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Curso de ECF (Escrituração Contábil Fiscal) CURITIBA 2.015

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  • Curso de ECF (Escriturao Contbil Fiscal)

    CURITIBA

    2.015

  • Curso da ECF (Escriturao Contbil Fiscal) - Lucio Tomaz

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    Lcio Tomaz

    Formado em Cincias Contbeis, com Especializao em Metodologia de Ensino, Contador, com especializao em Planejamento Tributrio com nfase em MBA,

    Instrutor/Palestrante/Professor; Congressista nas reas Tributria, Societria, Jurdica e Contbil; Articulista de sites Jurdicos e Contbeis.

    Sumrio 1) Mudanas trazidas pela Lei n 12.973/2.014..........................................................................03

    2) Novas interpretaes trazidas pela IN/RFB n 1.397/2.013..................................................18

    3) Os Principais Reflexos trazidos pela Lei n 12.973/2.014....................................................20

    4) ECF (Escriturao Contbil Fiscal) .......................................................................................46

    5) Escriturao Contbil Digital (ECD) ....................................................................................114

    6) Leiaute do Arquivo da Escriturao Contbil Digital.........................................................120

    7) Referncias Bibliogrficas....................................................................................................139

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    I Mudanas trazidas pela Lei n 12.973/2.014 Breve Histrico

    A MP n 627/13 convertida em Lei 12.973/2.014, antes de trazer novidades em relao a temas ainda no desenvolvidos pela legislao tributria brasileira, fez modificaes em normativos j existentes.

    O primeiro dele foi o Decreto-Lei n 1.598/77, aquele primeiro normativo que

    regulamentou a Lei n 6.404/76. At 12/07 foram 30 anos de influncia do fisco sobre a contabilidade. Um ano depois da Lei n 6.404/76, houve a publicao do Decreto-lei n 1.598/77, integrando clculo do imposto de renda com a contabilidade societria, mas com a aplicao de regras fiscais na contabilidade. Neste tempo a inflao elevada contribui para o atraso no desenvolvimento da contabilidade brasileira. A partir de 1.995 inicia-se um lento processo de modernizao da contabilidade brasileira (Projeto Lei n 3.741/00), cujo o produto final (ou inicial) foi a lei n 11.638/2.007. As Normas Internacionais da Contabilidade Com o advento do Capitalismo como sistema econmico e poltico foi introduzida uma radical mudana na maneira de organizao da sociedade: passou-se do coletivismo ao individualismo da economia de subsistncia ao acumulo de capital e o teocentrismo ao antropocentrismo. Estas mudanas aceleraram o desenvolvimento do comrcio e da indstria, onde as fronteiras geogrficas foram sendo rompidas dentro do cenrio histrico, especialmente aps o Renascimento. Gradativamente foi-se percebendo que para dar sustentculo tamanha expanso tornar-se-ia indispensvel uma ferramenta de controle do patrimnio que estava para ser gerado pelas companhias cada vez maiores. Neste momento que efetivamente a contabilidade atinge a sua maior relevncia dentro do contexto da humanidade. As multinacionais rompem todas as barreiras e limites e buscam seus consumidores em todas as partes do planeta. Nasce aqui necessidade de uma linguagem padro, nica e compreensvel a todos. Com as companhias cada vez maiores e presentes em muitos pases, sendo necessrio reportar suas demonstraes contbeis s suas matrizes, tornou-se que uma misso impossvel fazer tudo isso dentro de realidades totalmente distintas entre si. Foi com o Acordo de Capitais de Basilia II que se deu o primeiro passo rumo a uma harmonizao de normas internacionais. Percebe-se aqui a fora do sistema financeiro internacional, que por sua vez, d o passo decisivo na concretizao de algo em comum, uma maneira nica, uma linguagem universal. Antes de efetivamente fazer referncias s normas internacionais de contabilidade importante destacar alguns pontos compreenso de tal processo.

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    Primeiro mister destacar que ao longo da histria da humanidade foram gerados dois grandes segmentos de interpretao contbil. Aspectos histricos: O primeiro CODE LAW, do qual o Brasil fazia parte, possui um modelo muito voltado questo legal, onde os principais usurios so os credores e o Governo, sedimentando-se prioritariamente dentro do aspecto legal, tambm conhecida de contabilidade pr-fisco. Este modelo possui suas razes no mais antigo cdigo que se tem registro o chamado Cdigo de MANU o qual mais tarde originou o famoso Cdigo de Hamurabi que muito influenciou a maneira de se fazer contabilidade. O segundo bloco COMMON LAW, formado por pases predominantemente europeus, que possuem uma linha de reflexo complemente distinta do primeiro. Aqui, a forma deixada em segundo plano e o que passa a ser destacado a essncia sobre a forma. Onde a interpretao possui muito mais relevncia que a lei, e ainda, o principal usurio o investidor e possui seu bero inspirao a Inglaterra. A implantao e adoo do IFRS a nvel internacional se inicia no ano 2.001, quando a comunidade europeia recomendou o seu uso a partir do ano 2.005, deixando assim um perodo de adequao a tal modelo. No ano de 2.003 IASB (International Accounting Standards Board) de Londres publicou o IFRS 01.

    CODE LAW COMMON LAW

    Seguir o modelo europeu (IFRS)

    Seguir o modelo americano (FASB)

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    Anotaes: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ No Brasil o processo de convergncia s normas internacionais da contabilidade de longa data, principalmente considerando as aspiraes de determinados segmentos. Porm, a tendncia predominante durante muitos anos foi de aderir ao modelo americano o qual era considerado o de melhor adequao da realidade brasileira, e, at mesmo por exigncias das grandes companhias que reportavam suas demonstraes dentro deste padro. Diversos fatores foram decisivos a adeso do Brasil ao modelo IFRS, especialmente por fora dos inmeros escndalos provocados em companhias americanas, as quais revelaram diretamente ao mundo a fragilidade do modelo americano. Outro fator predominante adeso de inmeros pases ao IFRS est diretamente ligado as questes econmicas, onde a economia americana se encontrava em crise, enquanto a comunidade europeia mantinha-se em crescimento constante. Foi um duelo, uma verdadeira queda de brao entre o modelo americano (FASB) e o modelo europeu (IASB). O projeto de Lei n 3.741/2.000 foi o marco divisor demonstrando claramente a inteno do Brasil em convergir suas demonstraes contbeis ao modelo proposto pelo IFRS. Depois de decorridos aproximadamente sete anos foi que ocorreu a determinao legal de adequao da contabilidade brasileira ao modelo denominado de IFRS International Financial Reporting Standars, fato este, apresentado a comunidade contbil atravs da lei n 11.638/2.007. A praticidade para implantao se d atravs da criao do Comit de Pronunciamento Contbeis (CPC), rgo ligado ao Conselho Federal de Contabilidade, o qual ficou incumbido do objetivo de liderar a convergncia das normas brasileiras de contabilidade para o IFRS. A primeira reao da classe contbil foi de espanto diante das dificuldades de interpretao dos conhecidos IASs ou no Brasil os CPCs. Assim, diversos segmentos representativos da classe contbil manifestaram-se publicamente sobre o assunto, alguns favoravelmente outros de maneira contrria, entre estes, o de maior expresso talvez seja o saudoso Dr. Antnio Lopes de S, que teceu duras crticas ao modelo IFRS. A adoo das normas internacionais de contabilidade representa para os contabilistas do Brasil uma verdadeira quebra de paradigmas, onde por centenas de anos a cultura contbil encontrava-se fundamentada no direito positivo, agora se torna necessrio rever tais conceitos e pensar a contabilidade dentro da mxima fenomenolgica da essncia sobre a forma.

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    Ser a favor ou contra a cultura IFRS pouco importa no contexto em que o Brasil se encontra, uma vez que, o caminho j pode ser considerado sem volta. O que se pode argumentar relativo aos principais motivos que levaram a tal deciso atravs de texto legal, o que entre outros pode assim ser destacado:

    Anotaes: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Maior volume de investimentos internacionais

    Maior confiana nas Demonstraes Contbeis

    Era necessrio inserir o Brasil no mercado

    globalizado e competitivo, fato que aconteceu

    tardiamente.

