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Karla Mayra Pinto e Carvalho Re- zende Foto do perfil de Karla Mayra Pinto e Carvalho Rezende [email protected] ANUÁRIO 04 ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA José Carlos Pettorossi Imparato e Autores INTEGRADA E ATUAL

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Karla Mayra Pinto e Carvalho Re-zende

Foto do perfil de Karla Mayra Pinto e Carvalho Rezende

[email protected]

ANUÁRIO

04ODONTOPEDIATRIA

CLÍNICA

José Carlos Pettorossi Imparatoe Autores

INTEGRADA E ATUAL

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ALTERAÇÕES DE TECIDOS DENTÁRIOS

CISTOS DENTÍGEROS NA INFÂNCIA

DIAGNÓSTICO ORTODÔNTICO PARA ODONTOPEDIATRAS BASEADO NO CONCEITO DE PADRÃO DE CRESCIMENTO FACIAL

MANEJO CLÍNICO E COMPORTAMENTO DO PACIENTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

SEDAÇÃO MEDICAMENTOSA NO CARDÁPIO DO CONFORTO EM ODONTOPEDIATRIA

ICON® – RESINA INFILTRANTEevidências e possibilidades de uso

LESÕES VÉSICO-BOLHOSAS E ULCERATIVAS MAIS FREQUENTES EM CRIANÇAS

DIAMINO FLUORETO DE PRATAquais motivos você tem para não aplicá-lo em lesões mais iniciais?

PIGMENTAÇÃO EXTRÍNSECA E INTRÍNSECA NA DENTIÇÃOetiologia e tratamento

LASER NA CLÍNICA ODONTOPEDIATRICA

TRAUMATISMO DENTOALVEOLAR NA DENTIÇÃO DECÍDUA

Karla Mayra Rezende | Miguel Angel Castillo Salgado

Marcelo Bönecker

Regina Siegls

Juliana Braga Reis | Daniella Ferraz Cerqueira

Lorena Teixeira Melo Bomfim | Paulo David Sousa Borges

Karina Bonanato | Paula Naves de Oliveira Goulart Maciel

Ana Paula Bona | Taynara Nunes Guedes Florêncio Henriques

Rafael Celestino de Souza | Lais David Amaral

Fernanda Urbini Romagnolo

Luciane Ribeiro de Rezende Sucasas da Costa

Patrícia Corrêa-Faria | Rafael Celestino Colombo de Souza

Karolline Alves Viana | Geovanna de Castro Morais Machado

Paulo Sérgio Sucasas da Costa

Ana Flávia Bissoto Calvo | Isabela Floriano

Thais Gimenez | Kelly Maria Silva Moreira

José Carlos Pettorossi Imparato

Karla Mayra Rezende | Camila de Barros Gallo

Celso Augusto Lemos Júnior | Norberto Nobuo Sugaya

Ana Estela Haddad | Marcelo Bönecker

Juliana Mattos-Silveira | Fernanda Rosche Ferreira

Luciana Pion Antonio | Maria Eduarda Franco Viganó

José Carlos Pettorossi Imparato | Mariana Minatel Braga

Sandra | Elaine

Patricia Nivoloni Tannure | Andrea Vaz Braga Pintor

Aline Borburema Neves | Amanda Falcão

Daniele Cassol | Laura Guimarães Primo

Karla Mayra Rezende | Maria Salete Nahás Pires Côrrea

Fernanda Nahás Pires Côrrea | Marcelo Bönecker

CAPÍTULO

10CAPÍTULO

CAPÍTULO

08CAPÍTULO

CAPÍTULO

06CAPÍTULO

CAPÍTULO

04CAPÍTULO

CAPÍTULO

02CAPÍTULO

CAPÍTULO

016

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CAPÍTULO

01

Juliana Braga ReisDaniella Ferraz CerqueiraLorena Teixeira Melo BomfimPaulo David Sousa BorgesKarina BonanatoAna Paula BonaPaula Naves de Oliveira Goulart MacielTaynara Nunes Guedes Florêncio Henriques

DIAGNÓSTICO ORTODÔNTICO PARA ODONTOPEDIATRAS BASEADO NO CONCEITO DE PADRÃO DE CRESCIMENTO FACIAL

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007I N T E G R A D A E A T U A L 006

ANUÁRIOODONTOPEDIATRIA CLÍNICA

AOrtodontia é a especialidade da Odontologia que diagnostica e trata os desvios morfológicos da face e da oclusão. Na primeira infância, na fase de dentadura decídua, as crianças se be-neficiam do tratamento ortodôntico preventivo, que consiste basicamente na orientação para a interrupção de hábitos de sucção não nutritivos, instalação de mantenedores de espaço quando da necessidade de exodontia precoce dos den-tes decíduos e diagnóstico das anomalias de desenvolvimento dentário1.

