apostila história da capoeira

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historia da capoeira tudo sobre a ca´poeira brasileira

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Histria da Capoeira

"A capoeira como um livro, muitos podem ler,mas...poucos podem entender!!!"

A capoeira nasceu da vontade de libertao de um povo sofrido, mas com muito orgulho de suas origens que, mesmo longe de sua terra natal, conseguiu, a travs dos anos, preservar seus rituais, tradies e existncia cultural.Junto com as necessidades e conhecimentos que adquiriram na nova terra, criaram movimentos de ataque e defesa, junto destreza que j existia dentro de sua existncia. Desta forma, conseguiam aperfeioar seus movimentos, camuflando-os dos senhores de escravos e capatazes at o momento em que se rebelavam.

A Capoeira de origem Brasileira ou Africana? Este um assunto polmico no panorama da capoeiragem. Existem correntes que afirmam ser genuinamente Brasileira, criada em torno de 1600 pelos escravos originrios da Angola. A mistura bem sucedida de luta, dana e rituais diversos deram origem ao que hoje conhecemos como capoeira.

Outros estudiosos defendem a sua origem como sendo na frica; pois, existem danas semelhantes capoeira como a Baula, Camangula, Ngolo (danas da zebras) entre outras. Mas esta simples afirmao no se torna um embasamento completo para se determinar que a capoeira africana. O fato originrio destas questes polmica foi a incinerao de todos os documentos relativos ao perodo da escravido pelo ento ministro das finanas Ruy Barbosa por volta de 1890. A questo da origem da capoeira ao que tudo indica j est resolvida. tida como uma manifestao cultural genuinamente brasileira, apesar de suas razes serem de origem africana. A histria da capoeira se confunde com a prpria origem, independente de onde ela tenha nascido, a capoeira tornou-se uma cultura difundida entre os escravos da poca, to forte que foi capaz de servir com forma de libertao. Os negros precisavam ofuscar aos olhos dos senhores de engenho de que aquilo que praticavam no era propriamente uma luta, e sim uma manifestao de dana e rituais referente a sua cultura. Para tal, uniram aos golpes, msica, ginga, malcia e toda mandinga daquele povo sofredor. A capoeira foi de grande valia na fuga dos negros para os quilombos. Os capatazes e capites-do-mato, na tentativa de captur-los entravam na mata e eram surpreendidos por emboscadas dos negros capoeiristas. Alm de servir com arma nas fugas, a capoeira serviu tambm para tentar proteger os quilombos quando os capites-do-mato descobriam a sua localizao. Com a assinatura da Lei urea pela Princesa Isabel em 1888, os negros tornaram-se livres. Porm, como de conhecimento, isto no aconteceu na prtica; este povo ainda permanecia escravizado atravs da falta de empregos, de oportunidades, de moradia, de mnimas condies de sobrevivncia. Sendo assim, os negros marginalizados passaram a utilizar a capoeira como arma para saquear, roubar e tentar sobreviver a um sistema de discriminao. Os capoeiristas eram vistos como vadios e delinqentes, desta forma, comeou o processo de degradao da imagem da capoeira, sendo por vezes cultuada erroneamente at os dias de hoje. Histrico da Capoeira

Depois da descoberta, a terra ganhou o nome de Brasil. Foram trazidos escravos traficados da frica ao Brasil em navios negreiros, para trabalharem a terra, construir os engenhos, abrir o mato e fazer a produo para o senhor de engenho que o comprasse.

Esses negros at chegarem ao Brasil sofriam muito, e vrios morreram antes mesmo de chegar aqui. Separados de suas famlias, eram colocados junto com escravos de outras maltas (tribos) com costumes diferentes. Eles vinham amuntuados, jogados nos pores dos navios at desembarcarem nos portos brasileiros.

Navio Negreiro

Nos portos eles eram vendidos e assim distribudos por vrias regies do pas. Trabalhavam muito, comiam pouco e muitos se revoltavam. Estes, se conseguissem fugir, iriam para o mato onde sua liberdade o esperava; se no desse certo a fuga seriam massacrados na frente dos outros escravos at a morte. Assim avisando aos outros o que aconteceria se tentassem fugir.

O mato era sua moradia, pois era parecido com o da frica. Essas fugas foram favorecendo cada vez mais a organizao dos negros, que foram formando os quilombos, as cidades dos escravos. Se conseguissem chegar at l seriam guerreiros e estariam com sua liberdade assegurada.

Nesses Quilombos o negro podia cantar, danar e continuar com seus costumes, o que antes no lhe era permitido por seus senhores. Tambm tinham que saber de suas tarefas, pois os caadores de escravos sempre os atacavam, e para eles as armadilhas estavam sempre prontas.

Choza de Quilombo

Assim os negros garantiam sua liberdade por muitos anos, chegando at a estarem em 50.000 escravos fugitivos com um terreno que abrangia trs estados, Sergipe, Pernambuco e Alagoas, isso no seu maior quilombo, o de Palmares, onde o governo realizava as mais temveis investidas.

Muitos anos se passavam e muitas investidas foram feitas at que o governo conseguiu separar o povo, pois garantiu a liberdade para quem fosse ao mar (vale do Cacu). A outra parte do povo, que no seguiu com Ganga Zumba ao vale, no acreditando nas promessas do governo, resistiram com Zumbi at a destruio de Palmares. Sua cultura vive at hoje com os costumes deixados.

A capoeira entra a, a luta que os escravos praticavam para se defender. Nas suas brincadeiras, diverses, alegrias, risadas e nas sua busca pela paz, estavam sempre treinando a capoeira. Com ela conseguiam relembrar do seu passado, de sua terra natal e de sua liberdade.Treinavam para ter os braos, as pernas e todo o corpo a disposio de sua mente, podendo lutar de qualquer esconderijo contra o capito do mato, que de mato conhecia menos que os escravos que l moravam.

Na poca da escravido a prtica da capoeira foi perseguida a ferro e fogo. Porm, depois de passado este perodo, a capoeira ainda continuou a ser alvo de poderosos que tentavam dar-lhe um fim, impondo leis sua prtica. O cdigo penal de 1890, criado durante o governo do Marechal Deodoro da Fonseca, fazia proibio prtica da capoeira em todo o territrio nacional e, reforado por decretos que impunham penas severas aos capoeiristas, este cdigo s fez aumentar o dio s perseguies dos chefes de polcia que tentavam a todo custo fazer valer a lei contra os capoeiristas. O motivo de tanta perseguio era o que a capoeira trs em toda a sua essncia, a liberdade.

Mesmo passando por todas estas provaes, a capoeira resistiu e se firmou at os dias atuais. De luta proibida antigamente, a capoeira passou a ser um esporte, ou melhor, o esporte nacional. Genuinamente brasileira, a capoeira hoje uma potncia que d aos seus praticantes mais fiis um meio de vida e sustento, sem luxo, mas com dignidade e respeito. Hoje, o esporte capoeira praticado no Brasil de norte a sul e, mundo afora, a capoeira j conquistou pases como Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Alemanha, Canad, Sua, Inglaterra, Japo, Portugal, Espanha, Israel, Itlia, Frana, Sucia, Austrlia, dentre outros. Do crime reprimido duras penas ao esporte praticado pelo mundo afora, esta a capoeira, uma herana negra que todo mundo guarda em si como um grande tesouro.

A Descriminalizao da Capoeira

Dos tempos da escravido pra c, muita coisa aconteceu no mundo da capoeira. Foram crises, proibies, perseguies, liberaes, etc. Atualmente, a capoeira reconhecida e praticada mundialmente por um nmero incalculvel de pessoas. Porm, existem pontos a serem discutidos e melhor evidenciados. Dentre eles, muitas coisas que as pessoas falam, mas, que at agora, no disseram realmente nada. A libertao de uma arte Foi em nome da liberdade para a capoeira como um todo que a luta continuou e continua at hoje. Mesmo sob o ferro da represso, grandes nomes de capoeiristas clebres passaram para a histria. Entre estes esto nomes que j se foram como: Mestre Pastinha, Mestre Bimba, Mestre Gigante, Manduca da Praia, Mestre Leopoldina, Pedro Cobra, Nascimento Grande e Besouro Mangang. Sem usar armas, a capoeira bateu-se esse tempo todo contra a injustia que perseguia seus praticantes. Hoje a capoeira arte, arte livre e pura que trs em seu ntimo a luta de um povo pela prpria liberdade de viver.

A Vitria de uma Cultura

No Brasil a capoeira cresceu num contexto de conflito no Recncavo Baiano, nas fazendas do Rio de Janeiro e nas serras de Pernambuco. Atravs da saga dos quilombos foram aprimoradas tcnicas de combate, dissimuladas nas senzalas, onde, diante dos olhos do feitor, era praticada a luta em forma de dana. No dia 31 de outubro de 1821, o intendente geral da polcia da corte recebia do prncipe regente, instrues para por fim s desordens provocadas pelos capoeiras. Cabe destacar que, alm de muitos elementos oriundos de classes mais pobres, muitos rapazes da alta roda da burguesia cultivavam com entusiasmo a prtica da capoeira que j estava criando razes na sociedade carioca. Em 1890, com o advento da repblica, teve incio uma ferrenha campanha contra a prtica da capoeira, levando muitos jovens da sociedade a se transformarem em marginais, j que a capoeira era tida como crime. Devido a tanta proibio foram criados cdigos e estratgias de comunicao atravs dos toques de berimbau, como o de Cavalaria (avisando a presena da polcia), ou atravs do toque Amazonas ou de So Bento Grande que dava aviso de rea livre. Toda esta perseguio era na verdade preconceito, racismo e luta de classes, misturados com medo e ignorncia por parte daqueles que se sentiam ameaados com o fortalecimento da cultura afro-brasileira. No entanto, em 1937, o ento presidente Getlio Vargas, revogou a lei Sampaio Ferraz, liberando a capoeiragem. Isto depois de assistir a uma apresentao de Mestre Bimba e de seus alunos. Esta apresentao deixou Getlio Vargas muito impressionado com a beleza da arte da capoeira, dando licena a Mestre Bimba para registrar sua escola, tornando-se o primeiro a sistematizar o ensino da capoeira no Brasil. Mestre Bimba introduziu inovaes no jogo, golpes e contra-golpes, o atabaque, o berimbau, o agog, o reco-reco, destituindo do jogo rituais como a ladainha, por exemplo. Era a capoeira Regional. O estilo Angola resiste e permanece at hoje como a expresso primeira da capoeira. Comparaes parte, o que importa mesmo a vitria desta cultura to rica e to importante que parte maior da atual cultura brasileira.

