done zine #2

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Done - zine - número 1. - fevereiro/2002 Edição: Márcia Raele - Capa: Dimitri Souza Reis Ligue ou escreva - 19 32090434 [email protected] (c/ márcia ou marco) obrigado a todos que escreveram, emprestaram foto, desenharam e incentivaram

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Segunda edição do fanzine Done, com: Wry, Pullovers e outros.

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Page 1: Done Zine #2

Done - zine - número 1. - fevereiro/2002Edição: Márcia Raele - Capa: Dimitri Souza ReisLigue ou escreva - 19 32090434 [email protected] (c/ márcia ou marco)obrigado a todos que escreveram, emprestaram foto, desenharam e incentivaram

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Noise Festival), “bom, pelo vida, algumas fizeram, muitas Goiânia Noise Festival menos a gente pode com isso não, mas todas me fizeram que dure mais 14 anos readiquirir forças para pensar “qual era mesmo o enfrentar o trabalho na motivo de tanta merda tocando Rafael Martinss e g u n d a - f e i r a ” . em rádio ou ressuscitando,

Realmente é surreal enfim, o festival pedia todo Chega até ser cômico, enfrentar umas 13 horas aquele tesão de tocar , além mas esse pessoal que toca em sentado e apertado num do fato de reencontrar velhos banda, escreve em zine, negócio que ousam a chamar de amigos e fazer mais alguns ou organiza shows e festivais ônibus (executivo???? mesmo reencontrar aquela são meio utópicos, meio Sei!!), pagar a passagem banda que havia tocado junto visionários, uns loucos. ainda nem realmente sabendo o três, seis meses ou um ano Porque, veja bem... para que que esperar. Mas descer de um antes... perfeito, valeu cada perder tempo com um lance que ônibus com instrumentos em m i n u t o .não vai trazer dinheiro, mas mãos e mochila nas costas Está certo, está que necessita de um certo poucas horas antes de subir certo. Os shows atrasaram e é investimento e ainda te num palco e tocar para uma um detalhe importante que proporciona várias roubadas, platéia de uma cidade que estamos (mal) acostumados e ou como disse uma vez um nunca tenha posto os pés é que deve ser resolvido. Mas, amigo, que inclusive chegamos algo realmente instigante. devido ao suor, garra, a tocar juntos a alguns anos, Então, rapidamente, o cansaço alegria de todos os “eu já tenho emprego”.é e s q u e c i d o . envolvidos, a crítica é para Mas talvez Luiz

E ainda o hotel, que o festival se torne mais Venâncio do Pullovers já alimentação, equipamento, inesquecível e de dure mais tenha respondido essa questão iluminação, os palcos (eram s e t e , 1 4 a n o s .para esta edição, dizendo que dois, chamados de palco noise “ t o c a r m e l h o r a o e teatro noise o primeiro sem cotidiano”, ou até como cadeiras para bandas mais disse mais ou menos o barulhentas e o segundo com vocalista do AEOZ na frente do cadeiras para bandas mais hotel em Goiânia (onde bandas sossegadas e viajantes), as e imprensa estavam com certa

Rafael Martins é baterista da banda bandas cada uma querendo simplicidade mas dignamente Astromatofazer o melhor show de sua instalados para o Goiânia

FILTHDimitri Souza Reis

Em 1967, uma grande rede de agências funerárias chamada Kinney National Services comprou a DC Comics, editora dos gibis do Super-Homen e do Batman.Foi o primeiro passo da Kinney dentro do mercado do entretenimento. No ano seguinte a empresa comprou o estúdio Warner Bros. Assim começou o império Time-Warner de mídia: à partir dos quadrinhos e dos caixões.

Em 1967, o desenhista Robert Crumb mudou-se para San Francisco e em novembro conseguiu que dois amigos imprimissem os cinco mil exemplares do número 1 da Zap Comix. O pagamento pela impressão foi um toca fitas. Em 1968 Crumb tornou-se uma celebridade, vendendo ele mesmo sua revista na esquina da Haight com Ashbury. Assim nasciam os chamados quadrinhos alternativos norte-americanos.

Em 1970 lança o primeiro desenho animado XXX-rated: Fritz the Kat, e pouco depois faz a cover arte do LP Cheap Thrills de Janis Joplin, com essas credenciais acredito que o "desenhista" esteja bem apresentado.

