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APLICAÇÃO DE GESTÃO DE OBRAS DE ARTE – GOA – GESTÃO

INTEGRADA DE ACTIVOS

Tiago Mendonça1, Vítor Brito

2 e Sérgio Costa

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1 Betar Consultores, Lda, Av. Elias Garcia nº53 2ºEsq., 1000-148 Lisboa, Portugal

email: tmendonca@betar.pt http://www.betar.pt

2, 3 Betar Consultores, Lda, Av. Elias Garcia nº53 2ºEsq., 1000-148 Lisboa, Portugal

Sumário

A Betar Consultores, Lda. iniciou há quase 20 anos o desenvolvimento de um Sistema de Gestão que constitui

uma ferramenta essencial para o Dono de Obra conhecer o estado de conservação e manutenção das Obras de

Arte geridas, podendo assim tomar decisões relativamente à definição dos investimentos a realizar, priorizando-

os de forma criteriosa.

A gestão de Obras de Arte é hoje encarada como uma realidade para a qual os Donos de Obra estão atentos e

devidamente preparados.

É objectivo desta comunicação descrever os últimos desenvolvimentos no Sistema de Gestão desenvolvido pela

Betar, e desafios inerentes à sua evolução do ponto de vista tecnológico e de engenharia.

Palavras-chave: Sistemas de gestão de Obras de Arte, Gestão de activos, Vistorias, Anomalia, Modelos de

degradação

1 INTRODUÇÃO

As Obras de Arte, como parte integrante das redes de transporte, constituem estruturas cuja garantia da

capacidade funcional e estrutural é indispensável para se evitar perturbações no tráfego. A natureza e

especificidade dos diversos componentes que constituem uma Obra de Arte requerem uma gestão integrada e

uma visão global do seu Estado de Conservação.

Do ponto de vista do Gestor (Dono de Obra), é essencial que disponha de acesso rápido a toda a informação

relativa à sua infra-estrutura, em formato consolidado ou em relatórios detalhados. A Betar Consultores, Lda.

desenvolveu o SGOA – Sistema de Gestão de Obras de Arte para dar resposta a estas necessidades.

A Betar criou uma nova geração da aplicação GOA, actualmente na versão 1.1, reunindo um conjunto de

funcionalidades e tecnologias inovadoras que vão ao encontro das necessidades crescentes das entidades que

fazem deste software a sua ferramenta de apoio à decisão. Para além de dar a conhecer os últimos

desenvolvimentos no Sistema de Gestão, pretende-se também apresentar as áreas de desenvolvimento futuro do

sistema e da sua plataforma informática.

2 SISTEMA DE GESTÃO DE OBRAS DE ARTE - GOA

O sistema foi desenvolvido e organizado de forma a permitir adaptar-se às necessidades dos diversos Donos de

Obra. Nesta óptica, o sistema GOA apresenta um conjunto de módulos que interagem entre si e nos quais a

informação recolhida no campo está devidamente organizada e catalogada.

Os módulos do sistema completo são:

i. Tabelas Auxiliares

ii. Gestão de Permissões

iii. Módulo de Inventário

iv. Módulo de Inspecções Principais

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v. Módulo de Inspecções de Rotina

vi. Módulo de Inspecções Subaquáticas

vii. Módulo de Batimetria

viii. Módulo de Histórico

ix. Módulo de Consultas

x. Módulo de Registo de Transportes Especiais

xi. Módulo de Relatórios - Exportação em Lotes

2.1 Funcionalidades transversais à aplicação

A aplicação apresenta uma arquitectura que privilegia a usabilidade, salientando-se a versatilidade das tabelas

exibidas na aplicação, disponibilizando funções de ordenação e aplicação de filtros.

A aplicação de filtros permite a aplicação de critérios de selecção que podem ser utilizados como uma forma

expedita de consulta. A selecção múltipla permite ainda a publicação da lista filtrada em mapa.

