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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA NATALIA BERTAGLIA PEREZ APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS PARA ANÁLISE DE PRODUTIVIDADE EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO Lorena - SP 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

NATALIA BERTAGLIA PEREZ

APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS PARA ANÁLISE DE

PRODUTIVIDADE EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

Lorena - SP

2014

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA AFONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Perez, Natalia Bertaglia APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS PARAANÁLISE DE PRODUTIVIDADE EM UM CENTRO DEDISTRIBUIÇÃO / Natalia Bertaglia Perez; orientadorFrancisco José Moreira Chaves. - Lorena, 2014. 48 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2014Orientador: Francisco José Moreira Chaves

1. Centro de distribuição. 2. Ferramentasestatísticas. 3. Dmaic. 4. Análise de risco. 5.Produtividade. I. Título. II. Chaves, Francisco JoséMoreira, orient.

NATALIA BERTAGLIA PEREZ

APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS PARA ANÁLISE DE

PRODUTIVIDADE EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo como requisito legal para obtenção de título de Engenheiro Químico.

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Moreira Chaves

Lorena - SP

2014

RESUMO

PEREZ, N. B. Aplicação de Ferramentas Estatísticas Para Análise De

Produtividade Em Um Centro De Distribuição. 2014. 48 p. Monografia

(Trabalho de Graduação) – Escola de Engenharia de Lorena - Universidade de

São Paulo, Lorena, 2014.

Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico e a crescente

competitividade entre empresas, o tempo que se toma com o transporte, de

suprimentos e produtos, é um forte fator estratégico para se sobressair no

mercado. Em vista deste cenário, grandes organizações têm investindo em

Centros de Distribuição, que facilitam e aceleram a entrega de seus produtos.

A logística de suprimentos e distribuição se torna mais relevante em uma

empresa de Vendas Diretas, na qual a distribuição dos produtos é fator chave

para o sucesso do negócio, uma vez que cada entrega é única. De frente a tal

importância, se faz necessário o planejamento assertivo para os Centros de

Distribuição, para utilizar e alocar, sempre, somente o necessário, garantindo o

uso equilibrado dos recursos e do tempo. O presente trabalho busca identificar

e analisar o perfil de produtividade de um Centro de Distribuição de uma

empresa de Vendas Diretas, de maneira a identificar riscos na expedição,

utilizando as ferramentas estatísticas disponíveis na metodologia DMAIC, com

foco em tornar o planejamento de estrutura e de recursos do CD mais confiável

e próximo ao real.

Palavras-chave: Análise de risco, Produtividade, Centro de Distribuição,

Ferramentas estatísticas, DMAIC.

ABSTRACT

PEREZ, N. B. Application of Statistics Tools for Analysis of Productivity in

a Distribution Center. 2014. 48 f. Project of Monograph (Undergraduate Work)

- School of Engineering of Lorena - University of São Paulo, Lorena, 2014.

Nowadays the technological development causes the competition

between companies increase. Time and cost are increasingly limiting variables

in the business world. Looking at this scenario, high organizations are investing

in distribution centers, which facilitate and accelerate the delivery of their

products. The supply chain and distribution becomes more relevant in a Direct

Sales company, in which the distribution of products is 4 a key factor for

business success, as each delivery is unique. In face of such importance, it is

necessary an assertive planning for the distribution centers, to use and allocate

only the necessary, ensuring minimal use of resources and time. This study

aims to identify and analyze the productivity profile of a distribution center of a

Direct Sales company in order to identify risks in shipping, using the statistical

tools available in the DMAIC methodology, with a focus on making the planning

of DC’s structure and resources of the most reliable and the closest to reality of

today's market.

Key words: Risk Analysis, Productivity, Distribution Center, Statistical tools,

DMAIC

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Ranking de países em US$ em Vendas Diretas ........................................... 4 Figura 2- Centro de Distribuição ................................................................................... 5 Figura 3 - Ciclo DMAIC ................................................................................................. 9 Figura 5 - Esquema genérico de uma Espinha de Peixe ............................................. 12 Figura 6 - Interpretação do coeficiente de correlação. ................................................ 13 Figura 7 - Fluxo de separação das caixas. .................................................................. 18 Figura 8 - Detalhamento das fases, etapas e atividades da estrutura proposta. ......... 20 Figura 9 - Project Charter............................................................................................ 24 Figura 10 - SIPOC do Processo de Planejamento em médio prazo do Centro de Distribuição ................................................................................................................. 25 Figura 11 – Fatores influenciadores da produtividade das linhas manuais. ................. 28 Figura 12 - Notas de esforço e impacto atribuídas pela equipe do projeto aos fatores influenciadores da produtividade das linhas manuais ................................................. 30 Figura 13 - Fatores influenciadores da produtividade (X´s) distribuídos na matriz de esforço x impacto. ....................................................................................................... 31 Figura 16 - Análise Bestsubsets para linha A .............................................................. 35 Figura 17 – Análise de Bestsubsets para linha B ........................................................ 36 Figura 18 - Regressão Linear da Linha A .................................................................... 37 Figura 19 - Gráficos de análise de Resíduo da linha A ............................................... 38 Figura 20 - Regressão Linear da Linha B ................................................................... 39 Figura 21 - Gráficos de análise de Resíduo da linha B ............................................... 40

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Sugestão de ferramentas por fase - DMAIC .............................................. 10 Tabela 2 - Fatores Influenciadores da produtividade das linhas manuais separados entre Previsíveis e Não Previsíveis ............................................................................. 29 Tabela 3 - Coeficientes de Correlação para linha A .................................................... 33 Tabela 4 - Coeficientes de Correlação para linha B .................................................... 33 Tabela 5 - Análise de colinearidade para as variáveis independentes da linha A ........ 34 Tabela 6 - Análise de colinearidade para as variáveis independentes da linha B ........ 34 Tabela 7 – Variáveis Independentes ........................................................................... 36

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1.1 Contextualização ................................................................................................. 1

1.2 Objetivo ............................................................................................................... 2

1.3 Justificativa .......................................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................... 3

2.1 Vendas diretas .................................................................................................... 3

2.2 Logística .............................................................................................................. 4

2.2.1 Centros de distribuição ..................................................................................... 5

2.3 Estatística empresarial ........................................................................................ 5

2.4 Seis Sigma .......................................................................................................... 6

2.4.1 SIPOC (Supplier, Input, Process, Output, Customer) ..................................... 10

2.4.2 Espinha de Peixe............................................................................................ 11

2.4.3 Análise de Regressão Linear .......................................................................... 12

2.4.4 Seleção De Modelos e Variáveis (Best Subsets) ............................................ 15

2.4.5 Análise de Resíduos ....................................................................................... 16

3. METODOLOGIA .................................................................................................. 18

3.1 A empresa ......................................................................................................... 18

3.2 Método de pesquisa .......................................................................................... 19

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 22

4.1 Fase Definição .................................................................................................. 24

4.2 Fase Medição .................................................................................................... 27

4.3 Fase Análise ................................................................................................. 32

4.4 Fase Implementação da melhoria ................................................................. 40

4.5 Fase Controle ............................................................................................... 42

5. CONCLUSÕES.................................................................................................... 44

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 45

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico e a crescente

competitividade entre empresas, o tempo que se toma com o transporte, de

suprimentos e produtos, é um forte fator estratégico para se sobressair no

mercado. A logística, então, se torna uma grande aliada, tendo em vista que

sua principal função é planejar e coordenar todas as atividades necessárias

para atingir os níveis desejados de serviço prestado e da qualidade ao menor

custo possível (CHRISTOPHER, 1992).

