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Sistema de inspecção e diagnóstico de anomalias em superfícies de betão à vista Cátia Rafaela Ferreira Medeiros da Silva Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientadores: Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito Professor Doutor José Dinis Silvestre Júri Presidente: Professor Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia Orientador: Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito Vogal: Professora Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen Outubro de 2015

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Sistema de inspecção e diagnóstico de anomalias em

superfícies de betão à vista

Cátia Rafaela Ferreira Medeiros da Silva

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores:

Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito

Professor Doutor José Dinis Silvestre

Júri

Presidente: Professor Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia

Orientador: Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito

Vogal: Professora Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen

Outubro de 2015

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RESUMO

O intuito principal da presente dissertação consiste na criação de um sistema de apoio à inspecção e

diagnóstico de superfícies de betão à vista. Para a sua execução, procede-se primeiramente à

identificação e classificação das anomalias e causas prováveis que propiciam o seu aparecimento e

evolução. Assim, foi possível a elaboração de fichas de anomalias, que englobam sumariamente

dados informativos acerca da anomalia, nomeadamente a sua denominação, descrição do fenómeno

patológico, causas e consequências associadas, parâmetros de inspecção e classificação, tendo em

consideração o seu nível de gravidade / urgência de reparação. Posteriormente, identificam-se e

classificam-se as técnicas de diagnóstico adequadas ao sistema classificativo das anomalias

apresentado, passíveis de execução in situ, cuja informação é resumida em fichas individuais de

diagnóstico.

Após a referida classificação, foram elaboradas matrizes de correlação entre anomalias e causas

prováveis, anomalias entre si e anomalias com técnicas de diagnóstico. Por último, apresenta-se a

validação de todo o sistema proposto, a qual foi efectuada através de informações resultantes da

campanha de inspecções a 110 superfícies de betão à vista, sendo igualmente realizado o seu

tratamento estatístico completo.

O desenvolvimento e implementação prática do sistema de inspecção e diagnóstico de anomalias em

superfícies de betão à vista, através de ferramenta informática, permitirá normalizar as inspecções

inseridas em estratégias de manutenção pró-activa do tipo preditivo, de modo a que os relatórios

resultantes sejam objectivos e inequívocos. Assim, possibilitará ao inspector o conhecimento do

betão à vista, tecnologia subjacente e implementação de metodologias rigorosas de observação /

análise e registo de anomalias que permitem uma reparação eficaz, eliminação de causas prováveis

e prevenção de fenómenos patológicos semelhantes.

Palavras-chave: anomalias, betão à vista, causas, diagnóstico, sistema de inspecção.

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ABSTRACT

The main purpose of this dissertation is the creation of a support system for inspecting and diagnosing

architectural concrete surfaces. To do so, first the anomalies and their probable causes are identified

and classified. This makes it possible to prepare anomaly files that summarize the information on the

anomaly, in particular its name, a description of the pathological phenomenon, causes and associated

consequences, and inspection parameters and classification, bearing in mind the level of severity /

urgency of repair. Later, the diagnosis techniques suitable for the anomaly classification system and

which can be carried out onsite are identified and classified, being this information summarized in

individual diagnosis files.

After classification, correlation matrices between anomalies and probable causes, inter-anomalies and

between anomalies and diagnosis techniques are prepared. Finally, the entire system proposed is

checked. This was carried out using the information collected in an inspection campaign of 110

architectural concrete surfaces, which received full statistical processing.

The practical development and implementation of the system for inspecting and diagnosing anomalies

in architectural concrete surfaces, using a computer tool, will allow inspections that are part of

proactive predictive maintenance to be standardized so that all the resulting reports are objective and

unequivocal. This will provide the inspector with in-depth knowledge of architectural concrete and the

underlying methodology. The implementation of strict observation/analysis measures and recording of

the anomalies will make it possible to carry out effective repairs, eliminate probable causes and

prevent similar pathological phenomena.

Key-words: anomalies, architectural concrete, causes, diagnosis, inspection system.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Jorge de Brito, meu orientador científico, expresso o meu mais profundo agradecimento

pelo empenho insuperável, conhecimentos transmitidos e rigor exigido ao longo desta etapa

importante da minha vida académica. A sua paixão profissional é contagiante. Foi, sem dúvida, um

prazer trabalhar com tão prestigiado Professor, cuja motivação, sabedoria e competência não

esquecerei.

Ao Professor José Silvestre, co-orientador científico da presente dissertação, pela disponibilidade

concedida em todas as situações.

Ao meu Pai, Álvaro Gaspar Medeiros da Silva, por ser o meu ídolo, o meu herói, o meu modelo a

seguir, aquele de quem me orgulho de ser filha, aquele que sempre lutou por mim, acima de tudo e

de todos. Pais há muitos, mas a tua capacidade, exigência, superioridade, excentricidade e

incomparabilidade, faz de ti o ser humano com mais capacidade que conheço. És, indubitavelmente,

o melhor Pai do mundo. Por toda a minha vida, irei sempre “derrubar as muralhas da derrota” por ti,

meu querido Pai. A ti dedico esta dissertação.

À minha Avó, Maria Inácia dos Santos Medeiros da Silva, por seres especial, por tudo aquilo que és,

pela tua pureza, humildade, sabedoria e fé. Por seres aquela que marcou presença em todos os

momentos e se sacrificou sempre pelo meu bem-estar. Serás eternamente a minha confidente, a

minha guia, o meu grande orgulho, o meu sorriso e o meu coração. Tudo isto, sem ti, jamais seria

possível.

Ao meu Avô Manelinho, que não tive o prazer de conhecer, porque faleceu no ano em que nasci, e

que, neste momento, estaria certamente muito orgulhoso da neta. O orgulho é mútuo, meu querido

Avô.

Ao Fábio Alexandre Aldeias Coelho, pela presença permanente, pelo amor incondicional, pelo

empenho incansável e pela ajuda fundamental em todos os instantes. Este foi mais um desafio que

conseguimos superar, porque juntos o impossível é alcançável, o problema tem solução, a dificuldade

é superada e os obstáculos são destrutíveis.

A todos os familiares, especialmente à minha Mãe, à Tia Armanda, à Tia Belinha, à minha Prima

Marisa Alexandra, aos Pais do Fábio, Zezinha e João, e aos Avós Francisca e Manuel que me

incentivaram a alcançar este objectivo.

Aos meus colegas e amigos que, como a Íris, me acompanharam durante o meu percurso

académico.

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ÍNDICE GERAL

RESUMO .............................................................................................................................................i

ABSTRACT ........................................................................................................................................ ii

AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................... iii

ÍNDICE GERAL ................................................................................................................................. iv

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................................... viii

ÍNDICE DE QUADROS ...................................................................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................1

1.2 ÂMBITO E JUSTIFICAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .......................................................................2

1.3. TRABALHOS REALIZADOS NO ÂMBITO DA DISSERTAÇÃO ................................................3

1.4. OBJECTIVOS E METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO ............................................................4

1.5. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .......................................................................................5

2. TECNOLOGIA ............................................................................................................................... 7

2.1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................7

2.2 POTENCIAL ESTÉTICO ...........................................................................................................7

2.2.1 Coloração ......................................................................................................................... 7

2.2.2 Forma ............................................................................................................................... 9

2.2.3 Textura ........................................................................................................................... 10

2.2.3.1 Acabamentos superficiais ........................................................................................ 11

2.3 PROCESSO CONSTRUTIVO ................................................................................................. 12

2.3.1 Materiais constituintes ..................................................................................................... 12

2.3.1.1 Ligante .................................................................................................................... 13

2.3.1.2 Adições.................................................................................................................... 13

2.3.1.3 Agregados ............................................................................................................... 14

2.3.1.4 Água de amassadura ............................................................................................... 14

2.3.1.5 Pigmentos ............................................................................................................... 15

2.3.1.6 Adjuvantes ............................................................................................................... 16

2.3.1.7 Armadura ................................................................................................................. 16

2.3.2 Cofragem ........................................................................................................................ 18

2.3.2.1 Agente descofrante .................................................................................................. 19

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2.3.3 Betonagem ..................................................................................................................... 20

2.3.3.1 Compactação .......................................................................................................... 21

2.3.3.2 Cura e descofragem ................................................................................................ 22

2.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO ........................................................................................................ 22

3. PATOLOGIA ................................................................................................................................ 25

3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 25

3.2 SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS ANOMALIAS ..................................................................... 25

3.2.1 Designação das anomalias ............................................................................................. 25

3.2.2 Caracterização das anomalias ........................................................................................ 26

3.2.2.1 A-E Anomalias estéticas .......................................................................................... 26

3.2.2.2 A-M Anomalias mecânicas ....................................................................................... 34

3.2.2.3 A-C. Anomalias construtivas / geométricas .............................................................. 37

3.3 SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS CAUSAS PROVÁVEIS ...................................................... 41

3.3.1 Erros de projecto (C-P.) .................................................................................................. 43

3.3.2 Erros de execução (C-E.) ................................................................................................ 44

3.3.3. Acções ambientais (C-A.) ............................................................................................... 45

3.3.4 Acções mecânicas (C-M.) ............................................................................................... 46

3.3.5 Agentes agressivos (C-G.) .............................................................................................. 46

3.3.6 Utilização e manutenção (C-U.)....................................................................................... 47

3.4 MATRIZES DE CORRELAÇÃO .............................................................................................. 48

3.4.1 Introdução....................................................................................................................... 48

3.4.2 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis ......................................................... 48

3.4.3 Matriz de correlação inter-anomalias ............................................................................... 51

3.5 FICHAS DE ANOMALIAS ....................................................................................................... 53

3.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO ........................................................................................................ 55

4. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 57

4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 57

4.2 SISTEMA CLASSIFICATIVO DOS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO ........................................ 57

4.2.1 Designação dos métodos de diagnóstico ........................................................................ 57

4.2.2 Caracterização dos métodos de diagnóstico ................................................................... 59

4.2.2.1 D-V Visuais / visuais assistidos ................................................................................ 59

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4.2.2.2 D-A Acústicos .......................................................................................................... 64

4.2.2.3 D-T Termo-higrométricos ......................................................................................... 65

4.2.2.4 D-M Magnéticos / electroquímicos ........................................................................... 67

4.3 MATRIZ DE CORRELAÇÃO ................................................................................................... 69

4.3.1 Introdução....................................................................................................................... 69

4.3.2 Matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico ............................................... 69

4.4 FICHAS DE ENSAIO .............................................................................................................. 71

4.5 SÍNTESE DO CAPÍTULO ........................................................................................................ 72

5. VALIDAÇÃO DO SISTEMA E ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................ 75

5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 75

5.2 PLANO DE INSPECÇÕES ...................................................................................................... 75

5.2.1 Mapeamento das anomalias ........................................................................................... 78

5.2.2 Fichas de inspecção ....................................................................................................... 78

5.2.3 Fichas de validação ........................................................................................................ 80

5.3 VALIDAÇÃO DO SISTEMA CLASSIFICATIVO ....................................................................... 84

5.3.1 Validação do sistema classificativo das anomalias .......................................................... 84

5.3.2 Validação do sistema classificativo das causas prováveis ............................................... 85

5.3.3 Validação do sistema classificativo dos métodos de diagnóstico ..................................... 90

5.4 VALIDAÇÃO DAS MATRIZES DE CORRELAÇÃO ................................................................. 92

5.4.1 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis ......................................................... 92

5.4.2 Matriz de correlação inter-anomalias ............................................................................... 99

5.4.3 Matriz de correlação anomalias-métodos de diagnóstico ............................................... 101

5.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................................... 102

5.5.1 Frequência observadas das anomalias ......................................................................... 103

5.5.2 Frequência observada das causas prováveis ................................................................ 109

5.5.3 Frequência observada dos métodos de diagnóstico ...................................................... 120

5.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO ...................................................................................................... 123

6. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ................................ 127

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 127

6.2. CONCLUSÕES GERAIS ...................................................................................................... 127

6.3. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ..................................................................................... 129

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BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 131

ANEXOS

ANEXO 3.I - Fichas de anomalias ........................................................................................... A3.I.1

ANEXO 4.I - Fichas de ensaios ............................................................................................... A4.I.1

ANEXO 5.Ia - Zonamento térmico ........................................................................................... A5.I.1

ANEXO 5.Ib - Zonamento do território em termos da acção do vento ...................................... A5.I.3

ANEXO 5.Ic - Classes de exposição ambiental ....................................................................... A5.I.5

ANEXO 5.II - Tabela com identificação dos edifícios inspeccionados e suas características ... A5.II.1

ANEXO 5.III - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as

anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra) ....................................................... A5.III.1

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Exemplo de edifício em betão branco ...............................................................................8

Figura 2.2 - Exemplo de edifício em betão cinzento .............................................................................8

Figura 2.3 - Exemplo de edifício com diferentes formas .......................................................................9

Figura 2.4 - Superfície em alto-relevo, conseguido através de molde ................................................ 10

Figura 2.5 - Cofragem com cordas e respectiva superfície final ......................................................... 11

Figura 2.6 - Acabamento natural (à esquerda), polido (ao centro) e com relevo por moldagem (à

direita) .............................................................................................................................................. 12

Figura 2.7 - Agregado grosso para betão à vista ............................................................................... 14

Figura 2.8 - Exemplos de pigmentos para betão ................................................................................ 15

Figura 2.9 - Armaduras com oxidação (à esquerda) e armaduras em bom estado (à direita) ............. 17

Figura 2.10 - Zona excessivamente armada ...................................................................................... 17

Figura 2.11 - Espaçadores em PVC .................................................................................................. 18

Figura 2.12 - Tige vista pelo interior da cofragem (à esquerda) e zona de aperto da tige (à direita) ... 19

Figura 2.13 - Ensaio do cone de Abrams ........................................................................................... 20

Figura 2.14 - Processo de vibração ................................................................................................... 21

Figura 3.1 - Manchas de diferentes tonalidades numa superfície de betão à vista ............................. 27

Figura 3.2 - Manchas de corrosão ..................................................................................................... 28

Figura 3.3 - Mancha de hidratação / humidade .................................................................................. 29

Figura 3.4 - Fachada com sujidade uniforme ..................................................................................... 29

Figura 3.5 - Manchas de sujidade diferencial ..................................................................................... 30

Figura 3.6 - Eflorescências ................................................................................................................ 30

Figura 3.7 - Colonização biológica .................................................................................................... 31

Figura 3.8 - Desgaste numa superfície de betão à vista .................................................................... 32

Figura 3.9 - Bolhas de pele ............................................................................................................... 32

Figura 3.10 - Graffiti em superfície de betão à vista ........................................................................... 33

Figura 3.11 - Fissuração mapeada .................................................................................................... 34

Figura 3.12 - Fissuração direccionada ............................................................................................... 35

Figura 3.13 - Desagregação .............................................................................................................. 36

Figura 3.14 - Descasque ................................................................................................................... 36

Figura 3.15 - Defeitos de planeza entre painéis de betão à vista de uma fachada ............................. 37

Figura 3.16 - Ninhos de agregados / chochos ................................................................................... 38

Figura 3.17 - Marcas de tiges ............................................................................................................ 39

Figura 3.18 - Esbabaçado ................................................................................................................. 39

Figura 3.19 - Crosta .......................................................................................................................... 40

Figura 3.20 - Incrustações de cofragem ............................................................................................ 40

Figura 3.21 - Exemplo de superfície vertical sem capeamento de remate .......................................... 43

Figura 3.22 - Exemplos de cofragem deficiente / com excesso de utilização...................................... 44

Figura 3.23 - Partículas susceptíveis de serem transportadas ........................................................... 45

Figura 3.24 - Mancha resultante da presença de água na superfície ................................................. 46

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Figura 3.25 - Corrosão / expansão da armadura ............................................................................... 46

Figura 3.26 - Exemplos de acções de reparação deficientemente executadas ................................... 47

Figura 4.1 - Binóculos (à esquerda), máquina fotográfica (ao centro) e bússola (à direita) ................. 60

Figura 4.2 - Fita métrica (à esquerda) e escova de nylon (à direita) ................................................... 60

Figura 4.3 - Régua de nível (à esquerda) e nível laser (à direita) ....................................................... 60

Figura 4.4 - Fissurómetro .................................................................................................................. 61

Figura 4.5 - Fissurómetros para deslocamentos perpendiculares (à esquerda) e para cantos (à

direita). ............................................................................................................................................. 61

Figura 4.6 - Comparador de fissuras (à esquerda) e medidor óptico de fissuras (à direita)................. 62

Figura 4.7 - Tiras colorimétricas ........................................................................................................ 63

Figura 4.8 - Testemunho ................................................................................................................... 63

Figura 4.9 - Martelo de borracha ....................................................................................................... 64

Figura 4.10 - Termo-higrómetro portátil ............................................................................................. 65

Figura 4.11 - Câmara termográfica (PCE, 2015) ................................................................................ 66

Figura 4.12 - Initial surface absorption test ........................................................................................ 67

Figura 4.13 - Magnetómetro (à esquerda) e exemplo de aplicação (à direita) .................................... 68

Figura 4.14 - Esquema de funcionamento da meia-célula galvânica .................................................. 68

Figura 5.1 - Distribuição geográfica da amostra inspeccionada............................................................76

Figura 5.2 - Frequência absoluta e relativa das anomalias identificadas nas 110 inspecções ............ 85

Figura 5.3 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-P Erros de projecto nas 371

anomalias identificadas ..................................................................................................................... 86

Figura 5.4 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-E Erros de execução nas 371

anomalias identificadas ..................................................................................................................... 87

Figura 5.5 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-A Acções ambientais nas 371

anomalias identificadas ..................................................................................................................... 88

Figura 5.46 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-P Acções mecânicas nas 371

anomalias identificadas ..................................................................................................................... 88

Figura 5.7 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-G Agentes agressivos nas 371

anomalias identificadas ..................................................................................................................... 89

Figura 5.8 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-U Utilização e manutenção nas

371 anomalias identificadas .............................................................................................................. 90

Figura 5.9 - Frequência absoluta e relativa dos métodos de diagnóstico indicados para as 371

anomalias identificadas ..................................................................................................................... 90

Figura 5.10 - Frequência absoluta de idades dos edifícios inspeccionados ...................................... 103

Figura 5.11 - Contribuição relativa de cada grupo de anomalias na amostra total inspeccionada ..... 103

Figura 5.12 - Contribuição relativa de cada anomalia na amostra total inspeccionada ..................... 104

Figura 5.13 - Frequência relativa de cada anomalia num dado período no respectivo número total de

superfícies ...................................................................................................................................... 105

Figura 5.14 - Frequência relativa de cada grupo de anomalias num dado período no total de

superfícies inspeccionadas ............................................................................................................. 106

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Figura 5.15 - Nível de gravidade estimado para cada tipo de anomalia ........................................... 107

Figura 5.16 - Média ponderada de área de superfície afectada por cada anomalia .......................... 108

Figura 5.17 - Contribuição de cada grupo de causas para ocorrência das 371 anomalias

identificadas.. .................................................................................................................................. 109

Figura 5.18 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E1 Manchas .......... 110

Figura 5.19 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E2 Eflorescência ... 111

Figura 5.20 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E3 Colonização

biológica ......................................................................................................................................... 112

Figura 5.21 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E4 Desgaste /

erosão... ......................................................................................................................................... 112

Figura 5.22 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E5 Bolhas de pele . 113

Figura 5.23 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E6 Graffiti .............. 114

Figura 5.24 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M1 Fissuração

mapeada ........................................................................................................................................ 114

Figura 5.25 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M2 Fissuração

direccionada ................................................................................................................................... 115

Figura 5.26 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M3 Desagregação . 116

Figura 5.27 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M4 Descasque ...... 116

Figura 5.28 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C1 Defeitos de

planeza ........................................................................................................................................... 117

Figura 5.29 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C2 Ninhos de

agregados / chochos ....................................................................................................................... 117

Figura 5.30 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C3 Marcas de tiges118

Figura 5.31 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C4 Esbabaçado ..... 119

Figura 5.32 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C5 Crostas ............ 119

Figura 5.33 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C6 Incrustações de

cofragem ........................................................................................................................................ 120

Figura 5.34 - Frequência relativa dos métodos de diagnóstico para cada anomalia do grupo A-E

Estéticas ......................................................................................................................................... 121

Figura 5.35 - Frequência relativa dos métodos de diagnóstico para cada anomalia do grupo A-M

Mecânicas ...................................................................................................................................... 122

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 3.1 - Sistema de classificação de anomalias em superfícies de betão à vista ....................... 26

Quadro 3.2 - Sistema classificativo das causas das anomalias em superfícies de betão à vista ........ 42

Quadro 3.3 - Matriz de correlação anomalias - causas prováveis ..................................................... 49

Quadro 3.4 - Matriz de correlação inter-anomalias ........................................................................... 51

Quadro 3.5 - Matriz de correlação percentual inter-anomalias .......................................................... 52

Quadro 4.1 - Sistema de classificação de métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista...58

Quadro 4.2 - Interpretação das medições de potencial, de acordo com ASTM C 876:91 .................. 69

Quadro 5.1 - Identificação e caracterização do programa de inspecções .......................................... 76

Quadro 5.2 - Ficha de inspecção número 01 .................................................................................... 79

Quadro 5.3 - Ficha de validação número 001 ................................................................................... 81

Quadro 5.4 - Frequências absoluta e relativa (ponderada pelas áreas) das superfícies de betão à vista

inspeccionadas ................................................................................................................................ 84

Quadro 5.5 - Comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis

(teórica e na amostra) ...................................................................................................................... 93

Quadro 5.6 - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz de correlação

teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de correlação na

amostra - Ca) ................................................................................................................................... 95

Quadro 5.7 - Comparação entre as matrizes de correlação inter-anomalias (teórica e na amostra) 100

Quadro 5.8 - Comparação das matrizes de anomalias - métodos de diagnóstico (teórica e na amostra)

...................................................................................................................................................... 101

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O betão, com as suas características intrínsecas, constitui-se como um importante material utilizado

pelo Homem que deixa a sua marca na história da civilização, sendo um elemento notável da

arquitectura mundial.

O betão armado surgiu, por invenção de Lambot, em 1848, e intervenção de Auguste Perret, em

1898, o qual formulou a sua doutrina arquitectónica baseada na ideia de que o betão armado possui

uma qualidade estética própria, tornando-se crucial para a busca de novas formas das edificações,

associadas à modernização das necessidades sociais e substituição dos materiais tradicionais, o que

constituiu um marco na construção do século XX.

O incremento do nível de conhecimentos científicos, o progresso das civilizações e a própria evolução

do mundo geraram mudanças ao nível da procura do betão como material construtivo. Assim, após a

Segunda Grande Guerra, assistiu-se à afirmação da exploração do betão à vista como solução

arquitectónica de inegável importância (Appleton, 2005; Ferreira, 1972).

A contínua evolução tecnológica proporcionou meios capazes de fabricar betão com uma composição

suficientemente regular e uniforme, de forma a que a sua superfície fosse a expressão visível da

homogeneidade da sua textura (Moreira, 1991). O betão à vista difere do betão estrutural, sobretudo

pelo facto de a aparência e cor das suas superfícies expostas se sobreporem em termos de

importância à resistência do próprio material (Peurifoy e Oberlender, 2011). Toda a utilização do

betão com as suas superfícies visíveis, sem recobrimento de qualquer material aplicado após a

descofragem, com excepção de tintas e vernizes, exige um conhecimento detalhado da sua

composição e o domínio correcto das técnicas de produção e aplicação.

Actualmente, o betão à vista tem sido amplamente utilizado em projectos de arquitectura moderna,

especialmente pela crescente evolução associada às suas formas, texturas e cores. Uma superfície

de betão à vista requer coloração homogénea, sem manchas, com elevada compacidade, opacidade

apreciável e uma correcta distribuição granulométrica, de forma a obter os efeitos de conjugação

matriz-agregado desejados e, por conseguinte, uma superfície de betão à vista isenta de anomalias

(Nunes, 2003).

Tendo em consideração as acções ambientais, mecânicas e agentes agressivos, nem sempre é

possível manter constante a aparência de uma superfície de betão à vista ao longo do tempo. Assim,

um correcto e atempado diagnóstico das anomalias presentes nestas superfícies e respectivas

causas associadas permite delinear estratégias que preservam / recuperam a sua aparência estética.

Deste modo, realizou-se o presente trabalho de investigação, acreditando que o conhecimento das

características e tecnologia construtiva relativas às superfícies de betão à vista, bem como a

implementação de metodologias precisas de observação, registo, análise de anomalias e causas

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prováveis associadas, possibilitam a sua reparação e a prevenção de processos patológicos

semelhantes (Silvestre, 2005).

1.2 ÂMBITO E JUSTIFICAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

O tema “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em Superfícies de Betão à Vista” insere-

se no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Civil, do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e

enquadra-se na área da Construção, nomeadamente nos sistemas de inspecção e diagnóstico de

elementos da construção, análise da patologia da construção, bem como na definição de regras de

boa concepção, execução e utilização de superfícies verticais de betão à vista.

Importa referir que, para a elaboração da presente dissertação, se considera betão à vista qualquer

betão, de compactação normal ou auto-compactável, cujas superfícies vistas não são revestidas por

qualquer material aplicado após a descofragem, com excepção de tintas e vernizes. De uma forma

geral, na abordagem dos conteúdos envolvidos, em termos de identificação da patologia de betão à

vista, será focada apenas a vertente arquitectónica, sem que a integridade estrutural do elemento

seja analisada.

Silvestre (2005) pretendia “construir ferramentas de apoio à inspecção de outros elementos não

estruturais existentes na envolvente dos edifícios e, no passo seguinte, alargar o âmbito do estudo a

todos os elementos da construção (estruturais e não estruturais) com uma metodologia idêntica à que

foi apresentada nesta dissertação, de forma a permitir a construção do sistema de gestão do

edificado”, como desenvolvimento futuro, o que constitui um motivo justificativo importante para a

elaboração da presente dissertação. Desta forma, o presente trabalho de investigação é justificado

pela necessidade de sistematizar e correlacionar as anomalias possíveis e respectivas causas,

através da criação de um sistema de inspecção e diagnóstico eficiente.

De igual modo, o sucesso da execução de superfícies de betão à vista requer elevados níveis de

experiência e cuidados, bem como cooperação positiva entre partes envolvidas. Assim, a concepção

do projecto, a sua execução e utilização determinam a aparência global da superfície de betão à

vista, durante o seu ciclo de vida (Kai e Guohui, 2011). Contudo, verifica-se que o desenvolvimento e

aplicação do betão à vista, devido à evolução de tendências arquitectónicas (natureza estética),

factores de ordem económica e/ou planeamento construtivo, não têm sido adequadamente

acompanhados pelos intervenientes directos no processo construtivo, resultando cada vez mais em

fenómenos patológicos complexos (Moreira, 1991).

Além disso, sendo os custos de utilização e manutenção fortemente dependentes da qualidade do

projecto e da sua execução construtiva, é fundamental que as referidas fases sejam adequadas, para

possibilitarem a redução dos custos pós-construtivos. Assim, torna-se urgente a criação e divulgação

de ferramentas adequadas à execução de uma estratégia de manutenção de superfícies de betão à

vista, cuja implementação só será possível através da criação de um sistema de inspecção (a partir

da recolha de dados in situ) e classificação de anomalias detectadas nas inspecções efectuadas, bem

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como de todos os factores que contribuem para o seu diagnóstico e reparação, de modo a normalizar

os relatórios obtidos.

Deste modo, e tendo em consideração a complexidade e extensão do sistema de apoio à inspecção e

diagnóstico de superfícies de betão à vista, foi desenvolvida outra, paralelamente à presente

dissertação, intitulada “Tecnologia e reabilitação de superfícies de betão à vista” (Coelho, 2015), que

possibilita um conhecimento mais pormenorizado acerca da tecnologia inerente às superfícies de

betão à vista e respectiva reabilitação. Esta última tem por base as anomalias e causas associadas

que serão objecto de estudo da presente dissertação. Desta forma, conjuntamente, é possível

proceder a uma inspecção, diagnóstico e reparação, expeditos e eficazes, das anomalias presentes

neste tipo de superfícies.

1.3. TRABALHOS REALIZADOS NO ÂMBITO DA DISSERTAÇÃO

No âmbito da presente dissertação, foram tidos como referência os seguintes trabalhos

desenvolvidos:

Brito, J. (1987). “Patologia de Estruturas de Betão - Degradação, Avaliação e Previsão da Vida

Útil", Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;

Brito, J. (1992). “Desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Obras de Arte em Betão”, Tese

de Doutoramento em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;

Nunes, Álvaro (2013). “Manual de Controlo de Qualidade para Betão à Vista”, Dissertação de

Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;

Coelho, Fábio (2015). “Tecnologia e Reabilitação de Superfícies de Betão à Vista”, Dissertação

de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Com o intuito de normalizar e sistematizar metodologias de investigação na dissertação, recorreu-se

aos seguintes trabalhos de investigação, realizados no Instituto Superior Técnico:

Walter, Ana (2002). “Sistema de Classificação para a Inspecção de Impermeabilizações de

Coberturas em Terraço”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico,

Lisboa;

Silvestre, José (2005). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em

Revestimentos Cerâmicos Aderentes”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto

Superior Técnico, Lisboa;

Garcia, João (2006). “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Revestimentos Epóxidos em Pisos

Industriais”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico, Lisboa;

Delgado, Anabela (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Revestimentos de

Pisos Lenhosos”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico, Lisboa;

Neto, Natália (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em

Revestimentos em Pedra Natural”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior

Técnico, Lisboa;

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Pereira, Ana (2008). “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Estuques Correntes em

Paramentos Interiores”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior

Técnico, Lisboa;

Gaião, Carlos. (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em Paredes

de Placas de Gesso Laminado”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior

Técnico, Lisboa;

Garcéz, Nuno (2009). “Sistema de inspecção e diagnóstico de revestimentos exteriores de

coberturas inclinadas”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico,

Lisboa;

Amaro, Bárbara (2011). “Sistemas de inspecção e diagnóstico de ETICS em paredes”,

Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;

Pires, Rita (2011). “Sistema de Inspecção, Diagnóstico e Reabilitação de Revestimentos por

Pintura em Fachadas Rebocadas”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto

Superior Técnico, Lisboa;

Sá, João (2011). “Sistema de Inspecção Diagnóstico de Rebocos em Paredes”, Dissertação de

Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;

Santos, Alberto (2012). “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Caixilharias”, Dissertação de

Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

1.4. OBJECTIVOS E METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação incide em importantes objectivos orientadores, com o intuito de apresentar um

sistema de inspecção e diagnóstico de superfícies de betão à vista eficaz e expedito.

Deste modo, é de salientar a importância da enumeração e caracterização da patologia frequente das

superfícies de betão à vista, salientando o tipo de anomalia em questão, bem como as respectivas

causas possíveis.

O diagnóstico exacto das superfícies de betão à vista é igualmente necessário, na medida em que o

levantamento cuidado das ocorrências patológicas, através da análise e observação de casos

concretos, constitui uma parte importante do estudo científico que permite desenvolver a capacidade

de observação e senso crítico.

De igual forma, como objectivo último, pretende-se proceder à validação do sistema. Assim, foi

executada uma série de inspecções in situ a 110 superfícies verticais de betão à vista, que permitiu

validar o sistema classificativo das ocorrências patológicas nas referidas superfícies, o qual inclui as

anomalias, as suas causas, técnicas de diagnóstico e matrizes de correlação entre estas últimas

entidades e as anomalias. As referidas inspecções possibilitam, após tratamento dos dados

recolhidos, estatísticas fiáveis, através das quais é possível obter conclusões objectivas.

A presente dissertação decorreu recorrendo a duas formas de investigação, nomeadamente pesquisa

bibliográfica e trabalho de campo, por vezes, de realização simultânea.

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O levantamento bibliográfico corresponde ao início dos trabalhos e consiste na pesquisa de

documentação e literatura técnica subordinada ao tema “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de

Anomalias em Superfícies de Betão à Vista”. Assim, através da recolha de informação nacional e

estrangeira, nomeadamente teses, livros, actas de congressos, revistas internacionais, artigos

científicos, e outros, é possível a execução do sistema teórico de apoio à inspecção e diagnóstico de

superfícies de betão à vista.

O trabalho de campo baseia-se na realização de uma série de inspecções a edifícios, com o intuito de

recolher dados relativos a situações anómalas e causas prováveis associadas em superfícies de

betão à vista, de modo a ser possível obter o maior número possível de dados para posterior

tratamento estatístico e, desta forma, validar o sistema teórico proposto.

Tendo em consideração a dificuldade de realização de um processo de diagnóstico correcto ao longo

do ciclo de vida de um edifício e a complexidade existente no estabelecimento de relações biunívocas

entre as anomalias e respectivas causas, bem como a problemática associada à reconstrução da

fase de execução do edifício, a técnica de diagnóstico mais eficaz corresponde à observação

sistemática dos elementos e suas manifestações patológicas. Assim, fica patente um intuito

importante da presente dissertação, que consiste na criação de um sistema de apoio à inspecção das

superfícies de betão à vista e diagnóstico das respectivas anomalias, de forma a ser possível superar

as dificuldades existentes.

1.5. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A estrutura da dissertação em questão consiste na elaboração de seis capítulos, cujo conteúdo se

descreve de seguida.

No primeiro capítulo, introduz-se a temática da dissertação de uma forma generalizada, descrevendo

sinteticamente o conceito de betão à vista e sua evolução. Abordam-se ainda as razões e objectivos

do tema escolhido, fazendo-se referência aos trabalhos já realizados neste âmbito e descrevendo-se

a metodologia e estrutura da dissertação adoptadas.

No segundo capítulo, faz-se uma breve descrição da tecnologia associada ao betão à vista,

nomeadamente quanto à sua tipologia, tipos de materiais utilizados e exigências funcionais.

No terceiro capítulo, é proposto um sistema classificativo das anomalias, tendo como base a literatura

consultada, no qual se identifica e descreve as anomalias que se verificam visualmente em estruturas

de betão à vista. Neste capítulo, além de serem elaboradas as fichas de anomalias, é ainda

apresentado um sistema classificativo das causas mais prováveis de cada anomalia (directas ou

indirectas) e são construídas as seguintes matrizes de correlação:

matriz de correlação anomalias - causas mais prováveis, onde se discriminam as causas que

geralmente estão na origem da ocorrência das anomalias, classificando as relações através de

índices de correlação;

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matriz de correlação inter-anomalias, onde se discriminam as relações de anomalias entre si,

baseadas na matriz anterior, e que traduz as relações em percentagem que quantificam a

probabilidade das variáveis em questão estarem efectivamente relacionadas.

A informação relativa a cada anomalia encontra-se resumida em fichas de anomalia individuais, as

quais se apresentam no Anexo 3.I.

O quarto capítulo incide sobre as técnicas de diagnóstico a recomendar. Tal como no capítulo

anterior, elabora-se e justifica-se uma lista classificativa de ensaios ou instrumentos passíveis de

realizar um correcto diagnóstico das anomalias verificadas em betão à vista. No desenvolvimento do

capítulo, descrevem-se os ensaios in situ a realizar e equipamentos a utilizar. Adicionalmente, são

elaboradas fichas de técnicas de diagnóstico e é criada uma terceira matriz de correlação (anomalias

- técnicas de diagnóstico) que permite uma maior eficiência na execução destes trabalhos. As fichas

de caracterização de cada método de diagnóstico são apresentadas no Anexo 4.I.

O quinto capítulo representa o resultado das inspecções efectuadas às superfícies de betão à vista,

durante a realização do trabalho de campo, tendo como objectivo a validação e calibração do sistema

classificativo de anomalias. De igual modo, apresenta-se um tratamento estatístico dos valores

obtidos que permite formar e confirmar conclusões, no âmbito do tema investigado. Em anexo,

encontra-se a listagem de edifícios inspeccionados (Anexo 5.II), bem como a validação completa da

matriz de correlação anomalias - causas prováveis (Anexo 5.III).

O capítulo final da dissertação consiste na consolidação dos conhecimentos desenvolvidos ao longo

do documento e nas conclusões finais. Indicam-se ainda desenvolvimentos futuros no domínio da

temática abordada.

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2. TECNOLOGIA

2.1 INTRODUÇÃO

O conhecimento da tecnologia associada às superfícies de betão à vista contribui para a concepção

de um sistema de inspecção e diagnóstico eficiente. Assim, o presente capítulo surge como um

complemento do tema central da dissertação que, apesar de não ser desenvolvido exaustivamente,

auxilia a compreensão dos aspectos relacionados com as referidas superfícies.

Deste modo, é primeiramente analisado o potencial estético que as superfícies de betão à vista

apresentam, nomeadamente em termos da forma, textura e coloração que as caracteriza.

Posteriormente, é abordado de forma simples o respectivo processo construtivo, indicando

fundamentalmente os materiais utilizados, cofragens adequadas e processo de betonagem

recomendado. Por último, com o intuito de garantir a execução de uma superfície final esteticamente

satisfatória e com desempenho apropriado, foi igualmente tratada, ao longo dos referidos assuntos, a

questão da qualidade na fase de execução, de modo a ser possível evitar o surgimento de

manifestações patológicas indesejáveis.

2.2 POTENCIAL ESTÉTICO

O betão à vista beneficiou grandemente com a contínua evolução tecnológica, a qual proporcionou

meios capazes de fabricar betão com uma composição suficientemente regular e uniforme, de modo

a que a sua superfície fosse a expressão visível da homogeneidade da sua textura (Moreira, 1991).

Toda a utilização do betão com as suas superfícies visíveis, sem recobrimento de qualquer material

aplicado após a descofragem, com excepção de tintas e vernizes, exige um conhecimento detalhado

da sua composição e domínio correcto das técnicas de produção e aplicação.

Assim, tendo em consideração a forte componente estética associada ao betão à vista, é fundamental

um conhecimento adequado da respectiva tecnologia de execução, como meio de evitar / controlar

problemas patológicos, bem como permitir uma integridade estrutural e durabilidade adequadas.

A propósito de betão à vista, Nawy (2008) define-o como um material permanentemente exposto,

merecendo, por isso, especial importância a sua aparência, à qual está associada um padrão

específico de uniformidade, detalhes superficiais, cor e textura. Deste modo, considerando a grande

versatilidade do betão à vista e a sua capacidade plástica de adaptabilidade a qualquer molde,

aliadas à sua aparência estética, verifica-se que este permite obter, quando devidamente explorado,

uma superfície final com qualquer acabamento idealizado (Nunes, 2003).

2.2.1 Coloração

Uma determinada superfície de betão à vista pode apresentar colorações distintas, dependendo do

seu ligante, agregados, pigmentos, fíleres e cofragem utilizada (Nunes, 2013).

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O betão cinzento, composto por cimento Portland, é comummente usado na construção corrente. Por

oposição, o betão branco (Figura 2.1) possui na sua constituição cimento branco que inicialmente era

apenas aplicado no fabrico de argamassas e cimentos-cola. Relativamente ao betão colorido, verifica-

se que a sua obtenção resulta fundamentalmente da adição de pigmentos inorgânicos à mistura.

Figura 2.1 - Exemplo de edifício em betão branco

Verifica-se que, para uma determinada superfície, a utilização de betão com ligante de cor cinzenta

(Figura 2.2) é mais vulnerável aos agentes de degradação da sua coloração original, nomeadamente

factores ambientais, ciclo de cura e quantidade de água (Moreira, 1991). Assim, considerando a

importância estética que a coloração possui em qualquer superfície de betão à vista, recorre-se

frequentemente a um processo de pigmentação, o qual, além de acessível, possibilita a obtenção de

uma grande diversidade de tonalidades (Nunes, 2003).

Figura 2.2 - Exemplo de edifício em betão cinzento

Além disso, a selecção adequada do tipo de agregado fino utilizado constitui uma escolha relevante

no processo de coloração do betão, sobretudo no caso de o acabamento pretendido consistir na

exposição de agregados (CCAA T57, 2006). Por outro lado, com o intuito de promover uma maior

facilidade de dispersão do pigmento na mistura, maximizar a sua intensidade e uniformidade da cor

resultante, podem ser incorporados plastificantes (Peurifoy e Oberlender, 2011).

Tendo em consideração que, segundo Nunes (2013), a quantidade de pigmento utilizada depende

intrinsecamente da cor idealizada, sendo dependente de um processo de calibração, então a

diferentes quantidades de pigmento correspondem intensidades de cor distintas. De acordo com

CCAA T57 (2006), verifica-se a existência de um ponto de saturação a partir do qual a adição de

pigmento não produz qualquer efeito adicional de coloração.

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Importa salientar que o cimento cinzento, por oposição ao branco, se encontra associado a

superfícies de betão à vista caracterizadas por cores menos intensas (PCI, 2007). Assim, betões de

coloração mais clara privilegiam a utilização de ligante branco, contrariamente à concepção de

superfícies de cor escura, cuja escolha do cimento não possui igual relevância. De igual modo,

verifica-se a necessidade de monitorização da relação água / cimento, em virtude de ser relevante na

ocorrência de variações de cor na superfície de betão à vista (Nawy, 2008).

