antropologia 3 - educapes.capes.gov.br · antropologia, fornece base para podermos entender a...

67
ANTROPOLOGIA 3: Fotografia: Sílvia Martins APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR Queridos alunos e alunas, Gostaria de dar boas vindas a essa disciplina Antropologia 3, que faz parte da grade curricular do curso de Licenciatura em Ciências Sociais a Distância do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas. Antropologia é uma ciência fascinante. O objetivo principal dos estudos a serem desenvolvidos dentro da disciplina Antropologia 3 é introduzir aos alunos várias escolas antropológicas que fazem parte da própria história de como essa ciência vem se desenvolvendo em diferentes países. Assim, é esperado que a partir desses conteúdos vocês sejam capazes de entender as diferentes matrizes paradigmáticas formadoras do pensamento antropológico moderno e pós-moderno. Desejo um bom aproveitamento em seus estudos e que considerem interessante as leituras dos variados materiais que farão parte dessa disciplina. PLANO DA DISCIPLINA Curso: Licenciatura em Ciências Sociais Disciplina: Antropologia 3 Carga horária total: 60h (presencial: 20h / online: 40h) Professora: Sílvia A. C. Martins, Ph.D.

Upload: others

Post on 06-Nov-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

ANTROPOLOGIA 3

Fotografia Siacutelvia Martins

APRESENTACcedilAtildeO DO PROFESSOR

Queridos alunos e alunas

Gostaria de dar boas vindas a essa disciplina Antropologia 3 que faz parte da grade

curricular do curso de Licenciatura em Ciecircncias Sociais a Distacircncia do Instituto de

Ciecircncias Sociais da Universidade Federal de Alagoas Antropologia eacute uma ciecircncia

fascinante O objetivo principal dos estudos a serem desenvolvidos dentro da disciplina

Antropologia 3 eacute introduzir aos alunos vaacuterias escolas antropoloacutegicas que fazem parte da

proacutepria histoacuteria de como essa ciecircncia vem se desenvolvendo em diferentes paiacuteses

Assim eacute esperado que a partir desses conteuacutedos vocecircs sejam capazes de entender as

diferentes matrizes paradigmaacuteticas formadoras do pensamento antropoloacutegico moderno e

poacutes-moderno Desejo um bom aproveitamento em seus estudos e que considerem

interessante as leituras dos variados materiais que faratildeo parte dessa disciplina

PLANO DA DISCIPLINA

Curso Licenciatura em Ciecircncias Sociais

Disciplina Antropologia 3

Carga horaacuteria total 60h (presencial 20h online 40h)

Professora Siacutelvia A C Martins PhD

Ementa

A Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo O desenvolvimento do funcionalismo

britacircnico O estruturalismo de Claude Leacutevi-Strauss Marxismo e Antropologia Novas

tendecircncias do culturalismo norte-americano Geertz e a interpretaccedilatildeo das culturas

Antropologia simboacutelica Antropologia dinacircmica Temas e abordagens antropoloacutegicas da

cultura em tempos de globalizaccedilatildeo

Conteuacutedos

Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica o Processo de Descolonizaccedilatildeo

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na Antropologia

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

121 A Antropologia e o Antirracismo

122 Metodologias descolonizadoras

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a Antropologia Dinacircmica

21 O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-Americana e a Antropologia

Poacutes-Moderna

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Unidade 5 ndashAntropologia e Marxismo Antropologia e Historia Globalizaccedilatildeo

51 Antropologia e Marxismo

52 Antropologia e Histoacuteria

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

Observaccedilotildees Finais

Metodologia

O curso eacute realizado contendo um percentual de 20 de aulas presenciais atraveacutes das

quais a professora apresentaraacute a disciplina e os principais toacutepicos explorados As aulas agrave

distacircncia satildeo realizadas utilizando metodologias e dinacircmicas caracteriacutesticas desse

formato tendo os alunos de fazer as leituras e estudos indicados Eacute fundamental

portanto visando alcanccedilar os objetivos propostos da disciplina que os alunos participem

ativamente atraveacutes da realizaccedilatildeo das atividades tais como as leituras indicadas

materiais a serem produzidos tais como fichas-citaccedilatildeo (fichas elaboradas com citaccedilotildees

diretas de principais trechos dos textos para compreensatildeo de conteuacutedos seguidas de

comentaacuterio criacutetico) e trabalhos individuais ou em equipe de acordo com solicitaccedilatildeo da

professora

Tambeacutem faz parte a navegaccedilatildeo por sites sugeridos bem como o acesso a links atraveacutes

dos quais o aluno poderaacute pesquisar sobre assuntos a serem investigados bem como para

visualizar viacutedeos pertinentes agrave mateacuteria dada Haacute uma boa indicaccedilatildeo de entrevistas e

materiais disponibilizados na internet que sugiro acompanhamento e utilizaccedilatildeo

Importante lembrar que os artigos e livros a serem utilizados no curso estaratildeo

disponiacuteveis em formato digital ao acesso dos alunos dentro do Ambiente Virtual de

Aprendizagem (AVA) eou coacutepias disponiacuteveis na biblioteca do seu polo Dentro da

metodologia do EAD eacute crucial a participaccedilatildeo do aluno na Plataforma Moodle atraveacutes

da utilizaccedilatildeo de ferramentas de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo de todos

Objetivos

Objetivo Geral

Nessa disciplina oa alunoa deveraacute desenvolver uma compreensatildeo acerca do

desenvolvimento da Antropologia Moderna e Poacutes-Moderna para um entendimento dos

diferentes paradigmas que expressam diversas tradiccedilotildees da antropologia enquanto

formadoras de uma matriz disciplinar Assim a Antropologia 3 explora principais

orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da Antropologia a partir de seu desenvolvimento

histoacuterico considerando a forma como tempo e o desenvolvimento de diferentes

tradiccedilotildees constituem referecircncias importantes para compreensatildeo de orientaccedilotildees teoacutericas

Objetivos Especiacuteficos

bull Introduzir reflexotildees sobre processos de descolonizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo desses com a

Antropologia que inclui novas relaccedilotildees com o objeto de estudo bem como

metodologias de abordagens e direccedilatildeo de estudos e pesquisas

bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia na Gratilde-Bretanha particularmente

ecircnfases na orientaccedilatildeo teoacuterica do estrutural-funcionalismo e seus desdobramentos em

abordagens mais voltadas para situaccedilotildees histoacutericas e processualistas

bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia Estruturalista na Franccedila

particularmente a produccedilatildeo acadecircmica de Claude Leacutevi-Strauss que constitui o grande

representante do estruturalismo na Antropologia

bull Focalizar na Antropologia Americana o interpretativismo e a poacutes-modernidade na

