apostila agrometeorologia 2

Upload: litos-cardoso

Post on 07-Apr-2018

227 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    1/41

    MINISTRIO DA EDUCAOUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

    FACULDADE DE METEOROLOGIADEPARTAMENTO DE METEOROLOGIA

    DISCIPLINA: Agrometeorologia

    Unidade 2: RADIAO SOLAR

    Professora ministrante: Simone Vieira de Assis

    Pelotas, RS.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    2/41

    2.1 IMPORTNCIA DA RADIAO SOLAR PARA A AGRICULTURA

    O Sol considerado, cometendo-se um erro desprezvel, a nica fonte de

    energia para os processos fsicos e biolgicos que ocorrem na Terra.

    Em Agrometeorologia, um dos estudos mais importantes o que diz respeito a

    esta energia recebida do Sol. Tal estudo fundamental em numerosos campos da cincia

    pura e aplicada. Um conhecimento do total de radiao recebida e de sua distribuio, de

    relevante importncia pois todo organismo, planta ou animal, na superfcie da Terra est

    mergulhado neste ambiente de radiao, respondendo de acordo.

    A importncia da radiao solar para a agricultura foi bem definida por

    Monteith (1958), como sendo a explorao da radiao solar, desde que haja um

    suprimento de gua e nutrientes para manuteno e crescimento das plantas.

    Em agricultura, a produo agrcola diretamente proporcional a intensidade deradiao solar que incide sobre uma determinada rea, quando no existem outros fatores

    limitantes como: falta de gua, deficincia de elementos minerais, m estrutura do solo, etc.

    A quantidade de radiao solar que atinge a superfcie da Terra em dado local, tempo e

    poca do ano so fundamentais para a produtividade de uma cultura, devido a sua

    proporcionalidade com relao quantidade e distribuio durante o ano. A planta

    responder a quantidades instantneas da radiao solar e, valores mximos durante o dia

    so crticos para determinados processos da planta, por exemplo, crescimento, fotossntese,

    aumento de peso mido, reserva de acar, absoro de gua, etc, dependem sobretudo da

    quantidade de radiao de solar que atinge a planta nas diversas horas do dia. A

    temperatura da planta, que governa a taxa de processos biolgicos, depende da radiao

    solar global ou total incidente sobre a planta.

    2.2 ESPECTRO DA RADIAO SOLAR GLOBAL E SEU SIGNIFICADO

    BIOLGICO

    A distribuio da radiao eletromagntica emitida pelo Sol, como funo do

    comprimento de onda incidente no topo da atmosfera, chamada de espectro solar.

    Medies indicam que 99 % da energia solar est contida entre 0,25 m e 4,00 m,

    ficando 1% para comprimentos maiores do que 4,00 m. Por esse motivo, a radiao solar

    conhecida como radiao de ondas curtas.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    3/41

    O espectro solar classicamente dividido em trs faixas ou bandas de

    comprimento de onda, ou sejam:

    Ultravioleta 0,38 m

    Luz visvel 0,38 m < 0,76 m

    Infravermelho > 0,76 m

    A radiao solar visvel, por sua vez formada por:

    Tabela 1: Variao de energia de acordo com a repartio do espectro solar.Cores Comprimento de

    onda ( m) Energia (W.m-2) % da Constante

    Solar

    Violeta 0,38 m a 0,42 m 108,85 7,96

    Azul 0,42 m a 0,49 m 73,63 5,39

    Verde 0,49 m a 0,54 m 160,00 11,70

    Amarelo 0,54 m a 0,59 m 35,97 2,63

    Laranja 0,59 m a 0,65 m 43,14 3,16

    Vermelho 0,65 m a 0,76 m 212,82 15,57

    Tabela 2: Percentual da energia solar correspondente as faixas de comprimento de onda.

    Energia solar (%) Comprimento de onda ( m)95,2 0,30 2,401,2 < 0,303,6 > -2,40

    Os seres vivos, especialmente as plantas, so direta e grandemente

    influenciados pela radiao solar e a ao desta depende muito das condies de

    nebulosidade. Como a intensidade e a composio dos raios solares so funo do ngulo

    de elevao solar, essa influncia tambm verificada sobre as plantas dependendo da hora

    do dia, da estao do ano, latitude e altitude do ponto de observao, principalmente com

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    4/41

    relao ao albedo de vrias culturas. Do ponto de vista quantitativo e qualitativo, a

    importncia para a agricultura fundamental no desenvolvimento morfolgico das plantas.

    A intensidade da radiao afeta separadamente o desenvolvimento das clulas

    vegetais, por exemplo, uma planta que tem seu habitat num ambiente escuro, experimenta

    queimaduras e perfuraes, principalmente provocadas pelos raios ultravioleta, quando

    exposta diretamente radiao solar.

    A Comisso Holandesa de Irrigao Vegetal (1953) (citado por Mota, 1979)

    estabeleceu os efeitos especficos causados por determinadas faixas do espectro solar,

    estabelecendo oito divises, com caractersticas prprias, que so:

    1a faixa: Radiao com comprimento de onda maior que 1,0 mcronmetro ( m)

    No causa danos s plantas e absorvida. O aproveitamento sob a forma de

    calor, sem que haja interferncia com os processos biolgicos.

    2a faixa: Radiao entre 1,0 m e 0,72 m

    Esta a regio que exerce efeito sobre o crescimento das plantas. O trecho mais

    prximo a 1,0 m importante para o fotoperiodismo, germinao de

    sementes, controle de florao e colorao do fruto.

    3a faixa: Radiao entre 0,72 m e 0,61 m

    Esta regio espectral fortemente absorvida pela clorofila. Gera forte atividade

    fotossinttica, apresentando em vrios casos, tambm, forte atividadefotoperidica.

    4a faixa: Radiao entre 0,61 m e 0,51 m

    uma regio espectral de baixo efeito fotossinttico e de fraca ao sobre a

    formao da planta. Corresponde regio verde do espectro.

    5a faixa: Radiao entre 0,51 m e 0,40 m

    Esta essencialmente a regio mais fortemente absorvida pelos pigmentos

    amarelos e pela clorofila. Corresponde a parte do azul e parte do violeta doespectro de radiao solar, e tambm, regio de grande atividade fotossinttica,

    exercendo ainda vigorosa ao na formao da planta.

    6a faixa: Radiao entre 0,40 m e 0,32 m

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    5/41

    Esta faixa exerce efeitos nocivos na formao do vegetal. As plantas tornam-se

    mais baixas e as folhas mais grossas.

    7a faixa: Radiao entre 0,32 m e 0,28 m

    prejudicial maioria das plantas.

    8a faixa: Radiao com comprimento de onda menor do que 0,28 m

    Mata rapidamente as plantas submetidas a esta faixa de radiao solar.

    Essa diviso por faixas do espectro importante at mesmo para a adequao

    ou ambientao das plantas em diferentes locais do planeta. Alm disso, em casa de

    vegetao onde a radiao solar precisa ser complementada por outra fonte de energia,

    considerando que em alguns lugares o nmero de horas de brilho solar pequeno, lmpadas

    incandescentes so usadas para a gerao de radiao na faixa do espectro correspondente

    ao vermelho e ao amarelo e, algumas vezes na faixa do infravermelho (prximo) e

    pequenas quantidades na faixa do azul e do violeta. Por exemplo, algumas espcies vegetais

    como girassol, repolho, alface, espinafre, rabanete e outras so extremamente sensveis a

    deficincia de radiao na faixa do azul ao violeta, reagindo com forte elongao. Para

    tanto, lmpadas de mercrio com bulbos de quartzo ou tubos luminosos cheios de vapor de

    mercrio, devem ser includos, por emitirem radiao com comprimentos de onda

    correspondentes do azul ao violeta e ultravioleta.

    2.3 ATENUAO DA RADIAO SOLAR AO ATRAVESSAR A ATMOSFERA.

    A energia radiante do Sol quando passa atravs da atmosfera submetida a

    transformaes complicadas. Da camada exterior atmosfera at chegar superfcie da

    Terra, a energia radiante absorvida e espalhada. Devido ao espalhamento desta energia

    observamos ao nvel da superfcie do solo, no somente radiao solar direta, na forma de

    um feixe de raios solares paralelos, mas tambm a radiao difusa provinda de cada ponto

    do cu. A radiao solar direta e a radiao difusa constituem a radiao solar global.