Um dos ramos de negócios de grande expressão no Brasil são Vendas

Diretas, no qual, dois milhões de vendedores diretos movimentaram R$ 18,5

bilhões em 2008, colocando o país na terceira posição mundial. (ABEVD, 2005)

A logística é de extrema importância para este tipo de negócio, uma vez

que além de produzir seus produtos, companhias desse ramo ainda devem

confeccionar o pedido, com os produtos solicitados, e distribuí-los na casa de

cada revendedor.

Uma vantagem muito específica e interessante deste tipo de negócio é a

liberdade de expansão geográfica: a venda direta não necessita de lojas

físicas, o que facilita este tipo de crescimento. Em contra partida, agrega mais

complexidade à logística de entrega de pedidos, salientando uma vez mais a

importância de um planejamento de distribuição bem elaborado e condizente

com a realidade do negócio, que possibilite saber em longo prazo qual a

capacidade de expedição instalada em cada campanha, facilitando a definição

da estrutura com a qual os Centros de Distribuição devem trabalhar.

Atualmente, quando se inicia a expedição de certa campanha, no Centro

de Distribuição estudado, encontram-se dificuldades na expedição e no

abastecimento que não haviam sido previstas com tempo de reação. Essas

dificuldades diminuem a produtividade, comprometem o serviço e aumentam o

custo do CD.

A proposta do presente trabalho é a criação de um processo, que por

meio de uma ferramenta de análise, que auxilie a visualização de variáveis que

influenciam a produtividade das linhas de expedição do Centro de Distribuição,

2

tornando possível o conhecimento da capacidade instalada, de expedição, com

maior assertividade. Além disso, garantir que o fluxo de informação e

responsabilidade esteja claro e acelere as tratativas pertinentes de mitigação

dos riscos.

1.2 Objetivo

Aumentar a assertividade do planejamento de longo prazo do Centro de

Distribuição estudado, por meio de uma ferramenta que calcule o perfil de

produtividade das linhas de expedição com base no perfil de cada campanha, e

assim tornar o dimensionamento de recursos e metas da operação mais

realista.

1.3 Justificativa

A baixa produtividade apresenta riscos ao Centro de Distribuição, ao

considerarmos no planejamento metas de produtividade maiores do que podem

ser alcançado, para cada campanha. Além disso, a alta produtividade, quando

não percebida com antecedência, deixa de ser aproveitada, e perdem-se

oportunidades.

3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Vendas diretas

A venda direta é um sistema de comercialização de bens de consumo e

serviços diferenciado, baseado no contato pessoal, entre vendedores e

compradores, fora de um estabelecimento comercial fixo. (ABEVD, 2005)

As primeiras notícias que se tem da venda direta no mundo moderno

datam do final do Século XVIII, quando a Enciclopédia Britânica passou a ser

uma das primeiras empresas a adotar este sistema de comercialização.

(ABEVD, 2005)

De grande relevância para o mundo empresarial, está presente em todo

o globo, a venda direta se diferencia, principalmente, por seu potencial de

expansão geográfica, e pela possibilidade de agregar valor aos seus serviços

por meio da relação próxima entre revendedor e o cliente.

Do ponto de vista social, auxilia na minimização do desemprego, pois

cria oportunidades de emprego para classes menos desfavorecidas, além ser

uma opção de emprego que possibilita que o trabalhador pratique horários

flexíveis, e de crescimento profissional proporcional ao seu próprio esforço.

Além de tudo, é uma modalidade de emprego que qualquer um pode

exercer não havendo restrições de escolaridade, experiência, idade, condição

física, ou classe social.

Segundo a WFDSA (World Federation of Direct Selling Associations),

que representa as maiores empresas mundiais do segmento através de suas

associações nacionais, o volume de negócios de venda direta no mundo foi de

US$ 115 bilhões em 2007 e envolve 62,9 milhões de vendedores em 57

países. No Brasil, 2 milhões de vendedores diretos movimentaram R$ 18,5

bilhões em 2008, colocando o país na terceira posição mundial. (ABEVD,

2005). Essas informações ressaltam a importância deste setor no Brasil.

Na figura 1, é possível ver a colocação do Brasil em Vendas Diretas, em

relação aos outros países do mundo.

4

Figura 1 - Ranking de países em US$ em Vendas Diretas

. Fonte: ABEVD (Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas)

O ambiente de vendas diretas é extremamente competitivo e complexo.

Há peculiaridade da comercialização de uma gama de produtos extremamente

abrangente (as empresas chegam a comercializar algumas centenas de

produtos diferenciados em apenas um ano), e constante gerenciamento para

se incluir novos produtos em seus catálogos, além de continuar atendendo as

expectativas dos clientes com os produtos que já estão acostumados. (Miguel,

N. A., 2002).

2.2 Logística

A missão de gestão de logística é planejar e coordenar todas as

atividades necessárias para atingir os níveis desejados de serviço prestado e

da qualidade ao menor custo possível. Logística deve, portanto, ser visto como

o elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa. O escopo da

logística engloba a organização, desde a gestão de matérias-primas até a

entrega do produto final. Gestão de logística, a partir deste ponto de vista de

sistemas totais, é o meio pelo qual as necessidades dos clientes são satisfeitas

através da coordenação dos materiais e fluxos de informação na medida do

mercado, através da empresa e suas operações e, além disso, os

5

fornecedores. Para alcançar esta integração de toda a empresa claramente

requer uma orientação completamente diferente do que é tipicamente

encontrado na organização convencional. (CHRISTOPHER,1992)

2.2.1 Centros de distribuição

O centro de distribuição pode ser definido como uma configuração

regional de armazém onde são recebidas cargas consolidadas de diversos

fornecedores. Essas cargas são fracionadas a fim de agrupar os produtos em

quantidade e sortimento corretos e então, encaminhados para os pontos de

venda, mais próximos, como pode ser ilustrado na Figura 2. (Adaptado de

Bowersox & Closs, 2001)

Figura 2- Centro de Distribuição

Fonte: Bowersox & Closs, 2001

2.3 Estatística empresarial

Estatística é o ramo da matemática que transforma números em

informações úteis para os tomadores de decisão. A estatística faz com que se

passe a conhecer os riscos associados à tomada de decisões no contexto

empresarial e permite que se compreenda e minimize a variação no processo

de tomada de decisão. (LEVINE, 2012)

A preocupação com a qualidade de seus produtos e o desempenho de

seus processos é a característica essencial que marca a história das empresas

desde o início do século XX. Com a finalidade de conseguir competitividade, as

empresas utilizam diversas práticas de gestão, que quando aplicadas com

disciplina e rigor permitem superar a concorrência e oferecer produtos e

serviços de melhor qualidade (ECKES, 2001).

6

Especialmente na indústria, observamos que o uso de técnicas

estatísticas extremamente simples pode ajudar a manter a qualidade do

produto dentro de um determinado nível. Na maioria das vezes, os métodos

estatísticos empregados contribuem para o aumento da produção ou até

mesmo para redução de custos, sem que nenhum investimento adicional ou

que medidas de expansão industrial precisem ser tomadas. (SILVA, 2009)

Logo, percebe-se como a estatística pode ser um facilitador no meio

empresarial. O estudo de suas ferramentas e aplicações pode implicar em

grandes ganhos, inclusive ganhos em serviço, como objetiva este trabalho.

