apostila de recuperacao de areas degradadas

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154

RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS4 MDULO / TCNICO EM MINERAO

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CAPTULO 1 INTRODUO S QUESTES AMBIENTAISOs problemas ambientais atuais devem servir de lio para o homem. A Natureza existe para ser utilizada, proporcionando-lhe a qualidade de vida desejada. Porm, sua capacidade de ser alterada limitada. O homem dispor sempre dos recursos naturais, se us-los de forma adequada, agindo como parte integrante da Natureza, e no como seu dono absoluto. Suetnio Mota, 1997.

1.1 INTRODUO A questo ambiental, embora tenha sido motivo de preocupao do homem desde longnquas eras, s recentemente ganhou dimenso planetria. A ao predatria do homem sobre a natureza foi conseqncia das duas grandes revolues por que passou a humanidade: a idade do ferro e a industrial. A primeira transformou o homem, de mero coletor de alimentos em seu produtor, ainda que o fizesse precariamente, pois sua ao dependia exclusivamente da energia resultante da sua pequena fora fsica ou dos animais que domesticou. A segunda, muito mais preocupante, pois ao substituir a energia animal pela mecnica, aumentou exponencialmente os efeitos deletrios da ao humana sobre o meio ambiente. A partir desta concepo pode-se inferir que o homem talvez seja a espcie animal de vida mais breve e efmera do planeta, pois o nico a incorporar em seus avanos cientficos e tecnolgicos um grande potencial auto destruidor. O homem ao longo de sua existncia vem utilizando os recursos naturais do planeta de uma maneira pouca criteriosa e sem levar em conta que a disponibilidade de fontes de matriaprima e energia do planeta so reconhecidamente finitos. Alm da utilizao pouca criteriosa dos recursos naturais, existem os problemas ambientais gerados sistematicamente em decorrncia do lanamento de efluentes lquidos, resduos slidos, emisses atmosfricas, gerao de rudos, etc., alm dos riscos de acidentes ambientais de maiores propores que podem ocorrer durante o processo de manufatura de produtos e seu respectivo consumo. (FIGURA 1.1)

Poluio do Ar

Poluio do Solo

Poluio do Ar

Poluio por produto agrcola

Poluio por petrleo

Poluio da gua por esgoto domstico

FIGURA 1.1 Exemplos de poluio

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154A utilizao dos recursos naturais sem a devida preocupao ambiental poder comprometer a qualidade de vida e a sobrevivncia das futuras geraes. reas que antigamente formavam corredores ecolgicos, hoje esto devastadas, comprometendo a continuidade de diversas espcies da flora e da fauna.

FIGURA 1.2 Desmatamento da araucria Foto: Divulgao/ MMA O solo um dos recursos naturais mais importantes para a qualidade de vida do homem. Possui mltiplas funes nos ciclos dos nutrientes, no ciclo da gua e tambm importante para a sustentabilidade dos sistemas naturais, como as florestas primrias e campos, sendo um dos fatores mais relevantes na determinao da tipologia florestal. Alm disso, fundamental na produo de alimentos e foi muito importante na evoluo da espcie humana e no sucesso desta frente s demais espcies. A modificao dos sistemas naturais pela atividade humana origina as reas alteradas, que podem ter sua capacidade de produo melhorada, conservada ou diminuda em relao ao sistema. Assim sendo, a alterao de uma rea no significa necessariamente sua degradao. Contudo, se essa alterao ocorre juntamente com processos que levam perda da capacidade produtiva do sistema, diz-se que as reas esto degradadas. Normalmente, o processo de degradao das terras est relacionado prpria degradao dos solos, embora, outros fatores, como a prtica de manejo inadequada, tambm possam ocasion-la. A degradao dos solos constitui um prejuzo socioeconmico para as geraes atuais e representa um enorme risco para as geraes futuras. Na dcada de 70, a preocupao das naes industrializadas com as questes ambientais levou convocao, pela ONU, da Reunio Mundial sobre o Meio Ambiente Humano a Estocolmo 1972 da qual resultou uma declarao com 21 princpios voltados, basicamente, para o controle da poluio hdrica. Na dcada de 80, a Conferncia de Nairbi a Nairbi 1982 , convocada para uma avaliao da situao e, principalmente, dos resultados da aplicao dos princpios da anterior, concluiu que era necessrio avanar no processo. Foram selecionadas duas prioridades: a criao de unidades de conservao e a recuperao de reas degradadas. Na dcada de 90, a Rio 92 Conferncia para o Meio Ambiente e Desenvolvimento centrou-se nas questes de interesse coletivo, como o efeito estufa, a biodiversidade, e especficas, como a pobreza, a fome e a necessidade de atingir-se um desenvolvimento sustentado para o qual era fundamental a participao comunitria nas decises de polticas de desenvolvimento. A Carta do Rio, documento final da reunio alinhou os 27 princpios sobre desenvolvimento e meio ambiente. Em outras palavras, de uma posio meramente controladora de danos ambientais partiu-se para uma posio conservacionista e recuperadora e, finalmente, para uma proposio de polticas globais de apropriao e uso dos recursos naturais.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154Desde 1986, e de forma mais contundente na Constituio Federal editada em outubro de 1988, toda atividade que produza danos ambientais deve arcar com as medidas de mitigao dos impactos e de recuperao ambiental. Em 23 de outubro de 1989 a Secretaria do Meio Ambiente atravs da Resoluo SMA 18, estabelce a obrigatoriedade de apresentao de Plano de Recuperao de reas Degradadas. 1.2 CONCEITOS AMBIENTAIS

Inicialmente importante conhecermos a definio de Meio Ambiente. O conceito de meio ambiente tem especial importncia nos estudos de impacto ambiental. Isto porque o contedo e a abrangncia de tais estudos variam de acordo com a noo de meio ambiente em que se fundamentam. De acordo com BRANCO (1978), Meio Ambiente o conjunto de condies que afetam a existncia, desenvolvimento e bem-estar dos seres vivos. No se trata de um lugar no espao, mas de todas as condies fsica, qumicas e biolgicas que favorecem ou desfavorecem o desenvolvimento dos seres vivos. Segundo a ISO 14000 ... circunvizinhana onde atua a organizao (gua, ar, solo, flora, fauna, seres humanos) e suas inter-relaes, desde o interior das instalaes at o sistema global. . J a Lei Federal 6.938/81, que trata da Poltica do Meio Ambiente, teve a modernidade de, ao conceituar o meio ambiente, inserir tudo aquilo que permite a vida, que abriga e rege. Assim, o seu art. terceiro, inciso I, preceitua que meio ambiente o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Alm disso, na lei Federal, o meio ambiente tambm considerado, um patrimnio pblico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. A noo de impacto ambiental tambm fundamental para a sua avaliao, pois determina a abordagem metodolgica, a abrangncia dos estudos e at mesmo a utilizao de seus resultados. A legislao federal (art.10, Resoluo CONAMA 001/86) define impacto ambiental como toda alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a segurana e o bem estar da populao; as atividades sociais e econmicas; a biota; as condies estticas e sanitrias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. Existe, na natureza, um equilbrio biolgico entre todos os seres vivos. Neste sistema em equilbrio, os organismos produzem substncias que so teis para outros organismos e assim sucessivamente. A poluio vai existir toda vez que resduos (slidos, lquidos ou gasosos) produzidos por microrganismos ou lanados pelo homem na natureza, forem superiores capacidade de absoro do meio ambiente, provocando alteraes na sobrevivncia das espcies. A poluio pode ser definida como a introduo no meio ambiente de qualquer matria ou energia que venha a alterar as propriedades fsicas, qumicas ou biolgicas desse meio, afetando, ou podendo afetar, por isso, a "sade" das espcies animais ou vegetais que dependem ou tenham contato com ele, ou que nele venham a provocar modificaes fsico-

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154qumicas nas espcies minerais presentes. A poluio pode ser entendida, ainda, como qualquer alterao do equilbrio ecolgico existente. Poluio , portanto, uma agresso natureza, ao meio ambiente em que o homem vive. Os efeitos da poluio so hoje to amplos que j existem inmeras organizaes de defesa do meio ambiente. A palavra poluio vem do latim polure, que significa sujar. A poluio est diretamente relacionada com os processos de industrializao e a conseqente urbanizao da humanidade. Esses so os dois fatores contemporneos que podem explicar claramente os atuais ndices de poluio. Os agentes poluentes so os mais variados possveis e so capazes de alterar a gua, o solo, o ar, etc. A definio legal de poluio (Lei n0 6938, de 31 de agosto de 1981 Poltica Nacional do Meio Ambiente) : degradao da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: Prejudiquem a sade, a segurana e o bem-estar da populao; Criem condies adversas s atividades sociais e econmicas; Afetem desfavoravelmente a biota; Afetem as condies estticas ou sanitrias do meio ambiente; Lancem materiais ou energia em desacordo com os padres ambientais estabelecidos.