O tratamento ortodôntico interceptivo, geral-mente realizado no início da dentadura mista, compreende interceptação de hábitos, correção de mordida cruzada, mordida aberta, discrepân-cias negativas de arco dentário e interceptação e monitoramento de crescimento e desenvolvi-mento craniofacial.

A incidência de más oclusões de acordo com Góis et al.6, que realizaram o acompanhamento longitudinal de 241 crianças na faixa etária entre 8 e 11 anos foi de 94,1%. A presença de mordida cruzada e de trespasse horizontal maior que 3 mm na dentadura decídua foi persistente na dentadu-ra mista em 87,8% e 72,9% das crianças, respec-tivamente, enquanto a correção espontânea da mordida aberta ocorreu em 70,1% das crianças. Os autores concluíram que as crianças, trespasse horizontal aumentado e mordida cruzada poste-rior têm maior risco de apresentarem as mesmas características na dentadura mista e, portanto, de necessitarem de futuro tratamento ortodôntico.

DIAGNÓSTICO ORTODÔNTICO BASEADO NOS ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA FACE

A Ortodontia demorou muitos anos para entender e aceitar que as limi-tações dos tratamentos se devem ao padrão de crescimento facial do pa-ciente, o qual é determinado geneticamente. A criança deve ser avaliada por meio da análise morfológica da face e da telerradiografia para o diag-nóstico e planejamento dos casos3.

A classificação das más oclusões proposta por Angle, em 1899, foi um passo importante para a Ortodontia no mundo; entretanto, ela é limitada, por ser restrita à relação sagital de molares. O surgimento da cefalome-tria trouxe uma tranquilidade aos profissionais por dispensar o uso da sub-jetividade da análise facial e por estabelecer referências de normalidade mensuráveis. No entanto, esse método trazia prejuízos estéticos faciais ao privilegiar a obtenção de metas cefalométricas preestabelecidas.

Com isso, a Ortodontia reconheceu a necessidade do uso dos parâmetros faciais no diagnóstico por meio da análise morfológica da face.

É preciso ir além da relação sagital dos molares, da posição dos dentes e da análise cefalométrica. A oclusão é apenas um sinal clínico da doença do paciente e a cefalometria representa o paciente apenas de perfil e de manei-ra bidimensional. Quando a face é equilibrada, o erro dentário é primário, entretanto, na maioria das más oclusões, o posicionamento dos dentes é consequente ao erro esquelético3.

Os pacientes portadores de relações esqueléticas adequadas são classi-ficados como padrão I. Os demais pacientes apresentam o posicionamento dentário em consequência do erro esquelético, os quais são classificados como padrão II, padrão III, padrão face curta e padrão face longa3.

De acordo com Silva Filho et al.17, é possível definir a morfologia facial e o padrão de crescimento em idade precoce a partir da dentadura decídua completa. Frente à carência de trabalhos relacionados ao assunto foi rea-lizado um levantamento epidemiológico da face, no estágio de dentadura decídua, em uma amostra de 2.009 crianças na cidade de Bauru/SP, Brasil. Essas crianças foram classificadas de acordo com o padrão facial definido na análise de perfil, e observou-se a superioridade do padrão I, com pre-valência de 63,21% na amostra avaliada. A prevalência do padrão II foi de 33,10% da amostra e de 3,68% para o padrão III.

O padrão encontrado em idade precoce tende a permanecer na maturida-de esquelética, ou seja, uma criança diagnosticada como padrão I, II ou III cresce mantendo o padrão I, II ou III, respectivamente (Figuras 04, 05 e 09).

Na análise em norma frontal houve predomínio do tipo mesofacial (64,56%), em relação ao dolicofacial (21,90%) e braquifacial (13,54%). Nes-te estudo não foram consideradas as variações extremas da morfologia

A má oclusão impacta a qualidade de vida das crianças não somente por suas implicações estéticas, mas tam-bém no tocante à limitação funcional e ao convívio social, influenciando ne-gativamente a autoestima4,10.

