antropologia no brasil texto 2

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    A ANTROPOLOGIA NO BRASIL:

    A INTERDISCIPLINARIDADE POSSVEL?

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    A ANTROPOLOGIA NO BRASIL:

    A INTERDISCIPLINARIDADE POSSVEL?

    A Antropologia no Brasil:

    a Interdisciplinaridade Possvel?

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

    F R A N C I S C O M. S A L z A N O1

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    ResumoA histria da Antropologia no Brasil foi dividida em trs fases: 1) Os pioneiros, 2) Perodo formativo, e 3) Fase contempornea. Os principais eventos e exemplos de figuras paradigmticas foram apresentados com relao aos dois primeiros perodos, enquanto para o terceiro foi fornecida uma lista de todos os presidentes da Associao Brasileira de Antropologia. A seguir desenvolveu-se abordagem similar para as quatro subreas em que a Antropologia tradicionalmente subdividida: Antropologia Social/Cultural, Ar-queologia, Lingustica, e Antropologia Fsica/Biolgica. A pergunta feita no final se a interao entre essas subreas possvel. A res-posta de que uma abordagem verdadeiramente interdisciplinar difcil, mas parece ser o melhor caminho para pesquisas de ponta. Sugere-se, portanto, uma abertura maior dos Programas de Ps-Graduao em Antropologia brasileiros contratao de especialis-tas nas quatro subreas, atravs de montagens de projetos de cunho nitidamente interdisciplinares.Palavras-chave: Histria da Antropologia, Antropologia no Brasil, Interdisciplinaridade.

    AbstractThe history of Anthropology in Brazil was divided in three phases: 1) The pioneers, 2) Formative period, and 3) Contempo-raneous phase. The main events and examples of paradigmatic persons were presented for the two first periods, while for the third a list of all the presidents of the Brazilian Association of Anthropology was provided. A similar approach was followed in relation to the subareas in which Anthropology is tradition-ally subdivided: Social/Cultural Anthropology, Archaeology, Linguistics, and Physical/Biological Anthropology. The ques-tion asked at the end was whether the interaction among these subareas is possible. The answer is that a really interdisciplinary approach is difficult, but seems to be the best way for frontier research. Therefore, a suggestion is made that Brazilian Post-graduate Programs in Anthropology should seek specialists in the four subareas, through the establishment of clearly interdis-ciplinary projects.

    Keywords: History of Anthropology, Anthropology in Brazil, Interdisciplinarity.

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    Salzano, F. M.

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    ResumenLa historia de Antropologa en Brasil fue dividida en tres etapas: 1) Los pioneros, 2) Perodo formativo, y 3) Fase contempornea. Los principales eventos y ejemplos de figuras paradigmticas fueran presentados con relacin a los dos primeros perodos, mientras cuanto al tercer fue presentada una lista de todos los presidentes de la Asociacin Brasilea de Antropologa. Despus un abordaje similar fue hecho para las cuatro subreas en que la Antropologa es tradicionalmente subdividida: Antropologa Social/Cultural, Arqueologa, Lingstica, y Antropologa Fsica/Biolgica. La pregunta hecha al final fue si la interaccin entre esas subreas es posible. La respuesta es que un abordaje verdad-eramente interdisciplinario es difcil, pero ese parece ser el mejor camino para investigaciones de punta. Se hace una sugerencia, por lo tanto, para una mayor apertura de los Programas de Pos-grado en Antropologa brasileos para la contratacin de espe-cialistas en las cuatro subreas, por medio de proyectos netamente interdisciplinarios.Palabras claves: Historia de la Antropologa, Antropologa en Bra-sil, Interdisciplinaridad.

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    A Antropologia no Brasil: a interdisciplinaridade possvel?