    Quando a radiao solar atravessa a atmosfera ela parcialmente absorvida e

    transformada (principalmente em energia calorfica) pela atmosfera dando origem neste

    processo, a formao de oznio e ionizao das camadas superiores da atmosfera; ela

    parcialmente espalhada pelas molculas de gs e minsculas partculas de vrios tamanhos

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    6/41

    e composies suspensas na atmosfera e, ela refletida pelas nuvens. Como resultado

    destes processos fsicos a radiao solar direta atenuada na sua trajetria at atingir

    superfcie da Terra. A atenuao no a mesma em todas as regies do espectro; certas

    regies so efetivamente mais enfraquecidas do que outras. Consequentemente, aps

    atravessar a atmosfera, a radiao solar muda no somente na intensidade total, como

    tambm na composio.

    Esta diferena entre a radiao extraterrestre e a radiao global incidente na

    superfcie da Terra devido a atenuao sofrida pelos raios solares ao atravessar a

    atmosfera, e os principais atenuantes so as nuvens, p, vapor dgua, espalhamento pelas

    molculas de prprio ar, absoro pelo O3, H2O e CO2. Isso facilmente visvel na Figura

    1, onde as curvas das radiaes extraterrestre e global esto representadas mostrando um

    grande distanciamento entre elas, comprovando o quanto esta radiao atenuada.Figura 1. Comparao entre as radiaes solares extraterrestre e global incidente.

    2.3.1 Lei de Beer - Bouguer ( comprimento da trajetria ).

    O envelope atmosfrico de gases que circunda a Terra absorve quantidades

    considerveis da luz solar. Esta atenuao uma funo dos constituintes da atmosfera e,

    devido a absoro seletiva por estes constituintes, certos comprimentos de onda so mais

    severamente afetados do que outros.

    -50 0 50 100 150 200 250 300 350 4000

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    Radiao solar global

    Radiao extraterrestre

    Rads.solaresglobalext.

    eextraterrestre(MJ/m2)

    Dia Juliano

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    7/41

    A lei de Beer - Bouguer descreve a reduo da densidade de fluxo da luz solar

    como uma funo da trajetria ( profundidade ) dentro do meio homogneo absorvedordx :

    I1 / I0 = exp ( - x )

    1

    onde, I0 a densidade de fluxo inicial da luz , I1 a densidade de fluxo aps passar atravs

    da trajetria x do meio de coeficiente de extino . A equao facilmente adaptada a

    extino da radiao solar na atmosfera substituindo I0 pela constante solar Rsc e I1, pela

    densidade de fluxo de radiao global Rs, ento,

    Rs = Rsc exp ( - a x )

    2

    onde a o coeficiente de extino atmosfrica.

    Por causa de vrios fenmenos envolvidos, o coeficiente de extino deve,

    exatamente, considerar as quantidades e caractersticas dos maiores materiais absorvedores

    e espalhadores, como gases, gotas de gua, p e outros. O coeficiente de extino a tem a

    forma tal qual proposta por Sutton ( 1953 ), citado por Rosemberg.

    a = ag + sas + waw 3

    onde ag e as so os coeficientes espalhadores para as molculas de ar (gasosas) e para

    partculas secas slidas, respectivamente; aw o coeficiente de absoro para o vapor

    dgua; s e w so os contedos de p e outros slidos e vapor dgua, respectivamente.

    Estes coeficientes so dependentes do comprimento de onda. O coeficiente de extino

    atinge valores em torno de 0.01 km-1, no cu muito claro a 0.03 ou 0.05 km-1 no ar turvo.

    Nota-se que esses dois fatores controlam a extino da radiao solar. Isto , ocomprimento da trajetria atravs da atmosfera, o qual depende do ngulo de elevao solar

    e azimute, e os efeitos de extino devido aos gases atmosfricos, p, vapor dgua e outros

    materiais em suspenso.

    2.3.2 Turbidez.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    8/41

    Turbidez definida como qualquer condio da atmosfera que reduz sua

    transparncia radiao, especialmente a radiao visvel . Normalmente, o termo

    aplicado a poro livre de nuvens. P, plen, vapor dgua, e todos os materiais em

    suspenso afetam a turbidez da atmosfera. O termo aerossol usado para denominar

    partculas slidas ou lquidas dispersadas ou suspensas na mistura de gases que chamamos

    de ar atmosfrico.

    O fator de turbidez atmosfrica obtido por meio de clculos matemticos

    complexos. Sabe-se que a atenuao da radiao solar na atmosfera causada,

    principalmente, por trs fatores: espalhamento molecular, espalhamento e absoro da

    radiao pelo vapor dgua e gotas de gua, espalhamento e absoro da radiao pela

    poeira. O fator de turbidez caracteriza a correlao entre a transparncia da atmosfera e

    aquela da atmosfera ideal, na qual a atenuao da radiao solar causada somente peloespalhamento molecular.

    A transparncia atmosfrica no constante durante todo o dia. A variao

    diurna do fator de turbidez tem sido observada depender , de um modo bem marcante, das

    condies observacionais. Na maioria dos casos, o fator de turbidez mximo ocorre ao

    meio dia, no vero, como resultado do alto contedo de poeira nas camadas mais baixas da

    atmosfera, devido a conveco grandemente desenvolvida nestas horas. No inverno, no h

    variao to marcante da transmisso atmosfrica e vrias ocorrncias do fator de turbidez

    mnimo (transparncia mxima), foram encontradas ao meio dia. Tanto no inverno quanto

    no vero, a transparncia atmosfrica durante tarde normalmente mais baixa do que

    antes do meio dia.

    A variao diria da transparncia atmosfrica complexa e muito dependente

    das condies de observao (estao do ano, ventos e outros fatores do tempo

    meteorolgico).

    Medidas das caractersticas da transparncia atmosfrica mostram uma variao

    anual comparativamente simples, com um mximo de transparncia nos meses de inverno e

    um mnimo durante os meses de vero.

    2.4 RADIAO SOLAR GLOBAL

    2.4.1 Radiao solar global

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    9/41

    As informaes obtidas sobre a radiao solar global tem amplas aplicaes em

    diferentes atividades, como por exemplo: agricultura, arquitetura, hidrologia, meteorologia,

    biologia, entre outras.

    Nos dias de cu claro, o total de radiao incidente de ondas curtas composto

    por duas partes: a radiao solar direta e a radiao difusa, cuja soma chamada de

    radiao solar global. Esta radiao compreende parte do ultravioleta do espectro, com

    comprimentos de onda entre 0,3 m e 0,4 m; espectro visvel, com comprimentos entre

    0,4 m e 0,7 m; e parte do infravermelho relativamente prximo ao espectro visvel,

    entre 0,7 m e 5,0 m (WMO, 1981)

    Vrias medidas experimentais foram obtidas com a finalidade de determinar a

    composio espectral da radiao solar global. Tikhov, citado por Kondratyev (1969), foi o

    primeiro pesquisador a mostrar experimentalmente que a composio espectral da radiao

    global, recebida por uma superfcie horizontal, praticamente independente da altura solar

    e, consequentemente, permanece constante no decorrer do dia. Sua afirmativa carece de

    explicaes sobre as condies de nebulosidade observadas no decorrer do experimento, as

    quais so de extrema importncia na caracterizao da composio espectral da radiao

    solar global.

    Ainda sobre a composio espectral, Kondratyev explica que a radiao global

    num dia de cu sem nuvens, pode ser, aproximadamente, considerada dependente somenteda altura solar e da transparncia atmosfrica. E que, por conseguinte, os fluxos espectrais

    da radiao global tambm dependero da altura solar. Em outras palavras, quando se

    analisa os fluxos espectrais das componentes da radiao global, realmente a dependncia

    da altura solar deve ser considerada, porque cada componente separadamente, ter fluxos

    variantes com a altura solar, ou seja, sofrer variaes durante o dia. E concluiu que, se a

    composio espectral da radiao global for independente da altura solar, torna-se claro

    ento, que essa dependncia do fluxo espectral da radiao global (difusa e direta) ser

    uniforme por todo o espectro, ou seja, os fluxos espectrais continuaro dentro do mesmo

    intervalo do espectro.

