antropologia 3 - educapes.capes.gov.br · antropologia, fornece base para podermos entender a...
TRANSCRIPT
ANTROPOLOGIA 3
Fotografia Siacutelvia Martins
APRESENTACcedilAtildeO DO PROFESSOR
Queridos alunos e alunas
Gostaria de dar boas vindas a essa disciplina Antropologia 3 que faz parte da grade
curricular do curso de Licenciatura em Ciecircncias Sociais a Distacircncia do Instituto de
Ciecircncias Sociais da Universidade Federal de Alagoas Antropologia eacute uma ciecircncia
fascinante O objetivo principal dos estudos a serem desenvolvidos dentro da disciplina
Antropologia 3 eacute introduzir aos alunos vaacuterias escolas antropoloacutegicas que fazem parte da
proacutepria histoacuteria de como essa ciecircncia vem se desenvolvendo em diferentes paiacuteses
Assim eacute esperado que a partir desses conteuacutedos vocecircs sejam capazes de entender as
diferentes matrizes paradigmaacuteticas formadoras do pensamento antropoloacutegico moderno e
poacutes-moderno Desejo um bom aproveitamento em seus estudos e que considerem
interessante as leituras dos variados materiais que faratildeo parte dessa disciplina
PLANO DA DISCIPLINA
Curso Licenciatura em Ciecircncias Sociais
Disciplina Antropologia 3
Carga horaacuteria total 60h (presencial 20h online 40h)
Professora Siacutelvia A C Martins PhD
Ementa
A Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo O desenvolvimento do funcionalismo
britacircnico O estruturalismo de Claude Leacutevi-Strauss Marxismo e Antropologia Novas
tendecircncias do culturalismo norte-americano Geertz e a interpretaccedilatildeo das culturas
Antropologia simboacutelica Antropologia dinacircmica Temas e abordagens antropoloacutegicas da
cultura em tempos de globalizaccedilatildeo
Conteuacutedos
Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica o Processo de Descolonizaccedilatildeo
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na Antropologia
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
121 A Antropologia e o Antirracismo
122 Metodologias descolonizadoras
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a Antropologia Dinacircmica
21 O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-Americana e a Antropologia
Poacutes-Moderna
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Unidade 5 ndashAntropologia e Marxismo Antropologia e Historia Globalizaccedilatildeo
51 Antropologia e Marxismo
52 Antropologia e Histoacuteria
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
Observaccedilotildees Finais
Metodologia
O curso eacute realizado contendo um percentual de 20 de aulas presenciais atraveacutes das
quais a professora apresentaraacute a disciplina e os principais toacutepicos explorados As aulas agrave
distacircncia satildeo realizadas utilizando metodologias e dinacircmicas caracteriacutesticas desse
formato tendo os alunos de fazer as leituras e estudos indicados Eacute fundamental
portanto visando alcanccedilar os objetivos propostos da disciplina que os alunos participem
ativamente atraveacutes da realizaccedilatildeo das atividades tais como as leituras indicadas
materiais a serem produzidos tais como fichas-citaccedilatildeo (fichas elaboradas com citaccedilotildees
diretas de principais trechos dos textos para compreensatildeo de conteuacutedos seguidas de
comentaacuterio criacutetico) e trabalhos individuais ou em equipe de acordo com solicitaccedilatildeo da
professora
Tambeacutem faz parte a navegaccedilatildeo por sites sugeridos bem como o acesso a links atraveacutes
dos quais o aluno poderaacute pesquisar sobre assuntos a serem investigados bem como para
visualizar viacutedeos pertinentes agrave mateacuteria dada Haacute uma boa indicaccedilatildeo de entrevistas e
materiais disponibilizados na internet que sugiro acompanhamento e utilizaccedilatildeo
Importante lembrar que os artigos e livros a serem utilizados no curso estaratildeo
disponiacuteveis em formato digital ao acesso dos alunos dentro do Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) eou coacutepias disponiacuteveis na biblioteca do seu polo Dentro da
metodologia do EAD eacute crucial a participaccedilatildeo do aluno na Plataforma Moodle atraveacutes
da utilizaccedilatildeo de ferramentas de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo de todos
Objetivos
Objetivo Geral
Nessa disciplina oa alunoa deveraacute desenvolver uma compreensatildeo acerca do
desenvolvimento da Antropologia Moderna e Poacutes-Moderna para um entendimento dos
diferentes paradigmas que expressam diversas tradiccedilotildees da antropologia enquanto
formadoras de uma matriz disciplinar Assim a Antropologia 3 explora principais
orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da Antropologia a partir de seu desenvolvimento
histoacuterico considerando a forma como tempo e o desenvolvimento de diferentes
tradiccedilotildees constituem referecircncias importantes para compreensatildeo de orientaccedilotildees teoacutericas
Objetivos Especiacuteficos
bull Introduzir reflexotildees sobre processos de descolonizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo desses com a
Antropologia que inclui novas relaccedilotildees com o objeto de estudo bem como
metodologias de abordagens e direccedilatildeo de estudos e pesquisas
bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia na Gratilde-Bretanha particularmente
ecircnfases na orientaccedilatildeo teoacuterica do estrutural-funcionalismo e seus desdobramentos em
abordagens mais voltadas para situaccedilotildees histoacutericas e processualistas
bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia Estruturalista na Franccedila
particularmente a produccedilatildeo acadecircmica de Claude Leacutevi-Strauss que constitui o grande
representante do estruturalismo na Antropologia
bull Focalizar na Antropologia Americana o interpretativismo e a poacutes-modernidade na
Antropologia
bull Focalizar temaacuteticas contemporacircneas na Antropologia e o desenvolvimento do
marxismo estrutural em Godelier bem como contextos de globalizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo entre
Antropologia e Histoacuteria
bull Elaborar um Glossaacuterio com a particiccedilatildeo de todos os alunos a partir da
organizaccedilatildeo em ordem alfabeacutetica de palavras ou termos aqui utilizados e considerados
importantes para definiccedilotildees visando confecccedilatildeo de um anexo de conteuacutedo necessaacuterio da
disciplina Antropologia 3
Competecircncias eou habilidades que o aluno deve desenvolver na
disciplina
PESSOAL SOCIAL PROFISSIONAL
Adquirir conhecimentos que
lhe habilitem ao
entendimento das diferentes
orientaccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas dentro do
campo da investigaccedilatildeo
antropoloacutegica moderna e poacutes-
moderna
Viabilizar ao aluno a
possibilidade de expandir
conhecimento adquirido
dentro de ambientes
acadecircmicos sendo possiacutevel
reproduzir compreensatildeo
adquirida na disciplina para
seus colegas professores
etc
Desenvolver no aluno a
capacidade de entendimento
sobre orientaccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas que satildeo
coerentes dentro da
investigaccedilatildeo no campo da
Antropologia possibilitando
assim uma formaccedilatildeo
acadecircmica voltada para o
exerciacutecio docente
Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para
Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina
bull Entendimento e conhecimento da formaccedilatildeo do campo da investigaccedilatildeo
antropoloacutegica
bull Entendimento da metodologia da pesquisa antropoloacutegica
bull Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino agrave Distacircncia
Orientaccedilotildees Iniciais aos Alunos
Sugiro enquanto referecircncia geral dentro dessa disciplina utilizar o blog
wwwantropologiaiiiblogspotcombr visando proporcionar orientaccedilatildeo ampla de
produccedilotildees antropoloacutegicas e autores que envolvem campos de conteuacutedos dentro dessa
disciplina de Antropologia III Numa visatildeo geral temaacuteticas que podem ser acessadas se
referem a primeiramente Leituras Baacutesicas material de conteuacutedos e explicaccedilotildees teoacutericas
epistemoloacutegicas metodoloacutegicas etc Podem ser localizadas referecircncias importantes sobre
o Materialismo Cultural e Neo-Evolucionismo cujo assunto natildeo faz diretamente parte da
ementa dessa disciplina Dentro de assuntos relacionados agraves unidades do curso textos
foram organizados seguindo a divisotildees
Antropologia Social Britacircnica
Antropologia ProcessualistaDinacircmica
Estruturalismo Francecircs
Marxismo Estrutural
Etnociecircncia Antropologia Simboacutelica e Antropologia Interpretativa
Antropologia Globalizaccedilatildeo Interculturalidade Sociedades Complexas
Urbano-Industriais
No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt
haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a
essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como
Textos Claacutessicos em Teoria Social
Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em
Antropologia
Escola Socioloacutegica Francesa
Antropologia Cultural Americana
Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog
lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para
organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina
de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem
importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas
dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico
Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz
respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem
considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente
de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros
antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica
(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de
autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos
sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente
niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo
antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social
da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e
do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt
Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o
entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos
nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de
Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-
Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a
importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes
centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em
termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores
e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que
daremos em escolas antropoloacutegicas
Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de
Descolonizaccedilatildeo
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh
ttps253A252F252Fencrypted-
tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-
hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-
253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-
us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-
YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-
M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h
pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp
253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200
Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias
antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo
Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da
Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos
focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado
por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar
Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado
ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees
africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre
antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos
de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica
(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse
momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica
contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na
Antropologia
Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a
Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na
Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de
Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua
fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em
1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse
empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia
enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira
toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no
Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos
ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de
antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa
lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como
membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)
Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)
inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se
poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)
Eis o quadro que apresenta
Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia
paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila
Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa
forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola
Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas
localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos
dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento
antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso
de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente
na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde
todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p
22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a
antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo
resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo
Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de
maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora
tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach
Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3
Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a
particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
Ementa
A Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo O desenvolvimento do funcionalismo
britacircnico O estruturalismo de Claude Leacutevi-Strauss Marxismo e Antropologia Novas
tendecircncias do culturalismo norte-americano Geertz e a interpretaccedilatildeo das culturas
Antropologia simboacutelica Antropologia dinacircmica Temas e abordagens antropoloacutegicas da
cultura em tempos de globalizaccedilatildeo
Conteuacutedos
Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica o Processo de Descolonizaccedilatildeo
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na Antropologia
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
121 A Antropologia e o Antirracismo
122 Metodologias descolonizadoras
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a Antropologia Dinacircmica
21 O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-Americana e a Antropologia
Poacutes-Moderna
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Unidade 5 ndashAntropologia e Marxismo Antropologia e Historia Globalizaccedilatildeo
51 Antropologia e Marxismo
52 Antropologia e Histoacuteria
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
Observaccedilotildees Finais
Metodologia
O curso eacute realizado contendo um percentual de 20 de aulas presenciais atraveacutes das
quais a professora apresentaraacute a disciplina e os principais toacutepicos explorados As aulas agrave
distacircncia satildeo realizadas utilizando metodologias e dinacircmicas caracteriacutesticas desse
formato tendo os alunos de fazer as leituras e estudos indicados Eacute fundamental
portanto visando alcanccedilar os objetivos propostos da disciplina que os alunos participem
ativamente atraveacutes da realizaccedilatildeo das atividades tais como as leituras indicadas
materiais a serem produzidos tais como fichas-citaccedilatildeo (fichas elaboradas com citaccedilotildees
diretas de principais trechos dos textos para compreensatildeo de conteuacutedos seguidas de
comentaacuterio criacutetico) e trabalhos individuais ou em equipe de acordo com solicitaccedilatildeo da
professora
Tambeacutem faz parte a navegaccedilatildeo por sites sugeridos bem como o acesso a links atraveacutes
dos quais o aluno poderaacute pesquisar sobre assuntos a serem investigados bem como para
visualizar viacutedeos pertinentes agrave mateacuteria dada Haacute uma boa indicaccedilatildeo de entrevistas e
materiais disponibilizados na internet que sugiro acompanhamento e utilizaccedilatildeo
