MIDI trabalham lado a lado, cada um com suas pistas. Aos teclados, mixados ao vivo (e, portanto, gravados ainda em 1a gerao), permitido mudar seu timbre, tonalidade, expresso etc., at o momento da mixagem final, enquanto as pistas de udio, s com vozes e instrumentos tradicionais, ganham em nitidez e presena. Podemos considerar a sincronizao como o verdadeiro pulo-do-gato do home studio, pois ela multiplica vrias vezes os recursos, os canais e a qualidade do som de qualquer estdio, do mais simples ao mais sofisticado. Para sonorizar um vdeo, o sync permite que o compositor toque os teclados enquanto assiste s imagens, criando sua trilha em tempo real, desde j sincronizadas, alm de permitir a edio dos eventos MIDI e do udio em HD, e checar seu sincronismo com as imagens imediatamente.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 29 Tcnicas de Gravao de udio I O Endereamento do Sinal Hoje, os estdios tm muitas opes de equipamentos para gravao de udio. Os procedimentos descritos a seguir so as tcnicas mais usuais. Devido ao espao, este assunto ser dividido em vrias edies. Nesta, vamos nos ater ao endereamento do sinal de udio.

    Uma gravao pode ser feita em fita analgica ou digital, em disco rgido ou mini-disk, mas sempre se gravam os instrumentos em diversas pistas ou tracks. Depois de tudo gravado, todas essas pistas so mixadas para um gravador estreo. Pode-se gravar em vrias pistas simultaneamente, ou em uma de cada vez, como tambm gravar s um ou vrios instrumentos (ou vozes) em cada pista. Tudo depende dos recursos do equipamento e das caractersticas de cada trabalho. Para isso, necessitamos de um mixer (mesa de som). Os porta-estdios, que gravam em cassete, MD ou HD, vm com a mesa acoplada, endereando-se os sinais internamente. Sistemas de gravao em computador tm uma mesa virtual para controlar e mixar os sinais, embora continuem a precisar do mixer externo, real, para vrios procedimentos.

    As mesas de som servem tanto para enderear os instrumentos para o gravador quanto para se ouvir os sons gravados. Para se monitorar o gravador, liga-se cada pista dele (output) em um canal da mesa. Temos, assim, na mesa, um controle separado para cada pista do gravador.

    Para se gravar um instrumento em uma pista, ele conectado a um canal da mesa, diretamente ou por microfone. Podemos enderear o sinal da mesa at o gravador pela sada direta (direct out) desse canal.. Porm, para se gravar vrios sinais (vrios canais, portanto) em uma mesma pista, utiliza-se o submaster. Ele agrupa esses canais e os envia de uma s vez, por uma nica sada, at uma entrada do gravador (input). H vrios submasters, cada um ligado a uma dessas entradas. O endereamento feito a um par estreo de submasters. Em cada canal da mesa, h um boto para cada par (1-2, 3-4 etc.). Por exemplo, para enviar o sinal do canal 7 para o submaster 1-2, aperta-se no canal 7 o boto 1-2. Se virarmos o pan do canal todo para a esquerda, o sinal ir somente para o submaster 1. Virando todo para a direita, ir s para o submaster 2. No centro, o sinal ir para os dois submasters. Assim, podemos enderear vrios canais para um par de submasters e criar um efeito estreo, como, por exemplo, para gravar percusso, ou enviar um nico canal para uma pista do gravador, como, por exemplo, para gravar voz ou guitarra. Enquanto cada canal controla o seu prprio volume, o submaster controla o nvel geral.

    O som gravado retorna mesa, para ser monitorado e mixado, de cada canal de sada (output) do gravador para os canais da mesa, como j vimos. Isto significa que so usados, ao todo, dois canais da mesa para cada instrumento, um de entrada, por onde entra o sinal do instrumento para gravao, e outro de retorno, onde entra o udio j gravado, para monitorao. Na mixagem, esses canais de retorno so endereados seo master da mesa, atravs dos botes L-R, e dali para o gravador estreo, como tambm para o amplificador, pelas sadas master estreo.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 30 As diferenas entre porta-estdios e sistemas com gravador e mesa separados, quanto ao endereamento do sinal na gravao, so duas. A primeira bvia: no h cabos, a transmisso interna. A segunda a maneira de se fazer o endereamento do sinal. H dois modos: o individual e o coletivo. No individual, para gravar um instrumento na pista 1, ele plugado no canal 1 e liga-se a chave de gravao na posio 1. Dessa maneira, somente o instrumento que est ligado no canal 1 ser gravado na pista 1, e os outros canais sero ignorados. No modo coletivo, para gravarmos vrios instrumentos na pista 1, liga-se a chave na posio L, que quer dizer Left, esquerda. Ligamos cada instrumento em um canal e viramos o pan de cada canal a gravar para a esquerda. Os canais que no quisermos gravar, viramos o pan para a direita. Para gravar nas pistas pares (2 ou 4), ligamos a chave na posio R (Right, direita) e viramos o pan para a direita, dos canais que queremos gravar, e para a esquerda, dos canais que no queremos.