    Na presena de nebulosidade, o fluxo radiante pode aumentar ou diminuir. Se a

    nebulosidade parcial e o sol no totalmente encoberto, o fluxo da radiao global

    maior do que aquele de um dia de cu claro. No caso de nebulosidade total, o fluxo da

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    10/41

    radiao global sempre menor do que aquele de um dia de cu sem nuvens (Duffie et al,

    1980).

    Num dia de cu claro ou parcialmente nublado, no intervalo entre 0,35 m e

    0,80 m, quando a altura solar baixa, a radiao global, gradualmente perde muito nas

    faixas do espectro correspondentes ao azul e violeta, resultando no avermelhamento da

    radiao global (comprimentos de onda maiores do espectro visvel). Ao mesmo tempo, h

    um aumento na poro relativa radiao difusa, a qual torna-se rica em azul e violeta. Este

    aumento praticamente compensa a atenuao da radiao global na faixa do espectro azul-

    violeta. Desse modo, a composio espectral da radiao global no sofre qualquer

    alterao significativa quando a altura do sol varia (Hess, 1979).

    2.4.1.1 Instrumento utilizado para medida da radiao solar global

    O instrumento usado para medida da radiao solar global o piranmetro. Na

    Figura 1 tem-se um exemplo, um piranmetro prottipo que foi elaborado com corpo

    principal em alumnio, o qual possui uma cpula de vidro, sensor (termopilha de filme

    fino), chapu sombreador pintado de branco (colocado sobre o corpo do instrumento para

    impedir o aquecimento e refletir a radiao incidente), nvel de bolha, reservatrio de slica-

    gel para manter o ambiente livre de umidade, conector eltrico e parafusos niveladores

    (Figura 2).As termopilhas de filme fino foram construdas atravs do processo

    fotolitogrfico e por evaporao de metais, conforme metodologia desenvolvida por

    Escobedo (1997). Os tipos de termopilhas utilizadas - estrela e disco concntrico, contm

    em seus circuitos metlicos 36 de termopares de bismuto-antimnio depositados em

    substratos de acrlico.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    11/41

    Figura 2. Corte vertical de um piranmetro prottipo.

    2.4.1.2 Variao diria da radiao solar global

    Nas figuras a seguir esto representadas as curvas correspondentes variao

    diria das radiaes global medida sob trs condies de nebulosidade: cu sem nuvens,

    parcialmente nublado e nublado.

    Nos dias com cu sem nuvens, as curvas de radiao global so totalmente sem

    picos e alteraes, e com ponto mximo prximo ao meio-dia (Figura 3a).

    Nebulosidade parcial significa que em determinado perodo do dia o cu

    apresentou algum tipo de nuvem como mostra a Figura 3b, em que na primeira metade do

    dia o cu esteve claro e na outra, nublado. Na Figura 3c est a curva referente ao dianublado.

    6 8 10 12 14 16 180

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    DENS

    IDADEDEFLUXO(W/m2)

    TEMPO(h)

    (a)

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    12/41

    6 8 10 12 14 16 180

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    DENSIDADEDEFLUXO(W/m2)

    TEMPO(h)

    (b)

    6 8 10 12 14 16 180

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    DENSIDADEDEFLUXO(W/m2)

    TEMPO(h)

    (c)Figura 3. Curvas de radiao solar global (a) cu sem nuvens (19/09/96) (b) cu

    parcialmente nublado (15/09/96) (c) cu nublado (13/12/96).

    2.4.1.3 Variao anual da radiao solar global

    Como de se esperar, a variao anual da radiao solar global exibe valor

    mnimo em junho e valores mximos nos extremos da curva. Cabe informar que essa

    medida foi feita na cidade de Botucatu, cujas coordenadas geogrficas so: Latitude 22 54

    Sul e Longitude 48 27 Oeste.

    Dez5JanFevMarAbr Mai Jun Jul AgoSetOutNovDez6

    12

    13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    21

    22

    Radiaosolarglobal(MJ/m

    2)

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    13/41

    Figura 4. Variao anual da radiao solar global

    2.5 ESPALHAMENTO DE ONDAS ELETROMAGNTICAS.

    Quando uma onda eletromagntica atravessa um tomo (ou molcula), perturba

    o movimento dos eltrons ligados, e o tomo (ou molcula) pode ficar em um estadoexcitado. Por um processo recproco, uma vez que os eltrons atuam como dipolos eltricos

    (duas cargas iguais e opostas separadas por uma distncia muito pequena) em oscilao

    forada, o tomo excitado pode emitir radiao eletromagntica de freqncia igual da

    onda incidente sem atraso aprecivel de tempo. A energia que o tomo emite a absorvida

    da onda incidente . Esse processo chamado de espalhamento.

    No processo de espalhamento, a intensidade da onda primria, ou incidente,

    decresce porque a energia absorvida da onda reemitida em todas as direes, resultando

    em uma efetiva remoo de energia da radiao primria.

    Verificou-se experimentalmente que a intensidade da onda difundida depende

    da freqncia da onda primria e do ngulo de espalhamento.

    A intensidade da radiao difundida deve ser maior nas freqncias nas quais a

    energia de absoro da onda maior, e essas so as mesmas freqncias do espectro de

    emisso do tomo. Outra propriedade interessante que, para gases cujas molculas tem

    um espectro de emisso na regio ultravioleta, a difuso de ondas eletromagnticas da

    regio visvel aumenta com sua freqncia. Isso fcil de entender, desde que quanto maior

    a freqncia na regio visvel, mais perto estar ela da freqncia de ressonncia

    ultravioleta da molcula, e maior ser a amplitude das oscilaes foradas. Isso resulta em

    um espalhamento maior. O brilho e o azul do cu so atribudos difuso da luz azul do sol

    pelas molculas do ar atmosfrico. Em particular, a cor azul o resultado do espalhamento

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    14/41

    mais intenso das freqncias maiores (ou comprimentos menores). O mesmo processo

    explica a cor vermelho-brilhante observada ao nascer e ao por do sol , quando os raios do

    mesmo atravessam uma grande espessura de ar antes de alcanar superfcie da Terra,

    resultando uma forte atenuao para as freqncias altas (ou comprimento de onda curto ),

    em virtude do espalhamento.

    O espalhamento pode tambm ser produzido por pequenas partculas (tais como

    de fumaa ou poeira) ou gotas dgua suspensas no ar.

    2.5.1 Espalhamento de Rayleigh.

    O conhecimento acerca da radiao solar avanou muito rapidamente durante a

    ltima metade do sculo 19, devido ao trabalho de trs fontes de trabalho: instrumentao,

    observao e teoria.A teoria da transferncia radiativa num meio espalhador foi firmada em bases

    tericas por um proeminente fsico ingls John Willian Strutt, posteriormente pelo Lord

    Rayleigh, em 1871, atravs de sua famosa explicao sobre a polarizao e cor da luz do

    cu.

    A teoria de Rayleigh postulada na considerao de que as partculas

    espalhadoras so de pequenas dimenses comparadas com o comprimento de onda da

    radiao. Essas pequenas partculas, como molculas, e partculas muito menores como

    aerossis, tornaram-se conhecidas como partculas de Rayleigh, e uma atmosfera composta

    destas pequenas partculas denominada de atmosfera de Rayleigh.

    Embora a teoria de Rayleigh tenha explicado muitas caractersticas observadas

    sobre a luz celeste, ela no previu a existncia de pontos neutros como aqueles j

    observados por Arago, Babinet e Brewster. O fsico francs J. L. Soret tentou, em 1888,

    explicar os pontos neutros observados como sendo devido a um espalhamento secundrio

    da radiao na atmosfera, enquanto que o modelo de Rayleigh considerava somente um

    espalhamento primrio (simples) pelas molculas gasosas.

    Os efeitos ticos produzidos pelas cinzas vulcnicas injetadas na atmosfera pela

    erupo do vulco Krakatoa, em 1883, gerou uma avalanche de interesses nas medidas da

    luz celeste. Durante os anos aps a erupo do Krakatoa, a fsica experimental francesa

    Marie Alfred Cornu apresentou um mtodo de medida da polarizao da luz com um alto

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    15/41

    grau de perfeio, por meio de um fotopolarmetro (1890) baseado na combinao de um

    prisma Nicol polarizante e de uma mesa giratria.

    Da observao atmosfrica com seu fotopolarmetro, Cornu primeiramente

    observou um fato, agora bem conhecido, que o grau de polarizao da luz celeste varia com

    o comprimento de onda da radiao solar. Uma das consideraes da anlise de Rayleigh

    que as partculas espalhadoras tem carter isotrpico.