Desta forma, o odontopediatra pre-cisa compreender os processos bioló-gicos que regem o desenvolvimento e crescimento craniofacial, os aspectos de normalidade das dentaduras de-cídua e mista, as características da oclusão e os aspectos morfológicos da face para nortear as intervenções precoces16.

O objetivo deste capítulo é orien-tar o leitor a realizar o diagnóstico ortodôntico com base nos aspectos morfológicos da face que, por sua vez, são determinados pelo padrão de crescimento facial.

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I N T E G R A D A E A T U A L 008 009

ANUÁRIOODONTOPEDIATRIA CLÍNICA

facial (longa e curta) pela inconsis-tência do diagnóstico em dentadu-ra decídua; portanto, os pacientes com face curta estão incluídos nos pacientes braquicefálicos, enquan-to os pacientes com face longa fo-ram incluídos entre os pacientes dolicofaciais. Em dentadura mista, as características morfológicas dos padrões face curta e longa torna-ram-se mais evidentes, o que favo-receu um diagnóstico mais preciso. Em suma, não há metamorfose na face durante o período de cresci-mento, caracterizando o determi-nismo genético.

Na dentadura decídua, a face ainda não atingiu as dimensões definitivas. A maxila e a mandíbula ainda vão crescer muito até atingir a maturidade esquelética, o que pode causar alguma dificuldade no momento de fechar o diagnóstico. Entretanto, o que importa é que o crescimento preserva o padrão, ou seja, a base genética conduz o cres-cimento, de modo que a configura-ção facial já pode ser identificada nesta fase e definir o prognóstico de tratamento17.

Maxila e mandíbula possuem ori-gens embrionárias distintas, o que in-fluencia e muito na época de cresci-mento e nas limitações terapêuticas.

A maxila é originada, basicamente, pelos processos nasal medial e maxi-lar, que se fundem ainda no período embrionário e sofrerão ossificação intramembranosa. A mandíbula é ori-ginada do primeiro arco branquial e, portanto, apresenta uma cartilagem associada, o que confere a ela dois tipos de ossificação: endocondral e in-tramembranosa (Figuras 01 e 02).

C

B

B

E

D

F

F

A

01 Embrião humano com 5 semanas de vida intrauterina. A maxila será originada dos processos nasais mediais (região da pré-maxila anterior ao forame incisivo) e dos processos maxilares (restante da maxila e palato duro e mole) e a mandíbula do primeiro arco branquial.

02 Formação da face humana: em torno da quinta (5ª) semana de vida intrauterina, os processos nasais mediais começam a se desenvolver em direção mesial e inferior e se fundem na linha média, formando a região da pré-maxila, o filtro do lábio superior, e a columela e o dorso do nariz. E os processos maxilares se fundem com os processos nasais mediais dando origem ao restante do arco maxilar, palato e maxila. A mandíbula tem origem única e é originada do primeiro arco branquial.

A. Proeminência frontonasal | B. Placódio nasal | C. Estomódio | D. Proeminência maxilar E. Arco mandibular | F. Arco faríngeos, 2º e 3º | G. Proeminência cardíaca

PALATO PRIMÁRIO

MAXILA COM 4 DENTES INCISIVOS

PLACAS DO PALATO FUNDIDAS

PROCESSO MAXILAR

SEGMENTO INTERMAXILAR

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011I N T E G R A D A E A T U A L 010

ANUÁRIOODONTOPEDIATRIA CLÍNICA Isso implica em que?

A ossificação endocondral permi-te deposição óssea e crescimento em regiões submetidas à pressão, como no côndilo, na base do crânio e nas articulações dos ossos lon-gos, e apresenta um determinismo genético mais significativo em re-lação às regiões de ossificação in-tramembranosa, que responde às forças de pressão com reabsorção óssea, e às forças de tensão com deposição óssea.

