mayra fernanda ferreira seraceni.pdf

74
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE MAYRA FERNANDA FERREIRA SERACENI PROBLEMAS EMOCIONAIS E COMPORTAMENTAIS E USO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS E DE SAÚDE EM ESCOLARES SÃO PAULO 2013

Upload: phunghuong

Post on 07-Jan-2017

226 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

MAYRA FERNANDA FERREIRA SERACENI

PROBLEMAS EMOCIONAIS E COMPORTAMENTAIS E USO DE SERVIÇOS

EDUCACIONAIS E DE SAÚDE EM ESCOLARES

SÃO PAULO

2013

Page 2: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

MAYRA FERNANDA FERREIRA SERACENI

PROBLEMAS EMOCIONAIS E COMPORTAMENTAIS E USO DE SERVIÇOS

EDUCACIONAIS E DE SAÚDE EM ESCOLARES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da

Universidade Presbiteriana Mackenzie para obten-

ção do título de Mestre em Distúrbios do Desen-

volvimento.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira.

SÃO PAULO

2013

Page 3: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

S481p Seraceni, Mayra Fernanda Ferreira.

Problemas emocionais e comportamentais e uso de serviços

educacionais e de saúde em escolares / Mayra Fernanda Ferreira

Seraceni. – 2013.

73 f.: il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) -

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013.

Referências bibliográficas: f. 59-69.

1. Problemas emocionais e comportamentais. 2. Crianças.

3. Adolescentes. 4. Pais. 5. Serviços de saúde. 6. Ensino fun-

damental. I. Título.

CDD 371.422

Page 4: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

MAYRA FERNANDA FERREIRA SERACENI

PROBLEMAS EMOCIONAIS E COMPORTAMENTAIS E USO DE SERVIÇOS

EDUCACIONAIS E DE SAÚDE EM ESCOLARES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Gra-

duação em Distúrbios do Desenvolvimento da

Universidade Presbiteriana Mackenzie para obten-

ção do título de Mestre em Distúrbios do Desen-

volvimento.

Aprovada em: 12/12/2013

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Profª. Drª. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira (Orientadora)

(Universidade Presbiteriana Mackenzie)

___________________________________________________

Profª. Drª. Cristiane Silvestre de Paula

(Universidade Presbiteriana Mackenzie)

___________________________________________________

Prof. Dr. Wagner Silva Ribeiro

(Universidade Federal de São Paulo)

Page 5: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha orientadora Profª. Maria Cristina Triguero Veloz

Teixeira que com toda certeza foi pessoa que esteve ao meu lado desde o início da minha

graduação ensinando, encorajando e favorecendo a possibilidade do meu aprendizado com

autonomia, responsabilidade e coragem para enfrentar as dificuldades e desafios deste percur-

so. Agradeço por todo apoio e amizade que construímos ao longo desses anos. É com muita

alegria e carinho que posso dizer que minha orientadora foi e é excelente, pois é nela que con-

fio todo meu aprendizado e amor pela vida acadêmica. Acima de tudo quero lhe agradecer por

me apoiar nos momentos mais difíceis que nem imaginei passar nessa caminhada.

Aos membros da banca Profª. Drª Cristiane Silvestre de Paula e Prof. Dr. Wagner

Silva Ribeiro que aceitaram gentilmente ao convite para a avaliação deste estudo, bem como,

pelas contribuições de grande relevância para o desenvolvimento e aprimoramento da pesqui-

sa realizada.

Aos meus amigos e colegas do laboratório de Distúrbios do Desenvolvimento que também

fizeram parte da minha caminhada e colaboraram para a realização deste estudo. Agradeço

com muito carinho a Felipe, Solange, Raquel, Nathany, Naiara e a todos que de alguma

maneira fizeram e fazem parte de todo meu aprendizado durante a graduação e mestrado.

Agradeço pelo aprendizado, crescimento profissional, exemplo e amizade das meni-

nas: Cintia, Renata, Tati e Ana Claudia e dos professores: Dr. Salomão, Drª Elói e Dr.

Décio, da clínica TEA-MACK. Acredito que fazer parte do grupo de vocês foi o fator respon-

sável pelo imenso amor e dedicação que tenho em minha prática clínica.

Agradeço à minha família que também fez parte desse processo de aprendizagem. Que

de alguma forma esteve ao meu lado acreditando e apoiando meu trabalho.

Page 6: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

O presente trabalho foi realizado com o apoio da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior – CAPES/PROESP.

Page 7: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

RESUMO

SERACENI, M. F. F. Problemas emocionais e comportamentais e uso de serviços educacio-

nais e de saúde em escolares. Dissertação de Mestrado, São Paulo, Universidade Presbiteriana

Mackenzie, 2013.

As escolas são contextos adequados para o levantamento de problemas de saúde mental e di-

ficuldades emocionais e comportamentais em crianças e adolescentes. No Brasil são escassos

os estudos que comparam problemas de comportamento de alunos que frequentam escolas

públicas e privadas associado ao uso de serviços educacionais e de saúde mental. O estudo

teve como objetivo geral realizar em alunos do Ensino Fundamental I de escolas públicas e

particular um levantamento de problemas emocionais e comportamentais e fatores potenciais

de risco e proteção associados aos mesmos. Foi realizado um estudo de corte transversal e

baseado nos objetivos propostos a amostra seguiu critérios de conveniência. A amostra foi

composta por 357 alunos na faixa etária de 6 a 12 anos de escolas públicas e particular e seus

respectivos pais (176 escolares estavam regularmente matriculados em três escolas públicas

do Ensino Fundamental I -EF I do município de Barueri e 181 alunos eram de uma única es-

cola particular da região central da cidade de São Paulo). Os instrumentos de coleta de dados

foram: a) Questionário para caracterização sociodemográfica e uso de serviços de saúde; b)

Inventário de Comportamentos para Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos (CBCL/6-18);

c) Registro de desempenho acadêmico dos participantes mediante a identificação da média

escolar anual nas disciplinas de português e matemática. Para as análises de dados foram rea-

lizadas análises descritivas mediante uso de tabelas de frequências simples e tabelas cruzadas;

análises de variância para comparação de médias de escores brutos das escalas do CBCL/6-18

entre os grupos; análises de correlação para verificação de possíveis associações entre variá-

veis de caracterização da amostra com os escores brutos de problemas emocionais e compor-

tamentais, indicadores de competências sociais e escolares, assim como, os indicadores de

caracterização sociodemográfica e o uso de serviços educacionais e de saúde e uma técnica de

regressão logística para determinar a probabilidade ou desfecho de uma criança ser classifica-

da como limítrofe/clínica nas escalas de problemas de comportamento externalizantes, inter-

nalizantes e totais do CBCL/6-18 a partir dos fatores preditores: gênero da criança, idade da

criança, tipo de escola, idade do cuidador informante, classificação socioeconômica familiar,

médias em matemática e português e escores brutos das escalas de competências para realiza-

ção de atividades, socialização e desempenho escolar do CBCL/6-18. Os principais resultados

indicam problemas emocionais e comportamentais em ambos os grupos de participantes. Ob-

serva-se de modo geral que os pais cuidadores de crianças das escolas públicas perceberam

Page 8: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

um maior número de problemas de comportamento em seus filhos quando comparados aos

informantes da escola particular. Quanto as variáveis escolares média de desempenho acadê-

mico nas disciplinas de matemática e português e o desempenho escolar avaliado pelo

CBCL/6-18 houve entre os grupos resultados similares indicando que os participantes pare-

cem não apresentar problemas de aproveitamento escolar. Observa-se que de acordo com per-

cepção dos pais em relação à existência de problemas de comportamento internalizantes (Par-

ticular=38,10%; Pública=30,70%) foi maior se comparada aos externalizantes (Particu-

lar=15,50%; Pública=15,30%). Os dados mostram que crianças que não apresentam dificul-

dades emocionais e comportamentais fazem maior uso de serviços de psicologia quando com-

paradas ao grupo que apresenta escores limítrofe/clínico na escala total de problemas emocio-

nais e comportamentais do CBCL/6-18. Em ambos os grupos o modelo de regressão logística

que foi gerado permitiu verificar associações concomitantes entre competências nas áreas

escolar e social e idade do cuidador com o desfecho problemas emocionais e comportamentais

das crianças. Conclui-se que a identificação dessas associações concomitantes evidenciam a

necessidade de ações de saúde mental que sejam focadas na promoção de habilidades sociais

e no monitoramento e remediação de dificuldades de desempenho escolar destas crianças.

Sendo assim, são ações que poderão ser desenvolvidas nos próprios lócus escolares mediante

palestras de orientação sobre o manejo de problemas emocionais e comportamentais ou estra-

tégias de intervenções e acompanhamentos necessários aos escolares.

Palavras-chaves: Problemas emocionais e comportamentais; crianças e adolescentes; pais;

serviços de saúde; ensino fundamental.

Page 9: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

ABSTRACT

SERACENI, M. F. F. Emotional and behavioral problems and use of health and education

services in scholars. Master Dissertation, São Paulo, the Mackenzie Presbyterian University,

2013.

Schools are appropriate contexts for the investigation of mental health, emotional and behav-

ioral problems in children and adolescents. In Brazil there are few studies that compare

behavioral problems in students of mainstraim public and private schools associated with the

use of educational and mental health facilities. The present study had the objective of investi-

gating emotional and behavioral problems, as well as its associated risk and protection factors,

in Elementary Schools students from private and public mainstream schools. A cross-

sectional study was made and based on the proposed objectives the sample attended conven-

ience criteria. The sample was composed of 357 students, age range 6 to 12 years old, from

public and private schools and their respective parents (176 are students from three public

schools in Barueri and 181 students from one private school in Sao Paulo downtown). Data

collection instruments were: a) questionnaire with social-demographic data and information

on the use of health services; b) Child Behavior Checklist for ages 6 to 18 (CBCL/6-18); c)

recording of academic performance through the identification of annual average grades in

Portuguese and Mathematics. Descriptive analysis were carried out through the use of simple

frequency tables and crossed tables; analyses of variance for the comparison of average scores

in CBCL/6-18 between groups; correlation analysis for the verification of possible associa-

tions among variables of sample characterization with scores of emotional and behavioral

problems, social and academic competences indicators, as well as indicators of social-

demographic characterization and use of educational and health services and a technique of

logistic regression to determine the probability or result of a child to be classified as border-

line/clinical in the scales of externalizing, internalizing or total behavioral problems on

CBCL/6-18 based on predictive factors: gender, age, school (public or private), caretaker’s

age, socioeconomic classification, average grade in Mathematics and Portuguese and scores in

the scales of competences for performing activities, socialization and academic performance

on CBCL/6-18. The main results indicate emotional and behavioral problems in both groups.

Observa-se de modo geral que os pais cuidadores de crianças das escolas públicas perceberam

um maior número de problemas de comportamento em seus filhos quando comparados aos

informantes da escola particular. It was observed that parents of children enrolled in public

schools perceive a greater number of behavioral problems in their children compared to par-

ents of children enrolled in private schools. In terms of academic variables, both groups

Page 10: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

achieved similar results in average grade in Portuguese and Mathematics and academic per-

formance assessed by CBCL/6-18, what indicates that participants do not present problems in

this area. It was observed that according to parental perception concerning the existence inter-

nalizing behavioral problems (Private=38,10%; Public=30,70%) was greater if compared to

externalizing (Private=15,50%; Public=15,30%). Data show that children that do not present

emotional and behavioral difficulties according to the caretaker’s report use more psychologi-

cal services compared to the group that present borderline/clinic scores in the total scale of

emotional and behavioral problems of CBCL/6-18. In both groups logistic regression model

has allowed the verification of concomitant associations among academic and social compe-

tences and the caretaker’s age with the result of emotional and behavioral problems of chil-

dren. We concluded that the identification of these concomitant association enhance the need

of mental health strategies focused on the promotion of social abilities and monitoring and

management of academic difficulties of these children. Thus, such actions can be developed

in the school locus though workshops and lectures with orientations on the management of

emotional and behavioral problems or intervention strategies and necessary follow-up.

Key words: emotional and behavioral problems; child and teenager; parents; health services;

elementary schools.

Page 11: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Percentual de alunos que usam serviços educacionais e de saúde em função do tipo

de escola. .................................................................................................................. 43

Page 12: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Distribuição de crianças participantes em relação ao gênero e tipo de escola. ........ 28

Tabela 2 - Distribuição de crianças em relação à idade e tipo de escola. ................................. 29

Tabela 3 - Distribuição de crianças em relação a ano de escolarização e tipo de escola. ........ 29

Tabela 4 - Distribuição de médias de idade dos informantes em função do tipo de escola das

crianças participantes. .............................................................................................. 29

Tabela 5 - Distribuição de número de cuidadores informantes em relação à escolaridade e tipo

de escola. .................................................................................................................. 30

Tabela 6 - Distribuição e comparação de dados sociodemográficos dos respondentes

participantes. ............................................................................................................ 30

Tabela 7 - Média e desvio padrão de notas nas disciplinas de matemática e português dos

grupos de crianças das escolas particular e pública. ................................................ 34

Tabela 8 - Distribuição de frequência de alunos de acordo com o desempenho acadêmico em

cada tipo de escola. ................................................... Erro! Indicador não definido.

Tabela 9 - Comparação dos escores brutos obtidos nas escalas de competências do CBCL/6-

18 em função da faixa etária dos grupos. ................................................................. 35

Tabela 10 - Distribuição de alunos nas classificações normal e limítrofe/clínico das escalas de

competências do CBCL/6-18. .................................................................................. 36

Tabela 11 - Distribuição de alunos nas classificações normal, limítrofe e clínico das escalas de

competências em socialização do CBCL/6-18 em função da idade cronológica e

ano de escolarização da criança. .............................................................................. 36

Tabela 12 - Distribuição de alunos nas classificações normal, limítrofe e clínico das escalas de

competências em socialização do CBCL/6-18 em função da idade cronológica e

ano de escolarização da criança. .............................................................................. 37

Tabela 13 - Comparação dos escores brutos obtidos nas escalas de problemas de

comportamento do CBCL/6-18 em função da faixa etária dos grupos. ................... 38

Tabela 14 - Comparação dos escores brutos obtidos nas escalas de problemas de

comportamento do CBCL/6-18 em função do gênero dos grupos. ......................... 39

Tabela 15 - Distribuição de alunos nas classificações normal e limítrofe/clínico das escalas de

problemas de comportamento do CBCL/6-18. ........................................................ 40

Tabela 16 - Correlações entre os escores brutos das escalas de problemas de comportamento e

as escalas de competências do CBCL/6-18. ............................................................ 41

Tabela 17 - Correlação entre os indicadores de competências do CBCL/6-18 e as variáreis

idade da criança, idade do cuidador e notas sobre o desempenho em matemática e

português. ................................................................................................................. 42

Page 13: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

Tabela 18 - Correlação entre os indicadores de problemas de comportamento do CBCL/6-18 e

as variáreis idade da criança, idade do cuidador e notas sobre o desempenho em

matemática e português. ........................................................................................... 42

Tabela 19 - Uso de serviços de saúde educacional e mental em função da classificação normal

e limítrofe/clínica na escala total de problemas emocionais e comportamentais do

CBCL/6-18. .............................................................................................................. 43

Tabela 20 - Modelo de regressão logística inicial com Odds Ratios (OR) e intervalo de

confiança (IC 95%) para descrição da associação entre fatores associados e

problemas internalizantes de crianças de escola particular, pública e na amostra

total. ......................................................................................................................... 44

Tabela 21 - Modelo de regressão logística inicial com Odds Ratios (OR) e Intervalo de

Confiança (IC 95%) para descrição da associação entre fatores associados e

problemas externalizantes de crianças de escola particular, pública e na amostra

total. ......................................................................................................................... 46

Tabela 22 - Modelo de regressão logística inicial com Odds Ratios (OR) e Intervalo de

Confiança (IC 95%) para descrição da associação entre fatores associados e

problemas emocionais e comportamentais totais de crianças de escola particular,

pública e na amostra total. ....................................................................................... 47

Page 14: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 17

2.1 Caracterização do desenvolvimento infantil típico entre 6 e 12 anos de idade. ...... 17

2.2 Problemas emocionais e comportamentais na infância e adolescência. ................... 18

2.3 Potenciais fatores de risco e proteção associados a problemas emocionais e

comportamentais na infância. ............................................................................................ 22

2.4 Uso de instrumentos padronizados no rastreamento de problemas emocionais e

comportamentais ................................................................................................................. 24

2.5 Justificativa .................................................................................................................... 25

3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 27

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 27

3.2 Objetivos Específicos..................................................................................................... 27

4. MÉTODO ............................................................................................................................ 28

4.1 Amostra .......................................................................................................................... 28

4.2 Considerações éticas ...................................................................................................... 30

4.3 Instrumentos de coleta de dados .................................................................................. 31

4.4 Procedimentos de coleta de dados ............................................................................... 32

4.5 Procedimentos de análise de dados .............................................................................. 33

5. RESULTADOS ................................................................................................................... 34

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................. 48

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 57

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 59

ANEXOS ................................................................................................................................. 70

Page 15: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

14

1. INTRODUÇÃO

Os principais contextos de desenvolvimento da criança em idade escolar são a família

e a escola. Nesses contextos podem verificadas as principais dificuldades emocionais e com-

portamentais de escolares. Desde os primeiros anos de escolarização da criança a mesma inse-

re-se em diferentes contextos que poderão favorecer comportamentos pró ou antissociais

(BANDEIRA et al., 2006). O termo problemas de comportamento na infância representa défi-

cits e/ou excessos comportamentais que prejudicam a interação da criança com seus pares e

adultos e a aquisição de repertórios adequados de aprendizagem (BOLSONI-SILVA; DEL

PRETTE, 2003).

Há evidências de problemas de comportamento na infância que, quando não tratados,

podem evoluir para transtornos psiquiátricos de difícil manejo (PATTERSON; DE-

BARYSHE; RAMSEY, 1989; BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2003; MARINHO, 2003;

KEANE; CALKINS, 2004; BANDEIRA et al.; 2006; D’ABREU; MARTURANO, 2010).

Estudos internacionais de prevalência de problemas de saúde mental (POTTER; DARWICH,

1996; LANGSFORD et al., 2001; SAWYER et al., 2001; MELTZER et al., 2003) e brasilei-

ros (PAULA; MIRANDA, BORDIN, 2010) indicam que entre 10% e 20% de crianças e ado-

lescentes apresentam problemas de saúde mental ou pelo menos um transtorno psiquiátrico.

Para poder acompanhar trajetórias de problemas de comportamento é necessário iden-

tificar se o tipo de problema é grave o suficiente ao ponto de comprometer a saúde mental da

criança e precisar de uma intervenção (ROCHA et al., 2012). Políticas públicas de saúde e

educação de diferentes países recomendam como medidas de prevenção de problemas de saú-

de mental o rastreamento de problemas emocionais e comportamentais na infância (WEARE;

NIND, 2011). Por um lado estudos longitudinais relatam os efeitos de prejuízos e déficits

comportamentais precoces em crianças (REID; WEBSTER-STRATTON; BEAUCHAINE,

2001; LADD; TROOP-GORDON, 2003; KWOK; HUGHES; LUO, 2007; BOLTEN, 2012).

De outro, intervenções entre os 6 e 11 anos do desenvolvimento da criança costumam ser es-

tratégias eficazes para a prevenção e/ou interrupção da trajetória dos problemas de saúde men-

tal (PATTERSON; REID; DISHION, 2002; WEBSTER-STRATON; REID; HAMMOND,

2004; RIOS; WILLIAMS, 2008; DE GIROLAMO et al., 2012).

A ocorrência de problemas de comportamento na infância está associada a diversos fa-

tores, um dos mais importantes são fatores relacionados com o desempenho escolar. Estudo

de revisão sistemática sobre esses fatores identificou 52 estudos que preencheram os critérios

de inclusão. As regiões dos estudos identificados foram países da Europa, América do Norte e

Page 16: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

15

Austrália. Dentre as áreas globais associadas ao tema de saúde mental na infância e escola

foram categorizados os seguintes fatores: problemas de comportamento, problemas internali-

zantes e externalizantes, competências sociais, bem-estar socioemocional, problemas de

aprendizagem, relação família-escola, fatores culturais, dentre outros (WEARE; NIND,

2011).

No contexto brasileiro muitos dos fatores citados no estudo de Weare e Nind (2011)

têm sido estudados associados a problemas emocionais e comportamentais na infância. Dentre

os mais estudados encontram-se os repertórios de habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL

PRETTE, 2003), indicadores sócio demográficos, tais como gênero e nível socioeconômico

da criança (FERREIRA; MARTURANO, 2002; BANDEIRA et al., 2006), estilos parentais

de educação (BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2002; FERREIRA; MARTURANO,

2002), contextos escolares (SILVARES, 2000), dentre outros.

A identificação de problemas de comportamento na infância exige a utilização de pro-

cedimentos de avaliação que geralmente demandam o uso de informantes na condição de pes-

soas que convivem rotineiramente com a criança em, pelo menos um ambiente. Trata-se de

fontes de informação que possibilitam mapear um perfil comportamental da criança avaliada

(COUTO, DUARTE, DELGADO, 2008). Alguns desses informantes são pais e professores.

