apostila de história da diplomacia brasileira (compilado mre)

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  • 8/17/2019 Apostila de História Da Diplomacia Brasileira (Compilado MRE)

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    História da Diplomacia Brasileira

    Compilado a partir do conteúdo do site do Ministério das Relações Exteriores:http://www!mre!"o#!$r/acs/diplomacia/port"/h%diplom/men&%hd!htm  

    'acessado em () e de *&nho de ++,-!

    .otas do compilador:1.  Esta compilação não pretende substituir o conteúdo do site, mas apenas

    disponibilizar, em formato mais facilmente manuseável, essa importante fontede estudo e pesquisa sobre a história da nossa diplomacia.

    2.  l!umas pequenas alteraç"es foram feitas em relação ao te#to ori!inal paracorri!ir erros de di!itação e, em al!uns poucos casos, de pontuação. $ara

    citaç"es, no entanto, recomendo que se recorra ao te#to ori!inal do site.

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    1. % &e!ado colonial ' (onarquia ............................................................................... )1.1. % &e!ado colonial ................................................................................................. )

    1.1.1. *olonização e formação territorial do +rasil .................................................. )1.1.2. nião -brica. /isputas entre $ortu!al e Espanha...................................... 01.1.. %s tratados de limites .....................................................................................

    1.1.3. *orte $ortu!uesa no +rasil ....................................................................... 141.2. % $er5odo monárquico ......................................................................................... 11.2.1. /iplomacia da -ndepend6ncia................................................................... 11.2.2. 7econhecimento pelos Estados nidos ........................................................ 181.2.. 7econhecimento pela 9rã:+retanha e $ortu!al............................................ 1)1.2.3. *onviv6ncia com os pa5ses vizinhos. questão cisplatina. ......................... 11.2.8. %s tratados de comrcio ............................................................................... 241.2.). abdicação .................................................................................................. 22

    1.. % ;e!undo 7einado ............................................................................................. 21..1. /iplomacia nas 7e!6ncias ........................................................................ 21..2. maioridade ................................................................................................ 2

    1... % tráfico de escravos e outros problemas com a -n!laterra e a 1?)3:1?0@ ......................................................... 1..?. % Aratado da Ar5plice liança ...................................................................... 31... abertura do mazonas .............................................................................. 38

    1.3. &imites com o ru!uai, a Benezuela e o $ara!uai.............................................. 301.3.1. % Aratado de 1?81 com o ru!uai ............................................................... 301.3.2. % Aratado de 1?8 com a Benezuela ........................................................... 841.3.. % Aratado de 1?02 com o $ara!uai .............................................................. 84

    1.8. % prest5!io internacional do +rasil ...................................................................... 822. 7epública Belha...................................................................................................... 88

    2.1. -ntrodução ............................................................................................................ 882.2. m mundo em transição ...................................................................................... 88

    2.2.1. % $an:mericanismo ................................................................................... 882.2.2. % impacto da $rimeira 9uerra (undial ....................................................... 8)

    2.. % advento da 7epública ....................................................................................... 8)2..1. /o reconhecimento C revolta armada ........................................................... 8)

    2.3. B5nculos com o sistema econDmico internacional .............................................. 8?2.3.1. Aransformaç"es da economia cafeeira ......................................................... 8?

    2.3.2. presença financeira da 9rã:+retanha ........................................................ 8?2.3.. ;ob os efeitos da $rimeira 9uerra ................................................................ 8?2.3.3. s oscilaç"es dos anos 24 ............................................................................ 8

    2.8. profissionalização da /iplomacia +rasileira ................................................... )42.8.1. !estão do +arão do 7io +ranco ................................................................ )42.8.2. obra do +arão se consolida ....................................................................... )4

    2.). ovos rumos na pol5tica e#terna ......................................................................... )12.).1. /iplomacia 7epublicana .............................................................................. )12.).2. diplomacia de fronteiras ........................................................................... )12.).. /iplomacia multilateral ................................................................................ )22.).3. % +rasil na $rimeira 9uerra ......................................................................... )2

    2.).8. % +rasil e a &i!a das aç"es ........................................................................ )2.0. ovo relacionamento com os pa5ses vizinhos ..................................................... )3

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    2.0.1. ovos Fnimos na +acia do $rata .................................................................. )32.0.2. revisão das relaç"es com a r!entina ....................................................... )82.0.. vanços e retrocessos do $roGeto +* ........................................................ )8

    2.?. conclusão de ne!ociaç"es fronteiriças ............................................................. )02.?.1. ru!uai ......................................................................................................... )0

    2.?.2. Benezuela, +ol5via, $eru e *olDmbia ........................................................... )02.?..

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    3.2.0. *rise pol5tica e relaç"es e#ternas.................................................................. 03.2.?. % marco do desenvolvimentismo ................................................................. ?3.2.. %peração $an:americana >%$@............................................................... 3.2.14. ovas frentes da pol5tica e#terna.............................................................. 1443.2.11. pol5tica e#terna independente ............................................................... 141

    3.. %s v5nculos econDmicos e#ternos..........................Erro 0ndicador n1o de2inido! 3..1. %s vaivns da pol5tica cambial ................................................................... 143..2. % papel das miss"es bilaterais .................................................................... 1433... fra!ilidade dos v5nculos e#ternos ........................................................... 1483..3. moeda do desenvolvimento .................................................................... 1483..8. ovas ne!ociaç"es para produtos primários .............................................. 14)3..). % estran!ulamento e#terno ......................................................................... 14)

    3.3. ma nova a!enda com a mrica &atina .......................................................... 14?3.3.1. -ntrodução ................................................................................................... 14?3.3.2. ovos componentes nas relaç"es com a r!entina.................................... 14?3.3.. ampliação dos v5nculos na mrica do ;ul ............................................ 14

    8. %s !overnos militares >1)3I1?8@ ....................................................................... 1118.1. -ntrodução .......................................................................................................... 1118.2. *omple#idades da a!enda internacional ........................................................... 112

    8.2.1. bipolaridade ............................................................................................ 1128.2.2. %s Estados nidos e a 9uerra do Bietnã ................................................... 1128.2.. pol5tica europia toma novos rumos ....................................................... 118.2.3. Estabilidades e rupturas no campo socialista ............................................. 1138.2.8. ;ob os des5!nios da Détente ....................................................................... 1138.2.). Aurbul6ncias econDmicas mundiais ............................................................ 1188.2.0. % Aerceiro (undo e o sistema internacional.............................................. 1188.2.?. 9uerra e $az no %riente (dio .................................................................. 11)8.2.. E#pansão e retração do multilateralismo .................................................... 11)8.2.14. contenção revista e revi!orada.............................................................. 110

    8.. ovos cenários pol5ticos e econDmicos na mrica &atina .............................. 11?8.3. Evolução da pol5tica e#terna brasileira .............................................................. 11

    8.3.1. ;ob o impacto dos novos condicionamentos internos ................................ 118.3.2. Endurecimento pol5tico e au!e econDmico ................................................. 1248.3.. pol5tica e#terna modifica suas premissas ................................................ 128.3.3. +ase *onceitual ...................................................................................... 128.3.8. /iversificação da !enda ....................................................................... 1238.3.). s 7elaç"es com os Estados nidos .......................................................... 128

    8.3.0. ovos B5nculos com o (undo -ndustrializado .......................................... 12)8.3.?. continuidade da pol5tica e#terna ............................................................. 12)8.3.. ovas /iferenças com os Estados nidos ................................................. 1208.3.14. ma !enda /iplomática mpliada ....................................................... 120

    8.8. %s v5nculos econDmicos e#ternos...................................................................... 12?8.). 7eforço nas relaç"es com a mrica &atina ..................................................... 11

    8.).1. diplomacia das cachoeiras ...................................................................... 128.).2. mplia:se a a!enda cooperativa ................................................................. 1

    ). % per5odo democrático ............................................................................................. 18).1. Aransição e consolidação democrática >1?8I2444@....................................... 18).2. caminho de uma nova ordem mundial ........................................................... 18

    ).2.1. 9uerra

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    ).2.. ma nova a!enda !lobal ............................................................................ 1?).2.3. mrica &atina no pós:!uerra fria .......................................................... 1).2.8. Bentos democráticos no cone sul ............................................................... 1

    ).. $ol5tica E#terna e democratização ..................................................................... 134)..1. -ntrodução ................................................................................................... 134

    )..2. ;ob o impacto da democratização .............................................................. 134)... Aransição democrática e pol5tica e#terna ................................................... 131)..3. 7elaç"es dif5ceis com os Estados nidos .................................................. 132)..8. o conte#to da consolidação democrática ................................................. 132)..). ;ob o efeito da crise interna ....................................................................... 13)..0. democracia consolidada .......................................................................... 138)..?. autonomia pela inte!ração ...................................................................... 138

    ).3. Aransição e restriç"es e#ternas .......................................................................... 130).3.1. -ntrodução ................................................................................................... 130).3.2. E#pectativas frustradas ............................................................................... 130).3.. ;ob o impacto do plano real ....................................................................... 13?

    ).8. mrica &atina como prioridade ................................................................... 130. % +rasil e o mundo no sculo JJ-........................................................................... 182

    0.1. -ntrodução .......................................................................................................... 1820.2. % +rasil e o futuro das relaç"es internacionais ................................................. 180.. ma análise baseada no quadro real ................................................................. 1830.3. l!uns desdobramentos previs5veis nas relaç"es internacionais nos pró#imosvinte e cinco anos ..................................................................................................... 188

    0.3.1. homo!eneização da vida internacional ................................................... 1880.3.2. -ntensificação da diplomacia econDmica .................................................... 18)0.3.. ma a!enda pol5tica carre!ada ainda de conflitos e desafios .................... 18?0.3.3. nova realidade das colDnias brasileiras no E#terior ................................ 1)1

    0.8. % +rasil e o mundo no in5cio do sculo JJ- .................................................... 1)1

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    1. O Legado colonial – A MonarquiaEmbai#ador Koão Hermes $ereira de raúGo

    1.1. O Legado colonial

    1.1.1. Colonização e formação territorial do Brasil

    descoberta da mrica em 132 e a do +rasil em 1844 inserem:se no ciclo dasnave!aç"es em busca do melhor caminho para as Lndias. Eram os tempos modernos quese iniciavam com um movimento !eral de renovação, o 7enascimento, caracterizado

     pelo esp5rito mais aberto e cr5tico do humanismo, o maior conhecimento da nti!Midadeclássica, !rande surto das artes e o desenvolvimento das ci6ncias, inclusive as que serelacionavam com a arte de nave!ar. car6ncia dos metais preciosos na Europa, a sedede especiarias e os mitos então correntes sobre as riquezas do %riente impulsaram

     portu!ueses e espanhóis a procurar novas terras, avançando sobre mares desconhecidos.