O acesso aos diferentes interactivos é facilitado por uma interface simplificada. É possível visualizar todos os

dados sem necessidade de acesso em modo de Edição, restringido apenas pelas permissões de acesso do

utilizador. Em interactivos de introdução de dados mais exaustiva, está presente a gravação intermédia de dados

(sem sair dos interactivos de I/O).

Fig. 1. Aplicação GOA – Lista de obras e publicação em mapa

2.2 Inventário

O Inventário de uma Obra de Arte é o registo, de uma forma sistemática e organizada, das características dessa

obra que possam servir de base ou interessar à sua manutenção e conservação.

Constitui o primeiro passo para a futura realização de todas as actividades de Gestão de Obras de Arte. Deve, por

isso, constituir a primeira actividade na implementação de um Sistema de Gestão de Obras de Arte e ser

efectuado quando é recebida uma nova obra, precedendo qualquer outro trabalho de Inspecção, Manutenção ou

Reparação.

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No módulo de Inventário implementou-se a construção dinâmica (gráfica) do Perfil da Via sobre a Obra e das

Intersecções, nova forma de registo de Monitorização e registo detalhado dos Condicionamentos Hidráulicos da

Obra de Arte (alteração que obrigou a um aumento significativo de registos).

Nos Dados de Constituição existe agora a possibilidade de indicar mais que uma vez na mesma obra a mesma

combinação Componente-Elemento-Tipo-Material-Unidade indicando também uma Localização (texto livre).

Esta nova funcionalidade permite, sem perder a uniformização de critérios, uma maior personalização da

informação, melhorando a compreensão dos dados.

2.3 Inspecções Principais

Uma Inspecção Principal consiste em observar e registar as condições de funcionamento de uma Obra de Arte.

Neste registo são identificadas as anomalias mais graves que comprometem o bom desempenho dos diversos

componentes da obra de arte, quer a nível de durabilidade quer ao nível da segurança.

Os Trabalhos de Reparação estão tipificados no sistema com custos unitários e têm associado um Caderno de

Encargos (manual de Trabalhos de Reparação), onde são descritos todos os procedimentos para a correcta

execução dos trabalhos. Convém ainda salientar que a cada trabalho de reparação está associado um Ano de

Reparação óptimo, que é definido tendo em conta a evolução prevista e a especificidade da anomalia a rectificar.

No módulo de Inspecções Principais há que registar diversas evoluções ao nível dos conceitos de Engenharia

subjacentes à aplicação.

Fig.2. Aplicação GOA – Módulo de Inspecções Principais – Fotografias

Existe agora a possibilidade de indicar explicitamente que determinado Componente não foi inspeccionado ou

não foi classificado através da atribuição respectivamente das classificações NI e NC em que NI corresponde a

um componente que não foi possível inspeccionar por dificuldade de acesso ou por se encontrar oculto e NC

corresponde a um componente que não foi possível classificar. Este último é aplicado quando a inspecção incide

apenas em parte do componente, não sendo esta representativa da totalidade do mesmo. São situações em que

tipicamente estão envolvidos os aparelhos de apoio de uma ponte ou viaduto, sendo possível inspeccionar os

aparelhos de apoio sobre os encontros, mas não sobre os pilares.

O Estado de Conservação do componente Obra de Arte (que traduz o Estado de Conservação da obra no global)

passa a ser sugerido automaticamente de acordo com um algoritmo parametrizável que tem por base os estados

de conservação atribuídos aos componentes individuais.

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Existe também a possibilidade de criação, através de uma simples checkbox, de uma Inspecção de Rotina a partir

da Inspecção Principal, quando o trabalho de campo tenha sido feito em simultâneo.