Relativamente à utilização de fíleres, com o intuito de conferir coloração ao betão, devem ser tidas

em consideração potenciais diminuições na sua resistência, bem como alterações na cor final, a qual

dificilmente será tão intensa, comparativamente com o caso de se recorrer à utilização de pigmentos

(Inácio, 2005). Por último, importa referir a importância de efectuar uma selecção cuidada dos

agregados grossos, de modo a ser possível evitar diferenças significativas entre as suas cores e a

respectiva matriz, particularmente se o objectivo consistir na sua exposição (CCAA T57, 2006; Nawy,

2008).

Assim, verifica-se que a importância de uma coloração homogénea em determinada superfície de

betão à vista é fundamental na sua aparência estética geral, correspondendo assim ao primeiro

impacte visual que esta transmite. Neste sentido, os inúmeros avanços verificados ao nível do betão

à vista, nomeadamente em termos da vasta gama de cores disponíveis e afinação cromática, têm

permitido a obtenção de superfícies finais com qualquer cor idealizada.

2.2.2 Forma

Com os presentes avanços tecnológicos ao nível do betão à vista, é possível executar elementos e

superfícies com praticamente qualquer forma idealizada (Figura 2.3). Esta versatilidade está

estreitamente relacionada com a capacidade do betão fresco adquirir qualquer forma do molde

(cofragem), permitindo consequentemente atingir diferentes tipos de acabamento, exclusivamente

através do seu processo de cura.

Figura 2.3 - Exemplo de edifício com diferentes formas

A aparência estética de uma determinada superfície de betão à vista e respectiva manutenção

contínua encontram-se associadas à sua forma / configuração, no que se refere à exposição a

agentes agressivos e poluentes. Assim, zonas com protecção reduzida, sujeitas a escorrências e com

acabamento superficial rugoso, são consideradas mais susceptíveis a alterações estéticas, em

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virtude de se verificar uma maior exposição aos referidos agentes e consequente acumulação de

sujidade, causadora de problemas patológicos esteticamente indesejáveis.

Deste modo, a evolução verificada nos sistemas de cofragem merece especial relevância, na medida

em que possibilitou o desenvolvimento de formas ousadas, de elementos esbeltos e inovadores, bem

como de superfícies progressivamente mais diferenciadas. A cofragem é um elemento fundamental

em qualquer obra de betão, devendo ser concebida e fabricada com base nos requisitos específicos

de cada projecto (Peurifoy e Oberlender, 2011). Sendo a qualidade do betão à vista fortemente

influenciada pela qualidade do molde, é necessário ter cuidado redobrado no processo de selecção

dos materiais utilizados na sua concepção (Peurifoy e Oberlender, 2011). Assim, a introdução de

moldes de silicone / elastómeros, cofragens metálicas revestidas a chapas de aço-inox, acrílicos e

compósitos à base de fibras de vidro, contribuíram fortemente para a melhoria contínua das

superfícies de betão à vista e formas associadas (Nunes, 2003).

Além do mais, o desenvolvimento ao nível do betão é consequência da evolução de betões auto-

compactáveis, o que possibilitou o desenvolvimento do betão à vista ao nível das suas características

estéticas e ornamentais, bem como exploração de formas inovadoras, antigamente associadas à

construção metálica.

2.2.3 Textura

De acordo com o PCI (2007), a textura de uma determinada superfície de betão à vista corresponde à

expressão natural dos seus componentes que pode ser traduzida em diferentes tipos de

acabamentos superficiais, melhorando frequentemente a resistência aos factores climatéricos.

Geralmente, uma superfície texturada é esteticamente preferível, em virtude de possuir maior

uniformidade aparente (PCI, 2007). Assim, comparativamente com uma superfície lisa, a presença de

textura permite camuflar problemas patológicos esteticamente indesejáveis, evitando a percepção

imediata de certas anomalias.

O tipo de textura de uma determinada superfície de betão à vista depende dos diferentes métodos

que são utilizados para obter esse acabamento (Moreira, 1991). Deste modo, sendo o betão um

material plástico que se adapta a qualquer cofragem escolhida, é possível trabalhá-lo através de

moldes ou potenciar a sua plasticidade com produtos químicos, permitindo assim a criação de uma

ampla variedade de texturas, em alto (Figura 2.4) ou baixo-relevo (Secil, 2011).

Figura 2.4 - Superfície em alto-relevo, conseguido através de molde (CCAA T57, 2006)

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2.2.3.1 Acabamentos superficiais

Em determinada superfície de betão à vista, a definição do respectivo acabamento deve ser

cuidadosamente efectuada, ainda em projecto (Moreira, 1991).

As superfícies de betão à vista podem ser categorizadas como tratadas, consoante possuam ou não

acabamento (CIMbéton, 2009). Assim, existe uma grande variedade de acabamentos superficiais

possíveis, variando entre si especialmente pelas diferenças de textura e formas de a obter.

Um acabamento superficial satisfatório está associado a betões de superfície e coloração

homogénea, com boa opacidade, ausente de manchas, elevada compacidade e distribuição

granulométrica cuidada (Nunes, 2003). A sua escolha pode ser variável, englobando desde

acabamentos superficiais lisos, sem irregularidades perceptíveis, a texturados, associados às

características do betão ou posterior exposição dos seus agregados.

Segundo Peurifoy e Oberlender (2011), um acabamento texturado, comparativamente com o de

superfície lisa, possui frequentemente menor dificuldade de execução ao nível de imperfeições

estéticas. Importa salientar que, tendo em consideração a complexidade do processo construtivo,

natureza heterogénea do betão e a sua susceptibilidade a agressões externas, dificilmente se obtêm

acabamentos totalmente uniformes (Nero e Nunes, 1997). Assim, geralmente, admite-se uma

determinada tolerância correspondente às imperfeições da superfície final (Nunes, 2013).

Na concepção de acabamentos superficiais lisos em superfícies de betão à vista, são utilizadas

cofragens de aço ou madeira revestida por filme fenólico (Nunes, 2013). Por outro lado, na execução

de acabamentos texturados, recorre-se frequentemente a processos químicos, com utilização de

retardadores de presa ou ataque de ácido, escarificação com martelos pneumáticos, bujardagem,

técnicas mecânicas por decapagem abrasiva, polimento, bem como fixação de materiais à cofragem,

nomeadamente tábuas de madeira, moldes, cordas (Figura 2.5) e chapas onduladas (CCAA T57,

2006).

Figura 2.5 - Cofragem com cordas e respectiva superfície final (CCAA T57, 2006)

Actualmente, a enorme disponibilidade de acabamentos superficiais possibilita a concepção de

superfícies de betão à vista com qualquer textura pretendida. Assim, um acabamento natural, polido,

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ou com relevo (Figura 2.6), jacteado, bujardado, escacilhado, flamejado e reactivo é associado a

processos técnicos específicos que possibilitam a concepção de uma superfície final com as

características idealizadas.

Figura 2.6 - Acabamento natural (à esquerda), polido (ao centro) e com relevo por moldagem (à direita)

Conforme referido em §2.2.3, a percepção de defeitos e anomalias presentes em determinada

superfície lisa possui maior relevância, na medida em que qualquer acabamento texturado constitui

uma forma de disfarce superficial, atenuando assim a possível existência de imperfeições estéticas

(Nawy, 2008). No entanto, por apresentarem rugosidade superior, os acabamentos texturados

caracterizam-se por uma maior acumulação de sujidade, o que requer maior manutenção e

monitorização durante a vida útil da superfície.

2.3 PROCESSO CONSTRUTIVO

O sucesso da execução de superfícies de betão à vista requer elevados níveis de experiência e

cuidados, bem como cooperação positiva entre partes envolvidas. Assim, a concepção do projecto, a

sua execução e utilização determinam a aparência global da superfície de betão à vista, durante o

seu ciclo de vida (Kai e Guohui, 2011).

O rigor e cuidado aplicados, durante o processo construtivo de uma determinada superfície de betão

à vista, reflectem-se no resultado final, traduzindo-se na homogeneidade e obtenção das

características idealizadas. Como os custos de utilização e manutenção são fortemente dependentes

da qualidade do projecto e da sua execução construtiva, é fundamental que o referido processo seja

adequado, para possibilitar a redução dos custos pós-construtivos.

2.3.1 Materiais constituintes

O betão constitui um material com propriedades de elevada variabilidade, cujos componentes reagem

ao longo do tempo, podendo ser significativamente afectado pelas condições de exposição ambiental

que envolvem as suas superfícies. Este é obtido através da mistura de outros materiais importantes,

nomeadamente ligante, agregados e água, podendo igualmente incorporar-se adjuvantes, adições

e/ou pigmentos, os quais devem ser adaptados à utilização pretendida.

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Tendo em consideração os requisitos arquitectónicos associados ao betão à vista, é necessário ter

em atenção a sua trabalhabilidade adequada, correcta distribuição de agregados e relação água /

ligante apropriada, de modo a ser possível minimizar a existência de defeitos superficiais e obter

coloração uniforme (PERI, 2002).

2.3.1.1 Ligante

O ligante utilizado na concepção de uma determinada superfície de betão à vista deve possuir a

mesma proveniência e cumprir os requisitos da norma NP EN 197-1, de forma a garantir

homogeneidade e características físicas, químicas e mecânicas adequadas (Inácio, 2005; Neville,

2011).

Assim, o ligante pode ser de variados tipos e classes, dependendo da respectiva aplicação e

exigência a que se propõe. Deste modo, podem ser utilizados cimentos do tipo I ou compostos do tipo

II, consoante as características específicas do projecto em causa. Relativamente à selecção da

classe de resistência do ligante, devem ser tidos em consideração os tempos de desmoldagem

pretendidos (Nunes, 2003).

Comparativamente com o ligante cinzento, durante o processo de execução, o cimento branco

apresenta maior retracção e trabalhabilidade inferior, uma vez que inicia mais rapidamente o seu

processo de presa. Contudo, na execução de betão à vista, utiliza-se frequentemente cimento de cor

branca em detrimento do cinzento, o qual está associado à obtenção de tonalidades mais escuras

(Inácio, 2005). Correntemente, recorre-se ao cimento Portland do tipo CEM I 52,5R, CEM II/A-L

52,5N, CEM II/B-L 32,5, CEM II/A-L 52,5N (Br) ou CEM II/B-L 32,5 (Br), para produção de betão

branco (Secil, 2011). De igual modo, para betão à vista, considera-se C30/37 como classe de

resistência mínima, sendo que, em betão de cor branca, a dosagem mínima de cimento corresponde

a 350 ou 370 kg/m3 (Secil, 2011). Importa referir que a dosagem de ligante deve ser equilibrada, em

virtude de concentrações elevadas propiciarem o desenvolvimento de fenómenos de fissuração

(Moreira, 1991).

2.3.1.2 Adições

A incorporação de adições, nomeadamente de fíleres de origem calcária, contribuem

significativamente para a redução da dosagem de ligante, possibilitando uma melhoria considerável

da opacidade do betão à vista (Neville, 2011). Uma dosagem adequada compreende valores

variáveis entre 60 e 200 kg/m3, de modo a ser possível reduzir o excesso de água resultante do

processo de vibração, minimizando, por conseguinte, o surgimento de manchas superficiais (Nunes,

2003).

Sendo as adições considerados elementos fundamentais na tonalidade do betão, devem-se

caracterizar pela ausência de argilas e outros contaminantes, de forma a garantir a homogeneidade

da superfície.

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2.3.1.3 Agregados

Os agregados (Figura 2.7) perfazem aproximadamente 75% do volume de betão, o que reflecte

claramente a influência que desempenham nas propriedades do material (Nawy, 2008). Estes

contribuem eficazmente para a resistência do betão, influenciando igualmente a sua porosidade e

coloração (Inácio, 2005).

Figura 2.7 - Agregado grosso para betão à vista

Estes constituintes correspondem a materiais granulares, comummente cascalhos, areias naturais ou

brita, embora, ocasionalmente, possam incluir materiais artificiais, como escórias ou argila expandida

(Nawy, 2008). A escolha dos agregados e respectiva granulometria é sempre dependente do

acabamento final idealizado, sendo que todas as suas características, condições de fornecimento e

armazenamento devem respeitar os requisitos da norma NP EN 12620 de 2003 - “Agregados para

betão” e da especificação LNEC E454 (Secil, 2011).

De modo a ser possível garantir a adequabilidade dos agregados utilizados, deve-se proceder à sua

selecção cuidada através da homogeneidade de fornecimentos, associada à coloração, dimensão e

características físicas / mecânicas do betão, permitindo obter uma superfície final com coloração e

textura uniformes. Tendo em consideração a aparência estética pretendida, verifica-se a utilização de

granulometrias diversas, de 20 / 30 mm a diâmetro superiores (Nunes, 2003). Assim, em superfícies

com agregados expostos, a selecção do elemento grosso e respectiva coloração assume particular

relevância no resultado final, em detrimento da cor do ligante e agregados finos, que têm maior

importância na concepção de um acabamento superficial liso (Moreira, 1991).

Importa ainda referir que os agregados seleccionados para a execução de determinada superfície de

betão à vista devem possuir igual proveniência, com o intuito de minimizar variações de granulometria

e coloração, através da ausência de argilas e outros materiais contaminantes (ACI Committee 303,

2004). De igual modo, deve-se assegurar que os agregados não sejam suficientemente reactivos com

os álcalis do ligante e garantir a existência de mais de um tipo de areia e classe de agregado grosso

na composição do betão, de forma a evitar a ocorrência de segregação (Inácio, 2005).

2.3.1.4 Água de amassadura

A água de amassadura deve cumprir o estipulado na NP EN 1008 de 2003 - “Especificações para

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amostragem, ensaio e avaliação da aptidão da água, incluindo água recuperada nos processos da

indústria do betão pronto, para o fabrico do betão” e, por isso, além de inodora, deve ser incolor,

ausente de matéria orgânica e de hidratos de carbono, com teores limitados de iões cloro e sulfatos

(Brito, 1987; Secil, 2011).

De igual modo, teoricamente, a água de amassadura deve ser a mínima possível, de forma a garantir

uma hidratação total do betão, correspondendo a uma percentagem de aproximadamente 18% (Brito,

1987). A relação água / ligante da mistura constitui um factor de importante monitorização, na medida

em que um valor elevado indica maior porosidade, influenciando a resistência, coloração e

durabilidade da superfície (CCAA T57, 2006).

2.3.1.5 Pigmentos

Como o intuito de ser possível incrementar a disponibilidade de cores de betão à vista, adiciona-se

pigmentos (Figura 2.8) à mistura, os quais permitem o incremento do potencial estético (Peurifoy e

Oberlender, 2011). Deste modo, verifica-se a existência de uma ampla diversidade de pigmentos,

compostos por óxidos metálicos, cujas dosagens dependem fundamentalmente da cor pretendida. De

qualquer forma e sabendo que a gama de valores engloba de 0,1% a 8% do peso de ligante, deve-se

determinar a quantidade exacta de pigmento, através de protótipos e usando os agregados a colocar

na mistura, para ser possível calibrar adequadamente a cor pretendida (Nunes, 2003).

Figura 2.8 - Exemplos de pigmentos para betão (Inácio, 2005)

Assim, para obtenção de uma maior diversidade de cores, recorre-se a óxidos metálicos, os quais

permanecem inalterados perante os raios ultravioleta, quer em cimento branco ou cinzento (Nunes,

2003). De igual forma, considerando a resistência à alcalinidade e insolubilidade que os pigmentos

inorgânicos apresentam, verifica-se que impedem, por conseguinte, a sua lixiviação. É importante

referir que a adição de pigmentos deve ser aliada a um incremento da dosagem de finos e ligante, o

qual deve-se manter constante durante o processo de fornecimento, de modo a ser possível evitar

variações significativas de cor.

Resta referir que, segundo o ACI Committee 303 (2004), a utilização de valores de pigmento

superiores a 10% do peso de ligante pode comprometer significativamente a qualidade do betão.

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2.3.1.6 Adjuvantes

Os adjuvantes utilizados na mistura devem respeitar o disposto na norma NP EN 934-2 de 2003 -

“Adjuvantes para betão, argamassas e caldas de injecção. Parte 2: Definições, requisitos,

conformidade, marcação e rotulagem”, não possuir cloreto de cálcio na sua composição e apresentar-

se sob a forma de constituintes incolores ou de cor clara, de modo a minimizar o risco de

contaminação de coloração da mistura, o que é particularmente importante na presença de betão

branco (Secil, 2011; ACI Committee 303, 2004).

Relativamente à utilização de superplastificantes, verifica-se que estes possibilitam a redução da

quantidade de água de amassadura, em virtude de minimizarem o atrito interno entre as partículas de

betão, provocando assim menor retracção plástica, permeabilidade e absorção capilar, bem como um

aumento significativo da sua compacidade e resistência (Nunes, 2003). De igual forma, os

superplastificantes permitem reduzir a necessidade de vibração e, por conseguinte, o risco de

formação de bolhas de ar (Snowcrete, 2007).

Importa salientar que, por vezes, é necessário utilizar pequenas dosagens de polímeros (acetatos de

vinil ou metil-celuloses), com o intuito de minimizar a tendência de fissuração da superfície de betão,

em caso de resistência à flexão reduzida, para que a sua aparência estética não seja comprometida.

Assim, utilizando dosagens compreendidas entre 0,04% e 0,1% do peso do ligante, é possível

diminuir os módulos de elasticidade e monitorizar a retracção plástica (Nunes, 2003).

Por outro lado, em acabamentos caracterizados por exposição de agregados, deve-se recorrer, por

vezes, a retardadores de presa, cujo tipo e quantidade utilizados dependem da profundidade de

exposição desejada. Deste modo, para profundidades de exposição compreendidas entre 1,5 e 3

mm, devem ser utilizados retardadores insolúveis, enquanto para exposições superiores deve-se

recorrer a retardadores solúveis, com maior facilidade de penetração no betão (Mindess et al., 2002).

Tendo em consideração as características estéticas específicas que o betão à vista possui, é

necessário garantir o cumprimento de requisitos de aparência e durabilidade associada a agentes

agressivos, além da satisfação das exigências físicas e mecânicas, a que qualquer betão corrente

deve obedecer (Inácio, 2005). Deste modo, genericamente, betões à vista apresentam dosagens de

ligante superiores, acompanhadas de menores relações de água / ligante.

2.3.1.7 Armadura

Contrariamente ao betão, as armaduras não apresentam problemas consideráveis ao nível do seu

fabrico, embora sejam susceptíveis à corrosão, segundo uma taxa dependente do tipo de aço e

agressividade atmosférica, causando o surgimento de várias anomalias associadas (Brito, 1987).

Assim, a colocação e tratamento das armaduras devem respeitar determinadas exigências que

permitam a minimização da ocorrência das referidas anomalias e assim contribuir para a qualidade

estética da superfície final.

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De acordo com a Secil (2011), o aço das armaduras deve-se encontrar completamente isento de

óleos, lamas, argilas, oxidação e restantes impurezas (Figura 2.9), de modo a minimizar o risco de

perda de aderência ao betão e contaminação da superfície. Deste modo, é necessário garantir um

adequado armazenamento das armaduras, em espaços isentos de sujidade e/ou condições

favoráveis à oxidação.

Figura 2.9 - Armaduras com oxidação (à esquerda) e armaduras em bom estado (à direita)

Convém salientar a importância de ser efectuado um dimensionamento adequado de armaduras, de

forma a ser possível evitar zonas de sobreposição excessiva de varões (Figura 2.10) que dificultam o

processo de vibração e, por conseguinte, resultam em anomalias (Moreira, 1991). Além disso, na

execução de armaduras, devem ser utilizados arames de atar em aço inox ou galvanizado, viradas

para o interior do elemento, de modo a controlar o aparecimento de corrosão, devido à sua oxidação

(Nawy, 2008).

Figura 2.10 - Zona excessivamente armada

De igual modo, deve ser garantido o recobrimento adequado, com o intuito de assegurar a espessura

superficial pretendida e minimizar a permeabilidade de agentes indesejáveis, os quais podem afectar

significativamente a durabilidade da superfície de betão à vista (Brito e Flores-Colen, 2005).

Por fim, importa salientar que, para assegurar o recobrimento previsto e posicionamento adequado

das armaduras, deve-se recorrer a espaçadores (Figura 2.11), compostos por material polimérico ou

betão, de coloração igual à superfície. Assim, após colocação das armaduras, a betonagem deve

ocorrer imediatamente, de modo a minimizar o fenómeno de oxidação e consequente contaminação

das cofragens (Secil, 2011).

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Figura 2.11 - Espaçadores em PVC

2.3.2 Cofragem

O incremento das superfícies de betão à vista deve-se à evolução dos tipos disponíveis de cofragem

e às influências técnicas do seu processo de construção, bem como aos métodos de tratamento das

superfícies expostas (Pecke e Bosold, 2009).

Primeiramente, importa distinguir dois tipos de superfícies, nomeadamente aquelas que após

descofragem não sofrem qualquer intervenção posterior e aquelas que são alvo de tratamento

químico e/ou mecânico. Além disso, aquando da execução da cofragem, existem cuidados que são

considerados imprescindíveis a uma superfície de betão à vista uniforme e sem vestígios patológicos

condicionantes da sua aparência.

Nos dias de hoje, as cofragens utilizadas podem ser dos mais diversos materiais, sendo que, em

função da superfície final pretendida, existem uns mais apropriados do que outros. Assim, do ponto

de vista da tonalidade da superfície, quando se pretende uma superfície mais escura devem-se

utilizar moldes de materiais mais porosos, tais como madeiras e derivados desta. Por oposição,

materiais não porosos, como plástico, aço ou alumínio são utilizados quando se pretende uma

superfície de tonalidade mais clara e de textura lisa. Relativamente às cofragens metálicas, estas

devem ser revestidas de chapas de aço inox, de modo a evitar a contaminação da superfície com

manchas de corrosão (Nunes e Fonseca, 1998).

Outro tipo de cofragem possível é a de permeabilidade reduzida que, segundo Coutinho (1998),

permite aumentar claramente a qualidade das superfícies de betão à vista, tanto a nível estético,

como de durabilidade. Este sistema dissipa o excesso de água e ar acumulados à superfície,

melhorando a resistência superficial e, além disso, cria condições de humidade adequadas à fase de

cura. Este tipo de cofragem é o que garante melhores resultados na redução da percentagem de

anomalias superficiais, como bolhas de pele (Chen et al., 2012).

Por fim, relativamente à cofragem, é necessário garantir que esta é adequada a cada caso, não só

em termos de aparência final da superfície, mas também de resistência da mesma aos impulsos

impostos pelo betão, no momento da betonagem, prevenindo o surgimento de certas anomalias

construtivas / geométricas como, por exemplo, os defeitos de planeza.

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De igual modo, deve-se dar especial atenção às juntas entre painéis, pois, quando não se encontram

correctamente executadas, permitem a passagem de finos da mistura, provocando anomalias na

superfície final. Deste modo, é recomendado a vedação entre painéis com juntas de borracha ou

recorrendo a mastiques (Secil, 2011).

As tiges (Figura 2.12) são um dos elementos importantes na concepção / execução da cofragem, pois

são uma fonte de anomalias, comuns neste tipo de superfícies à vista. Assim, deve ser tido especial

cuidado na escolha do tipo de tige e, posteriormente, na sua colocação antes da betonagem, pois,

caso a zona da tige não se encontre perfeitamente estanque, irá permitir a passagem de finos,

prejudicando o acabamento final da superfície na referida zona (Nawy, 2008).

Figura 2.12 - Tige vista pelo interior da cofragem (à esquerda) e zona de aperto da tige (à direita)

As marcas de tiges são, muitas vezes, assumidas como parte integrante da superfície e, por isso,

deixadas a descoberto. No entanto, podem ser disfarçadas com recurso a tampões em PVC ou

preenchidas por argamassa apropriada, com características e coloração semelhantes ao betão da

superfície.

2.3.2.1 Agente descofrante

O recurso a agentes descofrantes é bastante útil, pois estes dificultam que o betão fresco adira à

cofragem, de modo a facilitar o processo de descofragem e, ao mesmo tempo, contribuem para a

prevenção de determinadas anomalias, como referido em §3.2.2. No entanto, o agente descofrante

também pode ser a causa de certas anomalias, como manchas. Assim, deve ser devidamente

seleccionado, em função do tipo de superfície pretendida e, posteriormente, correctamente aplicado.

Neste sentido, Nero e Nunes (1997) recomendam o recurso a agentes descofrantes incolores ou anti-

manchas.

Dada a grande variedade de agentes descofrantes disponíveis no mercado, ACI Committee 303

(2004) refere que a melhor forma de avaliar / seleccionar o mais adequado a cada caso é através de

painéis protótipo, onde se pode avaliar tanto o resultado final da superfície, como o modo de

aplicação do agente descofrante. Além disso, deve ser tida em consideração a compatibilidade deste

com a cofragem e o respectivo selante, bem como as condições climatéricas da aplicação.

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2.3.3 Betonagem

O processo de betonagem possui forte relevância na qualidade estética da superfície final, na medida

em que permite controlar algumas anomalias decorrentes do processo construtivo. As betonagens

devem ser executadas sem pluviosidade, preferencialmente a uma temperatura compreendida entre

10 e 30 ºC (Secil, 2011). De qualquer forma, se o prosseguimento dos trabalhos for imperativo,

independentemente das condições meteorológicas, devem ser providenciadas condições e cuidados

particulares, de modo a salvaguardar o resultado final.

Do mesmo modo, é necessário garantir que os camiões-betoneira se encontrem isentos de resíduos

de betonagens prévias e transportem até 2/3 da sua capacidade máxima, para assegurar uma

mistura adequada dos constituintes do betão (Nawy, 2008). Importa referir que, em obra, se deve

proceder a um controlo cuidado da sua consistência, através do ensaio do cone de Abrams (Figura

2.13), no qual se rejeita o betão que não possua características especificadas (Nunes, 2013).

Figura 2.13 - Ensaio do cone de Abrams (Unibetão PR.07, 2011)

Convém ainda salientar a importância de verificar o estado global das cofragens, antes de se

proceder ao processo de betonagem, de modo a ser garantida a sua limpeza, selagem das juntas e

inexistência de água acumulada (Secil, 2011).

Relativamente ao processo de betonagem propriamente dito, deve-se evitar a queda do betão de

alturas elevadas e a sua projecção contra as paredes da cofragem, através da utilização de tubos de

queda. Assim, é possível evitar a segregação dos agregados, bem como formação de grandes

índices de vazios (Brito, 1987). De igual forma, deve ser assegurada a penetração do betão em todas

as reentrâncias da cofragem, através de uma compactação adequada.

De acordo com CCAA T57 (2006), a colocação do betão deve ser efectuada a uma velocidade que

não origine impulsos laterais na cofragem, de modo a não provocar deformações ou comprometer a

sua estabilidade. Assim, para acabamentos finais de qualidade, a colocação em paredes e pilares

deve ser efectuada em camadas com espessuras inferiores a 50 cm ou 30 cm (Snowcrete, 2007).

Conforme referido, a queda do betão de alturas superiores a 1,5 m deve ser evitada, de forma a ser

possível evitar a segregação, fixação de resíduos de betão nas paredes do painel de cofragem e, por

conseguinte, propiciar o surgimento de anomalias estéticas na superfície (Secil, 2011).

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Tendo em consideração os requisitos arquitectónicos que o betão à vista apresenta, não devem ser

utilizados os primeiros 0,2 m3, de modo a não se verificarem diferenças consideráveis na relação

água / ligante ou possuir agentes contaminantes que degradam a aparência final da superfície (Nawy,

2008).

Importa acrescentar que a velocidade de colocação deverá ser lenta e constante, de forma a que

ocorra libertação de ar junto dos paramentos, sendo que, no caso específico de um betão auto-

compactável, este deve ser colocado na zona inferior do molde, elevando-se naturalmente, não se

verificando, por conseguinte, a sobreposição de camadas (Secil, 2011; FFB, 2005). Assim, é

importante ter em atenção que o betão colocado após determinada paragem ficará assente em

camada já compactada, originando juntas horizontais. Este problema é de difícil resolução, uma vez

que qualquer tentativa de correcção por vibração do betão auto-compactável resulta em segregação

(Nunes, 2003; Secil, 2011).

2.3.3.1 Compactação

No betão à vista, a vibração (Figura 2.14) possui um papel fundamental na redução de vazios

resultantes do ar e água retidos entre o betão e a cofragem. Dado que o peso próprio do betão no

estado fluido reduz a incidência de vazios na zona inferior do elemento, é necessária uma vibração

mais cuidada na parte superior do mesmo (CCAA T57, 2006).

Figura 2.14 - Processo de vibração

Importa referir que o tipo de vibrador a utilizar no processo de vibração depende das dimensões da

peça a vibrar e densidade de armaduras existente (FFB, 2005). Segundo Snowcrete (2007), a

vibração deve ser efectuada através de vibradores constantemente no interior do betão ou inseridos

rapidamente e retirados de forma lenta, com duração total entre 15 e 20 segundos.

No caso de as juntas não apresentarem total estanquidade, pode ocorrer entrada de ar, durante o

processo de vibração, o que provoca maior quantidade de vazios e textura arenosa nas referidas

zonas (PERI, 2002). A vibração deverá decorrer até ao momento em se verifique a expulsão das

bolhas de ar de maior dimensão, o que acontece quando a superfície de betão apresenta um aspecto

vidrado, devido ao aparecimento de leitada superficial. No caso de ocorrer vibração excessiva, podem

existir fenómenos de segregação, exsudação e aumento de pressão sobre a cofragem, causando a

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possível abertura de juntas (Secil, 2011).

Por fim, aquando da utilização de misturas com superplastificantes, verifica-se uma redução do tempo

de vibração, sob pena de se promover segregação ou formação de vazios. De igual modo, a vibração

de betões com elevada dosagem de agregados leves deve ser evitada em áreas em que se pretenda

minimizar a quantidade de vazios (Nawy, 2008).

2.3.3.2 Cura e descofragem

A cura constitui a fase mais importante de fabrico do betão, definindo as características definitivas

associadas à sua durabilidade, a qual requer um controlo permanente, em virtude de estar

dependente de condições climatéricas, agressividade do ambiente e tipo de betão utilizado (Brito,

1987).

Após o processo de betonagem, tem início o processo de cura, através do qual o betão adquire

resistência mecânica. Assim, é necessário controlar a evaporação de água que, aliada ao calor

originado pelas reacções de hidratação do ligante, pode provocar fissuração e, por conseguinte,

afectar a aparência final da superfície obtida (Nunes, 2013).

O início de presa ocorre aproximadamente duas horas após o processo de betonagem, sendo que o

betão necessita de ser protegido contra perdas de água por evaporação e temperaturas extremas.

Além disso, deve-se proceder à rega do betão através de aspersão com água limpa e evitar-se a

utilização de produtos (membranas) de cura, visto que originam habitualmente manchas inestéticas

(Secil, 2011).

Por último, importa salientar que a descofragem de um determinado elemento deve ser efectuada na

altura temporal adequada, em virtude de a descofragem antecipada provocar problemas graves de

fissuração por retracção ou quebra de arestas / cantos, enquanto tardiamente origina frequentemente

manchas na superfície (Nero e Nunes, 1997).

2.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO

Tendo em consideração as referências bibliográficas consultadas, procurou-se abordar as temáticas

mais relevantes associadas à tecnologia do betão à vista. Assim, foi possível salientar assuntos

relativos ao potencial estético que o caracteriza e questões referentes ao seu processo construtivo,

nomeadamente os respectivos materiais constituintes, cofragem e betonagem.

A existência de imperfeições e/ou manifestações patológicas indesejáveis influencia fortemente a

qualidade da aparência estética de uma determinada superfície de betão à vista, sendo, por isso,

necessário adoptar medidas técnicas capazes de a melhorar significativamente (Kai e Guohui, 2011).

Assim, no presente capítulo, além de assuntos relativos à tecnologia propriamente dita, procedeu-se

à abordagem de questões associadas à correcta concepção de acabamentos superficiais, através de

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uma ampla diversidade de texturas disponíveis, problemas patológicos, bem como técnicas

construtivas adequadas à obtenção da superfície final pretendida.

Apesar de o betão à vista respeitar muitas das exigências construtivas associadas ao betão corrente,

verifica-se uma maior preocupação com a qualidade estética que as suas superfícies expostas

apresentam. Desta forma, é necessário realçar a importância de uma escolha adequada da cofragem,

na medida em que pode influenciar a aparência estética final da superfície. De igual modo, o betão à

vista requer um cuidado especial na selecção dos materiais constituintes da mistura, nomeadamente

ligante, pigmentos, agregados, adjuvantes e adições, pois todos estes factores podem comprometer a

qualidade estética das superfícies. Além disso, para evitar o surgimento de anomalias, todas as

superfícies de betão à vista devem ser sujeitas a uma descofragem e cura homogéneas.

Deste modo, pretende-se auxiliar a compreensão das temáticas centrais relativas à presente

dissertação, tornando possível o conhecimento de características associadas à tecnologia que

envolve o betão à vista e, por conseguinte, possibilite a implementação de um processo construtivo

adequado na concepção deste tipo de superfícies.

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3. PATOLOGIA

3.1 INTRODUÇÃO

A criação de um sistema classificativo que englobe todas as anomalias que é possível identificar em

superfícies de betão à vista e respectivas causas prováveis é necessária à normalização do processo

de inspecções e seus relatórios. De forma a completar o referido sistema classificativo, incluiu-se uma

breve caracterização das anomalias presentes no mesmo (§3.2.2).

Assim, no presente capítulo, é primeiramente apresentada uma classificação das anomalias que

podem ocorrer nas superfícies de betão à vista. Posteriormente, associadas a cada anomalia

identificada, são referidas as causas prováveis, directas e indirectas, do seu aparecimento. Deste

modo, através de índices de correlação adequados, é elaborada e apresentada a matriz de

correlação entre as anomalias e suas causas prováveis, sendo definidas as relações de

simultaneidade entre todas as anomalias. Por último, com o intuito de auxiliar o processo de

inspecção, foram igualmente elaboradas fichas de anomalia individuais, as quais incluem os métodos

de diagnóstico associados a cada anomalia (capítulo 4).

3.2 SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS ANOMALIAS

3.2.1 Designação das anomalias

O conhecimento e análise de sistemas classificativos existentes constituem um passo relevante na

recolha de informação disponível, relacionada com a temática da presente dissertação.

Desta forma, realça-se o sistema de Brito (1992) que, com o intuito de normalizar os respectivos

relatórios e fichas de inspecção, classifica “anomalias potencialmente detectáveis em obras de arte

de betão”.

Para superfícies de betão à vista, não existe um sistema classificativo capaz de evitar que uma

determinada manifestação patológica seja descrita de formas distintas, dependendo do inspector, ou

que a designações semelhantes estejam associadas anomalias diferentes. Assim, considera-se

relevante a criação de um sistema classificativo próprio, o qual utiliza como critério de classificação o

aspecto visual das anomalias. A escolha do referido critério possui o intuito principal de facilitar,

durante a realização de inspecções, a correcta identificação das anomalias existentes.

Tendo em consideração que a observação visual assume um papel de extrema importância no

processo de inspecção, a elaboração do sistema classificativo contempla, numa mesma anomalia,

todas aquelas que apresentam manifestações visuais semelhantes. Deste modo, deve ser intuitiva,

para qualquer utilizador do presente sistema classificativo, a correspondência de uma anomalia

identificada visualmente in situ a uma opção disponível de anomalias do sistema em questão, sem

quaisquer dúvidas associadas.

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Seguidamente, apresenta-se o sistema classificativo das anomalias em superfícies de betão à vista

(Quadro 3.1), o qual é composto por três grupos de anomalias distintas, nomeadamente estéticas,

mecânicas e construtivas / geométricas. De igual modo, e de forma a ser possível proceder à

elaboração das matrizes de correlação (§3.4) e simplificar o processo de classificação, a cada

anomalia corresponde uma referência identificativa da categoria em que se insere (E - estéticas, M -

mecânicas e C - construtivas / geométricas). Este sistema classificativo inclui todas as anomalias

possíveis em superfícies de betão à vista, com excepção de anomalias de pinturas, as quais são

abordadas em Pires (2011).

Quadro 3.1 - Sistema de classificação de anomalias em superfícies de betão à vista

A-E Estéticas

A-E1 Manchas A-E4 Desgaste / erosão

A-E2 Eflorescências A-E5 Bolhas de pele

A-E3 Colonização biológica A-E6 Graffiti

A-M Mecânicas

A-M1 Fissuração mapeada A-M3 Desagregação

A-M2 Fissuração direccionada A-M4 Descasque

A-C Construtivas / geométricas

A-C1 Defeitos de planeza A-C4 Esbabaçado

A-C2 Ninhos de agregados / chochos A-C5 Crostas

A-C3 Marcas de tiges A-C6 Incrustações de cofragem

3.2.2 Caracterização das anomalias

No presente subcapítulo, apresentam-se e caracterizam-se pormenorizadamente as anomalias que

compõem o sistema classificativo em questão (Quadro 3.1).

Com o intuito de facilitar a identificação das referidas anomalias, além de se proceder à sua

descrição, mencionam-se igualmente as causas principais a que estão associadas, bem como a

respectiva representação fotográfica.

É importante ressalvar que as anomalias são apresentadas, seguindo a ordem utilizada no sistema

classificativo e utilizando o mesmo sistema de referência, o que possibilita a identificação da

categoria em que se encontram inseridas.

3.2.2.1 A-E Anomalias estéticas

Consideram-se anomalias estéticas aquelas que afectam fundamentalmente o aspecto visual de uma

superfície de betão à vista, sem prejudicar directamente a sua integridade, mas influenciando

fortemente a qualidade estética da mesma.

A-E1 Manchas

As manchas correspondem a manifestações patológicas frequentes esteticamente indesejáveis,

podendo apresentar diferentes aspectos, consoante a sua origem e agentes agressivos envolvidos.

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Assim, podem apresentar variações de tonalidade / cor, generalizadas ou pontuais, manchas de

corrosão, humidade / hidratação e sujidade, bem como outras associadas a causas distintas.

Variações de tonalidade / cor

As variações de tonalidade / cor na superfície do betão (Figura 3.1), manifestadas de forma

generalizada ou pontual, são consequência de uma grande variedade de factores possíveis, o que

dificulta, por conseguinte, a sua monitorização.

Figura 3.1 - Manchas de diferentes tonalidades numa superfície de betão à vista

A presente anomalia pode apresentar diferentes tipos de manifestações, nomeadamente inertes

aparentes, salpicado, negrões ou salpicado miúdo. Os inertes aparentes correspondem a áreas

individuais com tonalidade escura em meio envolvente mais claro, assemelhando-se aos inertes da

mistura. De igual forma, o salpicado, embora análogo aos inertes aparentes, é composto por

manchas de dimensão inferior, não retratando, por esta razão, a forma dos inertes. Por outro lado, os

negrões correspondem a variações de tom, que surgem ao acaso, numa zona de extensão

significativa. Por último, o salpicado miúdo manifesta-se por variações de tonalidade, ao acaso, com

manchas muito pequenas (Costa, 1972; CCAA T57, 2006; Brito et al., 2009).

A causa principal desta manifestação patológica reside fundamentalmente nos movimentos

diferenciais dos diferentes constituintes do betão (agregados, pigmentos, entre outros). Contudo,

verifica-se também a existência de outras causas possíveis associadas, como a presença de óxidos

metálicos (contidos nos agregados) que oxidam e hidratam, próximo da superfície, originando uma

coloração avermelhada e a utilização de cloreto de cálcio, que actua como acelerador de presa (Brito

et al., 2009; Costa, 1972).

Relativamente às cofragens, é necessário ter em consideração factores como a sujidade ou a

diferente capacidade de absorção de um determinado painel, os quais podem originar o surgimento

de manchas de tonalidade mais escura.

É importante realçar a necessidade da realização de uma vibração cuidada, visto que, se esta for

executada excessivamente próximo da cofragem, provoca variações de cor notórias. Igualmente, a

existência de condições de cura apropriadas, ao longo da peça, evita a manifestação desta anomalia

originando, no momento da descofragem, uma hidratação adequada da camada superficial de betão.

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Por outro lado, a utilização de betões com composições distintas (diferentes tipos e quantidades de

cimento, agregados e/ou adjuvantes), a insuficiente mistura dos seus constituintes e a utilização de

adjuvantes com cloretos (especialmente o cloreto de cálcio) contribuem para uma superfície final com

pequena uniformidade de coloração (Moreira, 1991).

Verifica-se ainda a existência de manchas com origem no agente descofrante aplicado. Assim, a sua

escolha incorrecta, nomeadamente com baixa viscosidade ou presença de impurezas, está associada

a um provável surgimento de manchas (CCAA T57, 2006).