São eles os que auxiliam na detecção de problemas emocionais e comportamentais, assim

como, no manejo desses problemas (BOLSONI-SILVA, 2003; BANDEIRA et al., 2009;

LYRA et al., 2009; BORSA; NUNES, 2011; SHAKOOR et al., 2011; BRONDBO et al.,

2012).

As políticas públicas de saúde e educação de diferentes países recomendam como me-

didas de prevenção de problemas de saúde mental o rastreamento dessas dificuldades desde a

infância (WEARE; NIND, 2011). E junto a esses rastreamentos recomenda-se também identi-

ficar, sempre que possível, o uso de serviços de saúde e serviços educacionais, por crianças e

adolescentes. Em países como Estados Unidos, por exemplo, os trabalhos direcionados à

identificação do uso desse tipo de serviço são focados tanto em serviços de intervenção como

de prevenção, assim como no incentivo de grupos comunitários de apoio (de VOURSNEY et

al., 2013).

Apesar da elevada prevalência de problemas emocionais e comportamentais na infân-

cia, dados da Organização Mundial de Saúde – OMS (2001) apontam que apenas uma peque-

na percentagem destas crianças e adolescentes fazem uso de serviços de saúde mental. Parece

ser que, mesmo que uma criança ou adolescente desenvolva problemas de comportamento

com sérias implicações funcionais na adaptação social e familiar, ainda uma grande maioria

Page 17: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

16

deles não recebe o tratamento adequado. Esse fenômeno atinge países desenvolvidos, países

em desenvolvimento e, principalmente, países que se encontram na linha de pobreza (BAR-

WICK et al., 2013; COOMER, 2013; BERENZON et al., 2013).

No Brasil são escassos os estudos focados na deteção de problemas de comportamento

de alunos que frequentam escolas públicas se privadas associado ao uso de serviços

educacionais e de saúde mental. Com base nesta justificativa foi conduzido o presente estudo.

Seguidamente alguns dos tópicos que embassaram teoricamente o trabalho.

Page 18: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A infância é um período de grande relevância para o desenvolvimento humano. O de-

senvolvimento infantil resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, culturais,

sociais, cognitivos e educacionais, dentre outros (ANDRADE et al., 2005; BORTOLOTE;

BRÊTAS, 2008; VELEDA; SOARES; CÉZAR-VAZ, 2011).

2.1 Caracterização do desenvolvimento infantil típico entre 6 e 12 anos de idade.

Diferentes aspectos biológicos, cognitivos e psicossociais devem ser considerados no

desenvolvimento da criança ao iniciar a escolarização em relação à adaptação ao ambiente

escolar, às dificuldades e desafios do desenvolvimento da aprendizagem acadêmica e à aqui-

sição de novos comportamentos na interação com seus pares. Considera-se o ensino funda-

mental brasileiro um contexto que influência expressivamente o desenvolvimento da criança,

sendo nele que ocorrerá o desenvolvimento de diversos tipos de repertórios de habilidades

acadêmicas e sociais (D’AVILA-BACARJI; MARTURANO; ELIAS, 2005; BORGES;

MARTURANO, 2010).

Com relação aos aspectos cognitivos e de desempenho acadêmico trata-se de um perí-

odo em que a criança desenvolve diversas habilidades cognitivas que incluem a capacidade de

raciocínio, planejamento, solução de problemas, habilidades de aprendizagem, habilidades de

memória, dentre outras (BEE, 1997; KAPLAN; SADOK; GREBB, 1997).

Aspectos relacionados ao desenvolvimento psicossocial nessa fase do desenvolvimen-

to incluem a aprendizagem de normas sociais de convívio, cujo início ocorre na fase pré-

escolar, bem como, de habilidades sociais relevantes, como autocontrole, expressividade

emocional, empatia, assertividade, solução de problemas interpessoais e capacidade de fazer

amizades, dando origem de maneira mais estável às características de personalidade da crian-

ça (BOBATH, 1994; BEE, 1997; KAPLAN; SADOK; GREBB, 1997; DEL PRETTE; DEL

PRETTE, 1999).

Define-se o desenvolvimento em função das mudanças que ocorrem ao longo do tem-

po de maneira ordenada e relativamente duradoura que podem afetar as estruturas físicas e

neurológicas, os processos de pensamento, as emoções e a interação social. Considerando-se

que a criança durante seu desenvolvimento explora e interage com o meio a partir das condi-

ções que lhe são dispostas no ambiente, a disposição de um ambiente favorável para o desen-

volvimento é tido como um facilitador para a aquisição de repertórios adequados para a cons-

tituição do indivíduo. Dentre os aspectos que compõem um ambiente favorável apresentam-se

Page 19: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

18

o espaço físico, objetos, a família e pessoas de seu convívio que se tornam responsáveis pela

adequada estimulação do repertório de aprendizagem e do desenvolvimento da criança (AN-

DRADE et al., 2005; BORTOLOTE; BRÊTAS, 2008).

Estudos recentes apontam o ambiente familiar e escolar como contextos de desenvol-

vimento humano, ressaltando a importância do estabelecimento de relações apropriadas entre

ambos (OLIVEIRA et al., 2005; DESSEN; POLONIA, 2007). O ambiente familiar é tido co-

mo responsável pela transmissão de valores, crenças, ideias e significados presentes na socie-

dade (KREPPNER, 2000; BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2002; BOLSONI-SILVA,

2003). Assim, é na família que a criança desenvolverá repertórios e habilidades que conse-

quentemente serão reproduzidos na interação com outros ambientes (DEL PRETTE; DEL

PRETTE, 2003).

Já o ambiente escolar é identificado como espaço de desenvolvimento e aprendizagem

em que se priorizam as atividades educativas formais. A criança quando ingressa na escolari-

zação formal, por volta dos seis anos de idade, está sujeita a um novo ciclo de aprendizagem.

Nesse período a criança passa a aumentar seu investimento no convívio entre pares ou gru-

pais. Diante disso, é dever da escola considerar os padrões relacionais, aspectos culturais,

cognitivos, afetivos, sociais e históricos que estão presentes nas interações e relações entre as

crianças (KREBS, 2000; HEDEGGARD, 2002; REGO, 2003; DESSEN; POLONIA, 2007).

Tendo em consideração que o presente estudo focaliza indicadores de problemas com-

portamentais e emocionais na infância, seguidamente será apresentada uma caracterização dos

mesmos.

2.2 Problemas emocionais e comportamentais na infância e adolescência.

A compreensão do termo problemas de comportamento abrange déficits ou excessos

comportamentais que prejudicam o acesso da criança a novas contingências de reforçamento

que facilitariam a aquisição de repertórios relevantes para a aprendizagem e o desenvolvimen-

to (BOLSONI-SILVA, 2003).

Optou-se, neste trabalho, pela classificação de Achenbach e Edelbrock (1978), sobre

problemas de comportamento, referenciada e utilizada por outros pesquisadores brasileiros e

estrangeiros (PATTERSON; REID; DISHION, 2002; BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE,

2003; BOLSONI-SILVA; PAIVA; BARBOSA, 2009; SAPIENZA; AZNAR-FARIAS; SIL-

VARES, 2009; BORSA; NUNES, 2011).

Achenbach e Edelbrock (1978) reconhecem duas categorias de problemas de compor-

tamentos: a) comportamentos externalizantes e b) comportamentos internalizantes. Os com-

Page 20: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

19

portamentos externalizantes expressam-se predominantemente em relação ao meio que a cri-

ança e/ou adolescente vive. Dentre eles estão incluídas respostas do tipo: impulsividade, ner-

vosismo, agressividade, impaciência/irrequietação, destrutividade, desobediência frequente,

agitação, bem como, provocações e brigas. Já a categoria dos comportamentos internalizantes

restringe-se a problemas que são sentidos pela criança e nem sempre afetam diretamente pes-

soas do convívio desta, por exemplo, retraimento, depressão, ansiedade, irritabilidade, tristeza

e queixas somáticas, respostas de mau humor, timidez, apego excessivo aos adultos, preocu-

pação excessiva, insegurança e medo (ACHENBACH; EDELBROCK, 1978; BOLSONI-

SILVA; DEL PRETTE, 2003; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2003; COPLAN; FINDLAY;

NELSON, 2004; BOLSONI-SILVA et al., 2006).

Estudos longitudinais têm encontrado diferentes resultados quanto ao aumento ou

amenização de problemas emocionais e comportamentais entre a educação infantil e o ensino

fundamental (HOWES; PHILLIPSEN; PEISNER-FEINBERG 2000; WELSH et al., 2001).

Estudos apontam que alguns problemas de comportamento na infância podem ser temporários

e diminuir conforme o aumento da idade. Entretanto, outros problemas de comportamento,

quando não tratados, podem persistir ou evoluir para transtornos psiquiátricos da infância e

adolescência (PATTERSON; DEBARYSHE; RAMSEY, 1989; MARINHO, 2003; KEANE;

CALKINS, 2004; BANDEIRA et al., 2006; D’ABREU; MARTURANO, 2010).

No Brasil continuam sendo escassos os estudos longitudinais sobre trajetórias de pro-

blemas emocionais e comportamentais na infância (ANSELMI et al., 2004; BOLSONI-

SILVA; MARTURANO; FREIRIA, 2010; RODRIGUEZ et al., 2011). Um dos estudos reali-

zados pertence à Anselmi e cols. (2004). O mesmo teve como objetivo realizar um levanta-

mento dos determinantes psicossociais para problemas de comportamento em crianças pré-

escolares nascidas em 1993 na cidade de Pelotas. Os resultados mostraram que as variáveis

problemas de saúde mental materno, idade e escolaridade materna, qualidade do ambiente

familiar, número de irmãos menores e número de hospitalizações da criança, estavam associ-

ados aos problemas emocionais e comportamentais das crianças aos 4 anos de idade.

Outro estudo longitudinal foi realizado em São Luiz com objetivo de avaliar a influên-

cia de fatores perinatais e socioeconômicos sobre problemas de saúde mental em crianças.

Neste foram avaliadas crianças ao nascimento e aos 7-9 anos de idade, sendo demonstrado

que, apenas, a idade paterna (< 20 anos) associava-se a problemas de saúde mental aos 8 anos.

Crianças, filhas de mãe solteira e com baixo peso ao nascer (< 2.999 gramas), apresentavam

maior risco de terem problemas emocionais. Educação materna (> 9 anos) estava inversamen-

te associada com problemas de conduta. Meninas mostraram os menores riscos para apresen-

Page 21: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

20

tar problemas de conduta e hiperatividade. Educação materna (< 4 anos) aumentava o risco de

hiperatividade. O estudo concluiu que as condições socioeconômicas e demográficas foram

melhores preditores de problemas de saúde mental em crianças, do que o peso ao nascer e

idade gestacional (RODRIGUEZ et al., 2011).

A saúde psicológica na infância é um fator importante distal para a saúde psicológica

da idade adulta. Esforços direcionados à identificação e prevenção de problemas de saúde

mental na infância podem reduzir o impacto desses problemas na idade adulta (CLARK, RO-

DGERS, CALDWELL, POWER, STANSFELD, 2007).

Em estudo realizado por Patterson, Reid e Dishion (2002) foram identificados quatro

estágios associados à promoção de problemas emocionais e comportamentais, especialmente

os de tipo externalizante. São eles:

1- Treinamento básico: pressupõe o uso de estratégias parentais de educação pouco efi-

cazes, por exemplo, o uso de confrontos disciplinares. Prevalecem relações pais-filhos

caracterizadas por trocas coercitivas. Progressivamente a criança aprende que, ao cho-

rar/choramingar, bater e gritar consegue suprimir comportamentos aversivos de mem-

bros da família, testando de alguma maneira a eficácia dessas respostas inadequadas.

2- Reação ao ambiente social: o estágio descreve novas formas de fracasso social da cri-

ança. Pressupõe-se que a criança passa a emitir diversos comportamentos inadequados

aprendidos em casa, os quais agem como estímulos aversivos nos colegas, professores

e demais membros da sociedade. Essas relações conduzem à rejeição social da criança

que, por sua vez, poderá desenvolver outros problemas de comportamento como epi-

sódios de tristeza, comportamentos de esquiva em relação à escola, assim como acen-

tuação de dificuldades interpessoais e acadêmicas.

3- Pares desviantes e desenvolvimento de habilidades antissociais: caracterizam o estágio

problemas de comportamento e outras dificuldades decorrentes dos estágios anterio-

res, por exemplo, fracassos acadêmicos recorrentes e a rejeição dos pais, amigos e pro-

fessores poderão conduzir a criança a um envolvimento com outros grupos que sejam

imagens semelhantes a ela. Isso irá configurar um olhar negativo sobre a escola e so-

bre a autoridade dos adultos. Essa convivência provavelmente aumenta as chances de

o jovem se envolver com drogas e diferentes formas de delinquência.

4- O adulto de trajetória antissocial: são descritas possíveis consequências que, em longo

prazo, mostram como os problemas de comportamento afetam a vida adulta. Por

exemplo, dificuldade de manter o emprego, problemas de relacionamento conjugais,

problemas com álcool, drogas e a ausência de habilidades sociais.

Page 22: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

21

Em toda essa trajetória de estágios para o surgimento de problemas de comportamento

há evidências sobre fatores que podem contribuir para o desenvolvimento desses problemas,

por exemplo: estilos parentais de educação (BOLSONI-SILVA; PAIVA; BARBOSA, 2009),

problemas no funcionamento familiar (ASSIS; AVANCI; OLIVEIRA, 2009), manejo com-

portamental de professores em sala de aula (LUIZZI; ROSE, 2010), conflitos conjugais

(PESCE, 2009), idade dos pais (DURAND et al., 2011), nível socioeconômico da família

(ASSIS et al., 2009), problemas de desempenho escolar (FERREIRA; MARTURANO, 2002;

D’ABREU; MARTURANO, 2010; WEARE; NIND, 2011), dentre outros.

Observa-se na literatura que as dificuldades comportamentais precoces podem caracte-

rizar prejuízos persistentes no desenvolvimento do indivíduo em relação ao desempenho aca-

dêmico e no relacionamento com seus pares (LADD; TROOP-GORDON, 2003; KWOK;

HUGHES; LUO, 2007). De outro lado, crianças com maiores indicadores de habilidades soci-

ais na fase pré-escolar tendem ter menos problemas emocionais e comportamentais (HOWES;

PHILLIPSEN; PEISNER-FEINBERG, 2000), melhor relacionamento com seus pares

(LADD; BIRCH; BUSH, 1999; HOWES; PHILLIPSEN; PEISNER-FEINBERG, 2000) e

melhores índices de desempenho acadêmico (MALECKI; ELLIOTT, 2002).

De acordo com Roeser e Eccles (2000) problemas emocionais e comportamentais po-

dem agir como fatores preditores para o desenvolvimento de problemas de aprendizagem

(ROESER; ECCLES, 2000). Crianças com tais dificuldades apresentam comportamentos ina-

dequados frente às situações adversas tendo condutas que sugerem baixa capacidade de autor-

regulação, agressividade e comportamento de quebrar regras (MEDEIROS; LOUREIRO,

2004).

Em estudo realizado por Del Prette e Del Prette (2005) observou-se que crianças com

problemas de aprendizagem são avaliadas negativamente em termos de competências sociais

por seus pares, professores e pais. Os autores verificaram que professores apontam crianças

com problemas de aprendizagem como mais agressivas, imaturas, menos orientadas para a

tarefa, dependentes e com maiores indicadores de problemas de comportamento. Já os pais

indicam seus filhos com maiores dificuldades para iniciar e manter conversas, para trabalhar

em grupo, para desenvolver e manter amizades, para interagir com seus pares, sendo referidos

como crianças inquietas, briguentas, inibidas e sem iniciativa.

Ainda sobre problemas emocionais e comportamentais e problemas de aprendizagem,

observou-se em estudo longitudinal de Miles e Stepek (2006) que crianças com bom desem-

penho acadêmico na primeira série apresentaram maior frequência de comportamentos pró-

sociais e melhor desempenho acadêmico nos anos escolares posteriores. Já crianças com

Page 23: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

22

comportamentos agressivos apresentaram maior frequência destes comportamentos e pior

desempenho acadêmico nos anos seguintes.

Outros estudos indicam que a ocorrência de problemas de comportamento é significa-

tivamente menor em pré-escolares com repertório mais desenvolvido de indicadores de com-

petências sociais, bem como, o treino em habilidades sociais tende a reduzir a agressividade e

os indicadores de problemas emocionais e comportamentais em crianças (KEANE;

CALKINS, 2004; SUKHODOLSKY et al., 2005; D’ABREU, MARTURANO, 2010;). Outro

aspecto apresentado é que crianças socialmente habilidosas estão mais protegidas contra viti-

mização física e relacional na educação infantil, ao passo que crianças com problemas de

comportamentos são mais expostas a ambos os tipos de vitimização (GARNER; LEMERISE,

2007).

O tópico seguinte trará contribuições da literatura sobre aspectos relacionados a fato-

res associados no surgimento, manutenção e/ou melhora de problemas emocionais e compor-

tamentais.

2.3 Potenciais fatores de risco e proteção associados a problemas emocionais e compor-

tamentais na infância.

Os potenciais fatores associados a problemas de saúde mental podem ser classificados

em termos de risco e proteção. Os fatores de risco são condições ou variáveis associadas à alta

probabilidade de ocorrência de resultados indesejáveis ou efeitos adversos. Dentre tais fatores encon-

tram-se os comportamentos que podem comprometer a saúde, o bem-estar e o desempenho

social do indivíduo. Os eventos estressantes da vida, considerados como quaisquer mudanças

no ambiente que normalmente induzem a um alto grau de tensão e interferem nos padrões

normais de resposta do indivíduo, têm sido associados a uma grande variedade de problemas

de saúde física e mental (REPPOLD et al., 2002).

O fator de risco deve ser compreendido como um conceito relacional, na medida em

que se refere a um evento que pode aumentar a probabilidade de um determinado desfecho

quando comparado à mesma população não exposta ao evento (SÁ et al., 2010). O status de

evento em termos de fator de risco é condicional, pois depende de um número de condições

com que esse fator pode estar relacionado que pode modificar o curso do desfecho. Daí a exis-

tência numa mesma população de grupos vulneráveis e não vulneráveis (SÁ et al., 2010).

Estudos anteriores têm verificado evidências positivas para a condição de fatores de

risco na área de problemas de comportamento e problemas de saúde mental na infância à vio-

lência psicológica e física (CECCONELLO; ANTONI; KOLLER, 2003; MILÁN et al.,

Page 24: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

23

2006), práticas parentais negativas (O´CONNEL; BOAT; WARNER, 2009; BOLSONI-

SILVA; LOUREIRO, 2011), déficits de habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE,

2003; CIA et al., 2006), baixo nível socioeconômico da família (BRANCALHONE; FOGO;

WILLIAMS, 2004) e dificuldades escolares (MARTURANO; LOUREIRO, 2003).

O estudo de fatores de risco para problemas de comportamento e problemas de saúde

mental no desenvolvimento infantil é de extrema importância. A classificação de fatores de

risco em biológicos, psicológicos e ambientais contribui não só para a identificação dos gru-

pos vulneráveis, como também dos fatores que podem aumentar essa vulnerabilidade (FER-

RIOLLI, 2006; O’CONNEL; BOAT; WARNER, 2009).

Em contrapartida aos fatores de risco, os fatores de proteção se referem às condições

antecedentes cujo efeito é reduzir as possibilidades de resultados ou desfechos indesejáveis

produzidos pelos fatores de risco ou aumentar a probabilidade de desfechos positivos. Tais

fatores são compreendidos como condições ou variáveis que diminuem a probabilidade de o

indivíduo desenvolver comportamentos de risco, como problemas de saúde mental, ou elevar

as chances de resultados positivos, como autoestima e autonomia (KAZDIN, 1997; KRAE-

MER et al., 1997).

Alguns dos fatores de proteção que têm sido estudados no desenvolvimento de pro-

blemas de comportamento e problemas de saúde mental na infância são: o suporte social, a

participação em atividades pró-sociais (hobbies, práticas de esporte, brinquedos e jogos, brin-

cadeiras ao ar livre, leitura), e as práticas parentais positivas (COBB, 1976; COHEN; WILLS,

1985; JACKSON; WARREN, 2000; SÁ, 2010). Por exemplo, em relação às práticas parentais

educativas, Gomide (2003) aponta que as mesmas podem desenvolver tanto comportamentos

pró-sociais como antissociais, dependendo da frequência e intensidade que os pais utilizam

determinadas estratégias educativas.

Segundo O’Connel, Boat e Warner (2009) inúmeros fatores, como competências indi-

viduais, recursos da família e qualidade da educação, podem aumentar ou diminuir o risco da

criança ou adolescente desenvolver problemas de saúde mental ou problemas de comporta-

mentos relacionados, tais como uso de substâncias, violência, agressividade, dentre outros.

Para os autores, esses fatores tendem a ter um efeito cumulativo em que a criança que é ex-

posta a um maior número de fatores de risco, como doença mental parental, por exemplo, tem

maiores possibilidades de sofrer interferências negativas em seu desenvolvimento. Por outro

lado, a exposição da criança a um maior número de fatores de proteção, como práticas paren-

tais positivas, diminui a probabilidade de desfechos negativos no desenvolvimento compor-

tamental (O´CONNEL; BOAT; WARNER, 2009).

