apostila de karate

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1 KARATE Michelle Borges Gabriche Tatiana Lucio de Souza

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História

O precursor do Karate foi Bodhi-Dharma, o mesmo que fundou o zen-budismo da Índia. Muito conhecido no Oriente, foi convidado pelo imperador chinês da época (520 a.C) para levar seus conhecimentos à China. Mas foi no Japão, mais precisamente na ilha de Okinawa, que o Karate foi definitivamente sistematizado como a luta das mãos livres, ou melhor, sem armas.

A história conta que no início do século XV, o Rei Hasshi, da dinastia Sho, conseguiu reunir todas as ilhas do arquipélago Ryu Kyu (cuja maior ilha era Okinawa) numa só nação. A fim de desencorajar qualquer golpe armado de grupos rivais, ordenou que todas as armas fossem confiscadas, tornando sua posse crime contra o Estado.

Mais tarde, em 1609, Okinawa foi invadida pelo Senhor de Shimazu, convertendo-a em seu feudo e novamente as armas foram banidas, fazendo com que o povo retornasse com ardor ao aprendizado das técnicas de lutas sem armas. Foi nesta fase que houve uma renovação das formas de combate e surgiu então o OKINAWA-TE. Os treinamentos eram secretos e os alunos treinavam firmemente e, como as armas eram proibidas, procurava-se fazer com que as mãos e os pés fossem armas tão perigosas quanto as convencionais. Desta forma, aprimorou-se a técnica e começou-se a fazer uso de joelhos e cotovelos, além de aumentar cada vez mais a velocidade.

Karate na Era Moderna

O Karate moderno foi aprimorado e divulgado por Gishin Funakoshi (1869-1957), após estudar muitos anos na ilha de Okinawa. Em 1922, já em Tóquio, passou a ensinar nas universidades e seus alunos se espalharam por todo o Japão, difundindo seu sistema juntamente com o ZEN (exercícios mentais).

Inicialmente o Mestre Funakoshi não acreditava em criação de estilos e sim que todo o karatê deveria ser um só, mesmo com as diferenças naturais de ensino que variam de professor para professor.

Shoto era como Funakoshi assinava seus poemas, significa pinheiros ondulando ao vento e kan significa escola.

Os alunos de Funakoshi construíram um dojô (em japonês: 道場 sítio de treino) em sua homenagem e o chamaram de Shotokan (Escola de Shoto). Acredita-se que a origem do nome do estilo seja essa. O Shotokan foi destruído durante um bombardeio na II Guerra Mundial.

O estilo Shotokan caracteriza-se por bases fortes e golpes no corpo inteiro. Os giros sobre o calcanhar em posição baixa dão fluidez ao deslocamento e todo movimento começa com uma defesa. Este é um estilo em que as posições têm o centro de gravidade muito baixo, e em que a técnica de um "simples" soco direto, pode nunca ser dominada, e só o é com muitos anos de treino, mas quando a técnica é dominada o

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seu poder é incrível e quase sobre-humano. Alguns tendem a classificá-lo como uma evolução do estlio Shuri-te.

No karatê shotokan são levados a sério fatos como a concentração e o estado de espírito, pois sem concentração e um estado de espirito leve mas determinado a técnica de pouco serve, devendo estes dois atributos expandirem-se com a pratica e determinação.

As principais bases do estilo Shotokan são: HEIKO-DACHI, KAKE-DACHI, KIBA-DACHI, KOKUTSU-DACHI, TSURUACHI-DACHI, MUSUBI-DACHI, NEKOASHI-DACHI, SANCHI-DACHI, SHIKO-DACHI, UCHINACHIJI-DACHI e ZENKUTSU-DACHI. Sendo que as bases fundamentais, presentes na maioria dos katas são: Zenkutsu-dachi, Kokutso-dachi e Kiba-dachi.

Possui 26 kata (ou forma, trata-se de uma sequencia de movimentos contra 4 ou mais adversários executados de tal forma sincronica), seguindo ainda um método de ensino que divide a aula em três partes (o já citado kata, o kumitê e o kihon).

Os kata auxiliam o iniciante a assimilar o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentar-se, defender-se e atacar. Para o avançado os kata são um confronto com as ideias dos antigos mestres, nestes confrontos os atuais praticantes entendem os segredos da arte, que só são aprendidos mediante prática exaustiva e não oralmente.

Filosofias do Karate-Do Tradicional

DOJO KUN

HITOTSU - JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTOEsforçar-se para formação do caráter!

HITOTSU - MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTOFidelidade para com o verdadeiro caminho da razão!

HITOTSU - DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTOCriar o intuito de esforço!

HITOTSU - REIGI O OMONZURU KOTORespeito, acima de tudo!

HITOTSU - KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTOConter o espirito de agressão!

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NIJU KUN

O Niju Kun é a síntese do pensamento de Funakoshi sobre como deve ser o espírito do praticante de karate. São vinte preceitos cujo propósito é dar subsídios acerca da prática cotidiana do karate, servindo também como um guia para o autoconhecimento.

O karate começa e termina com saudação (rei);

No karate não existe atitude ofensiva;

O karate é um assistente da justiça;

Antes de julgar os demais, procure conhecer a si mesmo;

O espírito é mais importante do que a técnica;

Evitar o descontrole do equilíbrio mental;

Os infortúnios são causados pela negligência;

O karate não deve se restringir ao dojo;

O aprendizado do karate deve ser perseguido durante toda a vida;

O karate dará frutos quando associado à vida cotidiana;

O karate é como água quente. Se não receber calor constantemente esfria;

Não alimentar a idéia de vencer, pense em não ser vencido;

Adaptar sua atitude conforme for o adversário;

A luta depende do manejo dos pontos fracos (kyo) e fortes (jitsu);

Imagine que os membros dos adversários são como espadas;

Para o homem que sai do seu portão, há milhões de adversários;

No início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais;

A prática de fundamentos deve ser correta, porém sua aplicação é diferente;

Não esqueça de aplicar: alta e baixa intensidade de força, expansão e contração corporal e técnicas lentas e rápidas;

Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre.

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O significado de OSS

OSS (cuja a transcrição exata do japonês é OSU) é uma expressão fonética formada por dois caracteres. O primeiro caracter "osu" significa literalmente "pressionar", e determina a pronúncia de todo o termo. O segundo caracter "shinobu" significa literalmente "suportar".

A expressão OSS foi criada na Escola Naval Japonesa, e é usada universalmente para expressões do dia-a-dia como "sim", "por favor", "obrigado", "entendi", "desculpe-me", para cumprimentar alguém, etc., bem como no mundo do Karatê para quase qualquer situação onde uma resposta seja requerida. Para um karateca, OSS é a palavra mais importante.