    %s primeiros o fizeram sistematicamente, contornando primeiro toda a NfricaO osse!undos, de maneira quase surpresiva, ante o 6#ito da via!em de *olombo.

    $ortu!al e Espanha, empenhados, assim, em atividades e#ploratórias, comerciais ecolonizadoras cada vez mais arroGadas, cedo verificaram serem conflitantes seusinteresses. $rocuraram, portanto, !arantir terras e ilhas descobertas ou por descobrir,recorrendo ao arb5trio da *ristandade a quem se reconhecia, então, não só a supremaciaespiritual, mas tambm um direito temporal universal que inclu5a a livre disposição deterritórios não suGeitos a pr5ncipes cristãos.

    *orte de &isboa havia Gá obtido, por bulas de vários pont5fices, amplas prerro!ativas e mesmo a confirmação do dom5nio sobre ilhas e portos descobertos e por

    descobrir na costa da Nfrica e na restante rota para as Lndias. %s 7eis *atólicos, após avia!em de *olombo, recorreram ao tambm espanhol le#andre B- e dele obtiveramvários privil!ios, al!uns dos quais colidiam com as anteriores concess"es aos

     portu!ueses. $ara equilibrá:los, resolveu o $ont5fice, a 3 de maio de 13, pela bulaintercoetera ou da partição, dividir as concess"es espanholas das portu!uesas atravs deuma linha ou meridiano de pólo a pólo, a cem l!uas das -lhas dos çores e *aboBerde, passando a pertencer o que dessa linha ficasse para o oriente Cs conquistas de$ortu!al e para o poente Cs da Espanha. Esta concessão não foi naturalmente do a!radodo 9overno de &isboa, que contra ela protestou.

    *elebrou:se, então, entre os dois monarcas, em Aordesilhas, o Aratado de 0 de Gunho de 133, que estipulou que a linha estabelecida pelo ;umo $ont5fice se suporiatraçada a 04 l!uas para o poente das referidas ilhas, ampliando:se, assim, a favor de$ortu!al, as 144 l!uas antes consa!radas. pesar, porm, de prevista no Aratado,nunca se realizou a demarcação das 04 l!uas, obri!ação prorro!ada e definitivamenteesquecida pelas duas *oroas. % meridiano de Aordesilhas, apesar de nunca demarcado ede ser de imposs5vel localização no interior do pa5s, passaria ao norte em +elm do $aráe no sul em &a!una, ;anta *atarina.

    pesar das compreens5veis dificuldades, conse!uiram os luso:brasileiros fi#ar:senas costas do +rasil desde o %iapoque, ao norte, C ba5a de $arana!uá, em ;anta*atarina, ao sul.%u seGa, avançaram para alm de Aordesilhas.

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    % embai#ador ;Pnsio ;ampaio 9óes, em seu livro ave!antes, +andeirantes,/iplomatas >norte:sul@. Eram comboios decanoas que, por mais de cento e cinqMenta anos, li!aram ;ão $aulo aos centrosmineradores do oeste. /essas minas, o movimento e#pansionista atravessou o entãochamado Rmato !rosso do rio KauruS >que deu nome ao futuro estado@ e atin!ia as mar!ensdo 9uapor, onde novas minas foram descobertas em 103Q da bacia do $rata os

     bandeirantes paulistas passaram C do mazonas. Em pouco tempo estabeleceu:se a li!açãocom +elm, pelo rio (adeira, tambm por comboios de canoas, as Rmonç"es do norteS.

    *om elas, os dois movimentos de penetração se encontravamQ era a li!ação entre osestados do +rasil e do (aranhão que afinal se estabelecia >...@.

    /e ambas as penetraç"es, a p e depois em canoas a partir de ;ão $aulo, sempre emcanoas a partir de +elm, resultou o acontecimento fundamental do per5odo colonialQ adilatação do território brasileiro muito alm de AordesilhasS.

    # Descoberta da América coincide com o período histórico de surgimento dos Estados Nacionais, processo vivido pioneiramente por Portugal.(surgimento dos Estados Nacionais,esgotamento do sistema eudal, renascimento das cidades e do comércio em grande escala!

     Por sua ve" , a coloni"a$o do %rasil deu&se nos 'uadros do Antigo egime, ou se)a, esteve

     subordinada *s estruturas políticas do Absolutismo e *s determina+es da política econmicamercantilista.

    1.1.2. A União !"rica. #is$utas entre %ortugal e &s$an'a (

    =uando do reconhecimento de /. Koão -B pelo 9overno de (adri, em 1))?, nãoco!itaram os dois monarcas dos limites de suas possess"es americanas.

    Entretanto, a incerteza sobre a linha divisória cedo iria fazer com que a *oroa portu!uesa resolvesse fundar sobre o 7io da $rata, bem em frente de +uenos ires, a*olDnia de ;acramento, que durante um sculo e meio >1)?4:1?2?@ foi o centro e o

    s5mbolo das diver!6ncias entre $ortu!al e Espanha.

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    =uanto ao litoral sul, o lon!o trecho entre o *anania, a ilha de ;anta *atarina,&a!una e o 7io da $rata, ainda deserto em 18?4, passou a merecer atenção especial do!overno de &isboa. Ká em 1)01, conse!uiu $ortu!al que a ;anta ;, ao criar a /iocesedo 7io de Kaneiro, estendesse sua Gurisdição espiritual at o !rande curso fluvial australe, em 1)0), foi aquele território concedido em sesmaria a membros da poderosa fam5lia

    *orr6a de ;á. Eram atos que procuravam indicar e#erc5cio de soberania.%utros ar!umentos eram es!rimidos para Gustificar a fundação do baluarte

     portu!u6s, como a prioridade do descobrimento do 7io da $rata e a busca dos limitesnaturais. $aralelamente C motivação pol5tica, e#plicando:a e tornando:a premente,estava, porm, o interesse econDmico, a preocupação de manter e incrementar ocomrcio não le!al com +uenos ires, que propiciava ao +rasil, carente de prata, aobtenção mais ou menos abundante deste metal, atravs dos R perulerosS que desciam dolto $eru, trocando sua cobiçada mercadoria pelo não menos deseGado escravo ne!ro desuma utilidade ao trabalho crescente das minas do altiplano.

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    1.1.). Os tratados de limites

    proveitando as condiç"es favoráveis vi!entes depois de 103?, $ortu!al eEspanha, reconhecendo a obsolesc6ncia da linha de Aordesilhas, entabularamne!ociaç"es que se notabilizaram pelo alto esp5rito que as animou e pela obGetividadecom que foram dia!nosticadas e enfrentadas as quest"es pendentes. !rande fi!ura quese distin!uiu, então, foi a do brasileiro santista le#andre de 9usmão, secretário de /.Koão B, com Gustiça considerado o avD dos diplomatas brasileiros. *elebrou:se, assim, oAratado de (adri, de 1 de Kaneiro de 1084.

    % próprio preFmbulo indicava claramente seus dois fins mais importantesQ

    R% primeiro e mais principal que se assinalem os limites dos dois /om5nios,tomando por balizas as para!ens mais conhecidas, para que em nenhum tempo seconfundam nem d6em ocasião a disputas, como são a ori!em e curso dos rios e osmontes mais notáveis. % se!undo, que cada parte há de ficar com o que atualmente

     possuiO C e#ceção das mútuas concess"es que em seu lu!ar se dirãoS.

    *onsa!ravam:se, assim, de um lado, o abandono do meridiano de Aordesilhas e detodas as decis"es anteriores sobre limites, e, de outro, a aceitação do uti possidetis que passou a ser o !rande princ5pio orientador da diplomacia brasileira.

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    Essa $rov5ncia passou, assim, a ser o ponto essencial das diver!6ncias. $ortu!alsomente em 100) pDde recuperar seus territórios, com o que não concordou a Espanha.

     ada conse!uindo por via diplomática, enviou, então, o 9overno de (adri !randee#pedição de 1.444 homens comandados por *evallos, que retornava C mricaaustral como vice:rei do $rata. *onse!uiu tomar a -lha de ;anta *atarina, sendo

    impedido, porm, por ventos contrários, de atacar as costas do 7io 9rande. Entrou,entretanto, no 7io da $rata, atacando, tomando e destruindo a *olDnia do ;acramento.

    1000@ ;acramento, território das (iss"es e parte

    do 7io 9rande do ;ul C Espanha erestituição da -lha de ;anta *atarina C$ortu!al.

    Aratado de +adaGoz >1?41@ $ortu!al conquista (iss"es e parte do 7io9rande do ;ul, fi#ando fronteira sul do+rasil. Espanha com posse de;acramento.

     ão ratificou -ldefonso e na determinourestabelec6:lo.

    1.1.*. A Corte %ortuguesa no Brasil

    nte a ameaça da ocupação de &isboa pelas tropas de Kunot, o pr5ncipe re!ente/.Koão, em 1?4?, resolveu transferir a corte para o +rasil, o que fez com o apoio do!overno in!l6s.

     o que diz respeito C pol5tica e#terna, o pr5ncipe re!ente, ao che!ar ao +rasil,tomou várias medidas de !rande repercussão. ane#ação de *aiena, em 1?4, que

     permaneceu em mãos do !overno portu!u6s at 1?10, constituiu resposta C invasão do7eino pelas tropas napoleDnicas. abertura dos portos Cs naç"es ami!as, se!uramente o

     primeiro passo importante para a independ6ncia, possibilitou aos brasileiros um pac5fico

    contato com o e#terior.

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    *omo contrapartida pelo apoio recebido, o !overno portu!u6s concordou emcelebrar o Aratado de *omrcio de 1?14, com a -n!laterra. *onsiderado leonino contra$ortu!al, foi o responsável pelo desaparecimento das indústrias de lã na (etrópole. smercadorias in!lesas em vez de 23U ad valorem, como as estran!eiras, ou 1)U, comoas portu!uesas, entravam no +rasil pa!ando apenas 18U. ;omente continuavam

     prote!idas as e#portaç"es portu!uesas de vinho e azeite. pesar de desequilibrado elesivo aos interesses de $ortu!al esse Aratado contribuiu, naturalmente, para bai#ar ocusto de vida no +rasil.

    questão da *olDnia do ;acramento que marcara tra!icamente a história do $ratanos sculos anteriores, adquiriu contornos novos com a transladação da corte portu!uesa

     para o 7io de Kaneiro e a independ6ncia de +uenos ires, em 1?14. s $rov5nciasnidas do 7io da $rata deseGosas de restaurar o Bice:7einado, não conse!uiram atrair olto:$eru >+ol5via@ e o $ara!uai.