    Na monitorao, os porta-estdios tm em cada canal uma chave line/tape, que nos permite usar o mesmo canal, tanto para entrada (line) quanto para monitorao do som gravado (tape), de acordo com a necessidade.

    Nos estdios, os sons recebem um tratamento todo especial. Em busca de qualidade, nitidez, presena, peso e coerncia com o estilo, usam-se variados processadores de sinal. Por exemplo, a voz gravada dentro do estdio no deve conter as reflexes sonoras (reverberao) da sala de gravao. Caso contrrio, toda msica gravada nesse estdio teria o mesmo tipo de reverberao, fosse uma bossa nova, que combina com pequenos ambientes, ou um heavy metal, tpico de grandes clubes e estdios. Por isso, o tratamento acstico das salas abafa as reflexes o suficiente para deixar o som natural, porm seco. Artificialmente, aplica-se a reverberao. Conhecer os tipos de processadores, seus usos e as formas de conect-los aos demais equipamentos fundamental para se gravar bem.

    Processamento fantasma. O som de uma voz ou instrumento pode ser gravado j processado, com reverberao e equalizao, por exemplo. Ou pode-se grav-lo seco, e ele ser processado somente para a monitorao, durante a gravao dos outros sons, e para a mixagem, quando os sons recebem o tratamento definitivo. Desta forma, ouve-se o efeito fantasma, mas ele no gravado. Grava-se o som seco, mas ele ouvido com os efeitos. Exemplo: o cantor ouve sua voz reverberada no fone de ouvido, mas o reverber no est sendo gravado, s a voz. Assim, na primeira fase da gravao, o operador se preocupa apenas com a captao do som. Se ele gravasse o som com excesso de efeitos, no poderia corrigir o problema, a no ser gravando novamente. Na mixagem, quando se regrava em outra fita estreo tudo o que foi gravado na fita multipista, o operador se concentrar no processamento definitivo de cada sinal. Isto possvel porque dois canais da mesa so usados para cada som gravado: um para a entrada (input) do sinal - que vem do microfone ou instrumento e vai para a fita (ou HD etc.) - e outro para a monitorao (audio) e posterior mixagem do som gravado, que retorna mesa. (Fig. 1) As ligaes so: microfone > canal de entrada da mesa > sada submaster > input do gravador e output do gravador > canal de monitorao da mesa (ou volta do gravador). Como o canal de entrada fica antes do gravador e o canal de monitorao fica depois, basta deixar o som entrar flat (seco, no tratado) na fita e ouvi-lo com os efeitos, equalizadores etc. no canal de retorno. O som vai seco para a fita e tratado na volta.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 31 Para se gravar o som j processado, usam-se os efeitos, EQ etc. do canal de entrada da mesa, antes do gravador. Assim, o processamento gravado na pista do gravador, junto com o sinal da voz ou instrumento. No canal de monitorao (volta) da mesa, pode-se deixar o som flat ou process-lo novamente, se necessrio. Processadores se dividem em dois grupos, pelo seu uso individual ou coletivo e pela maneira de serem plugados mesa. Os efeitos (FX), como o reverber, o delay ou eco, o chorus e outros, podem ser usados por vrios canais ao mesmo tempo, em diferentes intensidades, como um mesmo reverber, que pode ser regulado mais forte no canal da voz e mais discreto no violo. Nos controles auxiliares dos canais da mesa, dosam-se as intensidades do efeito para cada canal. O outro grupo o dos processadores individuais, que modificam inteiramente um sinal, no se controlando a intensidade, e que so usados cada um por um nico canal. o caso dos equalizadores, noise gates e compressores. Conexes. Efeitos e processadores individuais so conectados mesa de formas totalmente diferentes.