Poluio tem, portanto, um sentido amplo, no se restringindo somente ocorrncia de doenas no homem. Qualquer alterao de um ambiente (ar, gua, solo), que resulte em prejuzos aos organismos vivos ou prejudique um uso previamente definido para ele, considerada poluio. Faz-se a distino entre poluio e contaminao. Um ambiente est contaminado quando o seu estado de poluio pode provocar doenas no homem. Nem sempre a poluio, no seu sentido amplo, significa riscos de transmisso de doenas. A contaminao, no entanto, est associada s doenas que o ambiente pode ocasionar. O homem causa a poluio ambiental pelo lanamento de resduos de seu prprio processo biolgico (dejetos), ou resultantes de suas atividades, nas formas slidas (lixo), lquida (esgotos), gasosa ou de energia (calor, som, radioativa). Ao lanar esses resduos no solo, gua, no ar, ele provoca alteraes que podem ser caracterizadas como poluio, ou seja, serem prejudiciais ao homem, a outros seres vivos, e aos usos do recurso ambiental. So vrias as modalidades de poluio, destacando-se: do solo, da gua, do ar, sonora. Existem outros tipos, que so citados na bibliografia especializada: poluio trmica, poluio visual, poluio radioativa, etc. DEGRADAO - Conjunto de processos resultantes de danos no meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais" (Decreto Federal 97.632/89). reas degradadas so geradas por intervenes significativas nos processos do meio fsico Degradao ambiental = impacto ambiental negativo DEGRADAO DO SOLO - Alteraes adversas das caractersticas do solo em relao aos seus diversos usos possveis, tanto estabelecidos em planejamento quanto os potenciais" (ABNT, 1989). RECUPERAO AMBIENTAL DE REAS DEGRADADAS - Retorno do stio degradado a uma forma de uso, de acordo com um plano pr-estabelecido para o uso do solo, visando a obteno de uma estabilidade do meio ambiente. Definio de recuperao segundo o DECRETO FEDERAL 97632/89

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rea de Lavra

rea em processo de recuperaoRECUPERAO - Retorno do local impactado a uma condio de equilbrio dos processos ambientais presentes; as condies devem ser prximas s do momento inicial da minerao. RESTAURAO - Retorno do local impactado a uma condio de equilbrio dos processos ambientais presentes; as condies devem ser prximas s do momento inicial da minerao. REABILITAO - O projeto deve privilegiar uma forma de uso compatvel com o entorno, reaproveitando a rea para alguma atividade mesmo que no existente anteriormente.

REMEDIAO AMBIENTAL Medidas que visam limpar um stio degradado pela atividade industrial, principalmente stios de deposio de resduos txicos onde h contaminao de solo e aquferos. Entende-se que raramente h limpeza total do stio, haver sempre um nvel residual de contaminao conforme a disponibilidades tcnica e financeiras das atividades de limpeza.

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CAPTULO 2 POLUIO AMBIENTAL

2.1 POLUIO HDRICA Desde a antigidade o homem j lanava os seus detritos na gua, porm, esse procedimento no causava muitos problemas, pois os rios, oceanos e lagos tm o poder de autolimpeza (autodepurao), purificao. Com a industrializao, a situao comeou a sofrer profundas alteraes. O volume de detritos despejados nas guas tornou-se cada vez maior, superando a capacidade de purificao dos rios e oceanos, que limitada. Alm disso, passou a ser despejada na gua uma grande quantidade de elementos que no so biodegradveis, ou seja, no so decompostos pela natureza. Tais elementos - por exemplo, os plsticos, a maioria dos detergentes e os pesticidas - vo se acumulando nos rios, lagos e oceanos, diminuindo a capacidade de reteno de oxignio das guas e, consequentemente, prejudicando a vida aqutica. A gua empregada para resfriar os equipamentos nas usinas termeltricas e atomeltricas e em alguns tipos de indstrias tambm causa srios problemas de poluio. Essa gua, que lanada nos rios ainda quente, faz aumentar a temperatura da gua do rio e acaba provocando a eliminao de algumas espcies de peixes, a proliferao excessiva de outras e, em alguns casos, a destruio de todas. A Poluio hdrica pode ser definida como a introduo num corpo dgua de qualquer matria ou energia que venha a alterar as propriedades dessa gua, afetando, ou podendo afetar, por isso, a "sade" das espcies animais ou vegetais que dependem dessas guas ou com elas tenham contato, ou mesmo que venham a provocar modificaes fsico-qumicas nas espcies minerais contatadas. As substncias despejadas mais comuns so os compostos orgnicos, minerais, chumbo e mercrio, pelas indstrias; fertilizantes, pesticidas e herbicidas, pela agricultura. So lanados diariamente 10 bilhes de litros de esgoto que poluem rios, lagos, oceanos e reas de mananciais . Os compostos orgnicos lanados nas guas provocam um aumento no nmero de microrganismos decompositores. Esses microrganismos consomem todo o oxignio dissolvido

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154na gua; com isso, os peixes que ali vivem podem morrer, no por envenenamento, mas por asfixia. Os oceanos recebem boa parte dos poluentes dissolvidos nos rios e riachos, alm do lixo dos centros industriais e urbanos. Em muitas regies litorneas, onde isso ocorre, as praias tornam-se imprprias para o banho de mar. Na agricultura, os fertilizantes, os pesticidas e herbicidas so arrastados para os rios com as chuvas. O contato desses poluentes com o solo ou com a gua podem contaminar os lenis freticos. 2.1.1 gua na minerao A utilizao da gua como insumo e a sua movimentao com diversos fins podem se fazer presentes nas vrias etapas e operaes de um empreendimento minerario. Pesquisa mineral como insumo auxiliar em sondagens rotativas (ex.: em resfriamento) em amostragens de grandes volumes por dragagem sondagens de leitos de cursos dgua e em reas alagadas (ex.: pesquisa de argila) Desenvolvimento e lavra - desmonte hidrulico - dragagem de aluvies,rebaixamento de lenol (mina cu aberto) e bombeamento de gua em minas subterrneas. - asperso de ptios, vias de acesso e pilhas Beneficiamento - Utilizao, nas operaes de cominuio (britagem e moagem), classificao (peneiramento, classificao espiral, ciclonagem etc.), concentrao por densidade (mesa, jigue etc.) e concentrao magntica-eletrosttica. - Utilizao, com grandes restries quanto qualidade, ou seja, interferindo no consumo de reagentes ou na recuperao do processo de beneficiamento, nos processos de: - Flotao (dureza na flotao de minrio fosftico por exemplo); - Lixiviao (ferro e dureza na lixiviao de caulim por exemplo); - Movimentao nas operaes de desaguamamento. - Movimentao nas operaes de disposio de rejeitos; Transporte - Utilizao no bombeamento de polpa em mineroduto. Infra-estrutura - Utilizao na cozinha, higiene pessoal e industrial, bebedouros, laboratrios, moradias etc., com restries fsico-qumicas e sanitrias. 2.1.2 Impactos causados pela minerao sobre as guas A poluio hdrica na minerao se origina pelo transporte de partculas das reas decapeadas (expostas) (mina, pilha de estril, ptios etc.) por gua pluvial; deposio direta de estril (resduos) em cursos dgua; lanamento de rejeitos (com ou sem insumos qumicos incorporados) em cursos dgua; lanamento de esgotos sanitrios sem tratamento; lanamento de leos e graxas; deposio de resduos slidos no inertes que podem tambm contaminar o lenol fretico; bombeamento de gua com carga slida ou solvel para rebaixamento do lenol nos cursos dgua; turbilhonamento dos aluvies na operao de dragagem. Tambm a captao indevida de gua; assim como o rebaixamento de lenol e interferncia em reas de recarga podem constituir poluio hdrica sob a tica conjuntural. A seguir sero descritos, de forma sinttica, os impactos clssicos sobre a qualidade das guas nas diversas fases e processos minerais.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154PESQUISA MINERAL TipoSondagem rotativa ou percusso Sondagem e amostragem de grandes volumes por dragas

Causa do ImpactoArraste de partculas finas das estradas e ptios de trabalho por gua pluvial. Revolvimento e turbilhonamento de reas alagadas e leitos de cursos d'gua.

Parmetro GeradorIncremento de turbidez e slidos sedimentveis. Incremento de tubidez e slidos sedimentveis.

LAVRAArraste de partculas finas das reas de acesso por gua pluvial, solubilizao, do estril pelo contato com o sistema ar / gua. Aporte de partculas por arraste pluvial e lanamento do estril sob a forma de polpa nas colees hdricas. Revolvimento e turbilhonamento das margens e fundo das colees hdricas, lanamento de estril na forma de polpa. Arraste de partculas finas nas reas decapeadas (mina, estradas, depsito de estril e ptios) por gua pluvial. Incremento de turbidez, slidos sedimentveis, slidos dissolvidos. Em algun s casos, modificaes de pH, incremento de metais, sulfetos, arsnio, dependendo da mineralogia. Incremento de turbidez e slidos sedimentveis. Incremento de turbidez e slidos sedimentveis. Incremento de turbidez, slidos sedimentveis, pH e outros compostos dependem da mineralogia.

Subterrnea

Desmonte Hidrulico Dragagem Aluvionar

A cu aberto, em bancadas

BENEFICIAMENTO TipoClassificao, cominuio e cata manual Classificao, cominuio, concentrao, magntica e eletrosttica

Causa do ImpactoCarreamento do rejeito por gua pluvial (quando no h utilizao de gua industrial) Lanamento de rejeitos sob a forma de polpa nos cursos d'gua

ImpactoIncremento de turbidez, slidos sedimentveis. Outros compostos dependem da mineralogia Aumento da turbidez e slidos sedimentveis. Pelo tempo de contato entre minrio e gua de processo, pode ocorrer solubilizao de minerais Aumento de turbidez e slidos sedimentveis. Possibilidade de solubilidade de minerais. Presena de coletores, depressores, moduladores de pH e floculantes na gua Incremento de slidos dissolvidos. Presena de metais. Modificaes do pH

Flotao desaguamento

e

Lanamento de rejeitos soa a forma de polpa nos cursos d'gua com insumos qumicos incorporados Lanamento de extratos lquidos. Adio de insumos

Hidrometalurgia

REAS DE APOIOOficinas Uitlizao de leo combustvel e lubrificante Lanamento Lanamento orgnico de de esgoto. material Incremento na concentrao de leos e graxas Incremento no nmero de coliformes. Reduo de oxignio dissolvido