Nas Inspecções foi criado o conceito de Medidas de Actuação, agrupando todas as medidas propostas pelos

inspectores para resolução e/ou acompanhamento das anomalias. As Anomalias detectadas poderão associar-se a

figuras (fotos) específicas e respectivas medidas correctivas. Esta associação permite criar uma tabela

(apresentada em relatório), onde se apresentam todas as anomalias assinaladas por componente, figuras

associadas e respectivas medidas de actuação propostas (Figura 3).

As Medidas de Actuação disponíveis no GOA, para além da associação de Anomalias, incluem: i) Trabalhos, ii)

Alertas, iii) Avaliação Técnica/Económica, iv) Acompanhamentos, v) Ensaios e vi) Instrumentação.

Fig.3. Aplicação GOA – Relatório de Inspecção Principal – Quadro Resumo (parcial)

De forma a responder à crescente necessidade de inclusão de mais fotografias para caracterização das Obras de

Arte, é possível incluir até 20 fotografias por componente. Está disponível uma checkbox para identificar quais

as fotos a integrar também nos relatórios das Inspecções de Rotina, sendo incluída uma legenda nas fotografias

(componente e nº de ordem) que permite a realização de referências cruzadas.

A identificação das figuras permitirá a realização de associações a anomalias e medidas de actuação, informação

que será utilizada para a realização do resumo apresentado na Figura 3.

Em obras intersectadas por linhas de água, os diferentes tipos de Inspecções disponibilizam uma checklist para

identificação de anomalias nas obras e na sua envolvente decorrentes do escoamento, permitindo identificar a

susceptibilidade da obra nesta matéria.

2.4 Inspecções de Rotina

As Inspecções de Rotina destinam-se a avaliar o Estado de Manutenção das Obras de Arte e, em função disso,

propor a realização de trabalhos de manutenção com o objectivo de garantir níveis de serviço e segurança

adequados.

A manutenção de rotina consiste em limpezas e pequenas reparações, realizadas a intervalos determinados. O

objectivo é manter e recuperar os diversos componentes, de forma a evitar a sua degradação acelerada. São

exemplos desta actividade o aperto de porcas frouxas e a selagem de juntas de dilatação.

Nas Inspecções de Rotina existirá também a possibilidade de indicar explicitamente que determinado

Componente não foi inspeccionado, através da atribuição da classificação NI.

O Estado de Manutenção dos componentes 2 a 15 passa a ser obtido automaticamente a partir dos trabalhos de

manutenção preconizados, com a classificação A (Componente sem trabalhos de manutenção atribuídos), B

(Componente com trabalhos não prioritários atribuídos) e C (Componente com trabalhos prioritários atribuídos).

Subjacente a esta classificação está o duplo estatuto do trabalho de manutenção, que pode ou não ser considerado

prioritário.

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O Estado de Manutenção da Obra de Arte (global) é definido em função de um algoritmo parametrizável que

avalia a classificação dos componentes individuais para atribuir a classificação de Suficiente ou Insuficiente.

2.5 Consultas

O sistema GOA permite acumular informações diversas relacionadas com as obras de arte contidas num ou em

vários parques de obras. No entanto, a procura de uma determinada informação no sistema torna-se mais difícil

com o aumento do número de dados inseridos nesse sistema. A juntar a este facto poderá igualmente haver

necessidade ou conveniência de relacionar informação contida nos vários módulos do sistema.

Este módulo permite gerar consultas obedecendo a diferentes critérios, relacionados entre si através da aplicação

de operadores lógicos. Esta solução permite extrair a totalidade dos dados guardados, de forma flexível e

intuitiva. Cada uma destas consultas pode ser gravada para utilização futura, recorrendo a um repositório que

permite rapidamente repetir consultas frequentes. Está igualmente disponível a visualização de Obras no Bing

Maps a partir do resultado de uma determinada consulta.