No mundo dos negócios, a estatística apresenta estes importantes usos

específicos:

Sintetizar dados de negócios

Tirar conclusões a partir desses dados

Realizar prognósticos confiáveis sobre atividades relacionadas ao

mundo dos negócios

Melhorar os processos relacionados aos negócios (LEVINE, 2012)

2.4 Seis Sigma

Seis Sigma é uma modelo de gestão de qualidade que foi concebido, na

década de 1980, pelo engenheiro industrial Gary Cone, considerado o guru do

assunto. CEO da Global Productivity Solutions, aplicou o programa Seis Sigma

na Motorola, General Eletric, Honeywell, Black & Decker, e diversas outras

organizações (PYZDEK, 2003).

A adoção da metodologia por Galvin da Motorola teve por objetivo

reduzir os defeitos na fabricação de produtos eletrônicos. Posteriormente, a

General Eletric, comandada por Jack Welch, adotou e descreveu o Programa

Seis Sigam como a mais importante iniciativa que a General Electric já

empreendeu (PYZDEK, 2003).

No Brasil não foi diferente e, em 1997, o Grupo Brasmotor introduziu o

programa em suas atividades, registrando em 1999 ganhos de R$ 20 milhões

com a aplicação do Seis Sigma (WERKEMA, 2002).

7

Seis Sigma é um sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar

e maximizar o sucesso empresarial. Seis Sigma é singularmente impulsionado

por uma estreita compreensão das necessidades dos clientes, pelo uso

disciplinado de fatos, dados e análises estatísticas e a atenção diligente à

gestão, melhoria e reinvenção dos processos de negócios. (PANDE, NEUMAN,

CAVANAGH, 2001)

A visão de quem emprega o Seis Sigma como estratégia competitiva é

levar a empresa a ser classe mundial; a meta é chegar o mais próximo do zero

defeitos; a métrica empregada na medição do nível de qualidade dos

processos da organização que emprega o Seis Sigma pode ser a

transformação de defeitos por milhão em uma escala sigma (desvios-padrão);

esta última é uma estatística que avalia o desempenho (desvio) das

características críticas para qualidade em relação às especificações

(WERKEMA, 2000).

As principais mudanças obtidas com a implantação do Seis Sigma são:

Atuação da empresa volta-se principalmente ao atendimento dos

objetivos dos clientes; à intensificação do valor para mesmos;

A busca de todos os funcionários pelo aperfeiçoamento na condução de

seu trabalho, além de procurar eliminar operações que não agreguem

valor ao produto final;

Os problemas da empresa são considerados problemas de todos os

seus funcionários;

A forma de condução da solução de um problema é padronizada em

todos os setores da empresa;

A geração de um sucesso sustentado, pois desenvolve as habilidades e

a cultura necessárias a uma revitalização constante nas empresas;

O 6σ aumenta o desenvolvimento e acelera o compartilhamento de

ideias inéditas dentro das empresas;

Permite prática de definição das metas de desempenho, que é a base

sobre a qual está alicerçada a metodologia 6 σ, em virtude do nível de

desempenho ter de se aproximar da perfeição;

8

O aprimoramento das melhorias, que é garantido pela utilização de

várias ferramentas de gestão empresarial disciplinadas pela estrutura do

método;

A execução de mudanças estratégicas, pois a sua incorporação

possibilita a compreensão detalhada dos processos e procedimentos

das empresas, oferecendo, assim, a capacidade de implementação de

simples ajustes a complexas mudanças; (AGUIAR, 2001)

O conceito Seis sigma da Motorola tem por objetivo reduzir a

variabilidade no processo de modo que os limites de especificação estejam a

seis desvios padrão da média. Sob a qualidade seis sigma, a probabilidade de

que uma unidade específica do produto estar dentro das especificações é de

0,9999998, ou 02 ppm (OLIVEIRA, 2010)

Outra abordagem é o conceito de filosofia de trabalho ou uma

metodologia estruturada que, apesar de se fundamentar em ferramentas

estatísticas da qualidade usadas há décadas, é diferenciada pela ênfase na

voz do cliente e permite incrementar seus lucros por meio da otimização das

operações, da melhoria da qualidade e da eliminação de defeitos, falhas e

erros, tendo como meta melhorar seus lucros (PEREZ-WILSON, 2000).

A operacionalização do Seis Sigma se dá através de uma metodologia e

do emprego de ferramentas (AGUIAR, 2001). Um das metodologias abordadas

pelo Seis Sigma é chamado DMAIC (Definir – Medir – Analisar – Implementar

melhoria – Controlar), similar ao PDCA (Planejar - Fazer – Checar – Agir),

como indicado na figura abaixo:

9

Figura 3 - Ciclo DMAIC

Fonte: ECKES, 2003

O ciclo DMAIC é conhecido como a metodologia básica do Seis Sigma.

Consiste no desenvolvimento de um conjunto de etapas direcionadas para a

solução de problemas. Está focado na utilização de métodos que asseguram a

redução da taxa de defeitos e falas nos produtos, serviços, e processos

existentes. (MARTINS, 2008)

Os programas de qualidade anteriores ao Seis Sigma utilizavam uma

abordagem tradicional de solução de problemas, baseada na aplicação do ciclo

de melhoria PDCA e de ferramentas de Análise e Solução de Problemas da

Qualidade (WERKEMA, 2000).

O Seis Sigma aprimora a abordagem tradicional propondo a resolução

de problemas dividida em etapas bem distintas dentro do ciclo PDCA, ou

DMAIC, com a utilização de ferramentas estatísticas específicas. (USEVICIUS,

2004).

WERKEMA sugere a utilização das ferramentas estatísticas segundo a

tabela a seguir:

10

Tabela 1 – Sugestão de ferramentas por fase - DMAIC

D M A I C

Definir escopo com precisão

Determinar o foco do

problema

Determinar as causas

prioritárias

Propor, avaliar, e implementar

melhorias

Garantir que o alcance da meta seja mantido

Mapa de raciocínio

Plano de coleta de dados

Fluxograma Brainstorming Pareto

Project Charter Amostragem FMEA/FTA FMEA Poka-Yoke Métricas do Seis Sigma

Pareto Histograma 5W2H Palestras

Gráfico Sequencial

Carta de controle Box Plot Simulação Folha de

verificações Carta de Controle

Matriz causa e efeito

Diagramas de dispersão

Diagrama da Árvore

Análise de capacidade

Análise de série temporais

Análise multivariada

Diagrama de afnidades

Diagrama de Gantt

Relatório de anomalias

Análise economica

Box Plot Matriz de Priorização

Diagrama de priorização

Out of control action plan

SIPOC Histograma Carta de controle EVOP On the job

training

Voz do Cliente Análise de capacidade

Teste de hipótese

Procedimento padrão

Gráfico

Sequencial Análise de regressão

Matriz de priorização Histograma

Teste de hipótese

Carta de controle

Planejamento de

experimentos

Análise de vida

acelerado

Fonte: WERKEMA, 2001

2.4.1 SIPOC (Supplier, Input, Process, Output, Customer)

O diagrama SIPOC é uma ferramenta utilizada para identificar elementos

relevantes de um projeto de melhoria de processo, por meio da construção de

um mapa de processo de alto nível. O objetivo é criar uma representação de

11

como o processo opera no momento para que se possa determinar o que não

está funcionando corretamente (ECKES, 2001 e GEORGE, 2004).