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    MORIBUNDA OU PLENA DE VIDA?Etimologicamente Antropologia sig-nifica o estudo do homem (ou da es-pcie humana) e em seu sentido lato envolve a anlise comparativa tanto de sua biologia quanto de manifestaes culturais no que se refere ao tempo, variedade, lugar e condio (Comas 1966). Devido a essa amplitude no tm faltado crticos disciplina ou seus cultores, e Gustavo Lins Ribei-ro, presidente da Associao Brasilei-ra de Antropologia (ABA) na gesto 2002-2004 declarou que A Antro-pologia pode ser pensada como uma fnix, cuja morte ou agonia prolon-gada tem sido anunciada vrias vezes, ao menos desde a dcada de 1920 (Ribeiro 2006:107). No entanto, esse mesmo autor salientou que dos dois mil antroplogos calculados por Kro-eber (1953) existirem em sua poca, chega-se atualmente a uma estimativa conservadora de pelo menos 30 mil.

    Durham (2006) salientou que a Antro-pologia de hoje, como a de ontem, relevante porque teve e tem um pro-fundo sentido revolucionrio em ter-mos da viso de mundo que esteve e ainda est se construindo em nossa so-ciedade. Ela enfatizou a relao dial-tica do reconhecimento das diferenas como um requisito para a interpreta-o correta do conceito de humani-dade comum. Outros aspectos abor-dados por ela e muitos outros autores o do grau com que a atividade an-tropolgica deve estar vinculada com as reivindicaes sociais dos grupos que estuda. Essas implicaes ticas, quando se consideram grupos tribais,

    foram avaliadas de maneira ampla em Salzano & Hurtado (2004).

    CARACTERSTICASNo seu sentido estrito o termo Antro-pologia refere-se ao estudo da histria natural da espcie humana, isto , da Antropologia Fsica ou Biolgica. J no seu sentido lato, indicado na seo anterior, a palavra tem um mbito mais abrangente, que inclui a Antropologia Cultural ou Social, a Arqueologia e a Lingustica, alm da Antropologia Bio-lgica. Esse o chamado enfoque dos quatro campos, particularmente ado-tado nos Estados Unidos da Amrica (Spencer 1997:ix). Tradicionalmente a Antropologia no Brasil tem seguido um rumo diverso, os Departamentos de Antropologia concentrando pri-mariamente cultores da Antropologia Cultural, com grupos geralmente me-nores de arquelogos. A participao de linguistas e antroplogos biolgicos nessas unidades praticamente nula.

    A proposta de um novo Programa de Ps-Graduao nessa rea, a ser de-senvolvido na Universidade Federal do Par, a de justamente modificar este panorama, com uma abordagem interdisciplinar que contemple essas quatro subdisciplinas. dentro deste contexto que apresentarei, nas sees seguintes, um panorama muito geral sobre a Histria da Antropologia no Brasil. Deve ficar claro que, como a minha formao basicamente na rea biolgica, haver um inevitvel vis na minha verso dessa histria. Mas como sou associado da ABA h quase meio sculo, e as pesquisas que desen-

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    volvo em populaes indgenas e no-indgenas da Amrica do Sul envolvem sempre abordagens que incluem a cul-tura, a arqueologia e a lingustica, creio que a abordagem no ser muito ina-propriada. Ela est focada em figuras e eventos paradigmticos; portanto, peo de antemo desculpas pela even-tual omisso de fatos ou figuras que seriam considerados essenciais em ou-tros contextos.

    HISTRIA DA ANTROPOLOGIA NO BRASIL OS PIONEIROSA Primeira Fase da Histria da Antropo-logia no Brasil pode ser convenientemen-te delimitada entre 1835, com a descober-ta por Peter W. Lund (1801-1880) do

    material sseo de Lagoa Santa e 1933 (imediatamente antes da fundao da Universidade de So Paulo, em 1934). Os nove nomes listados no Quadro 1 correspondem figura clssica do an-troplogo da poca, que investigava todos os aspectos da Antropologia em seu sentido lato. Desses, apenas cinco eram brasileiros ou tinham residncia permanente no Brasil: Barbosa Ro-drigues e Curt Nimuendaju no norte, Nina Rodrigues na Bahia, e von Ihe-ring e Roquete Pinto respectivamente em So Paulo e Rio de Janeiro. Ehren-reich, Ranke e Koch-Grnberg, de na-cionalidade alem, realizaram expedi-es de estudos, de carter temporrio, de nossos indgenas.

