apostila de criminologia - direito

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1. O CRIME A definição do crime é tarefa difícil, até hoje não conseguida de maneira satisfatória. Francisco Carrara definiu o crime como: A infração da lei do Estado, ditada para garantir a segurança dos cidadãos, por atos de livre vontade, positivos ou negativos, moralmente imputáveis e socialmente prejudiciais. A crítica que pode ser feita a esta definição é que tal mostra-se extremamente formal e de caráter exclusivamente jurídico. Entretanto, o advento das idéias lombrosianas e as concepções genéticas do desenvolvimento antissocial, abrangendo o sentido natural e não apenas formal do delito, obrigaram uma revisão no pensamento de Francisco Carrara. Garófalo definiu o crime como sendo um fenômeno biológico e social. Garófalo percebeu certos sentimentos que quando violados, a violação procedente seria considerada crime, tais sentimentos seria a piedade e a probidade. Assim, Garófalo definiu o crime como sendo: a ofensa aos sentimentos altruísticos fundamentais de piedade e probidade, na medida em que os possua um determinado grupo social. Até mesmo a física, nas pessoas de Onanoff e Blocq ocuparam- se com a definição de crime: todo ato humano que diminui a potencialidade das forças da vida terrestre. Observa-se, portanto, que a definição de crime atraiu as mais variadas vias do pensamento humano, sendo influenciada por princípios científicos, opiniões políticas e princípios filosóficos. Exemplo da influência de princípios políticos na definição do crime: todo e qualquer ato que ofende a liberdade individual (Hamon). 1

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Page 1: Apostila de Criminologia - Direito

1. O CRIME

A definição do crime é tarefa difícil, até hoje não conseguida de maneira satisfatória.

Francisco Carrara definiu o crime como: A infração da lei do Estado, ditada para garantir a segurança dos cidadãos, por atos de livre vontade, positivos ou negativos, moralmente imputáveis e socialmente prejudiciais.

A crítica que pode ser feita a esta definição é que tal mostra-se extremamente formal e de caráter exclusivamente jurídico.

Entretanto, o advento das idéias lombrosianas e as concepções genéticas do desenvolvimento antissocial, abrangendo o sentido natural e não apenas formal do delito, obrigaram uma revisão no pensamento de Francisco Carrara.

Garófalo definiu o crime como sendo um fenômeno biológico e social. Garófalo percebeu certos sentimentos que quando violados, a violação procedente seria considerada crime, tais sentimentos seria a piedade e a probidade.

Assim, Garófalo definiu o crime como sendo: a ofensa aos sentimentos altruísticos fundamentais de piedade e probidade, na medida em que os possua um determinado grupo social.

Até mesmo a física, nas pessoas de Onanoff e Blocq ocuparam-se com a definição de crime: todo ato humano que diminui a potencialidade das forças da vida terrestre.

Observa-se, portanto, que a definição de crime atraiu as mais variadas vias do pensamento humano, sendo influenciada por princípios científicos, opiniões políticas e princípios filosóficos.

Exemplo da influência de princípios políticos na definição do crime: todo e qualquer ato que ofende a liberdade individual (Hamon).

Durkheim considerou o delito como um fenômeno social normal, para ele, o delito era normal considerado socialmente.

Na obra A divisão do trabalho social, Durkheim dizia que o crime seria toda a ofensa aos sentimentos profundamente arraigados e claramente definidos da consciência social.

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Durkheim influenciou tanto o pensamento criminológico que Ferri chegava a se perguntar se o delito seria um fenômeno normal ou anormal.

Síntese da definição de crime: todo ato humano praticado com voluntariedade e com responsabilidade, sob a influência de fatores endo e exógenos, e contrário ao mínimo de moral de um povo, ou que ofenda os sentimentos profundamente arraigados definidos da consciência social (Durkheim) no âmago dos quais está a piedade e a probidade (Garófalo).

Para o Código Penal, crime é todo ato (obviamente humano) consumado ou tentado, em que o agente quis o resultado, ou assumiu o risco de produzi-lo ou lhe deu causa por imprudência, negligência ou imperícia.