A palavra OSS implica pressionar a si mesmo ao limite de sua capacidade e suportar. OSS significa, de uma maneira mais simples, "perseverança sob pressão". É uma palavra que por si só resume a filosofia do Karate. Um bom praticante de Karatê é aquele que cultiva o "espírito de OSS".

OSS não deve ser dito de forma relaxada, usando apenas a garganta, mas, como tudo no caratê, deve ser pronunciado usando o hara. Pronunciado durante o cumprimento, OSS expressa respeito, simpatia e confiança no colega. OSS também diz ao Sensei que as intruções foram compreendidas, e que o estudante irá fazer o melhor para seguí-las

Sua aplicação, na maioria dos caso é a segunte: Ao chegar e ao sai do Dojo: O karateca ao chegar na entrada do dojo assume a posição de cumprimento em pé (Ritsurei), pronuncia vigorosamente a palavra "OSS!", para avisar ao Sensei(instrutor chefe ou o presente), aos Senpai(mais graduados ou mais antigos)e Kohai (menos graduados ou menos antigos) de sua chegada ou saida, quando o dojo estiver vazio o karateca o faz em respeito ao dojo a ao Mestre Funakoshi (tratando-se de Saudação Simbólica). Quando do encontro com outro colega karatê: A saudação "OSS!" é a que deve chegar primeiro, de maneira vigorosa e com vivacidade, partindo sempre do Kohai (menos graduados ou menos antigos) para o Senpai(mais graduados ou mais antigos), o aperto de mãos que vem em seguida já se procede de maneira contrária, sendo assim, do Senpai para o Kohai, claro, o Sempai não se negara a apertar a mão do Kohai caso o mesmo venha e estender a mão primeiro.

Obs. A saudação "OSS!" é impessoal, independe do grau de simpatía entres os karatecas, quando um deles se nega, por qualquer motivo, a responder a saudação o mesmo esta sujeito as sansões disciplinares prevista no regimento interno de sua academia, por não condizer essa atitude com a filosofia do KARATÊ-DO, seja qual estilo for…

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Kihon

Os fundamentos técnicos do karatê são passados aos alunos através dos treinamentos de kihon, porém, no início, tais princípios eram repassados por intermédio dos kata. É no kihon que o praticante irá desenvolver todo o seu potencial para a arte marcial, bem como preparar o seu corpo para as agruras que virão com o passar dos anos de treino.

É também no kihon que o praticante desenvolve o espírito de karateca, pois este é o momento onde os princípios do dojo kun são postos à prova real e o corpo irá padecer caso o espírito seja fraco ou o desejo de ser karateca não seja verdadeiro. O caminho do karate é vislumbrado pela primeira vez durante os exercícios de kihon e o sentimento de dever cumprimento se manifesta com maior intensidade, mesmo quando o corpo está exausto e quase sem forças para andar.

Kumite

Significa luta, combate. É a aplicação prática das técnicas do Karatê diante de um adversário real. Seu objetivo é demonstrar a efetividade tanto das técnicas de ataque como de defesa.

Os pontos importantes a se observar no trabalho do Kumite são: distância, velocidade, reação, antecipação, controle e correta aplicação de ataque e defesa. O kumite permite desenvolver a tática e a estratégia. Seu aprendizado é progressivo e inclui:

Gichin Funakoshi.

KIHON KUMITE: Combate básico.

GOHON KUMITE: Combate a cinco passos tem por objetivo fortalecer o vigor dos praticantes através de seqüências de ataca e defesa. O gohon kumite deve ser praticado a exaustão, procurando realizar cada movimento com a maior precisão e fidelidade possível.

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SANBON KUMITE: Combate a três passos, tendo por objetivo aumentar a agilidade de quem ataca e de quem defende. Deve ser executado com a máxima intensidade e velocidade de movimentos, pois só assim o controle necessário ao domínio das técnicas utilizadas poderá ser alcançado. O corpo deverá trabalhar como uma unidade que se desloca pela área de combate.

KIHON IPPON KUMITE: Combate básico.

IPPON KUMITE: Combate a um passo, tendo por objetivo criar no praticante a idéia de vencer com um único golpe para isso é necessário o desenvolvimento de habilidades acessórias, como observação, para análise das situações. A noção de espaço e tempo (maai em japonês) torna-se fator preponderante, bem como o conhecimento real do próprio corpo e de seus limites físicos e mentais.

JYU IPPON KUMITE: Combate semilivre a um único golpe, tendo por objetivo favorecer o desenvolvimento de vivências corporais nas situações de luta real e assim preparar o corpo e a mente para as mesmas.

SHIAI KUMITE: Combate com regras oficiais e tempo definido (luta de competição).

JYU KUMITE: Combate livre, sem regras, uso livre de todo o tipo de técnica, tanto de braços como de pernas, luxações, projeções, estrangulamentos, etc. Todos com ataques, defesas e zonas de ataque definidas.

Kata do Estilo Shotokan

Os KATA são a essência do estilo de karatê, neles estão contidas as técnicas de grandes mestres. Cada kata representa uma situação diferente pela qual o carateca esta passando. Sendo que os kata só terão o seu significado realmente compreendido por aquele que os pratica com maior frequencia, um grande mestre do passado disse que um kata só deve ser mostrado a outros quando ele for praticado 10.000 vezes, com uma pratica dessa quantidade pode realmente alcançar o real significado de cada técnica contida no kata e não a simples ordenação dos movimentos, pois o kata não deve ser dublado e sim vivido, deve-se incorporar a situação para que ele possa vir a ter um proveito real para o praticante.

1. Para cada kata, o número de movimentos é fixado, eles tem que ser executados na ordem correta.

2. O primeiro movimento e o último movimento de cada Kata tem de ser executados no mesmo ponto da linha de atuação, ela tem formas variadas, dependendo do Kata, como linha reta, forma de T, forma de I, e assim por diante.

3. Há Kata que precisam ser aprendidos e outros que são opcionais. Os primeiros são os cinco Kata Heian e os três Kata Tekki. Os últimos são: Bassai, Kanku, Empi, Hangetsu, Jitte, Gankaku e jion. Os outros Kata são: Meikyo, Chinte, Nijushiho, Gojushiho, Hyakuhachiho, Sanchin, Tensho, Unsu, Sochin e Seienchin.

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4. Para executar dinamicamente um Kata, três regras devem ser lembradas e observadas: 1. o uso correto da força; 2. a velocidade do movimento, lento ou rápido; 3. a expansão e contração do corpo. A beleza, a força e o ritmo do Kata dependem desses três fatores.5. No início e término do Kata, a pessoa faz uma inclinação. Isso faz parte do Kata. Ao fazer sucessivos exercícios de Kata, incline-se no começo e ao terminar o último kata.