Importante lembrar que os artigos e livros a serem utilizados no curso estaratildeo
disponiacuteveis em formato digital ao acesso dos alunos dentro do Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) eou coacutepias disponiacuteveis na biblioteca do seu polo Dentro da
metodologia do EAD eacute crucial a participaccedilatildeo do aluno na Plataforma Moodle atraveacutes
da utilizaccedilatildeo de ferramentas de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo de todos
Objetivos
Objetivo Geral
Nessa disciplina oa alunoa deveraacute desenvolver uma compreensatildeo acerca do
desenvolvimento da Antropologia Moderna e Poacutes-Moderna para um entendimento dos
diferentes paradigmas que expressam diversas tradiccedilotildees da antropologia enquanto
formadoras de uma matriz disciplinar Assim a Antropologia 3 explora principais
orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da Antropologia a partir de seu desenvolvimento
histoacuterico considerando a forma como tempo e o desenvolvimento de diferentes
tradiccedilotildees constituem referecircncias importantes para compreensatildeo de orientaccedilotildees teoacutericas
Objetivos Especiacuteficos
bull Introduzir reflexotildees sobre processos de descolonizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo desses com a
Antropologia que inclui novas relaccedilotildees com o objeto de estudo bem como
metodologias de abordagens e direccedilatildeo de estudos e pesquisas
bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia na Gratilde-Bretanha particularmente
ecircnfases na orientaccedilatildeo teoacuterica do estrutural-funcionalismo e seus desdobramentos em
abordagens mais voltadas para situaccedilotildees histoacutericas e processualistas
bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia Estruturalista na Franccedila
particularmente a produccedilatildeo acadecircmica de Claude Leacutevi-Strauss que constitui o grande
representante do estruturalismo na Antropologia
bull Focalizar na Antropologia Americana o interpretativismo e a poacutes-modernidade na
Antropologia
bull Focalizar temaacuteticas contemporacircneas na Antropologia e o desenvolvimento do
marxismo estrutural em Godelier bem como contextos de globalizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo entre
Antropologia e Histoacuteria
bull Elaborar um Glossaacuterio com a particiccedilatildeo de todos os alunos a partir da
organizaccedilatildeo em ordem alfabeacutetica de palavras ou termos aqui utilizados e considerados
importantes para definiccedilotildees visando confecccedilatildeo de um anexo de conteuacutedo necessaacuterio da
disciplina Antropologia 3
Competecircncias eou habilidades que o aluno deve desenvolver na
disciplina
PESSOAL SOCIAL PROFISSIONAL
Adquirir conhecimentos que
lhe habilitem ao
entendimento das diferentes
orientaccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas dentro do
campo da investigaccedilatildeo
antropoloacutegica moderna e poacutes-
moderna
Viabilizar ao aluno a
possibilidade de expandir
conhecimento adquirido
dentro de ambientes
acadecircmicos sendo possiacutevel
reproduzir compreensatildeo
adquirida na disciplina para
seus colegas professores
etc
Desenvolver no aluno a
capacidade de entendimento
sobre orientaccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas que satildeo
coerentes dentro da
investigaccedilatildeo no campo da
Antropologia possibilitando
assim uma formaccedilatildeo
acadecircmica voltada para o
exerciacutecio docente
Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para
Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina
bull Entendimento e conhecimento da formaccedilatildeo do campo da investigaccedilatildeo
antropoloacutegica
bull Entendimento da metodologia da pesquisa antropoloacutegica
bull Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino agrave Distacircncia
Orientaccedilotildees Iniciais aos Alunos
Sugiro enquanto referecircncia geral dentro dessa disciplina utilizar o blog
wwwantropologiaiiiblogspotcombr visando proporcionar orientaccedilatildeo ampla de
produccedilotildees antropoloacutegicas e autores que envolvem campos de conteuacutedos dentro dessa
disciplina de Antropologia III Numa visatildeo geral temaacuteticas que podem ser acessadas se
referem a primeiramente Leituras Baacutesicas material de conteuacutedos e explicaccedilotildees teoacutericas
epistemoloacutegicas metodoloacutegicas etc Podem ser localizadas referecircncias importantes sobre
o Materialismo Cultural e Neo-Evolucionismo cujo assunto natildeo faz diretamente parte da
ementa dessa disciplina Dentro de assuntos relacionados agraves unidades do curso textos
foram organizados seguindo a divisotildees
Antropologia Social Britacircnica
Antropologia ProcessualistaDinacircmica
Estruturalismo Francecircs
Marxismo Estrutural
Etnociecircncia Antropologia Simboacutelica e Antropologia Interpretativa
Antropologia Globalizaccedilatildeo Interculturalidade Sociedades Complexas
Urbano-Industriais
No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt
haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a
essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como
Textos Claacutessicos em Teoria Social
Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em
Antropologia
Escola Socioloacutegica Francesa
Antropologia Cultural Americana
Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog
lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para
organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina
de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem
importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas
dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico
Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz
respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem
considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente
de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros
antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica
(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de
autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos
sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente
niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo
antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social
da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e
do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt
Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o
entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos
nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de
Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-
Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a
importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes
centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em
termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores
e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que
daremos em escolas antropoloacutegicas
Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de
Descolonizaccedilatildeo
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh
ttps253A252F252Fencrypted-
tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-
hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-
253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-
us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-
YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-
M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h
pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp
253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200
Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias
antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo
Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da
Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos
focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado
por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar
Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado
ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees
africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre
antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos
de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica
(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse
momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica
contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na
Antropologia
Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a
Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na
Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de
Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua
fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em
1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse
empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia
enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira
toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no
Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos
ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de
antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa
lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como
membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)
Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)
inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se
poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)
Eis o quadro que apresenta
Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia
paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila
Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa
forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola
Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas
localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos
dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento
antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso
de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente
na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde
todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p
22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a
antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo
resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo
Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de
maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora
tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach
Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3
Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a
particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
diretas de principais trechos dos textos para compreensatildeo de conteuacutedos seguidas de
comentaacuterio criacutetico) e trabalhos individuais ou em equipe de acordo com solicitaccedilatildeo da
professora
Tambeacutem faz parte a navegaccedilatildeo por sites sugeridos bem como o acesso a links atraveacutes
dos quais o aluno poderaacute pesquisar sobre assuntos a serem investigados bem como para
visualizar viacutedeos pertinentes agrave mateacuteria dada Haacute uma boa indicaccedilatildeo de entrevistas e
materiais disponibilizados na internet que sugiro acompanhamento e utilizaccedilatildeo
Importante lembrar que os artigos e livros a serem utilizados no curso estaratildeo
disponiacuteveis em formato digital ao acesso dos alunos dentro do Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) eou coacutepias disponiacuteveis na biblioteca do seu polo Dentro da
metodologia do EAD eacute crucial a participaccedilatildeo do aluno na Plataforma Moodle atraveacutes
da utilizaccedilatildeo de ferramentas de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo de todos
Objetivos
Objetivo Geral
Nessa disciplina oa alunoa deveraacute desenvolver uma compreensatildeo acerca do
desenvolvimento da Antropologia Moderna e Poacutes-Moderna para um entendimento dos
diferentes paradigmas que expressam diversas tradiccedilotildees da antropologia enquanto
formadoras de uma matriz disciplinar Assim a Antropologia 3 explora principais
orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da Antropologia a partir de seu desenvolvimento
histoacuterico considerando a forma como tempo e o desenvolvimento de diferentes
tradiccedilotildees constituem referecircncias importantes para compreensatildeo de orientaccedilotildees teoacutericas
Objetivos Especiacuteficos
bull Introduzir reflexotildees sobre processos de descolonizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo desses com a
Antropologia que inclui novas relaccedilotildees com o objeto de estudo bem como
metodologias de abordagens e direccedilatildeo de estudos e pesquisas
bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia na Gratilde-Bretanha particularmente
ecircnfases na orientaccedilatildeo teoacuterica do estrutural-funcionalismo e seus desdobramentos em
abordagens mais voltadas para situaccedilotildees histoacutericas e processualistas
bull Focalizar o desenvolvimento da Antropologia Estruturalista na Franccedila
particularmente a produccedilatildeo acadecircmica de Claude Leacutevi-Strauss que constitui o grande
representante do estruturalismo na Antropologia
bull Focalizar na Antropologia Americana o interpretativismo e a poacutes-modernidade na
Antropologia
bull Focalizar temaacuteticas contemporacircneas na Antropologia e o desenvolvimento do
marxismo estrutural em Godelier bem como contextos de globalizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo entre
Antropologia e Histoacuteria
bull Elaborar um Glossaacuterio com a particiccedilatildeo de todos os alunos a partir da
organizaccedilatildeo em ordem alfabeacutetica de palavras ou termos aqui utilizados e considerados
importantes para definiccedilotildees visando confecccedilatildeo de um anexo de conteuacutedo necessaacuterio da
disciplina Antropologia 3
Competecircncias eou habilidades que o aluno deve desenvolver na
disciplina
PESSOAL SOCIAL PROFISSIONAL
Adquirir conhecimentos que
lhe habilitem ao
entendimento das diferentes
orientaccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas dentro do
campo da investigaccedilatildeo
antropoloacutegica moderna e poacutes-
moderna
Viabilizar ao aluno a
possibilidade de expandir
conhecimento adquirido
dentro de ambientes
acadecircmicos sendo possiacutevel
reproduzir compreensatildeo
adquirida na disciplina para
seus colegas professores
etc
Desenvolver no aluno a
capacidade de entendimento
sobre orientaccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas que satildeo
coerentes dentro da
investigaccedilatildeo no campo da
Antropologia possibilitando
assim uma formaccedilatildeo
acadecircmica voltada para o
exerciacutecio docente
Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para
Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina
bull Entendimento e conhecimento da formaccedilatildeo do campo da investigaccedilatildeo
antropoloacutegica
bull Entendimento da metodologia da pesquisa antropoloacutegica
bull Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino agrave Distacircncia
Orientaccedilotildees Iniciais aos Alunos
Sugiro enquanto referecircncia geral dentro dessa disciplina utilizar o blog
wwwantropologiaiiiblogspotcombr visando proporcionar orientaccedilatildeo ampla de
produccedilotildees antropoloacutegicas e autores que envolvem campos de conteuacutedos dentro dessa
disciplina de Antropologia III Numa visatildeo geral temaacuteticas que podem ser acessadas se
referem a primeiramente Leituras Baacutesicas material de conteuacutedos e explicaccedilotildees teoacutericas
epistemoloacutegicas metodoloacutegicas etc Podem ser localizadas referecircncias importantes sobre
o Materialismo Cultural e Neo-Evolucionismo cujo assunto natildeo faz diretamente parte da
ementa dessa disciplina Dentro de assuntos relacionados agraves unidades do curso textos
foram organizados seguindo a divisotildees
Antropologia Social Britacircnica
Antropologia ProcessualistaDinacircmica
Estruturalismo Francecircs
Marxismo Estrutural
Etnociecircncia Antropologia Simboacutelica e Antropologia Interpretativa
Antropologia Globalizaccedilatildeo Interculturalidade Sociedades Complexas
Urbano-Industriais
No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt
haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a
essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como
Textos Claacutessicos em Teoria Social
Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em
Antropologia
Escola Socioloacutegica Francesa
Antropologia Cultural Americana
Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog
lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para
organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina
de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem
importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas
dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico
Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz
respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem
considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente
de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros
antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica
(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de
autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos
sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente
niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo
antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social
da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e
do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt
Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o
entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos
nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de
Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-
Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a
importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes
centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em
termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores
e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que
daremos em escolas antropoloacutegicas
Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de
Descolonizaccedilatildeo
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh
ttps253A252F252Fencrypted-
tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-
hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-
253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-
us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-
YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-
M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h
pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp
253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200
Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias
antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo
Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da
Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos
focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado
por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar
Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado
ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees
africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre
antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos
de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica
(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse
momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica
contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na
Antropologia
Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a
Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na
Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de
Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua
fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em
1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse
empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia
enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira
toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no
Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos
ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de
antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa
lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como
membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)
Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)
inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se
poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)
Eis o quadro que apresenta
Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia
paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila
Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa
forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola
Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas
localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos
dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento
antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso
de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente
na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde
todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p
22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a
antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo
resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo
Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de
maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora
tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach
Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3
Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a
particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
Competecircncias eou habilidades que o aluno deve desenvolver na
disciplina
PESSOAL SOCIAL PROFISSIONAL
Adquirir conhecimentos que
lhe habilitem ao
entendimento das diferentes
orientaccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas dentro do
campo da investigaccedilatildeo
antropoloacutegica moderna e poacutes-
moderna
Viabilizar ao aluno a
possibilidade de expandir
conhecimento adquirido
dentro de ambientes
acadecircmicos sendo possiacutevel
reproduzir compreensatildeo
adquirida na disciplina para
seus colegas professores
etc
Desenvolver no aluno a
capacidade de entendimento
sobre orientaccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas que satildeo
coerentes dentro da
investigaccedilatildeo no campo da
Antropologia possibilitando
assim uma formaccedilatildeo
acadecircmica voltada para o
exerciacutecio docente
Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para
Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina
bull Entendimento e conhecimento da formaccedilatildeo do campo da investigaccedilatildeo
antropoloacutegica
bull Entendimento da metodologia da pesquisa antropoloacutegica
bull Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino agrave Distacircncia
Orientaccedilotildees Iniciais aos Alunos
Sugiro enquanto referecircncia geral dentro dessa disciplina utilizar o blog
wwwantropologiaiiiblogspotcombr visando proporcionar orientaccedilatildeo ampla de
produccedilotildees antropoloacutegicas e autores que envolvem campos de conteuacutedos dentro dessa
disciplina de Antropologia III Numa visatildeo geral temaacuteticas que podem ser acessadas se
referem a primeiramente Leituras Baacutesicas material de conteuacutedos e explicaccedilotildees teoacutericas
epistemoloacutegicas metodoloacutegicas etc Podem ser localizadas referecircncias importantes sobre
o Materialismo Cultural e Neo-Evolucionismo cujo assunto natildeo faz diretamente parte da
ementa dessa disciplina Dentro de assuntos relacionados agraves unidades do curso textos
foram organizados seguindo a divisotildees
Antropologia Social Britacircnica
Antropologia ProcessualistaDinacircmica
Estruturalismo Francecircs
Marxismo Estrutural
Etnociecircncia Antropologia Simboacutelica e Antropologia Interpretativa
Antropologia Globalizaccedilatildeo Interculturalidade Sociedades Complexas
Urbano-Industriais
No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt
haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a
essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como
Textos Claacutessicos em Teoria Social
Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em
Antropologia
Escola Socioloacutegica Francesa
Antropologia Cultural Americana
Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog
lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para
organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina
de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem
importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas
dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico
Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz
respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem
considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente
de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros
antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica
(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de
autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos
sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente
niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo
antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social
da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e
do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt
Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o
entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos
nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de
Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-
Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a
importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes
centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em
termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores
e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que
daremos em escolas antropoloacutegicas
Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de
Descolonizaccedilatildeo
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh
ttps253A252F252Fencrypted-
tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-
hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-
253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-
us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-
YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-
M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h
pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp
253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200
Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias
antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo
Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da
Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos
focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado
por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar
Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado
ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees
africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre
antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos
de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica
(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse
momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica
contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na
Antropologia
Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a
Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na
Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de
Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua
fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em
1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse
empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia
enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira
toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no
Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos
ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de
antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa
lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como
membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)
Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)
inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se
poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)
Eis o quadro que apresenta
Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia
paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila
Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa
forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola
Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas
localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos
dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento
antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso
de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente
na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde
todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p
22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a
antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo
resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo
Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de
maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora
tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach
Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3
Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a
particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
No rodapeacute desse blog Antropologia III lthttpwwwantropologiaiiiblogspotcombrgt
haacute uma organizaccedilatildeo de materiais para consulta como de textos claacutessicos referentes a
essas escolas antropoloacutegicas materiais que podem ser uacuteteis tais como
Textos Claacutessicos em Teoria Social
Manuais de Antropologia Dicionaacuterios Enciclopeacutedias Conceitos em
Antropologia
Escola Socioloacutegica Francesa
Antropologia Cultural Americana
Sugiro portanto considerarem os textos que podem ser acessados nesse blog
lthttpantropologiaiiiblogspotcombrgt como importantes referecircncias de consulta para
organizaccedilatildeo de material didaacutetico e aprofundamento de estudos dentro dessa disciplina
de Antropologia III Sobre aqueles que se referem a textos claacutessicos satildeo tambeacutem
importantes fontes de autores que deram origem a posteriores orientaccedilotildees teoacutericas
dentro da proacutepria histoacuteria da produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico
Eacute importante esclarecer que a forma como preparei as unidades dessa disciplina diz
respeito a perspectivas teoacutericas abordadas por autores selecionados por serem
considerados representativos Assim elaboro uma redaccedilatildeo citando trechos diretamente
de seus escritos ou faccedilo uma abordagem guiada por citaccedilotildees de textos de outros
antropoacutelogos que se dedicaram em aprofundar estudos sobre a produccedilatildeo antropoloacutegica
(sendo utilizadas suas referecircncias e anaacutelises) Procurei tambeacutem destacar textos de
autores brasileiros como importantes referecircncias a serem consideradas nesses estudos
sobre escolas antropoloacutegicas Produzimos no Brasil uma antropologia de excelente
niacutevel uma vez que possuiacutemos centros altamente qualificados de formaccedilatildeo
antropoloacutegica como eacute o caso do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social
da Universidade Federal do Rio de Janeiro httpwwwmuseunacionalufrjbrppgas e
do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Antropologia Social da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul httpwwwufrgsbrppgasportalindexphppt
Considero o texto do antropoacutelogo Juacutelio Ceacutesar Mellatti (1983)
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf como importante referecircncia para o
entendimento da formaccedilatildeo da Antropologia brasileira a partir do qual entendemos
nossa influecircncia do funcionalismo britacircnico (uma vez que contamos a presenccedila de
Radcliffe-Brown no Brasil) e do estruturalismo francecircs (atraveacutes da vinda de Leacutevi-
Strauss e sua contribuiccedilatildeo na institucionalizaccedilatildeo dessa disciplina no Brasil) Daiacute a
importacircncia de se inter-relacionar o desenvolvimento da Antropologia nos grandes
centros (EUA Franccedila e Inglaterra) com o que acontece aqui em nossa casa o Brasil em
termos de formaccedilatildeo antropoloacutegica Por isso faremos utilizaccedilatildeo de referecircncias de autores
e produccedilotildees brasileiras para ilustrar e ampliar nosso aprendizado nesse mergulho que
daremos em escolas antropoloacutegicas
Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de
Descolonizaccedilatildeo
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh
ttps253A252F252Fencrypted-
tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-
hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-
253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-
us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-
YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-
M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h
pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp
253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200
Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias
antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo
Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da
Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos
focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado
por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar
Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado
ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees
africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre
antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos
de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica
(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse
momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica
contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na
Antropologia
Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a
Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na
Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de
Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua
fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em
1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse
empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia
enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira
toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no
Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos
ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de
antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa
lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como
membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)
Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)
inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se
poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)
Eis o quadro que apresenta
Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia
paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila
Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa
forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola
Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas
localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos
dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento
antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso
de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente
na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde
todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p
22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a
antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo
resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo
Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de
maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora
tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach
Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3
Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a
particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
Unidade 1 ndash Metodologia Antropoloacutegica O Processo de
Descolonizaccedilatildeo
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Linda+Tuhiwai+Smithamptbm=ischampimgil=ZYd0lXhc9qee6M253A253Bh
ttps253A252F252Fencrypted-
tbn0gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQAwtpKgTzooB7p95btxHIy-X-
hwiGg16sfsDgRm2X3mn_jkKe-
253B120253B179253BLpFYsuob_tZj7M253Bhttp25253A25252F25252Fwwwhrcgovtnz25252Fabout-
us25252Fcouncilampsource=iuampusg=__Ot1ZNU2xctFhIvWYRga2fRerKu83Dampsa=Xampei=q1PIU7WJEOLjsATo-
YD4Cwampved=0CDIQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=-meLrqkpShmT-
M253A3BYrzrEIhtP2E_oM3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F_madXbeXmN2g252FTCjvw7h
pNMI252FAAAAAAAAAis252Fd8TikEseiJU252Fs1600252Findigenous252Bknowledges252B011jpg3Bhttp
253A252F252Fwwwfirstpeoplesnewdirectionsorg252Fblog252F253Fp253D26983B16003B1200
Nessa primeira unidade estaremos comprometidos em introduzir metodologias
antropoloacutegicas desenvolvidas e formadas em diferentes ldquocentrosrdquo que o antropoacutelogo
Roberto Cardoso de Oliveira (1988) menciona enquanto ldquode irradiaccedilatildeo da
Antropologiardquo (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 17) Eacute a partir daiacute que podemos
focalizar posteriormente nas unidades subsequentes cada contexto especiacutefico ilustrado
por autores que produziram teorias e conhecimento nesse campo disciplinar
Abordamos aqui o momento da histoacuteria do conhecimento antropoloacutegico relacionado
ao periacuteodo poacutes-guerra quando os territoacuterios colonizados por paiacuteses europeus em regiotildees
africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre
antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos
de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica
(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse
momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica
contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na
Antropologia
Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a
Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na
Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de
Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua
fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em
1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse
empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia
enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira
toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no
Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos
ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de
antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa
lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como
membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)
Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)
inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se
poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)
Eis o quadro que apresenta
Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia
paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila
Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa
forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola
Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas
localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos
dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento
antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso
de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente
na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde
todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p
22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a
antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo
resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo
Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de
maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora
tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach
Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3
Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a
particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
africanas e orientais se emanciparam Assim destacamos nos subitens questotildees sobre
antirracismo e sobre esse processo da antropologia e descolonizaccedilatildeo utilizando textos
de autores relevantes na antropologia francesa (LEacuteVI-STRAUSS 1971) e britacircnica
(KUPER 1978) Focalizamos algumas referecircncias bibliograacuteficas que abordam esse
momento bem como faremos uma breve menccedilatildeo agrave produccedilatildeo antropoloacutegica
contemporacircnea que utiliza noccedilatildeo de antropologia descolonizadora
11 Metodologias Antropoloacutegicas Paradigmas e Matriz disciplinar na
Antropologia
Cardoso de Oliveira (1988) no seu artigo intitulado Tempo e Tradiccedilatildeo Interpretando a
Antropologia fornece base para podermos entender a formaccedilatildeo da matriz disciplinar na
Antropologia Eacute dentro da temaacutetica ldquoA Formaccedilatildeo da Disciplinardquo que Cardoso de
Oliveira (1988) vai explicar a sua intenccedilatildeo ao se debruccedilar sobre a Antropologia Sua
fonte de inspiraccedilatildeo estaacute em Heidegger quando esse filoacutesofo alematildeo questionava em
1955 sobre o SER da Filosofia Assim Cardoso de Oliveira (1988) se dedica a esse
empreendimento hermenecircutico sobre o SER da Antropologia Ele situa a Antropologia
enquanto ldquoproduto de nossa histoacuteria da histoacuteria do saber ocidental e de uma maneira
toda especial da cultura cientiacutefica ndash melhor diria cientificista - instaurada no
Iluminismo e tatildeo fortemente presente em nosso campo intelectualrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p14) Assim Cardoso de Oliveira (1988) afirma que podemos
ldquoiniciar nosso exame da questatildeo heideggeriana o que eacute isto que chamamos de
antropologiardquo (p 14) E tambeacutem acrescenta ldquopor que entatildeo natildeo tomarmos essa
lsquoculturarsquo como objeto privilegiado de nossas indagaccedilotildees uma vez que como
membros de uma comunidade intelectual constituiacutemos uma sorte de lsquoculturarsquordquo (p 15)
Daiacute sua preocupaccedilatildeo recai nas ldquotradiccedilotildees que cultivamos (e muitas vezes cultuamos)
inscrita nos paradigmas (quem sabe nos nossos mitos) que confirmam aquilo que se
poderia chamar de lsquomatriz-disciplinarrsquo da antropologiardquo (p 15)
Eis o quadro que apresenta
Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia
paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila
Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa
forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola
Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas
localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos
dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento
antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso
de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente
na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde
todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p
22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a
antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo
resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo
Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de
maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora
tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach
Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3
Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a
particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
Eis o quadro que apresenta
Fonte Cardoso de Oliveira (1988 p 16)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo explica sobre os centros irradiadores da antropologia
paiacuteses onde se localizam comunidades de pensamento da disciplina tais como Franccedila
Inglaterra e EUA que produziram conhecimento e desenvolveram essa disciplina Dessa
forma esse quadro acima refere-se agraves ldquoescolas antropoloacutegicasrdquo tais como a escola
Francesa a Escola Britacircnica e a Histoacuterico-Cultural e Interpretativa (essas duas uacuteltimas
localizadas nos EUA) e aponta autores que seriam casos exemplares representativos
dessas orientaccedilotildees Apoacutes explicar a formaccedilatildeo dessas tradiccedilotildees no pensamento
antropoloacutegico de acordo com a consideraccedilatildeo do tempo (sincronia e diacronia) Cardoso
de Oliveira (1988) mais adiante reafirma que ldquoNas ciecircncias humanas e particularmente
na antropologia os paradigmas sobrevivem vivendo um modo de simultaneidade onde
todos valem agrave sua maneira agrave condiccedilatildeo de natildeo se desconhecerem uns aos outros (p
22-23) Mencionando que no caso do enraizamento na nossa realidade brasileira a
antropologia passa por uma ldquoindividuaccedilatildeordquo passando por uma ldquoforma de saberrdquo
resultante da ldquonossa leitura de uma matriz disciplinar viva e tensardquo (p 23) Entatildeo
Cardoso de Oliveira (1988) menciona antropoacutelogos ceacutelebres que natildeo se ldquofiliam de
maneira niacutetida a nenhum dos paradigmas pois vivem eles proacuteprios a enriquecedora
tensatildeordquo (p 23) Dentre esses Cardoso de Oliveira menciona Evans-Pritchard Leach
Godelier autores que abordaremos nesse curso de Antropologia 3
Ainda seguindo essa discussatildeo Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo para a
particularidade da ldquoantropologia marxistardquo enquanto fruto da tensatildeo de duas tradiccedilotildees
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
empirista e intelectualista bem como ldquoo rsquomaterialismo evolutivorsquo (concernente ao 3deg
paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao 4deg)rdquo (p 23) Exemplificando
assim a tensatildeo e tendecircncias que natildeo se enquadram necessariamente num paradigma
especiacutefico
Roberto Cardoso de Oliveira
O texto de Cardoso de Oliveira (1996) O Trabalho do Antropoacutelogo Olhar Ouvir
Escrever [lthttpwwwisabelcarvalhoblogbrwp-contentuploads201008OLIVEIRA-
Roberto-Cardoso-de-O-trabalho-do-antropC3B3logo-olhar-ouvir-escrever-In-O-
trabalho-do-antropC3B3logopdfgt] vem sendo importante referecircncia para
orientaccedilatildeo e compreensatildeo do trabalho de pesquisa e produccedilatildeo antropoloacutegicas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explique a definiccedilatildeo de Cardoso de Oliveira (1988) daacute agraves noccedilotildees ldquomatriz
disciplinarrdquo e ldquoparadigmardquo Como esses conceitos se diferenciam entre as
ciecircncias naturais e ciecircncias sociais Como Cardoso de Oliveira descreve que
acontece na Antropologia Atraveacutes de pesquisa na internet compare esses
conceitos com de outros autores
b) Faccedila uma pesquisa na internet sobre as caracteriacutesticas de cada uma das escolas
antropoloacutegicas mencionadas por Cardoso de Oliveira no quadro que elabora
Citar as fontes e apresentar de forma esquemaacutetica acrescentando tambeacutem
caracteriacutesticas agraves elencadas por Cardoso de Oliveira (1988)
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
12 A Antropologia e o Processo de Descolonizaccedilatildeo
Adam Kuper (2000) em Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um
Antropoacutelogo e sua Antropologia httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia
Nesse item iremos focalizar esse periacuteodo da Antropologia na
Inglaterra seguindo a abordagem do livro Antropoacutelogos e Antropologia de autoria de
Adam Kuper (1978) para exemplificar como se deu na Inglaterra a relaccedilatildeo entre
Antropologia e o processo de descolonizaccedilatildeo contexto especiacutefico colonialista Trata-se
mais de uma ecircnfase na proacutepria formaccedilatildeo e desenvolvimento da antropologia na
Inglaterra que tangencialmente se refere ao contexto da antropologia durante processo
em que os paiacuteses colonizados passaram a se emancipar Kuper (1978) menciona que
ldquoDesde os seus primeiros dias a Antropologia britacircnica sempre gostou de se apresentar
como uma ciecircncia que poderia ser uacutetil na administraccedilatildeo colonialrdquo (p121) Ele aponta
que inicialmente ldquoas razotildees satildeo obviasrdquo pois ldquoos governos e interesses coloniais
ofereciam as melhores perspectivas de apoio financeiro sobretudo nas deacutecadas
anteriores ao reconhecimento da disciplina pelas universidadesrdquo (p121-122)
Assim no capiacutetulo quatro intitulado ldquoAntropologia e Colonialismordquo Kuper (1978) vai
agraves origens da problemaacutetica da Antropologia enquanto ciecircncia em formaccedilatildeo e demonstra
a dificuldade do desenvolvimento da Antropologia aplicada dentro da academia
britacircnica por natildeo haver espaccedilo inicialmente para a valorizaccedilatildeo dos antropoacutelogos
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
contratados enquanto teacutecnicos Kuper (1978) aponta que ldquo as razotildees desse fracasso natildeo
satildeo difiacuteceis de identificarrdquo (p136) pois eacute dentro das academias que a valorizaccedilatildeo e
futuro dos antropoacutelogos se situavam devendo eles se interessarem mais pelos ldquoestudos
teoacutericosrdquo do que se concentrarem na ldquopesquisa aplicadardquo (p136)
Assim eacute possiacutevel entender como se deu o desenvolvimento da antropologia
funcionalista na Inglaterra e Kuper (1978) aponta que os diplomas em universidades
famosas como Oxford Cambridge e Londres ldquoeram justificados como uma forma de
fornecer treinamento para funcionaacuterios coloniaisrdquo (p123) mas por outro lado ldquoera
difiacutecil convencer o governo britacircnico de que os antropoacutelogos tinham algo de muito
especiacutefico a oferecerrdquo (p123) Kuper observa que ao fazer o trabalho aplicado a
tendecircncia era de se
escolher um uacutenico toacutepico dentro de uma limitada gama de temas mas o trabalho
aplicado era frequentemente visto pelos membros mais eminentes da profissatildeo como
algo que exigia menor esforccedilo intelectual e portanto mais adequado para as mulheres
(KUPER1978p133)
Daiacute Kuper (1978) cita quais questotildees eram tratadas pelos antropoacutelogos (tipo ldquoa posse