Durante o surto de crescimento da adolescência, o estímulo hormo-

03 A-C A face cresce de acordo com o gradiente cefalocaudal, tal como o organismo humano, ou seja, todas as estruturas mais próximas do encéfalo, tal como a maxila na face, iniciam e terminam seu crescimento antes das estruturas mais distantes do mesmo. Crânio de um recém-nascido: observar a desproporção entre a face e o crânio (A). O crânio cresce 95% do seu volume total até os 6 anos de idade (comparar 3A e 3B). Crânio de criança: a maxila apresenta crescimento significativo entre os 6 e 10 anos (ao comparar a maxila entre A e B. observa- se um aumento significativo em tamanho e complexidade anatômica; e entre B e C, a maxila não se altera) (B); C) Crânio adulto: a mandíbula possui cresci-mento significativo durante o surto de crescimento esta-tural da adolescência (comparar B e C) (C).

nal promove maiores incrementos ósseos nas extremidades dos ossos longos, e os discos cartilaginosos entre as epífises e diáfises são gra-dualmente substituídos por osso. A mandíbula, que também apresenta ossificação endocondral, acompa-nha este mesmo padrão, e apresen-ta maiores incrementos durante a adolescência5,11,21.

A maxila acompanha a curva de crescimento neural, e seu pico de crescimento é anterior ao da man-díbula, que acompanha a curva de crescimento estatural geral (Gráfico 01 e figuras 03A-C).

A. Tipo Linfóide | B. Tipo Neural | C. Maxila | D. Mandíbula | E. Tipo Geral | F. Tipo Genital

PERC

ENTU

AL D

O TA

MAN

HO A

DULT

O

IDADE EM ANOS

200A

B

C

D

E

F

100

0 10 20

Gráfico 01 Relação entre o percentual e a idade em anos dos diversos tipos de crescimento. Fonte: Proffit et al.13.

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I N T E G R A D A E A T U A L 012 013

ANUÁRIOODONTOPEDIATRIA CLÍNICA

Seguindo o raciocínio, a mandíbula já apresenta quantidade e forma de crescimento predeterminadas geneticamente. Comparativamente, não se pode aumentar tampouco reduzir o tamanho do fêmur de uma criança apenas com aparelhos ortopédicos pelo determinismo genético do mesmo. Uma criança deficiente mandibular já nasce com uma mandíbula menor, que apresenta incrementos menores de deposição óssea ao longo do pro-cesso de crescimento e desenvolvimento (Figuras 04A-D).

Inversamente, uma criança com prognatismo mandibular já nasce pre-disposta geneticamente a ter uma mandíbula desproporcionalmente maior em relação à maxila e à base do crânio, o que pode ser identificado na pri-meira infância, e esta mandíbula terá maiores incrementos ao longo de todo o crescimento (Figuras 05A,B).

Ou seja, em termos de possibilidade de tratamento ortopédico, em crian-ças com discrepâncias esqueléticas que acometem a maxila, sejam elas por deficiência ou excesso, o momento ideal de se tratar é entre os 6 até os 9 anos de idade, época em que ocorre o crescimento maxilar por ossificação intramembranosa nas suturas do complexo nasomaxilar, bem como nas superfícies do periósteo e endósteo. Relembrando que a ossificação intra-membranosa remodela o osso com deposição óssea em regiões de tensão e reabsorção em regiões onde há pressão, então, durante o período de cres-cimento ativo da maxila, se utilizarmos forças restritivas sobre a mesma, ela será redirecionada posterior e superiormente de forma bastante eficiente em pacientes com protrusão maxilar (Figuras 06A-D).

Em maxilas deficientes recomenda-se utilizar forças que promovam movimento anterior e inferior da maxila, que possibilitarão maior deposi-ção óssea nas superfícies suturais (Figuras 07A-D). Em relação à mandí-bula, esta não responde às forças ortopédicas de forma tão significativa e consistente como a maxila, mesmo no período do surto de crescimento puberal. Porém, suas relações dentárias podem ser corrigidas, caso a dis-

04 A-D Fotografias extraorais de perfil de um paciente padrão II com deficiência mandibular. Nota-se um aumento da convexidade do perfil até o final do surto da adolescência. Vale ressaltar que o paciente foi tratado com aparelho de avanço mandibular durante o surto de crescimento. O tratamento propiciou a correção da relação dentária, porém não é capaz de alterar o padrão de crescimento.

05 A,B Fotos extraorais de perfil de um pa-ciente padrão III. Nota se o perfil reto e aumento progressivo da concavidade do perfil ao longo do crescimento. O paciente foi tratado com terapia de expansão rápida, seguida de tração reversa ou anterior de maxila; entretanto, não é possível conter o crescimento e restringir a severidade do prognatismo mandibular.