Mestre Bimba y el presidente brasileiro

Quilombo de Palmares A partir das lutas com os holandeses, o destino do grande quilombo de Palmares aparece ligado famlia da princesa Aqualtune, que foi trazida ao Brasil como escrava, fugiu do cativeiro e foi nomeada a primeira lder de Palmares. Dois de seus filhos, Ganga Zumba e Gana Zona tornaram-se chefes dos mocambos mais importantes do quilombo. O mais provvel que tenham recebido estas chefias de herana. Como em algumas tribos africanas a sucesso no se fazia de pai para filho e sim de tio para sobrinho, Ganga Zumba e Gana Zona devem ter substitudo algum irmo de Aqualtune, do qual at hoje nenhum registro foi encontrado. Mas Aqualtune tambm tivera filhas e uma delas, a mais velha, que se chamava Sabina, deu-lhe um neto, nascido quando Palmares se preparava para mais um ataque holands, previamente descoberto. Por isso, os negros cantaram e rezaram muito aos deuses, pedindo que o Sobrinho de Ganga Zumba, e, portanto, seu herdeiro, crescesse forte. E para sensibilizar o deus da guerra, deram-lhe o nome ZUMBI. A criana cresceu livre e passou sua infncia ao lado de seu irmo mais novo chamado Andalaquituche, em pescarias, caadas, brincadeiras, ao longo dos caminhos camuflados, que ligavam os mocambos entre si. Garoto ainda, Zumbi conhecia Palmares inteiro. Suas rvores, seus rios, suas plantaes e aldeias. Os anos corriam tranqilos para Zumbi, que da escravido s conhecia as histrias terrveis, que os mais velhos estavam sempre a contar, lembrando da escurido das senzalas, a umidade e a morte nos navios negreiros. Passam-se os anos e Palmares torna-se cada vez mais uma potncia. Na dcada que se inicia em 1670, Palmares vive seu apogeu. Mais de 50.000 habitantes livres, distribudos em vrios mocambos. Zumbi e Andalaquituche, j homens feitos, chefiavam suas prprias aldeias. Nesse tempo, o crescimento do quilombo e as novas necessidades de defesa haviam transformado Palmares numa federao. Ganga Zumba, que governava a maior das aldeias Cerca dos Macacos presidia o conselho de chefes dos mocambos e passou a ser considerado rei de Palmares. Sempre muito perseguidos, os negros que conseguiam chegar a Palmares e eram considerados livres, logo se transformavam em guerreiros, pois foram muitos anos de lutas sangrentas em defesa do quilombo. Tantas foram estas lutas, que doze anos mais tarde o velho Ganga Zumba via seu reinado ameaado por uma espcie de fora que Zumbi tinha e exercia sobre os guerreiros que seguiam muito mais as suas ordens do que as do rei Ganga Zumba. Certo dia Ganga Zumba divide a opinio dos palmarianos, pois queria partir com seu povo para o vale do Cacu, o que era parte de um acordo de paz com os portugueses. Ganga Zumba sai de Palmares com um grupo muito grande de guerreiros, mulheres e crianas e se refugia no Vale do Cacu, logo abaixo da Serra da Barriga, onde procura fundar um novo quilombo. Mas, os guerreiros que o acompanhavam comearam a se desentender com as ordens quase suicidas do velho Ganga Zumba. Ao ver que agiu errado se deslocando de Palmares, Ganga Zumba suicida-se tomando vinho envenenado. Com a morte de Ganga Zumba, os guerreiros voltaram para Palmares e se uniram a Zumbi. Foi quando se deu a batalha mais cruel de toda a existncia do quilombo, fazendo com que fosse desfeita toda a soberania de Palmares.

Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695, vtima da traio de um de seus homens de confiana. Aps a queda de Palmares e a morte de Dandara, a esposa de Zumbi, e de todos os seus trs filhos, Zumbi se refugiou na mata, numa pequena caverna beira de um riacho. Muito ferido da guerra e j sem muitas foras, tinha consigo apenas a ajuda de uma criana abenoada chamada Lualua, quando o seu traidor levou um dos homens do exrcito de Domingos Jorge Velho at o esconderijo de Zumbi. Este homem era Andr Furtado de Mendona e levou Zumbi at Domingos Jorge Velho que o matou a sangue frio com dois tiros queima roupa. Era o fim. A cabea de Zumbi foi cortada e levada para a vila do Recife como prova do fim de Palmares e da rebeldia dos negros, que a todo momento eram ameaados por feitores que diziam fazer com eles o mesmo que foi feito com Zumbi. Hoje, Zumbi o smbolo mximo da liberdade para os negros do Brasil. Seu nome o mais puro significado do que se diz ser livre e lutar pela prpria liberdade.

Zumbi

QUEM NASCEU PARA SER GUERREIRONO ACEITA O CATIVEIROLUTA PARA SER LIVRECOM A FORA DE UM EXRCITO INTEIRO

O JOGO DA CAPOEIRA

O jogo foi criado aqui mesmo no Brasil pelos escravos do grupo Bant-Angolensses e Gongolensses e ndios nativos. Desenvolveu-se como luta de revide, como resposta aos desmandos, ameaas e surras do feitor. Apenas a fora e a capacidade fsica, braos e pernas, mo e p, a cabea, o cotovelo, os joelhos e os ombros eram suas armas. Segundo o professor Gerhard Kubik, da universidade de Viena, ustria, antroplogo e especialista em assuntos africanos, no encontrou qualquer manifestao semelhante Capoeira, que entre ns se faz acompanhado com o berimbau, chegando a considerar a expresso Capoeira Angola uma criao brasileira, sem qualquer conotao com a frica. O nome Capoeira de origem Tupi, que significa mato ralo de pequenos arbustos: lugar preferido dos negros, para o jogo.A Roda de Capoeira

O berimbau d ritmo ao jogo, e cada um de seus toques tem uma finalidade. Existem muitos toques, e um bom instrumentista sabe em mdia vinte toques. Existem toques solenes, sem compromisso e para armas brancas. Os toques obedecem um ritmo de trs ou quatro pancadas, com algumas excees como o toque de Iuna, que continuo. Alem do berimbau, tambm fazem parte da bateria o pandeiro, o atabaque, o agog e o reco-reco. A roda de capoeira uma figura geomtrica fundamental, havendo nela, muito alm de um significado esotrico apenas, um sentido pratico e funcional ou seja, alm do fato de ser a roda um smbolo mstico em si, existem aspectos eminentemente racionais no seu uso. Tanto na capoeira quanto em muitos outros rituais, o formato circular utilizado, particularmente devido ao seu equilbrio, deixando claro que, muitas vezes o sentido profundo est na simplicidade e nos fundamentos das formas.

A roda , antes de qualquer outro aspecto mais profundo, uma maneira de harmonizar e equilibrar as formas e as energias presentes na capoeira, todos os presentes tem a mesma importncia funcional (quer dizer no existe nenhum ponto na roda que seja privilegiado em termos de viso, de participao, por exemplo), alm disso a disposio das pessoas na roda do uma importante contribuio harmnica, a voz de todos tem uma participao igual, em termo de oportunidade, ficando claro que as diferenas so promovidas pelo volume ou timbre das vozes. Mas todos tem igual oportunidade de jogar sua voz na roda e com isso influenciar na energia que esteja no ar. Todos portanto, so igualmente importantes na roda de capoeira.

Roda antigua Capoeira Angola A Capoeira Me. Tenta compreender e expressar o respeito pela sua eficincia e identificar suas peculiaridades e distines. preciso que seja esclarecido, o que j sabido pr muitos, mas ignorado por outros tantos, que o jogo lento e baixo no jogo de Angola. A Angola poderia ser definida como um estado de espirito distinto, onde o jogo implcito, ao contrario da regional, onde ele se mostra explcito. Onde se joga mostrando uma parte e escondendo outra. E, da mesma forma que a verdadeira Capoeira Regional, se busca o respeito pelos rituais da capoeira. Por isso a capoeira Angola verdadeira uma manifestao essencial e sempre autntica. Voltando ao jogo em si, os angoleiros (ressalva: os verdadeiros angoleiros, fiis aos princpios das escolas de Angola tradicionais) nunca comeam a jogar enquanto algum estiver cantando uma ladainha, e se estiverem jogando e algum comear a cantar uma, imediatamente retornam ao p do berimbau e s saem quando a ladainha acabar. O princpio dessa atitude muito simples: a ladainha uma mensagem, muitas vezes para quem vai jogar, um pedido de proteo, um desafio, por isso sagrado o dever do jogador escuta-l antes do jogo. A angola tambm no tem pressa, e os angoleiros deixam o jogo fluir, evoluir, sem qualquer tenso com o tempo. Outro equivoco muito comum que se comete o de que Angola deve ser feita no nvel de movimentao baixa, prximo ao cho, que seja sempre jogo baixo. O fato de jogar alto ou baixo uma consequncia do andamento do jogo e no regra, onde alto seja Regional e baixo seja Angola. Como a durao do jogo de Angola maior e ela conta com toques de ritmos mais lentos como o So Bento Pequeno e o prprio toque de Angola o jogo acaba durando mais e, com isso, fica maior a chance de se evoluir no jogo, seja jogando alto, ou jogando baixo. Seu maior cultivador foi Vicente Ferreira Pastinha Mestre Pastinha (1989). 1981).