Obs : A palavra KATA não tem plural , só deve ser escrita no singular mesmo que falemos de mais de um kata

Os Kata do Shotokan:

HEIAN: (Paz e Tranqüilidade):

Há cinco formas de Heian (shodan, nidan, sandan, yondan, godan), contendo uma grande variedade de técnicas, sendo quase todas relacionadas a posturas básicas. Alguém que tenha aprendido estas cinco formas pode estar seguro que é capaz de defender-se com muita habilidade na maioria das situações. O significado do nome deve ser levado em consideração neste contexto. Visto que os heian são derivações de um kata mais avançado (Kanku Dai).Os Heians são aprendidos nas faixas iniciais, sendo o Heian Shodan geralmente o 1º Kata que se aprende no karate shotokan ainda na faixa branca, é seguido pelos Katas: Heian Nidan (faixa amarela), Heian Sandan (faixa vermelha), Heian Yondan (faixa laranja) e Heian Godan (faixa verde), na faixa roxa geralmente se aprende alguns kata superiores.

TEKKI: (Cavaleiro de Ferro) ou (Andar a Cavalo): (Há três formas. shodan, nidan e sandan).

O nome refere-se a característica distinta deste Kata que é sua postura Kiba-dachi, como montar a cavalo. Neste as pernas são fortemente posicionadas bem abertas, como se fosse para sentar no dorso de um cavalo, e a tensão é aplicada nas bordas externas das solas dos pés com a sensação de concentrar a força em direção ao centro, sendo praticado para o desenvolvimento do kime (força).

BASSAI: (Romper a Fortaleza) ou (Atravesar a Fortaleza): É um kata que reuni as principais técnicas básicas do karatê Shotokan. Este sugere o confronto contra um adversário superior, que não tenha pontos fracos (fortaleza), no qual o praticante terá que superar os seus próprios limites para conseguir a vitória. Há duas formas de Bassai (Dai,e Shô). Sendo que a forma Sho foi desenvolvida pelo mestre Funakoshi.

KANKU: (Olhar Para O Céu) ou (Contemplar o Céu): O nome deste Kata derivou-se originariamente do mesmo introduzido por Ku Shanku, integrante do exército Chinês. O nome refere-se ao primeiro movimento do Kata, no qual levanta-se as mãos e olha-se para o céu. Há duas formas de Kanku (Dai e Shô), um curta e outra longa, o Kanku Dai é um kata que tem um pouco de cada heian (Shodan, Nidan, Sandan, Yondan e Godan), e é um dos katas mais longos do Shotokan, o Kanku Sho foi desenvolvida pelo mestre Funakoshi.

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JITTE: (Dez Mãos) ou (Dez Técnicas): Nas formas remanescentes pertencem ao estilo Shorei, os movimentos são um tanto mais pesados quando comparados àqueles do estilo Shorin. A postura é bastante audaz. Proporcionam um bom condicionamento físico, embora sejam difíceis para iniciantes. O nome Jitte sugere que alguém que tenha aprendido este Kata é tão eficiente como cinco homens de uma só vez.

HANGETSU: (Meia-Lua): Nos movimentos para frente, neste Kata, são descritos semicírculos com as mãos e os pés de maneira característica, sendo seu nome derivado deste fato. Um das grandes características é a respiração, sendo devidamente trabalhada de forma sincronica com os movimentos.

EMPI: (O Vôo Da Andorinha): A movimentação característica deste Kata é o ataque a um nível mais acima do solo. Na seqüência segura-se o opoente e o induz a permanecer em uma posição específica, simultaneamente avançando e atacando novamente. O movimento representa o vôo rápido e ágil da andorinha. Sem dúvida um dos katas mais rápidos do estilo.

GANKAKU: (O Grou Sobre a Rocha): A característica deste Kata é a postura em uma só perna que ocorre repetidamente. Representa a visão esplêndida de uma garça pousada em total equilíbrio em uma pedra, prestes a lançar-se sobre a sua vítima.

JION: (Amor e Gratidão): Este é o nome original e tem aparecido freqüentemente na literatura chinesa desde os tempos antigos. O Jionji é um famoso velho templo Budista, e há um santo Budista bastante conhecido chamado Jion. O nome sugere que o Kata tenha sido introduzido por alguém identificado com o Templo Jion, assim como o nome Shorin-ji Kempo deriva de uma relação com o Templo Shorin. É um kata de base pesadas.

CHINTE: (Mãos Estranhas) ou (Técnicas Estranhas): Possui este nome por conta de técnicas não tanto comuns, (dedo nos olhos) e coisas do género. Este trata de uma situação que o oponente tem uma vantagem física, tornando necessário atacar em ponto do corpo onde não haja vantagem física.

UNSU: (Mãos e Nuvens): O Kata com o estilo do Dragão por Mestre Aragaki. Onde ele o treinou não se tem conhecimento, mas as grandes influências Chinesas neste Kata sugerem que tenha sido certamente em continente chinês. O nome usado em Okinawa é Unshou e significa "Defesa Contra A Nuvem", ou seja, mesmo se seus inimigos cercarem você como uma nuvem, com certeza você os vencerá se tiver aprendido o Unsu. Este é sem dúvida o kata mais curioso do estilo Shotokan, possuindo técnicas das mais variadas formas, das mais simples as mais complexas, sendo somente indicado a praticantes de alto nivel técnico.

SOCHIN: (Espírito Inabalável): Este nome sugere que o praticante que o domine não temerá nada. É um kata de bases bastante pesadas primando para um bom desenvolvimento da base, postura e força.

NIJUSHIHO: (Vinte e Quatro Passos): Um kata bem complexo apesar da pouca quantidade de movimentos. Este faz um rápida mudança de direção e um grande variação de técnicas de defesa e contra-ataque.

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GOJUSHIHO: (Cinquenta e Quatro Passos): Há duas formas de Gojushiho (Dai e Shô)sendo estes uns dos maiores katas do estilo shotokan. Neles existem técnicas bem singulares não sendo vistas em nenhum outro kata shotokan.

MEIKYO: (Espelho Limpo) ou (Espelho da Alma): Este é um Kata muito misterioso. Presume-se que os japoneses o conheciam muito antes que Mestre Funakoshi tenha introduzido o Karatê de Okinawa no Japão. Há até mesmo uma lenda japonesa a respeito de Ameratsu, a deusa do sol. Ela havia perdido seu espelho e não podia admirar-se, ficando muito aborrecida. Desta maneira, o mundo ficou nas trevas. Finalmente os outros deuses decidiram que alguma coisa deveria ser feita, então enviaram um grande guerreiro para realizar a "Dança da Guerra" do lado de fora da caverna. A "Dança Da Guerra" foi nomeada Meikyo. Meikyo é traduzido como "O Espelho da alma". O nome antigo para Meikyo era Rohai, o qual está agora voltando a ser usado.

