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APLICAÇÃO DA METODOLOGIA QFD PARA A PRIORIZAÇÃO DOS ITENS DE FISCALIZAÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS SOB A PERCEPÇÃO DO CLIENTE CRISTIANE CRUZ E SOUSA SPERANDIO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL (TRANSPORTES) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO VITÓRIA, JULHO DE 2005

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APLICAÇÃO DA METODOLOGIA QFD PARA A PRIORIZAÇÃO DOS ITENS DE FISCALIZAÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS SOB A

PERCEPÇÃO DO CLIENTE

CRISTIANE CRUZ E SOUSA SPERANDIO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL (TRANSPORTES) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

VITÓRIA, JULHO DE 2005

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APLICAÇÃO DA METODOLOGIA QFD PARA A PRIORIZAÇÃO DOS ITENS DE FISCALIZAÇÃO DO TRANSPORTE

FERROVIÁRIO DE CARGAS SOB A PERCEPÇÃO DO CLIENTE

CRISTIANE CRUZ E SOUSA SPERANDIO

Dissertação submetida ao programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil na área de concentração em Transportes. Aprovada em 06 de julho de 2005 por:

________________________________________________ Profª. Drª. Marta Monteiro da Costa Cruz – Orientador – UFES

_________________________________________ Prof. Dr. Gregório Coelho de Morais Neto, UFES

_____________________________________ Prof. Dr. Marcus Vinicius Quintella Cury, IME

A Joselino, amor de minha vida e fonte de

inspiração.

A José Alberto e Heloisa, meu porto seguro e

razão de minha existência.

A Aline, grande incentivadora.

Dedico.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que sempre esteve ao meu lado, principalmente, no decorrer

deste trabalho.

À minha orientadora Marta Monteiro da Costa Cruz pela orientação, paciência e por

acreditar em mim.

Aos professores do Mestrado em Engenharia Civil, Gregório Coelho de Morais Neto

e Eliana Zandonade, por toda força e esclarecimentos dispensados.

Ao Examinador Externo, Prof. Dr. Marco Antonio Farah Caldas, pela disponibilidade

em participar da Banca Examinadora.

Aos colegas do Laboratório de Logística e Transportes – NULT pelo apoio nos

momentos de dificuldade.

A ANTT, pelo apoio através do Convênio 013 ANTT/UFES, na concessão de bolsa

de pesquisa e nas consultas técnicas com as equipes da SUCAR e SULOG.

A amiga e tia Marisa Cruz Coser pelo grande incentivo e força para a execução

deste trabalho.

À minha mãe Heloisa, pelo auxílio e carinho na finalização desta dissertação.

Aos colegas de trabalho da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Infra-

Estrutura de Transportes – SEDIT, que disponibilizaram parte do meu horário para a

conclusão desta pesquisa.

Aos meus avós, tios, primos e amigos por todo incentivo e apoio.

A todos, que de uma forma indireta, também fazem parte desta conquista.

“Assim implorei e a inteligência me foi dada,

supliquei e o espírito da sabedoria veio a mim. Eu

a preferi aos cetros e tronos, e avaliei a riqueza

como um nada ao lado da Sabedoria. Eu a amei

mais do que a saúde e a beleza, e gozei dela mais

do que da claridade do sol, porque a claridade que

dela emana, jamais se extingue. Que Deus me

permita falar como eu quisera, e ter pensamentos

dignos dos dons que recebi, porque é Ele mesmo

que guia a sabedoria e emenda os sábios. Porque

nós estamos nas Suas mãos, nós e nossos

discursos, toda a nossa inteligência e nossa

habilidade”.

Sabedoria 7, Bíblia Sagrada

RESUMO

O QFD – Desdobramento da Função Qualidade - é um método de planejamento

bastante eficaz onde se ouve o cliente, suas necessidades e prioridades, traduzindo

a voz do usuário em requisitos mensuráveis, que irão orientar a realização dos

serviços, garantindo a satisfação do cliente. Este trabalho tem como objetivo aplicar

a metodologia QFD, no estabelecimento de um modelo para garantia da qualidade,

aplicado ao serviço de transporte ferroviário de carga brasileiro, abrangendo as 10

principais concessionárias, as quais são responsáveis pelo transporte de carga

nacional. O modelo de QFD utilizado neste trabalho foi desenvolvido baseado no

modelo de Akao, que é aplicado em serviços através da construção da Matriz da

Qualidade, a qual foi desenvolvida para cada uma das concessionárias. A partir dos

dados obtidos dos clientes de cada concessionária foi feito um levantamento dos

principais itens de fiscalização que melhor traduzem as necessidades dos clientes. A

partir daí, testou-se a aplicabilidade do modelo proposto, onde foi possível confirmar

que as prioridades principais dos itens de fiscalização apresentaram resultados

semelhantes para todas as ferrovias, comprovando a confiabilidade da metodologia,

bem como um direcionamento para o planejamento das fiscalizações por parte do

órgão regulador.

ABSTRACT

The Quality Function Deployment – QFD - is an efficient planning tool where the

customer necessities and priorities are translated to measurable requirements, that

will guide the accomplishment of the services and guarantee the customer

satisfaction. This work has the objective to use the QFD methodology in the

establishment of a guarantee quality model, applied to Brazilian heavy haul railroad

service, that was used in the 10 main concessionaires in Brazil, which are

responsible for the national load transport. The QFD model used in this work was

developed based in Akao model, that is applied in services through the construction

of the Quality Matrix, which was developed for each one of the concessionaires.

From the customer datas of each concessionaire, it was made a survey of the main

fiscalization itens who better translate the customer necessities. From there, it was

tested the applicability of the considered model, where it was possible to confirm that

the main fiscalization priorities itens had presented similar results for all railroads,

proving the trustworthiness of the methodology, and a direction to fiscalization

planning by the regulating agency.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - MAPA DAS CONCESSÕES FERROVIÁRIAS

BRASILEIRAS .......................................................................

19

Figura 2 - METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................... 22

Figura 3 - AS QUATRO MATRIZES DO MODELO DAS 4 FASES ...... 37

Figura 4 - CASA DA QUALIDADE NO MODELO DE AKAO ............... 56

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - COMPOSIÇÃO PERCENTUAL DAS CARGAS.............................. 41

Gráfico 2 - GRÁFICO DE DISPERSÃO DA CONCESSIONÁRIA “A” 50

Gráfico 3 - GRÁFICO DE DISPERSÃO DA CONCESSIONÁRIA “B” ............. 51

Gráfico 4 - GRÁFICO DE DISPERSÃO DA CONCESSIONÁRIA “C” ............. 52

Gráfico 5 - PERCENTUAL DAS PRIORIZAÇÕES DAS QUALIDADES

DEMANDADAS ...............................................................................

60

Gráfico 6 - PERCENTUAL DAS PRIORIZAÇÕES DAS CARACTERÍSTICAS

DA QUALIDADE .............................................................................

63

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - AS CONCESSÕES FERROVIÁRIAS NO BRASIL .................................. 18

Tabela 2 - CLIENTES DAS FERROVIAS NO BRASIL ............................................. 21

Tabela 3 - ITENS DE QUALIDADE DEMANDADA ................................................... 53

Tabela 4 - DISTRIBUIÇÃO DAS QUALIDADES DEMANDADAS POR NÍVEL

PRIMÁRIO ................................................................................................

59

Tabela 5 - CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE .................................................. 62

Tabela 6 - DIAGRAMA DE ÁRVORE – CONCESSIONÁRIA “A” ............................ 69

Tabela 7 - DIAGRAMA DE ÁRVORE – CONCESSIONÁRIA “B” ............................ 70

Tabela 8 - DIAGRAMA DE ÁRVORE – CONCESSIONÁRIA “C” ............................ 71

Tabela 9 - PRIORIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE ................. 74

Tabela 10 - NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DAS PRIORIDADES POR

CONCESSIONÁRIA .................................................................................

75

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 14

1.1 COMENTÁRIOS INICIAIS .......................................................... 14

1.2 JUSTIFICATIVA DO TEMA ........................................................ 15

1.3 OBJETIVOS ............................................................................... 15

1.3.1 Objetivos gerais ........................................................................ 15

1.3.2 Objetivos específicos ............................................................... 15

1.4 UNIVERSO DA PESQUISA ....................................................... 16

1.4.1 A ANTT ....................................................................................... 16

1.4.2 As concessões ferroviárias ..................................................... 17

1.4.3 Os clientes das concessionárias ............................................ 20

1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................... 22

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................... 23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................... 24

2.1 QFD – DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE ........... 24

2.1.1 Histórico .................................................................................... 24

2.1.2 Definição de QFD ...................................................................... 25

2.1.3 Importância e vantagens da utilização do QFD ..................... 26

2.1.4 Exemplos de Aplicação do QFD no Brasil ............................. 29

2.1.5 O QFD em serviços .................................................................. 34

2.1.6 Modelos do QFD ....................................................................... 34

2.1.6.1 Modelo das quatro ênfases ou de Akao ..................................... 35

2.1.6.2 Modelo de King ........................................................................... 35

2.1.6.3 Modelo das quatro fases ............................................................ 36

2.1.7 As fases do QFD ....................................................................... 38

3

A QUALIDADE DEMANDADA PELOS CLIENTES DO

TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS ..........................

39

3.1 UMA VISÃO GERAL DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO ......... 39

3.2 A QUALIDADE DOS SERVIÇOS NO SETOR FERROVIÁRIO

BRASILEIRO ..............................................................................

41

3.3 CONHECIMENTO DAS QUALIDADES DEMANDADAS

PELOS CLIENTES .....................................................................

44

3.3.1 Aplicação do questionário aberto e qualitativo..................... 45

3.3.2 Aplicação do questionário fechado e quantitativo................ 47

3.3.3 Determinação dos pontos críticos das concessionárias ..... 48

4 O DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE PARA A

FISCALIZAÇÃO .........................................................................

55

4.1 CASA DA QUALIDADE ADAPTADA .......................................... 56

4.2 DETERMINAÇÃO DOS ITENS DE QUALIDADE DEMANDADA 58

4.2.1 Análise das Qualidades Demandadas 58

4.3 DEFINIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE ......... 60

4.3.1 Análise das Características da Qualidade 63

4.4 CORRELAÇÃO ENTRE AS QUALIDADES DEMANDADAS E

AS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE ................................

64

4.5 DESCRIÇÃO DAS ESPECIFICAÇÕES DAS

CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE ......................................

64

4.6 PRIORIZAÇÃO DAS QUALIDADES DEMANDADAS................. 67

4.7 CONSTRUÇÃO DAS CASAS DA QUALIDADE ......................... 72

4.8 PRIORIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE .... 72

4.9 ANÁLISE DAS PRIORIZAÇÕES ................................................ 76

4.10 DIFICULDADES ENCONTRADAS NA UTILIZAÇÃO DO QFD .. 76

5

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.....................................

78

5.1 CONCLUSÕES FINAIS ............................................................. 78

5.2 RECOMENDAÇÕES FINAIS ...................................................... 79

6 REFERÊNCIAS .......................................................................... 81

ANEXO 1 Casa da qualidade da concessionária “A” ......... 87

ANEXO 2 Casa da qualidade da concessionária “B” ......... 88

ANEXO 3 Casa da qualidade da concessionária “C” ......... 89

ANEXO 4 Modelo de questionário fechado 1 ...................... 90

ANEXO 5 Modelo de questionário fechado 2 ...................... 92

ANEXO 6 Modelo de questionário fechado 3 ...................... 94

ANEXO 7 – Características da Qualidade determinadas

inicialmente ...............................................................................

96

14

1 INTRODUÇÃO 1.1 COMENTÁRIOS INICIAIS

A Lei nº 8031/90 e suas alterações posteriores, instituíram o Programa Nacional de

Desestatização – PND, sendo composto por dois principais agentes: o Conselho

Nacional de Desestatização – CND, órgão decisório, e o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, na qualidade de gestor do Fundo

Nacional de Desestatização – FND.

O processo de desestatização do setor ferroviário foi iniciado em 10/03/1992, a partir da

inclusão da RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A., no Programa Nacional de

Desestatização (PND) pelo Decreto nº 473/92. Esta inclusão abriu a oportunidade de

rever o funcionamento do sistema ferroviário brasileiro, em particular sua

regulamentação (ANTT, 2004).

A transferência das malhas para a iniciativa privada foi realizada ao longo de 1996 e

1998, gerando para o Governo uma receita de R$ 1,764 bilhão, e no dia 07 de

dezembro de 1999 foi assinado o Decreto nº 3.277, que dispõe sobre a dissolução,

liquidação e extinção da Rede Ferroviária Federal S.A.- RFFSA, e dá outras

providências.

Atualmente, após a desestatização das malhas e a acirrada concorrência no mercado,

os clientes estão tornando-se cada vez mais críticos com relação aos serviços que

recebem, sendo importante que se implantem sistemas de qualidade nos serviços

prestados, ouvindo sempre a voz do cliente e suas prioridades, na busca de serviços de

melhor qualidade. É nessa área que este estudo propõe a aplicação de uma

metodologia de pesquisa que relacione a satisfação dos clientes das concessionárias e

a qualidade da prestação dos serviços de transporte ferroviário de cargas,

considerando os indicadores de fiscalização, estabelecidos pela ANTT – Agência

Nacional de Transportes Terrestres.

15

O modal ferroviário caracteriza-se, especialmente, por sua capacidade de transportar

grandes volumes, com elevada eficiência energética, principalmente em casos de

deslocamentos a médias e grandes distâncias. Apresenta, ainda, maior segurança, em

relação ao modal rodoviário, com menor índice de acidentes e menor incidência de

furtos e roubos. São cargas típicas do modal ferroviário: Minério de Ferro, Produtos

Siderúrgicos, Grãos, Cimento e Cal, Adubos e Fertilizantes, Derivados de Petróleo,

Calcário, Carvão Mineral e Clínquer, Contêineres (ANTT, 2004).

O sistema ferroviário nacional é o maior da América Latina, em termos de carga

transportada, atingindo 179,97 bilhões de tku (tonelada quilômetro útil), em 2003

(ANTT, 2005).

1.2 JUSTIFICATIVA DO TEMA

Um dos objetivos das empresas concessionárias ferroviárias e da ANTT é conhecer o

nível de satisfação de seus clientes ferroviários de cargas, verificando a qualidade da

prestação dos serviços de transporte de cargas como um todo. Com o mercado

buscando melhores serviços para seus clientes, cada vez mais exigentes, e de posse

de dados de pesquisa realizada junto aos clientes das ferrovias pela agência, foi feita a

aplicação da metodologia QFD – Desdobramento da Função Qualidade, levando em

consideração o processo de fiscalização por parte da ANTT.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivos gerais

Identificar e priorizar os itens de fiscalização do serviço de transporte ferroviário de

cargas, baseado na visão de satisfação de seus clientes.

1.3.2 Objetivos específicos

Identificar as principais qualidades demandadas pelos clientes, bem como

16

sua satisfação com relação aos serviços do transporte ferroviário de cargas.

Identificar e determinar o grau de importância dos itens de fiscalização em

relação às qualidades demandadas identificadas anteriormente.

Definir a prioridade dos itens de fiscalização do transporte ferroviário de

cargas. Para isto, será utilizada a técnica de qualidade Desdobramento da

Função Qualidade - QFD, que é uma metodologia que traduz as

necessidades dos clientes em requisitos técnicos apropriados, de modo a

satisfazer as necessidades dos clientes, e assim, buscar melhorias no

processo de fiscalização da ANTT.

Vale ressaltar que o uso do QFD para quantificar a satisfação do usuário de transporte

ferroviário no Brasil, tem como objetivo validar o processo de aferição e monitoramento

de desempenho das concessionárias em relação à qualidade da prestação dos serviços

ferroviários.

1.4 UNIVERSO DE PESQUISA

1.4.1 A ANTT

A Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT foi instituída pela Lei n° 10.233,

de 05 de junho de 2001, como parte integrante da Administração Federal indireta,

vinculada ao Ministério dos Transportes, com a qualidade de órgão regulador e

fiscalizador da atividade de exploração da infra-estrutura ferroviária e rodoviária federal

e da atividade de prestação de serviços de transporte terrestre. Dentre as atribuições

da ANTT, está a de promover a regulação com o objetivo de proporcionar qualidade e

segurança na prestação do serviço público de transporte ferroviário de cargas na malha

concedida (RODRIGUES; CRUZ, 2003).

