apostila de literatura pasta

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Hino Nacional Brasileiro Letra do Hino Nacional, História do Hino, vocabulário, significados, criação e autores, cerimônias no momento do hino nacional. Letra do Hino Nacional Brasileiro I OUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDAS DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE , E O SOL DA LIBERDADE, EM RAIOS FÚLGIDOS ,, BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE. SE O PENHOR DESSA IGUALDADE CONSEGUIMOS CONQUISTAR COM BRAÇO FORTE, EM TEU SEIO, Ó LIBERDADE, DESAFIA O NOSSO PEITO A PRÓPRIA MORTE! Ó PÁTRIA AMADA, IDOLATRADA , SALVE! SALVE! BRASIL, UM SONHO INTENSO, UM RAIO VÍVIDO DE AMOR E DE ESPERANÇA À TERRA DESCE, SE EM TEU FORMOSO CÉU, RISONHO E LÍMPIDO , A IMAGEM DO CRUZEIRO RESPLANDECE . GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA, ÉS BELO, ÉS FORTE, IMPÁVIDO COLOSSO , E O TEU FUTURO ESPELHA ESSA GRANDEZA. TERRA ADORADA, ENTRE OUTRAS MIL, ÉS TU,BRASIL, Ó PÁTRIA AMADA! DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL , PÁTRIA AMADA, BRASIL! II DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO, AO SOM DO MAR E À LUZ DO CÉU PROFUNDO, FULGURAS , Ó BRASIL, FLORÃO DA AMÉRICA, ILUMINADO AO SOL DO NOVO MUNDO! DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA , TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES; "NOSSOS BOSQUES TEM MAIS VIDA," "NOSSA VIDA" NO TEU SEIO "MAIS AMORES". Ó PÁTRIA AMADA, IDOLATRADA ,

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Page 1: Apostila de Literatura Pasta

Hino Nacional Brasileiro Letra do Hino Nacional, História do Hino, vocabulário, significados, criação e autores,

cerimônias no momento do hino nacional.

Letra do Hino Nacional BrasileiroIOUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDASDE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE,E O SOL DA LIBERDADE, EM RAIOS FÚLGIDOS,,BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE.SE O PENHOR DESSA IGUALDADECONSEGUIMOS CONQUISTAR COM BRAÇO FORTE,EM TEU SEIO, Ó LIBERDADE,DESAFIA O NOSSO PEITO A PRÓPRIA MORTE!

Ó PÁTRIA AMADA,IDOLATRADA,SALVE! SALVE!

BRASIL, UM SONHO INTENSO, UM RAIO VÍVIDODE AMOR E DE ESPERANÇA À TERRA DESCE,SE EM TEU FORMOSO CÉU, RISONHO E LÍMPIDO,A IMAGEM DO CRUZEIRO RESPLANDECE.GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA,ÉS BELO, ÉS FORTE, IMPÁVIDO COLOSSO,E O TEU FUTURO ESPELHA ESSA GRANDEZA.

TERRA ADORADA,ENTRE OUTRAS MIL,ÉS TU,BRASIL,Ó PÁTRIA AMADA!DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,PÁTRIA AMADA,BRASIL!

IIDEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO,AO SOM DO MAR E À LUZ DO CÉU PROFUNDO,FULGURAS, Ó BRASIL, FLORÃO DA AMÉRICA,ILUMINADO AO SOL DO NOVO MUNDO!DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA,TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES;"NOSSOS BOSQUES TEM MAIS VIDA,""NOSSA VIDA" NO TEU SEIO "MAIS AMORES".

Ó PÁTRIA AMADA,IDOLATRADA,SALVE! SALVE!.

BRASIL, DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLOO LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO,E DIGA O VERDE-LOURO DESSA FLÂMULA-PAZ NO FUTURO E GLÓRIA NO PASSADO.MAS, SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA FORTE,VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA,NEM TEME, QUEM TE ADORA, A PRÓPRIA MORTE.

TERRA ADORADA,ENTRE OUTRAS MIL,ÉS TU, BRASIL,Ó PÁTRIA AMADA!DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,PÁTRIA AMADA,BRASIL!

Page 2: Apostila de Literatura Pasta

Vocabulário (Glossário)

Plácidas: calmas, tranquilasIpiranga: Rio onde às margens D.Pedro I proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822Brado: GritoRetumbante: som que se espalha com barulhoFúlgido: que brilha, cintilantePenhor: garantiaIdolatrada: Cultuada, amadaVívido: intensoFormoso: lindo, beloLímpido: puro, que não está poluídoCruzeiro: Constelação (estrelas) do Cruzeiro do SulResplandece: que brilha, iluminadaImpávido: corajosoColosso: grandeEspelha: refleteGentil: Generoso, acolhedorFulguras: Brilhas, desponta com importânciaFlorão: flor de ouroGarrida: Florida, enfeitada com floresIdolatrada: Cultivada, amada acima de tudoLábaro: bandeiraOstentas: Mostras com orgulhoFlâmula: BandeiraClava: arma primitiva de guerra, tacape

                                                     13 de ABRIL dia do Hino Nacional Brasileiro

De acordo com a história, após a Proclamação da República em 1889, um concurso foi realizado para escolher um novo Hino Nacional. A música vencedora, entretanto, foi hostilizada pelo público e pelo próprio Marechal Deodoro da Fonseca. Esta composição ("Liberdade, liberdade! Abre as asas sobre nós!...") seria oficializada como Hino da Proclamação da República do Brasil, e a música original, de Francisco Manuel da Silva, continuou como hino oficial. Somente em 1906 foi realizado um novo concurso para a escolha da melhor letra que se adaptasse ao hino, e o poema declarado vencedor foi o de Joaquim Osório Duque Estrada, em 1909.

Após passar por onze alterações, o poema de Joaquim Osório, em versos decassílabos, foi oficializado como letra do Hino Nacional Brasileiro por meio do Decreto nº 15.671, do presidente Epitácio Pessoa, em 6 de setembro de 1922, véspera do Centenário da Independência do Brasil.

Saiba mais:

Sobre os autores

Joaquim Osório Duque Estrada nasceu em Pati do Alferes (RJ) em 1870 e faleceu em 1927, no Rio de Janeiro. Além de atuar como professor do Colégio D. Pedro II e da Escola Normal, foi poeta e crítico literário. Francisco Manuel da Silva nasceu em 1795 no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1865. Dedicou-se à música desde a infância, fundando a Sociedade Beneficente Musical e o Conservatório de Música do Rio de Janeiro.                                 

Estilo do texto

Trata-se de um texto parnasiano, que privilegia a forma mesmo com sacrifício da clareza da mensagem, gerando dificuldades de compreensão. Para isso, colaboram o preciosismo vocabular e as frequentes inversões da ordem do discurso, tão ao gosto dos acadêmicos do final do século XIX, mas distantes do universo das gerações atuais.

Page 3: Apostila de Literatura Pasta

Parnasianismo e Romantismo

Sabe-se que a forma do poema é rigorosamente parnasiana, porém o seu conteúdo é romântico, inserindo-se nas propostas dessa escola literária no que se refere à exaltação ufanista. 

Canção do Exílio

Na segunda parte do hino, os trechos que estão entre aspas foram extraídos do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

300 anos sem hino

Desde o descobrimento, o Brasil demorou mais de 300 anos para ter um hino. Em 1831, Francisco Manuel da Silva compôs a melodia. A letra veio 91 anos mais tarde. Após várias opções não terem sido aprovadas pelos portugueses, em 1922, o presidente Epitácio Pessoa declarou o texto de Osório Duque Estrada como letra oficial do hino nacional brasileiro.

50 versos

A  letra do hino nacional possui ao todo 50 versos, distribuídos em duas partes rigorosamente simétricas, tanto na métrica como no ritmo.

 Versão Simplificada

Você sabia que existem diversas versões que tentam simplificar o hino nacional brasileiro, a fim de facilitar o entendimento da mensagem? Observe, por exemplo, a versão abaixo:

Nas margens tranquilas do riacho Ipiranga se ouviu Um grito muito forte de um povo heroico, E, nesse instante, O sol da liberdade brilhou no céu do Brasil, Com seus raios muito cintilantes. 

Nós conseguimos conquistar, com muitas lutas, A garantia de sermos iguais aos outros. Ó Liberdade, Desafiamos a própria morte Quando estamos junto a ti.

Viva! Viva! País amado e adorado.