JIIN: (Amor e Proteção): Este segue o mesmo principio do JION, sendo um kata de base pesadas e sempre visando uma melhor postura do praticante.

WANKAN: (Coroa Real):Este Kata era conhecida no passado pelo nome de Shiofu e Hito que significava a Coroa do Rei. É o Kata mais curta do Karatê Shotokan, só com um Kiai. Como não fazia parte do grupo inicial de kata introduzidas por Gigin Funakoshi no Japão, é geralmente aceito que foi o filho Yoshitaka Funakoshi que a introduziu no Shotokan, numa nova versão, por si trabalhada e modernizada. Devido a sua dimensão existe a ideia que é um kata inacabado, cujo desenvolvimento foi interrompido com a morte precoce de Yoshitaka Funakoshi. Esta tese ganha significado já que as versões actualmente existentes em outros estilos de Okinawa, são bastante mais compridas.É Um kata sem duvida singular, contendo técnicas básicas e avançadas como torções. É o menor do estilo shotokan.

Técnicas do Karatê

Os ataques de braço e perna, as defesas e bases do KARATE, podem ser aprendidas rapidamente. Porém, para o aperfeiçoamento dessas técnicas, é necessário treiná-las arduamente por longo tempo, chegando, algumas delas, ser impossível atingir um nível ótimo de desempenho. Para tanto, o treinamento constante no sentido de auto-superação e o conhecimento biomecânico e fisiológico do corpo humano, são fundamentais.

A investigação cientifica serviu para comprovar e aumentar a eficiência e eficácia dos golpes ensinados ao longo dos anos pelos antigos mestres.Ao considerar a técnica como sendo o procedimento mais racional e econômico para alcançar o objetivo e levar a efeito as técnicas do Karate, faz-se necessário observar alguns aspectos que consideramos fundamentais, que são: Forma, Kime, Quadril e Respiração, que para efeitos didáticos, apresentamos separadamente.

FORMA

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A aplicação dos golpes com postura adequada é fundamental, pois, no momento do impacto, se produz um forte contra-impacto (Ação e Reação, terceira lei de Newton), que para suportá-lo é importante a firmeza das articulações. Para a obtenção do máximo de potência, é necessário ter equilíbrio e estabilidade, o que é alcançado com uma forma ou postura correta. Consideramos forma correta o posicionamento equilibrado do corpo desde a base de sustentação ate o ponto de contato com o adversário.

Quanto à base, é importante ter-se em conta que ao abaixar muito o centro de gravidade (base excessivamente longa), alcança-se maior equilíbrio, mas reduz-se a imobilidade. Portanto é importante a utilização de uma base firme, porém elástica, que possibilite deslocamentos rápidos sem comprometimento do equilíbrio e da estabilidade.

POTÊNCIA ou "KIME"

Para dominar o adversário, o karateca utiliza-se da energia produzida por sua musculatura. A força eficaz no Karate é a força veloz (potência) " aquela que se acumula com a velocidade", "a força que a velocidade consegue concentrar no momento do impacto".

Uma coordenação ótima entre a musculatura agonista (a que realiza o movimento) e a antagonista é importante para que haja velocidade na execução da técnica. Além disso, o aproveitamento máximo da trajetória e a concentração da força (contração de todo o corpo) no momento do impacto são fundamentais para levar a efeito as técnicas do Karate.

Um ponto a destacar é que o excesso de contração durante a execução do golpe diminui a sua velocidade, diminuindo a potência final. Para reagir mais rapidamente, o karateca deve estar com a musculatura relaxada e em alerta. A contração máxima de todo corpo deve ser apenas na finalização do golpe, durante uma fração de segundo. Ela é a responsável pelo aumento da estabilidade das articulações para resistir ao impacto e contra-impacto.

USO DA CINTURA PÉLVICA OU "QUADRIL"

Elo de ligação dos membros inferiores ao restante do corpo, o quadril tem participação significativa nas técnicas de ataque e de defesa. A cintura pélvica produz, em movimento de rotação, grande força centrífuga. Unindo a essa, a velocidade de membros superior ou inferior, multiplica-se a potência do golpe. "... no Karate-do. Os ataques tanto de braço como de perna, se realizam com o quadril e igualmente as defesas.

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O encaixe do quadril ou retroversão da pelve é responsável pela manutenção do tronco ereto, em posição de equilíbrio, evitando gasto desnecessário de energia.

RESPIRAÇÃO

Refere-se ao processo de entrada e saída do ar dos pulmões para troca de gases, atendo-nos à importância das fases de inspiração e expiração, na aplicação dos golpes de KARATE.

A execução do golpe é precedida pela inspiração normal. No instante do impacto realiza-se uma expiração forçada buscando a energização do tanden. A expiração forçada ocorre pela forte contração dos músculos do abdômen e tórax (interceptais internos) e coincide com o momento em que todo corpo deve estar cooperando para potencializar ao máximo o kime, aumentando a estabilidade das articulações e equilíbrio corporal na aplicação do golpe.

KARATE SHOTOKAN – TÉCNICAS BÁSICAS

BASES

Através das técnicas básicas ou fundamentos, inicia-se o estudo do Karate. São movimentos de fácil aprendizado que devemos aperfeiçoar ao longo de vários anos de treinamento vigoroso e constante, a fim de alcançar maior eficiência. A forma correta de execução das técnicas proporciona melhor estabilidade articular para suportar o contra-impacto decorrente da aplicação das mesmas (tsuki e keri principalmente), aumentando o equilíbrio e possibilitando a rápida troca de posição do centro de gravidade. O que facilita a passagem de um movimento para outro em grande velocidade.Uma boa base, favorece o trabalho harmonioso de todo o corpo para a ampliação da potência dos golpes. Um ataque ou defesa forte é conseguido somente pela execução de bases corretas. Eles dependem de equilíbrio, liberdade para o giro do quadril, velocidade e força, que são necessários à realização do movimento. Eles dependem também da cooperação dos músculos agonistas e antagonistas (coordenação da contração/descontração muscular) para alcançar uma forma firme e estável.Cada base tem um objetivo e deve ser treinada corretamente. A descaracterização da base para torná-la mais confortável, reduz ou elimina a eficiência das técnicas de ataque ou defesa e desacelera ou estagna o progresso do praticante.

Bases mais utilizadas:

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SHIZEN-TAI - Posição natural. Pernas estendidas, corpo ereto e relaxado, utilizando-se o mínimo de gasto de energia para mantê-lo nesta posição. Pode-se passar facilmente a posição de ataque ou defesa. Engloba diversas formas diferenciadas pela disposição dos pés.