Com a implantação da ANTT, o acompanhamento dos contratos das concessões

ferroviárias nacionais passou a ser de responsabilidade desta agência. Este

17

acompanhamento é realizado tendo como base os contratos de concessão e

fundamentado na regulação do setor. A tarefa de implementar um sistema regulatório

objetivo por parte da ANTT busca estabelecer e organizar o setor ferroviário de carga

nacional, resguardando sua integridade e confiabilidade, resgatando as ferrovias

deficitárias e incentivando o crescimento da malha produtiva.

Os principais resultados esperados pela ANTT são a redução de riscos e a melhoria da

qualidade e eficiência, considerando os fatores de influência na qualidade da prestação

do serviço do transporte ferroviário, onde se destacam o atendimento ao usuário, itens

de controle de eficiência do transporte, aplicação de tecnologias apropriadas, entre

outras ações, objetos deste estudo.

1.4.2 As concessões ferroviárias

Os contratos de concessão de serviço público de transporte ferroviário prevêem

prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, sem qualquer tipo

de discriminação e sem incorrer em abuso de poder econômico, atendendo às

condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,

generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas (BOURAHLI et al.,

2004).

Atualmente, existem 17 concessionárias sob responsabilidade da ANTT, as quais são

descritas na TABELA 1 a seguir.

18

TABELA 1 - CONCESSÕES FERROVIÁRIAS NO BRASIL

MALHAS ESTRADAS DE FERRO EXTENSÃO (km)

Ferrovia Novoeste S.A. 1.621

Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 7.080

MRS Logística S.A. 1.674

RFFSA Ferrovia Tereza Cristina S.A. 164

ALL-América Latina Logística do Brasil S.A. 6.586

Companhia Ferroviária do Nordeste 4.534

Ferrovia Bandeirantes S.A. -FERROBAN 4.236

Estrada de Ferro Carajás 892

Estrada de Ferro Vitória a Minas 898

Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. -FERROESTE

248

FERRONORTE S.A. -Ferrovias Norte Brasil 512

OUTRAS Ferrovia Norte-Sul 226

Estrada de Ferro Amapá 194

Estrada de Ferro Trombeta 35

Estrada de Ferro Jarí 68

Estrada de Ferro Mineração Rio do Norte 35

Estrada de Ferro Votorantim 20

TOTAL 29.023 Fonte: ANTT, 2004

Essas concessões são responsáveis pelo transporte de carga nacional e respondem

pelo cumprimento das metas contratuais e pelos regulamentos atualmente vigentes no

setor.

O mapa a seguir ilustra melhor como as concessionárias estão dispostas no cenário

brasileiro.

19

FIGURA 1 - MAPA DAS CONCESSÕES FERROVIÁRIAS BRASILEIRAS

Fonte: ANTT, 2004

Abaixo são apresentados os cenários do setor ferroviário brasileiro antes e depois das

concessões (BRASIL, 2004).

Cenário pré-concessões:

Déficit anual: R$ 300 milhões (US$ 100 milhões);

Receitas insuficientes frente às despesas;

Atrasos sistemáticos no atendimento aos compromissos;

Ativos operacionais em processo contínuo de degradação;

Incapacidade de investimento;

20

Efetivo de pessoal superior às necessidades;

Agilidade e agressividade comercial dificultadas pela legislação;

Desatenção na exploração empresarial do patrimônio não-operacional.

Cenário pós-concessões:

Investimentos das concessionárias: R$ 6,31 bi (1997-2003);

Crescimento da produtividade: 54% (até 2004);

Redução do índice de acidentes: 60% (1997-2004);

Arrecadação das concessões e arrendamento: R$ 1,57 bi (1997-2003);

Frota em operação: 1.587 locomotivas e 55.472 vagões.

Cabe ressaltar que neste trabalho foram analisadas 10 concessionárias, as quais foram

entrevistadas através de questionários pela equipe técnica da ANTT. São elas:

Ferrovia Novoeste S.A.

Ferrovia Centro Atlântica S.A. - FCA

MRS Logística S.A.

ALL – América Latina Logística do Brasil S.A.

Ferrovias Bandeirantes S.A. - FERROBAN

Estrada de Ferro Vitória-Minas - EFVM

Estrada de Ferro Carajás - EFC

Ferrovias Norte Brasil S.A. – FERRONORTE

Estrada de Ferro Paraná-Oeste S.A. – FERROESTE

Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN

1.4.3 Os clientes das concessionárias

São vários os tipos de cargas dos clientes transportadas pelas concessionárias,

destacando-se o minério de ferro e os produtos derivados da indústria siderúrgica,

cimento, construção civil, setor agrícola, extração vegetal, celulose, combustíveis,

21

derivados do petróleo, álcool, dentre outras mercadorias.

Através da TABELA 02 na página a seguir, verifica-se o número de clientes de cada

concessionária por unidade federal, bem como sua quantidade total no ano de 2002.

TABELA 2 - CLIENTES DAS FERROVIAS NO BRASIL

Concessionária ALL

UF DF GO MG MS MT PR RJ RS SC SP TOTAL Nº Clientes 1 2 4 5 6 8 20 75 103 134 358

Concessionária CFN

UF AL CE MA MG PA PB PE PI RN SP TOTAL

Nº Clientes 4 37 17 1 1 5 25 12 1 1 104

Concessionária EFC

UF Clientes distribuídos no Maranhão e Pará TOTAL

Nº Clientes 49 49

Concessionária NORTE - SUL

UF MA TOTAL

Nº Clientes 8 8

Concessionária EFVM

UF BA DF ES GO MG MT PB PE RJ SP TOTAL

Nº Clientes 4 1 74 7 121 3 1 2 15 22 250

Concessionária FERROBAN

UF AL DF GO MG MS RJ RS SC SP TOTAL

Nº Clientes 1 1 1 2 2 3 1 1 59 71

Concessionária FCA

UF BA DF ES GO MG PB É PR RJ RS SE SP TOTAL

Nº Clientes 19 6 35 10 175 1 6 1 29 2 4 47 335

Concessionária NOVOESTE

UF MG MS RJ SC SP TOTAL

Nº Clientes 1 1 4 1 9 16

Concessionária FERROPAR

UF PR SC TOTAL

Nº Clientes 10 1 11

Concessionária FTC

UF SC TOTAL

Nº Clientes 15 15

Concessionária FERRONORTE

UF GO MT PR SP TOTAL

Nº Clientes 1 3 1 8 13

Concessionária MRS

UF ES GO MG MS PB PE PR RJ RS SP TOTAL

Nº Clientes 2 1 54 5 1 2 1 54 1 199 320

TOTAL 1.550

Fonte: ANTT, 2002.

22

1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia de pesquisa seguiu o fluxograma apresenta na FIGURA 2, a seguir:

FIGURA 2 - METODOLOGIA DE PESQUISA

Para aplicação do QFD, uma das primeiras etapas a serem vencidas é identificar os

objetivos da pesquisa, qual o cliente alvo e a partir daí, formular e aplicar questionários

qualitativos abertos e quantitativos fechados aos clientes. Porém, na metodologia

proposta na figura acima, essas fases não foram citadas pela razão de já terem sido

Análise do Questionário Aberto Qualitativo

Construção do Diagrama de Afinidades (Árvore da Qualidade)

Demandada)

Análise do Questionário Fechado Quantitativo

Desenvolvimento da Casa da Qualidade

Priorização das Características da Qualidade (Itens de Fiscalização)

Definição do Grau de Importância das Qualidades Demandadas pelos

Clientes

23

realizadas pela ANTT, de forma que este trabalho se iniciou nas fases subseqüentes,

ou seja, na análise de tais atividades. Serão descritas neste trabalho todas estas etapas

realizadas, como apresentado na FIGURA 2.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O primeiro capítulo faz uma introdução sobre o tema deste trabalho, sua justificativa e

objetivos gerais e específicos. Descreve os elementos que formam o universo da

pesquisa e explica a metodologia utilizada.

O segundo capítulo traz uma revisão bibliográfica sobre a ferramenta QFD, sua

definição, vantagens e desvantagens, alguns modelos existentes, bem como a sua

utilização em outras pesquisas.

O terceiro capítulo aborda as necessidades dos clientes das concessionárias de

transporte ferroviário de cargas, fazendo uma breve caracterização deste tipo de

transporte, a qualidade de seus serviços e detalha a aplicação dos questionários aberto

e fechado aos clientes, determinando os pontos críticos das ferrovias.

O quarto capítulo traz a aplicação da metodologia proposta, a determinação dos itens

de Qualidade Demandadas, as Características da Qualidade, suas correlações,

especificações e priorizações, como também a construção da Casa da Qualidade final.

O quinto capítulo faz uma análise dos resultados encontrados para as Qualidades

Demandadas e as Características da Qualidade, as priorizações destas, as conclusões

sobre os resultados encontrados no trabalho e faz recomendações para trabalhos

futuros.

Por fim, são apresentadas no capítulo sexto as referências bibliográficas e como

anexos, as Casas da Qualidade elaboradas e os modelos de questionário fechado

aplicados, respectivamente.

24

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 QFD – DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE

Nesta seção será abordado o conceito de QFD (Quality Function Deployment) –

Desdobramento da Função Qualidade e a descrição de sua utilização em alguns

estudos.

2.1.1 Histórico

Conforme GUAZZI (1999), o Desdobramento da Função Qualidade surgiu em 1966,

quando a Mitsubishi Heavy Industries, proprietária dos estaleiros KOBE no Japão,

recorreu ao governo japonês para que fosse possível desenvolver uma logística que

permitisse a construção de navios-tanques e de superpetroleiros nesses estaleiros.

Como o problema tinha relevância estratégica para a industrialização do Japão, o

governo determinou às universidades, que seus professores desenvolvessem o projeto

de forma a assegurar que cada parte do processo de construção atendesse às

exigências dos clientes. Foi dessa forma que surgiu o QFD, sob a liderança de Shigeru

Mizuno e Yoji Akao, conhecido por anos como a voz do cliente (SILVEIRA, 2002).

O QFD foi utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos na década de 80, quando o

consultor Kaoru Ishikawa usou esta ferramenta na empresa Ford. Com a sua utilização

pela Ford norte-americana, vários artigos começaram a ser publicados sobre o assunto.

O QFD começou a ter grande repercussão, passando a ser adotado em várias

empresas dos Estados Unidos a partir de dois fatos ocorridos em 1987: a tradução para

a língua inglesa do segundo livro do professor Akao e o lançamento do livro “Better

Designs in half the times – Implementing QFD in América” de Robert King.

Atualmente no Japão, segundo PRATES (1998), denomina-se QFD de “Quality

Deployment” (Desdobramento da Qualidade), pela maior abrangência, sendo que o

Desdobramento da Função Qualidade é considerado apenas uma parte do

25

Desdobramento da Qualidade, o qual refere-se às cartas, tabelas e matrizes descritivas

usadas para projetar a qualidade necessária no produto ou serviço.

Cabe agregar que os procedimentos inicialmente utilizados já não são mais os mesmos

empregados atualmente, visto que aconteceram mudanças e adaptações com o

objetivo de acompanhar o desenvolvimento e a evolução de processos industriais e de

serviços.

2.1.2 Definição de QFD

AKAO (1990) define QFD como a transformação das demandas dos consumidores em

características de qualidade e no desenvolvimento de um projeto de qualidade para o

produto acabado, desdobrando sistematicamente as relações entre demandas e

características, começando com a qualidade de cada componente funcional e

estendendo o desdobramento para a qualidade de cada parte ou processo.

Segundo KING (1987), o QFD é definido como uma ferramenta multifuncional que

permite às organizações priorizar as demandas dos consumidores e desenvolver

respostas novas e confiáveis para suas necessidades a um custo razoável, permitindo

ainda direcionar uma implementação de melhorias ou novos produtos de maneira bem

sucedida, envolvendo todos os departamentos da empresa.

De acordo com EUREKA (1994), QFD é um sistema que traduz as necessidades dos

clientes em requisitos da qualidade que devem ser observados pela empresa em cada

estágio do ciclo de desenvolvimento de um produto ou serviço, desde a pesquisa e

desenvolvimento até a engenharia, produção, marketing, vendas e distribuição.

Para HAUSER e CLAUSING (1988), o QFD ou Casa da Qualidade é definido como

uma classe de mapa conceitual que provê os meios para planejamento e comunicação

interfuncional.

26

Conforme SILVEIRA (2002), o QFD foi desenvolvido primeiramente para ser utilizado

na manufatura, porém, após algumas adaptações, foi possível utilizar o QFD em

serviços, o qual captura as necessidades dos clientes e as conduz ao processo

produtivo, de forma a melhorar este processo e devolver ao cliente um produto/ serviço

conforme este deseja. Segundo BERRY e PARASURAMAN (1992), a diferenciação

entre produtos e serviços tem por base a tangibilidade, ainda destacando que tanto

produtos como serviços possuem aspectos tangíveis e intangíveis. Se o benefício

essencial do produto for mais tangível, é considerada uma mercadoria, caso contrário,

se o benefício essencial for mais intangível, é considerado um serviço.

FORTUNA (1988) define a essência do QFD como uma forma sistemática de assegurar

que as demandas de clientes ou do mercado (requisitos, necessidades, desejos) sejam

traduzidas em ações e requisitos técnicos relevantes, através de cada estágio de

desenvolvimento do produto. É possível confrontar os requisitos dos clientes desde o

início do planejamento do produto ou serviço até as instruções detalhadas em nível

operacional.

2.1.3 Importância e vantagens da utilização do QFD

De acordo com CHENG (2002), nos últimos anos as aplicações do QFD, em diversos

países, têm sido direcionadas para o início do ciclo de vida do desenvolvimento do

produto e para o seu planejamento, visto e aceito como um empreendimento.

Através de uma pesquisa realizada por CRISTIANO, LIKER e WHITEIII (2000) sobre o

uso do QFD nos EUA e Japão, constatou-se que em 83% das empresas japonesas

pesquisadas, o uso do QFD é voltado para o desenvolvimento de produtos tangíveis

(físicos). Nos EUA, embora a maioria das empresas pesquisadas estejam focadas para

produtos tangíveis, 14% aplicam o QFD em serviços, 12% para a melhoria do processo

e 11% para o desenvolvimento de softwares (NASCIMENTO, 2002).

27

Através de um estudo nos EUA sobre o QFD, GRIFFIN (1992) observou que as

empresas americanas são mais familiarizadas com a primeira matriz do QFD, que é a

Matriz da Qualidade, do que com as outras matrizes, que tratam das fases do processo

de fabricação. No Japão, o QFD tem sido utilizado em sua concepção total, desde o

requisito dos clientes e dos produtos, até os requisitos do processo de fabricação

(CRISTIANO, LIKER e WHITEIII, 2000).

Segundo CAUCHICK, VANALLE e ALVES (1999), no Brasil, as empresas têm utilizado

o QFD para a melhoria do processo de desenvolvimento de produtos, onde se

constatou que o maior benefício observado após a aplicação da metodologia foi o

aumento da qualidade e confiabilidade dos produtos.

A metodologia do QFD permite projetar a qualidade pró-ativamente, reduz modificações

do produto ou serviço ou processos em desenvolvimento, identifica modificações nas

especificações atuais antes de se fazer despesas, reduz os riscos inerentes ao

desenvolvimento de novos produtos ou serviços, resulta em menor número de

problemas no início da produção e reduz custos de garantia (RIBEIRO et al., 2000).

Para DANILEVICZ (2000), a aplicação do método do QFD em serviços (que é o caso

deste trabalho) tem suas vantagens e desvantagens. Neste caso, as vantagens do QFD

são:

Facilita uma melhor compreensão das demandas de qualidade dos clientes, dos

diferentes clientes e de demandas conflitantes;

Possibilita o armazenamento de informações, evitando que se percam ao passar

dos anos e facilita o transporte, acúmulo e visualização de informações

importantes para o desenvolvimento de produtos;

Possibilita o desenvolvimento de sistemas de garantia de qualidade;

Permite o trabalho em equipes multifuncionais, criando maior integração

horizontal e realizando avaliações competitivas dos produtos pelos clientes e

28

pela empresa;

O tempo do projeto é reduzido e as mudanças de engenharia após o início de

produção são bastante reduzidas e em alguns casos, virtualmente eliminadas;

Redução de custos e melhoria na troca de informações entre diferentes

departamentos;

Redução nas reclamações de garantia de qualidade.