Este mapa define apenas as atividades principais do processo, não

entrando em detalhes como pontos de decisão ou loops de retrabalho. O

mapeamento do processo mais detalhado é realizado na fase de análise

(PANDE, 2001).

Fornecedor é aquele que propicia as entradas necessárias, podendo ser

interno ou externo, entrada é o que será transformado na execução do

processo, processo é a representação esquemática da sequência das

atividades que levam a um resultado esperado, saída é o produto ou serviço

como solicitado pelo cliente, cliente é quem recebe o produto ou serviço

(MELLO, 2002)

2.4.2 Espinha de Peixe

O Diagrama de Causa e Efeito, ou Espinha de Peixe, é uma ferramenta

criada por Kaoru Ishikawa, então professor da Universidade de Tóquio, que a

utilizou pela primeira vez em 1953, na discussão de uma problema de

qualidade em um ambiente fabril. Ao provar sua utilidade, a ferramenta passou

a ser amplamente utilizada entra as empresas do Japão (KUME, 1993).

O Diagrama de Causa e Efeito foi concebido para mostrar a relação

entre uma característica de qualidade e seus fatores. Atualmente é utilizado no

mundo todo em vários campos e não apenas para lidar com as características

de qualidade dos produtos (KUME, 1993).

O diagrama de causa e efeito é a ferramenta ideal quando se quer

garantir. No brainstorming, que o máximo de ideias sobre as causas potenciais

para o problemas sejam capturadas (ECKES, 2001).

12

Figura 4 - Esquema genérico de uma Espinha de Peixe

Fonte: A autora

2.4.3 Análise de Regressão Linear

A análise de regressão é uma das ferramentas mais utilizadas para a

análise de dados, sendo aplicada em quase todas as áreas de conhecimento,

incluindo: engenharia, física, química, economia, administração, ciências

biológicas e da vida e ciências sociais. A simplicidade e utilidade dessa técnica

são resultantes do conceito lógico de utilizar uma equação matemática para

expressar a relação entre variáveis. A análise de regressão é também

interessante devido à sua elegante base matemática e bem desenvolvida teoria

estatística (MONTGOMERY 2001; NETER, 2005).

A análise de regressão é uma ferramenta estatística que proporciona

modelar e investigar a relação entra duas ou mais variáveis quantitativas (ou

qualitativas) de tal forma que é possível prever os valores de uma variável

resposta (ou dependente) pela observação das mudanças das variáveis

independentes (ou explicativas), denominadas regressoras (HAIR JUNIOR,

2005).

13

Os dados de um modelo de regressão múltipla consistem de n

observações da variável dependente ou “resposta” Y, e igualmente n

observações de p variáveis independentes (ou “explicativas”) X1, X2, X3,..., Xn.

O coeficiente de correlação indica a força da relação de causa e efeito

entre a variação da variável explicada (y) e a variação da variável explicativa

(x), sendo calculada por:

r = (1)

O coeficiente de correlação é uma medida estatística que varia de –1 a

+1.

Figura 5 - Interpretação do coeficiente de correlação.

Fonte: HAIR, 2005

O modelo de regressão linear múltipla que relaciona a característica de

qualidade y às k variáveis de controle do processo é representado na equação

(2).

(2)

O coeficiente de regressão β0 é chamado de coeficiente de intercepto, já

que é o valor em que a equação de regressão intercepta o eixo y, e os

coeficientes β1, β2, ..., βk são chamados de coeficientes de inclinação, pois

são a derivada parcial de y em relação à variável de controle Xk (PEDRINI,

2009).

14

Para muitos modelos matemáticos, através de regressão linear simples

se consegue explicar uma parcela razoável da evolução da variável

dependente. No entanto, teremos ainda uma parcela restante da variação do

comportamento deixado inexplicado. Buscamos, portanto outras variáveis

independentes que sejam relacionadas à série em estudo. Contudo, estas

novas variáveis independentes (ou preditivas) não podem ser altamente

relacionadas à variável independente já em uso, mas, em muitos casos,

algumas variáveis independentes são linearmente dependentes entre si. Uma

relação linear entre duas ou mais variáveis independentes é chamada

multicolinearidade. Isto implica que há redundância de informações entre as

variáveis preditoras / preditivas (GUEDES, 2005).

A maneira mais simples de se identificar a colinearidade é um exame da

Matriz de Correlação das variáveis independentes. A presença de altas

correlações (geralmente 0,80 ou mais) é a primeira indicação de colinearidade

substancial (GUEDES, 2005). A presença da colinearidade muitas vezes

dificulta a obtenção de resultados confiáveis.

Algumas indicações da presença de multicolinearidade são:

Valores altos do coeficiente de correlação;

Grandes alterações nas estimativas dos coeficientes de regressão,

quando uma variável independente for adicionada ou retirada do

modelo, ou quando uma observação for alterada ou eliminada;

Obtenção de estimativas para os coeficientes de regressão com sinais

algébricos contrários aqueles que seriam esperados a partir de

conhecimentos teóricos disponíveis ou de experiências anteriores sobre

o fenômeno estudado; (MILOCA, 2008).

Varias medidas tem sido propostas para resolver o problema de

multicolinearidade:

Excluir uma ou mais variáveis independentes altamente correlacionadas

e identificar outras variáveis independentes para ajudar na previsão.

Esse procedimento deve ser feito com cautela, pois, neste caso, ha o

descarte de informações contidas nas variáveis removidas;

15

Usar o modelo com variáveis independentes altamente correlacionadas

apenas para previsão, ou seja, não interpretar os coeficientes de

regressão;

Usar as correlações simples entre cada variável independente e a

dependente para compreender a relação entre variáveis independentes

e dependentes; (HAIR, 2005).

No presente trabalho foram realizadas modelagens estatísticas das

variáveis dependentes, sendo desenvolvidos modelos estatísticos de regressão

linear múltipla empregando-se o software MINITAB, versão 16.

.

2.4.4 Seleção De Modelos e Variáveis (Best Subsets)

Em estudos com modelos lineares, é necessário explorar as variáveis

independentes para realizar estudos sobre a variável dependente, sendo

algumas removidas seletivamente, com objetivo de reduzir seu número na

aplicação do modelo. Isto porque, um modelo de regressão com muitas

variáveis independentes possui elevados custos computacionais e de

atualização do modelo, dificultando seu uso e análise. Há, portanto, que se

considerar que o número de variáveis utilizadas na construção de um modelo

deva possibilitar a descrição, o controle e a predição adequada (PIMENTA,

2008).

O método “BestSubsets” consiste no ajustamento de modelos utilizando

diferentes combinações de variáveis para a escolha dos melhores modelos. O

primeiro critério é a utilização do coeficiente de determinação R2 e do

coeficiente de determinação ajustado R2aj, que devem ter valores altos.

Geralmente, modelos com mais variáveis apresentam um maior valor de R2,

porém em alguns casos, aumento do valor de R2 com a adição de uma nova

variável é tão inexpressivo, que não é interessante essa variável ser utilizada.

O R2aj é sensível à adição de novas variáveis no modelo, podendo aumentar o

diminuir o seu valor.