RENOJI-DACHI- pés em L, calcanhares alinhados com distancia de aproximadamente um pé entre eles.

HEIKO-DACHI - pés paralelos, alinhados, mantendo a distancia da largura do quadril para as mulheres, ou do ombro para os homens.

HEISOKU-DACHI - pés unidos, calcanhares e pontas dos pés tocam-se ligeiramente.

MUSUBI-DACHI - pés abduzidos, os calcanhares se tocam.

ZENKUTSU-DACHI - Posição avançada. Muito eficiente para trabalhar a força para frente nos ataques. É também utilizada nas defesas.

- Os pés afastam-se no plano sagital em aproximadamente 80 cm e lateralmente na largura do quadril, com toda a planta no chão. A ponta do pé da frente dirige-se para frente ou ligeiramente para o interior, enquanto o pé de trás dirige-se para frente o máximo possível.

- O joelho da perna da frente deve estar flexionado e o da perna de trás estendido. Ambos encontram-se contraídos para fora. Traçando uma linha perpendicular do joelho ao chão, esta deve situar-se ao lado da base do hálux.

- 60% do peso do corpo são sustentados pela perna da frente, os 40% restantes, pela perna de trás.

- 0 tronco permanece perpendicular ao chão e for-tenente assentado sobre o quadril em retroversão (quadril encaixado).

KOKUTSU-DACHI - Posição recuada. É uma postura muito forte, sendo bastante eficaz para defender ou esquivar para trás ou obliquamente e trocar rapidamente para zenkutsu-dachi no contra-ataque.

- Os pés encontraram-se alinhados e afastados no plano sagital em aproximadamente 80 cm. O pé de trás, apontado para o lado, suporta sobre toda planta 70% do peso do corpo, enquanto o pé da frente, apontado para frente, suporta os 30% restantes. Ambos formam aproximadamente um ângulo de 90 graus entre si.- O joelho da perna de trás dobra-se para o lado e contrai-se fortemente para fora. Uma linha perpendicular ao chão deve passar pelo meio do joelho e cair ao lado da base do

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hálux. O joelho da perna da frente acha-se ligeiramente flexionado e apontado para adiante.

- O quadril encaixado assenta o tronco perpendicular ao chão.

KIBA-DACHI - Posição de cavaleiro. É uma postura muito forte para a aplicação de golpes para os lados. Seu nome é devido à semelhança com a posição de cavalgar.- Os pés se afastam no plano frontal em aproximadamente 80 cm, mantendo-se alinhados e paralelos. Aderem fortemente ao chão com toda planta.

- Os joelhos dobrados para frente com contração para fora, de forma que a linha perpendicular caia ao lado da base do hálux.

- O peso do corpo divide-se igualmente entre as duas pernas.

- A retroversão do quadril é importante na manutenção do equilíbrio. O tronco deve manter-se perpendicular ao chão.

TSUKI - Ataque direto - soco

São golpes muito aplicados, de grande eficiência, que podem derrubar o oponente com um só impacto.

Realiza-se estendendo o cotovelo, flexionando o ombro e girando o antebraço 180 graus para o interior, aplicando a força com as segunda e terceira articulações metacarpofalângicas (seiken). Partindo da altura do quadril, a mão percorre trajetória retilínea até atingir o objetivo. O antebraço, cotovelo e braço passam rente ao corpo.A extensão da perna de trás, empurrando o solo com o pé transforma o impulso em força horizontal que é transmitida ao quadril, se conecta aos ombros e chega ao braço.

O poder gerado pela rotação do quadril, utilizando a coluna vertebral como eixo de giro, une a ele os ombros em seu impulso centrífugo, aumentando a força e a velocidade do ataque, a qual, por sua vez, se multiplica pela extensão súbita do braço de ataque e simultânea recolhida do braço oposto.

Assim, impulso e giro do quadril, extensão do braço de ataque e recolhimento do braço oposto, coopera para que se alcance a força resultante da velocidade.Ao executar um tsuki o corpo deve estar relaxado, contraindo somente a musculatura necessária à obtenção de uma força veloz. Apenas no momento do impacto, todo corpo coopera para concentrar a força ao máximo.

GYAKU-ZUKI - Soco inverso. Braço contrário ao pé da frente.OI-ZUKI - Soco andando. Braço correspondente ao pé que deslocou à frente.

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MOROTE-ZUKI - Socos simultâneos. Braços paralelos horizontais ou verticalmente.

DAN-ZUKI - Socos consecutivos com o mesmo punho.

KERI - Ataque de perna – pontapés

O pontapé é um dos fundamentos do Karate. Quando se aprende sua execução corretamente, consegue-se obter uma potência muito superior ao tsuki.Ao realizar um ataque sustenta-se o peso do corpo sobre um pé de apoio, que deve assentar-se firmemente no solo com toda a planta, mantendo tornozelo e joelho ligeiramente flexionados e contraídos, a fim de suportar o choque originado pelo impacto. O joelho da perna de ataque é elevado flexionado, diminuindo o braço de alavanca, para alcançar, quando da sua extensão, maior velocidade. É importante ter em mente que não é unicamente o pé que golpeia, mas que se deve projetar o quadril, tomando todo o corpo o sentido do ataque. Também deve ter-se em conta que após a finalização do pontapé, o pé deve ser recolhido rapidamente para que não seja agarrado, e para voltar a uma posição de maior equilíbrio, a fim de executar a técnica seguinte.

A força do ataque depende da longitude do arco da execução, da velocidade com que se percorre este arco (flexão ou extensão da coxofemoral + extensão do joelho) e da contração muscular no momento do impacto.

MAE-GERI - Pontapé frontal.

O joelho da perna de ataque passa rente ao joelho da perna de apoio e o pé de ataque rente e acima deste. O quadril desloca-se horizontalmente durante todo o movimento, atingindo-se o objetivo com a base inferior dos dedos.

YOKO-GERI - Pontapé lateral.

Eleva-se o joelho da perna de ataque passando com o pé rente a perna de apoio, apontado para frente ou para a lateral do corpo. A ponta do pé virada para frente e o bordo externo para baixo e paralelo ao chão, descreve urna trajetória em arco. Atinge-se o objetivo com o bordo externo do pé.

MAWASHI-GERI - Pontapé circular.

Eleva-se o joelho lateralmente, bem flexionado, colocando a perna paralela ao chão, com o pé apontando para o lado e a planta virada para trás. A coxa descreve um círculo amplo. O quadril deve acompanhá-la nessa trajetória, até a finalização do movimento com a extensão do joelho. O ponto para impacto pode ser à base dos dedos ou o dorso do pé.