Moradias, cozinhas, sanitrios, etc

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.81542.1.3 Sistema de controle de impactos sobre colees hdricas Sistemas de conteno de partculas slidas Nas reas lavradas, uma srie de medidas devem ser tomadas para minimizar os impactos gerados pelos efluentes contendo partculas slidas na mina e nas unidades de beneficiamento, tais como: sistema de drenagem, pilhas de estril, barragens de rejeito. Antes de se iniciar os trabalhos importante que se faa o zoneamento da rea de maneira a no implantar tais obras onde encontram-se corpos mineralizados, nascentes dgua, pontos de recarga, ou outra ocorrncia que deva ser preservada. Sistema de drenagem Toda gua da mina dever ser drenada de tal forma que permita o escoamento das guas pluviais e surgentes, sendo direcionadas de maneira harmnica com o andamento dos servios de produo. Pilhas de estril As pilhas devem ser implantadas em local apropriado, com remoo de toda vegetao, no sendo recomendvel nem mesmo a presena de gramneas. A implantao deve ser preferencialmente de baixo para cima, permitindo um maior adensamento e compactao devido ao transporte sobre o material. Barragem de rejeitos Essa estrutura representa uma importante pea no controle de impactos, uma vez que permite a total deposio de partculas slidas geradas pela lavra e pelas unidades de beneficiamento, evitando, principalmente, o assoreamento dos cursos dgua jusante do empreendimento. Monitoramento das obras Todas as reservas implantadas devem ser regularmente monitoradas. O sistema de drenagem deve adequar-se paulativamente ao avano da lavra. As barragens de rejeito devem ser alteradas de acordo com a produo e devem ser implantadas novas barragens quando da exausto da capacidade da primeira. A qualidade das guas que percolam pelo macio da barragem, seja ele de material terroso ou rejeito ciclonado, deve ser regularmente verificada, e, caso seja necessrio, tratada antes de ser lanada nos cursos dgua. Outro aspecto que deve ser monitorado so as condies de estabilidade das pilahas e, principalmente, das barragens, uma vez que o rompimento destas podem provocar danos muitas vezes irreparveis. Disposio de resduos slidos Alm do estril e rejeito, a minerao uma geradora potencial de resduos slidos. Os resduos podem provir das atividades de apoio (lixo de cozinha, lodo de fossa sptica, papel de escritrio, poeira de varrio, sucata das oficinas etc.) e tambm dos sistemas de mitigao de impactos como, por exemplo, as unidades de precipitao qumica de efluentes. 2.1.4 Monitoramento O monitoramento ambiental um instrumento de controle e avaliao. Serve para conhecer o estado e as tendncias qualitativas e quantitativas dos recursos naturais e as influncias exercidas pelas atividades humanas e por fatores naturais sobre o meio ambiente. Desta forma, subsidia medidas de planejamento, controle, recuperao, preservao e conservao do ambiente em estudo, bem como auxilia na definio das polticas ambientais. Deve ser utilizado para verificar se as causas do evento cessaram ou se os nveis de qualidade esto adequados. Reflete a relao de aes antrpicas e fatores naturais sobre o meio ambiente, bem como o resultado da atuao das instituies por meio de planos, programas, projetos, instrumentos legais e financeiros capazes de manter as condies ideais dos recursos naturais (equilbrio ecolgico) ou recuperar reas e sistema s especficos.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154Dessa forma, as informaes geradas devem transmitir clareza aos tcnicos, aos tomadores de decises, comunidade cientfica e a toda a sociedade sobre a situao que se quer analisar. Se a informao no bem entendida, no h clareza para avaliar os resultados, podendo haver distores, decises inadequadas ou at mesmo erradas. A implantao de atividades de monitoramento ambiental necessita de uma seleo prvia de Indicadores. Estes so parmetros que expressam as condies qualitativas ou quantitativas do que est sendo medido e avaliado. Devem descrever, de forma compreensvel e significativa: o estado e as tendncias dos recursos ambientais, o desempenho de instituies para o cumprimento das suas atribuies. O processo se inicia com o planejamento, que envolve: A definio dos indicadores/ parmetros a serem avaliados; A metodologia e os meios a utilizar; O local da amostragem ou de coleta; A freqncia da obteno de dados; A metodologia de anlise; Os procedimentos de coleta, preservao, armazenamento e transporte de amostras at o laboratrio, para anlise; Os equipamentos necessrios; A forma de avaliao dos resultados obtidos; O processamento e armazenamento das informaes e A forma de divulgao dos resultados. A seleo dos parmetros de interesse depende do objetivo do estudo, investigao ou projeto, levando-se em considerao os usos previstos para o corpo dgua e as fontes potencias de poluio existentes na bacia hidrogrfica. Os parmetros a serem considerados, podem ser selecionados de acordo com as fontes potenciais e ainda para atender determinada legislao, estabelecendo os padres de qualidade que devem ser atendidos, como por exemplo, os padres de qualidade de guas superficial estabelecidos pela Resoluo CONAMA n 357, de 17.03.2005, ou os padres de efluentes industriais estabelecidos pela mesma resoluo, dentre outros. No Estado de Minas Gerais o rgo Ambiental (Fundao Estadual do Meio Ambiente), adota os padres estabelecidos na Deliberao Normativa COPAM 10, de dezembro de 1986 para guas superficiais e efluentes lquidos. As fontes potenciais de poluio podem ser identificadas atravs de um levantamento de uso do solo na bacia. 2.2 POLUIO ATMOSFRICAAs atividades humanas tm resultado na produo de gases e de material particulado, e na emisso de rudos, os quais so propagados atravs do ar, das fontes poluidoras at o homem, podendo causar-lhe danos. Essas atividades poluidoras devem ser controladas, principalmente de forma preventiva, atravs da reduo das emisses, nas fontes, e da localizao das mesmas. Nas cidades, o disciplinamento do uso e ocupao do solo deve ser feito tendo como objetivo minimizar os impactos da poluio atmosfrica e da poluio sonora sobre os locais de habitao, trabalho e lazer do homem. Suetnio Mota, 1997

A Terra est envolvida por uma camada de ar invisvel, de onde os seres vivos retiram o oxignio para a sua respirao e as plantas absorvem o gs carbnico para a produo da biomassa.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154Dentre as inmeras utilizaes do ar, pode-se citar: processos metablicos, comunicaes, transportes, combusto e processos industriais. Estas ltimas formas de utilizao devem manter a qualidade do ar evitando sua degradao, para assegurar a sade e o bem-estar da sociedade. No entanto, as transformaes que ocorrem na superfcie do Globo Terrestre, motivadas pela modernizao da tecnologia utilizada a cada dia com mais intensidade, vm trazendo conseqncias considerveis para o equilbrio da natureza, prejudicando a manuteno da biodiversidade da gua, da terra, do ar, da fauna e da flora, colocando em risco a integridade da biosfera, a longo prazo. A presso exercida sobre o ambiente natural conseqncia da firme determinao do homem em levar vantagens imediatas sobre tudo em que investe, atuando sobre a natureza, dominando-a e servindo-se dela egoisticamente. O conhecimento dos efeitos globais causados pelos grandes complexos industriais, pelos excessivos cortes das florestas, pelas grandes represas que so construdas nas mais diversas regies do mundo, pelo uso indiscriminado de produtos qumicos, pelo emprego da energia nuclear e tambm pela excessiva queima de combustveis fsseis. fundamental para se entender o grau de poluio da biosfera. No devem ser desconsideradas as pequenas atividades que contribuem sensivelmente para o aumento da quantidade de impurezas no ar, como dirigir automveis, usar trator no preparo do solo, aplicar defensivos etc. A poluio atmosfrica (ou do ar) pode ser definida como a introduo na atmosfera de qualquer matria ou energia que venha a alterar as propriedades dessa atmosfera, afetando, ou podendo afetar, por isso, a "sade" das espcies animais ou vegetais que dependem ou tenham contato com essa atmosfera, ou mesmo que venham provocar modificaes fsicoqumicas nas espcies minerais que tenham contato com ela. De acordo com a Lei N7.772 de 08.09.80, Decreto N21.228 de 10.03.81 - Gov. MG, as substncias presentes no ar so consideradas poluentes quando elas provocam qualquer alterao das qualidades fsicas, qumicas ou biolgicas do meio ambiente que possam: prejudicar a sade ou bem-estar da populao; criar condies adversas s atividades sociais e econmicas; ocasionar danos relevantes aos acervos histrico, cultural e paisagstico.

2.2.1 Poluentes atmosfricos e fontes de poluio do ar Os poluentes atmosfricos podem ser de origem natural ou antrpica. So classificados como primrios quando emitidos por uma fonte conhecida e permanecem na atmosfera em sua forma original, e como secundrios quando formados na atmosfera poe reaes qumicas envolvendo os poluentes primrios. QUADRO 2.1 QUADRO 2.1 - Principais poluentes atmosfricos. TIPOS DE POLUENTES EXEMPLOS

Poluentes Primrios So aqueles emitidos diretamente das fontes para a atmosfera.

Material particulado (fumos, poeiras, nvoas) Monxido de carbono (CO) Dixido de carbono (CO2) xidos de nitrognio (NO e NO2) Compostos de enxofre (SO2, H2S) Hidrocarbonetos Oxidantes fotoqumicos, resultantes da reao entre os hidrocarbonetos e os xidos de nitrognio, na presena da luz solar. Oznio (O3) PAN (peroxiacetilnitrato) Perxido de hidrognio (H2O2) Aldedos