Antropologia

bull Focalizar temaacuteticas contemporacircneas na Antropologia e o desenvolvimento do

marxismo estrutural em Godelier bem como contextos de globalizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo entre

Antropologia e Histoacuteria

bull Elaborar um Glossaacuterio com a particiccedilatildeo de todos os alunos a partir da

organizaccedilatildeo em ordem alfabeacutetica de palavras ou termos aqui utilizados e considerados

importantes para definiccedilotildees visando confecccedilatildeo de um anexo de conteuacutedo necessaacuterio da

disciplina Antropologia 3

Competecircncias eou habilidades que o aluno deve desenvolver na

disciplina

PESSOAL SOCIAL PROFISSIONAL

Adquirir conhecimentos que

lhe habilitem ao

entendimento das diferentes

orientaccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas dentro do

campo da investigaccedilatildeo

antropoloacutegica moderna e poacutes-

moderna

Viabilizar ao aluno a

possibilidade de expandir

conhecimento adquirido

dentro de ambientes

acadecircmicos sendo possiacutevel

reproduzir compreensatildeo

adquirida na disciplina para

seus colegas professores

etc

Desenvolver no aluno a

capacidade de entendimento

sobre orientaccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas que satildeo

coerentes dentro da

investigaccedilatildeo no campo da

Antropologia possibilitando

assim uma formaccedilatildeo

acadecircmica voltada para o

exerciacutecio docente

Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para

Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina

bull Entendimento e conhecimento da formaccedilatildeo do campo da investigaccedilatildeo

antropoloacutegica

bull Entendimento da metodologia da pesquisa antropoloacutegica

bull Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino agrave Distacircncia

Orientaccedilotildees Iniciais aos Alunos

Sugiro enquanto referecircncia geral dentro dessa disciplina utilizar o blog

wwwantropologiaiiiblogspotcombr visando proporcionar orientaccedilatildeo ampla de

produccedilotildees antropoloacutegicas e autores que envolvem campos de conteuacutedos dentro dessa

disciplina de Antropologia III Numa visatildeo geral temaacuteticas que podem ser acessadas se

referem a primeiramente Leituras Baacutesicas material de conteuacutedos e explicaccedilotildees teoacutericas

epistemoloacutegicas metodoloacutegicas etc Podem ser localizadas referecircncias importantes sobre

o Materialismo Cultural e Neo-Evolucionismo cujo assunto natildeo faz diretamente parte da

ementa dessa disciplina Dentro de assuntos relacionados agraves unidades do curso textos

foram organizados seguindo a divisotildees

Antropologia Social Britacircnica

Antropologia ProcessualistaDinacircmica

Estruturalismo Francecircs

Marxismo Estrutural

Etnociecircncia Antropologia Simboacutelica e Antropologia Interpretativa

Antropologia Globalizaccedilatildeo Interculturalidade Sociedades Complexas

Urbano-Industriais

No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt

haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a

essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como

Textos Claacutessicos em Teoria Social

Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em

Antropologia

Escola Socioloacutegica Francesa

Antropologia Cultural Americana

Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog

lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para

organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina

de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem

importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas

dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico

Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz

respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem

considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente

de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros

antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica

(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de

autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos

sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente

niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo

antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social

da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e

do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt

Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o

entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos

nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de

Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-

Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a

importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes

centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em

termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores

e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que

daremos em escolas antropoloacutegicas

Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de

Descolonizaccedilatildeo

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh

ttps253A252F252Fencrypted-

tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-

hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-

253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-

us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-

YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-

M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h

pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp

253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200

Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias

antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo

Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da

Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos

focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado

por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar

Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado

ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees

africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre

antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos

de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica

(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse

momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica

contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na

Antropologia

Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a

Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na

Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de

Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua

fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em

1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse

empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia

enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira

toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no

Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos

ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de

antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa

lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como

membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)

Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)

inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se

poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)

Eis o quadro que apresenta

Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia

paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila

Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa

forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola

Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas

localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos

dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento

antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso

de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente

na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde

todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p

22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a

antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo

resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo

Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de

maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora

tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach

Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3

Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a

particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 2: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

Ementa

A Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo O desenvolvimento do funcionalismo

britacircnico O estruturalismo de Claude Leacutevi-Strauss Marxismo e Antropologia Novas

tendecircncias do culturalismo norte-americano Geertz e a interpretaccedilatildeo das culturas

Antropologia simboacutelica Antropologia dinacircmica Temas e abordagens antropoloacutegicas da

cultura em tempos de globalizaccedilatildeo

Conteuacutedos

Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica o Processo de Descolonizaccedilatildeo

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na Antropologia

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

121 A Antropologia e o Antirracismo

122 Metodologias descolonizadoras

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a Antropologia Dinacircmica

21 O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-Americana e a Antropologia

Poacutes-Moderna

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Unidade 5 ndashAntropologia e Marxismo Antropologia e Historia Globalizaccedilatildeo

51 Antropologia e Marxismo

52 Antropologia e Histoacuteria

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

Observaccedilotildees Finais

Metodologia

O curso eacute realizado contendo um percentual de 20 de aulas presenciais atraveacutes das

quais a professora apresentaraacute a disciplina e os principais toacutepicos explorados As aulas agrave

distacircncia satildeo realizadas utilizando metodologias e dinacircmicas caracteriacutesticas desse

formato tendo os alunos de fazer as leituras e estudos indicados Eacute fundamental

portanto visando alcanccedilar os objetivos propostos da disciplina que os alunos participem

ativamente atraveacutes da realizaccedilatildeo das atividades tais como as leituras indicadas

materiais a serem produzidos tais como fichas-citaccedilatildeo (fichas elaboradas com citaccedilotildees

diretas de principais trechos dos textos para compreensatildeo de conteuacutedos seguidas de

comentaacuterio criacutetico) e trabalhos individuais ou em equipe de acordo com solicitaccedilatildeo da

professora

Tambeacutem faz parte a navegaccedilatildeo por sites sugeridos bem como o acesso a links atraveacutes

dos quais o aluno poderaacute pesquisar sobre assuntos a serem investigados bem como para

visualizar viacutedeos pertinentes agrave mateacuteria dada Haacute uma boa indicaccedilatildeo de entrevistas e

materiais disponibilizados na internet que sugiro acompanhamento e utilizaccedilatildeo

Importante lembrar que os artigos e livros a serem utilizados no curso estaratildeo

disponiacuteveis em formato digital ao acesso dos alunos dentro do Ambiente Virtual de