Fig.4. Aplicação GOA – Módulo de Consultas

2.6 Histórico

O sistema dispõe de um módulo, o Histórico, onde se encontram registadas todas as alterações efectuadas na

base de dados, para que no futuro se possa analisar com maior rigor as modificações efectuadas nas obras de

arte. Estas poderão compreender a supressão ou adição de novos componentes, ficando igualmente registadas as

intervenções de maior importância efectuadas na obra de arte. O Histórico funciona igualmente como um registo

permanente das alterações efectuadas nos dados da base de dados reflectindo alterações na obra de arte.

No módulo de Histórico foram acrescentadas diversas funcionalidades de apoio à gestão, tendo como principais

novidades os seguintes itens: i) Registo automático dos dados mais relevantes das inspecções periódicas,

incluindo Estados de Conservação actualizados, ii) Possibilidade de anexar documentos em vários interactivos,

iii) Registo de Inspecções Especiais, iv) Registo automático de alterações a dados de Inventário, v) Registos de

leituras de monitorização, vi) Registo de movimentos em Juntas de Dilatação e Aparelhos de Apoio vii) Registo

automático das restrições à exploração.

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3 GOA Versão 1.1

A mais recente versão do software GOA inclui diversas melhorias gerais de usabilidade e estabilidade da

plataforma. Em termos funcionais, a aplicação sofreu alterações importantes no módulo de Inspecções de Rotina

e a adição de uma nova área, o módulo de Vistorias.

3.1 Módulo de Vistorias

O módulo de Vistorias vem dar resposta a uma necessidade premente do sistema de gestão GOA, permitindo a

realização de uma acção inspectiva com características técnicas semelhantes à inspecção principal, mas

dispensando a observação de todos os componentes. A vistoria surge como uma inspecção principal

extraordinária, fora do plano periódico de inspecções adoptado pelo gestor da rede.

Âmbito da Vistoria

Dado o seu carácter extraordinário, a vistoria pode ter âmbitos diversos, definido nos seus dados nucleares como

sendo: i) Acompanhamento de EC4/EC5, ii) Dano, iii) Transporte Especial, iv) Componente e v) Outro.

Estas opções traduzem as situações mais comuns que motivam uma inspecção extraordinária: i) acompanhar

obras que apresentam anomalias estruturais graves, que conduziram à atribuição de um estado de conservação

agravado, e que requer um acompanhamento mais frequente. Dadas as suas características, a vistoria permite

dispensar a inspecção de componentes em bom estado; ii) inspeccionar apenas os componentes afectados por um

dano acidental que tenha afectado a estrutura; iii) realizar inspecções integrais ou restringidas a alguns

componentes no âmbito da passagem sobre a obra de um transporte especial; iv) acompanhamento ou inspecção

específica a um ou vários componentes. Está também disponível um campo livre que confere ao gestor a

versatilidade de implementar a vistoria noutras actividades, como seja, por exemplo, o acompanhamento ou

recepção de pequenas reparações.

Associação de uma acção inspectiva prévia

A vistoria pode ser associada a uma inspecção principal anterior, ou mesmo a uma vistoria. Esta associação

permite estabelecer comparações ao nível do estado de conservação dos diferentes componentes da obra de arte

e, também, comparar fotos entre a vistoria em curso e acção inspectiva anterior seleccionada.

Classificação de componentes

Por definição do próprio sistema, uma Vistoria não altera o estado de conservação do componente global Obra

de Arte. Assim, este estado de conservação é definido automaticamente a partir da última inspecção principal

realizada.

Caso tenha sido seleccionada uma acção inspectiva para comparação, neste interactivo são exibidos os estados

de conservação atribuídos nessa inspecção ou vistoria. Para os componentes vistoriados este estado de

conservação tem um carácter informativo, apoiando o inspector na comparação entre inspecções.

Neste interactivo é também feita a selecção dos componentes vistoriados.