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UKE WAZA - Técnicas de defesa

A defesa é um dos fundamentos mais importantes. Uma falha na sua execução pode ser fatal. Deve-se identificar corretamente a direção do ataque para realizar uma defesa adequada a ele. O recolhimento do braço contrário, o giro do quadril e a rotação do antebraço aumentam a potência da defesa, desviando-o mais facilmente.

Para aumentar a resistência da defesa, deve-se concentrar a força no músculo grande dorsal, colocando o cotovelo próximo ao corpo e na altura da orelha (age-uke) e aproximando o cotovelo até um punho (10 cm) de distância do corpo (chudan-uchi-uke, soto uke, shuto-uke).

Se a defesa ultrapassa os limites do corpo, não se pode concentrar a força no grande dorsal, nem realizar um rápido contra-ataque. As técnicas de defesa devem ser finalizadas em uma posição adequada, aumentando sua eficiência e facilitando a execução da técnica seguinte.

AGE UKE - Defesa alta.

O antebraço desloca-se de baixo para cima descrevendo um arco na frente do corpo. A mão pára a 10 cm da testa com a palma girada para frente, e o antebraço em posição oblíqua. No momento do impacto com o golpe do adversário, deve-se apertar fortemente a mão, contraindo os músculos do antebraço em cooperação com todo o corpo.

SOTO-UKE - Defesa média para dentro.

Eleva-se a mão até a altura da orelha, colocando o braço paralelo ao chão e ligeiramente para trás. Deste ponto inicia-se uma rotação descendente até atingir o cotovelo, antebraço e punho, verticalizados no plano sagital, a linha mediana do corpo. Antebraço e braço formam um ângulo reto. Finaliza-se com a palma da mão girada para o peito, na altura do ombro.

UCHI-UKE - Defesa média para fora.

O antebraço que defende traça um arco desde a axila do braço oposto. Desloca-se o punho para o exterior, baixando o cotovelo até que este se aproxime das costelas. O antebraço gira, colocando a palma da mão virada para o peito, na altura do ombro.

GEDAN-BARAI - Defesa baixa.Eleva-se o braço para colocar o punho junto à orelha do lado oposto, com a

palma da mão virada para ela. Deste ponto baixa-se e estende-se o cotovelo até que o punho esteja aproximadamente 15 cm acima do joelho. É uma defesa eficiente contra os

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ataques ao abdome, golpeando o golpe do adversário. Finaliza-se com o cotovelo totalmente estendido e a palma da mão virada para trás.

O que é Karate-Do Tradicional

O Karate-Do Tradicional é uma arte marcial originada a partir das técnicas de defesa pessoal sem armas de Okinawa, e tem como base a filosofia do Budo japonês.

Os objetivos do Karate-Do Tradicional são definidos pela filosofia do Budo, que se traduz na busca constante pelo aperfeiçoamento pessoal, sempre contribuindo para a harmonização do meio onde se está inserido. Através de muita dedicação ao trabalho, treinamento rigoroso e vida disciplinada, o praticante de Karate-Do Tradicional caminha em direção dessas metas, formando seu caráter, aprimorando sua personalidade.

Nesse sentido, pode-se afirmar que o Karate-Do Tradicional contribui para a formação integral do ser humano, não podendo, portanto, ser confundido com uma prática puramente esportiva. "Tradição é um conjunto de valores sociais que passam de geração à geração, de pai para filho, de mestre para discípulo, e que está relacionado diretamente com o crescimento, maturidade, com o indivíduo universal."

Cada pessoa pode ter objetivos diferentes ao optar pela prática do Karate-Do Tradicional, objetivos estes que devem ser respeitados. Cada um deverá ter a oportunidade de atingir suas metas, sejam elas tornar-se forte e saudável, obter autoconfiança e equilíbrio interior ou mesmo dominar técnicas de defesa pessoal. Autocontrole, integridade e humildade resultarão do correto aproveitamento dos impulsos agressivos existentes em todos nós.

A famosa expressão do mestre Gichin Funakoshi - "Karate Ni Sente Nashi" - define claramente o propósito anti-violência do Karate-Do Tradicional: "No Karate não existe atitude ofensiva".

"Se o adversário é inferior a ti, então por que brigar? Se o adversário é superior a ti, então por que brigar? Se o adversário é igual a ti, compreenderá, o que tu compreendes… então não haverá luta.

Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui."

Karate-Do Tradicional também pode ser visto como uma ótima ferramenta de manutenção da saúde, uma vez que suas técnicas contribuem para a formação de hábitos saudáveis como os cuidados com a postura, a respiração com o diafragma e a meditação Zen. Entende-se como saúde não só o estado de "ausência de doenças", mas também o bem-estar físico, mental e espiritual do ser humano.

Como defesa pessoal, o Karate-Do Tradicional mostra eficiência e eficácia em suas técnicas, possibilitando ao lutador defender-se de qualquer tipo inimigo. No entanto, mais que um simples conjunto de técnicas, o Karate-Do Tradicional ensina ao seu praticante algo muito além do confronto físico, que é a intuição e o discernimento

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perante uma situação de perigo, permitindo ao lutador captar a intenção do adversário, avaliar a situação e tomar uma atitude correta e consciente.

O verdadeiro valor do Karate não está em sobrepujar os outros pela força física. Nesta arte marcial não existe agressão, mas sim nobreza de espírito, domínio da agressividade, modéstia e perseverança. E, quando for necessário, fazer a coragem de enfrentar milhões de adversários vibrar no seu interior. É o espírito dos samurais.

A competição no Karate-Do

A busca de vitórias em competições não é o principal objetivo do Karate-Do Tradicional. As competições são um meio que permitem ao praticante de Karate-Do Tradicional fazer uma autoavaliação técnica e emocional. Vencer ou perder numa competição não é o mais importante, o relevante é o crescimento como lutador e como pessoa que ela proporciona.

O que se exige dos lutadores numa competição de Karate-Do Tradicional é a eficiência na execução dos movimentos, ou seja, a dinâmica corporal utilizada para se aplicar os golpes, e não tão somente a velocidade ou o contato. Não basta acertar o alvo, é preciso fazê-lo da forma correta, baseado nos fundamentos técnicos do Karate-Do Tradicional. Isso exige um grande domínio físico e mental, e também estimula a busca pelo aperfeiçoamento pessoal e pelo refinamento da técnica. "Perder-se na beleza dos movimentos ou apenas buscar pontos numa luta não levam à perfeição!"

Numa competição de Karate-Do Tradicional não há divisão de pesos. O lutador cujo físico é pequeno poderá vencer o grande, se estiver bem preparado. Ele deverá estar disposto a enfrentar qualquer adversário, seja qual for o seu tamanho.

