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O Curso Básico Lição 4: O Poder da História – A Perda de Uma Cosmovisão Bíblica Para realmente discipular as nações, os cristãos precisam permear as culturas corrompidas do nosso mundo com a verdade, beleza e bondade do reino de Deus. Viajaremos no tempo para ver como ideias poderosas do Iluminismo Europeu do final do século XVII e do século XVIII levaram a uma mudança cultural, se distanciando da cosmovisão bíblica em direção a uma cosmovisão deísta, e, mais recentemente, à atual cosmovisão secular ateísta dominante no Ocidente que é cada vez mais influente ao redor do mundo. Nós veremos como a Igreja respondeu a essa mudança, de maneiras tanto construtivas como prejudiciais. 1. Introdução Todos têm uma cosmovisão. Toda cultura tem uma "história", uma cosmovisão. Elas são poderosas porque determinam a maneira como vemos o mundo, moldam nossos valores e comportamentos e determinam o tipo de sociedade que construiremos. Em alguns casos, até mesmo a Igreja abandonou a cosmovisão bíblica, e as consequências influenciaram tragicamente nosso entendimento da natureza da Igreja e da Grande Comissão. Esta segunda lição sobre o Poder da História analisa a perda de uma cosmovisão bíblica. 2. Apresentação Assista ao vídeo 1 de 3: A Comissão Cultural é Cumprida Através da Grande Comissão Darrow Miller discute a Comissão Cultural de Gênesis 1:28 e seu relacionamento com a Grande Comissão de Cristo à sua Igreja. Para verdadeiramente discipular nações, a Igreja precisa permear as

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O Curso Básico

Lição 4: O Poder da História – A Perda de Uma Cosmovisão BíblicaPara realmente discipular as nações, os cristãos precisam permear as culturas corrompidas do nosso mundo com a verdade, beleza e bondade do reino de Deus. Viajaremos no tempo para ver como ideias poderosas do Iluminismo Europeu do final do século XVII e do século XVIII levaram a uma mudança cultural, se distanciando da cosmovisão bíblica em direção a uma cosmovisão deísta, e, mais recentemente, à atual cosmovisão secular ateísta dominante no Ocidente que é cada vez mais influente ao redor do mundo. Nós veremos como a Igreja respondeu a essa mudança, de maneiras tanto construtivas como prejudiciais.

1. IntroduçãoTodos têm uma cosmovisão. Toda cultura tem uma "história", uma cosmovisão. Elas são poderosas porque determinam a maneira como vemos o mundo, moldam nossos valores e comportamentos e determinam o tipo de sociedade que construiremos.Em alguns casos, até mesmo a Igreja abandonou a cosmovisão bíblica, e as consequências influenciaram tragicamente nosso entendimento da natureza da Igreja e da Grande Comissão. Esta segunda lição sobre o Poder da História analisa a perda de uma cosmovisão bíblica.

2. ApresentaçãoAssista ao vídeo 1 de 3: A Comissão Cultural é Cumprida Através da Grande Comissão

Darrow Miller discute a Comissão Cultural de Gênesis 1:28 e seu relacionamento com a Grande Comissão de Cristo à sua Igreja. Para verdadeiramente discipular nações, a Igreja precisa permear as culturas caídas deste mundo com a verdade, bondade e beleza do Reino de Deus. Isso é resumido na oração do Pai Nosso: "Venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade na terra como ela é feita no céu".

Questão para Discussão

Eu gostaria que você refletisse no relacionamento entre a Comissão Cultural e a Grande Comissão, e nós estudamos qual é o fim da Grande Comissão.

Se nós reduzirmos a Grande Comissão à Comissão Grega, qual será seu fim?

Assista ao vídeo 2 de 3: De uma Cosmovisão Bíblica ao Deísmo ao Secularismo

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Darrow Miller discute como poderosas ideias e filosofias do Iluminismo Europeu do fim do século dezessete e do século dezoito levaram a uma mudança cultural de uma cosmovisão bíblica para uma cosmovisão deísta e, mais recentemente, para a cosmovisão secular e ateísta que hoje predomina no Ocidente e é cada vez mais influente ao redor do mundo.

Questão para Discussão

Por que você acha que não estamos mais contando a história completa?

Assista ao vídeo 3 de 3: A Ascensão do Gnosticismo Evangélico

Darrow Miller discute como a igreja foi afetada pela cosmovisão secular cada vez mais dominante no Ocidente. Alguns líderes da igreja procuraram se adaptar à cosmovisão secular reinante; outros reagiram a ela em um desejo de permanecer nos fundamentos da fé. Ao fazer isso, eles voltaram a uma antiga heresia conhecida como gnosticismo, segundo a qual a realidade é dividida nas categorias "sagrado" e "secular". Hoje, esse "gnosticismo evangélico" substituiu a cosmovisão bíblica nas igrejas ao redor do mundo, com trágicas consequências para a Igreja e sua missão na terra.