Fig.5. Aplicação GOA – Módulo de Vistorias – Classificação de componentes

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Acompanhamento de restrições à exploração e monitorização/instrumentação implementada

A vistoria constitui o suporte ideal para avaliação das restrições à exploração em vigor na obra em causa. O

interactivo permite identificar restrições (velocidade, carga, gabarit) inventariadas e/ou presentes na obra e

documentar valores aprovados e implementados. É igualmente possível, no âmbito de uma vistoria, propor novas

restrições à exploração. Estas funcionalidades estão disponíveis para a via sobre a obra e intersecções.

É também disponibilizado ao responsável pela Vistoria um interactivo para avaliação da monitorização e

instrumentação implementadas (inventariadas ou identificadas no local). O objectivo é comparar o valor

aprovado com o implementado no local e identificar e registar níveis de alerta.

Comparação de fotos

Uma das funcionalidades principais disponibilizadas pelo módulo de vistorias é a comparação lado-a-lado de

fotografias da vistoria actual com acções inspectivas anteriores, sejam elas inspecções principais ou outras

vistorias.

Quando é associada uma acção inspectiva prévia, no interactivo de inserção de fotos e comentários é possível

escolher uma foto comparativa, constituindo um ferramenta impar para o acompanhamento periódico de

anomalias em obras de arte.

Fig.6. Aplicação GOA – Módulo de Vistorias – Comparação de fotografias

Esta comparação é reflectida igualmente no relatório de vistoria, que executa o layout automático da secção de

fotografias de modo a mostrar na mesma página as duas fotografias comparadas, com indicação da acção

inspectiva de origem.

Tal como na Inspecção Principal, está disponível a associação de Medidas de Actuação, disponibilizando um

conjunto de medidas correctivas ou de acompanhamento que o responsável pela Vistoria poderá preconizar.

3.2 Inspecções de Rotina

O módulo de Inspecções de Rotina recebeu funcionalidades acrescidas face à primeira versão da nova geração

do software GOA. Num esforço de flexibilização do módulo e de disponibilizar ao gestor um leque mais

alargado de ferramentas de caracterização da obra de arte, foram trazidas da inspecção principal algumas das

medidas de actuação que são disponibilizadas ao inspector.

Na versão 1.1 do GOA estão disponíveis as seguintes medidas de actuação adicionais: i) Anomalias, ii) Alertas e

iii) Acompanhamento. Estas medidas de actuação apresentam as mesmas funcionalidades presentes na Inspecção

Principal.

4 SISTEMA GOA – Desenvolvimentos Futuros

O Sistema GOA goza de uma vasta experiência construída durante praticamente 20 anos na gestão de obras de

arte em todo o país e no estrangeiro, assumindo à data a gestão de mais de 16000 obras de arte. Este histórico e

abrangência de aplicação permite reunir um volume de informação ímpar, que impulsiona os novos

desenvolvimentos do sistema.

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O desenvolvimento do sistema está sustentado em dois vectores distintos, um tecnológico e outro técnico, que

consistem em:

i. Expansão da plataforma, com desenvolvimento de aplicação para dispositivos móveis;

ii. Alargamento do papel da anomalia e introdução de modelos de degradação.

4.1 Expansão da Plataforma – GOA Mobile

A expansão da plataforma GOA tem como objectivo responder ao desafio da mobilidade. Tirando proveito dos

avanços recentes de hardware e software que facilitaram a proliferação de dispositivos móveis, está em

desenvolvimento uma versão da aplicação informática GOA que acompanha o inspector no terreno.

O apoio de um software de gestão durante a inspecção a obras de arte permite desenvolver diversas vertentes do

acto inspectivo. Para além de beneficiar a qualidade e fiabilidade da informação recolhida, o acesso durante a

inspecção aos dados presentes no GOA permite análises in situ que enriquecem a inspecção. A aplicação

permitirá a consulta dos principais dados de inventário, o acesso rápido aos estados de conservação e

manutenção provenientes de inspecções anteriores e medidas de actuação recomendadas. Será também

disponibilizada a visualização dos relatórios anteriores.