    Exigncia de procedimentos padres nicos em nvel mundial

    Captao de Recursos com juros menores

    Diante do crescente mercado de capitais, a queda das fronteiras

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    F-CONT e o RTT (Regime Transitrio Tributrio) A finalidade deste regime era neutralizar os novos efeitos contbeis da Lei 11.638/2.007 e os artigos n 37 e 38 da Lei n 11.941/2.009, ou seja, que modificaram os critrios de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na escriturao contbil para a apurao do lucro de exerccio definido no artigo n 191, da Lei n 6404/76, no tero efeitos para apurao do Imposto de Renda (IRPJ) Lucro Real e da Base de Clculo da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL) da pessoa jurdica sujeita ao RTT, devendo ser considerados para fins tributrios, os mtodos e critrios contbeis vigentes em 31 de Dezembro 2.007. Obrigatoriedade: Estavam obrigados a entrega do FCONT, a pessoa jurdica que atendiam, cumulativamente, dois requisitos (do artigo 7 da IN RFB n 949/2.009):

    a) Seja tributada com base no Lucro Real;

    b) Tenha optado pelo regime tributrio de transio RTT.

    A elaborao do FCONT obrigatria, mesmo no caso de no existir lanamentos com base nos mtodos, critrios diferentes daqueles descritos pela legislao tributria, baseado nos critrios contbeis vigentes em 31 de Dezembro de 2.007.

    Escriturao Comercial a partir da Lei n 11.638/2.007.

    Escriturao Comercial critrios vigentes at

    31/12/2.007.

    rea Comum das duas escrituraes

    FCONT

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    Cruzamentos DIPJ x LALUR x FCONT Transio das Duas Contabilidades A contabilidade passou a ter critrios refinados de registros das receitas e despesas: AVP Ajuste a Valor Presente, AVJ Ajuste a Valor Justo, Depreciao, Arrendamento Mercantil, Teste de Recuperabilidade IMPAIRMENT e etc. O Fisco se manifestou na Lei n 11.941/09, criando o RTT com o objetivo de NEUTRALIDADE FISCAL, para calcular IR, CSLL, PIS e COFINS valeriam mtodos e critrios vigentes em Dezembro/2.007. Tendo sua entrada em vigor (deveria ser em 2.010), quanto sua extino (deveria ser em 2.015), a lei usou o artificio da opo do regime (?)

    Quadro ilustrativo do RTT Regime Tributrio de Transio

    FCONT

    DIPJ

    SPED CONTABIL

    LALUR

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    Quadro Resumo histrico Anotaes:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Apurao no Resultado

    CONTABILIDADE = SUBJETIVA (Emoo)

    FISCO = OBJETIVO (Razo)

    At 2.007 2.008 2.014 A partir de 2.015

    Forte influncia fiscal na operao do resultado contbil

    LALUR

    Contabilidade pela Lei n 6.404/76 e as Alteraes

    X

    Fisco pela Lei n 6.404/76 Original e RTT (F-Cont)

    Contabilidade pela Lei n 6.404/76 e as Alteraes

    X

    Fisco pela Lei n 6.404/76 com as Alteraes + Lei n

    12.973/2.014, E-LALUR (ECF)

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    Mecnica das Apuraes do Resultado

    Anotaes: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Antes da Lei n 11.941/09 (RTT)

    Lei n 11.941/09 (RTT) Lei n 12.937/2.014

    Livro Contbil (Padro 2.007)

    Livros Fiscais Ajustes (LALUR)

    Lucro Tributvel

    Livro Contbil (Padro IFRS)

    Livro Fiscais Ajustes (FCONT)

    Livro Contbil (Padro 2.007)

    Livro Fiscais Ajustes (LALUR)

    Lucro Tributvel

    Livro Contbil (Padro IFRS)

    Livro Fiscais Ajustes (e- IRPJ / ECF)

    Lucro Tributvel

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    Matrias tratadas pela Lei 12.973 de 14 de maio de 2.014:

    Anotaes: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    Vigncia da Lei 12.973 de 14 de Maio de 2.014 (MP 627/2.013):

    A Lei 12.793/2.014 (MP 627/2.013) entra em vigor em 1 de janeiro de 2.015. Art. 119. Esta Medida Provisria entra em vigor em 1 de janeiro de 2.015, exceto os

    artigos 3, 72 a 75 e 93 a 119, que entram em vigor na data de sua publicao.

    1 Aos contribuintes que fizerem a opo prevista no art. 75, aplicam-se, a partir de 1 de janeiro de 2.014:

    I - Os artigos 1 e 2 e 4 a 70; e

    II - As revogaes previstas nos incisos I a VI, VIII e X do caput do art. 119.

    2 Aos contribuintes que fizerem a opo prevista no art. 96, aplicam-se, a partir de 1 de janeiro de 2.014:

    I - Os arts. 76 a 92; e

    At 2.014 aplica-se o RTT (Neutralidade da Lei 11.941/2.009)

    Art. 64. Para as operaes ocorridas at 31 de dezembro de 2.013, para os optantes conforme art. 75, ou at 31 de dezembro de 2.014 para os no optantes, permanece a neutralidade tributria estabelecida nos arts. 15 e 16 da Lei n 11.941, de 27 de maio de 2.009, e a pessoa jurdica dever proceder, nos perodos de apurao a partir de janeiro de 2.014, para os optantes conforme art. 75, ou a partir de janeiro de 2.015 para os no optantes, aos respectivos ajustes nas bases de clculo do IRPJ, da CSLL, da Contribuio para o PIS/PASEP e da COFINS, observado o disposto nos arts. 66 e 67. (Vigncia)

    Excees:

    1: Em vigor na data da publicao:

    - Art. 93 (Parcelamento especial) e arts. 93 a 100;

    - Dividendos, JCP e MEP dos arts. 72, 73 e 74

    2: Opcionalmente, o disposto nos arts. 1 e 2 e 4 a 70 (ajustes de IFRS) em 2.014 (Lei 12.973/2.014 art. 75)

    Apenas at 2.013 aplica-se o RTT (Neutralidade da Lei 11.941) (art. 76 1)

    3: Opcionalmente, o disposto nos arts. 76-92 (Lucros no Exterior) em 2.014 (Lei 12.973/2.014 art. 96)

    Art. 96. A pessoa jurdica poder optar pela aplicao das disposies contidas nos arts. 76 a 92 desta Lei desta para o ano-calendrio de 2.014.

    1 A opo de que trata o caput ser irretratvel e acarretar a observncia de todas as alteraes trazidas pelos arts. 76 a 92 a partir de 1 de Janeiro de 2.014.

    2 A Secretaria da Receita Federal do Brasil definir a forma, o prazo e as condies para a opo de trata o caput.

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    3 Fica afastado, a partir de 1 de Janeiro de 2.014, o disposto na alnea b do 1, no 2 e no 4 do art. 1 da Lei n 9.532, de 10 de Dezembro de 1.997, e no art. 74 da Medida Provisria n 2.158-35, de 24 de agosto de 2.001, para as Pessoas Jurdicas que exerceram a opo de que trata o caput.

    Anotaes: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Opo em 2.014 pela Aplicao dos artigos 1 e 2 4 a 70 e arts. 76 a 92 da Lei 12.973 de 2.014

    Os arts. 1 e 2 e 4 a 70 da Lei n 12.973 de 2.001; e

    Os arts. 76 a 92 da Lei n 12.973 de 2.014.

    As opes so independentes e devero ser manifestadas na Declarao de Dbitos e Crditos Tributrios Federais (DCTF) referente aos fatos geradores ocorridos no ms de Agosto de 2.014 redao dada pela IN RFB 1.484 de 31 de Julho de 2.014.

    No caso de incio de atividade ou de surgimento de nova pessoa jurdica em razo de fuso ou ciso, no ano-calendrio de 2.014, as opes de que trata o caput devero ser manifestadas na DCTF referente aos fatos geradores ocorridos no 1 (primeiro) ms de atividade.

    As opes sero irretratveis e acarretaro a observncia, a partir de 1 de Janeiro de 2.014

    O exerccio ou cancelamento da opo de que trata este artigo no produzir efeito quando a entrega da DCTF ocorrer fora do prazo

    (Instruo Normativa RFB n 1.469, de 28 de Maio de 2.014 DOU de 29.5.2.014).

    Opo pelos Efeitos da Lei 12.973/2.014 em 1 de Janeiro de 2.014 A pessoa jurdica poder optar pela aplicao das disposies contidas nos arts. 1 e 2 e 4 a 70 desta Lei para o ano-calendrio de 2.014, observado o seguinte: (art.75 da Lei n 12.973/2.014):

    a) a opo ser irretratvel e acarretar a observncia de todas as alteraes trazidas pelos arts. 1 e 2 e 4 a 70 e os efeitos dos incisos I a VI, VIII e X do caput do art. 117 da Lei n 12.973/2.014 a partir de 1 de janeiro de 2.014.

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    b) a Secretaria da Receita Federal do Brasil definir a forma, o prazo e as condies da opo de que trata o a letra a acima.