As desvantagens do QFD são:

O desenvolvimento do QFD e dos seus modelos conceituais envolvem muito

tempo e trabalho;

O uso das matrizes do QFD pode causar aumento nos tempos de definição de

produtos e processos, apesar de reduzir o tempo total de desenvolvimento de

projetos;

Os custos envolvidos no desenvolvimento de projetos são elevados;

Em muitos casos, as matrizes desenvolvidas podem tornar-se muito grandes, o

que pode dificultar o andamento dos trabalhos;

Pouco conhecimento e experiência com o QFD;

Falta de integração com os elementos da Qualidade Total, tornando-o menos

eficiente.

De acordo com NASCIMENTO (2002), uma tendência atual do QFD diz respeito à

aplicação da ferramenta para a Garantia de Valor (Value Assurance), que promove

alternativas para o desenvolvimento de produtos visando à condução eficiente de

projetos individuais, o planejamento do processo de desenvolvimento e o

estabelecimento de um sistema de gestão de processo de desenvolvimento que

considera o projeto do desenvolvimento de novos produtos como um projeto agregado.

Essas questões são então conduzidas através de um sistema de gestão baseado em

três focos: no conceito de garantia do valor (valor bifásico, valor esperado e valor futuro)

aplicados nas fases do desenvolvimento de produtos, na criação do conhecimento

tácito e sua transformação em conhecimento explícito, e na combinação da abordagem

29

da garantia do valor, melhoria do conhecimento e os princípios do método QFD.

Cabe ressaltar que outras metodologias poderiam ser utilizadas neste trabalho, como

por exemplo: Lógica Fuzzy ou Método da Análise Hierárquica. Porém, optou-se pelo

QFD pelos motivos citados acima, através de suas vantagens, e por ser um assunto

cuja utilização vem crescendo no Brasil, como será visto no item seguinte.

2.1.4 Exemplos de Aplicação do QFD no Brasil

No Brasil, o uso do QFD já está sendo difundido em vários segmentos, não obstante

alguns setores de autopeças já utilizarem o método. Para melhor ilustrar este fato,

serão citados a seguir vários temas de dissertações que utilizaram a técnica, com

aplicações em diferentes áreas, inclusive no transporte ferroviário de carga.

SILVEIRA (2002) utiliza o QFD para realizar uma análise da importância dos atributos

da qualidade demandada por clientes alvos da concessionária ALL, nos serviços

logísticos de distribuição de arroz com origem no Rio Grande do Sul, definindo as

melhorias suficientes a serem implantadas para a ferrovia atingir as metas de

crescimento em volume transportado.

CARVALHO (1997) propõe a utilização do QFD como uma ferramenta de tomada de

decisão em projeto, desenvolvendo dois modelos. O primeiro modelo trabalha todas as

variáveis lingüísticas segundo a teoria dos "Conjuntos Difusos”. O segundo modelo

diferencia-se do primeiro apenas na obtenção do grau de importância dos requisitos do

consumidor e na avaliação competitiva externa, que são estabelecidos utilizando-se o

"Método da Análise Hierárquica" (AHP). Ambos os modelos são aplicados e

comparados segundo a classificação dos requisitos do consumidor e das características

da qualidade.

30

MARCON (2002) apresenta uma contribuição para resolução do problema das

indústrias de cerâmica vermelha do Sul do Estado de Santa Catarina, que pretendem

melhorar seus processos de produção direcionado-os para a satisfação de seus

consumidores, e garantindo assim para suas empresas vantagem competitiva. A

pesquisa apresenta uma amostra dos requisitos necessários para satisfazer os

consumidores, no que diz respeito a blocos cerâmicos de vedação, mostrando a

facilidade e a vantagem da aplicação do QFD. A pesquisa mostra com detalhes como

proceder para determinar e relacionar a voz dos consumidores, com as etapas do

processo de produção, e como garantir qualidade nos produtos, efetuando melhorias no

processo, dispensando as opiniões pessoais, contando com a segurança de uma

metodologia cientificamente definida.

MEDEIROS (2000) utiliza o QFD, levando em consideração os desejos dos clientes, a

fim de auxiliar no planejamento de desenvolvimento de software, como ferramenta base

para formulação de uma metodologia que possibilite quantificar o impacto desses

desejos na produção de software. Através da aplicação do modelo proposto, é possível

identificar os requisitos de qualidade mais importantes, os processos e partes do

produto mais críticos em relação àquilo que se deseja e a necessidade de

investimentos em recursos humanos e de infra-estrutura.

PORTO (1999) propõe uma metodologia para avaliação de serviços hospitalares, tendo

por base os princípios do QFD - Desdobramento da Função Qualidade, a qual foi

desenvolvida a partir das necessidades dos profissionais de saúde que atuam nestes

serviços, permitindo aproveitamento de requisitos técnicos já existentes em normas

vigentes e desenvolvendo outros, trazendo uma nova perspectiva de atuação para os

órgãos de fiscalização e para normalização nessa área por parte do Ministério da

Saúde.

31

GUAZZI (1999) defende a viabilidade de se utilizar o QFD aplicado aos clientes internos

de cooperativas do setor agropecuário, ou seja, seus cooperados. Segundo ele, o QFD

é uma metodologia comprovadamente eficaz para se obter respostas rápidas para

aquilo que os clientes necessitam. Aliando-se, então, o conhecimento do pessoal

técnico das cooperativas, tem-se uma cooperativa eficaz e associados satisfeitos. Ouvir

o cliente é a questão chave. Transformar os seus desejos (subjetivos) em realizações

(objetivos) é o que o QFD se propõe a fazer. As cooperativas têm um peso muito forte

na difusão de novas tecnologias e na produção de alimentos, por isso se propôs que o

QFD fosse utilizado nelas. Os resultados conseguidos ao se desdobrar os requisitos de

qualidade dos clientes internos, permitiu que a cooperativa proporcionasse uma maior

satisfação de seus cooperados.

VIEIRA (1996) propõe um sistema de gerenciamento da qualidade para as fábricas

montadoras nacionais de veículos, obtendo uma melhor utilização da Assistência

Técnica dentro destas. Para isso, viu-se a necessidade de se incorporar qualidade ao

produto desde o projeto, garantindo que essa qualidade se mantivesse até o envio do

mesmo ao consumidor, para, a partir deste momento, o departamento de Assistência

Técnica garantir que o usuário tenha a melhor utilização possível do produto, durante a

sua vida útil. Optou-se, então, pela utilização do QFD (Desdobramento da Função

Qualidade) e do Método Taguchi, ferramentas modernas e eficientes na incorporação

de qualidade ao produto desde o projeto, adaptando as mesmas para utilização nas

fábricas montadoras nacionais.

SILVEIRA (1995) desenvolve uma avaliação qualitativa do potencial da Internet como

suporte ao desenvolvimento de uma organização de aprendizagem e o

aperfeiçoamento do processo de aprendizagem organizacional, desenvolvendo uma

sistemática para avaliação e seleção de ferramentas da Internet por organizações que

queiram minimizar os desafios encontrados no desenvolvimento de organizações de

aprendizagem, utilizando o QFD como suporte à implementação do TQC - Total Quality

Control nas empresas do setor de serviços.

32

FERREIRA (2001) apresenta a importância do fator qualidade na educação e o papel

da escola frente à formação de pessoas transformadoras para o mercado de trabalho,

como também, as exigências do mercado de trabalho atual, frente ao mundo

globalizado que se encontra em constante mudança. A partir das exigências do

mercado são estudados os perfis de líder e empreendedor, de onde são extraídos

alguns traços principais para compor o modelo de avaliação dos currículos escolares,

proposto, com base na metodologia QFD, para analisar o desenvolvimento ou despertar

desses perfis, pelas escolas de ensino médio. O modelo desenvolvido é composto por

quatro matrizes que buscam: fazer um benchmark da instituição de ensino médio,

avaliar a importância de cada disciplina do currículo escolar na formação dos perfis de

líder e empreendedor e determinar as características e habilidades que mais são

desenvolvidas durante o curso. A partir da análise dos resultados das matrizes é

possível estabelecer prioridades de atuação sejam no desenvolvimento de

características /habilidades importantes para os perfis em questão.

CAMPOS (2001) desenvolve um estudo com o objetivo de auxiliar as empresas na

identificação das necessidades dos seus clientes, na associação destas necessidades

com seus processos internos e no aperfeiçoamento destes processos. Em função deste

objetivo, foi proposto um método baseado no QFD (Desdobramento da Função

Qualidade) e na Metodologia do Gerenciamento de Processo, sendo o mesmo aplicado

nos processos logísticos da área downstream de uma empresa de petróleo.

CÓRDOVA (2000) apresenta o desenvolvimento e a aplicação de uma metodologia

concebida para auxiliar na solução de defeitos que ocorrem em produtos

manufaturados na casa do cliente, procurando identificar e priorizar as características

críticas de qualidade de produto e processos, utilizando-se de dados de reclamação de

campo em confronto com o conceito do projetado produto. Utilizando conceitos da

engenharia de sistemas e do QFD, foi desenvolvida a arquitetura do produto

desdobrando-o em sistemas, componentes e características funcionais de qualidade.

Foram então priorizados através de sua correlação com os problemas de campo, os

33

sistemas, componentes e características de qualidade de processo mais importantes

para uma aplicação de uma metodologia de melhoria e controle de processos, ou seja,

onde a ação no processo gerasse maior impacto na melhoria de qualidade.

MARDEGAN (1999) aborda a concepção de um modelo sistemático de falhas durante o

período do ciclo de vida, possibilitando a tomada de decisão quanto à extensão do

prazo de garantia. Partiu-se da voz do consumidor para o desenvolvimento do modelo,

tendo como etapa posterior o desdobramento dos dados de entrada, apresentado em

forma de matrizes, de fácil visualização. Usa-se como fundamento do modelo, algumas

técnicas aplicadas a projetos como QFD e confiabilidade. É abordada a garantia como

uma vantagem competitiva, a qual implica em obrigações tanto para o fabricante como

para o cliente, de acordo com os tipos de garantias que são adotados pelas

organizações. A proposta do método é estabelecer elementos que dêem subsídios no

processo de tomada de decisão dentro da organização.

SANTOS (1999) propõe a concepção de um método sistematizado para a melhoria

contínua do processo produtivo, tendo sido aplicado em uma empresa que atua no

mercado de eletrodomésticos da linha branca. Esse método parte do princípio de que,

conhecendo-se os problemas de campo e os problemas internos (embora a relação

entre estes não seja muitas vezes tão clara) é possível, com a utilização da filosofia do

QFD, efetuar um desdobramento relacionando-os às etapas do processo produtivo

visando identificar aquelas que mais influenciam a ocorrência desses resultados

indesejados. O método prevê a utilização de metodologias de melhoria de processo

como forma de adequar efetivamente o controle, garantindo os resultados desejados.

GIANOTTI (1996) pretende mostrar a viabilidade da utilização de um modelo modificado

de Desdobramento da Função Qualidade - QFD no detalhamento e implantação do

plano estratégico de uma instituição. Apresenta o Planejamento Estratégico como

recurso formal de planejamento de médio e longo prazo e mostra que esta metodologia

34

é utilizada pelas instituições de ensino superior que se pretendem tornar mais flexíveis

e preparadas para enfrentar os desafios impostos por uma sociedade em permanente

transformação. O QFD é mostrado como uma ferramenta que auxilia a gestão de

desenvolvimento do planejamento de produtos, voltados às necessidades e desejos

dos clientes, que vem sendo utilizada, com o correr dos anos, na área de serviços e no

desdobramento do planejamento de processos. Relacionando a situação do sistema

gerencial das universidades com as metodologias de Planejamento Estratégico e de

Desdobramento da Função Qualidade, se sugere um modelo modificado de QFD, como

auxílio à implantação e implementação dos planos e projetos definidos.

2.1.5 O QFD em serviços

Segundo AKAO (RIBEIRO et al., 2001), o QFD é uma conversão das demandas dos

consumidores em características de qualidade, desenvolvendo uma qualidade de

projeto para o produto acabado pelos relacionamentos desdobrados sistematicamente

entre as demandas e as características, começando com a qualidade de cada

componente funcional e estendendo o desdobramento para a qualidade de cada parte

do processo. Assim, a qualidade do produto, como um todo, será gerada através de

uma rede de relacionamentos.

Com o raciocínio de que “produto”, de acordo com a definição de AKAO, pode, sem

prejuízos, ser considerado como um serviço prestado, adotou-se essa definição como

adequada ao emprego dado na atividade de inspeção pela ANTT (BOURAHLI et al.,

2004).

2.1.6 Modelos do QFD

Atualmente, são utilizados diversos modelos de QFD, os quais são flexíveis, sendo

adaptados ao objetivo de conquistar melhores resultados na ocasião em que são

usados. A seguir são descritos alguns deste modelos.

35

2.1.6.1 Modelo de quatro ênfases ou de Akao

Akao foi o criador do método das quatro ênfases. Segundo KING (1987), Akao reuniu

todos os estudos já publicados sobre QFD num sistema inteligível. Foi a primeira

abordagem a ser divulgada no ocidente.

Segundo ASWAD (1989), é o modelo das quatro ênfases que oferece a possibilidade

de se analisar o trabalho em detalhes. As quatro ênfases são desdobradas em:

Ênfase da qualidade;

Ênfase da tecnologia;

Ênfase de custos;

Ênfase de confiabilidade.

Para a utilização do Modelo de Akao, vale ressaltar que estas fases não dependem

umas das outras, sendo utilizados os desdobramentos que melhor se adaptem à

situação que se apresente (SILVEIRA, 2002).

É sugerível iniciar o uso do QFD pelo desdobramento dos requisitos, realizando uma

ênfase depois da outra. As matrizes deste modelo apresentam as seguintes relações

abaixo para cada uma das ênfases:

Ênfase da qualidade: requisitos do consumidor x características do produto;

Ênfase da tecnologia: requisitos do consumidor x desdobramento do mecanismo;

Ênfase de custos: avaliação do mercado quanto a preço, participação e lucro;

Ênfase de confiabilidade: requisitos do consumidor x árvore de falhas.

2.1.6.2 Modelo de King

Este modelo foi proposto por Bob King e é muito semelhante ao modelo de Akao. Neste

caso, as quatro matrizes propostas por Akao foram reorganizadas em uma só matriz,

denominada de Matriz das Matrizes, que contém ao todo trinta matrizes, porém, em

grande parte das aplicações, são desenvolvidas apenas quatro matrizes.

36

A matriz mais importante, como no modelo de Akao, é a que desdobra a qualidade

demandada pelos clientes em características da qualidade do produto. A partir desta

matriz se segue a outra, de acordo com as necessidades de cada projeto. King sugere

uma seqüência diferente de matrizes para cada objetivo específico de projeto

(CARVALHO, 1997).

2.1.6.3 Modelo das Quatro Fases

É o modelo mais conhecido, onde o QFD é realizado em quatro fases, sendo cada uma

formada por uma matriz. As quatro fases deste modelo estão citadas a seguir:

Planejamento do produto;

Desdobramento de componentes;

Planejamento do processo;

Planejamento da produção.

A Casa da Qualidade, que é a primeira matriz deste modelo e a mais importante,

desdobra os requisitos do consumidor em requisitos de projeto, servindo de base para

as fases seguintes. Cabe agregar que esta matriz possui uma variação em relação aos

modelos de Akao e King, que é o “telhado” da casa, onde são feitas as correlações

entre as características da qualidade, ou seja, os requisitos de projeto.

Na segunda fase ocorre o desdobramento das partes. Os itens “como” da fase anterior

se tornam os “o que” da fase atual. As atividades desta fase vão determinar requisitos

funcionais, fazer análise competitiva do produto, gerar alternativas, sintetizar o conceito

do produto, desenvolver relação de materiais e determinar características críticas do

projeto (GONTIJO, 1995).