    Espalhamento o processo pelo qual as molculas do meio e as pequenas

    partculas em suspenso no meio difunde a poro da radiao incidente em todas as

    direes.

    A lei de Rayleigh estabelece que as molculas interceptam e espalham a

    radiao com uma eficincia proporcional a 1/ 4. Assim, a luz azul ser espalhada em

    torno de 10 vezes mais efetivamente do que a luz vermelha. Por isso o cu azul. Os raiosdiretos da radiao solar que penetra na atmosfera enriquecido da luz vermelha como

    resultado do espalhamento da luz azul.

    A teoria do espalhamento da luz na atmosfera inicialmente apareceu

    relacionada com a tentativa de explicar a cor azul do cu. A mais importante contribuio

    neste campo foi feita por Lord Rayleigh, satisfeito por descobrir que as molculas de ar

    eram as causadoras do espalhamento da luz. Esta premissa da teoria de Rayleigh, no

    entanto, no estava totalmente completa. Realmente, o assim chamado espalhamentomolecular de Rayleigh o espalhamento da luz causado pela flutuao da densidade.

    Investigaes posteriores mostraram que no somente flutuaes da densidade, mas

    tambm flutuaes da unisotropia molecular pode determinar o espalhamento da luz.

    So as seguintes consideraes fundamentais da teoria de Rayleigh.

    a) As dimenses das partculas espalhadoras so pequenas em comparao com o

    comprimento de onda. As partculas so esfricas (no necessariamente).

    b) As partculas espalhadoras e o meio no so condutores e no contm cargas eltricas

    livres.

    c) As constantes dieltricas da partcula espalhadora e do meio diferem muito pouco. O

    ndice de refrao da partcula no muito alto.

    d) As partculas espalham a luz independentemente umas das outras.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    16/41

    Observaes sobre a atenuao da radiao solar incidente pela atmosfera

    mostram que em condies de claridade mxima do ar, a atenuao da radiao solar no

    espectro visvel , em alto grau, causada pelo espalhamento de Rayleigh.

    Tendo comparado os resultados computados por Rayleigh e os coeficientes de

    espalhamento por aerossis, Bullrich, citado por Kondratyev, mostrou que a influncia do

    espalhamento de Rayleigh torna-se importante somente quando o intervalo da visibilidade

    meteorolgica excede 5 km, sendo mais importante na regio de ngulos de espalhamento

    em torno de 1300 e aumenta quando o comprimento de onda diminui. Na camada

    superficial da atmosfera, a contribuio do espalhamento de Rayleigh na atenuao da

    radiao de comprimento de onda entre 0.4 a 1.0 pode alcanar 50 %.

    interessante, no entanto, que at para grandes altitudes o espalhamento pelo

    aerossol pode ser muito importante. Medidas balomtricas feitas por Newkirk e Eddy(citados por Kondratyev) mostraram que o brilho do cu observado no nvel de 25 km,

    com um ngulo de espalhamento de 2.40 (relativo ao sol) duas vezes maior do que o

    obtido por Rayleigh.

    Rayleigh deduziu uma frmula que fornece a diminuio da intensidade

    monocromtica para o caso do espalhamento molecular. Na forma diferencial a diminuio

    da intensidade pelo espalhamento dada por:

    dI / I = s dx4

    onde dx o comprimento da trajetria da disperso, e s definido como coeficiente deespalhamento pelo ar. No espalhamento de Rayleigh, s pode ter a forma

    s

    =

    32 ( n - 1 )

    N

    3 2

    034

    5

    onde N o nmero de molculas por cm3 nas condies padres de presso p0= 1013.25

    mb e T = 273 0 K, e n o ndice de refrao para o comprimento de onda para o ar sob

    estas mesmas condies. 0 e so as densidades padro e real do ar seco.

    O essencial da equao de Rayleigh que o vetor eltrico de um pulso de

    radiao eletromagntica causa um deslocamento dos centros da carga eltrica positiva e

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    17/41

    negativa de uma molcula. Tal unidade eltrica, consistindo da cargas positivas e negativas

    separadas, chamada de dipolo eltrico.

    Na radiao monocromtica, o vetor eltrico do pulso da radiao oscila com

    uma certa freqncia. Esta mesma freqncia imprimida sobre a oscilao forada do

    dipolo, o qual, agora atua como uma fonte de radiao eletromagntica. Esta radiao da

    fonte do dipolo emitida em todas as direes, tem-se incio a radiao no polarizada. A

    radiao incidente, a qual causou a oscilao do dipolo, foi usada na gerao da radiao

    espalhada.

    Pode-se notar que no espalhamento de Rayleigh o coeficiente de espalhamento,

    s , inversamente proporcional a 4 . Uma vez que representa o comprimento deradiao, na regio visvel entre 4 x 10-5 cm (azul) e 8 x 10-5 cm (vermelho) notrio que

    s ser, em torno de 16 vezes maior para a cor azul, do que para a cor vermelha. Dessemodo, o enfraquecimento da radiao pelo espalhamento ser muito mais efetivo nos

    comprimentos de onda menores.

    No crepsculo, no entanto, a trajetria maior percorrida pelos raios atravs da

    atmosfera mais baixa, produz um espalhamento maior da luz azul, dessa forma, a luz

    refletida pelas nuvens, ou espalhada por uma camada de nvoa, comumente parece

    avermelhada.

    Para partculas maiores do que as molculas, Angstron mostrou que ocoeficiente de espalhamento pelo p, sd ,pode ser expresso por

    sd = -

    6

    onde proporcional a densidade da partcula, e um parmetro que diminui com o

    aumento do tamanho da partcula. Sob condies normais, o valor mdio de 1.3, e o

    dimetro mdio da partcula, para esta condio, aproximadamente 1 . Quando o artorna-se poludo com partculas maiores, por exemplo, tempestades de poeira ou erupes

    vulcnicas, o valor de pode diminuir para 0.5 ou menos. O resultado do coeficiente de

    espalhamento, mostrado acima, para um espalhamento da radiao menos seletivo com

    relao ao comprimento de onda. Por fim, o espalhamento por gotas de nevoeiro,

    correspondendo a = 0, e chamado de reflexo difusa. Neste caso, visto que o feixe de luz

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    18/41

    solar incidente constitudo de luz branca , devido a reflexo difusa da luz, o nevoeiro

    apresenta-se esbranquiado.

    2.5.2 Crepsculo.

    Aps o pr do sol, o mesmo se encontra abaixo do plano do horizonte e a Terra

    gradualmente distribui sua sombra sobre a atmosfera, comeando das camadas mais baixas.

    A atmosfera acima fica iluminada pelos raios diretos do sol. Cada molcula da atmosfera e

    cada partcula em suspenso espalha os raios solares incidentes. Isto devido ao efeito do

    crepsculo. Para o sol abaixo do horizonte, a camada sombreada da atmosfera aumenta, e a

    camada mais baixa da poro iluminada deslocada para cima. O crepsculo termina

    quando o sol se coloca 6.50 abaixo do horizonte.

    Astronomicamente, o crepsculo dito finalizar quando o sol est 18 0 abaixodo horizonte; quando isto acontece, a escurido total inicia e as estrelas de todos os

    tamanhos e brilho so claramente visveis. Um fenmeno idntico observado antes do

    nascer do sol. O tempo que pode ser gasto no trabalho do campo sem recorrer a luz

    artificial depende do intervalo entre o amanhecer e o fim do crepsculo. A durao do

    perodo entre o amanhecer e o crepsculo uma funo da latitude e da data do calendrio.

    2.6 RADIAO DIFUSA

    Dos clculos tericos obtidos, pode ser concludo que a radiao difusa do cu

    sem nuvens difere fortemente na composio espectral da radiao solar direta.

    Um objeto sombreado da luz solar direta, seria iluminado pela radiao

    espalhada ou radiao celeste e no ficaria no escuro.

    Particularmente, nas altas latitudes a radiao difusa muito importante. Nas

    latitudes mdias, a radiao difusa pode contribuir com 30 a 40 % da radiao solar total. A

    contribuio difusa muito maior durante os meses de inverno quando o ngulo solar

    baixo (comprimento da trajetria grande). A nebulosidade tambm aumenta,

    grandemente, a razo entre a radiao difusa e a radiao direta.