Capoeira Regional

O jogo Regional, se caracteriza por ser jogado sob os toques da Capoeira Regional: So Bento Grande, Benguela, Ina, segundo os princpios desenvolvidos pelo seu criador, Manoel dos Reis Machado Mestre Bimba(1900 1974). No basta ser rpido qualquer toque para que se transforme em regional o jogo. Tem regra, tem jogo especfico para os toques especficos, tem fundamentos prprios. Jogo Regional pode ser de fora, como tambm pode ser de dentro. Pode ser alto ou baixo. Mas tem que ser marcado, sincronizado no toque do berimbau nico que segura a roda e d ritmo ao jogo. No tem que disparar apressado que no possa mais cantar. Pode ser manhoso tambm. Regional tem fora, garra, ritmo e muita cincia tambm Ganga Zumba

Ganga Zumba foi o primeiro lder do Quilombo dos Palmares, ou Janga Angolana, no atual estado de Alagoas, Brasil. Zumba era um escravo que escapou do cativeiro nos canaviais e assumiu uma posio como herdeiro do reino de Palmares e o ttulo de Ganga Zumba. Apesar de alguns documentos portugueses lhe darem este nome e o traduzirem como Grande Senhor, ele provavelmente no est correto. Entretanto, uma carta endereada a ele pelo governador de Pernambuco em 1678, que se encontra hoje nos Arquivos da Universidade de Coimbra, chama-o de Ganazumba, que a melhor traduo de Grande Lorde (em Kimbundu), e portanto o seu nome correto.

Os quilombos ou mocambos eram refgios de escravos foragidos, principalmente de origem angolana (Angola), que se refugiavam no interior do Brasil, principalmente na regio montanhosa de Pernambuco. medida que seu nmero foi crescendo, eles formaram assentamentos chamados de mocambos. Gradualmente diversos mocambos se juntaram no chamado Quilombo dos Palmares, ou Janga Angolana, sobre o comando do Rei Ganga Zumba ou Ganazumba, que talvez tenha sido eleito pelos lideres dos mocambos que formavam Palmares. Ganga Zumba, que governava a maior das vilas, Cerro dos Macacos, presidia o conselho de chefes dos mocambos e era considerado o Rei de Palmares. Os outros 9 assentamentos eram comandados por irmos, filhos ou sobrinhos de Gunga Zumba. Zumbi dos Palmares era chefe de uma das comunidades e seu irmo Andalaquituche comandava outra.

Por volta dos anos de 1670 Ganga Zumba tinha um palcio, trs esposas, guardas, ministros e sditos devotos no castelo real chamado Macaco em homenagem ao animal que havia sido morto no local. O complexo do castelo era formado por 1.500 casas que abrigavam sua famlia, guardas e oficiais que faziam parte de nobreza. Ele recebia o respeito de um Monarca e as honras de um Lorde.

Em 1678, Ganga Zumba aceitou um tratado de paz oferecido pelo Governador Portugus de Pernambuco, o qual requeria que os habitantes de Palmares se mudassem para o Vale do Cucau. O tratado foi desafiado por Zumbi, um dos sobrinhos de Ganga Zumba, que se revoltou contra ele. Na confuso que se seguiu Ganga Zumba foi envenenado, muito provavelmente por um dos seus, por fazer um tratado com os portugueses. Os que se mudaram para o Vale do Cucau foram reescravizados pelos Portugueses. A resistncia aos Portugueses continuou com Zumbi.

Film Ganga Zumba de Cac Diegues

Zumbi

A capoeira uma expresso cultural afro-brasileira que ritualiza movimentos de artes marciais, jogos, dana e msica. A origem cultural do que se tranformaria capoeira foi trazida de Angola para o Brasil depois do sculo 16 em regies da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e So Paulo. Participantes da capoeira formam uma roda e revezavam tocando instrumentos musicais como o berimbau, cantando e fazendo a luta ritual em pares no centro do crculo. A capoeira marcada por acrobacias e uso extensivo de rasteiras e chutes. A origem e histria da capoeira assunto de debate, com argumentos de que ela se originou de dana com movimentos improvisados de luta, at os que acham que ela uma forma de luta para batalhas descendente de tcnicas africanas ancestrais. A origem e histria mais antiga da capoeira no clara. A capoeira uma combinao de artes marciais africanas e brasileiras, porm opinies esto genericamente dividas entre aqueles que acreditam que sua origem est nos estilos de luta africanos e os que acham que ela uma forma dana brasileira nica, resultado de vrias influncias africanas e brasileiras.

PUBLICIDADE Alguns estudiosos da histria da capoeira acreditam que ela foi criada e desenvolvida por escravos vindos da frica como forma de praticar artes marciais de maneira dissimulada, parecendo ser um jogo ou dana. Um vez que os donos dos escravos coibiam toda a forma de arte marcial, a capoeira a disfarava como uma dana. Outros acreditam que a capoeira era praticada e usada contra os ataques portugueses ao quilombo de Palmares.

No existe histria escrita para dar suporte idia de que a origem da capoeira era de uma luta para batalhas, e muitos acham que foi uma forma de dana desenvolvida por escravos a partir de danas e rituais africanos. Ainda que no existam muitas evidncias histricas da real origem da capoeira, o trabalho etnogrfico do artista Johann Moritz Rugenda de 1835 "Voyage Pittoresque dans le Brsil" descreve a capoeira como "dana da guerra", o que d credibilidade teoria de que ela se originou da dana e no de uma forma de luta. Por algum tempo a capoeira foi proibida no Brasil. Em 1890 o presidente Deodoro da Fonseca assinou uma lei que proibia a prtica da capoeira com severas punies a quem fosse pego. Apesar do banimento da capoeira, Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado) criou um novo etilo chamado "Capoeira Regional", diferente da tradicional "Capoeira Angola" do Mestre Pastinha. Em 1930 as autoridades foram convencidas do valor cultura da capoeira e terminou a sua proibio. Mestre Bimba criou a primeira escola de capoeira em 1932, a Academia-escola de Capoeira Regional, na cidade de Salvador, e considerado o pai da capoeira moderna.Razes africanas A histria da capoeira comea no sculo XVI, na poca em que o Brasil era colnia de Portugal. A mo-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de acar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da regio de Angola, tambm colnia portuguesa. Os angolanos, na frica, faziam muitas danas ao som de msicas.

No Brasil

Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteo contra a violncia e represso dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de prticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capites-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta. Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danas africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarada de dana. Foi um instrumento importante da resistncia cultural e fsica dos escravos brasileiros.

A prtica da capoeira ocorria em terreiros prximos s senzalas (galpes que serviam de dormitrio para os escravos) e tinha como funes principais manuteno da cultura, o alvio do estresse do trabalho e a manuteno da sade fsica. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na poca de capoeira ou capoeiro. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.

At o ano de 1930, a prtica da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prtica violenta e subversiva. A polcia recebia orientaes para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o ento presidente Getlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro. Trs estilos da capoeira A capoeira possui trs estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na poca da escravido, a capoeira angola. As principais caractersticas deste estilo so: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (prximos ao solo) e muita malcia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malcia da capoeira angola com o jogo rpido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes so rpidos e secos, sendo que as acrobacias no so utilizadas. J o terceiro tipo de capoeira o contemporneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este ltimo estilo de capoeira o mais praticado na atualidade. - Em 26 de novembro de 2014, a UNESCO (Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia e Cultura), declarou a roda de capoeira como sendo um patrimnio imaterial da humanidade. De acordo com a organizao, a capoeira representa a luta e resistncia dos negros brasileiros contra a escravido durante os perodos colonial e imperial de nossa histria. - comemorado em 3 de agosto o Dia do Capoeirista.

Surgimento

O surgimento da Capoeira no Brasil foi devido as condies em que os escravos eram obrigados a viver , condies que muitas vezes os levavam a morte.A cultura africana sofre modificaes face nova realidade e toda a revolta de um povo vai se moldando a ansia de liberdade , surge ento a capoeira uma luta em forma de dana que tornou realidade um sonho chamado de liberdade. . A Luta

A Capoeira uma luta de defesa e ataque em que os praticantes usam os ps e a cabea sendo as mos de menor uso mas nunca de menor importncia tanto para o ataque como na defesa . Os europeus acostumados a lutar com as mos no tinham a menor chance contra os negros e perdiam fcil . Os senhores de engenhos proibiram ento a prtica dessa luta entre os escravos , sofrendo presso da Polcia Imperial e Milcia Republicana, Os negros porm acharam uma soluo: disfaaram a Capoeira colocando mimicas e danas acompanhadas de msicas . Quando o feitor passava pelos negros "Brincando de Angola" batia palmas , apreciava , achava bonito sem saber que ales estavam praticando a j proibida capoeira . Assim disfarada em divertimento a capoeira sobreviveu at os dias de hoje.

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Na Verdade oque a Capoeira???

J dizia o Mestre Pastinha, "Capoeira Angola , antes de tudo, luta e luta violenta." importante que esse aspecto seja ressaltado, j que o consenso atual entre os leigos e as pessoas que a praticam de forma equivocada, considerar a Capoeira uma forma de dana ou simplesmente folclore para turista ver. claro que entre os praticantes srios, em seus treinos, os golpes so apenas simulados e a Capoeira torna-se um exerccio fsico e mental. violncia dos seus golpes, no entanto, no deixa espao para meio termo; ou joga-se Capoeira 'para valer', com as suas srias consequncias ou apenas simula-se um jogo. A possibilidade de enquadr-la em regras esportivas inexistente; quem assim o faz no conhece de fato a Capoeira.