    Personagens Datas Natureza do estudo

    P.W. Lund 1835-1844 Estudos paleoantropolgicos em Lagoa Santa

    J. Barbosa Rodrigues 1872-1899 Etnologia e arqueologia

    P. Ehrenreich 1887-1897 Expedies de estudo de indgenas brasileirosR. Nina Rodrigues 1890-1904 Estudos africanistas

    K.E. Ranke 1898-1907 Expedies de estudo de indgenas brasileiros

    H. von Ihering 1898-1914 Investigaes de carter geral

    T. Koch-Grnberg 1903-1904 Etnologia indgenaCurt Nimenendaju 1914-1933 Etnologia e arqueologia

    E. Roquete Pinto 1917-1942 Investigaes de carter geral

    Quadro 1Histria da Antropologia no Brasil. Fase 1: Os pioneiros (1835-1933)

    Fonte: Castro Farias (1952); Salzano (1997).

    HISTRIA DA ANTROPOLOGIA NO BRASIL PERODO FORMATIVOTodos os historiadores de cincia con-cordam em que a fundao da Univer-sidade de So Paulo (USP) foi marco decisivo para a institucionalizao da

    pesquisa cientfica no Brasil. Schwart-zman (1979) descreveu em detalhe como surgiu e se concretizou a idia, que envolvia como ponto fundamen-tal a criao da Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras, destinada a formar

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    a elite nacional. O trabalho de estru-turao da USP e as decises cruciais relativas mesma foram obra basica-mente de trs pessoas: Julio de Mes-quita Filho, diretor do jornal Estado de So Paulo; Armando Salles de Oliveira, interventor federal; e Paulo Duarte, in-telectual e poltico.

    Desde seu incio a nova instituio es-tabeleceu um critrio de valorizao da excelncia que permanece at hoje. Foi realizado ativo recrutamento de inte-lectuais, especialmente na Europa, e o exemplo foi seguido, pelo menos par-cialmente, em outras regies do pas.

    O Quadro 2 lista, por ordem alfabti-ca, algumas figuras paradigmticas que desenvolveram estudos entre 1934 e 1954, antes da fundao da ABA. A contribuio estrangeira exemplifica-da pela presena de dois antroplogos franceses (Alfred Mtraux, Roger Bas-

    tide) e dois norte-americanos (Charles Wagley, Donald Pierson). Entre os bra-sileiros ou com residncia permanente no pas a maioria, naturalmente, de So Paulo (Schaden, Willems, Fernan-des, Mussolini, Schultz, Baldus), mas h tambm representantes do Rio de Janeiro (Ramos, D. Ribeiro), Rio Gran-de do Sul (Laytano), nordeste (Cascu-do, R. Ribeiro, Azevedo) e norte (Gal-vo, Arnaux) do Brasil. As referncias bibliogrficas indicadas no Quadro nem sempre indicam a obra mais im-portante das personagens listadas, ser-vindo apenas como exemplos de traba-lhos aos quais tive acesso. Entretanto, o livro de Arnaud (1989) documenta bem sua trajetria de 50 anos de estu-dos em populaes indgenas; e o de Corra (1987) fornece uma sinopse do perodo 1930-1960, com testemunhos e bibliografias de Donald Pierson e Emlio Willems.

    Algumas figuras paradigmticas listadas em ordem alfabtica

    1. Alfred Mtraux 10. Expedito Arnaux

    2. Arthur Ramos 11. Florestan Fernandes3. Charles Wagley 12. Gioconda Mussolini

    4. Dante de Laytano 13. Harald Schultz

    5. Darcy Ribeiro 14. Herbert Baldus

    6. Donald Pierson 15. Lus da Cmara Cascudo

    7. Eduardo Galvo 16. Ren Ribeiro

    8. Egon Schaden 17. Roger Bastide

    9. Emilio Willems 18. Thales de Azevedo

    Quadro 2Histria da Antropologia no Brasil. Fase 2: Perodo Formativo (1934-1954)

    Fonte: Ramos (1943/47); Mtraux (1946); Fernandes (1949); Laytano (1956); Ribeiro (1957); Galvo (1960); Schultz (1963); Schaden (1965); Mussolini (1969); Waglevy (1971); Azevedo (1975); Corra (1987); Arnaud (1989).