Crumb, é antes de tudo, um fã de blues, be bop e early jazz das décadas de 40 e 50 com um acervo de cinco mil discos. Crítico do imediatismo da cultura de massa; desconstrutivista do american way of life; criador do BIG FOOT STYLE ( muito usado no grafitte e hip hop atualmente). Seus relatos e experiências com LSD desenhados, as improváveis e impensáveis parcerias como Bukowiski, no conto desenhado "Traga-me teu amor", criou o famoso personagem MR. Natural e desenhou também milhões de prédios, ruas, celebridades, paranóicos, anônimos e inúteis. Em 2000 na feira mundial de quadrinhos na França (local onde vive atualmente), foi o convidado de honra e receberia um prêmio pelo conjunto da obra ,se não tivesse dado um belíssimo "cano". Influenciou todo mundo que desenha que você lembrar de cabeça aí, como o Stooges ou o Velvet na música. Uma vez perguntado: o que pretende fazer com a sua arte? Crumb: Evoke intellectual curiosity.

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Desde quando vocês estão em Londres e por que a decisão Márcia Raeleda viagem?

Conheço muitas pessoas que se contorcem vendo a perfomance Márcia, temos pensado nessa viagem desde de quando de Mário Bross e sua turma no palco. As apresentações da banda começamos em 94. Pois todas as músicas que entravam em nosso Wry, de Sorocaba, realmente dispensam qualquer tipo de coração eram da Inglaterra...deve ser por isso tal influência e tal comentário. Swing e muito groove não faltam. E mais muita, viagem...Ainda, com 6 anos, eu só ouvia John Lennon...muita vontade de tocar e cantar. Isso é o Wry, contagiante, que o Brasil conhece há oito anos, desde quando ainda eram jovens Como foi essa empreitada? Dinheiro próprio ou garotos numa banda intitulada “Wry Face” (careta). Agora, há conseguiram algum "patrocínio"?mais ou menos seis meses, são os legítimos ingleses que tiveram a Somos pessoas pobres, porém determinadas, todo o dinheiro que oportunidade de conhecer os “nossos ingleses”. Numa entrou pra banda nesses oito anos foram usados pro Wry... Desde empreitada financiada pelo próprio grupo, Mário (vocal/guitarra), estúdio, instrumentos e a viagem pra Londres.Renato (bateria), Choquito (baixo) e Lu Marcello (guitarra), arrumaram as malas e embarcaram para Londres em busca das Como foi armar os shows por aí?origens de suas influências. “Temos pensado nesta viagem desde Bem, na verdade estamos armando vários shows... É duro pois quando começamos em 94. Pois todas as músicas que entravam você tem que fazer todas as coisas de mudança, pois mudamos de em nosso coração eram da Inglaterra”, diz Mário Bross. vida, de país, de casa...Você deve imaginar, durou seis meses pra Depois de já mais adaptados à nova terra e de já terem tocado em nossa estabilidade, quanto pessoas normais, ficar legal. Nesse algumas festas, o primeiro verdadeiro show de uma série que deve tempo fomos preparando nosso material pra agendar os shows vir adiante está marcado para 1º de março. Na entrevista abaixo, (singles-posters-matchboxes-releases)... Ficaram prontos de feito por e-mail em seus dias de folga, Mário nos contou um verdade semana passada (entrevista do dia 10 de fevereiro/2002), pouco sobre como está sendo essa experiência na casa dos começo de fevereiro, e já levamos em alguns lugares onde temos “caras”. contatos e ao longo dessas próximas duas semanas vamos levar

em 70 lugares... O primeiro show da série será dia 1º de março, no UnderRocks Club, um bar muito massa com um palco hiper legal... e vai lotar!!!!

Estão tocando só na Inglaterra ou em outros países também?Por enquanto os shows estão sendo agendados na Inglaterra, mas, já temos gigs pra fazer na Holanda e Portugal... E temos outros países também com contatos que brevemente fixarão as datas!!