O Jogo

"Capoeira um dilogo de corpos, eu veno quando o meu parceiro no tem mais respostas para as minhas perguntas" - Mestre Moraes. O jogo da Capoeira na forma amistosa, ou seja, na roda verdadeiramente um dilogo de corpos. Dois capoeiristas partem do "p" do Berimbau e iniciam um lento bal de perguntas e respostas corporais, at que um terceiro 'compre o jogo' e assim desenvolve-se sucessivamente at que todos entrem na roda.

. A Malcia

Elemento bsico da Capoeira Angola, a malcia a torna ainda mais perigosa. Essa malandragem que faz que vai e no vai, retira-se e volta rapidamente; essa ginga de corpo que engana o adversrio, faz o diferencial da Capoeira em relao s outras artes marciais. Essa uma caracterstica que no se aprende apenas treinando.

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Os Golpes

A Capoeira (de Angola) tem um nmero relativamente pequeno de golpes que podem, no entanto, atingir uma harmoniosa complexidade atravs de suas variaes. Assim como a msica tem apenas sete notas. Os seus principais golpes so: Cabeada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mo.

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A Msica

A Capoeira a nica modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente s suas origens entre os escravos, que dessa forma disfaravam a prtica da luta numa espcie de dana, enganando os senhores de engenho e os capites-do-mato. No incio esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonncia uma cabaa cortada. O som obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se o som da cabaa e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior. O Berimbau, um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para atrair fregueses, tornou-se instrumento smbolo da Capoeira, conduzindo o jogo com o seu t imbre peculiar. Os ritmos so em compasso binrio e os andamentos - lento, moderado e rpido so indicados pelos toques do Berimbau. Numa roda de angoleiros o conjunto rtmico completo composto por: trs berimbaus (um grave - Gunga; um mdio e um agudo - Viola); dois pandeiros; um reco-reco; um agog e um atabaque. A parte musical tem ainda msicas que so cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom Capoeirista tem obrigao de saber tocar e cantar os temas da Capoeira.

Capoeira A prpria palavra j denuncia seu nascimento no campo entre grandes movimentos de plantao de cana de acar. As clareiras abertas na mata serviram de canal para a fuga dos negros em busca de liberdade e melhor condio de vida nos quilombos. Mas h quem diga que a capoeira prpria da cidade, onde aquela brincadeira quase inocente das fazendas teria evoludo para a arte marcial. "Sem dvida, ela nasceu no meio rural com a luta pela liberdade porem a malicia (mandinga capoeiristica) urbana", afirma o pesquisador baiano Waldeloir Rego, autor de um clssico sobre o assunto, ensaio scio-etnogrfico respeito do jogo de angola. S no podemos afirmar se a capoeira teve inicio em Salvador ou no Rio de Janeiro ou, provavelmente, se fez ao mesmo tempo nas duas cidades, e ainda em Recife.

Escravos negros Os escravos negros comearam a ser desembarcado no Brasil por volta de 1548 e, nos trs sculos seguintes, seriam predominantes do tronco lingstico banto, do qual faz parte a lngua Quimbundo. Esse grupo englobava angolas, benguelas, Moambique, canbindas e congos:"Eram povos de pequenos reinos e com um razovel domnio de tcnicas agrcolas e cuja grande caracterstica era possuir uma viso muito plstica e imaginosa da vida, com grande capacidade de adaptao cultural", (explica o antroplogo Oderp Serra). No Brasil, esses grupos tnicos, antes rivais, se uniram pela escravido formando uma cultura africana no Brasil a qual plantou bases e tradies muito fortes na cultura brasileira, na dana, msica e tcnicas de movimentos do corpo "No existe na historiografia recente do Brasil, nenhum dado que possa afirmar que a capoeira proveniente da frica". Com certeza ela foi desenvolvida por escravos no Brasil, portanto, a capoeira legtima e genuinamente brasileira, no podemos afirmar com certeza, se a capoeira teve seu inicio no passado em Salvador, Rio de Janeiro ou Recife, provavelmente, se fez ao mesmo tempo nestas cidades, sabe-se que a capoeira realmente surgiu como "instrumentos de libertao contra um sistema dominante predominante opressor".

O homem negro na condio de escravo era tratado como pea desse sistema dominante, os meninos negros como moleques e as mulheres escravas com filhos como fmeas com suas crias. Os registros que determinam datas para seu surgimento utilizam datas que variam entre 1578 e 1632. Dessa forma, o surgimento da capoeira se funde com a histria da resistncia dos negros no Brasil. Eis porque as maiorias dos autores que escrevem sobre a questo associam o aparecimento da capoeira ao surgimento dos primeiros quilombos; alguns chegam a se referir especificamente ao Quilombo de Palmares (que foi o que reuniu um nmero maior de pessoas, cerca de 25 a 50 mil, e foi destrudo em 1694) como sendo o bero da capoeira. No sculo passado, as principais cidades porturias brasileiras, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, eram uns aglomerados de gente. Era comum a figura do escravo de ganho, aquele que tinha permisso de vender ou prestar servios na rua e em troca dar uma porcentagem do dinheiro que obtivesse ao seu senhor. Sem outra coisa a oferecer seno a fora fsica para carregar mveis, mercadorias e dejetos, muitos fazia ponto perto do porto. No demorou para que esses grupos se organizassem sob a chefia de algum valente chamado de "capito" que era exmio em capoeira.

Naquela poca, a capoeira reunia no s ex-escravos e seus filhos, mas tambm figuras importantes da sociedade. Aos poucos a capoeira foi se envolvendo com a vida poltica e chegou a ser amplamente utilizada como arma na luta entre as faces que se enfrentavam nos tempos do imprio e nos primrdios da repblica, sobretudo nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e So Paulo. Os capoeiras eram contratados para interferir em comcios, tumultuar eleies e fazer a segurana de figures da poltica.

Em 1864 na Bahia, grupos de capoeiras foram desorganizados por causa da convocao para a guerra do Paraguai, que tiveram uma participao ativa lutando contra os mercenrios (soldados estrangeiros contratados para guerra), que se rebelaram e foram rechaados pelos capoeiras. E aps a abolio de 1888, como sabemos, o fim do regime escravocrata no significou a aceitao imediata da comunidade negra na vida social. Ao contrrio, vrios aspectos da cultura afro-brasileira sofreram violenta represso, como a capoeira no Rio de Janeiro em todo o Brasil e principalmente no nordeste. Talvez o caso da capoeira seja o mais evidente: essa forma de rebeldia, que j havia sido utilizada como arma de luta em inmeras fugas durante a escravido, tornou-se um smbolo da resistncia do negro dominao. Assim, o Governo Republicano, instaurado em 1889, deu continuidade a essa poltica e associou diretamente a capoeira criminalidade, como consta do decreto 847 de 11 de outubro de 1890, com o ttulo "Dos Vadios e Capoeiras":ARTIGO 402 - Fazer nas ruas ou praas pblicas exerccios de destreza corporal conhecidos pela denominao de capoeiragem: pena de dois a seis meses de recluso.PARGRAFO NICO - considerada circunstancia agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos chefes, ou cabeas, impor-se- a pena em dobro. Na capital paulista, maro de 1892, alguns "morcegos" (praas de uma polcia fardada da poca ) maltrataram soldados do exrcito recentemente recrutados. Doendo-se pelos companheiros, soldados capoeiras promoveram violentos distrbios na cidade. Por ocasio da revolta da armada, setembro de 1893, lutaram entre si grupos de praas capoeiras do exrcito e da marinha. Em 1907, surge a primeira tentativa de instituio de uma "ginstica brasileira" com o ttulo "O Guia da Capoeira" cujo autor, um oficial do exrcito que julgou prudente no revelar o nome pelos preconceitos ento existentes - ocultou-se sob as iniciais O.D.C. Em 1908 toda capoeiragem vibrou com a vitria do "Moleque Criaco" sobre o Conde Koma, oficial superior da marinha de guerra do Japo e campeo de jiu-jitsu considerado invencvel. Ciriaco, com um violentssimo rabo-de-arraia na cabea do campeo nipnico, lanou-o por cima de duas fileiras de cadeiras, desacordando e com forte hemorragia nasal. Anos mais tarde, um marinheiro do encouraado So Paulo, ancorado no porto de Nova York, envolveu-se em briga de rua e derrubou, um por um, oito vigorosos policias conseguindo fugir para bordo do seu navio, onde declarou no ter necessitado fazer uso da sardinha ( navalha ) para o golpe decisivo do corta-jaca ( navalha na barriga ). A luta brasileira, portanto, comeou a ser tratada como esporte nacional e surgiram os primeiros estudos sobre sua utilizao como mtodo de defesa pessoal e ginstica. Em 1928, Annibal Burlamaqui pblica "Gymnastica Nacional" (Capoeiragem ) Methodizada e Regrada, e em 1945, Inezil Pena Marinho, especialista em educao Fsica, pblica "Subsdio para o Estudo da Metodologia do Treinamento da Capoeiragem".

Segundo o historiador Carlos Eugnio Lbano Soares, que examinou o registro de prises de escravos do sculo XIX, os anos entre a chegada da famlia real, em 1808, e a abdicao do primeiro imperador, em 1831, foram marcados pelo "terror da capoeira" no Rio de Janeiro. A Bahia no ficava atrs. Salvador era um barril de plvora, os negros fizeram mais de trinta revolues nesse perodo. Antigos capoeiras figuram em fatos memorveis. Mais tambm, diversos atos oficiais procuram acabar com as desordens das lutas de capoeira. Uma portaria de 16 de maro de 1826 do intendente geral de polcia do Rio de Janeiro mandou que fossem presos e imediatamente punidos com 100 aoites os escravos encontrados jogando a capoeira. Capoeiras baianos lutaram pela nossa independncia, na boa terra de todos os santos. No Rio de Janeiro em junho de 1828, capoeiras prestaram grande ajuda para dominar os batalhes de mercenrios alemes e irlandeses que, revoltados, colocaram a populao em pnico. A cmara municipal de So Paulo, atendendo a uma representao do presidente da provncia, Coronel de Milcias Rafael Tobias de Aguiar, aprovou, em 24 de Janeiro de 1833, uma postura mandando que qualquer pessoa que praticasse a capoeira em lugar pblico, sendo livre seria presa por trs dias e pagaria multa de um a trs mil ris, sendo cativa seria presa por vinte e quatro horas com a pena de 25 a 50 aoites. O quadro de Johan Moritz Rugendas intitulado "jogar capoeira ou danse de la guerre", de 1835, considerado o primeiro registro preciso sobre a capoeira. Neste quadro dois negros se situam em posio de luta enquanto um outro, sentado, toca um atabaque que segura com as pernas. Outros negros, homens e mulheres, assistem luta (ou jogo) que se realiza. Em 10 de julho de 1843 faleceu no Rio o Marechal Miguel Nunes Vidigal, capoeira exmio e que apareceu, como o Major Vidigal, no livro "memrias de um sargento de milcias", um dos clssicos da nossa literatura.