da terra a codificaccedilatildeo das leis tradicionais sobretudo a legislaccedilatildeo matrimonial
migraccedilatildeo da matildeo-de-obra a posiccedilatildeo dos reacutegulos [chefe tribal africano] especialmente
os sobas [chefes subordinados aos reacutegulos] e orccedilamentos domeacutesticosrdquo (p 134) E daacute
exemplos de autores que relataram suas experiecircncias demonstrando que poucos
profissionais ldquoapresentaram aos governos um acervo significativo de material
encomendadordquo (p 134) Mais adiante explica que ldquonunca houve muita demanda de
Antropologia Aplicadardquo (p 140) daiacute explica que os proacuteprios funcionalistas ldquoacabaram
caindo na aceitaccedilatildeo de que a especialidade deles era o estudo do suacutedito colonial e
permitiram que este fosse identificado com o antigo lsquoprimitivorsquo ou lsquoselvagemrsquo dos
evolucionistasrdquo (p 143) E uma das conclusotildees que aponta eacute que
O antropoacutelogo social britacircnico eacute tatildeo frequentemente um objeto de suspeita nos paiacuteses
ex-coloniais porque era ele o especialista no estudo de povos coloniais Porque ao
identificar o seu estudo na praacutetica como a ciecircncia do homem de cor ele contribuiu
para a desvalorizaccedilatildeo de sua humanidade (KUPER 1978 p 143)
Eacute importante observar o item VI do quarto capiacutetulo onde Kuper (1978) se refere ao
processo de colonizaccedilatildeo e como os antropoacutelogos atuam nesse contexto
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
Mais adiante (item 122 sobre metodologias descolonizadoras) questotildees relacionadas
agraves pesquisas na Aacutefrica dentro de uma abordagem voltada para anaacutelise poliacutetica seratildeo
focalizadas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) A partir da leitura do capiacutetulo V intitulado Do Carisma agrave Rotina fazer um
esquema dos autores citados por Kuper (1978) elencando seus viacutenculos
acadecircmicos institucionais suas obras e contribuiccedilotildees teoacutericas
b) Fazer uma pesquisa na internet dentro desse periacuteodo abordado por Kuper
(deacutecada de 1930 agrave 1950) sobre a situaccedilatildeo de processo de emancipaccedilatildeo de paiacuteses
colonizados pela Inglaterra
c) Fazer um quadro da produccedilatildeo antropoloacutegica descrita por Kuper (atividade ldquoardquo) e
a situaccedilatildeo das colocircnias inglesas em termos de conflitos revoltas etc (atividade
ldquobrdquo) para associar antropoacutelogos que desenvolveram pesquisa nesses paiacuteses e as
temaacuteticas que se dedicaram
121 Antropologia e Antirracismo
A obra Raccedila e Historia de autoria do antropoacutelogo francecircs Claude Leacutevi-Strauss (1971)
ilustra de forma bastante importante o posicionamento da Antropologia contra
evolucionismo e etnocentrismo Nesse aspecto eacute uma referecircncia de produccedilatildeo
antropoloacutegica contra o racismo Eacute uma obra situada no contexto histoacuterico do poacutes-guerra
na Europa atraveacutes da qual Leacutevi-Strauss afirma a posiccedilatildeo sobre a fundamental
importacircncia para humanidade da grande variedade de culturas existentes no mundo
Raccedila e Histoacuteria (LEacuteVI-STRAUSS1971) publicado pela UNESCO em 1952 estaacute
dividido em dez capiacutetulos atraveacutes dos quais Leacutevi-Strauss disserta sobre temaacuteticas tais
como culturas arcaicas e culturas primitivas a questatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental o
progresso a diversidade cultural etnocentrismo etc No capiacutetulo primeiro intitulado
Raccedila e Cultura Leacutevi-Strauss (1971) aponta por exemplo que ldquoexistem muito mais
culturas humanas do que raccedilas humanasrdquo (p 10) argumentando que esse eacute um dado que
demonstra que natildeo haacute uma uniformidade no desenvolvimento humano mas sim um
desenvolvimento ldquode modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de
civilizaccedilotildeesrdquo (p 10) Leacutevi-Strauss (1971) aponta que ldquoo pecado original da
antropologia consiste na confusatildeo entre a noccedilatildeo puramente bioloacutegica da raccedila e as
produccedilotildees socioloacutegicas e psicoloacutegicas das culturas humanasrdquo (p 08-09) Ele afirma que
ldquoos contributos culturais da Aacutesia ou da Europa da Aacutefrica ou da Ameacutericardquo (p09)
relacionam-se com ldquocircunstacircncias geograacuteficas histoacutericas e socioloacutegicas natildeo com
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006
aptidotildees distintas ligadas agrave constituiccedilatildeo anatocircmica ou fisioloacutegica dos negros dos
amarelos ou dos brancosrdquo (p 09)
Ao superarmos essa concepccedilatildeo racial relacionada ao bioloacutegico Leacutevi-Strauss (1971)
chama atenccedilatildeo que o racismo pode recair num ldquonovo campordquo atribuindo ldquoum
significado intelectual ou moral ao facto de ter a pele negra ou branca para
permanecer em silecircncio face a uma outra questatildeordquo (p 10) que seria o desenvolvimento
da civilizaccedilatildeo ocidental com imensos progressos tecnoloacutegicos Por isso ele argumenta
que natildeo podemos resolver ldquoo problema da desigualdade das raccedilas humanas se natildeo nos
debruccedilarmos tambeacutem sobre o da desigualdade ndash ou diversidade ndash das culturas humanasrdquo
(p 11) Leacutevi-Strauss (1971) explica que essa diversidade acontece com as culturas natildeo
diferindo entre si da mesma maneira mas tambeacutem elas situam-se em planos diferentes
ldquosociedades justapostas no espaccedilo umas ao lado das outras umas proacuteximas outras mais
afastadas mas afinal contemporacircneasrdquo (p 13) Assim ele chama atenccedilatildeo para a
constataccedilatildeo que a diversidade de culturas se daacute no presente e questiona enquanto
problema ldquoQue devemos entender por culturas diferentesrdquo Entatildeo Leacutevi-Strauss (1971)
passa a elencar vaacuterios dados relacionados a essa questatildeo da diversidade tais como que
as culturas se relacionam entre si e que haacute uma diversidade dentro delas tambeacutem por
isso natildeo eacute uma noccedilatildeo que deva ser concebida como ldquoestaacuteticardquo (p 17) e tambeacutem
atribuiacuteda ao isolamento pois ldquoela eacute menos funccedilatildeo do isolamento dos grupos que das
relaccedilotildees que os unemrdquo (p 18)
Sobre etnocentrismo Leacutevi-Strauss (1971) explica como uma atitude antiga quase que
espontacircnea ao nos depararmos com situaccedilotildees inesperadas em que ldquoconsiste em repudiar
pura e simplesmente as formas culturais morais religiosas sociais e esteacuteticas mais
afastadas daquelas com que nos identificamosrdquo (p 19-20) Ele chama atenccedilatildeo que na
realidade ldquoo baacuterbaro eacute em primeiro lugar o homem que crecirc na barbaacuterierdquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1971 p23) e assim ao recusarmos a humanidade ldquoagravequeles que surgem
como os mais ltselvagensgt ou ltbaacuterbarosgt dos seus representantes mais natildeo fazemos
que copiar-lhes as suas atitudes tiacutepicasrdquo (p 22-23) Por outro lado Leacutevi-Strauss (1971)
demonstra abordando questotildees relacionadas ao evolucionismo (distintos enquanto
bioloacutegico ou social) que a proacutepria ldquoproclamaccedilatildeo da igualdade natural entre todos os
homens e da fraternidade que os deve unir sem distinccedilatildeo de raccedilas ou de culturas tem
qualquer coisa de enganador para o espiacuterito porque negligencia uma diversidade de
factordquo (p 23)
Leacutevi-Strauss (1971) tambeacutem aponta que ldquoao contraacuterio da diversidade entre as raccedilas que
apresentam como principal interesse a sua origem histoacuterica e a sua distribuiccedilatildeo no
espaccedilo [e eu destaco que ele se refere aqui ao que eacute investigado pela Antropologia
Fiacutesica] a diversidade entre as culturas potildee uma vantagem ou um inconveniente para a
humanidade questatildeo de conjunto que se subdivide bem entendido em muitas outrasrdquo (p
24)
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Descreva quais principais questotildees que Leacutevi-Strauss (1971) levanta nos
capiacutetulos Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas (capiacutetulo 4) Acaso e
Civilizaccedilatildeo (capiacutetulo 8)
b) Faccedila um esquema sobre principais pontos que Leacutevi-Strauss (1971) levanta sobre
a noccedilatildeo de ldquoprogressordquo nos capiacutetulos intitulados A Ideacuteia de Progresso (capiacutetulo
5) e O Duplo Sentido do Progresso (capiacutetulo 10)
122 Metodologias Descolonizadoras
Destaco duas referecircncias publicadas em liacutengua inglesa que ilustram tendecircncia
contemporacircnea na produccedilatildeo do conhecimento antropoloacutegico Esses livros exemplificam
caracteriacutestica sobre preocupaccedilatildeo dentro da Antropologia contemporacircnea com
emancipaccedilatildeo poliacutetica dos povos que ateacute entatildeo vinham sendo pesquisados por
antropoacutelogos natildeo nativos O livro Decolonizing Anthropology Moving further
toward an Anthropology for Liberation
httpwwwpasadenaedufilessyllabistvillanueva_38066pdf organizado por Faye
Harrison (1997) reuacutene vaacuterios antropoacutelogos que discutem questotildees de raccedila desigualdade
de classe e gecircnero no contexto das deacutecadas de 1980 e 1990 e propotildee a Antropologia
enquanto agecircncia de transformaccedilatildeo social
Uma outra referecircncia essa de autoria de Linda Thiwai Smith
(1999) intitulado Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples
traz discussotildees bastante relevantes sobre imperalismo histoacuteria a problemaacutetica da
pesquisa sob a visatildeo imperialista enfim sobre conhecimento produzido dentro da
Antropologia que reafirma a superioridade do conhecimento Ocidental Smith (1999)
aponta para o desenvolvimento e formaccedilatildeo de antropoacutelogos nativos e enumera projetos
em diferentes grupos dentro de temaacuteticas articuladas pelos proacuteprios nativos a partir da
necessidade deles Smith (1999p01) explica que ldquoA palavra em si lsquopesquisarsquo eacute
provavelmente uma das palavras mais sujas no vocabulaacuterio do mundo indiacutegenardquo Assim
chamo atenccedilatildeo para essa tendecircncia em termos de metodologias construiacutedas a partir
dessa proposta de uma antropologia desenvolvida pelos proacuteprios antropoacutelogos nativos e
que critica a relaccedilatildeo de poder que sempre esteve presente nos contextos coloniais em
que povos pesquisados estatildeo inseridos
Destaco em termos de metodologia brasileira a proposta da pesquisa-accedilatildeo desenvolvida
por Paulo Freire (1987
httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf) como uma
forma de realizaccedilatildeo de pesquisa em que pode ser construiacutedo um conhecimento
objetivando uma ldquomudanccedila poliacutetica conscientizaccedilatildeo e outorga de poderrdquo (TRIPP 2005
445 httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3 ) mas que na antropologia brasileira
natildeo vem sendo utilizada
Jean Copans
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Jean+Copansamptbm=ischampimgil=pHfyM067lnKPjM253A253Bhttps253A25
2F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQiUd1bq4uSdj_0g67EP9s8EJPivrD6vGi5AFfPbQNOyzJWeGB
8253B189253B179253BxXsQMwwETeeVqM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsouillacenjazzfr25252FFR
25252F_382_jean_copanshtmlampsource=iuampusg=__ONhsa-Cl02C9PwtbjEFBbx1s1cc3Dampsa=Xampei=iM-3U-
jGNI6_sQTH_IGQDQampved=0CCkQ9QEwAgampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=wF6RFHXtW-p-
TM253A3BraHvdE0usZS_bM3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_jean252
Fcopans_jean_photo252Fjean_copansjpg3Bhttp253A252F252Fclassiquesuqacca252Fcontemporains252Fcopans_je
an252Fcopans_jean_photo252Fcopans_jean_photohtml3B5533B359
No quarto capiacutetulo do livro Criacuteticas e Poliacuteticas da Antropologia Copans (1981)
analisando os estudos africanos organiza um quadro sobre a periodizaccedilatildeo desses
estudos Numa classificaccedilatildeo cronoloacutegica elencando a forma de relaccedilatildeo estabelecida
pelos colonizadores Copans (1981) descreve a caracteriacutestica ideoloacutegico-teoacuterica desses
estudos e a disciplina predominante em cada um desses periacuteodos (p90)
Fonte Copans (1981p90)
Assim Copans (1981) propotildee atraveacutes de uma sociologia do conhecimento uma
abordagem dialeacutetica da histoacuteria das ciecircncias e no caso dos estudos africanos ele
identifica pressupostos epistemoloacutegicos de acordo com periacuteodos histoacutericos concluindo
que essa reflexatildeo eacute fundamental para compreensatildeo dos condicionantes das
ldquodeterminaccedilotildees ideoloacutegicas e institucionaisrdquo (p107) Nesse aspecto esse texto de
Copans (1981) serve como ele mesmo reconhece para refletir sobre o olhar e
produccedilotildees textuais acerca de um contexto de colonizaccedilatildeo europeia enquanto anaacutelise
criacutetica de pressupostos relacionados a condicionamentos ideoloacutegicos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e organizados em ordem alfabeacutetica de
acordo com definiccedilotildees referentes a essa Unidade 1
Unidade 2 - O Estrutural-Funcionalismo Britacircnico e a
Antropologia Dinacircmica
Relembrando conteuacutedos estudadoa na disciplina Antropologia 2 eacute importante
mencionar que o funcionalismo britacircnico teve como orientaccedilatildeo teoacuterica a concepccedilatildeo de
que a sociedade estaacute em equiliacutebrio e eacute composta de diferentes partes organicamente
inter-relacionadas como se refere Radcliffe-Brown (1981) quando menciona
interdependecircncias funcionais que existem nos contextos culturais Kuper (1978)
descreve assim ldquoA abordagem funcionalista foi um experimento de anaacutelise sincrocircnica
que fez sentido nos termos da histoacuteria intelectual da disciplina e se justificou na medida
em que produziu melhores etnografias do que a qualquer abordagem anteriorrdquo (p 142)
Nesse sentido Kuper (1978 2005) eacute bastante coerente pois ele explica que a
Antropologia Social Britacircnica e particularmente o funcionalismo eacute marcado pela
realizaccedilatildeo de estudos baseados na pesquisa de campo (linha malinowskiana) ora
centrada na anaacutelise teoacuterica estrutural (Radcliffe-Brown)
Importante a leitura de Kuper A (2005) Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social
Britacircnica httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Nesse artigo como na publicaccedilatildeo anterior (1978) Kuper (2005) questiona sobre a
convencional percepccedilatildeo de que a histoacuteria da antropologia social britacircnica foi
desenvolvida a partir do funcionalismo e realizaccedilatildeo de trabalho de campo mas sim
analisa e chama atenccedilatildeo para questotildees de poliacuteticas puacuteblicas e redes de relaccedilotildees pessoais
e contextos institucionais antes e poacutes-segunda guerra mundial
Ao descrever o contexto da antropologia funcionalista britacircnica poacutes-guerra Kuper
(1978) aponta como foi objeto de criacutetica o fato do funcionalismo por exemplo natildeo
considerar ldquoa realidade colonial total numa perspectiva histoacutericardquo (p 142) Ele lembra
que se trata de um paradigma que considera o tempo dentro de uma abordagem
sincrocircnica e natildeo diacrocircnica
Mas eacute no quinto capiacutetulo onde Kuper (1978) analisa a Antropologia poacutes-guerra na
Inglaterra e cita autores que trabalharam como administradores como eacute o exemplo de
Evans-Pritchard ou em missotildees especiais no contexto de guerra como Edmund Leach
Kuper (1978) menciona que esse periacuteodo foi de ampla expansatildeo na Antropologia Social
Britacircnica e que investimentos financeiros foram significativos para formaccedilatildeo de novos
departamentos e instituiccedilotildees de pesquisa (p 147) Assim Kuper (1978) descreve o
desenvolvimento de diferentes centros formadores da Antropologia na Inglaterra e
associa os antropoacutelogos agraves diferentes correntes Kuper (1978) menciona que na deacutecada
de 1950 antropoacutelogos como Evans-Pritchard e Raymond Firth desenvolveram uma
ldquociecircncia normalrdquo (KUPER 1978 p 156) Daiacute menciona como Evans-Pritchard que
seguia a orientaccedilatildeo de Radcliffe-Brown ateacute a guerra se opocircs a ele quando assume
posiccedilatildeo em Oxford em 1946 (KUPER 1978 p 157) Uma ilustraccedilatildeo disso que se refere
Kuper (1978) eacute quando em Conferecircncia proferida em 1950 Evans-Pritchard afirma
A tese que lhes apresento a de que a antropologia social eacute uma espeacutecie de
historiografia e portanto em uacuteltima instacircncia de filosofia ou arte subentende que ela
estuda as sociedades como sistemas morais e natildeo como sistemas naturais que estaacute
mais interessada no plano do processo e que portanto busca padrotildees e natildeo leis