    Os efeitos so conectados s sadas (aux send) e entradas (aux return) auxiliares da mesa, tambm conhecidas como mandadas e voltas dos efeitos. (Fig. 2) As ligaes so: Aux Send (mandada do efeito) da mesa > input do efeito e output do efeito > Aux Return (volta do efeito) da mesa. A mandada pode ser mono ou estreo, usando-se um ou dois cabos de , ou banana. Na mesa, em cada canal, controla-se a intensidade do efeito para aquele canal. A volta costuma ser estreo, com dois cabos de . A intensidade de sada do efeito fica no mximo, e controlada por um boto do tipo aux return na seo master da mesa. J o nvel de entrada no efeito controlado no prprio efeito, num boto do tipo input level.

    Os processadores individuais so plugados na mesa ao insert do canal. O insert um conector do canal da mesa que usa um nico plug (banana estreo) para o sinal sair, ser processado e voltar pelo mesmo lugar. (Fig. 3) O som do canal sai e volta pelo mesmo plug do insert, que tem um cabo em Y, com as outras duas pontas (banana mono) do cabo entrando e saindo do processador. A ponta do cabo que tem o plug estreo no para som estreo: as duas vias de sinal so usadas, uma para sada da mesa e outra para entrada (retorno). Os cabos de insert no so facilmente encontrados no mercado, voc ter de faz-los. Quando se quer gravar o som j processado, usa-se o insert do canal de entrada. Quando se prefere deixar o processamento para a mixagem, usa-se o insert do canal de monitorao. Outras formas de se conectarem processadores individuais, quando no h inserts na mesa: entre a sada da mesa e a entrada do gravador (grava-se o som processado), ou entre a sada do gravador e a entrada da mesa (o processamento apenas monitorado, podendo ser modificado na mixagem). Estas ligaes trazem os mesmo resultados que o uso dos inserts. O som vem da sada direta (direct out) do canal ou do submaster da mesa, passa pelo processador e vai para o gravador. Ou ento, grava-se o som flat e ele sai do gravador, passa pelo processador e vai para o canal de monitorao da mesa.

    Certos instrumentos devem ser gravados j processados em definitivo, outros podem ser melhor tratados na mixagem. A guitarra e o baixo eltrico costumam ser gravados com os timbres j equalizados, embora ainda se possam ajust-los de novo na mixagem. Certos

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 32 efeitos da guitarra so gravados junto com ela, como o distorcedor, o chorus, o flanger e outros. J a reverberao e o eco podem ser equilibrados na mixagem, para se ambientar os diversos instrumentos e vozes, todos na mesma hora. Grava-se, geralmente, a voz ou instrumento com eco ou reverber fantasma, isto , apenas no canal de monitorao. comum, com bons microfones, deixar-se o timbre da voz intocado, sem usar equalizadores, mesmo na mixagem. Os teclados muitas vezes tambm so gravados e mixados sem nenhum processamento adicional.

    No exagere ao usar processadores. s vezes, o excesso de efeitos pode ser fatal para uma gravao. Da mesma forma, um som muito seco ou sem brilho parecer artificial. Ao gravar e mixar, imagine o ambiente desejado para os sons e regule os efeitos para criar esse ambiente. Oua outras msicas, de vrios CDs. Depois, oua de novo sua mixagem. Mexa nos processadores e nas mandadas auxiliares quanto for preciso, sempre ouvindo o resultado. Aproveite a disponibilidade de tempo, que seu prprio estdio proporciona, para experimentar. Quando tudo estiver bom, grave esta mixagem na fita estreo. Tire cpias: o seu produto final.

    Os Processadores de Efeitos O famoso som de estdio. Afinal, o que faz com que aquela voz pequenina soe to exuberante na gravao? Usam-se nos estdios muitos tipos de processadores. H processadores de efeitos, que abordaremos aqui, e processadores de sinal, de que falaremos na prxima edio. So vrios aparelhos que modificam os sons originais dos instrumentos, dando-lhes novo colorido, ambientando-o ou adaptando o som para ser gravado em um determinado meio. Os mais usados em home studios so o reverberador ou reverber, o delay, o compressor, filtros de rudo, o "chorus", o "flanger" e outros mais especficos, como os distorcedores.

