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Curso Preparatório ao Concurso MAPA Sistemas de Manejo de Riscos: Sistema Approach Prof. Adriano Munhoz Pereira

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Curso  Preparatório ao Concurso MAPA            

Sistemas  de  Manejo de  Riscos:  Sistema Approach    

Prof. Adriano Munhoz Pereira           

   

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SISTEMAS DE MANEJO DE RISCOS – SISTEMA APPROACH __________________________________________________________________

 

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SISTEMAS DE

MANEJO DE RISCOS

SISTEMA APPROACH  

 Prof. Adriano Munhoz Pereira

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SISTEMAS DE MANEJO DE RISCOS – SISTEMA APPROACH __________________________________________________________________

 

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 SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4

2 TRATAMENTOS QUARENTENÁRIOS .............................................. 5

3 SYSTEMS APPROACH....................................................................... 10

3.1 ORIGEM E DEFINIÇÃO.................................................................... 10

3.2 APLICAÇÃO DE MEDIDAS INTEGRADAS EM UM ENFOQUE DE

SISTEMAS PARA O MANEJO DO RISCO DE PRAGAS – NIMF Nº 14

(2002).......................................................................................................

11

3.2.1 Objetivo do enfoque de sistemas................................................... 11

3.2.2 Características do enfoque de sistemas......................................... 12

3.2.3 Relação com a arp e opções do manejo de risco disponíveis........ 15

3.2.4 Medidas independentes e medidas dependentes.......................... 18

3.2.5 Circunstâncias para o uso do enfoque de sistemas ...................... 19

3.3 O SYSTEMS APPROACH NO BRASIL ……………………………… 21

3.4 PERSEPECTIVAS PARA O USO DO SYSTEMS APPROACH ....... 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 23

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1 INTRODUÇÃO

Com intenso desenvolvimento dos sistemas de transporte e comunicações nas

últimas duas décadas, a abertura comercial de diversos países – inclusive no

Brasil -, e a criação da Organização Mundial do Comércio – OMC, na última

década tem se observado um aumento considerável no intercâmbio de produtos

entre diferentes países, incluindo os produtos agrícolas. Como exemplo, a

exportação brasileira de frutas como a banana, uva e maçã (Tabela 1).

TABELA 1– EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE BANANA, UVA E MAÇÃ EM

1995 E 2005.

ESPÉCIE

QUANTIDADE (Toneladas.)

ANO 1995 2005

Banana 29.957 212.176 Uva 4.516 51.213

Maçã 3.309 99.332 Fonte: MDIC

O aumento da quantidade e diversidade de produtos importados e de países

envolvidos no comércio internacional eleva a possibilidade de entrada de pragas

até então não presentes nos países. Muitas dessas pragas, devido ao potencial

impacto econômico, são classificadas como quarentenárias e demandam ações

governamentais para minimizar o risco de introdução.

O Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias – SPS ou MSF-, prevê a

adoção de medidas fitossanitárias pelos países para proteção da vida e saúde

vegetal. Entretanto, tais medidas não devem ser arbitrárias e devem ser

fundamentadas cientificamente. O acordo SPS, reconhece a Convenção

Internacional para Proteção dos Vegetais (CIPV) como a organização responsável

pela elaboração das Normas Internacionais para Medidas Fitossanitárias –

NIMFs.

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5  

As medidas fitossanitárias envolvem a adoção de normas, regulamentos e

procedimentos oficiais com o objetivo prevenir a introdução e/ou a dispersão de

pragas quarentenárias ou limitar a repercussão de pragas não quarentenárias

regulamentadas. Entre o procedimentos oficiais incluem-se inspeções, análises,

vigilância e tratamentos.

Em muitos casos, ao invés de se adotar um procedimento único para manejar o

risco de pragas, pode-se utilizar uma combinação de medidas, que terão com

resultado o alcance do nível de proteção adequado, definido pela parte

importadora. A combinação de medidas caracteriza-se por ser menos restritiva ao

comércio podendo ser uma alternativa a ser adotada, inclusive, em casos em que

há a proibição da importação.