    Quadro Resumo da opo de adoo

    Anotaes: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Anos- Calendrios

    2.013

    RTT (Regime Transitrio Tributvel) aplicvel.

    2.014

    Optante: Antecipa os efeitos da lei n 12.973/2.014 para o ano-calendrio 2.014 (Extino do RTT).

    No optante: Manuteno do RTT para 2.014.

    Opo pela antecipao dos efeitos ser irretratvel,

    formalizao, prazo e condies a serem definidos pela RFB.

    2.015

    Dispositivos da Lei n 12.973/2.014 aplicveis (extino do

    RTT) inclusive para os no optantes.

    Excees aplicveis para alguns dispositivos.

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    Adoo Inicial: 2.014 ou 2.015: A Lei 12.973/2.014 estabeleceu que a adeso ao novo regime (em 1/01/2.014 para os optantes e em 1/01/2.015 para os no optantes) implicar conciliao de valores contbeis dos ativos e dos passivos existentes na contabilidade do contribuinte. Havendo diferena positiva entre os saldos mantidos pelos patres contbeis internacionais e os saldos mantidos pelo antigo padro contbil, esta dever ser adicionada ao IRPJ e a CSLL no momento da adeso, salvo se o contribuinte mantiver o controle de subcontas dos ativos, dos ativos, nos termos da regulamentao a ser editada pela Secretaria da Receita Federal, caso em que a diferena positiva ser adicionada medida da realizao dos ativos e dos passivos.

    Caso a diferena seja negativa, esta no ser dedutvel para IRPJ e CSLL, salvo se o contribuinte mantiver controle em subcontas distintas situao em que tais valores podero ser deduzidos na medida da realizao dos respectivos ativos e passivos.

    Artigos 66 e 67 da Lei 12.973/2.014.

    O disposto nos artigos 64 a 67 ser disciplinado pela Secretaria da Receita federal do Brasil, que poder instituir controles fiscais alternativos evidenciao contbil de que tratam os arts. 66 e 67 e instituir controles fiscais adicionais. (Artigo 68 da Lei 12.973/14). Anotaes: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    Vigncia e Adoo Inicial da Lei n 12.973 de 2.014 Saldos do RTT em 31/12/2.013 e 31/12/2.014

    Anotaes: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Diferenas Positivas

    ATIVO

    PASSIVO

    Optante No Optante

    Adio em Janeiro 2.014 salvo se houver evidenciao contbil dessa diferena vinculada ao ativo para ser

    adicionada a medida de sua realizao.

    Adio em Janeiro 2.015 salvo se houver evidenciao contbil dessa diferena vinculada ao ativo para ser

    adicionada a medida de sua realizao.

    No poder ser excludo salvo se houver evidenciao contbil dessa diferena vinculada ao passivo para

    ser excluda a medida de sua baixa ou liquidao.

    No poder ser excludo salvo se houver evidenciao contbil dessa diferena vinculada ao passivo para

    ser excluda a medida de sua baixa ou liquidao.

    Diferenas Negativas

    ATIVO

    PASSIVO

    No poder ser excludo salvo se houver evidenciao contbil dessa diferena vinculada ao ativo para ser excluda a medida de sua realizao.

    No poder ser excludo salvo se houver evidenciao contbil dessa diferena vinculada ao ativo para ser excluda a medida de sua realizao.

    Adio em Janeiro 2.014 salvo se houver evidenciao contbil dessa diferena vinculada ao passivo para

    ser adicionada a medida de sua baixa ou liquidao.

    Adio em Janeiro 2.015 salvo se houver evidenciao contbil dessa diferena vinculada ao passivo para

    ser adicionada a medida de sua baixa ou liquidao.

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    Novo Regime Tributrio Lei 12.973 de 2.014:

    Em 14 de maio de 2.014 a Lei 12.973 resultantes da converso da Medida Provisria 627 de 11 de novembro de 2.013.

    Em sntese, a Lei 12.973/2.014 tem como objetivo principal encerrar o chamado Regime Tributrio de Transio RTT e regulamentar de forma permanente os efeitos fiscais decorrentes da introduo das novas regras contbeis (International Financial Reporting Standards IFRS) no Pas. Nesse texto, a Lei 12.973/2.014 traz uma srie de regras que devero ser observadas pelas pessoas jurdicas, que incluem desde novas obrigaes acessrias para controle e superviso pelas autoridades fiscais at a regulamentao de outros pontos relevantes que sero a seguir tratados.

    Permanncia da neutralidade tributria

    Para as operaes ocorridas at 31 de dezembro de 2.013, para os optantes conforme o art. 75, ou at 31 de dezembro de 2.014, para os no optantes, permanece a neutralidade tributria estabelecida nos arts. 15 e 16 da Lei no 11.941, de 27 de maio de 2.009, e a pessoa jurdica dever proceder, nos perodos de apurao a partir de janeiro de 2.014, para os optantes conforme o art. 75, ou a partir de janeiro de 2.015, para os no optantes, aos respectivos ajustes nas bases de clculo do IRPJ, da CSLL, da Contribuio para o PIS/Pasep e da COFINS, observado o disposto nos arts. 66 e 67.

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    II Novas Interpretaes trazidas pela IN/RFB n 1.397/2.013 Lucros e Dividendos Na redao original do artigo 67 da MP 627/2.013, apenas os valores dos lucros efetivamente pagos at 12 de novembro de 2.013, data da publicao daquela Medida Provisria estariam abrangidos pela iseno, sendo ainda a iseno condicionada opo pela aplicao da MP 627 desde o ano calendrio 2.014. Com sua converso em lei algumas controvrsias foram abrandadas, j que de acordo com o artigo 72 da Lei 12.973 de 2.014, os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados entre 1/01/2.008 e 31/12/2.013, em valores superiores queles obtidos, estaro isentos, independentemente de opo pela aplicao antecipada da lei ou da data de sua distribuio. Os lucros gerados a partir de 2.014 para empresas optantes pela aplicao da Lei 12.973/2.014 a partir de janeiro desse mesmo ano, e a partir de 1/01/2.015 para os no optantes, passaro a ser integralmente isentos, sem qualquer discusso sobre esse ponto. Apenas os lucros gerados no ano de 2.014 para as empresas no optantes que permanecero sujeito discusso sobre sua possvel tributao nos termos da IN RFB 1.397/2.013. Juros sobre Capital Prprio Em relao aos Juros sobre Capital Prprio, desde que o contribuinte optasse pela aplicao da MP 627/2.013 a partir de 2.014, o artigo 68 lhe possibilitava calcular os limites para pagamento e dedutibilidade de despesas de Juros sobre Capital Prprio com base nas regras contbeis institudas pela Lei 11.638/2.007 no perodo de 1/01/2.008 e 31/12/2.013.

    Com a redao dada pela Lei 12.973/2.014 conferiu pessoa jurdica brasileira para o perodo de 1/01/2.008 a 31/12/2.013, independentemente de opo pela aplicao de seus efeitos a partir de 2.014, a faculdade de pagar e deduzir despesa de Juros sobre Capital Prprio com base nas contas de patrimnio lquido calculadas com base nos critrios contbeis internacionais (balano IFRS) estendendo-se esse perodo ainda no caso dos no-optantes para o exerccio de 2.014.

    A partir de 2.014 para os optantes e a partir de 1/01/2.015 para os no optantes, o

    patrimnio lquido a ser utilizado para calcular o pagamento do Juros sobre Capital Prprio passa a ser aquele apurado de acordo com as novas regras contbeis.

    Base de Clculo dos Juros sobre Capital Prprio

    O pagamento dos Juros sobre Capital Prprio largamente utilizado como instrumento de reduo de IR e CSLL a pagar, substituindo o tradicional pagamento de dividendos com maior eficincia tributria.

    Tal eficincia se justifica pela tributao em percentual menor (15%, rendimento

    tributado exclusivamente na fonte) por parte da pessoa fsica que recebe, enquanto a

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    pessoa jurdica que paga tem o direito de deduzir como despesa financeira na base de clculo do IRPJ e da CSLL.

    Mas, o pagamento de JCP tem limitao, sendo deduo de sua base tributvel

    normalmente 34% (25% de IRPJ + 9% de CSLL). A primeira a aplicao da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) sobre o Patrimnio

    Lquido no incio do perodo de apurao. E a segunda, que considera a metade do saldo de reservas de lucros mais lucros

    acumulados ou metade do lucro antes do IR do perodo de apurao. A discusso dos contribuintes residia em saber se o PL e o Lucro poderiam ser obtidos

    pelas informaes contbeis, extradas do balano patrimonial e da DRE com base na legislao contbil em vigor.