Questão para Discussão

Quais são as consequências deste gnosticismo evangélico, desta divisão entre sagrado e secular em sua vida e na igreja? Como você vê este dualismo afetando sua igreja e sua vida?

3. Leitura – veja no final do documento

Uma Breve História da Mente e da Vida DivididaDe Scott D. Allen

4. AplicaçãoEsta lição fala sobre como a igreja Ocidental respondeu à mudança na cosmovisão dominante, do deísmo ao secularismo. Como você vê esta mudança ainda afetando sua congregação? Escreva seus pensamentos e compartilhe-os com alguém.

5. QuestionárioQuestão 1 de 10Qual dessas afirmativas sobre a igreja NÃO é verdadeira?

A) A Igreja é um prédio.B) A Igreja é um povo.C) A Igreja se reúne e se dispersa.D) Nenhuma das alternativas acima é verdadeira.

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Questão 2 de 10Catherine Booth disse a famosa frase: “Se queremos melhorar o futuro, precisamos perturbar o presente”. Qual das alternativas a seguir NÃO é o que ela quis dizer com isso?

A) Devemos expor males ocultos em nossa sociedade.B Devemos ser contraculturais.C) Devemos criar problema apenas para sermos encrenqueiros.D) Devemos desafiar as injustiças que vemos em nossas sociedades.

Questão 3 de 10Por que Deus colocou os seres humanos neste planeta?

A) Para sobrevivermos e consumirmos as coisas boas que Deus deu.B) Para criarmos cultura.C) Para administrarmos a criação com vice regentes de Deus e para fazermos com que o mundo floresça.D) “B” e “C”.

Questão 4 de 10Qual alternativa abaixo NÃO é um dos três elementos da Grande Comissão?

A) Kitzo-gráfica – para toda a criação.B) Salvo-gráfica – ir a todo o mundo e salvar almas para o céu.C) Demo-gráfica – para todas as nações.D) Geo-gráfica – em todo o mundo.

Questão 5 de 10Qual alternativa abaixo NÃO se aplica à Grande Comissão?

A) Ela é limitada ao evangelho da salvação.B) Ela é sobre o evangelho do Reino de Deus.C) Ela inclui a restauração do Mandato Cultural.D) Seu sujeito é “todas as nações”, e não “todos os indivíduos”.

Questão 6 de 10Qual afirmativa abaixo não é bíblica?

A) Deus é transcendente e existia antes e fora do universo.B) Deus não depende da sua criação.C) Deus e sua criação são um só e o mesmo.D) Deus está presente e trabalha em sua criação.

Questão 7 de 10Quais são as consequências da mudança de cosmovisão que ocorreu no Ocidente nos últimos 200 anos, ou seja, a mudança de um teísmo bíblico para o secularismo? Identifique a afirmativa que NÃO se aplica.

A) Quase nada mudou – cosmovisões têm pouco impacto prático na vida cotidiana.B) O Ocidente foi arrancado de suas raízes e está morrendo.C) A Igreja sucumbiu à pressão de se conformar a uma cultura cada vez mais secular, ou se retirou dela. Em ambos os casos, a Igreja perdeu a cosmovisão bíblica.

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D) Devido ao fato de que o alicerce do Ocidente mudou do teísmo bíblico para o secularismo, o colapso do casamento e da família tem sido uma consequência significativa.

Questão 8 de 10Com a ascensão do secularismo no Ocidente, uma parte da igreja escolheu se retirar da sociedade. Ao fazê-lo, ela abandonou a cosmovisão bíblica, substituindo-a por uma antiga cosmovisão grega. Essa cosmovisão levou a uma divisão entre todos a seguir, exceto:

A) A natureza da graça.B) O sagrado do secular.C) O óleo da água.D) O evangelismo do cuidado para com as necessidades físicas dos pobres.

Questão 9 de 10O gnosticismo evangélico resultante levou a igreja a redefinir:

A) O que significa ser cristão.B) O que significa ser Igreja.C) Qual é a natureza da Bíblia.D) Qual é a natureza da Grande Comissão.E) Todas as alternativas acima.

Questão 10 de 10De acordo com o falecido teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, a igreja existe para:

A) Si mesma.B) O benefício de seus membros.C) O benefício daqueles que não são seus membros.D) O bem de seu pastor.

Questionário Concluído!

6. Aprofundando-sePaper [Em Inglês] – The Rise, Reduction and Recovery of Kingdom Mission (1800-200) (A Ascensão, Redução e Retomada da Missão do Reino (1800-2000)). Neste artigo seminal de 2007, o renovado missiólogo Ralph Winter fornece um panorama esclarecedor de 300 anos de história missionária, argumentando que a igreja evangélica mundial de hoje está recuperando a mesma teologia de Reino transformadora e abrangente que animou as igrejas da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos durante o avivamento Wesleyano na Inglaterra e o Grande Avivamento nos Estados Unidos – uma teologia de envolvimento cristão na sociedade que levou, entre outras coisas, à abolição do comércio escravo britânico.