    *omo (ontevidu continuasse sob o dom5nio espanhol, o 9overno de +uenosires passou a au#iliar os uru!uaios partidários da independ6ncia, o que provocou

    !uerrilhas que che!aram a perturbar a re!ião fronteiriça com o +rasil. *om o fito deresolver essa situação e o intuito de !arantir o território C dinastia de +ourbon,substitu5da no trono espanhol por um irmão de apoleão, $ortu!al invadiu a +anda%riental em 1?11, retirando:se no ano se!uinte após a celebração de armist5cio.

    Entre 1?11 a 1?1), entretanto, prosse!uiram as a!itaç"es naquele território.$ersistiam as pretens"es ane#ionistas de +uenos ires que aumentava seu apoio aosuru!uaios os quais, com o au#5lio dos portenhos, conse!uiram a capitulação das tropasespanholas.

    *ontinuavam, porm, as violaç"es C fronteira brasileira, o que levou o !overno portu!u6s a invadir de novo a +anda %riental em 1?1), instalando:se em (ontevidu

    um !overno chefiado por *arlos

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    ssim, ao ser proclamada a -ndepend6ncia, o le!ado diplomático herdado de$ortu!al poderia ser assim resumidoQ

    a@ não mais vi!oravam, entre $ortu!al e Espanha, os tratados sobre limitescelebrados na poca colonial, devendo:se, assim, recorrer, nas dúvidas, ao uti possidetis,se!undo o pensamento brasileiroO

     b@ vi!orava, porm, o Aratado de trecht de 1018, celebrado entre $ortu!al e

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    1.2. O Período monárquico

    1.2.1. A #i$lomacia da nde$end+ncia

    s circunstFncias muito especiais que circundaram a independ6ncia do +rasil não

    só cedo se refletiram na atitude com que os !overnos das pot6ncias europias e dosEstados nidos da mrica passaram a encarar a nova situação, mas tambm tiveramrepercussão na maneira com que se processou o reconhecimento do -mprio e em que sedesenvolveram a diplomacia e a própria história da nova monarquia.

    independ6ncia do +rasil, proclamada a 0 de setembro de 1?22 pelo próprio pr5ncipe herdeiro do 7eino nido de $ortu!al, +rasil e l!arves, e sua posterioraclamação, não poderiam dei#ar de criar, para o novo -mprio, situação muito distinta, eindiscutivelmente mais comple#a, da que se produziu quando da emancipação dasanti!as colDnias espanholas. essas, o corte era mais radical, pois não havia nenhumaspecto de transmissão le!5tima de soberania, o que era, de certo modo, mais atentatório

    >o que constitui atentado@ aos princ5pios defendidos pela ;anta liança. o casoe#cepcional do +rasil, entretanto, se esse problema da le!itimidade parecia contornado,questão paralela subsistia ' a da aceitação da independ6ncia pelo rei de $ortu!alconsiderado o le!5timo soberano do então reino do +rasil.

    $or outro lado, o fato de não se ter definido, paralelamente com a independ6ncia,o problema da sucessão ao trono de $ortu!al, dei#ou pairar, em muitos esp5ritos, a idiade que, no fundo, se institu5ra uma nião $essoal que, após o falecimento de /. KoãoB-, sucederia naturalmente ao 7eino nido, criado em 1?18. Essa questão, passando

     por várias vicissitudes, iria ser, anos mais tarde, uma das causas principais da abdicaçãodo 1T -mperador, em 1?1.

    !rande dificuldade que tiveram que enfrentar, no momento de suaindepend6ncia, as anti!as colDnias espanholas e o +rasil, residiu, entretanto, no esp5ritoque animava a ;anta liança, ciosa de defender a le!itimidade e o !overno absolutista,contra os embates com que se viram atin!idos, principalmente após a 7evolução

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    su!estiva nas relaç"es do 7eino do +rasil com outros Estados. ) de a!osto de 1?22,assinou o $r5ncipe (anifesto aos 9overnos e aç"es mi!as, da lavra de Kos+onifácio, (inistro do 7eino e dos Estran!eiros, no qual declarou estar pronto a receberos seus ministros e a!entes diplomáticos e enviar:lhes os seus.

    /ias depois eram desi!nados os primeiros encarre!ados de ne!ócios nos Estadosnidos da mrica, -n!laterra e Bisconde da $edra +ranca@. $ara 7oma se!uiu (onsenhor

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    naç"es. Essas esperanças, entretanto, não se confirmaram imediatamente tais asdificuldades que envolviam o assunto.

    1.2.). ,econ'ecimento $ela -rãBretan'a e %ortugal

    situação na -n!laterra parecia prop5cia Cs novas naç"es latino:americanas.$rincipalmente depois do suic5dio de *astlerea!h e com o advento de 9eor!e *annin!,aquela nação ia se afastando, cada vez mais, do ideário le!itimista e absolutista da ;antaliança. firmavam:se as preocupaç"es comerciais ao mesmo tempo em que ia!anhando espaço a campanha contra a escravidão e, diretamente, contra o tráfico deescravos. /entro desses parFmetros desenvolveu:se a diplomacia de *annin! emrelação Cs anti!as colDnias latino:americanas e, naturalmente, ao +rasil.

    *aldeira +rant, de acordo com as instruç"es que recebera antes do 0 de setembro, procurava obter o reconhecimento do 9overno do $r5ncipe 7e!ente dentro do conte#toque se criara com a 7evolução liberal que tinha, na prática, o rei sob custódia.

    $ropu!nava:se, então, pela autonomia do 7eino do +rasil dentro do conte#to do 7einonido. /esde o primeiro momento, percebeu o diplomata brasileiro que podia contarcom a simpatia do (inistro, se bem que o 7ei e os demais inte!rantes do 9abinete nãose sensibilizavam por sua causa. m único problema !rave parecia e#istirQ o do tráficode escravos. Em um primeiro momento, aliás, parecia ser esta a única condiçãoimportante para o reconhecimento. % assunto era delicado.

    /ois acontecimentos vieram modificar o curso desses primeiros entendimentos./e um lado, a not5cia da proclamação da -ndepend6ncia e da aclamação do -mperadorcriaram o que chamou *annin! de !rave contradição com o quadro descrito no primeiromomento, que não previa a separação de $ortu!al. /e outro, com a 7evolução da

    Billafrancada, em 1?2, foram derrubadas as *ortes portu!uesas, voltando /. Koão B- ater, teoricamente, liberdade de a!ir.

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    momento oportuno, isto , ao falecer seu pai. % deseGo de obter o reconhecimento daindepend6ncia do +rasil, entretanto, era tal que os diplomatas brasileiros foramautorizados, em última instFncia, a assinar, em nome do -mperador e de seus herdeiros,a renúncia C coroa portu!uesa. ão foi necessário che!ar a esse e#tremo.

    s conversaç"es com o representante portu!u6s em &ondres não pro!rediam.  presença de diplomatas austr5acos não contribuiu para adiantar os entendimentos que praticamente ca5ram em ponto morto. *annin! resolveu então pedir a opinião dos outrosne!ociadores a respeito do proGeto de Aratado que elaborara. +rant e 9ameiro oaceitaram sub spe rati. Bila 7eal não aceitou nem mesmo a incumb6ncia de encaminharo documento a seu !overno. como

    comentaram +rant e 9ameiro@ de -mperador, 7e!ente do +rasil.Esse documento retratava muito bem, aliás, a atitude cada vez mais intransi!ente

    do ministrio portu!u6s. 7ecusada a su!estão de *annin! de que o 9overno portu!u6sretirasse sua proposta, as ne!ociaç"es foram rompidas. *omplicava:se o assunto atque, em 1 de Ganeiro, foram nossos diplomatas notificados de que o 9overno in!l6sdesi!naria, como Embai#ador E#traordinário para cumprimentar o -mperador, odiplomata ;ir *harles ;tuart, que com ele tocaria no assunto, e#tremamente sens5vel

     para a -n!laterra, da pró#ima cessação do Aratado de *omrcio de 1?14. %representante in!l6s deveria passar por &isboa para dar conta a /.Koão B- de sua missãoe promover a imediata conclusão das ne!ociaç"es iniciadas em &ondres. ;ir *harles;tuart era portador de instruç"es redi!idas pelo próprio *annin!, que bem

    demonstraram o alto n5vel pol5tico do ministro in!l6s, e sua sensibilidade pelos problemas do momento, que tão bem conhecia.

    % mesmo não se poderia dizer de ;ir *harles ;tuart que fora retirado, poucoantes, da Embai#ada em $aris. mbicioso e cheio de presunção, não estaria tambmfora de seus cálculos vir a ser o substituto de *annin!, principalmente porque supunhaque o soberano ainda andava distanciado do seu (inistro dos e!ócios Estran!eiros... eacreditando:se prote!ido pelo 7ei contra o (inistro responsável sob cuGas ordens servia.;tuart pensava, sem dúvida, che!ar mais depressa aos seus fins mostrando:see#a!eradamente absolutista e le!itimista : o que de certo lhe seria proveitoso, no casode vir a predominar o !rupo chefiado pelo /uque de Wellin!ton e &ord Eldon.

    Essas tend6ncias, que o levaram a condescender com certas pretens"es absurdasdo !overno portu!u6s, não estiveram lon!e de preGudicar o 6#ito das ne!ociaç"es depoisentabuladas no 7io de Kaneiro. este respeito deve consultar:seQ Hildebrando cciolP (issão ;tuart : not5cia histórica, rquivo /iplomático da -ndepend6ncia.

    ;tuart deveria insistir pelo reconhecimento da -ndepend6ncia e inclusive insinuar:se para ser desi!nado plenipotenciário Gunto ao 9overno do -mprio, fracassada atentativa portu!uesa de entabular ne!ociaç"es diretas atravs do conde de 7io (aior,que fora mandado ao 7io de Kaneiro em 1?2.