Que tipos de lugares vocês têm tocado? O público tem sido receptivo? Eles sabem que vocês são do Brasil?Os lugares são pubs alternativos na maioria das vezes, mas também locais mais normais... Na verdade, não é tão diferente tocar rock alternativo aqui, você sabe disso, então em vários locais se tem referência do seu estilo... Ontem teve uma festa, onde um amigo meu trabalhou, era uma festa de namorados (aqui é dia dos namorados em fevereiro) e só tinham velhos, mas a banda que tocou ao vivo tocava Kinks, Dandy Warhols, coisas que os velhos dançavam como se conhecessem muito bem... é lindo...E o público é muito mais receptivo no sentido de dançar sem importar com o jeito que tá dançando ou com a roupa que está vestindo... Eles se DIVERTEM MESMO, assim como NÓS TAMBÉM!!!! Se sabem que somos do Brasil, sabem, pois o nosso primeiro público é formado por essa independência e ajuda que rola quando se chega num lugar novo... Dentre as festas que fizemos na GuHauss (nossa casa) já vieram gente de diversos países, como ingleses, israelitas, italianos, portugueses, espanhóis, brasileiros, japoneses! Mas geralmente os promoters não me perguntam de que país eu sou...

A experiência de tocar para um público diferente do que vocês estavam acostumados tem sido boa ou não? O público é muito diferente do do Brasil?Creio que a diferença esteja no tanto de bebidas que eles consomem, o tanto de liberdade que usufruem, mas a cobrança é menor aqui em

Wry em busca do amor inglêsWry em busca do amor inglêsWry em busca do amor inglêsWry em busca do amor inglêsWry em busca do amor inglêsWry em busca do amor inglês

Julio

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ua

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Márcia raele

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Londres... na verdade é bem usamos... daquele tempo... decidimos morar aqui, vamos fácil ter bandas melhores no Saímos do Brasil sentindo receber nosso cachês em Brasil do que em Londres... muita dor, pois foi quando O que vocês sentem que pounds... É claro que as Butchers é melhor que Hives decidimos sair que as pessoas mudou no mundo da coisas podem mudar... mas a ao vivo, Wry é bem melhor demonstraram tanto carinho música independente no princípio nossa intenção é que Electric Soft Parede, pela gente e nesses seis Brasil, da época em que morar de vez em UK... Mas MQN é melhor que Black meses que estamos aqui, vocês começaram até os voltar pro Brasil todo ano e Rebel Motorcycle Club e pelos e-mails que dias de hoje? E fazer uns 30 shows... No Astromato daria aula de recebemos... definitivamente diretamente para vocês... final desse ano vamos fazer sensibilidade... É claro que AMAMOS o Brasil... mudou muita coisa? uma turnê grande aí com não estou generalizando, tem Mudou muito. Tudo cresceu. várias bandas massas do ótimas bandas aqui como Voltando um pouco no Todos cresceram. Ficou Brasil... Vai ser rock 45s, Hives e Enagelistas... tempo... A primeira vez melhor e muito mais avassalador! Se fosse citar

que ouvi falar de vocês foi prazeroso... Nossa última cidades que mais tenho Conte alguma coisa pelo Sérgio Vanalli, na turnê durou quatro ou cinco saudades dentre quatro, interessante ou curiosa época do JuntaTribo 2, meses e fizemos 31 shows Campinas está no meio, que tenha acontecido com lembra? Lembro também pelo Brasil... Foi aí que temos algo que nos liga a vocês por aí... que ele falou que foi ele descobrimos o valor e foi Campinas, como o próprio Nossa vida mudou quem sugeriu o nome da quando nos apaixonamos JuntaTribo, como o ET, um completamente, nos amamos banda a vocês... "Wry pelo underground brasileiro cara que amamos de paixão, mais, nos beijamos mais, Face" (careta). Foi isso e então decidimos dar um de beijo na boca...Campinas creio que somos ainda mais mesmo? presente e celebrar a está no release do Wry aqui, intrigantes e exóticos... Isso foi há oito anos, quando independência organizando coloquei duas fotos de um Hehehehehehe.... Mas a mais ainda tínhamos quatro ou o Circadélica em Sorocaba, show no OZZ, nos release importante coisa que nos cinco músicas, feitas com festival sem alguma banda londrinos...aconteceu foi o AMOR... mais simplicidade ainda, mainstream e tal... Só indie Temos dado muito amor pra coisa que nunca perdemos... Brasil!!!as pessoas que estão nos O JuntaTribo de 94 foi onde cercando agora. Antes do começamos literalmente, Estão com saudades do primeiro show já sabemos nosso primeiro show fora de Brasil? Vocês querem que temos um público de Sorocaba... Nossa primeira voltar?quase 200 pessoas, talvez experiência com fanzines Estamos com muitas devido à intensidade de (acredite, eu nem sabia o que saudades do Brasil, mas carinho que damos ou a era fanzine)... Tenho Londres queima de verdade, quantidade de glitter que lembranças glamurosas Londres é apaixonante,