    Os processadores podem se apresentar em forma de "rack", dedicados (um s tipo de efeito) ou multi-efeitos Os multiprocessadores vm com vrios recursos diferentes, como se fosse uma pedaleira de guitarra, com os efeitos em srie e controles de todos eles. Alguns tm o processamento totalmente independente esquerda e direita (em paralelo), se conectados pelas mandadas estreo de efeitos da mesa. Podem vir como recursos prprios de mesas de som e de certos teclados, as "workstations". Ou, ainda, podem aparecer como recursos adicionais, os plug ins, para programas de gravao em HD. Todos os formatos so teis e podem soar muito bem, se bem escolhidos e dosados. Enquanto os plug ins so um novo front na revoluo do udio gravado, pela imensa versatilidade, os efeitos em rack do mais estabilidade e, em geral, agilidade ao trabalho de processamento de sinais e efeitos.

    Os processadores com MIDI podem ter seus controles modificados em temo real na mixagem, pelo mesmo seqenciador onde se gravam os sintetizadores. Escolhe-se um canal MIDI s para ele e opera-se pelas funes control change e patch change.

    Efeitos. Esses processadores so de uso coletivo. Em cada canal se controla a intensidade de cada efeito ligado mesa. H muitos tipos de efeitos. Deles, o reverber

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 33 um item obrigatrio no estdio, por permitir a correta ambientao de vozes e instrumentos. As marcas mais usadas so Lexicon, Yamaha e Alesis, com modelos dos mais simples aos mais complexos.

    O reverberador reproduz os ambientes acsticos, de acordo com os timbres dos instrumentos e vozes e com as peculiaridades de cada msica. Ao som seco e impessoal de estdio, acrescenta vida e profundidade, valorizando, dando profundidade e definindo os diversos sons.

    Quando estamos num lugar amplo, diante de um paredo ou uma montanha, podemos experimentar o efeito do eco. O eco o reflexo do som, como uma imagem no espelho, a onda sonora que volta ao ouvido do emissor, aps bater numa superfcie reflexiva. O som viaja a 340 metros por segundo. Se voc estivesse a 340 metros da montanha e pudesse gritar alto o suficiente, voc ouviria o eco exatos dois segundos aps o grito. Um segundo para a sua voz chegar na montanha, e outro para o eco vir at voc.

    O som se propaga em todas as direes. Ao atingir uma superfcie reflexiva, reverbera (ecoa) num ngulo simtrico. Exatamente como a imagem de um espelho. Dentro de uma sala, com paredes, piso e teto mais ou menos reflexivos, mltiplas reflexes do som causam a reverberao. De acordo com os materiais usados e o tamanho das salas, as ondas sonoras se refletem com caractersticas variadas.

    Os estdios tm suas salas de gravao revestidas de materiais absorventes para secar o som. Isto nos permite gravar o som seco e aplicar a reverberao artificialmente. Do contrrio, todos os sons gravados teriam a mesma reverberao, e todas as msicas ficariam com o mesmo clima, gravadas no mesmo ambiente.

    Quando emitimos um som dentro de uma sala, primeiro ouvimos o som seco, direto da fonte. o estgio do reverber conhecido como pre delay. Um instante (mili-segundos) depois, ouvimos as primeiras reflexes (early reflections), e depois ouvimos as reflexes se cruzando pelas paredes, at o som perder fora e cessar.

    Os parmetros de um reverberador variam desde o tipo e tamanho de salas, quartos, estdios, catedrais, plates (antigos reverberadores de metal), gates etc., passando pela intensidade do efeito, at o timbre (graves e agudos) da reverberao, o tempo de decaimento (decay), o pre-delay, que o atraso do efeito sobre o som seco, usado para definir o ataque do som e dar maior nitidez, e outros.

    Alguns reverberadores mais simples e baratos, porm com qualidade profissional, trazem apenas um seletor de salas e controle de intensidade, o que suficiente para bem sonorizar o home studio de nvel bsico.

    Delay e Eco. O eco um efeito usado para dar maior profundidade a instrumentos solistas. O recurso mais usado para criar este efeito o digital delay. Delay significa atraso. Ele reproduz uma ou vrias cpias digitais do som com atrasos pr-determinados, criando um eco.

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 34 Seus controles mais comuns so level, que dosa o volume do eco, delay time, o tempo ou o ritmo das repeties, intensity, que determina o nmero de repeties e outros, em geral referentes ao uso em estreo, com diferentes delays esquerda e direita.

    O delay digital substituiu as antigas cmaras de eco (que consistiam numa fita magntica girando em torno de cabeotes de gravao com distncias variveis) por "samples" (amostras do som gravados digitalmente). necessrio ao estdio para fixar a profundidade de solos instrumentais e algumas vozes.