Na terceira fase, também chamada de Planejamento do Processo, os itens “como” da

fase anterior se tornam o “o que” da fase atual. Nesta fase selecionam-se os processos

críticos que melhor preenchem os requisitos do produto. Deve ser determinado às

37

limitações do processo, selecionar os melhores processos e determinar parâmetros de

processo (SILVEIRA, 2002).

Na quarta fase, como nas anteriores, os itens “como” da fase anterior se tornam os “o

que” desta fase. Nesta etapa devem ser determinados os meios críticos de controle,

educação e treinamento e a escolha das características prioritárias.

O Modelo das Quatro Fases é muito flexível porque é adaptável para ser utilizado em

várias aplicações. Pode ser utilizado no desenvolvimento de produtos, como de

serviços e planejamento estratégico de uma empresa.

A FIGURA 3 mostra as quatro matrizes deste modelo.

FIGURA 3 - AS QUATRO MATRIZES DO MODELO DAS QUATRO FASES

Requisitos

do

Projeto

Req

uis

ito

s

Clien

tes Planejamento

do

Produto

(I) Desdobramento

do

Projeto

(II)Req

uis

ito

s

do

Pro

jeto

Caracteristicas

das

Partes

Planejamento

do

Processo

(III)

Cara

cte

risti

cas

das

Part

es

Parâmetros

do

Processo

Planejamento

da

Produção

(IV)

Requisitos

da

Produção

Parâ

metr

os

do

Pro

ces

so

38

2.1.7 As fases do QFD

O QFD se divide em Pesquisas de Mercado e no Desdobramento da Qualidade em

Serviços.

A pesquisa de mercado é utilizada na etapa inicial do QFD e engloba a identificação do

cliente, a pesquisa com os clientes (qualitativa e quantitativa) e a priorização dos itens

da qualidade demandada.

O desdobramento da qualidade em serviços consiste em traduzir os itens de qualidade

demandada pelos clientes (determinados nas pesquisas da etapa anterior) em

características de qualidade, ou seja, em requisitos técnicos mensuráveis. A partir

disso, é desenvolvida a Casa da Qualidade. Para a construção desta casa, cada item

da qualidade demandada, obtido da pesquisa com os clientes, é analisado em relação a

sua relevância.

A Casa da Qualidade é constituída dos itens de qualidade demandada pelos clientes,

das características da qualidade, de avaliações estratégicas, que confrontam a

importância dos itens para o planejamento estratégico da empresa, de avaliações

competitivas que comparam o desempenho da empresa com a concorrência e da

priorização dos itens da qualidade demandada, ou seja, a priorização das necessidades

dos usuários.

Como foi apresentado neste capítulo, a metodologia do QFD vem sendo utilizada em

diferentes áreas do conhecimento, inclusive nos transportes. Os exemplos citados

contribuíram para o entendimento da utilização da ferramenta no desenvolvimento

deste estudo, o que será visto no próximo capítulo.

39

3 AS QUALIDADES DEMANDADAS PELOS CLIENTES DO TRANSPORTE

FERROVIÁRIO DE CARGAS

3.1 UMA VISÃO GERAL DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO O transporte ferroviário é um dos meios de transporte mais confiáveis e, em diversos

países mais desenvolvidos e industrializados, um dos meios de transporte

economicamente mais adequados, sobretudo, para a cobertura de distâncias médias e

longas, sendo também o meio de transporte terrestre mais recomendado para cargas

pesadas (BORBA, 2001).

Uma das características do transporte ferroviário é a sua grande eficiência energética,

apesar de ter um custo fixo de implantação e manutenção elevado. Por suas

características operacionais, só oferece vantagem quando há grande quantidade de

carga a ser transportada a longas distâncias. (RODRIGUES, 2003)

As vantagens do transporte ferroviário são:

Maior facilidade de formar e operar comboios:

-Maior carga transportada;

- Menos operadores;

- Menor consumo de energia;

- Economia de faixa de terreno.

Fretes baixos crescentes, de acordo com o volume transportado;

Em caso de transporte de granéis e passageiros, a ferrovia exige menores áreas

de terminais;

Adaptação ferro-rodoviária Rodo-Trilho;

Diminuição do tráfego excessivo nas rodovias, pois de acordo com cálculos do

Ministério dos Transportes, para cada vagão que entra em circulação no Brasil,

quatro caminhões deixam de circular nas rodovias;

Utilização de diversas formas de energia:

- Carvão, lenha e óleo combustível;

40

- Óleo diesel;

- Eletricidade.

Veículos robustos:

- Proteção ao carregamento;

- Melhor relação entre lotação útil e a tara do veículo.

A operação ferroviária independe das condições climáticas e sua eficiência

também não é afetada pela ausência de iluminação;

Controle simples;

Segurança elevada;

Maior automação.

Como desvantagens, têm-se os seguintes aspectos:

Tempo de viagem demorado;

Investimentos iniciais elevados;

Custo fixo maior;

Operações mais complexas;

Maior tempo de operações nos terminais;

Depende de disponibilidade de material rodante;

Baixa flexibilidade de rotas.

As cargas transportadas são em sua maioria formada por granéis e carga geral. O

GRÁFICO 1, apresentado a seguir, mostra a distribuição da carga transportada pelo

modal terrestre no Brasil no ano 2000.

41

GRÁFICO 1 - COMPOSIÇÃO PERCENTUAL DAS CARGAS

Fonte: Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes - GEIPOT, 2000.

As cargas típicas do modal ferroviário são produtos siderúrgicos, grãos, minério

de ferro, cimento e cal, adubos e fertilizantes, derivados de petróleo, calcário,

carvão mineral e clínquer e contêineres.

3.2 A QUALIDADE DOS SERVIÇOS NO SETOR FERROVIÁRIO BRASILEIRO

De um modo geral, os meios de transporte de cargas e de passageiros têm

experimentado uma evolução constante. O transporte ferroviário também sofreu

importantes e sensíveis avanços, com o emprego de modernas técnicas de

acionamento, alimentação, comando, proteção e regulação, em benefício da qualidade

e da segurança dos serviços oferecidos. Pode-se dizer que, tanto sobre o aspecto

operacional como sob o aspecto de equipamento, houve progresso das estradas de

ferro brasileiras nas três últimas décadas. Como exemplo disso, pode-se citar as

informações dadas ao maquinista através de um visor de cristal líquido, que mostra

como se encontra o tráfego na via e o modo mais econômico e rápido para manobrar a

composição. O CCO – Centro de Controle de Operações recebe via fibra ótica, rádio

digital ou satélite, sinais de cada composição, indicando sua localização, velocidade,

consumo de combustível e até desgaste das peças (BORBA, 2001). Isso é conhecido

42

pelo nome de Controle de Trem Baseado em Comunicação e é a tendência que

começa a ser utilizada por empresas do setor ferroviário, que estão modernizando seus

sistemas de telecomunicação e sinalização para uma melhor prestação de serviços a

seus clientes.

Segundo BORBA (2001), alguns pontos que evoluíram consideravelmente na via férrea

foram:

Trilhos menores, mais resistentes, mais pesados, de modo a suportar cargas

cada vez maiores, em velocidades cada vez mais elevadas;

Longas extensões de trilhos soldados de topo, que proporcionam um

deslocamento mais suave. Como resultado disso, temos uma redução dos

impactos na condução, aumento da vida das rodas, dos rolamentos, da estrutura

dos veículos, dos trilhos e, um ponto muito importante, a redução da resistência

ao rolamento;

Novos tipos de dormentes, de concreto e de aço, ecologicamente mais

apropriados;

Novos tipos de fixações de trilhos;

Sensores automáticos que indicam a ocorrência de mancais ou rodas

superaquecidos nos veículos do trem;

Detectores automáticos de descarrilamentos;

Detectores de calos nas rodas;

Sensores automáticos contra avalanches, trilhos quebrados, etc.;

Detectores de vibrações anormais nos vagões;

Localizadores de vagões.

Os resultados altamente positivos do transporte ferroviário no Brasil nos últimos oito

anos, após a desestatização do setor, são decorrentes de muito trabalho e novos

investimentos por parte das concessionárias. A produção das ferrovias, que em 1997

era de 130 bilhões de TKU’s, ultrapassou a marca de 210 bilhões de TKU’s em 2004 e

deverá chegar a 225 bilhões de TKU’s em 2005. Estes investimentos das

43

concessionárias arrastam consigo o crescimento da indústria ferroviária como um todo.

Até 2008, as projeções apontam para um total de 270 bilhões de TKU’s, o que

representará um crescimento de 45% na produção das 12 concessionárias privadas

(VILAÇA, 2004).

Abaixo são apresentadas as conquistas do setor (VILAÇA, 2004):

Aumento da produtividade;

Crescimento de 54% no volume de carga transportada;

Redução do índice de acidentes em 60%;

Encomenda de locomotivas, com a previsão de 225 unidades para 2005, e de

vagões (cerca de 6.000 vagões por ano até 2010), reativando a indústria

nacional de equipamentos ferroviários;

Centenas de novos empregos diretos e indiretos surgindo a cada ano;

Capacitação da nova geração de ferroviários para as mais avançadas

tecnologias;

Contratos de longo prazo com clientes e operadores logísticos;

Aumento do número de terminais intermodais, destacando o bom relacionamento

com outros modos de transporte, operadores logísticos, clientes e as

comunidades locais;

Respeito ao meio ambiente e recuperação patrimonial.

Estes e muitos outros fatores indicam perspectivas para o futuro das ferrovias

brasileiras, que conquistaram mais um ponto percentual na matriz de transporte de

cargas, demonstrando a importância deste modo de transporte na cadeia logística.

Segundo BRASIL (2004), desde a concessão das ferrovias à iniciativa privada, as

concessionárias investiram R$ 6,3 bilhões na qualidade operacional do sistema,

capacitação de pessoal, novas tecnologias e equipamentos, aumentando a

44

produtividade em 54%. Os acidentes foram reduzidos em 60%, em função dos

investimentos em segurança. A participação das ferrovias na movimentação de cargas

no país já subiu de 19% para 25%, porém, ainda existem gargalos a serem vencidos

pelo setor como: falta de integração entre os modais, excesso de passagens de nível,

invasões de faixas de domínio, diferentes padrões de bitolas e outras deficiências da

malha ferroviária que impedem os trens de chegar a todos os pontos do país e de

circular na velocidade adequada às necessidades do mercado.

Considerando o crescimento do setor e com a criação da ANTT, tornou-se fundamental

o conhecimento mais aprofundado das necessidades dos clientes ferroviários de carga

por parte da agência reguladora, a fim de melhor direcionar suas fiscalizações junto às

concessionárias.

O processo de desestatização do transporte ferroviário no Brasil não implicou na

renuncia do domínio e da titularidade do serviço por parte do Poder Público, mas na

busca de parcerias para desenvolver o subsetor, visando o pleno atendimento aos

usuários desse serviço público. Logo, o Estado continuou com a responsabilidade de

definir prioridades, o padrão de qualidade dos serviços e a modicidade das tarifas e,

ainda, encontrar meios de exercer legitima pressão sobre seus parceiros, no sentido de

que obtenham ganhos de eficiência, padrão adequado de qualidade dos serviços e

tarifas justas. Assim sendo, o Poder Concedente, hoje representado pela ANTT, vem

acompanhando os investimentos aplicados pelas concessionárias ferroviárias, além de

controlar os contratos de concessão, em termos do atendimento ao usuário quanto à

prestação dos serviços e do pagamento das citadas parcelas trimestrais referentes ao

saldo não liquidado no leilão das malhas da RFFSA (CRUZ ; MARTINS, 2004).

3.3 CONHECIMENTO DAS QUALIDADES DEMANDADAS PELOS CLIENTES

A primeira fase desta pesquisa consistiu em uma revisão da literatura sobre o assunto,

apresentada no Capítulo 2. Em paralelo com esta atividade, seguindo os passos da

técnica do QFD, foram utilizadas as informações dos questionários aplicados pela

45

ANTT aos clientes das 10 concessionárias entrevistadas no ano de 2003 (BOURAHLI

et al., 2004). Essa pesquisa foi realizada com amostras de cada concessionária, num

total de 165 clientes entrevistados, onde se levou em consideração, a participação

acionária, o tipo de produto e o volume transportado dos clientes. Para a ANTT,

considera-se que o conceito de cliente das concessões ferroviárias também é cliente da

própria agência, como sendo aquele que deve ser beneficiado com a melhoria da

qualidade do serviço de transporte ferroviário de carga.

Além das consultas, diversos terminais intermodais de clientes e de concessionárias

foram visitados, a fim de acompanhar sua eficiência operacional e efetuar eventuais

comparações com informações obtidas em visitas realizadas no ano de 2002.

Essas consultas se dividiram em duas etapas: a aplicação do questionário qualitativo

(aberto) e, posteriormente, o questionário quantitativo (fechado) aos clientes. As duas

fases serão esplanadas a seguir, de acordo com as atividades realizadas pela ANTT.

3.3.1 Aplicação do questionário aberto e qualitativo

O questionário aberto e qualitativo foi aplicado pela ANTT entre março e maio de 2003,

através de contato feito diretamente com os clientes ferroviários de carga, por correio

eletrônico e monitorado via comunicação telefônica. O termo “aberto”, usado para

caracterizar este tipo de questionário, é assim designado por dar a liberdade ao

entrevistado de responder livremente às questões, sem precisar se prender a algum

tipo de resposta já estabelecida.

Na aplicação do questionário aberto, que também é um questionário qualitativo, pois

possui perguntas abrangentes, visando obter o máximo de informações dos

entrevistados, as respostas são transformadas em qualidades demandadas, ou seja,

qualidades importantes sob a ótica dos clientes. Depois de definidas, as Qualidades

Demandadas foram ordenadas de acordo com suas semelhanças, gerando um

Diagrama de Afinidades ou Diagrama de Árvore, que possui parâmetros de ordem

46

primária e secundária. Este diagrama reúne por tipo de assunto todos os itens citados

pelos entrevistados, daí ser chamado também de Diagrama de Afinidades.

Para a determinação do Diagrama de Árvore/ Afinidades, a ANTT contou com:

As respostas do questionário aberto;

As informações obtidas junto ao segmento ferroviário em 2002;

Os resultados das inspeções técnico-operacionais das concessões ferroviárias,

onde os clientes declararam suas avaliações quanto à qualidade da prestação

dos serviços de transporte pelas concessionárias.

O Diagrama de Árvore, como dito anteriormente, possui parâmetros de ordem primária

e secundária, sendo os atributos de primeiro nível os seguintes:

Acessibilidade;

Segurança;

Confiabilidade;

Preço;

Adequação;

Relacionamento com o cliente.

Convém destacar que os itens de primeiro nível são os mesmos estabelecidos na

Resolução 44 de 04 de julho de 2002, da ANTT, Título XI, Artigo 2°, Inciso III, que

estabelece critérios para avaliação do nível de Satisfação do Usuário, quando

prestação por concessionárias do serviço público de transportes ferroviários.

O segundo nível do diagrama representa um desdobramento dos atributos de primeiro

nível e podem ser identificados nos modelos de Questionário Fechado apresentados

em anexo no final deste trabalho.

Vale ressaltar que as qualidades demandadas de segundo nível passaram por ajustes

ao longo da realização da pesquisa, com o objetivo de equilibrar a quantidade de itens

de qualidade (IQ´s) de segundo nível para cada IQ de primeiro nível. Além disso,

47

perceberam-se itens que se caracterizavam como mutuamente exclusivos. Para

solucionar, alguns itens foram excluídos, gerando assim um novo modelo de

questionário fechado (Anexo 6). Estes ajustes se mostraram fundamentais para a

correta atribuição dos pesos aos itens de qualidade. (BOURAHLI et al., 2004).