Europa Total

Stereo Total, com ênfase no al, como os mesmos fazem questão de dizer. E como suas próprias definições, Stereo Total é uma banda anticonformista mutante disco party, new wave e garage rock, pop eletrônico, além de prazeres de orgasmos sintetizados. Tudo isso com vocais em francês e alemão. Sedução total, sem perder o lado excêntrico e divertido “da coisa”. Eles citam algumas influências: Sant'n'Peppa, Cramps, Patti Smith, Kraftwerk, filmes de horror, rap old school, movimento lofi.A base dessa união sonora está em Berlim (Alemanha), e além da vocalista/guitarrista e baterista Françoise Cactus, que é francesa, e do também vocalista/guitarrista e tecladista Brezel Gorin, alemão, o grupo ainda tem membros da Italia e Escócia. O primeiro disco saiu em 1995, o “Oh Ah!”, depois vieram “Monokini” e “Juke-Box Alarm” (98), “My Melody (99) e “Musique Automatique” (2001).Caso não tenha nenhuma importadora por perto ou o dinheiro anda curto para encomendar algo, não se preocupe, é só pegar pela internet. Márcia Raele

Pra pensar...

Se você é um dos que estão sedentos por leituras conceituais, principalmente ligadas a sistemas de governo (já que está de saco cheio, deste que te cerca e não lhe traz nada de útil), ou melhor anti-governos a Index Librorum Prohibitorum, na ativa desde 1999, edita livros de pensadores brasileiros e estrangeiros que acreditam e divulgam o ideal anarquista. São títulos em livros, revistas e jornais anarquistas e de movimentos e teorias afins a partir de R$ 2,00. Comunismo, feminismo, sociologia, política, minorias, direitos humanos, homossexualismo, além de obras literárias de cunho social, eróticas e anticlericais.Informações e catálogo pelo email [email protected].

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No início de 2001, Rafael Martins fez uma entrevista por email com Luiz Venâncio, vocalista do Pullovers. Na época eles estavam concluindo o CD “Pullover Can't Play Covers, que foi lançado pela Ordinary. A seguir alguns detalhes sobre a “vida” dos Pullovers.

Por Rafael Martins

Me conte um pouco da história de vocês, do impulso de começar a tocar, como se conheceram, como surgiu a banda etc...Tudo começou num domingo. Não me lembro bem se foi neste dia que eu tinha ido a um show do Wry... Não, pensando bem, acho que foi no domingo anterior. De qualquer forma, encontrei no tal show uma menina... eu ia a um mesmo bar todos os domingos e sempre a via. Tinha vontade de dizer muita coisa pra ela, mas não tinha coragem. É engraçado, eu comecei a ficar tão acostumado com a imagem dele que esta situação platônica foi se tornando cômoda... No tal domingo em que tudo começou, não a vi. Então fiz “You don't know”. Bom, acho que o impulso de tocar vem daí, dessa necessidade de dizer coisas que pedem uma certa “coragem”. Um pouco depois do fato, fui apresentado à Marianne pelo Márcio Custódio, que hoje é Dj, promoter, essas coisas... o contato inicial foi estranho, tímido, eu levei uma fitinha com algumas músicas pro trabalho do pai dela... depois nos conhecemos pessoalmente e ela se identificou com as músicas.O primeiro ensaio ainda não tinha a Ana no baixo e o Daniel na bateria. Mas ele estava lá. Tivemos que procurar alguém que combinasse musicalmente com a gente e ele combinou. Quanto à Ana, ela já era amiga da Marianne. Gostava do tipo de música que estávamos querendo fazer... Me lembro que fiquei muito impressionado

com ela quando começamos a tocar juntos. Um pouco depois alguém me perguntou como era a baixista e eu respondi que não poderia ser melhor.