06 A-D Fotografias extraorais de perfil (A,B) e telerradiografias de perfil (C,D) de um paciente padrão II com excesso de maxila, tratado com aparelho ortopédico para restrição de crescimento maxilar aos 7 anos. Nota-se que a maxila respondeu de forma eficiente às forças ortopédicas e manteve os resultados obtidos até o final do surto de crescimento. Na imagem 6B observa-se um paciente com perfil equilibrado e compatível com a normalidade ao final do crescimento.

07 A-D Fotografias extraorais de perfil (A,B) de paciente padrão III deficiente de maxila tratada com expansão rápida de maxila e tração reversa aos 6 anos de idade. Nota-se a redução da concavidade do perfil e aumento da protrusão maxilar após o tratamento ortopédico, o que resultou em um perfil mais harmônico. Telerradiografias de perfil (C,D) da criança antes e após a intervenção ortopédica. Ao se comparar as imagens é visível a correção da mordida cruzada dos incisivos e a maior profundidade e protrusão da maxila (D).

crepância esquelética não seja mui-to severa. Uma criança que apre-senta uma mandíbula pequena não terá uma mandíbula grande como resultado das forças ortopédicas; entretanto, suas relações dentárias podem ser corrigidas caso a discre-pância esquelética não seja muito severa. E é praticamente inócuo se pensar em fazer avanço mandibular ortopédico na primeira infância, ha-ja vista que os incrementos ósseos são mínimos com maior custo pa-

ra a família e maior tempo de tra-tamento ortodôntico. O tratamento no início de dentadura mista se jus-tifica apenas quando a discrepân-cia esquelética é de tal magnitude que impede o selamento labial e a criança apresenta maior risco ao trauma dos incisivos centrais per-manentes superiores8,12,19. (Figura 4). Inversamente, uma criança que apresente excesso mandibular, ou prognatismo, expressará todo o seu potencial de crescimento no surto

da adolescência, e todo o tratamen-to ortopédico com intenção de limi-tar o crescimento mandibular será inócuo e não apresenta evidência científica9,18,22 (Figuras 05A,B).

Neste contexto, é importante acei-tar que a interferência do ortodontista no relacionamento das bases ósseas não levará o paciente à normalidade plena, principalmente quando a man-díbula é a causa primária da discre-pância esquelética.

A

A

AA

B

B

B

B

C

C

C

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D

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I N T E G R A D A E A T U A L 014 015

ANUÁRIOODONTOPEDIATRIA CLÍNICA Em seguida, classifica-se o pa-

ciente de acordo com seu padrão de crescimento facial em normas frontal e lateral. O perfil é definido baseado na relação sagital e vertical entre maxila e mandíbula, e é deter-minado geneticamente, conforme já exposto no texto. Existem cinco pa-drões de crescimento facial, os quais serão descritos a seguir.

08 A-F Fotografias em norma frontal, na infância e adolescência de três crianças do gênero feminino, padrão I e idades aproximadas, nas quais se ob-servam: braquifacial - predomínio das dimensões horizontais sobre as verticais (A,B); mesofacial – equilíbrio entre as dimensões horizontais e verticais (C,D); e dolicofacial – predomínio das dimensões verticais sobre as horizontais (E,F).

ANÁLISE MORFOLÓGICA DA FACE

A análise facial morfológica é o mais importante recurso diagnóstico para a identificação das discrepâncias esqueléticas sagitais e verticais15.

Para realizar o diagnóstico morfológico facial, o primeiro passo é classifi-car o paciente quanto ao seu tipo facial na avaliação frontal. Os tipos faciais são determinados geneticamente e definidos a partir da inclinação da base do crânio. Quanto mais horizontal for o plano da base do crânio, mais ver-tical será a face, e quanto mais vertical for o plano da base do crânio, mais horizontal será a face, o que determina os tipos braquifacial, mesofacial e dolicofacial5, que não são alterados nem quando o paciente realiza uma cirurgia ortognática na idade adulta (Figuras 08A-F).

09 A-D Fotografias em norma lateral de paciente padrão I da infância até o final do surto de crescimento. Notar a redução progressiva na convexidade facial ao longo do cresci-mento. O paciente padrão I apresenta o perfil equilibrado desde a tenra idade, entretanto com convexidade aumentada na primeira infância (A).