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    HISTRIA DA ANTROPOLOGIA NO BRASIL FASE CONTEMPORNEASeria impossvel, no espao dispon-vel, cobrir de maneira adequada o que ocorreu na Antropologia do pas neste ltimo meio sculo. Decidi, portanto, listar (Quadro 3) todos os presidentes da ABA, que sem dvida fornecem uma amostra adequada de personagens im-portantes na rea. Os dois perodos in-dicados na tabela relacionam-se trans-formao da ABA de uma instituio fundamentalmente elitista, com fortes exigncias de ingresso, para uma asso-ciao mais democrtica em que os es-tudantes de graduao e ps-graduao

    tambm teriam espao. A distribuio das instituies s quais os presiden-tes esto ou estavam vinculados reflete o que ocorre na cincia brasileira em geral; cerca da metade das instituies (11/24 gestes, 46%) localiza-se no su-deste, cinco no Distrito Federal, cinco no sul e trs no nordeste. Quase a tota-lidade dos presidentes da ABA podem ser classificados como antroplogos so-ciais/culturais; as excees so trs, que pelo menos parcialmente podem ser categorizados como antroplogos fsi-cos/biolgicos (Castro Faria, Loureiro Fernandes, Thales de Azevedo) e uma que lingista (Yonne Leite).

    Quadro 3Histria da Antropologia no Brasil. Fase 3: Contempornea (1955-Presente)

    Os presidentes da Associao Brasileira de Antropologia1

    I. Na estrutura clssica

    1955 Luiz de Castro Faria (MN)

    1958 Jos Loureiro Fernandes (UFPR)

    1959 Darcy Ribeiro (UFRJ)

    1961 Herbert Baldus (MP)

    1963 Eduardo Galvo (UnB)

    1966 Manuel Digues Jr. (UFPR)

    1974 Thales de Azevedo (UFBA)1976 Ren Ribeiro (UFPE)

    II. Ps-revoluo dos jovens

    1978 Luis de Castro Faria (MN)

    1980 Eunice Durham (USP)

    1982 Gilberto C. Alves Velho (MN)

    1984 Roberto Cardoso de Oliveira (UnB)

    1986 Manuela Carneiro da Cunha (USP)

    1988 Antonio A. Arantes (UNICAMP)

    1990 Roque de Barros Laraia (UnB)

    1992 Silvio Coelho dos Santos (UFSC)

    1994 Joo Pacheco de Oliveira (MN)

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    1 Chave para as siglas: MN: Museu Nacional; MP: Museu Paulista; UFBA: Universidade Federal da Bahia; UFPE: Universidade Federal de Pernambuco; UFPR: Universidade Federal do Paran; UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro; UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina; UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas; UnB: Universidade de Braslia; USP: Univer-sidade de So Paulo.Fonte: Corra (2003); Eckert & Godoi (2006); Trajano Filho & Ribeiro (2004) apresentaram um panorama muito abrangente desta fase, com nfase nos Programas de Ps-Graduao em Antropologia, iniciados em 1971.

    1996 Mariza Corra (UNICAMP)

    1998 Yonne Leite (MN)

    2000 Ruben Oliven (UFRGS)

    2002 Gustavo Lins Ribeiro (UnB)

    2004 Miriam Pillar Grossi (UFSC)

    2006 Lus R. Cardoso de Oliveira (UnB)

    2008 Carlos Caroso (UFBA)

    AS SUBREAS ANTROPOLOGIA SOCIAL/CULTURALO Quadro 4 fornece nove exemplos selecionados de obras importantes de-senvolvidas na subrea da Antropologia Social/Cultural. Trs delas (as de Ra-mos, Baldus e Ribeiro) so de carter geral, considerando tanto o panorama

    brasileiro quanto uma tentativa de inter-pretao de todo o processo civilizat-rio; o estudo do contato intertnico est muito bem representado com quatro contribuies (Pierson, Cardoso, Car-doso de Oliveira, Santos); enquanto que Galvo e Maybury-Lewis concentra-ram-se em populaes indgenas.