Manchas de corrosão

As manchas de corrosão (Figura 3.2) são caracterizadas por uma coloração avermelhada, devido à

deposição de óxido de ferro na superfície de betão, estando, muitas vezes, associadas a problemas

de natureza estrutural, como a diminuição da secção e oxidação das armaduras.

Figura 3.2 - Manchas de corrosão

Ao longo da vida útil de uma determinada superfície, verifica-se a manifestação da corrosão das

armaduras, à qual se associam os descasques (A-M4), tendo em consideração a natureza expansiva

do processo de oxidação. Assim, valores de recobrimento insuficientes, por erros de projecto,

incorrecta colocação de espaçadores ou movimentação das armaduras, durante a colocação do

betão, favorecem grandemente este fenómeno. Importa referir ainda que devem ser adoptadas

cofragens em aço inox, em detrimento das cofragens metálicas, visto não acumularem corrosão e,

por conseguinte, serem menos propensas à sua manifestação (Brito et al., 2009; Nunes, 2013).

De igual forma, é necessário ter especial atenção ao processo de vibração do betão para que não

surjam manifestações patológicas capazes de expor a armadura. Outro cuidado imprescindível

corresponde à protecção das armaduras de espera, com recurso a pintura, de modo a ser possível

evitar a ocorrência de escorrências e consequentes manchas de oxidação na superfície. Além disso,

durante o processo construtivo, com o objectivo de prevenir o surgimento de pontos de corrosão, as

pontas dos arames de atar devem ser orientadas para o interior do elemento a betonar (Secil, 2011).

Manchas de hidratação / humidade

As manchas de hidratação ou humidade (Figura 3.3) escurecem a superfície do betão, tendo em

consideração a sua tonalidade.

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Este tipo de manchas na superfície do betão apresenta cor mais escura na presença de um painel de

cofragem absorvente, pois, em zonas com maior capacidade de absorção, verifica-se uma maior

concentração de finos na superfície (Costa, 1972).

Esta anomalia, que surge no betão por perda de humidade através da cofragem, possui como causas

principais a qualidade da madeira utilizada nos moldes, bem como a ausência de saturação da

cofragem, antes da betonagem (Brito et al., 2009).

Figura 3.3 - Mancha de hidratação / humidade

Manchas de sujidade

A deposição de partículas de sujidade sobre as superfícies de betão à vista é uma anomalia comum

que se manifesta visualmente através de manchas de deposição uniforme ou diferencial.

Assim, quando uniformes (Figura 3.4), as manchas de sujidade resultam frequentemente da

deposição de partículas de solo, fuligem, poeiras ou outro tipo de partículas atmosféricas poluentes,

as quais são especialmente correntes em zonas urbanas ou industriais. Deste modo, a chuva e o

vento são importantes agentes de transporte que contribuem para a acumulação de sujidade sobre as

superfícies de betão.

Figura 3.4 - Fachada com sujidade uniforme

Por outro lado, a deposição diferencial de partículas de sujidade (Figura 3.5) tem origem distinta da

anterior, uma vez que depende fundamentalmente da escorrência de água pela superfície. Desta

forma, a existência de singularidades, saliências ou superfícies horizontais contribuem fortemente

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para o surgimento desta anomalia, em virtude de possibilitarem caminhos preferenciais de

escorrimento da água, o que causa uma distribuição não uniforme da sujidade ao longo da superfície.

Assim, verifica-se uma alternância de zonas isentas de sujidade com a existência de longas manchas

no sentido do escorrimento.

Figura 3.5 - Manchas de sujidade diferencial

As principais causas associadas à acumulação de sujidade por escorrência de água devem-se a

erros de projecto ou execução, nomeadamente falta de pormenorização na fase de concepção e/ou

deficiente execução, ausência de capeamentos de remate de platibandas, deficiente escoamento de

águas de varandas e terraços, bem como ausência ou deficiente execução de juntas e pingadeiras

(Brito e Flores-Colen, 2005).

A-E2 Eflorescências

As eflorescências (Figura 3.6) são depósitos cristalinos, caracterizados por manchas de cor branca,

que surgem na superfície do betão, resultantes da circulação e consequente evaporação superficial

de soluções aquosas salinas.

Figura 3.6 - Eflorescências

Costa (1972) afirma que a eflorescência acontece quando os constituintes álcalis do betão reagem

com o anidrido carbónico atmosférico, originando carbonatos brancos insolúveis, sendo que esta

reacção é favorecida pela dissolução do anidrido carbónico na água das chuvas, formando um ácido

de carbono fraco.

A ocorrência de eflorescências está associada à presença de sais solúveis nos agregados e/ou na

água de amassadura, conjugada com a existência de condições de humidade propícias, nos poros de

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betão, de modo a possibilitar a dissolução dos sais, aliada à pressão hidrostática que promova a sua

migração, evaporação superficial e posterior depósito dos sais à superfície (PCI, 2007).

As eflorescências podem ainda resultar da ascensão por capilaridade de águas provenientes de

solos. Assim, caso não exista uma protecção adequada, existe a possibilidade de contaminação

parcial ou total das superfícies de betão à vista que se encontrem enterradas no solo, em que o nível

freático se encontra mais elevado.

Esta anomalia advém da falta de periodicidade de verificação das superfícies, através de análises

químicas e/ou insuficiente impermeabilização do betão. Nunes (2013) acrescenta que a principal

causa para o surgimento de eflorescências corresponde à presença de sais solúveis e matéria

orgânica nos agregados e água de amassadura. Além disso, a importância do agente descofrante e

dos adjuvantes utilizados é tida em consideração, os quais podem apresentar composições químicas

que potenciem o aparecimento desta anomalia estética.

A-E3 Colonização biológica

O aparecimento de manchas de cor preta, cinzenta, castanha, esverdeada e, ocasionalmente, claras,

esbranquiçadas ou amarelas, resultantes da proliferação de microrganismos, como bolores e fungos,

caracteriza a anomalia correspondente à colonização biológica (Figura 3.7).

Figura 3.7 - Colonização biológica

Esta desenvolve-se predominantemente em ambientes com humidade relativa superior a 70%, pH e

iluminação adequados, temperatura amena, oxigénio e meio orgânico. Assim, muitas vezes, a

colonização biológica encontra-se associada a outras manifestações patológicas, em que se verifica a

presença de água / humidade e acumulação de sujidade (PCI, 2007).

As causas que contribuem para o surgimento e desenvolvimento da colonização biológica englobam

a fraca exposição solar, presença contínua e excessiva de água / humidade, acumulação de pó, terra,

sujidade e poluentes.

A-E4 Desgaste / erosão

A erosão corresponde a uma forma particular de desgaste, que se manifesta pela perda da pasta de

cimento de ligação dos agregados, por acção do vento, gelo ou água (Figura 3.8).

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Esta anomalia, esteticamente indesejável, depende fortemente da velocidade da acção, podendo

provocar estragos com profundidades significativas, desde alguns centímetros até alguns metros

(Neville, 2011).

Figura 3.8 - Desgaste numa superfície de betão à vista

Os parâmetros que mais influenciam este fenómeno são o acabamento da superfície, a resistência à

compressão do betão e o tipo de agregado, tendo em consideração que a erosão resulta do impacto

de fluidos, líquidos ou gases com a superfície do betão, sendo agravada pela existência de detritos

arrastados (Neville, 2011).

A-E5 Bolhas de pele

As bolhas de pele (Figura 3.9) resultam da acumulação de um excesso de ar nas superfícies de

betão, o qual não é completamente removido através de vibração entre o betão e a cofragem. Esta

anomalia estética, de acordo com o ACI Committee 309 (1998), corresponde a uma das

manifestações patológicas mais usuais das superfícies de betão à vista. Apresenta-se sob a forma de

pequenas cavidades de forma irregular, semelhante a poros, que normalmente não ultrapassam 15

mm de diâmetro, podendo atingir uma dimensão de aproximadamente 25 mm e, em situações mais

graves, alcançam até 2 cm de profundidade.

Figura 3.9 - Bolhas de pele

Esta manifestação patológica é considerada um dos defeitos mais difíceis de eliminar, tornando

extremamente inestéticas as superfícies de betão à vista que a apresentam, dependendo da forma

como ela se distribui nas mesmas. Contudo, a distâncias relativamente grandes, este defeito pode

tornar-se quase imperceptível, se a percentagem de área afectada não for excessiva (Moreira, 1991).

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Sabe-se que as bolhas de ar apresentam a tendência de subir no interior da massa do betão, dada a

sua densidade inferior, e a moverem-se em direcção à fonte vibradora. Assim, num determinado ciclo

de vibração, o vibrador empurra o betão da sua vizinhança, bem como o esqueleto dos agregados.

Quando a fonte inicia o movimento, em direcção oposta à primeira, não haverá forças directamente

aplicadas no betão que, por isso, tende a ocupar a sua posição inicial. Deste modo, nesta fase, os

elementos de maior mobilidade da mistura, nomeadamente os finos e bolhas de ar, deslocam-se de

forma a preencherem a cavidade criada pelo vibrador (Costa, 1972).

Segundo o ACI Committee 309 (1998), consideram-se as misturas com menor trabalhabilidade, com

baixa percentagem de finos ou em que são utilizados agentes introdutores de ar, mais susceptíveis à

ocorrência de vazios. De igual modo, Brito et al. (2009) acrescentam a importância do controlo da

relação água / cimento na prevenção de fenómenos de exsudação (para evitar relação demasiado

alta).

A utilização de um material de cofragem absorvente evita a formação de orifícios na superfície do

betão, facilitando a passagem das bolhas de ar. Assim, cofragens com estanqueidade ou rigidez

insuficientes, com fraco escoramento e compostas por materiais pouco permeáveis contribuem para a

manifestação desta anomalia estética.

É importante salientar que a existência de bolhas de pele se torna mais acentuada nas zonas onde a

pressão do betão na cofragem é menor, nomeadamente nas camadas mais altas de uma betonagem.

Assim, com o intuito de obter uma superfície de betão isenta destas pequenas cavidades, deve-se

proceder a uma colocação cuidada do betão, evitando a sua introdução próxima a painéis de

cofragem e alturas de colocação superiores a 1,5 m, bem como uma correcta vibração, que facilite a

subida das bolhas de ar existentes no betão, e a aplicação de um agente descofrante criteriosamente

definido (Day, 2006).

A-E6 Graffiti

Os graffiti (Figura 3.10) são considerados uma anomalia que engloba todo o tipo de pinturas ou

marcas, devidas a tintas ou marcadores, absorvidas pela superfície de betão porosa.

Figura 3.10 - Graffiti em superfície de betão à vista

Tendo em consideração que os graffiti estão frequentemente associados a actos de vandalismo, a

presente anomalia é identificada em ambientes urbanos, particularmente em zonas inferiores das

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edificações que comunicam directamente com a via pública, bem como em áreas degradadas não

vigiadas, próximas de estabelecimentos de ensino ou locais de grande concentração de jovens.

Deste modo, os graffiti não apresentam um mecanismo de ocorrência específico, estando as suas

causas prováveis apenas dependentes da acção humana (Sá, 2011).

3.2.2.2 A-M Anomalias mecânicas

Frequentemente, a génese das anomalias mecânicas está relacionada com a existência de

deslocamentos impostos e/ou acções estáticas e dinâmicas, as quais originam forças / esforços

capazes de degradar fisicamente a superfície de betão à vista. Assim, todas estas anomalias

associadas à destruição física das ligações entre as partículas de betão são enumeradas

seguidamente.

A-M1 Fissuração mapeada

A fissuração mapeada (Figura 3.11) caracteriza-se pelo desenvolvimento de um conjunto de fissuras,

sem direcção preferencial, assemelhando-se a uma rede ou malha. Esta anomalia manifesta-se pela

abertura sucessiva, segundo direcções mais ou menos perpendiculares, das referidas fissuras,

sempre que são alcançadas tensões semelhantes à resistência do material, originando um padrão

poligonal (PCA, 2015).

Figura 3.11 - Fissuração mapeada

No betão à vista, o surgimento desta manifestação patológica pode assumir importância significativa,

sobretudo se for perceptível a distâncias suficientemente grandes. Tendo em consideração que a

fissuração é um fenómeno considerado intrínseco do betão, esta anomalia pode ter origem na

retracção deste material, sendo o número de fissuras existentes directamente proporcional à

quantidade de cimento e água utilizada e inversamente proporcional à quantidade de finos da

mistura. Os fenómenos de retracção são frequentemente associados à secagem e endurecimento do

betão de revestimento, podendo ocorrer até idades próximas dos 28 dias (Moreira, 1991; Brito, 1987).

Outros factores podem estar associados ao desenvolvimento de fissuração mapeada, nomeadamente

a composição do betão, visto que a presença de aglomerados argilosos nos agregados, o baixo teor

de finos e o excesso de água ou cimento na mistura facilitam o processo evolutivo desta anomalia.

De igual modo, a existência de condições atmosféricas inapropriadas durante a execução da

superfície de betão, o incumprimento do tempo de cura e cofragens de materiais demasiado

absorventes sem humedecimento prévio, induzem o referido desenvolvimento das fissuras. Além

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disso, o surgimento de outras anomalias que causam o aumento de volume de elementos no interior

da superfície gera tensões que provocam consequentemente estas fissuras (ACI Committee 224,

2007; Day, 2006).

A-M2 Fissuração direccionada

A fissuração direccionada (Figura 3.12) caracteriza-se pelo surgimento isolado de fissuras que, em

geral, apresentam orientação e inclinação precisas, fornecendo informação relativamente à sua

origem.

A fissuração direccionada pode ainda ser devida às acções de cargas, cujo aspecto e

desenvolvimento depende do tipo de acção. De qualquer forma, as fissuras ocorrem, na maior parte

das vezes, transversalmente às armaduras. De igual modo, acções termo-higrométricas,

nomeadamente gradientes térmicos e acções térmicas, promovem a variação de volume da estrutura

de betão e, por conseguinte, o surgimento de fissuras com espaçamento uniforme (Brito et al., 2009).

Figura 3.12 - Fissuração direccionada

As referidas fissuras podem ainda ter outras origens, como a incorrecta colocação das armaduras, o

assentamento plástico do betão, devido à migração da água para a superfície exterior deste antes de

atingir a presa, a remoção prematura das cofragens e os assentamentos diferenciais (Brito et al.,

2009; Brito, 1987).

A-M3 Desagregação

Denomina-se por desagregação (Figura 3.13) a desintegração progressiva das camadas superficiais

do betão. Mais concretamente, a presente anomalia mecânica consiste na perda gradual da função

aglutinadora do cimento, provocando a separação dos agregados constituintes.

Ambientes húmidos e/ou marinhos devem ser evitados, pois consideram-se como causas principais

para esta manifestação patológica o ataque de cloretos, sulfatos, ácidos e os ciclos de gelo / degelo.

De igual modo, como medidas preventivas, é possível enumerar-se a utilização de um cimento

adequado ao meio ambiente, o fabrico de um betão muito compacto e impermeável, bem como o uso

de materiais impermeáveis que impeçam o contacto do betão com o meio ambiente (Brito, 1987).

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A mudança de coloração da superfície do betão identifica a fase inicial da desagregação, à qual se

associa o aparecimento de fendas cruzadas e consequente aumento de largura. Coincidentemente,

verifica-se a desintegração da pasta de cimento, devido ao aumento de volume das suas camadas

exteriores (Brito et al., 2009).

Figura 3.13 - Desagregação

A-M4 Descasque

O descasque (Figura 3.14) corresponde à fragmentação localizada de películas do betão de

recobrimento, originando aberturas consideráveis, chegando, por vezes, a deixar exposta a

armadura, especialmente em zonas proeminentes das superfícies.

Figura 3.14 - Descasque

Como causas principais desta anomalia mecânica, é possível salientar a corrosão das armaduras, a

presença de cargas excessivas, a existência de ciclos de gelo / degelo, a formação de sulfo-

aluminatos, acções mecânicas em juntas de dilatação mal concebidas e/ou a existência de agregados

extremamente reactivos (Brito, 1987).

De igual modo, a referida rotura do betão de recobrimento pode surgir pela sua adesão à superfície

da cofragem, sobretudo em arestas salientes. Este descasque acontece sempre que a resistência do

betão de recobrimento, durante a descofragem, é inferior à do material do molde, bem como à ligação

betão-cofragem. Assim, o tipo de agente descofrante utilizado tem um efeito preponderante no

aparecimento do descasque, sendo que, em geral, uma escolha diferente constitui um meio de evitar

este defeito (CCAA T57, 2006; Costa, 1972).

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Além disso, é necessário acrescentar que descofragens precoces, cofragens irregulares e com

rigidez insuficiente, uma inadequada composição do betão (menor dosagem de cimento pode originar

esta manifestação patológica), bem como o material de cofragem (moldes de madeira, mais porosos

facilitam a aderência do betão de recobrimento à cofragem), constituem outras causas possíveis para

o surgimento desta anomalia (Moreira, 1991).

3.2.2.3 A-C. Anomalias construtivas / geométricas

As anomalias construtivas ou geométricas são decorrentes de falhas construtivas provenientes do

projecto, da execução, dos materiais utilizados ou da combinação destes.

Uma concepção correcta e cuidada, bem como a utilização de mão-de-obra especializada durante a

fase de execução e ainda uma adequada fiscalização / controlo de qualidade podem evitar ou

minimizar este tipo de manifestação patológica.

A-C1 Defeitos de planeza

Por defeitos de planeza, consideram-se todas as anomalias que envolvam alterações no alinhamento

das superfícies e/ou do próprio elemento de betão, causando, no caso do betão à vista, problemas

estéticos (Figura 3.15) (Emmons, 1993).

Figura 3.15 - Defeitos de planeza entre painéis de betão à vista de uma fachada

Elementos de betão surgem com as suas superfícies desalinhadas ou até, em casos mais graves,

toda a dimensão do elemento apresenta esta anomalia, devido a um desvio na cofragem. Esta pode,

desde logo, ficar mal posicionada antes da betonagem ou sofrer esse desvio durante a mesma,

devido ao impulso do betão fresco. O primeiro caso pode ser evitado com uma correcta execução da

cofragem e fiscalização eficiente, antes do processo de betonagem. O segundo deve-se,

essencialmente, a um incorrecto dimensionamento que não contempla devidamente as forças

impostas à cofragem pelo betão.

Emmons (1993) refere ainda que todos estes aspectos também podem originar um recobrimento não

adequado das armaduras, tendo em consideração a existência de possíveis desalinhamentos,

inclinações e excentricidades.

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A-C2 Ninhos de agregados / chochos

Considera-se como ninhos de agregados ou chochos (Figura 3.16) uma anomalia construtiva que se

manifesta pela presença de cavidades de grandes dimensões, surgindo quando o espaço entre os

agregados não se encontra totalmente preenchido pela argamassa.

Esta manifestação patológica corresponde à presença de orifícios com dimensões na ordem de 2 cm,

podendo não aparentar forma esférica, com profundidades variáveis (Moreira, 1991).

Figura 3.16 - Ninhos de agregados / chochos

É possível enumerar diversas causas que contribuem para a ocorrência de ninhos de agregados,

nomeadamente a utilização de betões com quantidade insuficiente de elementos finos, fazendo com

que os agregados grossos sejam apenas envoltos por uma leitada de ligante ou simplesmente não

sejam envolvidos pela argamassa; a ausência de estanqueidade da cofragem, que propicia fuga da

calda de cimento e, por conseguinte, origina uma cavidade que coloca à vista os agregados; bem

como a existência de zonas com elevada densidade de armadura que, juntamente com uma escolha

incorrecta do diâmetro máximo dos agregados, favorece a sua retenção e dificulta a compactação do

betão (Moreira, 1991).

Um processo de vibração cuidado, aliado a uma utilização de misturas com grande trabalhabilidade,

constitui um factor que incrementa a fluidez do betão e, consequentemente, poderá prevenir o

surgimento desta anomalia. Além disso, a colocação do betão a alturas excessivamente elevadas

propicia a sua segregação e, como resultado, potencia o aparecimento de ninhos de agregados

(Vikan, 2007).

De igual modo, Emmons (1993) salienta a existência de outras causas primárias, como o

espaçamento reduzido entre a armadura e a cofragem, o endurecimento precoce do betão e a

existência de temperaturas elevadas, durante a betonagem.

A-C3 Marcas de tiges

Após a descofragem dos elementos de betão, surgem as marcas de tiges (Figura 3.17), resultantes

da inevitável necessidade de interligar os painéis de cofragem de paredes, de modo a resistirem aos

impulsos do betão fresco e permitirem o seu endurecimento na posição desejada.

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A remoção destas ligações provisórias torna visível o negativo deixado no betão e a consequente

marca na superfície. Estas marcas inevitáveis requerem uma atenção cuidada na fase de concepção

das superfícies, de modo a ser possível contemplá-las como parte do seu acabamento final.

Quando todo o processo é correctamente executado, estas apresentam forma cónica. Por outro lado,

podem apresentar diferentes aspectos esteticamente indesejáveis como, por exemplo, desagregação

de partículas de betão na zona da tige ou pequenos vazios (Figueroa e Palacio, 2008).

Sempre que estas marcas se apresentem de forma diferente da projectada, são consideradas como

anomalia numa superfície de betão à vista.

Figura 3.17 - Marcas de tiges

Como causas desta manifestação patológica, surgem a falta de consideração deste pormenor

construtivo em fase de concepção, uma incorrecta execução da cofragem, uma descofragem pouco

cuidada ou materiais utilizados incorrectos / não adequados ao acabamento final pretendido.

A-C4 Esbabaçado

O esbabaçado (Figura 3.18) constitui um tipo de descontinuidade visível na superfície de betão à

vista, a qual se manifesta através de estrias, decorrentes do percurso realizado pelo fluxo de calda de

cimento.

Figura 3.18 - Esbabaçado

Esta descontinuidade / separação visível acontece quando a ligação cofragem - betão endurecido

não é suficientemente rígida para resistir às pressões de um novo betão, depositado sobre um

existente, já em fase de presa, permitindo a passagem de calda de cimento, a qual escorrerá pela

superfície já acabada (Costa, 1972; Brito et al., 2009).

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Como causas principais para a ocorrência desta anomalia, tem-se o deficiente controlo de qualidade

na execução, um excesso de vibração, provocando segregação e a deficiente concepção da ligação

cofragem-betão (Brito et al., 2009; Gerardo, 2013).

De igual modo, a falta de estanqueidade nas juntas corresponde a uma causa importante das

escorrências, o que propicia o surgimento de zonas de tonalidade mais escura (CCAA T57, 2006).

A-C5 Crostas

A presente anomalia construtiva corresponde à fixação de películas de argamassa, frequentemente

com uma coloração diferente, ao betão endurecido.

Geralmente, as crostas (Figura 3.19) são consequência de uma execução inadequada de uma junta

de betonagem. De igual forma, podem ser devidas a uma rigidez insuficiente de um painel de

cofragem, o que dificulta o suporte dos impulsos do betão sobre o molde e, por essa razão, deforma-

o, criando assim um pequeno espaço que permite a passagem de água e finos (Moreira, 1991; Brito

et al., 2009).

Figura 3.19 - Crosta

A-C6 Incrustações de cofragem

As incrustações (Figura 3.20) surgem quando se verifica a aderência de pedaços de cofragem à

superfície de betão, sendo consideradas o fenómeno inverso ao descasque (A-M4).

Figura 3.20 - Incrustações de cofragem

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De acordo com Costa (1972), o número de utilizações do painel de cofragem não parece ter

influência notória. De qualquer forma, tendo em consideração o referido aparecimento dos materiais,

utilizados na cofragem, embutidos no betão, esta anomalia torna-se mais frequente nas cofragens de

madeira e de plástico. Em situações mais graves, as incrustações estão associadas a estragos

consideráveis da cofragem (Moreira, 1991; Costa, 1972).

Conforme referido, a presente manifestação patológica pode ter origem em estragos no molde,

durante a vibração, colocação ou compactação do betão, na sua composição, pois a um betão rico

está associada uma maior aderência, descofragem tardia e/ou fragilidade do material da cofragem

(Moreira, 1991).

De igual modo, é necessário referir que, por vezes, as fitas adesivas de borracha ou neoprene,

utilizadas para colmatar as juntas dos moldes e cantos, surgem também incrustadas na superfície do

betão.

3.3 SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS CAUSAS PROVÁVEIS

A definição de um sistema classificativo das causas prováveis associadas às anomalias em

superfícies de betão à vista é extremamente importante na decisão do modo mais adequado de as

monitorizar e reparar. Assim, após a correcta classificação da manifestação patológica existente,

facilitada pela sua caracterização pormenorizada, é possível associá-la a determinadas causas

possíveis e, por conseguinte, auxiliar o processo de inspecção.

Apesar de ser difícil encontrar uma classificação de anomalias específicas de superfícies de betão à

vista, a existência de listas classificativas das causas de anomalias em estruturas de betão é

frequente. De qualquer forma, na maior parte dos casos, não existe um tratamento sistemático dos

erros associados ao surgimento de tais anomalias (Brito, 1992).

Tendo em consideração a classificação proposta por Brito (1992), o presente sistema classificativo foi

igualmente baseado no critério cronológico e, por isso, os erros de projecto precedem os de

execução, os quais, por sua vez, precedem as acções ambientais, bem como os agentes agressivos.

De igual modo, Silvestre (2005) apresentou um sistema classificativo das causas das anomalias que

engloba, além dos grupos considerados por Brito (1992), acções de origem mecânica exterior e

falhas de manutenção.

Assim, o presente sistema classificativo, aglomerando a informação de ambos os autores, é

composto por seis grupos: erros de projecto, erros de execução, acções ambientais, acções

mecânicas, agentes agressivos e utilização e manutenção.

As causas associadas às anomalias foram ordenadas por ordem de ocorrência, à semelhança de

Brito (1992), como forma de facilitar a sua identificação. Deste modo, às diferentes causas foram

associadas referências que possibilitam a identificação da categoria a que pertencem (P - erros de

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projecto, E - erros de execução, A - acções ambientais, M - acções mecânicas, G - agentes

agressivos e U - utilização e manutenção) e que possibilitam a elaboração das matrizes de correlação

(§3.4). Este sistema classificativo inclui todas as causas prováveis das anomalias em superfícies de

betão à vista, com excepção de causas associadas às pinturas, as quais são abordadas em Pires

(2011). Assim, o sistema classificativo proposto encontra-se representado no Quadro 3.2.

Quadro 3.2 - Sistema classificativo das causas das anomalias em superfícies de betão à vista

C-P. Erros de projecto

C-P1 deficiente aplicação de regulamentos /

especificações

C-P5 processo construtivo inadequado

C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de

pontos singulares (remates, pingadeiras)

C-P6 deficiente pormenorização das

armaduras

C-P3 cofragem inadequada C-P7 concepção / posicionamento deficiente

das juntas de dilatação

C-P4 agente descofrante inadequado

C-E. Erros de execução

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não

especializada

C-E8 betonagem / compactação / cura

deficiente do betão

C-E2 não conformidade com as peças

desenhadas e/ou caderno de encargos

C-E9 junta de betonagem mal executada

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de

utilização

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das

armaduras

C-E4 tempo de descofragem inadequado C-E11 deficiente preparação dos moldes

(limpeza)

C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte

do betão deficientes

C-E12 betonagem em condições atmosféricas

desfavoráveis

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água

contaminada, agregados reactivos)

C-E13 ausência / deficiente colocação de

agente descofrante

C-E7 material de preenchimento das tiges ou

juntas de dilatação inadequado

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente

C-A. Acções ambientais

C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de

serem transportadas

C-A4 presença de água / chuva

C-A2 exposição solar alta / reduzida C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem)

C-A3 acção do vento C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo)

C-M. Acções mecânicas

C-M1 abrasão C-M4 deslocamentos da estrutura

(assentamentos e deformações)

C-M2 choques / pancadas C-M5 concentração de tensões (junto a

aberturas)

C-M3 corrosão / expansão da armadura

C-G. Agentes agressivos

C-G1 reacção álcalis-sílica C-G4 compostos orgânicos

C-G2 sulfatos C-G5 ácidos

C-G3 sal / água salgada (cloretos)

C-U. Utilização e manutenção

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de

renovação da protecção superficial

C-U3 vandalismo

C-U2 acções de manutenção / pequena

reparação deficientemente executadas

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3.3.1 Erros de projecto (C-P.)

Qualquer superfície de betão à vista de um determinado edifício é executada com recurso a um

projecto específico, com maior ou menor detalhe, onde as respectivas partes constituintes são

descritas e o modo da sua construção especificado.

Considerando o destaque assumido pelas superfícies de betão à vista, e dada a sua exclusividade a

nível arquitectónico, é necessário ter em atenção o seu projecto específico, pelo facto de este

recorrer usualmente a formas não tradicionais, tendo em consideração a sua associação frequente a

processos construtivos inovadores (Nunes, 2013).

Existem diversos factores, intrínsecos ao projecto, que podem contribuir para o surgimento de

determinadas manifestações patológicas no betão à vista, os quais foram enumerados no sistema

classificativo das causas das anomalias em superfícies de betão à vista (Quadro 3.2). Assim, é

possível salientar a deficiente aplicação dos regulamentos e especificações (C-P1), concepção

incorrecta ou inexistência de pontos singulares (C-P2), nomeadamente remates e pingadeiras (Figura

3.21), cofragem, agente descofrante e/ou processo construtivo inadequados, deficiente

pormenorização das armaduras (C-P6), concepção ou posicionamento deficiente das juntas de

dilatação (C-P7), bem como recobrimento insuficiente das armaduras (C-P8), como sendo causas

relevantes que podem comprometer a integridade e aspecto visual de qualquer superfície de betão à

vista.

Tendo em consideração os erros de projecto associados à deficiente pormenorização das armaduras

(C-P6), ao recobrimento insuficiente das armaduras (C-P8) e sabendo que, segundo a Secil (2011), o

recobrimento em estruturas em betão à vista deve ser cerca de 1,0 cm superior ao habitual, é

necessário recorrer a espaçadores como meio de ser possível garantir o recobrimento previsto em

projecto, bem como o correcto posicionamento das armaduras. Como forma de evitar uma deficiente

aplicação dos regulamentos e especificações (C-P1) e um processo construtivo inadequado (C-P5),

após a colocação das armaduras, a betonagem deverá ocorrer assim que possível, de modo a

diminuir a oxidação das armaduras e assim prevenir a contaminação das cofragens, o que resultaria

em manchas (A-E1) na superfície final (Secil, 2011; Nunes, 2013).

Figura 3.21 - Exemplo de superfície vertical sem capeamento de remate

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3.3.2 Erros de execução (C-E.)

A falta de qualidade de uma determinada superfície de betão, manifestada pelo surgimento de

anomalias, identificadas previamente (Quadro 3.1), é usualmente associada a uma execução

deficiente ou pouco cuidada.

Verifica-se um vasto número de erros possíveis que podem ocorrer na execução de uma superfície

de betão, os quais devem ser criteriosamente controlados, de modo a ser possível eliminar ou

diminuir significativamente a sua ocorrência.

Assim, como exemplo de entre os catorze erros de execução possíveis, enumerados no respectivo

sistema classificativo (Quadro 3.2), é possível salientar a deficiente preparação dos moldes (C-E11),

nomeadamente em termos de limpeza, em virtude de ser um passo relevante no processo de

execução da cofragem. Deste modo, é necessário garantir que, caso se utilizem cofragens metálicas

que não sejam de aço inox, o interior dos moldes se encontra totalmente limpo, isento de poeiras,

resíduos de agente descofrante de utilizações precedentes e corrosão. Por outro lado, deverá ser

igualmente assegurado que os painéis não possuam quaisquer deformações ou empenamentos,

derivados de utilizações precedentes (Figura 3.22), e que comprometam o seu desempenho

(cofragem deficiente / com excesso de utilização - C-E3). Igualmente, no caso de as juntas de

betonagem não serem consideradas estanques, pode-se verificar a entrada de ar durante o processo

de vibração, o que origina o surgimento de maior quantidade de vazios e textura arenosa,

prejudicando as características idealizadas para a superfície (Nawy, 2008; Secil, 2011; PERI, 2002).

De igual forma, a ausência ou deficiente colocação de agente descofrante (C-E13) deve ser tida em

consideração, pois este pode ter uma acção retardante em certos pontos da superfície de betão à

vista e, por conseguinte, consequências negativas no seu aspecto final (Richardson, 1986).

Figura 3.22 - Exemplos de cofragem deficiente / com excesso de utilização

Importa ainda realçar que a descofragem de um determinado elemento deve ocorrer na mesma altura

temporal, evitando antecipações e atrasos. Considerando que a descofragem antecipada pode

provocar problemas de fissuração por retracção ou quebra de arestas e cantos, enquanto a

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descofragem tardia pode formar manchas na superfície esteticamente indesejáveis, verifica-se que o

tempo de descofragem inadequado (C-E4) assume um papel importante no processo de execução de

uma superfície de betão à vista (Nero e Nunes, 1997; Nawy, 2008).

3.3.3. Acções ambientais (C-A.)

Tendo em consideração que o betão é o material de construção mais utilizado actualmente, verifica-

se uma sucessiva melhoria do modo de resposta às crescentes exigências estéticas, funcionais,

técnicas e, sobretudo, ambientais (Nunes, 2013).

Conforme é possível compreender a partir da análise do sistema classificativo das causas das

anomalias em superfícies de betão à vista (Quadro 3.2), existem várias acções ambientais (C-A.)

adversas que condicionam a superfície final. Assim, é necessário realçar diversos factores que

contribuem para a sua degradação, nomeadamente a existência de partículas de sujidade

susceptíveis de serem transportadas (C-A1) (Figura 3.23), exposição solar (C-A2), acção do vento (C-

A3), presença de água ou chuva (C-A4), existência de humidade (C-A5) e ciclos de gelo / degelo (C-

A6).

O betão à vista, tal como a maioria das superfícies de acabamento, altera a sua aparência, devido às

acções ambientais a que está sujeito. Segundo Moreira (1991), as partículas de sujidade atmosférica

produzem efeitos visuais bastante desagradáveis no betão, sendo difícil avaliar o grau de alteração

comparativamente com a superfície de betão inicial.

Figura 3.23 - Partículas susceptíveis de serem transportadas

Além disso, a presença de água ou chuva (C-A4) (Figura 3.24) pode influenciar fortemente a

durabilidade estética da superfície de betão, dependendo da sua quantidade, velocidade e ângulo

com que precipita sobre a mesma. De igual modo, a acção do vento (C-A3), ao perturbar o fluxo

normal do ar, chuva e das próprias sujidades existentes, tem como consequência o agravamento de

certas anomalias das superfícies de betão à vista, sendo considerada, por exemplo, causa próxima

do desgaste / erosão (A-E4), como é possível verificar na matriz de correlação anomalias - causas

prováveis (Quadro 3.3). Assim, duas fachadas opostas de uma mesma edificação podem apresentar

aspectos muito distintos, embora com igual idade de construção, métodos construtivos análogos e

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materiais utlizados semelhantes, devido à acção de factores ambientais condicionantes (C-A.)

(Moreira, 1991).

Figura 3.24 - Mancha resultante da presença de água na superfície

3.3.4 Acções mecânicas (C-M.)

As acções mecânicas, presentes no sistema classificativo das causas referentes às anomalias em

superfícies de betão à vista (Quadro 3.2), englobam os tipos de ataques mecânicos a que as

superfícies estão sujeitas, salientando-se o processo de abrasão (C-M1), a ocorrência de choques ou

pancadas (C-M2), a existência de corrosão ou a expansão da armadura (C-M3) (Figura 3.25),

deslocamentos da estrutura (C-M4), através de assentamentos e deformações, bem como

concentrações de tensões (C-M5), particularmente junto a aberturas.

Figura 3.25 - Corrosão / expansão da armadura

Assim, o surgimento de anomalias nas superfícies de betão por acção mecânica engloba todos os

efeitos resultantes de impactos acidentais, presença de cargas, movimentos ou assentamentos

diferenciais. De igual modo, é importante ressalvar que algumas manifestações patológicas se devem

inclusivamente ao sobredimensionamento de elementos estruturais (armaduras) e/ou à sua deficiente

execução em obra, podendo originar fenómenos de degradação consideráveis do betão à vista.

3.3.5 Agentes agressivos (C-G.)

Muitos são os agentes agressivos que influenciam fortemente o desempenho de uma superfície de

betão à vista e, por conseguinte, a sua aparência estética, sendo possível destacar, por exemplo, os

sulfatos (C-G2), os cloretos (C-G3) e os ácidos (C-G5).

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Segundo Nunes (2013), o recobrimento em estruturas em betão à vista nunca poderá ser inferior a

3,5 cm, sendo que, caso a estrutura se situe em meio agressivo, deve ser aumentado em 1,5 cm.

Este aumento deve-se à possível penetração dos agentes agressivos na superfície de betão,

causando anomalias graves ou agravando a existência de determinadas manifestações patológicas,

podendo inclusivamente originar problemas em termos estruturais, ao nível das armaduras.

Por outro lado, é importante acrescentar que, relativamente à presença de cloretos (C-G3), a

exposição das superfícies de betão à vista a ambientes agressivos, tais como ambientes marítimos,

aliada à utilização de materiais inapropriados, nomeadamente adjuvantes compostos por cloretos ou

utilização de areia da praia no processo construtivo, podem agravar significativamente várias

anomalias superficiais (Silva, 2007; Moreira, 1991).

De igual modo, a existência de compostos orgânicos (C-G4), presente nos agregados e na água de

amassadura, bem como a referida composição química dos agentes descofrantes ou adjuvantes

utilizados, potenciam o aparecimento de anomalias estéticas, como as eflorescências (A-E2). Além

disso, também o ataque de soluções ácidas (C-G5) é muito nocivo para o betão, uma vez que

decompõe a pasta de cimento na sua totalidade, originando a sua deterioração. Esta deterioração

depende da agressividade do ácido, sendo mais nociva no caso de soluções correntes, em

detrimento de soluções estagnadas (Silva, 2007; Nawy, 2008).

3.3.6 Utilização e manutenção (C-U.)

No sistema classificativo das causas das anomalias em superfícies de betão à vista (Quadro 3.2),

dedicou-se um capítulo à utilização e manutenção (C-U.), pois é considerada uma causa

extremamente importante. Assim, salientou-se a periodicidade inadequada de limpeza ou renovação

da protecção superficial (C-U1), acções de manutenção ou pequena reparação deficientemente

executadas (C-U2) (Figura 3.26) e o vandalismo (C-U3) como principais causas deste tipo.

Figura 3.26 - Exemplos de acções de reparação deficientemente executadas

Tendo em consideração o facto de a utilização e as acções de manutenção serem factores relevantes

para o desempenho e aparência geral de uma superfície de betão à vista, importa referir, no entanto,

que a realização de inspecções periódicas possibilita a detecção de eventuais anomalias pouco

visíveis, evitando a degradação exponencial da superfície, sendo extremamente úteis para a

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minimização de problemas patológicos das superfícies (Brito, 1992).

3.4 MATRIZES DE CORRELAÇÃO

3.4.1 Introdução

Tendo em consideração o sistema classificativo criado, o qual possibilita a normalização das fichas

de inspecção, é importante criar uma ferramenta que permita relacionar as anomalias detectadas no

local com as causas prováveis associadas, de modo a facilitar o processo de diagnóstico.

O sistema de inspecção e diagnóstico de superfícies de betão à vista engloba matrizes de correlação

das suas anomalias com as respectivas causas prováveis (§3.4.2), anomalias entre si (§3.4.3) e

métodos de diagnóstico (§4.2). No presente capítulo, proceder-se-á à correlação da informação

referente ao sistema classificativo das anomalias (§3.2) e suas causas (§3.3), de modo a ser possível

elaborar as correspondentes matrizes de correlação, recorrendo à metodologia e estrutura

preconizadas por Brito (1992) e Silvestre (2005).

As matrizes de correlação, além de possibilitarem a determinação do índice de simultaneidade das

anomalias e o conhecimento das suas causas prováveis, apresentam como intuito principal o auxílio

no processo de diagnóstico em obra. Posteriormente, serão referidos os critérios que presidiram à

concretização das matrizes de correlação (Silvestre, 2005).

Assim, de modo a ser possível atingir os referidos objectivos, foi utilizado um código simples, definido

seguidamente, o qual engloba graus de correlação (nenhuma, pequena ou grande) entre cada

entrada das entidades, tendo em consideração o sistema classificativo apresentado.

3.4.2 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis

Para a elaboração da presente matriz de correlação, foi considerada a existência de causas de

ocorrência provável, denominadas por directas ou próximas ou por causas indirectas ou primeiras.

As causas directas ou próximas correspondem àquelas que precedem imediatamente o surgimento

de uma determinada anomalia, nomeadamente as acções naturais, os desastres naturais ou causas

humanas, sendo, em geral, precedidas pelas causas indirectas ou primeiras.