    *he!ando a &isboa em março de 1?28, o diplomata in!l6s cedo conse!uiu fazercom que /. Koão B- aceitasse reconhecer a independ6ncia em um documento especial,uma carta r!ia. %s termos em que deveria ser redi!ido este instrumento foram,entretanto, motivo de lon!as ne!ociaç"es. $ortu!al fazia questão de que dele

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    1?

    constassem a cessão de soberania por parte de /.Koão B- e sua pretensão de assumir ot5tulo de -mperador do +rasil e de em se!uida associar o filho a essa di!nidade.

    s diver!6ncias a respeito levaram o !overno portu!u6s a redi!ir tr6s cartasQ a primeira reconhecia ao +rasil a desi!nação de -mprio, cuGo t5tulo, entretanto, eratomado pelo 7ei e por seus sucessores, o primeiro dos quais seria o próprio /. $edro, aquem era transferido, porm, o pleno e#erc5cio da soberaniaO a 2X simplesmenteconvertia tambm em -mprio o velho reino de $ortu!al e l!arvesO a X, não tocava naquestão imperial, assinalando que admitida a separação das administraç"es dos doisEstados, /. Koão adotava para si e seus sucessores o t5tulo de 7ei de $ortu!al e dosl!arves e do +rasil, transferindo:se com a denominação de 7ei do +rasil e $r5ncipe de$ortu!al e l!arves.

    lm desse tema do t5tulo, o plenipotenciário do !overno portu!u6s devia, nasne!ociaç"es, ter presentes os se!uintes pontosQ 1@ cessação das hostilidadesO 2@restituição das presasO @ levantamento dos seqMestrosO 3@ transfer6ncia da d5vida !eralao +rasilO 8@ indenização aos anti!os donatários das anti!as capitanias do +rasilO )@

    fi#ação de princ5pios para um tratado de comrcio.*he!ando ao 7io em 10 de Gulho de 1?28, ;tuart foi recebido duas vezes pelo

    -mperador e iniciou então as ne!ociaç"es com os plenipotenciários &uiz Kos de*arvalho e (elo, (inistro dos e!ócios Estran!eiros, o barão de ;anto maro e

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    7io +ranco, em nota C mar!em desse duro comentário, recorda que não houvecompra da independ6ncia. =uando se separa o território, o que se separa toma o encar!ode parte da d5vida pública. cciolP considera que os ne!ociadores brasileiros, apesar deseus ar!umentos e ri!idez de posição, não podiam ter evitado aquela indenização.

    % fato que o reconhecimento por $ortu!al possibilitou a aceitação, pelas outras pot6ncias, da nossa independ6ncia. pós a -n!laterra, a Nustria foi a primeira areconhecer o novo -mprio ainda em 1?28. ;e!uiram:se a ;ucia, a

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    /iante do que acontecia, ao 9overno -mperial só restava inferir as conseqM6nciasdos fatos, e um decreto imperial, de 1T de dezembro, firmou a declaração dehostilidades.

    s operaç"es não foram favoráveis ao +rasil. esquadra enviada ao $rata paraefetivar o bloqueio a +uenos ires não conse!uiu maior 6#ito, principalmente pela faltade coordenação com as forças de terra cuGo comandante, &ecor, mal se desempenhavade suas atribuiç"es. ;eu substituto, o (arqu6s de +arbacena, demonstrou ser bomadministrador mas tático de mritos duvidosos. batalha de $asso do 7osário ou-tuzain!ó, como a denominam os platinos, de 24 de fevereiro de 1?20, se não foi umavitória muito clara do 9eneral lvear, não foi tambm um encontro favorável ao +rasil.s tropas das $rov5ncias nidas, entretanto, em meio a tantas dificuldades internas, nãosouberam ou não puderam se aproveitar da situação, e a questão voltou a ser tratada noFmbito diplomático.

    % (inistro das 7elaç"es E#teriores ar!entino, (anuel 9arcia, enviado ao 7ioassinou, em 23 de maio de 1?20, com a preocupação obsessiva de conse!uir a paz, um

    Aratado pelo qual a $rov5ncia *isplatina continuava sob soberania brasileira. =uandoconhecido em +uenos ires o resultado das ne!ociaç"es, houve protestos de talviol6ncia que +ernardino 7ivadávia, chefe do 9overno, se viu obri!ado a renunciar,tendo sido reGeitado o Aratado.

    situação, porm, era dific5lima nas $rov5ncias nidas e no +rasil. mbos os9overnos estavam atDnitos, impotentes, por todas as raz"es, para retomaremhostilidades. Era imprescind5vel o recurso a um entendimento direto, facilitado pelamediação da 9rã:+retanha. Audo indicava a solução consa!rada, tanto assim que a nova(issão de +uenos ires, que che!ara ao 7io em a!osto de 1?2?, Gá em 20 deste m6s,

     podia assinar o Aratado $reliminar de $az no qual o +rasil e as $rov5ncias nidas

    reconheciam a independ6ncia de um novo EstadoQ a 7epública %riental do ru!uai.Encerrava:se, assim, da maneira mais natural, a srie de incidentes que

    decorreram da fundação da *olDnia do ;acramento pelos portu!ueses, na mar!emesquerda do 7io da $rata, em 1)?4.

    1.2.. Os tratados de com"rcio

    % Aratado de *omrcio entre $ortu!al e a 9rã:+retanha, em 1?14, continuava aser aplicado no +rasil. *omo vimos, o instrumento assinado por ;tuart em 1?2) nãofora ratificado pelo 9overno in!l6s e outro tratado deveria ser ne!ociado no 7io de

    Kaneiro, com 7obert 9ordon, novo (inistro de ;ua (aGestade britFnica.ntes disso, porm, realizando deseGo anti!o, a

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    que teve que enfrentar a diplomacia imperial ainda sob o ;e!undo 7einado. Essascláusulas perptuas, apesar de, há muito, não serem observadas, só dei#aram de tervi!6ncia Gur5dica, em 140, na !estão do +arão do 7io +ranco.

    pós o Aratado com a

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    criticados, principalmente na ssemblia.

    =s cele$rados antes de (>( e ?&e4 se"&ndo a interpretaç1o do Exec&ti#o4 n1onecessita#am de apro#aç1o le"islati#a4 eram tidos como ile"ais pelo @e"islati#o . oe#aminar os conclu5dos no per5odo re!encial e que, por esses motivos, e#i!iam seureferendo, o $arlamento não escondeu a aversão, aliás, Gustificada, em que os tinhane!ando:lhes aprovação ou adiando indefinidamente seu e#ame.

    /e todo o aparelho comercial ideado pelo $rimeiro 7einado ' como assevera*aló!eras >/a 7e!6ncia C =ueda de 7osas, p. ?2@ ' resultara apenas uma srie de!raves empecilhos ao surto econDmico do pa5s, no conGunto das relaç"es econDmicas domundo. %bra benfazeGa das re!6ncias foi, pouco a pouco, desatando esses nós, a fim dereadquirir o +rasil sua liberdade de movimentos. Era a reaquisição de suaindepend6ncia tributária.

    Com e2eito4 em (;(4 de todos os Aratados de Comércio só permaneciam#i"entes as cl

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    1.3. O Segundo Reinado

    1.).1. A #i$lomacia nas ,eg+ncias

    %s !raves problemas internos de toda ordem que teve de enfrentar o 9overnore!encial nos nove anos que mediaram entre a bdicação em 1?1 e a (aioridade, em1?34, não lhe permitiram tomar iniciativas de vulto no campo da pol5tica e#terna.

    *omo vimos, entretanto, coube C ssemblia 9eral nesse per5odo chamar aatenção para os !raves inconvenientes decorrentes da aplicação dos Aratados de*omrcio. 9raças a essa verdadeira campanha, foram denunciados, no devido tempo,al!uns desses instrumentos, enquanto outros não che!aram a ter vi!6ncia.

    aplicação do $adroado, consa!rado na *onstituição de 1?23, iria levantar um primeiro desentendimento com a ;anta ;. -ndicado pelo 9overno -mperial para a/iocese do 7io de Kaneiro em 1? o $adre ntonio (aria de (oura, recusou:se o;anto $adre a confirmá:lo, tendo em vista o fato de haver aquele sacerdote defendido,no !rande debate que pouco antes defla!rara

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    ceita a idia, foi celebrado o Aratado para os desposórios, em Biena, em 24 de maio de1?32, sendo plenipotenciários ;ilva &isboa e o (inistro napolitano naquela capital,Bicente 7amires, realizando:se a cerimDnia nupcial em ápoles, sendo o imperadorrepresentado por seu futuro cunhado, o *onde de ;iracusa.

    1.).). O tr3fico de escra/os e outros $ro!lemas com a nglaterra e a4rança

    pós a meritória campanha de Wilberforce, na se!unda metade do sculo JB---,vencidos os opositores internos da abolição do tráfico e da escravidão, a 9rã:+retanha,desde o in5cio do sculo J-J, tornara:se a campeã da liberdade dos escravos ne!ros, se

     bem que somente em 1?? tenha proclamado a abolição total da escravidão em suascolDnias.

    ;eria interessante recordar, como um flash, em um esforço de situar o assunto emum conte#to mais amplo, que em 10?0 o tráfico deslocava anualmente 144.444 escravosne!ros, transportados pela -n!laterra >?.444@, 1.444@, $ortu!al >28.444@,

    Holanda >3.444@ e /inamarca >2.444@. %s ne!reiros haviam tambm mudado suadireção. /urante o sculo JB---, a metade deles se diri!ia Cs ntilhas in!lesas,holandesas e francesas. o sculo J-J não tiveram senão dois destinosQ o +rasil e*uba. /epois que a &iliane *rt, R&a traite de

     [!res sous l\ncien 7e!imeS, $aris 1?, pá!s. 20?@. =uanto Cs colDnias francesas, por e#emplo, a ssemblia >durante a

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    embarcaç"es suspeitas e a criação de Rcomiss"es mistasS para Gul!arem os naviosapresados, que passaram a funcionar em ;erra &eoa e no 7io de Kaneiro.

    $roclamada a -ndepend6ncia do +rasil, passou a 9rã:+retanha a pressionar o9overno imperial, tendo:se inclusive pensado em um momento, que o reconhecimento

     poderia ser trocado pela abolição do tráfico. (ais tarde, em 1?2), foi assinada Rcom ofim de pDr termo ao comrcio da escravatura na *osta da NfricaS, a *onvenção de 2 denovembro, a qual alm de revalidar os compromissos anteriormente assumidos pela(etrópole, estatuiu a Rsupressão definitiva do tráficoS, tr6s anos depois da troca deratificaç"esO a libertação dos ne!ros importados ile!almente e o trmino, em 1?38, doRdireito de visitaS.

    -niciou:se assim um penoso per5odo que se deteriorava dia a dia. /e um lado, osinteresses escusos dos traficantes >a maioria dos quais estran!eiros@ ávidos de não

     perder os lucros e#traordinários que obtinham, sustentados pela maioria absoluta, pelaquase totalidade, dos produtores rurais que não ima!inavam outros braços que nãofossem escravos. /e outro, o 9overno e o lmirantado da 9rã:+retanha, lutando por

    uma nobre causa, mas insens5veis aos melindres nacionais que os interessadoshabilmente manipulavam. cada e#cesso dos navios in!leses, correspondia umaumento de sensibilidade do povo e do !overno. (ultiplicavam:se, assim, os abusos, aomesmo tempo que crescia o sentimento nacionalista de reação. *he!ou um momentoem que a repressão tornou:se unilateral e, inclusive, a *omissão (ista de ;erra &eoa

     passou a funcionar sem representantes brasileiros. *rescia desmesuradamente o tráficodepois de 1?.