2 TRATAMENTOS QUARENTENÁRIOS

De acordo com a definição contida na NIMF nº 5 tratamento é:

“Um procedimento oficial para matar, inativar ou eliminar pragas, ou para

esterilizá-las ou desvitalizá-las.”

Os tratamentos fitossanitários podem ser utilizados antes da exportação ou após

a importação dos produtos, atendendo aos requisitos definidos entre os países.

Na importação, os tratamentos podem ser exigidos devido à constatação de

pragas na partida importada. Historicamente os tratamentos quarentenários mais

utilizados para garantir que um produto esteja livre de pragas são tratamentos

com uso do calor, frio e fumigantes.

No Brasil, os tratamentos fitossanitários com fins quarentenários devem ser

realizados por empresas autorizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento - MAPA. Atualmente, a Instrução Normativa nº 66, de 2006,

estabelece o regulamento para credenciamento de Empresas para realização de

tratamentos fitossanitários com fins quarentenários, no trânsito internacional de

vegetais, seus produtos, subprodutos e embalagens de madeira.

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Os tipos de tratamentos fitossanitários com fins quarentenários realizados no

trânsito internacional são:

I - Fumigação em Câmara a Vácuo (FCV) II - Fumigação em Contêineres (FEC)

III - Fumigação em Silos Herméticos - Silos Pulmão Fosfina (FSH)

IV - Fumigação em Silos Herméticos - Silos Pulmão BrMe (FSH)

V - Fumigação em Porões de Navios Fosfina (FPN)

VI - Fumigação em Porões de Navios BrMe (FPN)

VII - Fumigação em Câmaras de Lona Fosfina (FCL)

VIII - Fumigação em Câmaras de Lona BrMe (FCL)

IX - Tratamento Térmico (HT)

X - Secagem em Estufa (KD)

XI - Tratamento Hidrotérmico (THT)

XII - Tratamento por Ar Quente Forcado (AQF)

XIII - Incineração (INC)

Durante a fiscalização da exportação ou importação, aspectos relacionados à

exigência ou necessidade de tratamentos são verificados pelos Fiscais Federais

Agropecuários do MAPA. Os procedimentos a serem adotados estão

estabelecidos no Manual de Procedimentos Operacionais da Vigilância

Agropecuária Internacional, anexo à Instrução Normativa MAPA nº 36 de 2006.

A necessidade de realização de tratamentos fitossanitários está contemplada nas

legislações específicas de cada produto importado de determinada origem. Como

exemplo, podem ser citados os tratamentos quarentenários aprovados no âmbito

do Mercosul, previstos na Instrução Normativa MAPA nº 124 de 1997. Da mesma

forma, para outros países, o MAPA tem estabelecido os requisitos fitossanitários

para importação de produtos ao Brasil, dos quais os tratamentos fitossanitários

normalmente fazem parte. Como exemplo, pode-se citar a Instrução Normativa nº

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4 de 2009, por meio da qual são aprovados os requisitos fitossanitários para a

importação de grãos de trigo produzidos na Rússia (Figuras 1 e 2). Requisitos de

importação para outros produtos estão disponibilizados no Sistema de Legislação

Agrícola Federal – SISLEGIS, em http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis‐

consulta/consultarLegislacao.do.

FIGURA 1 – ACESSO À LEGISLAÇÃO FEDERAL REFERENTE AOS REQUISITOS DE

IMPORTAÇÃO AO BRASIL

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FIGURA 2 – EXEMPLO DE TRATAMENTOS FITOSSANITÁRIOS COMO PARTE DOS

REQUISITOS PARA IMPORTAÇÃO DE TRIGO PRODUZIDO NA RÚSSIA

Além dos tipos de tratamentos anteriormente mencionados, outros tratamentos

demonstrados eficientes na eliminação de pragas podem ser utilizados, tal como,

por exemplo, o deslintamento químico, realizado em sementes de algodão. O uso

da radiação ionizante também é um método de tratamento quarentenário utilizado

por alguns países. Em 2007, foi disponibilizada para consulta pública, por meio da

Portaria MAPA nº 4, o projeto de Instrução Normativa que trata da adoção das

diretrizes e das recomendações da Norma Internacional de Medidas

Fitossanitárias - NIMF nº 18, para disciplinar o uso da radiação ionizante como

tratamento Fitossanitário com fins quarentenários no Brasil. Para algumas

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espécies de moscas-das-frutas já existem tratamentos com irradiação aprovados

pela CIPF - NIMF nº 28/2009, Tratamento Fitossanitários para Pragas

Regulamentadas.