    Ano Autor Ttulo

    1942 Donald Pierson Negroes in Brazil: A Study of Race Contact at Bahia1943/ 1947 Arthur Ramos Introduo Antropologia Brasileira

    1954, 1968 Herbert Baldus Bibliografia Crtica da Etnologia Brasileira

    1960 Eduardo Galvo reas Culturais Indgenas do Brasil - 1900-1959

    1962 Fernando H. Cardoso Capitalismo e Escravido no Brasil Meridional

    1964 Roberto C. de Oliveira O ndio e o Mundo dos Brancos

    1967 David Maybury-Lewis Akw-Shavante Society

    1968 Darcy Ribeiro O Processo Civilizatrio

    1973 Silvio C. dos Santos ndios e Brancos no Sul do Brasil

    Quadro 4Exemplos selecionados de obras importantes em Antropologia Social/Cultural no Brasil1

    1 Informaes completas sobre as obras so fornecidas na bibliografia. Ver tambm Amorim (2001) e Sampaio Silva (2007), que descrevem as vidas e as obras de respectivamente Roberto Cardoso de Oliveira e Eduardo Galvo

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    AS SUBREAS ARQUEOLOGIAExemplos selecionados de eventos e per-sonagens importantes para a Arqueolo-gia no Brasil esto listados no Quadro 5. Os estudos tm um passado respeitvel, que pode retroagir a 1870. Mas o pri-meiro programa nacional ocorreu ape-nas na dcada de 1960, atravs de uma interao muito profcua entre Mrio Simes, do Museu Paraense Emlio Go-eldi, e Clifford Evans e Betty Meggers, da Smithsonian Institution (Washington, DC, EUA), com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfi-co e Tecnolgico (CNPq). Os estudos abrangeram todo o pas e forneceram uma base preciosa de informaes que posteriormente foram ampliadas com pesquisas especialmente do casal Em-peraire, Pedro I. Schmitz, Andr Prous e Oldemar Blasi no centro-oeste, sudeste

    e sul do Brasil. Mais recentemente Anna Roosevelt vem desenvolvendo pesquisa muito abrangente na Amaznia.

    AS SUBREAS LINGUSTICAAs cerca de 180 lnguas indgenas fala-das no Brasil, metade das quais conta com populao de at 500 indivduos (quatro etnias tm populao superior a 20 mil) so a principal ponte entre linguistas e antroplogos. Listas de palavras das mesmas foram coletadas desde praticamente a poca do desco-brimento do pas pelos europeus, mas o estudo cientfico detalhado dessas lnguas ainda escasso. Como indica-do no Quadro 6, a principal figura na rea Arion Rodrigues, que h cerca de meio sculo vem estudando, siste-matizando, e incentivando a pesquisa das lnguas dos indgenas brasileiros.

    Ano Autor Ttulo

    1870 Arqueologia na Ilha de Maraj Ferreira Penna e J.B. Steere

    1879-1892 Antiguidades do Amazonas Joo Barbosa Rodrigues

    1950-1952 Teses na Universidade da Columbia sobre a arqueologia do Territrio do Amap e Ilha do Maraj

    Clifford Evans e Betty J. Meggers

    1962-1969 Escavaes em sambaquis Paulo Duarte (1899-1984)

    1965-1970 Programa Nacional de Pesquisas Arqueolgicas (PRONAPA)

    C. Evans, B.J. Meggers, Mario Simes

    1950-1970 Estudos em Lagoa Santa e outros stiosJoseph Emperaire (falec.: 1955) e Annete Laming-Emperaire (1917-1977)

    1972 Programa Arqueolgico de Gois Pedro I. Schmitz

    1960-1990 Pesquisas diversas sobre a Arqueologia no sudeste e sul

    Andr Prous, Jos P. Brochado, Oldemar Blasi, Ondemar Ferreira Dias Jr.