3.3.2 Aplicação do questionário fechado e quantitativo Após a aplicação do Questionário Aberto e com base no Diagrama de Árvore, foi feita a

aplicação do questionário fechado, que também é um questionário quantitativo, em

blocos, onde os entrevistados foram convidados a ordenar em ordem de importância os

itens de uma mesma categoria, sendo as qualidades demandadas avaliadas e

pontuadas, conduzindo a uma priorização. Este questionário é chamado de “fechado”

por já possuir opções para as respostas dos entrevistados, ou seja, o entrevistado deve

responder dentro das alternativas que lhe foram apresentadas. Neste mesmo

questionário, também foi solicitada aos usuários uma avaliação do grau de satisfação

quanto a atual situação dos itens apresentados. De posse deste material e dos pesos

atribuídos pelos clientes, foram calculadas as importâncias percentuais dos itens da

qualidade demandada.

De uma forma geral, o questionário apresenta-se em partes, sendo algumas delas:

Campo para atribuição de pesos à importância de cada IQ de segundo nível e

para cada IQ de primeiro nível;

Campo para atribuição de nota à satisfação do cliente com os serviços prestados

pela concessionária, para cada IQ de segundo nível e para cada IQ de primeiro

nível;

Campo extra: avaliação da importância de atributos da qualidade do serviço

prestado pela ANTT.

Na atribuição de pesos da importância de cada IQ de primeiro e segundo nível, foi

solicitado inicialmente ao entrevistado, que ordenasse os IQ´s por ordem de

importância. Esse procedimento não se mostrou eficiente ao longo da realização da

48

pesquisa, em virtude da dificuldade em identificar um ordenamento geral para todos os

atributos de segundo nível. Optou-se, então, por deixar a escolha do entrevistado

variando em uma escala de 1 (importância nula) a 11 (importância máxima), para a

atribuição da importância aos atributos (ANEXO 6).

Outra correção realizada ao longo da pesquisa foi a retirada do campo de avaliação da

satisfação dos IQ´s de primeiro nível, uma vez que sua nota poderia ser calculada a

partir das notas atribuídas aos IQ´s de segundo nível. Essa alteração significou uma

simplificação do formulário (ANEXO 5).

3.3.3 Determinação dos pontos críticos das concessionárias

Através do questionário fechado, aplicado pela ANTT aos clientes das ferrovias, foi feita

uma análise das respostas, que se dividiam tanto na questão de importância dos itens,

como na sua satisfação.

Vale ressaltar, que no quesito importância, existiam dois tipos de relatórios. O primeiro,

que abrangeu 5 concessionárias, determinou os índices de importância indo de 1 (mais

importante) até 11 (menos importante). O segundo questionário, aplicado às outras 5

concessionárias estudadas, considerou os itens variando de 1 (menos importante) até

11 (mais importante). Em relação à satisfação, nos dois tipos de questionários, os

entrevistados indicaram o seu grau de satisfação em relação aos itens apresentados,

variando os mesmos de 1 (menos satisfeito) a 10 (mais satisfeito).

Através dos dados do questionário fechado (quantitativo) e de acordo com os níveis de

importância e de satisfação atribuídos pelos clientes, foi construída uma tabela para

cada concessionária com o número de clientes que responderam ao questionário, a

média dos valores atribuídos a cada item, bem como seu desvio padrão, com o objetivo

de identificar os itens críticos para cada concessionária, ou seja, os itens que são

considerados importantes, mas que estão com uma satisfação baixa. Para essa

identificação, foram construídos gráficos de dispersão, onde foram considerados críticos

os valores para o nível de importância acima de 5 e para o nível de satisfação abaixo

49

de 5, como pode se observar nos GRÁFICOS 2, 3 e 4. O valor 5 foi definido como corte

por considerar a média nos questionários, que para o nível de satisfação, variava de 0 a

10, e para o nível de importância, de 0 a 11.

Através desta análise, foi possível verificar que existem três níveis de qualidade para as

concessionárias A, B e C, as quais possuem características distintas, sendo uma com

muitos pontos críticos encontrados, outra com poucos pontos e uma terceira com

nenhum ponto crítico determinado. Vale ressaltar que o diagrama da concessionária “A”

possui o 3° quadrante crítico, e as concessionárias “B” e “C” têm o 4° quadrante

considerado significativo. Isto ocorreu devido à inversão de valores mais/ menos

importante nos questionários, como explicado anteriormente.

50

GRÁFICO 2 - GRÁFICO DE DISPERSÃO DA CONCESSIONÁRIA “A”

Os Itens críticos identificados nesta concessionária foram:

1) Condições de trafegabilidade;

2) Flexibilidade na programação de embarque;

3) Estado de conservação dos equipamentos;

4) Proteção ambiental;

5) Pontualidade na entrega dos vagões vazios;

6) Regularidade do serviço;

7) Tempo de percurso;

8) Valores dos fretes;

9) Disponibilidade de tração;

10) Disponibilidade de vagões;

11) Eficiência na solução de problemas operacionais.

51

GRÁFICO 3 - GRÁFICO DE DISPERSÃO DA CONCESSIONÁRIA “B”

Os Itens críticos identificados nesta concessionária foram:

1) Condições de pagamento;

2) Disponibilidade de vagões;

3) Valores dos fretes;

4) Competitividade com outros modais.

52

GRÁFICO 4 - GRÁFICO DE DISPERSÃO DA CONCESSIONÁRIA “C”

Através do gráfico não se observa nenhum item crítico na ferrovia.

Foi feito o levantamento dos itens críticos encontrados em todas as concessionárias

pesquisadas e identificou-se as suas ocorrências nas ferrovias, como mostrado na

TABELA 3.

53

TABELA 3 - ITENS DE QUALIDADE DEMANDADA

Classificação Itens de Qualidade DemandadaNúmero de

Ocorrências

1 Disponibilidade de Vagões 5

2 Valores dos Fretes 4

3 Pontualidade na Entrega dos Vagões Vazios 4

4 Tempo de Percurso 3

5 Regularidade do Serviço 3

6 Investimentos em Infra-Estrutura 3

7 Estado de Conservação dos Equipamentos 3

8 Disponibilidade de Tração 3

9 Condições de Trafegabilidade 3

10 Capacidade de Escoamento no Pico de Safra 3

11 Segurança Operacional 2

12 Regiões Atendidas 2

13 Proteção Ambiental 2

14 Pontualidade na Entrega da Carga no Destino 2

15 Política Própria de Tarifas 2

16 Investimentos em Material Rodante 2

17 Facilidade de Acesso aos Serviços Ferroviários 2

18 Estado de Limpeza dos Vagões 2

19 Eficiência na Solução de Problemas Operacionais 2

20 Eficiência na Solução de Problemas Comerciais 2

21 Disponibilidade de Tração para Manobras 2

22 Política de Descontos 2

23 Segurança de Carga 1

24 Imagem e Credibilidade 1

25 Flexibilidade na Programação de Embarque 1

26 Disponibilidade de Serviço de Transbordo 1

27 Condições de Pagamento 1

28 Competitividade com Outros Modais 1

Pela TABELA 3, nota-se que os três itens críticos com maior ocorrência foram:

a) Disponibilidade de vagões, ocorrendo em 5 das 10 concessionárias pesquisadas;

b) Valores dos fretes, ocorrendo em 4 das 10 concessionárias pesquisadas;

c) Pontualidade na entrega dos vagões vazios, ocorrendo em 4 das 10

concessionárias pesquisadas.

54

Os Itens de Qualidades Demandadas, apresentados na TABELA 3, representam

aqueles itens que deverão ser utilizados para o Desdobramento da Função Qualidade

dos itens de fiscalização, por serem os mais críticos para os clientes ferroviários de

carga. Este desdobramento será apresentado no capítulo que se segue.

Do total de 46 itens de Qualidades Demandadas existentes no formulário fechado, 28

foram identificados por alguma concessionária como críticos, o que representa 60,87%

dos itens do formulário fechado. Estes itens críticos foram adotados na etapa seguinte

da metodologia.

55

4 O DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE PARA A FISCALIZAÇÃO

Nesta etapa da técnica QFD, logo após as pesquisas de mercado, é realizado o

desdobramento da qualidade dos serviços, que consiste no desenvolvimento da matriz

da qualidade e no planejamento da qualidade.

O QFD, segundo o modelo conceitual encontrado em Eureka e Ryan (1992), é

constituído por quatro matrizes. Como o objetivo deste trabalho é a definição e

priorização das características de qualidade para o atendimento da qualidade

demandada pelo cliente, e não a definição de um produto final, será desenvolvida

somente a primeira matriz, também conhecida como Casa da Qualidade, para cada

uma das concessionárias.

A partir desta matriz, são identificadas as priorizações dos itens, levando em

consideração os passos que foram citados anteriormente. Após isso, são estudadas as

melhorias que serão propostas, de acordo com os itens priorizados.

56

4.1 CASA DA QUALIDADE ADAPTADA

A Casa da Qualidade no modelo original de Akao é construída como apresentado na

FIGURA 4.

FIGURA 4 - CASA DA QUALIDADE NO MODELO DE AKAO

Figura : Casa da Qualidade no Modelo Original de

Observa-se que do lado direito da casa há a priorização das Qualidades Demandadas,

a Avaliação Estratégica, que confronta a importância dos itens de Qualidade

Demandada para o planejamento estratégico da empresa e a Avaliação Competitiva,

que compara o desempenho da empresa com a concorrência. Como neste trabalho

está se buscando identificar e priorizar os itens de fiscalização do serviço de transporte

ferroviário de cargas, através das necessidades dos clientes, pela ótica de uma agência

Características da Qualidade

Qu

ali

da

des

Dem

an

da

da

s

Matriz de

Relação

Avaliação

Técnica

Priorização

dos Itens e

Avaliação

Estratégica e

Competitiva

Matriz de Correlação

Características da Qualidade

Qu

ali

da

des

Dem

an

da

da

s

Matriz de

Relação

Avaliação

Técnica

Priorização

dos Itens e

Avaliação

Estratégica e

Competitiva

Matriz de Correlação

57

reguladora, as Avaliações Estratégica e Competitiva não foram realizadas por se

considerar que a agência é um órgão por si só, não possuindo concorrentes no

mercado. Já para a aplicação desta ferramenta do QFD em empresas competitivas,

estas avaliações são necessárias, para buscar identificar os pontos fracos em relação à

concorrência e assim, aumentar a fidelização dos clientes no mercado competitivo.

Na parte superior da Casa da Qualidade encontra-se a Matriz de Correlação, chamada

também de “telhado” da casa. Esta matriz correlaciona as Características da Qualidade

entre si para identificar a influência de uma característica sobre as outras. Isto é feito

para identificar objetivos conflitantes, pois, em alguns casos, para atender a uma

característica de projeto, é obrigado a prejudicar outra. Estas correlações são

identificadas por símbolos, através das seguintes análises: correlação negativa forte,

correlação negativa fraca, correlação positiva forte e correlação positiva fraca. Vale

ressaltar que a construção do telhado é interessante para empresas que estão

desenvolvendo um novo produto ou aperfeiçoando um outro já existente, pois em uma

linha de produção podem ocorrer etapas dependentes umas das outras, ou seja, para

se realizar uma determinada atividade, tem que se esperar que outra seja realizada,

afetando alguns processos da produção.

No caso em estudo, o “telhado” da casa não foi construído, considerando que as

características da qualidade para a fiscalização têm impacto positivo umas sobre as

outras, não possuindo objetivos conflitantes, a fim de tornar a fiscalização por parte da

agência a melhor possível, possibilitando elevar o nível do atendimento na prestação de

serviços aos clientes.

Neste trabalho, os itens de Qualidades Demandadas, Características da Qualidade,

suas correlações (Matriz de Relação) e priorizações, vão ser determinados logo a

seguir.

58

4.2 DETERMINAÇÃO DOS ITENS DE QUALIDADE DEMANDADA

Os itens de Qualidade Demandada são os itens críticos encontrados na análise dos

dados da pesquisa feita com os clientes das ferrovias. O critério adotado para seleção

dos itens foram aqueles os itens com importância alta, porém com satisfação baixa,

sendo considerados então, as qualidades demandadas pelos clientes, com relação ao

serviço prestado pelas concessionárias, como foi mostrado na TABELA 3.

4.2.1 Análise dos itens das qualidades demandadas

As 28 Qualidades Demandadas pelos clientes, obtidas pela análise das respostas dos

questionários fechados, foram agrupadas a seguir de acordo com os níveis de primeiro

grau dos formulários.

A TABELA 4, a seguir, mostra a distribuição de cada Item de Qualidade de acordo com

a sua classificação nos níveis de primeiro grau.

59

TABELA 4- DISTRIBUIÇÃO DAS QUALIDADES DEMANDADAS POR NÍVEL PRIMÁRIO

Acessibilidade Segurança Confiabilidade Relacionamento

com o Cliente Adequação Preço

Condições de

Trafegabilidade

Segurança

Operacional

Pontualidade na

Entrega da Carga

no Destino Imagem e

Credibilidade

Investimentos em

Infra-Estrutura

Valores dos

Fretes Capacidade de

Escoamento no

Pico de Safra

Proteção

Ambiental

Pontualidade na

Entrega dos

Vagões Vazios

Flexibilidade na

Programação de

Embarque Eficiência na

Solução de

Problemas

Operacionais

Estado de

Conservação dos

Equipamentos

Política

Própria de

Tarifas Disponibilidade

de Serviço de

Transbordo

Facilidade de

Acesso aos

Serviços

Ferroviários

Estado de

Limpeza dos

Vagões

Tempo de

Percurso

Disponibilidade

de Vagões Política de

Descontos

Eficiência na

Solução de

Problemas

Comerciais

Disponibilidade

de Tração

Regiões

Atendidas

Segurança

de Carga

Regularidade do

Serviço

Investimentos em

Material Rodante

Condições

de

Pagamento

Disponibilidade

de Tração para

Manobras

Competitivi

dade com

Outros

Modais

Como se pode observar na TABELA 4 acima, a maioria das Qualidades Demandadas

pelos clientes é do nível primário “Adequação” com 25,00% dos itens. Em segundo

lugar, estão “Acessibilidade” e “Preço” com 17,86%. Em terceiro lugar, encontram-se

60

“Segurança” e “Confiabilidade” com 14,29% e, em quarto lugar, “Relacionamento com o

Cliente” com 10,71% dos itens mencionados.

GRÁFICO 5 - PERCENTUAL DAS PRIORIZAÇÕES DAS QUALIDADES DEMANDADAS

Confiabilidade

14,29%

Acessibilidade

17,86%

Preço 17,86%

Adequação 25%

Segurança

14,29%

Relacionamento

com o Cliente

10,71%

4.3 DEFINIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE

A definição inicial das características da qualidade se deu através de uma análise

minuciosa dos relatórios de Inspeção Técnico-Operacional realizado pela ANTT nas

concessionárias, onde foi possível detectar 40 características da qualidade em um

primeiro instante, as quais são apresentadas no ANEXO 7. Estas características iniciais

foram agrupadas da seguinte forma:

Via permanente: inclui as características das instalações e equipamentos que

compõem a infra e a superestrutura da ferrovia;

Material rodante: inclui as características dos materiais de tração (locomotivas) e

dos vagões;

Relações comerciais: modo de relacionamento entre concessionária e clientes

para a prestação de um excelente serviço. É subdividida em:

61

- Serviços adequados: prestados pela concessionária ao cliente;

- Política de relacionamento: entre cliente e concessionária.

Todas as 40 características descritas inicialmente foram levadas para análise da equipe

técnica da ANTT, onde foram avaliadas sua importância e eficácia na visão da

fiscalização da agência. Após esta análise, destas 40 características, algumas foram

extintas, outras adaptadas para itens mensuráveis, como devem ser as características

da qualidade e outras novas foram inseridas, de acordo com a necessidade da agência,

totalizando 38 Características da Qualidade. Na TABELA 5 têm-se as Características

da Qualidade consolidadas, após análise conjunta com a equipe da ANTT.