Brasil, um sonho forte, como um raio muito luminoso, De amor e de esperança desce à terra,Se a imagem das estrelas do Cruzeiro do Sul,Brilha em teu céu bonito, risonho e claro.

Pela sua própria natureza és um gigante, Gigante corajoso, és belo, és forte, E o teu futuro vai ser grande como tu.

Brasil, Pátria querida, Entre tantas outras nações, Tu és a mais adorada.

Brasil, Pátria amada, És a mãe querida dos filhos Que nasceram aqui!

Localizado para sempre em terras magníficas,Banhado por um oceano e pela luz de um céu imenso, Brilhas, Brasil, joia das Américas, Iluminado com o sol deste Continente. 

Teus campos, risonhos e lindos, Têm mais flores do que a terra mais enfeitada. Nossas florestas têm mais vida. Nossa vida mais amores, Quando estamos junto de ti.

Viva! Viva! País amado e adorado.

Brasil, que a tua bandeira estrelada Seja um símbolo de amor eterno! E que o verde-amarelo desta bandeira diga: "Nós temos glórias no passado e no futuro teremos paz".

Mas se levantares a arma forte da justiça, Verás que um brasileiro não foge de uma luta!E quem te adora não tem medo nem da morte.

Brasil, Pátria querida, Entre tantas outras nações, Tu és a mais adorada.

Brasil, Pátria amada, És a mãe querida dos filhos Que nasceram aqui!

Page 4: Apostila de Literatura Pasta

Linguagem Literária e Não literária

A linguagem literária é caracterizada por sua plurissignificação, cuja base é a conotação, é utilizada muitas vezes com um sentido diferente daquele que lhe é comum.

Podemos citar como exemplos de textos literários o conto, o poema, o romance, peças de teatro, novelas, crônicas.

A linguagem não-literária é a utilizada com o seu sentido comum, empregada denotativamente, é a linguagem dos textos informativos, jornalísticos, científicos, receitas culinárias, manuais de instrução etc.

Linguagem conotativa

Conotação é o emprego de uma palavra tomada em um sentido incomum, figurado, circunstancial, que depende sempre de contexto. Muitas vezes é um sentido poético, fazendo comparações.

Exemplos:

A frieza do olhar A lua nova é o sorriso do céu.

Exemplos de conotação

Os provérbios ou ditos populares são exemplos da linguagem de uso conotativo.

"Quem está na chuva é para se molhar" seria o mesmo que: "/Quando alguém opta por uma determinada 

experiência, deve assumir todas as regras e consequências decorrentes dessa experiência".

"Em Casa de ferreiro, o espeto é de pau" é equivalente a que a pessoa faz favores fora de casa, para os outros,mas

não faz em casa, para si mesma.

"Ele é um 'Gato"seria o mesmo que dizer "Ele é lindo/bonito."Divisões do sentido conotativo

ComparativoQuando compara uma coisa com a outra usando figuras.Exemplo: O homem é forte como o leão.

Linguagem denotativa

Quando o emissor busca objetividade de expressão da mensagem, utiliza a linguagem denotativa, com função

referencial. As palavras são empregadas em sua significação (usual, literal, real), referindo-se a uma realidade

concreta ou imaginária.

A denotação é encontrada em textos de natureza informativa, como textos jornalísticos ou científicos, visto que o

emissor busca informar objetivamente o receptor.

É comum na literatura os autores empregarem as palavras em um outro sentido, o conotativo (figurado). Todavia, é

na poesia que isso ocorre com mais frequência, embora não seja apenas na literatura e na poesia que a conotação

aparece, mas também nos anúncios publicitários e até mesmo na linguagem do dia-a-dia.

Page 5: Apostila de Literatura Pasta

Rima

A palavra “rima” vem do latim rythmus, e quer dizer de algo relativo a ritmo, a musicalidade e, consequentemente, a sonoridade. Obviamente, deve vir da origem a definição mais freqüentes dos dicionários para a palavra rima: “repetição dum som no final de dois ou mais versos; identidade de som na terminação de duas ou mais palavras.” (Dicionário Aurélio) e “Igualdade ou concordância de sons, a partir da sílaba tônica da palavra final de dois ou mais versos; Repetição, no meio de um verso, de som que termina o verso anterior.” (Dicionário Larousse).

De acordo com a última denominação do Dicionário Larousse a rima pode vir tanto ao final do verso como em seu interior.

Há alguns tipos de classificação de rimas:

Rima pobre: quando as palavras rimadas são de mesma classe gramatical (substantivo com substantivo, adjetivo com adjetivo). São denominadas pobres porque são obviamente mais fáceis de serem rimadas, sem exigir muito esforço por parte do poeta. Exemplo: Os meninos choram Por causa dos que foram.

Rima rica:quando as palavras rimadas são de diferentes classes gramaticais (substantivo com adjetivo, verbo com substantivo) Exemplo: Oh, meu amigo! Não chores porque não te ligo...

Preciosa ou rara: quando as palavras rimadas estão em formas gramaticais diferentes. Exemplo: Como poderei vê-la? Parece-me mais distante que uma estrela.

As rimas ainda podem ser classificadas de acordo com a sua organização no poema:

RIMAS EMPARELHADAS OU PARALELAS

"Ele deixava atrás tanta recordação!.......................................AE o pensar, a saudade até no próprio cão,.............................ADebaixo de seus pés, parece que gemia,................................BLevanta-se o sol, vinha rompendo o dia,.................................BE o bosque, a selva, o campo, a pradaria em flor..................CVestiam-se de luz com um peito de amor"..............................C(A de Oliveira)

RIMAS ALTERNADAS, CRUZADAS OU ENTRELAÇADAS:AB AB AB ABQuando de um lado, rimam os versos ímpares(o 1º com o 3º, etc); de outro, os versos pares (o 2º com o 4º, etc)"Tu és beijo materno!.............................................ATu és um riso infantil..............................................BSol entre as nuvens de inverno,..........................Arosa entre as flores de abril...................................B

Page 6: Apostila de Literatura Pasta

RIMAS OPOSTAS OU INTERPOLADAS OU INTERCALADAS: ABBA ABBAQuando o 1º verso rima com o 4º, e o 2º com o 3º"Saudade! Olhar de minha mãe rezando ...........................AE o prato lento deslizando em fio.........................................BSaudade! Amor de minha terra... o rio .................................BCantigas de águas claras soluçando" ................................A(Da Costa e Silva)

RIMAS ENCADEADAS OU INTERNASQuando rima a final de um verso com o interior de verso seguinte, conforme o esquema abaixo:...............................A...............A.............C...............................B...............B.............CExemplo:"Quando alta noite n'amplidão flutuaPálida a lua com fatal palor,Não sabes, virgem, que eu te suspiroE que deliro a suspirar de amor."(Castro Alves)

RIMAS COROADASQuando rimam palavras dentro de um mesmo verso, conforme o esquema abaixo:A-A..................................................B-BC-C..................................................DE-E..................................................F-FG-G..................................................DExemplo:"Donzela bela, que me inspira liraUm canto santo de fervente amorAo bardo cardo de tremenda sendaEstanca, arranca - lhe a terrível dor"(Castro Alves)

Versos brancos ou soltos: São os versos que não tem rima

A rosa com cirrose A anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada

(Rosa de Hiroshima, Vinícius de Moraes)

Page 7: Apostila de Literatura Pasta

VersoVerso  é considerado cada linha de um poema. Pode ser apresentada como uma palavra ou segmento de palavras com um tipo de rítmica. Ocorre em sílabas longas ou breves (versos métricos), de acordo com o número de sílabas (versos silábicos), segundo a acentuação (versos rítmicos).

“Quem é esse viajante } VERSOQuem é esse menestrelQue espalha esperançaE transforma sal em mel?”

(Milton Nascimento)

As sílabas para o poeta são uma forma de ritmo para as palavras.