Poluentes Secundrios - So formados na atmosfera, atravs de reaes qumicas, a partir de poluentes primrios.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154As fontes de poluio atmosfrica so inmeras e inmeras so tambm as formas de impedir ou de aliviar a poluio. A legislao ambiental rica em detalhes que comeam por dois grandes ramos: o controle das emisses e a qualidade do ar, ambos regulamentados pelo CONAMA1, em mbito federal e pelo COPAM, em mbito estadual. Fontes de poluio do ar A poluio do ar pode originar-se de fontes naturais e antropognicas, sendo que estas ltimas podem ser classificadas como fontes mveis e estacionrias. A principal fonte de poluio do ar da terra a de queima de combustveis fsseis. Associadas a essa, existem outras fontes primrias e secundrias. (QUADRO 2.2). QUADRO 2.2 - Fontes naturais e antropognicas de poluio. FONTES DE POLUIO NATURAL ANTROPOGNICA Vulces (SO2) Meios de transporte (CO, NOx, SO2, hidrocarbonetos e Florestas (queimadas) aldedos) (SO2, NOx e CO2) Queima de lixo (material particulado, SO2 , NOx e HCl). Decomposio anaerbica Aplicao de agrotxicos em processos agropastoris de matria orgnica (H2S e (pesticidas, inseticidas e herbicidas) CH4) Queima de combustveis (material particulado, CO, CO2, Desnitrificao por SO2 e NOx). bactrias (NOx) Uso de sprays, refrigerao, fabricao de espumas Poeira do solo e das plsticas, solventes (CFC). estradas Combusto (produo energia e queima detritos: Partculas orgnicas incinerao lixo, incndios, queimadas rurais). (plen, esporos, sementes) Processos industriais (refinarias petrleo, petroqumica, papel celulose, siderrgicas, cimento metalrgicas, cidos) material particulado e vrios gases poluentes. Dentre a grande diversidade de fontes de poluio sero citadas a seguir as que mais se destacam na minerao e nos processos industriais correlatos: Emisso de poeira nas estradas de acesso e nas operaes de lavra a cu aberto; Emisso de gases e particulados das instalaes de beneficiamento a seco; Formao e emisso de poeira por arrasto elico nas pilhas de estril e substncias minerais, em caminhes e vages, nas estradas; Liberao de gases nas minas subterrneas; Emisso de gases e partculas da combusto de motores de equipamentos, veculos leves e das caldeiras; Emisso de poeiras e gases pelas aes de perfurao, desmonte, escavao, britagem, peneiramento e pontos de transferncia; Varreo seca de ptios, oficinas, depsitos e outras reas; Formao e emisso de poeiras em pontos de carga e descarga.Gerao de gases e odores pela combusto espontnea nas pilhas de rejeitos piritosos de carvo; Queima e incinerao de lixo e resduos slidos; Gerao de poeira em reas livres sem cobertura vegetal. Os efeitos da poluio do ar se fazem sentir em vrios campos: sade humana, flora, fauna, atmosfera, materiais e outros. 2.2.2 Mtodos de controle Para fazer o controle de poluio do ar, importante tomar algumas medidas, tais como: identificar e caracterizar as fontes emissoras, as causas e condies em que ocorre aCONAMA: Conselho nacional do Meio Ambiente. Resolues CONAMA que regulamentam o controle das emisses e a qualidade do ar: Resoluo N 05, de 15 de junho de 1989; Resoluo N 03, de 28 de junho de 1990 e Resoluo N 08, de 06 de dezembro de 1990. No mbito estadual, a regulamentao feita pela Deliberao Normativa N 11, de 16 de dezembro de 1986.1

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154degradao. Aps a identificao das fontes poluidoras, caracteriza-se o grau de contribuio individual em termos de impacto ambiental global sobre a rea de influncia. Deve se tomar conhecimento de todo o processo poluente, visitando as instalaes industriais, analisando os equipamentos e as suas condies de operao. Com essas informaes torna-se possvel planejar e hirarquizar aes para a implantao do programa de medidas de controle da poluio. Dentre as formas de controle de poluio do ar, na minerao, destacam-se: asperso da gua; proteo contra o arrasto elico; controle de detonaes; enclausuramento e captao de fontes emissoras perigosas; ventilao exaustora, diluidora e de refrigerao; utilizao de equipamentos despoluidores do ar: filtros, ciclones, precipitadores, lavadores, separadores, etc.; ao sobre as fontes emissoras, atravs da seleo e adequao do combustvel, da combusto dos equipamentos, da sua manuteno, dos mtodos de trabalho e do tratamento dos operrios com vistas conscientizao ambiental; cinturo verde; cobertura de pilhas de materiais suscetveis combusto espontnea e liberao de gases.

2.2.3 - Monitoramento Os objetivos do monitoramento so o levantamento de dados para o desenvolvimento de um programa de controle de poluio e a apresentao de subsdios para decises no gerenciamento ambiental. O monitoramento poder ser realizado diretamente na fonte, com medies da quantidade e a composio dos efluentes emitidos e no ar ambiente, para determinar o grau de impacto gerado na regio. A amostragem e anlise deve utilizar mtodos e equipamentos padronizados, definidos pela legislao. O nvel de poluio do ar medido pela quantificao das substncias poluentes presentes neste ar. Conforme a Resoluo CONAMA n 3, de 28/0 6/1990, considera-se poluente atmosfrico qualquer forma de matria ou energia com intensidade e em quantidade, concentrao, tempo ou caractersticas em desacordo com os nveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar imprprio, nocivo ou ofensivo sade, inconveniente ao bemestar pblico, danoso aos materiais, fauna e flora ou prejudicial segurana, ao uso e gozo da propriedade e s atividades normais da comunidade. 2.3 POLUIO DO SOLOO solo um recurso muito importante, pois dele depende a sobrevivncia dos vegetais e de todos os seres vivos. A sua formao pode levar milhares ou milhes de anos, enquanto a sua destruio pela ao antrpica, pode ocorrer em pouco tempo. necessrio que o homem se conscientize da necessidade do manejo adequado do solo, atravs do controle das aes que resultam na sua degradao, tais como, o desmatamento, as queimadas, as mudanas na topografia, as alteraes na drenagem natural das guas, o uso de fertilizantes e pesticidas, e os lanamentos de resduos. Suetnio Mota, 1997.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.81542.3.1 INTRODUO O solo um corpo natural, a parte superficial intemperizada da crosta terrestre, no consolidada, que contm matria orgnica, inorgnica e seres vivos. No solo se desenvolvem vegetais que atravs das razes obtm a gua e os nutrientes de que necessitam. O solo resultante das interaes da litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera. No se deve esquecer, entretanto, a contribuio antrpica. Esquematicamente:

Esquema apresentando as interaes que existem no solo. O solo a parte mais externa do globo a qual est em contato com as massas gasosas e lquidas, e ao mesmo tempo em transio com os trs estados da matria (slido, lquido e gasoso). O solo representa no somente um agregado de matrias orgnicas e minerais, mas um conjunto de fenmenos naturais organizados que proporcionam um equilbrio dinmico.

A formao do solo depende de seu material de origem (orgnico ou mineral, intemperizado ou no), este sofre influncia do clima (temperatura, umidade), dos organismos presentes no solo (Biologia do Solo), do relevo, do tempo entre outros fatores. Aps todo o processo formador de um novo solo, propriedades especficas podero ser identificadas como sua constituio, colorao, textura, estrutura, porosidade, consistncia, cimentao, etc. Compem o solo - ar, gua, matria orgnica e os minerais resultantes da decomposio da rocha de origem, todos misturados uns aos outros. Para fins de estudo, divide-se em trs fraes: Sua organizao por vezes complexa, podendo em um curto espao (distncia) haver a ocorrncia de solos diferentes, isto devido ao tipo de relevo presente no local. Esta diferena pode ser notada pelos horizontes do solo, que nada mais so do que a maneira como ele est organizado formando um perfil (sobreposio de camadas). Normalmente o solo possui trs horizontes bem fceis de distinguir, o horizonte O, que representa a matria orgnica presente na superfcie; o horizonte A, que representa a regio

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154em que o solo perde material para as camadas mais profundas e o horizonte B, local em que se acumulam os materiais perdidos pelo horizonte A. Outras camadas importantes para se distinguir um perfil de solo so os horizontes C e R, caracterizadas pela rocha matriz decomposta (C) e no decomposta (R). A cor uma das caractersticas que mais chamam a ateno, devido s vrias tonalidades de colorao existentes no perfil, permitindo uma rpida delimitao dos horizontes. A textura do solo refere-se s propores dos grupos de gros que formam o solo, ou seja, proporo de argila, silte e areia. Na prtica o conhecimento da textura feito mediante a manipulao do solo mido entre os dedos, o que dar uma idia, pela manipulao tctil, da predominncia das fraes granulomtricas finas e grosseiras. A consistncia do solo a ltima varivel de fcil identificao no campo e dividida em seca, mida, molhada e cimentada. Estas classes so expressas pelo grau de adeso ou pela resistncia deformao. Numa viso ecolgica o solo alm de suportar os ecossistemas caractersticos possui vida prpria. Nele ocorrem tantas atividades e relaes necessrias vida quanto ocorrem na superfcie, s que no solo ocorrem de forma escondida, o que leva a crer que suas formas de degradao no so to graves. Mas no se pode esquecer que deste solo, dependem a integridade dos biomas, o habitat dos animais e toda a forma de vida. A poluio do solo consiste na presena indevida, no solo, de elementos qumicos estranhos, de origem humana, que prejudiquem as formas de vida e seu desenvolvimento regular. O solo recebe grandes quantidades de despejos. Uma grande parte do SO2 emitido como resultado da combusto acaba como sulfato no solo. xidos nitrogenados de atmosfera so convertidos em nitratos os que so depositados no solo. O solo absorve NO e NO2 e eles so oxidados para nitrato no solo. O CO convertido em CO2 pelas bactrias no solo. O solo o receptor de muitos despejos perigosos a partir de percolados de aterros sanitrios, de atividades industriais e de atividades de agricultura (aplicao de pesticidas). Determinadas aes antrpicas, aparentemente, no provocam alteraes ambientais, no entanto, ao se fazer uma anlise mais profunda, consegue-se identificar impactos em diferentes graus de intensidade. A utilizao do solo se faz uma avaliao ambiental conjunta da agricultura no Brasil, pode-se comprovar que , sem dvida, uma atividade que provoca impactos de grandes intensidades. A quantidade de solo perdido no Brasil anualmente por eroso decorrente da agricultura mal conduzida ultrapassa, em muito, os volumes de solos movimentados pela minerao. 2.3.1 Impactos causados pela minerao sobre o solo A atividade mineira, movimenta grandes quantidades de solo em curto espao de tempo. A minerao, devido a esta velocidade da retirada da cobertura vegetal e modificao do solo de uma determinada rea, impressiona mais ao observador leigo que outras atividades. So incontestveis certos efeitos negativos sobre o meio ambiente provocados pela minerao, seja de subsolo ou de superfcie. A operao de uma mina a cu aberto se desenvolve com a remoo das camadas do solo e estreis que encobrem o corpo mineral. Em minas subterrneas, apesar de no haver remoo do solo, geralmente h a necessidade de se utilizar reas superficiais para a deposio de estreis ou rejeitos de beneficiamento, formando o conhecido bota-fora. Estes dois tipos de macroefeitos ambientais diretos e indiretos, provocados pela minerao, variam