Por outro lado, as causas indirectas ou primeiras são, frequentemente, bastante distantes da

anomalia, sendo necessário a conjunção de uma causa directa para que o processo patológico tenha

início. De acordo com Brito (1992), uma causa indirecta é individualmente inofensiva, sendo que

apenas a existência de várias causas primeiras aliada à evolução temporal permite o

desenvolvimento da anomalia à vista desarmada. Assim, as causas indirectas devem ser entendidas

como um conjunto de factores que contribuem cooperativamente para o surgimento de uma

determinada anomalia (Brito et al., 1990).

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Assim, apresenta-se seguidamente a matriz de correlação teórica entre as anomalias em superfícies

de betão à vista e as suas causas prováveis, a qual foi sujeita à validação através de casos práticos,

conforme se apresenta em §5.4.1. No decurso do processo de validação, resultaram alterações em

alguns graus de correlação, as quais se encontram devidamente assinaladas a cinzento,

apresentando-se no Quadro 3.3 a matriz de correlação já validada.

Quadro 3.3 - Matriz de correlação anomalias - causas prováveis

C \ A

A-E

1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

C-P1 1 1 0 0 0 0 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0 C-P2 1 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-P3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 0 2 1 0 0 C-P4 2 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-P5 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 2 0 0 0 C-P6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 C-P7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 C-E1 1 0 0 0 1 0 1 1 0 0 2 2 2 2 2 2 C-E2 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 C-E3 2 0 0 0 1 0 0 0 0 1 2 2 2 1 2 2 C-E4 0 0 0 0 0 0 1 2 0 2 1 0 2 0 0 2 C-E5 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 C-E6 1 2 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 C-E7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 2 0 0 0 C-E8 1 0 0 0 2 0 2 0 0 0 2 2 0 2 2 1 C-E9 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 2 0

C-E10 1 0 0 0 0 0 2 1 1 1 0 2 0 0 0 0 C-E11 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 C-E12 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 C-E13 1 0 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 2 0 0 2 C-E14 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 2 1 1 2 1 1 C-A1 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-A2 0 1 2 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 C-A3 1 1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 C-A4 1 1 2 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 C-A5 2 2 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 C-A6 0 0 0 1 0 0 2 0 2 1 0 0 0 0 0 0 C-M1 1 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 C-M2 0 0 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 C-M3 2 0 0 0 0 0 0 2 1 2 0 0 0 0 0 0 C-M4 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 C-M5 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 C-G1 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-G2 1 1 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 C-G3 0 1 0 0 0 0 0 1 2 1 0 0 0 0 0 0 C-G4 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-G5 2 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 C-U1 1 1 1 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 C-U2 2 0 0 0 0 0 2 1 0 1 1 0 1 1 1 0 C-U3 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Na presente matriz de correlação anomalias - causas prováveis, verifica-se que a cada linha,

representativa de uma determinada anomalia em superfícies de betão à vista, está associada uma

coluna, indicativa da respectiva causa possível, através de um número correspondente ao grau de

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50

correlação entre ambas. É importante ressalvar o critério adoptado para a determinação do referido

grau de correlação, o qual se baseia em Brito (1992):

0 - sem relação: não se verifica qualquer correlação (directa ou indirecta) entre a anomalia e a

causa;

1 - pequena relação: causa indirecta (primeira) da anomalia relacionada com a fase inicial do

desenvolvimento do processo de deterioração; causa secundária não necessária para a evolução do

processo de deterioração, embora intensifique os seus efeitos;

2 - grande relação: causa directa (próxima) da anomalia, associada à fase final do processo de

deterioração; quando a causa ocorre, corresponde a uma das causas principais do processo de

deterioração, sendo indispensável ao seu desenvolvimento.

Para finalizar, de modo a ser possível compreender as correlações representadas na matriz de

correlação anomalias - causas prováveis, apresenta-se um exemplo específico das causas

associadas, directas e indirectas, referentes à anomalia eflorescências (A-E2) na superfície de betão

à vista.

ANOMALIA:

A-E2 Eflorescências

CAUSAS ASSOCIADAS:

Causas directas:

C-P4 agente descofrante inadequado;

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);

C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);

C-G2 sulfatos;

C-G3 sal / água salgada (cloretos);

C-G4 compostos orgânicos.

Causas indirectas:

C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;

C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-A2 exposição solar alta / reduzida;

C-A3 acção do vento;

C-A4 presença de água / chuva;

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.

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51

3.4.3 Matriz de correlação inter-anomalias

Tendo em consideração que a ocorrência de uma determinada anomalia pode estar associada à

presença de outras ou manifestar-se isoladamente, numa área localizada ou na extensão integral da

superfície de betão, é necessária a elaboração de uma matriz de correlação capaz de estabelecer um

índice de correlação entre anomalias. O seu intuito principal corresponde à determinação de

probabilidades de ocorrência de outras anomalias quando uma delas se manifesta.

De modo a ser possível proceder à determinação do índice de correlação inter-anomalias, foi definido

um método semelhante ao utilizado na matriz de correlação anomalias - causas prováveis. Assim, de

forma a estabelecer a matriz de correlação pretendida (Quadro 3.4), o índice de correlação entre a

anomalia k e a anomalia j é obtido do seguinte modo (Brito, 1992):

por cada anomalia detectada (anomalia k), lê-se a linha correspondente na matriz de correlação

anomalias - causas prováveis validada (Quadro 3.3);

por cada anomalia detectada (anomalia j), lê-se a linha correspondente na matriz de correlação

anomalias - causas prováveis;

calcula-se por coluna o produto dos índices destas duas linhas correspondentes às anomalias k e j

da matriz de correlação anomalias - causas prováveis;

adicionam-se os diversos produtos, de forma a obter o índice de correlação de cada anomalia CIkj:

N

i

jikikj ccCI1

, sendo N o n.º total de causas prováveis.

Quadro 3.4 - Matriz de correlação inter-anomalias

C \ A

A-E

1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

A-E1 - 21 14 10 15 1 19 12 19 18 17 15 18 12 11 12 A-E2 21

13 3 2 1 7 6 14 9 4 3 2 2 1 2

A-E3 14 13

4 0 1 2 2 5 3 0 0 0 0 0 1 A-E4 10 3 4 - 0 5 3 2 11 3 0 0 0 0 0 0 A-E5 15 2 0 0 - 0 6 2 1 5 13 10 15 11 9 11

A-E6 1 1 1 5 0 - 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0

A-M1 19 7 2 3 6 0 - 12 11 11 13 14 8 10 9 7 A-M2 12 6 2 2 2 0 12 - 9 26 10 8 13 9 8 7 A-M3 19 14 5 11 1 1 11 9 - 14 4 5 2 2 1 1 A-M4 18 9 3 3 5 1 11 26 14 - 7 7 16 2 3 10 A-C1 17 4 0 0 13 0 13 10 4 7 - 17 18 16 15 14 A-C2 15 3 0 0 10 0 14 8 5 7 17 - 12 12 13 11

A-C3 18 2 0 0 15 0 8 13 2 16 18 12 - 11 10 17

A-C4 12 2 0 0 11 0 10 9 2 2 16 12 11 - 17 10

A-C5 11 1 0 0 9 0 9 8 1 3 15 13 10 17 - 11

A-C6 12 2 1 0 11 0 7 7 1 10 14 11 17 10 11 -

Todavia, importa ressalvar que o presente índice de correlação inter-anomalias não é suficientemente

elucidativo, devido aos seguintes motivos (Brito, 1992):

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o valor absoluto do índice não tem significado físico para o utilizador;

a análise da matriz de correlação permite verificar que todas as anomalias estão relacionadas entre

si, não se tornando muito claro o respectivo grau de correlação;

finalmente, um índice de valor absoluto mais baixo pode na realidade identificar uma anomalia com

maior probabilidade de ocorrência simultânea com a que foi detectada do que um índice mais alto.

Assim, face à necessidade da determinação da percentagem do índice de correlação real

relativamente a um índice de correlação teórico máximo possível, correspondente à probabilidade de

ocorrência de uma determinada anomalia face à detecção de outra, é necessário estabelecer uma

correlação percentual entre anomalias.

Deste modo, a matriz de correlação torna-se assimétrica, visto que a probabilidade de ocorrência da

anomalia j, quando se verifica a anomalia k, não é obrigatoriamente semelhante à probabilidade da

relação inversa. De acordo com Silvestre (2005), o índice de correlação teórico percentual,

apresentado no Quadro 3.5, é obtido da seguinte forma:

Quadro 3.5 - Matriz de correlação percentual inter-anomalias

C \ A

A-E

1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

A-E1 - 28 18 13 20 1 25 16 25 24 22 20 24 16 14 16 A-E2 58 - 36 8 6 3 19 17 39 25 11 8 6 6 3 6 A-E3 58 54 - 17 0 4 8 8 21 13 0 0 0 0 0 4 A-E4 38 12 15 - 0 19 12 8 42 12 0 0 0 0 0 0 A-E5 68 9 0 0 - 0 27 9 5 23 59 45 68 50 41 50 A-E6 17 17 17 83 0 - 0 0 17 17 0 0 0 0 0 0 A-M1 50 18 5 8 16 0 - 32 29 29 34 37 21 26 24 18 A-M2 25 13 4 4 4 0 25 - 19 54 21 17 27 19 17 15 A-M3 50 37 13 29 3 3 29 24 - 37 11 13 5 5 3 3 A-M4 36 18 6 6 10 2 22 52 28 - 14 14 32 4 6 20 A-C1 61 14 0 0 46 0 46 36 14 25 - 61 64 57 54 50

A-C2 54 11 0 0 36 0 50 29 18 25 61 - 43 43 46 39

A-C3 53 6 0 0 44 0 24 38 6 47 53 35 - 32 29 50 A-C4 55 9 0 0 50 0 45 41 9 9 73 55 50 - 77 45 A-C5 55 5 0 0 45 0 45 40 5 15 75 65 50 85 - 55 A-C6 55 9 5 0 50 0 32 32 5 45 64 50 77 45 50 -

por cada anomalia k detectada, lê-se a linha correspondente na matriz de correlação anomalias -

causas prováveis, multiplicando-se por 2 todos os índices de correlação da anomalia k com as

causas e efectuando-se a soma desses produtos, de forma a obter o índice de correlação teórico

máximo possível de qualquer anomalia em relação à anomalia k, IMk:

N

i

kiMk cI1

)2( , sendo N o n.º total de causas prováveis;

para ser possível determinar o índice de correlação teórico percentual da anomalia k com a

anomalia j, CI%kj, correspondente à probabilidade de ocorrência da anomalia j (coluna j) quando se

verifica a anomalia k (linha k), calcula-se o quociente entre o índice de correlação entre anomalias

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(anomalia de referência k e anomalia associada j) e o índice de correlação teórico máximo da

anomalia k:

Mk

kj

kjI

CICI %

.

3.5 FICHAS DE ANOMALIAS

Após a classificação das anomalias em superfícies de betão à vista (§3.2) e conhecimento das

relações entre as mesmas e suas causas prováveis, bem como das anomalias entre si, é necessário

apresentar, de forma sucinta, a informação relativa a cada manifestação patológica, sob a forma de

fichas de anomalia individuais (Anexo 3.I).

Tendo em consideração o sistema classificativo, as referidas fichas contemplam os métodos de

diagnóstico adequados à caracterização de cada anomalia e as respectivas matrizes de correlação

(capítulo 4), sendo ainda compostas pelos seguintes dados associados a cada anomalia (adaptado

de Brito, 1992; Silvestre 2005):

cabeçalho com a designação e o nome da anomalia, de acordo com o Quadro 3.1;

descrição sumária das manifestações patológicas características da anomalia;

causas prováveis para o surgimento da anomalia, tendo em consideração a matriz de correlação

anomalias - causas prováveis (Quadro 3.3); as causas são identificadas por uma descrição

sumária e pela designação em código (Quadro 3.2); as causas próximas aparecem sublinhadas;

consequências possíveis da anomalia, as quais podem constituir por si só outras anomalias;

aspectos a inspeccionar (características relacionadas com a anomalia detectada que poderão ter

interesse no diagnóstico da mesma ou constituir, por si mesmas, novas anomalias);

ensaios a realizar in-situ, de acordo com o Quadro 4.1 (de forma a caracterizar a anomalia em

termos de extensão, gravidade e estado de evolução; de acordo com a matriz de correlação

anomalias - métodos de diagnóstico apresentada no Quadro 4.2, aparecendo sublinhados os

métodos de grande relação com a anomalia);

parâmetros de classificação (podem ser resultantes dos ensaios efectuados e permitem aferir o

nível de gravidade da anomalia);

nível de gravidade / urgência da intervenção, correspondendo:

o valor 0 - necessidade de intervenção imediata: até 6 meses;

o valor 1 - necessidade de intervenção a médio prazo: até dois anos;

o valor 2 - necessidade de monitorizar a evolução da anomalia, em particular na próxima

inspecção;

fotografia representativa de um caso real onde esta anomalia foi identificada.

Seguidamente, apresenta-se no Quadro 3.6 um exemplo de uma ficha relativa à anomalia

eflorescências (A-E2), a qual inclui todos os campos previamente enunciados.

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Quadro 3.6 - Ficha de anomalia A-E2

FICHA DE ANOMALIA A-E2

DESIGNAÇÃO

Eflorescências

DESCRIÇÃO:

manchas de cor esbranquiçada, de extensão e configuração

variáveis, por vezes, com deformação local da superfície de

betão; presença de sais cristalizados na superfície do betão,

com aspecto pulverulento.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);

C-P4 agente descofrante inadequado;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);

C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-A2 exposição solar alta / reduzida;

C-A3 acção do vento;

C-A4 presença de água / chuva;

C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);

C-G2 sulfatos;

C-G3 sal / água salgada (cloretos);

C-G4 compostos orgânicos;

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

degradação da qualidade visual da superfície;

textura da superfície afectada.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

tipo de acabamento superficial (liso / texturado);

tipo de protecção superficial (tinta / verniz / hidrófugo / sem protecção);

percentagem de área afectada: (…) %;

presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N);

disposição da mancha na superfície (pontual / generalizada);

exposição da superfície às acções atmosféricas (protegida / exposta);

sais solúveis em água (S / N);

origem dos sais.

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-V4 tiras colorimétricas;

D-T1 termo-higrómetro;

D-T2 termografia de infravermelhos.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 15% e com condições para progressão do fenómeno;

2 - restantes casos.

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É importante realçar que, nos aspectos a inspeccionar e nos parâmetros de classificação, é solicitada

a indicação do valor estético, alto, médio ou baixo, da superfície de betão em causa. Esta observação

apresenta alguma subjectividade, a qual deve ser sempre eliminada ou minimizada nas inspecções.

Assim, e tendo como base as inspecções efectuadas para validação do sistema (capítulo 5), são

definidas algumas situações onde o valor estético deverá ser considerado, alto ou baixo, dependendo

dos casos:

no caso de superfícies de betão à vista em fachadas, considera-se alto o seu valor estético

quando as fachadas se encontram viradas para ruas ou avenidas de uso público, sendo de baixo

valor estético as superfícies das fachadas de tardoz ou de fachadas laterais viradas para zonas

ou ruas de uso exclusivo dos moradores dos edifícios;

o mesmo critério se pode aplicar às superfícies de betão à vista em muros exteriores, sendo

considerados de alto valor estético apenas e só os casos em que estes sejam utilizados ou

visualizados pelos transeuntes ou pelos utilizadores de espaços de acesso público;

no caso das superfícies de betão à vista interiores, considera-se de alto valor estético as

superfícies que se localizem em espaços de acesso público geral (como zonas comerciais ou de

serviços onde exista circulação de pessoas exteriores ao serviço) ou, no caso de espaços ou

edifícios habitacionais, as superfícies localizadas nas zonas comuns dos edifícios ou em zonas

nobres da habitação que sejam normalmente visitadas (hall de entrada, escadas interiores, etc.).

3.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO

Tendo em consideração as referências bibliográficas consultadas e o conhecimento prático adquirido,

procurou-se executar uma classificação de anomalias em superfícies de betão à vista que

considerasse todas as situações verificadas neste tipo de superfície. Assim, foi possível considerar

dezasseis anomalias prováveis, seguindo um critério baseado no seu aspecto visual, associadas a

três grupos distintos: anomalias estéticas (A-E.), mecânicas (A-M.) e construtivas ou geométricas (A-

C.).

No presente capítulo, além das anomalias, procedeu-se igualmente à execução do sistema

classificativo das respectivas causas associadas às superfícies de betão à vista. Da mesma forma,

foram elaboradas matrizes de correlação anomalias - causas prováveis e inter-anomalias, de um

ponto de vista teórico, as quais posteriormente sofreram validação, através da realização de um

número significativo de inspecções.

Por último, importa realçar que a referida informação se encontra resumida nas fichas de anomalias

(Anexo 3.I) que, devido à sua fácil interpretação, se tornam fundamentais à resolução das

manifestações patológicas reais. Assim, pretende-se que o presente sistema classificativo de

anomalias em superfícies de betão à vista auxilie eficazmente o processo de inspecção, tornando

possível o conhecimento das características associadas à(s) anomalia(s) inspeccionada(s) e, por

conseguinte, a definição de um diagnóstico correcto das respectivas causas prováveis.

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4. DIAGNÓSTICO

4.1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo contribui para a concepção de um sistema de inspecção e diagnóstico de

superfícies de betão à vista fiável, tendo em consideração que o diagnóstico exacto das ocorrências

patológicas presentes numa determinada superfície, através da análise e observação de casos

concretos, é imprescindível no processo de inspecção.

Assim, primeiramente, é apresentado um sistema classificativo dos métodos de diagnóstico das

anomalias enumeradas no capítulo anterior (§3.2.), seguido de uma breve caracterização dos

mesmos (§4.2.2). Posteriormente, através de índices de correlação adequados, é elaborada e

apresentada a matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico (§4.3.2). Finalmente, com o

intuito de auxiliar o processo de inspecção, foram igualmente elaboradas fichas de métodos de

diagnóstico, as quais resumem individualmente um conjunto de informações necessárias à aplicação

dos mesmos.

Relativamente à temática do diagnóstico de anomalias em superfícies de betão à vista, é necessário

realçar a importância do conhecimento e análise de sistemas classificativos existentes. Deste modo,

salienta-se a classificação de Brito (1992) que apresenta uma lista pormenorizada de métodos de

diagnóstico em obras de arte de betão.

No entanto, importa referir que, para superfícies de betão à vista, não existe um sistema classificativo

capaz de associar determinada manifestação patológica a método(s) de diagnóstico específico(s), de

forma a ser possível uniformizar o processo de identificação da(s) anomalia(s) in situ. Assim,

considera-se relevante a criação de um sistema classificativo de métodos de diagnóstico próprio, o

qual é função dos estragos que provocam no local ensaiado (não destrutivos, semi-destrutivos e

destrutivos). A referida escolha possui o intuito principal de facilitar, durante a realização de

inspecções, o diagnóstico correcto das anomalias existentes.

4.2 SISTEMA CLASSIFICATIVO DOS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO

4.2.1 Designação dos métodos de diagnóstico

Previamente à execução do processo de diagnóstico de anomalias presentes em determinada

superfície de betão à vista, é imprescindível a definição exacta dos problema(s) patológico(s)

existentes (Brito, 1992). Após tal conhecimento, é necessário recorrer a métodos de diagnóstico

adequados, os quais possibilitam uma correcta identificação das anomalias existentes, determinação

de causas prováveis para a ocorrência das mesmas e avaliação da sua extensão.

Tendo em consideração a diversidade de métodos de diagnóstico de possível utilização na

classificação de anomalias em superfícies de betão à vista, verifica-se que estes variam em custo,

modo de funcionamento, morosidade, resultados obtidos, equipamento utilizado e conhecimento

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adquirido. Assim, geralmente, sabendo a informação que se pretende obter, reduz-se

significativamente a escolha a um número restrito de métodos de diagnóstico (Brito e Branco, 1991).

Primeiramente, deve-se proceder à inspecção visual das superfícies de betão à vista, a qual está

associada à experiência de obra do inspector e possui uma importância primordial como método de

diagnóstico, na medida em que é possível aplicá-la na identificação de qualquer anomalia existente.

Por outro lado, em virtude de o exame macroscópico de determinada superfície corresponder a uma

actividade subjectiva, dependente da opinião / qualificação do inspector, é necessário recorrer

frequentemente a meios complementares, de modo a ser possível obter informação pormenorizada

e/ou dados quantitativos relevantes acerca da manifestação patológica em questão.

Assim, devem ser privilegiados métodos de diagnóstico complementares executados in situ, em

detrimento dos laboratoriais. Segundo Brito (1992), o diagnóstico deve depender fundamentalmente

de “ensaios in situ e, sempre que possível, da respectiva interpretação no próprio local”. Este tipo de

ensaios, comparativamente com os métodos laboratoriais, além de ser menos oneroso, possui um

grau de complexidade inferior e maior rapidez na obtenção de resultados.

De igual modo, devem ser conhecidas as limitações de cada método de diagnóstico, em virtude de o

rigor de determinados métodos não possibilitar um diagnóstico adequado. Inclusivamente, com a

diversidade de técnicas de diagnóstico disponíveis no mercado, apenas alguns apresentam rigor

quantitativo aceitável (Brito e Branco, 1991).

Considerando o intuito principal da presente dissertação, serão apenas incluídos no referido sistema

classificativo (Quadro 4.1) ensaios passíveis de ser executados in situ que, pela sua simplicidade,

requerem instrumentos acessíveis e de fácil utilização. Igualmente, foi tido o cuidado de classificar os

métodos de diagnóstico em não destrutivos, semi-destrutivos e destrutivos, privilegiando-se os

primeiros, em virtude de não implicarem qualquer tipo de dano na superfície de betão à vista.

Quadro 4.1 - Sistema de classificação de métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista

D-V Visuais / visuais assistidos

D-V1 Inspecção visual (não destrutivo)

D-V2 Fissurómetro (não destrutivo)

D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras (não destrutivo)

D-V4 Tiras colorimétricas (não destrutivo)

D-V5 Testemunhos (não destrutivo)

D-A Acústicos

D-A1 Martelo de borracha (não destrutivo)

D-T Termo-higrométricos

D-T1 Termo-higrómetro (não destrutivo)

D-T2 Termografia de infravermelhos (não destrutivo) D-T3 ISAT - initial surface absorption test (não destrutivo)

D-M Magnéticos / electroquímicos

D-M1 Magnetómetro (não destrutivo)

D-M2 Meia-célula galvânica (semi-destrutivo)

No Quadro 4.1, apresenta-se o sistema classificativo dos métodos de diagnóstico em superfícies de

betão à vista, composto por quatro grupos de métodos, nomeadamente visuais / visuais assistidos,

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acústicos, termo-higrométricos e magnéticos / electroquímicos. De igual modo, de forma a ser

possível proceder à elaboração da matriz de correlação (§4.3.2) e simplificar o processo de

classificação, a cada método de diagnóstico corresponde uma referência identificativa da categoria

em que se insere (V - visuais / visuais assistidos, A - acústicos, T - termo-higrométricos e M -

magnéticos / electroquímicos).

4.2.2 Caracterização dos métodos de diagnóstico

No presente subcapítulo, apresentam-se e caracterizam-se pormenorizadamente os métodos de

diagnóstico que compõem o sistema classificativo em questão (Quadro 4.1).

Com o intuito de diagnosticar as anomalias identificadas em §3.2, além de se proceder à descrição

dos referidos métodos de diagnóstico, procede-se igualmente à ilustração fotográfica de elementos

que possam ser necessários à sua compreensão.

Os métodos de diagnóstico são apresentados, seguindo a ordem utilizada no sistema classificativo e

utilizando o mesmo sistema de referência, o que possibilita a identificação da categoria em que se

encontram inseridos.

4.2.2.1 D-V Visuais / visuais assistidos

Consideram-se métodos de diagnóstico visuais / visuais assistidos aqueles que permitem, por exame

macroscópico, observação visual e/ou com recurso a instrumentos simples auxiliares e de fácil

utilização, diagnosticar facilmente as anomalias presentes na superfície de betão à vista, bem como

possíveis causas associadas.

D-V1 Inspecção visual

A inspecção visual constitui um método de diagnóstico indispensável ao processo de inspecção que

possibilita a caracterização geral do estado da superfície de betão à vista, servindo como meio de

partida para a selecção dos restantes métodos de diagnóstico a aplicar.

Tendo em consideração que se trata de um método de diagnóstico puramente visual, engloba um

exame macroscópico simples aliado à observação visual. Contudo, com o intuito de ser possível um

diagnóstico cuidado, deve-se recorrer, sempre que necessário, a ferramentas básicas, portáteis e de

simples utilização, nomeadamente binóculos, máquina fotográfica, bússola (Figura 4.1), fita métrica

e/ou escova de nylon (Figura 4.2) (Brito e Flores-Colen, 2005).

Deste modo, através do presente método de diagnóstico, é possível identificar não apenas a

manifestação patológica presente na superfície de betão à vista, mas igualmente a respectiva

extensão e causas prováveis para o seu surgimento.

Assim, sendo a inspecção visual um método de diagnóstico não destrutivo pouco oneroso e de

grande simplicidade, importa referir que devem ser utilizados métodos de diagnóstico

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complementares, sempre que necessário, de forma a ser possível atestar as conclusões resultantes

da aplicação da inspecção visual (Sampaio, 2010).

Figura 4.1 - Binóculos (à esquerda), máquina fotográfica (ao centro) e bússola (à direita)

Figura 4.2 - Fita métrica (à esquerda) e escova de nylon (à direita)

De igual forma, o betão à vista é alvo de problemas estéticos, causados por anomalias que envolvem

alterações no alinhamento das superfícies e/ou do próprio elemento de betão. Assim, surge a

necessidade de avaliar esquadrias / alinhamentos, com o intuito de detectar anomalias, geralmente

decorrentes do processo construtivo, que afectam o comportamento estético final da superfície de

betão à vista. Por este motivo, pode-se ainda recorrer a régua de nível, fio-de-prumo ou nível laser

(Figura 4.3), auxiliados, sempre que necessário, por fita métrica, permitindo assim de forma simples e

expedita a interpretação dos resultados / medições in situ.

Figura 4.3 - Régua de nível (à esquerda) e nível laser (à direita (PCE, 2015))

D-V2 Fissurómetro

O presente método de diagnóstico relaciona-se intrinsecamente com a necessidade de acompanhar a

evolução temporal de fissuras, de modo a ser possível compreender os fenómenos associados à sua

génese e definir estratégias capazes de as mitigar / eliminar.

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O fissurómetro (Figura 4.4) é um instrumento não destrutivo, associado a uma escala reticulada em

milímetros, composto por duas placas deslizantes de acrílico transparente. Importa referir que o

fissurómetro deve ser fixado correctamente segundo a direcção mais próxima da normal

relativamente à fissura, de modo que o centro do reticulado coincida com a mesma (Oz, 2002).

Figura 4.4 - Fissurómetro (GIS Ibérica, 2015)

Considerando a possibilidade de monitorizar pequenos deslocamentos de fissuras em superfícies de

betão à vista, o fissurómetro permite medir duas componentes de deslocamento, segundo as

direcções longitudinal e transversal, bem como uma componente de rotação, em torno de um eixo

perpendicular ao plano do instrumento. Além de fissurómetros padrão, utilizados na monitorização de

fissuras com deslocamentos paralelos ao plano de ensaio, existem igualmente fissurómetros capazes

de avaliar deslocamentos perpendiculares ao plano de ensaio e em zonas da superfície

correspondentes a cantos / arestas (Figura 4.5).

Figura 4.5 - Fissurómetros para deslocamentos perpendiculares (à esquerda) e para cantos (à direita) (GIS Ibérica, 2015)

Por último, o presente método de diagnóstico possibilita, através de um instrumento de grande

simplicidade técnica, avaliar, de forma expedita e económica, os movimentos relativos de um ponto

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escolhido estrategicamente numa determinada fissura presente na superfície de betão à vista (Cóias,

2006).

D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras

O comparador e o medidor óptico de fissuras (Figura 4.6) possuem importância considerável na

quantificação da dimensão de fissuras existentes em determinada superfície, sendo, por isso,

instrumentos que, pela sua simplicidade, auxiliam fortemente o processo de diagnóstico in situ.

O comparador de fissuras corresponde a um rectângulo de plástico transparente, composto por

diferentes traços de espessuras conhecidas que, por comparação visual, possibilita estimar a

abertura da fissura (Cóias, 2006).

De igual modo, o medidor óptico de fissuras é um instrumento de diagnóstico não destrutivo,

constituído por um conjunto óptico focável que permite executar medições com um rigor de 0,02 mm

(Oz, 2002). O medidor óptico é igualmente composto por uma lente graduada e lâmpada, alimentada

por pilha, com o intuito de iluminar o campo de visão do inspector.

Figura 4.6 - Comparador de fissuras (à esquerda) e medidor óptico de fissuras (à direita) (Oz, 2002)

Por fim, tendo em consideração que o comparador e o medidor óptico de fissuras possibilitam apenas

o conhecimento da dimensão das mesmas, deve-se recorrer à aplicação de outros métodos de

diagnóstico, nomeadamente fissurómetro (D-V2) e testemunhos (D-V5), quando se pretende a

monitorização da estabilidade e/ou amplitude de movimentos das referidas fissuras.

D-V4 Tiras colorimétricas

As tiras colorimétricas (Figura 4.7) correspondem a uma ferramenta relevante na identificação de

tipos de sais solúveis presentes na superfície de betão à vista, permitindo, deste modo, diagnosticar

as causas prováveis associadas a determinada anomalia. De igual forma, possibilita ainda a definição

de um processo de reparação, com o intuito de minimizar / eliminar a manifestação patológica

presente.

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Figura 4.7 - Tiras colorimétricas (Tuna et al., 2015)

Mais concretamente, de acordo com Tavares et al. (2005), as tiras colorimétricas podem ser definidas

como fitas de papel, compostas por regiões impregnadas com substâncias indicadoras que, na

presença de soluções salinas, alteram de coloração (Tavares et al., 2005).

O presente método de diagnóstico é considerado semi-quantitativo, em virtude de apresentar os

resultados em escalas de concentração em mg/l, sendo que, para ser possível obtê-la é necessário

efectuar uma comparação visual da tira colorimétrica com a respectiva escala de coloração (Tuna et

al., 2015).

Assim, anomalias que consistam no surgimento de sais na superfície de betão à vista, como

eflorescências, podem ser identificadas através do presente método de diagnóstico, o qual, sendo

não destrutivo e de grande simplicidade, facilita o processo de inspecção.

D-V5 Testemunhos

Tal como os fissurómetros (D-V2), os testemunhos (Figura 4.8) constituem uma técnica comum no

acompanhamento da evolução temporal das fissuras que contribui para a identificação dos

fenómenos associados à sua génese e consequente definição de técnicas que possibilitam a

minimização / eliminação das mesmas.

Figura 4.8 - Testemunho

Segundo Oz (2002), os testemunhos correspondem a uma forma correcta de diagnóstico, embora

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pouco exacta, que permitem detectar grosseiramente possíveis acréscimos de abertura da fissura,

mas sem possibilitarem a quantificação da sua amplitude de movimentos. Assim, comparativamente

com outros métodos de diagnóstico, os testemunhos são considerados uma técnica mais restrita em

termos de quantificação da evolução temporal da dimensão das fissuras.

Por fim, importa realçar que os testemunhos podem ser compostos por diversos materiais,

nomeadamente papel, gesso, cimento ou vidro, devendo ser cuidadosamente fixados a ambas as

extremidades da fissura em análise. Deste modo, caso se verifique deslocação da referida fissura, o

testemunho é forçado a partir, assinalando assim a ocorrência de movimentação relativa entre as

suas extremidades.

4.2.2.2 D-A Acústicos

Os métodos de diagnóstico acústicos estão associados à execução de ensaios de percussão sobre

as superfícies de betão à vista e análise do som produzido pelas mesmas. Frequentemente,

constituem métodos simples, intuitivos e de fácil aplicação, sendo, por isso, considerados métodos de

diagnóstico não destrutivos.

D-A1 Martelo de borracha

O martelo de borracha (Figura 4.9) constitui uma ferramenta relevante na execução de ensaios de

percussão, o qual apresenta baixa complexidade e fácil interpretação de resultados obtidos, sendo

considerado um método de diagnóstico não destrutivo.

Figura 4.9 - Martelo de borracha

O seu modo de funcionamento baseia-se na percussão das superfícies de betão à vista e análise do

som produzido pelas mesmas. Assim, sons cavos encontram-se associados à presença de

determinado tipo de anomalias mecânicas incipientes, nomeadamente delaminação ou descasque da

superfície.

Por último, o presente método de diagnóstico constitui uma das primeiras escolhas utilizadas in situ,

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sendo frequentemente aplicado após a fase de inspecção visual (D-V1), como meio de confirmar o

diagnóstico inicial efectuado por exame macroscópico.

4.2.2.3 D-T Termo-higrométricos

Consideram-se métodos termo-higrométricos aqueles que possibilitam obter informação específica

acerca da temperatura e/ou humidade relativa da superfície de betão à vista ou da sua envolvente.

D-T1 Termo-higrómetro

A monitorização da temperatura e humidade é extremamente importante como método de

diagnóstico, em virtude de serem promotoras de algumas manifestações patológicas frequentes e

potenciarem diferentes mecanismos de degradação das superfícies de betão à vista.

Deste modo, com o intuito de ser possível efectuar um diagnóstico adequado, é necessário utilizar um

termo-higrómetro portátil (Figura 4.10), o qual permite simultaneamente obter dados informativos

acerca da temperatura e humidade relativa do ar (PCE, 2015).

Figura 4.10 - Termo-higrómetro portátil (Manutan, 2015)

Devido à simplicidade de manuseamento e ao facto de não ser destrutivo, corresponde ao método de

diagnóstico de humidade in situ mais comummente utilizado (Figura 4.10). Este trata-se de um

aparelho portátil que permite obter leituras do teor de humidade na superfície, possuindo dois

eléctrodos que transmitem um sinal de baixa frequência (Massari, 1993). Deste modo, o termo-

higrómetro mede a resistência eléctrica da superfície, relacionando-a com a quantidade de água

presente nos poros, sendo aconselhável a execução de séries verticais de leituras, em detrimento de

leituras isoladas.

Por outro lado, o termo-higrómetro não tem a capacidade de medir a humidade, mas apenas as

alterações da resistência eléctrica ou da condutividade na superfície.

De acordo com Magalhães et al. (2005), o presente método de diagnóstico in situ possibilita a

medição expedita do teor de humidade e temperatura à superfície, tendo os resultados obtidos

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validade em termos comparativos e não absolutos. Assim, trata-se de uma ferramenta importante na

detecção de zonas com elevado teor de humidade com e determinação das respectivas causas

prováveis, nomeadamente existência de sais, humidade ou manchas.

D-T2 Termografia de infravermelhos

A termografia de infravermelhos consiste no levantamento de zonas a inspeccionar com recurso a

uma câmara termográfica (Figura 4.11), de modo a ser possível medir temperaturas ou observar

padrões diferenciais de distribuição de temperatura. Assim, trata-se de um método qualitativo de

identificação térmica, em virtude de a radiação infravermelha ser intrínseca à temperatura de

qualquer corpo físico, sendo este o princípio em que as câmaras termográficas se baseiam.

Figura 4.11 - Câmara termográfica (PCE, 2015)

O presente método de diagnóstico permite a visualização da distribuição de temperaturas superficiais,

sendo, por isso, um importante meio de identificação de manifestações patológicas, visto que estas

se encontram frequentemente associadas a fluxos de calor não uniformes. Deste modo, a energia

infravermelha emitida pelas superfícies de betão à vista, ao ser captada pelas câmaras termográficas,

é convertida em sinal eléctrico, o qual, através de software apropriado, produz termogramas

específicos (Mendonça, 2005).

Além do diagnóstico de anomalias detectadas visualmente, a termografia de infravermelhos pode

igualmente ser aplicada como ferramenta preventiva, no sentido de ser possível identificar problemas

patológicos não aparentes (ITC, 2005). De igual forma, permite uma análise pormenorizada dos

fenómenos de degradação da superfície de betão à vista, em virtude de evidenciar descasques,

desagregações, presença de vazios, fissuras, bem como manchas de humidade.

Com a utilização do presente método de diagnóstico, é ainda possível obter mapas temáticos

pormenorizados de pontes térmicas, humidade, andamento de fissuras e agressões biológicas, os

quais são extremamente úteis para a identificação precisa das anomalias existentes.

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D-T3 ISAT (initial surface absorption test)

O initial surface absorption test (Figura 4.12) corresponde a um método de diagnóstico de interesse

considerável na determinação do grau de porosidade da superfície de betão à vista, o que possibilita

a identificação de anomalias associadas a uma capacidade de absorção significativa.

Figura 4.12 - Initial surface absorption test (Nagendra, 2012)

O initial surface absoption test (ISAT) é normalizado pela norma britânica BS 1881-208 (1996),

baseando-se na análise da absorção, através de um tubo capilar, de uma área da superfície de betão

sujeita à pressão de 200 mm Hg (Coutinho e Gonçalves, 1994).

Para uma superfície de betão à vista, considerando um tempo de referência de 10 minutos, um valor

de absorção inferior a 0,25 cm3 m-2 s-1 é indicativo de uma baixa absorção, sendo o valor de

referência para uma alta absorção superior a 0,5 cm3 m-2 s-1 (Brito e Flores-Colen, 2005).

4.2.2.4 D-M Magnéticos / electroquímicos

Os métodos de diagnóstico magnéticos ou electroquímicos estão associados a equipamentos que

contemplam a produção de um campo magnético ou um potencial eléctrico específico, com o intuito

de ser possível diagnosticar eficientemente as anomalias presentes na superfície e respectivas

causas associadas a elementos metálicos.

D-M1 Magnetómetro

O magnetómetro (Figura 4.13) corresponde a um método de diagnóstico não destrutivo que permite

determinar a espessura do betão de recobrimento, bem como o diâmetro das armaduras, através da

sua localização no interior do betão (Brito et al., 2009).

Deste modo, espessuras inadequadas de recobrimento favorecem a penetração de agentes

agressivos no betão, facilitando a corrosão das armaduras que, por conseguinte, origina anomalias

na superfície de betão à vista, nomeadamente descasque e manchas (Brito et al., 2009).

O presente método de diagnóstico produz um campo magnético específico, quantificando a reacção

entre este e o aço, estando a intensidade da resposta associada com a localização e dimensão da

armadura.

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Figura 4.13 - Magnetómetro (à esquerda) e exemplo de aplicação (à direita) (Brito et al., 2009)

Assim, o magnetómetro, considerado como um método não destrutivo, possibilita resultados rápidos

in situ, com considerável grau de fiabilidade, requerendo apenas acesso a um dos lados da superfície

em análise, o que facilita significativamente o processo de inspecção.

D-M2 Meia-célula galvânica

O presente método de diagnóstico é executado com o intuito de ser possível verificar a existência de

humidade suficiente entre uma armadura e a superfície do betão, de modo a provocar corrosão e, por

conseguinte, originar anomalias indesejáveis.

A meia-célula galvânica utiliza um eléctrodo de referência que se encontra ligado a um cabo da

armadura (Figura 4.14), sendo que a análise do potencial entre a armadura e o referido eléctrodo

permite a definição de um mapa de corrosão potencial (Brito et al., 2009).

Figura 4.14 - Esquema de funcionamento da meia-célula galvânica (adaptado de FLH, 2015)

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A leitura do potencial de meia-célula na superfície de betão depende de determinados factores

importantes para o processo de diagnóstico, nomeadamente do potencial de corrosão efectiva do

aço, espessura do betão de recobrimento, resistividade do betão e disponibilidade de oxigénio.

O Quadro 4.2 fornece, de acordo com a norma americana ASTM C876: 91, referente a estruturas de

betão expostas à atmosfera, critérios indicativos para a interpretação de leituras da meia-célula

galvânica, sendo necessário ter em consideração os eléctrodos de referência, tipicamente o cloreto

de prata e sulfato de cobre.

Quadro 4.2 - Interpretação das medições de potencial, de acordo com ASTM C 876:91 (adaptado de

DURATINET, 2012)

Potencial (Ecorr vs. ECuSO4) (V) Probabilidade de corrosão Ecorr > 0,2 < 10%

-0,2 > Ecorr > -0,35 desconhecida Ecorr < -0,35 > 90%

4.3 MATRIZ DE CORRELAÇÃO

4.3.1 Introdução

Considerando o sistema classificativo elaborado, o qual possibilita a normalização das fichas de

inspecção, é fundamental criar uma ferramenta que permita relacionar as anomalias detectadas no

local com os métodos de diagnóstico disponíveis, de modo a facilitar o processo de inspecção.