Os shows aqui em Campinas vocês conseguiram botar muita gente pra dançar, inclusive alguns que eu nunca havia visto dançar antes. Geralmente por onde vocês passam tem sido assim?Nem sempre, mas é difícil que fiquemos satisfeitos quando isso não acontece. Tocar fica muuuuuuuuito mais prazeroso.

Faz alguma diferença ter a mão de uma gravadora mesmo que seja independente? Como surgiu e como é trabalhar com a Ordinary?De alguma forma, faz. Os contatos com o resto do Brasil e a distribuição ficam facilitados, principalmente pelo empenho da Debi e pela cancha do Marco no Underground (acho que já são uns 20 anos de rock...). Mas começou a fazer diferença mesmo quando gravamos o CD. O Marco e o Adriano (os “Butchers”) produziram, tudo foi feito na garagem do primeiro e com o equipamento do segundo. Então, finalmente começamos a nos sentir realmente “dentro” de um selo, cooperando e sendo ajudados de alguma forma. Ninguém ganha um tostão com isso, então o que vale é a amizade e a cooperação. O contato aconteceu assim: Marco, Debie Adriano assistiram a um ou dois shows nossos e nos convidaram.

Fale um pouco mais do CD (“Pullovers Can't Play Covers”), o nome, como foi gravado...O nome do CD se refere a nossa própria incompetência em tocar um cover decentemente e reflete idéia geral dele: não é um disco de “conceito”, é um panorama das nossas primeiras músicas. Quanto à gravação, podemos dizer que foi um processo “diluído”... Gravamos todo o instrumento na garagem do Marco em dois dias e ao vivo, como na demo (mas num A-dat de 8 canais). Depois fomos gravando as vozes aos poucos. Algumas músicas num dia, outras três meses depois e assim por diante. Ficamos muito ansiosos com um processo de gravação tão caótico. Mas não tinha jeito, foram as

dificuldades de uma produção “independente” de um selo mais independente ainda. Acho que, se contássemos as horas de estúdio nesses seis meses, não daria mais do umas 15. Mesmo assim, acho que a presença do Marco e do Adriano produzindo (e puxando a qualidade musical da gente e técnica do equipamento pra cima) deu à coisa um padrão bom.

Como é conciliar banda, trabalho e estudo?É simples. Você trabalha, estudo e toca. Se tiver trabalhando ou estudando algo que te interesse, ótimo. Se o trabalho for na loja de telhas da esquina, tocar melhora o cotidiano.

Pullovers Can't Play CoversRecentemente eu li uma entrevista do Marcelo Nova em que ele tira sarro de bandas sensíveis, que não existe mais roqueiro pra chutar a bunda dos outros. Mas está aí justamente mais uma contribuição do movimento Punk, a liberdade de ser o que você quiser.E taí o Pullovers, banda paulista de shows altamente dançantes, exercendo esse direito, tanto que tem músicas como sugestivos títulos como “Let's Get Married”, “I'm a Tattoo in Your Heart”, “Nerd Rock”. E o legal é que foram produzidos pelo Butchers Marco e Adriano, e sensibilidade para eles provavelmente sejam velas pingando no peito. Mas a importância deles sejam em suas bandas ou frente a Ordinary ou de qualquer outro empreendedor da “cena” independente ou mesmo de qualquer produto lançado neste meio é indiscutível e admirável.Mas sejamos um pouco mais objetivo e vamos nos concentrar neste “produto” que está ecoando neste momento em meu quarto. A qualidade deste CD, que é o primeiro do Pullovers, já começa pela capa com uma foto deles e uns rabiscos, particularmente eu odeio capas com imagens da banda fora as do Echo And The Bunnymen, mas desta eu gostei. Bom 16 músicas em pouco mais de meia hora. Mas como é difícil uma banda indie soar original depois de escutar Pixies e Pavement, porém escutando este você não fica com aquela impressão de já ter ouvido antes. E como as músicas são boas e conseguiram captar a energia dos shows: simples, alegre e superpop ou como dizem na contracapa “song power” ou “powerpop”. Infelizmente (ou felizmente) só vão fazer diferença na vida de algumas pessoas, já que ouvi falar que as cópias já estão se esgotando (os email para aquisição As músicas da primeira “I'm not a Basi”, “Korea Lamen” e “teenage darling” não me supreenderam tanto provavelmente por não ser mais novidade. Mas “Chocolate”, “nerd Rock”, “Mirage III” e “Let's Get Married” me fizeram muito bem. Aconselho a audição logo ao acordar antes de sair para o trabalho.