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154de intensidade conforme especificidades de cada jazida, o tipo de lavra, o tamanho da mina e, tambm, as caractersticas ambientais de cada regio. Na minerao os impactos ou alteraes sobre o meio ambiente esto presentes em todas as suas fases, da pesquisa ao fechamento da mina. Como decorrncia da explorao mineral, os principais impactos que podem afetar o solo e o meio bitico so: Modificao do uso do solo na rea da jazida Alteraes na paisagem Remoo da flora (floresta, vegetao herbcea e rasteira) Modificao no perfil topogrfico e no uso do solo Remoo da cobertura vegetal (formaes vegetais) Deslocamento da fauna da rea Alterao das biotas aquticas em barragens e mineraes de aluvio Alterao das biotas aquticas em barragens de rejeitos e minerao de aluvies por dragagem Ocorrncia de eroso do solo em reas onde a cobertura vegetal foi removida Instabilizao de encostas / processos erosivos Ocorrncia de subsidncias em reas crsticas e em zonas com minas subterrneas; Ocupao de reas pelas estradas, pilhas de produto, de estril e barragens; Alterao nas propriedades fsicas do solo; Modificao da estrutura do solo em conseqncia da desagregao, do aumento da compactao e da diminuio da permeabilidade. Esses fatores provocam um aumento da suscetibilidade eroso; Lixiviao de nutrientes; Aumento eventual dos teores de elementos contaminantes no solo pelo contato desse com rejeitos e estreis; Modificao do solo superficial pela subsidncia e conseqente rebaixamento do nvel fretico, que torna-se mais seco, e diminuio da flora. reas com pouca gua disponvel prejudicam as condies de vida da fauna natural.

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CAPTULO 3 REAS DEGRADADAS E MINERAO

3.1 Conceitos Embora, na maioria dos conceitos, rea degradada esteja relacionada com solo ou terra, entende-se que esta engloba, alm do solo, a gua, o ar e os organismos. Dado a isto, a degradao pode ser definida como processos e fenmenos do meio ambiente, naturais ou antropognicos que prejudicam as atividades de um ou mais organismos. A contaminao do ambiente a partir dos poluentes gerados pelo desenvolvimento industrial e a superpopulao vem sendo considerada, nos ltimos anos, um dos problemas mais crticos e merecedor de estudo, principalmente quanto degradao ambiental que provoca vazamentos em ductos e tanques, falhas no processo industrial, problemas no tratamento de efluentes, disposio inadequada de resduos e acidentes no transporte de substncias qumicas. Estas so as principais causas de contaminao do solo e das guas superficiais e subterrneas, com conseqente degradao das comunidades biolgicas envolvidas. Vrias atividades antrpicas vm criando problemas ambientais, no uso do solo e subsolo, alm das atividades de minerao, entre as quais se destacam: a urbanizao desordenada, agricultura, pecuria, construo de barragens visando gerao de hidroeletricidade, uso no controlado de gua subterrnea, dentre outras. 3.2 MINERAO E REAS DEGRADADAS A minerao um dos setores bsicos da economia do pas, contribuindo de forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras geraes, sendo fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade justa desde que seja operada com responsabilidade social, estando sempre presentes os ensinamentos do desenvolvimento sustentvel. No Brasil, os principais problemas oriundos da minerao podem ser englobados em quatro categorias: poluio da gua, poluio do ar, poluio sonora, e subsidncia do terreno. A degradao da rea inerente ao processo de minerao. A intensidade desta degradao depende do volume, do tipo de minerao e dos rejeitos produzidos. A degradao de uma rea, independentemente da atividade implantada, verifica-se quando: a) a vegetao e, por conseqncia, a fauna, so destrudas, removidas ou expulsas; b) a camada de solo frtil perdida, removida ou coberta, afetando a vazo e qualidade ambiental dos corpos superficiais e/ou subterrneos dgua. Quando isso ocorre, reflete-se na alterao das caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas da rea, afetando seu potencial scio-econmico. O QUADRO 3.1 apresenta uma sntese dos principais impactos ambientais na produo brasileira das seguintes substncias minerais: ferro, ouro, chumbo, zinco e prata, carvo, agregados para construo civil, gipsita e cassiterita e respectivas aes preventivas e/ou corretivas.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154QUADRO 3.1

A atividade garimpeira de ouro no Brasil remonta ao sculo 17. As principais regies produtoras estavam localizadas nos Estados de Minas Gerais, Gois, Mato Grosso e So Paulo. A partir dos anos 60, a atividade garimpeira migrou para a Regio Amaznica que tornou-se uma grande produtora. Essa atividade deixou um grande passivo ambiental, devendo serem destacados os passivos ambientais dos garimpos de Tapajs, Pocon, Rio Madeira, Gurup, Alta Floresta, Peixoto de Azevedo e Serra Pelada.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154Os principais impactos ambientais decorrentes dessa atividade so: a) b) c) d) e) f) g) desmatamentos e queimadas; alterao nos aspectos qualitativos e no regime hidrolgico dos cursos de gua; queima de mercrio metlico ao ar livre; desencadeamento dos processos erosivos; mortalidade da ictiofauna; fuga de animais silvestres; poluio qumica provocada pelo mercrio metlico na hidrosfera, biosfera e na atmosfera.

Os problemas ambientais originados pela minerao de materiais de uso imediato na construo civil (areia, brita e argila) e os conflitos com outras formas de uso e ocupao do solo vm conduzindo a uma diminuio crescente de jazidas disponveis para o atendimento da demanda das principais regies metropolitanas. Este fato dificultar os programas e metas para construo de casas, estradas e obras de saneamento. Os impactos da minerao em rea urbana sobre o meio antrpico reveste-se de especial importncia devido ao alto grau de ocupao urbana, que so agravados, face proximidade entre as reas mineradas e as reas habitadas. o caso dos impactos visuais, resultantes dos altos volumes de rocha e solos movimentados e s dimenses da cava ou da frente de lavra. O desconforto ambiental pode ser sentido mesmo quando as emisses estiverem abaixo dos padres ambientais estabelecidos. Os impactos causados sobre a sade, por outro lado, dificilmente ocorrem quando estes limites so respeitados. (DIAS, 2001 apud FARIA, 2002). 3.2.1 - Alteraes ambientais e riscos causados pela minerao As principais alteraes ambientais causadas pelas atividades minerarias, particularmente aquelas associadas aos locais em que o empreendimento se encontra instalado, tm sido identificadas por alguns autores, podendo ser resumidas em: supresso de reas de vegetao; reconfigurao de superfcies topogrficas; impacto visual; acelerao de processos erosivos; induo de escorregamentos; modificao de cursos d'gua; aumento da turbidez e da quantidade de slidos em suspenso em corpos d'gua receptores; assoreamento e entulhamento de cursos d'gua; interceptao do lenol fretico com rebaixamento ou elevao do nvel de base local; mudanas na dinmica de movimentao das guas subterrneas; inundaes a jusante; aumento da emisso de gases e partculas em suspenso no ar; aumento de rudos; lanamento de fragmentos rochosos distncia; sobrepresso do ar; e propagaes de vibraes no solo. Estas alteraes, por sua vez, tendem a afetar os diferentes tipos de uso do solo circunvizinhos, muitas vezes gerando situaes de risco, com as seguintes conseqncias: danos s fundaes de habitaes, edificaes industriais e comerciais diversas, linhas de transmisso, ruas, estradas e outros usos prximos minerao; insalubridade e riscos decorrentes do lanamento de resduos em lagos abandonados e, neste contexto, acidentes de quedas ou afogamento, especialmente com crianas; aumento da vulnerabilidade dos aqferos subterrneos com prejuzos captao em poos e cacimbas nas proximidades;

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154perda da qualidade das guas situadas a jusante e utilizadas como mananciais para abastecimento pblico; perda da qualidade do ar; vtimas ou danos decorrentes do ultralanamento de fragmentos rochosos; incmodos s pessoas e danos s habitaes e outras edificaes causados pela propagao de vibraes no solo e pela sobrepresso atmosfrica. 3.3 GERAO DE REAS DEGRADADAS A contaminao do ambiente a partir dos poluentes gerados pelo desenvolvimento industrial e a superpopulao vem sendo considerada, nos ltimos anos, um dos problemas mais crticos e merecedor de estudo, principalmente quanto degradao ambiental que provoca vazamentos em ductos e tanques, falhas no processo industrial, problemas no tratamento de efluentes, disposio inadequada de resduos e acidentes no transporte de substncias qumicas. Estas so as principais causas de contaminao do solo e das guas superficiais e subterrneas, com conseqente degradao das comunidades biolgicas envolvidas. Inmeras cavas secas ou inundadas so geradas por algumas mineradoras, muitas das quais com desnveis ou profundidades que chegam a 30 ou 40 m e extenses da ordem de centenas de metros, alcanando, em certos casos, alguns quilmetros.

FIGURA 11 - Lavra de diamantes iniciada na dcada de 50 em Mirny na Sibria. Dimenso atual da cava: 1,5 km de dimetro por 540 metros de profundidade. Algumas acabam, com o abandono sendo invadidas pelas guas de superfcie e de subsuperfcie, exibindo uma sucesso de lagos sem qualquer funo urbana e sujeitos degradao ambiental acelerada em razo do lanamento de resduos domsticos e industriais. Do mesmo modo, mineraes situadas em terrenos de domnios de rochas cristalinas prcambrianas em morros ou morrotes, bem como sedimentos tercirio-quaternrios em colinas, tendem a gerar reas sujeitas a processos de degradao intensos e de grande magnitude, como eroso, escorregamentos, assoreamento, entre outros. Tais processos geralmente acabam inviabilizando ou retardando a possvel utilizao dessas reas. Um outro exemplo o garimpo de ouro, onde inmeras cavas secas ou inundadas so geradas, muitas das quais com desnveis ou profundidades e extenses que chegam a vrios metros.