Como fazer as contagens das sílabas:

1. Conta-se até a última tônica do verso.Exemplo:“ÉS/A/CLA/VE/DO/SOL,/ÉS/A/CHA/VE/DA/SOM/BRA

ÉS/A/POM/BA E O/COR/VO./ÉS/A/CA/PA/NA/FU/FA.”(David Mourão Ferreira)

2. Observam-se os Encontros Vocálicos:

Exemplo:“À/MI/NHA/CA/BE/CEI/RA O/CRIS/TO/MO/RRE.”(Sebastião da Gama)

A classificação do verso é de acordo com o número de sílabas:

* Monossílabo – versos com uma sílaba.* Dissílabos – versos com 2 (duas) sílabas.* Trissílabos – versos constituídos com 3 (três) sílabas.* Tetrassílabos – versos constituídos com 4 (quatro) sílabas.* Pentassílabos – versos com uma estrutura de 5 (cinco) sílabas ou chamado de redondilha menor.* Hexassílabos – versos estruturados com 6 (seis) sílabas.* Heptassílabos – versos constituídos de 7 (sete) sílabas ou chamado de redondilha maior.* Octossílabos – versos constituídos com 8 (oito) sílabas.* Decassílabos – versos estruturados em 10 (dez) sílabas.* Hendecassílabos – versos com 11 (onze) sílabas.* Dodecassílabos – versos constituídos em 12 (doze) sílabas ou chamado de alexandrino.* Verso bárbaro – versos com mais de 12 (doze) sílabas.

Estrofe

Estrofe é o conjunto de vários versos.

Classificam-se em:

* Monóstico – só um único verso.* Dístico – dois versos.* Terceto – três versos.* Quadra – quatro versos.* Quintilha – cinco versos.* Sextilha – seis versos.* Septilha – sete versos.* Oitava – oito versos.* Nona – nove versos.* Décima – dez versos.

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TRABALHANDO COM POEMAS

    1. Objetivos- Estimular a prática de leitura de poemas; - Promover a aproximação do aluno com o texto poético; e- Favorecer o desenvolvimento da criatividade, sensibilidade, imaginação através da leitura do texto poético.

2. Metodologia:1º Momento:Para motivar o início da aula o(a) professor(a) traz para sala de aula uma bola e propõe a brincadeira "Perguntas e Respostas", que consiste em fazer uma pergunta e jogar a bola em direção a uma criança para que ela responda a pergunta. Para começar a brincadeira é importante que o(a) professor(a) faça a pergunta para direcionar a temática que será discutida como por exemplo: Que tipo de jogos eles mais gostam? Por quê? Quais os maiores problemas que eles enfrentam nas partidas? Que jogos participam meninos e meninas? Como eles vêem o futebol feminino? O que eles aprendem com os jogos? Quais os melhores jogadores da sala, do colégio, da Paraíba e do Brasil? O que acham dos salários dos jogadores brasileiros? A discussão deve ser ampliada como forma de conhecer o nível de compreensão da turma sobre a temática.

2º Momento:Distribuição do poema, neste momento o (a) professor(a) distribui o texto sem tecer considerações, apenas orienta que todos leiam silenciosamente uma ou mais vezes. O tempo para a leitura é fundamental para que as crianças se familiarizem com o poema. Posteriormente o(a) professor(a) deve abrir o espaço para realização da leitura em voz alta pelos alunos. Depois, o(a) professor(a) faz a leitura de forma expressiva. Após esse momento de leitura partilhada os(as) alunos(as) são motivados (as) a apresentarem suas impressões, sentimentos, opiniões sobre o poema: O que acharam do texto? Que verso gostaria de destacar? Por quê? Que sentimentos, idéias o poema faz surgir? Quem gostaria de reler algum verso?

JOGO DE BOLA     Cecília Meireles

A bela bolarola:A bela bola do Raul

Bola amarelaA da Arabela

A do RaulAzul

Rola a amarelaE pula a azul

A bola é moleÉ mole e rola.

A bola é bela,É bela e pula.

É bela rola e pula,É mole , amarela, azul.

A de Raul é de Arabela,E a de Arabela é de Raul.

3º MomentoDividir a turma em grupos com tarefas diversificadas. Nessa situação é importante que se organize o espaço da sala de aula, afastem-se as carteiras para que os grupos sentem no chão e possam desenvolver as atividades propostas.

Trabalho em grupo Descrição da atividadeGrupo1: Montar e ensaiar o jogral (Discutir e distribuir as falas, escolher o cenário, que no caso pode ser um campo. As crianças devem usar a criatividade para transformar a sala de aula em um campo).

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Grupo 2: Confeccionar bolas de meias (Trazer o material necessário para construção das bolas de meias e criar um espaço para brincar com elas)Grupo 3: Copiar as estrofes em cartolinas separadas Grupo 4: Ilustrar as estrofes com materiais diversificados (Pesquisar algumas ilustrações do poema “ Jogo de Bola”)

3. Outras sugestões:Para ampliação desse trabalho, sugerimos que o professor (a) traga para a sala de aula outros tipos de textos que abordem a temática jogo de bola, como por exemplo músicas, crônicas e outros tipos de textos.

3.1 Música: É uma Partida de Futebol (Skank) Essa música aborda a relação entre o futebol e a situação sócio-econômica da maioria da população brasileira. O compositor através de um ritmo que contagia boa parte da juventude consegue mostrar a contradição que existe entre a miséria dos favelados e o sonho que a maioria da população tem de ser jogador de futebol. Essa discussão nos parece pertinente, haja vista que desde cedo precisamos contribuir com a formação de pessoas que pensem criticamente sobre essa realidade para reconstruí-la com base em outros princípios.

É uma partida de Futebol

Bola na trave não altera o placarSem ninguém para cabecearBola na rede para fazer um golComo jogadorQuem não sonhouEm fazer um gol, ser jogadorde futebol?

A bandeira no estádio é um estandarteA flâmula pendurada na parede do quartoO distintivo na camisa do uniformeQue coisa lindaÉ uma partida de futebol

Posso morrer pelo meu timeSe ele perder, que dor, imenso crimePosso chorar se ele não ganharMas se ele ganha

Não adiantaNão há garganta que não pare de berrar

A chuteira veste a meia que veste o pé descalçoO tapete da realeza é verde é o gramadoOlhando para bola eu vejo o solEstá rolando agoraÉ uma partida de futebol

O meio campo é o lugar dos craquesQue vão levando o time todo para o ataqueO centro avante, o mais importanteQue emocionanteÉ uma partida de futebolO meu goleiro é um homem de elásticoSó os dois zagueiros tem as chaves do cadeadoOs laterais fecham a defesaMais que beleza, com certezaÉ uma partida de futebol.

3.2 Música: Bola de Meia Bola de Gude (Milton Nascimento) Poderemos ouvir a música, depois cantar, conversar sobre as impressões que ela nos traz. Refletir sobre quem é esse menino? Quem é a bruxa? Que verso ou estrofes eles gostariam de destacar ? Escolher uma das estrofes para ilustrar. Explicar os motivos da escolha . Pensar sobre as coisas bonitas que o menino acha que nunca deixarão de existir. Montar um debate com a temática: A Amizade, o respeito, o caráter, a bondade, a alegria e amor sempre irão existir? A escolha dos debatedores será feita pelos alunos.

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Convidar psicólogos, coordenadores para participar desse momento. Marcar um horário com a turma para jogar bola de gude e bola de meia.

Bola de Meia Bola de Gude

Há um meninoHá um molequeMorando sempre no meu coraçãoToda vez que o adulto fraquejaEle vem para me dá a mão

Há um passado no meu presenteUm sol bem quente lá no meu quintalToda vez que a bruxa me assombraO menino me dá a mão

Ele fala de coisas bonitasQue eu acredito que não deixarão de existirAmizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amorPois o nosso meninoNão quer viver como toda essa gente insiste em viverPois não posso aceitar sossegado qualquer sacanagemIsso é coisa normal

Bola de meiaBola de gudeO solidário não quer solidãoToda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão

Há um meninoHá um molequeMorando sempre no meu coraçãoToda vez que o adulto fraquejaEle vem para me dá a mão.

3.3 Crônica: O Torcedor (Carlos Drumond de Andrade)

3.4 Sugestões de atividade para outras disciplinas (trabalho interdisciplinar)1) Pesquisar a origem do futebol e montar um painel informativo sobre a HISTÓRIA DO FUTEBOL. 2) Localizar no globo o nome dos diversos países onde aconteceram algumas copas do mundo. Registrar e montar um gráfico com os nomes dos países e suas respectivas bandeiras. 3) Convidar um jogador de futebol e ou um técnico para dar uma palestra sobre os seguintes aspectos: trabalho em equipe, regras, disciplina, salário, contratos, entre outras. O roteiro de entrevista deve ser montado previamente pelos alunos e professores. 4) Montar juntamente com os professores de educação física um campeonato na escola. 5) Construir tabelas fazendo a análise das possibilidades com a ajuda dos professores de matemática. 6) Trazer para escola um nutricionista e ou um médico para discutir a temática ESPORTE-SAÚDE-ALIMENTAÇÃO.7) Pesquisar nomes e regras de jogos com bola que as crianças brincavam antigamente, como por exemplo o jogo de bola de gude. Anotar as regras para comparar com as regras de hoje.8) Criar um espaço para jogar com as crianças, em seguida socializar a vivência.9) Desenhar um logotipo para camisa do campeonato.10) Através de eleições escolher o desenho que melhor represente o desejo do grupo.11) Fazer a abertura do campeonato com a apresentação do poema o “Jogo de Bola” que originou todo o trabalho, bem como com a música de Skank.