    1990-2000 Arqueologia amaznica Anna C. Roosevelt

    Quadro 5Eventos e personagens importantes para a Arqueologia no Brasil

    Fonte: Simes (1967,1974); Duarte (1968, 1970); Mendes (1970); Penteado (1978); Schmitz et al. (1986); Carvalho (1987); Prous (1992); Roosevelt et al. (2002).

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    Quadro 6Aspectos relacionados com a Lingstica e sua relao com a Antropologia no Brasil

    Fonte: Rodrigues (1986); Grimes (1992): Cabral & Rodrigues (2007).

    1. A princial conexo entre a Lingstica e a Antropologia envolve, no Brasil, o estudo das lnguas indgenas.

    2. Elementos do Summer Institute of Linguistics, em sua ao doutrinadora, tm trabalhado com grande nmero de lnguas indgenas, e informaes a respeito podem ser obtidas no livro Ethnologue, organizado por Barbara F. Grimes.

    3. A principal figura desta rea no Brasil , sem dvida, Aryon DAllIgna Rodrigues, que h cerca de meio sculo vem estudando, sistematizando, e incentivando o estudo das lnguas de nossos indgenas.

    4. Outras personagens importantes, listadas por ordem alfabtica so: Ana Suelly A.C. Cabral, Denny Moore, Ernesto Magliazza, Greg Urban, Lucy Seki e Yonne Leite.

    Personagens Datas Natureza do estudo

    J.B. Lacerda, 1875-1893 Morfologia de indgenas brasileiros

    J.R. Peixoto (vivos e extintos)A. Bovero, R. Locchi, 1914-1940 Anatomia tnica, So Paulo e Rio de Janeiro

    A. Fres da FonsecaOlympio Fonseca Filho 1924-1970 Parasitologia tnicaJ. Bastos de vila, 1931-1983 Antropometria comparada, crescimento fsicoM.J. Pourchet

    Quadro 7A Antropologia Biolgica no Brasil. Fase 1: Os pioneiros (1835-1933)

    Fonte: Castro Farias (1952); Salzano (1997).

    Salzano, F. M.

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    Personagens Datas Natureza do estudo

    O. Machado de Souza 1934-1943 Estudos anatmicos, classificao tipolgica

    Gioconda Mussolini 1944-1969 Etnomedicina, aculturao

    Ernani M. da Silva 1945-1949 Grupos sanguneos e siclemia em indgenas e neo-brasileiros

    Noel Nutels,J.A.N. Miranda

    1947-1997 Epiemiologia e efeitos da turbeculose em indgenas brasileiros

    Newton Freire-Maia,O. Frota-Pessoa

    1952-1989 Estrutura populacional em neo-brasileiros

    Quadro 8A Antropologia Biolgica no Brasil. Fase 2: Perodo Formativo (1934-1954)

    Fonte: Castro Farias (1952); Salzano & Freire-Maia (1970); Salzano (1997).

    Quadro 9A Antropologia Biolgica no Brasil. Fase 3: Contempornea (1955-Presente)

    Fonte: Castro Farias (1952); Salzano & Freire-Maia (1970); Salzano (1997).

    Personagens Datas Natureza do estudo

    F.M. Salzano e equipe 1958-presente Estrutura populacional, marcadores genticos, mistura intertnica

    M.C. Mello e Alvim 1962-1997 Antropologia fsica pr-histrica

    R.G. Baruzzi, J.P.B Vieira Filho

    1970-presente Investigaes mdicas em indgenas brasileiros

    Luiz F. Ferreira,Adauto G. Araujo

    1980-presente Parasitologia de grupos pr-histricos

    H. Schneider, M.P.C. Schneider, S.E.B. Santos, J.F. Guerreiro, A.K.C. Ribeiro-dos-Santos

    1981-presente Estrutura populacional, marcadores genticos, mistura intertnica na Amaznia

    Walter A. Neves e equipe 1981-presente Antropologia fsica pr-histrica, biologia ssea, adaptao