Diferença entre crime, delito e contravenção: para nossa doutrina e jurisprudência não há diferença entre crime e delito, entretanto, a contravenção é diferente, crime é um mal em si mesmo e a contravenção é algo que pode vir a se tornar um mal se houver estímulo suficiente.

A criminologia, segundo Sellin, para assumir a dignidade de ciência terá que ser autônoma. O criminólogo deve ter a liberdade de edificar os seus próprios conceitos, adequados à natureza do seu material e construídos segundo as propriedades universais deste específico material.

Para ser ciência, a Criminologia deverá propor-se a explicar o crime, isto é, definir como um dos seus aspectos mais importantes a investigação das causas do crime.

Segundo Sutherland, a característica essencial do crime é ser um comportamento proibido pelo Estado como um dano ao Estado, e contra o qual o Estado reage ou pode reagir, pelo menos em última instância, com uma pena.

Sutherland exigiu como elemento necessário à definição do crime, a proibição e o sancionamento legal do comportamento.

A definição radical de crime rejeita a idéia de Sellin de construir a criminologia sobre universais sociológicos, concebidos como categorias intemporais – como se fosse possível estudar o crime como fenômeno desenraizado da realidade histórica social e política que o produz.

A definição radical de crime rejeita as definições que apelam para os sentimentos comuns, as expectativas comuns, os sentimentos ou

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estados fortes da consciência moral. Porque todas elas obedecerão a uma aceitação da realidade social vigente como a única pensável.

Segundo a criminologia radical crime só pode ser definido a partir da referência aos direitos humanos: crime será toda a violação individual ou coletiva dos direitos humanos.

A criminologia tenta destacar crimes como o racismo, a desigualdade entre os sexos e todas as formas de discriminação e exploração.

Surgem, portanto, crimes como o belicisimo, imperialismo e violência contra os povos oprimidos.

Um conceito criminológico de crime

Todo o conceito criminológico de crime assenta necessariamente numa dupla referência: uma referência jurídica e uma referência sociológica.

Segundo Vold, o crime implica sempre em duas coisas: um comportamento humano, e o julgamento ou a definição desse comportamento por parte dos outros homens que o consideram como próprio e permitido, ou impróprio e proibido.

2. O CRIMINOSO

Criminoso só será dentro de um critério pautado pelas leis, o que incida nos dispositivos do Código Penal. Não será, a rigor, criminoso, o que ofenda os dispositivos da Lei de Contravenções Penais ou o adolescente infrator.

Porém, criminosos não serão apenas os que ofendam os dispositivos do Código Penal. Criminosos são homens que ferem o plano ético em que se apóia a estrutura do agregado social em que eles vivem. Tanto assim é que não se torna necessário o conhecimento da lei penal para que um ser humano assuma o caráter de criminoso, ou seja, o desconhecimento das determinações do Código Penal não escusa ninguém da possibilidade de vir a responder pelas ofensas que acaso cometa, dentro das exigências cabíveis em justiça.

Não basta que o ser humano contrarie um dispositivo do Código Penal para que seja havido logo como criminoso. Posto que pelos próprios dispositivos desse Código é necessário que com a ação antissocial coexistam o querer o resultado ou assumir o risco de produzi-lo: nesse querer e nesse assumir, entram a inteligência e a vontade que, quando ausentes, ou diminuídas, excluem ou atenuam a responsabilidade.

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Não são criminosos os que não possuem integridade mental, por doença ou desenvolvimento incompleto ou retardado.

O criminoso verdadeiro deverá possuir as qualidades de inteligência e exercício da vontade; o ato por ele praticado viria apenas a revelá-lo.

Lombroso criou a teoria do criminoso nato, as descrições dos criminosos natos são as de uns pobres homens, com a desventura de serem feios ou antipáticos, que poderão ou não praticar ações anti-sociais como qualquer outro. Grandes criminosos, dos maiores, dos mais frios, dos mais contumazes tiveram faces delicadas.

O maior erro da teoria lombrosiana foi o de estabelecer a idéia de se subdividir a espécie humana em duas raças: uma, a dos homens respeitadores das normas sociais; outra, raça inferior, a dos criminosos.

Ferri, seguidor de Lombroso, definia o problema da gênese criminal com uma origem dupla – biológica e criminal.