Livro – A Mente Cristã: Como Um Cristão Deve Pensar? (Shedd Publicações). Neste livro, agora um clássico, o célebre estudioso e autor Harry Blamires diagnostica de maneira clara algumas das fraquezas que afetam a Igreja, com percepções tão frescas e relevantes quanto eram na década de 1960. Argumentando que o raciocínio distintamente cristão foi varrido por modos

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de pensamento seculares e suposições politicamente corretas, o autor convoca à descoberta de uma mente autenticamente cristã.

Livro – Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural, de Nancy Pearcey, é um clássico essencial. Deus realmente pertence às arenas públicas da política, dos negócios, da lei e da educação? Ou a religião é apenas um domínio privado? Na etiqueta cultural da atualidade, não é considerado educado mesclar o público e o privado, o sagrado e o secular. Esta divisão é a força mais poderosa mantendo o cristianismo na esfera privada – retirando seu poder de desafiar e redimir a cultura como um todo.

Livro [Em Inglês] – Recovering Our Mission: Making God’s Invisible Kingdom Visible (Recuperando Nossa Missão: Tornando Visível o Reino Invisível de Deus), de Darrow Miller (YWAM Publishing, 2013), é uma leitura rápida que conecta a comissão cultural de Gênesis 1-2 à Grande Comissão de Cristo de fazer discípulos de todas as nações. Devemos inundar as nações com a natureza e o caráter de Deus. Esta é uma excelente e breve exposição da missão central da Igreja.

Paper [Em Inglês] – Culture: Where the Physical and Spirtual Converge (Cultura: Onde o Físico e o Espiritual Convergem). Darrow Miller escreve: “Deus fez a humanidade para ser criadora de cultura, e o tipo de cultura que criamos faz toda a diferença. Seja qual for nossa vocação, seja qual for o domínio para o qual somos chamados, nosso trabalho como cristãos é, essencialmente, criar cultura do Reino – cultura que reflita a natureza e o caráter de Deus”. Este paper é adaptado do livro Vocação: Escreva Sua Assinatura no Universo, de Darrow Miller.

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Uma Breve História da Mente e da Vida DivididaScott D. AllenNascida na Irlanda do Norte em uma rica família presbiteriana, Amy Carmichael (1867-1951) se tornou uma das mais famosas missionárias da primeira metade do século vinte. Seu ministério a levou primeiramente ao Japão, depois ao Sri Lanka (o então Ceilão), e finalmente à província de Dohnavur, na Índia. Quando ela chegou naquela nação, o assassinato de viúvas por imolação havia sido banido legalmente como resultado dos perseverantes esforços do pioneiro missionário britânico William Carey. Ainda assim, ela ficou horrorizada ao descobrir que o aborto ritual e o infanticídio feminino ainda eram praticados de maneira comum. Além disso, muitas das jovens mulheres as quais ela serviu ainda estavam sendo sistematicamente vendidas como escravas a templos pagãos próximos e sendo criadas como prostitutas rituais.

Após alguns anos de sua chegada à Índia, Carmichael estabeleceu um ministério para proteger e abrigar essas garotas. Apesar de sofrer perseguição de várias seitas hinduístas e a resistência burocrática do governo colonial britânico, ela construiu um ministério efetivo e dinâmico que era conhecido por sua coragem e compaixão. Incrivelmente, muitos dos seus colegas missionários na Índia acreditavam que seus esforços em construir um orfanato e uma escola eram “atividades mundanas” que a distraíam da tarefa de “salvar almas”. Ela respondeu a essas acusações dizendo simplesmente: “Almas estão mais ou menos firmemente conectadas a corpos”.1

A reação negativa dos colegas missionários de Amy Carmichael com relação aos seus esforços para cuidar de mulheres indianas ressalta uma disputa que tem assolado a igreja por mais de um século. Carmichael era parte do movimento missionário histórico que enviou centenas de missionários europeus e americanos para quase todos os continentes da terra. Esses missionários foram bem-sucedidos em estabelecer milhões de novas igrejas. No entanto, como esta história ilustra, muitos desses missionários acreditavam que evangelismo e “salvar almas” deveriam ser o único propósito do ministério. Esforços para oferecer assistência aos pobres ou para trazer reforma social alinhada com a verdade bíblica eram vistos com suspeita. Tais atividades eram vistas como seculares ou mundanas – as quais os cristãos deveriam evitar, ou dar baixa prioridade.