Page 25: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

24

Com base nos estudos levantados, observa-se que identificação de possíveis fatores de

risco e proteção para problemas emocionais e comportamentais na infância possibilitam o

desenvolvimento de programas de intervenção destinados à prevenção e a amenização desses

problemas (KIM-COHEN, 2007; O´CONNEL; BOAT; WARNER, 2009; BOLSONI-SILVA;

MARTURANO; FREIRIA, 2010).

O rastreamento de problemas emocionais e comportamentais demanda naturalmente

de instrumentos que apresentem indicadores psicométricos de validade minimamente adequa-

dos na população em que se deseja rastrear. No tópico seguinte será apresentado sobre os ins-

trumentos de rastreamento de problemas emocionais e comportamentais na infância e adoles-

cência.

2.4 Uso de instrumentos padronizados no rastreamento de problemas emocionais e com-

portamentais

Para realizar rastreamentos de problemas comportamentais na infância um dos siste-

mas integrados de avaliação baseado em evidências de ampla utilização internacional e nacio-

nal é o Sistema de Avaliação Empiricamente Baseado de Achenbach e Rescorla - ASEBA

(2001). Os instrumentos desse sistema podem ser utilizados em diferentes faixas etárias, a

saber, na população infantil, adolescente e adulta. Os inventários padronizados de problemas

de comportamento de crianças e adolescentes permitem avaliar indicadores de competências

nas áreas escolar e social, assim como, um amplo espectro de problemas de comportamento

externalizantes (agressividade, hiperatividade e desatenção, desafio, oposição, condutas antis-

sociais, inquietação, desobediência, teimosia, acessos de raiva, dentre outros) e internalizantes

(timidez, medos, mau humor, nervosismo, isolamento, queixas somáticas, tristeza, déficits de

interação social, dentre outros) (ASEBA, 2012).

Muitos dos inventários que compõem o ASEBA têm sido adaptados e validados em

mais de 80 idiomas. Existe um número elevado de publicações científicas sobre especialmente

o Inventário de Comportamentos para Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos (CBCL/6-

18), o Inventário de Comportamentos para Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos, Formu-

lário para Professores (TRF/6–18) e o Inventário de Auto avaliação para Adolescentes de 11 a

18 anos (YSR/11-18 anos) (ASEBA, 2012). No Brasil o uso desses inventários tem aumenta-

do de maneira expressiva (MESQUITA, 2007; ROCHA; COSTA; SILVARES, 2008; MES-

QUITA et al., 2010; SERACENI et al., 2010; BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011; LIMA,

2011; SERACENI, 2011; TEIXEIRA et al., 2011). Existe uma validação preliminar brasileira

da primeira versão do CBCL (BORDIN; MARI; CAEIRO, 1995). No Brasil ainda não há

Page 26: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

25

uma normatização e padronização para os inventários do ASEBA (ROCHA; COSTA; SIL-

VARES, 2008). Entretanto, estudos recentes apresentaram adaptação cultural do CBCL/6-18,

do TRF/6-18 e do YSR (BORDIN et. al., 2013) e indicadores psicométricos de validade para

a população brasileira (ROCHA et al., 2012).

Instrumentos padronizados são utilizados mundialmente no levantamento de proble-

mas de comportamento na infância (DUARTE; BORDIN, 2000; OLIVEIRA et al., 2005). A

vantagem de usar esse tipo de instrumento padronizado tem sido avaliada em algumas abor-

dagens psicoterápicas como é o caso da terapia analítico-comportamental e terapia cognitiva,

ambas abordagens baseadas em evidências. Por exemplo, Oliveira e colaboradores (2005)

publicaram um estudo cujo objetivo foi caracterizar as estratégias, técnicas e instrumentos

psicológicos mais conhecidos e utilizados por psicólogos de abordagem comportamental ou

cognitiva. Verificou-se que 85% dos pesquisados também realizavam avaliações quantitativas

do comportamento do cliente. Dentre estes, os objetivos apontados para o uso de instrumentos

foram: diagnóstico (80%), intervenção (66%), avaliação dos resultados (60%), avaliação da

intervenção (57%), encaminhamento (37%) e avaliação psicológica (20%). Estes resultados

confirmam a alta recorrência do uso de instrumentos por terapeutas.

2.5 Justificativa

No mundo, a prevalência de problemas de saúde mental em crianças varia de 10% a

20%, sendo os problemas emocionais e comportamentais um dos fatores potenciais associa-

dos mais importantes para transtornos psiquiátricos (HETLINGER; SIMPKINS; COMBS‑

ORME, 2000; STEWART‑BROWN, 2003; COSTELLO; EGGER; ANGOLD, 2005). No

Brasil pesquisadores atentam para a alta prevalência de crianças com transtornos mentais no

país (ANSELMI et al., 2004; FERRIOLLI; MARTURANO; PUNTEL, 2007; PAULA; DU-

ARTE; BORDIN, 2007). Alguns dos problemas emocionais e comportamentais mais estuda-

dos na infância têm sido os problemas de desafio e oposição, comportamentos disruptivos,

problemas de déficit de atenção e hiperatividade, problemas de ansiedade e problemas de de-

pressão (LANGSFORD, et al., 2001; SAWYER, et al., 2001; MELTZER, et al., 2003). Ape-

sar da elevada prevalência de problemas emocionais e comportamentais, dados da Organiza-

ção Mundial de Saúde – OMS (2001) apontam que apenas uma pequena percentagem destas

crianças e adolescentes fazem uso de serviços de saúde mental. Nos Estados Unidos é estima-

do que 21% de crianças e adolescentes dos 9 aos 17 anos apresentam uma doença mental ou

aditiva causadora de impacto relevante, no entanto, apenas um quinto destes recebem o trata-

mento adequado necessário (OMS, 2001).

Page 27: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

26

Estudos de rastreamento de problemas de comportamento, indicadores de competência

social e dificuldades escolares em instituições que oferecem desde a Educação Infantil até o

Ensino Médio, favorecem a realização de estudos nos quais os pesquisadores possam avaliar e

identificar os problemas.

Trabalhos focados no levantamento de problemas emocionais e comportamentais, ain-

da nos próprios lócus escolares, permitem que pesquisas futuras realizem o desenvolvimento

de intervenções coletivas baseadas na orientação e treino de pais e educadores. Por exemplo, a

estimulação de habilidades sociais em crianças para o estabelecimento de relações adequadas

com seus pares e adultos, treinos para resolução de problemas, seguimentos de regras e ins-

truções, manejo de contingências, dentre outras (SILVARES, 2000; REID; WEBSTER-

STRATTON; BEAUCHAINE, 2001; ROSA et al., 2001; BOLSONI-SILVA, MARTURA-

NO; FREIRIA, 2010).

A problemática deste projeto está inserida em uma das linhas de pesquisa do Grupo de

Pesquisa de Estudos em Psicodiagnóstico e Intervenção em Distúrbios do Desenvolvimento

(GEPID) junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Este grupo pertence ao Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento

(PPDD) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e seus integrantes vêm desenvolvendo

estudos na linha de avaliação e intervenção comportamental no desenvolvimento típico e atí-

pico (MESQUITA, 2007; MESQUITA et al., 2010; PAULA; MIRANDA; BORDIN, 2010;

SERACENI et al., 2010; LIMA, 2011; SERACENI, 2011).

O presente estudo foi executado em escolas com crianças nas fases iniciais do proces-

so educacional (Ensino Fundamental I). Espera-se que a pesquisa, tenha outros desdobramen-

tos, além de identificar problemas emocionais e comportamentais, dificuldades acadêmicas,

indicadores de competência social nos escolares envolvidos e uso de serviços. A saber, a rea-

lização de estudos futuros com a finalidade de desenvolver avaliações exaustivas e seguimen-

to nos casos em que se verifiquem problemas emocionais e comportamentais; orientações de

pais e equipes educacionais sobre estratégias de prevenção e intervenção de problemas emo-

cionais e comportamentais; a realização de estudos longitudinais, dentre outros.

Page 28: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

27

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Identificar em escolares de escolas públicas e privada problemas emocionais e com-

portamentais e fatores potenciais de risco e proteção associados aos mesmos.

3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos serão:

Identificar e comparar taxas de problemas emocionais e comportamentais entre alunos

de escolas pública e privada;

Identificar e comparar taxas de competências sociais e de realização de atividades en-

tre os alunos de ambas as escolas;

Verificar e comparar indicadores de desempenho escolar desses alunos mediante re-

gistro de médias acadêmicas de português e matemática;

Verificar potenciais fatores potenciais de risco e proteção associados a problemas

emocionais e comportamentais desses alunos;

Verificar e comparar o uso de serviços educacionais e de saúde entre os alunos.

Page 29: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

28

4. MÉTODO

4.1 Amostra

Baseado nos objetivos propostos a amostra seguiu critérios de conveniência e foi com-

posta por 357 alunos na faixa etária de 6 a 12 anos de escolas públicas e privada e seus res-

pectivos pais. Os critérios de inclusão das crianças na amostra foram: a) estar regularmente

matriculados em escolas de Ensino Fundamental I e b) frequentar salas de aula entre o 1º e o

5º ano. Foram excluídas do estudo todas as crianças em situação de inclusão escolar sob a

condição de necessidade educacional especial (NEE). A amostra foi dividida em 176 escola-

res regularmente matriculados em três escolas públicas do Ensino Fundamental I (EF I) do

município de Barueri e 181 alunos de uma única escola particular da região central da cidade

de São Paulo. O desenho do estudo é do tipo transversal. Os dados referentes às crianças da

escola privada da cidade de São Paulo foram coletados em 2011 e correspondem ao estudo de

Sant’ana (2012) do qual a pesquisadora do presente projeto participou.

Para a execução do projeto foi realizada uma reunião com os pais, previamente agen-

dada pela coordenação de todas as escolas participantes. Os pais foram convidados a partici-

par do estudo e os objetivos deste foram apresentados. Ocorreram, ao todo, 17 reuniões, sendo

14 com cada turma do Ensino Fundamental I da escola particular e três com os pais de cada

uma das escolas públicas. No caso das reuniões com os pais da escola particular estavam pre-

sentes 235 pais, dos quais 216 concordaram em participar da pesquisa, só que no momento da

execução do estudo (coleta de dados), apenas 181 pais dos 216 participaram. No caso dos

alunos das três escolas públicas estavam regularmente matriculados no Ensino Fundamental I

dessas três escolas 1.346 alunos. No dia da reunião de pais (programada pela escola semes-

tralmente) o projeto foi apresentado para apenas 176 pais que estavam presentes nesta reuni-

ão, sendo que todos concordaram em participar da pesquisa e atendiam aos critérios de inclu-

são para participar do estudo.

Verifica-se na tabela 1 e tabela 2 que a distribuição das crianças em relação ao gênero

na escola particular foi de 52,5% sexo masculino e 47,5% sexo feminino com idade média de

8,53 e desvio padrão=1,23. Já nas escolas públicas foi de 44,3% sexo masculino e 55,7% sexo

feminino com idade média de 8,18 e desvio padrão=1,46.

Tabela 1- Distribuição de crianças participantes em relação ao gênero e tipo de escola.

Sexo Particular Pública

P-valor N % N %

Masculino 95 52,5% 78 44,3% 0,123

Feminino 86 47,5% 98 55,7%

Page 30: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

29

Tabela 2 - Distribuição de crianças em relação à idade e tipo de escola.

Idade Criança

P-valor Particular Pública

Média 8,53 8,18 0,015

Desvio Padrão 1,23 1,46

A seguir é apresentada a distribuição do número de crianças em função do ano de es-

colarização nos grupos participantes (Tabela 3). Observaram-se diferenças estatisticamente

significantes em relação a essa distribuição entre as escolas, pois no 1º ano não houve pais

escola particular que se aceitaram participar do estudo da e, no 5º ano o maior número de par-

ticipantes pertence à escola particular (24,9%) em detrimento de 13,6% participantes das es-

colas públicas.

Tabela 3 - Distribuição de crianças em relação a ano de escolarização e tipo de escola.

Escolaridade Criança Particular Pública

P-valor N % N %

1º Ano Ensino Fundamental I 0 0,0% 37 21,0% <0,001

2º Ano Ensino Fundamental I 38 21,0% 50 28,4% 0,104

3º Ano Ensino Fundamental I 47 26,0% 47 26,7% 0,874

4º Ano Ensino Fundamental I 51 28,2% 18 10,2% <0,001

5º Ano Ensino Fundamental I 45 24,9% 24 13,6% 0,007

Com relação aos informantes observa-se que a média de idade do cuidador na escola

particular foi de 40,04 e desvio padrão de 6,15 e nas escolas públicas a média foi de 34, 67 e

desvio padrão 7,56 (Tabela 4).

Tabela 4 - Distribuição de médias de idade dos informantes em função do tipo de escola das crianças participan-

tes.

Idade Cuidador informante

Particular Pública

Média 40,04 34,67

Desvio Padrão 6,15 7,56

Verificaram-se diferenças estatisticamente significantes em relação à escolaridade dos

cuidadores entre os grupos. As diferenças foram constatadas em todos os níveis de escolari-

dade verificando-se uma maior concentração de cuidadores informantes nos níveis superiores

de colegial completo até superior incompleto e completo, especialmente os da escola particu-

lar. Já os informantes das escolas públicas se distribuem em todos os níveis, mas com uma

elevada concentração de cuidadores no nível do colegial completo até superior incompleto se

comparada à distribuição entre os níveis restantes. A maior parte dos cuidadores respondentes

foi mãe ou pai biológico (96,1% dos cuidadores da escola particular e 94,9% das escolas pú-

blicas).

Page 31: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

30

Tabela 5 - Distribuição de número de cuidadores informantes em relação à escolaridade e tipo de escola.

Escolaridade Cuidador Particular Pública

P-valor N % N %

Analfabeto ou primário incompleto 0 0,0% 13 7,4% <0,001

Primário completo até ginásio incompleto 1 0,6% 21 11,9% <0,001

Ginásio completo até colegial incompleto 3 1,7% 30 17,0% <0,001

Colegial completo até superior incompleto 65 35,9% 99 56,3% <0,001

Superior completo 112 61,9% 13 7,4% <0,001

A seguir indicadores de caracterização sociodemográfica das famílias das crianças

participantes em função do tipo de moradia e classe social. Observaram-se diferenças estatis-

ticamente significantes com relação às variáveis tipo de moradia (com ou sem casa própria) e

entre as classes sociais A, C e D. No caso da classe A, uma maior concentração de famílias de

escolas particulares nesta classe e o inverso nas classes C e D (Tabela 6). Na classe B não

verificou diferença estatisticamente significante.

Tabela 6 - Distribuição e comparação de dados sociodemográficos dos respondentes participantes.

Particular Pública P-valor

N % N %

Casa Própria Não 41 22,70% 65 36,90%

0,003 Sim 140 77,30% 111 63,10%

Classificação socioeconômica familiar

Classe A 73 40,30% 0 0,00% <0,001

Classe B 90 49,70% 79 44,90% 0,36

Classe C 18 9,90% 89 50,60% <0,001

Classe D 0 0,00% 8 4,50% 0,004

4.2 Considerações éticas

Conforme a legislação brasileira para pesquisa com seres humanos foram adotados to-

dos os cuidados éticos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres

humanos sob o Processo CEP/UPM 1374/08/2011 e CAAE 0069.0.272.000-11 (Anexo A).

Pela condição faixa etária dos participantes, os responsáveis legais por eles receberam

a Carta de Informação e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme requerimen-

tos éticos de pesquisa com seres humanos. Todos os participantes tiveram o direito de desistir

ou interromper a aplicação em qualquer momento sem nenhum encargo para eles ou para o

representante legal. As informações foram analisadas em conjunto, não sendo divulgada a

identificação de nenhum participante. Foram realizadas palestras psicoeducativas conduzidas

pela orientadora do trabalho, com formação em Psicologia, sobre estratégias parentais de edu-

cação na qual foram convidados todos os pais de crianças matriculadas no ensino fundamental

I das escolas, independentemente de sua participação no estudo.

Page 32: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

31

4.3 Instrumentos de coleta de dados

a) Questionário para caracterização sociodemográfica e uso de serviços de saúde

O questionário foi respondido pelos pais e teve como finalidade acessar indicadores

de caracterização sociodemográfica (classificação socioeconômica familiar, nível de

escolaridade do informante e tipo de moradia) da amostra, assim como, uso de serviços

educacionais e de saúde das crianças participantes (atendimentos especializados, como por

exemplo, neurologista, psiquiatra, psicólogo e pedagogo) em relação aos últimos seis meses

(Anexo B).

b) Inventário de Comportamentos para Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos

(CBCL/6-18).

O CBCL/6-18 é um instrumento baseado em evidências cujo preenchimento é

realizado pelos pais e/ou cuidadores. Os informantes respondem aos itens de avaliação

comportamental da criança avaliada com base nos últimos seis meses. As instruções do

inventário estabelecem que os itens sejam preenchidos atribuindo 0 - se o mesmo não é

verdadeiro para a criança ou adolescente, 1 - se o item é um pouco verdadeiro ou às vezes

verdadeiro e, 2 - se o item é muito verdadeiro ou frequentemente verdadeiro

(ACHENBACH; RESCORLA, 2001). O CBCL/6-18 oferece indicadores de competências

nas escalas de realização de atividades, desempenho escolar e socialização. Nas perguntas

relacionadas a competências para realização de atividades e socialização o cuidador avalia a

criança ou adolescente em termos de tempo dedicado a essas atividades e qualidade de

desempenho em comparação com pares da mesma idade. Os itens que compõem a escala de

realização de atividades são: número e tipo de esportes, brincadeiras, passatempos, número

de organizações e/ou clubes que frequenta e tarefas da vida cotidiana realizadas pela criança

ou adolescente. Os itens da escala de competências sociais são: número de amigos, número

de vezes que se encontra com os amigos fora da escola, qualidade das interações sociais com

pares, irmãos e pais. As perguntas que avaliam o desempenho escolar verificam se as

habilidades nas matérias escolares são percebidas como melhor, igual, pior ou abaixo da

média exigida pela escola. Os problemas de comportamento do inventário são agrupados

também em escalas. São elas as escalas das síndromes compostas por isolamento/depressão,

ansiedade/depressão, queixas somáticas, problemas de sociabilidade, problemas com o

pensamento, problemas de atenção, isolamento e depressão, violação de regras e

comportamento agressivo. As escalas orientadas pelo DSM são problemas afetivos,

problemas de ansiedade, problemas somáticos, problemas de déficit de atenção e

Page 33: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

32

hiperatividade, problemas de oposição e desafio, problemas de conduta. A padronização do

instrumento também oferece problemas de comportamento da escala de problemas

internalizantes (isolamento/depressão, ansiedade/depressão, queixas somáticas), escala de

problemas externalizantes (violação de regras e comportamento agressivo) e escala total de

problemas emocionais e comportamentais. Para todas as escalas do inventário o CBCL/6-18

oferece pontos de corte a partir de escores T podendo classifica-las em clínica, limítrofe ou

normal. Para as escalas de competências de realização de atividades, desempenho escolar,

socialização e prática de esportes as classificações são: normal (escores T acima de 35);

limítrofe (escores T entre 30 e 35) e clínico (escores T ≤ 29). Para as escalas que avaliam

problemas de comportamento a padronização do instrumento permite classificar os escores

T padronizados em normal (escores abaixo de 65), limítrofe (escores entre 65 e 69) e clínico

(escores≥ 70) (ACHENBACH; RESCORLA, 2001; ROCHA et al., 2012; BORDIN et al.;

2013).

c) Registro de desempenho acadêmico dos participantes mediante identificação de

média escolar anual nas disciplinas de português e matemática.

O levantamento das médias escolares referentes ao período da realização da pesquisa

foi disponibilizado pelas secretarias das escolas participantes.

4.4 Procedimentos de coleta de dados

Os procedimentos de coleta de dados serão apresentados de acordo com duas fases de

execução do projeto de pesquisa. Fase 1: Em reunião previamente agendada pela coordenação

das escolas foi realizada a apresentação e convite aos pais para participarem do projeto de

pesquisa. Após aceitação procedeu-se com a aplicação dos instrumentos de coleta de dados

em situação coletiva em grupos de 30 pais. Os pais foram acomodados em salas de aula das

escolas participantes para responderem aos instrumentos de coletas de dados (CBCL/6-18 e

questionário para caracterização sociodemográfica e uso de serviços de saúde), sendo acom-

panhados por no mínimo três aplicadores treinados em cada sala. Os aplicadores eram respon-

sáveis pela apresentação e leitura coletiva das instruções dos instrumentos, bem como, res-

ponder às dúvidas e acompanhar os respondentes com dificuldades de compreensão, apenas

lendo os itens tal e como constavam no CBCL/6-18. Fase 2: Foi realizado o levantamento do

registro das médias de desempenho acadêmico nas secretarias das escolas dos participantes.

Page 34: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

33

4.5 Procedimentos de análise de dados

Com o auxílio do programa Assessment Data Manager 7.2 (ADM) os escores brutos

do inventário CBCL/6-18 foram convertidos em escores T para a identificação e classificação

dos problemas emocionais e comportamentais e indicadores de competências sociais e escola-

res dos participantes nas faixas de normalidade, limítrofe e clínica. De acordo com recomen-

dação de outros estudos (ACHENBACH; RESCORLA, 2001; SANTOS; SILVARES, 2006)

nas análises estatísticas das escalas do CBCL/6-18, a faixa limítrofe foi agrupada à faixa clí-

nica para que se minimizasse a ocorrência de crianças classificadas como não clínicas pelo

perfil do inventário.