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CAPTULO 4 FECHAMENTO DE MINA E RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS

rea de Lavra

rea em processo de recuperao

4.1 INTRODUO rea degradada aquela que sofreu, em algum grau, perturbaes em sua integridade, sejam elas de natureza fsica, qumica ou biolgica. Recuperao, por sua vez, a reverso de uma condio degradada para uma condio no degradada, independentemente de seu estado original e de sua destinao futura. A recuperao de uma dada rea degradada deve ter como objetivos recuperar sua integridade fsica, qumica e biolgica (estrutura), e, ao mesmo tempo, recuperar sua capacidade produtiva (funo), seja na produo de alimentos e matrias-primas ou na prestao de servios ambientais. Nesse sentido, de acordo com a natureza e a severidade da degradao, bem como do esforo necessrio para a reverso deste estado, podem ser considerados os seguintes casos: Restaurao: retorno completo da rea degradada s condies existentes antes da degradao, ou a um estado intermedirio estvel. Neste caso, a recuperao se opera de forma natural (resilincia), uma vez eliminados os fatores de degradao. Redefinio ou redestinao: recuperao da rea com vistas ao uso/destinao diferente da situao pr-existente, havendo a necessidade de uma forte interveno antrpica. A degradao da rea inerente ao processo de minerao. A intensidade desta degradao depende do volume, do tipo de minerao e dos rejeitos produzidos. A recuperao destes

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154estreis e rejeitos deve ser considerada como parte do processo de minerao. Esta recuperao resulta numa paisagem estvel, em que: a poluio do ar e da gua minimizada, a terra volta a ser auto-suficiente e produtiva, o habitat da fauna restabelecido, e uma paisagem esteticamente agradvel estabelecida. A ao de recuperao, cuja intensidade depende do grau de interferncia havida na rea, pode ser realizada atravs de mtodos edficos (medidas de sistematizao de terreno) e vegetativos (restabelecimento da cobertura vegetal). Em essncia, imprescindvel que o processo de revegetao receba o mesmo nvel de importncia dado obteno do bem mineral. A recuperao se d atravs da definio de um plano que considere os aspectos ambientais, estticos e sociais, de acordo com a destinao que se pretende dar rea, permitindo um novo equilbrio ecolgico. Alguns dos principais problemas constatados na explorao mineral so: assoreamento dos leitos dos rios por material de capeamento (solo vegetal e solo residual) e por rejeitos da minerao. Utilizao de monitores hidrulicos para efetuar desmonte da cobertura do solo, carreando volumes enormes de lama para cursos de gua, causando turbidez elevada a jusante dos trabalhos as matas ciliares no protegidas dentro do que determina a legislao, e no raro utilizam estas reas como bota-fora dos rejeitos ou estreis. Descaracterizao do relevo, pondo em risco stios de beleza, inibindo o fluxo turstico. A no recuperao das reas mineradas de forma generalizada, inclusive de lavras j abandonadas. Etapas da recuperao 1.Pr planejamento O pr-planejamento essencial em recuperao, pois permite a identificao de rea problemtica antes que aparea. O pr-planejamento pode assumir vrias formas, e uma legislao recente exige o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA) e o Plano de Recuperao. Os estudos descrevem as condies ambientais antes de se iniciarem as atividades, sendo a base para determinao de impactos e da recuperao. Devero ser identificadas durante estes estudos as reas de referncia ou as que no sero alteradas durante a minerao e que podero ser usadas para orientar o recobrimento vegetal, com fontes de sementes, etc. O Relatrio de Impacto Ambiental identifica e, dentro do possvel, quantifica todos os impactos associados com a minerao e atividades relacionadas, tais como a efetivao de medidas mitigatrias. Os dois documentos acima citados so utilizados para preparar o plano de recuperao. Este plano deve conter uma orientao, passo a passo, para os procedimentos que sero empregados para recuperar todas as reas degradadas pela minerao e atividades correlatas. 2.Estabelecimento de objetivos a curto e a longo prazo Os objetivos devem ser explicitamente declarados no plano de recuperao, pois definem o produto que deve ser obtido. O processo inteiro de recuperao deve ser direcionado para dar suporte realizao deste objetivo. 3.Remoo da cobertura vegetal e lavra O revestimento vegetal do local minerado pode corrigir ou diminuir, substancialmente, os impactos provocados pela minerao sobre os recursos hdricos, edficos e visuais da rea. Normalmente, a vegetao existente no incio da minerao eliminada no comeo das atividades. Seguem-se alguns procedimentos para remoo da vegetao e das lavras: Retirar qualquer material com valor comercial, como a madeira, para depois remover completamente a cobertura vegetal. Remover completamente todo solo orgnico.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154 Remover o solo estril e o minrio. A deposio de solo estril ocorre ao mesmo tempo em que ocorre a escavao. Esta fase decisiva para a recuperao, pois a futura paisagem estar sendo definida. Sempre que possvel, o estril deve ser depositado na mesma seqncia que foi retirado - isto vai garantir que o melhor material esteja depositado na superfcie.

4.Manejo de solo orgnico A minerao de superfcie exige a retirada da vegetao e da capa superior do solo existente sobre o minrio. Esta capa enriquecida com material orgnico deslocada para qualquer posio, o que, muitas vezes, favorece sua perda. O ideal para armazenagem de solo orgnico remov-lo e armazen-lo misturado com a vegetao do mesmo local, convertida mecanicamente em cobertura morta. O solo pode ser amontoado em camadas de terra de at 1,5 metros de altura e de 3 a 4m de largura, com qualquer comprimento. O solo armazenado deve ser protegido dos raios solares com cobertura de palha. Antes da reposio do solo orgnico que tinha sido armazenado, a superfcie do depsito de estril a ser recuperado dever ser escarificada em curvas de nvel a uma profundidade de pelo menos 1 metro, para atenuar a compactao. Depois da aplicao do solo orgnico, a escavao dever ser repetida. Para o cultivo de gramneas, recomenda-se que esses solos sejam espalhados numa capa de 5 a 8 cm. Para plantio de rvores ou arbustos, a profundidade deve ser superior a 30 cm. 5.Preparao do local para plantio essencial que se conheam as caractersticas qumicas do material que ser o meio de crescimento e o como isso afeta o crescimento das plantas. O fertilizante mais usado nas minas o composto de nitrognio-fsforo-potssio (NPK). Outro corretivo agrcola utilizado em problemas edficos provenientes de alta acidez o calcrio. O tratamento dos solos com cinzas industriais pode corrigir, pelo menos parcialmente, a acidez dos solos minerados. O uso de resduos de esgoto sanitrio, aplicao de cavacos de madeira dura, esterco, bagao de cana, serragem e outros materiais tambm so medidas potenciais para a reduo da acidez do solo. Com a escarificao profunda, os corretivos devero ser incorporados com o uso de mquinas que se movimentem ao longo das curvas de nvel. A superfcie final dever ser spera, tanto para interromper o escoamento das guas pluviais como para criar micro-habitats para germinao de sementes. 6.Seleo de espcies de plantas A escolha de espcies para utilizao em recuperao de reas degradadas deve ter como ponto de partida estudos da composio florstica da vegetao remanescente da regio. As espcies pioneiras e secundrias iniciais devero ter prioridade na primeira fase da seleo de espcies. A escolha da espcie deve considerar: valor econmico potencial da espcie; a influncia da planta sobre a fertilidade do solo; a utilidade da planta como abrigo e alimento para fauna; e o efeito esttico. Espcies nativas devem ter preferncia sobre as introduzidas. Estas em geral criam problemas em algum ponto do futuro, como, por exemplo, a susceptibilidade a doenas ou a insetos, a excluso de outra vegetao desejvel, inibio do ciclo de nutrientes, susceptibilidade ao fogo, excluso da fauna, uso excessivo de gua, interrupo e supresso de interao biolgica, etc. A fauna deve ser considerada quando se selecionam espcies de plantas para recuperao. 7.Plantio Usa-se em recuperao duas tcnicas bsicas de cultivo: semeadura ou plantio de mudas. A escolha do mtodo depende de fatores como a natureza da rea a ser semeada, o tamanho e a capacidade germinativa das sementes e as caractersticas de propagao de espcies

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154individuais. A semeadura pode ser feita a lano ou por hidrossemedura. Em vez de enterrar sementes em sulcos, a semeadura a lano as deixa exposta na superfcie do local, exigindo a colocao de uma cobertura de solo. A hidrossemeadura uma tcnica mecanizada, semelhante semeadura a lano. O aparelho utilizado consta de um tanque, de uma bomba, de agulheta e motor. A mistura de sementes, gua e fertilizantes pode ser lanada a uma distncia de 60 metros. As vantagens da hidrossemeadura so: capacidade de cobrir reas inacessveis (declives ngremes, por exemplo), rapidez e economia. O plantio de mudas envolve em primeiro lugar a escavao de uma cova, o espaamento mdio deve ser de aproximadamente 4 x 4 metros. O espaamento depende das espcies selecionadas e do uso futuro escolhido do solo. As plantaes de eucalipto tm espaamento mais fechado, enquanto as rvores nativas tm espaamento mais amplo. A prtica do plantio de rvores juntamente com gramneas recomendada, uma vez que as gramneas asseguram uma boa proteo do solo, enquanto as rvores esto crescendo. 8.Manejo da rea aps plantao As seguintes medidas devem ser implantadas para assegurar a sobrevivncia e o crescimento da vegetao e melhorar a esttica do local recuperado: Plantar para enriquecer a diversidade de espcies Desbaste Controlar a invaso de ervas Eroso Repelir roedores ou outros consumidores de sementes e plantas na fase de implantao das reas de recuperao Irrigar o local quando necessrio Corrigir a acidez do local e suplementar suas necessidades com fertilizantes Cercar a rea ameaada por animais de grande porte Evitar o ataque de pragas e tomar as medidas necessrias a cada caso Proteger a rea contra o fogo descontrolado

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CAPTULO 5 ECONOMIA AMBIENTAL