Personificação, Metáfora, Comparação

  PERSONIFICAÇÃO

É uma figura de estilo que consiste em atribuir, a seres irracionais ou inanimados, sentimentos e acções próprios de pessoas. Exemplos:

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"Então a neve desaparecia e o degelo soltava as águas do rio que corria ali perto e cuja corrente recomeçava a cantar noite e dia entre ervas, musgos e pedras."

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

"- Na verdade - admitiu a formiga - a maioria dos animais tornou-se muda."

(José Gomes Ferreira)

"A Terra começou a pensar e mandou reunir os animais que ainda restavam"

(Extracto de uma fábula guineense)

«A formiga não se apressou a responder. Refletiu alguns momentos antes de adiantar estas palavras cautelosas: Bem vês? Os nossos costumes foram evolucionando devagarinho?» José Gomes Ferreira, Aventuras de João Sem Medo

«O inverno estendeu uma toalha branca» (Jorge de Sousa Braga, Os Pés Luminosos)

METÁFORA

É uma figura que consiste na substituição de um termo por outro, com o qual apresenta semelhanças. É uma espécie de comparação abreviada pela omissão, ou do primeiro termo e da partícula comparativa, ou apenas da partícula comparativa.Exemplos:

"Amigo é uma grande tarefa." (Alexandre O'Neill)

"Santarém é um livro de pedra..." (Almeida Garrett)

«O poema é A liberdade” (Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética II)

Exemplos de metáforas da linguagem corrente: maçãs do rosto, primavera da vida…

COMPARAÇÃO

É uma aproximação entre dois termos ou expressões através de uma conjunção ou locução subordinativa comparativa (como, assim como, bem como, etc.) ou de um verbo com função semelhante (parecer, lembrar, sugerir, assemelhar-se, sugerir, etc.).A comparação leva à compreensão mais profunda do primeiro termo.Exemplos:

(A cidade) "É como um tecido orgânico". (António Gedeão)

”Alma árida como urze". (Alexandre Herculano)

«O silêncio é como se fosse água”. Jorge de Sousa Braga, Os Pés Luminosos

«O monte estava ao lado da quinta de Cavaleiros e era como uma cabeça que saía da terra, com os olhos fechados.» Agustina Bessa-Luís, Dentes de Rato

História e Origem da LiteraturaA história da literatura procura entender todas as modificações que a produção literária passou ao longo da evolução da sociedade.Para este estudo, a análise e compreensão dos textos literários são muito importantes, pois nos ajudam a entender melhor o contexto histórico em que o texto foi escrito.Quando estudamos a história ou origem da literatura deparamos com um conceito: o de estilos literários ou estilos de época.

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• Estilos de época: é o nome dado conjunto de obras escritas em uma determinada época. O critério usado para dividir os estilos de época varia muito: às vezes, o autor publica uma obra revolucionária e ela acaba se tornando o marco inicial de um determinado período, outras vezes um fato histórico influencia uma infinidade de obras que darão origem a um determinado movimento literário. É importante ressaltar que as datas estabelecidas para um determinado período não são tão rigorosas quanto parecem, são apenas recursos didáticos usados para facilitar o estudo, já que é quase impossível estabelecer precisamente quando iniciou ou terminou um período. Também é bom sabermos que um estilo de época não “morre” por completo e que a passagem de um estilo para outro não é tão rápida assim. Muitas ideias adotadas em um período podem ser aproveitadas por outros estilos literários que fazem uma releitura ou uma reinterpretação de textos já escritos. A Literatura busca influência nela mesma para sempre ter a possibilidade de abrir novos caminhos e novas ideias. É por esta razão que o entendimento correto sobre cada estilo é tão importante, pois através dessa compreensão temos uma visão geral da Literatura e da sociedade que a produziu. PERÍODOS LITERÁRIOS NO BRASIL (Dividido em dois momentos: ) * Literatura do período colonial (Literatura de Informação, Barroco e Arcadismo – 1500 até 1822) Nesse período ocorreram várias manifestações literárias de um grupo composto por alguns escritores que copiavam os padrões e tendências de Portugal. * Literatura do período nacional (Romantismo, Realismo – Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo, Pós-Modernismo – da Independência até os dias de hoje). Todos os acontecimentos históricos e marcantes da história do Brasil contribuíram para fortalecer os movimentos literários. O público cresceu e com isso estimulou os escritores a melhorar cada vez mais suas obras. PERÍODOS LITERÁRIOS EM PORTUGAL - ERA MEDIEVAL (Trovadorismo e Humanismo) - Trovadorismo: poemas feitos para serem cantados, são as cantigas (de amor, amigo, escárnio e maldizer) - AMOR (eu-lírico masculino)- Exaltação das qualidades da dama- Sofrimento amoroso- Ambiente aristocrático - AMIGO (eu-lírico feminino)- Ambientação rural- Linguagem e estrutura simples- Fala do amor da mulher pelo seu amigo - ESCÁRNIO E MALDIZER- Crítica aos membros da sociedade- Jogos de palavras e ironias- Abordavam temas como escândalos, sexo, falsa religiosidade OBS: Na cantiga de escárnio o nome da pessoa era ocultado, na de maldizer a crítica era direta e a vítima tinha seu nome revelado. Humanismo: Valorização do homem. - ERA CLÁSSICA (Classicismo, Barroco e Arcadismo). Classicismo: Teve em Camões o seu maior representante. Barroco: Textos ricos com profunda elaboração formal. Arcadismo:- Textos bucólicos,- Valorização do homem,- Linguagem simples,- Imitação dos modelos da literatura da Antigüidade Clássica e do Renascimento. - ERA MODERNA (Romantismo, Realismo-Naturalismo, Simbolismo, Modernismo) Romantismoliberdade de expressão e de pensamento,tentativa de buscar soluções para os problemas sociais etc. Realismo: “O Crime do Padre Amaro” e “O Primo Basílio” de Eça de Queirós foram duas obras importantes que ajudaram a divulgar o realismo no Brasil. Simbolismo: Marco inicial do Simbolismo em Portugal foi a publicação do livro de poesias “Oaristos” de Eugênio de Castro, em 1890.BARROCO (Final do séc.XVI e início do séc. XVII)

Período literário caracterizado pelos contrastes, oposições e dilemas.O homem do barroco buscava a salvação ao mesmo tempo que queria usufruir dos prazeres mundanos,daí surgiram os conflitos.É o

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antropocentrismo (homem) opondo-se ao Teocentrismo (Deus).O homem deste período está entre o céu e a Terra. Mesmo se valorizando, ele vivia atormentado pela idéia do pecado, então vivia buscando a salvação.

CARACTERÍSTICAS 1-Culto dos contrastes.Presença da antítese.claro/escurovida/mortetristeza/alegria

2-Pessimismo3-Intensidade=presença da hipérbole(figura de linguagem caracterizada pelo exagero da expressão)4-Linguagem muito rebuscada

AUTORES E OBRAS

1-Bento Teixeira: “Prosopopéia” marco inicial do Barroco brasileiro em 1601

2-Gregório de Matos:apelidado “Boca do Inferno”.Escreveu poesia lírica,satírica e religiosa.Não publicou nada em vida,o que conhecemos de sua obra é fruto de pesquisas.O apelido é porque o autor retratava a sociedade da época(às vezes, com uma linguagem considerada de baixo calão.)