Aprendizagem (AVA) eou coacutepias disponiacuteveis na biblioteca do seu polo Dentro da

metodologia do EAD eacute crucial a participaccedilatildeo do aluno na Plataforma Moodle atraveacutes

da utilizaccedilatildeo de ferramentas de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo de todos

Objetivos

Objetivo Geral

Nessa disciplina oa alunoa deveraacute desenvolver uma compreensatildeo acerca do

desenvolvimento da Antropologia Moderna e Poacutes-Moderna para um entendimento dos

diferentes paradigmas que expressam diversas tradiccedilotildees da antropologia enquanto

formadoras de uma matriz disciplinar Assim a Antropologia 3 explora principais

orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da Antropologia a partir de seu desenvolvimento

histoacuterico considerando a forma como tempo e o desenvolvimento de diferentes

tradiccedilotildees constituem referecircncias importantes para compreensatildeo de orientaccedilotildees teoacutericas

Objetivos Especiacuteficos

bull Introduzir reflexotildees sobre processos de descolonizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo desses com a

Antropologia que inclui novas relaccedilotildees com o objeto de estudo bem como

metodologias de abordagens e direccedilatildeo de estudos e pesquisas

bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia na Gratilde-Bretanha particularmente

ecircnfases na orientaccedilatildeo teoacuterica do estrutural-funcionalismo e seus desdobramentos em

abordagens mais voltadas para situaccedilotildees histoacutericas e processualistas

bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia Estruturalista na Franccedila

particularmente a produccedilatildeo acadecircmica de Claude Leacutevi-Strauss que constitui o grande

representante do estruturalismo na Antropologia

bull Focalizar na Antropologia Americana o interpretativismo e a poacutes-modernidade na

Antropologia

bull Focalizar temaacuteticas contemporacircneas na Antropologia e o desenvolvimento do

marxismo estrutural em Godelier bem como contextos de globalizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo entre

Antropologia e Histoacuteria

bull Elaborar um Glossaacuterio com a particiccedilatildeo de todos os alunos a partir da

organizaccedilatildeo em ordem alfabeacutetica de palavras ou termos aqui utilizados e considerados

importantes para definiccedilotildees visando confecccedilatildeo de um anexo de conteuacutedo necessaacuterio da

disciplina Antropologia 3

Competecircncias eou habilidades que o aluno deve desenvolver na

disciplina

PESSOAL SOCIAL PROFISSIONAL

Adquirir conhecimentos que

lhe habilitem ao

entendimento das diferentes

orientaccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas dentro do

campo da investigaccedilatildeo

antropoloacutegica moderna e poacutes-

moderna

Viabilizar ao aluno a

possibilidade de expandir

conhecimento adquirido

dentro de ambientes

acadecircmicos sendo possiacutevel

reproduzir compreensatildeo

adquirida na disciplina para

seus colegas professores

etc

Desenvolver no aluno a

capacidade de entendimento

sobre orientaccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas que satildeo

coerentes dentro da

investigaccedilatildeo no campo da

Antropologia possibilitando

assim uma formaccedilatildeo

acadecircmica voltada para o

exerciacutecio docente

Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para

Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina

bull Entendimento e conhecimento da formaccedilatildeo do campo da investigaccedilatildeo

antropoloacutegica

bull Entendimento da metodologia da pesquisa antropoloacutegica

bull Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino agrave Distacircncia

Orientaccedilotildees Iniciais aos Alunos

Sugiro enquanto referecircncia geral dentro dessa disciplina utilizar o blog

wwwantropologiaiiiblogspotcombr visando proporcionar orientaccedilatildeo ampla de

produccedilotildees antropoloacutegicas e autores que envolvem campos de conteuacutedos dentro dessa

disciplina de Antropologia III Numa visatildeo geral temaacuteticas que podem ser acessadas se

referem a primeiramente Leituras Baacutesicas material de conteuacutedos e explicaccedilotildees teoacutericas

epistemoloacutegicas metodoloacutegicas etc Podem ser localizadas referecircncias importantes sobre

o Materialismo Cultural e Neo-Evolucionismo cujo assunto natildeo faz diretamente parte da

ementa dessa disciplina Dentro de assuntos relacionados agraves unidades do curso textos

foram organizados seguindo a divisotildees

Antropologia Social Britacircnica

Antropologia ProcessualistaDinacircmica

Estruturalismo Francecircs

Marxismo Estrutural

Etnociecircncia Antropologia Simboacutelica e Antropologia Interpretativa

Antropologia Globalizaccedilatildeo Interculturalidade Sociedades Complexas

Urbano-Industriais

No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt

haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a

essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como

Textos Claacutessicos em Teoria Social

Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em

Antropologia

Escola Socioloacutegica Francesa

Antropologia Cultural Americana

Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog

lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para

organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina

de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem

importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas

dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico

Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz

respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem

considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente

de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros

antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica

(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de

autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos

sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente

niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo

antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social

da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e

do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt

Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o

entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos

nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de

Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-

Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a

importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes

centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em

termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores

e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que

daremos em escolas antropoloacutegicas

Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de

Descolonizaccedilatildeo

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh

ttps253A252F252Fencrypted-

tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-

hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-

253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-

us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-

YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-

M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h

pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp

253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200

Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias

antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo

Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da

Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos

focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado

por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar

Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado

ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees

africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre

antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos

de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica

(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse

momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica

contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na

Antropologia

Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a

Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na

Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de

Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua

fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em

1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse

empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia

enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira

toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no

Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos

ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de

antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa

lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como

membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)

Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)

inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se

poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)

Eis o quadro que apresenta

Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia

paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila

Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa

forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola

Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas

localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos

dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento

antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso

de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente

na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde

todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p

22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a

antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo

resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo

Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de

maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora

tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach

Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3

Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a

particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 3: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

diretas de principais trechos dos textos para compreensatildeo de conteuacutedos seguidas de

comentaacuterio criacutetico) e trabalhos individuais ou em equipe de acordo com solicitaccedilatildeo da

professora

Tambeacutem faz parte a navegaccedilatildeo por sites sugeridos bem como o acesso a links atraveacutes

dos quais o aluno poderaacute pesquisar sobre assuntos a serem investigados bem como para

visualizar viacutedeos pertinentes agrave mateacuteria dada Haacute uma boa indicaccedilatildeo de entrevistas e

materiais disponibilizados na internet que sugiro acompanhamento e utilizaccedilatildeo

Importante lembrar que os artigos e livros a serem utilizados no curso estaratildeo

disponiacuteveis em formato digital ao acesso dos alunos dentro do Ambiente Virtual de