É interessante lembrar que um modelo que maximiza o R2aj, também diminui a

média quadrática dos erros, gerando um modelo melhor (MONTGOMERY,

2001).

16

O segundo critério utiliza a estatística Cp de Mallows, que, segundo

Montgomery (2001), é um estimador da média quadrática total dos erros do

modelo completo contendo k variáveis regressoras, conforme a fórmula (3).

(3)

Dessa forma, escolhem-se modelos em que a estatística Cp de Mallows

tenha um valor menor e próximo ao do número de variáveis regressoras mais

um (p = k +1), porém em alguns casos torna-se interessante escolher valores

de Cp levemente maiores que p (MONTGOMERY, 2001)

2.4.5 Análise de Resíduos

Os modelos de regressão múltipla não apontam resultados exatos para

as variáveis dependentes principalmente por existir influência de outras

variáveis não consideradas nos modelos, ou simplesmente por serem tais

modelos simplificações, ou por ambos os motivos. A medida de erro de

previsão é o resíduo – a diferença entre os valores previstos e os observados

para a variável dependente. A análise de resíduos fornece um conjunto de

diagnósticos para o exame do modelo de regressão, como sua adequação, a

validade das hipóteses de distribuição dos erros e a existência de valores

discrepantes. (GUEDES, 2005).

Para confirmarmos se o modelo de regressão é valido, devemos verificar

todas as suposições (abaixo listadas) sobre os erros. 1. Tem média zero e a

mesma variância desconhecida. 2. São não correlacionados, ou seja, o valor

de um erro não depende de qualquer outro erro. 3. Os erros têm distribuição

normal. Para isso, faz-se a Análise Residual:

Gráfico De Probabilidade Normal: Usado para verificar se os resíduos se

comportam de acordo com a distribuição normal. Se os resíduos provêm

de uma distribuição normal, os pontos devem estar ao longo de uma

linha reta.

17

Histograma: Caso a amostra seja razoavelmente grande e se

concluirmos que os resíduos provêm de uma distribuição normal, o

histograma deverá também indicar esta normalidade.

Resíduos Versus Valores Ajustados: Usado para verificar não está

faltando nenhum termo quadrático no modelo, se a variância é constante

ao longo de todos os valores ajustados e se não existe nenhum outlier.

Se observarmos a existência de qualquer padrão não aleatório neste

gráfico, é sinal que algumas das suposições foram violadas.

Resíduos Versus Valores Ordenados: Representa a ordem na qual os

valores foram coletados e é usado para verificarmos a independência

dos resíduos. Se não existir nenhum efeito devido à ordem de coleta dos

dados, os resíduos estarão espalhados aleatoriamente em torno do

zero. (CUTI, 2009)

18

3. METODOLOGIA

3.1 A empresa

A empresa GAMA, na qual o presente trabalho se baseará é uma

multinacional de sucesso, que está entre as maiores companhias de vendas

diretas do mundo. Presente no mercado a mais de 120 anos, tem como seus

principais mercados a América do Sul, Europa, e Estados Unidos.

O estudo terá como foco um dos Centros de Distribuição da referida

empresa, o qual está situado no interior de São Paulo, e atende uma grande

fatia da demanda brasileira.

O Centro de Distribuição estudado possuem linhas de expedição,

mecânicas e manuais, nas quais os produtos são dispostos para a separação.

Então, o processo de “produção” das caixas que são enviadas para os

revendedores seguem o seguinte fluxo:

Figura 6 - Fluxo de separação das caixas.

Fonte: A autora

As caixas a serem expedidas são formadas e recebem um código de

barras, que contém todas as informações relativas à caixa, após seguem pelas

linhas mecânicas, e pelas linhas manuais (A, B e C), em seguida as caixas são

lacradas e seguem para as docas, onde são acomodadas nos respectivos

veículos de transporte.

O histórico do Centro de Distribuição mostra que cerca de 95% das

caixas produzidas passam pelas linhas manuais A e B, o que torna ainda mais

relevante o conhecimento do perfil de produtividade que apresentarão em cada

Formação das caixas

Linha mecânica

Linha A

Linha B

Linha C

19

campanha. Logo, o presente trabalho terá como foco a produtividade das linhas

A e B.

Dados relacionados à empresa, como o nome, endereço, e informações

internas serão mantidos confidenciais, conforme acordado entre a empresa e a

autora deste trabalho. Para este fim, a empresa terá o nome fictício GAMA.

3.2 Método de pesquisa

A metodologia empregada neste projeto a Pesquisa-Ação.

As principais características que definem a pesquisa-ação são:

Utilização de abordagem cientifica para estudar a resolução de

importantes assuntos organizacionais juntamente com aqueles que

experimentam esses assuntos diretamente. A pesquisa-ação trabalha

através de um processo cíclico de quatro passos: planejamento, tomada

de decisão e avaliação da ação, reflexão/aprendizagem, levando para

outro planejamento e assim por diante;

Membros do sistema que está sendo estudado participam ativamente e

de forma cooperativa com os agentes de mudança no processo cíclico

citado anteriormente;

Compreender ciclos iterativos de coleta de dados, realimentação desses

dados para aqueles interessados, análise dos dados, planejamento das

ações, tomada de ações e avaliação, levando para nova coleta de

dados, e assim por diante. As saídas desejadas dessa estratégia de

pesquisa não são apenas soluções para os problemas imediatos, mas

importantes aprendizados dessas saídas, intencionais ou não, além de

uma contribuição para a teoria e para o conhecimento cientifico;

Idealmente, espera-se que a contribuição da pesquisa se dê em tempo

real, apesar de que uma pesquisa-ação retrospectiva seja aceitável

(COUGHALAN, 2002).

A figura 8 apresenta o fluxo de atividades e etapas da

metodologia de pesquisa-ação.

20

Figura 7 - Detalhamento das fases, etapas e atividades da estrutura proposta.

Fonte: MIGUEL, 2012

Este projeto se encaixa em tal linha de pesquisa, pois a presente autora

é líder do projeto de análise de riscos referentes à produtividade do Centro de

Distribuição da empresa GAMA. Todo o planejamento e a execução do

trabalho serão acompanhados pela mesma, e será base para este trabalho:

A Pesquisa Ação é uma abordagem metodológica que busca responder

questões tais como: Como gerentes de operação e pesquisadores

podem aprender a partir da atividade aplicada que caracteriza a prática

da Gestão de Operações? (COUGHLAN, COGHLAN, 2002).

• Diagnosticar situação; • Definir tema e interessados; • Delimitar o problema; • Definir critérios de avaliação para pesquisa e ação;

Definir contexto e propósito

• Mapear literatura; • Delinear ideais e proposições; • Determinar questão e definir objetivos da pesquisa;

Definir estrutura conceitual-teórica

• Selecionar unidade de análise; • Definir técnicas de coleta de daods;laborar protocolo de pequisa-

ação;

Selecionar unidade de análise e técnicas de coleta de dados

• Registrar dados; • Realimentar dados; Coletar dados

• Tabular dados; • Comparar dados empíricos com a teoria; • Elaborar planos de ação;

Analisar dados e planejar ações

• Implementar planos de ações; Implementar ações

• Avaliar resultados; • Prover estrutura para replicação; • Desenhar implicações teóricas e práticas; • Redigir relatório;

Avaliar resultados e gerar relatório

21

A Pesquisa Ação é bastante apropriada quando se objetivam melhorias

operacionais e aprendizagem organizacional (ZUBER-SKERRITT;

PERRY, 2002).