3 – Padre Antônio Vieira: “Sermão da Sexagésima”,”Sermão de Santo Antônio aos peixes”

ANÁLISE DO POEMA “A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO” DE GREGÓRIO DE MATOS

Nasce o sol e não dura mais que um dia. (antítese vida/morte)Depois da luz, se segue a noite escura, (ant. claro/escuro)Em tristes sombras morre a formosura, (ant.feio/belo)Em contínuas tristezas a alegria. (ant. tristeza/alegria)

Porém, se acaba o sol, porque nascia? (dúvida)Se é tão formosa a luz, porque não dura?Como a beleza assim se trasfigura?Como o gosto da pena assim se fia? (sofrimento)

Mas no sol e na luz falta a firmeza;Na formosura, não se dê constânciaE, na alegria, sinta-se tristeza. (ant. tristeza/alegria)

Começa o mundo, enfim pela ignorância,E tem qualquer dos bens por natureza:A firmeza somente na inconstância.

(Gregório de Matos.Obra Completa.)

O poema acima é formado por 2 quartetos e 2 tercetos, num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto.Se notarmos bem veremos que há uma figura constante: a antítese.Figura pela qual se faz a contraposição de palavras.Exemplos.

Verso 1: vida/morteVerso 2: claro/escuroVerso 3: feio/beloVerso 4: tristeza/alegriaVerso 11: tristeza/alegria

O traço comum a todos os versos da segunda estrofe é a interrogação, a dúvida e a incerteza.

O Barroco enfatiza tudo que é inconstante,que muda de aparência,que está em movimento.

O Arcadismo

Introdução 

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O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, surgiu no continente europeu no século XVIII, durante uma época de ascenção da burguesia e de seus valores sociais, políticos e religiosos. Esta escola literária caracterizava-se pela valorização da vida bucólica e dos elementos da natureza. O nome originou-se de uma região grega chamada Arcádia (morada do deus Pan).

Os poetas da escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a tranqüilidade proporcionada pela natureza e a contemplação da vida simples. Portanto, desprezam a vida nos grandes centros urbanos e toda a vida agitada e problemas que as pessoas levavam nestes locais. Os poetas arcadistas chegavam a usar psedônimos (apelidos) de pastores latinos ou gregos.

O Arcadismo no Brasil

No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas.

 Entre os principais poetas do arcadismo brasileiro, podemos destacar Cláudio Manoel da Costa (autor de Obras Poéticas), Tomás Antônio Gonzaga (autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu), Basílio da Gama (autor de O Uraguai) , Frei Santa Rita Durão (autor do poema Caramuru) e Silva Alvarenga (autor de Glaura).

As principais características das obras do arcadismo brasileiro são: valorização da vida no campo, crítica a vida nos centros urbanos (fugere urbem = fuga da cidade), uso de apelidos, objetividade, idealização da mulher amada, abordagem de temas épicos, linguagem simples, pastoralismo e fingimento poético.

O Arcadismo foi um estilo literário que perdurou pela maioria do século XVIII, tendo como principal característica o bucolismo, elevando a vida despreocupada e idealizada nos campos. Muitos dos participantes da Conjuração Mineira foram poetas árcades.

Cláudio Manuel da Costa

Introdutor do Arcadismo no Brasil, Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) estudou Direito em Coimbra. Rico, advogou em Mariana, SP, onde nasceu e estabeleceu-se depois em Vila Rica. Foi um poeta de transição, ainda muito preso ao Barroco. Era grande amigo de Tomás Antônio Gonzaga, como atesta a poesia deste. Tinha os pseudônimos (apelido, no caso dos árcades, de origem pastoril) de Glauceste Satúrnio e Alceste. O nome de sua musa era Eulina. Foi preso em 1789, acusado de reunir os conjurados da Inconfidência Mineira. Após delatar seus colegas, é encontrado morto na cela, um caso de suicídio até hoje nebuloso. Na citação a seguir está presente um elogio ao campo, lugar idealizado pelos árcades.

"Quem deixa o trato pastoril, amado,Pela ingrata civil correspondência,Ou desconhece o rosto da violência,Ou do retiro da paz não tem provado."

Bucolismo é o termo utilizado para designar uma espécie de poesia pastoral, que descreve a qualidade ou o caráter dos costumes rurais, exaltando as belezas da vida campestre e da natureza, característica do arcadismo. A base material do progresso consubstanciava-se nas cidades. Mudava o mundo, modernizavam-se as cidades e, consequentemente, redobravam os problemas dos conglomerados urbanos. A natureza acenava com a ordem nos prados e nos campos, os indivíduos resgatavam sentimentos corroídos pelo progresso. Os árcades buscavam uma vida simples, bucólica, longe do burburinho citadino.

Romantismo no Brasil

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O Romantismo no Brasil é o movimento dos pensamentos e mudanças advindos da Revolução Industrial e Francesa ocorridos na Europa. A burguesia ganhava poder e uma nova classe surgia, a dos proletariados. No Brasil, a repercussão destas revoluções é a luta e conquista da independência. Já na literatura observa-se uma introspecção frente à realidade, pois na fase romântica a literatura passa a refletir e observar o homem no seu aspecto subjetivo: as emoções, as condições do estado de alma, os sentimentos de amor e saudade, além disso, valoriza as características nacionais na figura do índio. Além da fuga da realidade ou “escapismo”, do nacionalismo e do subjetivismo, o romantismo apresenta as seguintes características: liberdade de expressão e produção, individualismo, pessimismo, medievalismo e crítica social. A publicação de “Suspiros poéticos e saudades”, em 1836, do autor Gonçalves de Magalhães é o marco inicial do Romantismo brasileiro. No entanto, o responsável pela consolidação da literatura romântica no Brasil é Gonçalves Dias. O Romantismo brasileiro pode ser dividido em três gerações distintas: 

• Primeira geração 

Geração cujo tema é a valorização da natureza e da figura do índio. A temática desta fase é o indianismo e tem como principal autor Gonçalves Dias. Quanto à prosa, José de Alencar se encaixa na primeira geração em função de seus romances indianistas. 

• Segunda geração 

Geração do chamado “Ultra-Romantismo”, o qual é justificado pelo exagero na exposição dos sentimentos, na sua maioria, pessimistas (tédio, morte). O poeta Álvares de Azevedo é reconhecidamente o poeta mais dramático desta geração poética. 

• Terceira geração 

Geração que apresenta tendências do Realismo, por introduzir uma literatura mais voltada para os problemas regionais, políticos e sociais. O romance regionalista de mais repercussão é “Inocência” e tem como autor Visconde de Taunay. 

Os principais autores do Romantismo brasileiro são: 

Na poesia: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Castro Alves. 

Na prosa: Joaquim Manuel Macedo, José de Alencar, Visconde de Taunay. 

O Realismo

O Realismo surge em meio ao fracasso da Revolução Francesa e de seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A sociedade se dividia entre a classe operária e a burguesia. Logo mais tarde, em 1848, os comunistas Marx e Engels publicam o Manifesto que faz apologias à classe operária.Uma realidade oposta ao que a sociedade tinha vivido até aquele momento surgia com o progressotecnológico: o avanço da energia elétrica, as novas máquinas que facilitavam a vida, como o carro, por exemplo. As correntes filosóficas se destacam: o Positivismo, o Determinismo, o Evolucionismo e o Marxismo.Contudo, o pensamento filosófico que exerce mais influência no surgimento do Realismo é o Positivismo, o qual analisa a realidade através das observações e das constatações racionais. Dessa forma, a produção literária no Realismo surge com temas que norteiam os princípios do Positivismo. São características deste período: a reprodução da realidade observada; a objetividade no compromisso com a verdade (o autor é imparcial), personagens baseadas em indivíduos comuns (não há idealização da figura humana); as condições sociais e culturais das personagens são expostas; lei da causalidade (toda ação tem uma reação); linguagem de fácil entendimento; contemporaneidade (exposição do presente) e a preocupação em mostrar personagens nos aspectos reais, até mesmo de miséria (não há idealização da realidade). A literatura realista surge na França com a publicação de Madame Bovary de Gustave Flaubert, e no Brasil com Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, em 1881.

O Naturalismo

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O Realismo e o Naturalismo apresentam semelhanças e diferenças entre si. O Realismo retrata o homem interagindo com seu meio social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como produto de forças “naturais”, desenvolve temas voltados para a análise do comportamento patológico do homem, de suas taras sexuais, de seu lado animalesco. Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, esses acreditavam ser a seleção natural que impulsionava a transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõe a personalidade humana. Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a estética naturalista. Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes, impassíveis para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como o homossexualismo, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram dominados por seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços de sua natureza animal. No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Eça de Queirós com as obras O crime do padre Amaroe O primo Basílio, publicadas na década de 1870. Aluísio de Azevedo com a obra O mulato, publicada em 1881, marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço, também de sua autoria, marcou essa tendência. Em O cortiço a face completa do Naturalismo pode ser vista, nessa obra o indivíduo é envolvido pelo meio, o cenário é promíscuo e insalubre e retrata o cruzamento das raças, a explosão da sexualidade, a violência e a exploração do homem. Além de Aluízio de Azevedo e Eça de Queirós, existem outros escritores que se destacaram como Júlio Ribeiro com o romance A carne (1888); Adolfo Caminha com A normalista (1893) e O bom-crioulo; Raul Pompéia com O Ateneu (1888).