Aprendizagem (AVA) eou coacutepias disponiacuteveis na biblioteca do seu polo Dentro da

metodologia do EAD eacute crucial a participaccedilatildeo do aluno na Plataforma Moodle atraveacutes

da utilizaccedilatildeo de ferramentas de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo de todos

Objetivos

Objetivo Geral

Nessa disciplina oa alunoa deveraacute desenvolver uma compreensatildeo acerca do

desenvolvimento da Antropologia Moderna e Poacutes-Moderna para um entendimento dos

diferentes paradigmas que expressam diversas tradiccedilotildees da antropologia enquanto

formadoras de uma matriz disciplinar Assim a Antropologia 3 explora principais

orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da Antropologia a partir de seu desenvolvimento

histoacuterico considerando a forma como tempo e o desenvolvimento de diferentes

tradiccedilotildees constituem referecircncias importantes para compreensatildeo de orientaccedilotildees teoacutericas

Objetivos Especiacuteficos

bull Introduzir reflexotildees sobre processos de descolonizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo desses com a

Antropologia que inclui novas relaccedilotildees com o objeto de estudo bem como

metodologias de abordagens e direccedilatildeo de estudos e pesquisas

bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia na Gratilde-Bretanha particularmente

ecircnfases na orientaccedilatildeo teoacuterica do estrutural-funcionalismo e seus desdobramentos em

abordagens mais voltadas para situaccedilotildees histoacutericas e processualistas

bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia Estruturalista na Franccedila

particularmente a produccedilatildeo acadecircmica de Claude Leacutevi-Strauss que constitui o grande

representante do estruturalismo na Antropologia

bull Focalizar na Antropologia Americana o interpretativismo e a poacutes-modernidade na

Antropologia

bull Focalizar temaacuteticas contemporacircneas na Antropologia e o desenvolvimento do

marxismo estrutural em Godelier bem como contextos de globalizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo entre

Antropologia e Histoacuteria

bull Elaborar um Glossaacuterio com a particiccedilatildeo de todos os alunos a partir da

organizaccedilatildeo em ordem alfabeacutetica de palavras ou termos aqui utilizados e considerados

importantes para definiccedilotildees visando confecccedilatildeo de um anexo de conteuacutedo necessaacuterio da

disciplina Antropologia 3

Competecircncias eou habilidades que o aluno deve desenvolver na

disciplina

PESSOAL SOCIAL PROFISSIONAL

Adquirir conhecimentos que

lhe habilitem ao

entendimento das diferentes

orientaccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas dentro do

campo da investigaccedilatildeo

antropoloacutegica moderna e poacutes-

moderna

Viabilizar ao aluno a

possibilidade de expandir

conhecimento adquirido

dentro de ambientes

acadecircmicos sendo possiacutevel

reproduzir compreensatildeo

adquirida na disciplina para

seus colegas professores

etc

Desenvolver no aluno a

capacidade de entendimento

sobre orientaccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas que satildeo

coerentes dentro da

investigaccedilatildeo no campo da

Antropologia possibilitando

assim uma formaccedilatildeo

acadecircmica voltada para o

exerciacutecio docente

Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para

Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina

bull Entendimento e conhecimento da formaccedilatildeo do campo da investigaccedilatildeo

antropoloacutegica

bull Entendimento da metodologia da pesquisa antropoloacutegica

bull Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino agrave Distacircncia

Orientaccedilotildees Iniciais aos Alunos

Sugiro enquanto referecircncia geral dentro dessa disciplina utilizar o blog

wwwantropologiaiiiblogspotcombr visando proporcionar orientaccedilatildeo ampla de

produccedilotildees antropoloacutegicas e autores que envolvem campos de conteuacutedos dentro dessa

disciplina de Antropologia III Numa visatildeo geral temaacuteticas que podem ser acessadas se

referem a primeiramente Leituras Baacutesicas material de conteuacutedos e explicaccedilotildees teoacutericas

epistemoloacutegicas metodoloacutegicas etc Podem ser localizadas referecircncias importantes sobre

o Materialismo Cultural e Neo-Evolucionismo cujo assunto natildeo faz diretamente parte da

ementa dessa disciplina Dentro de assuntos relacionados agraves unidades do curso textos

foram organizados seguindo a divisotildees

Antropologia Social Britacircnica

Antropologia ProcessualistaDinacircmica

Estruturalismo Francecircs

Marxismo Estrutural

Etnociecircncia Antropologia Simboacutelica e Antropologia Interpretativa

Antropologia Globalizaccedilatildeo Interculturalidade Sociedades Complexas

Urbano-Industriais

No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt

haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a

essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como

Textos Claacutessicos em Teoria Social

Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em

Antropologia

Escola Socioloacutegica Francesa

Antropologia Cultural Americana

Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog

lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para

organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina

de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem

importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas

dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico

Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz

respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem

considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente

de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros

antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica

(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de

autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos

sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente

niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo

antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social

da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e

do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt

Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o

entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos

nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de

Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-

Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a

importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes

centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em

termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores

e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que

daremos em escolas antropoloacutegicas

Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de

Descolonizaccedilatildeo

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh

ttps253A252F252Fencrypted-

tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-

hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-

253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-

us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-

YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-

M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h

pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp

253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200

Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias

antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo

Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da

Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos

focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado

por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar

Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado

ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees

africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre

antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos

de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica

(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse

momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica

contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na

Antropologia

Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a

Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na

Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de

Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua

fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em

1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse

empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia

enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira

toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no

Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos

ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de

antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa

lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como

membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)

Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)

inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se

poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)

Eis o quadro que apresenta

Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia

paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila

Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa

forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola

Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas

localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos

dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento

antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso

de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente

na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde

todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p

22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a

antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo

resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo

Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de

maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora

tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach

Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3

Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a

particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 4: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

Competecircncias eou habilidades que o aluno deve desenvolver na

disciplina

PESSOAL SOCIAL PROFISSIONAL

Adquirir conhecimentos que

lhe habilitem ao

entendimento das diferentes

orientaccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas dentro do

campo da investigaccedilatildeo

antropoloacutegica moderna e poacutes-

moderna

Viabilizar ao aluno a

possibilidade de expandir

conhecimento adquirido

dentro de ambientes

acadecircmicos sendo possiacutevel

reproduzir compreensatildeo

adquirida na disciplina para

seus colegas professores

etc

Desenvolver no aluno a

capacidade de entendimento

sobre orientaccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas que satildeo

coerentes dentro da

investigaccedilatildeo no campo da

Antropologia possibilitando

assim uma formaccedilatildeo

acadecircmica voltada para o

exerciacutecio docente

Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para

Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina

bull Entendimento e conhecimento da formaccedilatildeo do campo da investigaccedilatildeo

antropoloacutegica

bull Entendimento da metodologia da pesquisa antropoloacutegica

bull Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino agrave Distacircncia