Ao longo do sculo dezenove a capoeira torna-se uma ntida expresso da situao vivida pelo negro no Brasil. As mudanas ocorridas na economia e na poltica do imprio vinham gerando um intenso processo de desescravizao. Lembremo-nos de que a Lei Eusbio de Queirs, de 1850, j havia proibido o trfico negreiro para o Brasil. A lgica do sistema econmico mundial e brasileiro impunha a substituio do negro pelo trabalhador imigrante e isso gerava uma inevitvel situao de marginalidade. A capoeira floresceu dessa forma, e so inmeros os relatos de jornais do sculo passado que narram as aventuras dos capoeiras (esse nome, at meados deste sculo, era utilizado para designar o lutador; a luta era denominada capoeiragem).

Verdadeira capoeira Bimba e Pastinha so consideradas os maiores nomes da histria da capoeira em todo mundo. importante ressaltar que a Regional gerou uma grande polmica no ambiente da capoeira, uma vez que muitos entenderam as inovaes de Mestre Bimba como sendo uma descaracterizao das tradies da luta. Iniciou-se, nos anos 30, um debate que dura at hoje sobre o que a "verdadeira capoeira" e que modificaes podem ser introduzidas sem desrespeitar os princpios e tradies da luta. Com Mestre Bimba a capoeira comea a ganhar espao institucional na sociedade.

O mestre teve apoio dos estudantes universitrios de Salvador que contriburam para a sistematizao de suas idias e para a formulao de seu mtodo de ensino. Bimba fundou a primeira academia de capoeira em 1932 ( Centro de Cultura Fsica e Luta Regional da Bahia ), ensinou capoeira em quartis e chegou apresentar uma roda de capoeira para o presidente Getlio Vargas, em 1953.

Na histria dos esforos pelo reconhecimento Na histria dos esforos pelo reconhecimento da Capoeira como esporte ou luta nacional de origem tnico brasileira, h um verdadeiro calendrio.Em 1907, apareceu um trabalho, cujo autor se ocultou sob as iniciais O.D.C. (Ofereo, Dedico e Consagro), intitulado O Guia da Capoeira ou Ginstica Brasileira.Em 1928, Annibal Burlamaqui assina Ginstica Nacional (Capoeiragem) Metodizada e Regrada.Em 1932, fundao do Centro de Cultura Fsica e Capoeira Regional, do Mestre Bimba.Em 1937, registro oficial do Centro de Cultura Fsica e Capoeira Regional.Em 1942, foi feito um inqurito pela Diviso de Educao Fsica do Ministrio da Marinha, consultando sobre os melhores elementos para a instalao de um mtodo de ensino da Capoeira.Em 1945, Inezil Penna Marinho lana o livro Subsdios Para o Estudo da Metodologia do Treinamento da Capoeiragem.Em 1960, Lamartine Pereira da Costa, ento oficial da Marinha, diplomado em Educao Fsica pela E.E.F.E e instrutor chefe dos cursos da Escola de Educao Fsica da Marinha, CEM-RJ, lana um livro que se tornou clssico: Capoeiragem - A Arte da Defesa Pessoal Brasileira.Em 1968, Waldeloir Rego lana o livro Capoeira Angola - Ensaio Scio-Etnogrfico, considerado um dos mais completos sobre Capoeira.Em 01 de janeiro de 1973, entra em vigor o Regulamento Tcnico da Capoeira, oficializando a Capoeira como o ESPORTE NACIONAL BRASILEIRO.Em 27 de outubro de 1973 registrada varias associaes de capoeira no rio de janeiro.Em 14 de julho de 1974 fundada a Federao Paulista de Capoeira (FPC).Em 17 de maio de 1984 fundada a liga de capoeira cordel vermelho em Minas GeraisEm 20 de julho de 1984 fundada a Federao de Capoeira do Estado do Rio de Janeiro (FCERJ).Em 21 de abril de 1989 fundada a Liga Niteroiense de Capoeira (LINC).Em 23 de outubro de 1992 fundada a Confederao Brasileira de Capoeira (CBC).Em 13 de maio de 1995 fundada a Federao de Capoeira Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (FCDRJ).Em 03 de junho de 1995 fundada a Liga Carioca de Capoeira.

Graduao Sistema oficial de graduao, idealizado desde 1972 O sistema oficial de graduao, que j existe desde 1972, foi idealizado pelos grandes mestres do Rio de Janeiro, So Paulo e Bahia. Tem sua fundamentao nas cores da Bandeira Nacional, estabelecida de forma lgica, sendo a primeira cor o verde, depois o amarelo e o azul. A cor branca s entra no nvel de mestre. A relevncia da importncia da fundamentao desta graduao que como a Capoeira um esporte genuinamente nacional, nada mais justo e patritico do que estabelecer as cores nacionais para se graduar. A idia da regulamentao da Capoeira surgiu no II Simpsio Sobre Capoeira, realizado em 1969, em Campo dos Afonsos - RJ, com a presena de pessoas de renome e mestres de Capoeira, principalmente dos estados do Rio de Janeiro, da Bahia e de So Paulo.

A princpio, a proposta do Simpsio era definir e unificar a Capoeira sem que a mesma sofresse qualquer tipo de perda relativa s suas tradies. A partir da, ficou decidido que a Confederao Brasileira de Pugilismo organizaria o projeto atravs de sugestes e trabalhos de pessoas envolvidas com a Capoeira. Finalmente, em 26 de dezembro de 1972, o Regulamento Tcnico da Capoeira foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desportos. O texto do Regulamento Tcnico foi revisto e atualizado pela Assessoria de Capoeira da Confederao Brasileira de Pugilismo atravs de inmeros congressos tcnicos, at chegar a atual edio, que considera os seguintes itens: graduao, vesturio e caracterstica dos cordis de classificao.

Regulamento Tcnico oficial da Capoeira elaborado em 26 de dezembro de 1972 Nvel do alunoAs graduaes do Regulamento Tcnico da Capoeira de 26 de dezembro de 1972 so as seguintes por estgios:

Nvel de aluno1 Estgio - Cordel verde2 Estgio - Cordel verde-amarelo3 Estgio - Cordel amareloNvel do instrutor4 Estgio - Cordel amarelo-azul5 Estgio - Cordel azul (formado)6 Estgio - Cordel verde-amarelo-azul (Contramestre)Nvel de mestreMestre 1 Grau - Cordel branco-verde

Mestre 2 Grau - Cordel branco-amareloMestre 3 Grau - Cordel branco-azulMestre 4 Grau - Cordel branco

Obs os nveis de graduao de mestre foram adotados pelo conselho nacional de desporto da confederao brasileira de pugilismo para melhor organizao dos capoeiristas na poca em que foi elaborado Regulamentos Tcnico oficial da Capoeira, ficando livre a escolha de cada grupo referente graduao de mestre.Nota: A liga Brasileira da capoeira cordel vermelho tem seu sistema de graduao com base nas dez bandeiras arvoradas em solo Brasileiro

Vesturio O vesturio do capoeirista para intervir em qualquer competio oficial, consiste em:a) cala branca, em helanca ou brim ou tecido similar, cuja bainha alcance o tornozelo, atada cintura pelo cordel indicativo da classe a que pertence o atleta. proibido o uso de cala de outra cor que no seja branca e bem assim o uso de cintos, bolsos, fivelas etc.;b) o capoeirista vestir camisa branca de malha, tendo estampado no peito o escudo de sua entidade;c) nas competies individuais e por equipes, o atleta deve participar das lutas sem o cordel de classificao.

Caractersticas dos cordis de classificaoO cordel de classificao confeccionado com o fio de seda chamado rabo de rato ou similar.O seu preparo consta de um tranado de nove fios, ou seja, trs grupos de trs fios. Faltando 10cm. Para as extremidades do cordel, sero dadas trs laadas.Como acabamento e amarrao, ser dado um n em cada fio.O cordel ser colocado na cala do capoeirista, transpondo as passadeiras, de maneira que seja dado o n no lado direito da cintura e que fiquem pendentes as duas pontas do cordel.

Os cordis nas cores verde, amarelo, azul e branco sero constitudos por nove fios da mesma cor.Os cordis verde-amarelo, amarelo-azul, branco-verde, branco-amarelo e branco-azul sero confeccionados com seis fios da primeira cor e trs da segunda.O cordel verde-amarelo-azul contar de trs fios de cada cor.