O sistema de inspecção e diagnóstico de superfícies de betão à vista engloba a matriz de correlação

das suas anomalias com as respectivas causas prováveis (§3.4.2), anomalias entre si (§3.4.3) e

métodos de diagnóstico (§4.3). No presente subcapítulo, procede-se à correlação da informação

referente ao sistema classificativo dos métodos de diagnóstico (§4.2), de modo a ser possível

elaborar a correspondente matriz de correlação com as anomalias, recorrendo à metodologia e

estrutura preconizadas por Brito (1992) e Silvestre (2005).

Assim, de forma a ser possível atingir os referidos objectivos, foi utilizado um código simples, o qual

engloba graus de correlação (nenhuma, pequena ou grande) entre cada entrada das entidades, tendo

em consideração o sistema classificativo apresentado.

4.3.2 Matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico

Para a elaboração da presente matriz de correlação, foi considerada a existência da classificação das

anomalias descritas em §3.2, as quais foram relacionadas com os métodos de diagnóstico

potencialmente utilizados na identificação de manifestações patológicas em superfícies de betão à

vista.

Através da visualização do Quadro 4.3, é possível verificar a existência de anomalias com indicação

de mais de um método de diagnóstico de cada grau de correlação. A presença de mais de um

método de diagnóstico de pequena relação é justificada pelo facto de estes se encontrarem limitados

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em termos de aplicabilidade, sendo que a sua execução se torna adequada, em termos técnico-

económicos, em situações concretas, que divergem de anomalia para anomalia. Por outro lado, os

casos em são indicados dois ou mais métodos de diagnóstico de grande relação são justificados pelo

facto de cada um corresponder à caracterização de um determinado parâmetro da anomalia em

causa, sendo, por isso, necessário utilizá-los de forma consecutiva, de forma a efectivar a totalidade

do diagnóstico pretendido (Silvestre, 2005).

Assim, apresenta-se seguidamente a matriz de correlação teórica entre as anomalias em superfícies

de betão à vista e os seus métodos de diagnóstico, a qual foi sujeita à validação através de casos

práticos, conforme se apresenta em §5.4.3. No decurso do processo de validação, resultaram

alterações em alguns graus de correlação, as quais se encontram devidamente assinaladas a

cinzento, apresentando-se no Quadro 4.3 a matriz de correlação já validada.

Quadro 4.3 - Matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico

A \ R

D-V

1

D-V

2

D-V

3

D-V

4

D-V

5

D-A

1

D-T

1

D-T

2

D-T

3

D-M

1

D-M

2

A-E1 2 0 0 0 0 0 1 1 1 0 1

A-E2 2 0 0 2 0 0 1 1 0 0 0

A-E3 2 0 0 0 0 0 2 1 1 0 0

A-E4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-E5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-E6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-M1 2 0 2 0 0 1 0 0 0 1 0

A-M2 2 1 2 0 1 0 0 1 0 1 1

A-M3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1

A-M4 2 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0

A-C1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-C2 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0

A-C3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0

A-C4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-C5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-C6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Na presente matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico (Quadro 4.3), verifica-se que a

cada linha, representativa de uma determinada anomalia em superfícies de betão à vista, está

associada uma coluna, indicativa do respectivo método de diagnóstico, através de um número

correspondente ao grau de correlação entre ambos. O critério adoptado para a determinação do

referido grau de correlação baseia-se em Brito (1992):

0 - sem relação: não se verifica qualquer correlação entre a anomalia e o método de diagnóstico;

1 - pequena relação: verifica-se que o método de diagnóstico é adequado à caracterização de

determinada anomalia, embora apresente limitações, em termos de execução técnica ou custo, que

reduzem o espectro da sua aplicação;

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2 - grande relação: verifica-se que o método de diagnóstico é adequado à caracterização de

determinada anomalia, cuja execução é de exigência técnica mínima e equipamento necessário

acessível, tornando o respectivo âmbito de aplicação abrangente.

Para finalizar, de modo a ser possível compreender as correlações representadas na matriz de

correlação anomalias - métodos de diagnóstico, apresenta-se um exemplo específico dos métodos,

referentes à anomalia eflorescências (A-E2) na superfície de betão à vista.

ANOMALIA:

A-E2 Eflorescências

MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO ASSOCIADOS:

Métodos adequados:

D-V1 inspecção visual (não destrutivo);

D-V5 tiras colorimétricas (não destrutivo).

Métodos adequados com limitações:

D-T1 termo-higrómetro (não destrutivo);

D-T2 termografia de infravermelhos (não destrutivo).

4.4 FICHAS DE ENSAIO

Após a classificação dos métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista (§4.2) e

conhecimento das relações entre os mesmos e as anomalias existentes, é necessário apresentar, de

forma sucinta, a informação relativa a cada método de diagnóstico, sob a forma de fichas de ensaio

individuais (Anexo 4.I).

Tendo em consideração o sistema classificativo, as referidas fichas contemplam os seguintes dados

associados a cada método de diagnóstico (adaptado de: Brito, 1992; Silvestre 2005):

identificação da ficha de ensaio;

designação do método de diagnóstico;

figura ilustrativa;

tipo de ensaio (destrutivo / semi-destrutivo / não destrutivo);

objectivos do ensaio;

equipamento necessário;

descrição do método;

vantagens;

limitações;

referências bibliográficas.

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Seguidamente, apresenta-se no Quadro 4.4 um exemplo de uma ficha de ensaio relativa ao método

de diagnóstico Termografia de infravermelhos (D-T2), a qual inclui todos os campos previamente

enunciados.

Quadro 4.4 - Ficha do método de diagnóstico D-T2

FICHA DE ENSAIO D-T2

DESIGNAÇÃO

PCE (2015)

Termografia de infravermelhos

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- identificar e avaliar heterogeneidades das superfícies de betão

à vista, através da emissão da respectiva radiação térmica

(infravermelha).

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

- câmara termográfica;

- cartão de memória (armazenamento de dados);

- máquina fotográfica.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. ligar a câmara termográfica e apontá-la para a superfície a inspeccionar;

2. focar até obter uma imagem de alta definição, de modo a ser possível identificar zonas anómalas

da superfície;

3. guardar no cartão de memória a imagem obtida;

4. comparar o termograma com a fotografia da superfície inspeccionada para facilitar a interpretação

dos resultados. VANTAGENS:

- método de diagnóstico adequado a uma estratégia de manutenção pró-activa;

- não requer contacto directo com a superfície;

- permite confirmar a presença de determinadas anomalias identificadas (como manchas de

humidade, fissuras, descasque e desagregação), através das variações térmicas.

LIMITAÇÕES:

- método qualitativo que necessita de ser complementado por métodos de diagnóstico locais que

permitam a determinação exacta das anomalias, causas associadas e resultados quantitativos;

- possíveis distorções causadas pela distância e ângulo da captura de imagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Mendonça (2005); ITC (2005); PCE (2015).

4.5 SÍNTESE DO CAPÍTULO

Considerando as referências bibliográficas consultadas e o conhecimento prático adquirido, procurou-

se executar uma classificação de métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista que

identificasse todas as situações patológicas verificadas neste tipo de superfície. Assim, foi possível

considerar treze métodos de diagnóstico prováveis, em função dos estragos que provocam no local

ensaiado, associados a quatro grupos distintos: métodos de diagnóstico visuais / visuais assistidos

(D-V.), acústicos (D-A.), termo-higrométricos (D-T.) e magnéticos / electroquímicos (D-M.).

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No presente capítulo, além dos métodos de diagnóstico, procedeu-se igualmente à elaboração da

matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico (que se relaciona com o capítulo 3), de um

ponto de vista teórico, a qual posteriormente sofrerá validação, através da realização de um número

significativo de inspecções.

A referida informação encontra-se resumida nas fichas de métodos de diagnóstico individuais (Anexo

4.I) que, devido à sua fácil interpretação, se tornam fundamentais ao processo de diagnóstico das

manifestações patológicas existentes e respectivas causas prováveis. Assim, pretende-se que o

presente sistema classificativo de métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista auxilie

fortemente a inspecção global de edifícios, contribuindo para a concepção de um sistema de

inspecção e diagnóstico fiável.

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5. VALIDAÇÃO DO SISTEMA E ANÁLISE ESTATÍSTICA

5.1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo possui como intuito principal a validação dos sistemas classificativos propostos

para superfícies de betão à vista, nomeadamente o sistema classificativo das anomalias (§3.2.1),

causas prováveis (§3.3), métodos de diagnóstico (§4.2.1) e respectivas matrizes de correlação.

Tendo em consideração que a eficácia da validação de determinado sistema classificativo depende

intrinsecamente da qualidade e quantidade da amostra inspeccionada, foi desenvolvido um plano

aleatório de inspecções a 110 superfícies verticais passíveis de apresentarem manifestações

patológicas, as quais foram registadas em fichas de inspecção (§5.2.2) e validação (§5.2.3)

correspondentes.

Assim, procede-se a uma análise estatística referente à informação recolhida, sendo igualmente

apresentado um plano de inspecções, bem como a respectiva periodicidade necessária (§5.2). De

igual modo, através do referido tratamento estatístico dos dados, é possível extrapolar conclusões

relevantes acerca dos fenómenos patológicos associados às superfícies de betão à vista.

Por último, considerando que as inspecções efectuadas assentam exclusivamente no exame

macroscópico e/ou análise visual assistida, não foram utilizados quaisquer métodos de diagnóstico

adicionais (exceptuando o D-V3 Comparador de fissuras), tendo sido apenas indicado aqueles que

mais se adequam a cada caso específico. De qualquer forma, no âmbito da presente dissertação, a

utilização dos métodos de diagnóstico propostos não seria conveniente, em virtude de alguns

carecerem de equipamentos dispendiosos (por exemplo, D-T2 Termografia de infravermelhos, D-M1

Magnetómetro e D-M2 Meia-célula galvânica) e/ou requererem monitorização (como o D-V2

Fissurómetro e o D-V5 Testemunhos).

5.2 PLANO DE INSPECÇÕES

Tendo em consideração o intuito de validação do sistema classificativo proposto, procedeu-se à

execução de um plano aleatório de inspecções a superfícies de betão à vista, de forma a ser possível

identificar e caracterizar as anomalias existentes. Assim, foi preconizada uma campanha de

inspecções dispersa pelo território nacional (Lisboa, Porto, Sintra, Coimbra, Braga, Cascais,

Amadora, Montijo, Barreiro, Almada e Campo Maior), conforme representado na Figura 5.1, incidindo

em edifícios com diferentes padrões arquitectónicos, idades distintas e condições de exposição

heterogéneas. Deste modo, foi possível obter uma amostra representativa de 110 superfícies verticais

inspeccionadas que possibilita uma validação credível e fidedigna do sistema classificativo

apresentado.

Sendo a validação de qualquer sistema classificativo dependente da quantidade e qualidade dos

dados recolhidos, a importância da heterogeneidade da informação obtida assume particular

relevância ao nível da aplicabilidade do sistema proposto. Assim, a campanha de inspecções

efectuada incidiu em 53 edifícios distintos (Anexo 5.II) que permitiram a identificação de um total de

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371 anomalias.

Figura 5.1 - Distribuição geográfica da amostra inspeccionada

Considerando o âmbito da presente dissertação, verifica-se que as inspecções executadas a

superfícies de betão à vista, com o intuito de proceder à validação do sistema classificativo proposto,

não se inserem nos tipos apresentados no Quadro 5.1. De qualquer forma, importa referir que o plano

de inspecções a superfícies de betão à vista assenta num conjunto de visitas periódicas, correntes

(executadas de 15 em 15 meses, de modo a identificar fenómenos sazonais) ou detalhadas

(executadas de 5 em 5 anos) e não periódicas, denominadas de pós-intervenção, conforme se

verifica no Quadro 5.1 (adaptado de: Brito, 1992; Brito e Flores-Colen, 2005; Silvestre, 2005).

Quadro 5.1 - Identificação e caracterização do programa de inspecções

Tipo de

inspecções

Periodicidade

mínima / máxima Objectivo Metodologia

Correntes 15 meses

Detectar anomalias de rápida

evolução;

monitorizar anomalias detectadas

em inspecções anteriores.

Observação visual de

superfícies de betão à vista;

reduzidas necessidades de

equipamento.

Detalhadas 5 anos

Monitorizar anomalias detectadas

em inspecções anteriores,

determinar a sua extensão,

gravidade e respectivas causas.

Observação visual de

superfícies de betão à vista;

ensaios in situ;

estrutura de apoio pessoal e

material considerável.

Pós-intervenção

Não periódicas

(no primeiro ano após

cada intervenção)

Verificar os casos de degradação

precoce, devido a erros de

execução das técnicas de

reparação.

Observação visual da

superfície de betão à vista;

reduzidas necessidades de

equipamento.

É necessário salientar que a eficiência das soluções de reparação de anomalias e eliminação das

respectivas causas deve ser avaliada com base em inspecções pós-intervenção não periódicas,

simultaneamente com inspecções correntes ou detalhadas (Quadro 5.1), podendo a superfície

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reparada ser monitorizada, de modo a analisar o seu comportamento ao longo do tempo. Assim, com

o intuito de programar a respectiva reparação, podem ser diagnosticados fenómenos prováveis de

repatologia (Silvestre, 2005). De igual forma, as inspecções pós-intervenção possibilitam a detecção

de situações de degradação precoce com desenvolvimento inicial acelerado, particularmente em

superfícies exteriores, sendo que os referidos casos de repatologia podem estar associados a

diagnósticos deficientes ou ausência de meios para executar uma reparação propícia ou um correcto

diagnóstico.

A validação dos sistemas classificativos propostos, nomeadamente do sistema classificativo das

anomalias (§3.2.1), causas prováveis (§3.3), métodos de diagnóstico (§4.2.1) e respectivas matrizes

de correlação, pretende fundamentalmente que estes constituam um sistema de apoio eficaz ao

processo de inspecção, de modo a ser possível auxiliar convenientemente as inspecções efectuadas

a superfícies de betão à vista, as quais devem incluir um técnico que, não sendo necessariamente um

engenheiro, possua experiência comprovada no referido domínio (Silvestre, 2005).

A metodologia de actuação depende sobretudo do grau de degradação, padrão de qualidade exigido,

gravidade das anomalias, manutenção exigida e recursos financeiros necessários. Para a presente

dissertação, foi tido em consideração o nível de gravidade de determinada anomalia, o qual se

encontra associado à respectiva urgência de reparação. Deste modo, foram definidos os três níveis

de gravidade seguintes:

nível 0 - necessidade de intervenção imediata (até 6 meses): onde são inseridos os casos em que

se verifica destacamento / desagregação significativa do betão, particularmente quando estes

tornam a armadura visível. Além disso, devem ser incluídas situações em que a anomalia atinja

uma área considerável da superfície e simultaneamente apresente condições para progressão do

fenómeno;

nível 1 - necessidade de intervenção a médio prazo (até 2 anos): onde são inseridos todos os

casos em que se verificam destacamentos pontuais ou situações em que os fenómenos

patológicos de menor gravidade atinjam uma área significativa da superfície. Além destes,

incluem-se igualmente todos os casos de anomalias que não apresentam condições para

progressão do fenómeno e assim não necessitam de reparação imediata ou monitorização;

nível 2 - necessidade de monitorizar a evolução da anomalia, particularmente na próxima

inspecção.

Deste modo, o plano de inspecções apresentado possibilita a minimização da necessidade de

intervenções de reparação de superfícies de betão à vista, especialmente do tipo preventivo,

nomeadamente se inserido numa estratégia de manutenção pró-activa que inclua inspecções e

acções que propiciem a divulgação das prescrições a serem utilizadas na fase de projecto (Silvestre,

2005). De igual forma, a adopção de uma estratégia de manutenção com esta tipologia, ao longo da

vida útil da superfície, deve ser promovida e divulgada com o intuito de controlar e minimizar as

consequências das anomalias.

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5.2.1 Mapeamento das anomalias

Tendo em consideração que as fichas de inspecção não permitem a identificação exacta da

localização das anomalias inspeccionadas numa determinada superfície de betão à vista, é

necessário a utilização de uma ferramenta capaz de complementar a sua informação. Assim, recorre-

se ao mapeamento das anomalias que permite, através de um esquema de malha simplificada com

quadrados / rectângulos ou fotografias locais, conhecer a incidência de cada anomalia em toda a

extensão da superfície e respectiva gravidade.

Para a execução do mapeamento das anomalias, o inspector deve assinalar cuidadosamente as

áreas afectadas pelas anomalias existentes e a sua extensão, baseando-se fundamentalmente na

observação visual da superfície, auxiliado pelas fichas de anomalia (Anexo 3.I), que possuem

fotografia identificativa, ou complementado por dados mais precisos (plantas e alçados, quando

possível).

Por último, importa referir que o mapeamento das anomalias de determinada superfície de betão à

vista constitui uma ferramenta relevante para a futura elaboração de projectos de reparação, em

virtude de permitir a determinação da incidência das anomalias e respectiva gravidade, bem como

extensão associada, que seria de difícil obtenção apenas por recurso às fichas de inspecção.

5.2.2 Fichas de inspecção

As fichas de inspecção compreendem informação relativa aos edifícios e respectivas superfícies de

betão à vista inspeccionadas. De igual modo, pretendem caracterizar o tipo de edifício, localização,

área afectada e exposição a agentes agressivos, diferenciando-se superfícies interiores de exteriores.

Assim, tendo em consideração a informação presente em trabalhos semelhantes, é possível

enumerar o seguinte conteúdo que consta das fichas de inspecção (adaptado de Silvestre, 2005):

cabeçalho com o número da ficha de inspecção, data em que ocorreu, responsável pela mesma,

bem como a respectiva função e objectivo;

condições climatéricas no momento da inspecção, como temperatura, pluviosidade e humidade;

localização do edifício, respectiva altitude, ano de construção, tipo de utilização e número de

pisos acima do solo;

caracterização da envolvente do edifício, tendo em consideração a zona climática, zona de

vento, exposição a agentes agressivos, tipo de envolvente e proximidade do mar;

contactos eventualmente efectuados e notas relevantes;

código da superfície inspeccionada, respectiva localização (interior, exterior ou outra), função

principal (fachada, muro ou outra), orientação, classe de exposição ambiental, sombreamento,

cota acima do terreno, dimensões, acabamento superficial, protecção superficial, coloração do

betão, possíveis intervenções anteriores na superfície e notas relevantes;

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no caso de existirem operações de manutenção registadas, recolhe-se a tipologia e

periodicidade das inspecções ou intervenções efectuadas, respectivas características, data de

execução, técnicas, materiais utilizados e observações eventualmente necessárias.

Importa referir que, apesar de o campo referente à manutenção não ter sido utilizado nas inspecções

executadas, decidiu-se incluí-lo nas fichas de inspecção, com o intuito de poderem ser utilizadas em

trabalhos futuros de levantamento de anomalias / inspecções. Além disso, aquando da realização das

inspecções, particularmente durante o preenchimento das referidas fichas, podem surgir algumas

dificuldades associadas à recolha de informação, nomeadamente em termos dos materiais aplicados

e operações de manutenção que a superfície sofreu. A falta do registo adequado deste tipo de

informação impede a avaliação das opções que foram tomadas em intervenções anteriores e anula a

base de trabalho para analisar o seu desempenho e apoiar na selecção das novas intervenções.

Posteriormente, apresenta-se no Quadro 5.2 uma ficha de inspecção exemplificativa, relativa à

superfície de betão à vista 001, correspondente ao edifício 01.

Quadro 5.2 - Ficha de inspecção número 01

Ficha de inspecção

Ficha de inspecção N.º 001 Data da inspecção 30 / 03 / 2015

Responsável / função Cátia Silva; Fábio Coelho

Objectivo da inspecção Dissertação de Mestrado

I - Condições climatéricas

I.1 - Temperatura < 5° entre 5° e 15° > 15° X

I.2 - Pluviosidade Nula X Aguaceiros Chuva

I.3 - Humidade Baixa X Média Alta

II - Edifício

II.1 - Localização Centro Social Paroquial de Mira-Sintra, Sintra Ed. 01

II.2 - Altitude (m) 0 - 300 X 300 - 600 > 600

II.3 - Tipo de utilização Serviços II.4 - Ano de construção 1982

II.5 - N.o de pisos acima do solo

1

II.6 - Zona climática (ver anexo 5.Ia)

Inverno A B X

Verão A B X C

II.7 - Zona vento A X B (ver anexo 5.Ib)

II.8 - Rugosidade aerodinâmica (ver anexo 5.Ib)

Tipo 0 Tipo I Tipo II Tipo III X Tipo IV

II.9 - Exposição a agentes poluentes

Alta Média Baixa X Nula

II.10 - Tipo de envolvente Rural Urbana X Marítima

II.11 - Proximidade do mar < 1 km < 5 km > 5 km X

II.12 - Contactos efectuados

D. Obra

Projectista Empreiteiro Outro

II.12.1 - Nome(s)

II.13 - Notas

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Quadro 5.2 (Continuação) - Ficha de inspecção número 01

III - Superfícies vistoriadas

III.1 - Identificação S.: 001

III.2 - Localização Exterior X Interior Outra

III.3 - Função principal Fachada X Muro Outra

III.4 - Orientação da superfície

Norte X Sul Este X Oeste (ex.: NE = Norte + Este)

III.5 - Classes de exposição ambiental

XC4; XF1 (ver anexo 5.Ic)

III.6 - Sombreamento Ausente Parcial X Total

III.7 - Cota acima do terreno (m)

0

III.8 - Dimensões da superfície (m)

Altura 4,5 Largura 23

III.9 - Acabamento superficial

Liso Texturado X

III.10 - Protecção superficial

Sem protecção Tinta X Verniz Hidrófugo

Outra

III.11 - Cor

Branco Castanho Cinzento X Vermelho

Preto Verde Amarelo Azul

Cinzento escuro Outra

III.12 - Intervenções anteriores

Sim Não X (Se sim, preencher ponto IV.3)

III.13 - Notas Textura das tábuas de cofragem

IV - Manutenção

IV.1 - Tipologia implementada

IV.2 - Periodicidade das inspecções e / ou das intervenções

IV.3 - Características das intervenções efectuadas

Data; Técnica utilizada; Materiais aplicados

Data; Técnica utilizada; Materiais aplicados

V - Observações

5.2.3 Fichas de validação

As fichas de validação possibilitam a validação dos sistemas classificativos propostos na presente

dissertação, complementando o processo de inspecção através do preenchimento de diversos

campos, os quais permitem a identificação e caracterização das anomalias detectadas em cada

superfície de betão à vista. Considerando cada anomalia detectada, estas fichas possibilitam ainda o

registo in situ das respectivas causas prováveis, métodos de diagnóstico adequados à sua

identificação, bem como as técnicas de reparação associadas. Assim, cada inspecção executada

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corresponde a uma determinada ficha de validação, a qual engloba (adaptado de Silvestre, 2005; Sá,

2011; Sá, 2010):

número da ficha de validação, data em que ocorreu a inspecção, código do edifício e da

superfície;

identificação das anomalias detectadas, tendo em consideração o sistema classificativo proposto

em §3.2.1;

caracterização das anomalias identificadas, nomeadamente percentagem de área afectada,

condições para progresso / repetição do fenómeno, presença de água / humidade, produção de

som cavo, quando submetida à percussão, dimensão média das fissuras e nível de gravidade;

identificação das causas prováveis, especificando as directas (2) e indirectas (1), conforme

proposto em §3.3;

determinação dos métodos de diagnóstico mais adequados a cada caso, de acordo com o

sistema classificativo proposto em §4.2.1;

indicação das técnicas de reparação adequadas, de acordo com o sistema classificativo das

técnicas de reparação e manutenção proposto por Coelho (2015).

Seguidamente, apresenta-se, no Quadro 5.3, uma ficha de validação exemplificativa.

Quadro 5.3 - Ficha de validação número 001

Ficha de validação

Ficha de validação N.º 001 Data da inspecção 30 / 03 / 2015 Código do edifício Ed.: 01 Código da superfície S.: 001

I - Anomalias detectadas

A-E Estéticas

A-E1 Manchas X

A-E2 Eflorescências A-E3 Colonização biológica X A-E4 Desgaste / erosão

A-E5 Bolhas de pele

A-E6 Graffiti X A-M Mecânicas

A-M1 Fissuração mapeada A-M2 Fissuração direccionada A-M3 Desagregação A-M4 Descasque

A-C Construtivas / geométricas

A-C1 Defeitos de planeza X A-C2 Ninhos de agregados / chochos A-C3 Marcas de tiges A-C4 Esbabaçado A-C5 Crostas A-C6 Incrustações de cofragem

Notas

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Quadro 5.3 (Continuação) - Ficha de validação número 001

II - Caracterização das anomalias (preencher apenas as aplicáveis à anomalia)

Anomalias

A-E1 A-E3 A-E6 A-C1

Percentagem de área afectada: (…) % 30 5 5 80

Condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N)

S S S N

Presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N)

N N

Produção de som cavo quando submetido à percussão (S / N)

Dimensão média das fissuras: (…) mm

Nível de gravidade (0; 1; 2) 1 2 0 1

0 - intervenção imediata (até 6 meses) 1 - intervenção a médio prazo (até 2 anos); 2 - monitorizar a evolução da anomalia (próxima inspecção)

Notas

III - Causas prováveis (1 - causa indirecta / 2 - causa directa)

Anomalias

A-E1 A-E3 A-E6 A-C1

C-P Erros de projecto

C-P1 Deficiente aplicação de regulamentos / especificações

C-P2 Concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras)

1

C-P3 Cofragem inadequada

C-P4 Agente descofrante inadequado

C-P5 Processo construtivo inadequado

C-P6 Deficiente pormenorização das armaduras

C-P7 Concepção / posicionamento deficiente das juntas de dilatação

C-E Erros de execução

C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada 1

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização 2

C-E4 tempo de descofragem inadequado

C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos)

C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão 1

C-E9 junta de betonagem mal executada

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras

C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza)

C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis

C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente

C-A Acções ambientais

C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas

2 1

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Quadro 5.3 (Continuação) - Ficha de validação número 001

C-A2 exposição solar alta / reduzida 1

C-A3 acção do vento 1

C-A4 presença de água / chuva 1 2

C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem)

C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo)

C-M Acções mecânicas

C-M1 abrasão

C-M2 choques / pancadas

C-M3 corrosão / expansão da armadura

C-M4 deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações)

C-M5 concentração de tensões (junto a aberturas)

C-G Agentes agressivos

C-G1 reacção álcalis-sílica

C-G2 sulfatos

C-G3 sal / água salgada (cloretos)

C-G4 compostos orgânicos 1

C-G5 ácidos

C-U Utilização e manutenção

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial

1 1

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas

C-U3 vandalismo 2

Notas

IV - Métodos de diagnóstico Anomalias

A-E1 A-E3 A-E6 A-C1

D-V Visuais / visuais assistidos

D-V1 Inspecção visual (não destrutivo) X X X X

D-V2 Fissurómetro (não destrutivo)

D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras (não destrutivo)

D-V4 Tiras colorimétricas (não destrutivo)

D-V5 Testemunhos (não destrutivo)

D-A Acústicos

D-A1 Martelo de borracha (não destrutivo)

D-T Termo-higrométricos

D-T1 Termo-higrómetro (não destrutivo) X

D-T2 Termografia de infravermelhos (não destrutivo)

D-T3 ISAT - initial surface absorption test (não destrutivo)

D-M Magnéticos / electroquímicos

D-M1 Magnetómetro (não destrutivo)

D-M2 Meia-célula galvânica (semi-destrutivo)

Notas

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5.3 VALIDAÇÃO DO SISTEMA CLASSIFICATIVO

Tendo em consideração a campanha de inspecções executada a 53 edifícios, foi possível obter-se

informação acerca de 110 superfícies verticais de betão à vista (Quadro 5.4). Apesar de terem sido

analisadas superfícies com funções principais distintas, verifica-se que 86% das superfícies

inspeccionadas correspondem a fachadas, em virtude de a maior parte dos edifícios inspeccionados

possuírem betão à vista exteriormente, sendo interiormente revestidos com outros materiais, os quais

não se enquadram no âmbito da presente dissertação. De igual modo, verifica-se que, quando

ponderadas pela área, as fachadas correspondem a 94% da área total de superfícies inspeccionadas

(Quadro 5.4).

O conjunto de inspecções realizadas possibilitou a recolha de informação referente a condições de

exposição, manifestações patológicas identificadas, causas prováveis associadas e métodos de

diagnóstico adequados. De igual modo, foram obtidos dados relacionados com as técnicas

necessárias à reparação da anomalia detectada, as quais não são objecto de análise da presente

dissertação.

Quadro 5.4 - Frequências absoluta e relativa (ponderada pelas áreas) das superfícies de betão à vista

inspeccionadas

Localização \ Função Fachada Muro Outra Total

Exterior 95 (94%) 3 (3%) 8 (2%) 106 (99%)

Interior 0 (0%) 0 (0%) 4 (1%) 4 (1%)

Total 95 (94%) 3 (3%) 12 (3%) 110 (100%)

Importa referir que, através do software Microsoft Access e dos dados inspeccionados, foi possível

criar uma base de dados de suporte à validação do sistema classificativo proposto e respectivas

matrizes de correlação, a qual não será apresentada por possuir elevada quantidade de informação

armazenada e não constituir um objectivo da presente dissertação.

5.3.1 Validação do sistema classificativo das anomalias

Primeiramente, procedeu-se à validação do sistema classificativo de anomalias, a qual englobou a

identificação de 371 anomalias num total de 110 superfícies de betão à vista inspeccionadas. Tendo

em consideração que, no âmbito da presente dissertação, os sistemas classificativos propostos não

apresentam qualquer distinção entre superfícies exteriores e interiores, não é pertinente a sua

validação separada.

Assim, apresentam-se as frequências absolutas e relativas (Figura 5.2) referentes a cada uma das

anomalias identificadas, resultando uma média de 3,4 anomalias por superfície. As frequências

absolutas representam o número de ocorrências individuais das manifestações patológicas

observadas, enquanto as relativas resultam da divisão da frequência absoluta pelas 110 superfícies

inspeccionadas.

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85

Figura 5.2 - Frequência absoluta e relativa das anomalias identificadas nas 110 inspecções

Deste modo, verifica-se que a anomalia A-E1 Manchas possui o maior número de ocorrências

verificadas, ocorrendo em 87,3% das superfícies de betão à vista inspeccionadas, para o que

contribui o facto de esta anomalia englobar diferentes tipos de manchas (variações de tonalidade /

cor, manchas de sujidade, corrosão, hidratação / humidade), conforme detalhado em §3.2.2.

Por outro lado, e tal como era esperado, a anomalia A-M3 Desagregação apresenta a menor

representatividade no conjunto de inspecções executadas, ocorrendo apenas uma vez na amostra

considerada. Tendo em consideração que a A-M3 Desagregação, conforme referido em §3.2.2,

corresponde à desintegração progressiva das camadas superficiais do betão, a sua presença é

apenas observável em situações em que a superfície se encontre em estado avançado de

degradação. Dada a elevada durabilidade associada ao betão, esta anomalia é maioritariamente

verificada em superfícies mais antigas (a superfície de betão à vista onde a referida anomalia foi

registada possui 40 anos). Assim, considerando as justificações apontadas, a anomalia deve manter-

se no sistema classificativo proposto.

De igual forma, a anomalia A-C6 Incrustações de cofragem possui igualmente reduzido número de

ocorrências, em virtude de apresentar características e causas particulares (§3.2.2), frequentemente

associadas a cofragens de madeira e plástico. Considerando que, na concepção de superfícies de

betão à vista, podem ser utilizados diferentes tipos de materiais, conforme referido em §2.3.2, é

expectável que apenas em parte das superfícies inspeccionadas se tenha recorrido aos materiais

mais susceptíveis de originar a presente anomalia, o que justifica a baixa representatividade

observada e, por conseguinte, a sua permanência no sistema classificativo.

5.3.2 Validação do sistema classificativo das causas prováveis

Considerando o sistema classificativo das causas prováveis associadas às anomalias verificadas em

superfícies de betão à vista, é possível verificar as frequências absolutas e relativas correspondentes,

para um total de 1191 causas registadas (419 directas e 772 indirectas), equivalendo a uma média de

96 (87,3%)

8 (7,3%)

13 (11,8%)

10 (9,1%)

35 (31,8%)

4 (3,6%)

14 (12,7%)

53 (48,2%)

1 (0,9%)

21 (19,1%)

36 (32,7%)

23 (20,9%)

31 (28,2%)

7 (6,4%)

18 (16,4%)

1 (0,9%)

0 20 40 60 80 100 120

A-E1

A-E2

A-E3

A-E4

A-E5

A-E6

A-M1

A-M2

A-M3

A-M4

A-C1

A-C2

A-C3

A-C4

A-C5

A-C6

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86

3,2 causas possíveis por anomalia. A existência de mais de uma causa directa provável para

determinada anomalia relaciona-se com o facto de a campanha de inspecções ter sido efectuada com

base na observação visual, sem qualquer recurso a métodos de diagnóstico adicionais que poderiam,

efectivamente, esclarecer situações pontuais de dúvida acerca da origem da anomalia inspeccionada.

Além disso, a determinada manifestação patológica podem estar associadas diferentes causas

indirectas, conforme referido em §3.3.

Posteriormente, apresentam-se as frequências absolutas e relativas das causas prováveis

associadas às anomalias, por grupos classificativos, as quais, aliadas à experiência adquirida ao

longo da campanha de inspecções efectuada, permitem retirar conclusões relevantes para a

consolidação do propósito da presente dissertação.

Relativamente às causas referentes ao grupo C-P Erros de projecto (Figura 5.3), é possível verificar a

sua baixa representatividade global no conjunto de anomalias inspeccionadas, sendo que as causas

C-P1 Deficiente aplicação de regulamentos / especificações e C-P5 Processo construtivo inadequado

não foram consideradas em nenhum caso observado. O principal motivo para a reduzida frequência

do presente grupo deve-se fundamentalmente à falta de informação associada ao projecto dos

edifícios inspeccionados. Contudo, apesar do fraco número de ocorrências do grupo, este deve

permanecer no sistema classificativo, em virtude de as respectivas causas poderem constituir a

origem de muitas anomalias identificadas (§3.2.2), embora não tenham sido verificadas

explicitamente na campanha de inspecções efectuada, por esta se ter baseado exclusivamente na

inspecção visual das superfícies, sem recurso a quaisquer conteúdos relativos ao projecto.

Figura 5.3 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-P Erros de projecto nas 371

anomalias identificadas

Como era expectável, as causas associadas ao grupo C-E Erros de execução apresentam uma

frequência elevada em relação ao total da amostra inspeccionada, visto corresponderem a cerca de

67% das causas registadas, o que comprova o facto de o presente grupo constituir um valor superior

a 1/3 do total de causas incluídas no sistema classificativo proposto (14 em 40).

0 (0,0%)

24 (6,5%)

36 (9,7%)

1 (0,3%)

0 (0,0%)

18 (4,9%)

3 (0,8%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

C-P1

C-P2

C-P3

C-P4

C-P5

C-P6

C-P7

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87

Assim, tendo em consideração a Figura 5.4, correspondente às causas associadas ao grupo C-E

Erros de execução, verifica-se que C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão e C-E3

Cofragem deficiente / com excesso de utilização possuem frequência superior. Ambas as causas

prováveis se encontram associadas à anomalia A-E1 Manchas que, por sua vez, possui elevada

representatividade na amostra considerada. De igual modo, encontram-se na génese da maioria das

anomalias A-C Construtivas / geométricas, as quais, no seu conjunto, apresentam igualmente

importância considerável no total de superfícies de betão à vista inspeccionadas, conforme é possível

verificar na Figura 5.2.

Figura 5.4 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-E Erros de execução nas 371

anomalias identificadas

Por outro lado, verifica-se que C-E2 Não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de

encargos, C-E5 Armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes e C-E9 junta de

betonagem mal executada não foram assinaladas como causas prováveis das anomalias

identificadas (Figura 5.4), apesar da importância significativa que possuem na génese de

determinadas manifestações patológicas, conforme referido em §3.2.2. Esta baixa frequência é

justificada pela falta de informação associada ao processo construtivo, particularmente ao nível da

fase de execução das superfícies.

Relativamente ao grupo C-A Acções ambientais, as causas com maior frequência, nomeadamente C-

A1 Partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas e C-A4 Presença de água / chuva,

possuem valores superiores a 11%, em concordância com a expressividade global do seu grupo na

amostra inspeccionada (11,3%). De qualquer forma, todas as causas do grupo referente às C-A

Acções ambientais apresentam registos de contribuição para a ocorrência de anomalias em

superfícies de betão à vista (Figura 5.5), o que evidencia a necessidade da sua presença no sistema

classificativo proposto.

De qualquer forma, importa salientar que, embora a causa C-A6 Gelo (ciclos gelo / degelo) apresente

baixa frequência, tem a sua presença justificada no sistema classificativo proposto pelo facto de,

87 (23,5%)

0 (0,0%)

174 (46,9%)

2 (0,5%)

0 (0,0%)

11 (3,0%)

18 (4,9%)

189 (50,9%)

0 (0,0%)

22 (5,9%)

75 (20,2%)

75 (20,2%)

55 (14,8%)

41 (11,1%)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

C-E1

C-E2

C-E3

C-E4

C-E5

C-E6

C-E7

C-E8

C-E9

C-E10

C-E11

C-E12

C-E13

C-E14

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segundo Brito (1987), poder estar na origem de A-M4 Descasque e A-M3 Desagregação. Além disso,

as condições climatéricas médias em Portugal, particularmente nos locais inspeccionados, fazem

com que esta causa seja pouco expressiva no conjunto de edifícios da amostra, o que não invalida o

facto de poder ser relevante em zonas com temperaturas extremas.

Figura 5.5 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-A Acções ambientais nas 371

anomalias identificadas

Comparativamente com o grupo C-E Erros de execução, a expressão global das causas associadas

às C-M Acções mecânicas não é elevada, apresentando um valor de 7,5% das causas totais

identificadas, para um grupo que corresponde a 12,5% do total de causas incluídas no sistema

classificativo proposto. De qualquer modo, todas as causas do presente grupo possuem frequências

associadas (Figura 5.6), o que demonstra a sua relevância no sistema classificativo proposto, sendo

que a causa C-M1 Abrasão apresenta menor representatividade, possivelmente em consequência de

a maior parte dos edifícios inspeccionados se localizar em meio urbano, estando as superfícies

menos susceptíveis ao fenómeno referido.

Figura 5.6 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-P Acções mecânicas nas 371

anomalias identificadas

44 (11,9%)

12 (3,2%)

10 (2,7%)

48 (12,9%)

10 (2,7%)

2 (0,5%)

0 10 20 30 40 50 60

C-A1

C-A2

C-A3

C-A4

C-A5

C-A6

2 (0,5%)

8 (2,2%)

25 (6,7%)

14 (3,8%)

34 (9,2%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

C-M1

C-M2

C-M3

C-M4

C-M5

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89

O grupo correspondente a C-G Agentes agressivos é aquele que apresenta menor representatividade

global relativamente às causas assinaladas, correspondendo a um valor de aproximadamente 2%,

em virtude de estas estarem associadas a meios agressivos concretos, os quais não foram

verificados na amostra aleatória de edifícios inspeccionados.

Através da Figura 5.7, é possível verificar que a causa C-G4 Compostos orgânicos possui a

frequência mais representativa do conjunto, o que pode ser justificado pelo facto de, segundo PCI

(2007) e Nunes (2013), se encontrar associada a determinadas anomalias estéticas, nomeadamente

A-E2 Eflorescências e A-E3 Colonização biológica. Por outro lado, a ausência de registos da causa

C-G3 Sal / água salgada (cloretos) encontra-se igualmente associada à aleatoriedade da amostra de

edifícios inspeccionados, o que, aliado ao facto de Moreira (1991) e Brito et al. (2009) a considerarem

como causa provável de certas anomalias (§3.2.2), justifica a sua presença no sistema classificativo.

Figura 5.7 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-G Agentes agressivos nas 371

anomalias identificadas

Por último, as causas associadas ao grupo C-U Utilização e manutenção apresentam a segunda

menor expressividade (7,5%) relativamente ao total de causas incluídas no sistema classificativo.

A partir da análise da Figura 5.8, é possível verificar que todas as causas referidas foram associadas

às anomalias identificadas em superfícies de betão à vista, o que evidencia a necessidade da sua

presença no sistema classificativo. A causa C-U1 Periodicidade inadequada de limpeza / de

renovação da protecção superficial destaca-se como sendo a que apresenta maior frequência, visto

que se encontra associada a anomalias com grande representatividade na amostra inspeccionada.

Assim, a limpeza permite eliminar A-E1 Manchas (de sujidade), A-E2 Eflorescências e A-E3

Colonização biológica, as quais apresentam frequência considerável, enquanto a protecção

superficial possibilita, através de tintas, vernizes, hidrófugos e produtos anti-graffiti, a minimização

das anomalias anteriores, bem como da A-E6 Graffiti.