Muitos desses missionários dos séculos dezenove e vinte estavam reagindo a outro movimento do século dezenove. Por vezes chamado de “evangelho social”, esse movimento abandonou o ensinamento bíblico sobre a pecaminosidade do homem e a necessidade de redenção espiritual. Muitos de seus aderentes acreditavam que o Reino de Deus poderia ser estabelecido na terra através de esforços humanos – principalmente sob a forma de programas financiados pelo governo e reformas sociais progressivas. Para os integrantes desse movimento, o evangelismo (ao qual

1 George Grant, The Micah Mandate (Nashville, TN: Cumberland House Publishing Company, 1995), p. 241. Traduzido.

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eles se referiam negativamente como “proselitismo”) era invasivo, insensível e, essencialmente, necessário.

Amy Carmichael procurou praticar um ministério holístico biblicamente equilibrado, e ao fazê-lo, encontrou-se em meio a um grande debate. De um lado estavam aqueles que, como seus colegas missionários, acreditavam que somente o evangelismo deveria definir a missão da Igreja. Os outros não mais acreditavam na necessidade de evangelismo, argumentando que as pessoas eram mestres de seus próprios destinos e que a reorganização social era a chave para estabelecer o Reino de Deus. O perdedor desse debate foi a cosmovisão bíblica de ministério holístico que Amy Carmichael entendia e praticava, e o ministério da Igreja foi gravemente enfraquecido. Esforços fragmentados, dicotomizados e, essencialmente, antibíblicos, são comuns ainda hoje – esforços esses que, em muitos casos, são incapazes de causar transformação duradoura em pessoas e nações.

Uma Antiga Heresia

A dicotomia sagrado-secular que molda as mentalidades de muitos cristãos atualmente é quase tão antiga quanto a igreja. Suas raízes podem ser traçadas até a Grécia antiga e às ideias de Platão em particular. Ele dividiu a criação em duas partes eternas e existentes por si mesmas: o espiritual foi considerado superior, enquanto o material era inferior.

A cosmovisão de Platão faz oposição direta à cosmovisão hebraica, a qual afirma que nada além de Deus existe desde a eternidade. Matéria física não é eterna. Ela é criada por Deus, que é espírito. E Deus, que é completamente bom, justo e perfeito, declara que sua criação também é boa (Gn. 1:31). A Bíblia afirma uma distinção entre os aspectos físico e espiritual da realidade. No entanto, ela não declara que um

domínio é bom enquanto os outros são maus. A cosmovisão bíblica afirma que Deus é o Senhor de toda a criação, tanto física quanto espiritual.

Na igreja primitiva, a fusão entre as cosmovisões hebraica e platônica (grega) ficou conhecida como heresia gnóstica. Cristãos que caíam em suas garras tinham problemas em aceitar a doutrina da encarnação. Como um Deus perfeito e justo poderia assumir um corpo físico desordeiro e corrompido? Seu sistema de crença os forçava a abandonar a mais fundamental doutrina cristã. Por isso, o Gnosticismo é corretamente visto como heresia.

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No entanto, infelizmente, essa mesma visão gnóstica continuou a infectar a igreja através dos séculos – e tem passado por um acentuado reavivamento nos últimos cem anos. O fato de termos que falar sobre ministério “holístico” nos dias de hoje é um testemunho do fato de que a mentalidade gnóstica está viva e forte. O que levou ao ressurgimento dessa antiga heresia, e quais têm sido as consequências?

A Idade da Razão

As raízes do Gnosticismo moderno podem ser traçadas à Europa do século dezoito, um período geralmente referido como a Idade da Razão, ou Iluminismo. O método científico moderno foi aperfeiçoado durante essa época, com resultados impressionantes. Grandes mistérios do funcionamento interno do universo físico eram resolvidos um por um com uma velocidade vertiginosa. A ciência moderna nasceu de um modelo bíblico que afirmava que a criação era o trabalho manual de Deus e, portanto, digna de exploração e estudo. Cientistas primitivos como Francis Bacon, Johannes Kepler e Sir Isaac Newton eram cristãos devotos. Eles viam seu trabalho como algo que afirmava e fortalecia suas crenças bíblicas.

Durante o Iluminismo, no entanto, um encantamento com o sucesso da ciência levou à crença de que, através da pura razão humana, o homem poderia entender o funcionamento de todo o universo físico. Assim como no pecado original de Adão e Eva no Jardim do Éden, uma arrogante confiança humana surgiu. O homem, através apenas da ciência e da razão, poderia se tornar como Deus e entender toda a realidade.

A cosmovisão bíblica havia sido profundamente influente na formulação da cultura europeia durante a Idade Média. Mas com o advento do Iluminismo, ela começou a erodir e foi finalmente removida de sua posição proeminente. Deus ainda era o Criador e a necessária “Causa Primária” do universo, porém ele era visto como passivo e irrelevante. A nova cosmovisão que nascera durante esse período, conhecida como deísmo, reconhecia um deus que criou, mas que não mais exercia um papel no funcionamento cotidiano do mundo físico. O deus do deísmo não é senhor ou redentor, porque o deísmo não permite a ação do miraculoso ou da intervenção espiritual. A oração não é necessária porque deus não pode ou simplesmente não irá intervir nas causas humanas. Muitas das principais figuras do Iluminismo, incluindo Voltaire, David Hume e Thomas Jefferson, viam o universo como uma grande e intrincada máquina, como um relógio gigante, e deus era nada mais do que o relojoeiro. Ele o construiu, deu corda e deixou funcionar por si mesmo.