    Pela leitura da Lei 12.973/14, artigo 9 (MP n 627/13) ficou claro que os nmeros sero

    obtidos na contabilidade.

    Para fins de clculo da remunerao do capital prprio, sero consideradas exclusivamente as seguintes contas do patrimnio lquido: ( 8,11 e 12 do art. 9 da Lei n 9.249/1.995 com a redao dada pelo o art. 9 da Lei n 12.973/2.014) a) Capital Social; b) Reservas de Capital; c) Reservas de Lucros; d) Aes em Tesouraria; e e) Prejuzos acumulados. O disposto acima aplica-se Contribuio Social sobre o Lucro Lquido. Para fins de clculo da remunerao do capital prprio a conta capital social, inclui todas as espcies de aes previstas no art. 15 da Lei n 6.404, de 15 de dezembro de 1976, ainda que classificadas em contas de passivo na escriturao comercial.

    Este artigo ajusta a base de clculo do JCP para fins de possibilidade de pagamento e deduo nas bases de IR e CSLL.

    Fica mantida toda a legislao vigente anteriormente, sendo que agora a lei define

    claramente quais contas integram o PL para fins de aplicao da TJLP. No fazem parte da base, as contas de ajustes de avaliao patrimonial, reservas de

    reavaliao, ajustes de converso e, nas empresas que insistirem em manter, a conta de lucros acumulados.

    O 1 do art. 9 da Lei 9.249/95 mantm a conta LUCROS ACUMULADOS no limite

    para pagamento do JCP. Contudo, no 8, criado agora, a conta LUCROS ACUMULADOS no poder ser

    utilizada no limite PL x TJLP.

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    III - Os principais reflexos trazidos pela Lei n 12.973/2.014 Mtodo da Equivalncia Patrimonial MEP O artigo 69 da MP 627/2.013 facultava ao contribuinte avaliar no perodo de 1/01/2.013 a 31/12/2.013 investimentos em coligadas e controladas pela chamada MEP, tendo por base o valor do patrimnio lquido calculado pelas novas regras contbeis (IFRS). Tal faculdade estava condicionada ao exerccio da opo pela aplicao da MP 627/2.013 a partir do ano calendrio de 2.014. Contudo, de acordo com o artigo 74 da Lei 12.793/2.004, essa opo permanece vlida e foi estendida para o ano-calendrio de 2.014 para os no-optantes. Entre 1/01/2.008 e 31/12/2.013, de modo diverso, esse regime aplica-se independentemente do exerccio da opo. A partir de 1/01/2.015, o MEP deve sempre ser apurado de acordo com as novas regras contbeis (IFRS). Participao Societria Avaliadas pelo MEP

    O contribuinte que avaliar investimento pelo valor de patrimnio lquido dever, por ocasio da aquisio da participao, desdobrar o custo de aquisio em: (art. 20 do Decreto-Lei n 1.598/1.977 com a redao pelo o art. 2 da Lei n 12.973/2.014)

    a) Valor de patrimnio lquido na poca da aquisio, determinado de acordo

    com o disposto no artigo 21 do Decreto-Lei n 1.598/1977; e

    b) Mais ou menos valia, que corresponde diferena entre o valor justo dos ativos lquidos da investida, na proporo da porcentagem da participao adquirida, e o valor de que trata a letra a acima; e (redao dada pelo o art. 2 da Lei n12.973/2.014);

    c) gio por rentabilidade futura (goodwill), que corresponde diferena entre o

    custo de aquisio do investimento e o somatrio dos valores de que tratam as letras a e b acima (redao dada pelo o art. 2 da Lei n12.973/2.014).

    Observaes:

    1) Os valores de que tratam as letras a e b sero registrados em subcontas

    distintas. (Redao dada pelo o art. 2 da Lei n 12.973/2.014).

    2) O lanamento do gio ou desgio dever indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econmico:

    a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou

    inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previso dos

    resultados nos exerccios futuros; c) fundo de comrcio, intangveis e outras razes econmicas.

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    3) O valor de que trata a letra b dever ser baseado em laudo elaborado por perito

    independente que dever ser protocolado na Secretaria da Receita Federal do Brasil ou cujo sumrio dever ser registrado em Cartrio de Registro de Ttulos e Documentos, at o ltimo dia til do 13 (dcimo terceiro) ms subsequente ao da aquisio da participao. (Redao dada pelo o art. 2 da Lei n 12.973/2.014).

    Ademais a Lei 12.973/2.014 deixou claro que o laudo preparado somente pode ser desconsiderado pelas autoridades fiscais na hiptese em que os dados nele constante apresentem comprovadamente vcios ou incorrees de carter relevante, aumentando a segurana jurdica dos contribuintes.

    4) A aquisio de participao societria sujeita avaliao pelo valor do patrimnio

    lquido exige o reconhecimento e a mensurao: (includo pelo o art. 2 da Lei n 12.973/2.014)

    a) primeiramente, dos ativos identificveis adquiridos e dos passivos assumidos a valor justo; e

    b) posteriormente, do gio por rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho proveniente de compra vantajosa.

    5) O ganho proveniente de compra vantajosa corresponde ao excesso do valor justo

    dos ativos lquidos da investida, na proporo da participao adquirida, em relao ao custo de aquisio do investimento, ser computado na determinao do lucro real no perodo de apurao da alienao ou baixa do investimento. (Includo pelo o art. 2 da Lei n 12.973/2.014).

    6) A Secretaria da Receita Federal do Brasil disciplinar o disposto neste subitem, podendo estabelecer formas alternativas de registro e de apresentao do laudo.

    Anotaes: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    Goodwill e Mais Valia de Ativos Independncia das Partes Confirmado a redao original da MP 627/2.013, a Lei 12.973/2.014 determinou que apenas o goodwill e mais valia de ativos reconhecidos em aquisio de participao societria entre partes independentes sero considerados para gerar despesas dedutveis. Segundo a regra geral extrada pela Lei 12.973/2.014, as partes de um negcio devem ser consideradas como dependentes quando: a) o adquirente e o alienante so controladas, direta ou indiretamente, pelas mesmas partes; b) houver relao de controle entre adquirente e alienante; c) o alienante for scio, titular, conselheiro ou administrador da pessoa jurdica adquirente ou quando o alienante for parente ou afim at o terceiro grau dessas pessoas; e d) em decorrncia de outras relaes no descritas nos itens acima, fique comprovada a existncia de dependncia societria. No obstante, de acordo com os dispositivos da Lei 12.973/2.014, a relao de dependncia descrita no item c acima deve ser comprovada, e no apenas inferida, como dispunha a redao original da MP 627/2.013. Ademais, a nova redao deixa claro que essa dependncia deve ser necessariamente de natureza societria, sendo desconsiderados outros tipos de dependncia possivelmente existentes entre as partes (tais como dependncia financeira, dependncia comercial, etc.) A nova disciplina confirma, portanto, a falta de base legal para a restrio de dedutibilidade de valores de gio registrados em negcios entre partes relacionados antes da edio da Lei 12.973/14. Exemplo: Investimento Avaliado pelo Patrimnio Lquido Artigo 20 do Decreto Lei 1.598/1.977. A Empresa A tenha adquirido 100.000 aes representativas de 30% do capital social da Empresa B por R$ 500.000,00. Por outro lado, o patrimnio lquido da Empresa B, em 31 de dezembro, era assim composto: Capital Social 800.000,00 Reservas 400.000,00 Total 1.200.000,00 gio e Desgio na aquisio de participao societria No exemplo, a Empresa A adquiriu 30% do capital da Empresa B, desembolsando R$ 500.000,00. O patrimnio lquido da Empresa B de R$ 1.200.000,00 e a participao da Empresa A corresponde a 30% (trinta por cento) de R$ 1.200.000,00. Ou seja, o valor contbil do investimento de R$ 360.000,00. A diferena, neste caso, corresponde ao gio pago na aquisio do investimento.