Por outro lado, a causa C-U3 Vandalismo apresenta menor frequência, comparativamente com as

restantes, o que pode dever-se ao facto de a amostra ser maioritariamente composta por edifícios de

1 (0,3%)

1 (0,3%)

0 (0,0%)

12 (3,2%)

1 (0,3%)

0 2 4 6 8 10 12 14

C-G1

C-G2

C-G3

C-G4

C-G5

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90

serviços com alguma vigilância, sendo, por isso, menos propensos ao surgimento da referida causa,

justificando assim a sua presença no sistema classificativo proposto.

Figura 5.8 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-U Utilização e manutenção nas

371 anomalias identificadas

5.3.3 Validação do sistema classificativo dos métodos de diagnóstico

Relativamente aos métodos de diagnóstico, que permitem a caracterização pormenorizada in situ das

anomalias identificadas e causas prováveis associadas, considerados nos sistema classificativo

proposto (§4.2.1), apresenta-se na Figura 5.9 a respectiva frequência absoluta observada na

amostra. Tendo em consideração o número total de 512 métodos de diagnóstico assinalados,

verifica-se uma média de 1,4 preconizados por anomalia.

Figura 5.9 - Frequência absoluta e relativa dos métodos de diagnóstico indicados para as 371

anomalias identificadas

Através da análise da Figura 5.9, e com base na experiência adquirida nas inspecções executadas,

consideram-se admissíveis os valores apresentados e a média referida, visto que, em certos casos, é

44 (11,9%)

11 (3,0%)

4 (1,1%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

C-U1

C-U2

C-U3

371 (100,0%)

5 (1,3%)

60 (16,2%)

8 (2,2%)

3 (0,8%)

6 (1,6%)

17 (4,6%)

17 (4,6%)

4 (1,1%)

11 (3,0%)

9 (2,4%)

0 50 100 150 200 250 300 350 400

D-V1

D-V2

D-V3

D-V4

D-V5

D-A1

D-T1

D-T2

D-T3

D-M1

D-M2

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91

necessário recorrer a mais do que um método para realizar um diagnóstico correcto. De igual modo, é

possível verificar que, face ao espectro de anomalias em superfícies de betão à vista, todos os

métodos de diagnóstico podem ser vantajosos.

Conforme referido, é possível verificar que todos os métodos de diagnóstico considerados são

passíveis de ser utilizados no processo de inspecção de superfícies de betão à vista, dado o número

repetido de registos efectuados. A utilização do método D-V1 Inspecção visual é expectavelmente

superior aos restantes, tendo sido assinalado em todas as inspecções efectuadas, na medida em que

serve como meio de partida para a selecção dos restantes métodos de diagnóstico a aplicar,

permitindo identificar a anomalia presente na superfície, sua extensão e causas prováveis associadas

(§4.2.2).

Por outro lado, apesar da elevada representatividade do método D-V1 Inspecção visual, é possível

perceber que o D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras se destaca pela sua

frequência (Figura 5.9), o que justifica a sua inclusão no sistema classificativo proposto, devido à

presença de um número significativo de fissuras (sem movimento associado) na amostra

inspeccionada. De qualquer forma, tendo em consideração que o sistema classificativo proposto deve

ser o mais abrangente possível, é conveniente a inclusão de outros métodos capazes de acompanhar

a evolução temporal de fissuras, nomeadamente o DV2 Fissurómetro e o DV5 Testemunhos, apesar

da menor frequência que apresentam. De igual modo, verifica-se que o método DV4 Tiras

colorimétricas apresenta fraca expressividade no conjunto, em consequência de estar associado à

identificação de sais solúveis na superfície de betão à vista. Tendo em consideração que o referido

método se relaciona com a anomalia A-E2 Eflorescências (§4.2.2), apresentando frequências

absolutas similares (Figura 5.2), a sua presença é assim justificada no sistema classificativo proposto.

Relativamente ao método acústico (D-A1 Martelo de borracha), importa referir que a sua reduzida

frequência (Figura 5.9) se relaciona com o facto de constituir um meio de confirmação do diagnóstico

inicial efectuado por exame macroscópico (D-V1 Inspecção visual), sendo apenas utilizado em

situações de dúvida relativamente à anomalia ou causas associadas. Deste modo, é possível

justificar a baixa representatividade do presente método de diagnóstico, dada a baixa incerteza

associada à identificação dos fenómenos patológicos da amostra, o que fundamenta a sua presença

no sistema classificativo.

Os métodos termo-higrométricos (D-T) têm uma expressão de 6,6% em relação ao conjunto de

métodos de diagnóstico assinalados na campanha de inspecções, sendo o método D-T3 ISAT - initial

surface absorption test o que apresenta frequência inferior, conforme é possível verificar na Figura

5.9. De qualquer forma, constitui um método relevante na determinação do grau de porosidade da

superfície de betão à vista, a qual pode ser interessante na confirmação de causa(s) associada(s) a

determinada anomalia, o que justifica a sua presença no sistema classificativo proposto. Assim, o

motivo da sua fraca aplicação nas superfícies inspeccionadas pode resultar do facto de ser um

método pouco expedito e se encontrar associado a anomalias pouco representativas na amostra

aleatória inspeccionada. Por outro lado, sendo o D-T1 Termo-higrómetro e a D-T2 Termografia de

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infravermelhos métodos termo-higrométricos com frequências superiores (Figura 5.9), a maior

expressão do primeiro deriva da sua simplicidade e facilidade de utilização.

Por fim, verifica-se que o método D-M1 Magnetómetro apresenta frequências absoluta e relativa

superiores ao D-M2 Meia-célula galvânica, embora ambos constituam o grupo D-M Magnético /

electroquímico que tem pouca representatividade no conjunto de métodos de diagnóstico assinalados

(Figura 5.9). A frequência do D-M1 Magnetómetro pode ser explicada pela sua utilização apenas em

superfícies onde os elementos metálicos podiam potenciar as anomalias detectadas, enquanto a

pouca representatividade do método D-M2 Meia-célula galvânica reflecte o reduzido número de

superfícies inspeccionadas cuja(s) anomalia(s) resulta(m) de corrosão não visível das armaduras.

Contudo, a presença do referido grupo no sistema classificativo proposto é efectivamente relevante

para a execução de um processo de inspecção completo e abrangente.

5.4 VALIDAÇÃO DAS MATRIZES DE CORRELAÇÃO

Com o intuito de validar o sistema classificativo proposto para superfícies de betão à vista, é

necessário verificar e ajustar os procedimentos adoptados, bem como as matrizes teóricas

executadas entre as anomalias e respectivas causas prováveis (§3.4.2), inter-anomalias (§3.4.3) e

entre anomalias e métodos de diagnóstico (§4.3.2). Assim, são tidos em consideração os dados

recolhidos na campanha de inspecções realizada a 110 verticais superfícies, as quais ficaram

registadas em fichas de inspecção e validação.

Deste modo, procedeu-se à comparação das relações incluídas nas matrizes teóricas com as obtidas

através das inspecções realizadas às superfícies de betão à vista, tendo resultado determinados

ajustes, que são apresentados nos subcapítulos seguintes.

5.4.1 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis

Relativamente à correlação entre as anomalias e causas prováveis associadas, considerando que

nas inspecções foi registado o grau de contribuição da causa para a anomalia (directa ou indirecta),

foi utilizada uma forma simplificada de obter um valor comparável com o coeficiente teórico de

correlação (0, 1 para causas indirectas e 2 para directas). Assim, tendo em consideração que uma

causa indirecta pode corresponder a uma directa pouco provável, a uma indirecta pouco provável ou

indirecta provável, foi utilizado o algoritmo que é apresentado seguidamente, de modo a ser possível

obter o grau de correlação entre anomalias e causas (Cac) na amostra.

Nas fórmulas apresentadas, f1 corresponde à frequência relativa dos casos em que foi assinalado o

grau de correlação 1 (causa indirecta) entre a anomalia e a causa e f2 está associado à frequência

relativa dos casos em que se assinalou o grau de correlação 2 (causa directa) entre a anomalia e a

causa (Silvestre, 2005), nomeadamente:

(f1 + f2) ≤ ⅓ Cac = 0

(f2 > f1) ∧ (f2 > ⅓) Cac =2

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93

restantes casos Cac = 1

Após a determinação do grau de correlação entre anomalias e causas na amostra, foi executada uma

tabela (Anexo 5.III, resumida no Quadro 5.5) em que é feita uma comparação das relações de

correlação previstas de forma teórica com os valores obtidos na amostra analisada, sendo

assinalados a verde os casos em que se verifica concordância entre a previsão teórica e os

resultados práticos, a vermelho os casos em que ocorre uma discrepância total (causa supostamente

directa não identificada na amostra como causa ou vice-versa) e a branco a discrepância ligeira

(causa directa identificada como indirecta na amostra, por exemplo) (Silvestre, 2005).

Quadro 5.5 - Comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis

(teórica e na amostra)

C \ A

A-E

1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

C-P1 1 1 0 0 0 0 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P2 2 1 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0 2 1 2 0 amostra 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P4 2 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P5 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 1 2 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0

C-P7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E1 1 0 0 0 2 0 1 1 0 0 2 2 2 2 2 2 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1

C-E2 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 2 1 1 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 1 2 2 2 1 2 2 amostra 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 2 2 2 2 2

C-E4 0 0 0 0 0 0 1 2 0 2 2 0 2 0 0 2 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

C-E5 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E6 1 2 0 0 0 0 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 2 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0

C-E8 1 0 0 0 2 0 2 0 0 0 2 2 0 2 2 2 amostra 1 0 0 0 1 0 2 0 0 0 1 1 1 2 1 0

C-E9 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 2 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E10 1 0 0 0 0 0 2 1 1 1 0 2 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

C-E11 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 amostra 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E12 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 amostra 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0

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94

Quadro 5.5 (Continuação) - Comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as

causas prováveis (teórica e na amostra)

C \ A A

-E1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

C-E13 2 0 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 2 0 0 2 amostra 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2

C-E14 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 2 1 1 2 2 2 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0

C-A1 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-A2 0 1 2 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-A3 1 1 0 2 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-A4 1 1 2 2 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 amostra 1 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

C-A5 2 2 2 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-A6 0 0 0 2 0 0 2 0 2 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

C-M1 1 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-M2 0 0 0 2 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-M3 2 0 0 0 0 0 0 2 1 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0

C-M4 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-M5 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G1 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G2 2 2 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G3 0 2 0 2 0 0 0 1 2 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G4 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G5 2 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-U1 2 2 2 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-U2 2 0 0 0 0 0 2 2 0 1 2 0 1 1 1 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-U3 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Através da análise do Quadro 5.5, constata-se que os casos de discrepância total representam 11,4%

do total dos casos, enquanto os de discrepância ligeira são cerca de 14,2%. Tendo em consideração

que os casos de discrepância total podem implicar alterações na matriz de correlação proposta

inicialmente, estes são posteriormente analisados individualmente. De igual modo, foram analisados

casos de discrepância ligeira, em que as causas consideradas com correlação nula na previsão

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95

teórica apresentam correlação indirecta na amostra, ou vice-versa, não tendo sido necessário

implementar alterações ao índice de correlação. Assim, no Quadro 5.6, é efectuada a referida análise,

sendo que os ajustes introduzidos na matriz teórica correspondem a 5,6% do total dos casos.

Importa referir que a matriz de correlação anomalias - causas prováveis validada (com as respectivas

alterações assinaladas), bem como a respectiva matriz de correlação inter-anomalias corrigida se

encontram em §3.4.2 e §3.4.3, respectivamente.

Quadro 5.6 - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz de correlação

teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de correlação na

amostra - Ca)

Anomalia

(nº de vezes que foi

identificada)

Causa Ct Ca Alteração a efectuar (justificação)

A-E1

(96)

C-P2 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 18% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

C-P3 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-P4 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que a utilização de um agente

descofrante inadequado pode originar manchas na superfície,

mantém-se o grau de correlação e, por conseguinte, o valor de Ct)

C-E13 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 3% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

C-A5 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa

mas, uma vez que a humidade pode ser a causa desta anomalia,

considera-se que tem grau de correlação directo, mantendo-se o

valor de Ct)

C-M3 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada em 3% dos casos como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-G1 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em

consideração que a reacção álcalis-sílica pode originar variações

de tonalidade na superfície, continua-se a considerar que tem grau

de correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)

C-G2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,

considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)

C-G4 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em

consideração que a presença de compostos orgânicos pode

originar manchas na superfície, continua-se a considerar que tem

grau de correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)

C-G5 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-U1 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 31% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

C-U2 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

A-E2

(8) C-P4 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,

dado que certos constituintes do agente descofrante podem

contribuir para o surgimento de eflorescências, considera-se esta

causa como directa pouco provável, alterando-se o valor de Ct)

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96

Quadro 5.6 (Continuação) - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz

de correlação teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de

correlação na amostra - Ca)

A-E2

(8)

C-G2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,

considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)

C-G3 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,

dado que a presença de sal / água salgada pode contribuir para o

surgimento de eflorescências, considera-se esta causa como

directa pouco provável, alterando-se o valor de Ct)

C-G4 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,

dado que a presença de compostos orgânicos pode contribuir para

o surgimento desta anomalia, considera-se esta causa como

directa pouco provável, alterando-se o valor de Ct)

C-U1 2 1 Ct=1 (esta causa foi identificada em 75% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

A-E3

(13)

C-A5 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, uma vez

que esta anomalia necessita de condições de humidade propícias

ao seu desenvolvimento, continua-se a considerar que tem grau de

correlação directo, pelo que se mantém o valor de Ct)

C-G4 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,

considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)

C-U1 2 1 Ct=1 (esta causa foi identificada em 50% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

A-E4

(10)

C-A1 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

C-A3 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o

valor de Ct)

C-A4 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

C-A5 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se

considera associada a esta anomalia)

C-A6 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

C-M1 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-G3 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se

considera associada a esta anomalia)

C-G5 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, dado que o

contacto de ácidos com a superfície provoca desgaste / erosão,

continua-se a considerar que tem grau de correlação directo,

mantendo-se o valor de Ct)

C-U3 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

A-E5

(35)

C-P4 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em

conta que um agente descofrante inadequado potencia a

ocorrência desta anomalia, considera-se que tem grau de

correlação indirecto, alterando-se o valor de Ct)

C-P5 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o

valor de Ct)

C-E1 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 26% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

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97

Quadro 5.6 (Continuação) - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz

de correlação teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de

correlação na amostra - Ca)

A-E5

(35) C-E3 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,

acreditando que cofragem com excesso de utilização potencia esta

anomalia, considera-se esta causa como directa pouco provável,

alterando-se o valor de Ct)

A-M1

(14)

C-E10 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, uma vez

que contribui para um recobrimento das armaduras inadequado

que, por sua vez, propícia a manifestação desta anomalia,

continua-se a considerar que tem um grau de correlação directo e,

por conseguinte, mantém-se o valor de Ct)

C-A6 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

considerando que ciclos gelo / degelo têm um grau de correlação

directo com a presente anomalia, mantém-se o valor de Ct)

C-G1 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada em 6% dos casos como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-U2 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

A-M2

(53)

C-P1 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-P2 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se

considera associada a esta anomalia)

C-P7 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada em 6% dos casos como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-E4 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em

conta que, descofragens precoces podem originar a anomalia,

considera-se que tem grau de correlação directo, mantendo-se o

valor de Ct)

C-E7 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada apenas duas vezes como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-E9 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-A2 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o

valor de Ct)

C-M2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,

considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)

C-M3 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-M4 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada em 26% dos casos como directa

logo, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-U2 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 2% dos casos como indirecta;

logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)

A-M3

(1) C-M1 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,

dado que a abrasão pode contribuir para a manifestação desta

anomalia, considera-se a presente causa como directa pouco

provável, alterando-se o valor de Ct)

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98

Quadro 5.6 (Continuação) - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz

de correlação teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de

correlação na amostra - Ca)

A-M3

(1)

C-G2 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-G3 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, uma vez

que a presença de agentes agressivos contribui para o

desenvolvimento desta anomalia, considera-se que tem grau de

correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)

C-G5 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

A-M4

(21)

C-P7 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-E4 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, como

descofragens tardias podem contribuir directamente para o

surgimento desta anomalia, mantém-se o valor de Ct)

C-E6 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o

valor de Ct)

C-E7 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-E13 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa

mas, uma vez que a falta de agente descofrante facilita a aderência

do betão à cofragem, considera-se que se mantém o grau de

correlação directo, permanecendo o valor de Ct inalterado)

C-A6 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o

valor de Ct)

C-M2 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se

considera associada a esta anomalia)

C-G2 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o

valor de Ct)

A-C1

(36)

C-P3 2 0

Ct=1 (esta causa foi identificada apenas uma vez como indirecta;

logo, considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de

Ct)

C-E2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,

considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)

C-E4 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,

descofragens precoces podem originar deformações não previstas

no elemento de betão, pelo que considerando-a directa pouco

provável, altera-se o valor de Ct)

C-U2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,

considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)

A-C2

(23)

C-E10 2 0

Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa

mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-E12 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

observando que a betonagem em condições atmosféricas

desfavoráveis pode contribuir para a ocorrência desta anomalia,

considera-se que tem grau de correlação indirecto, alterando-se o

valor de Ct)

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99

Quadro 5.6 (Continuação) - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz

de correlação teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de

correlação na amostra - Ca)

A-C3

(31)

C-P3 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, uma vez

que cofragem inadequada pode originar esta anomalia, continua-se

a considerar que tem grau de correlação directo, mantendo-se o

valor de Ct)

C-P5 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

C-E4 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

A-C4

(7) C-E9 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em

consideração que juntas de betonagem mal executadas propiciam

o surgimento desta anomalia, continua-se a considerar que tem

grau de correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)

A-C5

(18)

C-P3 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se

considera associada a esta anomalia)

C-E9 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em

consideração que juntas de betonagem mal executadas propiciam

o surgimento desta anomalia, continua-se a considerar que tem

grau de correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)

C-E14 2 0

Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

continuando a considerar que tem grau de correlação directo,

mantém-se o valor de Ct)

A-C6

(1)

C-E8 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,

dado que durante o processo de vibração do betão podem surgir

danos na cofragem que, por sua vez, aumentam a probabilidade de

surgirem incrustações de cofragem, considera-se a presente causa

como directa pouco provável, alterando-se o valor de Ct)

C-E14 2 0

Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,

considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o

valor de Ct)

5.4.2 Matriz de correlação inter-anomalias

As mudanças introduzidas na matriz de correlação anomalias - causas anteriormente apresentada

originam, por sua vez, alterações na matriz inter-anomalias, em virtude de esta ser determinada com

base na anterior. Assim, o primeiro procedimento corresponde à actualização da matriz inter-

anomalias, de modo a ser possível obter novos índices de correlação percentuais entre anomalias

(CI%). Após a sua obtenção, procede-se à construção de uma tabela (Quadro 5.7), onde é

apresentada, na linha superior, a frequência relativa de ocorrência das anomalias entre si na amostra

e, na linha imediatamente sob esta, o índice de correlação percentual (corrigido) entre essas duas

anomalias.

De modo a ser possível visualizar o ajuste entre as duas matrizes, procedeu-se à divisão dos

resultados por cores representativas do grau de ajustamento entre os índices de correlação

percentuais (Silvestre, 2005):

• a verde, quando a diferença é menor ou igual a 10%;

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100

• a branco, quando a diferença é maior que 10 mas menor que 25%;

• a laranja, quando a diferença é maior ou igual que 25 mas menor que 50%;

• a vermelho, quando a diferença é maior ou igual que 50%.

Quadro 5.7 - Comparação entre as matrizes de correlação inter-anomalias (teórica e na amostra)

C \ A

A-E

1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

A-E1

0% 21% 0% 7% 0% 36% 0% 7% 0% 36% 36% 36% 43% 36% 29%

m. c. 29% 20% 13% 20% 1% 25% 16% 25% 24% 22% 20% 24% 16% 14% 16%

A-E2 0%

13% 0% 0% 13% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

m. c. 58% 42% 11% 5% 5% 18% 16% 39% 26% 11% 8% 5% 5% 3% 5%

A-E3 25% 8%

0% 0% 8% 0% 0% 17% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

m. c. 58% 62% 19% 0% 8% 8% 8% 23% 15% 0% 0% 0% 0% 0% 4%

A-E4 0% 0% 0%

0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

m. c. 38% 15% 19% 0% 19% 12% 8% 42% 12% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-E5 13% 0% 0% 0%

0% 25% 0% 0% 0% 13% 13% 25% 25% 13% 25%

m. c. 68% 9% 0% 0% 0% 27% 9% 5% 23% 59% 45% 68% 50% 41% 50%

A-E6 0% 17% 17% 0% 0%

0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

m. c. 17% 33% 33% 83% 0% 0% 0% 17% 17% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-M1 63% 0% 0% 0% 25% 0%

0% 0% 0% 50% 50% 50% 75% 50% 25%

m. c. 50% 18% 5% 8% 16% 0% 32% 29% 29% 34% 37% 21% 26% 24% 18%

A-M2 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

m. c. 25% 13% 4% 4% 4% 0% 25% 19% 54% 21% 17% 27% 19% 17% 15%

A-M3 10% 0% 20% 0% 0% 0% 0% 0%

40% 0% 10% 0% 0% 0% 0%

m. c. 50% 39% 16% 29% 3% 3% 29% 24% 37% 11% 13% 5% 5% 3% 3%

A-M4 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 67%

0% 0% 0% 0% 0% 0%

m. c. 36% 20% 8% 6% 10% 2% 22% 52% 28% 14% 14% 32% 4% 6% 20%

A-C1 50% 0% 0% 0% 10% 0% 40% 0% 0% 0%

70% 60% 80% 60% 50%

m. c. 61% 14% 0% 0% 46% 0% 46% 36% 14% 25% 61% 64% 57% 54% 50%

A-C2 42% 0% 0% 0% 8% 0% 33% 0% 8% 0% 58%

50% 67% 50% 42%

m. c. 54% 11% 0% 0% 36% 0% 50% 29% 18% 25% 61% 43% 43% 46% 39%

A-C3 36% 0% 0% 0% 14% 0% 29% 0% 0% 0% 43% 43%

50% 43% 50%

m. c. 53% 6% 0% 0% 44% 0% 24% 38% 6% 47% 53% 35% 32% 29% 50%

A-C4 50% 0% 0% 0% 17% 0% 50% 0% 0% 0% 67% 67% 58%

58% 42%

m. c. 55% 9% 0% 0% 50% 0% 45% 41% 9% 9% 73% 55% 50% 77% 45%

A-C5 63% 0% 0% 0% 13% 0% 50% 0% 0% 0% 75% 75% 75% 88%

63%

m. c. 55% 5% 0% 0% 45% 0% 45% 40% 5% 15% 75% 65% 50% 85% 55%

A-C6 33% 0% 0% 0% 17% 0% 17% 0% 0% 0% 42% 42% 58% 42% 42%

m. c. 55% 9% 5% 0% 50% 0% 32% 32% 5% 45% 64% 50% 77% 45% 50%

Assim, verificou-se que em 53,1% dos casos o ajuste é muito bom (casos a verde), em 26,2% dos

casos o ajuste pode considerar-se bom (casos a branco), enquanto que em 18,4% dos casos o ajuste

é razoável (casos a laranja), sendo mau nos restantes 2,3% (casos a vermelho). Deste modo,

considera-se adequada a matriz inter-anomalias proposta, a qual se ajusta às situações em que se

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101

pretende obter a probabilidade de ocorrência simultânea das anomalias que compõem o sistema

classificativo.

5.4.3 Matriz de correlação anomalias-métodos de diagnóstico

Tendo em consideração o sistema classificativo proposto para métodos de diagnóstico de superfícies

de betão à vista (§4.2.1), para cada anomalia identificada foram assinalados os métodos que se

considerou serem os mais adequados para a sua caracterização. Assim, estes resultados foram

comparados com a matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico (§4.3.2) e construída

uma tabela (Quadro 5.8), em que se apresenta na linha superior o grau de correlação teórico do

método com a anomalia e, na linha imediatamente sob esta, a percentagem de casos na amostra em

que determinado método foi associado à anomalia em causa.

Quadro 5.8 - Comparação das matrizes de anomalias - métodos de diagnóstico (teórica e na amostra)

A \ R

D-V

1

D-V

2

D-V

3

D-V

4

D-V

5

D-A

1

D-T

1

D-T

2

D-T

3

D-M

1

D-M

2

A-E1 2 0 0 0 0 0 2 1 1 0 1 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 8% 10% 0% 0% 3%

A-E2 2 0 0 2 0 0 1 1 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-E3 2 0 0 0 0 0 2 1 1 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 69% 31% 31% 0% 0%

A-E4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-E5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-E6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-M1 2 0 2 0 0 0 0 0 1 1 0 amostra 100% 0% 93% 0% 0% 43% 0% 0% 0% 0% 0%

A-M2 2 1 2 0 1 0 0 1 0 1 1 amostra 100% 9% 89% 0% 6% 0% 0% 0% 0% 0% 4%

A-M3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-M4 2 0 0 0 0 2 0 1 0 1 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 19% 0% 52% 19%

A-C1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C2 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

De modo a ser possível visualizar o ajuste entre a previsão teórica e o resultado da amostra,

procedeu-se à divisão dos resultados por cores correspondentes ao grau de ajustamento (Silvestre,

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102

2005):

• a vermelho: 2 < 17%; 0 > 33%;

• a branco: 17% ≤ 2 < 33%; 1 > 50% ou < 17%; 17% < 0 ≤ 33%;

• a verde: 2 ≥ 33%; 17% ≤ 1 ≤ 50%; 0 ≤ 17%.

Através da análise do Quadro 5.8, é possível verificar que em mais de 88% dos casos o ajuste é

muito bom (casos a verde), sendo mau apenas em 1,7% dos casos (a vermelho). Contudo, é

necessário referir que existem alterações que devem ser efectuadas na matriz de correlação, de

modo a reflectir os resultados da campanha de inspecções:

a correlação do método D-T1 Termo-higrómetro com a anomalia A-E1 Manchas deverá ser

alterada para 1, dado que se verificou que este método tem utilidade prática num reduzido número

de casos, onde existe dúvida relativamente ao tipo de mancha presente na superfície;

a correlação do método D-A1 Martelo de borracha com a anomalia A-M1 Fissuração mapeada

deverá ser alterada para 1, dado que se verificou que este método tem utilidade prática nos casos

de dúvida relativamente à causa da anomalia;

a correlação do método D-A1 Martelo de borracha com a anomalia A-M4 Descasque deverá ser

alterada para 1, dado que este método tem utilidade prática em casos específicos onde esta

anomalia se encontra numa fase inicial.

Relativamente aos casos de discrepância ligeira (assinalados a branco), estes foram também

analisados, não tendo sido necessário proceder a alterações.

Importa referir que a matriz validada se encontra em §4.3.2, com as respectivas alterações

assinaladas.

5.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A campanha de inspecções efectuada incluiu um total de 110 superfícies de betão à vista, dispersas

pelo território nacional (Lisboa, Porto, Sintra, Coimbra, Braga, Cascais, Amadora, Montijo, Barreiro,

Almada e Campo Maior), a qual teve por base a análise visual das superfícies, sem quaisquer

ensaios adicionais.

Assim, foram identificadas 371 anomalias nas superfícies de betão à vista inspeccionadas, originando

uma média de 3,4 anomalias por superfície. De igual modo, a média de causas prováveis associadas

a cada anomalia foi de 3,2, enquanto 1,4 corresponde ao número médio de métodos de diagnóstico

passíveis de facilitar a identificação de cada anomalia, o qual corresponde a um valor expectável,

visto que, para determinados tipos de anomalias (como, por exemplo, A-E5 Bolhas de pele e A-E6

Graffiti), não é necessário recorrer a métodos de diagnóstico complementares para identificar a

anomalia ou respectivas causas prováveis.

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103

Tendo em consideração a Figura 5.10, relativa à distribuição absoluta de idades dos imóveis que

constituem a amostra, é possível verificar que a maioria dos edifícios inspeccionados (43%)

corresponde ao período compreendido entre 2000 e 2009, embora exista um número considerável

associado aos períodos temporais de 1990 a 1999 (20,7%) e 2010 a 2015 (24,5%), evidenciando

uma idade média dos edifícios inspeccionados de 12 anos.

Figura 5.10 - Frequência absoluta de idades dos edifícios inspeccionados

Ao longo do presente subcapítulo, a partir da informação obtida durante a campanha de inspecções

executada e cruzamento dos referidos dados, é possível alcançar conclusões relevantes para a

compreensão e melhoria do sistema classificativo proposto.

5.5.1 Frequência observadas das anomalias

Considerando a importância da ocorrência de cada grupo de anomalias na amostra aleatória total de

superfícies de betão à vista inspeccionadas, apresenta-se um gráfico (Figura 5.11) representativo da

sua contribuição relativa, onde é possível verificar a maior expressão das anomalias A-E Estéticas

(44,7%), seguida do grupo A-C Construtivas / geométricas (31,3%) e A-M Mecânicas (24,0%).

Figura 5.11 - Contribuição relativa de cada grupo de anomalias na amostra total inspeccionada

Como forma de detalhar a análise anterior, elaborou-se igualmente a Figura 5.12 que, baseando-se

3

3

11

23

13

[1969 - 1979]

[1980 - 1989]

[1990 - 1999]

[2000 - 2009]

[2010 - 2015]

0 5 10 15 20 25

44,7%

24,0%

31,3%

A-E A-M A-C

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104

no sistema classificativo proposto (§3.2.1), permite compreender facilmente a contribuição relativa de

cada anomalia para a amostra total.

Assim, através da análise da Figura 5.12, é possível verificar que a anomalia A-E1 Manchas é aquela

que apresenta maior frequência (25,9% do total de anomalias), que pode ser justificada pelo facto de

englobar diferentes tipos de manchas (variações de tonalidade / cor, manchas de sujidade, corrosão,

hidratação / humidade). Deste modo, a presença de manchas de sujidade é favorecida pelo facto de

os edifícios inspeccionados se localizarem em envolvente urbana, onde a poluição atmosférica é

permanente, o que contribui para a representatividade significativa da anomalia. De igual modo, o

grande número detectado de manchas resultantes de uma concepção pouco correcta das superfícies

de betão à vista (manchas de hidratação) favoreceu a elevada frequência de referida anomalia.

Da mesma forma, destaca-se a anomalia A-M2 Fissuração direccionada, a qual contribui 14,3% na

amostra total de anomalias inspeccionadas (Figura 5.12). Durante a campanha de inspecções

executada, verificou-se a possibilidade de a presente anomalia estar associada a diferentes causas

prováveis, nomeadamente deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações),

concentração de tensões (junto a aberturas), posicionamento incorrecto de armaduras ou deficiente

concepção de juntas de dilatação. Assim, o facto de causas distintas favorecerem o surgimento da

anomalia pode justificar a frequência considerável registada.

Figura 5.12 - Contribuição relativa de cada anomalia na amostra total inspeccionada

Por outro lado, verifica-se um conjunto de anomalias com frequências semelhantes, nomeadamente

A-E5 Bolhas de pele (9,4%), A-C1 Defeitos de planeza (9,7%) e A-C3 Marcas de tiges (8,4%), as

quais se relacionam directamente com a cofragem ou processo de betonagem / compactação,

evidenciando o cuidado requerido nas referidas operações.

Por último, é necessário salientar as anomalias que surgem com representatividade inferior (inferiores

a 1% do total de anomalias identificadas na campanha de inspecções), como a A-M3 Desagregação

25,9%

2,2%

3,8%2,7%

9,4%

1,1%

3,8%

14,3%

0,3%

5,7%

9,7%

6,2%

8,4%

1,9%

5,1%

0,3%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

A-E1 A-E2 A-E3 A-E4 A-E5 A-E6 A-M1 A-M2 A-M3 A-M4 A-C1 A-C2 A-C3 A-C4 A-C5 A-C6

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105

e A-C6 Incrustações de cofragem. Este facto pode ser explicado pelo tipo de amostra inspeccionada,

a qual é maioritariamente composta por edifícios relativamente recentes e em utilização (serviços).

Em situações normais, a anomalia A-M3 Desagregação é expectável em edifícios mais antigos e sem

cuidados de manutenção (§3.2.2). Além disso, tendo em consideração a arquitectura moderna e

distinta que muitos dos edifícios inspeccionados apresentam, é necessário o recurso a projectos de

cofragem específicos, o que requer a utilização de cofragens novas, minimizando, por sua vez, uma

das causas prováveis da anomalia A-C6 Incrustações de cofragem.

Com o intuito de analisar o número e tipo de anomalia em função da idade que o edifício apresenta,

executou-se a Figura 5.13, o qual representa a frequência relativa de cada anomalia num dado

período no seu total de superfícies. Tendo em consideração que o número de superfícies de betão à

vista inspeccionadas difere por cada intervalo de tempo considerado, o gráfico apresentado foi obtido

através da divisão de cada anomalia num dado período pelo número total de superfícies

inspeccionadas no referido período.

Figura 5.13 - Frequência relativa de cada anomalia num dado período no respectivo número total de

superfícies

Verifica-se que algumas anomalias, como A-M4 Descasque, A-C1 Defeitos de planeza e A-C3

Marcas de tiges, foram identificadas em superfícies de betão à vista com idades distintas, marcando

presença na maioria dos intervalos temporais considerados na análise da Figura 5.13.

De igual modo, a anomalia A-M2 Fissuração direccionada apresenta elevada frequência relativa, com

maior expressão (50,0%) no período temporal 1989 - 1990, reduzindo gradualmente a sua frequência

nos períodos seguintes. A anomalia A-C5 Crostas apresenta igualmente elevada expressão (60%) no

período temporal compreendido entre 1969 e 1979, verificando-se uma redução progressiva a partir

de 1990 - 1999. De qualquer forma, através da análise da Figura 5.13, percebe-se que a anomalia A-

E1 Manchas manteve a sua significativa frequência relativa constante ao longo do tempo, embora

com ligeira ênfase nas superfícies mais antigas (1969 - 1979 e 1980 - 1989), possivelmente pelo facto

de apresentarem maior incidência de manchas de sujidade, em consequência da falta de manutenção

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

[1969 - 1979] [1980 - 1989] [1990 - 1999] [2000 - 2009] [2010 - 2015]

A-C1 A-C2 A-C3 A-C4 A-C5 A-C6 A-E1 A-E2

A-E3 A-E4 A-E5 A-E6 A-M1 A-M2 A-M3 A-M4

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106

aliada a um maior número de anos de exposição a agentes poluentes, o que denota a necessidade

de manutenção ao longo do tempo.

De modo a complementar a análise anterior, elaborou-se a Figura 5.14, que foi obtido pela divisão do

número de anomalias de cada grupo (A-E Estéticas, A-M Mecânicas e A-C Construtivas /

geométricas), num determinado período temporal pelo número total de anomalias identificadas no

referido período.

Figura 5.14 - Frequência relativa de cada grupo de anomalias num dado período no total de

superfícies inspeccionadas

Assim, de acordo com a Figura 5.14, percebe-se que o grupo de anomalias A-E Estéticas apresenta

predominantemente, em todos os períodos temporais apresentados, clara superioridade em termos

da sua frequência relativa, evidenciando o facto de este tipo de anomalia ser o que ocorre mais

frequentemente nos edifícios inspeccionados, nos períodos em análise. Além disso, verifica-se que,

apesar de não existir uma distribuição uniforme ou gradual ao longo dos intervalos temporais

considerados, o grupo de anomalias A-M Mecânicas apresenta a menor frequência relativa (13,1%)

no período compreendido entre 2010 e 2015, o que pode dever-se ao facto de este tipo de anomalias

se encontrar associado a processos mecânicos, os quais se agravam com a idade das superfícies

inspeccionadas.

Por outro lado, a partir do período temporal 1980-1989, observa-se um crescimento significativo do

número de superfícies inspeccionadas com anomalias construtivas, atingindo em 2010-2015 o valor

percentual de 40,4%. Deste modo, pode-se aferir que, embora a evolução tecnológica assistida ao

longo do tempo tenda a reduzir a incidência de anomalias construtivas nas superfícies de betão à

vista, verifica-se que a crescente tentativa de execução de formas / arquitecturas mais ousadas pode

propiciar o efeito contrário, tendo em consideração que não se denota graficamente essa redução ao

42,9%

60,0%

44,7%42,9%

46,5%

21,4%20,0%

34,1%

25,8%

13,1%

35,7%

20,0%21,2%

31,3%

40,4%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

[1969 - 1979] [1980 - 1989] [1990 - 1999] [2000 - 2009] [2010 - 2015]

A-E A-M A-C

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107

nível das anomalias A-C Construtivas / geométricas.

Na Figura 5.15, é possível perceber a relação das anomalias com o respectivo nível de intervenção /

urgência de reparação, onde se apresenta a sua distribuição por anomalia.

Figura 5.15 - Nível de gravidade estimado para cada tipo de anomalia

Através da análise da Figura 5.15, verifica-se uma clara predominância do número de registos

associados ao nível 1, correspondente à intervenção na anomalia inspeccionada até 2 anos,

particularmente nas anomalias construtivas (A-C) e estéticas (A-E5 Bolhas de pele). Tendo em

consideração que as anomalias construtivas (A-C) derivam fundamentalmente de falhas provenientes

do projecto, execução, materiais utilizados ou combinação destes, não se justifica uma intervenção

imediata (até 6 meses) nem monitorização (próxima inspecção) das suas características, uma vez

que não se verifica evolução / desenvolvimento da manifestação patológica. De igual modo, a A-E5

Bolhas de pele, apesar de se enquadrar no grupo A-E Estéticas, pela forma como se dispõe na

superfície, resulta sobretudo de erros construtivos associados a uma incorrecta concepção da

mesma, sendo essa a principal justificação para o nível de intervenção que apresenta.

Por outro lado, verifica-se que a anomalia A-E6 Graffiti está sujeita a intervenção imediata até 6

meses (Figura 5.15), o que pode ser explicado pelo impacte visual negativo que possui na estética

dos edifícios inspeccionados. Além disso, a remoção total da referida anomalia é tanto mais facilitada

quanto mais cedo for intervencionada, o que fundamenta, por sua vez, a urgência de reparação

associada. O mesmo se verifica com a anomalia A-M3 Desagregação em que, devido à gravidade

das consequências relativas ao seu desenvolvimento (§3.2.2), se justifica a urgência associada à sua

reparação (nível 0 - intervenção imediata até 6 meses).

Importa ainda salientar a anomalia A-E1 Manchas que, segundo a Figura 5.15, apresenta

simultaneamente os três níveis de intervenção, o que pode ser justificado pelo facto de ser composta

19,8%

100,0%

100,0%

71,4%

78%

38%

23%

70%

100%

71%

87%

29%

100%

100%

100%

100%

100%

100%

2,1%

62,5%

76,9%

30,0%

28,6%

13,2%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

A-E1

A-E2

A-E3

A-E4

A-E5

A-E6

A-M1

A-M2

A-M3

A-M4

A-C1

A-C2

A-C3

A-C4

A-C5

A-C6

0 - intervenção imediata até 6 meses 1 - intervenção até 2 anos 2 - monotorizar (próxima inspecção)

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por diferentes tipos de manchas (variações de tonalidade / cor, manchas de sujidade, corrosão,

hidratação / humidade), as quais necessitam de urgências distintas de reparação. Assim, manchas de

hidratação / humidade, por resultarem do processo construtivo e, por sua vez, não apresentarem

desenvolvimento da manifestação patológica, foram associadas ao nível 1 (intervenção até 2 anos).

Outro tipo de manchas, que possuam capacidade de evolução e extensão significativa na superfície,

inserem-se no nível de intervenção imediata (até 6 meses), o que vai ao encontro dos critérios

definidos em §5.2. No entanto, na presença de manchas que, apesar de apresentarem predisposição

para se desenvolver, possuíam extensão mínima, considerou-se nível 2 (monitorizar, particularmente

na próxima inspecção).

Por último, através da Figura 5.16, a qual representa a média ponderada da área de superfície

afectada por cada anomalia, é possível verificar que A-E1 Manchas e A-E5 Bolhas de pele são as

duas anomalias que surgem com maior representatividade, com valores de 46,8% e 45,8%,

respectivamente. Esta evidência é explicada pelo facto de a maioria das manchas identificadas

(hidratação), bem como as bolhas de pele, derivarem do processo construtivo. Assim, é expectável

que, na generalidade dos casos, quando ocorrem, se encontrem difundidas na superfície,

exceptuando casos pontuais em que estas apenas resultam de um painel de cofragem deficiente ou

zona de difícil betonagem e, por isso, a anomalia se encontre isolada na superfície. Este dado vem

complementar as conclusões anteriores (Figura 5.11), percebendo-se assim que, além de mais

frequentes, as anomalias estéticas afectam igualmente uma maior percentagem da área de

superfície.

