“como é ser criança no século xxi – uma discussão sobre o...

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1 “Como é ser criança no século XXI – Uma discussão sobre o silêncio da criança e suas dificuldades para expressar as opressões sofridas nas relações cotidianas” CURITIBA 24 de Maio de 2017

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“Como é ser criança no século XXI – Uma discussão sobre o silêncio da criança e suas dificuldades para

expressar as opressões sofridas nas relações cotidianas”

CURITIBA – 24 de Maio de 2017

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• “Vez ou outra, nos deixamos fraquejar, isso é inevitável, não somos invencíveis, não resistimos a tudo todo o tempo, há sempre algo que nos derruba.. mas também há sempre algo que nos levanta.”

Agnes Heller

• “[...] tudo que os homens fazem,

sabem ou experimentam só tem

sentido na medida em que pode ser

discutido.”

• Hanna Arendt

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4 http://noticias.usp.br/arquivos/RR__5670_ccint01.jpg

"Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no

espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou

pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo.

Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de

si... Assim foi até se definir como uma nova identidade

étnico-nacional, a de brasileiros...“

Darcy Ribeiro, em O Povo Brasileiro

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• ...Superação do

caráter

individualista dos

enfoques

tradicionais.

(Prof.Dr. Fernando

Rey – Brasília –

Out/2009)

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REFLEXÕES....

• Nova reflexão sobre relações sociais e comunitárias;

• Valor e conteúdo às normas nas relações sociais.

• O envolvimento comunitário releva o sentimento de pertencimento e sentido;

• A escola ganha em autonomia e importância - eixo garantidor de diretos

• Respeito, responsabilidade e autonomia - reflexos na educação

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...Antes um exercício:

Ser invisível é sofrer a

indiferença, é não ter

importância. Essa maneira

de discriminação está cada

vez mais inserida na

sociedade.

A invisibilidade social é um

conceito aplicado a seres

socialmente invisíveis, seja

pela indiferença ou pelo

preconceito.

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• Quando reproduzimos desigualdades,

fabricamos não visibilidade,

consequentemente expomos o outro e

excluímos...

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MARCAS....

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Mitos Historicamente

Constituídos

Mito

Quando a criança não esboçar

uma resistência, na

realidade não existe

abuso sexual.

Verdade A criança nunca deve

ser vista como culpada.

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Marcas...

"A pobreza é consequência

de alguém que criou um

sistema que oprime. Lidar

com isso, a gente se adapta,

aprende, busca melhoria. O

que dói é saber que isso foi

criado um de sua mesma

espécie e é alimentado todo

dia, entende? Isso te fere"

Criolo, Rolling Stone Brasil -

pag.49

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Violência contra crianças...

• A violência contra crianças e adolescentes está presente no interior das famílias, como em toda a sociedade. A família não se organiza nem se estrutura desconectada do todo social, ela traz a marca de seu tempo e do seu contexto, incorporando expressões da sociedade em que está inserida. O diferencial é que a família passa a ser cada vez mais dessacralizada, sendo tratada não de forma idealizada, a família que sonhamos ter, mas famílias concretas, contraditórias, em cujo interior ocorrem violência, afeto, proteção e rejeição, segundo os diversos arranjos e rearranjos que as constituem.

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• A desconstrução de um modelo familiar idealizado e estático pressupõe uma visão de família como uma unidade dinâmica inserida em relações sociais que interagem com as transformações cotidianas da realidade social. A família não pode ser uniformizada nem universalizada enquanto paradigma único de funcionamento da sociedade. A idealização da família faz com que pareça que em seu interior as relações sejam um bloco, um todo harmônico e solidamente construído, onde as diferenças e conflitos devem ser camuflados em nome de uma aparente perfeição. E se os conflitos inerentes a todas as relações sociais são camuflados, as distorções destas relações são ainda mais veladas.

A Família....

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Um pequeno exercício....

Implementação de política que garanta a transversalidade da cultura verdadeiramente inclusiva

• Formação docente adequada

• Disseminação de políticas que criem sistemas educacionais inclusivos por meio de estrutura física e de recursos materiais e humanos

• Garantia do direito à igualdade e à diversidade

– étnico-racial

– de gênero

– de idade

– de orientação religiosa

– de orientação sexual

– de alunos c/ transtornos de desenvolvimento

– de alunos com deficiências

– de alunos superdotados

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Direito à formas alternativas

de gestão, de acordo com

as necessidades de grupos

culturais e sociais

específicos

do campo

dos indígenas

de remanescentes de

quilombos

de pessoas privadas de sua

liberdade

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Abordar as relações

étnico-raciais e a

discussão sobre

igualdade de gênero

com políticas de ação

afirmativas

fundamentais à

democratização do

acesso, à permanência

e ao sucesso em todos

os níveis e

modalidades de

ensino.