    O chorus faz oscilar a freqncia (afinao) de um sample (amostra sonora digital) em torno da freqncia do som original. A soma dos dois sons, o original e a amostra com afinao oscilante, sugere um efeito como o de um coro. Pode-se regular a intensidade, a velocidade (rate) da oscilao, o distanciamento do "pitch" (afinao) original. O flanger, que funciona de outro jeito, tem efeito semelhante, porm mais dramtico. Tambm h o phaser, o rotary, derivado das caixas Leslie, que tinham falantes rotatrios motorizados, e muitos outros efeitos.

    Os Processadores de Sinal Um processador de sinal afeta por completo o som de um canal. Assim, s faz sentido conect-lo mesa de modo que o sinal do canal passe inteiramente atravs do processador. O controle todo feito no processador, no na mesa. Alm disso, ele feito para ser usado por um nico canal. Pelas diferenas com os processadores de efeitos, que acrescentam efeitos aos sons em variveis propores e que podem ser usados por vrios canais, os processadores de sinal so conectados mesa atravs dos inserts, e no dos canais auxiliares.

    Compressor. Chamamos de curva dinmica de uma gravao diferena entre os picos (pontos de mais alto volume) e os vales, os pontos mais suaves. Quanto maior a diferena entre picos e vales, maior a curva dinmica. Cada tipo de gravador tem uma diferente sensibilidade para a dinmica. Muitas vezes, uma pista que parecia bem gravada quanto dinmica, soa cheia de altos e baixos na mixagem, ou com picos excessivos ou, ao contrrio, com trechos inaudveis, de to baixos.

    O compressor atenua a curva dinmica, reduzindo a distncia entre picos e vales. Ao diminuir o volume dos picos da gravao, ele permite que se aumente o volume do canal, dando a sensao de se aumentar o volume dos vales e diminuir o dos picos, equilibrando a dinmica. O excesso, por outro lado, torna o sinal muito achatado e artificial.

    Os principais parmetros so threshold, ratio, attack, release e output gain. Os dois primeiros ajustam o nvel dos picos e a taxa de compresso. O threshold determina um volume de som (em dB) a partir do qual o compressor atua. Abaixo deste nvel, o som sai como entra. Acima da fronteira do threshold, o som sofre uma atenuao, de acordo com uma certa taxa de compresso (ratio). A compresso s atua no trecho do volume que se situa entre a linha do threshold e o volume real do pico. Se a taxa de compresso for de 2:1 (dois pra um), a diferena entre o threshold e o volume do pico ser reduzida

  • Srgio Izecksohn Teoria Bsica para Home Studio 35 metade. Se a ratio for de 4:1 o pico ser atenuado para a quarta parte do volume que excede a linha de threshold. Isto significa que h volumes superiores linha do threshold, h uma dinmica, s que atenuada por uma taxa de compresso. S no haver picos de volume acima do threshold se a ratio for de infinito pra um. Assim, no h dinmica, e este efeito conhecido como limiter.

    Os controles de attack e release permitem que o compressor atue de forma mais rpida ou lenta, tanto na entrada do efeito quanto na sada, realando mais ou menos os sons. O output gain, ganho de sada, serve para compensar o volume de sada que tenha sido alterado pela compresso.

    Noise gate. O noise gate tem um threshold que funciona ao contrrio do threshold do compressor: a atuao sobre os sons com volumes abaixo da linha de threshold, que so totalmente cortados. Se gravamos um bumbo e uma caixa em duas pistas, com dois microfones, o som da caixa vazar para o canal do bumbo, e o som do bumbo tambm vazar para o canal da caixa. Mas o bumbo e a caixa, em geral, se alternam, quase nunca tocam ao mesmo tempo. Com dois compressores, um em cada canal, e seus thresholds ajustados para um nvel abaixo do sinal real e acima do sinal vazado, os dois canais soam limpos de vazamentos. Quanto o som vazado toca abaixo do volume do threshold do noise gate, ele simplesmente cortado.

    Os noise gates podem ter outros controles, como da velocidade de atuao, para no cortar o som fora de hora. Usados em canais com vozes e instrumentos gravados com rudos de fundo, comuns nos pequenos estdios, cortam os rudos durante os momentos de silncio, mas no durante os trechos tocados ou cantados. Nestes trechos, o som estar acima do nvel de threshold, e nada ser cortado pelo gate, nem o rudo.

    Filtros. Existe uma variedade de filtros no mercado, que corta