Dois dos principais problemas relacionados com os tratamentos quarentenários

pós-colheita são o alto custo do seu desenvolvimento e implantação e a

fitotoxicidade que, geralmente, causam nas commoditie (Malavasi, 2005). Outra

dificuldade refere-se à eficácia do tratamento quarentenário para certas pragas,

especialmente os tefritídios, baseada no conceito estatístico do Probit 9 que

consiste na morte de 99,9968% das pragas, ou seja, numa população hipotética

de 100 mil indivíduos podem haver apenas 3 sobreviventes.

Em meados dos anos 80, como alternativa ao uso do Probit 9, outras

metodologias passaram a ser desenvolvidas, entre elas a metodologia de Análise

de Risco de Pragas – ARP. As ARPs difundiram-se em grande parte como

resposta à globalização do comércio e como necessidade de estimar de forma

holística os riscos inerentes ao trânsito de produtos agropecuários. Novas

abordagens estatísticas foram desenvolvidas nessas duas últimas décadas e,

embora não totalmente abandonado, o Probito 9 caiu em desuso, substituído por

análises mais sofisticadas. Neste contexto, foi desenvolvido o conceito de

systems approach para uso em segurança quarentenária (Malavasi, 2005).

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3 SYSTEMS APPROACH

3.1 ORIGEM E DEFINIÇÃO

O enfoque de sistemas foi inicialmente proposto sob o nome de Teoria dos

Sistemas Gerais pelo biologista Ludwing van Bertalanffy em 1890, interessado no

estudo dos sistemas vivos.

Recentemente, o enfoque de sistemas tem sido empregado para gerenciamento

de aprendizado e decisão em diferentes campos do conhecimento, como

engenharia, software, arte e agricultura.

Segundo Malavasi (2000), a melhor definição de Systems Approach foi elaborada

por Jang e Moffitt (1995):

“O Systems Approach pode ser definido como a integração de

práticas na pré e pós-colheita usadas na produção, colheita,

empacotamento e transporte de uma commodity que

cumulativamente atinge as exigências da segurança quarentenária.

Systems Approach integra fatores, biológicos, físicos e operacionais

que podem afetar a incidência, viabilidade e potencial reprodutivo de

uma peste dentro de um sistema de práticas e procedimentos que

juntos provêm segurança quarentenária”.

Atualmente, no âmbito da CIPV, de acordo com a NIMF nº 5 – Glossário de

Termos Fitossanitários, a definição de Systems Approach ou Enfoque de

Sistemas é:

“Integração de diferentes medidas de manejo do risco, das quais,

pelo menos duas, atuam independentemente, alcançando, com

efeito cumulativo, o nível adequado de proteção contra as pragas

regulamentadas.”

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3.2 APLICAÇÃO DE MEDIDAS INTEGRADAS EM UM ENFOQUE DE SISTEMAS

PARA O MANEJO DO RISCO DE PRAGAS – NIMF Nº 14 (2002).

A NIMF nº 5 (2002) – Aplicação de Medidas Integradas em um Enfoque de

Sistemas para o Manejo do Risco de Pragas contém as diretrizes para a

elaboração e avaliação de medidas integradas num enfoque de sistemas como

opção para o manejo do risco de pragas, conforme as normas internacionais

pertinentes para a análise de risco de pragas (ARP) elaboradas para cumprir com

os requisitos fitossanitários de importação de plantas, produtos vegetais e outros

artigos regulamentados.

As normas internacionais pertinentes para ARP proporcionam orientação geral

sobre as medidas para o manejo do risco de pragas. Os enfoques de sistemas

que integram as medidas para o manejo do risco de pragas de maneira concreta

podem ser uma alternativa ao uso de uma medida única para alcançar o nível

adequado de proteção fitossanitária de um país importador. Pode ser também

uma alternativa quando no se disponha de uma única medida. O enfoque de

sistemas requer a integração de diferentes medidas, das quais ao menos duas,

atuam independentemente, com um efeito acumulativo.