Figura 5.16 - Média ponderada de área de superfície afectada por cada anomalia

Importa também destacar o grupo de anomalias A-C Construtivas / geométricas que, com valores

compreendidos entre 20,0% e 40,0% (com excepção de A-C6 Incrustações de cofragem, que foi

apenas identificada uma vez na amostra inspeccionada), vem ao encontro das ilações retiradas sobre

os dois tipos de anomalias anteriores. Deste modo, além de não apresentarem condições para

46,8%

10,6%

15,8%

13,5%

45,8%

6,3%

26,4%

19,3%

20,0%

13,8%

35,6%

21,7%

38,7%

25,0%

36,6%

10,0%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

A-E1

A-E2

A-E3

A-E4

A-E5

A-E6

A-M1

A-M2

A-M3

A-M4

A-C1

A-C2

A-C3

A-C4

A-C5

A-C6

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109

progressão do fenómeno patológico, uma vez que derivam do processo construtivo, podem ocorrer

de forma generalizada na superfície.

5.5.2 Frequência observada das causas prováveis

Com o intuito de complementar a informação apresentada, nomeadamente os dados relativos às

frequências observadas das anomalias e validação do sistema classificativo proposto associado às

causas prováveis consideradas, apresenta-se seguidamente um gráfico (Figura 5.17) referente à

contribuição relativa de cada grupo de causas (C-P Erros de projecto, C-E Erros de execução, C-A

Acções ambientais, C-M Acções mecânicas, C-G Agentes agressivos e C-U Utilização e manutenção)

para o total de ocorrências registadas na campanha de inspecções.

Figura 5.17 - Contribuição de cada grupo de causas para ocorrência das 371 anomalias identificadas

Através da análise da Figura 5.17, constata-se que, expectavelmente, o grupo de causas C-E Erros

de execução apresenta uma representatividade significativa (67,2%) na ocorrência de anomalias em

superfícies de betão à vista, na medida em que as anomalias A-C Construtivas / geométricas

possuem grande importância no total de anomalias identificadas no decorrer da campanha de

inspecções efectuada. Efectivamente, conforme visto na Figura 5.11, as anomalias A-E Estéticas

apresentam a maior frequência relativa (44,7%), seguidas das A-C Construtivas / geométricas que

possuem um valor percentual de 31,3%. Contudo, determinadas anomalias, como A-E1 Manchas (de

hidratação) e A-E5 Bolhas de pele, apesar de incluídas no grupo A-E Estéticas, resultam sobretudo

de falhas / erros construtivos. Assim, a elevada expressão que as causas C-E Erros de execução

apresentam pode ser explicada pelo facto de propiciarem o surgimento da maioria das anomalias A-C

Construtivas / geométricas, bem como de algumas anomalias A-E Estéticas com importância

considerável no total de superfícies de betão à vista inspeccionadas.

Posteriormente, são apresentados gráficos referentes à frequência relativa das causas para cada tipo

de anomalia detectada, de modo a ser possível analisar a sua contribuição para a ocorrência da

mesma. Assim, na Figura 5.18, apresenta-se graficamente as causas (directas e indirectas)

7,4%

67,2%

11,3%

7,5%

1,3%

5,3%

C-P C-E C-A C-M C-G C-U

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110

associadas à anomalia A-E1 Manchas, com os respectivos valores percentuais.

Assim, analisando a Figura 5.18, é possível verificar a existência de um número considerável de

causas directas e indirectas prováveis associadas ao aparecimento da anomalia A-E1 Manchas, o

qual está relacionado com a existência de diferentes tipos de mancha (variações de tonalidade / cor,

manchas de sujidade, corrosão, hidratação / humidade e de reparação). De acordo com os dados

estatísticos obtidos, as manchas de sujidade, hidratação e reparação constituem os três tipos mais

representativos na amostra inspeccionada. Deste modo, é possível explicar os valores gráficos

(Figura 5.18) mais representativos, uma vez que a causa directa C-A1 Partículas de sujidade

susceptíveis de serem transportadas (29,2%) e as causas indirectas C-A4 Presença de água / chuva

(30,2%), C-U1 Periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial (31,3%)

e C-P2 Concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (18,8%), estão especificamente

associadas à génese de manchas de sujidade. Por outro lado, a elevada representatividade da causa

directa C-E3 Cofragem deficiente / com excesso de utilização (68,8%), aliada às causas indirectas C-

E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão (52,1%), C-E11 Deficiente preparação dos

moldes (64,6%) e C-E12 Betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis (64,6%), pode ser

explicada pela sua associação ao surgimento de manchas de hidratação. Além disso, as manchas de

reparação resultam da causa directa C-U2 Acções de manutenção / pequena reparação

deficientemente executadas, a qual apresenta uma frequência expectável de 10,4%, pois a referida

anomalia corresponde ao tipo de A-E1 Manchas menos representativo na amostra inspeccionada.

Figura 5.18 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E1 Manchas

Relativamente à anomalia A-E2 Eflorescências (Figura 5.19), importa referir que foi detectada em 8

superfícies de betão à vista inspeccionadas, tendo sido registadas 23 causas prováveis (directas e

indirectas) associadas à anomalia.

Tendo por base a representação gráfica anterior (Figura 5.19), verifica-se que a principal causa

directa corresponde à C-E6 Utilização de materiais inapropriados, nomeadamente água contaminada

1,0%

68,8%

1,0% 1,0%

29,2%

3,1% 4,2% 1,0% 1,0% 3,1%10,4%

18,8%

5,2% 1,0%

52,1%

2,1%

64,6%

64,6%

3,1%

4,2%

1,0%10,4%

30,2%31,3%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%A-E1 MANCHAS

Directa Indirecta

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111

e agregados reactivos, a qual apresenta uma frequência relativa de 100% para a ocorrência da

anomalia. De igual modo, a C-A5 Humidade (ciclos secagem / molhagem) apresenta-se como causa

indirecta para o desenvolvimento de A-E2 Eflorescências. Ambos os resultados gráficos são

expectáveis, em virtude de a combinação de ambos os factores ser responsável pela génese da

anomalia em questão, conforme referido em §3.2.2.

Figura 5.19 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E2 Eflorescência

Por último, verifica-se que a C-U1 Periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção

superficial se apresenta como causa indirecta relevante (75%) o que resulta do facto de, em muitas

superfícies inspeccionadas, se verificar a falta de limpeza, bem como a ausência de produtos de

impermeabilizantes da superfície.

A anomalia A-E3 Colonização biológica foi identificada em 13 inspecções, tendo sido registadas na

amostra 41 causas prováveis (directas e indirectas) associadas a esta anomalia (média de 3,2 causas

prováveis).

Considerando a Figura 5.20, associada à referida anomalia, constata-se que a principal causa para a

sua manifestação corresponde à C-A4 Presença de água / chuva, o que é facilmente explicado pelo

facto de a anomalia se encontrar associada à presença de água / humidade nas superfícies, a qual é

um factor preponderante para o seu desenvolvimento (§3.2.2).

Verifica-se ainda a sua relação com causas indirectas relevantes, nomeadamente C-P2 Concepção

incorrecta ou inexistência de pontos singulares, que favorece a acumulação de água, C-A2 Exposição

solar alta / reduzida (46,2%), que contribui para a permanência de humidade na superfície, C-U1

Periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial (46,2%) e C-A1

Partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas (84,6%), que propicia o desenvolvimento

de microrganismos biológicos, facilmente minimizado através de limpezas regulares.

100,0%

12,5%

100,0%

75,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-P4 C-E6 C-A5 C-U1

A-E2 EFLORESCÊNCIAS

Directa Indirecta

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112

Figura 5.20 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E3 Colonização

biológica

A anomalia A-E4 Desgaste / erosão foi detectada em 10 inspecções, tendo sido registadas na

amostra 14 causas prováveis associadas à sua ocorrência, resultando uma média de 1,4 causas

prováveis para a referida anomalia. Graficamente (Figura 5.21), verifica-se a existência de causas

(directas e indirectas) com frequências relativas pouco significativas (10%).

Figura 5.21 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E4 Desgaste / erosão

De igual forma, é possível constatar que a C-M2 Choques / pancadas corresponde à causa directa

mais relevante, com uma contribuição relativa de 80% para a ocorrência da anomalia, o que pode ser

explicado pelo facto de as superfícies inspeccionadas com a referida manifestação patológica se

encontrarem em locais com exposição considerável (zonas de passagem, arestas salientes, etc.),

propícios a contactos acidentais. Assim, percebe-se a necessidade de protecção de zonas

superficiais mais susceptíveis a esta anomalia, de modo a ser possível evitar o seu surgimento.

A anomalia A-E5 Bolhas de pele foi identificada em 35 inspecções e apresenta 119 causas prováveis

(directas e indirectas) que favorecem o seu aparecimento, originando, por sua vez, uma média de 3,4

100,0%

38,5%

84,6%

46,2% 46,2%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-P2 C-A1 C-A2 C-A4 C-U1

A-E3 COLONIZAÇÃO BIOLÓGICA

Directa Indirecta

10,0%

80,0%

10,0%10,0% 10,0% 10,0% 10,0%0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

C-P2 C-A1 C-A4 C-A6 C-M1 C-M2 C-M3

A-E4 DESGASTE / EROSÃO

Directa Indirecta

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113

causas por anomalia. Tendo em consideração o gráfico anterior (Figura 5.22), relativo à referida

anomalia, verifica-se que a C-P3 Cofragem inadequada se apresenta como a principal causa directa

registada na campanha de inspecções efectuada. Por outro lado, constata-se igualmente a existência

de causas indirectas, como a C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada (25,7%), C-E11

Deficiente preparação dos moldes (14,3%), C-E12 Betonagem em condições atmosféricas

desfavoráveis (8,6%) e C-E13 Ausência / deficiente colocação de agente descofrante (94,3%).

Importa referir que a C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão constitui

simultaneamente uma causa directa (20,0%) e indirecta (77,1%).

Figura 5.22 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E5 Bolhas de pele

Analisando os resultados anteriores, consideram-se expectáveis as frequências relativas obtidas na

campanha de inspecções efectuada. Considerou-se a manifestação generalizada da presente

anomalia resultante de erros associados ao projecto (escolha inadequada de cofragem), em virtude

de existirem actualmente cofragens capazes de reduzir significativamente a incidência desta

anomalia, o que não se verificou nestes casos específicos. Por outro lado, quando a anomalia foi

identificada em zonas pontuais da superfície, considerou-se como causa provável erros de execução

associados à betonagem ou cofragem deficiente das zonas em questão, visto que as superfícies

contíguas não apresentavam a referida anomalia.

Todas as causas referidas, directas e indirectas, correspondem a erros de execução (C-E) ou erros

de projecto (C-P), o que evidencia o facto de a anomalia A-E5 Bolhas de pele, apesar de se

enquadrar no grupo A-E Estéticas (pela forma como se manifesta visualmente), resultar sobretudo de

falhas construtivas associadas a concepções pouco correctas da superfície.

A última anomalia estética (A-E) é a A-E6 Graffiti, cujas causas se encontram graficamente

representadas na Figura 5.23. A presente anomalia foi detectada em 4 inspecções, tendo sido

registadas na amostra 6 causas prováveis (directas e indirectas) associadas à sua ocorrência,

resultando uma média de 1,5 causas prováveis para este tipo de anomalia.

Através da análise da Figura 5.23, verifica-se a existência de duas causas que contribuem para o

100,0%

20,0%25,7%

77,1%

14,3% 8,6%

94,3%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-P3 C-E1 C-E8 C-E11 C-E12 C-E13

A-E5 BOLHAS DE PELE

Directa Indirecta

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114

aparecimento desta anomalia. A causa C-U3 Vandalismo apresenta-se como a principal causa desta

manifestação patológica, tendo sido registada como causa directa em todas as ocorrências. Por sua

vez, a causa C-U1 Periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial

encontra-se associada à presente anomalia, em virtude de uma rápida intervenção facilitar a sua

remoção.

Figura 5.23 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E6 Graffiti

Da análise da Figura 5.24, é possível verificar que a anomalia A-M1 Fissuração mapeada tem como

causa directa, associada à maioria dos 14 casos em que foi identificada, a C-E8 Betonagem /

compactação / cura deficiente do betão, o que é expectável, dado que, geralmente, a fissuração

mapeada identificada se deve a fenómenos de retracção. As causas indirectas resumem-se a C-E12

Betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis (71,4%), C-E3 Cofragem deficiente / com

excesso de utilização (50,0%) e C-E11 Deficiente preparação dos moldes (28,6%), realçando, mais

uma vez, a importância da cofragem e da sua preparação, na execução de superfícies de betão à

vista. Com menor frequência, surge na amostra A-M1 Fissuração mapeada associada à causa directa

C-G1 Reacção álcalis-sílica.

Figura 5.24 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M1 Fissuração

mapeada

100,0%

50,0%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

C-U1 C-U3

A-E6 GRAFFITI

Directa Indirecta

7,1%

71,4%

14,3%

7,1%

14,3%

7,1%

50,0%

7,1%

28,6%

71,4%

7,1%0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

C-E1 C-E3 C-E6 C-E7 C-E8 C-E11 C-E12 C-A2 C-A5 C-G1 C-U1

A-M1 FISSURAÇÃO MAPEADA

Directa Indirecta

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115

Da análise da Figura 5.25, é possível verificar que a anomalia A-M2 Fissuração direccionada tem

como causas directas, associadas à generalidade dos 53 casos em que foi identificada, acções

mecânicas (C-M5 Concentração de tensões (64,2%) e C-M4 Deslocamentos da estrutura (26,4%)),

conforme seria expectável.

Figura 5.25 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M2 Fissuração

direccionada

Existe, no entanto, uma minoria de casos em que as causas directas estão relacionadas com erros de

execução, estando a causa C-E7 Material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de

dilatação na origem de 3,8% dos casos, enquanto a C-P7 Concepção / posicionamento deficiente das

juntas de dilatação, relacionada com erros de concepção, tem uma representatividade de 5,7%,

revelando a existência de falta de cuidado na concepção das juntas de dilatação e, seguidamente, a

inadequação do material de preenchimento utilizado, que não acompanha a amplitude de

movimentos das mesmas.

A anomalia A-M3 Desagregação foi identificada apenas uma vez, tendo sido assinaladas como

prováveis 5 causas indirectas e 1 causa directa, relacionadas com esta anomalia. Dado o número

reduzido de incidência da presente anomalia na amostra, não é possível generalizar as conclusões a

retirar. No entanto, na Figura 5.26, apresenta-se o gráfico referente à contribuição das causas para a

ocorrência da anomalia, onde se verifica que é assinalada a C-M3 Corrosão / expansão da armadura

como causa directa, bem como a C-P6 Deficiente pormenorização das armaduras,a C-A4 Presença

de água / chuva, o C-A6 Gelo (ciclos gelo / degelo), os C-G2 Sulfatos e C-G5 Ácidos como causas

indirectas.

Da análise da Figura 5.27, é possível verificar que a anomalia A-M4 Descasque tem associada, à

generalidade dos casos, C-M3 Corrosão / expansão da armadura como causa directa e C-E10

Posicionamento pouco rigoroso das armaduras como indirecta, revelando a importância de um

recobrimento adequado na prevenção deste tipo de anomalia que, muitas vezes, é negligenciado,

devido a uma fiscalização inexistente / deficiente (C-E14) antes da betonagem.

5,7% 3,8%

26,4%

64,2%

1,9%0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

C-P7 C-E7 C-M4 C-M5 C-U2

A-M2 FISSURAÇÃO DIRECCIONADA

Directa Indirecta

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116

Figura 5.26 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M3 Desagregação

Por outro lado, com incidência pouco significativa na amostra, foram identificados casos de

descasque resultantes de descofragens precoces ou tardias, justificando assim a associação destes

às causas C-E4 Tempo de descofragem inadequado (directa) e C-E13 Ausência / deficiente

colocação de agente descofrante (directa).

Figura 5.27 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M4 Descasque

A anomalia A-C1 Defeitos de planeza foi inspeccionada 36 vezes no total da amostra considerada,

tendo sido registadas 115 causas prováveis (directas e indirectas) associadas à sua ocorrência.

Assim, verifica-se uma média de 3,2 causas prováveis para a presente manifestação patológica.

Tendo em consideração a Figura 5.28, constata-se que a C-E3 Cofragem deficiente / com excesso de

utilização se apresenta como causa directa para o aparecimento da anomalia A-C1 Defeitos de

planeza, revelando a sua associação a desvios na cofragem, podendo estes ocorrer antes da

betonagem (cofragem mal posicionada) ou durante a mesma, devido ao impulso do betão fresco.

Assim, é expectável a associação das causas C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada

(83,3%), C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão (100,0%) e C-E14 Fiscalização

100,0%100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-P6 C-A4 C-A6 C-G2 C-G5 C-M3

A-M3 DESAGREGAÇÃO

Directa Indirecta

4,8% 4,8%

95,2%

4,8%

95,2%

4,8% 9,5%0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-E1 C-E4 C-E10 C-E11 C-E13 C-E14 C-M3

A-M4 DESCASQUE

Directa Indirecta

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117

inexistente / deficiente (33,3%) como indirectas.

Figura 5.28 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C1 Defeitos de

planeza

A anomalia A-C2 Ninhos de agregados / chochos constitui uma anomalia construtiva (A-C), detectada

em 23 inspecções, tendo sido assinaladas na amostra 85 causas prováveis, o que resulta numa

média de 3,7 causas prováveis para a ocorrência da referida anomalia.

Considerando a Figura 5.29, verifica-se a existência de duas causas directas, a C-E3 Cofragem

deficiente / com excesso de utilização (100%) e C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do

betão (30,4%). Relativamente às causas indirectas, destacam-se a C-P6 Deficiente pormenorização

das armaduras (73,9%), C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada (34,8%), C-E14

Fiscalização inexistente / deficiente (60,9%) e C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do

betão (69,6%).

Figura 5.29 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C2 Ninhos de

agregados / chochos

100,0%

83,3%

100,0%

2,8%

33,3%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-E1 C-E3 C-E8 C-E11 C-E14

A-C1 DEFEITOS DE PLANEZA

Directa Indirecta

100,0%

30,4%

73,9%

34,8%

69,6%

60,9%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-P6 C-E1 C-E3 C-E8 C-E14

A-C2 NINHOS DE AGREGADOS / CHOCHOS

Directa Indirecta

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118

Tendo em consideração que se trata de uma anomalia construtiva (A-C), é expectável a sua

associação a C-P Erros de Projecto e C-E Erros de execução (Figura 5.29), uma vez que na origem

da A-C2 Ninhos de agregados podem estar diversas causas, como a ausência de estanqueidade da

cofragem, zonas densamente armadas e um processo de vibração pouco cuidado, conforme referido

em §3.2.2.

Na Figura 5.30, referente à anomalia A-C3 Marcas de tiges, é possível constatar que as principais

causas directas correspondem à C-E3 Cofragem deficiente / com excesso de utilização e C-E7

Material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação, revelando duas

manifestações distintas da presente anomalia. Assim, 51,6% dos casos referem-se a uma deficiente

execução da zona envolvente do orifício, quando estes se encontram visíveis, tendo, por isso,

associadas as causas indirectas C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada, C-E8

Betonagem / compactação / cura deficiente do betão e C-E13 Ausência / deficiente colocação de

agente descofrante.

Figura 5.30 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C3 Marcas de tiges

Por outro lado, 45,2% correspondem a casos em que se recorre a argamassas de coloração diferente

da superfície, de modo a ser possível ocultar estas marcas deixadas no betão.

A anomalia A-C4 Esbabaçado foi detectada em 7 inspecções, tendo sido registadas na amostra 27

causas prováveis (directas e indirectas) associadas à sua ocorrência, resultando numa média de 3,9

causas prováveis para o presente tipo de anomalia.

Analisando a Figura 5.31, é possível verificar que as causas directas C-E3 Cofragem deficiente / com

excesso de utilização e C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão foram registadas

na totalidade dos casos em que a anomalia A-C4 Esbabaçado foi identificada, o que é justificável pelo

facto de esta ter como causas prováveis para a sua ocorrência uma deficiente concepção da ligação

cofragem-betão (permitindo a passagem de calda de cimento) e excesso de vibração, aliados a mão-

de-obra inexperiente (C-E1) e fiscalização inexistente / deficiente (C-E14).

51,6%45,2%

3,2%

58,1%

32,3%

54,8%

6,5%0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

C-E1 C-E3 C-E7 C-E8 C-E13 C-E14

A-C3 MARCAS DE TIGES

Directa Indirecta

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119

Figura 5.31 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C4 Esbabaçado

Relativamente à anomalia A-C5 Crostas, é possível constatar, através da análise da Figura 5.32, que,

na totalidade dos casos em que foi identificada, esta tem associada as causas prováveis C-E3

Cofragem deficiente / com excesso de utilização, como directa, e C-E8 Betonagem / compactação /

cura deficiente do betão, como indirecta. Assim, percebe-se que esta anomalia deriva sobretudo de

erros de execução, devidos a uma rigidez insuficiente de um painel de cofragem, que dificulta o

suporte dos impulsos do betão sobre o molde e, por essa razão, deforma-o, criando assim um

pequeno espaço que permite a passagem de água e finos. Juntamente com as causas anteriores, C-

E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada, C-E11 Deficiente preparação dos moldes e C-E14

Fiscalização inexistente / deficiente podem igualmente contribuir para o surgimento desta anomalia.

Figura 5.32 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C5 Crostas

A anomalia A-C6 Incrustações de cofragem foi identificada apenas uma vez, tendo sido assinaladas,

como prováveis, 2 causas indirectas e 2 causas directas, relacionadas com esta anomalia. Dada a

reduzida frequência da presente anomalia na amostra, não é possível generalizar as conclusões

seguintes. No entanto, na Figura 5.33, apresenta-se a contribuição das causas para a ocorrência da

100,0% 100,0%100,0%85,7%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-E1 C-E3 C-E8 C-E14

A-C4 ESBABAÇADO

Directa Indirecta

100,0%

38,9%

100,0%

11,1%

27,8%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-E1 C-E3 C-E8 C-E11 C-E14

A-C5 CROSTAS

Directa Indirecta

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anomalia, onde se verifica que são assinaladas C-E3 Cofragem deficiente / com excesso de utilização

e C-E13 Ausência / deficiente colocação de agente descofrante como causas directas, bem como a

C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada e C-E4 Tempo de descofragem inadequado como

causas indirectas. Assim, percebe-se a importância da utilização de cofragem em bom estado aliada

a um tempo de descofragem correcto, bem como a correcta aplicação do agente descofrante, na

execução de superfícies de betão à vista.

Figura 5.33 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C6 Incrustações de

cofragem

5.5.3 Frequência observada dos métodos de diagnóstico

Tendo em consideração a análise efectuada para as causas prováveis associadas às anomalias

consideradas, procedeu-se à execução de gráficos representativos da frequência relativa dos

métodos de diagnóstico propostos para cada anomalia, de modo a ser possível reter algumas

conclusões relevantes. Assim, com o intuito de facilitar a compreensão gráfica das figuras, foram

executados três gráficos correspondentes a cada grupo de anomalias (A-E Estéticas, A-M Mecânicas

e A-C Construtivas / geométricas).

Considerando o grupo de anomalias A-E Estéticas (Figura 5.34), verifica-se que o método mais

utilizado no processo de diagnóstico de anomalias corresponde ao D-V1 Inspecção visual, o qual

apresenta uma frequência relativa de 100% em todas as anomalias inspeccionadas, sendo um facto

expectável, na medida em que as inspecções se basearam fundamentalmente no exame

macroscópico / observação visual.

Para a anomalia A-E2 Eflorescências, observa-se ainda que, além do método D-V1 Inspecção visual,

a utilização de D-V4 Tiras colorimétricas é complementar do anterior, em virtude de apresentar

igualmente uma frequência de 100% para as superfícies de betão à vista inspeccionadas, o que pode

ser justificado pelo facto de ser um método não destrutivo e de grande simplicidade, que facilita o

processo de inspecção e diagnóstico da presente anomalia.

100,0% 100,0%100,0% 100,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

C-E1 C-E3 C-E4 C-E13

A-C6 INCRUSTAÇÕES DE COFRAGEM

Directa Indirecta

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121

Por outro lado, de acordo com a Figura 5.34, constata-se que, para a identificação das anomalias A-E

Estéticas, determinação das suas causas prováveis e avaliação da respectiva extensão, não são

aplicados todos os métodos de diagnóstico propostos, nomeadamente o D-V2 Fissurómetro, D-V3

Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras, D-V5 Testemunhos, D-A1 Martelo de borracha e

D-M1 Magnetómetro. Tendo em consideração que os referidos métodos se relacionam com

anomalias associadas a deslocamentos impostos e/ou acções estáticas e dinâmicas, capazes de

degradar fisicamente a superfície de betão à vista, ou causas associadas a elementos metálicos,

justifica-se a sua não utilização nas anomalias A-E Estéticas.

Figura 5.34 - Frequência relativa dos métodos de diagnóstico para cada anomalia do grupo A-E

Estéticas

É possível verificar que as anomalias A-E1 Manchas e A-E3 Colonização biológica são as que

apresentam maior número de métodos possíveis de serem utilizados no seu processo de diagnóstico,

além do método D-V1 Inspecção visual, que está presente em todas as anomalias consideradas.

Apesar das frequências reduzidas, métodos como o D-T1 Termo-higrómetro (8,3%), D-T2

Termografia de infravermelhos (10,4%) e D-M2 Meia-célula galvânica (3,1%) podem auxiliar a

identificação das causas associadas à anomalia A-E1 Manchas. Efectivamente, existindo manchas de

diferentes tipos, nomeadamente variações de tonalidade / cor, manchas de sujidade, corrosão,

hidratação / humidade, com causas prováveis distintas, os referidos métodos de diagnóstico podem

permitir a confirmação do tipo de mancha presente em determinada superfície. Relativamente à

anomalia A-E3 Colonização biológica, verifica-se que o D-T1 Termo-higrómetro constitui um método

de diagnóstico relevante, devido à sua frequência relativa significativa (69,2%), sendo este um valor

expectável, tendo em consideração que é uma ferramenta importante na detecção de zonas com

elevado teor de humidade que, por sua vez, contribui para o desenvolvimento da referida anomalia.

De igual modo, os métodos D-T2 Termografia de infravermelhos (30,8%) e D-T3 ISAT - initial surface

absorption test (30,8%) permitem auxiliar o processo de diagnóstico de causas associadas à

manifestação da referida anomalia.

100,0%

8,3% 10,4%

3,1%

100,0%

69,2%

30,8% 30,8%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

D-V1 D-V2 D-V3 D-V4 D-V5 D-A1 D-T1 D-T2 D-T3 D-M1 D-M2

A-E1 A-E2 A-E3 A-E4 A-E5 A-E6

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122

Posteriormente, apresenta-se o gráfico referente ao grupo de anomalias A-M Mecânicas (Figura

5.35), o qual permite verificar o valor percentual da contribuição dos métodos de diagnóstico

propostos para cada anomalia do referido grupo.

Figura 5.35 - Frequência relativa dos métodos de diagnóstico para cada anomalia do grupo A-M

Mecânicas

Tal como no gráfico correspondente ao grupo A-E Estéticas (Figura 5.34), constata-se que houve

necessidade de se recorrer ao método A-V1 Inspecção visual no diagnóstico de todas as anomalias

A-M Mecânicas presentes em superfícies de betão à vista (Figura 5.35), tendo em consideração que

permite a caracterização geral do estado da mesma, servindo como meio de partida para a selecção

dos restantes métodos de diagnóstico a aplicar.

Relativamente às anomalias A-M1 Fissuração mapeada e A-M2 Fissuração direccionada, verifica-se

uma representatividade considerável do método de diagnóstico D-V3 Comparador de fissuras /

medidor óptico de fissuras, devido à sua simplicidade, a qual permite quantificar facilmente a

dimensão de fissuras existentes, auxiliando o processo de diagnóstico in situ. Além disso, o D-A1

Martelo de borracha é igualmente importante na determinação da(s) causa(s) associada(s) à

anomalia A-M1 Fissuração mapeada, apresentando uma frequência relativa de 42,9%.

De igual modo, observa-se que o método de diagnóstico D-M1 Magnetómetro apresenta uma

expressão considerável (52,4%) na anomalia A-M4 Descasque, aliado ao método D-M2 Meia-célula

galvânica (19%), dado que permite um diagnóstico fiável e eficiente das causas prováveis da referida

anomalia. Por outro lado, o método D-T2 Termografia de infravermelhos (14,3%) permite auxiliar o

processo de identificação da anomalia, através de uma análise pormenorizada dos fenómenos de

degradação da superfície de betão à vista, evidenciando a anomalia A-M4 Descasque.

A primeira evidência gráfica que se constata é a utilização em todas as anomalias das superfícies de

betão à vista inspeccionadas do método de diagnóstico D-V1 Inspecção visual, o que reflecte, tal

como nos casos anteriores (Figura 5.34 e 5.35), a sua importância no processo de identificação de

100,0%92,9%

42,9%

9,4%

88,7%

5,7% 3,8%

14,3%

52,4%

19,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

D-V1 D-V2 D-V3 D-V4 D-V5 D-A1 D-T1 D-T2 D-T3 D-M1 D-M2

A-M1 A-M2 A-M3 A-M4

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anomalias e respectivas causas associadas. O facto de nas anomalias A-C Construtivas /

geométricas não terem sido utilizados outros métodos de diagnóstico complementares deve-se

sobretudo a não ser necessária a medição de nenhuma grandeza ou utilização de equipamento

complementar para diagnosticar estas anomalias.

5.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO

No presente capítulo, procedeu-se à validação dos sistemas classificativos propostos (§3.2.1, §3.3 e

§4.2.1) e das respectivas matrizes de correlação, tendo sido efectuada a análise estatística dos

dados recolhidos na campanha de inspecções realizada.

A amostra significativa de inspecções efectuadas e respectiva informação obtida possibilitaram

confirmar a fiabilidade e eficácia dos sistemas classificativos propostos para superfícies de betão à

vista e matrizes de correlação correspondentes. De igual modo, foram efectuadas algumas alterações

pertinentes, com o intuito de melhorar e adequar os referidos sistemas a casos reais, as quais

englobaram sobretudo a modificação de determinados coeficientes de correlação. Assim, verifica-se

um ajuste de 5,6% nos coeficientes de correlação da matriz anomalias - causas prováveis e 1,7% nos

coeficientes da matriz anomalias - métodos de diagnóstico.

De igual modo, importa salientar as principais conclusões resultantes da análise estatística efectuada

à informação recolhida, nomeadamente a frequência relativa associada a determinadas anomalias,

causas preferenciais para a sua ocorrência em superfícies de betão à vista, métodos de diagnóstico

mais adequados à sua identificação, níveis de gravidade associados e média de área de superfície

afectada por cada anomalia.

Assim, relativamente às frequências relativas das anomalias identificadas em superfícies de betão à

vista, destaca-se o seguinte:

é possível verificar a maior expressão do grupo de anomalias A-E Estéticas (44,7%), seguida do

grupo A-C Construtivas / geométricas (31,3%) e A-M Mecânicas (24,0%);

a anomalia A-E1 Manchas possui maior representatividade (87,3%) no total de superfícies

inspeccionadas, sendo este facto explicado pelos diferentes tipos de manchas (variações de

tonalidade / cor, manchas de sujidade, corrosão, hidratação / humidade) que a mesma engloba,

seguida da anomalia A-M2 Fissuração direccionada (48,2%);

relativamente à idade dos edifícios inspeccionados, a anomalia A-E1 Manchas manteve a sua

frequência relativa elevada constante, embora com ligeira preponderância nas superfícies mais

antigas, devido à maior incidência de manchas de sujidade, em consequência da falta de

manutenção e maior número de anos de exposição a agentes poluentes;

em relação aos níveis de gravidade de determinada anomalia, verifica-se predominância do nível

1, correspondente à intervenção na anomalia inspeccionada até 2 anos, particularmente nas

anomalias construtivas (A-C) e estéticas (A-E5 Bolhas de pele e A-E6 Graffiti);

quanto à média ponderada de área de superfície afectada, conclui-se que A-E1 Manchas

(46,8%) e A-E5 Bolhas de pele (45,8%) são as anomalias que surgem com maior

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representatividade, o que pode ser explicado pelo facto de derivarem do processo construtivo,

sendo expectável que se encontrem generalizadas na superfície.

Tendo em consideração as causas prováveis associadas à ocorrência das anomalias identificadas, é

possível constatar algumas conclusões importantes, nomeadamente:

os grupos de causas C-E Erros de execução e C-A Acções ambientais encontram-se associados

de forma maioritária às anomalias observadas, 67,2% e 11,3% respectivamente, sendo de todo

o interesse uma cuidada execução das superfícies de betão à vista e consequente manutenção;

as causas C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão e C-E3 Cofragem

deficiente / com excesso de utilização possuem elevada frequência no total de anomalias

identificadas, o que se explica pela sua associação à anomalia A-E1 Manchas que possui

elevada representatividade na amostra considerada e por contribuírem para a génese da maior

parte das anomalias A-C Construtivas / geométricas;

as causas C-A1 Partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas e C-A4 Presença de

água / chuva, possuem valores superiores a 11%, o que pode resultar do facto de estarem na

origem de A-E1 Manchas (de sujidade) e A-E3 Colonização biológica;

a anomalia A-E1 Manchas deriva em 68,8% dos casos de cofragem deficiente (C-E3), tendo

associadas, como indirectas, as causas C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do

betão, C-E11 Deficiente preparação dos moldes e C-E12 Betonagem em condições atmosféricas

desfavoráveis, o que revela que a maior percentagem desta anomalia se refere a manchas de

hidratação;

a anomalia A-M2 Fissuração direccionada resulta, em mais de metade dos casos

inspeccionados (64,2%), de concentração de tensões (C-M5).

Por último, é necessário salientar as conclusões relevantes relacionadas com os métodos de

diagnóstico das superfícies de betão à vista inspeccionadas. Assim:

o método D-V1 Inspecção visual encontra-se associado à totalidade das anomalias identificadas,

uma vez que serve como meio de partida para a selecção dos restantes métodos de diagnóstico

a aplicar e permite a identificação da anomalia, bem como das causas prováveis associadas;

relativamente à anomalia A-E2 Eflorescências, verifica-se a utilização do método D-V4 Tiras

colorimétricas à totalidade dos casos, o que pode permitir conhecer a origem dos sais

associados;

verifica-se uma frequência significativa de utilização dos métodos D-T Termo-higrométricos à

anomalia A-E3 Colonização biológica;

o método de diagnóstico D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras possui

elevada frequência nas anomalias A-M1 Fissuração mapeada e A-M2 Fissuração direccionada,

com valores de 92,9% e 88,7%, respectivamente;

a anomalia A-M4 Descasque tem associada, a mais de metade dos casos em que foi

identificada, o método D-M1 Magnetómetro;

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125

relativamente às anomalias construtivas (A-C), estas encontram-se exclusivamente associadas

ao método D-V1 Inspecção visual.

Assim, através da execução de uma campanha de inspecções a 110 superfícies verticais de betão à

vista, foi possível verificar a sua importância no processo de validação do sistema classificativo

proposto, tendo permitido comprovar os pressupostos teóricos apresentados em capítulos anteriores.

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127

6. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conhecimento adquirido ao longo do desenvolvimento da presente dissertação permitiu verificar as

potencialidades do betão à vista como solução arquitectónica de elevada durabilidade,

particularmente no caso de se proceder a uma execução cuidada, implementando uma estratégia de

manutenção pró-activa do tipo predictivo. A prática pró-activa de prescrições apropriadas à

monitorização de problemas patológicos em superfícies de betão à vista é fundamental na

minimização da génese de determinadas anomalias e melhoria significativa da sua qualidade

estética.

São necessárias estratégias de manutenção pró-activas, e planos de inspecções periódicas devem

ser correctamente delineados, devendo estes últimos ser desprovidos de subjectividade ou

dependência de conhecimentos técnicos do inspector. Sendo as superfícies de betão à vista

susceptíveis a diversos problemas patológicos, devidos a procedimentos inadequados de projecto,

execução ou utilização, bem como a problemas intrínsecos dos seus constituintes, agravados pela

presença de ambientes agressivos, justifica-se a formação e sensibilização dos agentes envolvidos

no processo construtivo.

A contínua evolução tecnológica proporcionou meios capazes de fabricar betão com uma composição

suficientemente regular e uniforme, de forma a que a sua superfície fosse a expressão estética da

sua vertente estrutural. Contudo, constata-se que nem sempre a qualidade da superfície acompanha

o referido desenvolvimento, o que contribui para o incremento da sua patologia e consequente nível

de gravidade associado. Assim, a especialização dos diferentes intervenientes no processo de

concepção, execução e inspecção, providos de instrumentos e meios eficazes na análise de

manifestações patológicas existentes, determinação de causas prováveis, adequabilidade do(s)

método(s) de diagnóstico e técnica(s) de reparação utilizada(s), possibilitaria a melhoria progressiva

da qualidade final das superfícies em questão.

Dada a inexistência de estudos aprofundados que permitam detalhar a relação pormenorizada entre

anomalias, causas e métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista, com análises

estatísticas e matrizes de correlação, procedeu-se à execução de um sistema de inspecção e

diagnóstico eficiente e capaz de sistematizar e correlacionar as referidas variáveis. Deste modo,

tendo em consideração a campanha de inspecções efectuada a 110 superfícies verticais, foi possível

a criação de uma ferramenta de apoio e auxílio do processo de inspecção e diagnóstico de

superfícies de betão à vista, justificada pela crescente preocupação associada à qualidade das

construções.

6.2. CONCLUSÕES GERAIS

Na presente dissertação, foi proposto e validado um sistema de apoio ao processo de inspecção e

diagnóstico de anomalias em superfícies de betão à vista, complementado pelo tratamento estatístico

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de dados informativos recolhidos. Ao longo do desenvolvimento do referido sistema, foi possível

retirar algumas conclusões relevantes, as quais são expostas seguidamente:

as imperfeições e/ou manifestações patológicas indesejáveis influenciam fortemente a qualidade

da aparência estética de determinada superfície de betão à vista, sendo necessário adoptar

medidas técnicas capazes de prevenir o seu surgimento; o rigor e cuidado aplicados, durante o

processo construtivo de uma superfície de betão à vista, reflectem-se no resultado final,

traduzindo-se na obtenção e homogeneidade das características idealizadas;

o betão à vista destaca-se como um material de elevada durabilidade, especialmente quando na

sua concepção / execução são tidos em consideração determinados pressupostos; assim, torna-

se necessário divulgar de forma contínua a tecnologia associada às superfícies de betão à vista

por todos os intervenientes no processo construtivo e potenciar uma cooperação positiva entre

as partes envolvidas;

a evolução verificada pelos sistemas de cofragem possibilitou o desenvolvimento de formas

ousadas, elementos esbeltos e inovadores, bem como superfícies progressivamente mais

diferenciadas; a cofragem trata-se de um elemento fundamental em qualquer obra de betão à

vista, devendo ser concebida e fabricada com base nos requisitos específicos de cada projecto;

a cofragem de permeabilidade controlada permite aumentar significativamente a qualidade das

superfícies de betão à vista, tanto a nível estético, como de durabilidade;

o processo de manutenção de superfícies de betão à vista deve ser considerado uma medida

preventiva para o surgimento de anomalias e um meio de detectar e monitorizar a sua

progressão;

como os custos de utilização e manutenção são fortemente dependentes da qualidade do

projecto e da sua execução construtiva, é fundamental que o referido processo seja adequado,

para possibilitar a redução de custos pós-construtivos;

os sistemas classificativos de anomalias e causas prováveis propostos englobam todas as

situações identificadas em superfícies de betão à vista, sendo, por sua vez, plausível que, da

utilização continuada dos mesmos, aliada à experiência, advenham ligeiras alterações;

a classificação das anomalias em superfícies de betão à vista e conhecimento das relações

entre as mesmas e suas causas prováveis, bem como das anomalias entre si, permitiu a

compilação de informação relativa a cada manifestação patológica, sob a forma de fichas de

anomalia individuais (Anexo 3.I);

o sistema classificativo dos métodos de diagnóstico, e a matriz de correlação entre estes e as

anomalias, fornece informação acerca dos mais adequados ao processo de diagnóstico de cada

anomalia e/ou causas respectivas;

a matriz de correlação inter-anomalias (§3.4.3) permite a determinação da probabilidade de

ocorrência de outras anomalias quando uma delas se manifesta, auxiliando assim a realização

de acções correctivas e de prevenção do desenvolvimento de anomalias;

as fichas de métodos de diagnóstico individuais (Anexo 4.I) resumem as informações obtidas

durante o desenvolvimento da presente dissertação e, devido à sua fácil interpretação, são

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129

fundamentais ao processo de diagnóstico das manifestações patológicas existentes e

respectivas causas prováveis;

a validação dos sistemas classificativos propostos e respectivas matrizes de correlação, através

da execução de inspecções a 110 superfícies verticais de betão à vista, revelou-se fundamental

para avaliar a validade das hipóteses teóricas consideradas na construção dos referidos

sistemas e para proceder à sua calibração;

o grupo de anomalias A-E Estéticas é o mais frequente (44,8%) na amostra considerada, sendo

que individualmente as anomalias A-E1 Manchas (87,3%) e A-M2 Fissuração direccionada

(48,2%) são as que mais se destacam nas superfícies inspeccionadas;

as anomalias A-E6 Graffiti, A-M3 Desagregação e A-M4 Descasque são as que apresentam um

nível de gravidade superior, requerendo, por isso, maior urgência de intervenção, o que se deve

ao facto de a primeira apresentar forte impacte visual na superfície e maior facilidade de

remoção (quanto mais rápida a intervenção), estando as restantes associadas às consequências

que o seu desenvolvimento origina;

sendo as causas C-E Erros de execução (67,2%) e C-A Acções ambientais (11,3%) as mais

representativas na amostra inspeccionada, verifica-se a necessidade de se realizar uma

concepção / execução cuidada, tendo em consideração as classes de exposição ambiental, bem

como os agentes agressivos característicos de cada local, aliada a uma estratégia de

manutenção preventiva;

as causas C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão e C-E3 Cofragem

deficiente / com excesso de utilização são as mais frequentes no total de anomalias

identificadas, dada a sua relação com a anomalia A-E1 Manchas (de hidratação), que possui

elevada representatividade na amostra, e por contribuírem para a ocorrência da maior parte das

anomalias do grupo A-C Construtivas / geométricas;

as anomalias A-E1 Manchas (47,0%) e A-E5 Bolhas de pele (45,8%) são as que surgem com

maior representatividade em termos de média ponderada de área de superfície afectada, pelo

facto de se encontrarem frequentemente generalizadas na superfície, uma vez que derivam do

processo construtivo;

o método de diagnóstico D-V1 Inspecção visual encontra-se associado à totalidade das

anomalias identificadas, na medida em que serve de meio de partida para a selecção dos

restantes métodos de diagnóstico a aplicar e permite a identificação da anomalia, bem como das

causas prováveis associadas.