Todos os dados coletados foram organizados em um banco com o auxílio do programa

SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 19.0. Inicialmente foram conduzi-

das análises descritivas mediante uso de tabelas de frequências simples, tabelas cruzadas. Fo-

ram conduzidas análises de variância (ANOVA) para comparação de médias de escores bru-

tos das escalas do CBCL/6-18 entre os grupos. Também foram realizadas análises de correla-

ção para verificação de possíveis associações entre variáveis de caracterização da amostra

(sexo, idade da criança, idade do informante e notas acadêmicas) om os escores brutos de

problemas emocionais e comportamentais, indicadores de competências sociais e escolares,

assim como os indicadores de caracterização sociodemográfica e o uso de serviços educacio-

nais e de saúde.

Posteriormente, com auxílio de uma técnica de regressão logística, foi gerado um mo-

delo para determinar a probabilidade ou desfecho de uma criança ser classificada como limí-

trofe ou clínica nas escalas de problemas de comportamento externalizantes, internalizantes e

totais do CBCL/6-18 a partir dos seguintes fatores na condição de variáveis preditoras: gênero

da criança, idade da criança, tipo de escola, idade do cuidador informante, classificação socio-

econômica familiar, médias em matemática e português e escores brutos das escalas de com-

petências para realização de atividades, socialização e desempenho escolar do CBCL/6-18.

Em todas as análises estatísticas o valor de p assumido foi ≤0,05.

Page 35: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

34

5. RESULTADOS

Seguidamente a descrição dos resultados obtidos. A tabela 7 apresenta a média e des-

vio padrão das variáveis de desempenho acadêmico (nota) em matemática e português. Veri-

fica-se que as médias acadêmicas nos grupos foram satisfatórias, considerando-se que a média

para aprovação estabelecida pela escola particular é de 6 pontos e nas escolas públicas é 5

pontos.

Tabela 7 - Média e desvio padrão de notas nas disciplinas de matemática e português dos grupos de crianças das

escolas particular e pública.

Desempenho Acadêmico Matemática Português

Particular (n=181) Pública (n-176) Particular (n=181) Pública (n-176)

Média 7,92 7,34 7,92 7,53

Desvio Padrão 1,34 1,48 1,19 1,49

A distribuição do número de alunos e porcentagem em função das notas acima e abai-

xo da média de aprovação exigida por cada escola nas disciplinas de matemática e português

pode ser verificada na tabela 8. A média estabelecida para ponto de corte entre aprovado e

reprovado da escola particular é 6 pontos. Nas escolas públicas, a média é 5 pontos. Observa-

se em ambas as escolas que os rendimentos obtidos pelos alunos apresenta-se quase que pre-

dominantemente acima da média exigida pelas escolas.

Tabela 8 - Distribuição de frequência de alunos de acordo com o desempenho acadêmico em cada tipo de escola.

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

** De 176 participantes a escola apenas disponibilizou as notas para 169 crianças.

Foi conduzido um teste ANOVA para comparar indicadores de competências para

socialização, realização de atividades e desempenho escolar, conforme relato dos cuidadores

no CBCL/6-18 de ambos os grupos (Tabela 9). Para isso os grupos foram divididos em duas

faixas etárias (6-9 anos e 10-12 anos). Deve ser observado que, no caso das escalas de com-

petências do CBCL/6-18, a padronização do instrumento estabelece que escores brutos maio-

res indicam competências mais preservadas e vice versa. Esse indicador é diferente das esca-

las de problemas de comportamento (escalas das síndromes, escalas orientadas pelo DSM e

escalas de internalização, externalização e totais), nas quais escores brutos maiores indicam

Desempenho Matemática Português

N % N %

Escola

Particular

(N=181)

Menos de 6 15 8,3% 11 6,1%

Maior de 6 166 91,7% 170 93,9%

Escola

Pública

(N=169**)

Menos de 5 6 3,6% 6 3,6%

Maior de 5 163 96,4% 163 93,9%

Page 36: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

35

maior número de problemas emocionais e comportamentais e vice versa. Observa-se na tabela

9 que o único indicador de competência com diferenças estatisticamente significantes foi o

desempenho escolar (p=0,03) em que os cuidadores dos alunos de 6 a 9 anos de escolas públi-

cas reconhecem menos problemas de desempenho escolar nos filhos (escore bruto médio=

4,82) que os cuidadores dos alunos da escola particular na mesma faixa etária (escore bruto

médio= 4,54). Na escala de socialização o valor de p indicou apenas uma tendência à signifi-

cância estatística entre os grupos quando a faixa etária estava entre 10 e 12 anos. As médias

restantes, além de não mostrarem diferenças estatisticamente significantes apresentaram valo-

res semelhantes com exceção de uma leve diferença entre as médias dos escores brutos da

escala de socialização. Nessa escala os cuidadores dos alunos de escolas públicas percebem

mais dificuldades quando comparados aos cuidadores do outro grupo.

Tabela 9 - Comparação dos escores brutos obtidos nas escalas de competências do CBCL/6-18 em função da

faixa etária dos grupos.

CBCL/6-18 Faixa Etária de 6 a 9 anos Faixa Etária de 10 a 12 anos

Média DP P-valor Média DP P-valor

Realização de Atividades

Escola Particular

(N=181) 8,5 3,11

0,87

8,33 3,23

0,813 Pública

(N=176) 8,44 2,77 8,15 3,03

Socialização

Escola Particular

(N=181) 7,33 2,23

0,20

8,17 2,19

0,083 Pública

(N=176) 7,02 1,92 7,16 2,68

Desempenho Escolar

Escola Particular

(N=181) 4,54 1,15

0,03*

4,66 1,22

0,82 Pública

(N=176) 4,82 1,05 4,6 1,17

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

Na tabela 10 pode ser observada a distribuição de alunos de ambas as escolas em fun-

ção das faixas de classificação normal e limítrofe/clínica das escalas de competências do

CBCL/6-18. Observa-se que na escola particular há um maior número de cuidadores que clas-

sificam a escala de desempenho escolar (em que são verificadas se as habilidades nas matérias

escolares como melhor, igual, pior ou abaixo da média exigida pela escola) como limítro-

fe/clínico (16% dos alunos).

Page 37: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

36

Tabela 10 - Distribuição de alunos nas classificações normal e limítrofe/clínico das escalas de competências do

CBCL/6-18.

Classificação Normal Classificação Limítrofe/Clínico

Particular (n=181) Pública (n-176)

Particular (n=181) Pública (n-176)

N % N % N % N %

Esc

ala

s d

e

Co

mp

etên

cia

s

Realização de Atividades 113 62,40% 105 59,7% 68 37,60% 71 40,3%

Socialização 153 84,50% 149 84,7% 28 15,50% 27 15,3%

Desempenho Escolar 151 83,40% 156 88,6% 29 16,00% 20 11,4%

Os dados das tabelas 11 e 12, seguidamente, mostram indicadores de defasagens entre

idade cronológica e ano de escolarização com indicadores de competências de socialização e

desempenho escolar (mediante a classificação normal e limítrofe/clínica das escalas de socia-

lização e desempenho escolar do CBCL/6-18). Para poder comparar esses dados foram exclu-

ídos destas tabelas os dados dos alunos da escola pública referentes ao 1º ano já que da escola

particular não fez parte da amostra de crianças nenhum aluno matriculado no 1º ano. Em am-

bas as tabelas 11 e 12 observa-se que na medida que aumenta o ano de escolarização a defa-

sagem entre idade cronológica e escolaridade também apresenta discretos aumentos mostran-

do defasagem entre a escolaridade e a idade cronológica (em alguns casos em até 1 ano ou 2

anos, por exemplo, crianças com 11 e 12 anos no 5º ano do EF I), sendo predominantemente

em alunos das escolas públicas. Ao mesmo tempo nesses alunos os pais informantes perce-

bem maiores números de problemas em termos de competências de socialização (Tabela 11)

seguido pelo desempenho escolar (Tabela 12). Essa percepção contribui para que existam

mais crianças nas faixas limítrofe/clínica de acordo com a classificação do CBCL/6-18.

Tabela 11 - Distribuição de alunos nas classificações normal, limítrofe e clínico das escalas de competências em

socialização do CBCL/6-18 em função da idade cronológica e ano de escolarização da criança.

Escolaridade da Criança Idade da criança

6 7 8 9 10 11 12 Total

Escala de competência

de Socialização

2º Ano

Normal Particular 4 20 5

29

Pública

0

Limítrofe/clínico Particular 3 5 1

9

Pública

18 28 2 2

50

3º Ano Normal Particular

9 24 6

39

Pública

0 1

1

Page 38: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

37

Limítrofe/clínico Particular

2 6 0

8

Pública

27 19

46

4º Ano

Normal Particular

3 38 1 1

43

Pública

0

Limítrofe/clínico Particular

1 5 1 1

8

Pública

1 10 6 1

18

5º Ano

Normal Particular

7 32 2 1 40

Pública

0 1 1 0 2

Limítrofe/clínico Particular

1 1 1 0 3

Pública

2 6 13 1 22

Tabela 12 - Distribuição de alunos nas classificações normal, limítrofe e clínico das escalas de competências em

socialização do CBCL/6-18 em função da idade cronológica e ano de escolarização da criança.

Escolaridade da Criança Idade da Criança

6 7 8 9 10 11 12 Total

Escala de compe-

tência de Desem-

penho Escolar

2º Ano

Normal Particular 6 22 4

32

Pública

3 0 0 1

4

Limítrofe/clínico Particular 1 3 2

6

Pública

15 28 2 1

46

3º Ano

Normal Particular

10 27 3

40

Pública

1 0

1

Limítrofe/clínico Particular

1 3 3

7

Pública

26 20

46

4º Ano

Normal Particular

4 36 2 1

43

Pública

1 0 1 1

3

Limítrofe/clínico Particular

0 7 0 1

8

Pública

0 10 5 0

15

5º Ano

Normal Particular

7 28 1 0 36

Pública

0

Limítrofe/clínico Particular

0

Pública

2 7 14 1 24

Nos dados apresentados na tabela 13 foi utilizado o teste ANOVA para comparar os

grupos em relação às médias de escores brutos obtidos nas escalas de problemas de compor-

tamento do CBCL/6-18, sendo dividida a amostra em duas faixas etárias (6-9 anos e 10-12

anos). Na faixa etária de 6 a 9 anos foram verificadas diferenças estatisticamente significantes

entre as escolas nas seguintes escalas: ansiedade e depressão, isolamento e depressão, pro-

blemas de sociabilidade, violação de regras, comportamento agressivo, problemas internali-

zantes, problemas externalizantes e total de problemas emocionais e comportamentais. De

acordo com o relato dos informantes em todas essas escalas as médias de problemas emocio-

nais e comportamentais foram superiores nos alunos das escolas públicas. Não foram verifi-

Page 39: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

38

cadas diferenças estatisticamente significantes entre as médias dos escores brutos dessas esca-

las entre os grupos na faixa etária de 10 a 12 anos. Apenas foi observada uma tendência à sig-

nificância estatística nas escalas de violação de regras e de problemas de comportamento ex-

ternalizantes, também em maior número nos alunos de escolas públicas.

Tabela 13 - Comparação dos escores brutos obtidos nas escalas de problemas de comportamento do CBCL/6-18

em função da faixa etária dos grupos.

CBCL/6-18 Faixa Etária de 6 a 9 anos Faixa Etária de 10 a 12 anos

Média DP P-valor Média DP P-valor

Ansiedade e Depressão Particular 5,14 3,61

0,00* 4,85 4,56

0,36 Pública 6,34 3,95 5,87 4,9

Isolamento e Depressão Particular 1,48 2,07

0,00* 1,61 2,18

0,10 Pública 2,12 2,01 2,52 2,49

Queixas Somáticas Particular 2,04 2,31

0,28 2,05 2,81

0,40 Pública 2,32 2,27 2,61 2,82

Problemas de Sociabilidade Particular 2,53 2,65

<0,00* 2,78 2,89

0,82 Pública 3,82 2,94 2,94 3,13

Problemas com Pensamento Particular 2,27 2,54

0,62 1,95 2,4

0,63 Pública 2,13 2,25 2,32 4,21

Problemas de Atenção Particular 4,32 3,54

0,23 4,12 3,93

0,42 Pública 4,86 4,07 4,97 4,95

Violação Regras Particular 1,34 1,48

<0,00* 1,27 1,73

0,07 Pública 2,06 1,75 2,45 3,74

Comportamento Agressivo Particular 5,3 5,14

0,00* 4,56 5,01

0,09 Pública 7,47 6,25 7 7,04

Problemas Internalizantes Particular 8,66 6,6

0,00* 8,51 8,77

0,23 Pública 10,79 6,55 11 8,54

Problemas Externalizantes Particular 6,64 6,15

<0,00* 5,83 6,35

0,07 Pública 9,53 7,51 9,45 10,32

Total de Problemas Emocionais e

Comportamentais

Particular 28,67 19,22 0,00*

26,9 24,47 0,25

Pública 36,03 21,32 34,52 31,54

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

Para tabela 14 também foi utilizado o teste ANOVA comparando os grupos em rela-

ção às médias de escores brutos obtidos nas escalas de problemas de comportamento do

CBCL/6-18 em função do gênero do grupo de participantes. Observa-se no gênero masculino

que foram verificadas diferenças estatisticamente significantes entre as escolas nas seguintes

escalas: ansiedade e depressão, isolamento e depressão, queixas somáticas, problemas de so-

ciabilidade, violação de regras, comportamento agressivo, problemas internalizantes, proble-

mas externalizantes e total de problemas emocionais e comportamentais. De acordo com o

relato dos informantes em todas essas escalas as médias de problemas emocionais e compor-

tamentais foram superiores nos alunos das escolas públicas. Nos participantes do gênero fe-

Page 40: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

39

minino, observam-se diferenças estatisticamente significantes entre as escolas apenas nas es-

calas violação de regras e problemas externalizantes. Sendo que, os problemas emocionais e

comportamentais mostram-se predominantemente em meninas de escolas públicas. Contudo,

nesses participantes também foi apresentada tendências estatisticamente significativas nas

escalas isolamento e depressão, problemas com pensamento e comportamento agressivo. Os

dados indicam que apenas na escala de problemas com pensamento os cuidadores identifica-

ram mais problemas emocionais e comportamentais nas meninas da escola particular.

Tabela 14 - Comparação dos escores brutos obtidos nas escalas de problemas de comportamento do CBCL/6-18

em função do gênero dos grupos.

CBCL/6-18 Feminino Masculino

Média DP P-valor Média DP P-valor

Realização de Atividades Particular 8,45 3,12

0,89 8,47 3,16

0,86 Pública 8,4 2,8 8,39 2,85

Socialização Particular 7,22 2,1

0,2 7,79 2,34

0,16 Pública 6,83 2 7,31 2,13

Desempenho Escolar Particular 4,68 1,1

0,11 4,47 1,21

0,48 Pública 4,93 1,07 4,6 1,04

Ansiedade e Depressão Particular 5,86 4,35

0,68 4,37 3,16

<0,00* Pública 6,11 4 6,44 4,29

Isolamento e Depressão Particular 1,51 2,21

0,08 1,51 1,99

0,00* Pública 2,05 2,01 2,37 2,21

Queixas Somáticas Particular 2,74 2,96

0,46 1,4 1,56

0,00* Pública 2,45 2,42 2,28 2,31

Problemas de Sociabilidade Particular 2,81 2,91

0,15 2,38 2,49

<0,00* Pública 3,43 2,84 3,96 3,15

Problemas com Pensamento Particular 2,36 2,41

0,08 2,05 2,6

0,16 Pública 1,77 2,16 2,67 3,17

Problemas de Atenção Particular 3,7 3,55

0,33 4,8 3,62

0,15 Pública 4,23 3,86 5,69 4,54

Violação Regras Particular 1,36 1,59

0,03* 1,28 1,5

<0,00* Pública 1,92 1,91 2,4 2,55

Comportamento Agressivo Particular 4,99 4,93

0,07 5,26 5,29

<0,00* Pública 6,4 5,52 8,63 7,17

Problemas Internalizantes Particular 10,12 8,39

0,65 7,27 5,44

<0,00* Pública 10,61 6,73 11,09 7,18

Problemas Externalizantes Particular 6,35 6,2

0,04* 6,55 6,21

<0,00* Pública 8,32 6,82 11,03 9,18

Total de Problemas Emocionais e Comporta-

mentais

Particular 29,52 23,25 0,285

27,14 17,62 <0,00*

Pública 32,97 20,31 39,28 26,39

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

Na tabela 15 observa-se a distribuição de alunos de ambas as escolas em função das

faixas de classificação normal e limítrofe/clínica das escalas de problemas de comportamento

Page 41: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

40

do CBCL/6-18. Nas escalas de problemas de externalização e internalização os percentuais de

alunos cujos pais percebem dificuldades são semelhantes entre as duas escolas. Verifica-se

também nesta tabela 15 que, de 22 a 26 % dos alunos de ambas as escolas, se concentram na

faixa limítrofe/clínica na escala total de problemas emocionais e comportamentais.

Tabela 15 - Distribuição de alunos nas classificações normal e limítrofe/clínico das escalas de problemas de

comportamento do CBCL/6-18.

Classificação Normal Classificação Limítrofe/Clínico

Particular (n=181) Pública (n-176)

Particular (n=181) Pública (n-176)

N % N % N % N %

Isolamento e Depressão 164 90,60% 147 83,50% 17 9,40% 29 16,50%

Queixas Somáticas 157 86,70% 149 84,70% 24 13,30% 27 15,30%

Problemas de Sociabilidade 166 91,70% 154 87,50% 15 8,30% 22 12,50%

Problemas com Pensamento 157 86,70% 158 89,80% 24 13,30% 18 10,20%

Problemas de Atenção 159 87,80% 147 83,50% 22 12,20% 29 16,50%

Violação Regras 175 96,70% 164 93,20% 6 3,30% 12 6,80%

Comportamento Agressivo 161 89,00% 143 81,30% 20 11,00% 33 18,80%

Problemas Internalizantes 112 61,90% 122 69,30% 69 38,10% 54 30,70%

Problemas Externalizantes 153 84,50% 148 84,10% 28 15,50% 27 15,30%

Total de Problemas

Emocionais e

Comportamentais

134 74,00% 136 77,30% 47 26,00% 40 22,70%

Na tabela 16 são apresentados os resultados da análise de correlação mediante uso do

coeficiente de Pearson. A análise foi conduzida para verificar possíveis associações entre as

variáveis de problemas de comportamento e os indicadores de competências do CBCL/6-18.

Observa-se na tabela 16 que, embora sejam correlações estatisticamente significantes, nas

seguintes variáveis os valores absolutos dos coeficientes indicam associações em nível baixo.

Por exemplo: a) ansiedade e depressão e competências de socialização; b) ansiedade e depres-

são e desempenho escolar; c) Isolamento e depressão e realização de atividades e outras. Em-

bora o valor absoluto do coeficiente indicasse uma correlação baixa estatisticamente signifi-

cante, a melhor correlação foi observada entre a escala de problemas de atenção e a escala de

competências de desempenho escolar (r = –0,58). Nesse caso indicando que quanto maiores

são as dificuldades em habilidades de atenção menores são os indicadores de desempenho

escolar do aluno de acordo com o cuidador (Tabela 16). Há de ser destacado que, embora as

correlações encontradas não tenham sido boas, quando as mesmas foram estatisticamente sig-

nificantes estas foram em relação aos indicadores de competências de desempenho escolar e

socialização entre vários problemas de comportamento. Já os indicadores de competências

Page 42: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

41

para realização de atividades apenas correlacionaram com os itens de problemas de compor-

tamento de uma única escala que foi a de isolamento e depressão.

Tabela 16 - Correlações entre os escores brutos das escalas de problemas de comportamento e as escalas de

competências do CBCL/6-18.

CBCL/6-18 Realização de

Atividades Socialização

Desempenho

Escolar

Ansiedade e Depressão Corr -0,03 -0,13 -0,18

P-valor 0,96 0,012* 0,001*

Isolamento e Depressão Corr -0,12 -0,21 -0,11

P-valor 0,024* <0,001* 0,024*

Queixas Somáticas Corr 0,09 -0,12 -0,06

P-valor 0,085 0,023* 0,22

Problemas de Sociabilidade Corr -0,02 -0,24 -0,29

P-valor 0,976 <0,001* <0,001*

Problemas com Pensamento Corr -0,02 -0,17 -0,22

P-valor 0,691 0,001* <0,001*

Problemas de Atenção Corr -0,09 -0,15 -0,58

P-valor 0,084 0,003* <0,001*

Violação Regras Corr -0,23 -0,17 -0,32

P-valor 0,667 0,001* <0,001*

Comportamento Agressivo Corr 0,03 -0,15 -0,29

P-valor 0,513 0,003* <0,001*

Problemas Internalizantes Corr -0,06 -0,18 -0,15

P-valor 0,904 0,001* 0,003*

Problemas Externalizantes Corr 0,02 -0,17 -0,32

P-valor 0,682 0,001* <0,001*

Total de Problemas Emocionais e

Comportamentais

Corr -0,09 -0,21 -0,36

P-valor 0,872 <0,001* <0,001*

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

Na tabela 17 foram conduzidas outras análises de correlação mediante utilização do

coeficiente de Pearson para validar possíveis associações entre indicadores de competências

para realização de atividades, socialização e desempenho escolar de acordo com a percepção

do informante e as seguintes variáveis: idade da criança, idade do cuidador informante e notas

de matemática e português. Observa-se que as melhores associações com significância estatís-

tica foram encontradas entre a percepção dos informantes sobre o desempenho escolar do fi-

lho(a) e as notas médias obtidas pelas crianças nas matérias de matemática e português. Nesse

caso foram coeficientes positivos indicando que na medida em que os informantes avaliam

Page 43: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

42

adequadamente o desempenho da criança, melhores são as notas que ela apresenta também e

vice versa.