cientiacuteficas e interpreta mais do que explica Satildeo diferenccedilas conceptuais e natildeo
meramente verbais (EVANS-PRITCHARD 1962 p 26 apud KUPER 1978 p 157-
158)
Evans-Pritchard
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=evans-pritchardamptbm=ischampimgil=T8-
xwFooBOWhwM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRnMdnZKWm17lOqciGz-
8W4BGt8oUNI2_HQCCMgQIYs8QSBrQ4jhw253B480253B360253BSxxqcHRM7n-
6XM253Bhttp25253A25252F25252Fmanueldelgadoruizblogspotcom25252F201125252F0525252Fantropologia-
religiosa-classe-del-4-
5htmlampsource=iuampusg=__NXbcU1ZJx3BlmfjuiEebTEadzng3Dampsa=Xampei=9_62U6nnG9CGqgbvs4DoBAampsqi=2ampved=0CKcB
EP4dMA4ampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=T8-xwFooBOWhwM253A3BSxxqcHRM7n-
6XM3Bhttp253A252F252F2bpblogspotcom252F-
41QNEkfABrQ252FTdAqhOdTdbI252FAAAAAAAABOo252FID-
cXF94YzM252Fs640252Fhqdefaultjpg3Bhttp253A252F252Fmanueldelgadoruizblogspotcom252F2011252F05
252Fantropologia-religiosa-classe-del-4-5html3B4803B360
A partir de Evans-Pritchard autores se destacaram por conta de suas orientaccedilotildees
teoacutericas no desenvolvimento do Estrutural-funcionalismo britacircnico e outras tendecircncias
inovadoras Eacute importante mencionar que Evans-Pritchard associa a antropologia social
com a histoacuteria social Kuper (1978) observa que apesar desse posicionamento natildeo ser
refletido no seu trabalho pois eacute na deacutecada posterior a de 1950 que estudos tais como os
voltados para histoacuteria oral iratildeo contribuir para ldquoa grande revoluccedilatildeo no estudo histoacuterico
das sociedades africanasrdquo como quando Vansina demonstra que ldquotradiccedilatildeo oral podia ser
usada como fonterdquo (KUPER 1978 p 159) Assim a consideraccedilatildeo da histoacuteria eacute um
dado importante para abordagens mais dinacircmicas de processos que as populaccedilotildees
pesquisadas estavam inseridas
Strange Beliefs Sir Edward Evans-Pritchard httpyoutube8q9HyONL_10
21 O Estrutural-Funicionalismo Britacircnico e Produccedilotildees Acadecircmicas
Os Nuer livro de autoria de Evans-Pritchard (2007)
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-espac3a7o-in-
os-nuerpdf e Sistemas Poliacuteticos Africanos organizado por Fortes e Evans-Pritchard
(1981) satildeo considerados por Kuper (1978) como as principais obras na deacutecada de 1940
na Antropologia Social Britacircnica Mas ele aponta que nas deacutecadas seguintes reaccedilotildees a
essa ldquoortodoxiardquo foram desenvolvidas apesar do trabalho de campo continuar no estilo
malinowskiano funcionalista ldquoa anaacutelise e teoria eram preponderantemente
estruturalistasrdquo (KUPER 1978 p156) Kuper chama atenccedilatildeo que Evans-Pritchard
assume uma ldquoposiccedilatildeo idealista com implicaccedilotildees historicistasrdquo (KUPER 1978 p 156)
mas nas deacutecadas de 1950 e 1960 o estruturalismo de Leacutevi-Strauss foi ldquoacolhidordquo pela
Antropologia Social Britacircnica (p 156) Eacute no seacutetimo capiacutetulo desse seu livro que a
influecircncia do estruturalismo na Inglaterra eacute focalizada por Kuper (1978)
Evans-Pritchard El lsquotiemporsquo en la Sociedade Nuer httpyoutube5XvAiLVt3PE
Kuper (1978) explica que Evans-Pritchard fazia parte de uma corrente principal na
deacutecada de 1950 que a nomina de ldquociecircncia normalrdquo e esses antropoacutelogos satildeo chamados
de ldquodissidentesrdquo (p 156) fazendo parte desses tambeacutem Leach e Gluckman que
abordaremos mais adiante
Assim utilizamos o livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981) nessa parte da disciplina com o objetivo de identificar as
caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo nesses autores O prefaacutecio desse livro foi
escrito por Radcliffe-Brown (1981) onde ele justifica a importacircncia de se estudar de
forma comparativa as instituiccedilotildees poliacuteticas em sociedades mais simples Ele enfatiza
que ldquoa antropologia social tem que elaborar por si as teorias e os conceitos que se
apliquem universalmente a todas as sociedades humanas e guiado por estas realizar o
seu trabalho de observaccedilatildeo e comparaccedilatildeordquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 07) E
assim Radcliffe-Brown explica diferentes aspectos encontrados na Aacutefrica relacionados
a questotildees que envolvem a poliacutetica como eacute o exemplo de ritual e religiatildeo feiticcedilaria etc
Ele explica que ldquoa estrutura poliacuteticardquo vincula-se a ldquoestrutura social [que ]inclui uma
certa diferenciaccedilatildeo do papel social entre pessoas e entre classes de pessoas O papel de
um indiviacuteduo e a parte que ele representa na vida social total ndash econocircmica poliacutetica
religiosa etcrdquo (RADCLIFFE-BROWN 1981 p 20) Radcliffe-Brown (1981) destaca
que no caso das sociedades simples essa diferenciaccedilatildeo entre indiviacuteduos muitas vezes se
daacute a partir do sexo e idade ldquoe do reconhecimento natildeo institucionalizado da chefia no
ritual na caccedila ou pesca guerra etcrdquo (p 20) Radcliffe-Brown (1981) afirma que
num estudo comparativo de sistemas poliacuteticos ocupamo-nos de certos aspectos
especiais de uma estrutura social total querendo significar por esses termos o
agrupamento de indiviacuteduos em grupos territoriais ou de linhagem e tambeacutem a
diferenciaccedilatildeo de indiviacuteduos pelo seu papel social quer na base do sexo e diacuteade quer
por distinccedilotildees de classes sociais (RADCLIFFE=BROWN 1981 p 22)
Essas observaccedilotildees de Radcliffe-Brown (1981) revelam caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico ao relacionar estruturas sociais agraves atividades sociais Tambeacutem
encontramos aqui uma iacutentima influecircncia durkheimiana da perspectiva que a sociedade eacute
um todo orgacircnico em termos sistecircmico
Fortes e Evans-Pritchard (Sistemas Poliacuteticos Africanos
httpsgpweiztuammxfilesusersuamilauvFortes_y_Evans-
Pritchard_Sist_Pol_Afrpdf
Na Introduccedilatildeo de Sistemas Poliacuteticos Africanos Fortes e Evans-Pritchard (1981)
explicam que nesse livro satildeo descritas duas categorias de sistemas poliacuteticos tais o que
eles se referem como tipo A ldquoas sociedades que possuem autoridade centralizada
aparelho administrativo e instituiccedilotildees judiciais um governo - e nas quais as distinccedilotildees
de riqueza privileacutegio e status correspondem a distribuiccedilatildeo de poder e autoridaderdquo (p
31-32) Como tipo B esses autores se referem agravequelas sociedades que natildeo possuem um
governo uma autoridade centralizada ldquoe nas quais natildeo existem divisotildees agudas de
categoria status ou riquezardquo (p 32) Assim Fortes e Evans-Pritchard apontam quais
descriccedilotildees satildeo feitas pelos antropoacutelogos de acordo com assuntos que abordam nesses
diferentes tipos de sociedades Por exemplo destacam (a) como o parentesco contribui
atraveacutes do sistema de linhagem (ldquosistema segmentaacuterio de grupos de descendecircncia
unilinear e permanentes) ou sistema de parentesco (ldquofamiacutelia bilateral e transitoacuteriardquo) (p
33) (b) como a demografia eacute diferente de acordo com os tipos de centralizaccedilatildeo de
autoridade poliacutetica (c) como o modo de vida relacionado ao meio ambiente
ldquodeterminam os valores dominantes dos povos e influenciam fortemente suas
organizaccedilotildees sociais incluindo os seus sistemas poliacuteticosrdquo (p 36-37) (d) como
determinado tipo pode se relacionar com acomodaccedilatildeo de grupos culturais diversos em
termos de heterogeneidade cultural dentro de administraccedilotildees centralizadas (e) como no
tipo A ldquoa unidade administrativa eacute uma unidade territorialrdquo (p 40) no tipo B ldquoas
unidades territoriais satildeo comunidades locais cuja extensatildeo corresponde agrave fronteira de
uma particular teia de laccedilos de linhagem e de elos de cooperaccedilatildeo diretardquo (p 41) Fortes
e Evans-Pritchard (1981) continuam abordando outras questotildees teoacutericas tais como
relacionadas ao equiliacutebrio dentro do sistema poliacutetico sobre a existecircncia da forccedila
organizada (p 40-47) sobre as reaccedilotildees diferenciadas dentro da relaccedilatildeo com
administradores europeus (p 48-49) questotildees relacionadas aos valores miacutesticos e
funccedilatildeo poliacutetica (p 50-60) e finalmente questotildees sobre a proacutepria delimitaccedilatildeo de ldquogrupos
ou unidades poliacuteticasrdquo (p 60) que fazem parte de ldquosistema social mais vastordquo (p 40)
Sobre esse uacuteltimo aspecto eles entram numa discussatildeo que concluem que haacute uma
ldquomaior solidariedade baseada nestes laccedilos que geralmente daacute aos grupos poliacuteticos o
seu domiacutenio sobre grupos sociais de outras espeacuteciesrdquo (FORTES EVANS-
PRITCHARD 1981 p 62)
Ler o texto de autoria de Frederico Delgado de Rosa (2011) O fantasma de Evans-
Pritchard Diaacutelogos da Antropologia com sua Histoacuteria httpetnograficarevuesorg965
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Escolha um dos textos do livro Sistemas Poliacuteticos Africanos (FORTES
EVANS-PRITCHARD 1981) dos autores tais como Gluckman Richards
Nadel Fortes ou Evans-Pritchard para organizar de forma esquemaacutetica quais
principais assuntos teoacutericos abordados na descriccedilatildeo fazendo uma associaccedilatildeo
com (a) as caracteriacutesticas do estrutural-funcionalismo (contido no Prefaacutecio desse
livro de autoria de Radcliffe-Brown) e com (b) aspectos destacados por Fortes
e Evans-Pritchard (1981) na Introduccedilatildeo
b) Fazer uma pesquisa na internet sobre as obras produzidas pelos antropoacutelogos
Evans-Pritchard Gluckman e Fortes quais as etnografias e publicaccedilotildees que
realizaram e quais aspectos podem ser reunidos sobre suas produccedilotildees Utilizar
textos de Kuper (1978) destacando o que ele menciona desses autores e
atividades realizadas no item 12 dessa disciplina para subsidiar essa sua
pesquisa
22 A Escola de Manchester e a Antropologia Dinacircmica
No iniacutecio do capiacutetulo cinco Kuper (1978) explica como Gluckman e Leach se diferem
enquanto seguidores de diferentes orientaccedilotildees teoacutericas Mas Kuper (1978) afirma que
apesar de Leach receber influecircncia direta de Leacutevi-Strauss (estruturalista) o que natildeo
aconteceu com Gluckman ldquo[a]mbos foram atraiacutedos para os problemas do conflito de
normas e manipulaccedilatildeo de regras e ambos usaram uma perspectiva histoacuterica e o meacutetodo
de caso ampliado para investigar esses problemasrdquo (KUPER 1978 p 170) Ele aponta
que alunos de Leach como Barth Barnes Bailey desenvolveram trabalhos que
ldquodemonstraram a convergecircncia essecircncialrdquo (p 171) desses autores Kuper (1978)
explica que uma frase pode definiacute-los
O dinamismo central dos sistemas sociais eacute fornecido pela atividade poliacutetica por
homens que competem entre eles para aumentar seus recursos encarecer seu status
dentro do quadro de referecircncia criado por regras frequentemente conflitantes ou
ambiacuteguas (KUPER 1978 p 171)
Max Gluckman Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmax_gluckman_nog_bete
r_jpgampimgrefurl=httpwwwshikandanetethnicityillustrations_manchmanchesthtmamph=251ampw=201amptbnid=4bmgcqSdlxdzQM
ampzoom=1amptbnh=160amptbnw=128ampusg=__lu0_58-
zO3F0u9GH0DWGKnTsseQ=ampdocid=v20D5FYjRO6vRMampitg=1ampsa=Xampei=FAS3U_quO4KeqAaIx4CABwampsqi=2ampved=0CI8
BEPwdMAo
Apoacutes fornecer dados biograacuteficos sobre Gluckman Kuper (1978) descreve sua produccedilatildeo
contextualizando-a no ambiente de desenvolvimento da Antropologia Social Britacircnica
Abordando questotildees sobre a noccedilatildeo de equiliacutebrio que Gluckman associa aos conflitos e
conclui que sua preocupaccedilatildeo era com ldquoo contexto total da sociedade pluralrdquo (KUPER
1978 p 176) como eacute o caso da inclusatildeo de brancos e indianos considerando-os na
ldquoestrutura social total da regiatildeordquo (KUPER 1978 p 176) O estudo da ldquosituaccedilatildeo socialrdquo
tal como Gluckman desenvolve em sua abordagem A Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social
na Zululacircndia Moderna que eacute um exemplo disso eacute apontado por Kuper (1978)
contendo o ldquouso de dados histoacutericos para identificar estaacutegios de comparativa
estabilidade e equiliacutebrio que possam ser analisados e comparados com a situaccedilatildeo
contemporacircneardquo (KUPER 1978 p 177) A teacutecnica de ldquoestudos de casos ampliadosrdquo eacute
apontada por Kuper (1978) como sendo adequada para abordagem ldquodos processos de
conflito e resoluccedilatildeo de conflitordquo (p 177)
Assistir a aula La escuela de Manchester ndash Antropologia social
httpyoutubegqK7rgXlDqI
Num texto intitulado A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso
Detalhado Van Velsen (1987) explica que prefere se referir agrave noccedilatildeo de ldquoanaacutelise
situacionalrdquo em vez de utilizar o que Gluckman chamou de ldquomeacutetodo de estudo de caso
detalhadordquo (VAN VELSEN 1987 p 345) que implica num modo do etnoacutegrafo coletar
ldquoum tipo especial de informaccedilotildees detalhadasrdquo (p 345) mas tambeacutem na forma como
essa informaccedilatildeo eacute utilizada na anaacutelise que principalmente inclui ldquoa tentativa de
incorporar o conflito como sendo lsquonormalrsquo em lugar de parte lsquoanormalrsquo do processo
socialrdquo (p 345)
Van Velsen e a Anaacutelise Situacional PowerPoint presentation
httpptscribdcomdoc20443565Van-Velsen-A-analise-situacional
Destaco entatildeo quatro autores citados por Kuper (1978) que ilustram essa perspectiva
dinacircmica na Antropologia Social Britacircnica Van Velsen (1987) Fredrik Barth (2000)
Edmund Leach ( 19811954 ) e Max Gluckman (1986) O texto de Van Velsen (1987)
serve como referecircncia metodoloacutegica para uma compreensatildeo de orientaccedilatildeo teoacuterica dessa
leva de antropoacutelogos que passam a focalizar mudanccedila dentro de perspectiva histoacuterica
processualista ainda natildeo consideradas na Antropologia Social Britacircnica funcionalista
Interview with Friedrick Barth ndash 2005 httpyoutube_lF680hNc3o
Jaacute Barth (2000) fornece uma orientaccedilatildeo teoacuterica no campo de estudos da etnicidade que
contribui para toda uma nova forma de se pesquisar identidade eacutetnica dentro de uma
perspectiva dinacircmica fora dos condicionamentos de abordagens fixadas ainda em
questotildees raciais e aparecircncia cultural desses povos
Fredrik Barth Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Fredrik+Barthamptbm=ischampimgil=4PTZ3Fk2vyXeOM253A253Bhttps253A2
52F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQzturVwiUsYFtTYvy_VUodtyNSQFa5Ckjt88RewGmosIyoLfp
03Q253B3736253B2848253BI2Ldz7cBQsgKZM253Bhttp25253A25252F25252Fenwikipediaorg25252Fwiki2
5252FFredrik_Barthampsource=iuampusg=__ULFHtBSC-QUmYwQMxLtiGQb-
qF83Dampsa=Xampei=Xga3U6r4JtSnsQSQ9IH4BAampved=0CCAQ9QEwAQampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=4PT
Z3Fk2vyXeOM253A3BI2Ldz7cBQsgKZM3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcomm
ons252Fe252Fee252FFredrik_Barthjpg3Bhttp253A252F252Fenwikipediaorg252Fwiki252FFredrik_Barth3B
37363B2848
Assistir as seguintes aulas sobre teoria da etnicidade desenvolvida por Barth
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (I) httpyoutubed7FPnsg9cgI
Friedrick Barth Los grupos eacutetnicos y sus fronteras (II) httpyoutube9GXE2FE60yw
Considero importante mencionar o antropoacutelogo Joatildeo Pacheco de Oliveira Filho (1988)
que na sua tese de doutorado publicada no livro intitulado ldquoO Nosso Governordquo os
Ticuna e o Regime Tutelar lt httplacedetcbrsiteacervolivroso-nosso-governo-os-
ticunasgt faz uma revisatildeo das mais variadas teorias do contato cultural focalizando e
teorizando nessa sua investigaccedilatildeo questotildees de mudanccedila social dentro de processo
histoacuterico de dominaccedilatildeo utilizando a noccedilatildeo de situaccedilatildeo histoacuterica
An interview of the anthropologist Sir Edmund Leach httpyoutube3hnj0wiFPqk
Edmund Leach auto-retrato
lthttpswwwgooglecombrsearchq=Edmund+Leachamptbm=ischampimgil=IjKLuKamZ_1p0M253A253Bhttps253A252F
252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRLetnigkAogmODCCMaW3zIAE92wHG4JI9mXhVpOTXe6qIu
6FsD253B700253B506253Bf69DOzNdUJFeWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwkingscamacuk25252Farc
hive-centre25252Farchive-month25252Ffebruary-
2013htmlampsource=iuampusg=__8EHpbb58KnTwHJwHxV3lzcL48YM3Dampsa=Xampei=_J29U-
G_F6iysQSg_oCACwampved=0CCYQ9QEwBAampbiw=1360ampbih=667facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IjKLuKamZ_1p0M253A3Bf