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    Com base nos dados do exemplo, o lanamento contbil poder ser feito da seguinte forma: D Participaes Societrias Empresa B 360.000,00 D gio na Aquisio de Investimentos Empresa B 140.000,00 C Caixa ou Bancos Conta Movimento 500.000,00 Se a Empresa A tivesse adquirido o investimento da Empresa B por R$ 300.000,00, o lanamento contbil seria: D Participaes Societrias Empresa B 360.000,00 D Desgio na Aquisio de Investimentos Empresa B (60.000,00) C Caixa ou Bancos Conta Movimento 300.000,00

    Antes Aps a Lei 12.973/2014 Investimento 30% de

    $ 1.200.000,00 $360.000,00 Investimento 30%

    de $ 1.200.000,00 $360.000,00

    gio de Investimento $140.000,00 Mais ou Menos Valia

    $100.000,00

    gio de Investimento

    $ 40.000,00

    Total $500.000,00 Total $500.000,00

    Mais ou Menos Valia Diferena entre o Valor de Aquisio e Valor Justo Valor justo o preo que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferncia de um passivo em uma transao no forada entre participantes do mercado na data de mensurao. Apurao do Valor da Mais-Valia e do valor do gio Aquisio de Investimento Valor pago pela participao de 60% no capital social

    da investida C $11.000,00

    Valor contbil do ativo lquido (ativo passivo) da investida C

    $12.000,00 60% $7.200,00

    Valor justo do ativo lquido (ativo passivo) da investida C

    $15.000,00 60% $9.000,00

    ( = ) Valor da Mais -Valia $1.800,00 Valor do gio $ 11.000,00 ( - ) $ 9.000,00 $2.000,00

    Anotaes: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    Conceito de Receita Bruta

    A receita bruta compreende: (art. 12 do Decreto-Lei n 1.598/1.977, com a redao dada pelo o art. 2 da Lei n 12.973/2.014):

    a) o produto da venda de bens nas operaes de conta prpria; b) o preo da prestao de servios em geral; c) o resultado auferido nas operaes de conta alheia; e d) as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurdica, no

    compreendidas nas letras a, b, e c acima. O art. 12 foi alterado com o objetivo de aperfeioar a definio de receita bruta e de

    receita lquida. Esta alterao de receita bruta veio regulamentar e uniformizar o conceito de receita

    bruta na legislao tributria. No h novidade na incluso do resultado auferido nas operaes de conta alheia. Este seria representado pelas comisses obtidas sobre representao de bens ou

    servios de terceiros e o dispositivo j fazia parte da legislao, constando inclusive no atual Regulamento do IR (Decreto 3.000/99, art. 224).

    O artigo diz que receita bruta aquela obtida com a explorao da atividade descrita no contrato social ou estatuto da empresa, seja ela qual for: venda, revenda, servios, locao, intermediao ou qualquer outro tipo.

    Tal dispositivo pode simplificar alguns questionamentos em relao a empresas com

    atividade principal envolvendo, por exemplo, locao de bens. A receita lquida ser a receita bruta diminuda de: (redao dada pelo o art. 2 da Lei n

    12.973/2.014): a) devolues e vendas canceladas; b) descontos concedidos incondicionalmente; c) tributos sobre ela incidentes; e d) valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do

    caput do art. 183 da Lei n 6.404, de 1.976, das operaes vinculadas receita bruta. Na receita bruta, no se incluem os tributos no cumulativos cobrados, destacadamente,

    do comprador ou contratante, pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos servios na condio de mero depositrio. (Includo pelo o art. 2 da Lei n 12.973/2.014).

    O artigo deixa claro, tambm, que ICMS, PIS, COFINS e ISS integram a receita bruta, enquanto IPI e ICMS ST no.

    Se forem registrados como receitas, o IPI e o ICMS ST devem ser excludos da base.

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    Outro dispositivo importante foi o relativo ao Ajuste a Valor Presente - AVP, que ser utilizado nas vendas realizadas para recebimento acima de doze meses e nas operaes de curto prazo quando relevantes.

    Estes valores devem integrar a receita bruta, sendo extrados para fins de apurao da

    receita lquida. Como a tributao de PIS, COFINS, IR e CSLL pelo lucro real (estimativa), presumido

    ou arbitrado alcana sempre a receita bruta e no a receita lquida, o AVP deve ser deduzido da receita bruta.

    Exemplo, suponha que uma empresa efetue a venda de mercadorias por R$ 100,00 para

    recebimento futuro e seu valor presente seja R$ 90,00. Deveria apresentar sua DRE da seguinte forma:

    Receita Bruta 100,00 (-) Dedues da RB AVP (10,00) Receita Lquida 90,00

    A receita, no caso, utilizada nas bases de PIS e COFINS seria R$ 100,00, assim como na base estimada (Lucro Real), e nas bases do lucro presumido e do lucro arbitrado, a aplicao dos percentuais de presuno (8% e 12% para vendas ou revendas ou 32% para prestao de servios) seria feita sobre 100,00.

    E no lucro real, o resultado tambm ser apurado desconsiderando a separao do

    ajuste a valor presente, que dever ser integrado ao resultado no mesmo perodo da receita ou despesa original.

    Neste caso, embora a receita lquida no ms da venda fosse R$ 90,00, a empresa

    deveria adicionar R$ 10,00 nas bases de IR e CSLL, conforme definio dos artigos 4 e 5 da Lei 12.973/2.014. Anotaes: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    Ajuste a Valor Presente na Venda e na Compra de Mercadorias

    O art. 4 estabelece os ajustes decorrentes do ajuste a valor presente sobre elementos do ativo.

    Para tanto, dispe que os valores decorrentes do ajuste a valor presente sejam

    considerados na determinao do lucro real no mesmo perodo de apurao em que a receita ou resultado da operao deva ser oferecida tributao.

    O art. 5 trata do ajuste a valor presente sobre elementos do passivo. Estabelece que os valores decorrentes do ajuste a valor presente sejam considerados

    na determinao do lucro real no perodo de apurao em que: I - O bem for revendido; II - O bem for utilizado na produo de outros bens ou servios; III - O bem for depreciado, amortizado, exaurido, alienado ou baixado; IV - A despesa for incorrida; ou V - O custo for incorrido. Os dois artigos (4 e 5) versam sobre o registro do ajuste a valor presente, afirmando

    que no haver qualquer impacto tributrio por conta do reconhecimento de ativos e passivos pelo valor presente.

    O art. 4 fala sobre o ativo, enquanto o art. 5 trata do passivo.

    Exemplos:

    Venda de Mercadoria a Prazo Considere uma venda, em JAN/14, para recebimento em oito parcelas de R$ 100,00,

    com valor presente de R$ 744,00. O registro contbil seria o seguinte: Dbito Contas a Receber R$ 800,00 Crdito AVP Juros a Apropriar R$ 56,00 Crdito Receita Bruta R$ 744,00 Neste caso, o valor de R$ 56,00 ser adicionado em JAN/14. Admitindo que a receita de juros (R$ 56,00) seja apropriada entre JAN/14 e o ltimo

    pagamento, em SET/14, todo o valor reconhecido durante o perodo ser excludo. Resumindo, a tributao continua como era antes e como estava sendo feito por ocasio

    da aplicao do Regime Tributrio de Transio.

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    Contabilizao da Receita de Venda e Servios - CPC 12 Ajuste a Valor Presente e CPC 30 Receitas

    Venda de mercadorias vista no valor de $ 100.000,00. Venda de mercadorias a prazo (20 meses) com juros de 10% do total da venda, sendo de $ 110.000,00 o valor total da receita de venda. Obs. ICMS 10% e CMV de 50.000,00 Lanamento conforme CPC 30 ou seo 23 do CPC PME

    Contas Dbito Crdito Clientes ou Duplicatas Receber 110.000,00

    AVP - Juros Transcorrer 10.000,00 ICMS Recolher 11.000,00

    Receita das Vendas de Mercadorias 89.000,00

    Lanamento conforme Lei n 12.973/2014 Clientes 110.000,00

    Receita Bruta de Vendas 110.000,00

    AVP Deduo da RB 10.000,00 AVPJuros Apropriar (redutora AC) 10.000,00

    ICMS s/Vendas 11.000,00

    ICMS a Recolher 11.000,00

    DRE - CPC DRE Lei n 12.973/2014 Receita Bruta 110.000,00 Adio Lalur

    A e Controle Lalur B

    (-) Dedues ICMS AVP

    ( 11.000,00) ( 10.000,00)

    Receita 89.000,00 Receita Lquida 89.000,00 (-) CMV (50.000,00) (-) CMV (50.000,00)

    Lucro Bruto 49.000,00 Lucro Bruto 49.000,00 Apropriao do AVP para Receita Financeira-AVP ms a ms: D AVP Juros Apropriar (redutora AC) C Receita Financeira AVP

    R$ 500,00 Excluso no Lalur A e Baixa no Lalur B.