Segundo a visão da psicanálise, o criminoso normal caracteriza-se pela ausência de conflito entre o Id e o Super-ego, uma vez que este assume também um conteúdo criminoso.

Criminoso normal é aquele em que se verifica uma identificação da personalidade total com o crime. A sua estrutura psicológica correponde à do cidadão normal que respeita as leis, mas a ele possui padrões ou modos de vidas desviantes.

O seu aparecimento deve-se a perturbações nos processos de identificação e formação da consciência durante a primeira infância.

O delinqüente por sentimento de culpa é um delinqüente neurótico, que é compelido à prática do crime pela necessidade de ser punido, como forma de expiação dum sentimento de culpa.

A procura da libertação pela via do crime pode também dar origem a formas inconscientes de autodenúncia, e mesmo de confissão. A Necessidade de Confessar faz com que o criminoso deixe inexplicavelmente certos vestígios, além de uma tendência irresistível de voltar ao local da prática do crime, dentre outros.

3. CRIMINOGENIA

Quando se fala em criminogenia admite-se a existência de fatores da criminalidade. Implica também em contraria o princípio do livre arbítrio como essência, origem e razão da conduta humana.

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Hoje admite-se que o crime tem uma dupla origem, sendo a resultante da ação de forças que provêm do próprio indivíduo ou que dimanam do ambiente físico ou social em ele vive.

Atualmente, portanto, admite-se que na gênese do ato antissocial possam influir causas provenientes do meio em que se desenvolveu o delinqüente, e causas próprias do delinqüente, originadas da sua própria maneira de ser individual.

Ao se formularem essas hipóteses criminogenéticas, dois grupos pretendem dar maior importância quantitativa e qualitativa aos fatores individuais ou aos fatores sociais, a primeira representada pela Escola de antropologia criminal, prevalentemente italiana e a Escola da sociologia criminal, preferida pelos franceses.

A personalidade humana se caracteriza pela possibilidade de usar o arbítrio, a determinação da vontade que a sua própria natureza, de ser racional, apresenta como ápice das suas qualidades imanentes; sobre esse arbítrio podem influir fatores criminogenéticos (fatores que favoreçam essa personalidade a agir de maneira antissocial), da soma das influências provenientes desses dois grupos de fatores, resultará uma influência maior ou menor sobre o arbítrio humano; esta soma não será sempre resultante de parcelas iguais, senão que poderão ser desiguais.

O arbítrio não é totalmente livre, é influenciado por fatores provenientes da própria natureza do portador desse arbítrio, ou dos fatores provenientes do meio cósmico e social.

O fator biológico refere-se à constituição individual do agente, repousando sobre o genótipo com que nasceu determinado indivíduo.

O outro fator compreende o meio físico e o meio social.

Quando se fala em criminogenia admite-se a existência de fatores da criminalidade. Implica também em contraria o princípio do livre arbítrio como essência, origem e razão da conduta humana.

Hoje admite-se que o crime tem uma dupla origem, sendo a resultante da ação de forças que provêm do próprio indivíduo ou que dimanam do ambiente físico ou social em ele vive.

Atualmente, portanto, admite-se que na gênese do ato antissocial possam influir causas provenientes do meio em que se

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desenvolveu o delinqüente, e causas próprias do delinqüente, originadas da sua própria maneira de ser individual.

Ao se formularem essas hipóteses criminogenéticas, dois grupos pretendem dar maior importância quantitativa e qualitativa aos fatores individuais ou aos fatores sociais, a primeira representada pela Escola de antropologia criminal, prevalentemente italiana e a Escola da sociologia criminal, preferida pelos franceses.

A personalidade humana se caracteriza pela possibilidade de usar o arbítrio, a determinação da vontade que a sua própria natureza, de ser racional, apresenta como ápice das suas qualidades imanentes; sobre esse arbítrio podem influir fatores criminogenéticos (fatores que favoreçam essa personalidade a agir de maneira antissocial), da soma das influências provenientes desses dois grupos de fatores, resultará uma influência maior ou menor sobre o arbítrio humano; esta soma não será sempre resultante de parcelas iguais, senão que poderão ser desiguais.

O arbítrio não é totalmente livre, é influenciado por fatores provenientes da própria natureza do portador desse arbítrio, ou dos fatores provenientes do meio cósmico e social.