Orientaccedilotildees Iniciais aos Alunos

Sugiro enquanto referecircncia geral dentro dessa disciplina utilizar o blog

wwwantropologiaiiiblogspotcombr visando proporcionar orientaccedilatildeo ampla de

produccedilotildees antropoloacutegicas e autores que envolvem campos de conteuacutedos dentro dessa

disciplina de Antropologia III Numa visatildeo geral temaacuteticas que podem ser acessadas se

referem a primeiramente Leituras Baacutesicas material de conteuacutedos e explicaccedilotildees teoacutericas

epistemoloacutegicas metodoloacutegicas etc Podem ser localizadas referecircncias importantes sobre

o Materialismo Cultural e Neo-Evolucionismo cujo assunto natildeo faz diretamente parte da

ementa dessa disciplina Dentro de assuntos relacionados agraves unidades do curso textos

foram organizados seguindo a divisotildees

Antropologia Social Britacircnica

Antropologia ProcessualistaDinacircmica

Estruturalismo Francecircs

Marxismo Estrutural

Etnociecircncia Antropologia Simboacutelica e Antropologia Interpretativa

Antropologia Globalizaccedilatildeo Interculturalidade Sociedades Complexas

Urbano-Industriais

No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt

haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a

essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como

Textos Claacutessicos em Teoria Social

Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em

Antropologia

Escola Socioloacutegica Francesa

Antropologia Cultural Americana

Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog

lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para

organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina

de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem

importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas

dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico

Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz

respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem

considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente

de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros

antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica

(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de

autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos

sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente

niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo

antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social

da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e

do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt

Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o

entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos

nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de

Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-

Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a

importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes

centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em

termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores

e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que

daremos em escolas antropoloacutegicas

Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de

Descolonizaccedilatildeo

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh

ttps253A252F252Fencrypted-

tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-

hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-

253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-

us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-

YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-

M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h

pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp

253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200

Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias

antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo

Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da

Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos

focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado

por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar

Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado

ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees

africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre

antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos

de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica

(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse

momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica

contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na

Antropologia

Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a

Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na

Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de

Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua

fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em

1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse

empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia

enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira

toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no

Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos

ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de

antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa

lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como

membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)

Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)

inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se

poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)

Eis o quadro que apresenta

Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia

paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila

Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa

forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola

Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas

localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos

dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento

antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso

de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente

na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde

todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p

22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a

antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo

resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo

Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de

maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora

tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach

Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3

Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a

particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 5: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt

haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a

essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como

Textos Claacutessicos em Teoria Social

Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em

Antropologia

Escola Socioloacutegica Francesa

Antropologia Cultural Americana

Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog

lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para

organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina

de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem

importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas

dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico

Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz

respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem

considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente

de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros

antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica

(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de

autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos

sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente

niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo

antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social

da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e

do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt

Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o

entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos

nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de

Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-

Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a

importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes

centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em

termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores

e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que

daremos em escolas antropoloacutegicas

Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de

Descolonizaccedilatildeo

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh

ttps253A252F252Fencrypted-

tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-

hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-

253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-

us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-

YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-

M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h

pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp

253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200

Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias

antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo

Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da

Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos

focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado

por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar

Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado

ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees

africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre

antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos

de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica

(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse

momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica

contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na

Antropologia

Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a

Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na

Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de

Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua

fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em

1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse

empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia

enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira

toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no

Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos

ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de

antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa

lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como

membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)

Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)

inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se

poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)

Eis o quadro que apresenta

Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia

paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila

Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa

forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola

Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas

localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos

dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento

antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso

de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente

na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde

todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p

22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a

antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo

resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo

Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de

maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora

tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach

Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3

Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a

particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 6: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de

Descolonizaccedilatildeo

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh

ttps253A252F252Fencrypted-

tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-

hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-

253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-

us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-

YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-

M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h

pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp

253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200

Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias

antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo

Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da

Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos

focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado

por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar

Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado

ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees

africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre

antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos

de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica

(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse

momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica

contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na

Antropologia

Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a

Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na

Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de

Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua

fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em

1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse

empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia

enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira

toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no

Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos

ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de

antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa

lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como

membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)

Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)

inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se

poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)

Eis o quadro que apresenta

Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia

paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila

Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa

forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola

Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas

localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos

dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento

antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso

de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente

na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde

todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p

22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a

antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo

resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo

Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de

maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora

tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach

Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3

Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a

particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 7: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre

antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos

de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica

(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse

momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica

contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora

11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na

Antropologia

Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a

Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na

Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de

Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua

fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em

1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse

empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia

enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira

toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no

Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos

ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de

antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa

lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como

membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)

Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)

inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se

poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)

Eis o quadro que apresenta

Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia

paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila

Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa

forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola

Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas

localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos

dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento

antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso

de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente

na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde

todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p

22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a

antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo

resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo

Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de

maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora

tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach

Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3

Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a

particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 8: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

Eis o quadro que apresenta

Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia

paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila

Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa

forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola

Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas

localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos

dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento

antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso

de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente

na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde

todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p

22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a

antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo

resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo

Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de

maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora

tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach

Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3

Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a

particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 9: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg

paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando

assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma

especiacutefico

Roberto Cardoso de Oliveira

O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir

Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-

Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-

trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para

orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz

disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as

ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que

acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses

conceitos com de outros autores

b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas

antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora

Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem

caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 10: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo

Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um

Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia

Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na

Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de

Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre

Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se

mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na

Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo

em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que

ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar

como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta

que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais

ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas

anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)

Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai

agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra

a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia

britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 11: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo

satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e

futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos

teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)

Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia

funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades

famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de

fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera

difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito

especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a

tendecircncia era de se

escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho

aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como

algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres

(KUPER1978p133)

Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse

da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial

migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente

os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute

exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos

profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material

encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de

Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram

caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e

permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos

evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que

O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses

ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao

identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu

para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)

Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao

processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 12: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas

agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo

focalizadas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um

esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos

acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas

b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper

(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses

colonizados pela Inglaterra

c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e

a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade

ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as

temaacuteticas que se dedicaram

121 Antropologia e Antirracismo

A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)

ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra

evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo

antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra

na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental

importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo

Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute

dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais

como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o

progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado

Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais

culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que

demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um

desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de

civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da

antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as

produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que

ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)

relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 13: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação

aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos

amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)

Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)

chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum

significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para

permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento

da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta

que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos

debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo

(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo

diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes

ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais

afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a

constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto

problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)

passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que

as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por

isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem

atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das

relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)

Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que

espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar

pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais

afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na

realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem

como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos

que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)

demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto

bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os

homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem

qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de

factordquo (p 23)

Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que

apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no

espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia

Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a

humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p

24)

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos

capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e

Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)

b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre

a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo

5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)

122 Metodologias Descolonizadoras

Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia

contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam

caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com

emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por

antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further

toward an Anthropology for Liberation

httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye

Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade

de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia

enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social

Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith

(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples

traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da

pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da

Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)

aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos

em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da

necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute

provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim

chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir

dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e

que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em

que povos pesquisados estatildeo inseridos

Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida

por Paulo Freire (1987

httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma

forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento

objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005

445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira

natildeo vem sendo utilizada

Jean Copans

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25

2F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB

8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR

25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-

jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-

TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252

Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je

an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359

No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)

analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses

estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida

pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses

estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)

Fonte Copans (1981p90)

Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma

abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele

identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo

que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das

ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de

Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e

produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise

criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de

acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1

Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a

Antropologia Dinacircmica

Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante

mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de

que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente

inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona

interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)

descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica

que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida

em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)

Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a

Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela

realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora

centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)

Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social

Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a

convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi

desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim

analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais

e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial

Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper

(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo

considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra

que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem

sincrocircnica e natildeo diacrocircnica

Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na

Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de

Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach

Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social

Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos

departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o

desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e

associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada

de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma

ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que

seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume

posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere

Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma

A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de

historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela

estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute

mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis

cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo

meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-

158)

Evans-Pritchard

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-

xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-

8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-

6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-

religiosa-classe-del-4-

5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB

EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-

6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-

41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-

cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05

252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360

A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees

teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias

inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social

com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser

refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os

voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico

das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser

usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um

dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees

pesquisadas estavam inseridas

Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10

21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas

Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-

os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard

(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940

na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a

essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo

malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente

estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard

assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)

mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela

Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a

influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)

Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE

Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na

deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados

de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que

abordaremos mais adiante

Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as

caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi

escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de

forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza

que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se

apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o

seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E

assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados

a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc

Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma

certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de

um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica

religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca

que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se

daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no

ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que

num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos

especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o

agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a

diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer

por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)

Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem

encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute

um todo orgacircnico em termos sistecircmico

Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos

httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-

Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf

Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)

explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que

eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada

aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees

de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p

31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um

governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de

categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais

descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses

diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui

atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia

unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p

33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de

autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente

ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas

organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como

determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em

termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no

tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas

unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de

uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes

e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como

relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila

organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com

administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e

funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos

ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)

Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma

ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o

seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-

PRITCHARD 1981 p 62)

Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-

Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES

EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards

Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais

principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo

com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse

livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes

e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo

b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos

Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que

realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar

textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e

atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua

pesquisa

22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica

No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem

enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que

apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo

aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de

normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo

de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta

que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que

ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)

explica que uma frase pode definiacute-los

O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por

homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status

dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou

ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)

Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete

r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM

ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-

zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8

BEPwdMAo

Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo

contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica

Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e

conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER

1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na

ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo

tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social

na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)

contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa

estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo

contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute

apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de

conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)

Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social

httpyoutubegqK7rgXlDqI

Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso

Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise

situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso

detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar

ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como

essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de

incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo

socialrdquo (p 345)

Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation

httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional

Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva

dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)

Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)

serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa

leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica

processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista

Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o

Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que

contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma

perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em

questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos

Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2

52F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp

03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2

5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-

qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT

Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm

ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B

37363B2848

Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI

Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw

Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)

que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os

Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-

ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e

teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo

histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica

An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk

Edmund Leach auto-retrato

lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F

252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu

6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc

hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-

2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-

G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf

69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252

Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-

month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt

Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes

mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado

mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic

Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a

partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das

formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p

184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema

para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema

que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo

Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos

de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de

mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses

econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p

184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos

metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que

a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo

Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse

um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como

variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])

Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na

idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo

deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem

formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper

(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que

Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado

Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas

questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao

ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que

ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e

reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas

adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)

Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos

demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica

ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)

tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes

influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo

Kuper (1978) e dados localizados na internet

b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de

autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-

funcionalismo britacircnico

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2

Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs

Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto

paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais

famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e

fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento

antropoloacutegico proveniente da Franccedila

31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica

Leacutevi-Strauss

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-

Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g

TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur

alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-

1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-

CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF

AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-

content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti

vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-

guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122

Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-

Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma

desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)

afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]

admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com

que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-

Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de

parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor

contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa

opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque

tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)

O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por

Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de

1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o

exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche

Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)

Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss

Fonte Leach (1970 p 12-13)

Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O

Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das

Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades

do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo

bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse

teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar

o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa

Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-

claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade

desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem

Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em

suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro

daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos

iacutendios das duas Ameacutericasrdquo

Sztutman (2012) observa

Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo

da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato

Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de

referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de

uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de

isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes

ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos

relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o

motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss

dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)

Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio

de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com

a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas

(SZTUTMAN 2012)

Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss

chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas

vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que

o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss

Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia

as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez

ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra

fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios

brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como

um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)

Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ

32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura

Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente

focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em

etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O

objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute

seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um

entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia

Leacutevi-Strauss

Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic

leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152

amptbnid=MGFQ-

gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit

g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo

Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia

Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas

demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p

313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos

ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave

linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais

da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do

parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave

Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos

e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com

comunicaccedilatildeo tambeacutem

Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos

aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo

para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p

314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de

formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que

ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p

314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua

referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica

Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology

httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a

aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo

que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo

acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo

que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-

STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura

natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos

elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o

termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p

315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser

apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo

aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do

parentesco

Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e

Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica

mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta

que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos

modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p

315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente

do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas

radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber

em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p

316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p

316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde

as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se

baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo

economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se

manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social

mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas

etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes

domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele

exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do

casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes

de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades

ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como

fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se

vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais

adiante aponta

Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos

devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de

sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na

constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de

caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o

modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p

316)

Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew

Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras

httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml

Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-

Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os

relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e

inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-

322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas

de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da

Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de

Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre

indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos

elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento

e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do

grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as

fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica

Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social

extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-

las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em

famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)

Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que

ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)

sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas

Focalizaremos essa obra mais adiante

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina

funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p

351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece

que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no

modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees

diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social

natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs

maneiras de responder a isso

(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de

ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e

de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)

(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute

isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na

medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim

pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando

como estatildeo inter-relacionadas)

(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees

de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-

355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo

lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)

Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss

(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas

que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute

uma delas

oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo

social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas

estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar

que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de

vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)

Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do

funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a

organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia

etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de

constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos

Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo

elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior

independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas

sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa

totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as

ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando

vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)

sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma

ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da

mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica

Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio

os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa

sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana

apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das

probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos

satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para

que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)

Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem

ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais

Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute

(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas

Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como

vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral

a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e

descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando

a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a

observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja

dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa

siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos

relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias

populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular

determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia

Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese

tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa

classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de

perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo

americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista

(sistecircmica)

33 Sobre Parentesco e Totemismo

Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As

Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se

trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere

agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de

trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra

universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da

cultura

Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma

obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor

embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que

eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo

(1998 p 08)

No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado

Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz

a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza

para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss

(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura

na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e

constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele

vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente

diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma

diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual

a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que

exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e

obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui

tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com

essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na

filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na

Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as

regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo

fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria

universal da cultura

Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw

Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade

retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre

como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de

significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e

sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes

exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres

reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total

compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais

preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss

explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu

progressivamente de importacircncia

ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um

lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as

mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural

Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por

conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa

operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida

fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-

STRAUSS 1982 p100)

Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para

cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila

(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo

Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no

movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de

As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as

observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres

chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a

heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de

Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss

httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt

Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss

httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A

Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o

totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje

explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em

classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)

El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA

Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as

relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo

loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute

tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os

povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema

ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)

httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305

Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano

eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-

Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees

etnograacuteficas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-

STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do

paradigma estruturalista

b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios

utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque

elementos reveladores do estruturalismo francecircs

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas

definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3

Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-

Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna

Mariza Peirano

Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A

253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-

Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-

vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3

Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa

crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco

m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252

Fsimon3252F560271295252F3B3203B240

Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece

ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira

metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto

inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor

nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de

dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o

campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)

41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico

Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora

dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo

empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre

seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso

cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que

se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos

Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico

passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa

etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE

OLIVEIRA 1988 p 97)

Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto

a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas

da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma

socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado

das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo

socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das

peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela

se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como

historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)

Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como

ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim

ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash

nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova

forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica

revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente

reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do

primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em

termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se

exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever

a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)

Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e

Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk

Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma

bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo

James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e

Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas

atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que

ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma

descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)

explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como

(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)

(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos

(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos

caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)

(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo

de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)

(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma

seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)

Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia

eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre

Os Nuer Clifford (2002) observa que

a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute

sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma

presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma

relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo

(CLIFFORD 2002 p 38)

Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma

ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal

sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo

(p38)

James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0

Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt

httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp

s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-

NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-

VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu

25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-

Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg

dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2

52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2

53D97805202660253B6673B1000

Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture

The Poetics and Politics of Ethnography

httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene

vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se

destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo

do trabalho etnograacutefico

Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e

Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica

Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar

uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um

trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa

sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser

desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo

Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute

trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma

antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de

antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os

alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois

podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se

os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa

eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)

Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica

Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George

Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias

humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia

como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para

compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do

momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia

Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology

(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto

publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo

Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-

interpretativista

Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia

httpyoutubeFsvr38lAFbs

Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia

httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf

42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa

Clifford Geertz

Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-

photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz

oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-

Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo

A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)

intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga

Fernanda Massi ( sd)

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz

importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a

preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural

se realizardquo (MASSI sd p 165)

Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em

Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre

a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante

alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados

No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz

(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da

antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar

especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito

ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de

significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura

como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em

busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)

Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute

na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise

antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo

densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees

selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter

um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia

eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma

lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes

conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de

cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para

demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo

(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e

ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais

complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo

simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma

forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)

Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque

o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica

enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se

situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)

Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a

dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser

orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo

eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse

aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades

passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das

interpretaccedilotildees

Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo

transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela

pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)

Ele explica que

A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo

das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas

e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem

incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)

Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes

interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca

interpretaccedilotildees universais

Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do

estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos

cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva

metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes

do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia

observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo

(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute

anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees

elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento

assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre

a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)

Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da

Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de

Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da

antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a

sociedade balinesa eacute realizada

Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0

No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)

formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro

da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos

vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos

como dada

La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0

Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu

interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como

entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando

explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa

b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga

de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve

no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes

do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro

das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo

destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro

selecionando exemplos etnograacuteficos

GLOSSAacuteRIO

Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4

Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo

Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo

Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs

Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos

por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas

Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere

citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]

consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)

Maurice Godelier

httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-

bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-

tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h

c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-

credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-

anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK

ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-

bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-

credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402

Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas

desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural

Marshal Sahlins

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi

cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3

XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw

dMAo

Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo

de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais

lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra

enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre

a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo

evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao

4deg)rdquo (p 23)

Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que

focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da

Histoacuteria dentro da Antropologia

51 Antropologia e Marxismo

Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o

Edgard Assis Carvalho

Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A

252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-

4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253

A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-

225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9

QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F

sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica

wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480

Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o

antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado

Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais

httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta

no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do

marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo

(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a

dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo

capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema

capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos

serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente

de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo

capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)

Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto

principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo

(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-

capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no

processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se

daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos

[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a

formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a

partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do

processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees

objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas

relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de

dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se

entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de

classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio

tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute

ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que

Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo

centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)

Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que

ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era

fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas

condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas

contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens

evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente

(CARVALHO 1985 p 154)

Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin

fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO

1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey

que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo

(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre

particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de

Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo

da Antropologia marxista

Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute

interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande

Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria

(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a

partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e

metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)

Assim na primeira parte desse volume intitulado

A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou

textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um

ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO

1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das

formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada

Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos

foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria

adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o

modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a

compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada

Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos

selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da

ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras

esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de

textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos

elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a

deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para

entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico

desenvolvido por Godelier

Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica

sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil

Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas

principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do

funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para

exemplificar essa sua colocaccedilatildeo

o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma

teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a

interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-

dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a

fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que

permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees

de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])

Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se

enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como

mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas

publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como

observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio

dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se

vende mas satildeo guardadas

Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-

com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A

Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo

(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de

princiacutepios metodoloacutegicos tais como

que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de

instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica

interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise

da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da

especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos

processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes

da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)

Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as

anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre

os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas

representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de

garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os

Incas ele aponta que

mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta

de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo

destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos

usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e

perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)

Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de

entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute

considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute

o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais

adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve

anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier

Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-

maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro

Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem

Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa

com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem

ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para

ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal

do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss

eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do

mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para

organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de

lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma

verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do

pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)

Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo

httpyoutubem0YR4QNUSGM

The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro

que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da

Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo

etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os

Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que

marcam a diferenccedila sexual

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier

-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)

b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por

Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e

caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos

etnograacuteficos da atividade do item (a) acima

52 Antropologia e Histoacuteria

Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de

orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num

contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia

importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para

entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam

Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml

Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas

dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)

chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns

vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo

culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)

Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica

httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-

+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862

pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria

Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De

um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees

diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal

que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a

superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre

as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila

crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade

especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a

significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)

Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de

Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013

Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)

menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se

constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta

dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na

Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas

Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova

de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog

lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-

sahlins-marshall-cultura-na-praticagt

No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse

artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria

apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo

praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o

pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p

117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do

Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva

sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins

intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele

explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma

perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia

toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma

importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo

bibliograacutefica

Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda

utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre

o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)

dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de

modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51

apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a

ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para

isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)

para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que

sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela

sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a

ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de

ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano

Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se

relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a

relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim

atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro

da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo

deles estabelecida com os britacircnicos

Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura

httpyoutubewGZULHrVYsE

Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography

of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins

discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens

materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores

peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente

conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes

valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um

meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo

httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo

HAU Journal of Ethnographic Theory

fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)

No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como

esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue

abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo

tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a

cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-

93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise

relacionada ao conceito de cultura e argumenta que

pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e

evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de

integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta

assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo

aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)

Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do

trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais

contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e

que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades

dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins

Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper

descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas

em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo

b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins

fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que

fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins

53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade

No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho

(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o

fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo

httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre

antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que

ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o

local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de

realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que

ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)

Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em

qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses

O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil

o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo

(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma

proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos

antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse

ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que

natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que

explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural

Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto

intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo

httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf

Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade

httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos

considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se

relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo

Neacutestor Garcia Canclini

Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca

uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-

cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-

SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo

O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A

Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto

cultural natildeo identificadordquo

httpbooksgooglecombrbooksid=-

1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig

=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-

qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false

Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre

como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo

Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo

Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4

Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)

intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo

intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de

interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting

urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf

Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-

estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo

Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ

EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM

a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da

antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas

abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea

Canclini (2007)

b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como

esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e

interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini

(2005)

GLOSSAacuteRIO

Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e

noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina

Antropologia 3

OBSERVACcedilOtildeES FINAIS

Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar

que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos

que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p

24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos

Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente

madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu

proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda

uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que

natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave

legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a

nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)

Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o

outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no

Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento

agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)

E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da

Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de

ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA

(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da

ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)

observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos

burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos

para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo

mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira

Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na

nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA

(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc

Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos

ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do

LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em

httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17

Acesso em 12abr2014

BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro

Contracapa 2000

CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia

Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em

httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents

5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013

CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro

Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988

______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora

UNESP 1996

CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel

em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso

em 18mar2014

______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34

1981

CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de

Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-

93132005000100013gt Acesso em 12abr2014

CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX

Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998

CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of

ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986

COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981

DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007

DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua

histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em

Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em

httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014

DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas

(mimeo) sd

EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and

Faber1962

______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees

poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em

httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-

espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014

FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa

Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel

em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf

Acesso em 22jan2014

GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da

Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005

______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007

GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978

_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da

UFRJ 2005

GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981

_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela

Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed

Global p 273-365 1986

GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia

das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971

______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press

1986

______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo

Paulo Atica p185-203 1981a

______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute

In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162

1981b

______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an

Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)

ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997

KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -

Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948

KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978

______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia

entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-

173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-

Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr

2014

______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002

______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2

2005 p209-230 Disponiacutevel em

httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf

Acesso em 20 abr 2014

LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do

Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001

LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres

Berg Publishers 1940

______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics

and Political Science 1954

______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982

LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955

______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971

______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975

______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo

Brasileiro 1976

______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981

______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982

______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993

______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994

______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997

O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011

______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008

______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a

Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998

______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998

______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify

2004

______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005

______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo

Cosac Naify 2006

MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa

Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva

Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993

MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e

Londres The University of Chicago Press 1986

MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative

anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael

(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University

of Chicago Press pp 17-44 1986

MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de

Campo Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198

Acesso em 18 abr 2014

MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J

1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In

Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os

livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em

lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-

michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-

anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt

Acesso em 22 abr 2013

MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades

Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp

MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie

Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em

httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014

NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris

Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999

OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar

Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988

PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997

RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J

Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981

RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo

Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986

SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972

______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the

Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The

University of Michigan Press 1981

______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema

Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia

Campinas SP pp 47-1061988

______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990

______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003

_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a

_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b

History Journal of Modern History 651-25

______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western

CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996

______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura

natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p

41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997

______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de

novembro 1998

______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU

Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em

ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em

______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007

SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous

Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago

Press1999

SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes

Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014

______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em

httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-

de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014

SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e

Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001

Disponiacutevel em

httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170

TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa

Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005

httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3

VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In

A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco

Ed p 345-374 1987

VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154

1997

ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas

Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006

Page 14: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 15: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 16: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 17: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 18: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 19: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 20: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 21: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 22: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 23: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 24: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 25: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 26: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 27: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 28: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 29: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 30: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 31: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 32: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 33: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 34: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 35: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 36: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 37: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 38: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 39: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 40: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 41: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 42: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 43: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 44: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 45: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 46: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 47: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 48: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 49: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 50: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 51: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 52: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 53: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 54: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 55: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 56: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 57: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 58: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 59: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 60: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 61: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 62: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 63: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 64: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 65: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 66: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação
Page 67: ANTROPOLOGIA 3 - educapes.capes.gov.br · Antropologia, fornece base para podermos entender a formação da matriz disciplinar na Antropologia. É dentro da temática “A Formação