    Os efeitos biolgicos da radiao difusa podem ser consideravelmente mais

    significantes do que o valor de sua energia. Por exemplo, a radiao difusa penetra na

    comunidade vegetal mais efetivamente do que os raios diretos.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    19/41

    2.5.4 Medida da radiao difusa.

    Para objetivos tais como estudos do balano de energia, a resposta dos

    organismos luz, efeitos direcionais na atmosfera e muitos outros, desejvel medir tanto a

    energia solar difusa e o fluxo total da energia solar incidente numa superfcie horizontal

    (isto , radiao global). Por causa do carter difuso da luz celeste, uma integrao por todo

    o hemisfrio celeste exigido para as medidas da radiao difusa e global. Esta integrao

    angular impe difceis exigncias tanto nos materiais usados para a confeco do

    instrumento, quanto no desenho dos piranmetros.

    Para obteno da medida da radiao difusa, pode-se utilizar dois mtodos

    instrumentais diferentes. O primeiro mtodo, parte do princpio que a radiao solar global

    constituda da soma das radiaes solar direta e difusa. Neste caso, mede-se a radiaosolar global e a radiao solar direta (usando-se um pirelimetro). Por diferena, global

    menos a direta, obtm-se a radiao difusa.

    No segundo mtodo, mede-se instrumentalmente a radiao difusa. Esta medida

    obtida atravs do sombreamento de um piranmetro (o mesmo usado para medida da

    radiao global). Este sombreamento feito por meio da colocao de um anel acoplado a

    uma base horizontal mvel, sobre a qual repousa o instrumento. A finalidade do anel

    interceptar a radiao direta projetando uma faixa sombreada sobre o sensor do piranmetro

    (Figura 5).

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    20/41

    Figura 5. Piranmetro com anel de sombreamento.

    A Figura 6 mostra a plataforma metlica que constituda de duas placas

    retangulares (sendo uma para suporte do piranmetro), suporte retangular do anel e eixo

    com rosca sem fim. A placa suporte sob o anel, est acoplada ao eixo de rosca sem fim para

    viabilizar o deslocamento do piranmetro ao longo da linha norte-sul com o objetivo de

    manter o instrumento dentro da faixa sombreada. O suporte retangular do anel inclinado

    em relao ao plano horizontal de um ngulo equivalente latitude local ( por exemplo.

    22,910 S, latitude de Botucatu). O anel de sombreamento fixado ao suporte retangular que

    por sua vez, encontra-se preso a base horizontal, a qual suporta o instrumento.

    Figura 6. Plataforma metlica utilizada para medida da radiao difusa.

    O centro do anel deve posicionar-se acima da base mvel, na mesma altura do

    sensor do piranmetro. O plano do anel deve ser inclinado de um ngulo em relao

    vertical local, de mesmo valor da latitude do local onde se fez a instalao. Dessa forma,seu eixo fica paralelo ao eixo polar terrestre. O anel fixado nestas condies determina

    uma faixa sombreada sobre a plataforma horizontal onde se colocou o piranmetro. Como a

    declinao solar varia de -23.450 (solstcio de vero no hemisfrio sul) a +23.450 (solstcio

    de inverno no hemisfrio sul), h necessidade de se deslocar o piranmetro ao longo do

    eixo do anel, ou de sua projeo horizontal. A soluo que se adota a instalao de uma

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    21/41

    base mvel para o deslocamento contnuo do piranmetro desde o solstcio de inverno ao

    solstcio de vero e no sentido oposto do vero para o inverno.

    Existem duas maneiras prticas de posicionar o sensor em relao ao anel para

    mant-lo sombreado. Uma delas consiste em posicionar o anel de forma que seu eixo

    permanea paralelo ao eixo polar da Terra e o seu sensor estacionado sobre o eixo do anel.

    Nesse caso, o anel deve ser deslocado periodicamente, para compensar a variao da

    declinao solar. A outra forma mantm o eixo do anel paralelo ao eixo polar da Terra e o

    sensor estacionado sobre a projeo do eixo do anel no plano horizontal. Neste caso, para

    compensar a variao da declinao solar, o sensor deslocado periodicamente sobre a

    linha horizontal norte-sul. A periodicidade de deslocamento do sensor depende da largura

    da faixa sombreada que, por sua vez, depende das dimenses do anel e do raio do sensor.

    A Figura 7 ilustra os dois sistemas que fazem uso do anel ( linhas AB e CD ).

    Figura 7. Posicionamento do piranmetro sob o anel de sombreamento.

    2.5.4.1 Fator de correo para a radiao difusa.

    Ao utilizar-se o anel de sombreamento para interceptar a radiao direta sobre o

    sensor, ele intercepta tambm uma pequena mais significativa frao da radiao difusa.

    Devido a isto, o valor medido da radiao difusa deve ser corrigido por um fator de

    correo (FC) que depende das dimenses do anel (raio e largura), da latitude local ( ), da

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    22/41

    declinao solar ( ) e do ngulo horrio ( ). Os valores dirios do fator de correo da

    radiao difusa, do dia 01 de janeiro a 31 de dezembro foram obtidos usando a equao 7,

    cuja curva mostrada na Figura 8. Este fator foi definido por Melo (1993) como:

    FC = 1 -a

    t

    1 7

    onde,( )

    t

    = C r sec +r tg - L / 2

    cos +sen

    2

    8

    e,

    ( )( ) [ a =

    2 CLr cos

    +sen + cos c

    2

    cossen

    p

    9

    onde,

    R: raio do anel ( cm );

    : declinao solar ( rad. );

    : latitude local ( rad. );

    L: largura do anel ( cm );

    p: ngulo horrio no por do sol ( rad. );

    t: radiao difusa incidente no sensor ( W/m2 );

    a: radiao difusa interceptada pelo anel ( W/m2 );

    C: constante de proporcionalidade ( W/m2 )

    A razo entre a e t representa a frao da radiao interceptada pelo anel.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    23/41

    0 50 100 150 200 250 300 350 4001,08

    1,10

    1,12

    1,14

    1,16

    1,18

    FATORDECOR.DARAD.DIFUSA

    DIA JULIANO

    Figura 8. Curva do fator de correo da radiao difusa.

    O valor mnimo do fator de correo mnimo, 1.09503, ocorreu no dia nmero

    173 do ano e os dois mximos, 1.16675, ocorreram um por volta do dia nmero 72 e o

    outro em torno do dia nmero 275 do ano. Este valor mnimo ocorreu no solstcio de

    inverno, quando a largura da faixa sombreada pelo anel, assume o menor valor e o sensor se

    posiciona no extremo sul em relao ao anel.

    2.5.4.2 Variao diria da radiao difusa

    Na Figura 9 tem-se as curvas da radiao difusa referentes aos dias sem nuvens

    (9a), parcialmente nublado (9b) e nublado (9c), respectivamente. Na Figura 9c, a parte da

    curva correspondente ao cu sem nuvens, quase no apresenta alteraes e os valores de

    radiao difusa so menores quando comparados com os da outra parte da curva.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    24/41

    6 8 10 12 14 16 180

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    DENSIDADEDEFLUXOEXT.(W/m2)

    TEMPO(h)

    (a)

    6 8 10 12 14 16 180

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    DENSIDADEDEFLUXOEXT.(W/m2)

    TEMPO(h)

    (b)

    6 8 10 12 14 16 180

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    DENSIDADEDEFLUXOEXT.(W/m2)

    TEMPO(h)

    (c)

    Figura 9. Curvas de radiao difusa externa nos dias com cu claro (a), parcialmentenublado (b) e nublado (c)

    2.5.4.3 Variao anual da radiao difusa

    A curva representativa da variao anual da radiao difusa segue o mesmo

    comportamento da radiao global, com valor mnimo no ms de julho, ao invs de junho, e

    valores mximos nos extremos (Figura 10). Cabe ressaltar que o ms de julho apresentou-se

    claro, com poucas nuvens, as quais diminuram a sua contribuio para o aumento da

    radiao difusa na localidade onde foram feitas as medidas.