A recolha directa de dados para o GOA durante a inspecção traz enormes vantagens para o Sistema de Gestão.

Uma das principais directrizes no desenvolvimento da aplicação móvel é trazer maior rapidez ao processo global

de inspecção. Este objectivo é atingido de três formas: a) automatizando a transferência de dados recolhidos para

a base de dados central, que nas inspecções de rotina permite eliminar o trabalho de carregamento de dados em

escritório; b) importação de Medidas de Actuação de inspecções anteriores para a inspecção em curso, segundo

um processo de validação simples; c) concepção de soluções específicas para facilitar a inserção rápida de dados,

recorrendo a design de interface inovador e tipificação e automação de inserções frequentes. Outro benefício

decorrente da recolha directa de dados para o GOA é a eliminação dos erros gerados durante a transcrição de

dados provenientes de outros suportes para o GOA, aumentando a fiabilidade global da informação recolhida e,

consequentemente, de todo o sistema.

A presença do GOA ao lado do inspector enquanto realiza a inspecção visa também servir de guia à própria

inspecção. Estarão presentes funcionalidades já adoptadas na versão actual que incluem a sugestão de trabalhos a

partir de anomalias identificadas no componente, bem como a sugestão do Estado de Conservação global com

base num algoritmo parametrizável. A adaptação do formulário de inspecção às características da obra traduz

outro benefício da solução, que tem como objectivo apoiar o inspector durante a visita a obra, libertando a sua

atenção para o acto inspectivo.

A utilização do GOA durante a inspecção, para além dos benefícios já elencados, serve de fundação para a

disponibilização de novas ferramentas ao inspector. O acesso no terreno a software especializado permitirá

recolher maior quantidade de informação, integração com dispositivos que ampliem o leque de informação

recolhida, introdução de novas tecnologias e adopção de ferramentas inovadoras de apoio à decisão.

As principais características funcionais do GOA Mobile incluem:

i. Criação de campanhas de inspecção para funcionamento autónomo, sem necessidade de ligação à base

de dados central;

ii. Captura de imagem e áudio;

iii. Formulário de inspecção dinâmico;

iv. Importação de medidas de actuação anteriores (trabalhos, alertas, ensaios, instrumentação, avaliação

técnica/económica);

v. Associação automática entre anomalias, fotografias e medidas de actuação;

vi. Interface táctil desenhada de raiz.

Entre as principais características tecnológicas que servem de fundação ao GOA Mobile, destacam-se as

seguintes:

i. Funcionamento Offline;

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ii. Sincronização semi-automática com a base de dados central.

O funcionamento offline confere uma maior versatilidade, permitindo a utilização do software sem limitações

impostas pela cobertura de rede, promovendo a integridade dos dados no dispositivo local e da base de dados

central.

O carregamento dos dados é conseguido através da utilização de uma ferramenta de sincronização, que gere o

acesso e disponibilização dos dados nos dispositivos móveis. Esta ferramenta é igualmente responsável pela

descarga dos dados recolhidos durante a campanha de inspecções e a sua transferência para a base de dados

central, conforme ilustrado na figura 7.

Fig.7. Arquitectura da Plataforma GOA

4.2 A anomalia no GOA e modelos de degradação

A adopção de modelos de degradação tem constituído um enorme desafio, sem resultados satisfatórios que

permitam a sua implementação e utilização sem reservas na versão em produção da aplicação informática.

A tentativa de estabelecer modelos que correlacionem a degradação dos diferentes componentes para a previsão

da degradação da Obra de Arte colide com a enorme complexidade do problema, com resultados pouco claros e

que estão ainda longe de conferir uma mais-valia para a actividade de gestão de obras de arte.

Os novos desenvolvimentos, que decorrem a nível conceptual do próprio sistema de gestão e com natural reflexo

na aplicação informática, visam simplificar a abordagem a esta problemática baixando o plano de observação

para o nível do componente.