    Em 1?33 o 9overno -mperial resolveu enfrentar os arb5trios da campanha in!lesa.Em de novembro, em nota ao (inistro in!l6s no 7io de Kaneiro, declarou abolido ocar!o de Guiz conservador da ação in!lesa.

    (eses depois, em 12 de março de 1?38, Cs vsperas da cessação da vi!6ncia da*onvenção de 1?2), recordou ao representante in!l6s essa situação, su!erindo,entretanto, a criação por seis meses de uma comissão mista. $ara surpresa nossa, orepresentante in!l6s nessa comissão declarou que o lmirantado da 9rã:+retanhaconsiderava sempre vi!ente a *onvenção de 1?2), no que se referia C busca e apreensãode navios suspeitos. pesar de não esperar essa reação, o (inistro dos e!óciosEstran!eiros, &impo de breu, respondeu que estaria pronto a estudar uma maneira deadaptar Cs atuais circunstFncias as convenç"es de 1?10 e 1?2), com o que, após certarelutFncia, parecia concordar o !overno in!l6s. Eis, porm, que a ? de a!osto do mesmoano de 1?38, fora sancionado o famoso +ill berdeen que determinava o Gul!amento,

     pelo lmirantado in!l6s, de todos os navios apresados.

     osso (inistro em &ondres apressou:se a protestar Gunto ao

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    sanção do clebre +ill, o +rasil importara 1.38 escravosO em 1?3), 84.23O em 1?30,8).102O em 1?3?, )4.444O em 1?3, 83.444O em 1?84, >ano da &ei Eusbio de [email protected] em 1?81, .2?0O e em 1?82, 044. %u seGa, só hpuve queda do tráfico com a leiEusbio de =ueiroz.

    Essa bai#a verti!inosa no quadro da importação de escravos deve:se C atitude do9overno imperial o qual soube, apesar da atmosfera de ressentimentos e de indi!nação

     popular, acirrados, como assinalamos, pelos traficantes e !randes proprietários, ver ointeresse maior do pa5s procurando solucionar diretamente, sem a colaboração de outras

     pot6ncias, o !rande e complicado problema do tráfico. $assou, assim, o assunto para ocampo do direito interno e de acordo, aliás, com a opinião um tanto isolada de uma elitede estadistas, foi sancionada a lei de 3 de setembro de 1?84 que suprimiudefinitivamente o tráfico, estatuindo penalidades !raves para seus infratores. % então(inistro do imprio tomou as medidas necessárias para a ri!orosa aplicação do te#tole!al Gustamente conhecido como &ei Eusbio de =ueiroz. E#tin!uia:se, assim, um

     problema que tantas dificuldades trou#era ao 9overno imperial.

    Hlio Bianna >RHistória /iplomática do +rasilS, pá!s. 14) e 140@ sintetiza, comfelicidade, outras quest"es que tivemos que enfrentar com a -n!laterra, nos primeirosanos da dcada de 1?)4Q

    Rlm das diver!6ncias suscitadas pela questão do tráfico de africanos e da pretendida renovação de seu vantaGoso Aratado de *omrcio, outras sustentou o -mpriodo +rasil contra a -n!laterra, al!umas, aliás, baseadas em motivos de ordeme#clusivamente pessoal, isto , arbitrárias atitudes assumidas por seu ministro no 7io deKaneiro, William /ou!al *hristie. /ois pequenos incidentes, que poderiam sersatisfatoriamente resolvidos sem dificuldade, levaram o pa5s a romper relaç"es comaquela pot6ncia europia, pela inabilidade e viol6ncia com que quis resolv6:los o

    referido diplomataS.% primeiro caso ori!inou:se na pilha!em, nas costas do 7io 9rande do ;ul, da

    car!a de uma embarcação in!lesa a5 naufra!ada em 1?)1. pesar de terem asautoridades brasileiras tomado todas as provid6ncias para o necessário inqurito,conse!uiram fu!ir para o estran!eiro os responsáveis pelo roubo.

    % se!undo incidente, simples ocorr6ncia policial, verificou:se no 7io de Kaneiro,no ano se!uinte. /ois oficiais da marinha britFnica, embria!ados e C paisana,desrespeitaram uma autoridade brasileira, foram presos e, lo!o depois de conhecida suacondição militar, postos em liberdade.

    Kuntando os dois episódios, e#i!iu *hristie o pa!amento imediato de indenização

     pelo primeiro e amplas satisfaç"es pelo se!undo, inclusive a punição dos funcionáriosque Gul!ava responsáveis. ão acedendo o 9overno imperial Cs e#i!6ncias dodiplomata, determinou este que navios in!leses apresassem, fora do porto do 7io deKaneiro, al!umas embarcaç"es mercantes brasileiras.

    % fato provocou, nos primeiros dias de 1?), enorme a!itação popular, que só nãoche!ou a produzir lamentáveis conseqM6ncias pela atitude então assumida pelo-mperador /. $edro --, que tomou sob sua responsabilidade a honrosa solução doincidente. /eterminando que se pa!asse, sob protesto, a indenização pedida, pois o+rasil não discutiria quest"es de dinheiro quando se tratasse da honra nacional, mandouque o nosso ministro em &ondres,

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    que lhe foram dadas, rompeu o +rasil relaç"es com a -n!laterra, dei#ando a sua capitalo nosso representante e recebendo passaportes o substituto de *hristie Gunto C corte de;ão *ristóvão.

    7econhecendo, porm, o !overno brasileiro, a ori!em puramente pessoal doconflito, e levando em conta a anti!a amizade brasileira e portu!uesa com a -n!laterra,admitiu, pouco depois, que o caso fosse decidido por arbitramento do 7ei dos +el!as,aliás tio e conselheiro da soberana in!lesa, a 7ainha Bitória.

    % laudo de &eopoldo - foi inteiramente favorável ao +rasil, motivo pelo qual,reconhecendo a -n!laterra a precipitação com que a!ira o ministro *hristie, incumbiu oministro Ed]ard Ahornton de apresentar a /. $edro -- as escusas do !overno de ;ua(aGestade britFnica.

    Encontrava:se o -mperador do +rasil em ru!uaiana, em plena !uerra com o$ara!uai, em 1?)8, quando foi procurado pelo a!ente in!l6s, que a5 mesmo deucumprimento C sua missão, reatando:se as relaç"es com a -n!laterra, ficandointeiramente desfeito o incidente que dera causa ao rompimento.

    s quest"es do $irara e do mapá a que nos referimos ao sintetizar a diplomaciadurante o per5odo re!encial, arrastavam:se, sem solução, depois da (aioridade. %9overno -mperial, em 1?3, concordou em neutralizar a zona do $irara a!uardandomelhor oportunidade para resolver o diss5dio. *om relação ao mapá, tanto asne!ociaç"es entabuladas no 7io de Kaneiro, em 1?31 e 1?32, quanto as levadas a caboem $aris em 1?3) e 1?83, não tiveram resultados definitivos.

    ;obre as ne!ociaç"es para pDr termo ao Aratado de *omrcio de 1?20 com a-n!laterra, Gá nos referimos ao tratar do assunto de maneira !eral no cap5tulo referenteao 1T 7einado. abertura do mazonas será enfocada de maneira especial.

    1.).*. 5uest6es %latinas 718281819 – Antecedentes

    $aralelamente aos aspectos estritamente pol5ticos e militares avultam, na análisedas quest"es platinas, os fenDmenos socioló!icos que, de um lado, deram aos povos dare!ião caracter5sticas comuns, e de outro e#plicam, inclusive pela própria intimidadedesse relacionamento, os problemas e as dificuldades que enfrentaram.

    $andiá *aló!eras >R

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    2?

    s quest"es pol5ticas a!itavam os !rupos partidários das duas partes da fronteira. enhum estudo válido da +acia do $rata se pode aceitar, do ponto de vista histórico,que não leve em conta o fato de que, por aqueles tempos, a re!ião constitu5a um todo,uma unidade pol5tico:!eo!ráfica, na qual os limites convencionados não isolavamrealmente as populaç"es.

    Em ambos pa5ses, os homens tinham ami!os e inimi!os, aliados e adversários, esua influ6ncia não se continha dentro dos limites le!ais, e ultrapassava as fronteiras.;empre que uma revolução, uma revolta, um levante ocorria, alon!avam:se os olhos

     para a banda da fronteira, onde os !rupos tinham certeza de encontrar au#5lio e apoio,sempre que o pedissem. $or muitos anos, tal sentimento prevaleceu...

    confi!uração !eo!ráfica da imensa plan5cie dominada por campos em que o!ado parecia ter encontrado seu habitat, fez com que cedo se assemelhassem o modo devida e as atividades principais. %s costumes eram id6nticos e lo!o se verificou que asemelhança de interesses, al!umas vezes escusos, levava os habitantes de um e outrolado da fronteira, apesar dos laços muitas vezes de san!ue que os unia, a considerarem:

    se competidores na venda dos mesmos produtos, inclusive no próprio comrciore!ional.

    *ontrariando uma noção !eneralizada, porm, os produtores do 7io da $ratatinham, quando vi!oravam condiç"es internas de tranqMilidade, vanta!ens e#pressivassobre seus concorrentes brasileiros, devido C superioridade do trabalho livre eassalariado sobre o re!ime escravista. ossos conterrFneos não atinavam, porm, com arazão de ser desses inconvenientes e procuravam e#plicar o fenDmeno que ciclicamenteos atin!ia como resultado de aç"es ou omiss"es do 9overno, do seu sistema fiscal oudas dificuldades que lhe advinham das atribulaç"es próprias, naquela poca, das re!i"esde fronteiras onde imperava um estilo de vida especial. /a5 sur!iram apelos que muitas

    vezes se transformavam em press"es pol5ticas invenc5veis as quais, em mais de umavez, tiveram repercuss"es imprevis5veis.

    $or motivos distintos, por outro lado, era e#traordinariamente !rande, entre a população do ru!uai, o número de ar!entinos e de brasileiros ou de luso:descendentes.Em um total apro#imado de 08.444 habitantes, na primeira metade do sculo J-J, cercade 13.444 eram e#ilados ar!entinos, a!lomerados em (ontevidu, enquanto 28.444eram de san!ue lusitano. %s primeiros, unitários, dei#aram +uenos ires por aversão a7osas. (uitos dos se!undos encontravam:se no ru!uai desde os tempos da ane#açãoda *isplatina, onde se haviam constitu5do proprietários de numerosas e importantesestFncias que se localizavam principalmente na ampla área compreendida entre os riosrapei e =uaraim.

    cresciam ainda a todos esses fatores a instabilidade decorrente do própriocarpDs fim C 9uerra da *isplatina eimplementou a livre nave!ação no $rata@ e do fato de não se ter celebrado, como

     previsto naquele instrumento, um tratado definitivo que deveria incluir dispositivosmais duradouros, inclusive com a participação que nele certamente viria a ter a própria7epública %riental.