    M.A. Zago,M.L. Petzl-Erler,S.D.J. Pena

    1983-presente Marcadores genticos em indgenas e neo-brasileiros

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    AS SUBREAS ANTROPOLOGIA FSICA/BIOLGICAOs Quadros 7 a 9 listam, nas trs fases j estabelecidas para a Antropologia em geral, exemplos selecionados de es-tudos nessa subrea. importante sa-lientar que todas essas pesquisas (com exceo das desenvolvidas no Museu Nacional e dos trabalhos de Giocon-da Mussolini) foram realizadas fora dos Departamentos de Antropologia, como decorrncia da estrutura institu-cional atualmente vigente no pas. Ini-ciadas por estudos morfolgicos, elas incluram posteriormente a variao protica, e mais recentemente o estudo do DNA, o material gentico, em in-divduos sadios, indgenas, e neobrasi-leiros. Porm, tambm existem estudos importantes de paleoantropologia e de antropologia mdica, tanto de popula-es atuais quanto pr-histricas.

    A INTERDISCIPLINARIDADE POSSVEL? a interdisciplinaridade possvel? Car-doso de Oliveira (2006), comparando os Programas de Ps-Graduao em Antropologia e em Cincias Sociais, sugeriu que a interdisciplinaridade pa-recia ter perdido o encantamento dos primeiros tempos. E ele apresentou duas hipteses para explicar isso: (a) O atavismo disciplinar, a dificuldade em superar as barreiras da formao especializada; e (b) O carter interven-cionista das polticas pblicas brasilei-ras, que atualmente favorecem estudos com metas muito definidas. O mesmo autor diferenciou multidisciplinaridade de interdisciplinaridade. No primeiro caso o que h a convivncia paralela

    em um espao fsico ou intelectual de reas diversas; no segundo a atuao em um espao marcado pela tenso epistmica, onde as diferentes discipli-nas convivem em dilogo permanente. Segundo Cardoso de Oliveira, neste segundo caminho que se desenvolvem mais facilmente pesquisas de ponta.

    Se existe estudo no qual a interdiscipli-naridade considerada essencial, este o da evoluo biolgica, e mais es-pecificamente o da evoluo humana. Devido ao seu carter essencialmente sintetizador de fatos diversos, essas investigaes se contrapem ten-dncia reducionista que predomina na biologia hoje. Especialmente na nossa espcie as influncias de fatores scio-culturais, mdico-epidemiolgicos e de estrutura demogrfica necessariamente devem ser consideradas em qualquer interpretao do nosso processo gen-tico-evolucionrio.

    CONCLUSOA Antropologia, em seus primrdios, foi basicamente interdisciplinar e integradora.

    Com o acmulo de novas informa-es, de carter diverso, tem havido uma tendncia cada vez maior para a especializao em determinada sub-rea. No caso do Brasil, os Programas de Ps-Graduao em Antropologia esto muito mais voltados Antropo-logia Social ou Cultural do que s ou-tras subdisciplinas. No est na hora de revertermos esta tendncia?

    NOTAS1 As pesquisas do autor so financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento

    Salzano, F. M.

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    Cientfico e Tecnolgico, Programas Insti-tutos do Milnio e Apoio a Grupos de Ex-celncia e Fundao de Amparo Pesquisa

    do Estado do Rio Grande do Sul.

    REFERNCIAS Amorim, M.S. 2001. Roberto Cardoso de Oli-veira um artfice da antropologia. Braslia: Para-lelo 15 e Coordenao de Aperfeioamen-to de Pessoal de Nvel Superior.

    Arajo, A.J.G. & L.F. Ferreira (Orgs.). 1992. Paleopatologia, paleoepidemiologia. Estu-dos multidisciplinares. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Sade Pblica.

    Arnaud, E. 1989. O ndio e a expanso nacio-nal. Belm: CEJUP.

    Azevedo, T. 1975. Democracia racial. Ideologia e realidade. Petrpolis: Vozes.Baldus, H. 1954. Bibliografia crtica da etnologia brasileira. Volume I. So Paulo: XXXI. Con-gresso Internacional de Americanistas.Baldus, H. 1968. Bibliografia crtica da etnolo-gia brasileira. Volume II. Hannover: Mns-termann Druck.

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