Parnasianismo no Brasil

O Parnasianismo tem seu marco inicial com a publicação de “Fanfarras” de Teófilo Dias, em 1882. Contudo, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia também auxiliaram a implantação do Parnasianismo no Brasil. A estética parnasiana, originada na França, valorizava a perfeição formal, o rigor das regras clássicas na criação dos poemas, a preferência pelas formas fixas (sonetos), a apreciação da rima e métrica, a descrição minuciosa, a sensualidade, a mitologia greco-romana. Além disso, a doutrina da “arte pela arte” esteve presente nos poemas parnasianos: alienação e descompromisso quanto à realidade. Contudo, os parnasianos brasileiros não seguiram todos os acordos propostos pelos franceses, pois muitos poemas apresentam subjetividade e preferência por temas voltados à realidade brasileira, contrariando outra característica do parnasianismo francês: o universalismo. Os temas universais, vangloriados pelos franceses, se opunham ao individualismo romântico, que revelava aspectos pessoais, desejos, aflições e sentimentos do autor. Outra característica que o Parnasianismo brasileiro não seguiu à risca foi a visão mais carnal do amor em relação à espiritual. Olavo Bilac, principalmente, enfatizou o amor sensual, entretanto, sem vulgarizá-lo. No Brasil, os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac e Raimundo Correia. O poema “Profissão de fé” de Olavo Bilac é uma representação da estética parnasiana no Brasil: Veja um trecho: 

(...) E horas sem conta passo, mudo, O olhar atento, A trabalhar, longe de tudo O pensamento. 

Porque o escrever – tanta perícia Tanta requer, Que ofício tal... nem há notícia De outro qualquer. 

Assim procedo. Minha pena Segue esta norma, Por servir-te, Deusa serena, Serena Forma! 

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Vemos nas estrofes acima aspectos parnasianos, como “a arte pela arte”: o poeta deixa claro que a arte poética exige do autor o afastamento quanto ao que acontece no mundo. Ainda vemos a exaltação e procura por um rigor técnico, purismo na forma: o poeta diz que escrever requer muita perícia, cuidado e engrandece a estética formal “Serena Forma”. Além disso, observamos no poema a forma fixa dos sonetos, a rima rica e a perfeita ou rara em contraposição aos versos livres e brancos dos poetas românticos.

Simbolismo

O precursor do Simbolismo é o francês Charles Baudelaire com a publicação de “As Flores do Mal”, em 1857. O Simbolismo surgiu em meio à divisão social entre as classes burguesa e a proletária, as quais surgiram com o avanço tecnológico advindo da Revolução Industrial.

O mundo estava em processo de mudanças econômicas, enquanto o Brasil passava por guerras civis como a Revolução Federalista e a Revolta da Armada, nos anos compreendidos entre 1893 a 1895.

 Há um clima de grande desordem social, política e econômica nesse período de transição do século XIX para o século XX. As potências estão em guerra pelo poderio econômico dos mercados consumidores e dos fornecedores de matéria-prima, ao passo que no Brasil eclodiam as revoltas sociais. O Simbolismo é a estética literária do final do século XIX em oposição ao Realismo e teve início no Brasil em 1893, com a publicação de “Missal” e “Broquéis”, obras de autoria de Cruz e Sousa. Teve seu fim com a Semana de Arte Moderna, que foi o marco do início do Modernismo.O Simbolismo não é considerado uma escola literária, já que nesse período havia três manifestações literárias em confronto: o Realismo, o Simbolismo e o Pré-Modernismo. Podemos diferenciar a estética poética simbólica da parnasiana, bem como da realista, no quesito de temas abordados: negação do materialismo, cientificismo e racionalismo do período do Realismo, busca ao interior do homem, da sua essência, uso de sinestesias, aliterações, musicalidade, além das dicotomias alma e corpo, matéria e espírito.

 No período do Simbolismo podemos destacar os escritores Eugênio de Castro e Cruz e Souza.

 Pré-Modernismo

O avanço científico e tecnológico  no início do século XX traz novas perspectivas à humanidade. As invenções contribuem para um clima de conforto e praticidade. Afinal, o telefone, a lâmpada elétrica, o automóvel e o telégrafo começam a influenciar, definitivamente, a vida das pessoas. Além dessas, a arte mostrou um inovado meio de comunicação, diversão e entretenimento: o cinema. É em meio a tanto progresso que a 1ª Guerra Mundial eclode. Em meio a tantos acontecimentos, havia muito que se dizer, e por isso, a literatura é vasta nos primeiros anos do século XX. Logo, os estilos literários vão desde os poetas parnasianos e simbolistas (que ainda produziam) até os que se concentravam na política e nas peculiaridades de sua região. Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase de transição literária entre as escolas anteriores e a ruptura dos novos escritores com as mesmas. Enquanto a Europa preparava-se para a guerra, o Brasil vivia a chamada política do “café-com-leite”, onde os grandes latifundiários do café dominavam a economia. Ao passo que esta classe dominante e consumista seguia a moda europeia, as agitações sociais aconteciam, principalmente no Nordeste. Na Bahia, ocorre a famosa “Revolta de Canudos”, que inspirava a obra “Os Sertões” do escritor Euclides da Cunha. Em 1910, a rebelião “Revolta da chibata” era liderada por João Cândido, o “Almirante Negro”, contra os maltratos vividos na Marinha. Aos poucos, a República “café com leite” ficava em crise e em 1920 começam os burburinhos da Semana de Arte Moderna, que marcaria o início do Modernismo no Brasil. Os principais escritores pré-modernistas são: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Graça Aranha e Augusto dos Anjos. 

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Os marcos literários são, especialmente, o já citado “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha. O Pré-Modernismo não chega a ser considerado uma “escola literária”, pois não há um grupo de escritores que seguem a mesma linha temática ou os mesmos traços literários.

Modernismo

O Modernismo teve início em meio à fortalecida economia do café e suas oligarquias rurais. A política do “café com leite” ditava o cenário econômico, ilustrado pelo eixo São Paulo - Minas Gerais. Contudo, a industrialização chegava ao Brasil em consequência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e ocasionou o processo de urbanização e o surgimento da burguesia.O número de imigrantes europeus crescia nas zonas rurais para o cultivo do café e nas zonas urbanas na mão de obra operária. Nesta época, São Paulo passava por diversas greves feitas pelos movimentos operários de fundamentação anarquista. Com a Revolução Russa, em 1917, o partido comunista foi fundado e as influências do anarquismo na sociedade ficavam cada vez menos visíveis. A sociedade paulistana estava bastante diversificada, formada por “barões do café”, comerciantes, anarquistas, comunistas, burgueses e nordestinos refugiados na capital. O Modernismo tem seu marco inicial com a realização da Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O grupo de artistas formado por pintores, músicos e escritores pretendia trazer as influências das vanguardas europeias à cultura brasileira. Estas correntes europeias expunham na literatura as reflexões dos artistas sobre a realidade social e política vivida. Por este motivo, o movimento artístico “Semana de Arte Moderna” quis trazer a reflexão sobre a realidade brasileira sociopolítica do início do século XX. 