    $ermaneciam, paralelamente, indefinidos os limites entre a 7epública e o -mprio,que só viriam a ser consa!rados no Aratado de 12 de outubro de 1?81.

    $ara tornar o quadro ainda mais comple#o, a 7evolução

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    Essa revolta fez com que o 9abinete de ;. *ristóvão voltasse suas preocupaç"es para o sul do pa5s, sensibilizando:se, inclusive, com o apoio que os revoltosos recebiamde !rupos partidários do pa5s fronteiriço.

    ;e a todos esses fatores que caracterizavam a re!ião fazendo:a propender para aintimidade, mas, ao mesmo tempo, para eventuais confrontaç"es, se Guntam as pai#"es

     pessoais, o esp5rito e#clusivista dos a!rupamentos pol5ticos recm:criados e a naturaltend6ncia C viol6ncia das sociedades em formação, poderemos compreender melhor osacontecimentos que se se!uiram C *onvenção $reliminar de $az de 1?2?.

    *om a r!entina eram mais intensos ainda os laços que a uniam ao ru!uai. fundação de (ontevidu , a própria confi!uração do vice:7einado do $rata e, no in5ciodo sculo J-J, o apoio dado aos anseios de independ6ncia da +anda %riental,simbolizados na façanha dos %rientales, tudo isso fazia com que se considerassemquase co:nacionais, ar!entinos e uru!uaios. liás, rti!as com seus altos ideais deindepend6ncia, pensara em uma federação, ou talvez mais adequadamente, em umaconfederação com as $rov5ncias nidas. s vicissitudes por que passaram uma e outra

     ação, após 1?2?, tornaram ainda mais 5ntimo esse relacionamento com a freqMente participação de nacionais de um Estado nas contendas pol5ticas de outro.

    Entre o +rasil e a r!entina, os laços comerciais, culturais e de san!ue foramintensos, especialmente na poca da união pessoal das *oroas >18?4:1)34@, mas Gáe#istiam antes e não desapareceram com ela. % comrcio intenso entre a *olDnia do;acramento e +uenos ires, apesar das proibiç"es vi!entes, foi um dos mais curiososfenDmenos de nossa História *olonial. ão poss5vel esquecer ainda que a maioria da

     população portenha, no sculo JB--, era de ori!em portu!uesa. +anda %riental,entretanto, foi causa de permanentes choques entre +uenos ires e o +rasil antes edepois da -ndepend6ncia. pós a *onvenção $reliminar de $az de 1?2?, esse cenário

    mudou de feição, mas a 7epública então criada continuou a ser ainda, quer pelastentaç"es da reconstituição do território do anti!o Bice:7einado, quer pelasrepercuss"es e#ternas de fenDmenos pol5ticos internos, a causa ou o cenário deenfrentamentos de toda ordem.

    Era fácil reconhecer a identidade de paisa!ens, de culturas e de atividadeseconDmicas entre a $ampa ar!entina, os campos uru!uaios e as plan5cies do sul do+rasil.

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    ideais federativos. reação unitária faz:se sentir mas, de tal poder dispunha o 9overno,que seu destino principalmente o e#5lio. ;armiento e (itre refu!iam:se no *hileO amaioria dos anti:rosistas con!re!a:se em (ontevidu, a Rova AróiaS, criando

     problemas in!entes para a nação recm:or!anizada.

    (uito cedo, em 1?2, pouco depois da promul!ação da *onstituição da 7epública%riental do ru!uai e da eleição do primeiro presidente, *olorado:ru!uai@ e &avalleGa Gá se nota a interfer6ncia de

     poderes não nacionaisQ este último contava, na verdade, não só com o apoio de 7osas,mas tambm do *oronel +ento 9onçalves que, contrariando as ordens do 9overno-mperial, não só au#iliava os blancos, mas che!ou a invadir em 1?3 o territóriooriental. Eram as condiç"es especiais da nossa fronteira sulina que impeliam o +rasil

     para as complicaç"es platinas, impotente o 9abinete de ;. *ristóvão de !arantir aneutralidade que, por todos os motivos, lhe parecia necessária.

    1?8 foi um ano importante no conte#to do $rataQ +ento 9onçalves >apoio aos+lancos:&avalleGa@ rebela:se contra a 7e!6ncia, iniciando a 7evolução *olorado@ termina seu mandato e substitu5do por(anuel %ribe, por ele indicadoO 7osas >apoio aos +lancos@ assume o !overno pelase!unda vez.

    %ribe, que no in5cio do !overno era contrário a +ento 9onçalves e &avalleGa,muda de posição. lia:se a 7osas e, como &avalleGa, vai apoiar +ento 9onçalves, volta:se, então contra 7ivera que derrotado, mas que, pouco depois, invade o ru!uai,tornando:se aliado dos

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    franc6s, por intermdio de (ontevidu, concluiu um Aratado com 7osasQ R;alvos osinteresses franceses, a

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    efetivou. ;entindo:se desautorizado, ;inimbu retornou ao 7io, apesar da insist6ncia emcontrário de $aulino.

    troca de notas entre raria e $onte 7ibeiro, em lin!ua!em violenta, teve comoconseqM6ncia a entre!a de passaportes ao representante brasileiro. s relaç"es entre o-mprio e 7osas, a partir desse desentendimento, passaram a piorar irremediavelmente.

    reafirmação, em 1?33, por parte do +rasil, do reconhecimento da independ6nciado $ara!uai, muito contribuiu para deteriorar nosso relacionamento com 7osas, sempreesperançado de reconstituir o anti!o vice:reinado do $rata.

    missão de que fora encarre!ado o Bisconde de brantes na Europa, visando umentendimento com a -n!laterra e a

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    7io da $rata, sendo o *onde de *ai#as nomeado presidente da $rov5ncia do 7io 9randee comandante:em:chefe do E#rcito. 12 de outubro, renderam:se as forças de %ribeao !eneral rquiza, sem qualquer reação.

     este mesmo dia, no 7io de Kaneiro, assinavam:se entre o +rasil e o ru!uai osAratados de liança, de &imites, de *omrcio e ave!ação, de E#tradição e uma*onvenção de ;ubs5dio.

    *onclu5da a primeira fase das operaç"es referentes a %ribe e seus se!uidores na7epública %riental, era necessário combinar com rquiza os planos para a campanhacontra 7osas. % !overno imperial desi!nou para este fim Honório Hermeto *arneiro&eão que, em (ontevidu, ne!ociou com /. (anuel Herreara P bes, (inistro das7elaç"es E#teriores do 9overno uru!uaio e o /r. /io!enes de rquiza que alm de seu

     pai, representava o 9overnador de *orrientes, um R*onv6nio Especial de liançaS quevisava a Rliberar o povo ar!entino da opressão que suporta sob a dominação tirFnica do!overnador /. Koão (anoel de 7osasS.

    -niciadas imediatamente as operaç"es, coube ao conde de *a#ias o plano da novacampanha, permanecendo na *olDnia do ;acramento para atacar +uenos ires sehouvesse reação de 7osas. rmada sob o comando de 9renfell forçou a passa!em deAonelero e desembarcou o e#rcito, cuGa divisão brasileira era comandada pelo

     bri!adeiro (anuel (arques de ;ouza depois conde de $orto le!re.Em de fevereirode 1?82, em (onte *aseros, deu:se o choque definitivo. Bencido, 7osas recolheu:se a+uenos ires, assinou sua renúncia e refu!iou:se, com a filha (anuelita, em navio

     britFnico, viaGando após para a -n!laterra onde viveu vários anos, at sua morte.

    R

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    esforçarem, atravs de %ribe, a constran!er o ru!uai a se reincorporar na*onfederação. /esse ponto de vista, o Aratado de 1?2? valia por um triunfo do idealindependentista pelo forçado recuo do imperialismo brasileiro de /. Koão B- e de /.$edro -, tanto quanto da pol5tica reconquistadora da r!entina.

    (as, che!ado a5, !rande diver!6ncia de rumos se tornava evidente, embora oru!uai nela não quisesse acreditar por lar!os anosQ o +rasil havia sinceramenterenunciado a todos os seus pruridos conquistadores de tempos idos, enquanto 7osas eseus federados não tinham cedido de seus anti!os ideais, e ainda se inspiravam nasombra presti!iosa do vice:reino.

    t *aseros, e este um dos motivos para ser considerada essa data como umadas capitais, um dos fatos dominantes e decisivos da história do 7io da $rata, talmira!em havia sido o elemento perturbador dos acontecimentos pol5ticos dessa re!ião. partir de *aseros cessouQ o ru!uai foi considerado como verdadeiramenteindependente na mentalidade ar!entina.

    intervenção de +uenos ires na mar!em oriental do !rande rio passou a teroutro fundamentoQ rquiza havia:se tornado inimi!o de +uenos ires, Gá a!ora isolada

     pelas viol6ncias do !overnador de Entre 7iosO os chefes colorados do ru!uai vencidos pelo !overno blanco de (ontevidu, tomaram lu!ar ao lado de +uenos ires, para ondetinha fu!ido, enquanto rquiza e a *onfederação eram aliados dos blancos uru!uaios.ssim, dois !rupos sur!iram lo!icamenteQ BenFncio

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    +uenos ires, enquanto a desordem e a anarquia refletiam:se na vida de brasileirosresidentes na 7epública e em toda a re!ião fronteiriça da $rov5ncia do 7io 9rande.

    *omo recorda *aló!eras >idem, pá!. 21)@, Rda eleição de 9iró, em março de1?82, C escolha re!ular e le!al de 9abriel ntonio $ereira, em março de 1?8), numintervalo de quatro anos portanto, haviam sucedido na presid6ncia dois constitucionais,9iró e RHistória /iplomática do +rasilS, 18, pá!s. ?4 e ;e!.@

    assim se refere a $ereira e a seus dois imediatos sucessoresQ

    R9abriel $ereira quis se manter alheio aos partidos, neutro e imparcial. Bacilantee pouco hábil, cedo caiu nos braços de uma oli!arquia civil, atacou em suaindepend6ncia o poder le!islativo, suprimiu a liberdade de imprensa, deportou militarese precisou enfrentar tambm uma revolução armada que, depois de al!uns sucessos nacampanha uru!uaia, teve de capitular no $aso de =uinteros, ao norte de /urazno.*ometeu o !overno de $ereira o erro imperdoável de fuzilar os chefes revoltosos, entreoutros, *esar /iaz, herói de *aseros e (anuel

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    &opes, recm:che!ado ao !overno do $ara!uai, tinha plano preconcebido de he!emonia pol5tico:militar no $rata, e a !uerra civil no Estado %riental parecia um prete#to paraintervençãoO do lado brasileiro, por fim, multiplicaram:se as reclamaç"es e os protestoscontra os atentados a propriedades e a súditos brasileiros nas re!i"es fronteirasS.