62

TABELA 5 - CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE

SERVIÇOS ADEQUADOS POLÍTICA DE RELACIONAMENTO

Escala de Adequação do

Trem Tipo Utilizado (0 a

Número de Vagões

Recebidos com Avarias

% do Índice de Avarias

Tempo de Substituição de

Vagões Recebidos com

Avarias (h)

Escala de Conservação/

Limpeza dos

Equipamentos (0 a 10)

Taxa de Imobilização de

Locomotivas (%)

Taxa de Imobilização da

Frota de Vagões Tipo

Graneleiro (%)

Taxa de Imobilização da

Frota de Vagões Tipo

Tanque (%)

Taxa de Imobilização da

Frota de Vagões tipo

Fechado (%)

Tempo Médio entre Origem

e Destino da Carga

Taxa de Imobilização da

Frota de Vagões Tipo

Gôndola (%)

Número de Ocorrências de

Carga Furtada (mês)

Número de Defeitos nos

Vagões (mês)

% de Volume de Carga

Avariado com Volume

Transportado

Despesa de Manutenção

em Locomotivas (R$)

Despesa de Manutenção

em Vagões (R$)

Escala de Adaptação /

Transformação dos

Vagões com as

Características das

Cargas Transportadas (0 a

10)

Km percorrida por Vagão

(mês)

Velocidade Média

Comercial (Km/h)

Velocidade Média de

Percurso (Km/h)

Número Médio de

Carregamentos (mês)

Número de Inspeções de

Viagem em Locomotivas

(mês)

Número de Inspeções de

Viagem em Vagões (mês)

Capacidade de Entrega da

Carga por Mês (TU)

Escala de Adequação de

Proteção da Faixa de

Domínio (0 a 10)

Sistema de Licenciamento

de Trens

Estado de Conservação da

Via Permanente

% de Desconto na Tarifa em Relação

ao Volume Transportado

Dias de Prazo de Pagamento a partir

da Descarga

Tempo entre Ocorrência (avaria/

roubo de carga) e Pagamento da

Indenização (dias)

Tempo entre Reclamação e Solução

de Problemas (h)

RELAÇÕES COMERCIAIS

VIA PERMANENTE

MATERIAL RODANTE

Número de Travessias

Clandestinas

Escala de Disponibilidade

de Utilização de Máquinas

Pesadas e Leves da Via

Permanente (0 a 10)

% de Compatibilidade da

Superestrutura da Via com

as Características do

Material Rodante

% de Cumprimento do

Cronograma de Embarque

da Carga

% do Cumprimento do

Cronograma de Entrega da

Carga

Suspensão do Tráfego (h)

devido à Tráfego Mútuo e

Direito de Passagem

Número de Pontos com

Embarque Ferroviário

63

4.3.1 Análise das características da qualidade

Nesta análise, será repetido o procedimento realizado para as Qualidades

Demandadas, onde se calculou o percentual dos itens para cada categoria de

classificação.

Retomando a TABELA 5, que contém as 38 Características da Qualidade distribuídas

por categorias, chegou-se ao seguinte resultado:

1° lugar: Categoria “Material Rodante” com 47,4% dos itens;

2° lugar: Categoria “Serviços Adequados” com 26,3%;

3° lugar: Categoria “Via Permanente” com 15,8%;

4° lugar: Categoria “Política de Relacionamento” com 10,5%.

O GRÁFICO 6 mostra a distribuição destas percentagens calculadas.

GRÁFICO 6 - PERCENTUAL DAS PRIORIZAÇÕES DAS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE

Material Rodante

47,40%

Via Permanente

15,80%

Serviços

Adequados

26,30%

Política de

Relacionamento

10,50%

64

4.4 CORRELAÇÃO ENTRE AS QUALIDADES DEMANDADAS E AS

CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE

Em conjunto com a equipe técnica da ANTT, foram realizadas também as correlações

entre os itens de qualidade demandadas e as características da qualidade para todos

os itens da Casa da Qualidade, onde foram atribuídos os seguintes valores:

9 para uma correlação forte;

3 para uma correlação média;

1 para uma correlação fraca.

Esta é a escala utilizada pelos japoneses (GUAZZI, 1999), porém, nada impede de

serem usadas outras escalas, ficando estas a critério do pesquisador.

Os espaços que não possuírem uma nota de correlação, ou seja, que estiverem em

branco, significam que as suas Características da Qualidade e as Qualidades

Demandadas correlacionadas foram consideradas nulas, ou seja, sem nenhuma

correlação.

Após estas atribuições, foi concluída a primeira fase da construção da Casa da

Qualidade com a elaboração da matriz de correlação, adotada para todas as

concessionárias. Os ANEXOS 1 a 3 apresentam estas matrizes.

4.5 DESCRIÇÃO DAS ESPECIFICAÇÕES DAS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE

As especificações das Características da Qualidade foram determinadas partindo do

pressuposto de serem valores ideais para a fiscalização por parte da ANTT. Estes

valores foram atribuídos considerando o conhecimento de algumas especificações

disponibilizadas nos Relatórios Anuais de Acompanhamento das Concessões

Ferroviárias, realizado pela ANTT no ano de 2003, e por determinação de Escalas de

Qualidade para novos itens de acompanhamento, fixando os valores que se encontram

65

nas Casas da Qualidade (ANEXOS 1, 2 e 3).

As especificações das Características da Qualidade apresentadas a seguir foram

retiradas do Relatório Anual de Acompanhamento das Concessões Ferroviárias, sendo

adotadas as especificações de cada concessionária, por já possuírem valores definidos.

Índice de acidentes;

Densidade média de tráfego;

Velocidade média comercial;

Velocidade média de percurso;

Carga transportada.

As especificações das características, avaliadas através de escalas, serão detalhadas

em seguida para um melhor entendimento do valor adotado. Por não possuírem

parâmetros individuais para cada concessionária, como no caso anterior, foi adotado

inicialmente uma única especificação para todas as ferrovias, como sendo o seu valor

médio.

Sistema de Licenciamento de Trens/ Nível de Automação (1 – 4)

1 – Sistema de comunicação via rádio com garantia de cobertura e continuidade

através de toda a extensão do trecho.

2 – Sistema de comunicação via rádio com garantia de cobertura e continuidade

através de toda a extensão do trecho. Tráfego supervisionado pelo Centro de Controle

Operacional – CCO.

3 – Sistema de comunicação via rádio com garantia de cobertura e continuidade

através de toda a extensão do trecho. Tráfego supervisionado pelo Centro de Controle

Operacional – CCO. Equipamentos de desvio de linha e sinalização automáticos.

Rastreamento via satélite ou sistema similar para acompanhamento do material rodante

66

através do trecho.

4 - Sistema de comunicação via rádio com garantia de cobertura e continuidade através

de toda a extensão do trecho. Tráfego supervisionado pelo Centro de Controle

Operacional – CCO, com um sistema de controle de tráfego, CTC e ATC, para

obtenção do controle total da via permanente e do material rodante. Equipamentos de

desvio de linha e sinalização automáticos. Tecnologia embarcada que possibilite o

controle e a atuação pelo CCO na composição ferroviária. Esse controle deve ser

possível para as seguintes funções: parada, aceleração e desaceleração.

Estado de Conservação da Via Permanente (1- 10) 1 a 3 - Mal conservada;

3 a 7 - Conservação razoável;

7 a 10 - Bem conservada.

Escala de Compatibilidade da Superestrutura da Via com as Características do

Material Rodante (1 – 10)

1 a 3 - Pouca compatibilidade;

3 a 7 - Compatibilidade razoável;

7 a 10 - Boa compatibilidade.

Escala de Disponibilidade de Utilização de Máquinas Pesadas e Leves da Via

Permanente (1 – 10)

1 a 3 - Pouca disponibilidade;

3 a 7 - Disponibilidade razoável;

7 a 10 - Boa disponibilidade.

67

Escala de Adequação da Proteção da Faixa de Domínio (1 - 10)

1 a 3 - Pouco adequada;

3 a 7 - Adequadamente razoável;

7 a 10 - Bem adequada.

Escala de Adequação do Trem Tipo Utilizado (1 - 10)

1 a 3 - Pouco adequado;

3 a 7 - Adequadamente razoável;

7 a 10 - Bem adequado.

Escala de Conservação/ Limpeza dos Equipamentos (1 – 10)

1 a 3 - Mal conservado;

3 a 7 - Conservação razoável;

7 a 10 - Bem conservado.

4.6 PRIORIZAÇÃO DAS QUALIDADES DEMANDADAS

Após a tabulação das respostas dos clientes no questionário fechado, foi construído um

diagrama de árvore para cada concessionária, levando em consideração os números

absolutos das classificações atribuídas em relação somente aos itens secundários de

importância. Os itens primários: acessibilidade, segurança, confiabilidade, preço,

adequação e relacionamento, do questionário fechado, não foram classificados pelos

entrevistados com relação à satisfação. Por este motivo, para os níveis de satisfação,

foi calculada somente uma média dos valores atribuídos pelos clientes para cada item

do questionário fechado.

Na determinação das prioridades das Qualidades Demandadas para a concessionária

“A”, foram calculadas as inversões dos valores atribuídos para a importância, que

variavam desde 1 (mais importante) a 11 (menos importante), ou seja, onde se tinha o

68

número 5 atribuído, o valor invertido era 0,20, até chegar ao valor máximo 1 (1/1). Já

para as demais concessionárias, onde o valor variava de 1 (menos importante) a 11

(mais importante), esse procedimento não foi necessário, já que o maior valor atribuído

era o mais importante. Este procedimento foi adotado em virtude das modificações dos

formulários fechados descritos no item 3.3.2.

Vale relembrar que cada categoria avaliada, tais como Acessibilidade, Segurança,

Confiabilidade, Preço, Adequação e Relacionamento (Nível Primário), se subdividiam

em outros itens no questionário fechado (Nível Secundário), sendo estes os avaliados

pelos clientes.

Para cada concessionária, os pesos dos níveis primários foram calculados em relação à

média das notas atribuídas no questionário fechado. De posse deste peso, partiu-se

para a definição dos pesos dos níveis secundários. Porém, após a determinação deste

peso secundário, que é considerado um peso relativo por item, tem-se que levar em

conta a categoria para o qual este nível secundário está inserido. Para esta correção,

multiplica-se o peso relativo por item pelo peso encontrado na categoria correspondente

no nível primário. Para uma melhor visualização deste valor, foi feita a multiplicação por

100, ficando em formato de percentagem. Este valor é chamado de peso relativo por

categoria ou peso das Qualidades Demandadas, que foram inseridos na Casa da

Qualidade e priorizados em ordem decrescente, ou seja, o maior peso encontrado será

o item considerado prioritário, e assim em diante.

Os diagramas das TABELAS 6, 7 e 8 apresentam os cálculos dos pesos, onde pode-se

perceber que o somatório dos corrigidos em percentagem é igual a 100% e o somatório

dos relativos e dos pesos de nível primário é igual a 1. Estes diagramas correspondem

às mesmas concessionárias “A”, “B” e “C” analisadas nos gráficos de dispersão

apresentados anteriormente.

69

TABELA 6 - DIAGRAMA DE ÁRVORE – CONCESSIONÁRIA “A”

Nível de

Satisfação

Categorias

Peso

Relativo -

Total Itens

Peso

Relativo

por Item

Peso

Relativo por

Categoria

% Média

Condições de Trafegabilidade 0,261 0,03 3,29 4,47

Disponibilidade de Serviço de Transbordo 0,110 0,01 1,39 4,29

Facilidade de Acesso aos Serviços Ferroviários 0,160 0,02 2,02 5,35

Flexibilidade na Programação de Embarque 0,254 0,03 3,19 4,76

Regiões Atendidas 0,215 0,03 2,70 4,94

Total 1,000 0,13

Estado de Conservação dos Equipamentos 0,179 0,03 3,34 5,00

Estado de Limpeza dos Vagões 0,178 0,04 3,52 6,47

Proteção Ambiental 0,125 0,02 2,49 4,82

Segurança da Carga 0,191 0,06 6,30 7,00

Segurança Operacional 0,186 0,04 3,96 5,76

Total 1,000 0,20

Cumprimento do Contrato 0,177 0,05 4,75 5,53

Pontualidade na Entrega da Carga no Destino 0,176 0,05 4,85 5,18

Pontualidade na Entrega dos Vagões Vazios 0,159 0,03 2,97 4,94

Regularidade do Serviço 0,168 0,04 4,17 4,18

Tempo de Carga e Descarga nos Terminais 0,121 0,01 1,46 5,06

Tempo de Percurso 0,159 0,03 2,81 4,94

Tráfego Mútuo e/ou Direito de Passagem 0,040 0,01 0,90 2,76

Total 1,000 0,22

Competitividade com Outros Modais 0,155 0,06 5,51 4,76

Condições de Pagamento 0,161 0,03 2,54 5,24

Negociação Contratual Cliente/Concessionária 0,157 0,03 2,95 4,82

Política de Descontos 0,112 0,02 1,55 3,65

Política Própria de Tarifas 0,135 0,02 1,91 4,35

Valores das Taxas Adicionais 0,113 0,01 1,00 3,76

Valores dos Fretes 0,168 0,05 5,14 4,65

Total 1,000 0,21

Adequação da Ferrovia para Cargas Especiais 0,084 0,01 0,59 4,12

Características dos Terminais 0,109 0,00 0,46 5,00

Capacidade de Escoamento no Pico de Safra 0,166 0,01 1,12 3,59

Compatibilidade dos Vagões com as Cargas 0,159 0,01 1,41 6,53

Disponibilidade de Tração 0,157 0,02 2,25 4,06

Disponibilidade de Tração para Manobras 0,01 1,10 3,76

Disponibilidade de Vagões 0,170 0,02 2,13 4,65

Investimentos em Infra-Estrutura 0,01 0,85 2,82

Investimentos em Material Rodante 0,01 0,63 3,35

Investimentos em Superestrutura 0,00 0,41 2,82

Qualidade da Mão de Obra Operacional 0,154 0,01 0,80 6,24

Total 1,000 0,12

Atendto.por Resp. com Autonomia Longo Prazo 0,133 0,01 1,35 5,53

Desenvolvimento de Projetos Customizados 0,01 0,56 3,88

Eficiência na Solução de Problemas Comerciais 0,143 0,02 1,80 4,47

Eficiência na Solução de Problemas Operacionais 0,137 0,03 2,55 4,59

Foco no Negócio do Transporte Ferroviário 0,122 0,01 1,46 5,88

Imagem e Credibilidade 0,02 1,54 4,82

Políticas de Parceria 0,01 1,03 4,94

Serviço de Atendimento ao Cliente 0,138 0,01 0,94 6,53

Transparência dos Contratos de Concessão 0,01 1,11 3,18

Sist. De Inform. - Rastreabilidade das Cargas 0,146 0,01 0,88 6,20

Soluções Logísticas Disponíveis 0,107 0,00 0,32 4,41

Total 1,000 0,14

Totais Gerais 1,0 1,00 100,00

0,13

Segurança 0,20

Nível de Importância

Acessibilidade

Adequação 0,12

Relacionamento 0,14

Confiabilidade 0,22

Preço 0,21

Comparação Nível de Importância x Satisfação - FCA

0

5

10

0246810

Nível de Importância

Nív

el de S

atisfa

ção

70

TABELA 7 - DIAGRAMA DE ÁRVORE – CONCESSIONÁRIA “B”