[email protected] ou [email protected]).

Pullovers pra melhorar o cotidianoPullovers pra melhorar o cotidiano

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Nunca estive no Estado, mas só pelos shows das bandas de lá já dá para ver que uma cena forte rola solta entre os capixabas, mas é engraçado que pouco se ouve falar, nas grandes mídias sobre o que acontece no Espírito Santo. Falam do Rio, São Paulo, Minas Gerais, Goiânia, Rio Grande do Sul, mas ES é bem mais raro. Não que não role nada de conteúdo por lá, que não mereça a devida atenção. O vocalista da banda Zé-Maria, de lá, disse uma vez, “todo mundo fala dos outros estados, mas parece que o ES fica lá meio escondido, esquecido”. No entanto, coisas interessantíssimas acontecem no estado. Além da natureza exuberante e pessoas bacanas, rola uma cena independente de primeira, com selos organizadíssimos (ex.: Läjä, Terceiro Mundo e Slag), bandas criativas e de talento (Mukeka Di Rato, Teen Lovers, Undertow, Ponto Chic, Dead Fish, Zé Maria, Os Pedrero, Merda etc. etc. etc.). Quer mais? A cena é tão diversificada (Hardcore, Emo, Rock, Pop, Grind, o que você quiser tem), que precisaríamos de muito mais zines para falar de todo mundo. Márcia

Raele Alguém aí conhece algum CustódioAlguém aí lê os contos do TakedaVocê aí, conhece o Alguém aí curte rock gaúchoAlguém aí escuta o GaragemPonto Chic?Alguém aí lê o Folhateen

Ponto Chic é mais uma banda do Alguém aí sabe do Lúcio RibeiroEspírito Santo e está nesse mundinho Alguém aí assiste seriadoundigrudi desde 99, quando Alguém aí fala "tu" e não é gaúchochamavam-se Ponto Chique. Falam Alguém aí já foi no show do Stellar

Alguém aí curte Sonic "Iuti"que sua primeira demo não foi lá Alguém aí já fez um democlipessas coisas, pelo menos para o Alguém aí já foi na Galeriapessoal da Slag, que os deixou Alguém aí tocou no Alternative

arquivados até agosto de 2001, Alguém aí sonha com o Retrô

quando receberam um CD-R com Alguém aí já vomitou na Torreuma música “Alguém aí?”, que por Alguém aí sabe onde é Goiâniasinal virou campeã de downloads do Alguém aí conhece o Mario Brosselo. No primeiro dia que a Slag Alguém aí ainda compra K7

Alguém aí cadê a Showbizzdisponibilizou a música no site foram Alguém aí já morou em Porto Alegre400 baixas ( ). Alguém aí sonha em ir pra LondresPara alguns, “Alguém aí” já virou hino Alguém aí curte post rock

indie. Por que hino? Dá uma olhada Alguém aí já leu Cardoso Online

na letra: Alguém aí conhece o James IhaAlguém aí tem seu próprio blog

Alguém aí conhece o Lariú Alguém aí paga consumaçãoAlguém aí se chama Billy Buddy Alguém aí gosta de Belle & SebastianAlguém aí assina mailing list Alguém aí grava CD-RAlguém aí já recebeu o Next Alguém aí compra ingresso antecipadoAlguém aí já comprou na Velvet Alguém aí já leu Trabalho SujoAlguém aí conhece Cigarrettes Alguém aí compra single em vinilAlguém aí é de Piracicaba Alguém aí conhece o PimpãoAlguém aí sonha em ser DJ Alguém aí se considera indieAlguém aí já foi no London Burning Se considera indie...Alguém aí é membro do MaybeesAlguém aí já tocou com PulloversAlguém aí tem o CD do StrokesAlguém aí assiste Lado BAlguém aí já fez seu próprio zine

www.slagrecords.com

Espírito Santo, amém!Espírito Santo, amém!