    -ntensificavam:se, na verdade, esses atentados. própria situação de instabilidadeinterna do ru!uai, com bandos armados a percorrerem continuamente todo o pa5s,dava ori!em a esses e#cessos, que se intensificavam quando havia reação. Estabeleceu:se, assim, um c5rculo vicioso que as circunstFncias impediam cortar.

    *aló!eras procurou sintetizar essa penosa situação na sua obra Rpa!s. 221 e 222@Q

    Rumerosos brasileiros eram possuidores de terras no ru!uai, em continuidadecom as estFncias que tinham no 7io 9rande, % sentimento hostil, não público, a

     princ5pio, manifestava:se em pirraças e pequenos ve#amesO mais tarde, foram ataquesmais !raves, assass5nios, roubos de !ado, ao lon!o todo da fronteira. $assando maistempo, fizeram:se incurs"es dentro da prov5ncia, cada vez mais audaciosas e

     preGudiciais, C medida que o ódio crescia contra o +rasil no pa5s lindeiroS

    ;empre foram conhecidos os rio:!randenses como belicosos, suscet5veis emmatria de pundonor. Aais processos de ve#atória hostilidade puseram a prov5ncia todaem p de !uerraQ sua única propriedade, o !ado, estava ameaçadaO suas vidas, postas em

     peri!oO suas fazendas, invadidas e destroçadas. ão se tratava de preGu5zos semimportFnciaQ mais de ?44.444 cabeças assim haviam desaparecido, e os atos de

     banditismo se e#erciam por mais de seiscentas l!uas quadradas de pasta!ens ricas emcampos finos.

    =uei#as aflu5am no 7io, e o !abinete reclamava diplomaticamente em(ontevidu perante suas autoridades. Aal era a situação perturbada da 7epública, desde1?82 at C presid6ncia de +erro, que faltavam ao !overno local os meios materiais defazer Gustiça, ou mesmo de ouvir imparcialmente os quei#osos, em um pa5s dilacerado

     pela !uerra civil. *Dnscio disto, o +rasil não podia e não queria insistir demasiado emseus esforços de e#i!ir reparaç"es pelos males e preGu5zos sofridos por seus nacionais, eadiava tal prestação de contas para dias mais calmos.

    ssim se foi protelando, at C subida de +erro C presid6ncia. (as eram assimdoze anos de abandono e de paralisação na defesa dos interesses rio:!randenses, e estessofriam e !ritavam at que, cansados de se verem a sós, começaram a procurar Gustiça

     por suas próprias mãos.

    $equenos bandos começaram a cruzar a fronteira, e iam ao ru!uai recapturarseus rebanhos roubados, e tornar efetivos seus direitos, C força de armas. essa naturalreação dos interesses lesados e conspurcados, (ontevidu chamava de intervenção

     brasileira na vida interna da 7epública. (ais ainda, quando, desesperados os brasileiroscom os desmandos das autoridades da campanha uru!uaia, e ciosos por defenderemseus le!5timos direitos violados, fizeram causa comum com os adversários de seus

     perse!uidores impenitentes, causa real de tais conflitos.

    Aornaram:se cada vez mais numerosos e !raves tais recontros, e atin!iram seuau!e durante o levante de /. BenFncio

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    *omo era natural, (ontevidu quei#ava:se. /o 7io partiam ordens Cs autoridades provinciais, mas tais instruç"es só parcialmente, isto mesmo mal eram atendidas aolon!o da linha divisória, pois os habitantes dessa re!ião sabiam e sentiam a Gustiça desuas reivindicaç"es, e sabiam ainda que somente se batiam para que suas vidas e suas

     propriedades fossem respeitadas.

    Esses acontecimentos tinham inevitavelmente de repercutir internamente no +rasile, de maneira especial no 7io de Kaneiro, para onde se voltavam as esperanças de umasolução a problemas que o tempo só fazia a!ravar. imprensa e o $arlamento sesensibilizaram com essa situação e a pressão sobre o 9overno aumentou. chavamtodos que as reclamaç"es e os protestos diplomáticos deveriam se revestir de maisvi!or. % 9eneral eto, que aportava C *orte como representante dos estancieiros, nãoteve dúvidas em dei#ar claro que os !aúchos do 7io 9rande, caso o 9overno -mperialnão tomasse uma decisão drástica, estariam decididos a resolver a questão com as

     próprias forças locais mesmo correndo o risco de uma nova secessãoS.

    V e#pressiva a maneira com que /el!ado de *arvalho >op. cit. pa!s. ?1 e ?2@

    espelha a atmosfera que se formara na capital do -mprioQR%s acontecimentos do ru!uai criaram no 7io de Kaneiro uma atmosfera pol5tica

    muito pouco favorável a uma atitude de prudente e#pectativa. Em princ5pios de 1?)3,che!ava C capital do -mprio o +ri!adeiro eto que vinha e#por C *orte as condiç"es deintranqMilidade que reinavam na campanha uru!uaia. Binha trazer uma representaçãoformal dos estancieiros lim5trofes com um apelo ao 9overno. março de 1?)3@.*a5a, então, o ministrio conservador, substitu5do pelo ministrio pro!ressista de

    `acarias de 9óis e Basconcelos, sendo ;ecretário de Estado dos e!ócios Estran!eiroso *onselheiro $edro /ias Bieira.

     a *Fmara dos /eputados, começa, em abril, uma srie de interpelaç"es e ataquesviolentos. Hlio &a!o, ntes da9uerra, 7io 113, pa!. ?@.

    Ro ;enado cabe a $imenta +ueno, a propósito da resposta C 11.2.1?)3@ , sem dúvida, boa pol5tica, mas não pode ser uma pol5tica absolutaou imutável. V boa pol5tica só enquanto não compromete os direitos ou !randesinteresses do pa5s. Há naquelas campanhas 4 a 34 mil brasileiros que possuem imensoscapitaisO preciso que a neutralidade se combine com a se!urança das vidas e dasfortunas desses brasileirosS, >;ouza /occa, *ausas da 9uerra com o $ara!uai, $ortole!re, 11, pá!. 23@.

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    R imprensa do 7io alimenta a indi!nação reinante na opinião pública. % *orreio(ercantil intervencionista. % Espectador da mrica do ;ul, cuGo diretor elo!iado

     por Hlio &obo, por se preocupar com todas as !randes quest"es que interessam anação, recebe a se!uinte correspond6ncia de (onteviduQ : %s nossos compatriotas dacampanha não ocultam as suas simpatias pela causa de

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    /o debate descosido e sem ne#o que então se travou, resultou apenas acomunicação de de Gulho feita a

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    inda em 1?)4, esse pa5s era praticamente desconhecido nas re!i"es platinas, noru!uai principalmente. Aanto assim que, em 1?)2, as primeiras instruç"es dadas aoemissário oriental enviado a ssunção consistiam em inquirir quais os alvos, osinteresses e as diver!6ncias de vista reinantes no $ara!uai no teatro internacional.

    r!entina não se conformava, at *aseros, com a atitude tomada por ssunçãoquando da -ndepend6ncia, recusar:se a aceitar o convite para inte!rar as $rov5nciasnidas. utria, aliás, a esperança de reincorporá:la refazendo tambm, com a +ol5via, oanti!o vice:reinado criado por *arlos ---. /a5 sua recusa em reconhecer a independ6ncia

     para!uaia e a irritação, transformada em protesto, com que assistiu ao primeiroreconhecimento oficial por parte do -mprio em 1?32, e a renovação dessereconhecimento em 1?33. /a5 tambm, por outro lado, a preocupação para!uaia de se

     premunir contra quaisquer eventuais ataques do sul. Aoda a estrat!ia de pa!s. 121 a 12@, recorda

    sinteticamente o que foi o R$ara!uai na história e na !eo!rafia sul:americanaS e Rsrelaç"es do -mprio do +rasil com a 7epública do $ara!uai >1?231?)3@SQ

    Ra história da formação das anti!as colDnias espanholas da mrica do ;ul, foie#cepcional a formação da atual 7epública do $ara!uai.

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     e!ócios Estran!eiros, *onselheiro ntDnio $aulino &impo de breu, depois Biscondede baet.

    *om o $residente *arlos ntDnio &opez celebrou $imenta +ueno o nosso primeiro Aratado de liança, *omrcio e &imites com o $ara!uai. *omo, porm, nãoficassem bem claros os termos da aliança pol5tica no mesmo convencionada, alm de seterem tornado inconvenientes, diante de novas contin!6ncias internacionais, resolveunão ratificá:lo o 9overno -mperial. s mesmas dificuldades sul:americanasdeterminaram a elaboração, pelos referidos si!natários, em 1?38, de um protocolo sobrea nave!ação dos rios $araná e ru!uai e sobre a intervenção do +rasil, -n!laterra e

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    /urante uma via!em C Europa, teve ;olano &opes ocasião de tomar contato com o-mprio de apoleão ---, impressionando:se fortemente com o fenDmeno bonapartista,influ6ncia que poderia, posteriormente, e#plicar al!uns de seus atos.

    % fato que, retomando a seu pa5s, levou ao e#tremo as preocupaç"es com ofortalecimento militar do $ara!uai quer intensificando os proGetos de defesa que seuantecessor iniciara, com o apoio, inclusive, do +rasil, quer aumentando os efetivos deseu e#rcito, tendo conse!uido, em dois anos, reunir de ?4 a 144.444 homens em p de!uerra, munidos de fuzis e artilharia, enquanto o +rasil não contava naquela pocasenão com 10.444 homens em armas.

    ;ua idia fi#a era, na verdade, ter voz ativa na problemática do $rata e participardas !randes decis"es que, a respeito, tomavam os tr6s outros pa5ses. % +rasil não pareceter sido, em um primeiro momento, o alvo dessa pol5ticaQ visava ela fortalecermilitarmente o pa5s que deveria vir a ser o $ara!uai:(aior, com a absorção, se!undo sedizia, de *orrientes, Entre 7ios e o ru!uai, tornando:se assim, uma pot6ncia atlFntica.

    %s acontecimentos que se passavam na 7epública %riental foram oportunidade para iniciar &opez sua atuação no cenário do $rata.

     o episódio uru!uaio, entretanto, a iniciativa não partiu de &opez mas do !overno blanco de (ontevidu. Ká em 1?)2, K.K. Herrera, em ssunção, pediu e obteve o apoiodo !overno para!uaio.