Passivo Ambiental Introduo As atividades econmicas e seus efeitos sobre o meio ambiente so questes mundialmente discutidas. Para evitar, compensar ou minimizar seus impactos ambientais negativos, as atividades econmicas potencialmente poluidoras so atualmente objetos de legislaes especficas, disciplinadores de procedimentos tecnolgicos e operacionais capazes de eliminar ou reduzir poluentes. Alm das normas legais, outras recomendaes e propostas, ainda sem regulamentao, esto paulatinamente sendo implementadas no sentido da efetiva responsabilidade e das obrigaes quanto restaurao de danos ao ambiente. Nessa diretriz, o passivo ambiental vem se incorporando como um instrumento de gesto. O QUE PASSIVO AMBIENTAL E O QUE REPRESENTA PARA AS EMPRESAS Em termos contbeis, passivo vem a ser as obrigaes das empresas com terceiros, sendo que tais obrigaes, mesmo sem uma cobrana formal ou legal, devem ser reconhecidas. O passivo ambiental representa os danos causados ao meio ambiente, representando, assim, a obrigao, a responsabilidade social da empresa com aspectos ambientais. Nessa proposta, no balano patrimonial de uma empresa includo, atravs de clculos estimativos, o passivo ambiental (danos ambientais gerados), e no ativo (bens e direitos), so includos as aplicaes de recursos que objetivem a recuperao do ambiente, bem como investimentos em tecnologia de processos de conteno ou eliminao de poluio. A identificao do passivo ambiental est sendo muito utilizada em avaliaes para negociaes de empresas e em privatizaes, pois a responsabilidade e a obrigao da restaurao ambiental podem recair sobre os novos proprietrios. Ele funciona como um elemento de deciso no sentido de identificar, avaliar e quantificar posies, custos e gastos ambientais potenciais que precisam ser atendidos a curto, mdio e a longo prazo. Deve ser ressaltado, porm, que o passivo ambiental no precisa estar diretamente vinculado aos balanos patrimoniais, podendo fazer parte de um relatrio especfico, discriminando-se as aes e esforos desenvolvidos para a eliminao ou reduo de danos ambientais. Essa metodologia vem sendo seguida por empresas do mundo inteiro. CLASSIFICAO DE PASSIVO AMBIENTAL O Passivo Ambiental classificado de acordo com dois aspectos: - Aspectos Administrativos - Aspectos Fsicos O Passivo Ambiental, por ser pouco conhecido ou pesquisado, possui caractersticas muito abrangentes. Nota-se que, tanto do ponto de vista administrativo como no contexto fsico, ele envolve questes que realmente podem influenciar para melhor ou para pior as negociaes de determinados patrimnios.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154ASPECTOS ADMINISTRATIVOS Nos aspectos administrativos, esto enquadradas as observncias s normas ambientais e os procedimentos e estudos tcnicos efetivados pela empresa, relacionando-se: Registros, cadastros junto s instituies governamentais Cumprimento de legislaes Efetivao de Estudo e Relatrio de Impacto Ambiental das atividades Conformidade das licenas ambientais Pendncias de infraes, multas e penalidades Acordos tcitos ou escritos com vizinhanas ou comunidades Acordos comerciais (por exemplo: certificao ambiental) Pendncia do PBA - Programa Bsico Ambiental Resultados de auditorias ambientais Medidas de compensao, indenizao ou minimizao pendentes

ASPECTOS FSICOS Os aspectos fsicos abrangem: reas de indstrias contaminadas Instalaes desativadas (por ex.: depsitos remanescentes) Equipamentos obsoletos (por ex.: csio) Recuperao de reas degradadas (por ex.: minerao) Reposio florestal no atendida Recomposio de canteiros de obras Restaurao de bota-fora (por ex.: rodovias) Reassentamentos humanos no realizados (por ex.: usinas hidreltricas) Transformadores com PCB (por ex.: leo askarel) Existncia de resduos industriais (por ex.: produtos qumicos) Embalagens de agrotxicos e produtos perigosos Lodo galvnico Efluentes industriais (por ex: curtumes) Baterias, pilhas, acumuladores Pneus usados Despejos animais (por ex.: sunos e aves) Produtos ou insumos industriais vencidos Medicamentos humanos ou veterinrios vencidos Bacias de tratamento de efluentes abandonadas Mveis e utenslios obsoletos (por ex.: formol) Contaminao do solo e da gua

PASSIVO AMBIENTAL E OS CICLOS PRODUTIVOS DOS SISTEMAS ECONMICOS Para melhor entender o surgimento de passivos ambientais, necessrio analisar os diferentes fluxos produtivos dos sistemas econmicos, divididos em dois ciclos bsicos: Fluxo produtivo de via nica Fluxo de economia de ciclo fechado

FLUXO PRODUTIVO DE VIA NICA No sistema tradicional, ainda representado pelos primrdios da revoluo industrial, o processo iniciado com a extrao da matria-prima, passando pelo processamento primrio ou secundrio e pelos processos industriais de fbricas e usinas, sendo os produtos finais, bens durveis ou no, encaminhados para o uso. Os produtos, aps utilizao, vo para o lixo sendo finalmente depositados em aterros sanitrios ou valas comuns. O fluxo de via nica retilneo mostrado na FIGURA 1.

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FIGURA 1 Fluxo produtivo de via nica Atualmente, os processos produtivos esto se alterando em funo da busca permanente da reduo de custos, do uso racional de matrias-primas e insumos, ou pela adoo de processos tecnologicamente mais evoludos ou ambientalmente mais adequados. O ciclo produtivo de via nica, com seus efeitos ambientais nocivos, elevado grau de irracionalidade e falta de economicidade, est sendo gradativamente substitudo pela adoo do fluxo da economia de ciclo fechado. FLUXO DE ECONOMIA DE CICLO FECHADO No fluxo da economia de ciclo fechado, o processo produtivo tambm se inicia com a transformao de matrias-primas, passando tambm pelo estgio intermedirio da produo e uso dos produtos. A alterao do ciclo se d aps a utilizao dos bens, sendo que os produtos de usos industriais, agrcolas, comerciais ou residenciais, como mquinas, equipamentos, instalaes ou mveis e utenslios, so separados, reutilizados ou reciclados. Nesse processo, evidentemente tambm ainda h restos, ou seja, sobras que sem dvida vo para o lixo: aterros sanitrios, incinerao, ou ainda valas comuns.

FIGURA 2 Fluxo da Economia de Ciclo Fechado

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154 O fluxo de economia de ciclo fechado deve ser adotado tanto no ambiente familiar quanto nas empresas e instituies.

FILTRO AMBIENTAL Para evitar ou reduzir o Passivo Ambiental, usa-se o conceito de tecnologia limpa, que pode ser alcanado com o filtro ambiental, conforme mostrado no diagrama. Filtro ambiental a postura empresarial para evitar a entrada de qualquer coisa que possa causar problemas ambientais no processo produtivo, no manuseio e na armazenagem de bens, ou que possa influenciar negativamente, do ponto de vista ambiental, os produtos e servios oferecidos por qualquer organizao. Input Matria-primas Energia gua Ar Insumos Peas Produtos perigosos Embalagens Filtro Ambiental Pesquisa e desenvolvimento Legislao Planejamento Anlises Compras Alternativas Processos Tecnologias Mercado Output Produtos Servios Minimizar ou evitar Rejeitos Despejos Barulho Ar poludo Lixo Embalagens

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CAPTULO 6 ASPECTOS LEGAIS DA RECUPERAO DE REAS6.1 INTRODU O Segundo Joo Paulo Campello de Cast ro (1998) a legislao brasileira usa o termo recuperar r eas degradadas, enquanto que o temo reabilitar traduzir ia de f orma mais correta o objet ivo desta obrigao. O verbo recuperar t em, na lngua portuguesa e no latim (recuperar e), o sent ido de adquir ir novamente, enquanto o ver bo reabilitar signif ica restituir ao estado anterior ou rest ituir normalidade. Por este motivo, entende que a legislao deveria empregar o termo reabilitar reas degradadas. Os f undamentos legais da obr igao de se reabilitar as reas degradadas encontram-se no inciso VIII do artigo 2 da Lei n 6.938/81, nos pargraf os 2 e 3 do artigo 225 da Const ituio Feder al e no Decreto n 97. 632, de 10 de abr il de 1989. Estes dispositivos legais se expressam da seguinte maneir a: Constituio Feder al Art. 225- Todos tm direito ao meio ambiente ecologicament e equilibr ado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e colet ividade o dever de def end- lo e preser v-lo para as presentes e f uturas geraes. 2 - Aquele que explor ar recursos m inerais f ica obrigado a recuper ar o meio ambiente degradado, de acordo com a soluo tcnica exigido pelo rgo pblico compet ente, na f orma da lei. 3 - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados. Lei 6.938/81 Dispe sobre a poltica Nacional do Meio Ambiente. Art. 2 - A Poltica Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservao, melhoria e recuperao de qualidade ambiental propcia vida, visando assegurar, no Pas, condies ao desenvolvimento scio-econmico, aos interesses da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princpios: VIII Recuperao de reas Degradadas Decreto n 97.632/89 Dispe sobre a regulamentao do Art. 2, Inciso VIII, da Lei n 6.938/81. Art. 1 - Os empreendimentos que se destinam explorao de recursos minerais devero, quando da apresentao do estudo de Impacto Ambiental EIA e do Relatrio de Impacto do Meio Ambiente RIMA, submeter aprovao do rgo ambiental competente o plano de recuperao da rea degradada. Pargrafo nico Para os empreendimentos j existentes, dever ser apresentado ao rgo ambiental competente, no prazo mximo de 180 (cento e oitenta) dias, a partir da Data de publicao deste Decreto, um plano de recuperao da rea degradada.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154Art 2 - Par a ef eit o deste Decreto so considerados como degradao os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade ou capacidade pr odut iva dos recursos ambientais. Art 3 - A r ecuperao dever t er por objetivo o ret orno do st io degradado a uma f orma de utilizao, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando a obteno de uma est abilidade do meio am biente. 6.2 FUND AM ENTO S JURDICOS D A RE ABI LI TA O O fundamento jur dico da obrigao de reabilitar reas degradadas repousa no dever de repar ar o dano causado ao meio ambiente, cujos danos podem ter origem em atividade ilcita ou em atividade lcita, isto , com anuncia da Lei. No Direit o tradicional, previsto no Cdigo Civil, o dever de reparar um dano causado tem por base a culpa, que caract erizada pela negligncia, imprudncia e imper cia. No Dir eito Ambiental, a obr igatoriedade de r eparar a leso no depende de culpa, basta existir concr etamente o dano e se provar o nexo causal. Este princpio se baseia na f igura objetiva da responsabilidade objetiva, que tem por base o exerccio de certas atividades. A Lei 6. 938/81 im pe ao poluidor e ao predador a obr igao de recuperar ou indenizar os danos causados (Art. 4, VII). Leme Machado (1995) enf atiza que na questo do dano ambiental no se aprecia subj etivamente a conduta do poluidor, mas a ocorrncia do resultado prejudicial ao homem e seu ambiente. A atividade poluente acaba sendo uma apropr iao pelo poluidor dos direit os de outrem, pois na realidade a emisso poluente representa um conf isco do direito de algum em respirar ar puro, beber gua saudvel e viver com tranqilidade. A reabilitao de reas degradadas, portanto, vai mais alm de que uma simples f ormalidade legal e se f undamenta na obr igao de reparar o dano causado ao meio am biente. Est e dano pode ter origem, inclusive, em atividade permitida por lei, como por exemplo a minerao, e visa, tanto quanto seja possvel, repor a rea degradada ao seu stato quo ant e. A obr igao da reabilitao, previst a na legislao, no repor f isicamente a rea exat amente como era antes, m as sim repor a rea em uma situao de normalidade e estabilidade. Inexplicavelmente, o inciso II do Art. 225 da Constituio Federal, supramencionado, estabel ece que somente aquele que explor ar recursos minerais que fica obrigado a recuperar o ambiente degradado. Este disposit ivo no pode ser interpr etado isoladamente, mas deve ser analisado em consonncia com toda a legislao ambiental vigente, atr ibuindose o texto do r ef erido inciso II do art igo 225 da Const ituio Feder al a uma f alha tcnica dos constituintes de 1988. Para se ter uma idia, a Const ituio do Estado de Minas Gerais repr oduziu o mesmo texto em seu 4 do artigo 214, porm subst ituindo recursos minerais por recurso ambiental, da seguinte f orma: Quem explorar recurso ambiental f ica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, na f orma da lei.