    Figura 10. Variao anual da radiao difusa

    Dez95Jan FevMar Abr Mai Jun Jul AgoSet Out NovDez961

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    Radiaodifusa(MJ/m2)

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    25/41

    2.6 BALANO DE RADIAO SOLAR

    A radiao solar que penetra na atmosfera e atinge a superfcie da Terra

    depende principalmente da turbidez atmosfrica, cobertura por nuvens, topografia da regio

    e tipo de cobertura da superfcie. A radiao solar ao atravessar a atmosfera tem parte

    refletida pelas nuvens, parte espalhada pelas molculas e partculas do ar e parte absorvida

    pelo vapor dgua, dixido de carbono, oznio e compostos nitrosos. A poro absorvida

    aumenta a temperatura da superfcie e, por conseguinte, aumenta a emisso de ondas longas

    para a superfcie terrestre e para o espao.

    A avaliao dos diferentes componentes do balano de radiao na superfcie

    indica como a entrada de radiao no sistema atmosfera-Terra dividida e usada. O

    balano ou saldo de radiao representa as fontes e sumidouros de radiao que afetam ascondies meteorolgicas e o clima do planeta.

    2.6.1 Balano de radiao de ondas curtas

    O balano ou saldo de radiao de ondas curtas (SRoc), definido pela diferena

    entre a radiao de ondas curtas, que incide na superfcie terrestre (radiao solar global) e

    a radiao de ondas curtas que refletida, calculado pela equao:

    SRoc = Rg Rr 10

    onde Rg a radiao solar global e Rr a radiao refletida.

    Como o albedo (A) representa a relao entre a radiao refletida e a radiao

    solar global, logo,

    Rg

    RrA = e Rr = A Rg 11

    ento, SRoc = Rg ARg ou SRoc= Rg (1-A) 12

    A radiao solar refletida pouco dependente do comprimento de onda, mas

    sendo mxima no intervalo visvel (Sauberer, citado por Geiger (1961)).

    2.6.1.1 Albedo

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    26/41

    O estudo do albedo de grande importncia porque um dos fatores que

    modificam o balano de energia de uma superfcie, participando, portanto, dos processos

    que condicionam a quantidade de radiao disponvel. O albedo reduz a radiao que

    absorvida e, consequentemente, dissipada pela troca de calor sensvel e latente, a conduo

    de calor no solo e a emisso da radiao de ondas longas.

    Superfcies vegetadas exibem albedos diferentes, de acordo com o desenvolvimento da

    cultura. No incio da estao de crescimento ele determinado, principalmente pelas

    caractersticas ticas das partculas do solo, estrutura da superfcie e contedo de

    umidade do solo; e no final da estao de crescimento, pelas condies fsicas das

    folhas e pela estrutura do cultivo.

    O albedo do solo sem vegetao dependente do tipo de solo (incluindo cor e textura),do contedo de umidade, da rugosidade (presena de cavidades que podem atuar com

    intensidade na absoro da radiao incidente) e outros fatores.

    O solo seco pode apresentar uma variao de albedo entre 8 % e 40 % e o solo mido,

    entre 4 % e 20 %. Esta diminuio com a umidade pode ser explicada devido ao fato de

    que o albedo da gua significantemente menor do que o albedo do solo seco. Alm

    disso, o albedo de solos secos , aproximadamente 1,8 mais alto do que o de solos

    midos e diminui mais drasticamente quando o contedo de umidade aumenta de 1 a 15ou 20 %.

    A variao diria do albedo afetada pela rugosidade da superfcie, ngulo de elevao

    solar, razo entre radiao difusa e global, bem como pelas mudanas espectrais da

    radiao incidente. Ao observar a curva diria do albedo, nota-se sua dependncia do

    ngulo de elevao solar, sobretudo nos dias com cu claro. Algumas espcies vegetais

    exibem uma curva caracterstica, a qual apresenta valor mnimo prximo ao meio-dia

    (ngulo de elevao solar alto) e valores maiores pela manh e final da tarde (ngulos

    de elevao solar baixo).

    Resultados obtidos por Idso et al (1975) mostraram que para solo mido, a

    variao diria do albedo exibe uma simetria em torno do meio-dia, em resposta aos

    efeitos do ngulo de elevao solar. Este efeito tende a se anular medida que o solo

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    27/41

    perde umidade, voltando a apresentar a simetria quando o solo fica completamente

    seco.

    Exemplos de albedos de algumas superfcies:

    - neve fresca 0,80 a 0,95

    - neve velha 0,42 a 0,70- solos arenosos secos 0,25 a 0,45- solos argilosos secos 0,20 a 0,35- solos turfosos 0,05 a 0,15- florestas caducas 0,15 a 0,20- florestas conferas 0,10 a 0,15

    Figura 11. Radiao solar global e refletida num dia com cu nublado.

    6 8 10 12 14 16 180

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    Radiao solar global

    Radiao refletida

    Radiaosolarglobalerefletida(MJ/m2)

    Tempo (h)

    6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 180

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    Radiao solar global

    Radiao refletida

    Radiaosolarglobal

    erefletida(MJ/m2)

    Tempo (h)

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    28/41

    Figura 12. Radiao solar global e refletida num dia com cu claro.

    Figura 13. Variao diria do albedo da superfcie vegetada, durante o ciclo da cultura de

    alface, variedade Elisa (cu nublado).

    6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 180,15

    0,20

    0,25

    0,30

    0,35

    Albedo

    Tempo (h)

    6 8 10 12 14 16 180,10

    0,15

    0,20

    0,25

    0,30

    Albedo

    Tempo (h)

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    29/41

    Figura 14. Variao diria do albedo da superfcie vegetada, durante o ciclo da cultura de

    alface, variedade Elisa (cu descoberto).

    Figura 15. Variao do albedo da superfcie vegetada, durante o ciclo da cultura de alface,

    variedade Elisa.

    0 5 10 15 20 25 300,00

    0,05

    0,10

    0,15

    0,20

    0,25

    Albedo

    Dias

    0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

    0,10

    0,15

    0,20

    0,25

    0,30

    0,35

    0,40

    0,45

    0,50

    Albedo

    Dias

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    30/41

    Figura 16. Variao do albedo da superfcie descoberta.

    2.6.2 Balano ou saldo de radiao de ondas longas

    A superfcie terrestre emite radiao de ondas longas (Rol) com comprimento de

    onda de 4 m a 100 m. Atravs da Lei de Stefan-Boltzman pode-se estimar essa

    emisso.

    Rol = Ts4

    13

    onde a emissividade da superfcie; a constante de Stefan-Boltzman e Ts a

    temperatura absoluta da superfcie (K).

    Todos os objetos com temperaturas superiores a zero absoluto emitem radiaes

    proporcionais quarta potncia da temperatura absoluta. Cerca de 90 % da radiao

    infravermelho emitida pela superfcie terrestre ao espao absorvida pela atmosfera,

    particularmente pelo vapor dgua, pelo gs carbnico e pelas nuvens. Grande parte dela

    volta superfcie terrestre.

    Todas as camadas da atmosfera participam da absoro e emisso de radiao,porm os processos so quantitativamente mais importantes nas camadas mais baixas onde

    os absorvedores da radiao de ondas longas esto mais concentrados.

    O balano ou saldo de radiao de ondas longas (SRol) a contabilizao entre

    a radiao que emitida pela Terra e a que volta da atmosfera. Esta radiao retornada

    varia com a temperatura do ar, teor de vapor dgua e cobertura por nuvens. Desse modo:

    SRol = Rol- Rol 14

    A diferena entre a radiao infravermelho ascendente da superfcie da Terra e

    a radiao descendente ou contraradiao da atmosfera chamada de radiao terrestre

    efetiva (Ret). A equao de Brunt (1934) para essa radiao :

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    31/41

    ( )

    +==

    N

    neTRSR

    etol9,01,009,056,04 15

    onde e a tenso de vapor dgua do ar; n/N, razo de insolao; T, temperatura do ar

    prximo ao solo (K) e , constante de Stefan-Boltzman.

    A equao demonstra que quanto maior o contedo de vapor dgua e maior a

    cobertura por nuvens, menor ser a perda de radiao terrestre de onda longa. Sob

    condies de cu claro 35 a 40 % da radiao hemisfrica total de onda longa1.