A Revolução Francesa (1789-1799) é emblemática nessa mudança de cosmovisão. Os revolucionários buscavam mais do que liberdade política; eles buscavam ser livres de Deus e da limitação e autoridade da igreja oficial do estado.

Quando o Iluminismo se desgastou, a mentalidade europeia afirmou ter amadurecido. Deus foi lentamente banido como um resquício supersticioso da Idade das Trevas. Pessoas “Iluminadas” tinham entendimento suficiente sobre o mundo natural através da razão e da ciência. Não havia necessidade de realidade espiritual, de deuses, anjos ou demônios. No entanto, um problema importante permaneceu. Se Deus não existia, como alguém poderia explicar a existência do

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universo físico? Toda cosmovisão, para ser completa, precisa ter uma história de criação.

O Darwinismo e a Ascensão do Naturalismo

Charles Darwin, um famoso botânico britânico, respondeu a esta pergunta em 1859. Em seu clássico, A Origem das Espécies, ele apresentou uma teoria de origens absolutas que excluíam um Deus criador. De acordo com Darwin, organismos vivos eram formados por acidente e então evoluíam em várias criaturas que existem hoje através de um processo aleatório de mutação, “seleção” e tempo. A teoria das origens de Darwin ganhou aceitação em círculos acadêmicos na Europa e na América do Norte e continua a ser ensinada atualmente em escolas no mundo todo.

Darwin, de acordo com o renomado cientista britânico Richard Dawkins, “tornou possível ser um ateu intelectualmente completo”.2 Em outras palavras, a teoria de Darwin removeu a necessidade de uma crença até mesmo no modesto deus criador do deísmo. Como consequência da teoria de Darwin, uma nova mudança de cosmovisão era iminente. O deísmo foi substituído pelo naturalismo, que hoje se tornou a cosmovisão dominante no Ocidente industrializado e em centros acadêmicos e urbanos no mundo todo. O naturalismo (por vezes referido como secularismo, materialismo ou cientificismo) se baseia na crença de que o universo é composto de uma única substância – matéria física. Uma esfera espiritual ou sobrenatural é inexistente ou incognoscível. O universo físico é um “sistema fechado”. Todo efeito deve ter uma causa natural. Na verdade, tudo pode – e deve – ser explicado através de operações impessoais, combinações de probabilidade e interações de matéria.

Entre o final do século dezenove e o século vinte, o naturalismo se alastrou como um incêndio pela Europa, América e por todo o mundo. Ele varreu as universidades e seminários e veio a dominar as ciências, as leis, os negócios e a economia naturais. Como veremos, ele também causou um profundo e desastroso impacto na Igreja.

O naturalismo assume uma divisão estrita entre fatos e valores. Fatos são objetivos e publicamente verificáveis. Valores, por outro lado, são significados subjetivos e construídos pessoalmente. A ciência existe na esfera do fato, no mundo real dos cinco sentidos – visão, audição, tato, paladar e olfato. É o mundo onde os homens e mulheres vivem, respiram e existem. Religião, crença religiosa e fé existem na esfera do pessoal, subjetivo e emocional. Os seres humanos aprendem o que é verdade através da razão humana e da investigação científica. O mundo espiritual é irreal ou incognoscível; é a esfera da

2 Richard Dawkins, The Blind Watchmaker (New York: NY: Norton, 1986), p. 6. Traduzido.

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crença subjetiva e da religião; é a esfera da fantasia e do faz-de-conta. “Na melhor das hipóteses”, explica um observador, “a religião reveste de ‘valor’ os ‘fatos’ descobertos pela ciência que doutra forma são desprovidos de valor”.3 Pelo fato do naturalismo ser a cosmovisão dominante no Ocidente moderno, esta mentalidade permeia quase toda área da vida e do pensamento moderno.

O Naturalismo Impacta a Igreja

À medida em que o deísmo, o Darwinismo e, finalmente, o naturalismo, ganharam supremacia cultural, a igreja no Ocidente foi lentamente sendo deslocada para as margens da sociedade. Para reter um grau de influência social e cultural, muitas das principais denominações cristãs tentaram acomodar esses novos sistemas de crença, com consequências desastrosas. Elas suprimiram os elementos distintamente sobrenaturais e espirituais da cosmovisão bíblica. Novas escolas de teologia foram criadas para modernizar a crença cristã, para que a igreja se mantivesse atualizada com as mudanças dos tempos. Um observador nota: “Teólogos contemporâneos... [foram] submetidos à tentação de entender a fé cristã à luz dos dogmas do Iluminismo, ao invés de entender o Iluminismo à luz da... fé cristã”.4