As modalidades de competição são:

Kata individual - Apresentação individual de kata: Durante as fases eliminatórias, dois competidores executam o mesmo kata (que é escolhido pelo árbitro central) lado a lado, e o vencedor é aclamado pelos árbitros através de bandeiras. Na fase final, os competidores apresentam-se um de cada vez, executando o kata de sua escolha, e a decisão é tomada pela média das notas de todos os árbitros, descontando-se desta a maior e a menor nota.

Kata em equipe - Apresentação de kata e respectiva aplicação (bunkai) em equipes de três pessoas: Após a apresentação do kata, a equipe deverá apresentar uma aplicação para as técnicas do kata escolhido. A decisão é sempre tomada por nota.

Kumite individual - Combate individual.

Kumite em equipe - Combate em equipes de cinco pessoas: A cada luta são somados os pontos de cada lutador aos pontos de sua equipe. Será vencedora a equipe que obtiver o maior número do pontos ao final da última luta.

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Enbu - Teatro marcial: Apresentação de aplicações de técnicas de Karate em duplas. A decisão é tomada por nota dos árbitros.

Fuku Go - Disputa individual que engloba kata e kumite, alternando a cada rodada: A ITKF instituiu o Kitei como kata oficial das competições de Fuku Go, para permitir as disputa direta (lado a lado) de competidores de estilos diferentes.

O Dojo e a conduta do Karateca

Os rituais em todos os Dojo propõem aos praticantes uma série de atitudes e gestos que facilitam as relações entre eles deixando claro o desejo comum de obedecer a uma ordem válida para toda a comunidade e para cada um. A intenção do praticante é sempre a de estimular o progresso na arte de todas as pessoas sem perder o desenvolvimento individual.

A prática de karatê está repleta de exercícios marciais, combativos, porém com um total espírito de conciliação, buscando a vitória pela harmonia, pela paz, procurando esquecer as atitudes egoístas e pensando sempre no grupo e como sendo parte dele. O karateca treina com seu companheiro com todo respeito e consideração, pois o considera como parte de si mesmo e sem o qual não há treinamento.

Daí ser fundamental tratar o companheiro com cortesia e agradecimento por ele dá a possibilidade de você treinar e de aprender com ele. Ao professor, se deve o respeito e o agradecimento pela transmissão dos conhecimentos e pela dedicação e esforço em ensinar segredos que foram por muitos séculos restritos a uma minoria privilegiada. Respeitar e se fazer respeitar é uma das regras mais importantes durante os treinamentos. Conciliar e nunca confrontar é o princípio básico. Esquecer-se da palavra “eu” e substituí- la pela palavra “nós” é a essência do ensinamento. Outro ponto fundamental é que não se treina karate, mas sim, para a vida. Portanto, fica claro ao praticante e ao grupo que o fundamental não é vencer, não é derrubar, não é ser o mais forte, mas descobrir o potencial individual, o centro das ações e se, ele não for o centro, colocar-se em uma de suas órbitas, de acordo com suas reais condições.

O Dojo

O lugar onde se pratica Artes Marciais é denominado “Dojo”, esta palavra foi emprestada do Zen Budismo, significando “Lugar de Iluminação” (onde os monges praticavam a meditação, a concentração, a respiração, os exercícios físicos e outros mais). A palavra dojo significa literalmente:

DO – Caminho, estrada ou trilha (sentido espiritual); JO – Lugar (espaço físico).Algumas pessoas referem-se à academia de karate como um dojo, porém as duas

coisas são diferentes. A palavra dojo somente se refere ao espaço físico onde ocorre o treino de karate (leia-se arte marcial japonesa), enquanto academia se refere ao local onde se pratica karate. Portanto, o dojo é o lugar onde se pratica o “caminho”.

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Alguns podem perguntar sobre qual o caminho que se pratica em um dojo, a resposta vem, mais uma vez, do Budismo (mais precisamente do Zen); O homem deve despertar em meio às questões de todos os dias, vivendo intensamente no presente e concedendo atenção integral às coisas do cotidiano, para, desta maneira, retornar à naturalidade de sua natureza, conforme ditado Zen:

“Antes de estudar Zen, as montanhas são montanhas e os rios são rios. Enquanto estuda Zen, as montanhas deixam de ser montanhas, os rios deixam de ser rios. Uma vez alcançada a iluminação, as montanhas voltam a ser montanhas e os rios voltam a ser rios”.

Isto quer dizer que um pintor alcança a felicidade pintando, um médico realizando cirurgias e um karateca praticando karate.

O Cumprimento

Uma demonstração tradicional de cortesia é o cumprimento, isto tanto é verdade que ele é realizado no início e no final da aula de frente para o Shomeni (forma de agradecimento àqueles que desenvolveram a arte). Ao cumprimentar, você deverá olhar para baixo e não na face do seu oponente – olhar na face de alguém durante um cumprimento é sinal de falta de confiança. O cumprimento pode ser feito de duas maneiras distintas:

RITSUREI – cumprimento em pé; ZAREI – cumprimento sentado (SEIZA).

A maneira correta de se cumprimentar é, partindo-se da posição natural (SHIZENTAI), curvar o corpo apenas em 30 cm e segurá-la por meio segundo e retornar a posição ereta (ritsu rei). O cumprimento deve acontecer nas situações a seguir:

1- Quando entramos ou saímos do dojo;2-Quando o professor entra ou sai do dojo;3- No início e final de um combate;4- No início e final da aula.5- No início e final de um kata;6- No início e final de um exercício com um companheiro.

O Zarei é realizado a partir da posição Seiza (o praticante senta-se sobre seus calcanhares e quando o fizer deverá abaixar sua perna esquerda e em seguida a direita, colocando o dedão do pé esquerdo sobre o do direito, ao levantar-se ocorre à inversão), inclinando-se o corpo e as mãos descem suavemente das coxas para o chão, formando um triângulo onde a testa tocará.

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Kiai

O kiai ou “grito de força” – KI: força e AI: grito – é uma energia que nasce a partir do baixo ventre (saika tanden – aproximadamente cinco centímetros abaixo do umbigo).

Todos têm um grito de força, principalmente os grandes felinos. Geralmente, esses animais paralisam suas presas com o seu kiai antes de atacá-las. O kiai pode ser aplicado em três momentos.