HISTRICO A capoeira surgiu entre os escravos como um grito de liberdade. Os negros da frica, a maioria da regio de Angola, foram trazidos para o Brasil para trabalhar nas lavouras de cana de acar como mo de obra escrava.Segundo Menezes (1976), a vida dos negros trazidos da frica de maneira forada, brutal, consistia em trabalhar de sol a sol para os senhores portugueses que exploravam as riquezas brasileiras desde o descobrimento. Chegando a nova terra, (os escravos) eram repartidos entre os senhores, marcados a ferro em brasa como gado e empilhados na sua nova moradia: as prises infectadas das senzalas. Os colonizadores agrupavam os africanos de diferentes tribos, com hbitos, costumes e at lnguas diferentes, eliminando, assim, o risco de rebelies. Os negros chegavam ao Brasil, depois de passarem dias empilhados em navios negreiros, trazendo como nica bagagem suas tradies culturais e religiosas. O negro trouxe consigo suas danas e lutas guerreiras que de muita valia veio a se tornar para os escravos fugitivos. Na frica, mais precisamente na regio de Angola, os negros lutavam com cabeadas e pontaps nas chamadas "luta das zebras", disputando as meninas das suas tribos com a finalidade de torn-las suas esposas. Na ausncia de armas, os negros buscaram nas danas guerreiras sua forma de defesa. Da necessidade de preservao da vida, surgiu a capoeira. Tendo como mestra a me natureza, notando brigas dos animais as marradas, coices, saltos e botes, utilizando-se das manifestaes culturais trazidas da frica (como, por exemplo, brincadeiras, competies etc. que l praticavam em momentos cerimoniais e ritualsticos), aproveitando-se dos vos livres que aqui se abriam no interior das matas e capoeiras, os negros criam e praticam uma luta de auto defesa para enfrentar o inimigo. Com o passar dos tempos, os nossos colonizadores perceberam o poder fatal da capoeira, proibindo esta e rotulando-a de "arte negra", Santos (1998). Em 1888 foi abolida a escravatura e com isso muitos escravos foram lanados nas cidades sem emprego e a capoeira foi um dos meios utilizados para a sobrevivncia. Alguns ex-escravos passaram a ganhar a vida fazendo pequenas apresentaes em praa pblica, porm muitos deles utilizaram a capoeira para roubar e saquear. Os marginais brancos tambm aprenderam a nova luta com o convvio mais direto com os negros e introduziram na sua prtica as armas brancas. Formaram-se verdadeiros bandos de marginais aterrorizando a populao.J em 1890 a capoeira foi colocada fora da lei pelo Cdigo Penal da Repblica, que dizia:Art. 402 - Fazer nas ruas e praas pblicas exerccios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominao capoeiragem; andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma leso corporal, promovendo tumulto ou desordens, ameaando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal: Pena: De priso celular de dois meses a seis meses. (Barbieri, 1993, p.118).

Segundo Sodr (1983), as punies aplicadas eram recluso na ilha Fernando de Noronha e castigos corporais, tais como chibatadas.

Segundo Areias (1983), os seus chefes foram encarcerados ou exterminados, mas a capoeiragem continuou fazendo o seu trajeto. A capoeira se espalhou pelo Brasil, porm foi nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco onde se encontravam os maiores comentrios entre o povo e a imprensa local. Apesar de reprimida a capoeira continuou a ser praticada e ensinada para as geraes seguintes. Em 1929 ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque com a conseqente crise do capitalismo, o Brasil viveu um momento de ebulio das foras sociais. Com a entrada de Getlio Vargas no governo do pas, medidas foram tomadas para angariar a simpatia popular, entre elas a liberao de uma srie de manifestaes populares. Para tal, Getlio Vargas convidou Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba, para uma apresentao no Palcio do Governo. Temendo a popularizao da arte - luta, Getlio Vargas permitiu a abertura da primeira academia de capoeira, que teria um cunho folclrico. Aps essa passagem, a capoeira perdeu suas caractersticas de luta marginal e vadiagem, visto que para freqentar a academia de mestre Bimba os indivduos eram obrigados a ter carteira de trabalho assinada. Grande parte do que se sabe hoje sobre a capoeira praticada pelos escravos foi transmitido pelas geraes de forma oral, visto que "... a documentao referente poca da escravatura foi queimada por Rui Barbosa, Ministro da Fazenda no governo de Deodoro da Fonseca" (Sete 1997). Enfim, a capoeira ganhou a popularidade estimada por Bimba, e at os dias de hoje vem reunindo adptos pelo pas.

O significado de capoeira Capoeiras eram reas semidesmatadas onde os escravos treinavam seus golpes, e provavelmente veio da o nome da luta. Seus golpes quase acrobticos e com aspecto de dana muito contriburam para enganar os senhores de engenho, que permitiam a prtica, julgando-a como uma brincadeira dos escravos. Segundo Areias (1983), a dana, por sua vez, representada pela ginga, servia para disfarar a luta dando-lhe um carter ldico e inofensivo. A capoeira serviu por muitos anos como instrumento de luta dos escravos.O berimbau e outros instrumentos. As rodas de capoeira so ritmadas pelo toque de instrumentos e pelas palmas dos capoeiristas. O berimbau, que servia para dar rtmo ao jogo, tambm servia para anunciar a chegada de um feitor, ou seja, a hora de transformar a luta em dana. O jogo da Capoeira acompanhado por instrumentos musicais, comandados pela figura mxima do berimbau, o qual d o tom e comanda o ritmo para a execuo das cantigas:Cantos Corridos ou Ladainhas.

Podemos encontrar em uma roda de capoeira, alm do berimbau, pandeiro e atabaque e, menos comumente, o agog e o ganz. Atualmente no se concebe uma roda de capoeira sem o toque caracterstico do berimbau, podendo, no entanto, os demais instrumentos serem dispensados, afirma Menezes (197 p.14-5).

O berimbau dita o ritmo do jogo, ele que comanda o toque a ser executado. A capoeira apresenta diversos toques que so executados de acordo com a ocasio. Dentre eles destacado:

Angola o toque de abertura, lento, onde o mestre da roda, aquele que toca o berimbau, inicia uma ladainha - saudao e os capoeiristas ficam esperando, ao p do berimbau, a indicao para entrar na roda; o jogo de Angola lento e rasteiro, servindo para os capoeiras mostrarem flexibilidade e malcia.

So Bento Pequeno o toque usado em demonstraes, onde os golpes so executados a poucos centmetros do alvo.

So Bento Grande o toque para jogo violento, onde se procura atingir o outro capoeirista, que deve estar muito atento e ter muita agilidade para no ser atingido. Amazonas: toque usado na chegada de um mestre visitante; o hino da Capoeira.

CavalariaEsse toque antes fazia parte da comunicao entre o capoeira que estava de vigia e os que estavam jogando, indicando a chegada da polcia.

Iuna o toque que procura imitar o canto dessa ave; usado para o jogo entre mestres de capoeira, ou ento, no enterro de um deles.

Santa MariaToque fatalista, para jogo com navalha na mo ou no p.

Benguela o mais lento toque de capoeira regional, usado para acalmar os nimos dos jogadores quando o combate aperta.

IdalinaToque para jogo de faca.

BarraventoToque para jogo rpido, que exige grande velocidade de reao.

Cantos Durante a roda so entoadas cantigas que, segundo Areias (1983), se dividem em dois tipos: cantos corridos e ladainhas. A diferena entre o canto corrido e a ladainha est no fato de, na ladainha, sempre contar-se uma histria, geralmente sem a resposta ou interferncia do coro, que participa apenas no momento que o cantador acaba a histria e entre no canto de entrada dizendo "i vamos simbora/ i hora hora" e assim por diante, at chegar na expresso "d volta ao mundo". J no canto corrido, o cantador no tem a preocupao de contar nenhuma histria, as frases so ditas aleatoriamente, falando de assuntos diversos, e a participao do coro imediata e necessria desde o seu incio. Durante a roda, os capoeiristas, que ficam de p formando a roda, acompanham a cantoria com palmas. A nica exceo so as rodas de Angola, onde os capoeiristas ficam sentados e no batem palmas, s comeando a cantar quando acaba a ladainha.

Vrias concepes da capoeira A capoeira pode e deve ser ensinada globalmente, deixando que o educando busque a sua identificao em quaisquer dessas enumeraes que veremos a seguir. Caber ao docente um papel relevante orientando e estimulando para que o discente possa aproveitar ao mximo toda a sua potencialidade. a capoeira pode ser praticada vivida das seguintes maneiras:

Capoeira Luta Representa a sua origem e sobrevivncia atravs dos tempos, na sua forma mais natural, como instrumento de defesa pessoal, genuinamente brasileiro.Dever ser ministrada com o objetivo de combate e defesa.

Capoeira Dana e Arte A Arte se faz presente atravs da msica, ritmo, canto, instrumento, expresso corporal e criatividade de movimentos.

tambm um riqussimo tema para as artes plsticas, literrias e cnicas. Na Dana, as aulas devero ser dirigidas no sentido de aproveitar os movimentos da capoeira, desenvolvendo flexibilidade, agilidade, destreza, equilbrio e coordenao motora, indo em busca da coreografia a da satisfao pessoal. Capoeira Folclore uma expresso popular que faz parte da cultura brasileira, e que deve ser preservada, promovendo a participao dos alunos, tanto na parte prtica, como na terica. Capoeira Esporte Como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo conselho nacional de desportos, ela mesma dever ter um enfoque especial para competio, estabelecendo-se treinamentos fsicos, tcnicos e tticos. Capoeira Educao Apresenta-se como um elemento importantssimo para a formao integral do aluno, desenvolvendo o fsico, o carter, a personalidade e influenciando nas mudanas de comportamento. Proporciona ainda um auto conhecimento e uma anlise crtica das suas potencialidades e limites. Capoeira Lazer Funciona como prtica no formal, atravs das "rodas" espontneas, realizadas nas praas, colgios, universidades, festas de largo e etc, onde h uma troca cultural entre os participantes. Capoeira Filosofia Entre muitos fundamentos, trs uma filosofia de vida que prega o respeito ao prximo e aos mais velhos, estes que por sua vez possuem um grau maior de sabedoria. Muitos so os adptos que se engajam de corpo e alma criando dessa forma uma filosofia de vida, tendo a capoeira como smbolo e at mesmo usando-a para a sua sobrevivncia.