Tabela 17 - Correlação entre os indicadores de competências do CBCL/6-18 e as variáreis idade da criança,

idade do cuidador e notas sobre o desempenho em matemática e português.

CBCL/6-18 Idade Criança Idade Cuidador Matemática Português

Realização de Atividades Corr 0,26 -0,12 0,16 0,15

P-valor 0,631 0,01* 0,00* 0,00*

Socialização Corr 0,13 0,79 0,14 0,11

P-valor 0,011 0,137 0,008 0,039

Desempenho Escolar Corr -0,03 0,05 0,51 0,52

P-valor 0,955 0,333 <0,00* <0,00*

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

Apresenta-se na tabela 18 as análises de correlação de Pearson que validaram possí-

veis associações entre os problemas de comportamento avaliados nas escalas do CBCL/6-18 e

as seguintes variáveis: idade da criança, idade do cuidador informante e notas nas disciplinas

de matemática e português. As melhores associações com significância estatística foram entre

as escalas de problemas de atenção e violação de regras e as notas de matemática e português.

São correlações baixas ou regulares, ambas de r=-0,39. Os coeficientes negativos indicam que

na medida em que os informantes percebem maiores números de problemas de comportamen-

to nessas duas escalas, menor é o aproveitamento escolar dos filhos a partir das notas em ma-

temática e português. Outros coeficientes de correlação negativos e baixos, porém com signi-

ficância estatística, foram verificados entre a idade do informante e escalas de problemas de

comportamento identificados pelo mesmo ao responder o CBCL/6-18.

Tabela 18 - Correlação entre os indicadores de problemas de comportamento do CBCL/6-18 e as variáreis idade

da criança, idade do cuidador e notas sobre o desempenho em matemática e português.

CBCL/6-18 Idade Criança Idade Cuidador Matemática Português

Ansiedade e Depressão Corr -0,12* -0,13* -0,14* -0,10*

Isolamento e Depressão Corr -0,02 -0,06 -0,15* -0,10

Queixas Somáticas Corr -0,04 -0,13* 0,08 0,05*

Problemas de Sociabilidade Corr -0,13* -0,15* -0,18* -0,18*

Problemas com Pensamento Corr -0,09 -0,09 -0,11* -0,08

Problemas de Atenção Corr -0,08 -0,12* -0,39* -0,39*

Violação Regras Corr -0,03 -0,19* -0,27* -0,27*

Comportamento Agressivo Corr -0,14* -0,19* -0,16* -0,19*

Problemas Internalizantes Corr -0,08 -0,14* -0,15* -0,11

Problemas Externalizantes Corr -0,12* -0,20* -0,20* -0,23*

Total de Problemas Emoci-

onais e Comportamentais Corr -0,13* -0,19* -0,24* -0,23*

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

Page 44: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

43

Na figura 1 apresenta-se a distribuição em percentual em relação ao uso de serviços

educacionais e de saúde dos participantes nas duas escolas. Dentre os serviços mais usados

está o atendimento psicológico (escola particular=14,9%; escola pública=5,1%) e os serviços

pedagógicos (escola particular=12,5%; escola pública=6,8%).

Figura 1- Percentual de alunos que usam serviços educacionais e de saúde em função do tipo de escola.

Na tabela 19 é apresentada a distribuição do número de crianças que obtiveram classi-

ficação normal e limítrofe/clínico na escala total de problemas emocionais e comportamentais

do CBCL/6-18 em função do uso de serviços educacionais e de saúde. Os dados percentuais

mostram em ambas os grupos que as crianças que apresentam dificuldades emocionais e com-

portamentais (classificação clínica ou limítrofe) fazem maior uso de serviços de saúde e edu-

cacionais quando comparadas ao grupo que classificou normal na escala total de problemas

emocionais e comportamentais do CBCL/6-18. De outro lado, os serviços de psicologia e de

pedagogia são usados também por crianças classificadas como normal nesta escala do CBCL.

Tabela 19 - Uso de serviços de saúde educacional e mental em função da classificação normal e limítrofe/clínica

na escala total de problemas emocionais e comportamentais do CBCL/6-18.

Uso de Serviços de Saúde mental

CBCL/6-18

Escola Particular Escola Pública

Normal Limítrofe/Clínico Normal Limítrofe/Clínico

1. A criança foi atendida por

Psiquiatra nos últimos 6 meses?

Não 132 (73,74%) 44 (24,58%) 133 (75,56%) 40 (22,73%)

Sim 0 (0%) 3 (1,67%) 3 (1,7%) 0 (0%)

2. A criança foi atendida em

serviço de Saúde Mental nos

últimos 6 meses?

Não 132 (74,15%) 45 (25,28%) 135 (76,70%) 40 (22,72%)

Sim 0 (0%) 1 (0,56%) 1 (0,56%) 0 (0%)

3. A criança foi atendida por

Psicólogo nos últimos 6 meses?

Não 120 (66,29%) 34 (18,78%) 131 (74,43%) 36 (20,45%)

Sim 14 (7,73%) 13 (7,18%) 5 (2,84%) 4 (2,27%)

4. A criança foi atendida por

Neurologista nos últimos 6 me-

ses?

Não 125 (69,06%) 47 (25,96%) 132 (75%) 38 (21,59%)

Sim 7 (3,91%) 0 (0%) 4 (2,27%) 2 (1,13%)

5. A criança foi atendida por

Pedagogo nos últimos 6 meses?

Não 118 (67,04%) 36 (20,45%) 127 (72,15%) 37 (21,02%)

Sim 14 (7,95%) 8 (4,54%) 9 (5,11) 3 (1,7%)

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

Psiquiátrico Serviços deSaúde Mental

Psicológico Neurológico Pedagógico

Particular

Pública

Page 45: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

44

Finalmente foi realizada uma análise regressão logística com objetivo de gerar um

modelo de associações concomitantes entre o desfecho clínico de problemas emocionais e

comportamentais (externalizantes, internalizantes e totais) e as variáveis: idade da criança,

gênero da criança, classificação socioeconômica familiar, desempenho acadêmico (notas) nas

disciplinas de matemática e português, percepção do cuidador em relação a indicadores de

competências do filho a partir do CBCL/6-18 nas áreas de socialização (Social), competências

para realização de atividades (Atividades) e competências de desempenho escolar (Escola). A

análise de regressão foi conduzida nos participantes das escolas separadamente e em todos

conjuntamente. Nas tabelas 20, 21 e 22.

Na tabela 20 observa-se que na amostra de participantes da escola particular a idade do

cuidador informante e a percepção que ele tem nas competências de socialização da criança se

ajustaram ao modelo em relação ao desfecho de problemas de comportamento internalizantes

(composto pelas escalas de ansiedade/depressão, isolamento/depressão e queixas somáticas do

CBCL/6-18). Na amostra de participantes da escola particular (Tabela 20), as chances de o

informante perceber problemas internalizantes no filho(a) diminuem em aproximadamente

10% conforme aumenta a idade desse informante. A mesma associação observa-se no caso

dos indicadores de competência social. Na medida em que o informante avalia positivamente

as competências sociais do filho(a) (escala de competência social do CBCL/6-18), a probabi-

lidade do cuidador perceber problemas internalizantes de comportamento na criança se reduz

em aproximadamente 20%. Na escola pública apenas a variável ‘percepção do informante

sobre competências de desempenho escolar’ mostrou uma tendência significante para explicar

os problemas internalizantes (nesse caso também com uma tendência de diminuir em aproxi-

madamente 30%) a probabilidade de perceber esses problemas no filho(a). Já o modelo gera-

do a partir da amostra total observa-se que na medida em que o informante avalia positiva-

mente as competências de desempenho escolar do filho(a) (escala de competência escolar do

CBCL/6-18), a probabilidade do cuidador perceber problemas internalizantes de comporta-

mento na criança se reduz em aproximadamente 30%.

Page 46: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

45

Tabela 20 - Modelo de regressão logística final com Odds Ratios (OR) e intervalo de confiança (IC 95%) para

descrição da associação entre fatores associados e problemas internalizantes de crianças de escola particular,

pública e na amostra total.

Problemas

Internalizantes (CBCL/6-18)

Escola Particular (n=181) Escola Pública (n=176) Amostral total (n= 357)

B P-valor OR IC (95%) B P-valor OR IC (95%) B P-valor OR IC (95%)

Sexo Criança 0,1494 0,666 1,16 0,59-2,29 -0,4953 0,163 0,61 0,3-1,22 -0,1113 0,643 0,89 0,56-1,43

Idade Criança -0,0686 0,826 0,93 0,51-1,72 -0,0414 0,887 0,96 0,54-1,7 -0,1080 0,580 0,90 0,61-1,32

Escolaridade 0,0536 0,885 1,06 0,51-2,18 -0,0152 0,964 0,98 0,51-1,9 0,0990 0,650 1,10 0,72-1,69

Idade Cuidador -0,0931 0,002* 0,91 0,86-0,97 0,0054 0,826 1,01 0,96-1,06 -0,0275 0,127 0,97 0,94-1,01

Classe Social -0,2132 0,449 0,81 0,47-1,4 0,1655 0,604 1,18 0,63-2,2 -0,1048 0,577 0,90 0,62-1,3

Matemática -0,3319 0,175 0,72 0,44-1,16 0,0656 0,796 1,07 0,65-1,76 -0,0908 0,566 0,91 0,67-1,25

Português 0,3707 0,182 1,45 0,84-2,5 -0,0122 0,962 0,99 0,6-1,63 0,1623 0,333 1,18 0,85-1,63

Atividades 0,0142 0,796 1,01 0,91-1,13 -0,0434 0,462 0,96 0,85-1,07 -0,0124 0,624 0,99 0,94-1,04

Social -0,1945 0,017* 0,82 0,7-0,97 0,1072 0,251 1,11 0,93-1,34 -0,0377 0,500 0,96 0,86-1,07

Escolar -0,2639 0,176 0,77 0,52-1,13 -0,3646 0,073 0,69 0,47-1,03 -0,3605 0,005* 0,70 0,54-0,9

Legenda: Odds Ratio = OR; Intervalo de confiança = IC

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

Na tabela 21 observa-se que na amostra de participantes da escola particular a idade do

cuidador informante e a percepção que ele tem das competências de socialização e de desem-

penho escolar da criança se ajustaram ao modelo. As probabilidades de chances de um infor-

mante perceber que o filho(a) apresenta problemas externalizantes de comportamento (com-

posto pelas escalas de desafio e oposição e comportamento agressivo do CBCL/6-18) se reduz

na medida em que ele percebe bons indicadores de competências sociais (reduzindo-se em

aproximadamente 30%) e adequadas competências de desempenho escolar (reduzindo-se em

aproximadamente 45%). Já na amostra da escola pública verificou-se que as chances se redu-

zem em um percentual maior quando o fator é percepção que o informante tem sobre o de-

sempenho escolar do filho (a redução é de aproximadamente 67%). Quando o modelo é gera-

do na amostra total de participantes as probabilidades de chances de um informante perceber

que o filho(a) apresenta problemas externalizantes de comportamento se reduz em aproxima-

damente 52% na medida em que o mesmo percebe indicadores adequados de competências de

desempenho escolar.

Page 47: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

46

Tabela 21 - Modelo de regressão logística final com Odds Ratios (OR) e Intervalo de Confiança (IC 95%) para

descrição da associação entre fatores associados e problemas externalizantes de crianças de escola particular,

pública e na amostra total.

Problemas

Externalizantes

(CBCL/6-18)

Escola Particular (n=181) Escola Pública (n=176) Amostral total (n= 357)

B P-valor OR IC (95%) B P-valor OR IC (95%) B P-valor OR IC (95%)

Sexo Criança 0,3792 0,418 1,46 0,58-3,66 -0,3885 0,443 0,68 0,25-1,83 0,0759 0,818 1,08 0,56-2,06

Idade Criança -0,1135 0,777 0,89 0,41-1,96 -0,2340 0,550 0,79 0,37-1,7 -0,1660 0,518 0,85 0,51-1,4

Escolaridade 0,1022 0,834 1,11 0,42-2,89 0,1958 0,668 1,22 0,5-2,98 0,1275 0,663 1,14 0,64-2,02

Idade Cuidador -0,1026 0,013* 0,90 0,83-0,98 0,0301 0,362 1,03 0,97-1,1 -0,0376 0,142 0,96 0,92-1,01

Classe Social -0,0943 0,805 0,91 0,43-1,93 -0,0323 0,941 0,97 0,41-2,27 0,0606 0,811 1,06 0,65-1,75

Matemática 0,0806 0,801 1,08 0,58-2,03 0,3920 0,272 1,48 0,73-2,98 0,2346 0,275 1,26 0,83-1,93

Português 0,1690 0,666 1,18 0,55-2,55 -0,2984 0,397 0,74 0,37-1,48 -0,1102 0,620 0,90 0,58-1,38

Atividades 0,1041 0,195 1,11 0,95-1,3 0,0046 0,882 1,00 0,95-1,07 0,0148 0,496 1,01 0,97-1,06

Social -0,3144 0,008* 0,73 0,58-0,92 0,0170 0,892 1,02 0,8-1,3 -0,1168 0,132 0,89 0,76-1,04

Escolar -0,6035 0,023* 0,55 0,33-0,92 -1,1127 0,001* 0,33 0,19-0,56 -0,7390 0,001* 0,48 0,34-0,66

Legenda: Odds Ratio = OR; Intervalo de confiança = IC

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

Assim como resultados do modelo gerado em relação ao desfecho dos problemas in-

ternalizantes de comportamento (Tabela 20), na tabela 22 observa-se que na amostra de parti-

cipantes da escola particular a idade do cuidador informante e a percepção que ele tem das

competências de socialização da criança se ajustaram ao modelo em relação ao desfecho do

total de problemas emocionais e comportamentais (composto por todas as escalas de proble-

mas de comportamento do CBCL/6-18). Observa-se que para amostra de participantes da es-

cola particular (Tabela 22), as chances do informante perceber problemas emocionais e com-

portamentais totais no filho(a) diminuem em aproximadamente 10% conforme aumenta a ida-

de desse informante. A mesma associação observa-se no caso do fator competência social.

Neste caso, na medida em que o informante avalia positivamente as competências sociais do

filho(a) (escala de competência social do CBCL/6-18), a probabilidade do cuidador perceber

problemas emocionais e comportamentais totais na criança se reduz em aproximadamente

27%. Na amostra de participantes da escola pública somente a variável ‘percepção do infor-

mante sobre competências de desempenho escolar’ mostrou uma tendência significante para

explicar os problemas emocionais e comportamentais totais (nesse caso também com uma

tendência de diminuir em aproximadamente 70%) a probabilidade de perceber esses proble-

mas no filho(a). O modelo que foi gerado na amostra total de participantes mostra que as

chances de um informante perceber que o filho(a) apresenta problemas emocionais e compor-

tamentais totais se reduz em aproximadamente 5%, 13% e 50% na medida em que o infor-

mante apresenta mais idade e na medida em que ele percebe indicadores adequados de com-

petências sociais e competências de desempenho escolar, respectivamente. Observe-se que no

modelo gerado na amostra formada por ambas as escolas (Tabela 22) o fator idade do cuida-

Page 48: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

47

dor informante passa a ter menos efeito sobre as chances de perceber menores problemas de

comportamento, diferente do fator desempenho escolar que passou a reduzir essa probabilida-

de em 50%.

Tabela 22 - Modelo de regressão logística final com Odds Ratios (OR) e Intervalo de Confiança (IC 95%) para

descrição da associação entre fatores associados e problemas emocionais e comportamentais totais de crianças de

escola particular, pública e na amostra total.

Problemas emocio-

nais e comporta-

mentais totais (CBCL/6-18)

Escola Particular (n=181) Escola Pública (n=176) Amostral total (n= 357)

B P-valor OR IC (95%) B P-valor OR IC (95%) B P-valor OR IC (95%)

Sexo Criança 0,0280 0,944 1,03 0,47-2,24 -0,2861 0,509 0,75 0,32-1,76 -0,0737 0,791 0,93 0,54-1,6

Idade Criança 0,0606 0,860 1,06 0,54-2,09 -0,3041 0,398 0,74 0,36-1,49 -0,2125 0,343 0,81 0,52-1,25

Escolaridade -0,3385 0,417 0,71 0,31-1,61 0,2673 0,521 1,31 0,58-2,96 0,0869 0,731 1,09 0,66-1,79

Idade Cuidador -0,1170 0,001* 0,89 0,83-0,95 0,0183 0,540 1,02 0,96-1,08 -0,0476 0,031* 0,95 0,91-1

Classe Social -0,2348 0,467 0,79 0,42-1,49 0,1369 0,717 1,15 0,55-2,41 -0,0724 0,738 0,93 0,61-1,42

Matemática -0,4185 0,130 0,66 0,38-1,13 0,3120 0,298 1,37 0,76-2,46 -0,0093 0,958 0,99 0,7-1,4

Português 0,3876 0,224 1,47 0,79-2,75 -0,0061 0,984 0,99 0,55-1,78 0,1517 0,421 1,16 0,8-1,68

Atividades 0,0595 0,365 1,06 0,93-1,21 -0,0002 0,993 1,00 0,94-1,06 0,0080 0,704 1,01 0,97-1,05

Social -0,3091 0,001* 0,73 0,61-0,89 -0,0369 0,730 0,96 0,78-1,19 -0,1415 0,032* 0,87 0,76-0,99

Escolar -0,2681 0,221 0,76 0,5-1,18 -1,2033 <0,001* 0,30 0,18-0,49 -0,6991 <0,001* 0,50 0,37-0,66

Legenda: Odds Ratio = OR; Intervalo de confiança = IC

*Valor de p estatisticamente significante com 95% de confiança estatística.

A seguir serão discutidos os resultados descritos acima.

Page 49: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

48

6. DISCUSSÃO

A presente pesquisa teve como objetivo geral realizar um levantamento de problemas

emocionais e comportamentais e de potenciais fatores de risco e proteção associados em alu-

nos do Ensino Fundamental I de escolas públicas e privada.

De acordo com Borkowski (1992), o desempenho acadêmico satisfatório é relacionado

ao fato do aluno realizar tarefas e atividades escolares de maneira eficaz, obtendo como obje-

tivo final o aprendizado. Contudo, nesse processo existem diferentes fatores que podem influ-

enciar diretamente e indiretamente tal desempenho. Dentre os fatores mais relevantes estão o

ambiente escolar (condições físicas e pedagógicas da instituição de ensino), estilos parentais

de educação (presença e participação dos pais na aprendizagem de seus filhos), bem como,

indicadores de socialização da criança (PASTURA; MATTOS; ARAÚJO, 2005; CIA; PAN-

PLIM; WILLIAMS, 2008). Observa-se nos resultados do presente estudo que em ambas as

escolas as médias acadêmicas nos grupos foram satisfatórias independentemente do tipo de

escola (pública ou privada), indicando que os participantes parecem não apresentar problemas

de aproveitamento escolar (tabelas 7 e 8).

O ingresso no ensino fundamental constitui um ponto de transição importante na vida

da criança devido às inúmeras mudanças que ocorrem simultaneamente (MARTURANO,

2004). Neste contexto, as competências sociais referem-se capacidade do indivíduo de organi-

zar pensamentos, sentimentos e comportamentos atendendo adequadamente às demandas do

ambiente social (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001). De um lado observa-se na tabela 7

que as médias das notas acadêmicas são semelhantes entre os grupos de ambas as escolas. De

outro, essas semelhanças não são confirmadas quando são comparadas as percepções dos cui-

dadores em relação ao desempenho escolar. Na tabela 10 os cuidadores respondentes dos alu-

nos das escolas públicas parecem reconhecer menos competências de desempenho escolar nos

filhos, diferentemente dos cuidadores das crianças das escolas particulares. Foi verificado um

número elevado de pais das escolas públicas que identificam maiores problemas de desempe-

nho escolar nos filhos e consequentemente houve uma concentração maior desses alunos dis-

tribuídos nas faixas limítrofe/clínica da escala de competências escolar (93,80% - Tabela 10).

Assim como a percepção de competências escolares, também a percepção de competências de

socialização e competências para realização de atividades esportivas e de lazer foi avaliada

pior pelos pais informantes das crianças de escolas públicas (Tabela 10), se comparadas às

avaliações dos pais da escola particular.