O fator biológico refere-se à constituição individual do agente, repousando sobre o genótipo com que nasceu determinado indivíduo.

O outro fator compreende o meio físico e o meio social.

FATORES CRIMINÓGENOS

A preocupação com a relação de causa e efeito existe desde a Antigüidade. Segundo Aristóteles, a ciência tinha por objeto os princípios e as causas.

É mister salientar que as causas da criminalidade não têm valor absoluto, estando em função de diversas circunstâncias e variáveis.

Exemplo: a miséria ou a extrema pobreza não induzem, necessariamente, aos desvios da conduta.

A teoria da defesa social

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A concepção da teoria da defesa social possui três aspectos:

a) preocupação em propiciar um castigo ao delinqüente e também uma eficaz proteção à sociedade;

b) desejo de provocar uma melhoria na conduta do delinqüente, e, se possível, uma reeducação;

c) a aplicação de um tratamento verdadeiramente humano.

As idéias advindas da filosofia grega, mormente as de Platão, foram preponderantes na concepção da defesa social.

Platão foi o primeiro pensador a distinguir o delinqüente

recuperável do irrecuperável, devendo estes se estabelecerem num estabelecimento “situado em lugar selvagem e deserto”, já os delinqüentes recuperáveis deveriam se estabelecer em um local onde haveria o arrependimento sincero.

Platão partia do princípio que “todo aquele que pratica um mal não o faz por sua livre e espontânea vontade”.

A presente concepção de defesa social se opõe à idéia de aplicar unicamente a retribuição ao crime.

Segundo Ferri, a função do juiz criminal acabaria por ser substituída pela atuação de médicos, peritos e psicólogos.

Estimulantes e inibidores do crime

Ferri discorreu sobre os chamados estimulantes do crime: miséria, fome, desemprego, injustiça social, dentre outros).

A estes estimulantes do crime deveriam ser aplicados os inibidores do crime.

Inibidores do crime medidas visando a justiça social, eliminação de privilégios, combate ao elitismo, à publicidade nociva, jogo, ociosidade, publicações obscenas, alcoolismo, tráfico de armas, drogas etc).

A elaboração de tais estratégias caberiam à Criminologia e seriam aplicadas pela Política Criminal.

Pitágoras preconizava: Eduquem-se as crianças e não será necessário castigar os homens.

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Platão entendia que a educação começava antes do nascimento, através dos casamentos eugênicos, cuja função seria cabível ao Estado.

Em toda a história da humanidade houve o predomínio de interesses econômicos, ideológicos, políticos, culturais, morais das classes dominantes de forma contrária aos interesses das classes dominadas e exploradas. Este controle é denominado de Controle Social.

O controle social é exercido pelos sistemas normativos, como a religião, a ética, os costumes e as normas jurídicas; na definição da criminalidade.

O controle sempre teve um caráter classista, opressivo.

Há um movimento no sentido da proposição de uma Criminologia da Libertação, cujo objetivo é criticar e revisar os critérios de criminalização, descriminalização, despenalização.

Causas da criminalidade

Ferri foi o primeiro a classificar as causas do delitos em três categorias:

a) biológicas (herança, constituição orgânica e aspectos psicológicos);

b) físicas (relacionadas ao meio ambiente, clima, umidade);c) sociais (relacionadas ao meio social, desigualdades, injustiças,

jogo de azar, prostituição).

Posteriormente houve o agrupamento das causas em duas categorias:

a) Endógenas (causas biológicas);b) Exógenas (causas físicas e sociais).

Ferri afirmou que se se conhecesse todas essas causas seria possível estabelecer o número exato de delitos a serem cometidos numa sociedade, sendo possível a previsão antecipada da taxa de criminalidade.

Há uma grande discussão sobre quais as causas são mais preponderantes: as endógenas ou as exógenas?

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Lombroso, Ferri e Garófalo eram partidários da preponderância das causas endógenas.

Gabriel Tarde, Max Nordau, Auber e Vaccaro enfatizaram as causas exógenas, ou seja, o meio ambiente e o meio social.

Ainda não se chegou a um consenso sobre a preponderância de umas ou de outras dessas causas.

Existem variáveis, ou seja, circunstâncias que assumem diferentes aspectos e modificam tendências ou predisposições, em relação ao indivíduo e ao meio físico e social em que vivem.