6.3. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

O desenvolvimento da presente dissertação pode fomentar a eventual execução de futuros trabalhos

de investigação. Assim, é possível salientar algumas vertentes mais relevantes, nomeadamente:

desenvolver um módulo informático, baseado no sistema de inspecção e diagnóstico de

superfícies de betão à vista apresentado, que possa ser instalado num equipamento informático

portátil (tablet, smartphone) e que possibilite o armazenamento dos dados recolhidos, de modo a

melhorar significativamente o processo de (re)inspecção;

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130

constituir um manual de inspecções (com regras e procedimentos bem definidos) de superfícies

de betão à vista, de modo a possibilitar a aplicação objectiva do módulo informático, permitindo a

normalização e sistematização dos dados recolhidos nas inspecções efectuadas e respectivo

tratamento;

analisar pormenorizadamente a efectividade dos métodos de diagnóstico que constituem o

sistema classificativo proposto, através do acompanhamento de inspecções a superfícies de

betão à vista, consequentes resultados obtidos e seu tratamento;

estudar o processo de degradação das superfícies de betão à vista, com o intuito de ser possível

estimar curvas e modos de degradação das superfícies, considerando a sua envolvente e

exposição a agentes agressivos;

efectuar mais inspecções a superfícies de betão à vista que apresentem anomalias,

possibilitando a obtenção de conclusões mais alargadas acerca dos métodos de diagnóstico

específicos para cada tipo de anomalia considerado;

criar sistemas de apoio à inspecção e diagnóstico de outros elementos (estruturais e não

estruturais) com uma metodologia semelhante à implementada na presente dissertação, de

modo a ser possível realizar um sistema de gestão de edificações.

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ANEXOS

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A4.I.1

ANEXO 3.I - Fichas de anomalias

FICHA DE ANOMALIA A-E1

DESIGNAÇÃO

Manchas

DESCRIÇÃO:

Manifestações patológicas cuja aparência estética depende

fundamentalmente da sua origem, podendo apresentar-se sob a

forma de variações de tonalidade / cor, manchas de corrosão,

humidade / hidratação e sujidade.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;

C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);

C-P3 cofragem inadequada;

C-P4 agente descofrante inadequado;

C-P5 processo construtivo inadequado;

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;

C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);

C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis;

C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas;

C-A3 acção do vento;

C-A4 presença de água / chuva;

C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);

C-M1 abrasão;

C-M3 corrosão / expansão da armadura;

C-G1 reacção álcalis-sílica;

C-G2 sulfatos;

C-G4 compostos orgânicos;

C-G5 ácidos;

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial;

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

meio propício ao desenvolvimento de microorganismos;

textura da superfície afectada.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

tipo de acabamento superficial (liso / texturado);

tipo de protecção superficial (tinta / verniz / hidrófugo / sem protecção);

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A4.I.2

percentagem de área afectada: (…) %;

presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N);

disposição da mancha na superfície (pontual / generalizada);

exposição da superfície às acções atmosféricas (protegida / exposta);

presença de elementos metálicos junto à superfície (S / N).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-T1 termo-higrómetro;

D-T2 termografia de infravermelhos;

D-T3 ISAT - initial surface absorption test;

D-M2 meia-célula galvânica.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

0 - área afectada superior a 50% e com condições para progressão do fenómeno;

1 - área afectada superior a 20%;

2 - restantes casos.

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A4.I.3

FICHA DE ANOMALIA A-E2

DESIGNAÇÃO

Eflorescências

DESCRIÇÃO:

Manchas de cor esbranquiçada, de extensão e configuração

variáveis, por vezes com deformação local da superfície de betão;

presença de sais cristalizados na superfície do betão, com

aspecto pulverulento.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);

C-P4 agente descofrante inadequado;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);

C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-A2 exposição solar alta / reduzida;

C-A3 acção do vento;

C-A4 presença de água / chuva;

C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);

C-G2 sulfatos;

C-G3 sal / água salgada (cloretos);

C-G4 compostos orgânicos;

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

degradação da qualidade visual da superfície;

textura da superfície afectada.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

tipo de acabamento superficial (liso / texturado);

tipo de protecção superficial (tinta / verniz / hidrófugo / sem protecção);

percentagem de área afectada: (…) %;

presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N);

disposição da mancha na superfície (pontual / generalizada);

exposição da superfície às acções atmosféricas (protegida / exposta);

sais solúveis em água (S / N);

origem dos sais.

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-V4 tiras colorimétricas;

D-T1 termo-higrómetro;

D-T2 termografia de infravermelhos.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 15% e com condições para progressão do fenómeno;

2 - restantes casos.

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A4.I.4

FICHA DE ANOMALIA A-E3

DESIGNAÇÃO

Colonização biológica

DESCRIÇÃO:

Manchas de cor preta, cinzenta, castanha, esverdeada e,

eventualmente, claras, esbranquiçadas ou amarelas, resultantes

da proliferação de microrganismos, como bolores e fungos.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);

C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);

C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas;

C-A2 exposição solar alta / reduzida;

C-A4 presença de água / chuva;

C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);

C-G4 compostos orgânicos;

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

propagação da manifestação patológica para áreas envolventes à afectada;

degradação superficial do betão.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

tipo de sombreamento (total / parcial / ausente);

condições de iluminação / radiação solar;

exposição a agentes poluentes (S / N);

acumulação de sujidade na superfície (S / N);

percentagem de área afectada: (…) %;

propagação da manifestação patológica para áreas envolventes à afectada (S / N);

presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-T1 termo-higrómetro;

D-T2 termografia de infravermelhos;

D-T3 ISAT - initial surface absorption test.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior ou igual a 25% e com condições para progressão do fenómeno;

2 - restantes casos.

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A4.I.5

FICHA DE ANOMALIA A-E4

DESIGNAÇÃO

Desgaste / erosão

DESCRIÇÃO:

Manifestação patológica caracterizada pela perda da pasta de

cimento de ligação dos agregados.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas;

C-A3 acção do vento;

C-A4 presença de água / chuva;

C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo);

C-M1 abrasão;

C-M2 choques / pancadas;

C-G5 ácidos;

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial;

C-U3 vandalismo.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

degradação superficial e/ou profunda do betão;

desenvolvimento de outras anomalias (devido à diminuição do recobrimento);

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

facilidade de acesso à superfície (vedado / acessível);

presença constante de água na superfície (S / N);

superfície muito exposta a acções atmosféricas (S / N);

exposição a agentes agressivos;

percentagem de área afectada: (…) %;

frequência de contacto com pessoas e/ou objectos (S / N);

existência de protecções contra choques / pancadas na superfície (S / N).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N);

armadura exposta (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

0 - área afectada superior a 50% e com condições para progressão do fenómeno; ou armadura

visível;

1 - área afectada superior a 20%;

2 - restantes casos.

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A4.I.6

FICHA DE ANOMALIA A-E5

DESIGNAÇÃO

Bolhas de pele

DESCRIÇÃO:

Pequenas cavidades de forma irregular, semelhante a poros, que

não ultrapassam os 15 mm de diâmetro, podendo atingir uma

dimensão de aproximadamente 25 mm e, em situações mais

graves, alcançam até 2 cm de profundidade.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P3 cofragem inadequada;

C-P4 agente descofrante inadequado;

C-P5 processo construtivo inadequado;

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

acumulação de sujidade / detritos.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

percentagem de área afectada: (…) %;

disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %.

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 20%;

2 - restantes casos.

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A4.I.7

FICHA DE ANOMALIA A-E6

DESIGNAÇÃO

Graffiti

DESCRIÇÃO:

Engloba todo o tipo de pinturas ou marcas, devidas a tintas ou

marcadores, absorvidas pela superfície de betão porosa.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial;

C-U3 vandalismo.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

degradação superficial do betão.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

facilidade de acesso à superfície (vedado / acessível);

percentagem de área afectada: (…) %;

vigilância do local (vigiado / não vigiado);

material utilizado no graffiti (tinta / marcador / spray).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N);

estética do edifício gravemente afectada (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

0 - área afectada superior a 15% e com possibilidade elevada de repetição do fenómeno ou estética

do edifício gravemente afectada;

1 - restantes casos.

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A4.I.8

FICHA DE ANOMALIA A-M1

DESIGNAÇÃO

Fissuração mapeada

DESCRIÇÃO:

Conjunto de fissuras, sem direcção preferencial, assemelhando-

se a uma rede ou malha; esta anomalia manifesta-se pela

abertura sucessiva, segundo direcções perpendiculares, das

referidas fissuras, originando um padrão poligonal.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E4 tempo de descofragem inadequado;

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;

C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-A2 exposição solar alta / reduzida;

C-A3 acção do vento;

C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo);

C-G1 reacção álcalis-sílica;

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

perda de estanqueidade da superfície;

penetração de agentes deteriorantes no interior do betão;

perda de coesão, seguida de destacamento do betão superficial.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada);

percentagem de área afectada: (…) %;

produção de som cavo quando submetido à percussão (S / N);

dimensão média das fissuras: (…) mm.

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-V3 comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras;

D-T3 ISAT - initial surface absorption test;

D-M1 magnetómetro.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

0 - área afectada superior a 50% e com condições para progressão do fenómeno;

1 - área afectada superior a 15%;

2 - restantes casos.

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A4.I.9

FICHA DE ANOMALIA A-M2

DESIGNAÇÃO

Fissuração direccionada

DESCRIÇÃO:

Fissuras isoladas de dimensões variáveis que, em geral,

apresentam orientação e inclinação precisas, fornecendo

informação relativamente à sua origem.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;

C-P7 concepção / posicionamento deficiente das juntas de dilatação;

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E4 tempo de descofragem inadequado;

C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação;

C-E9 junta de betonagem mal executada;

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-A2 exposição solar alta / reduzida;

C-M2 choques / pancadas;

C-M3 corrosão / expansão da armadura;

C-M4 deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações);

C-M5 concentração de tensões (junto a aberturas);

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

perda de estanqueidade da superfície;

penetração de agentes deteriorantes no interior do betão.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

exposição da superfície a altas temperaturas / radiação solar directa (S / N);

zona de concentração de tensões (S / N);

assentamentos / deformações da estrutura (S / N);

espessura do recobrimento;

orientação, inclinação e dimensão média das fissuras: (…) mm;

percentagem de área afectada: (…) %;

produção de som cavo quando submetido à percussão (S / N).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-V2 fissurómetro;

D-V3 comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras;

D-V5 testemunhos;

D-T2 termografia de infravermelhos;

D-M1 magnetómetro;

D-M2 meia-célula galvânica.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

dimensão média das fissuras: (…) mm;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

0 - dimensão média das fissuras maior ou igual a 0,8 mm e condições para progressão do fenómeno;

1 - dimensão média das fissuras superior 0,2 mm;

2 - restantes casos.

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A4.I.10

FICHA DE ANOMALIA A-M3

DESIGNAÇÃO

Desagregação

DESCRIÇÃO:

Desintegração progressiva de camadas superficiais do betão;

perda gradual da função aglutinadora do cimento, originando a

separação dos agregados constituintes.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-A3 acção do vento;

C-A4 presença de água / chuva;

C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);

C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo);

C-M1 abrasão;

C-M3 corrosão / expansão da armadura;

C-G2 sulfatos;

C-G3 sal / água salgada (cloretos);

C-G5 ácidos;

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

degradação profunda do betão;

fim da vida útil da superfície.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

superfície muito exposta a acções atmosféricas (S / N);

exposição a agentes agressivos;

ambiente húmido e/ou marinho (S / N);

percentagem de área afectada: (…) %.

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-T2 termografia de infravermelhos;

D-M2 meia-célula galvânica.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

0 - área afectada superior a 15% e com condições para progressão do fenómeno;

1 - restantes casos.

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A4.I.11

FICHA DE ANOMALIA A-M4

DESIGNAÇÃO

Descasque

DESCRIÇÃO:

Fragmentação localizada de películas do betão de recobrimento,

originando aberturas consideráveis, chegando, por vezes, a deixar

exposta a armadura, particularmente em zonas proeminentes das

superfícies.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P6 deficiente pormenorização das armaduras;

C-P7 concepção / posicionamento deficiente das juntas de dilatação;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E4 tempo de descofragem inadequado;

C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);

C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação;

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;

C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;

C-A4 presença de água / chuva;

C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo);

C-M3 corrosão / expansão da armadura;

C-M4 deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações);

C-M5 concentração de tensões (junto a aberturas);

C-G2 sulfatos;

C-G3 sal / água salgada (cloretos);

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial;

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

corrosão acelerada da armadura.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

exposição da armadura (S / N);

percentagem de área afectada: (…) %;

presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N);

espessura do recobrimento.

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-A1 martelo de borracha;

D-T2 termografia de infravermelhos;

D-M1 magnetómetro.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %;

condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N);

armadura exposta (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

0 - área afectada superior a 20% e com condições para progressão do fenómeno; ou armadura

visível;

1 - restantes casos.

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A4.I.12

FICHA DE ANOMALIA A-C1

DESIGNAÇÃO

Defeitos de planeza

DESCRIÇÃO:

Alterações no alinhamento / planeza das superfícies de betão à

vista e/ou do próprio elemento de betão.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;

C-P3 cofragem inadequada;

C-P5 processo construtivo inadequado;

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E4 tempo de descofragem inadequado;

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

acumulação de sujidade.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

alinhamentos / esquadrias;

percentagem de área afectada: (…) %.

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %.

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 30%;

2 - restantes casos.

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A4.I.13

FICHA DE ANOMALIA A-C2

DESIGNAÇÃO

Ninhos de agregados / chochos

DESCRIÇÃO:

Cavidades de grandes dimensões (dimensões na ordem dos 2

cm), podendo não aparentar forma esférica, com profundidades

variáveis, surgindo quando o espaço entre os agregados não se

encontra totalmente preenchido pela argamassa.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;

C-P5 processo construtivo inadequado;

C-P6 deficiente pormenorização das armaduras;

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;

C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

corrosão acelerada da armadura;

acumulação de sujidades / detritos, possibilitando o desenvolvimento de microorganismos.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

exposição da armadura (S / N);

percentagem de área afectada: (…) %;

espessura do recobrimento;

zona com elevada densidade de armadura (S / N / não perceptível).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-T2 termografia de infravermelhos.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %:

armadura exposta (S / N).

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 20% ou casos em que se verifique exposição da armadura;

2 - restantes casos.

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A4.I.14

FICHA DE ANOMALIA A-C3

DESIGNAÇÃO

Marcas de tiges

DESCRIÇÃO:

Marcas resultantes da necessidade de interligar os painéis de

cofragem, quando se apresentam de forma diferente da projectada ou

com desagregação de partículas de betão na zona da tige ou

pequenos vazios.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P3 cofragem inadequada;

C-P5 processo construtivo inadequado;

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E4 tempo de descofragem inadequado;

C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação;

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E9 junta de betonagem mal executada;

C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

percentagem de área afectada: (…) %;

disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual;

D-T2 termografia de infravermelhos.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %.

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 20%;

2 - restantes casos.

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A4.I.15

FICHA DE ANOMALIA A-C4

DESIGNAÇÃO

Esbabaçado

DESCRIÇÃO:

Descontinuidade visível na superfície de betão à vista, a qual se

manifesta através de estrias, decorrentes do percurso realizado pelo

fluxo de calda de cimento.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-P3 cofragem inadequada;

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E9 junta de betonagem mal executada;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

percentagem de área afectada: (…) %.

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %.

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 20%;

2 - restantes casos.

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A4.I.16

FICHA DE ANOMALIA A-C5

DESIGNAÇÃO

Crostas

DESCRIÇÃO:

Fixação de películas de argamassa, frequentemente com uma

coloração diferente, ao betão endurecido.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E9 junta de betonagem mal executada;

C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

irregularidades na superfície.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

percentagem de área afectada: (…) %;

disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada).

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %.

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 20%;

2 - restantes casos.

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A4.I.17

FICHA DE ANOMALIA A-C6

DESIGNAÇÃO

Incrustações de cofragem

DESCRIÇÃO:

Aderência de pedaços de cofragem à superfície de betão.

CAUSAS PROVÁVEIS:

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;

C-E4 tempo de descofragem inadequado;

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;

C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);

C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente.

CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

aspecto estético afectado;

irregularidades na superfície.

ASPECTOS A INSPECCIONAR:

percentagem de área afectada: (…) %;

disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada);

tipo de material incrustado.

ENSAIOS A REALIZAR:

D-V1 inspecção visual.

PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:

percentagem de área afectada: (…) %.

NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:

1 - área afectada superior a 20%;

2 - restantes casos.

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A4.I.1

ANEXO 4.I - Fichas de ensaios

FICHA DE ENSAIO D-V1

DESIGNAÇÃO

Inspecção visual

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- caracterizar o estado geral da superfície de betão à

vista;

- identificar a anomalia presente na superfície, a

respectiva extensão e causas prováveis para o seu

surgimento.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

Binóculos, máquina fotográfica, bússola, fita métrica,

escova de nylon, régua de nível, fio-de-prumo ou

nível laser.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. Observar visualmente as superfícies a inspeccionar, utilizando binóculos, caso necessário;

2. Inspeccionar a superfície com recurso a equipamento auxiliar que permita obter informação

qualitativa que sustente a observação visual, nomeadamente máquina fotográfica, escova de nylon,

bússola, nível laser, régua de nível, fita métrica e fio-de-prumo.

VANTAGENS:

- aplicável no processo de inspecção de qualquer anomalia em superfícies de betão à vista;

- pouco oneroso;

- rápido e expedito.

LIMITAÇÕES:

- método subjectivo (variável com a experiência e qualificação do inspector);

- geralmente, possibilita apenas a obtenção de informação qualitativa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brito e Flores-Colen (2005).

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A4.I.2

FICHA DE ENSAIO D-V2

DESIGNAÇÃO

Fissurómetros (2015)

Fissurómetro

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- acompanhar a evolução temporal da abertura de fissuras

em superfícies de betão à vista.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

Fissurómetro.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. fixar firmemente o fissurómetro às extremidades da fissura, segundo a direcção mais próxima da

normal à fissura, de modo que esta coincida com o centro do reticulado;

2. no caso de fissurómetros para deslocamentos perpendiculares e para cantos, o método de fixação

difere do anterior, devendo-se executar conforme as figuras seguintes (adaptado de Fissurómetros,

2015):

3. após instalação do fissurómetro, procede-se à monitorização da abertura das fissuras.

VANTAGENS:

- método de grande simplicidade técnica;

- expedito e pouco oneroso;

- possibilita a determinação de duas componentes de deslocamento (segundo as direcções

longitudinal e transversal) e de rotação (em torno de um eixo perpendicular ao plano do instrumento).

LIMITAÇÕES:

- possíveis dificuldades associadas à fixação do fissurómetro à superfície de betão à vista,

particularmente em acabamentos texturados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Oz (2002); Cóias (2006); Fissurómetros (2015).

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A4.I.3

FICHA DE ENSAIO D-V3

DESIGNAÇÃO

Oz (2002)

Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- determinar abertura das fissuras.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

a) comparador de fissuras;

b) medidor óptico de fissuras.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

a)

1. aproximar o comparador de fissuras à superfície, fazendo coincidir os seus traços (de forma

crescente) com a fissura inspeccionada até encontrar o traço correspondente à sua espessura;

2. registar os valores obtidos.

b)

1. aproximar o medidor óptico de fissuras à superfície;

2. Após visualizar pela óptica, proceder à focagem do instrumento com o respectivo manípulo;

3. Registar os valores obtidos, através da graduação (em milímetros) existente na lente.

Em ambos os casos, deve-se proceder ao registo da orientação e inclinação da fissura(s)

inspeccionada(s).

VANTAGENS:

a)

- método de grande simplicidade técnica;

- rápido, expedito e pouco oneroso.

b)

- método rápido e expedito;

- permite executar medições com um rigor de 0,02 mm;

- o medidor óptico de fissuras é composto por uma lâmpada que permite iluminar o campo de visão

do inspector.

LIMITAÇÕES:

a)

- imprecisões associadas à leitura da escala graduada;

b)

- campo de visão exíguo, restringindo o conhecimento da extensão global da anomalia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Oz (2002); Cóias (2006).

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A4.I.4

FICHA DE ENSAIO D-V4

DESIGNAÇÃO

Tuna et al. (2015)

Tiras colorimétricas

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- identificação de tipos de sais solúveis presentes na superfície

de betão à vista. EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

Tiras colorimétricas.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. após recolha de amostra da superfície a inspeccionar, proceder à preparação da solução aquosa

com a mesma;

2. colocar a tira colorimétrica em contacto directo com a solução salina;

3. comparar a cor resultante com a escala de cores fornecida.

VANTAGENS:

- método de grande simplicidade técnica;

- rápido, expedito e pouco oneroso.

LIMITAÇÕES:

- método semi-quantitativo pouco preciso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Tavares et al. (2005); Tuna et al. (2015).

FICHA DE ENSAIO D-V5

DESIGNAÇÃO

Testemunhos

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- monitorização da estabilidade das fissuras.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

Testemunhos de papel, gesso, cimento ou vidro.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. proceder à fixação do testemunho a ambas as extremidades da fissura a inspeccionar;

2. quebra do testemunho, caso sejam verificados movimentos relativos entre ambas as extremidades.

VANTAGENS:

- método expedito e pouco oneroso;

- método de grande simplicidade técnica;

LIMITAÇÕES:

- método pouco exacto que permite detectar grosseiramente acréscimos de abertura da fissura, sem

quantificação da sua amplitude de movimentos;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Oz (2002).

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A4.I.5

FICHA DE ENSAIO D-A1

DESIGNAÇÃO

Martelo de borracha

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- diagnosticar determinado tipo de anomalias mecânicas, como

fissuração, descasque ou desagregação.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

Martelo com cabeça de borracha.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. percutir o martelo de borracha na zona específica da superfície de betão à vista a inspeccionar;

2. analisar o som resultante da percussão (som cavo revela presença de anomalias, enquanto som

compacto indica superfície homogénea); VANTAGENS:

- método expedito e pouco oneroso;

- método de grande simplicidade técnica;

- confirmação imediata de anomalias e/ou causas associadas.

LIMITAÇÕES:

- ensaio restrito, em virtude de apenas indicar a existência da anomalia;

- dependente da experiência do inspector, tendo em consideração que o diagnóstico varia com o som

produzido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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A4.I.6

FICHA DE ENSAIO D-T1

DESIGNAÇÃO

Manutan (2015)

Termo-higrómetro

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- medição da temperatura e humidade ambiente;

- medição da temperatura e humidade da superfície.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

Termo-higrómetro.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

Importa salientar que certos modelos de termo-higrómetros requerem calibração antes do início do

processo de medição.

1. Ligar o equipamento;

2. Efectuar a leitura (no visor do equipamento) da humidade e temperatura ambiente;

3. Colocar os eléctrodos do termo-higrómetro em contacto com a superfície a analisar;

4. Efectuar a leitura (no visor do equipamento) da humidade e temperatura superficial;

5. Efectuar a repetição dos passos 3 e 4 em diversos pontos da superfície.

VANTAGENS:

- método rápido, expedito e pouco oneroso;

- resultados em tempo real;

- facilidade de utilização;

- resultados significativamente precisos.

LIMITAÇÕES:

- equipamento requer calibração para leituras precisas;

- desconhecimento de produto protector aplicado na superfície do betão pode comprometer os

resultados;

- não permite identificar nenhuma anomalia propriamente dita, mas permite complementar o processo

de diagnóstico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Massari (1993); PCE (2015); Magalhães et al. (2005); Manutan (2015).

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A4.I.7

FICHA DE ENSAIO D-T2

DESIGNAÇÃO

PCE (2015)

Termografia de infravermelhos

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- identificar e avaliar heterogeneidades das superfícies de betão

à vista, através da emissão da respectiva radiação térmica

(infravermelha).

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

- câmara termográfica;

- cartão de memória (armazenamento de dados);

- máquina fotográfica.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. ligar a câmara termográfica e apontá-la para a superfície a inspeccionar;

2. focar até obter uma imagem de alta definição, de modo a ser possível identificar zonas anómalas

da superfície;

3. guardar no cartão de memória a imagem obtida;

4. comparar o termograma com a fotografia da superfície inspeccionada para facilitar a interpretação

dos resultados. VANTAGENS:

- método de diagnóstico adequado a uma estratégia de manutenção pró-activa;

- não requer contacto directo com a superfície;

- permite confirmar a presença de determinadas anomalias identificadas (como manchas de

humidade, fissuras, descasque e desagregação), através das variações térmicas.

LIMITAÇÕES:

- método qualitativo que necessita ser complementado por métodos de diagnóstico locais que

permitam a determinação exacta das anomalias, causas associadas e resultados quantitativos;

- possíveis distorções causadas pela distância e ângulo da captura de imagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Mendonça (2005); ITC (2005); PCE (2015).

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A4.I.8

FICHA DE ENSAIO D-T3

DESIGNAÇÃO

Nagendra (2012)

ISAT - initial surface absorption test

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- determinar o grau de porosidade da superfície de betão à vista.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

- célula em acrílico transparente (100 mm de diâmetro);

- reservatório transparente (ligado à entrada da célula);

- tubo capilar graduado (ligado à saída da célula);

- válvula (para isolar o reservatório).

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. proceder à calibração do tubo capilar, de modo a ser possível determinar a área da secção

transversal;

2. medir a área da célula e determinar o factor de escala para a combinação de célula / tubo;

3. fixar e vedar a célula à superfície de betão à vista para garantir pressão uniforme;

4. após enchimento total da célula, o reservatório é fechado e procede-se às medições de fluxo ao

longo do tubo capilar (efectuar leituras aos 10 minutos, 30 minutos e 1 hora após o primeiro

humedecimento da superfície).

VANTAGENS:

- método de diagnóstico relativamente rápido e simples;

- pode ser utilizado em acabamentos texturados, com agregado exposto.

LIMITAÇÕES:

- dificuldade de assegurar uma ligação célula - superfície estanque;

- propriedade medida é fortemente afectada pela humidade da superfície. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Coutinho e Gonçalves (1994); Brito e Flores-Colen (2005); Nagendra (2012).

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A4.I.9

FICHA DE ENSAIO D-M1

DESIGNAÇÃO

Hilti (2015)

Magnetómetro

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO

DESTRUTIVO (ND):

ND

OBJECTIVOS:

- determinar espessura do betão de recobrimento;

- determinar diâmetro das armaduras.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

Magnetómetro; malha ortogonal impressa em papel; fita

adesiva.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. fixar a malha ortogonal à superfície, através de fita adesiva;

2. percorrer a malha ortogonal com o magnetómetro, de acordo com as instruções do equipamento;

3. visualizar os resultados no visor do equipamento. VANTAGENS:

- resultados rápidos in situ;

- grau de fiabilidade significativo;

- requer apenas acesso a um dos lados da superfície inspeccionada.

LIMITAÇÕES:

- permite apenas inspeccionar simultaneamente uma área de dimensão limitada;

- não fornece informação específica relativamente à taxa de corrosão da armadura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brito et al. (2009); Hilti (2015)

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A4.I.10

FICHA DE ENSAIO D-M2

DESIGNAÇÃO

Adaptado de FLH (2015)

Meia-célula galvânica

DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) /

NÃO DESTRUTIVO (ND):

SD

OBJECTIVOS:

- definir um mapa de corrosão potencial da

superfície de betão à vista.

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:

Meia-célula galvânica; voltímetro; bobine de cabo

de 25 / 30 m; cartão de memória.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO:

1. ligar o cabo a um varão de armadura do elemento de betão (afastado da zona a inspeccionar);

2. percorrer a superfície com o eléctrodo ao longo da sua extensão;

3. guardar as medições de potencial de campo efectuadas no cartão de memória;

4. interpretar os resultados e distinguir zonas de possível corrosão. VANTAGENS:

- permite identificar zonas de corrosão potencial sem expor a armadura;

- possibilita a distinção de zonas de alto e baixo potencial de corrosão do elemento.

LIMITAÇÕES:

- as medições são influenciadas pela espessura do betão de recobrimento, resistividade do betão e

disponibilidade de oxigénio;

- método semi-destrutivo, pois requer uma ligação à armadura do elemento inspeccionado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brito et al. (2009); FLH (2015).

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A5.I.1

ANEXO 5.Ia - Zonamento térmico (EC1 - Parte 1.5)

Inverno

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A5.I.2

Verão

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A5.I.3

ANEXO 5.Ib - Zonamento do território em termos da acção do vento (EC1 - Parte 1.4)

zona A - generalidade do território, excepto zona B;

zona B - arquipélago dos Açores e da Madeira e regiões do

continente situadas numa faixa costeira com 5 km de largura ou

altitudes superiores a 600 m.

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A5.I.4

Rugosidade aerodinâmica (EC1 - Parte 1.4)

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A5.I.5

ANEXO 5.Ic - Classes de exposição ambiental (LNEC E464)

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A5.I.6

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A5.II.1

ANEXO 5.II - Tabela com identificação dos edifícios inspeccionados e suas características

Código do edifício

Localização Tipo de

utilização Ano de

construção N.º de

superfícies Notas

Ed. 1 Centro Social Paroquial, Mira-Sintra Serviços 1982 1

Ed. 2 Jardim de Infância Popular, Cacém Serviços 2005 2

Ed. 3 Hospital Lusíadas, Lisboa Serviços 2008 2

Ed. 4 Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, Benfica Serviços 2004 2

Ed. 5 Feira Internacional de Lisboa Serviços 1998 3

Ed. 6 Igreja Paroquial de S. Francisco de Assis, Mira-Sintra Serviços 1982 1

Ed. 7 Restaurante Sakura Sushi, Parque das Nações, Lisboa Serviços 1998 1

Ed. 8 MEO Arena, Parque das Nações, Lisboa Serviços 1998 1

Ed. 9 República da Cerveja, Parque das Nações, Lisboa Serviços 1998 1

Ed. 10 Hotel MYRIAD, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2012 1

Ed. 11 Pavilhão do Conhecimento Ciência Viva, Parque das Nações, Lisboa

Serviços 1998 3

Ed. 12 Edifício Visconde de Alvalade, Lisboa Serviços 2002 1

Ed. 13 Edifício NOS, Campo Grande, Lisboa Serviços 2012 3 Entradas pedonais do estacionamento

Ed. 14 ISCTE - IUL, Edifício II, Lisboa Serviços 2002 3

Ed. 15 ISCTE - IUL, Ala Autónoma, Lisboa Serviços 1995 2

Ed. 16 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa Serviços 1990 2

Ed. 17 Fórum Luís de Camões, Amadora Serviços 2006 2

Ed. 18 Avenida Professor Aníbal Bettencourt, 5A Habitação 2004 1

Ed. 19 FCUL, Edifício C8, Lisboa Serviços 1999 4

Ed. 20 Colégio Oriente, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2009 1

Ed. 21 Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, Parque das Nações, Lisboa

Serviços 2014 2

Ed. 22 Ginásio Kalorias Tejo, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2000 2

Ed. 23 Creche Saídos da Casca, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2010 1

Ed. 24 Subestação Eléctrica Exponorte, Sacavém Serviços 1998 2

Ed. 25 Complexo Art's Business & Hotel Centre, Parque das Nações, Lisboa

Serviços 2004 2

Ed. 26 Campus de Justiça, Edifício I, Lisboa Serviços 2008 1

Ed. 27 Campus de Justiça, Edifício B, Lisboa Serviços 2008 1

Ed. 28 Campus de Justiça, Edifício D, Lisboa Serviços 2008 1

Ed. 29 Campus de Justiça, Edifício G, Lisboa Serviços 2008 2

Ed. 30 Centro Interpretativo do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Coimbra

Serviços 2009 3

Ed. 31 Paróquia de São Martinho de Cedofeita, Porto Serviços 1994 1

Ed. 32 Antigo Hotel Tivoli, Porto Serviços 1975 1

Ed. 33 Paróquia Nossa Senhora da Boavista, Porto Serviços 1979 2

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A5.II.2

ANEXO 5.II (Continuação) - Tabela com identificação dos edifícios inspeccionados e suas características

Código do edifício

Localização Tipo de

utilização Ano de

construção N.º de

superfícies Notas

Ed. 34 Hotel Casa do Conto, Porto Serviços 2012 4

Ed. 35 Casa da Música, Porto Serviços 2005 3

Ed. 36 Edifício Vodafone, Porto Serviços 2009 3

Ed. 37 Empreendimento Living Boavista, Porto Serviços 2011 3

Ed. 38 Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Universidade do Porto

Serviços 2009 3

Ed. 39 Edifício UPTEC TECH, Universidade do Porto Serviços 2012 3

Ed. 40 Escola Básica Dr. Augusto César Pires de Lima, Bonfim, Porto

Serviços 1994 3

Ed. 41 Hospital Dr. José de Almeida, Cascais Serviços 2010 5

Ed. 42 Casa das Histórias Paula Rego, Cascais Serviços 2008 3

Ed. 43 Portas da Cidade, Montijo Monumento 2003 2

Ed. 44 Edifício Comercial, Praça São João Baptista, Almada Comércio 2008 2

Ed. 45 Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa Serviços 1969 2

Ed. 46 Edifício Vodafone, Lisboa Serviços 2002 2

Ed. 47 Museu Nacional dos Coches, Lisboa Serviços 2015 3

Ed. 48 Paróquia de S. Francisco Xavier, Alto do Restelo, Lisboa Serviços 2011 2

Ed. 49 BAPS Shri Swaminarayan Mandir, Lisboa Serviços 2013 1

Ed. 50 Estado-Maior da Força Aérea, Benfica, Lisboa Serviços 1983 2

Ed. 51 Escola Superior de Tecnologia do Barreiro Serviços 2007 2

Ed. 52 Museu de Ciência do Café - Delta, Campo Maior Serviços 2014 2

Ed. 53 Hospital de Braga Serviços 2011 2

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A5.III.1

ANEXO 5.III - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)

C \ A A

-E1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

C-P1 1 1 0 0 0 0 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P2 2 1 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 81 100 64 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 19 0 36 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0 2 1 2 0

amostra 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 99 100 100 100 0 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 1 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P4 2 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 88 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P5 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 1 2 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 0 100 100 26 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 100 0 0 74 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-P7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 94 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E1 1 0 0 0 2 0 1 1 0 0 2 2 2 2 2 2

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1

f0 (%) 95 100 100 100 74 100 93 100 100 95 17 65 42 0 63 0

f1 (%) 5 0 0 0 26 0 7 0 0 5 83 35 58 100 37 100

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

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A5.III.2

ANEXO 5.III (Continuação) - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)

C \ A A

-E1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

C-E2 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 2 1 1 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 1 2 2 2 1 2 2

amostra 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 2 2 2 2 2

f0 (%) 31 100 100 100 100 100 93 100 100 100 0 0 48 0 0 0

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 69 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100 100 52 100 100 100

C-E4 0 0 0 0 0 0 1 2 0 2 2 0 2 0 0 2

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 95 100 100 100 100 100 0

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 0

C-E5 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E6 1 2 0 0 0 0 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0

amostra 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 98 0 100 100 100 100 93 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 1 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 1 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 2 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0

f0 (%) 99 100 100 100 100 100 93 96 100 100 100 100 55 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 1 0 0 0 0 0 7 4 0 0 0 0 45 0 0 0

C-E8 1 0 0 0 2 0 2 0 0 0 2 2 0 2 2 2

amostra 1 0 0 0 1 0 2 0 0 0 1 1 1 2 1 0

f0 (%) 48 100 100 100 3 100 29 100 100 100 0 0 65 0 5 100

f1 (%) 52 0 0 0 77 0 0 0 0 0 100 70 32 0 95 0

f2 (%) 0 0 0 0 20 0 71 0 0 0 0 30 3 100 0 0

C-E9 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 2 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Page 193: SISTEMA DE INSPECÇÃO E DIAGNÓSTICO DE · PDF filee prevenção de fenómenos patológicos semelhantes. ... 5.2 PLANO DE INSPECÇÕES ... Tige vista pelo interior da cofragem (à

A5.III.3

ANEXO 5.III (Continuação) - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)

C \ A A

-E1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

C-E10 1 0 0 0 0 0 2 1 1 1 0 2 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 98 100 100 100 100 100 100 100 100 5 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 2 0 0 0 0 0 0 0 0 95 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E11 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

amostra 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 35 100 100 100 86 100 71 100 100 95 97 100 100 100 89 100

f1 (%) 65 0 0 0 14 0 29 0 0 5 3 0 0 0 11 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E12 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

amostra 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 35 100 100 100 91 100 29 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 65 0 0 0 9 0 71 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-E13 2 0 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 2 0 0 2

amostra 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2

f0 (%) 97 100 100 100 6 100 100 100 100 95 100 100 45 100 100 0

f1 (%) 3 0 0 0 94 0 0 0 0 0 0 0 55 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 100

C-E14 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 2 1 1 2 2 2

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 90 67 39 94 14 74 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 33 61 6 86 26 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-A1 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

amostra 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 67 100 21 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 4 0 79 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 29 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-A2 0 1 2 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 96 100 57 100 100 100 86 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 1 0 43 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 3 0 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0

auxiliar 96 8 14 10 35 4 14 53 1 21 36 23 31 7 19 1

C-A3 1 1 0 2 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

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A5.III.4

ANEXO 5.III (Continuação) - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)

C \ A A

-E1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

C-A4 1 1 2 2 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0

amostra 1 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 66 100 0 90 100 100 100 100 0 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 30 0 0 10 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 4 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-A5 2 2 2 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 99 0 100 100 100 100 93 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 100 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-A6 0 0 0 2 0 0 2 0 2 2 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 90 100 100 100 100 0 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 10 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-M1 1 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 99 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 1 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-M2 0 0 0 2 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 20 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 80 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-M3 2 0 0 0 0 0 0 2 1 2 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 97 100 100 90 100 100 100 100 0 5 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 3 0 0 10 0 0 0 0 100 95 0 0 0 0 0 0

C-M4 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 74 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 26 0 0 0 0 0 0 0 0

C-M5 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 36 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 64 0 0 0 0 0 0 0 0

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A5.III.5

ANEXO 5.III (Continuação) - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)

C \ A A

-E1

A-E

2

A-E

3

A-E

4

A-E

5

A-E

6

A-M

1

A-M

2

A-M

3

A-M

4

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

C-G1 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 93 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G2 2 2 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G3 0 2 0 2 0 0 0 1 2 1 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G4 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-G5 2 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-U1 2 2 2 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0

amostra 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 69 25 57 100 100 50 86 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 31 75 43 0 0 50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-U2 2 0 0 0 0 0 2 2 0 1 2 0 1 1 1 0

amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 90 100 100 100 100 100 100 98 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

C-U3 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

amostra 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f0 (%) 100 100 100 100 100 0 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

f2 (%) 0 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0