O presente trabalho empregou a metodologia DMAIC, descrita no

modelo de gestão da qualidade Seis Sigma, que traz o uso sistemático de

ferramentas estatísticas, por apresentar fases semelhantes as fases da

metodologia Pesquisa-Ação.

22

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos pelo projeto,

que seguiu a sequência da metodologia DMAIC, descrita na referência

bibliográfica.

A empresa GAMA tem como método para medir a capacidade instalada

a produtividade de cada linha de expedição. Como produtividade do Centro de

Distribuição entende-se velocidade das linhas de expedição, ou seja, quantas

caixas por hora por linha o CD é capaz de produzir. Esta é uma das principais

entradas para o processo de planejamento do CD em longo prazo, então, é

fator de alta relevância para a definição da estrutura do CD e para

dimensionamento de headcount, uma vez que o CD estudado possui linhas

manuais, que apresentam grande variação em sua produtividade, devido à

complexidade individual de cada campanha.

O referido Centro de Distribuição apresenta três tipos diferentes de

linhas manuais:

Linha A: Contem, aproximadamente, os 600 produtos com maior

demanda na campanha, que não podem ser expedidos por máquinas.

Utiliza sistema Pick-To-Light. Cada linha A possui seis estações, cada

uma com produtos diferentes, e todas as caixas que passam por esta

linha passam em todas as estações, mesmo que não solicite nenhum

produto em uma estação.

A Tecnologia Pick-To-Light permite o operador conhecer de forma rápida

e intuitiva a localização e quantidade exata da operação para colher/colocar

(pick/put) através de luzes LED e displays, mostrando a quantidade

demandada e forçando a confirmação da coleta ou escolha de item. Além

disso, a interatividade com o sistema permite ao operador realizar o controle de

estoque e pedidos de reposição dos próprios módulos luminosos. (ULMA

HANDLING)

23

Linha B: Contem, aproximadamente, os 200 produtos com maior

demanda na campanha, que não podem ser expedidos por máquinas.

Utiliza sistema Pick-To-Light. Cada linha B possui duas estações, cada

uma com produtos diferentes, e as caixas só passam na estação em

solicitam produtos.

Linha C: Contém todos os produtos que não podem ser dispensados por

pelas linhas mecânicas, e não possuem demanda suficiente para

estarem nas linhas A e B. Não utiliza o sistema Pick-To-Light como as

demais linhas manuais, seus operadores utilizam leitores de código de

barras para identificar quais e quantos produtos devem ser colocados

em cada caixa.

Como mencionado anteriormente, 95% das caixas expedidas pelo

Centro de Distribuição estudado passam pelas linhas A e B, portanto, somente

estas linhas serão analisadas no presente trabalho.

As variáveis influenciadoras das linhas manuais foram avaliadas pelos

mesmos métodos estatísticos, mas frente às diferenças estruturais e

estratégicas que apresentam, cada uma será estudada individualmente,

chegando ao fim, a um valor de produtividade para cada linha manual.

Para o desenvolvimento do projeto foi definida uma equipe

multidisciplinar, como a seguinte configuração:

Líder: A autora

Equipe:

Analista de Planejamento

Analista de Balanceamento das Linhas

Analista de Fluxo

Analista de Melhoria Específica

24

4.1 Fase Definição

Na primeira fase da metodologia DMAIC, a fase Definição, buscou-se

identificar quais são as etapas do processo de planejamento em médio/longo

prazo, e assim verificar potenciais melhorias no processo.

Para o maior esclarecimento dos objetivos e benefícios do projeto, foi

esquematizado o Project Charter, coforme a figura a seguir:

Figura 8 - Project Charter

Fonte: A autora

Como primeiro passo, foi desenhado o SIPOC do processo de

Planejamento em médio/longo prazo, para compreensão do fluxo de entradas e

saídas, conforme a figura abaixo:

25

Figura 9 - SIPOC do Processo de Planejamento em médio prazo do Centro de Distribuição

Fonte: A autora

Por meio desta ferramenta foi possível a visualizar a importância do

padrão de produtividade no processo, como uma das principais entradas no

processo de planejamento em médio/longo prazo.

Para o processo de planejamento, o perfil de produtividade das linhas

manuais é utilizado para determinar a capacidade instalada do Centro de

Distribuição, e assim com qual estrutura trabalhará, ou seja, define quantas

linhas serão abertas para cada tipo (linhas A e B), então, quanto maior a

produtividade das linhas manuais (caixas produzidas por linha por hora) menos

linhas abertas serão necessárias. Além disso, com o número de linhas definido,

também é calculado o headcount da campanha, ou seja, quantas pessoas

serão necessárias para que aquela estrutura seja possível.

Com base nessas informações, é definida a ocupação da campanha,

que normalmente varia entre 90% e 110%, indicando a dificuldade geral da

campanha: quanto menor, mais oportunidades a campanha apresenta, e

quanto maior (superior a 100%) mais dificuldades serão encontradas para a

26

expedição da campanha. Esse valor é baseado na capacidade instalada versus

a demanda de caixas da campanha.

Além disso, tornou mais palpável a maneira inadequada com que é

utilizada a entrada “produtividade das linhas” antes do presente trabalho: na

forma de uma premissa de planejamento, ou seja, fixa em todas as

campanhas, independente do perfil que a campanha apresenta o que na

maioria das vezes não é condizente com a realidade, acarretando em perda da

assertividade do planejamento, onerando os riscos do Centro de Distribuição

não estar preparado adequadamente para as campanhas futuras, podendo até

trazer desequilíbrio no uso dos recursos disponíveis.

Definiu-se como KPI (Key Productive Indicator) do projeto a aderência

da produtividade planejada em relação à efetiva. Levando em consideração

que 95% das caixas do CD passam pelas linhas A e B, o KPI considerará os

valores de assertividade destas duas linhas.

Os dados de produtividades, das linhas A e B, efetivas foram levantados

e comparados com os valores de produtividades utilizados antes do projeto

(premissa). O resultado pode ser visto no gráfico 1.

27

Gráfico 1 - Percentual de aderência da produtividade das linhas A e B, antes do projeto, em

relação à produtividade efetiva das mesmas linhas.

Fonte: A autora

Com base no gráfico é possível visualizar a grande variação da

aderência da premissa de produtividade utilizada, apresentando desvio padrão

de 5,49 e média de aderência, de 85,98%.

Definiu-se como meta para o projeto, elevar a 90% a assertividade das

produtividades das linhas A e B.

4.2 Fase Medição

Na fase de medição, foram realizadas sessões de Brainstorm com a

equipe do projeto, com o objetivo de levantar todos os fatores (X`s) que a

equipe avaliou como influenciadores da produtividade das linhas manuais (A,

B) e os resultados foram organizados no seguinte Diagrama Espinha de Peixe:

28

Figura 10 – Fatores influenciadores da produtividade das linhas manuais.

Fonte: A autora

Como o objetivo do projeto é focado no planejamento em médio/longo

prazo, os fatores influenciadores da produtividade das linhas manuais (X`s)

foram separados entre Previsíveis e Não Previsíveis, uma vez que a analise de

risco por campanha será feita com antecedência, por meio do conhecimento do

perfil de produtividade das linhas manuais. Os fatores foram organizados na

tabela 1.