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Rompendo o

Silêncio....

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“Escolher escrever é rejeitar o silêncio.”

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UMA AÇÃO POSSIVEL...

• Afeto é essencial a todos;

• Afetos negativos minimizados (vergonha, humilhação, angústia, medo, raiva) e os positivos maximizados (interesse, excitação, alegria);

• Sistema de justiça e disciplinar de escolas têm lógica contrária. A expressão de afeto é desestimulada

• Lidar com emoção das pessoas é central ;

• O modelo adversarial e disciplinar - encoraja pessoas a infligir dano à outra, aparta e estigmatiza...

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OBJETIVO E EIXOS DE INTERVENÇÃO

• Estímulo autonomia e

emancipação - desafio comum de

justiça e educação: sentido para as

regras/ justiça como valor de

convivência;

• Responsabilização individual,

familiar e comunitária – superar o

conflito;

• Revisão de valores: facilitar

mudanças educacionais/ novo

sentido justiça;

• A articulação da rede secundária -

atendimento e enfrentamento das

questões de violência nas escolas.

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“Racismo nunca

deveria

ter acontecido...e você

Não ganha nada

Por reduzi-lo.

Chimamanda Ngozi

Adichie

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...

“Quando a escola, a família ou a sociedade

passam a entender a disciplina ou indisciplina

como problema da infância ou da

adolescência é um grave indicador do nosso

fracasso como educadores(as). Quando uma

família, um educandário, uma sociedade são

violentas com suas crianças, adolescentes ou

jovens, como esperar que eles (as crianças)

não aprendam essas lições? A sociedade é

violenta, indisciplinada, dominada pela

procura de lucro.

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A concorrência somente submete o povo ao desemprego, ao subemprego. Os horizontes humanos se fecham para nossos adolescentes e jovens. Há violência maior? A infância é jogada nas ruas para sobreviver a qualquer custo. As famílias e escolas padecem essa violenta indisciplina social. Por vezes a reproduzem. Inclusive na rigidez das escolas. Como esperar que essas crianças, adolescentes e jovens sejam ordeiros e bem-comportados? Os adultos recolhem o que semeiam. Culpar de violentos(as), os alunos(as), os filhos ou filhas é uma irresponsabilidade (...)”

A revista NÓS DA ESCOLA (Ano 1, Nº 8, 2002), distribuída pela Secretaria Municipal de Educação

do Rio de Janeiro por meio da MULTIRIO, trouxe uma intrigante entrevista com Miguel González Arroyo.

Extraído de: http://blog.controversia.com.br/2007/03/31/entrevista-com-miguel-gonzalez-arroyo/

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Referências:

• Arroyo, Miguel. (2001). Oficio de Mestre. Imagens e auto-imagens. Petrópolis, RJ, Brasil: Editora Vozes.

• ARROYO, Miguel. Escola plural. Proposta pedagógica Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMED, 1994. _________ . Escola como espaço público : exigências humanas. In: Revista de educação AEC. Brasília, DF Vol. 30, n. 121 (out./dez. 2001), p. 118-126

_________. A educação básica e o movimento social do campo. Brasília: Articulação Nacional Por uma educação básica do campo, 2000. 85 p.

_________. Fracasso/sucesso : um pesadelo que perturba nossos sonhos. In: Em aberto. Brasília, DF Vol. 17, n. 71 (jan. 2000), p. 33-40.

• _________. Imagens Quebradas.

• FREIRE,P. Pedagogia do Oprimido, 17º ed., p.29.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

• KONDER, Leandro. Sobre o amor. São Paulo: Boitempo, 2007.

• LYOTARD, J.F. O pós-moderno explicado às crianças. Lisboa, Portugal: Publicações Dom Quixote.1993.

• PESSOA, F. Obra Essencial de Fernando Pessoa: Poesia do Eu. Lisboa, Portugal: Assírio & Alvim, 2006.

• CERTEAU, Michel de. A invenção do Cotidiano: 1 ar tes de fazer .(Trad. Ephrain F. Alves).Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

• NIETZSCHE, F.W. Humano, demasiado humano: um livro para espíritos livres. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

• WINNICOTT, D.W.A. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro, R.J: LTC Editora, 1982.