Capoeira Terapia O esporte exerce um papel fundamental no desenvolvimento somtico e funcional de todo indivduo. Para o portador de deficincia, respeitando-se as suas limitaes e capacidades, o esporte tem importncia inquestionvel. A capoeira vem tendo destaque muito grande, no s como esporte, mas, no caso dos portadores de deficincia, ela atua, verdadeiramente, como terapia.

Considerando sempre as etapas mentais, cronolgicas e motoras do indivduo, propicia um desenvolvimento orgnico mais satisfatrio, melhora o tnus muscular, permite maior agilidade, flexibilidade e ampliao dos movimentos. Auxilia o ajuste postural, bem como o esquema corporal, a coordenao dinmica e, ainda, desenvolve a agilidade e fora. Vale ressaltar que a capoeira proporciona a liberao de sentimentos como a agressividade e o medo, levando o ser humano a adquirir uma condio fsica mais satisfatria e um comportamento mais socializado.

A Capoeira hoje Capoeira nas Academias a capoeira, antes treinada livremente pelos escravos, agora treinada dentro das academias. A passagem dos campos de mata aberta para as salas das academias no foi a nica modificao sofrida pela arte. Com a entrada da capoeira nas academias, algumas modificaes ocorreram na capoeira dos escravos do engenho. Alm de lugar fixo para o treinamento, foram implantados tambm horrios para tal. Foi padronizado um uniforme que consiste em cala branca (representando as calas de saco que os negros usavam para a lida) e um cordel que deve ser amarrada no lado direito cintura da cala. Alguns grupos que praticam a capoeira Angola utilizam-se de cala preta.

Os capoeiras, ou capoeiristas, agora se dividem em grupos que carregam um nome que normalmente representa a escravido. Comumente, os capoeiristas representam o grupo, ao qual participam, com o smbolo gravado na cala. Esses grupos ou associaes tem por objetivo expandir a arte da capoeira pelo pas, alguns chegando at a levar a nossa arte para o exterior. A maioria dos grupos de capoeira convivem pacificamente, apesar de cada um interpretar a capoeira de uma maneira diferente (alguns trabalham a capoeira numa viso mais folclrica, outros a entendem mais como luta, uns do maior nfase a parte esportiva, outros valorizam principalmente a educao pela capoeira). Como prova do convvio de amizade entre os grupos, so realizados periodicamente encontros, que se renem com a finalidade de compartilhar conhecimentos.

Graduao e o Batizado Nos tempos modernos, os capoeiras so graduados de acordo com os seus conhecimentos e com o tempo de prtica na capoeira. Cada graduao representada por uma cor no cordel, que amarrado na cala do capoeirista do lado direito. Cada grupo designa um conjunto de cores que ir representar as graduaes. Os indivduos entram para as aulas de capoeira, em seguida, comeam um treinamento. Nesse perodo inicial eles so chamados de "pagos", ou seja, eles no foram ainda batizados. O batizado de capoeira representa o momento em que os indivduos recebem a sua primeira graduao pelo grupo. Nesse dia eles deixam de ser pagos, pois durante esse evento costume entre os grupos dar um apelido ao capoeirista. O apelido uma tradio desde os tempos que a capoeira era considerada uma arte marginal e os capoeiristas eram obrigados a usar codinomes para no serem identificados, mediante isto, serem presos pela polcia. O dia do batizado um dia de grande importncia para os capoeiristas, posto que, nesse dia realiza-se uma festa em que os novos capoeiras so apresentados comunidade capoeiristica, joga com outras pessoas e desfrutam da oportunidade de at conhecerem os mestres mais antigos.

Capoeira x Violncia O jogo de capoeira no possui mais caractersticas violentas, perdeu seu objetivo principal do tempo da escravido, que era a luta pela liberdade. Numa roda de capoeira um jogador no tem como finalidade acertar, ferir, lesionar ou matar o outro jogador. O jogo de capoeira no passa de uma representao, simbolismo esportivo. Na realidade eles, os capoeiristas, so companheiros que querem brincar de capoeira, recrear. Eventualmente acontecem quedas, que so interpretadas como descuido por parte de quem caiu. Importante ressaltar que o jogo, s atribui este valor recreativo dentro das academias, ou seja, em seus prprios grupos. Em se tratando de rodas informais, jogos que acontecem em parques, ruas, praias, a capoeira s vezes, perde o seu atributo de lazer e encarna o seu valor de capoeira - Luta.

Rodas Os capoeiristas se cumprimentam todas as vezes que entram ou saem de uma roda como sinal de respeito pelo companheiro. Fazem uma reverncia tambm ao berimbau, pedindo e agradecendo proteo aos cus. Acontece tambm um outro tipo de encontro de capoeiristas chamado "roda de rua". Essas manifestaes ocorrem livremente em praas, ruas e praias.

As rodas de rua so gerenciadas por qualquer capoeirista, independendo da graduao que ele carrega, e so abertas para qualquer um que queira participar. Normalmente essas rodas so pacficas, mas como elas so abertas para o pblico, alguns capoeiristas acabam querendo resolver suas rixas com outros capoeiristas nessas rodas, a fim de demonstrar superioridade sobre qualquer aspecto. Para iniciar o jogo da capoeira, os capoeiristas dirigem-se para onde esto os instrumentistas e agacham-se ao p do berimbau "afirma Areias (1983 p.96). Durante a roda, que comandada por instrumentos como o berimbau, o pandeiro e o atabaque, so entoadas cantigas que tem seu refro repetido por todos os participantes da roda. Quem define as msicas e dita a velocidade do jogo o tocador de berimbau. O ritmo comea lento e termina rpido, onde s os capoeiristas mais graduados devem jogar". Depois da roda, alguns capoeiristas optam por fazer exerccios de fora, como abdominais, flexes de brao ou elevao em barra fixa. Outros treinam saltos acrobticos, ou treinam golpes atingindo sacos de areia.

A aula As aulas de capoeira so realizadas em sales abertos que podem ser espelhados ou no, o que facilita aos capoeiristas a observao de sua performance. As aulas so normalmente ministradas por capoeiristas de graduaes elevadas, superiores, a maioria deles sem nenhuma formao acadmica em Educao Fsica. "Existem vrios mtodos de ensino, e cada professor, cada academia, cada grupo alardeia que o seu genuinamente original, o melhor" (Capoeira, 1992, p.147). Freqentemente os capoeiristas acabam ministrando aulas exatamente iguais aos que seus mestres ministram. Na verdade, de uma forma ou de outra, todos se baseiam na "seqncia" e na "cintura desprezada" criadas por mestre Bimba, adicionados aos treinos sistemticos e repetitivos entre duplas introduzidas pelo Grupo Senzala na dcada de 1960. Mesmo os que praticam e ensinam a capoeira angola, que originalmente no tinha mtodos de ensino, utiliza variaes adaptadas desses elementos didticos.

Capoeira Angola Corresponde a capoeira original dos escravos. Geralmente encontra-se nas academias um programa de treinamento de duas ou trs aulas semanais, chegando a ser encontrada nas academias sede de alguns grupos, treinamentos de segunda a sbado. A durao da aula varia entre quarenta e cinco minutos a uma hora e meia. As aulas so divididas em quatro blocos: aquecimento; treino de golpes, quedas e movimentaes individualmente; treinamento de seqncias em dupla; roda de capoeira. O aquecimento freqentemente comea com uma corrida, seguida de seqncias de movimentos calistnicos e um alongamento. "Se algum quiser aproveitar para malhar uma abdominal, uma abertura, um alongamento ou exerccios de elasticidade, tudo bem, mas no esse o objetivo" (Capoeira, 1992, p.146). Depois do aquecimento, o segundo bloco da aula corresponde ao treinamento dos golpes individualmente. As aulas comeam com os movimentos mais simples, passando para os mais complexos e, posteriormente, para a combinao dos movimentos sequenciados. Esses movimentos compreendem os golpes, as esquivas e as quedas.

O professor indica e executa o golpe ou a seqncia de golpes e os alunos os executam repetidas vezes e para ambos os lados. Durante a execuo dos movimentos os alunos so observados e corrigidos pelo professor. Nos sales com espelhos os alunos podem observar a execuo dos seus movimentos. O terceiro bloco da aula corresponde ao treinamento das seqncias em dupla..Nesta parte da aula os capoeiristas se encontram sujeitos a receberem os golpes dos companheiros, porm o risco menor do que durante o jogo. O treino em dupla se d em forma de seqncias coordenadas. O professor dita exatamente o que deve ser feito e os alunos executam. Para os iniciantes, o professor apresenta uma seqncia de um golpe e uma esquiva; um dos capoeiristas executa um golpe enquanto o outro esquiva.

Com o tempo de prtica essa seqncia aumenta em nmero e variaes de golpes, associados a floreios e saltos. O jogo da capoeira o momento que o capoeirista apresenta o que ele aprendeu durante a prtica. Alm de executar os golpes num jogo com um companheiro, entra em jogo um elemento novo, a surpresa. No se sabe o que o outro capoeira vai fazer, os golpes j no so mais ditados pelo professor, por isso o capoeirista deve estar preparado e atento no jogo do outro para no ser atingido ".

A Capoeira e seu Histrico A capoeira surgiu entre os escravos como um grito de liberdade. Os negros da frica, a maioria da regio de Angola, foram trazidos para o Brasil para trabalhar nas lavouras de cana de acar como mo de obra escrava. Segundo Menezes (1976), "...a vida dos negros trazidos da frica de maneira forada, brutal, consistia em trabalhar de sol a sol para os senhores portugueses que exploravam as riquezas brasileiras desde o descobrimento" (p.1).

Areias (1983), complementa dizendo que "chegando a nova terra, (os escravos) eram repartidos entre os senhores, marcados a ferro em brasa como gado e empilhados na sua nova moradia: as prises infectadas das senzalas"(p.10). Os colonizadores agrupavam os africanos de diferentes tribos, com hbitos, costumes e at lnguas diferentes, eliminando, assim, o risco de rebelies.