Pós-Modernismo

O estilo chamado Pós-Modernismo ainda não é aceito por todos os estudiosos. Alguns acreditam que após a 2ª Guerra Mundial (1945) o tempo Pós-Moderno já seria uma realidade; para outros, ainda não saímos da Modernidade (e estaríamos vivendo uma 3ª fase do Modernismo).     Na literatura brasileira podemos perceber características que se diferem do Modernismo após a década de 50. Há uma intensificam dos traços Modernistas no Movimento da Poesia Concreto e Instauração-Práxis. A transição do Modernismo para o Pós-Modernismo "se evidencia no Tropicalismo e no Movimento do Poema-Processo. Os traços pós-modernos podem ser encontrados mais acentuadamente em alguns textos da poesia marginal e na prosa de determinados autores contemporâneos"1.     A poesia marginal é feita por jovens que buscam uma liberdade de criação e de palavras, além de uma liberdade editorial (pois publicam seus textos de forma artesanal ou em folhetos). "Por sua própria natureza, a produção 'marginal' ou 'independente' é bastante volumosa e diversificada, ainda que alguns de seus autores já tenham, em 1987, obras publicadas pelas editoras convencionais"2. Podemos ainda citar entre os movimentos de Vanguarda do Pós-Modernismo: o Neoconcretismo, a poesia ligada à revista Tendência, a produção poética de Violão de rua e os cultores da Arte Postal.     As principais características desse estilo são: intensificação do ludismo na criação literária, utilização deliberada da intertextualidade, ecletismo estilístico, exercício da metalinguagem, fragmentarismo textual, na narrativa há uma autoconsciência e autorreflexão, radicalização de posições antirracionalistas e antiburguesas.

    Os principais autores desse estilo literário são: Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Nelson Rodrigues, Adélia Prado, Autran Dourado, Augusto e Haroldo de Campos, João Ubaldo

Ribeiro, Mário Quintana, entre outros...

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Trovadorismo

A época do trovadorismo abrange as origens da Língua Portuguesa, a língua galego-portuguesa (o português arcaico) que compreende o período de 1189 a 1418. Portugal ocupava-se com as Cruzadas, a luta contra os mouros, e estava marcado pelo teocentrismo (universo centrado em Deus, a vida estava voltada para os valores espirituais e a salvação da alma) e pelo sistema feudal (sistema econômico e político, entre senhores e vassalos ou servos), já enfraquecido, em fase de decadência. Quando finalmente a guerra chega ao fim, começam manifestações sociais de período de paz, entre elas a literatura, e em torno dos castelos feudais também desenvolveu-se um tipo de literatura que redimensiona a visão do mundo medieval e aponta para novos caminhos, essa manifestação literária é o Trovadorismo. 

    Os poetas e cronistas dessa época eram chamados de trovadores, pois no norte da França, o poeta recebia o apelativo trouvère (em Português: trovador), cujo radical é: trouver (achar), dizia-se que os poetas “achavam” sua canção e a cantavam acompanhados de instrumentos como a cítara, a viola, a lira ou a harpa. Os poemas produzidos nessa época eram feitos para serem cantados por poetas e músicos.  Os trovadores tinham grande liberdade de expressão, entravam em questões políticas e exerceram destacado papel social. O primeiro texto escrito em português foi criado no século XII (1189 ou 1198) era a “Cantiga da Ribeirinha”, do poeta Paio Soares de Taveirós, dedicada a D. Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha.  As poesias trovadorescas estão reunidas em cancioneiros ou Livros de canções, são três os cancioneiros: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa (Colocci-Brancuti), além de um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo rei Afonso X, o Sábio. Surgiram também os textos em prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e Eanes de Azuraram e as novelas de cavalaria, como A Demanda do Santo Graal. Tipos de Cantiga.

    Os primórdios da literatura galaico-portuguesa foram marcados pelas composições líricas destinadas ao canto.Essas cantigas dividiam-se em dois tipos:

Refrão, caracterizadas por um estribilho repetido no final de cada estrofe,Mestria, que era mais trabalhada, sem algo repetitivo. Essas eram divididas em temas, que eram: Cantigas de Amor, Amigo e de Escárnio e Maldizer. 

Mas com o surgimento dos textos em prosa e novelas de cavalaria, houve uma nova “classificação”, que deixou dividido em: 

Lírico Amorosa, subdividida em: cantiga de amor e cantiga de amigo. Satírica, de escárnio e maldizer. 

Temas Cantiga de Amor

Quem fala no poema é um homem, que se dirige a uma mulher da nobreza, geralmente casada, o amor se torna tema central do texto poético. Esse amor se torna impraticável pela situação da mulher. Segundo o homem, sua amada seria a perfeição e incomparável a nenhuma outra. O homem sofre interiormente, coloca-se em posição de servo da mulher amada. Ele cultiva esse amor em segredo, sem revelar o nome da dama, já que o homem é proibido de falar diretamente sobre seus sentimentos por ela (de acordo com as regras do amor cortês), que nem sabe dos sentimentos amorosos do trovador. Nesse tipo de cantiga há presença de refrão que insiste na idéia central, o enamorado não acha palavras muito variadas, tão intenso e maciço é o sofrimento que o tortura. São cantigas que espelham a vida na corte através de forte abstração e linguagem refinada.

Cantiga de Amigo

O trovador coloca como personagem central uma mulher da classe popular, procurando expressar o sentimento feminino através de tristes situações da vida amorosa das donzelas. Pela boca do trovador, ela canta a ausência do amigo (amado ou namorado) e desabafa o desgosto de amar e ser abandonada, em razão da guerra ou de outra mulher. Nesse tipo de poema, a moça conversa e desabafa seus sentimentos de amor com a mãe, as amigas, as árvores, as fontes, o mar, os rios, etc. É de caráter

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narrativo e descritivo e constituem um vivo retrato da vida campestre e do cotidiano das aldeias medievais na região.

Cantigas de escárnio e de maldizer

      Esse tipo de cantiga procurava ridicularizar pessoas e costumes da época com produção satírica e maliciosa. As cantigas de escárnio são críticas, utilizando de sarcasmo e ironia, feitas de modo indireto, algumas usam palavras de duplo sentido, para que, não entenda-se o sentido real. As de maldizer, utilizam uma linguagem mais vulgar, referindo-se diretamente a suas personagens, com agressividade e com duras palavras, que querem dizer mal e não haverá outro modo de interpretar. Os temas centrais destas cantigas são as disputas políticas, as questões e ironias que os trovadores se lançam mutuamente. 

As novelas de cavalaria - Surgiram derivadas de canções de gesta e de poemas épicos medievais. Refletiam os ideais da nobreza feudal: o espírito cavalheiresco, a fidelidade, a coragem, o amor servil, mas estavam também impregnadas de elementos da mitologia céltica. A história mais conhecida é A Demanda do Santo Graal, a qual reúne dois elementos fundamentais da Idade Média quando coloca a Cavalaria a serviço da Religiosidade. Outras novelas que também merecem destaque são "José de Arimatéia" e "Amadis de Gaula". Autores (Trovadores) 

Os mais conhecidos trovadores foram: João Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João Garcia de Guilhade, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes Torneol. Mas aqui falaremos apenas sobre alguns.

 Paio Soares Taveirós

Paio Soares Taveiroos (ou Taveirós) era um trovador da primeira metade do século XIII. De origem nobre, é o autor da Cantiga de Amor A Ribeirinha, considerada a primeira obra em língua galaico-portuguesa. 

D. DinisDom Dinis, o Trovador, foi um rei importante para Portugal, sua lírica foi de 139 cantigas, a

maioria de amor, apresentando alto domínio técnico e lirismo, tendo renovado a cultura numa época em que ela estava em decadência em terras ibéricas.  

D. Afonso XD. Afonso X, o Sábio, foi rei de Leão e Castela. É considerado o grande renovador da cultura

peninsular na segunda metade do século XIII. Acolheu na sua corte e trovadores, tendo ele próprio escrito um grande número de composições em galaico-português que ficaram conhecidas como Cantigas de Santa Maria. Promoveu, além da poesia, a historiografia, a astronomia e o direito, tendo elaborado aGeneral Historia, a Crônica de España, Libro de los Juegos, Las Siete Partidas, Fuero Real, Libros del Saber de Astronomia, entre outras.

 D. DuarteD. Duarte foi o décimo primeiro rei de Portugal e o segundo da segunda dinastia. D. Duarte foi

um rei dado às letras, tendo feito a tradução de autores latinos e italianos e organizando uma importante biblioteca particular. Ele próprio nas suas obras mostra conhecimento dos autores latinos.

Obras: Livro dos Conselhos; Leal Conselheiro; Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela. Fernão LopesFernão Lopes é considerado o maior historiógrafo de língua portuguesa, aliando a investigação à

preocupação pela busca da verdade. D. Duarte concedeu-lhe uma tença anual para ele se dedicar à investigação da história do reino, devendo redigir uma Crônica Geral do Reino de Portugal. Correu a província a buscar informações, informações estas que depois lhe serviram para escrever as várias crônicas (Crônica de D. Pedro I, Crônica de D. Fernando, Crônica de D. João I, Crônica de Cinco Reis de Portugal e Crônicas dos Sete Primeiros Reis de Portugal). Foi “guardador das escrituras” da Torre do Tombo.