Se liga aê…

·Josué - de Campinas, hardcore tradicional. Na demo “Dido” com 10 músicas, os nomes simples, assim como o nome da banda dão o tom da crueza da banda (“a casa”, “códigos”, “a culpa”, “segunda chance”, entre outras). Contato: 3237.0362 (belo)

·Suite Number Five - também de Campinas, o grupo costuma agitar o público com suas música rock/guittar com levadas sixties. Principalmente quando o baixista resolve tocar apenas de cuecas ou quando “i wanna be adored”, do Stones Roses, é tocada. O primeiro CD, “Nothing In The Sky”, com 8 músicas acaba de ser gravado. Contato: [email protected] ou pelo blog http://suitenumberfive.weblogger.com.br.

·Echoes - banda de Santos misturando vários elementos do bom rock'n'roll. Psicodelia, barulho e melodia são marcas. Tocam muito por São Paulo e

alguns, pobres humanos vivendo cinicamente à Lab, laboratório musical margem dos fatos, cínicos, todos eles e por que não

nós ?? Pobres desaculturados, patriotistas, cínicos.Por Daniel

De que vale toda a sua “liberdade” se somente Rótulos geram conflitos na medida em que se trancado em “lindas e maravilhosas” jaulas se está misturam opiniões, estilos, idéias, influências e gostos seguro?? Será que você já chegou a pensar “por que dos mais absurdos. Essa é a proposta da banda: boa um dos lugares públicos mais seguros, nas grandes música para bons ouvintes, afinal quem ouve às vezes cidades, são os grandes 'centros de consumo'??”.não escuta (digamos que boa parte da raça humana Lab tem sua própria opinião, digamos que quatro: está, de certo modo, incluída nisso). funk, punk, noise e hc derivadas derivativas Música pelo prazer de fazer música ??? Arte pela arte atemporais da forma estrutural básica amórfica ??? Barulho pelo barulho ??? Música como meio de também se incluem sendo que subgêneros e quaisquer (des)informação ??? Desunião pela música ??? Música que sejam as maluquices que a banda curtir, um role de pela desunião ??? Informação massificada ??? sk8, um choro, um samba ou um rap, são válidas.Massificação de informação ??? Meios de comunicação Lab é: Vocal: Gustavo Guitarra: Daniel Baixo: ??? Comunicação dos meios ??? Felipe Bateria: DimitriTiro, barulho, pensamentos, confusão, CAO$ $OCIAL, tudo isto parece tão distante na cabeça de Email >>[email protected]

ABC e tem dois CDs demo - um ao vivo e outro em estúdio, os dois com cinco músicas. Contato: [email protected].

·Revolta 5.73 - é o rap de Campinas ganhando letras inteligentes e criativas. Em breve deverão estar com o Cd “Retrato do Brasil” circulando por aí. Destaque para a capa. Integrantes: Mário, Magrelo e Ronaldo. Contato: [email protected].

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bateria sem tonton, dois violões elétricos tocados como Morrestes com a pomba no balaio?se fossem guitarras, um vocalista cabelinho strokes

Flávio de Castro sussurrando “as mais belas canções inglesas de todos os tempos”, pena que durou pouco, eu cheguei muito

Era uma vez eu, um paulista branquelo cheio de tarde. Love Three Beatles, na beira da lagoa, só faltava bronzeador fator 16, que não entendia nada do que os meu amor e meu maço de Camel, pois ali só se vendia nativos daquele paraíso onde eu estava falavam. um certo cigarro importado chamado Karaline.Aconselhado por amigos maconheiros e surfistas que Então eu tentei pedir para alguém tocar a fita foram fazer Geografia na UFSC, decidi largar aquela da minha banda, eu implorava para tocar naquele bar, vida saudável do Campeche e procurar um pouco de mesmo que fosse para ninguém. Dei azar, pois microfonias, passeando em volta da Lagoa da entreguei minha fita ao sensível e cool barman Morrisey, Conceição, parando diante do Underground Rock Bar, com seus dedos finos e rins intactos, que não tinha sabes? Foi o que repentinamente encontrei um show de tempo para turistas alcoolizados. Infelizmente esse tipo rock. Yeah, yeah! Lá vou eu, todo empolgado, comprar de barman existe em todos os bares de rock do brasil, “dez reais de cerveja, por favor” e se equilibrar numa um deles até montou uma gravadora no Rio de Janeiro, banqueta para ouvir o Love Three Beatles, num para onde eu jamais devo mandar a minha fita demo. verdadeiro rock bar, com hairclip girls e tudo mais. Penso que esses caras se masturbam olhando a capa Imagine só, um bar todo de madeira onde “a brisa do do The Queen is Dead e se imaginam uma... deixa pra mar passa pelas frestas e rodopia no palco”. Era uma lá! Mas tudo bem, havia o dono do bar, com seus espécie de sonho, de filme, de êxtase. Mais tarde, cabelos espetados e cara de roqueiro de Ribeirão Preto, Diógenes, guitarrista dos Pistoleiros, conseguiu me uma cidade de Sp famosa pelos punks e pelo rock explicar que aquilo na verdade era uma lagoa e havia velha guarda, tipo Damned. O cara era gente boa, mas um ventilador no teto... estava ocupado arrumando o som para a próxima