Os negros chegavam ao Brasil, depois de passarem dias empilhados em navios negreiros, trazendo como nica bagagem suas tradies culturais e religiosas, comenta Marinho (1995). Nas palavras de Menezes (1976), "... o negro trouxe consigo suas danas e lutas guerreiras que de muita valia veio a se tornar para os escravos fugitivos"(p.1). Na frica, mais precisamente na regio de Angola, os negros lutavam com cabeadas e pontaps nas chamadas "luta das zebras", disputando as meninas das suas tribos com a finalidade de torna-las suas esposas. Na ausncia de armas, os negros buscaram nas danas guerreiras sua forma de defesa. Da necessidade de preservao da vida, surgiu a capoeira. Encontramos a seguinte citao em Areias (1983):

Tendo como mestra a me natureza, notando brigas dos animais as marradas, coices, saltos e botes, utilizando-se das manifestaes culturais trazidas da frica (como, por exemplo, brincadeiras, competies etc. que l praticavam em momentos cerimoniais e ritualsticos), aproveitando-se dos vos livres que aqui se abriam no interior das matas e capoeiras, os negros criam e praticam uma luta de auto defesa para enfrentar o inimigo (p.15-4).

Capoeiras eram reas semidesmatadas onde os escravos treinavam seus golpes, e provavelmente veio da o nome da luta. Seus golpes quase acrobticos e com aspecto de dana muito contriburam para enganar os senhores de engenho, que permitiam a prtica, julgando-a como uma brincadeira dos escravos. Segundo Areias (1983), "... a dana, por sua vez, representada pela ginga, servia para disfarar a luta dando-lhe um carter ldico e inofensivo..." (p. 23-4).

A capoeira serviu por muitos anos como instrumento de luta dos escravos. O berimbau, que servia para dar ritmo ao jogo, tambm servia para anunciar a chegada de um feitor, ou seja, a hora de transformar a luta em dana. Com o passar dos tempos, os nossos colonizadores perceberam o poder fatal da capoeira, proibindo esta e rotulando-a de "arte negra", Santos (1998).

Em 1888 foi abolida a escravatura e com isso muitos escravos foram lanados nas cidades sem emprego e a capoeira foi um dos meios utilizados para a sobrevivncia. Alguns ex- escravos passaram a ganhar a vida fazendo pequenas apresentaes em praa pblica, porm muitos deles utilizaram a capoeira para roubar e saquear. Os marginais brancos tambm aprenderam a nova luta com o convvio mais direto com os negros e introduziram na sua prtica as armas brancas. Formaram-se verdadeiros bandos de marginais aterrorizando a populao. J em 1890 a capoeira foi colocada fora da lei pelo Cdigo Penal da Repblica, que dizia:

Art. 402. Fazer nas ruas e praas pblicas exerccios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominao capoeiragem; andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma leso corporal, promovendo tumulto ou desordens, ameaando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal: Pena: De priso cellular de dous meses a seis mezes. (Barbieri, 1993, p.118).

Segundo Sodr (1983, p.14-7), as punies aplicadas eram recluso na ilha Fernando de Noronha e castigos corporais, tais como chibatadas.

Pessoas como o regente Feij, Sampaio Ferraz e o major Vidigal foram os responsveis para manter a ordem; tiveram pouco sucesso. Segundo Areias (1983), "os seus chefes foram encarcerados ou exterminados. Mas a capoeiragem continuou fazendo o seu trajeto"(p.50).

A capoeira se espalhou pelo Brasil, porm foi nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco onde se encontravam os maiores comentrios entre o povo e a imprensa local. Apesar de reprimida a capoeira continuou a ser praticada e ensinada para as geraes seguintes.

Em 1929 ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque e a conseqente crise do capitalismo. O Brasil viveu um momento de ebulio das foras sociais. Com a entrada de Getlio Vargas no governo do pas, medidas foram tomadas para angariar a simpatia popular, entre elas a liberao de uma srie de manifestaes populares. Para tal, Getlio Vargas convidou Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba, para uma apresentao no Palcio do Governo. Temendo a popularizao da arte - luta, Getlio Vargas permitiu a abertura da primeira academia de capoeira, que teria um cunho folclrico. Aps essa passagem, a capoeira perdeu suas caractersticas de luta marginal e vadiagem, visto que para freqentar a academia de mestre Bimba os indivduos eram obrigados a ter carteira de trabalho assinada.

Grande parte do que se sabe hoje sobre a capoeira praticada pelos escravos foi transmitido pelas geraes de forma oral, visto que "...a documentao referente a poca da escravatura foi queimada por Rui Barbosa, Ministro da Fazenda no governo de Deodoro da Fonseca" (Sete, 1997, p.19-20).

Enfim, a capoeira ganhou a popularidade estimada por Bimba, e at os dias de hoje vem reunindo adeptos pelo pas.

Instrumentos, Ritmos e Cantos As rodas de capoeira so ritmadas pelo toque de instrumentos e pelas palmas dos capoeiristas. "O jogo da Capoeira acompanhado por instrumentos musicais, comandados pela figura mxima do berimbau, o qual d o tom e comanda o ritmo para a execuo das cantigas: Cantos Corridos ou Ladainhas" ( Areias, 1983, p.95). Podemos encontrar em uma roda de capoeira, alm do berimbau, pandeiro e atabaque e, menos comumente, o agog e o ganz. "Atualmente no se concebe uma roda de capoeira sem o toque caracterstico do berimbau, podendo no entanto, os demais instrumentos serem dispensados" afirma Menezes (197, p.14-5). O berimbau dita o ritmo do jogo, ele que comanda o toque a ser executado.

A capoeira apresenta diversos toques que so executados de acordo com a ocasio. Dentre eles Santana (1985) destaca: Angola: o toque de abertura, lento, onde o mestre da roda, aquele que toca o berimbau, inicia uma ladainha - saudao e os capoeiristas ficam esperando, ao p do berimbau, a indicao para entrar na roda; o jogo de Angola lento e rasteiro, servindo para os capoeiras mostrarem flexibilidade e malcia. So Bento Pequeno: o toque usado em demonstraes, onde os golpes so executados a poucos centmetros do alvo. So Bento Grande: o toque para jogo violento, onde se procura atingir o outro capoeirista, que deve estar muito atento e ter muita agilidade para no ser atingido. Amazonas: toque usado na chegada de um mestre visitante; o hino da Capoeira. Cavalaria: esse toque antes fazia parte da comunicao entre o capoeira que estava de vigia e os que estavam jogando, indicando a chegada da polcia. Iuna: o toque que procura imitar o canto dessa ave; usado para o jogo entre mestres de capoeira, ou ento, no enterro de um deles. Santa Maria: toque fatalista, para jogo com navalha na mo ou no p. Benguela: toque para jogo com pau. Idalina: toque para jogo de faca. Barravento: toque para jogo rpido, que exige grande velocidade de reao.

Durante a roda so entoadas cantigas que, segundo Areias (1983, p.96), se dividem em dois tipos: cantos corridos e ladainhas. A diferena entre o canto corrido e a ladainha est no fato de, na ladainha, sempre contar-se uma histria, geralmente sem a resposta ou interferncia do coro, que participa apenas no momento que o cantador acaba a histria e entre no canto de entrada dizendo "i vamos simbora/ i hora hora" e assim por diante, at chegar na expresso "d volta ao mundo". J no canto corrido, o cantador no tem a preocupao de contar nenhuma histria, as frases so ditas aleatoriamente, falando de assuntos diversos, e a participao do coro imediata e necessria desde o seu incio. Durante a roda, os capoeiristas, que ficam de p formando a roda, acompanham a cantoria com palmas. A nica exceo so as rodas de Angola, onde os capoeiristas ficam sentado e no batem palmas, s comeando a cantar quando acaba a ladainha.

A Capoeira e suas Concepes Acredita-se que a capoeira pode e deve ser ensinada globalmente, deixando que o educando busque a sua identificao em quaisquer dessas enumeraes que veremos a seguir. Caber ao docente um papel relevante orientando e estimulando para que o discente possa aproveitar ao mximo toda a sua potencialidade. Ribeiro (1992), concebe capoeira das seguintes maneiras:

Capoeira Luta - Representa a sua origem e sobrevivncia atravs dos tempos, na sua forma mais natural, como instrumento de defesa pessoal, genuinamente brasileiro. Dever ser ministrada com o objetivo de combate e defesa. Capoeira Dana e Arte - A Arte se faz presente atravs da msica, ritmo, canto, instrumento, expresso corporal e criatividade de movimentos. tambm um riqussimo tema para as artes plsticas, literrias e cnicas. Na Dana, as aulas devero ser dirigidas no sentido de aproveitar os movimentos da capoeira, desenvolvendo flexibilidade, agilidade, destreza, equilbrio e coordenao motora, indo em busca da coreografia a da satisfao pessoal. Capoeira Folclore - uma expresso popular que faz parte da cultura brasileira, e que deve ser preservada, promovendo a participao dos alunos, tanto na parte prtica, como na terica. Capoeira Esporte - Como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo conselho nacional de desportos, ela mesma dever ter um enfoque especial para competio, estabelecendo-se treinamentos fsicos, tcnicos e tticos. Capoeira Educao - Apresenta-se como um elemento importantssimo para a formao integral do aluno, desenvolvendo o fsico, o carter, a personalidade e influenciando

nas mudanas de comportamento. Proporciona ainda um auto conhecimento e uma anlise crtica das suas potencialidades e limites. Capoeira Lazer - Funciona como prtica no formal, atravs das "rodas" espontneas, realizadas nas praas, colgios, universidades, festas de largo e etc, onde h uma troca cultural entre os participantes. Capoeira Filosofia - Entre muitos fundamentos, trs uma filosofia de vida que prega o respeito ao prximo e aos mais velhos, estes que por sua vez possuem um grau maior de sabedoria. Muitos so os adeptos que se engajam de corpo e alma criando dessa forma uma filosofia de vida, tendo a capoeira como smbolo e at mesmo usando-a para