29

Tabela 2 - Fatores Influenciadores da produtividade das linhas manuais separados entre

Previsíveis e Não Previsíveis

Previsíveis Não previsíveis

Unidades por pedido Absenteísmo

Percentual de produtos dispensados em linhas mecânicas

Embalagens diferentes para o mesmo produto

Cubagem total (litragem) Trocas e faltas

Percentual de Não Cosméticos Limitação de movimentações

Unidades totais Falta de produtos

Percentual de incentivos Mudança de Standard Case

Percentual de não vendidos Mesmo código, para especificações

diferentes

Pulverização da campanha Desbalanceamento entre as linhas

Unidades por caixa Luminosidade

Caixas por pedido Problemas no sensor de altura

Dias da Campanha Treinamentos

Visitação das linhas Novas contratações

Horas disponíveis Qualidade do abastecimento

Perfil de Picking line Calor excessivo

Frio excessivo

Semestre

Enrosco na linha Fonte: A autora

A seguir, os fatores considerados como Previsíveis foram mais uma vez

classificados utilizando a Matriz Causa x Efeito e Matriz Esforço x Impacto. Em

equipe, foram dadas notas de impacto e de esforço (de previsibilidade) a cada

fator. Com base nestas notas, os fatores (X`s) foram divididos em quatro

grupos:

1. Baixo Esforço e Alto Impacto: Ver e Agir. Fatores que exigem baixo

esforço para ter informações em médio prazo, mas possuem alto

impacto na produtividade.

2. Alto Esforço e Alto Impacto: Complexos. Fatores que possuem alto

impacto na produtividade, porem demandam grandes esforço para

serem previstos com antecedência.

3. Baixo Esforço e Baixo Impacto: Possuem baixo impacto na

produtividade, porem por apresentarem baixo esforço de previsibilidade

também são analisados, porem depois dos fatores presentes no grupos

anteriores.

30

4. Alto Esforço e Baixo Impacto: Descartes. Demandam grande esforço, e

apresentam baixo impacto na produtividade, portanto, são fatores que

devem ser descartados.

Figura 11 - Notas de esforço e impacto atribuídas pela equipe do projeto aos fatores

influenciadores da produtividade das linhas manuais

Fonte: A autora

Com tais resultados, foi gerada a seguinte Matriz Esforço x

Impacto.

31

Figura 12 - Fatores influenciadores da produtividade (X´s) distribuídos na matriz de esforço x

impacto.

Fonte: A autora

No grupo Baixo Esforço e Alto Impacto ficaram os fatores de baixo

esforço de previsibilidade e alto impacto na produtividade das linhas

manuais:

Unidades por pedido

Percentual de incentivos

Perfil de picking line

Horas disponíveis

Caixas por pedido

Situados no grupo Alto Esforço e Alto Impacto os fatores de alto esforço

de previsibilidade e alto impacto na produtividade das linhas manuais:

Percentual de não vendidos

Percentual de não cosméticos

Pulverização da campanha

Cubagem

32

No grupo Baixo Esforço e Baixo Impacto estão os fatores de baixo

impacto na produtividade das linhas manuais, e também com baixo esforço

de previsibilidade:

Unidades por caixa

Unidades totais

E no grupo de Alto Esforço e Baixo Impacto estão os fatores que

possuem baixo impacto na produtividade, porém, apresentam alto esforço

de previsibilidade, e que serão descartados:

Percentual de produtos em linhas mecânicas

Visitação das linhas

Com os resultados da fase de definição, foram identificados quais

fatores são influenciadores da produtividade das linhas manuais, em relação à

percepção da equipe, e ainda, foram classificados para que somente sejam

analisados aqueles que são previsíveis, e que podem apresentar um impacto

significativo no resultado final.

4.3 Fase Análise

Neste capítulo, as variáveis independentes foram analisadas sobre suas

correlações com as variáveis depentendes, ou seja, se estatisticamente

influenciam a produtividade das linhas manuais.

Para tais analises foi examinada uma base de dados com o histórico de

produtividade das linhas A e B, e de todas variáveis independentes estudadas,

com tamanho amostral de dezenove observações (número de campanhas em

um ano). O número de amostras foi limitado por uma mudança significativa que

ocorreu no Centro de Distribuição estudado: o início do funcionamento da linha

manual B, o que torna os dados anteriores a data de ativação desta linha

inadequados para análise do perfil de produtividade do Centro de Distribuição

futuras.

Cada variável dependente (Y`s – Produtividade das linhas manuais) foi

testada com cada variável independente (X`s), e correlações maiores que 0,40

(moderadas) foram consideradas satisfatórias. As tabelas 2 e 3 apresentam os

33

coeficientes de correlação obtidos de forma isolada, isto é, o teste que analisa

estatisticamente, se a variável independente explica a variável dependente.

Tabela 3 - Coeficientes de Correlação para linha A

Variáveis Independentes Coeficiente de correlação

Caixas por pedido 0,5882

Unidades por pedido 0,2472

Unidades por caixa -0,4067

% de não cosméticos 0,0306

Horas disponíveis 0,0466

% de não vendidos -0,1642 % Pulverização da

campanha -0,0704

Perfil de picking line 0,1819

Unidades totais 0,2515

% Incentivos -0,0414

Cubagem 0,4789 Fonte: A autora

Tabela 4 - Coeficientes de Correlação para linha B

Variáveis Independentes Coeficiente de correlação

Caixas por pedido 0,4432

Unidades por pedido 0,4567

Unidades por caixa -0,2513

% de não cosméticos -0,0379

Horas disponíveis 0,1737

% de não vendidos -0,4123 % Pulverização da

campanha 0,1451

Perfil de picking line 0,1218

Unidades totais -0,453

% Incentivos 0,0619

Cubagem -0,1476 Fonte: A autora

Deste modo, com base nos resultados, para linha A, as variáveis que

impactam, estatisticamente, em sua produtividade são somente: Caixas por

pedido (Percentual de explicação de 58,82%, diretamente proporcional),

Unidades por Caixa (Percentual de explicação 40,67%, inversamente

proporcional), e a Cubagem (Percentual de explicação de 47,89%, diretamente

proporcional).

34

Já para linha B, as variáveis a serem consideradas são: Caixas por

pedido (Percentual de explicação de 44,32%, diretamente proporcional),

Unidades por Pedido (Percentual de explicação de 45,67%, diretamente

proporcional), Percentual de não vendidos (Percentual de explicação de

41,23%, inversamente proporcional), e Unidades totais da campanha

(Percentual de explicação de 45,30%, inversamente proporcional).

A seguir, as variáveis independentes foram testadas quanto à

multicolinearidade, ou seja, quanto à correlação entre as variáveis

independentes.

Tabela 5 - Análise de colinearidade para as variáveis independentes da linha A

Coeficientes de correlação Caixas por pedido Unidades por caixa

Caixas por pedido 1

Unidades por caixa 0,814465976 1

Cubagem 0,438894473 0,835988654 Fonte: A autora

Com base nos resultados obtidos para as variáveis independentes da

linha A, verifica-se que a variável “Unidades por Caixa” apresenta alto nível de

correlação com as demais variáveis, portanto, será eliminada do modelo de

regressão.