Os enfoques de sistemas variam em complexidade. Assim, os países

exportadores e importadores poderão consultar e cooperar no desenvolvimento e

na aplicação de tal enfoque pois, pode ser uma alternativa equivalente a outras

medidas, mas menos restritiva para o comercio.

3.2.1 Objetivo do Enfoque de Sistemas

O enfoque de sistemas oferece, quando apropriado, uma alternativa equivalente a

procedimentos como tratamentos de desinfestação ou substitui medidas mais

restritivas, como a proibição de importação. Também oferece a oportunidade de

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considerar procedimentos de pré-colheita e pós-colheita que possam contribuir

para a eficácia do manejo do risco de pragas.

3.2.2 Características do Enfoque de Sistemas

O enfoque de sistemas requer ao menos duas medidas independentes e pode

incluir qualquer número de medidas dependentes entre si. Uma vantagem do

enfoque é que permite abordar a variabilidade e incerteza, modificando o número

e intensidade das medidas ao nível adequado de proteção fitossanitária e

confiança desejados.

As medidas utilizadas em um enfoque de sistemas podem ser aplicadas durante a

pré-colheita e/ou pós-colheita, onde as ONPF tenham a capacidade de

supervisionar e assegurar a conformidade com os procedimentos oficiais. Deste

modo, um enfoque de sistemas pode incluir medidas aplicadas no local de

produção, durante o período de pós-colheita, no local de embalagem, ou durante

o envio e distribuição do produto básico.

As práticas culturais, os tratamentos aplicados no campo, a desinfestação pós

colheita, a inspeção e outros procedimentos podem conformar um enfoque de

sistemas. Os procedimentos de vigilância de pragas, armadilhas e amostragem,

também podem formar parte de um enfoque de sistemas.

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As medidas de manejo do risco destinadas à prevenção da contaminação ou

reinfestação são incluídas no enfoque de sistemas (por exemplo, mediante a

manutenção da integridade dos lotes, o requisito de embalagem à prova de

pragas, a proteção da área de embalegem com telas, etc.).

Medidas aplicadas que não matem pragas nem diminuam sua prevalência, mas

que diminuam seu potencial de entrada ou estabelecimento podem fazer parte de

um enfoque de sistemas. Alguns exemplos são: a definição de períodos

designados de colheita ou envío, as restrições relacionadas à maturação, cor,

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firmeza ou outras condicões do produto básico, o uso de hospedeiros resistentes

e a distribuição limitada ou o uso restrito no local de destino.

Distribuição limitada ou o uso restrito no local de destino

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3.2.3 Relação com a ARP e opções do manejo de risco disponíveis

As conclusões da avaliação do risco de pragas são utilizadas para decidir se é

necessário o manejo do risco e a intensidade das medidas que se utilizarão

(Etapa 2 da ARP). O manejo do risco de pragas, (Etapa 3 da ARP), consiste no

processo de identificar a forma de reagir ante a percepção de um risco, avaliar a

eficácia destes procedimentos e recomendar as opções mais apropriadas (Figura

3).

FIGURA 3 – DIAGRAMA DE FLUXO DA ANÁLISE DE RISCO DE PRAGAS

A combinação de medidas de manejo de risco de pragas em um enfoque de

sistemas é uma das opções que podem seleccionar-se como base para os

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requisitos de importação com o fim de alcançar o nível apropriado de proteção

fitossanitária do país importador.

Em princípio, os enfoques de sistemas deverão estar compostos da combinação

de medidas fitossanitárias que possam ser aplicadas no país exportador. Não

obstante, quando o país exportador proponha medidas que deverão ser aplicadas

no território do país importador e o país importador esteja de acordo com elas, as

medidas aplicadas no país importador poderão estar combinadas em enfoques de

sistemas.