Page 50: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

49

Nas tabelas 11 e 12 foram apresentadas os cruzamentos das avaliações de competên-

cias de socialização e desempenho escolar de ambos os grupos com as idades cronológicas e

escolarização das crianças. Os pais de crianças de escolas públicas percebem maiores prejuí-

zos nessas competências se comparadas aos da escola particular. E são esses alunos de escolas

públicas os que se constatou uma defasagem maior, embora não fosse expressiva. A identifi-

cação das dificuldades de desempenho escolar por parte dos pais informantes das escolas pú-

blicas pode estar relacionada a vários fatores apontados em estudos anteriores como motiva-

ção do filho(a) pela aprendizagem, dificuldades de aprendizagem propriamente ditas, proble-

mas de saúde mental, qualidade do ensino, dificuldades emocionais da criança, expectativas

dos pais em relação a desempenho escolar, dentre outras (OKANO et al., 2004; D'AVILA-

BACARJI; MARTURANO; ELIAS, 2005; MARTINELLI, SELMA; GENARI, 2009; RI-

VERS et al., 2013). Contudo não parece haver correspondência entre as notas escolares em

matemática e português (Tabela 7) e essa percepção dos pais sobre as competências escolares

dos filhos.

Estudo anterior avaliou associações entre indicadores de comunicação pai-filho e en-

volvimento dos pais nas atividades escolares, culturais e de lazer do mesmo e o desempenho

em atividades de escrita e leitura (CIA; D’AFFONSECA; BARHAM, 2004). Embora o pre-

sente trabalho tenha tido o relato comportamental de um único informante, o CBCL/6-18

permitiu identificar que os pais de escolas públicas verificaram um número de déficits com-

portamentais nas áreas de competências expressivamente maior que os de escolas particulares.

Cabe aqui um questionamento: é provável que esses déficits em competências sociais aumen-

tem a probabilidade dessas crianças desenvolverem outras dificuldades comportamentais? No

caso de desempenho escolar, por exemplo, estudos brasileiros anteriores têm abordado a rela-

ção entre esse fator e os problemas de comportamento (MEDEIROS et al., 2000; FERREIRA;

MARTURANO, 2002; D´AVILA-BACARJI; MARTURANO; ELIAS, 2005; SANTOS;

GRAMINHA, 2006; BANDEIRA et al., 2006; GARDINAL; MARTURANO, 2007).

Se compararmos os dados da tabela 9 com os dados da tabela 10 observa-se na tabela

9 que os escores brutos em termos de competências do CBCL/6-18 que apresentaram as maio-

res discrepâncias entre os informantes das duas escolas foram referentes à variável competên-

cia escolar (os informantes cujos filhos estavam na faixa etária de 6 a 9 anos das escolas parti-

culares identificam menor número de competências escolares se comparados aos das escolas

públicas). Já na tabela 10 verificou-se que há uma maior concentração de crianças das escolas

públicas nas faixas clínica e limítrofe. O CBCL/-6-18 é um instrumento padronizado por ida-

de e gênero. Na escola pública foi verificado que havia alunos com defasagem entre a idade

Page 51: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

50

cronológica e o ano escolar, por exemplo 15 alunos estão no 5º ano cujas idades estão entre

11 e 12 anos (tabela 12). Por exemplo, observa-se nessa tabela 12 que todos esses alunos clas-

sificaram na faixa limítrofe/clínica de acordo com a percepção dos pais de competências de

desempenho escolar.

Assim como em estudos anteriores (FLEITLICH-BILYK; GOODMAN, 2001; AN-

SELMI et al., 2004; ANSELMI et al., 2010; BORSA; SOUZA; BANDEIRA, 2011) foram

verificados indicadores expressivos no número de dificuldades emocionais e comportamentais

percebidos pelos pais informantes, sendo maior nos informantes das escolas públicas com

predomínio nos pais de crianças entre 6 e 9 anos (tabela 13). Em estudo com crianças escola-

res na cidade de Taubaté (São Paulo), observou-se uma prevalência de 12,5% de crianças com

problemas de comportamento (FLEITLICH-BILYK; GOODMAN, 2001). Nesta tabela 13 em

8 das 11 escalas de problemas de comportamento houve diferenças estatisticamente signifi-

cantes entre as escolas públicas e a privada quando o filho(a) avaliado encontra-se na faixa

etária de 6 a 9 anos. Significâncias estatísticas para essas diferenças não foram observadas

quando a faixa etária das crianças está entre 10 e 12 anos. Também o número total de proble-

mas emocionais e comportamentais é menor nesta faixa etária de 10 a 12 anos de acordo com

os pais informantes dois tipos de escola (Tabela 13). É provável que o fato das crianças entre

6 e 9 anos estarem nos primeiros anos de escolarização tenha contribuído para elas apresenta-

rem maiores dificuldades comportamentais, com predomínio nas crianças das escolas públicas

(DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001; MARTURANO, 2004).

Estudo longitudinal brasileiro que identificou o curso dos problemas de comportamen-

to e habilidades sociais de crianças entre 5 e 10 anos de idade mostrou que quatro anos depois

os dois grupos (um grupo formado por crianças que tinham sido indicadas pelos professores

como alunos com comportamentos socialmente habilidosos e outro grupo indicado como alu-

nos com problemas de comportamento) ainda mantinham diferenças em habilidades sociais e

problemas de comportamento, sugerindo persistência dos problemas no grupo com problemas

de comportamento. Contudo os autores constataram que que houve redução nos problemas de

comportamento das crianças com problemas de comportamento na segunda avaliação, ou seja

os problemas da fase pré-escolar tenderam a diminuir com a idade (BOLSONI-SILVA;

MARTURANO; FREIRIA, 2010). Nosso estudo não constatou diferenças estatisticamente

significantes entre as competências de socialização e realização de atividades entre os alunos

de ambas as escolas se comparadas as duas faixas etárias entre 6 à 9 e 10 à 12 anos (Tabela

13). Contudo observa-se que, no caso das competências sociais e realização de atividades, nos

alunos da escola particular houve aumento de 0,84 e 0,20, respectivamente, na média de esco-

Page 52: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

51

re bruto quando comparadas as duas faixas etárias. Já na escola pública, o aumento nessas

duas escalas entre as duas faixas etárias foi de 0,14 e 0,29 respectivamente. De um lado, o

estudo não permite identificar se os indicadores de socialização estão associados com o menor

número de problemas de comportamento verificados no grupo de crianças entre 10 e 12 anos.

Parecer ser que as crianças de escolas públicas de maior idade apresentam de acordo com a

percepção dos pais informantes maiores dificuldades de socialização assim como maiores

problemas de comportamento se comparadas aos da escola particular. Contudo, observa-se na

tabela 15 que na escola total de problemas emocionais e comportamentais os pais de crianças

da escola particular apresentam um percentual maior de crianças classificadas na faixa limí-

trofe/clínica (26% versus 22,7% - tabela 15).

Em relação ao gênero na tabela 14 observa-se que os pais de meninos de escolas pú-

blicas percebem um número maior de problemas de comportamento nos filhos diferentemente

quando o filho é menina. Nessa comparação também o número maior de problemas percebi-

dos se concentrou nos pais de alunos de escolas públicas. A maior diferença entre as médias

de ambas as escolas for observada na escala total de problemas de comportamento (número

médio de problemas de comportamento da escola particular=27,14 versus número médio de

problemas de comportamento da escola pública=39,28). Na tabela 14 observa-se também que

nas meninas da escola particular os pais percebem em média maior número de problemas in-

ternalizantes. O contrário se verifica no gênero masculino, em que os pais dos meninos das

escolas públicas percebem um número maior de problemas desse tipo (ansiedade/depressão,

isolamento e depressão e queixas somáticas). Já em relação aos externalizantes em ambas as

escolas os pais percebem em média um maior número quando o filho é menino.

A partir dos dados apresentados, vale ressaltar em relação aos problemas internalizan-

tes há de ser destacado que frequentemente eles podem estar associados a outros indicadores

de problemas de saúde mental (BAHLS, 2002). Em estudo de Goodyer e Cooper (1993) já se

destacava que os transtornos depressivos em crianças e adolescentes, em 40% dos casos, as-

sociam-se a comorbidades como transtornos de ansiedade e, em 15% dos casos, com transtor-

nos de conduta.

Ainda sobre os problemas de comportamento, estudo de Borsa e Nunes (2011) verifi-

cou mediante uso do CBCL/6-18 a prevalência de problemas de comportamento em uma

amostra composta por 366 crianças na faixa etária de 6 a 12 anos do ensino fundamental I de

escolas públicas e privadas da cidade de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Observou-se que

meninos e meninas apresentaram alta prevalência de problemas de comportamentos agressi-

vos (externalizantes), seguidos por problemas de ansiedade/depressão e isolamento/depressão

Page 53: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

52

(internalizantes). Os dados desse estudo mostraram que 39,6% da amostra apresentou-se clas-

sificado na faixa clínica em problemas internalizantes, 30,6% em problemas externalizantes e

36,9% na escala total de problemas emocionais e comportamentais (BORSA; NUNES, 2011).

Na tabela 15 observa-se que a percepção dos pais informantes em relação à existência nos

filhos de problemas de comportamento internalizantes (Particular=38,10%; Pública=30,70%)

foi maior se comparada aos externalizantes (Particular=15,50%; Pública=15,30%). Ao com-

parar estes resultados com os de Borsa e Nunes (2011) verifica-se que no presente estudo os

problemas internalizantes também predominaram sobre os externalizantes na amostra de par-

ticipantes.

Em relação a possíveis associações os indicadores de problemas de comportamento

avaliados pelo CBCL/6-18 e indicadores de competências mediante uso do mesmo instrumen-

to verifica-se na tabela 16 que houve correlações negativas e estatisticamente significantes

entre os problemas internalizantes, problemas externalizantes e problemas totais emocionais e

comportamentais com duas das três escalas de competências que foram socialização e desem-

penho escolar. Os dados da tabela 16 indicam que, na medida em que o cuidador informante

percebe melhores indicadores de competências, menores são os problemas emocionais e de

comportamento da criança avaliada. Nesse sentido estudos anteriores discutem alguns fatores

que podem estar modulando essas associações. Problemas externalizantes de comportamento

(expressados predominantemente em relação a outras pessoas) são mais frequentes em trans-

tornos que envolvem agressividade física ou verbal, comportamentos opositores ou desafiado-

res, condutas antissociais e comportamentos de risco (como uso de substâncias psicoativas).

Os problemas internalizantes de comportamento (expressados predominantemente em relação

ao próprio indivíduo) são frequentemente identificados em transtornos como depressão, iso-

lamento social, ansiedade e fobia social (GRESHAM; ELLIOTT, 1990; DEL PRETTE; DEL

PRETTE, 2005). Em outros trabalhos discute-se que quanto maior a frequência de problemas

de comportamento apresentados pelas crianças, piores podem ser os repertórios de habilidades

sociais, o autoconceito e o desempenho acadêmico das mesmas (D’AVILA-BACARJI;

MARTURANO; ELIAS, 2005; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2005; CIA; PAMPLIN; DEL

PRETTE, 2006; CIA; BARHAM, 2009).

Assim como no estudo de Feitosa, Del Prette e Matos (2006), neste trabalho foram

obtidas correlações com significância estatística entre indicadores objetivos de desempenho

acadêmico e indicadores de competências. No caso, na tabela 17 observam-se correlações

positivas entre a percepção dos informantes sobre o desempenho escolar do filho(a) e as notas

médias obtidas pelas crianças nas matérias de matemática e português e correlação negativa

Page 54: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

53

entre a idade do cuidador e competências para realização de atividades (lazer e prática de es-

portes).

Na tabela 18 outras correlações foram verificadas para avaliar associações entre pro-

blemas de comportamento do CBCL/6-18 e as variáreis idade da criança, idade do cuidador e

notas sobre o desempenho em matemática e português. No caso da idade da criança os coefi-

cientes negativos indicam que quanto a criança tem uma idade menor maiores são os proble-

mas de comportamento, predominantemente os de tipo externalizante, como mostrado em

estudos anteriores (CIA; BARHAM, 2009; DISHION et al., 2013). Já a idade do cuidador

resultou também em correlações negativas significantes com as três escalas totais de proble-

mas do CBCL/6-18 (internalizantes, externalizantes e totais). Trabalhos anteriores tem se pre-

ocupado com a influência de variáveis sociodemográficas familiares na manutenção de pro-

blemas de comportamento dos filhos, por exemplo, nível socioeconômico, etnia, estado mari-

tal dos pais, nível de escolaridade dos pais, tipo de escola etc. (BORSA; NUNES, 2011;

BORSA; SOUZA; BANDEIRA, 2011; BEVAART et al., 2013; ORUCHE et al., 2013). No

presente estudo a variável idade do cuidador informante parece ter algum tipo de influência na

percepção que eles próprios têm das dificuldades emocionais e comportamentais dos filhos.

Trata-se de uma dado relevante que demanda estudos mais acurados em relação a como ele

pode agir como barreira ou facilitador no reconhecimento de problemas de comportamento

dos filhos. Ainda mais porque o passo inicial para a procura de um atendimento de saúde

mental é a conscientização por parte do cuidador que o problema existe.

Na tabela 19 é apresentada a distribuição do número de crianças que classificaram na

escala total de problemas emocionais e comportamentais do CBCL/6-18 como normal e limí-

trofe/clínica e o uso de serviços de saúde mental. Estudos de prevalência provenientes de

equipes de pesquisadores de centros de investigação de outros países indicam que entre 17% e

32% de crianças e adolescentes apresentam critérios diagnósticos para pelo menos um trans-

torno psiquiátrico (POTTER; DARWICH, 1996; LANGSFORD et al., 2001; SAWYER et al.,

2001; MELTZER et al., 2003). Dentre os principais quadros destacam-se o Transtorno de

Desafio e Oposição, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtornos Ansiosos

e Transtornos Depressivos (LANGSFORD et al., 2001; SAWYER, et al., 2001; MELTZER et

al., 2003). Apesar da elevada prevalência de problemas emocionais e comportamentais, dados

da Organização Mundial de Saúde – OMS (2001) apontam que apenas uma pequena percen-

tagem destas crianças e adolescentes fazem uso de serviços de saúde mental. Nos Estados

Unidos é estimado que 21% de crianças e adolescentes dos 9 aos 17 anos apresentam uma

Page 55: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

54

doença mental ou aditiva causadora de impacto relevante, no entanto, apenas um quinto destes

recebem o tratamento adequado necessário (OMS, 2001).

Em estudo de Borges e colaboradores (2008) cujo objetivo foi verificar a prevalência,

adequação e correlatos do uso de serviços de saúde mental em uma amostra de 3.005 adoles-

centes entre 12 e 17 anos na área metropolitana da Cidade do México em 2005, observou-se

que um em cada sete entrevistados com transtornos psiquiátricos utilizaram todos os serviços

de saúde mental durante o ano anterior. Alguns dos transtornos psiquiátricos avaliados foram

transtornos afetivos, depressivos e ansiosos, fobias, transtorno de desafio e oposição, transtor-

no de déficit de atenção, dentre outros. Os entrevistados com transtornos de uso da substância

registraram maior prevalência de uso de serviço e pessoas com transtornos de ansiedade usa-

ram em menor frequência. Aproximadamente um em cada dois entrevistados receberam al-

gum tipo de serviço para tratamento que poderia ser considerado minimamente adequado. O

estudo conclui que grande parte dos atendimentos necessários não são disponibilizados nos

serviços de saúde mental entre adolescentes com transtornos psiquiátricos na Cidade do Mé-

xico.

No presente trabalho o índice de uso de serviços de saúde mental entre as crianças que

classificaram nas faixas limítrofe/clínica (Tabela 19) foi relativamente baixo em todos os ti-

pos de serviços com exceção dos serviços psicológicos e os serviços pedagógicos. Como foi

observado na tabela 15 quarenta e sete (47) crianças da escola particular e 40 crianças das

escolas públicas tinham classificado limítrofe ou clínico na escala total de problemas emocio-

nais e comportamentais. De acordo com a tabela 19 um percentual expressivo destes escolares

é atendido por psicólogos e pedagogos. Esse uso é mais elevado pelas crianças da escola par-

ticular (uso de serviços de psicologia em aproximadamente 15% das crianças classificadas

como normal e como limítrofe/clínica). Embora seja positivo o fato das crianças receberem

esses atendimentos e ainda mais tendo obtido classificação limítrofe/clínica; são dados que

precisam ser detalhados com maior objetividade e que por limitação do presente trabalho isso

não é possível. Todavia que se constatasse um percentual expressivo de crianças que utilizam

os serviços, trabalhos futuros precisam ser conduzidos para averiguar possíveis causas de pro-

cura desses atendimentos, evolução dos problemas e sobre tudo possíveis associações com

dados comportamentais das crianças, por exemplo. Neste contexto há de ter destaque um es-

tudo brasileiro de revisão narrativa que avaliou artigos relevantes, documentos do governo,

bases de dados e políticas nacionais sobre uso de serviços de saúde mental que também con-

cluiu que no país há falta de serviços na área da saúde mental da infância e adolescência e

Page 56: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

55

serviços especializados como os Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil continuam

sendo insuficientes e desigualmente distribuídos (PAULA et al, 2012).

A qualidade de serviços de saúde mental oferecidos a crianças e adolescentes é priori-

dade em nível de políticas de saúde (ZWAANSWIJK et al., 2003). Em países como Estados

Unidos, por exemplo, trabalhos continuam sinalizando que há necessidade de reformas no

sistema de saúde para oferecer a esse grupo populacional serviços e programas de saúde men-

tal focados em prevenção e intervenção que sejam adequados e baseados em evidências cien-

tíficas. De maneira que possa ser melhorada a qualidade dos atendimentos, aumentar os incen-

tivos a pesquisa e utilizar grupos comunitários de apoio (DE VOURSNEY et al., 2013). Um

estudo de expressiva relevância científica e epidemiológica foi conduzido na Finlândia abran-

gendo uma coorte de 60.069 crianças nascidas em 1987 (PAANANEN et al., 2013). O estudo

avaliou entre 1987 e 2008 indicadores de acesso e uso de serviços de saúde mental dessa co-

orte em função de necessidades, lugar de residência e condição socioeconômica. Um dos

achados foi mostrar que nem sempre a existência de uma política pública garante ou é sufici-

ente para o acesso a serviços de saúde mental dependendo da localização residencial e de

condições financeiras.

Outro dos achados do estudo que consideramos relevante foi o resultado do modelo de

regressão logística gerado para determinar a probabilidade de uma criança ser classificada

como limítrofe ou clínica nas escalas de problemas internalizantes e externalizantes de com-

portamento e na escala total de problemas emocionais e comportamentais do CBCL/6-18.

Como descrito no capítulo resultados, as variáveis preditoras utilizadas no modelo foram a

idade e gênero da criança, tipo de escola, idade do cuidador, classe social, notas de matemáti-

ca e português e competências para realização de atividades, socialização e desempenho esco-

lar. O estudo representa um corte transversal de duas amostras que totalizam 357 escolares

regularmente matriculados no Ensino Fundamental I. Os resultados mostram que nos grupos

separadamente e na amostra total a probabilidade do cuidador informante perceber algum dos

desfechos relacionados a problemas de comportamento se reduz dependendo de bons indica-

dores nas competências de socialização e desempenho escolar das crianças, assim como de-

pendendo da idade do cuidador (com relação à variável explicativa idade, as chances de o

informante perceber algum tipo de problema diminuem conforme aumenta a idade desse in-

formante).

As associações concomitantes encontradas entre essas três variáveis e os problemas de

comportamento são semelhantes aos de outros estudos brasileiros que abordam a relação entre

desempenho escolar, socialização e problemas de comportamento na infância (MEDEIROS et

Page 57: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

56

al., 2000; FERREIRA; MARTURANO, 2002; TRAMONTINA et al., 2002; D´AVILA-

BACARJI; MARTURANO; ELIAS, 2005; BENVEGNÚ et al., 2005; ELIAS; MARTURA-

NO, 2005; SANTOS; GRAMINHA, 2006; BANDEIRA et al., 2006; GARDINAL; MAR-

TURANO, 2007; BOLSONI-SILVA; MARTURANO; FREIRIA, 2010).

Nossos resultados têm limites de generalização, pois são específicos para uma amostra

cujo critério de seleção adotado foi de tipo transversal e por consequência as associações en-

contradas foram concomitantes entre o desfecho e as variáveis preditoras. No entanto, levan-

ta-se a hipótese de que essas variáveis verificadas nos modelos de regressão das tabelas 20, 21

e 22 podem ser classificadas como possíveis indicadores de fatores de proteção que aparente-

mente podem reduzir as chances de vulnerabilidade psicológica das crianças participantes a

desenvolverem problemas de comportamento. Se forem avaliados os índices de uso de servi-

ços de saúde mental apresentados na tabela 19, seria recomendável que, pelo menos, atendi-

mentos psicológicos sejam voltados para a promoção de repertórios sociais e monitoramento

do desempenho acadêmico, evidência científica verificada em estudos anteriores (MOLINA;

DEL PRETTE, 2006; CIA; BARHAM, 2009; CIA; BARHAM; FONTAINE, 2010).

Seguidamente as principais considerações finais do estudo.

Page 58: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

57

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos identificaram problemas emocionais e comportamentais em am-

bos os grupos de participantes. Observa-se de modo geral que os pais cuidadores de crianças

das escolas públicas percebem um maior número de problemas de comportamento em seus

filhos quando comparado aos respondentes da escola particular. Quanto as variáveis escolares,

como a média de desempenho acadêmico nas disciplinas de matemática e português e o de-

sempenho escolar avaliado pelo CBCL/6-18, apresentam-se resultados similares entre os gru-

pos indicando que os participantes parecem não apresentar problemas de aproveitamento es-

colar.