    Aanto assim que, quando se iniciavam as ne!ociaç"es entre ;araiva e o 9overno para!uaio, esse nosso representante e o !overno do 7io de Kaneiro receberam, datadasde 10 de Gunho de 1?)3, notas de Kos +er!es, (inistro das 7elaç"es E#teriores do$ara!uai, em que se oferecia a mediação de

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    Em Ganeiro ;olano &opez pede ao !overno ar!entino permissão para que as forças para!uaias atravessem as prov5ncias de *orrientes e Entre 7ios para atacar o 7io9rande do ;ul. /iante da ne!ativa de (itre, declara !uerra C *onfederação e invade*orrientes, contando certamente com o apoio que esperava ter de rquiza que

     permaneceu, entretanto, inativo.

    1.).8. O

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     precaução que não impediu, em breve, a divul!ação de seu te#to. art. 1)@ que as condiç"es de limitesdependeriam de tratados definitivos a serem celebrados entre os aliados e o futuro!overno para!uaio. Aão lo!o, porm, foi criado o 9overno $rovisório, o 9eneral (itreocupou Bila %cidental.

    V verdade que a 20 de dezembro de 1?) o ;ecretário das 7elaç"es E#teriores dar!entina, (ariano Barela, dentro do esp5rito e da letra do Aratado de 1?)8, declarava,em nota, que Ro !overno ar!entino sustentou há muito tempo, em discuss"es com orepresentante de ;.(. o -mperador, que a vitória não dá Cs naç"es aliadas direito paradeclararem por si, limites seus aqueles que o Aratado assinala. *r6 o mesmo !overno,hoGe como então, que os limites devem ser discutidos com o !overno que se estabelecerno $ara!uai e que a sua fi#ação será feita nos tratados que se celebrarem depois derecebidas pelas partes contratantes os t5tulos em que cada um apoiar os seus direitosS.

    pós os acontecimentos de *erro *orá, $aranhos su!eriu que os plenipotenciáriosaliados fossem para ssunção ne!ociar o aGuste preliminar de paz. *omo a r!entinanão aceitava discutir com o 9overno $rovisório, sur!iu a questão de se saber se, deacordo com o Aratado da Ar5plice liança, poderia um dos aliados tratar bilateralmentecom o $ara!uai, caso não se che!asse a um acordo conGuntamente. r!entina, desdelo!o, se opDs a essa interpretação. o +rasil, o assunto foi submetido ao *onselho deEstado que opinou favoravelmente, com votos contrários, entretanto, de abuco ebaet. questão não era, assim, pac5fica. Entretanto, a 24 de Gunho de 1?04 foiassinado em ssunção o $rotocolo $reliminar de $az.

    ne!ociação do tratado definitivo enfrentava, porm, srias dificuldades.=uest"es como a referente C destruição das fortalezas de Humaitá e a própria

    interpretação do Aratado de 1?)8 criaram srios atritos entre o +rasil e a r!entina.$ensou:se, inclusive, em propor uma rescisão ami!ável daquele ato internacional.

    $aranhos, chamado a or!anizar novo !abinete, sucedeu Koão (aur5cioWanderleP, +arão de *ote!ipe, que ao che!ar a ssunção, tomou contato com orepresentante ar!entino, (anuel =uintana. ;e!undo este, sem abrir mão das vanta!ensdo rti!o B-, a r!entina poderia tratar das quest"es de limites com o $ara!uai,cabendo aos outros aliados apoiá:la. %s representantes do +rasil e do ru!uai nãoconcordaram com essa interpretação, retirando:se =uintana a +uenos ires paraconsultar seu !overno.

    *ote!ipe não teve, então, dúvidas em assinar, com o plenipotenciário para!uaio,

    em de Kaneiro de 1?02, os tratados definitivos de $az, de &imites, de mizade,*omrcio e ave!ação e para a Entre!a de *riminosos e /esertores.

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    Em +uenos ires foi !rande a repercussão desse acontecimento. op. cit. pa!. 241@ ainda mais veementeQRabsolutamente incoerente era a posição do +rasilS, afirmava ele.

     ão parece que tenham razão. Essa assistiria a 7io +ranco ao se referir a uma posição constante do +rasil. Aanto na época do 0mpério como no da Repú$lica4

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    sempre condicionamos a &m acordo entre os ri$eirinhos a li#re na#e"aç1o nostrechos s&cessi#os de &m rio internacional. ossos interesses eram realmente opostosem uma e outra +aciaO nossa posição Gur5dica, a mesma. o sul, na verdade, desde a*onvenção $reliminar de $az de 1?2?, o assunto foi enfocado contratualmente. /esdeentão foi preocupação constante do 9abinete de ;. *ristóvão consa!rar esse princ5pio

    em todos os documentos celebrados com seus vizinhos platinos, que pudessem incluir otema da nave!ação fluvial.

    Em relação ao mazonas, a questão foi distinta, pois só no sculo J-J começou oassunto a despertar interesse. /el!ado de *arvalho >op. cit. pa!s. 132:133@ assim tratadesse temaQ

    R/esde os primórdios da independ6ncia, tinha o rio mazonas chamado a atençãodo mundo e#terior, despertada, em parte, pelo interesse cient5fico de seu conhecimento!eo!ráfico, de suas riquezas e possibilidades. +arão de (auá@ o privil!io e#clusivo da nave!ação do mazonas, durante 4 anos.*oube principalmente a ;oares de ;ousa diri!ir a pol5tica brasileira em relação C

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    questão da liberdade do mazonas, continuada, em 1?8 por &impo de breu e$aranhos.

     aquela poca, reunia:se, nos Estados nidos, a *onvenção de (emphis,destinada a discutir os problemas sulistas do pa5s. (aurP não hesitou em levar a questãoda nave!ação do mazonas C referida convenção. /epois de várias e#ploraç"esamericanas na mazDnia peruana, arrefeceu o entusiasmo e diante dos obstáculos danatureza, os R2outh America 3old 2ee4ersS tiveram profundas desilus"es. questão

     pDde então ser discutida mais serenamente com o ministro americano Arousdale, ao qualo !overno do 7io de Kaneiro, recusando abertura imediata do mazonas, fez, entretanto,

     promessas para o futuro. partir de 1?83, evolui a questão e o +rasil trata de conciliar asua pol5tica amazDnica com os precedentes de sua pol5tica platina, que parecia maiscontraditória do que o era em realidade.

    Em relação C nave!ação do rio mazonas, a pol5tica imperial, sem contradizer9rotius, Battel nem $uffendorf, fundava o uso e#clusivo dos rios, em seus respectivosterritórios, sobre a soberania dos Estados e não se recusava em concluir acordos com os

    estados mar!inais. 7eceava, entretanto, facilitar a entrada e o estabelecimento deelementos estran!eiros numa vasta re!ião ainda despovoada quase. 7eceava ambiç"esamericanas, pretens"es da 9rã:+retanha e da

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    $osteriormente, reuniram:se em (ontevidu, em abril de 1?21, o *abildo e osdeputados das diversas povoaç"es decidindo:se então a incorporação da +anda %rientalao +rasil. Em 1 de Gulho, subscreveu:se entre o presidente e demais deputados daqueleEstado e o +arão da &a!una, em nome e representação de ;ua (aGestade

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     preliminar que %ribe pudesse ocupar, com suas tropas, Ra re!ião compreendida entre o-bicui:!uaçu e o -bicui:mirimS, com o que não podia concordar o 9overno -mperial.

    $aralelamente a esses entendimentos, representantes orientais no 7io de Kaneiro propunham acordos ao 9abinete de ;ão *ristóvão.

    Em a!osto de 1?0 che!ava ao 7io o Encarre!ado de e!ócios, *arlos 4.Billademoros, incumbido de ne!ociar e assinar um acordo que deveria ter comoobGetivo pDr cobro Cs atividades dos emi!rados nas re!i"es fronteiriças dos dois pa5ses.% então (inistro dos Estran!eiros, (ontezuma, aceitou a su!estão que lhe fora feitacoincidindo, aliás, com a que encaminhara a nosso representante em (ontevidu.Billademoros voltou a diri!ir:se ao ministro, propondo, desta vez, que os dois !overnos

     pensassem em um tratado que solucionasse todos os problemas que enfrentavam.*omentava, porm, que dada a atitude cada vez mais ameaçadora de 7ivera, o !overnode %ribe não poderia esperar os resultados de lon!as ne!ociaç"es necessitando, nomomento, Rcolocar suas

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    % Aratado de 12 de outubro reconhecia a soberania brasileira sobre a -lha+rasileira e demais ilhas na barra do 7io =uaraim no 7io $araná. % plenipotenciáriouru!uaio considerou oportuno solicitar ao !overno brasileiro !arantias a respeito danave!ação daquele rio, recebendo:as em 1 de dezembro do mesmo ano de 1?81.

    tendendo C solicitação uru!uaia, o +rasil concordou em celebrar, em 18 de maiode 1?82, um tratado que modificou o anterior tanto no que diz respeito C linha divisóriado *hu5, quanto C cessão que lhe fora feita nas mar!ens do Aa!uari e do *ebolatti.

    Em 14, finalmente, o !overno brasileiro, sob a inspiração de 7io +ranco, tomoua iniciativa de dividir com o ru!uai a &a!oa (irim e o 7io Ka!uarão, at então sobe#clusiva soberania do +rasil.

    1.*.2. O Hlio Bianna, op. cit. pa!s. 10? e 10@.

    1.*.). O arti!o B e B-@ e o de ;anto -ldefonso, de 1000>arti!os B--- e -J@ procuraram estabelecer a linha de limites entre o +rasil e o territórioda atual 7epública do $ara!uai.

    % arti!o J das -nstruç"es destinadas aos comissários demarcadores, que deveriamaplicar o Aratado de (adri, criou a primeira dúvida a respeito da fi#ação dessa fronteiraao deseGar esclarecer a refer6ncia feita naquele instrumento ao 7io -!ureiQ Rhá de servirde fronteira o primeiro rio caudaloso que desá!ua no $araná da banda do poente, acimado ;alto 9rande do mesmo $aranáS. %ra, o 7io -!urei desá!ua não acima, mas abai#odas ;ete =uedas.

    % Aratado de 1000 corri!e esse equ5voco, não indicando se o -!urei tem sua foz

    acima ou abai#o do ;alto 9rande. 7efere:se, porm, de maneira imprecisa, ao 7io*orrientes >Rtalvez será o que chamam *orrientesS@.

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    %s demarcadores não conse!uiram resolver as diver!6ncias suscitadas por essasdúvidas, ficando o assunto sem solução e assim permanecendo ainda na poca daindepend6ncia quer do $ara!uai quer do +rasil.

    *edo verificou o 9overno -mperial a importFncia dos limites com o $ara!uai,intimamente li!ados ao acesso fluvial a (ato 9rosso.