A seguir são relacionadas algumas das opções a serem utilizadas.

a) Antes do plantio

 

b) Pré colheita

 

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c) Colheita

d) Pós- colheita e manipulação

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d) Transporte e distribuição

- tratamento ou elaboração durante o transporte

- tratamento o elaboração na chegada

- restrições ao uso final, à distribução e os pontos de ingresso

- restrições ao período de importação devido à diferença de estações entre o

ponto de origem e o de destino

- método de embalagem

- quarentena pós-entrada

- Inspeção e análises

- rapidez e tipo de transporte

- saneamento (meios de transporte livre de contaminação).

3.2.4 Medidas independentes e medidas dependentes

Um enfoque de sistemas pode estar composto por medidas independentes e

dependentes. Por definição um enfoque de sistemas tem que compreender ao

menos duas medidas independentes. Uma medida independente pode estar

composta de várias medidas dependentes. Com medidas dependentes, a

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probabilidade de fracasso é aproximadamente acumulativa. Todas as medidas

dependentes são necessárias para que o sistema seja eficaz.

Exemplo:

Uma estufa livre de pragas que requer tanto portas duplas como telado em

todas as aberturas, é um exemplo no qual as medidas dependentes estão

combinadas para formar uma medida independente.

Se a probabilidade de que o telado falhe é de 0,1 e a probabilidade de que as

portas falhem é 0,1 a probabilidade de que a estufa seja infestada é a soma

aproximada dos dois valores. Por conseguinte, a probabilidade de que pelo

menas uma das medidas falhem é a mesma de ambas as probabilidades

menos a probabilidade de que ambas falhem ao mesmo tempo. Neste

exemplo, a probabilidade é de 0,19 (0,1 + 0,1 - 0,01), posto que as duas

medidas poderiam falhar ao mesmo tempo.

Se duas medidas são independentes uma da outra, as duas teriam que falhar

para que o sistema falhe. Com as medidas independentes, a probabilidade de

fracasso é o produto de todas as medidas independentes.

Exemplo:

Se a inspeção de um envio tem uma probabilidade de fracasso de 0,05 e a

probabilidade de fracasso da restrição de movimentação a determinadas

áreas é de 0,05, a probabilidade de que o sistema falhe sería então de 0,0025

(0,05 × 0,05).

3.2.5 Circunstâncias para o uso do enfoque de sistemas

Os enfoques de sistemas poderão ser considerados quando de apliquem uma ou

mais das seguintes circunstâncias seguintes:

- quando uma medida concreta:

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- não é adequada para satisfazer o nível ddequado de proteção

fitossanitária do país importador

- não está disponível (ou é provável que deixe de estar)

- é prejudicial (para o produto básico, a saúde humana, o meio ambiente)

- não é eficaz em função dos custos

- acarreta restrições excessivas ao comercio

- não é viável

- a praga e a relação entre a praga e hospedeiro é bem conhecida

- já demonstrado que um enfoque de sistemas é eficaz para uma situação similar

de praga e produto básico

- existe a possibilidade de avaliar a eficácia qualitativa ou quantitativa das

medidas indivuduais

- as práticas pertinentes de cultivo, colheita, embalagem, transporte e distribuição

são bem conhecidas e estão padronizadas

- as medidas individuais podem ser verificadas e corrigidas

- se conhece a prevalência das pragas e pode ser verificada

- um enfoque de sistemas é eficaz em função dos custos (por exemplo, se

considera-se o valor e/ou volume do produto básico).

Os requisitos mínimos para que uma medida se considere como componente

necessário de um enfoque de sistemas são que:

- seja definida com clareza

- seja eficaz

- seja exigida oficialmente (obrigatória)

- possa ser verificada e controlada pela ONPF responsável

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3.3 O SYSTEMS APPROACH NO BRASIL

Depois de 13 anos da proibição à exportação de frutos hospedeiros de moscas-

das-frutas para os EUA, a primeira experiência prática da adoção de medidas

integradas em um enfoque de sistemas foi em 1998, com a exportação de mamão

papaia produzido no pólo de fruticultura de Linhares (ES) para exportação aos

Estados Unidos.