10 A-D Fotografias em norma frontal de paciente padrão I da infância até o final do surto de crescimento da adolescência. Notar que as características harmônicas da face foram preservadas pelo crescimento equilibrado entre maxila, mandíbula e a base do crânio.

A

A

A

C

E

B

D

F

B

B

C

C

D

D

PADRÃO I

Indivíduo sem discrepância esquelética portador de oclusão normal ou de uma má oclusão. Possui crescimento equilibrado das bases ósseas entre si e a face apresenta forma harmoniosa. Não é possível identificar, pelo exame da face, quais serão as características dessas más oclusões, pois não possuem correlação com a face3.

Favorecido pela normalidade das relações esqueléticas sagitais e verticais, o paciente padrão I é reconhecido por meio da análise morfológica da face, nas avaliações de frente e perfil, pelo equilíbrio. Essa vantagem, conferida pela genética e perpetuada pelo crescimento, resulta em um prognóstico fa-vorável para a correção dos transtornos ortodônticos porventura existentes14. Ainda apresentam como características principais: equilíbrio entre as bases ósseas, face simétrica, projeção do osso zigomático satisfatória, linha queixo pescoço proporcional e selamento labial (Figuras 09A-D e 10A-D).

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I N T E G R A D A E A T U A L 016 017

ANUÁRIOODONTOPEDIATRIA CLÍNICA PADRÃO FACE LONGA

Os indivíduos portadores de más oclusões do padrão face longa são muito

diferentes dos portadores dos outros padrões devido à impossibilidade de

selamento labial determinada pelo excesso na altura facial anterior inferior

(AFAI). O erro esquelético principal é vertical, e a base do crânio mais ho-

rizontal resulta em crescimento posterior de côndilo e ângulo mais aberto

entre o ramo e o corpo da mandíbula. Essa condição resulta em uma desar-

monia significativa na face do indivíduo3.

Na análise facial do padrão face longa, em norma frontal, observa se

que o terço inferior da face é longo e desproporcional em relação ao terço

médio. Esse excesso no terço inferior impede o selamento labial passivo e

requer a contração do músculo mentoniano para o selamento labial. No

perfil, a característica principal é a linha queixo pescoço curta e o ângulo

fechado, além da distância interlabial aumentada. A ausência de selamento

labial atribui ao indivíduo um caráter de desarmonia, que torna a face dos

portadores deste padrão facial desagradável3 (Figuras 13A-F).

12 A-D Fotografias extraorais em normas frontal (A,C) e lateral (B,D) de crianças padrão III. No padrão III é mais difícil localizar a etiologia do erro na primeira infância, se deficiente de maxila ou prognatismo mandibular, mas é inegável o diagnóstico do padrão III. Na análise frontal em repouso (A), nota-se pouca projeção do zigomático no terço médio da face, o que resulta em menor expressão das bochechas e o mento é expressivo. Na análise frontal sorrindo (C), observa-se que a projeção do mento causa encurtamento do lábio superior no sorriso e exposição dos incisivos inferiores. Na análise de perfil (B,D) nota- se que a altura do mento e lábio superior é praticamente duas vezes a altura do lábio superior em ambos, e o perfil é reto, quando a normalidade seria o perfil levemente convexo, conforme observado na figura 09.

13 A-F Fotografias em norma frontal e de perfil de paciente padrão face longa antes, durante e após o termino do crescimento. Nota-se que, desde a primeira infância, a paciente apresenta desproporção entre os terços médio e inferior da face, com altura facial anterior inferior (AFAI) aumentada, o que pode ser facilmente diagnosticado tanto no frontal quanto no perfil e é a característica mais marcante desse padrão de crescimento. Em norma lateral, observa- se que o perfil é convexo devido ao giro horário excessivo da man-díbula. E o terço médio também apresenta altura aumentada e pouca profundidade e expressão no sentido sagital ou anteroposterior.

PADRÃO II

O padrão II caracteriza-se por um de-grau sagital positivo entre a maxila e a mandíbula, decorrente de uma defi-ciência mandibular (Figuras 11A,B) e/ou protrusão maxilar (Figuras 11C,D), o que resulta em um perfil mais convexo. O excesso de convexidade é o ponto de maior expressão do padrão II3.