Na comparação entre os grupos em relação aos problemas de comportamento e a faixa

etária da amostra observou-se resultados estatisticamente significantes em maior número entre

participantes com 6 a 9 anos de idade para as escalas de ansiedade e depressão, isolamento e

depressão, problemas de sociabilidade, violação de regras, comportamento agressivo, proble-

mas internalizantes, problemas externalizantes e total de problemas emocionais e comporta-

mentais. Já para a comparação em função do gênero da amostra, observa-se no gênero mas-

culino que foram verificadas diferenças estatisticamente significantes entre as escolas nas

seguintes escalas: ansiedade e depressão, isolamento e depressão, queixas somáticas, proble-

mas de sociabilidade, violação de regras, comportamento agressivo, problemas internalizan-

tes, problemas externalizantes e total de problemas emocionais e comportamentais. Em todas

essas escalas as médias de problemas emocionais e comportamentais foram superiores nos

alunos das escolas públicas. Nos participantes do gênero feminino, observam-se diferenças

estatisticamente significantes entre as escolas apenas nas escalas violação de regras e proble-

mas externalizantes. Sendo que os problemas emocionais e comportamentais mostram-se pre-

dominantemente em meninas de escolas públicas.

Com relação à distribuição do número de crianças que obtiveram classificação normal

e limítrofe/clínico na escala total de problemas emocionais e comportamentais do CBCL/6-18

em função do uso de serviços educacionais e de saúde, os dados mostram que em ambas as

escolas crianças que não apresentam dificuldades emocionais e comportamentais de acordo

com o relato do cuidador fazem maior uso de alguns tipos de serviços, por exemplo, psicolo-

gia e pedagogia quando comparadas ao grupo que apresenta escores limítrofe/clínico na esca-

la total de problemas emocionais e comportamentais do CBCL/6-18. Poder-se-ia levantar a

hipótese de que muitas dessas crianças, mesmo classificadas na faixa da normalidade, estão

Page 59: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

58

sendo atendidas pela presença de outros problemas não avaliados pelo CBCL/6-18 ou atendi-

das com fins preventivos.

A verificação de associações concomitantes entre bons indicadores nas competências

de socialização e desempenho escolar das crianças com os problemas de comportamento pode

são mais uma evidência científica da necessidade de políticas públicas em saúde mental da

infância que sejam focadas na promoção de habilidades sociais e no monitoramento e remedi-

ação de dificuldades de desempenho escolar destas crianças. Com relação ao fator preditor

idade do cuidador (o modelo verificou que as chances de o informante perceber algum tipo de

problema diminuem conforme aumenta a idade dele) não foram identificados estudos que

avaliassem a associação dessa variável sobre o desfecho avaliado. Contudo estudos futuros

podem ser desenvolvidos para verificar outros possíveis fatores no que diz respeito ao cuida-

dor, por exemplo, problemas de saúde mental e renda financeira,

O acompanhamento do desenvolvimento de crianças quanto a indicadores de proble-

mas emocionais e comportamentais permite a melhor compreensão das modificações de seu

repertório comportamental em fases de transição escolar, e também contribui para o desen-

volvimento de ações preventivas ou remediativas que visem a qualidade de vida das crianças

e adultos de seu convívio, como pais e professores, tendo em vista que a família e a escola são

os principais ambientes de desenvolvimento de crianças e adolescentes.

Espera-se que a pesquisa, tenha outros desdobramentos, além de identificar problemas

emocionais e comportamentais, dificuldades acadêmicas, indicadores de competência social

nos escolares envolvidos e uso de serviços. A saber, a realização de estudos futuros com a

finalidade de desenvolver avaliações exaustivas e seguimento nos casos em que se verifiquem

problemas emocionais e comportamentais com a inclusão de múltiplos informantes (por

exemplo, relato de professores), treinamento de pais e equipes educacionais sobre estratégias

de prevenção e intervenção de problemas emocionais e comportamentais e realização de estu-

dos longitudinais, dentre outros.

Especificamente em relação a estudos longitudinais, os mesmos poderão contribuir

com a identificação, não só dos fatores potenciais associados concomitantes, mas também

com a verificação de possíveis fatores de risco e proteção para problemas emocionais e com-

portamentais. De fato, o grupo de crianças da escola particular que foi classificada (normal ou

clínica na escala total de problemas de comportamento) iniciou nova fase de avaliação, um

ano após a finalização do presente estudo, com o objetivo de confirmar ou identificar novos

fatores associados a problemas emocionais e comportamentais.

Page 60: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

59

REFERÊNCIAS

ACHENBACH, T. M.; EDELBROCK, C. S. The classification of child psychopathology: a

review and analysis of empirical efforts. Psychological Bulletin, v. 85, n. 6, p. 1275-301,

1978.

ACHENBACH, T. M., RESCORLA, L. A. Manual for the ASEBA School-Age Forms & Pro-

files. Burlington, VT: University of Vermont, Research Center for Children, Youth, & Fami-

lies, 2001.

ANDRADE, S. A. et al. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abor-

dagem epidemiológica. Revista de Saúde Pública, v. 39, n. 4, p. 606-11, 2005.

ANSELMI, L. et al. Psychosocial determinants of behaviour problems in Brazilian preschool

children. Journal of Child Psychology and Psychiatry, v. 45, n. 4, p. 779-88, 2004.

ANSELMI, L. et al. Determinantes precoces de problemas de atenção e hiperatividade na

adolescência: a visita de 11 anos da coorte de nascimentos de Pelotas, Rio Grande do Sul,

Brasil, 1993. Cadernos de Saúde Pública, v.26, n.10, p. 1954-62, 2010.

ASEBA. Achenbach System of Empirically Based Assessment. Disponível em:

http://www.aseba.org Acesso em: 20 jul. 2012.

ASSIS, S. G.; AVANCI, J. Q.; OLIVEIRA, R. V. C. Desigualdades socioeconômicas e saúde

mental infantil. Revista de Saúde Pública, v. 43, p. 92-100, 2009. Supplement 1

BAHLS, S. C. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes. J Pediat, v. 78, n.

5, p. 359-66, 2002.

BANDEIRA, M. et al. Comportamentos problemáticos em estudantes do ensino fundamental:

características da ocorrência e relação com habilidades sociais e dificuldades de aprendiza-

gem. Estudos em Psicologia, v.11, n.2, p. 199-208, 2006.

BANDEIRA, M. Validação das escalas de habilidades sociais, comportamentos problemáti-

cos e competência acadêmica (SSRS-BR) para o ensino fundamental. Psicologia Teoria e

Pesquisa, v. 25, n. 2, p. 271-82, 2009.

BARWICK, M. et al. Profiles and service utilization for children accessing a mental health

walk-in clinic versus usual care. J Evid Based Soc Work, v. 10, n. 4, p. 338-52, 2013.

BEE, H. O ciclo vital. Tradução Regina Garcez. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. 656 p.

BENVEGNÚ, L. A. et al. Work and behavioural problems in children and adolescents. Inter-

national. Journal of Epidemiology, v. 34, n. 6, p. 1417-24, 2005.

BERENZON, S. et al. Depression: state of the art and the need for public policy and action

plans in Mexico. Salud Publica Mex, v. 55, n. 1, p. 74-80, 2013.

BEVAART, F. et al. Ethnicity, socioeconomic position and severity of problems as predictors

of mental health care use in 5- to 8-year-old children with problem behaviour. Soc Psychiatry

Psychiatr Epidemiol, 2013.

Page 61: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

60

BOBATH K. Uma base neurofisiológica para o tratamento da paralisia cerebral. Tradução

Ana Fátima Rodrigues Alves. São Paulo: Editora Manole, 1994. 110 p.

BOLSONI-SILVA, A. T. et al. Habilidades sociais e problemas de comportamento de pré-

escolares: Comparando avaliações de mães e de professoras. Psicologia: Reflexão e Crítica,

v. 19, n. 3, p. 460-469, 2006.

BOLSONI-SILVA, A. T. Habilidades Sociais Educativas, variáveis contextuais e problemas

de comportamento: comparando pais e mães de pré-escolares. 2003. 188 f. Tese (Doutorado

em Ciências) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP - Ribeirão

Preto, 2003.

BOLSONI-SILVA, A. T., MARTURANO, E. M. Práticas educativas e problemas de compor-

tamento: Uma análise à luz das habilidades sociais. Estudos de Psicologia, v. 7, n. 2, p. 227-

35, 2002.

BOLSONI-SILVA, A. T.; LOUREIRO, S. R. Práticas educativas parentais e repertório com-

portamental infantil: comparando crianças diferenciadas pelo comportamento. Paidéia, v. 21,

n. 48, p. 61-71, 2011.

BOLSONI-SILVA, A. T.; MARTURANO, E. M.; FREIRIA, L. R. B. Indicativos de Proble-

mas de Comportamento e de Habilidades Sociais em Crianças: um estudo longitudinal. Psico-

logia: Reflexão e Crítica, v. 23, n. 3, p. 506-15, 2010.

BOLSONI-SILVA, A. T.; PAIVA, M. M., BARBOSA, C. G. Problemas de comportamento

de crianças/adolescentes e dificuldades de pais/cuidadores: um estudo de caracterização. Psi-

cologia Clínica, v. 21, n.1, p. 169-184, 2009.

BOLSONI-SILVA, J. W. S.; DEL PRETTE. Problemas de comportamento: Um panorama da

área. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 5, n. 2, p. 91-103, 2003.

BOLTEN, M. I. Infant psychiatric disorders. European Child and Adolescent Psychiatry, p.

1- 6, 2012.

BORDIN, I. A. et al. Child Behavior Checklist/CBCL, Youth Self-Report/YSR and Teacher’s

Report Form/TRF: an overview of the development of original and Brazilian version. Cader-

nos de Saúde Pública, v. 29, n. 1, p. 13-28, 2013.

BORDIN, I. A. S.; MARI, J. J.; CAEIRO, M. F. Validação da versão brasileira do “Child

Behavior Checklist” (CBCL) (Inventário de comportamento da infância e adolescência): da-

dos preliminares. Revista ABP - APAL, v. 17, n. 2, p. 55-66, 1995.

BORGES, G. et al. Suicide ideation, plan and attempt in the Mexican Adolescent Mental

Health Survey. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry, v. 47, n. 1, p. 41–52, 2008.

BORGES, D. S. M.; MARTURANO, E. M. Melhorando a convivência em sala de aula: res-

ponsabilidades compartilhadas. Temas em Psicologia, v. 18, n. 1, p. 123-36, 2010.

BORKOWSKI, J. G. Metacognitive theory: A framework for teaching literacy, writing and

math skills. Journal of Learning Disabilities, v. 5, n. 4, p. 253-57, 1992.

Page 62: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

61

BORSA, J. C., SOUZA, D. S., BANDEIRA, D. R. Prevalência dos problemas de comporta-

mento em uma amostra de crianças do Rio Grande do Sul. Psicologia: Teoria e Prática, v. 13,

n. 2, p. 15-29, 2011.

BORSA, J. C.; NUNES, M. L. T. Prevalência de problemas de comportamento em uma amos-

tra de crianças em idade escolar da cidade de Porto Alegre. Aletheia, n. 34, p. 32-46, 2011.

BORTOLOTE, G. S.; BRÊTAS, J. R. S. O ambiente estimulador ao desenvolvimento da cri-

ança hospitalizada. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 42, n.3, p. 422-428, 2008.

BRANCALHONE, P. G.; FOGO, J. C.; WILLIAMS, L. C. A. Crianças expostas à violência

conjugal: avaliação do desempenho acadêmico. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 20, n. 2, p.

113-7, 2004.

BRONDBO, H. et al. Agreement on Web-based Diagnoses and Severity of Mental Health

Problems in Norwegian Child and Adolescent Mental Health Services. Clin Pract Epidemiol

Ment Health, v. 8, p. 16-21, 2012.

CECCONELLO, A. M.; ANTONI, C.; KOLLER, S. H. Práticas educativas, estilos parentais e

abuso físico no contexto familiar. Psicologia em Estudo, v. 8, n. especial, p. 45-54, 2003.

CIA, F. et al. Habilidades sociais parentais e o relacionamento entre pais e filho. Psicologia

em Estudo, v. 11, n. 1, p. 73-81, 2006.

CIA, F., D’AFFONSECA, S. M. & BARHAM, E. J. A relação entre envolvimento paterno e

desempenho acadêmico dos filhos. Paidéia, v. 14, n. 29, p. 277-86, 2004.

CIA, F.; BARHAM, E. J. Repertório de habilidades sociais, problemas de comportamento,

autoconceito e desempenho acadêmico de crianças no início da escolarização. Estudos de Psi-

cologia, v. 26, n. 1, p. 45-55, 2009.

CIA, F.; BARHAM, E. J.; FONTAINE, A. M. G. V. Impactos de uma intervenção com pais:

o desempenho acadêmico e comportamento das crianças na escola. Psicologia: Reflexão e

Crítica, v. 23, n. 3, p. 533-43, 2010.

CIA, F.; ELIZABETH, J. Repertório de habilidades sociais, problemas de comportamento,

autoconceito e desempenho acadêmico de crianças no início da escolarização. Estudos Psico-

logia, v. 26, n.1, p. 45-55, 2009.

CIA, F.; PAMPLIN, R. C. O.; DEL PRETTE, Z. A. P. Comunicação e participação pais-

filhos: correlação com habilidades sociais e problemas de comportamento dos filhos. Paidéia,

v. 16, n. 35, p. 395-406, 2006.

CIA, F.; PAMPLIN, R. C. O.; WILLIAMS, L. C. A. O impacto do envolvimento parental no

desempenho acadêmico de crianças escolares. Psicologia em Estudo, v. 13, n. 2, p. 351-60,

2008.

CLARK, C. et al. Childhood and adulthood psychological ill health as predictors of midlife

affective and anxiety disorders: the 1958 British Birth Cohort. Arch Gen Psychiatry, v. 64, n.

6, p. 668-78, 2007.

Page 63: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

62

COBB, S. Social support as a moderator of life stress. Psychosomatic Medicine, v. 38, n. 5, p.

300-14, 1976.

COHEN, S.; WILLS, T. A. Stress, social support and the buffering hypothesis. Psychological

Bulletin, v. 98, n. 2, p. 310-357, 1985.

COOMER, R. A. The experiences of parents of children with mental disability regarding ac-

cess to mental health care. Afr J Psychiatry, v. 16, n. 4, p. 271-6, 2013.

COPLAN, R. J.; FINDLAY, L. C.; NELSON, L. J. Characteristics of preschoolers with lower

perceived competence. Journal of Abnormal Child Psychology, v. 32, n. 4, p. 399-408, 2004.

COUTO, M. C. V.; DUARTE, C. S.; DELGADO, P. G. G. L. A saúde mental infantil na saú-

de pública brasileira: situação atual e desafios. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 30, n. 4, p.

384-9, 2008.

D´AVILA-BACARJI, K. M. G.; MARTURANO, E. M.; ELIAS, L. C. S Suporte parental:

um estudo sobre crianças com queixas escolares. Psicologia em Estudo, v. 10, n. 1, p. 107-15,

2005.

D'ABREU, L. C. F.; MARTURANO, E. M. Associação entre comportamentos externalizan-

tes e baixo desempenho escolar: uma revisão de estudos prospectivos e longitudinais. Estudos

em Psicologia, Natal, v.15, n.1, p. 43-51, 2010.

DE GIROLAMO, G. et al. Age of on set of mental disorders and use of mental health ser-

vices: needs, opportunities and obstacles. Epidemiology and Psychiatrics Sciences, v.21, n.1,

p. 47-57, 2012.

DE VOURSNEY, D. et al. Improving community-based mental health care for children: a

commentary. Adm Policy Ment Health, v. 40, n. 1, p. 33-8, 2013.

DEL PRETTE, A; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: vivências

para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001.

DEL PRETTE, Z. A. P., DEL PRETTE, A. Habilidades sociais e dificuldade de aprendiza-

gem: teoria e pesquisa sob um enfoque multimodal. In: DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z.

A. P. (Eds.). Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais,

avaliação e intervenção. Campinas: Alínea, 2003. p. 167-206

DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais: terapia e

educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. 206 p.

DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. A psicologia das habilidades sociais na infância:

teoria e prática. Petrópolis: Vozes, 2005. 270 p.

DESSEN, M. A.; POLONIA, A. C. A família e a escola como contextos de desenvolvimento

humano. Paidéia, v. 17, n. 36, p. 21-32, 2007.

DISHION, T. J. Prevention of problem behavior through annual family check-ups in early

childhood: intervention effects from home to early elementary school. J Abnorm Child

Psychol, 2013.

Page 64: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

63

DUARTE, C.; BORDIN, I. A. S. Instrumentos de avaliação. Revista Brasileira de Psiquia-

tria, v. 22, p. 55-8, 2000.

DURAND, J. G. et al. Repercussão da exposição à violência por parceiro íntimo no compor-

tamento dos filhos. Revista de Saúde Pública, v.45, n. 2, p. 355-64, 2011.

ELIAS, L. C.; MARTURANO, E. M. Oficinas de linguagem: proposta de atendimento psico-

pedagógico para crianças com queixas escolares. Estudos de Psicologia, v. 10, n. 1, p. 53-61,

2005.

FEITOSA, F. B.; DEL PRETTE, Z. A. P.; MATOS, M. G. Definição e avaliação das dificul-

dades de aprendizagem (I): os impasses na operacionalização dos distúrbios de aprendizagem.

Revista de Educação Especial e Reabilitação, v. 13, p. 33-46, 2006.

FERREIRA, M. C. T.; MARTURANO, E. M. Ambiente familiar e os problemas de compor-

tamento apresentados por crianças com baixo desempenho escolar. Psicologia: Reflexão e

Crítica, v.15, n. 35-44, 2002.

FERRIOLLI, S. H. T. Indicadores de risco e de proteção ao desenvolvimento do escolar:

crianças e famílias atendidas em um programa de atenção primária e saúde da família. 2006.

163 f. Tese. (Doutorado em Saúde Mental) - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Uni-

versidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006.

FLEITLICH, B.; GOODMAN, R. Social factors associated with child mental health problems

in Brazil: cross sectional survey. Bmj, v. 323, n. 7313, p. 599-600, 2001.

GARDINAL, E. C.; MARTURANO, E. M. Meninos e meninas na educação infantil: associa-

ção entre comportamento e desempenho. Psicologia em Estudo, v. 12, n. 3, p. 541-51, 2007.

GARNER, P. W.; LEMERISE, E. A. The roles of behavioral adjustment and conceptions of

peers and emotions in preschool children's peer victimization. Development and Psycho-

pathology, v. 19, n. 1, p. 57-71, 2007.

GOMIDE, P. I. C. Estilos parentais e comportamento antissocial. In: DEL PRETTE, A.; DEL

PRETTE, Z. A. P. (Eds.). Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões

conceituais, avaliação e intervenção. Campinas: Alínea, 2003. p. 61-82.

GOODYER, I.; COOPER, P. J. A. Community study of depression in adolescent girls II. The

clinical features of identified disorders. Br J Psychiatry, v. 163, p. 374-80, 1993.

GRESHAM, F. M.; ELLIOT, S. N. Social skills rating system manual. Circle Pines, MN:

American Guidance Service, 1990.

HEDEGGARD, M. A zona de desenvolvimento proximal como base para o ensino. In DA-

NIELS, H. (Ed.), Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Loyola, 2002. p. 199-228.

HOWES, C.; PHILLIPSEN, L. C.; PEISNER-FEINBERG, E. Consistency of perceived

teacher child relationships between preschool and kindergarten. Journal of School Psycholo-

gy, v. 38, n. 2, p. 113-32, 2000.

JACKSON, Y.; WARREN, J. S. Appraisal, social support, and life events: predicting out-

come behavior in school-age children. Child Development, v. 71, n. 5, p. 1441–57, 2000.

Page 65: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

64

KAPLAN, H. I.; SADOK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do com-

portamento e psiquiatria clínica. Tradução Dayse Batista. 7. ed. Porto Alegre, 1997.

KAZDIN, A. E. Contributions of risk-factor research to developmental psychopathology.

Clinical Psychology Review, v. 17, n. 4, p. 375-406, 1997.

KEANE, S. P., CALKINS, S. D. Predicting kindergarten peer social status from toddler and

preschool problem behavior. Journal of Abnormal Child Psychology, 32, 409-15, 2004.

KIM-COHEN, J. Resilience and Developmental Psychopathology. Child and adolescent psy-

chiatric clinics of North America, v. 16, n. 2, p. 271-83, 2007.

KRAEMER, H. C. et al. Coming to terms with the terms of risk. Archives of General Psy-

chiatry, v. 54, n. 4, p. 337-43, 1997.

KREBS, R. J. Considerações organizacionais para a Educação Física nas séries iniciais do

Ensino Fundamental. Cinergis, v. 1, n. 1, p. 19-38, 2000.

KREPPNER, K. The child and the family: Interdependence in developmental pathways. Psi-

cologia: Teoria e Pesquisa, v. 16, n. 1, p. 11-22, 2000.

KWOK, O.; HUGHES, J. N. LUO, W. The role of personality resilience on lower achieving

first grade students’ current and future achievement. Journal of School Psychology, v. 45, n.