Nível de

Satisfação

Peso

Relativo -

Total Itens

Peso

Relativo

por Item

Peso

Relativo por

Categoria

% Média

Condições de Trafegabilidade 0,222 0,03 3,44 8,33

Disponibilidade de Serviço de Transbordo 0,137 0,02 2,12 6,00

Facilidade de Acesso aos Serviços Ferroviários 0,162 0,03 2,51 6,00

Flexibilidade na Programação de Embarque 0,248 0,04 3,84 6,33

Regiões Atendidas 0,231 0,04 3,57 7,33

Total 1,000 0,15

Estado de Conservação da Via Permanente 0,183 0,03 2,70 8,33

Estado de Conservação dos Equipamentos 0,197 0,03 2,90 8,00

Estado de Limpeza dos Vagões 0,169 0,03 2,50 7,33

Proteção Ambiental 0,099 0,02 1,50 8,00

Segurança da Carga 0,176 0,03 2,60 8,00

Segurança Operacional 0,176 0,03 2,60 8,00

Total 1,000 0,15

Cumprimento do Contrato 0,164 0,03 2,87 8,00

Pontualidade na Entrega da Carga no Destino 0,178 0,03 3,09 6,67

Pontualidade na Entrega dos Vagões Vazios 0,178 0,03 3,09 5,33

Regularidade do Serviço 0,184 0,03 3,21 5,67

Tempo de Carga e Descarga nos Terminais 0,046 0,01 0,80 9,00

Tempo de Percurso 0,164 0,03 2,87 7,33

Tráfego Mútuo e/ou Direito de Passagem 0,086 0,01 1,49 6,50

Total 1,000 0,22

Competitividade com Outros Modais 0,174 0,03 3,26 4,33

Condições de Pagamento 0,128 0,02 2,39 4,00

Negociação Contratual Cliente/Concessionária 0,151 0,03 2,83 5,67

Política de Descontos 0,122 0,02 2,28 6,00

Política Própria de Tarifas 0,145 0,03 2,72 5,33

Valores das Taxas Adicionais 0,110 0,02 2,07 5,33

Valores dos Fretes 0,169 0,03 3,15 4,33

Total 1,000 0,19

Adequação da Ferrovia para Cargas Especiais 0,000 0,00 0,00 0,00

Características dos Terminais 0,111 0,02 1,72 8,00

Capacidade de Escoamento no Pico de Safra 0,170 0,03 2,64 6,00

Compatibilidade dos Vagões com as Cargas 0,178 0,03 2,75 7,00

Disponibilidade de Tração (Locomotiva) 0,178 0,03 2,75 7,00

Disponibilidade de Vagões 0,200 0,03 3,10 4,67

Qualidade da Mão de Obra Operacional 0,163 0,03 2,52 8,00

Total 1,000 0,15

Atendto.por Resp. com Autonomia Longo Prazo 0,113 0,02 2,05 8,00

Eficiência na Solução de Problemas Comerciais 0,123 0,02 2,22 8,00

Eficiência na Solução de Problemas Operacionais0,133 0,02 2,40 7,00

Foco no Negócio do Transporte Ferroviário 0,133 0,02 2,40 8,00

Parceria em Investimentos Operacionais 0,118 0,02 2,14 7,33

Serviço de Atendimento ao Cliente 0,133 0,02 2,40 7,33

Sist. De Inform. - Rastreabilidade das Cargas 0,123 0,02 2,22 6,33

Soluções Logísticas Disponíveis 0,123 0,02 2,22 5,33

Total 1,000 0,18

Totais Gerais 1,0 1,00 100,00

Adequação 0,15

Relacionamento 0,18

Confiabilidade 0,17

Preço 0,19

Nível de Importância

Acessibilidade 0,15

Categorias

0,15Segurança

71

TABELA 8 - DIAGRAMA DE ÁRVORE – CONCESSIONÁRIA “C”

Nível de

Satisfação

Categorias

Peso

Relativo -

Total Itens

Peso

Relativo

por Item

Peso

Relativo

por

Categoria

% Média

Condições de Trafegabilidade 0,176 0,03 3,35 7,27

Disponibilidade de Serviço de Transbordo 0,219 0,04 4,17 5,36

Facilidade de Acesso aos Serviços Ferroviários 0,243 0,05 4,64 7,27

Flexibilidade na Programação de Embarque 0,107 0,02 2,03 6,82

Regiões Atendidas 0,256 0,05 4,87 7,55

Total 1,000 0,19

Estado de Conservação dos Equipamentos 0,103 0,02 1,65 7,91

Estado de Conservação da Via Permanente 0,103 0,02 1,65 7,91

Estado de Limpeza dos Vagões 0,103 0,02 1,65 6,91

Proteção Ambiental 0,117 0,02 1,88 6,64

Segurança da Carga 0,480 0,08 7,69 6,55

Segurança Operacional 0,094 0,02 1,51 7,55

Total 1,000 0,16

Cumprimento do Contrato 0,112 0,02 1,68 7,64

Pontualidade na Entrega da Carga no Destino 0,107 0,02 1,60 7,36

Pontualidade na Entrega dos Vagões Vazios 0,123 0,02 1,85 6,91

Regularidade do Serviço 0,113 0,02 1,70 7,91

Tempo de Carga e Descarga nos Terminais 0,171 0,03 2,57 5,09

Tempo de Percurso 0,134 0,02 2,01 7,45

Tráfego Mútuo e/ou Direito de Passagem 0,239 0,04 3,58 3,55

Total 1,000 0,15

Competitividade com Outros Modais 0,097 0,01 1,38 5,27

Condições de Pagamento 0,116 0,02 1,63 5,82

Negociação Contratual Cliente/Concessionária 0,181 0,03 2,55 6,00

Política de Descontos 0,157 0,02 2,22 4,64

Política Própria de Tarifas 0,182 0,03 2,58 5,55

Valores das Taxas Adicionais 0,155 0,02 2,19 4,55

Valores dos Fretes 0,112 0,02 1,58 5,36

Total 1,000 0,14

Adequação da Ferrovia para Cargas Especiais 0,154 0,03 2,88 4,00

Características dos Terminais 0,182 0,03 3,39 6,27

Capacidade de Escoamento no Pico de Safra 0,163 0,03 3,04 4,73

Compatibilidade dos Vagões com as Cargas 0,113 0,02 2,11 6,91

Disponibilidade de Tração (Locomotiva) 0,177 0,03 3,30 7,18

Disponibilidade de Vagões 0,098 0,02 1,82 5,91

Qualidade da Mão de Obra Operacional 0,113 0,02 2,10 7,55

Total 1,000 0,19

Atendto.por Resp. com Autonomia Longo Prazo 0,100 0,02 1,71 6,82

Eficiência na Solução de Problemas Comerciais 0,101 0,02 1,72 7,09

Eficiência na Solução de Problemas Operacionais 0,097 0,02 1,67 7,27

Foco no Negócio do Transporte Ferroviário 0,192 0,03 3,29 8,00

Parceria em Investimentos Operacionais 0,101 0,02 1,73 5,09

Serviço de Atendimento ao Cliente 0,114 0,02 1,95 7,55

Sist. De Inform. - Rastreabilidade das Cargas 0,177 0,03 3,03 7,55

Soluções Logísticas Disponíveis 0,119 0,02 2,05 6,73

Total 1,000 0,17

Totais Gerais 1,0 1,00 100,00

0,14

Adequação 0,19

Relacionamento 0,17

Nível de Importância

Acessibilidade 0,19

Segurança 0,16

Confiabilidade 0,15

Preço

72

4.7 CONSTRUÇÃO DAS CASAS DA QUALIDADE

Com a definição das qualidades demandadas e das características da qualidade, e as

correlações entre ambas, foi possível iniciar a construção das Casas da Qualidade para

cada concessionária. Pode-se observar na legenda das casas o item Desempenho

Pretendido, abaixo da priorização das Características da Qualidade, é representado por

duas setas em sentidos verticais opostos. Estas setas determinam se as Características

da Qualidade devem sofrer um aumento ou uma redução, de acordo com as

especificações adotadas. Nas características que não possuem estas referências de

desempenho, considera-se que o valor da especificação continua o mesmo, não

sofrendo aumento, nem redução.

Neste trabalho são apresentadas três Casas da Qualidade: uma para cada

concessionária A, B e C analisadas anteriormente. Cabe ressaltar que na prática foram

construídas 10 casas, uma para cada concessionária pesquisada.

As Casas da Qualidade das concessionárias A, B e C encontram-se no ANEXO 1, 2 e 3

deste trabalho.

4.8 PRIORIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE

O peso das características da qualidade foi determinado através do método de

Distribuição Independente dos Pesos, ou seja, consiste em calcular o grau de

importância, obtendo-se o produto do peso da qualidade demandada pelos valores das

correlações atribuídas (9, 3 ou 1) e somando-se verticalmente esses produtos. Esse

cálculo é feito por linha, ou seja, no sentido horizontal da casa da qualidade.

A priorização é feita atribuindo o valor de 1 para o mais prioritário, ou seja, para o maior

peso, continuando no sentido decrescente, daí em diante.

Nas TABELAS 9 e 10 apresentadas, têm-se as características da qualidade e suas

73

prioridades nas concessionárias e o número de suas ocorrências em cada uma. Nota-

se que a maior e a menor prioridade foram iguais para todas as ferrovias.

74

TABELA 9 - PRIORIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE

A B C D E F G H I JSistema de Licenciamento de Trens/ Nível de Automação (1 - 4) 39 39 39 39 37 39 34 38 34 38Estado de Conservação da Via Permanente (1 - 10) 19 20 19 21 18 20 17 22 18 19

Escala de Compatibilidade da Superestrutura da Via com as características do

Material Rodante (1 - 10)25 28 24 30

2423 24 26 24 28

Escala de Disponibilidade de Utilização de Máquinas Pesadas e leves da Via

Permanente (1 - 10)37 38 36 36

3534 37 39 33 32

Número de Travessias Clandestinas 35 33 33 33 32 31 32 36 30 31Escala de Adequação da Proteção da Faixa de Domínio (1 - 10) 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40Escala de Adequação do Trem Tipo Utilizado (1 - 10) 18 14 15 13 16 16 14 18 13 18Índice de Acidentes (Nº de acidentes/ milhão de trem.km) 8 2 6 4 4 6 4 7 4 8Escala de Conservação/ Limpeza dos Equipamentos (1 – 10) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1Taxa de Imobilização de Locomotivas (%) 27 27 30 29 26 25 26 30 20 37Taxa de Imobilização da Frota de Vagões tipo Hopper (%) 30 23 26 25 27 27 27 32 35 33Taxa de Imobilização da Frota de Vagões tipo Tanque (%) 31 24 27 26 28 28 28 33 36 34Taxa de Imobilização da Frota de Vagões tipo Fechado (%) 32 25 28 27 29 29 29 34 37 35Taxa de Imobilização da Frota de Vagões tipo Gôndola (%) 33 26 29 28 30 30 30 35 38 36

Número de Defeitos nos Vagões (mês) 7 9 7 7 7 8 8 8 9 10

Número de Avarias nas Locomotivas (mês) 6 7 8 8 9 7 9 9 5 9

Despesa de Manutenção Corretiva em Locomotivas (R$) 4 5 4 5 5 4 5 4 2 4

Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Locomotivas (R$) 5 6 5 6 6 5 6 5 3 5

Despesa de Manutenção Corretiva em Vagões (R$) 2 3 2 2 2 2 2 2 6 2

Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Vagões (R$) 3 4 3 3 3 3 3 3 7 3

Escala de Adaptação/Transformação dos Vagões com as Características das

Cargas Transportadas (0- 10)36 29 22 22

2135 21 28 32 26

Densidade Média de Tráfego - Milhares de TkU/km de linha (mês) 26 22 25 23 25 22 23 29 28 29Velocidade Média Comercial (Km/h) 13 12 14 14 11 11 11 14 16 14Velocidade Média de Percurso (Km/h) 21 19 21 19 19 18 18 21 22 24Carga Transportada (TU/mês) 17 17 18 18 20 17 15 17 25 23Número de Inspeções de Viagem em Locomotivas (mês) 14 21 13 15 13 13 16 19 17 17Número de Inspeções de Viagem em Vagões (mês) 11 13 10 11 10 10 13 16 15 16Número de Vagões Recebidos com Avarias (mês) 38 36 37 38 39 38 38 37 39 39Tempo de Substituição de Vagões Recebidos com Avarias (h) 28 30 31 31 33 33 31 31 31 30% de Cumprimento do Cronograma de Embarque da Carga 10 10 11 10 12 12 12 10 10 11% do Cumprimento do Cronograma de Entrega da Carga 9 8 9 9 8 9 7 6 8 6Número de Ocorrências de Carga Furtada (mês) 23 35 35 35 36 32 35 24 26 22% de Volume de Carga Avariado com Volume Transportado 22 31 23 24 23 19 25 20 19 20Capacidade de Entrega da Carga por mês (TU) 12 11 12 12 14 14 10 11 11 15

% de Cargas Rastreadas na Internet através de Sistema de Gerenciamento

Eletrônico 15 16 17 16

1715 19 12 14 12

Número de Pontos com Embarque Ferroviário 20 18 20 20 22 24 20 15 21 13

Tempo entre Reclamação e Solução de Problemas (dias) 24 32 32 32 34 26 33 23 23 21

Tempo entre Ocorrência (avaria/ roubo da carga) e Pagamento da

Indenização (dias)29 37 38 37

3837 39 27 29 27

Dias de Prazo de Pagamento a partir do carregamento 34 34 34 34 31 36 36 25 27 25

% de Desconto na Tarifa em relação ao Volume Transportado 16 15 16 17 15 21 22 13 12 7

SERVIÇOS

ADEQUADOS

POLÍTICA DE

RELACIONAMENTO

Características da Qualidade

VIA PERMANENTE

MATERIAL

RODANTE

Prioridades nas Concessionárias

75

TABELA 10 - NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DAS PRIORIDADES POR CONCESSIONÁRIA

Ordem de

PrioridadeCaracterísticas da Qualidade Grupo

Número de

Ocorrências

1 Escala de Conservação/ Limpeza dos Equipamentos (1 – 10) Material Rodante 10

Despesa de Manutenção Corretiva em Vagões (R$) Material Rodante 8

Despesa de Manutenção Corretiva em Locomotivas (R$) Material Rodante 1Índice de Acidentes (Nº de acidentes/ milhão de trem.km) Material Rodante 1

Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Vagões (R$) Material Rodante 8

Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Locomotivas (R$) Material Rodante 1

Despesa de Manutenção Corretiva em Vagões (R$) Material Rodante 1

Despesa de Manutenção Corretiva em Locomotivas (R$) Material Rodante 5

Índice de Acidentes (Nº de acidentes/ milhão de trem.km) Material Rodante 4

Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Vagões (R$) Material Rodante 1

Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Locomotivas (R$) Material Rodante 5Despesa de Manutenção Corretiva em Locomotivas (R$) Material Rodante 4Número de Avarias nas Locomotivas (mês) Material Rodante 1

Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Locomotivas (R$) Material Rodante 4

Índice de Acidentes (Nº de acidentes/ milhão de trem.km) Material Rodante 2

% do Cumprimento do Cronograma de Entrega da Carga Serviços Adequados 2

Número de Avarias nas Locomotivas (mês) Material Rodante 1

Despesa de Manutenção Corretiva em Vagões (R$) Material Rodante 1

Número de Defeitos nos Vagões (mês) Material Rodante 4

Número de Avarias nas Locomotivas (mês) Material Rodante 2

Índice de Acidentes (Nº de acidentes/ milhão de trem.km) Material Rodante 1

Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Vagões (R$) Material Rodante 1

% de Desconto na Tarifa em relação ao Volume Transportado Política de Relacionamento 1% do Cumprimento do Cronograma de Entrega da Carga Serviços Adequados 1

Número de Defeitos nos Vagões (mês) Material Rodante 3% do Cumprimento do Cronograma de Entrega da Carga Serviços Adequados 3

Índice de Acidentes (Nº de acidentes/ milhão de trem.km) Material Rodante 2

Número de Avarias nas Locomotivas (mês) Material Rodante 2

Número de Avarias nas Locomotivas (mês) Material Rodante 4

% do Cumprimento do Cronograma de Entrega da Carga Serviços Adequados 4

Número de Defeitos nos Vagões (mês) Material Rodante 2

% de Cumprimento do Cronograma de Embarque da Carga Serviços Adequados 5

Número de Inspeções de Viagem em Vagões (mês) Material Rodante 3

Número de Defeitos nos Vagões (mês) Material Rodante 1Capacidade de Entrega da Carga por mês (TU) Serviços Adequados 1

2

3

4

5

10

6

7

8

9

76

4.9 ANÁLISE DAS PRIORIZAÇÕES

A TABELA 9 mostra a priorização das Características da Qualidade. Pode-se verificar

que os itens mais (1° lugar) e menos (40° lugar) prioritários foram iguais para todas as

10 concessionárias analisadas. São eles:

1° lugar: “Escala de Conservação/ Limpeza dos Equipamentos (1 – 10)”

40° lugar: “Escala de Adequação da Proteção da Faixa de Domínio (1 – 10)”

Ao analisar o segundo e terceiro lugares “Despesa de Manutenção Corretiva em

Vagões (R$)” e “Despesa de Manutenção Preventiva/ Preditiva em Vagões (R$)”,

respectivamente, nota-se que estas posições apareceram em 8 das 10

concessionárias, chegando quase à totalidade de 100%, como o primeiro lugar. A partir

do 4° lugar, as priorizações já começam a ficar bem distribuídas entre as

Características da Qualidade, não estando concentradas na maioria das

concessionárias.