O ambiente das favelas é, normalmente, nocivo à educação da criança e prejudicial ao comportamento do adulto, devido às circunstâncias dominantes, de pobreza, carências, desassistência, desalento, angústias, miséria, fome e promiscuidade.

Entretanto, isto não significa que nas favelas não existam pessoas dignas, honestas, merecedoras de respeito.

A religião, a escola, o local de trabalho, as tradições familiares influem sobre determinadas pessoas, adultos ou crianças, tais pessoas assumem um comportamento social normal, sendo trabalhadores, apesar de humildes, sem praticar atos criminosos.

Porém, pode acontecer o contrário, apesar de todas as condições favoráveis ao indivíduo, o cidadão apresente desvios de conduta.

Concausas da criminalidade

Concausas da criminalidade são aquelas que concorrem com outras, simultaneamente, possuindo igual ou inferior intensidade, para as práticas delituosas.

Podem ocorrer, simultaneamente, causas de natureza social, econômica, familiar, psicológica, genética.

No caso da delinqüência juvenil concorrem várias causas, a saber: erotização e precocidade sexual, estimulada pelos meios de comunicação, a desintegração familiar, a carência de creches, jardins maternais e escolas, desemprego, dificuldades econômicas, miséria, etc.

Fatores criminógenos. Variáveis

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Fator aquilo que torna viável o efeito, sendo o liame entre a causa imediata ou mediata do evento ou fenômeno.

Causa da criminalidade (segundo a definição da Organização as Nações Unidas) condição necessária sem a qual um certo comportamento não se teria manifestado.

Fator criminógeno é tudo aquilo que favorece à prática de condutas anti-sociais (Luiz Rodrigues Manzanera).

Jean Pinatel fator criminógeno é todo elemento objetivo que intervém na produção do fenômeno criminoso.

O fator criminógeno não desempenha um papel igual e uniforme, em relação a todos os indivíduos e em todas as sociedades. Determinadas situações podem constituir um fator criminógeno para certa sociedade e para outra ser inócua.

Patologia social

Patologia social estudo das desorganizações ou desarmonias internas da sociedade.

Socioses distúrbios psíquicos ou orgânicos decorrentes de transformações bruscas das estruturas sociais e culturais, a saber:

a) aumento do infarto do miocárdio e do alcoolismo femininos;b) agravação do alcoolismo;c) transformações dos delírios esquizofrênicos, de tipo místico-

religioso em delírios hipocondríacos;d) aumento da toxicomania.

Há relação entre o progresso tecnológico e o desenvolvimento da agressividade humana.

A evolução capitalista intensificou a exploração do trabalho, aumentando as contradições sociais e a luta de classes, aumentando as desigualdades e injustiças sociais, a miséria, a fome, contrastando com o luxo e a ostentação da elite.

A violência no meio urbano e no rural.

As alterações desordenadas no meio rural, a susbstituição das culturas agrícolas, provocam o êxodo rural, no meio urbano surgem outros problemas, como a dificuldade em dispor do solo,

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para construção da moradia, falta de ocupação, falta de escolaridade, falta de assistência médica e de condições mínimas de higiene e alimentação.

A favelização

A criação de favelas em áreas impróprias criam limites de insalubridade inimagináveis, principalmente por causa das condições de higiene e localização.

A construção de conjuntos habitacionais, destinados à população carente agrave o problema da superpopulação urbana.

Grande parte da população desses conjuntos habitacionais são compostos por jovens que não possuem trabalho, nem qualificação profissional e renda própria.

A ociosidade, aliada aos problemas supramencionados causam aumento de práticas delituosas, ramificações do narcotráfico, do tráfico de armas, prostituição etc.

O automóvel e a criminalidade

Em relação ao trânsito existem vários problemas, principalmente em relação à insegurança e à impunidade.

A maioria dos veículos que circulam pelo Brasil não possuem o mínimo de requisitos necessários para a segurança devida.

Somos recordistas mundiais em acidentes de trânsito.

As facilidades para a aprovação dos novos motoristas causam tais conseqüências.

Grande parte dos acidentes de trânsito são causados em virtude de motoristas alcoolizados.