1, p. 61-82, 2007.

LADD, G. W.; BIRCH, S.; BUSH, E. Children’s social and scholastic lives in kindergarten:

Related spheres of influences? Child Development, v. 70, p. 1373-400, 1999.

LADD, G. W.; TROOP-GORDON, W. The role of chronic peer difficulties in the develop-

ment of children’s psychological adjustment problems. Child Development, v. 74, p. 1325-48,

2003.

LANGSFORD, S. et al. Prevalence and comorbidity of child and adolescent disorders in

mainstream school students. Psychiatry, v. 22, p. 1-12, 2001.

LIMA, S. F. B. Desenvolvimento e aplicação de programa de orientações para manejo com-

portamental de crianças e adolescentes com síndrome de Williams em sala de aula. 2011. 118

f. Dissertação. (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento). Programa de Pós Graduação

em Distúrbios do Desenvolvimento, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2011.

LUIZZI, L.; ROSE, T. M. S. Intervenções para a prevenção e redução de comportamentos

agressivos e a formação de professores. Temas Psicologia, v. 18, n.1, p. 57-69, 2010.

LYRA, G. F. D. et al. A relação entre professores com sofrimento psíquico e crianças escola-

res com problemas de comportamento. Ciência a Saúde Coletiva, v. 14, n. 2, p. 435-444,

2009.

MALECKI, C. K.; ELLIOTT, S. N. Children’s social behaviors as predictors of academic

achievement: a longitudinal analysis. School Psychology Quarterly, v. 17, n. 1, p. 1-23, 2002.

MARINHO, M. L. Comportamento anti-social infantil: questões teóricas e de pesquisa. In:

DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. (Eds.). Habilidades sociais, desenvolvimento e

Page 66: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

65

aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção. Campinas: Alínea, 2003. p. 61-

82

MARTINELLI, S. C.; GENARI, C. H. M. Relações entre desempenho escolar e orientações

motivacionais. Estudos Psicologia, v. 14, n.1, p. 13-21, 2009.

MARTURANO, E. D.; LOUREIRO, S. R. O desenvolvimento socioemocional e as queixas

escolares In: DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. (Eds.). Habilidades sociais, desen-

volvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção. Campinas: Alínea,

2003. p. 259-291

MARTURANO, E. M. Fatores de risco e proteção no desenvolvimento sócio-emocional de

crianças com dificuldade de aprendizagem. In: MENDES, E. G.; ALMEIDA, M. A. et al

(Eds.). Temas em educação especial: avanços recentes. São Carlos: Edufscar, 2004. p. 159-

165.

MEDEIROS, P. C.; LOUREIRO, S. R. Observação clínica do comportamento de crianças

com queixa de dificuldade de aprendizagem. In: MARTURANO, E. M.; LINHARES, M. B.

M.; LOUREIRO, S. R. (Eds.). Vulnerabilidade e proteção: Indicadores na trajetória de de-

senvolvimento escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. p. 107-122

MEDEIROS, P. C. et al. A auto eficácia e os aspectos comportamentais de crianças com difi-

culdade de aprendizagem. Psicologia Reflexão e Crítica, v. 13, n. 3, p. 327-36, 2000.

MELTZER, H. et al. Mental health of children and adolescents in Great Britain. Int Rev Psy-

chiatry, v. 15, n. 1-2, p. 185-7, 2003.

MESQUITA, M. L. G. et al. Fenótipo comportamental de crianças e adolescentes com sín-

drome de Prader-Willi. Revista Paulista de Pediatria, v. 28, n. 1, p. 63-9, 2010.

MESQUITA, M. L. G. Perfil Comportamental e Cognitivo de Crianças com a SPW. 2007.

113 f. Dissertação. (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento). Programa de Pós Gradua-

ção em Distúrbios do Desenvolvimento, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo,

2007.

MILÁN, S. et al. Victimología infantil. Cuadernos de Medicina Forense, v. 12, n. 43-44, p.7-

19, 2006.

MILES, S. B.; STEPEK, D. Contemporaneous and longitudinal associations between social

behavior and literacy achievement in a sample of low-income elementary school children.

Child Development, v. 77, n. 1, p. 103-17, 2006.

MOFFITT, T. E., et al. Childhood-onset versus adolescent onset antisocial conduct problems

in males: Natural history from ages 3-18. Development and Psychopathology, v. 8, n. 2, 399-

424, 1996.

MOLINA, R. C. M.; DEL PRETTE, Z. A. P. Funcionalidade da relação entre habilidades

sociais e dificuldades de aprendizagem. Psico-USF, v. 11, n. 1, p. 53-63, 2006.

O’CONNEL, M. E.; BOAT, T.; WARNER, K. E. Preventing mental, emotional, and behav-

ioral disorders among young people: progress and possibilities. Washington, DC: National

Academies Press, 2009. 562 p.

Page 67: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

66

OKANO, C. B. et al. Crianças com dificuldades escolares atendidas em programa de suporte

psicopedagógico na escola: avaliação do autoconceito. Psicologia Reflexão e Crítica, v.17, n.

1, p. 121-8, 2004.

OLIVEIRA, K. L. et al. O psicólogo comportamental e a utilização de técnicas e instrumentos

psicológicos. Psicologia em Estudo, v. 10, n. 1, 127-35, 2005.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE-OMS. Relatório sobre a saúde no mundo 2001:

saúde mental - nova concepção nova esperança. Genebra: Organização Mundial da Saúde,

2001. 135 p.

ORUCHE, U. M. et al. Barriers and facilitators to treatment participation by adolescents in a

community mental health clinic. J Psychiatr Ment Health Nurs, 2013.

PAANANEN, R. et al. Socioeconomic and regional aspects in the use of specialized psychiat-

ric care--a Finnish nationwide follow-up study. Eur J Public Health, v. 23, n. 3, p. 372-7,

2013.

PASTURA, G. M. C., MATTOS, P., ARAÚJO, A. P. Q. C. Desempenho escolar e transtorno

do déficit de atenção e hiperatividade. Rev. Psiquiatr. Clín. v. 32, n. 6, p. 324-9, 2005.

PATTERSON, G. R., REID, J. B., DISHION, T. J. Antisocial boys: comportamento antisso-

cial. Santo André, SP: Esetec, 2002.

PATTERSON, G. R.; DEBARYSHE, B. D.; RAMSEY, E. A developmental perspective on

antissocial behavior. American Psychologist, v. 44, n. 2, p. 329-35, 1989.

PATTERSON, G. R.; REID, J. B.; EDDY, J. M. A brief history of the Oregon model. In:

REID, J. B.; PATTERSON, G. R.; SNYDER, J. (Eds.). Antisocial behavior in children and

adolescents: a developmental analysis and model for intervention. Washington, DC: Ameri-

can Psychological Association, 2002. p. 3-21

PAULA, C. S.; MIRANDA, C. T.; BORDIN, I. A. L. S. Saúde mental na infância e adoles-

cência: revisão dos estudos epidemiológicos brasileiros. In: LAURIDSEN-RIBEIRO, E.;

TANAKA, O. Y. (Ed.). Atenção em saúde mental para crianças e adolescentes no SUS. São

Paulo: Hucitec, 2010. p. 75-92.

PAULA, C. S. et al. How to improve the mental health care of children and adolescents in

Brazil: Actions needed in the public sector. Rev Bras Psiquiatr, v. 34, n. 3, p. 334-41, 2012.

PESCE, R. Violência familiar e comportamento agressivo e transgressor na infância: uma

revisão da literatura. Ciência Saúde Coletiva, v. 14, n. 2, p. 507-18, 2009.

POTTER, R.; DARWICH, A. Predicting attendance at child and adolescent clinics. Psychia-

tric Bulletin, v. 20, n. 12, p. 717-8, 1996.

REGO, T. C. Memórias de escola: cultura escolar e constituição de singularidades. Petrópo-

lis: Vozes, 2003. 420 p.

REID, M. J.; WEBSTER-STRATTON, C.; BEAUCHAINE, T. P. Parent training in head

start: A comparison of program response among African American, Asian American, Cauca-

sian, and Hispanic mothers. Prevention Science, v. 2, n. 4, p. 209-27, 2001.

Page 68: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

67

REPPOLD, C. T. et al. Prevenção de problemas de comportamento e desenvolvimento de

competências psicossociais em crianças e adolescentes: uma análise das práticas educativas e

dos estilos parentais. In: HUTZ, C. S. (Ed.). Situações de risco e vulnerabilidade na infância

e na adolescência: aspectos teóricos e estratégias de intervenção. São Paulo: Casa do Psicólo-

go, 2002. p. 7-51.

RIOS, K. S. A.; WILLIAMS, L. C. A. Intervenção com famílias como estratégia de preven-

ção de problemas de comportamento em crianças: uma revisão. Psicologia em Estudo, v. 13,

n. 4, p. 799-806, 2008.

RIVERS, S. E. et al. Improving the social and emotional climate of classrooms: a clustered

randomized controlled trial testing the RULER Approach. Prevention Science, v. 14, n. 1, p.

77-87, 2013.

ROCHA, M. M. et al. Behavioural/emotional problems in brazilian children: findings from

parents' reports on the child behavior checklist. Epidemiology and Psychiatric Sciences, v. 20,

n. 1, p 1-10, 2012.

ROCHA, M.; COSTA, N.; SILVARES, E. Changes in parents and self-reports of behavioral

problems in Brazilian adolescents after behavioral treatment with urine alarm for nocturnal

enuresis. International Brazilian Journal of Urology, v. 34, n. 6, p. 749-57, 2008.

RODRIGUEZ, J. D. et al. The impact of perinatal and socioeconomic factors on mental health

problems of children from a poor Brazilian city: a longitudinal study. Social Psychiatry and

Psychiatric Epidemiology, v. 46, n. 5, p. 381-91, 2011.

ROESER, R. W.; ECCLES, J. S.; SAMEROFF, A. J. Academic and emotional functioning in

early adolescence: longitudinal relations, patterns, and prediction by experience in middle

school. Development and Psychopathology, v. 10, n. 2, p. 321-52, 1998.

ROSA, L. T. B. et al. Caracterização do atendimento psicológico prestado por um serviço de

psicologia a crianças com dificuldades escolares. Estudos de Psicologia, v. 17, n. 13, p. 5-15,

2001.

SA, D. G. F. et al. Fatores de risco para problemas de saúde mental na infância/adolescência.

Psicologia Teoria e Pesquisa, v. 26, n. 4, p. 643-52, 2010.

SÁ, D. G. F. Fatores ambientais relacionados a saúde mental de crianças e adolescentes de

comunidade urbana de baixa renda: um estudo longitudinal. 2010. Dissertação. (Mestrado em

Distúrbios do Desenvolvimento) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2010.

SANT’ANA, N. Z. Estudo transversal sobre problemas de comportamento, desempenho aca-

dêmico e competências sociais em escolares do Ensino Fundamental I. 2012. Dissertação.

(Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento). Programa de Pós Graduação em Distúrbios

do Desenvolvimento, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.

SANTOS, P. L.; GRAMINHA, S. S. V. Problemas emocionais e comportamentais associados

ao baixo rendimento acadêmico. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 1, p. 101-9, 2006.

SANTOS, E. O. L.; SILVARES, E. F. M. Enuretical children and referred children for uni-

versity mental health services: a comparative study of their parents' perception. Psicologia

Reflexão e Crítica, v. 19, n. 2, p. 277-82, 2006.

Page 69: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

68

SAPIENZA, G.; AZNAR-FARIAS, M.; SILVARES, E. F. M. Competência social e práticas

educativas parentais em adolescentes com alto e baixo rendimento acadêmico. Psicologia:

Reflexão e Crítica, v. 22, n. 2, p. 208-13, 2009.

SAWYER, M. G. et al. The mental health of young people in Australia: key findings from the

child and adolescent component of the national survey of mental health and well-being. Aust

N Z J Psychiatry, v. 35, n. 6, p. 806-14, 2001.

SERACENI, M. F. F. Comportamentos de desatenção, hiperatividade e impulsividade em

crianças com síndrome de Williams: integração entre dados de observação em sala de aula e

uso de instrumentos padronizados. 2011. Projeto de Iniciação Científica. (Psicologia) - Uni-

versidade Presbiteriana Mackenzie, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-

nológico, 2011.

SERACENI, M. F. F. et al. Indicadores de problemas de comportamento em crianças e ado-

lescentes com síndrome de Williams: dados preliminares. Cadernos de Pós-Graduação em

Distúrbios do Desenvolvimento, v. 10, p. 35-42, 2010.

SHAKOOR, S. et al. Mothers and children as informants of bullying victimization: results

from an epidemiological cohort of children. J Abnorm Child Psychol, v. 39, n. 3, p. 379-87,

2011.

SILVARES, E. F. M. Invertendo o caminho tradicional do atendimento psicológico em uma

clínica-escola brasileira. Estudos de Psicologia, v. 5, n. l, p. 149-80, 2000.

SUKHODOLSKY, D. G. et al. Adaptive, emotional, and family functioning of children with

obsessive-compulsive disorder and comorbid attention deficit hyperactivity disorder. Ameri-

can Journal of Psychiatry, United States, v. 162, n. 6, p. 1125-32, 2005.

TEIXEIRA, M. C. T. V. et al. A description of adaptive and maladaptive behaviour in chil-

dren and adolescents with Cri-du-chat syndrome. Journal of Intellectual Disability Research,

v. 55, n. 2, p. 132-7, 2011.

TRAMONTINA, S. et al. Estimated mental retardation and school dropout in a sample of

students from state public schools in Porto Alegre, Brazil. Revista Brasileira de Psiquiatria,

v. 24, n. 4, p. 177-81, 2002.

VELEDA, A. A.; SOARES, M. C. F.; CÉSAR-VAZ, M. R. Fatores associados ao atraso no

desenvolvimento em crianças. Revista Gaúcha de enfermagem, v. 32, n. 1, p. 79-85, 2011.

WEARE, K.; NIND, M. Mental health promotion and problem prevention in schools: what

does the evidence say? Health Promotion International, v 26, n. 1, p. i29-69, 2011. Supple-

ment 1

WEBSTER-STRATTON, C.; REID, M. J.; HAMMOND, M. Treating children with early-

onset conduct problems: Intervention outcomes for parent, child, and teacher training. Journal

of Clinical Child and Adolescent Psychology, v. 33, n. 1, p. 105-24, 2004.

WELSH, M. et al. Linkages between children’s social and academic competence: A longitu-

dinal analysis. Journal of School Psychology, v. 39, n. 6, p. 463-81, 2001.

Page 70: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

69

ZWAANSWIJK, M. et al. Help seeking for emotional and behavioural problems in children

and adolescents: a review of recent literature. European Child & Adolescent Psychiatry, v. 12,

n. 4, p. 153-61, 2003.

Page 71: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

70

ANEXO A - Modelo da carta de aprovação do comitê de ética

Carta de aprovação do referido projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Page 72: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

71

ANEXO B – Modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PAIS ou RESPONSÁVEIS pelo Sujeito de

Pesquisa Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Identificação de problemas de comportamento em alunos de

escolas públicas do Ensino Fundamental I de uma rede municipal de educação” que se propõe avaliar os aspectos comporta-

mentais de escolares do Ensino Fundamental I e identificar competências nas áreas de desempenho acadêmico, socialização e

realização de atividades dessas crianças. Os dados serão coletados através do preenchimento do Inventário de Comportamen-

tos para Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos (CBCL/6-18) e levantamento de dados sociodemográficos das crianças

participantes assim como uso de serviços de saúde. Os instrumentos de avaliação aplicados assim como o contato interpesso-

al oferecem riscos mínimos aos participantes.

Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais dúvidas (no

endereço abaixo), e terá o direito de retirar a permissão para participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer penali-

dade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o

sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes (apenas os

Pesquisadores Responsáveis terão acesso a essa informação), bem como a identificação do local da coleta de dados. Após

finalização do estudo serão realizadas em situação grupal devolutivas, apenas para os pais de crianças que não acusarem

problemas de comportamento com orientações psicoeducativas de caráter preventivo. Já para as crianças que apresentem

dificuldades de comportamento de acordo com o relato de pais, serão efetuadas devolutivas individuais com recomendações

para outras avaliações ou intervenções, se necessário.

Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato com o Comi-

tê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - Mezani-

no.

Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador Responsá-

vel. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter outros esclarecimentos

sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo.

Nome do Pai/Mãe/Cuidador responsável:_____________________________________

__________________________________________________________________________

Assinatura: ___________________________

Declaro que expliquei ao Responsável pelo Sujeito de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus even-

tuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo, assim como esclareci

as dúvidas apresentadas.

São Paulo, _____ de ____________ de 2012.

Nome e assinatura dos Pesquisadores Responsáveis

Profa. Dra. Maria Cristina T V Teixeira

Mestranda. Mayra F. F. Seraceni

Nome da Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie

Endereço: Rua da Consolação 896. Consolação, São Paulo/SP.

Telefone: 11-2114-8179

E-mail: [email protected]

Page 73: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

72

ANEXO C – Modelo do Questionário para Caracterização Sociodemográfica

Dados Gerais da Criança

Nome da Criança (completo): _______________________________Data de nascim.:

___/___/____

Nome do Pai (completo):____________________________________________________

Nome da Mâe (completo): ___________________________________________________

Telefone: Residencial: ( ) Celular: ( ) Comercial:

( )______

Questionário para caracterização sociodemográfica e familiar da criança

Dados sobre o entrevistado:

1. Nome:_______________________________________________________________

2. Sua Relação com a criança:

( ) Mãe/Pai Biológico ( ) Avó/Avô

( ) Mãe/Pai Adotivo ( ) Cuidador(A) De Abrigo

( )Madrasta/Padrasto ( ) Outro - Especifique: _____________________

2. Idade :________ 3. Escolaridade: _________________________________

3. A família da criança tem casa própria?__________________________

Preencher o quadro 1 abaixo com o que a família da criança possui em casa (considerar itens

quebrados há menos de 6 meses).

Quadro 1 - (ABEP) Não Tem Tem

1 2 3 4 ou +

Televisão em cores

Rádio (qualquer aparelho no domicílio, exceto rádio do car-

ro)

Banheiro (com vaso sanitário e privativo do domicílio)

Automóvel (sem uso profissional)

Empregada mensalista

Máquina de lavar (excluir tanquinho)

Videocassete e/ou DVD

Geladeira

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

SOMA DE PONTOS

Qual a instrução do chefe da família: ________________séries completas

5) Nos últimos 6 meses, seu(sua) filho(a) foi atendido(a) por psiquiatra por problemas emo-

cionais ou problemas de comportamento?

( )Não sabe ( ) Sim ( ) Não (pule para 6)

Há quanto tempo ele(a) utiliza esse serviço? ____________ meses

O tratamento foi finalizado: ( ) sim ( ) não

Quantas vezes por mês (média): ( ) 1 vez por mês ( ) 2 ou 3 vezes por mês ( ) 4

ou mais

Qual tipo de atendimento é utilizado: ( ) Público ( ) Particular ( )

Convênio

Page 74: Mayra Fernanda Ferreira Seraceni.pdf

73

6) Nos últimos 6 meses, seu(sua) filho(a) freqüentou/freqüenta serviço especializado em

saúde mental?

( ) Não sabe ( ) Não (pule para 7)

( )Sim

É um Capsi? ( )Sim ( )Não.

Se não, qual o serviço: ___________________________

Há quanto tempo ele(a) utiliza esse serviço? __________________________

Quantas vezes por mês: ( ) 1 vez por mês ( ) 2 ou 3 vezes por mês ( ) 4 ou mais vezes

por mês

7) Nos últimos 6 meses, seu(sua) filho(a) foi atendido(a) por psicólogo(a) por problemas

emocionais ou problemas de comportamento?

( )Não sabe ( ) Não (pule para 8)

( ) Sim Há quanto tempo ele(a) utiliza esse serviço? ____________ meses

O tratamento foi finalizado: ( ) sim ( ) não

Quantas vezes por mês: ( ) 1 vez por mês ( ) 2 ou 3 vezes por mês ( ) 4 ou mais vezes

por mês

Tipo de atendimento é ou foi utilizado: ( ) Público ( ) Particular ( ) Convênio

8. Nos últimos 6 meses, seu(sua) filho(a) foi atendido(a) por neurologista por problemas

emocionais ou problemas de comportamento?

( )Não sabe ( ) Não (pule para 9 )

( ) Sim Há quanto tempo ele(a) utiliza esse serviço? ____________ meses

O tratamento foi finalizado: ( ) sim ( ) não

Quantas vezes por mês: ( ) 1 vez por mês ( ) 2 ou 3 vezes por mês ( ) 4 ou mais vezes

por mês

Tipo de atendimento é ou foi utilizado: ( ) Público ( ) Particular ( ) Convênio

9) Nos últimos 6 meses, seu(sua) filho(a) foi atendido(a) por pedagoga(o)?

( )Não sabe ( ) Não (pule para 9)

( ) Sim Há quanto tempo ele(a) utiliza esse serviço? ____________ meses

O tratamento foi finalizado: ( ) sim ( ) não

Quantas vezes por mês: ( ) 1 vez por mês ( ) 2 ou 3 vezes por mês ( ) 4 ou mais vezes

por mês

Tipo de atendimento é ou foi utilizado: ( ) Público ( ) Particular ( ) Convênio