Um teólogo modernizador foi Friedrich Schleiermacher (1768-1834). Influenciado pela crença naturalista de que Deus é incognoscível ou irreal, Schleiermacher não baseou a fé cristã nas realidades históricas comprovadas como a vida, morte e ressurreição de Jesus. Em vez disso, ele baseou a fé cristã na crença humana subjetiva. Não foi uma resposta a um Deus objetivamente real que existe e se comunicou de maneira confiável à humanidade através da Bíblia.5 O “Cristianismo” de Schleiermacher era pouco mais do que uma versão espiritualizada do naturalismo, no qual a ciência reivindica toda a autoridade para descrever a realidade. Nesta cosmovisão, a crença espiritual é considerada subjetiva e é ‘real’ apenas se um indivíduo acredita nela. Ele e seus colegas teólogos formaram o começo de um movimento que impactou drasticamente seminários e escolas teológicas no Ocidente. Ao se formarem nessas escolas, os alunos levavam essas novas suposições teológicas aos púlpitos das igrejas na Europa e nos Estados Unidos.

O Evangelho Social

Com Deus trancafiado na esfera da crença subjetiva, o homem moderno se tornou mestre do seu próprio destino. Para os cristãos, isso significava que o Reino de Deus podia ser realizado aqui na terra através unicamente do esforço e do conhecimento humano. Novas teologias rejeitaram a doutrina bíblica da Queda e da pecaminosidade e depravação do homem. Consequentemente, eles minimizaram a necessidade de evangelismo, arrependimento e salvação.

3 John F. Haught, “The Darwinian Struggle: Catholics, Pay Attention,” Commonwealth, September 24, 1999, pp. 14-16. Traduzido.4 John H. Leith, Crisis in the Church: The Plight of Theological Education (Louisville, KY: Westminster John Knox, 1997), p. 36. Traduzido.5 Iain H. Murray, Evangelicalism Divided: A Record of Crucial Change in the Years 1950 to 2000 (Charlisle, PA: Banner of Truth Trust, 2000), p. 7. Traduzido.

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Um famoso jornalista americano do século dezenove, Horace Greeley, falou por muitos quando escreveu: “O coração do homem não é depravado... suas paixões não incitam o mal e, portanto, não produzem o mal por suas ações”. De acordo com Greeley, “O mal vem apenas da repressão ou subversão social. Dê [às pessoas] alcance ilimitado, liberdade de ação, um perfeito e completo desenvolvimento, e a felicidade universal deve ser o resultado... crie uma nova forma de sociedade onde isso seja possível... então você terá a sociedade perfeita; então você terá o ‘Reino dos Céus’”.6

O movimento que nasceu dessas crenças veio a ser conhecido como o “evangelho social”. Como Greeley indicou, um ponto fundamental do movimento era a crença de que o mal era criado pela maneira como uma sociedade era organizada, e não por algo intrinsecamente corrompido dentro do próprio homem.

A Reação dos Fundamentalistas

Tais crenças se resumiam a heresias nas mentes de crentes mais ortodoxos, que viam o liberalismo teológico como algo diretamente oposto à Bíblia. Um contramovimento, conhecido como fundamentalismo, nasceu. Ele buscou recuperar a igreja enfatizando os fundamentos espirituais das Escrituras. Defendia a autoridade da Bíblia como a revelação sobrenatural de Deus, a encarnação de Deus em Jesus, e sua morte vicária na cruz pelo pecado humano.

Naturalismo, o inimigo do fundamentalismo, dividiu a realidade em duas categorias – fatos e valores – com a ciência e a razão reivindicando a única capacidade de determinar a verdade. Em reação a isso, os fundamentalistas involuntariamente emprestaram a antiga heresia gnóstica. A ciência e a razão eram vistas como mundanas e seculares – coisas que os cristãos deveriam evitar. A esfera espiritual – a esfera de Deus, da Bíblia, do evangelismo, de participação nos cultos, do “serviço cristão de tempo integral” e de oração – era vista como sendo boa. A esfera física ou material era vista como inferior e “mundana”. Ciência, razão, política, economia e ação social, todas dominadas pelo naturalismo, eram classificadas como seculares – coisas a se evitar.

Impacto no Movimento Mundial de Missões

O movimento fundamentalista teve um grande impacto nas missões globais. Na época da reação fundamentalista ao naturalismo, centenas de milhares de missionários cristãos foram enviados da Europa e da América para os mais longínquos confins da terra. Esses missionários trabalharam com muito zelo e fizeram sacrifícios incríveis para a causa de Cristo. No entanto, muitos estavam

6 New York Courier and Enquirer, 16 de Abril de 1874 e 5 de Março de 1874, citado em The Tragedy of American Compassion, de Marvin Olasky (Wheaton, IL: Crossway Books, 1992), p. 54. Traduzido.