 

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Frei João ÁlvaresFrei João Álvares a pedido do Infante D. Henrique, escreveu a Crônica do Infante Santo D.

Fernando. Nomeado abade do mosteiro de Paço de Sousa, dedicou-se à tradução de algumas obras pias: Regra de São Bento, os Sermões aos Irmãos do Ermo atribuídos a Santo Agostinho e o livro I daImitação de Cristo.

 Gomes Eanes de ZuraraGomes Eanes de Zurara, filho de João Eanes de Zurara. Teve a seu cargo a guarda da livraria real,

obtendo em 1454 o cargo de “cronista-mor” da Torre do Tombo, sucedendo assim a Fernão Lopes. Das crônicas que escreveu destacam-se: Crônica da Tomada de Ceuta, Crônica do Conde D. Pedro de Meneses, Crônica do Conde D. Duarte de Meneses e Crônica do Descobrimento e Conquista de Guiné.

Algumas cantigas:

CANTIGA DE AMOR

 No mundo non me sei parelha,

Mentre me for’como me vay

Ca já moiro por vos – e ay!

Mia senhor branca e vermelha,

Queredes que vos retraya

Quando vus eu vi em saya!

Mao dia me levantei,

Que vus enton non vi fea!

E, mia senhor, des aquel di’ ay!

Me foi a mi muyn mal,

E vos, filha de don Paay

Moniz, e bemvus semelha

D’aver eu por vos guarvaya

Pois eu, mia senhor d’alfaya

Nunca de vos ouve, nem ei

Valia d’ua correa.

 

CANTIGA DE AMIGO

 - Ai flores, ai flores do verde pino,

Se sabedes novas do meu amigo?

Ai, Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,

Se sabedes novas do meu amado?

Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo, Aquel que mentiu do que pôs comigo?

Ai, Deus, e u é?

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   CANTIGA DE MALDIZER

Conheceis uma donzela

Por quem trovei e a que um dia

Chamei dona Berinjela?

Nunca tamanha porfia

Vi nem mais disparatada.

Agora que está casada

Chamam-lhe Dona Maria.

Algo me traz enojado,

Assim o céu me defenda:

Um que está a bom recato

(negra morte o surpreenda

e o Demônio cedo o tome!)

quis chamá-la pelo nome

e chamou-lhe Dona Ousenda.

Pois que se tem por formosa

Quanto mais achar-se pode,

Pela Virgem gloriosa!

Um homem que cheira a bode

E cedo morra na forca

Quando lhe cerrava a boca

Chamou-lhe Dona Gondrode.

Humanismo

O Humanismo é um termo relativo ao Renascimento, movimento surgido na Europa, mais precisamente na Itália, que colocava o homem como o centro de todas as coisas existentes no universo. Nesse período, compreendido entre a transitoriedade da Baixa Idade Média e início da Moderna (séculos XIV a XVI), os avanços científicos começavam a tomar espaço no meio cultural. A tecnologia começava a se aflorar nos campos da matemática, física, medicina. Nomes como Galileu, Paracelso, Gutenberg, dentre outros, começavam a se despontar, em razão das descobertas feitas por eles. Galileu Galilei comprova a teoria heliocêntrica que dizia ser o Sol o centro do sistema planetário, defendida anteriormente por Nicolau Copérnico, além de ter construído um telescópio ainda melhor que os inventados anteriormente. Paracelso explora as drogas medicinais e seu uso, enquanto Gutenberg descobre um novo meio de reproduzir livros. Além disso, a filosofia se desponta como uma atividade intelectual renovada no interesse pelos autores da Antiguidade clássica: Aristótoles, Virgílio, Cícero e Horácio. Por este resgate da Idade Média, este período também é chamado de Classicismo. A burguesia e a nobreza, classes sociais que despontam no final da Idade Média, passam a dividir o poderio com a Igreja.

É neste contexto cultural que a visão antropocêntrica se instala e influencia todo campo cultural: literatura, música, escultura, artes plásticas.

Na Literatura, os autores italianos que maior influência exerceram foram: Dante Alighieri (Divina Comédia), Petrarca (Cancioneiro) e Bocaccio (Decameron). Os gêneros mais cultivados foram: o lírico, de temática amorosa ou bucólica, e o épico, seguindo os modelos consagrados por Homero (Ilíada e Odisséia) e Virgílio (Eneida).

Podemos denominar Humanismo como ideia surgida no Renascimento que coloca o homem como o centro de interesse e, portanto, em torno do qual tudo acontece.

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Literatura Africana Contemporânea

A literatura africana contemporânea  não tem recebido, especialmente nos países de língua portuguesa, a devidaatenção, merecida por sua importância cultural. Ela tem se manifestado nos diversos idiomas que configuram a teia linguística do continente africano, dos quais os principais são os de origem francesa, inglesa e portuguesa.

Esta literatura se enraíza principalmente no movimento denominado negritude. A primeira leva de escritores africanos, a qual participou do primeiro congresso de escritores da África, concretizado em 1956 na capital francesa, inspirou-se nas revoltas de caráter anticolonialista. Entre eles figuram nomes como Léopold Sédar Senghor, Mongo Beti, Bernard Dadié, Ahmadou Kourouma, Sembene Ousmane, Ferdinand Oyono, Tchicaya U’Tamsi e Sony Labou Tansi.

Já as obras escritas após a emancipação das colônias africanas se basearam em outra realidade, na qual imperavam os governos totalitários, as agitações tribais, as revoluções e golpes de estado. Elas condenavam as atitudes repressivas, os desmandos dos governantes, ou simplesmente narravam as vivências de seus autores sob este contexto. Por outro lado, alguns escritores procuravam resgatar as antigas tradições.

A literatura exercitada neste continente ganhou repercussão mundial por meio de autores renomados e premiados, como Wole Soyinka, da Nigéria; Nadine Gordimer, da África do Sul; e o egípcio Naguib Mahfuz, todos detentores do Prêmio Nobel de Literatura. Destacam-se também o queniano Ngugi Wa Thiong’o, o poeta ugandense Okot p’Bitek, entre outros.

Não se pode subestimar o papel significativo que as mulheres africanas exerceram nesta literatura; em seus livros elas relatam suas experiências complexas e peculiares, em um continente no qual as mulheres ainda enfrentam problemas típicos dos séculos passados, como a poligamia, ser mãe, a prostituição e a subjetividade feminina, além das formas encontradas para fugir da intensa repressão que sofrem.

Escritoras como Amma Darko, Flora Nwapa, Buchi Emecheta, Mariama Ba, Fatou Diome, Bessie Head, Tsitsi Danaremba, entre outras, fazem de sua obra uma bandeira pela integração do feminino na sociedade africana, radicalmente patriarcal e machista, bem como nas decisões econômicas e na vivência cultural.

Na literatura atual sobressaem nomes como os de Mia Couto, José Eduardo Agualusa e José Luandino Vieira. Mia é de uma família de imigrantes portugueses que se fixaram em Moçambique, país onde ele nasceu, em 1955. Ele é hoje um dos autores moçambicanos mais importantes, e traduzido em inúmeros idiomas. Seus esforços convergem para a elaboração de uma nova narrativa continental. Sua principal obra, TerraSonâmbula, foi escolhida por um júri especial como uma das melhores produções do século XX. Este romance é constantemente comparado com os livros do brasileiro Guimarães Rosa. O angolano José Eduardo Agualusa é integrante da União dos Escritores Angolanos. Ele contribuiu não só com sua obra, mas também através da criação, em parceria com Conceição Lopes e Fatima Otero, da editora brasileira Língua Geral, a qual é voltada exclusivamente para a edição de livros no idioma português. Entre suas publicações constam Na rota das especiarias, o Filho do Vento, A girafa que comia estrelas, entre outras. Outro angolano importante é José Luandino Vieira, nascido em Portugal, mas naturalizado cidadão de Angola por sua imprescindível atuação na construção da República Popular de Angola, logo depois da conclusão da Guerra Colonial. Em 2006 ele recebeu o Prêmio Camões, o mais significativo nas premiações literárias, mas o rejeitou, por acreditar que não está mais literariamente ativo; mesmo depois desse discurso ele ainda lançou mais dois livros, neste mesmo ano. Entre suas criações estão os contos Luanda e Velhas Histórias; os romances Nosso Musseque e Nós, os do Makulusu; entre outras novelas e livros infanto-juvenis.