A actual versão do GOA disponibiliza a associação de anomalias no interactivo de inspecção, atribuídas de

acordo com o componente afectado. As principais características deste campo são as seguintes:

i. Associação de anomalias em Inspecção Principal e Inspecção de Rotina;

ii. Associação de anomalias às fotografias do componente (inseridas na inspecção);

iii. Associação de anomalias a medidas de actuação (trabalhos, alertas, acompanhamento, avaliação

técnica/económica, ensaios e instrumentação);

iv. Anomalias organizadas por tipo.

A profundidade e abrangência dos dados actualmente recolhidos são ampliadas com a introdução em versões

futuras do conceito de Estado da Anomalia, já presente no sistema GOA mas de forma implícita e aplicada ao

acumulado de anomalias de um determinado componente, subjacente ao cálculo do seu estado de conservação.

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O Estado da Anomalia permite uma caracterização mais profunda do fenómeno de degradação, apoiando-se em

três grandezas de caracterização que permitem maior diferenciação destes fenómenos, essencial para a

sistematização da informação de forma transversal a um universo de obras e ao longo do tempo.

As grandezas que constituem o Estado da anomalia são a sua Relevância, Extensão e potencial de Evolução.

Cada uma delas é classificada segunda uma escala objectiva que evita níveis de complexidade penalizadores

durante a inspecção.

A classificação destas grandezas encontra-se resumida no quadro seguinte:

Quadro 1. Grandezas de caracterização do estado da anomalia

Relevância Estética Ligeira (durabilidade) Moderada (estrutural) Alta (segurança)

Extensão Pequena/Ligeira Intermédia Grande/Severa

Evolução Estável Tendência de evolução

A identificação e classificação de anomalias em inspecções principais e de rotina constitui uma vasta frente de

recolha de informação, valorizada por uma caracterização em seis variáveis (designação, tipo, componente,

relevância, extensão e evolução).

Os desenvolvimentos referidos definem dois princípios que servem de suporte à estratégia de implementação

futura de modelos preditivos na aplicação GOA, sendo estes:

i. Modelo de degradação circunscrito ao componente;

ii. Alargamento do espectro de caracterização da anomalia.

A restrição do universo de estudo (ao nível do componente) e a maior diversidade de variáveis (grandezas de

caracterização da anomalia) facilitarão a adopção de modelos preditivos, estado em curso o estudo da

implementação de modelos estocásticos do tipo processos de Markov que contribuam para a determinação do

estado de conservação futuro do componente em estudo.

Em paralelo, a consolidação do papel da anomalia no sistema de gestão GOA, e a sua ampla caracterização,

permitem o estudo de algoritmos que sistematizem a relação implícita entre as anomalias identificadas em

determinado componente e o seu estado de conservação. A implementação de algoritmos de sugestão para a

classificação de componentes individuais constituirá uma ferramenta importante no apoio à avaliação realizada

pelo inspector, contribuindo para o aumento da fiabilidade global do sistema e dos seus resultados.

5 CONCLUSÕES

A administração e gestão de activos, encontrando-se cada vez mais interligada com outro tipo de actividades,

carece de ferramentas que permitam uma resposta rápida e eficaz. Os sistemas de gestão são indiscutivelmente

indispensáveis nesse processo.

A nova geração da aplicação GOA responde a uma crescente necessidade de simplificação do ponto de vista

tecnológico/informático, convergindo simultaneamente para uma evolução relevante ao nível dos conceitos

técnicos e de Engenharia subjacentes à actividade de gestão e inspecção de obras de arte.

Os Sistemas de Gestão desenvolvidos pela Betar Consultores, Lda são já utilizados por diversas entidades e

Donos de Obra desde há 19 anos. Ao longo deste tempo têm sido continuamente desenvolvidos, de forma a

responder às crescentes necessidades dos clientes, dotando-os de uma ferramenta de apoio à decisão fiável e

eficiente.