1-No início de uma atividade;2-Durante a realização desta tarefa;3-Final de um trabalho;

Os gritos de guerra servem para aumentar, acelerar e expor a força de ação do lutador. Portanto, podem ser aplicados contra incêndios, vendavais e as fortes ondas marítimas para criar coragem e energia para enfrentá-los. Na luta individual, para colocar o adversário em movimento, o grito antecipa seus golpes e, em seguida, pode se aplicar chutes e socos. Não é necessário utilizar o grito simultaneamente com seus golpes. No decorrer da luta, ele servirá para incentivar e colocar numa situação vantajosa, sendo forte e profundo. Tomar precaução ao gritar, pois se o grito for usado fora de ritmo ou de tempo ou em ocasiões impróprias poderá surgir como contra-efeito, tornando-se prejudicial. No Japão há a prática do Kiai Do – caminho do grito da força – onde o praticante chega a ter medo do próprio grito.

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Vocabulário:

ASHI - pé.ASHI-ATE-WAZA - técnica com os pés.ASHI-BARAI - varrer com os pés (passa pé). ATEMI-WAZA - técnicas de golpear, traumatizando os pontos vitais.BUDO - código de honra: conter a violência, disciplina, estabelecer e respeitar normas e leis, pacificar e enriquecer a sociedade e equilíbrio.CHUDAN - altura do plexo, altura média.CHUI - infração (comportamento incorreto na luta).DACHI - posição, colocação, base.DAN - grau.DO - caminho.DOJO - local de treinamento.EMPI - cotovelo.FUMI-KOMI - pontapé para baixo.GEDAN - abaixo da linha da faixa, baixo ventre.GOSHI / KOSHI - cintura, quadril.GYAKU – contrário, invertido.HAITO-UCHI - golpear com o bordo interno da mão.HAJIME - iniciar.HANSOKU-CHUI - reprimenda por infração.HANTEI - julgamento.HIDARI - esquerda.HIKI - puxar.HIKIWAKE - empate.HIZA-KERI - joelhada.JYU - movimentos livres.JYU-KUMITE - combate livre.JODAN - altura do rosto, pescoço.JOGAI - fora do campo de treino, lutaJUJI-UKE - bloqueio em cruz.KAKATO-GERI - chute com o calcanhar.KAMAE - posição, postura.KARATE-DO - o caminho das mãos vazias.KATA - forma; movimentos seriados sistematicamente organizados, com técnicas ofensivas e defensivas que simula luta contra vários adversários.KEAGE - chute com recolhida rápida do pé; chicotada.KIAI - grito utilizado na finalização do golpe, que serve para liberar energia, assustar o adversário e estimular a contração do tórax, aumentando a estabilidade articular.KIBA-DACHI - posição de cavaleiro.KIME - impacto, potência.KUMITE - pratica de luta.MAE - à frente.MAE-GERI - chute para frente.MAWASHI - semicírculo.MAWASHI-GERI - pontapé circular.MIGI - direita.MOROTE - duas mãos.MOROTE-UKE - defesa dupla com as mãos.

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NAGASHI-UKE - defesa circular para o alto.NUKITE - técnica com as pontas dos dedos.REI - saudação.SEIKEN - parte interior do punho cerrado.SENSEI - professor.SHIAI - competição com contagem de pontos.SHIAI-JO - espaço de luta em uma competição.SHIZEN-TAI - posição básica (natural).SHUTO - lâmina da mão.SOKUTO - canto externo do pé.TAI-SABAKI - esquiva em círculo.TANDEN - Área situada atrás do umbigo, considerada pelos orientais, há milênios, como base para se conseguir estabilidade, equilíbrio e força.TE - mão.TEISHO - talão da mão.UCHI - ataque indireto.UKE - defesa.URA - lado contrário.USHIRO - para trás.YAME - fim; parar; voltar à posição inicial.YOKO - lado.

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Anexos:

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Kyodos: 21

Kiai: 9º e 17º

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Kyodos: 26

Kiai: 11º e 26º

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Kyodos: 20

Kiai: 10º e 20º

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Kyodos: 27

Kiai: 13º e 25º

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Kyodos: 23

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Kiai: 12º e 19º

Kyodos: 29

Kiai: 15º e 29º

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Kyodos:47

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Kiai: Início do Karatê na Bukin do Kan

O primeiro contato com o karatê foi com 5 anos, o motivo pelo qual minha mãe fez a matrícula, foi pelas constantes brigas com um primo, ele era muito agressivo, e eu extremamente pacata. No início eu não gostava muito, só “muleque” havia na aula, com o decorrer do tempo, meu primo parou de frequentar a academia e eu continuei. Houve muitos problemas na minha família e o karatê sempre trazia as soluções, não com brigas, mas sim como aprendizado, calma, persistência, compreenção, respeito e obediências aos meus pais, mesmo quando os mesmos estavam errados.

Voltei a pouco tempo com a prática do karatê, mas os ensinamentos sempre estavam presentes no meu dia a dia. No karatê se constroi uma família, que as vezes mesmo distante, sempre estão em sintonia.

Resumo o karatê como um estilo de vida.

Só tenho a agradecer, a minhã mãe por um dia ter me apresentado ao karatê, ao Sansei Gabriche pelos ensinamentos passados com tanto carinho, a Roseli, ao Juninho, a Michelle, que é minha colega de treino desde criança e estamos no mesmo time para o tão esperado 1º Dan, enfim, a toda a família Gabriche, a família Bujin-do-Kan.

Obrigada... OSS...

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Início do Karatê na Bukin do Kan

Comecei a praticar o karate desde criança, por influência de meu pai que é o professor da academia.

Quando pequena, não levava o karate muito a sério, pois o que eu queria mesmo era dançar e não conseguia ver o quanto isso seria importante para a minha vida, pois o karate nos proporciona um aprendizado que carregamos para toda a vida. Nele encontramos os princípios básicos, que é o respeito, a humildade, disciplina, auto confiança, o conhecimento do dia a dia através dos mestres e dos obstáculos que nos é colocado a cada fase que passamos, pois quando pensamos que já aprendemos tudo, isso é só o começo, pois a prática do karate é para a vida toda.

Dentro do karate encontramos a filosofia e também o karate esportivo que vem crescendo e sofrendo modificações a cada dia. Dentro do karate esportivo encontramos duas modalidades, o kata (formas) e o kumite (luta).

Eu particularmente gosto muito de competir fazendo o kata.

Hoje estou na faixa marrom e tenho o privilégio de poder contar com a ajudo do meu pai, o Sansei Gabriche e do meu irmão Gabriche Jr. que também é professor e estão me dando um grande empurrão para a faixa preta. Para mim é um orgulho telos ao meu lado, pois eles são um exemplos de vida e dedicação. Conto também com a minha companheira de treino Tatiana, pois estamos juntas nessa desde criança. Acho que vamos chegar lá.

Também não podemos deixar de agradecer a todos os nossos colegas de treino que é a família Bujin-do-Kan, não posso esquecer da minha mãe Rose e do meu marido Fernando.

Obrigada a todos... OSS....