    Na prtica, o balano ou saldo de radiao de ondas curtas (SRoc), pode ser

    medido pelo albedmetro, o qual possui duas cpulas , sendo uma na parte superior (para

    medida da radiao incidente) e outra na parte inferior (para medida da radiao refletida) e

    o saldo total de radiao (SRT) pode ser medido pelo saldo-radimetro (net radiometer).Desse modo, o saldo de ondas longas pode estimado do seguinte modo:

    SRT = SRoc + SRol 16

    A Figura 17 mostra a curva correspondente ao saldo de radiao total. Durante

    o dia, em que se tem radiao de ondas curtas, a curva apresenta valores positivos, noite,

    acontece o contrrio, no sem tem ondas curtas, e os valores negativos representam o saldo

    de radiao de ondas longas.

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    SALDODERADIA

    O(MJ/m

    2)

    TEMPO (h)

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    32/41

    Figura 17. Saldo de radiao total.

    Figura 18. Saldo de radiao total (dia com cu claro).

    ______________________________

    1 A radiao global e a radiao de ondas longas constituem a radiao hemisfrica total

    -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    100003.04.96 ENERGIA = 13.39 MJ/m2

    SALDODERADIAOEXTERNO(W/m2)

    TEMPO (h)

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    SALDODERADIAO(MJ/m

    2)

    TEMPO (h)

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    33/41

    Figura 19. Saldo de radiao total (dia com cu nublado).

    2.7 BALANO DE ENERGIA

    A equao que se usa para o balano de energia expressa em termos de fluxos

    verticais, de acordo com o modelo proposto por Tanner (1960):

    SRT + G + LE + H + P 0 17

    onde SRT o saldo de radiao total disponvel superfcie; Ge o fluxo de calor no solo,

    LE o fluxo convectivo da calor latente; H o fluxo de calor sensvel e P a energia gasta

    nos processos fotossintticos.

    Vrios trabalhos envolvendo balano de energia (Lemon, 1963; Tanner, 1960 e

    Villa Nova et al, 1975) demonstraram que a energia utilizada nos processos fotossntticos

    pode ser desconsiderada, sem acarretar erros significativos no balano de energia, pois este

    termo raramente excede 2 a 5 % do saldo de radiao total, estando portanto, dentro dos

    limites de erro do mtodo de estimativa do balano de energia.Os fluxos de calor latente e sensvel podem ser estimados de acordo com a

    razo de Bowen (1926) e mtodo de Penman (1967), a partir de medidas de temperatura do

    ar (bulbo seco e mido) em dois nveis de altura.

    A razo de Bowen ( = H/LE) pode ser determinada de acordo com a equao

    de Webb (1965)

    +

    =

    1

    1

    dTs

    dTu

    x

    s

    18

    onde dTu a diferena de temperatura do termmetro de bulbo mido nos dois nveis de

    altura; dTs; a diferena de temperatura do termmetro de bulbo seco, nos dois nveis de

    altura; s a tangente curva de saturao de vapor dgua; a constante psicromtrica

    reduzida.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    34/41

    O termo (s + )/ pode ser determinado de acordo com a metodologia

    descrita por Penman (1967), do seguinte modo:

    ( )

    +

    =+

    15,0

    05979,0exp317,0 xTxs

    19

    onde T a temperatura mdia do ar (C), obtida pela mdia dos valores de temperatura do

    bulbo seco.

    De acordo com os valores medidos de SR e G e valores estimados de , o

    fluxo de calor latente de evaporao pode ser estimado usando a equao:

    ++

    =1

    GSRLE

    T 20

    A Figura 20 mostra as curvas correspondentes aos termos do balano deenergia.

    O fluxo de calor sensvel (H) apresentou picos em torno de 100 W/m2 e 150

    W/m2 (s 10 e 11 horas, respectivamente). O sinal positivo representa transferncia de calor

    do ar para o solo. Enquanto que o fluxo de calor no solo (G) atingiu valor em torno de 150

    W/m2, sendo que neste caso, o fluxo foi da superfcie para as camadas mais internas do

    solo.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    35/41

    Figura 20. Variao diria dos componentes do balano de energia.

    2.8 DISTRIBUIO DA RADIAO SOLAR DENTRO DE UM DOSSEL

    VEGETATIVO

    A densidade de fluxo de radiao solar global diminui medida que penetra

    numa comunidade vegetal , ao mesmo tempo que modifica sua composio espectral.

    A atenuao da radiao solar em um dossel vegetativo modificada pela

    geometria da planta, assim como pela grande variedade de folhas, diferentes espcies,

    idades e origens de plantas. Por exemplo plantas aquticas transmitem 4 a 8 % da luz

    incidente, enquanto que rvores perenes e grama transmitem de 5 a 10 %. Se todas as folhas

    estivessem dispostas verticalmente, poderiam, com relativa facilidade, permitir a

    penetrao da radiao. Entretanto, as folhas apresentam muitas formas e modelos, assim

    como variveis orientaes e inclinaes.

    Para conhecermos a atenuao basta fazermos medidas do fluxo em diferentes

    nveis dentro da cultura, o que pode ser feito atravs de medidas instrumentais.

    Um conhecimento da radiao solar dentro do dossel vegetativo, baseado na

    transmissibilidade, no arranjo e inclinao das folhas, densidade e altura das plantas e

    ngulo de inclinao dos raios solares, necessrio para uma melhor compreenso das

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    36/41

    relaes entre a radiao e rendimento das culturas. A transmissibilidade se altera com a

    idade da planta. Na primavera e incio do vero, a transmissibilidade de folhas jovens

    relativamente alta. Com a maturao da folha, esta decresce no vero e torna a crescer

    quando as folhas se tornam amarelas no outono.

    Quanto ao arranjo foliar, se as folhas que transmitem 10 % de radiao

    estivessem dispostas horizontalmente, em camadas contnuas, somente 1 % da radiao, na

    maioria das regies verdes, iria penetrar na segunda camada. Nichiprovich (1968)

    considerou que o arranjo ideal para o uso eficiente da radiao aquele em que 13 % das

    folhas mais baixas de uma planta estivessem entre 0 e 300 em relao ao plano horizontal,

    37 % das folhas intermedirias entre 30 e 600 e as restantes 50 % superiores, entre 60 e 900.

    A penetrao da radiao em dossis vegetativo pode ser descrita ou

    aproximada em termos matemticos. A primeira aproximao foi feita por Monsi-Saeki (osquais adaptaram a Lei de Beer-Bougher) que expressa a distribuio da radiao dentro de

    uma comunidade vegetal.

    KF

    eI

    I

    =

    0

    21

    onde, I intensidade da radiao a uma determinada altura dentro da comunidade de

    plantas;

    I0 intensidade da radiao na parte superior da comunidade de plantas;

    e - base dos logaritmos naturais;

    K coeficiente de extino pelas folhas;

    F - ndice de rea foliar do topo da cultura at a altura em questo.

    Para tanto eles consideraram que o dossel um meio homogneo e que toda a

    radiao incidente absorvida pela folha. Consideraram tambm que o cu isotrpico(toda a radiao difusa) e que K constante. O modelo est sujeito a erros pois a

    comunidade vegetal de natureza heterognea, a inclinao das folhas varivel, a

    radiao refletida, dispersa e absorvida, o cu no isotrpico e qualidade espectral da

    radiao muda.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    37/41

    O coeficiente de extino determinado em primeiro lugar pela inclinao e

    arranjo das folhas e em segundo lugar pela transmissibilidade. Para uma comunidade

    herbria de folhas eretas, o coeficiente K 0,3 a 0,5 e de folhas horizontais o coeficiente K

    0,7 a 1,0, segundo Saeki, 1960. Aps a transmisso atravs da comunidade de plantas, a

    radiao solar tem sua composio espectral modificada. A percentagem da radiao

    incidente que penetra no dossel vegetativo muda notadamente com o ngulo do de elevao

    solar.

    2.9 UTILIZAO DA RADIAO SOLAR PELAS CULTURAS

    Devido as mltiplas camadas de folhas , a eficincia na utilizao do saldo de

    radiao pelas culturas deveria aumentar, mas isto normalmente reduzido por duas razes:

    a) Porque a superfcie do solo no completamente coberta pela cultura, perdendo-se com

    isso grande parte da radiao;

    b) Porque existem deficincias variveis de gua, nutrientes minerais, doenas e

    temperaturas desfavorveis.

    Alm disso, a falta de informaes sobre o material radicular (o qual pode

    constituir at 30% da matria seca total em termos de colheita), tambm pode contribuir

    para a aparente baixa eficincia de utilizao da radiao solar.