69DOzNdUJFeWM3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Fsites252Fdefault252Ffiles252Farchives252
Ferl-4-01-004-bigjpg3Bhttp253A252F252Fwwwkingscamacuk252Farchive-centre252Farchive-
month252Ffebruary-2013html3B7003B506gt
Kuper (1978) descreve Leach como tendo uma formaccedilatildeo ldquoconvencionalrdquo e apoacutes
mencionar sua trajetoacuteria acadecircmica observa que ele tendo inicialmente abordado
mudanccedila que se deu entre os Curdos (no seu estudo Social and Economic
Organization of the Rowanduz Kurds publicada em 1981) quando observa que a
partir da intervenccedilatildeo europeia havia uma tendecircncia agrave ldquodestruiccedilatildeo e desintegraccedilatildeo das
formas existentes de organizaccedilatildeo tribalrdquo (LEACH 1981 p09 [apud KUPER 1978 p
184]) Kuper (1978) destaca entatildeo que essa era uma questatildeo ldquoque apresentava problema
para o funcionalista cuja premissa baacutesica era o equiliacutebrio e a boa integraccedilatildeo do sistema
que ele estivesse estudandordquo (p 184) E diferentemente de Gluckman (que segundo
Kuper apesar de reconhecer o dinamismo dos sistemas culturais considerava ldquoperiacuteodos
de equiliacutebriordquo [KUPER 1978 p 184]) Leach chega a reconhecer que ldquoo mecanismo de
mudanccedila cultural deve ser encontrado na reaccedilatildeo dos indiviacuteduos a seus interesses
econocircmicos e poliacuteticos diferenciaisrdquo (LEACH 1981 p 12 [apud KUPER 1978 p
184]) Daiacute Kuper (1978) citando Leach aponta para sua conclusatildeo em termos
metodoloacutegicos da consequecircncia dessa constataccedilatildeo quando Leach (1981) reconhece que
a descriccedilatildeo realmente inteligiacutevel parece essencial um certo grau de idealizaccedilatildeo
Fundamentalmente portanto procurarei descrever a sociedade Curda como se fosse
um todo em funcionamento e assinalar depois as circunstacircncias existentes como
variaccedilotildees dessa norma idealizada (LEACH 1981 p 09 [apud KUPER 1978 p184])
Dessa forma Kuper (1978) aponta para dois niacuteveis que a anaacutelise se concentra na
idealizaccedilatildeo de uma sociedade em equiliacutebrio e a ldquorealidade histoacutericardquo que o antropoacutelogo
deve ldquoobservar a interaccedilatildeo dos interesses pessoais os quais soacute temporariamente podem
formar um equiliacutebrio e devem no devido tempo alterar o sistemardquo (p 184) Kuper
(1978) atraveacutes desses apontamentos chama atenccedilatildeo para a anaacutelise malinowskiana que
Leach segue com a ecircnfase no indiviacuteduo (p 185) E eacute atraveacutes de sua tese de doutorado
Political Systems of Highland Burma que Leach (1954) se destaca e articula essas
questotildees de forma ldquomuito mais madura e elaboradardquo segundo Kuper (1978 p 185) ao
ponto de por exemplo utilizando o estudo de caso ampliado chegar a conclusatildeo de que
ldquosempre que as regras de parentesco eram fortemente inclinadas num sentido ou outro e
reinterpretadas de modo a permitir que os aldeotildees fizessem escolhas econocircmicas
adaptativas [sobre propriedade de terras]rdquo (KUPER 1978 p 191)
Esses aspectos relatados por Kuper (1978) sobre esses dois antropoacutelogos britacircnicos
demonstram caracteriacutesticas das abordagens realizadas dentro da Antropologia Dinacircmica
ou Processualista desenvolvida dentro do paradigma estrutural-funcionalista
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila uma abordagem comparativa entre os textos de Gluckman (1981 1987)
tentando apontar para as diferentes fases de sua formaccedilatildeo acadecircmica e diferentes
influecircncias teoacutericas Destaque o que autores citam sobre esses textos incluindo
Kuper (1978) e dados localizados na internet
b) Investigar a obra A Funccedilatildeo Social da Guerra na Sociedade Tupinambaacute de
autoria de Florestan Fernandes destacando as caracteriacutesticas do estrutural-
funcionalismo britacircnico
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 2
Unidade 3 - O Estruturalismo Francecircs
Nessa unidade iremos centrar estudos na forma como o estruturalismo enquanto
paradigma foi desenvolvido e utilizado por Claude Leacutevi-Strauss que eacute o seu mais
famoso expositor na Antropologia Assim autores foram selecionados para ilustrar e
fazer com que possamos ter uma compreensatildeo dessa produccedilatildeo do conhecimento
antropoloacutegico proveniente da Franccedila
31 Leacutevi-Strauss Trajetoacuterias e Produccedilatildeo Acadecircmica
Leacutevi-Strauss
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=LC3A9vi-
Straussamptbm=ischampimgil=NdM78b8FhR01OM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn3gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcSm9YzBcx2YVW1wW6M5ThNN9dNR1W25pyhniVgowmz4g
TORRj2pOA253B1996253B1122253BRFAKCUpaNVkwWM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwsubstantivoplur
alcombr25252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara25252525E2252525258025252525A625252Fampsource=iuampusg=__1DtIr5kQUC-
1r7W1aY_bmtWhtDw3Dampsa=Xampei=GQe3U6S-
CZOosQS9uIG4Bgampved=0CJ0BEP4dMA8ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=NdM78b8FhR01OM253A3BRF
AKCUpaNVkwWM3Bhttp253A252F252Fwwwsubstantivopluralcombr252Fwp-
content252Fuploads252F2012252F02252Fclaudelev_f01cor_2009111041jpg3Bhttp253A252F252Fwwwsubstanti
vopluralcombr252Fo-antropologo-claude-levi-strauss-detestou-a-baia-de-
guanabara2525E22525802525A6252F3B19963B1122
Segundo Leach (1970 p 10) ldquo[a] caracteriacutestica mais destacadardquo dos escritos de Leacutevi-
Strauss ldquoeacute que satildeo difiacuteceis de entender as suas teorias socioloacutegicas combinam uma
desconcertante complexidade com uma esmagadora erudiccedilatildeordquo (p 10) Leach (1970)
afirma que ldquoa importacircncia acadecircmica [de Leacutevi-Strauss] eacute indiscutiacutevel [sendo ele]
admirado natildeo tanto pela novidade de suas ideias como pela audaciosa originalidade com
que procura aplica-lasrdquo (p 10) Leach (1970) chama atenccedilatildeo que os escritos de Leacutevi-
Strauss podem ser visualizados como trecircs estrelas apontadas para (1) teoria de
parentesco (2) loacutegica do mito e (3) teoria de classificaccedilatildeo primitiva e que sua menor
contribuiccedilatildeo teria sido nos estudos de parentesco Desconfio que Leach (1970) tem essa
opiniatildeo sobre a diminuta contribuiccedilatildeo de Leacutevi-Strauss em estudos de parentesco porque
tiveram vaacuterias divergecircncias nesse campo (v o que Kuper [1978] menciona sobre isso)
O Quadro lsquoCronologia da Vida de Claude Leacutevi-Straussrsquo (v abaixo) organizado por
Leach (1970 p 12) descreve as publicaccedilotildees de Leacutevi-Strauss ateacute o final da deacutecada de
1960 destacando tambeacutem importantes eventos na sua trajetoacuteria acadecircmica como eacute o
exemplo da sua Medalha de Ouro obtida no Centre National de La Recherche
Scientifique sendo ldquoa mais alta distinccedilatildeo cientiacutefica francesardquo (LEACH 1970 p 13)
Quadro Cronologia da vida de Claude Leacutevi-Strauss
Fonte Leach (1970 p 12-13)
Apoacutes a deacutecada de 1960 Leacutevi-Strauss ainda publicou obras notaacuteveis tais como O
Homem Nu (2011) A Origem dos Modos agrave Mesa Mitoloacutegicas III (2006) A Via das
Maacutescaras (1981) Olhar Escutar Ler (1997) Histoacuteria de Lince (1993) e Saudades
do Brasil (1994) Seria interessante colocar em ordem cronoloacutegica essa rica produccedilatildeo
bibliograacutefica de Leacutevi-Strauss no periacuteodo poacutes deacutecada de 1960 para traccedilar seu interesse
teoacuterico em termos de produccedilatildeo literaacuteria (bibliograacutefica) Considero interessante ressaltar
o fato de todos seus livros serem traduzidos para liacutengua portuguesa
Ler a resenha O Homem Nu de Claude Leacutevi-Strauss
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-de-
claude-levi-strauss-426318asp publicado num jornal Globo revelando a popularidade
desse antropoacutelogo nos variados meios acadecircmicos brasileiros Assim sobre O Homem
Nu (LEacuteVI-STRAUSS 2011) o antropoacutelogo Renato Sztutman (sd) comenta que em
suas 747 paacuteginas onde satildeo reunidas mais de 300 narrativas de mitos indiacutegenas ldquoo livro
daacute continuidade e sugere um desfecho para esta longa viagem atraveacutes da mitologia dos
iacutendios das duas Ameacutericasrdquo
Sztutman (2012) observa
Leacutevi-Strauss quer demonstrar nas lsquoMitoloacutegicasrsquo a existecircncia de uma lsquounidade profundarsquo
da mitologia ameriacutendia E o fio condutor eacute um mito colhido entre os Bororo do Mato
Grosso batizado em lsquoO cru e o cozidorsquo (primeiro volume de 1964) como lsquomito de
referecircnciarsquo ou lsquoM1rsquo Este conta a histoacuteria de um heroacutei abandonado pelos seus no topo de
uma aacutervore na qual havia subido para roubar ovos de araras Ao romper sua situaccedilatildeo de
isolamento e penuacuteria ele instaura a cultura e estabelece separaccedilotildees entre diferentes
ordens do cosmos A narrativa Bororo conduz a uma seacuterie de mitos de povos vizinhos
relacionados agrave aquisiccedilatildeo do fogo de cozinha da caccedila e da agricultura nos quais o
motivo do lsquodesaninhador de paacutessarosrsquo vai aos poucos se metamorfoseando em outros
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman descreve vaacuterios caminhos explicativos de mitos e a anaacutelise de Leacutevi-Strauss
dentro do ldquouacutenico mitordquo para finalmente concluir que essa obra de Leacutevi-Strauss (2011)
Representa menos um inventaacuterio de universais do Espiacuterito humano do que um exerciacutecio
de interlocuccedilatildeo constante entre um autor que jamais deixou de estar comprometido com
a cultura europeia e o pensamento de povos distribuiacutedos na vastidatildeo das duas Ameacutericas
(SZTUTMAN 2012)
Sztutman (2009) no seu artigo Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss
chama atenccedilatildeo para o caraacuteter centrado numa filosofia poliacutetica e eacutetica ameriacutendias nessas
vaacuterias publicaccedilotildees inclusive no livro Historia de Lince (LEacuteVI-STRAUSS 1993) que
o situa dentro desse aspecto do trabalho de Leacutevi-Strauss
Em seu famoso livro Tristes Troacutepicos (2011) Leacutevi-Strauss inicia afirmando que odeia
as viagens e os exploradores e que se encontra depois de quinze anos da viagem que fez
ao Brasil ldquodisposto a relatar [suas] expediccedilotildeesrdquo (p 11) Trata-se de uma obra
fundamental pois ele descreve suas experiecircncias (eacute uma autobiografia) entre iacutendios
brasileiros Leach (1982) observa Tristres Troacutepicos (LEacuteVI-STRAUSS 2011) como
um livro ldquoautobiograacutefico etnograacutefico e itineranterdquo (LEACH 1982 p 11)
Assistir o filme A Propoacutesito de Tristes Troacutepicos httpyoutube7e4hvUPlOEQ
32 Sobre a Noccedilatildeo de Estrutura
Para abordar o estruturalismo em Leacutevi-Strauss considero importante inicialmente
focalizar uma comunicaccedilatildeo oral que ele proferiu sobre a noccedilatildeo de estrutura em
etnologia apresentada num simpoacutesio de antropologia em 1952 em Nova York O
objetivo aqui eacute abordar como esse autor entende a noccedilatildeo de estrutura e a partir daiacute
seguirmos continuando a focalizar sua produccedilatildeo bibliograacutefica visando um
entendimento do estruturalismo que ele inaugura na Antropologia
Leacutevi-Strauss
Fontehttpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpgraphics8nytimescomimages20091103obituaries03cnd_straussartic
leInlinejpgampimgrefurl=httpwwwnytimescom20091104worldeurope04levistrausshtmlpagewanted3Dallamph=212ampw=152
amptbnid=MGFQ-
gKGdCYXOMampzoom=1amptbnh=186amptbnw=133ampusg=__bfHxRqcbUOdUNqR37WLPKSSLRvU=ampdocid=CZGkFdfV5_ycrMampit
g=1ampsa=Xampei=ABS3U7KxB6qlsQSi4IDwCwampved=0CJEBEPwdMAo
Leacutevi-Strauss (1975) inicia uma comunicaccedilatildeo (publicada no seu livro Antropologia
Estrutural) chamando atenccedilatildeo que ldquoA noccedilatildeo de estrutura social evoca problemas
demasiado vastos e vagos para que se possam trata-los nos limites de um artigordquo (p
313) Daiacute explica que eacute uma comunicaccedilatildeo voltada para aqueles interessados aos
ldquoestudos tais como os consagrados ao estilo agraves categorias universais da cultura e agrave
linguiacutestica estruturalrdquo (p 313) Assim ele delimita a sua preocupaccedilatildeo com universais
da cultura enquanto temaacuteticas que iraacute desenvolver nos seus estudos como eacute o caso do
parentesco totemismo mitologia etc como veremos mais adiante A menccedilatildeo agrave
Linguiacutestica Estrutural se deve a influecircncia da linguiacutestica que se relaciona com siacutembolos
e significados dentro do campo da antropologia que tem preocupaccedilotildees com
comunicaccedilatildeo tambeacutem
Leacutevi-Strauss (1975) chama atenccedilatildeo que esta noccedilatildeo ldquoestrutura socialrdquo eacute associada ldquoaos
aspectos formais dos fenocircmenos sociaisrdquo e por isso ldquosai-se do domiacutenio da descriccedilatildeo
para considerar noccedilotildees e categorias que natildeo pertencem propriamente agrave etnologiardquo (p
314) Ele explica que eacute dessa forma ldquocom a condiccedilatildeo de adotar o mesmo tipo de
formalizaccedilatildeo [que] o interesse das pesquisas estruturais nos datildeo a esperanccedila de que
ciecircncias mais avanccediladas possam nos fornecer modelos de meacutetodos e de soluccedilotildeesrdquo (p
314) Aqui faccedilo uma observaccedilatildeo para nos textos a serem lidos se prestar atenccedilatildeo a sua
referecircncia agrave Matemaacutetica agrave ciecircncia da Comunicaccedilatildeo e agrave Linguiacutestica
Daiacute Leacutevi-Strauss cita Kroeber (1948) que no seu livro Anthropology
httpsarchiveorgstreamanthropologyrace00kroepage2mode2up explica sobre a
aplicaccedilatildeo desse termo lsquoestruturarsquo nos estudos de personalidade chegando agrave conclusatildeo
que ldquo[a] noccedilatildeo de lsquoestruturarsquo natildeo eacute senatildeo uma concessatildeo agrave moda parece que natildeo
acrescenta absolutamente nada ao que temos no espiacuterito quando o empregamos senatildeo
que nos deixa agradavelmente intrigadosrdquo (KROEBER 1948 p 325 [apud LEacuteVI-
STRAUSS 1975 p 314]) Entatildeo Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquoa noccedilatildeo de estrutura
natildeo depende de uma definiccedilatildeo indutiva fundada na comparaccedilatildeo e na abstraccedilatildeo dos
elementos comuns a todas as acepccedilotildees do termordquo (p 315) Ele entatildeo questiona ldquoou o
termo estrutura social natildeo tem sentido ou este mesmo sentido tem jaacute uma estruturardquo (p
315) Eacute nisso ldquo[n]a estrutura da noccedilatildeordquo que Leacutevi-Strauss aponta que deve ser
apreendido para posteriormente focalizar o principal contexto em que essa noccedilatildeo
aparece que no caso dos etnoacutelogos vem sendo bastante utilizada nos domiacutenios do
parentesco
Assim Leacutevi-Strauss (1975) no primeiro item dessa sua fala intitulado lsquoDefiniccedilatildeo e
Problemas de Meacutetodorsquo explica que ldquoestrutura social natildeo se refere agrave realidade empiacuterica
mas aos modelos construiacutedos em conformidade com elardquo (p 315) Ele tambeacutem aponta
que ldquo(a)s relaccedilotildees sociais satildeo a mateacuteria-prima empregada para a construccedilatildeo dos
modelos que tornam manifesta a proacutepria estrutura socialrdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p
315) Eacute nesse sentido que a abordagem estruturalista de Leacutevi-Strauss diverge totalmente
do estrutural-funcionalismo em Radcliffe-Brown refletindo posiccedilotildees epistemoloacutegicas
radicalmente opostas Leacutevi-Strauss inclusive afirma exatamente isso ldquotrata-se de saber
em que consistem estes modelos que satildeo o objeto proacuteprio das anaacutelises estruturaisrdquo (p
316uml) Por isso ldquo[ o] problema natildeo depende da etnologia mas de epistemologiardquo (p
316) Enquanto em Radcliffe-Brown haacute o desenvolvimento da tradiccedilatildeo empirista onde
as relaccedilotildees sociais satildeo sim a base para o entendimento das estrutura social em que se
baseia organizaccedilatildeo social e diversos aspectos da sociedade (poliacutetica educaccedilatildeo
economia etc) Para Leacutevi-Strauss dentro da tradiccedilatildeo racionalista natildeo eacute o que se
manifesta na aparecircncia (relaccedilotildees sociais) a base para o entendimento de estrutura social
mas sim se trata de um meacutetodo ldquosuscetiacutevel de ser aplicaacutevel a diversos problemas
etnoloacutegicos e tecircm o parentesco com formas de anaacutelise estrutural usadas em diferentes
domiacuteniosrdquo (p 316) Essas estruturas encontram-se num niacutevel inconsciente como ele
exemplifica na explicaccedilatildeo de modelos mecacircnicos (que nas sociedades primitivas leis do