Os países mais desenvolvidos possuem leis severas no que concerne aos motoristas alcoolizados.

A ingestão excessiva de álcool traz como conseqüências: distúrbios visuais, sonolência, reflexos retardados, dentre outras.

O consumismo

O consumismo representa um fator criminógeno, na sociedade capitalista.

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Os estímulos publicitários têm por intuito o lucro individual, independentemente dos meios empregados e das conseqüências que daí possam advir.

Existe a sensação de progresso no sentido dos consumo dos bens produzidos e oferecidos, através dos meios de comunicação social.

Até o abundante oferecimento nos supermercados gera ânsia de adquirir o desnecessário. Quando não é possível realizar esse desejo, então há o estímulo para a prática de furtos.

A atual síndrome de violência, principalmente no que concerne à criminalidade patrimonial, advém da publicidade em torno do consumismo, que transborda pelos meios de comunicação.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS

A classificação dos criminosos é o ápice de toda a análise criminológica, tendente a ordenar, dentro de fórmulas simples, compreensíveis e gerais, aquelas pessoas que, mesmo na complexidade de seu feitio de indivíduos, venham a oferecer características globais que se aproximem coordenamente de outros seres semelhantes.

Em 1938, no Congresso Internacional de Criminologia, reunido em Roma, concluiu-se que uma classificação dos delinqüentes, para ser precisa e completa, necessitaria de preencher os seguintes itens:

a) ser genética, causal e não descritiva;b) ter como método de estudo a personalidade do delinqüente;c) ser fundada sobre postulados científicos;d) proporcionar critérios orientadores sobre a periculosidade e a

emendabilidade.

Alguns críticos entendem ser tarefa impossível uma classificação dos criminosos. Dizem isto, justificando que tratam-se de indivíduos.

Manassero classificou os criminosos em:

1) Mesocriminoso (puro);2) Mesocriminoso preponderante;3) Mesobiocriminoso;4) Biocriminoso preponderante;5) Biocriminoso (puro).

Alguns autores se referem a pseudocriminosos, pessoas que agiram

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antissocialmente, mas que não podem ser criminosos porque na gênese de seu delito, entrou em ação tão somente o ambiente em que viveu essa pessoa ou os desvios patológicos a que esteve ela submetida; em ambos os casos, fica fora de sua responsabilidade a referida ação praticada.

Gall, em 1825, propôs uma classificação em dois grupos: os criminosos por paixão e os criminosos por instintos inatos.

Lombroso aumentou o número para quatro: natos, loucos, por paixão, de ocasão.

Ferri passou o número para cinco, acrescentando o grupo de criminosos que ele chama de hábito.

Colajanni acrescentou os criminosos políticos.

Para que a classificação dos criminosos preencha realmente as suas funções, deve ela fornecer dados que nos permitam prever o comportamento futuro dos delinqüentes, isto é, que nos concedam alguns dados em relação à reincidência.

Como já foi dito anteriormente, o exame criminológico do delinqüente deveria ser prévio ao julgamento, pela mesma razão, a classificação dos criminosos já deveria estar realizada antes que o Réu fosse julgado. Assim, esta classificação poderia indicar, no caso de condenação, uma orientação penal adequado ao tipo de homem que esteve em jogo na ação antissocial produzida, ou seja, orienta a terapêutica penitenciária no sentido mais útil para a recuperação social do agente criminoso.

Biocriminoso (puro)(pseudo-criminoso)

Tratamento médico psiquiátrico, temporário ou definitivo em reeferência ao critério clínico, em Manicômio Judiciário.

Biocriminoso preponderante(de correção difícil)

Tratamento em Colônias Disciplinares, em Casas de Custódia ou em Institutos de Trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, com assistência médico-psiquiátrica e com eventual internação em Hospital Psiquiátrico, e segregação temporária ou definitiva.

Mesobiocriminoso(correção possível)

Tratamento no regime penal de Reformatório, progressivo e atendimento médico e pedagógico

Mesocriminoso preponderante

Tratamento em colônias, com regime de trabalho adequado e com especial

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(correção esperada) assistência sócio-pedagógica.Mesocriminoso (puro)(pseudo-criminoso)

Tratamento essencialmente pedagógico e de sintonização social.

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