O chão era preto e perfeitamente imundo, as banda e “em março haverá um festival, mande o garotas tinham belíssimas caras de tédio e a radiação material” e aquela coisa toda. Sem problemas, tudo sonora era intensa.Um verdadeiro bar de rock. Eu me bem mesmo, então dá mais uma cerveja pois o sentia em casa, completamente adaptado ao mundo barman não gosta de pessoas bêbadas e barulhentas, novo, ouvindo um cover de Help numa ilha, erguendo o eu gostei muito do seu bar. Foi aí que uns caras fundo do meu copo de plástico para o céu. A primeira começaram a tocar Neil Young, isso mesmo NEIL+ banda que ouvi era quase um sonho beat tropical YOUNG, e eles estavam bem, muito bem, cavalgando

as cordas, o baterista anos 80 Após o show eu precisava de Joaquina tem muito surfista e eu salpicando os tontons e pratos, o uma corda para continuar preso ao gosto muito de cigarrinho de surfista, baixista canhoto sem as cordas balcão. As garotas eram lindas, e mas reggae faz mal para as invertidas, dois caras cantando ao ficavam todas num lugar inatingível, articulações). Depois de conversar mesmo tempo. Pois é, eu não mas passavam diante de mim em com uma menina ariana-separatista-contava com os pistoleiros, apesar procissão de banheiro, de onde da-ilha, achei que era melhor partir, do nome me sugerir um rock gaúcho voltavam cada vez mais felizes, para não estragar a bela impreesão engraçadinho, puro preconceito falantes e bonitas. Como se fosse da paisagem...Underground Rock meu, que se dissipou Godzilla em uma cidade de Bar, uma miragem nessa tarde de completamente quando percebi papelão eu fui conversar com o neblina, enquanto escrevo esse texto que um dos guitarristas usava uma guitarrista Diógenes, de quem adquiri ouvindo o cd dos Pistoleiros, camisa do Thee Butchers Orchestra, um disco dos pistoleiros. Falamos misturados com as sirenes e motores os “roqueiros mais bichas” de SP. Eu sobre baixistas de saias e botas, da cidade mais violenta do Brasil. Em me acabei, balancei o pescoço drinks fulminantes, discos proibidos e julho eu volto, se Deus Iggy Pop feito um desgraçado, o suor viagens nas férias. Um mensageiro quiser, para ver a brisa do mar escorrendo pelo espaço em pingos do rock and roll - além de ter o nome bagunçar os cabelos daquelas que caíam cada vez que meus pés de um filósofo grego, gostar de Jesus meninas bonitas de botas pretas.deixavam o chão.Quando achei que and Mary Chain e conhecer tudo estava perdido, que eu ía Ultrasom, ele bebia uma coisa quebrar a cervical, o guitarrista chamada Malibu não-sei-o-quê. junguiano começou a cantar Pale Valeu Diógenes, sou seu amigo de Blue Eyes e assim lagoa se infância!transformou em mar novamente e Mas como já disse Bukowski, sua brisa cobriu aquela noite. Aquilo a noite foi ficando cada vez mais foi bom, eu posso jurar.E ainda escura e eu já não podia fazer mais tocaram uma composição nada. O dono do bar colocou Joy chamada Ana Carolina, que me fez Division, a cereja do meu martini, pra lembrar do Pullovers e ver estrelinhas minha noite se eternizar. Foi uma de pólvora borrifadas num céu de balada perfeita, como essas ondas açucar. que os surfistas procuram... (Aliás, em