11 A-D Fotografias extraorais em norma frontal (A,C) e de perfil (B,D) de duas crianças do gênero masculino, que apresentam convexidade aumentada do perfil e padrão II. Nas imagens A e B, o paciente apresenta o terço médio equilibrado e alinhado com relação à base do crânio e a mandíbula deficiente, ou seja, é uma criança padrão II deficiente mandibular. Nas imagens C e D, o paciente apresenta a mandíbula alinhada com a base do crânio e protrusão maxilar.

PADRÃO III

O padrão III caracteriza-se por um degrau sagital maxilomandibular di-minuído, de caráter eminentemente esquelético, resultante da retrusão maxilar ou do prognatismo mandibular (Figuras 12A-D).

O diagnóstico busca identificar o erro sagital maxilomandibular, princi-palmente na análise de perfil, por meio do qual pode se identificar a parti-cipação da maxila ou mandíbula como agente etiológico principal. A linha queixo pescoço apresenta-se aumentada no prognatismo mandibular. E a retrusão maxilar caracteriza- se pela área zigomática plana, com ausência da depressão infraorbitária3.

De acordo com Van der Linden20, em casos de maior discrepância, se o motivo pelo qual o paciente procu-ra o tratamento ortodôntico for es-tético, as limitações serão maiores para se chegar a uma face agradá-vel. Isso significa entender as limita-ções de um tratamento ortodôntico compensatório em comparação ao tratamento ortodôntico cirúrgico complexo. Graber7 cita os proble-mas verticais como sendo os mais desafiadores para os profissionais.

Possuem excesso no 1/3 inferior da face, têm excesso maxilar vertical, o que impossibilita o selamento la-bial passivo.

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B

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C

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I N T E G R A D A E A T U A L 018 019

ANUÁRIOODONTOPEDIATRIA CLÍNICA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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4. de Paula JS, de Leite IC, de Almeida AB, Ambrosano GM, Mialhe FL. The impact of socio environmental characteristics on do-mains of oral health-related quality of life in Brazilian schoolchildren. BMC Oral Health 2013, v.28, n.13, p.1-8.

5. Enlow DH. Crescimento facial. 3.ed.[s.1]: Artes Médicas 1993, 553p.

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PADRÃO FACE CURTA

O erro esquelético principal deste pa-drão está na redução das dimensões verticais da face, que é resultado de uma base do crânio com maior incli-nação vertical, que por sua vez resul-ta na redução do ângulo, promovem um giro do corpo da mandíbula no sentido anti-horário durante o cresci-mento e, consequentemente, em um menor espaço para a deposição de osso no sentido vertical. A face tem dimensão vertical reduzida, selamen-to labial compressivo e diminuição da AFAI3 (Figuras 14A-F).

Dica clínica: quando houver dúvi-da se o paciente é face curta ou pa-drão I braquifacial (Figuras 15A-C), solicitar ao paciente face curta que fique em repouso e desoclua os den-tes posteriores; desta forma sua face ficará mais harmônica, haverá equi-líbrio entre os terços médio e inferior e redução do sulco mentolabial. Esta manobra clínica auxiliará na confir-mação do diagnóstico do paciente face curta.

CONCLUSÃO

É de fundamental importância que o odontopediatra saiba diagnosticar e reconhecer o padrão de crescimento facial da criança para encaminhá-la ao ortodontista, ou tratá-la, quando for apto para tal, e que reconheça as limitações impostas pelo padrão de crescimento craniofacial.

14 A-F Fotografias em norma frontal e de perfil de paciente face curta antes, durante e após o surto de crescimento da adolescência. Notar que a face cresce sem incremento significativo nas dimensões verticais e que o sulco entre o mento e o lábio inferior torna se muito marcado por causa do selamento labial compressivo.

15 A-C Fotografias de perfil da paciente padrão I braquifacial apresentada em norma frontal na Figura 08. Ao comparar com as imagens da paciente face curta (Figura 13), nota- se que a paciente padrão I braquifacial apresenta incrementos progressivos no terço inferior da face, que ao final do crescimento apresenta altura com-patível com o terço médio da face.

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Page 11: ANUÁRIO 04...Karla Mayra Pinto e Carvalho Re-zende Foto do perfil de Karla Mayra Pinto e Carvalho Rezende karla.rezende@usp.br ANUÁRIO 04 ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA José Carlos Pettorossi

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