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    Compra de Mercadorias a prazo

    Considere agora a empresa que adquiriu as mercadorias citadas no exemplo anterior, em JAN/14. O registro contbil, aplicando o art. 3 da MP 627/13, seria o seguinte:

    Dbito Estoques R$ 744,00 Dbito AVP Juros Apropriar ref. Estoques R$ 56,00 Crdito Fornecedores R$ 800,00 Admita que a mercadoria adquirida seja vendida em FEV/14. Neste ms, o valor de R$ 744,00 seria reconhecido como custo das mercadorias

    vendidas CMV. J o AVP (R$ 56,00) seria apropriado para despesa financeira durante os 8 meses de contrato. Contudo, tributariamente falando, a despesa financeira seria reconhecida como despesa, para fins fiscais, em FEV/14, ms em que a mercadoria adquirida foi vendida.

    Se a despesa financeira fosse apropriada de forma linear, entre FEV a SET/12, sua

    deduo mensal seria R$ 7,00 (R$ 56,00 /8). Contudo, a deduo acontecer, no caso, integralmente em FEV/14, com excluso neste

    ms de R$ 49,00 (56,00 menos 7,00). Se a compra fosse de insumos, a deduo citada se daria no ms do seu uso no

    processo produtivo. Interessante que o reconhecimento fiscal dos juros referentes ao insumo adquirido com prazo longo de pagamento poder ser em perodo diferente da deduo do item como custo. Este s acontecer quando o produto for vendido.

    Exemplo: Compra R$ 1.000 (valor total da NF), prazo 12m, juros 10% a.a. (juros simples). D Estoque C Fornecedores $ 1000 D Fornecedores (AVP) C Estoque (AVP) $ 100 D Custo das Mercadorias vendidas C Estoque $ 1000 D Estoque (AVP) C Custo das Mercadorias Vendidas (AVP) $ 100 (Excluso) D Despesa Financeira (AVP) C Fornecedores (AVP) $ 50 (Adio) Anotaes: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    Ajuste a Valor Presente no Lucro Presumido e Arbitrado

    O artigo 6 da Lei 12.973/14 foram promovidas alteraes no artigo 29 da Lei 9.430/96 necessrias base de clculo da CSLL das pessoas jurdicas tributadas com base no lucro presumido e arbitrado de forma a abranger os valores decorrentes de ajuste a valor presente.

    O objetivo foi desconsiderar eventuais ajustes a valor presente feitos na apropriao de

    receita bruta e demais receitas da empresa. Por exemplo, uma empresa comercial vendendo a prazo por R$ 4.000,00, mas com

    valor presente de R$ 3.400,00. A receita da empresa seria distribuda da seguinte forma: Receita Bruta de R$ 3.400,00 apropriada no ms da venda. Receita Financeira de R$ 600,00 apropriada entre os meses da venda e recebimento. Contudo, para fins de tributao no lucro presumido, a receita de venda seria informada

    por R$ 4.000,00 no ms da venda, aplicando o percentual de 12% para encontrar a base, enquanto nos meses entre a venda e o recebimento, o valor de R$ 600,00 de juros no seria considerado na base.

    O art. 8 estabelece que no integraro a base de clculo do IR as receitas financeiras

    relativas s variaes monetrias dos direitos de crdito e das obrigaes do contribuinte, em funo da taxa de cmbio, originadas dos saldos de valores a apropriar decorrentes de ajuste a valor presente, no caso de pessoa jurdica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado.

    O dispositivo retira a possibilidade de considerar na base do lucro presumido ou

    arbitrado qualquer ajuste oriundo de ajuste a valor presente referente a variao cambial ou monetria.

    Ganho ou Perda Decorrente de Avaliao a Valor Justo de Ativos e Passivos

    Os artigos 13 e 14 da Lei 12.973/14 estabelecem o tratamento tributrio no Lucro Real dos ganhos e das perdas decorrentes de ajuste a valor justo.

    O art. 13 autoriza o diferimento da tributao dos ganhos decorrentes de avaliao a

    valor justo de ativos e passivos desde que os valores sejam evidenciados contabilmente em subconta vinculada ao ativo ou passivo.

    Anotaes: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    Exemplo:

    a) Empresa adquire um Terreno para Investimento

    D Terreno (Propriedade para Investimento) C Caixa $ 100.000 b) No final do exerccio, atravs de uma avaliao, a empresa verifica que o valor

    de mercado do Terreno de $ 150.000 D Terreno Valor Justo (Propriedade para Investimento) C Receita Valor Justo $ 50.000 (Excluso no LALUR Controle na

    Parte B). c) No incio do exerccio seguinte, a empresa aliena o bem por $ 180.000 D Caixa $ 180.000 C Terreno $ 100.000 C Terreno Valor Justo $ 50.000 (Adio)* C Ganho de Capital $ 30.000 *Baixa na parte B

    Anotaes: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    O art. 14 dispe sobre a dedutibilidade das perdas decorrentes de ajuste a valor justo quando de sua realizao.

    O art. 15 estabelece que a RFB ir disciplinar os registros em subcontas criados para

    fins de diferimento dos efeitos tributrios de perdas e ganhos decorrentes de avaliao a valor justo e a valor presente.

    Sem esta conta especfica, os ganhos sero tributados e as perdas no sero

    dedutveis. Cuidado especial deve ser tomado em relao a tributao do ganho de capital, caso a

    subconta no seja aberta.

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    Se o ganho acontecer em perodo que a empresa tenha prejuzo fiscal, este dever ser adicionado somente quando a empresa apresentar lucro tributvel. Os detalhes dos controles em subconta sero disciplinados pela RFB.

    Ganho de Capital na Base do Lucro Presumido e Arbitrado

    A exposio de motivos da Lei 12.973/14, no seu artigo 6explica que no art. 25, o inciso I da Lei 9.430/96 foi adaptado ao novo conceito de receita bruta do art. 12 do Decreto-Lei n 1.598/77, para fins de apurao do lucro presumido, que inclui os valores decorrentes do ajuste a valor presente.

    Buscando manter o tratamento tributrio de at 31/12/07, o inciso II d aos valores

    decorrentes do ajuste a valor presente relativos s receitas ali mencionadas, o mesmo tratamento dado receita bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei n 1.598/77.

    O 1 indica como deve ser calculado o ganho de capital. Ainda buscando a neutralidade tributria, agora, especificamente em relao ao valor

    contbil a ser considerado no clculo do ganho de capital, o 2 permite que se considere os valores decorrentes do ajuste a valor presente como parte integrante do valor contbil, na proporo deste.

    O 3 dispe que os ganhos decorrentes de avaliao com base no valor justo no

    integraro a base de clculo do IRPJ. No caso de ativos que sejam posteriormente alienados, a receita ou o ganho relativo

    alienao devero ser normalmente oferecidos tributao. Finalmente, os 4 e 5 dispem que os ganhos e perdas decorrentes de avaliao

    com base em valor justo no sero considerados como parte integrante do valor contbil, exceto no caso de ganhos que j tenham sido anteriormente tributados. Anotaes: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    O art. 27 segue a mesma linha do art. 25, mas em referncia ao lucro arbitrado. O ganho de capital desconsiderar efeitos relacionados ao ajuste a valor presente e ao

    valor referente variao do valor justo de ativos ou passivos. Exemplo:

    A Cia. Trelel fez opo pelo lucro presumido e adquiriu, em JAN/X1 um veculo para pagamento em 12 parcelas mensais de R$ 2.750,00, totalizando R$ 33.000,00.

    Considerando que o valor presente do veculo monta R$ 30.000,00 e o mesmo ser

    utilizado durante cinco anos, sem valor residual, a empresa procede aos seguintes registros contbeis no ano de X1: Aquisio:

    Dbito Imobilizado 30.000,00 Dbito AVP Juros a Apropriar 3.000,00 Crdito Financiamento a Pagar 33.000,00

    Registro da Depreciao

    Dbito Despesa de Depreciao Crdito Imobilizado 6.000,00

    Registro da Apropriao dos Juros (utilizando critrio linear)

    Dbito Despesa Financeira Crdito AVP Juros a Apropriar 1.000,00 Admitindo que o veculo seja vendido no ltimo dia de X1 por R$ 28.000,00, o

    registro contbil seria o seguinte: Dbito Caixa 28.000,00 Crdito Imobilizado 24.000,00 Crdito Ganho de Capital 4.000,00 Neste caso, a Cia. Trelel (verbo utilizado na Lei) no tributar o ganho de capital

    registrado de R$ 4.000,00. O ganho de capital includo na base do lucro presumido seria o seguinte: (+) Valor Total da Compra 33.000,00 (-) Depreciao Acumulada (1 ano = 20%) (6.600,00) SALDO LQUIDO DO IMOBILIZADO 26.400,00 Como a venda foi 28.000,00 o ganho de capital seria R$ 1.600,00 (28.000,00 menos

    26.400,00).