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.81546.3 NORM AS LEG AI S SOBRE RE ABILITA O J sabemos que a obrigao de se reabilit ar uma rea degradada se encontra regulamentada atravs do Decr eto de n 97.632/89. No ent anto este Decret o incompleto pelos seguintes motivos: a) As normas nele contidas s se aplicam reabilitao de reas mineradas, quando o desejvel seria que abrangesse todas as atividades que ut ilizem recursos ambientais; b) O nico do art . 1 estabelece prazo de mera f ormalidade burocrt ica ao exigir que os empr eendimentos j existentes dever o apresentar ao rgo ambiental compet ent e, no pr a zo mximo de 180 (cento e oitenta) dias, a partir da dat a de publicao deste Decreto, um plano de recuperao da rea degradada. Alm do prazo ter exg uo em razo da complexidade da matr ia, ainda no f icou ressalvado que aquele plano dever ia ser apr ovado pelo rgo competente. O simples protocolo de qualquer plano de r eabilitao neste rgo suf iciente para a comprovao do cumprimento da exig6encia legal; c) O Art. 3 determina que a recuperao dever ter por objet ivo o retorno do stio degradado a uma forma de utili zao, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo . No entanto, no h qualquer ressalva quanto ao tempo da exausto da lavra, exigindo o texto legal que o m inerador j defina qual dever ser a forma de ut ili zao da r ea. Considerando que a vida til de uma jazida pode ser de 20, 100 ou mais anos, no h como estabelecer, hoje, priorit ariamente, a f orma def init iva de ut ilizao, pois como o decorrer do tempo haver pr ovavelmente modif icaes nos aspect os ambientais, socioeconmicos, f undir ios e populacional na rea ou regio; d) Este text o legal omisso quanto pr oteo da r ea reabilit ada. Ef etivada a reabilitao da rea degradada no existe vedao legal par a novo uso desta rea. O objetivo da obrigao de r eabilitar dar est abilidade rea degradada. Esta situao surge mais claramente quando o minerador somente detentor da concesso do direito minerr io, que lhe permite lavrar o subsolo, e no pr oprietrio da superf cie. Terminada a lavra e r eabilitada a rea degradada, o propriet rio superf icirio tomar posse do terreno e poder dar ao mesmo o uso que desejar. A legislao dever ia im por um prazo de proteo da rea reabilit ada, tendo em vista a estabilidade a ser obtida.

6.4 PL ANO DE REABILI TA O NOS ESTUDOS DE IMP AC TO AM BIENTAL De acordo com o que consta no art. 1 do Decret o 97.632/89, os empreendimentos que se destinam explor ao de r ecursos minerai s dever o, quando da apresent ao do EI A e do RIM A, submeter apr ovao do rgo ambiental competent e o plano de recuperao de r ea degradada. Atualmente est es planos de reabilit ao, includos nos EIA, apresentam apenas solues tcnicas, no havendo abordagem dos aspectos socioeconmicos. O trmino da atividade miner ria, com a exausto da lavra, acarreta numa sr ie de obr igaes par a o empreendiment o, com elevados encar gos f inanceiros, e por este motivo os rgos ambient ais competentes dever iam exigir que os planos de reabilitao de reas deg radadas, no caso de atividade de minerao, apr esent assem, inclusive, est udos socioeconm icos, tendo em vist a o f echamento da mina, demonstrando com que recursos f inanceiros o

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.8154empreendimento arcar com os diversos encargos f uturos, especialmente com a reabilitao da rea degradada. Na hiptese da exausto da lavra estar ainda long nqua, caber ia ao rgo competente, per iodicamente, verif icar a reabilit ao, levando em considerao os estudos socioeconmicos apresentados e analisando a disponibilidade de recursos f inanceiros. do conhecimento pblico que certos empreendimentos minerr ios, ant e a exausto da lavr a e a obrigao de r eabilit ar reas degradadas, cederam ou transf eriram seus direitos a empresas sem capacidade econmica. Caberia ao Depto de Produo Mineral DNPM o dever de analisar est es aspectos antes de permitir aquela sesso ou transf erncia, j que o 3 do artigo 176 da C.F. prev que as autorizaes ou concesses, na pesquisa e lavr a de recursos minerais, no poder o ser cedidas ou transf eridas, total ou parcialmente, sem prvia autor izao do poder concedente. Outro conf lito que se apresenta com ref erncia a EIA e reabilitao de r ea degradada quando a atividade de m inerao, o empreendimento s possui a concesso m inerr ia e a superf cie pert ence a terceiros. No momento da reabilitao, o propr ietrio da superf cie pode exigir que se f aa a reposio da maneira que lhe interessa, e o plano de r eabilitao, int egrante do EIA/RI MA devidament e aprovado pelo rgo ambiental, pode prever de outra f orma. O objetivo pr incipal da reabilitao r etornar o stio a normalidade anter ior, ressalvada a estabilidade da rea. Q uando da elaborao do plano de reabilitao, o desej vel que o empreendimento f aa consulta ao propr ietr io superf icirio sobre as opes desej adas e apresente nos estudos para reabilitao quais destas opes so compat veis com a estabilidade dos terrenos. Caber ao rgo ambient al competente analisar o plano de reabilitao, considerar aquela opo que julgar mais conveniente. Esta deciso dever ser acatada pelo empreendimento e pelo propr ietr io superf icirio.

6.5 G AR ANTI A P AR A A RE ABILI TA O DE RE AS DEGRAD AD AS No caso de certas ati vidades que tm a obrigao de reabilitar r eas degradadas, com o por exemplo a minerao par a garantir este cumprimento, a l egislao deveria exigir a prestao de cauo ou garantia. A rigor, a atividade de lavr a se constitui em uma concesso pela qual a Unio Federal, no se int eressando ela prpria explorar os seus bens m iner ais, permite a terceiros, em seu nome, a exercer esta atividade. Nos contratos celebrados por particular es com a Adm inistrao Pblica, a Lei n 8.666/93, no seu Art. 56 institui a prestao de garantia, ant e a possibilidade de ocorrer algum inadimplemento por parte do contratado, cujas modalidades podem ser: a) cauo em dinheir o ou t tulo da dvida pblica; b) seguro garantia e c) f iana bancria. Para garantir a execuo dos trabalhos para a reabilit ao de reas degradadas, a legislao m inerr ia deveria f azer exigncia da prestao da garantia nos moldes da Lei n 8.666/93

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ESCOLA TCNICA DE FORMAO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG 3384.81546.6 P ARTI CIP A O DO MINISTRIO PBLI CO Incumbe ao Ministrio Pblico a def esa da ordem jur dica, constituindo suas f unes insti tucionais prom over o inqurito ci vi l e a ao ci vil pblica, par a a proteo do patrimni o pblico e social, do meio ambient e e de outros interesses difusos e coletivos. A Lei n 7.347/85, que trata da reparao do dano ambiental, estabelece as condies para a proposio da Ao Civil Pblica, permit indo que o causador daqueles danos seja condenado em obrigao de f azer ou em pagamento em dinheiro. A ausncia da reabilit ao de reas degradadas um a leso ao meio ambiente, sendo o seu responsvel passvel de responder a uma Ao Civil Pblica. Desta f orma, tanto o Ministr io Pblico Federal quanto o Estadual dever iam ser comunicados pelos rgos ambientais do descumprimento desta obrigao, para que ingressassem em juzo com aquela ao, exigindo a obrigao de f azer (reabilitao) o pagamento em dinheiro para a realizao da obrigao. A Lei 7.347/85 prev que, quando a condenao f or em dinheiro, este ser destinado a um Fundo que ter a f inalidade de reparar os danos causados ao meio ambiente, ger ido por um Conselho ao qual necessar iamente part icipa um represent ante do Mi nistr io Pblico. Este Fundo, mediante licit ao, poderia contrat ar executar os trabalhos de reabilitao. empresa privada para

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