4.10 DIFICULDADES ENCONTRADAS NA UTILIZAÇÃO DO QFD

Como este trabalho iniciou-se a partir da análise dos dados do questionário fechado,

será considerado que o QFD começou a ser utilizado a partir desta atividade.

As dificuldades encontradas na aplicação da metodologia QFD estão descritas a seguir:

Dificuldade em encontrar especialistas na ferramenta, pois o uso do QFD no

Brasil ainda é pequeno em relação a outros países;

Como o número de Características da Qualidade foi grande, 38 (trinta e oito),

como visto anteriormente, foi trabalhosa a atribuição dos pesos com relação às

Qualidades Demandadas pelos clientes, pois se confundia as linhas e colunas

77

trabalhadas;

Dificuldade na atribuição de alguns pesos na matriz de correlação, pois em

certos casos a atribuição do peso não se mostra suficientemente clara, por

exemplo: a correlação entre tráfego mútuo e/ou direito de passagem com índice

de acidentes, atribuído com peso 3.

78

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O objetivo deste trabalho foi priorizar os itens de fiscalização do serviço de transporte

ferroviário de cargas, baseado na satisfação de seus clientes. Através da metodologia

aplicada do QFD, foi possível determinar quais os itens de fiscalização que devem ser

fiscalizados nas concessionárias.

A elaboração da matriz de correlação é uma importante ferramenta para o

conhecimento e desenvolvimento de estratégias para a fiscalização das

concessionárias. É fundamental, como foi constatado neste trabalho, o envolvimento da

equipe técnica responsável pela execução da atividade de fiscalização para a correta

definição e atribuição dos pesos das Características da Qualidade, e assim, poder

calcular as prioridades para a fiscalização.

5.1 CONCLUSÕES FINAIS

Através da análise das Qualidades Demandadas pelos clientes, conclui-se que estes

estão buscando uma maior qualidade na categoria “Serviços Adequados”, ou seja,

estão demandando uma prestação de serviço que atenda melhor as suas

necessidades.

Na priorização das Características da Qualidade, conclui-se que o item mais priorizado

“Escala de Conservação/ Limpeza dos Equipamentos (1 – 10)” está na Categoria

Material Rodante, a qual ficou também em primeiro lugar na distribuição das

características por categoria, ou seja, a maioria dos itens citados pela agência faz parte

da Categoria Material Rodante. Já a última posição na priorização (40° lugar) está na

categoria Via Permanente, que ficou em 3° lugar na distribuição das características por

categoria.

79

O fato de se levar em consideração a voz do cliente, faz com que os resultados obtidos

sejam mais eficazes na obtenção de melhor confiabilidade, segundo o ponto de vista do

cliente.

Na TABELA 10 pode-se verificar também que as principais Características da

Qualidade para a fiscalização enquadram-se nos itens relativos ao grupo material

rodante. Isto mostra que a percepção do cliente quanto ao serviço ferroviário está mais

focalizado neste grupo, ou seja, nas fiscalizações deve ser dada maior atenção nos

itens referentes ao material rodante.

A metodologia QFD utilizada neste trabalho atendeu ao seu objetivo verificado nos

resultados finais, como as priorizações das Características da Qualidade, as quais

obtiveram as posições mais e menos prioritárias em todas as 10 (dez) concessionárias

analisadas, focando para as mais prioritárias um aumento na qualidade da fiscalização

por parte da agência reguladora com o firme propósito de atender as necessidades dos

clientes das concessões ferroviárias de carga.

5.2 RECOMENDAÇÕES FINAIS

Algumas propostas de trabalhos futuros, como complementação deste, estão descritas

a seguir:

Estudar a satisfação dos clientes de uma determinada concessionária, considerando

que todas as outras são suas concorrentes. Assim, na Casa da Qualidade, com relação

ao estudo das Qualidades Demandadas, serão inclusas mais duas novas análises:

Avaliação Estratégica e Avaliação Competitiva, sendo que neste caso serão priorizadas

as Características da Qualidade de uma concessionária específica, para atingir as

necessidades que seus clientes estão demandando e a sua superação no mercado

com relação aos concorrentes.

80

Fazer as correlações entre as Características da Qualidade e as Qualidades

Demandadas, exclusivas para cada concessionária, pois cada uma tem seus objetivos

e metas diferentes, bem como um determinado perfil de cliente e tipo de carga a ser

transportada.

Realizar pesquisas de Preferência Declarada onde os clientes dizem quais são suas

necessidades e quanto estão dispostos a pagar a mais para terem este tipo de serviço

melhorado.

Aplicar a metodologia de Benchmark para as Características da Qualidade

determinadas para cada concessionária, a fim de identificar os melhores resultados de

cada ferrovia para serem utilizados como referencial na busca da melhoria contínua dos

serviços.

81

6 REFERÊNCIAS

1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Guia para

normalização de referências: NBR 6023. 2.ed. Vitória: A Biblioteca, 2002.

2 ______. Normalização e apresentação de trabalhos científicos e

acadêmicos: guia para alunos, professores e pesquisadores da UFES. 6.ed.

Vitória: A Biblioteca, 2002.

3 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES. c.2001. Disponível

em: <www.antt.gov.br>. Acesso em: 11 mar. 2004.

4 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES. c.2001. Disponível

em: <www.antt.gov.br>. Acesso em: 01 jul. 2005.

5 ______. Superintendência de Serviços de Transporte de Cargas. Relatório de

inspeção técnico-operacional: Ferrovia Bandeirantes S.A. . Brasília, 2002.

6 AKAO, Yoji. History of quality function deployment in Japan. In: The best on

quality. Hanser Publishers, 1990.

7 ASWAD, Adnan. Qualifty Function Deployment: A tool or a philosophy. In: SAE

Technical Paper Series, USA, SAE, mar. 1989.

8 BERRY, Leonard L.; PARASURAMAN A. Serviços em marketing: competindo

através da qualidade. São Paulo: Norma, 1992.

9 BOURAHLI, Maria C. S. L.; MONTENEGRO, L. C. S.; TEIXEIRA, A. M. T.

Aplicação da metodologia QFD: aferição de indicadores de qualidade e

avaliação da satisfação dos clientes com a prestação de serviços de transporte

ferroviário. Brasília, 2004. Relatório final. Gerência de Transporte Multimodal –

GEMUL, SULOG, ANTT.

82

10

11

BRASIL que anda nos trilhos. Ferrovias – Integração e Crescimento

Econômico, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 3-36, dez. 2004

CAMPOS, Ricardo José Mendonça. Melhoria dos processos sob a ótica dos

clientes: uma aplicação no suprimento de petróleo para refinarias. 2001.

Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,

2001.

12 CARVALHO, Marly Monteiro de. QFD – Uma ferramenta de tomada de

decisão em projeto. 1997. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção),

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1997.

13 CAUCHICK Miguel, P. A. A.; VANALLE, R. M.; ALVES FILHO, A.G. QFD in

strategic planning: an exploratory study. In: the eleventh symposium on Quality

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14 CHENG, Lin Chih. QFD in product development: Methodological

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15 CHENG, Lin Chih et al. QFD - Planejamento da Qualidade. Belo Horizonte:

UFMG, Escola de Engenharia, Fundação Christiano Ottoni, 1995.

16 CÓRDOVA, Edwin Celso C. A determinação de processos críticos sob a

ótica de confiabilidade e falhas de campo. 2000. Dissertação de Mestrado,

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.

17 CRISTIANO, J. J., LIKER, J. K., WHITEIII, C.C. Customer-driven product

development through Quality Function Deployment in the U.S. and Japan.

Journal of product innovation management. v. 17, cap. 4, p. 286-308, 2000.

83

18 CRUZ, Marta Monteiro da Costa; MARTINS, Ellen Regina Capistrano. Los

Ferrocarriles en Brasil: Proceso de Desestatización del Subsector. In: VI

CONGRESO DE INGENIERIA DEL TRANSPORTE, 2004, Zaragoza. Actas del

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19 DANILEVICZ, A. M. F. Qualidade em Transportes. Porto Alegre:

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20 EMPRESA BRASILEIRA DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES. Anuário

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21 EUREKA, William E.; RYAN, Nancy E. The customer driven company:

managerial perspectives on QFD. Michigan: ASI Press, 1994.

22 FERREIRA, Claudete Cargnin. Proposta de modelo para contribuir com o

desenvolvimento dos perfis de líder e empreendedor pelos currículos

escolares das escolas de ensino médio. 2001. Dissertação de Mestrado,

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

23 FORTUNA, R. M. Beyond quality: taking SPC upstream. Quality Progress, v.

21, n. 6, June, 1988.

24 GIANOTTI, Renata Cabral. O QFD aplicado ao desdobramento do plano

estratégico no curso de uma instituição de ensino superior. 1996.

Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,

1996.

25

GONTIJO, Felipe E. K. Um projeto de implantação do QFD. 1996. Dissertação

(Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 1996.

84

26 GRIFFIN, A. Evaluating QFD´s use in US firms as a process for developing

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27 GUAZZI, Dirceu Moreira. Utilização do QFD como uma ferramenta de

melhoria contínua do grau de satisfação de clientes internos. 1999. Tese

(Doutorado em Engenharia da Produção), Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 1999.

28 HAUSER, John; CLAUSING, Don. The house of quality. Harvard Business

Review. may/june, 1988.

29 KING, Bob. Better designs in half the time. Massachustes: GOAL/QPC, 1987.

30 MARCON, Domingos Pignatel. Proposta de modelo para adequação do

processo de produção de cerâmica vermelha. 2002. Dissertação de

Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

31 MARDEGAN, Salmo. Uma contribuição ao processo de tomada de decisão

visando a extensão do prazo de garantia. 1999. Dissertação de Mestrado,

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.

32 MEDEIROS, Rosalvo. O impacto dos requisitos fixados pelo cliente na

produção de software. 2000. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal

de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.

33 NASCIMENTO, Cristina A. A. M. N. Aplicação do QFD para identificar pontos

críticos do processo de desenvolvimento de produtos a partir dos dados de

assistência técnica: Experimento em empresa de tecnologia da informação.

2002. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo

Horizonte, 2002.

85

34 PORTO, Maria Bráulia de Souza. Avaliação de grupos em hospitais: uma

abordagem pelos princípios do QFD. 1999. Dissertação de Mestrado,

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.

35 PRATES, Gláucia Aparecida. Ecodesign utilizando QFD, métodos Taguchi e

DFE. 1998. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Universidade

Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998.

36 RIBEIRO, J. L. S. et al. A utilização do QFD na otimização de produtos,

processos e serviços. Série Monográfica Qualidade. Escola de Engenharia,

Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.

37 RODRIGUES, Célia Maria de Oliveira; CRUZ, Marta Monteiro da Costa. A

regulação do transporte ferroviário de cargas no Brasil e suas

especificidades. III Congresso Brasileiro de Regulação de Serviços Públicos

Concedidos. Gramado, Rio Grande do Sul, 2003.

38 RODRIGUES, Paulo Roberto Ambrósio. Introdução aos sistemas de

transporte no Brasil e à logística internacional. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras,

2003. p. 58.

39 SANTOS, Antônio José dos. Método para análise crítica e melhoria do

controle do processo produtivo. 1999. Dissertação de Mestrado, Universidade

Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.

40

SILVEIRA, Airton Dornelles. Análise da preferência do cliente na implantação

de melhorias na distribuição ferroviária de arroz com origem no Rio Grande

do Sul. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção),

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Florianópolis, 2002.

86

41 SILVEIRA, Gabriela Gonçalves. A utilização do QFD como suporte à

implementação do TQC em empresas do setor de serviços. 1995.

Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,

1995.

42 VIEIRA, Sandro Ranieri Barcelos. Um sistema para gerenciamento da

qualidade em fábricas montadoras nacionais com ênfase no QFD e método

Taguchi. 1996. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 1996.

43 VILAÇA, Rodrigo. Ferrovias avançam para integração logística. Ferrovias –

integração e crescimento econômico, Rio de Janeiro, ano 1, v. 1, n. 1, p. 21,

2004.

95

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Serviço de atendimento ao cliente

Sistema de informações - rastreabilidade das cargas

Soluções logísticas disponíveis

Parceria em investimentos operacionais

Eficiência na solução de problemas operacionais

Foco no negócio do transporte ferroviário

Eficiência na solução de problemas comerciais

J

Acessibilidade

Segurança

Confiabilidade

L K

Fiscalização dos contratos de concessão

Flexibilização do uso da malha ferroviária

Publicidade dos contratos de concessão

7. Em relação aos Serviços Gerais, avalie a importância dos itens

abaixo, sendo (1) o menos importante e (10) o mais importante.

Preço

Adequação

Relacionamento com o cliente

J

Acompanhamento dos investimentos

Disponibilidade de informações sobre as concessões

8. Sobre a ANTT, avalie a importância dos itens abaixo, sendo (1) o

menos importante e (10) o mais importante. L K

Qualidade da mão-de-obra operacional

6. Em relação ao Relacionamento com o Cliente, avalie a

importância dos itens abaixo, sendo (1) o menos importante e (10) o

mais importante.

Disponibilidade de tração (locomotiva)

Disponibilidade de vagões

Adequação da ferrovia para cargas especiais

Características dos terminais

Capacidade de escoamento no pico de safra

Compatibilidade dos vagões com as cargas

J

Atendimento por responsável com autonomia no longo prazo

L K

K J5. Em relação à Adequação, avalie a importância dos itens abaixo,

sendo (1) o menos importante e (10) o mais importante. L

96

ANEXO 7 – CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE DEFINIDAS

INICIALMENTE

Relações Comerciais Via Permanente Material Rodante Serviços

Adequados Política de

Relacionamento

Escala de Adequação do Trem Tipo Utilizado ( 0 - 10)

Número de Vagões Recebidos com Avarias

% do Índice de Avarias

Escala de Conservação/ Limpeza dos Equipamentos (0

– 10)

Tempo de Substituição de Vagões Recebidos com Avarias (h)

Tempo entre Reclamação e

Solução de Problemas (h)

Sistema de

Licenciamento de

Trens

Taxa de Imobilização de Locomotivas (%)

Taxa de Imobilização da Frota de Vagões tipo Graneleiro (%)

% do Cumprimento do Cronograma de Entrega da Carga

Taxa de Imobilização da Frota de Vagões tipo Tanque (%)

Estado de Conservação da Via Permanente

Taxa de Imobilização da Frota de Vagões tipo Fechado (%)

Número de Ocorrências de Carga Furtada (mês)

Taxa de Imobilização da Frota de Vagões tipo Gôndola (%)

% de Desconto na Tarifa em relação ao

Volume Transportado

Número de Defeitos nos Vagões (mês)

Capacidade de Entrega da Carga por mês (TU)

Número de Travessias

Clandestinas Número de Avarias nas

Locomotivas (mês)

Despesa de Manutenção em Locomotivas (R$)

Número de Pontos com Embarque Ferroviário

Despesa de Manutenção em Vagões (R$)

Escala de Adequação de

Proteção da Faixa de Domínio ( 0 -

10)

Escala de Adaptação/Transformação dos

Vagões com as Características das Cargas

Transportadas (0- 10)

Km percorrida por Vagão (mês)

Suspensão do Tráfego (em horas) devido à Tráfego Mútuo e Direito de Passagem

Dias de Prazo de Pagamento a partir

da descarga

Velocidade Média Comercial (Km/h)

% de Cargas Rastreadas na Internet através de Sistema de Gerenciamento Eletrônico

% de Compatibilidade da Superestrutura da

Via com as características do Material Rodante

Velocidade Média de Percurso (Km/h)

Número Médio de Carregamentos (mês)

Porcentagem de Volume de Carga Avariado com Volume Transportado

Número de Inspeções de Viagem em Locomotivas

(mês)

Tempo Médio entre Origem e Destino da Carga

Escala de Disponibilidade de

Utilização de Máquinas Pesadas

e leves da Via Permanente ( 0 -

10) Número de Inspeções de Viagem em Vagões (mês)

% de Cumprimento do Cronograma de Embarque da Carga

Tempo entre Ocorrência (avaria/ roubo da carga) e

Pagamento da Indenização (dias)

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