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    A Cia Trelel poderia excluir, portanto, R$ 2.400,00 (4.000,00 menos 1.600,00) em sua apurao de DEZ/X1. Anotaes: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Valor Unitrio de Aquisio do Imobilizado

    O art. 15 foi modificado, objetivando seu alinhamento aos novos grupos de ativos constantes no art. 178 (ativo no circulante) da Lei n 6.404/76. Tambm atualiza o valor aceito a ttulo de despesa operacional.

    Lei 12.973/14 Artigo 2 - Alterao no Decreto-Lei n 1.598/77 Art. 15. O custo de aquisio de bens do ativo no circulante imobilizado e intangvel no poder ser deduzido como despesa operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor unitrio no superior a (R$ 1.200,00) ou prazo de vida til no superior a um ano. Despesas Financeiras Integradas ao Ativo Imobilizado em Construo

    As receitas e despesas financeiras so apropriadas pelo regime de competncia. Contudo, nas aquisies ou construes de bens do ativo no circulante, com

    emprstimos e financiamentos associados, a contabilidade recomenda o reconhecimento no ativo das despesas de juros atreladas aos bens ainda no postos em uso, sendo estes valores integrados ao bem e, posteriormente, depreciados ou amortizados.

    A mudana realizada pelo artigo 2 da Lei 12.937/14 no art. 17 do Decreto-Lei

    1.598/77, veio permitir que a empresa utilize um dos dois critrios: ou aceitar exatamente o que for feito na contabilidade, ou ento considerar as despesas de juros conforme elas forem incorridas.

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    O registro como custo do ativo dos encargos de emprstimos necessrios aquisio, construo ou produo de bens classificados como estoques de longa maturao, investimentos, no ativo imobilizado ou intangvel.

    Tal possibilidade fica condicionada aplicao dos recursos na aquisio, construo ou

    produo desses bens. Os ativos que so construdos ou adquiridos podem ser financiados com recursos

    prprios ou com recursos de terceiros, principalmente oriundo de financiamentos. A apropriao de juros deve ser feita pelo regime de competncia, conforme apropriao

    pro rata tempore. Os juros so apropriados em despesas financeiras, caso os ativos estejam em

    funcionamento. Contudo, se o ativo no estiver em uso, os juros devem ser reconhecidos no ativo,

    conforme os pronunciamentos emitidos pelo CPC, fazendo parte do custo de construo ou aquisio.

    O ajuste no art. 17 permite a excluso destes valores com a respectiva adio posterior,

    por ocasio da depreciao, exausto ou amortizao. Exemplo: Emprstimo para construo shopping R$ 100 milhes (valores pagos a fornecedores, salrio, etc.). Juros $10 milhes. D Caixa $ 100.000 C Emprstimo $ 110.000 D Juros a Transcorrer $ 10.000 D Imobilizado (Juros) C - Juros a Transcorrer $ 10.000 D Despesa Depreciao (Juros) C Depreciao Acumulada (Juros) $ 2.00 Teste de Recuperabilidade de Ativos

    O 3 do art. 183 da Lei n 6.404/76, com a redao dada pela Lei n 11.941/09, introduziu regra estabelecendo que a companhia dever efetuar, periodicamente, anlise sobre a recuperao dos valores registrados no imobilizado e no intangvel (teste de recuperabilidade).

    A realizao do teste de recuperabilidade poder ocasionar o reconhecimento de uma

    despesa, decorrente da desvalorizao do bem, anteriormente no obrigatria pelos mtodos e critrios em vigor at 2.007.

    Embora os reflexos provocados pelo teste de recuperabilidade se assemelhem aos de

    uma proviso, foi necessria a introduo de dispositivo legal que equipare as duas situaes e discipline seus efeitos.

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    O art. 32, apresentado a seguir, disciplina o momento em que o contribuinte poder reconhecer, na apurao do lucro real, os valores contabilizados como reduo ao valor recupervel de ativos.

    Art. 32. O contribuinte poder reconhecer na apurao do lucro real somente os valores contabilizados como reduo ao valor recupervel de ativos, que no tenham sido objeto de reverso, quando ocorrer a alienao ou baixa do bem correspondente. Pargrafo nico. No caso de alienao ou baixa de um ativo que compe uma unidade geradora de caixa, o valor a ser reconhecido na apurao do lucro real deve ser proporcional relao entre o valor contbil desse ativo e o total da unidade geradora de caixa data em que foi realizado o teste de recuperabilidade.

    Exemplo 1: Cia. Astro adquira um veculo por R$ 500,00, com prazo estimado de vida til de cinco

    anos (mesmo prazo da legislao fiscal), sem valor residual. O bem seria depreciado anualmente por R$ 100,00. Contudo, admita que, ao final de X2, o maior valor entre o uso e o potencial valor de

    venda monta R$ 260,00, exigindo, no caso, uma proviso para perdas por impairment, conforme apresentado a seguir:

    Saldo Lquido do Veculo em DEZ/X2 300,00 (500,00 menos 200,00 de deprec.

    Acumulada) Valor de Realizao em DEZ/X2 260,00 (maior valor entre uso e potencial

    venda) Proviso para Perdas por Recuperabilidade de Ativos 40,00 (300,00 menos

    260,00). Tal ajuste ter o seguinte registro contbil: Dbito Despesas de Impairment Test Crdito Proviso para Perdas por Impairment 40,00 Admita que a Cia. Astro efetua nova depreciao do veculo de 100,00 em X3. E o seu

    valor recupervel passa para R$ 170,00. Com isso, o registro contbil do ajuste de impairment ser de 10,00. Com isso, reduzimos a proviso e reconhecemos este valor em receita de reverso. A partir da o valor da depreciao diminui para R$ 85,00 nos dois anos finais, X4 e X5.

    Com isso, o total reconhecido em resultado ao longo dos cinco anos foi o seguinte: Despesa de Depreciao 470,00 Despesa de Impairment Test 40,00 (-) Receita de Reverso (10),00 SALDO LQUIDO DO VECULO 500,00.

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    A despesa de depreciao foi dedutvel nas bases do IR pelos valores registrados em X1, X2 e X3 por R$ 100,00/ano.

    Nos anos de X4 e X5, a Cia. Astro poderia fazer a excluso de 15/ano, referente a

    diferena entre a depreciao fiscal (100,00) e a contbil (85,00). Esta excluso encontra amparo no art. 40 Lei 12.973/14. A perda por impairment e sua reverso no entrariam nas bases de IR e CSLL, sendo a

    despesa adicionada e a receita excluda. Exemplo 2:

    Custo $ 100.000,00 (Vida til 10 anos) Depreciao Acumulada $ 50.000,00 Valor Recupervel $ 30.000,00

    D Despesas com Depreciao C Depreciao Acumulada $ 10.000,00 Aps IIMPAIRMENT D Despesas com IMPAIRMENT C Proviso de Perda (Imobilizado) $ 20.000,00 (Adio) D Despesas com Depreciao C Despesas Acumulada $ 6.000,00 Excluso no LALUR $ 4.000,00 Obs. Controle na Parte B

    Encargo de Depreciao dos Bens

    O art. 38 d nova redao ao 1 do art. 57 da Lei n 4.506/64, a fim de eliminar da legislao tributria comando sobre contabilizao da depreciao.

    Houve a introduo dos 15 e 16 para autorizar a excluso em livro fiscal da diferena

    de depreciao registrada na escriturao do contribuinte.

    Art. 38. A Lei n 4.506/64, passa a vigorar com a seguinte alterao: Art. 57. ...................................................................... 1 A quota de depreciao dedutvel na apurao do imposto ser determinada mediante a aplicao da taxa anual de depreciao sobre o custo de aquisio do ativo. ............................................................................................... 15. Caso a quota de depreciao registrada na contabilidade do contribuinte seja menor do que aquela calculada com base no 3, a diferena poder ser excluda do lucro lquido na apurao do Lucro Real, observando-se o disposto no 6. 16. Para fins do disposto no 15, a partir do perodo de apurao em que o montante acumulado das quotas de depreciao computado na determinao do lucro real atingir o limite previsto no 6, o valor da depreciao, registrado na escriturao comercial, dever ser adicionado ao lucro lquido para efeito de determinao do lucro real. (NR)

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    Para fins contbeis, ser utilizada a depreciao pelo prazo efetivo de vida til, destacando o valor residual, que representa o potencial recurso que ser recebido na venda do bem.