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infectados com a mentalidade Gnóstica, a qual eles transmitiram para os crentes nativos através das igrejas que eles plantaram. Esses missionários associaram qualquer atividade missionária que não evangelismo e plantação de igrejas com o movimento do Evangelho Social. Teólogos liberais ensinaram que o Reino de Deus podia ser feito aqui e agora através de ação social e de programas de governo iluminados. Reagindo a isso, missionários evangélicos e fundamentalistas ensinaram que o Reino de Deus era estritamente uma realidade espiritual, importante apenas após a morte.

Separando a Ação Social da Proclamação do Evangelho

Para a igreja liberal, os seres humanos eram mestres de seu destino. A sabedoria humana, expressada através da ciência, tecnologia e iluminadas políticas de governo modernas eram suficientes para resolver os problemas sociais, políticos e econômicos do mundo. O papel de Deus nos assuntos do homem era periférico, limitado e em grande parte irrelevante. A humanidade havia recebido autoridade de Deus para impactar a sociedade e conformar a ordem social aos ensinamentos de Cristo.

A combinação do liberalismo teológico e do universalismo social nos Estados Unidos deu lugar ao surgimento de enormes programas governamentais após a Segunda Guerra Mundial. Esses programas se propunham a eliminar a pobreza em casa e no exterior. Novas políticas sociais e grandes burocracias governamentais foram criadas para enviar ajuda aos pobres. Não demorou muito, no entanto, até que se tornou evidente que os programas não estavam funcionando.

A minúscula nação insular do Haiti é um grave estudo de caso. Desde 1970, milhares de programas de auxílio internacionais governamentais e não-governamentais e bilhões de dólares têm sido dedicados para curar as feridas econômicas, sociais e espirituais dos quase dez milhões de habitantes da nação. No entanto, inobstante o gigantesco e constante esforço, o Haiti continua sendo a nação mais empobrecida e corrompida no Hemisfério Ocidental.

A “guerra contra a pobreza” doméstica dos Estados Unidos fracassou tão miseravelmente quanto. Entre 1960 e 1990, bilhões de dólares estadunidenses foram dedicados a programas de assistência social voltados para pessoas vivendo na pobreza. O número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza estabelecida pelo governo, na realidade, aumentou durante o período. Por causa disso, o sistema americano de assistência social foi completamente reformado na década de 1990.

Por que esses esforços bem-intencionados fracassaram tão miseravelmente? Porque eles ignoravam o claro ensinamento bíblico de que somos uma raça e um povo corrompidos. Nossos melhores conhecimentos, recursos e tecnologias não curarão nosso corrompimento. Permaneceremos corrompidos se nossos esforços não estiverem de acordo com a revelação de Deus sobre como devemos viver – em todas as áreas da vida. Enquanto a Bíblia afirma que a razão e o desenvolvimento humano de recursos possuem um papel em nossa cura, eles precisam ser combinados com o entendimento de que os seres humanos são pecadores e que a

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cura completa e sobrenatural é possível apenas por meio da cruz de Jesus. Sem este entendimento, os esforços mais bem-intencionados são fadados ao fracasso.

Separando a Proclamação do Evangelho da Ação Social

Enquanto a igreja liberal estava ocupada trabalhando para levar o Reino de Deus através de programas sociais baseados na sabedoria humana, os evangélicos estavam ocupados ignorando ou minimizando as necessidades físicas dos pobres e focando quase que exclusivamente em evangelismo e implantação de igrejas.

Para muitos, “amar a Deus” era visto como trabalho espiritual e “amar o próximo” era algo que acontecia no mundo secular, material. Ao longo da história, essa dicotomia antibíblica levou muitos a acreditarem que “a obra redentora de Deus acontece apenas na esfera espiritual, enquanto que o restante do mundo físico é supostamente deixado para Satanás”.7 Quando os evangélicos ministravam às necessidades físicas, eram geralmente como uma “isca”, um meio para o objetivo maior do evangelismo.

Fundamentalistas estavam usando a metáfora do “bote salva-vidas” muito antes de ser adotada pelos secularistas recentes. Em Modern Revivalism: From Charles Grandison Finney to Billy Graham, William McLoughlin relata esta citação de Dwight L. Moody: “Eu olho para este mundo como um navio avariado. Deus me deu um bote salva-vidas e me disse, ‘Moody, salve todos os que você puder’”.8 Moody, um cristão devoto, foi usado por Deus para realizar grandes coisas. No entanto, tais declarações refletem uma dicotomia antibíblica que coloca o interesse de Deus em salvar almas humanas à frente do seu interesse em redimir o restante da criação. Evangelismo é essencial no ministério bíblico, mas é apenas o ponto inicial do processo. O objetivo final é fazer discípulos de todas as nações. Essa mentalidade estreita e focada apenas no espiritual levou a uma proliferação nos dias de hoje de igrejas no mundo inteiro que são caracterizadas pela superficialidade. Muitas dessas igrejas são fortes em termos numéricos, mas culturalmente impotentes e marginalizadas, causando pouco ou nenhum impacto na sociedade ao seu redor.