    Spoher (1956) estimou que sob condies timas, o milho pode converter cercade 1,5 % da radiao solar incidente em matria orgnica, incluindo palha, espigas, colmos

    e razes, durante um perodo de crescimento de quatro meses.

    2.10 FOTOPERIODISMO

    Chamamos fotoperodo ao perodo em tempo, em que existe radiao num

    determinado local. Em outras palavras, fotoperodo a durao astronmica do dia,

    enquanto que as reaes das plantas frente a esta durao do dia chamada

    fotoperiodismo.

    O estudo do fotoperodo importante sob o ponto de vista fisiolgico, sendo

    atuante em processos fotossintticos e morfolgicos em uma planta e estabelecendo

    diferentes atividades em insetos e aracndeos predadores e tambm sob o ponto de vista

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    38/41

    fsico, pois propicia a distribuio diferencial de energia para um mesmo meio, ao longo do

    ciclo anual.

    O primeiro estudo sobre fotoperodismo foi publicado por Garner e Allard

    (1920), os quais atravs de experimentos realizados em Washington, com diferentes

    variedades de soja, estabeleceram que variedades podem ser de florao precoce ou tardia,

    de acordo com a durao do dia que requerem para florescer.

    As variedades que requerem dias longos para florescer so de florao

    precoce e aquelas que para florescer necessitam de dias curtos so de florao tardia.

    Quando um vegetal dispe de condies favorveis de temperatura, umidade,

    etc, para crescer, mas a durao do dia no adequada, a planta crescer indefinidamente,

    produzindo-se caso de gigantismo. Sabe-se at o presente que a durao astronmica do dia

    atua no s abreviando ou aumentando o ciclo das plantas, mas tambm sobre suacomposio qumica, formao de bulbos e tubrculos, atividade e descanso vegetativo,

    tipos de flores e folhas, pigmentao, desenvolvimento das razes, resistncia ao frio, etc.

    Assim, se uma planta de florao tardia deixa de ser iluminada durante a noite, por 5 a 15

    minutos, haver um atraso na data da florao; o mesmo efeito verificado se a planta

    iluminada desde o nascer do sol at a meia-noite. Nas plantas de florao precoce, pelo

    contrrio, o referido tratamento acelera a florao.

    Com base em suas respostas ao fotoperodo, as plantas podem ser chamadas de:

    a) Plantas de dias curtos

    So aquelas que com dias de durao solar inferior a 12 ou 14 horas (dias

    curtos) aceleram seu ciclo, adiantando a florao, exemplos: milho, sorgo, mamona, feijo,

    algodo, etc. Todas elas, quanto mais prximas do equador, forem cultivadas, menor o seu

    ciclo.

    As espcies de dias curtos so originrias de regies tropicais e subtropicais,

    mas por ao seletiva do homem, se tem obtido variedades precoces sob a influncia de

    dias longos, o que permite seu cultivo nas latitudes mais altas.

    b) Plantas de dias longos

    So plantas que com dias de durao solar superior a 12 ou 14 horas (dias

    longos) aceleram seu ciclo, adiantando a florao, exemplo: trigo, aveia, cevada, linho, etc.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    39/41

    So originrias de regies montanhosas de zonas temperadas e, se cultivadas

    prximas do equador, aumentam o seu ciclo. Dentro dessa categoria de plantas, tambm a

    ao seletiva do homem tem permitido obter variedades que sob a ao de dias curtos

    podem ser cultivadas em regies equatoriais.

    c) Plantas intermedirias e plantas indiferentes

    Intermedirias so plantas que florescem com dias de durao de 11 a 13 horas,

    exemplo, cana-de-acar.

    Indiferentes so espcies que podem formar suas flores sob qualquer perodo de

    iluminao. So indiferentes durao do dia, exemplo, tomate, girassol, etc.

    Alm de influenciar no florescimento das plantas, o fotoperodo influencia,

    tambm, entre outros, na dormncia, elongao, distribuio natural das plantas, etc. Adormncia, ou seja, o no desenvolvimento de gemas previamente formadas,

    freqentemente influenciada pelo fotoperiodismo, pois o desenvolvimento da gema apical

    inibe a formao das gemas laterais e a formao desta apical ocorre quase sempre em dias

    curtos. A diferena entre os efeitos do fotoperiodismo no florescimento e na dormncia est

    em que, em relao a dormncia, dias curtos sempre a promovem, e dias longos promovem

    o crescimento, ao passo que em relao ao florescimento, este promovido, segundo as

    plantas, ou por dias longos ou por dias curtos.Em relao ao alongamento, muitas so as plantas em que o alongamento dos

    entrens est associado com o fotoperiodismo. As plantas de dias curtos, em geral, tem os

    entrens formados neste perodo, menores do que aqueles formados em dias longos. J em

    plantas de dias longos, algumas comeam a elongao antes da formao de gemas

    florferas, outras apenas depois da formao destas.

    O fotoperodo um importante fator na distribuio natural das plantas. Em

    geral, as plantas originrias de baixas latitudes exigem dias curtos para florescer, enquanto

    que as das altas latitudes so plantas de dias longos e quando deslocadas para baixas

    latitudes, no produzem flores. Quando as plantas de baixas de latitudes so submetidas aos

    fotoperodos longos das altas latitudes, continuam a crescer vegetativamente.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    40/41

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ASSIS, S.V., ESCOBEDO, J.F. Radiaes solar global e difusa em estufas com orientaesnorte-sul e leste-oeste. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 9,

    1996a. Campos do Jordo. Anais...Campos do Jordo: SBMet, 1996a. v.1, p.536-40.ASSIS, S.V., ESCOBEDO, J.F. Avaliao do albedo da cultura de alface ( Lactuca sativa

    L. ) em estufas nas orientaes norte-sul e leste-oeste. In: CONGRESSO BRASILEIRODE METEOROLOGIA, 9, 1996b. Campos do Jordo. Anais...Campos do Jordo:SBMet, 1996b. v.1, p.357-60.

    ASSIS, S.V., ESCOBEDO, J.F. Influncia do ngulo de elevao solar no albedo da culturade alface (Lactuca sativa L. ) medido em estufas de polietileno, tipo tnel eexternamente. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, 10,1997. Piracicaba. Anais..Piracicaba: SBA, 1997. p.476-78.

    CHARNEY, J., QUIRK, W.I., CHOW, S-H., KORNFIELD, J. A comparative study of theeffects of albedo change on drought in semi-arid regions. Journal of the AtmosphericSciences, v.34, p.1366-85, 1977.

    CHIA, Liu-Sien. Albedos of natural surfaces in Barbados. Quarterly Journal RoyalMeteorological Society, v.93, p.116-20, 1967.

    COULSON, K.L. Solar Radiation: Diffuse component. In:_Solar and TerrestrialRadiation. New York: Academic Press,1975. p.86-141.

    DUFFIE, J.A., BECKMAN, W.A., Available solar radiation. In:_.Solar Engineering ofThermal Process. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1980. p.28-110.

    FRISINA, V. A. Otimizao de um albedmetro e aplicao no balano de radiao eenergia da cultura de alface (Lactuca sativa, L) no interior de um estufa de polietileno.

    Botucatu, 1998. 86p. Dissertao ( Mestrado/Energia na Agricultura ) - Faculdade deCincias Agronmicas, Universidade Estadual Paulista.

    GRASER, E.A., VAN BAVEL, C.H.M. The effect of soil moisture upon soil albedo.Agricultural Meteorology, v.27, p.17-26, 1982.

    IDSO, S.B. The dependence of bare soil albedo on soil water content. Journal of AppliedMeteorology, v.14, p.109-13, 1975.

    KONDRATYEV, K.Ya. Radiation in the atmosphere. New York: Academic Press, 1969.912p.

    KONDRATYEV, K.Ya. The shortwave albedo and the surface emissivity. Garp StudyConference on Land Surface Process in Atmospheric General Circulation Models. NASAGoddard Space Flight Center, 1982. 53p.

  • 8/3/2019 Apostila Agrometeorologia 2

    41/41

    MELO, J.M.D. Desenvolvimento de um sistema para medir simultaneamente radiaesglobal, difusa e direta. Botucatu, 1993. 129p. Tese ( Doutorado/Energia na Agricultura )- Faculdade de Cincias Agronmicas, Universidade Estadual Paulista.