Tabela 6 - Análise de colinearidade para as variáveis independentes da linha B

Coeficientes de correlação Caixas por pedido

Unidades por pedido Unidades totais

Caixas por pedido 1

Unidades por pedido 0,580949494 1 Unidades totais 0,785890478 0,951729803 1

% de não vendidos 0,194657493 0,345859903 0,234549812 Fonte: A autora

Os resultados obtidos para as variáveis independentes da linha B

também mostraram colinearidade, da variável “Unidades Totais” com as

variáveis “Caixas por pedido” e “Unidades por Pedido”. A variável “Unidades

Totais” será eliminada do modelo de regressão.

35

Em seguida, a ferramenta Best Subsets possibilitou constatar a melhor

combinação, dentre as variáveis independentes filtradas até o momento, que

explique o perfil de produtividade das linhas manuais. As figuras 15 e 16

apresentam os resultados das análises feitas, para as linhas A e B, com o

auxílio do Minitab.

Figura 13 - Análise Bestsubsets para linha A

Fonte: A autora

36

Figura 14 – Análise de Bestsubsets para linha B

Fonte: A autora

As combinações mais significativas foram selecionadas com base na

combinação do maior R2, e o menor Cp de Mallows, e estão demonstradas

na Tabela 6.

Tabela 7 – Variáveis Independentes

Linha Variáveis Independentes

A Caixas por Pedido

B Caixas por Pedido e % de não

vendidos Fonte: A autora

Com base nos resultados obtidos, foram gerados os modelos de

equações para o cálculo das produtividades das linhas A e B.

37

Figura 15 - Regressão Linear da Linha A

Fonte: A autora

38

Figura 16 - Gráficos de análise de Resíduo da linha A

Fonte: A autora

As análises dos resíduos não apresentaram tendência aparente nos

resíduos gerados, portanto foi considerada satisfatória.

39

Figura 17 - Regressão Linear da Linha B

Fonte: A autora

40

Figura 18 - Gráficos de análise de Resíduo da linha B

Fonte: A autora

As análises dos resíduos não apresentaram tendência aparente nos

resíduos gerados, portanto foi considerada satisfatória.

As equações geradas pela análise multivariada foram utilizadas para,

com dados das variáveis independentes nas campanhas futuras, obter as

produtividades das linhas manuais, com base no perfil das campanhas.

Além disso, os dados das campanhas futuras foram avaliados com base

em uma média de cada variável independente, para o conhecimento de qual

variável estava mais contrastante com habitual.

Foram calculadas as produtividades das linhas A e B, a partir da

campanha 11 até a última campanha de 2014, para testar a efetividade dos

modelos gerados.

4.4 Fase Implementação da melhoria

Com a fase de análises concluída, é necessária a operacionalização dos

modelos obtidos. Para tal foi desenvolvida uma ferramenta no Excel, com o

banco de dados das variáveis independentes e dependentes, e também

41

informações sobre estas variáveis nas campanhas futuras, com base no

planejamento de demanda feito pela empresa.

A partir da campanha 11 de 2014, a ferramenta começou a ser testada,

quanto a sua assertividade. O resultado está exibido no gráfico 2, com a média

da assertividade da produtividade da Linha A e da Linha B.

Gráfico 2 – Assertividade do modelo

Fonte: A autora

Os resultados obtidos até o momento foram satisfatórios, pois se

mantiveram acima da meta de 90% de assertividade.

Quando comparamos os resultados de assertividade das produtividades

calculadas com os valores de assertividade antes do presente trabalho, as

melhorias são evidentes, como apresentado no gráfico 3. A média da

assertividade da premissa utilizada por planejamento, até a campanha 18, foi

de 85,29%, com desvio padrão de 5,78%. Já a assertividade do modelo criado,

no mesmo período de tempo, foi de 94,37%, com desvio padrão de 3,17%.

70%

75%

80%

85%

90%

95%

100%

105%

CP 11 CP 12 CP 13 CP 14 CP 15 CP 16 CP 17 CP 18

Target Aderência da produtividade (Modelo x Efetivo)

42

Gráfico 3 - Assertividade da produtividade das linhas A e B antes e depois do projeto.

Fonte: A autora

Pode-se notar que o procedimento utilizado para o cálculo das

produtividades das linhas A e B foi mais eficaz do que a premissa de

produtividade utilizada até o momento.

4.5 Fase Controle

Após a implementação da ferramenta de cálculo da produtividade das

linhas A e B é de extrema importância à constância na atualização dos dados

efetivos, tanto das variáveis dependentes, quanto independentes.

70,00%

75,00%

80,00%

85,00%

90,00%

95,00%

100,00%

105,00%

CP 10

CP 11

CP 12

CP 13

CP 14

CP 15

CP 16

CP 17

CP 18

CP 19

CP 20

CP 02

CP 03

CP 04

CP 05

CP 06

CP 07

CP 08

CP 09

CP 10

CP 11

CP 12

CP 13

CP 14

CP 15

CP 16

CP 17

CP 18

Aderência da Produtividade (Premissa x Efetivo)

Target

Aderência da produtividade (Modelo x Efetivo)

43

O analista de planejamento, integrante da equipe, responsável por este

processo foi treinado para o entendimento de todas as etapas do cálculo das

produtividades das linhas A e B, e uma Instrução de Trabalho foi desenvolvida

com todos os passos do processo.

O KPI do projeto (assertividade do modelo) deve ser acompanhado pelo

analista responsável com atenção, para o caso de oscilações bruscas, o que

pode significar a necessidade da atualização do modelo de regressão. Por

sugestão do Black Belt que orientou a autora do seguinte trabalho, é uma

prática atualizar o modelo de regressão pelo menos a cada seis meses, para

garantia de sua efetividade.

Além disso, o modelo também deve ser atualizado caso ocorra alguma

mudança significativa no processo de expedição das caixas, refazendo os

passos seguidos neste trabalho.

44

5. CONCLUSÕES

Com a utilização da metodologia DMAIC em no processo de

planejamento de um Centro de Distribuição conseguiu-se:

Aumentar 9% na assertividade no planejamento da produtividade das

linhas A e B.

Implementar uma ferramenta de cálculo da produtividade.

Conhecimento das variáveis influenciadoras na produtividade.

Melhor dimensionamento dos recursos utilizados no Centro de

Distribuição

Metas para a operação mais realistas.

Além das melhorias concretas, também foram verificadas melhorias

subjetivas como:

A quebra de paradigmas quanto a variáveis que eram vista como

influenciadoras da produtividade e, estatisticamente, não eram.

A desmistificação das análises estatísticas apresentadas pela

metodologia, tornando-as mais próxima do cotidiano das pessoas

envolvidas no presente trabalho.

Conclui-se, então, o presente trabalho como um legado a ser empregado

em outras situações semelhantes, agregando qualidade e assertividade aos

processos de todo tipo de planejamento.

45

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABEVD. Associação Brasileira de Empresas de Vendas Direta. Disponível

em http://www.abevd.org.br. Acessado em 21/04/2014

AGUIAR, S. “Integração das Ferramentas de Qualidade ao PDCA e ao

Programa Seis Sigma”. Belo Horizonte: Ed.Desenvolvimento Gerencial, 2001

BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. “Logística Empresarial – o processo de

integração da cadeia de suprimento”. São Paulo, Atlas, 2001

CHRISTOPHER, M. “Logistics and Supply Chain Management”. Londres:

Pitman, 1992

COUGHALAN, P.; COGHLAN, D. “Action research for Operation

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