    Todavia, para fins fiscais, valem os prazos e taxas definidos na IN SRF n 162/98. Exemplo:

    A aquisio de um veculo para transporte de passageiros por R$ 100,00, com prazo de vida til estimado de cinco anos e valor residual de R$ 15,00.

    A depreciao na contabilidade seria de R$ 17,00/ano, totalizando R$ 85,00 ao final dos

    cinco anos. Posteriormente, admitindo a confirmao da venda pelo valor de R$ 15,00, este ser

    creditado na conta de imobilizado, deixando o saldo da conta zerado. Contudo, para fins fiscais, conforme Lei n 4.506/64, a deduo permitida anual seria de

    R$ 25,00, j que veculos de passageiros so depreciados em quatro anos e sem valor residual. Os ajustes que deveriam ser feitos no e-LALUR: Excluso de R$ 8,00 (25,00 menos 17,00) nos anos X1, X2, X3 e X4. Adio de R$ 17,00 em X5. Adio de R$ 15,00 por ocasio da venda do bem. Com isso, teramos excluso total de R$ 32,00 (8 vezes 4) e depois adio total de

    R$ 32,00 (17,00 + 15,00).

    Ganho de Capital Encargo da Depreciao de Bens

    A empresa realizar depreciao em prazo superior ao permitido pela legislao fiscal e fizer excluso no LALUR, esta excluso ser considerada para fins de apurao do ganho de capital.

    Artigo 2 da Lei 12.973/14, que alterou o artigo 31 do Decreto-lei 1.598/77. Exemplo:

    Uma empresa de transporte coletivo rodovirio de passageiros compre um veculo por R$ 100, para realizar suas atividades.

    Considerando valor residual (estimado) de venda de R$ 10,00 e utilizao do imobilizado

    por cinco anos, teramos despesa de depreciao contbil anual de R$ 18,00 (90/5). A legislao fiscal permite a deduo de depreciao de veculos utilizados no transporte

    de passageiros em quatro anos (R$ 25,00 por ano), autorizando excluso de R$ 7,00 por ano. Admita que a empresa utilize o bem durante o prazo de vida til esperado e registre a

    depreciao da forma adequada, deixando registrado na conta de imobilizado o valor de R$ 10,00 que foi a estimativa de venda.

    Apropriao de resultado durante os cinco anos:

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    X1 a X4 Excluso de R$ 7,00 (25,00 da depreciao contbil menos 18,00 da depreciao fiscal), totalizando saldo de excluso na parte B do LALUR de R$ 28,00 ao final dos quatro anos.

    X5 Adio da depreciao registrada na contabilidade de R$ 18,00. Neste caso, o saldo lquido de excluso na parte B do LALUR seria reduzido de R$

    28,00 para R$ 10,00. Nesta situao, admite trs situaes: Venda por R$ 10,00, por R$ 12,00 ou por R$ 7,00. Veja: VENDA DO VECULO POR R$ 10,00 O resultado apurado na contabilidade, mas pela leitura do art. 31 o saldo de

    excluso da depreciao do bem vendido (R$ 10,00) seria adicionado na base do IR. VENDA DO VECULO POR R$ 12,00 O ganho de capital seria de R$ 2,00 (12,00 menos 10,00). Alm teria que adicionar o saldo de excluso da depreciao do bem vendido (R$

    10), gerando base tributvel total de R$ 12,00. VENDA DO VECULO POR R$ 7,00 O valor seria totalmente baixado do imobilizado, que permaneceria com saldo de

    R$ 3,00. Este valor seria baixado e reconhecido em conta de despesa de depreciao, que

    no seria dedutvel na base do IR. Assim, teria que adicionar o valor de R$ 10,00 que estaria reconhecido na Parte B

    do LALUR referente ao bem baixado.

    Imobilizado em Construo os Encargos Financeiros o Reflexo na Apurao do Ganho de Capital Lucro Presumido e Arbitrado

    Se o bem for vendido e for apurado ganho ou perda de capital, os juros reconhecidos como imobilizado devem ser retirados da base.

    Art. 7 Para fins de determinao do ganho de capital previsto no inciso II do caput do art. 25 da Lei n 9.430/96, vedado o cmputo de qualquer parcela a ttulo de encargos associados a emprstimos, registrados como custo na forma da alnea b do 1 do art. 17 do Decreto-Lei n 1.598/77. Pargrafo nico. O disposto no caput aplica-se tambm ao ganho de capital previsto no inciso II do caput do art. 27 e no inciso II do caput do art. 29 da Lei n 9.430/96.

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    Se a empresa colocar qualquer valor referente a juros em ativos em construo em empresas tributadas pelo lucro presumido, registrados no imobilizado, estes juros no devem compor o valor contbil para fins de apurao do ganho de capital.

    Resumo, o ganho de capital para quem tributado pelo lucro presumido considera o

    valor de venda menos o valor de aquisio deduzido somente pela depreciao acumulada.

    Prejuzos nas Atividades No Operacionais

    O art. 43 mantm o tratamento tributrio para compensao de prejuzos fiscais decorrentes da alienao de bens e direitos do ativo imobilizado, investimento e intangvel, ainda que reclassificados para o ativo circulante com inteno de venda.

    Art. 43. Os prejuzos decorrentes da alienao de bens e direitos do ativo imobilizado, investimento e intangvel, ainda que reclassificados para o ativo circulante com inteno de venda, podero ser compensados somente com lucros de mesma natureza, observado o limite previsto no art. 15 da Lei n 9.065/95. Pargrafo nico. O disposto no caput no se aplica em relao s perdas decorrentes de baixa de bens ou direitos em virtude de terem se tornado imprestveis, obsoletos ou cado em desuso, ainda que posteriormente venham a ser alienados como sucata.

    Os resultados das atividades no operacionais, para fins fiscais, representam os ganhos e perdas nas vendas de bens dos ativos imobilizado, investimentos e intangvel.

    Se a empresa auferir prejuzo nestas atividades, mas obter lucro no geral, no h que se

    falar em tributao separada. O prejuzo da atividade no operacional pode ser compensado no prprio ano com

    lucros da atividade operacional. Todavia, se a empresa apresentar prejuzo e tiver resultado negativo no operacional,

    este dever ser separado e compensado posteriormente somente com lucros nas atividades no operacionais.

    O que o art. 43 explica, combinado com os outros artigos que falam sobre ganho de

    capital na Lei 12.973/14, que a legislao continua em vigor no modelo anterior, inclusive quando os bens forem transferidos para o ativo circulante, quando a empresa tiver inteno de venda.

    Ativo Intangvel Amortizao

    O art. 41 estabelece que a amortizao de ativo intangvel dedutvel para fins de apurao do IR, desde que o direito seja intrinsecamente relacionado com a produo ou comercializao dos bens e servios da empresa, observadas as demais disposies da legislao tributria sobre a matria.

    O art. 42 permite a excluso, na apurao do lucro real e no perodo em que incorridos,

    dos gastos com desenvolvimento de inovao tecnolgica registrados no ativo intangvel, devendo ser adicionados nos perodos seguintes, medida da amortizao do ativo.

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    Assim se mantm o benefcio fiscal previsto no inciso I e no 2 do art. 17 da Lei n 11.196/05, sem que o contribuinte tenha que registrar esses gastos como despesa operacional.

    Art. 41. A amortizao de direitos classificados no ativo no circulante intangvel considerada dedutvel na determinao do lucro real, observado o disposto no inciso III do caput do art. 13 da Lei n 9.249/95. Art. 42. Podero ser excludos, para fins de apurao do lucro real, os gastos com desenvolvimento de inovao tecnolgica referidos no inciso I do caput e no 2 do art. 17 da Lei n 11.196/05, quando registrados no ativo no circulante intangvel, no perodo de apurao em que forem incorridos e observado o disposto nos artigos 22 a 24 da referida Lei. Pargrafo nico. O contribuinte que utilizar o benefcio referido no caput dever adicionar ao lucro lquido, para fins de apurao do lucro real, o valor da realizao do ativo intangvel, inclusive por amortizao, alienao ou baixa.

    O intangvel um subgrupo do ativo no circulante e um item novo na contabilidade, que no existia na legislao societria at DEZ/07.

    Era necessrio regulamentar o tema para fins de deduo nas bases do IR e da CSLL. Todavia, a Lei no cita em quanto tempo o intangvel poder ser amortizado, valendo

    ento, pela leitura do texto do art. 41, a amortizao reconhecida na contabilidade. Foi regulamentado tambm a excluso dos gastos com inovao, quando eles

    acontecerem. Posteriormente, quando o intangvel for amortizado, alienado ou baixado, a despesa no

    ser dedutvel devendo ser adicionada. Anotaes: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________