Consequências para as Igrejas Hoje

Devido a essa mentalidade dividida, muitos cristãos da atualidade vivem vidas compartimentalizadas. Eles vivem em um “mundo espiritual” quando estão envolvidos com a igreja, estudos bíblicos ou oração. No restante do tempo, particularmente em suas vidas vocacionais, eles vivem no “mundo secular”. Essa compartimentalização se torna evidente em nossas conversas. Por exemplo, não é incomum ouvir cristãos falando sobre deixar seus empregos seculares e entrar no “ministério cristão de tempo integral”, presumidamente em uma igreja, organização cristã ou no campo missionário. A partir dessa perspectiva, os cristãos que não estão no ministério de tempo integral, mas sim no mundo secular, são vistos como cidadãos de segunda classe. Acreditando nisso, eles agem de acordo

7 Bryant L. Myers, Walking with the Poor (Maryknoll, NY: Orbis Books, 1999), p. 6. Traduzido.8 William McLoughlin, Modern Revivalism: From Charles Grandison Finney to Billy Graham (New York, NY: Ronald Press, 1959), p. 257. Traduzido.

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com o sistema de valores da cultura secular. O triste resultado é que Deus não é mais honrado como o Senhor de todas as coisas, e a influência dos cristãos que possuem uma cosmovisão bíblica é removida do mercado de trabalho. Quando cristãos adotam a mentalidade dividida ao invés da cosmovisão bíblica, perdem o desejo de se engajar com a cultura e, portanto, não obedecem ao mandamento de Cristo de “fazer discípulos de todas as nações”. Encher a terra com o conhecimento do Senhor (Is 11:9) é reduzido a encher meu coração com o conhecimento do Senhor. Quando a igreja tem essa mentalidade dividida, os cristãos não mais moldam a mídia, a educação, a política ou a arte. Eles não mais discipulam as nações; ao contrário, eles são discipulados por elas. Eles toleram que as tendências, crenças e práticas predominantes do mundo secular definam a ordem.

Nós vemos evidência disso em igrejas do mundo todo que refletem as prioridades e valores das culturas ao seu redor. Nos Estados Unidos, por exemplo, a psicologia substituiu a teologia como a linguagem principal em muitas igrejas evangélicas, e o louvor é feito para ajudar os membros a se sentirem bem consigo mesmos ao invés de magnificar o caráter e as obras de Deus. As igrejas são geralmente medidas pelo tamanho de seus prédios ou pelo número de frequentadores ao invés de quão bem elas manifestam a natureza e o caráter de Deus em um mundo corrompido, ou por seu impacto na sociedade.

Com uma mentalidade dividida, grande parte da igreja hoje tem um entendimento confuso de sua missão no mundo. A natureza abrangente da “grande agenda” de Deus – a redenção de todas as coisas que foram corrompidas na Queda – foi perdida. Nunca houve na história uma época onde havia tantas igrejas e cristãos professos causando tão pouco impacto nas culturas que os cercam.

A Mudança Está no Ar!

Contudo, pela graça de Deus, isso está mudando. Novas maneiras de pensar estão surgindo para substituir a fraca teologia gnóstica da geração passada. Nós encontramos evidência disso no ensino influente de John Stott e do Movimento Lausanne, que trabalhou poderosamente para mostrar que não pode haver uma dicotomia real entre a fé e as boas obras.

Mais evidência é encontrada na ascensão de auxílio e desenvolvimento cristão. Antes da década de 1950, praticamente não existiam organizações cristãs de

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auxílio e desenvolvimento. Hoje, World Vision, World Relief, World Concern, Food for the Hungry e outros grupos similares fornecem ajuda compassiva a milhões de pessoas em algumas das nações mais pobres da terra. Muitas igrejas também estão repensando sua missão no mundo e, no processo, estão redescobrindo os ensinamentos de Cristo de que o Reino de Deus é uma visão de transformação abrangente.

Estamos vivendo em um momento kairos na história da igreja – um momento decisivo onde velhos paradigmas estão cedendo e novos estão surgindo. Deus é o Senhor da história. Ele está trabalhando ativamente em cada geração e em cada nação para realizar seu grande propósito de avançar seu governo e reinado na terra – sua promessa de estender a bênção de Abraão a toda tribo, língua, povo e nação (Gn. 12:3). Esse propósito não será completamente realizado antes da volta de Cristo, porém ele fornece esperança para o presente de cura profunda em todas as áreas por meio da obra consumada de Cristo.

__________________________________________________________________Esta leitura foi retirada do capítulo cinco e do apêndice do livro Beyond the Sacred-Secular Divide: A Call to a Wholistic Life and Ministry, pp. 69-71; 97-108. Traduzido.

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