Atualmente, a legislação fitossanitária brasileira contempla a aplicação de

medidas integradas em um enfoque de sistemas, tanto para exportação e

importação de produtos agrícolas, como também para o mercado interno. A seguir

são citados os principais casos de aplicação no país. Uma abordagem mais

detalhada das Instruções Normativas deverá será realizada nos módulos

específicos de Fitopatologia e Entomologia.

a) Sistema de Mitigação de Risco para sigatoka negra – Mycosphaerella fijiensis,

na cultura da bananeira e helicônia – Instrução Normativa MAPA nº

17/2005.

b) Sistema de Mitigação de Risco para a praga Anastrepha grandis – Instrução

Normativa MAPA nº 16/2006

c) Sistema Integrado de Medidas Fitossanitárias para o Manejo de Risco de

Xanthomonas axonopodis pv. citri em frutos cítricos – Instrução Normativa

MAPA nº 20/2006.

d) Sistema Integrado de Medidas Fitossanitárias de Mitigação de Risco - SMR

para a praga Cydia pomonella nas culturas de maçã, pêra e marmelo da

Argentina, para exportação ao Brasil – Instrução Normativa MAPA nº 6/2007

e 55/2009.

e) Aplicação de Medidas Integradas em um Enfoque de Sistema de Manejo de

Risco das Pragas Ceratitis capitata e Anastrepha fraterculus, para

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exportação de mamão (Carica papaya) do Brasil para os EUA – Instrução

Normativa MAPA nº 5/2008, 7/2008 e 4/2009.

f) Medidas Integradas em um Enfoque de Sistemas para o Manejo de Risco -

SMR da Praga Guignardia citricarpa em em espécies do gênero Citrus

destinadas à exportação e quando houver exigência do país importador –

Instruções Normativas nº 3/2008 e nº 1/2009.

3.4 PERSEPECTIVAS PARA O USO DO SYSTEMS APPROACH

Há uma tendência mundial em estimar os riscos associados às commodities e

não somente para uma única praga. Este enfoque muda a forma de manejar o

risco quarentenário e abre enormes perspectivas para a exportação de muitas

frutas produzidas em diferentes regiões. Com as novas normas internacionais

sendo implementadas nos diferentes países, espera-se que gradualmente se

aplique o conceito de systems approach como solução quarentenária. A grande

inovação na aplicação desse conceito é a ausência de tratamentos violentos que

diminuem a qualidade final dos produtos a incorporação de elementos que foram

desenvolvidos em laboratório. Embora ecologicamente mais aceitável, a aplicação

do systems approach é mais difícil e exige um gerenciamento mais complexo em

toda a cadeia produtiva e nos sistemas de inspeção Em resumo, espera-se que

em futuro próximo um maior número de commodities sejam incorporadas ao

systems approach, que haja forte associação com as técnicas empregadas no

MIP e na PIF e que se possa aplicar o conceito num maior número possível de

situações geográficas (Malavasi, 2005).

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sistema de Legislação Agrícola Federal – SISLEGIS. Disponível em http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis‐consulta/consultarLegislacao.do. Acesso em 02/05/2009.

DUARTE, A. L.; MALAVASI, A. Tratamentos Quarentenários. 2000. P 187-192. In: Malavasi, A.; Zucchi, R. A. Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil – Conhecimento básico e aplicado. Holos, Ribeirão Preto, SP.

FAO.  The use of integrated measures in a systems approach for pest risk management, 2002. ISPM No. 14 (2002) Rome. Disponível em https://www.ippc.int/. Acesso em 04/05/2009.

FAO. Guidelines on the use of irradiation as a phytosanitary measure, 2003. ISPM No. 18, Rome. Disponível em https://www.ippc.int/. Acesso em 04/05/2009.

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FAO.  Phytosanitary treatments for regulated pests, 2009. ISPM No. 28, Rome. Disponível em https://www.ippc.int/. Acesso em 04/05/2009.

MALAVASI, A. Systems Approach. 2000. P 183-186. In: Malavasi, A.; Zucchi, R. A. Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil – Conhecimento básico e aplicado. Holos, Ribeirão Preto, SP.

MALAVASI, A; MARTINS, D. S. Origem e Aplicações Futuras do Conceito de Systems Approach. 2005. Disponível em: http://www.fundagres.org.br/downloads/pi‐mamao/2005_cap_03.pdf Acesso em 02/05/2009.