casamento satildeo representadas em modelos que os indiviacuteduos estatildeo inseridos em classes
de parentesco ou em clatildes) ou modelos estatiacutesticos que eacute o caso da sociedades
ocidentais onde os tipos de casamento depende de ldquofatores mais geraisrdquo (p 321) como
fluidez social quantidade de informaccedilatildeo etc Assim estrutura em Leacutevi-Strauss se
vincula essencialmente em representaccedilotildees que satildeo expressas em modelos como mais
adiante aponta
Leacutevi-Strauss (1975) explica que ldquopara merecer o nome de estrutura os modelos
devem satisfazer a quatro condiccedilotildeesrdquo (a) ldquouma estrutura oferece um caraacuteter de
sistemardquo (b) ldquotodo modelo pertence a um grupo de transformaccedilotildees [que resultam na
constituiccedilatildeo e um grupo de modelos]rdquo (c) que eacute possiacutevel (por suas propriedades de
caraacuteter de sistema e dentro de grupo de modelos) ldquoprever de que modo reagiraacute o
modelordquo e que (d) seu ldquofuncionamentordquo pode ldquoexplicar todos os fatos observadosrdquo (p
316)
Leacutevi-Strauss y los fundamentos del estructuralismo httpyoutubewex9Fm9rjew
Do estruturalismo de Leacutevi-Strauss sobre anaacutelise estruturalista em Via das Maacutescaras
httpwwwosurbanitasorgosurbanitas2AMARALhtml
Continuando a discutir sobre questotildees associadas agrave compreensatildeo de modelos Leacutevi-
Strauss (1975) destaca vaacuterios assuntos ainda nesse primeiro item tais como os
relacionados agrave ldquoObservaccedilatildeo e experimentaccedilatildeordquo (p 317-318) ldquoConsciecircncia e
inconscienterdquo (p 318-320) a distinccedilatildeo de ldquoModelos mecacircnicos e estatiacutesticosrdquo (p 320-
322) para posteriormente discutir num segundo item ldquoMorfologia Social ou Estruturas
de Grupordquo (p 327-335) no terceiro item ldquoEstaacutetica Social ou Estruturas da
Comunicaccedilatildeordquo (p 336-351) para finalmente abordar ldquoDinacircmica Social e Estruturas de
Subordinaccedilatildeordquo (p 351-360) Eacute nesse quarto item onde Leacutevi-Strauss explica sobre
indiviacuteduos e grupos na estrutura social chamando atenccedilatildeo sobre ldquoa ordem dos
elementosrdquo (p 351) assumindo que ldquoos sistemas de parentesco e as regras de casamento
e de filiaccedilatildeo formam um conjunto coordenado cuja funccedilatildeo eacute assegurar a permanecircncia do
grupo social entrecruzando agrave maneira de um tecido as relaccedilotildees consanguiacuteneas e as
fundadas na alianccedilardquo (p351) Ele entatildeo explica
Assim esperamos ter contribuiacutedo para elucidar o funcionamento da maacutequina social
extraindo perpetuamente as mulheres de suas famiacutelias consanguiacuteneas para redistribuiacute-
las em outros tantos grupos domeacutesticos os quais transformam-se por sua vez em
famiacutelias consanguiacuteneas e assim por dianterdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 351)
Essa uacuteltima citaccedilatildeo refere-se particularmente agrave constataccedilatildeo do fenocircmeno universal que
ele aborda em As Estruturas Elementares do Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982)
sobre a troca de mulheres que eacute um bem por excelecircncia nas sociedades primitivas
Focalizaremos essa obra mais adiante
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo explica que sem ldquoinfluecircncias externas esta maacutequina
funcionaria indefinidamente e a estrutura social conservaria um caraacuteter estaacuteticordquo (p
351-352) Isso nos casos de sociedades isoladas sem contato externo Ele reconhece
que ldquonatildeo eacute esse o casordquo (p 352) entatildeo propotildee que ldquo[d]evem-se pois introduzir no
modelo teoacuterico elementos novos cuja interaccedilatildeo possa explicar as transformaccedilotildees
diacrocircnicas da estrutura e ao mesmo tempo as razotildees pelas quais uma estrutura social
natildeo se reduz nunca a um sistema de parentescordquo (p 352) Ele entatildeo explica que haacute trecircs
maneiras de responder a isso
(a) uma relaciona-se a investigaccedilatildeo dos fatos dentro de uma investigaccedilatildeo de
ldquoorganizaccedilatildeo poliacuteticardquo (e exemplifica trabalhos como o de Lowie nos Estados Unidos e
de Fortes e Evans-Pritchard [1981] sobre a Aacutefrica)
(b) outro meacutetodo ldquoconsistiria em correlacionar os fenocircmenos que dependem do niacutevel jaacute
isolado isto eacute os fenocircmenos de parentesco e os do niacutevel imediatamente superior na
medida em que se pode liga-los entre sirdquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 352) (e assim
pode implicar por exemplo estruturas de comunicaccedilatildeo e de subordinaccedilatildeo avaliando
como estatildeo inter-relacionadas)
(c) ldquoestudo a priori de todos os tipos de estruturas concebiacuteveis resultantes de relaccedilotildees
de dependecircncia e de dominaccedilatildeo aparecidas ao acasordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 354-
355) incluindo assim noccedilotildees de lsquotransitividadersquo lsquode ordem e de ciclorsquo lsquovirtuaisrsquo
lsquoideaisrsquo [na poliacutetica mito ou religiatildeo]rdquo (p 356)
Entatildeo jaacute perto de concluir sua fala referindo-se a ldquoOrdens das ordensrdquo Leacutevi-Strauss
(1975) explica que ldquo[p]ara o etnoacutelogo a sociedade envolve um conjunto de estruturas
que correspondem a diversos tipos de ordensrdquo (p 356) e que o sistema de parentesco eacute
uma delas
oferece um meio de ordenar os indiviacuteduos segundo certas regras a organizaccedilatildeo
social fornece outro as estratificaccedilotildees sociais ou econocircmicas um terceiro Todas estas
estruturas de ordem podem ser elas mesmas ordenadas com a condiccedilatildeo de revelar
que relaccedilotildees as unem e de que maneira elas reagem umas sobre as outras do ponto de
vista sincrocircnicordquo (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 356)
Eacute importante aqui observar como sua explicaccedilatildeo difere da perspectiva teoacuterica do
funcionalismo que por exemplo explica o parentesco como o esqueleto sobre o qual a
organizaccedilatildeo social se baseia e que vaacuterios outros aspectos como a poliacutetica economia
etc tambeacutem se vinculam num equiliacutebrio orgacircnico dentro da possibilidade de
constataccedilatildeo desses aspectos empiacutericos no comportamento manifesto dos indiviacuteduos
Leacutevi-Strauss (1975) entatildeo chama atenccedilatildeo para as ordens ldquorsquovividasrsquo que satildeo funccedilatildeo
elas mesmas de uma realidade objetiva e que se podem abordar do exterior
independentemente da representaccedilatildeo que os homens delas se fazemrdquo [e que delas
sempre derivam outras inclusive precedentes e maneiras de integraccedilatildeo numa
totalidade]rdquo (p 357 ) Mas Leacutevi-Strauss explica que satildeo as que ele se refere como as
ldquoconcebidasrdquo e que fazem parte dos domiacutenios ldquodo mito e da religiatildeordquo (p 357) citando
vaacuterios autores que abordaram ldquosistemas religiosos como conjuntos estruturaisrdquo (p 358)
sendo um campo muito promissor E concluindo ele reconhece ser a antropologia uma
ciecircncia jovem e que por isso segue modelos menos avanccedilados (como eacute o caso da
mecacircnica claacutessica) daiacute ele explica
Ora o antropoacutelogo em busca de modelos se encontra diante de um caso intermediaacuterio
os objetos de que nos ocupamos ndash papeacuteis sociais e indiviacuteduos integrados numa
sociedade determinada ndash satildeo muito mais numerosos que os da mecacircnica newtoniana
apesar de natildeo o serem bastante para depender da estatiacutestica e do caacutelculo das
probabilidades Estamos pois situado num terreno hiacutebrido e equivocado Nossos fatos
satildeo muito complicados para serem abordados de um maneira e natildeo o bastante para
que se possa abordaacute-los de outra (LEacuteVI-STRAUSS 1975 p 359)
Assim Leacutevi-Strauss (1975) conclui apontando para os desafios dessa entatildeo jovem
ciecircncia que tem perspectivas novas no campo das pesquisas estruturais
Mais adiante nessa mesma obra Antropologia Estrutural Leacutevi-Strauss (1975) discute
(no capiacutetulo XVII intitulado ldquoLugar da Antropologia nas Ciecircncias Sociais e Problemas
Colocados por seu Ensinordquo) vaacuterios assuntos inclusive daacute uma explicaccedilatildeo sobre como
vem sendo considerada a Etnografia Etnologia e Antropologia Ele explica que eacute geral
a noccedilatildeo que a etnografia ldquocorresponde aos primeiros estaacutegios da pesquisa observaccedilatildeo e
descriccedilatildeo trabalho de campo (field-work)rdquo (p 394) Jaacute a etnologia ele explica tomando
a etnografia ldquoela representa um primeiro passo em direccedilatildeo agrave siacutentese Sem excluir a
observaccedilatildeo direta ela tende para conclusotildees suficientemente extensas para que seja
dificil fundaacute-las exclusivamente num conhecimento de primeira matildeordquo podendo essa
siacutentese ldquooperar-se em trecircs direccedilotildees geograacutefica quando se quer integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos histoacuterica [reconstituiccedilatildeo do passado de uma ou vaacuterias
populaccedilotildees] sistemaacutetica quando se isola para lhe dar uma atenccedilatildeo particular
determinado tipo de teacutecnica de costume ou de instituiccedilatildeordquo (p 395) Sobre Antropologia
Cultural ou Social Leacutevi-Strauss explica que eacute a ldquosegunda ou uacuteltima etapa da siacutentese
tomando por base as conclusotildees da etnografia e da etnologiardquo (p 396) Essa
classificaccedilatildeo parece associar os tipos de estudos que vinham sendo orientados dentro de
perspectivas difusionistas (direccedilatildeo geograacutefica) sob a abordagem dentro do culturalismo
americano (particularismo histoacuterico) e anaacutelise funcionalista ou mesmo estruturalista
(sistecircmica)
33 Sobre Parentesco e Totemismo
Eacute partindo dessas explicaccedilotildees que iremos agora voltar atenccedilatildeo para sua famosa obra As
Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) considerando que se
trata de um trabalho antropoloacutegico nesse sentido uacuteltimo que ele explica quando se refere
agrave Antropologia Cultural ou Social Uma obra de siacutentese baseada em centenas de
trabalhos etnograacuteficos e etnoloacutegicos e que ainda propotildee a interpretaccedilatildeo da regra
universal continuando seu propoacutesito de investigaccedilatildeo de categorias universais da
cultura
Assim As Estruturas Elementares de Parentesco (LEacuteVI-STRAUSS 1982) eacute uma
obra que proporciona o entendimento da proacutepria loacutegica do estruturalismo nesse autor
embora Levi-Strauss (1998) reconheccedila em entrevista a Eduardo Viveiros de Castro que
eacute um produto de sua juventude e que ele ldquoaprendeu a escrever melhor desde entatildeordquo
(1998 p 08)
No primeiro capiacutetulo de As Estruturas Elementares de Parentesco intitulado
Natureza e Cultura e no segundo O Problema do Incesto Leacutevi-Strauss (1982) introduz
a discussatildeo sobre a condiccedilatildeo bioloacutegica do homem e a passagem do estado de natureza
para o estado de cultura (atraveacutes da regra universal do tabu do incesto) Leacutevi-Strauss
(1982) explica que ldquo[a] proibiccedilatildeo do incesto esta ao mesmo tempo no limiar da cultura
na cultura e em certo sentido eacute a proacutepria culturardquo (p 50) bem como ldquorealiza e
constitui por si mesma o advento de uma nova ordemrdquo (p 63) E essa nova ordem ele
vai explicar no capiacutetulo 3 atraveacutes dessa regra universal em que ldquoa cultura impotente
diante da filiaccedilatildeo toma consciecircncia de seus direitos ao mesmo tempo que de si mesma
diante do fenocircmeno inteiramente diferente da alianccedila [casamento] o uacutenico sobre o qual
a natureza jaacute natildeo disse tudordquo (p 71) Eacute entatildeo atraveacutes dessa regra universal que
exogamia passa a ser o movimento para fora de hordas primitivas e regras (direitos e
obrigaccedilotildees) passam a serem estabelecidos dentro das alianccedilas (casamentos) Faccedilo aqui
tambeacutem uma observaccedilatildeo sobre a fundamental mudanccedila que Leacutevi-Strauss inaugura com
essa perspectiva teoacuterica que adota Ateacute entatildeo nos estudos funcionalistas a ecircnfase era na
filiaccedilatildeo (regras de descendecircncia linhagens etc) inclusive os contextos culturais na
Aacutefrica propiciaram essa constataccedilatildeo Mas ele vai mudar esse foco e demonstrar como as
regras de alianccedilas (casamento preferencial casamento de primos cruzados etc) satildeo
fundamentais para entendimento de regras de reciprocidade enquanto categoria
universal da cultura
Leacutevi-Strauss e y el Tabu del Incesto httpyoutubeGCqh8_Kevqw
Eacute no capiacutetulo cinco que Leacutevi-Strauss (1982) disserta sobre o principio da reciprocidade
retomando Mauss (1974) citando o seu famoso Ensaio sobre a Daacutediva que descobre
como nas sociedades primitivas reciprocidade constitui um fato social total (ldquodotado de
significaccedilatildeo simultaneamente social e religiosa maacutegica e econocircmica utilitaacuteria e
sentimental juriacutedica e moralrdquo [LEacuteVI-STRAUSS 1982 p 92]) Apoacutes citar diferentes
exemplos etnograacuteficos sobre a reciprocidade ele aborda a troca de mulheres
reconhecendo que ldquo[o]ra a troca fenocircmeno total eacute primeiramente uma troca total
compreendendo o alimento os objetos fabricados e esta categoria de bens mais
preciosos as mulheresrdquo (p 100) E continuando no mesmo paraacutegrafo Leacutevi-Strauss
explica que enquanto progressivamente a troca com relaccedilatildeo agrave mercadoria diminuiu
progressivamente de importacircncia
ldquono que se refere agraves mulheres ao contraacuterio conservou sua funccedilatildeo fundamental de um
lado porque as mulheres constituem o bem por excelecircncia mas sobretudo porque as
mulheres natildeo satildeo primeiramente um sinal de valor social mas um estimulante natural
Satildeo o estimulante do uacutenico instinto cuja satisfaccedilatildeo pode ser variada o uacutenico por
conseguinte par ao qual no ato da troca e pela apercepccedilatildeo da reciprocidade possa
operar-se a transformaccedilatildeo do estimulante em sinal e ao definir por meio dessa medida
fundamental a passagem da natureza agrave cultura florescer em uma instituiccedilatildeordquo (LEacuteVI-
STRAUSS 1982 p100)
Eacute assim que Leacutevi-Strauss (1982) explica essa passagem do estado de natureza para
cultura e como uma regra universal foi institucionalizada atraveacutes da alianccedila
(casamento) respondendo a algo instintivo relacionado a sexualidade e procriaccedilatildeo
Imaginem o que essa formulaccedilatildeo teoacuterica provocou posteriormente em reaccedilotildees no
movimento feminista que jaacute eacute emergente nas deacutecadas de 1950 A primeira publicaccedilatildeo de
As Estruturas Elementares do Parentesco ocorreu em 1949 Eacute interessante checar as
observaccedilotildees feitas por Gayle Rubin (1986) no seu famoso texto Traacutefico de Mulheres
chamando atenccedilatildeo como Leacutevi-Strauss confunde sexogecircnero e naturaliza a
heterossexualidade Importante tambeacutem ler de autoria da famosa feminista Simone de
Beauvoir (2007) As Estruturas Elementares de Parentesco de Claude Leacutevi-Strauss
httpojsc3slufprbrojsindexphpcamposarticleviewFile95476621gt
Assistir o viacutedeo Entrevista com Claude Leacutevi-Strauss
httpswwwyoutubecomwatchv=DHXc4kFy10A
Para concluir essa unidade considero importante ainda mencionar a temaacutetica sobre o
totemismo desenvolvida por Leacutevi-Strauss (1985) que no seu livro O Totemismo Hoje
explica como se trata de uma forma de articular natureza e cultura e que opera em
classificaccedilotildees ordenando categorias (ordem da natureza) em grupos (ordem da cultura)
El totemismo como sistema classificatoacuterio httpyoutube1OSBOT5tPbA
Como observa Zanini (2006) a funccedilatildeo do totemismo segundo Leacutevi-Strauss eacute ldquomediar as
relaccedilotildees entre natureza e culturardquo (ZANINI 2006 p 527) dentro de uma operaccedilatildeo
loacutegica atraveacutes de categorias ligadas ao mundo sensiacutevel o que ela explica que estaacute
tambeacutem impliacutecito na obra O Pensamento Selvagem (LEacuteVI-STRAUSS 1989) que os
povos primitivos necessitam de ordenar a sua realidade e o totemismo eacute um sistema
ldquoformador de coacutedigosrdquo (p527)
httpseerucgbrindexphphabitusarticleviewFile367305
Em O Pensamento Selvagem (1989) Leacutevi-Strauss afirma que o pensamento humano
eacute mais analoacutegico do que loacutegico No capiacutetulo intitulado a ldquoCiecircncia do Concretordquo Leacutevi-
Strauss elabora o conceito de bricolage que vem sendo utilizado em descriccedilotildees
etnograacuteficas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Elabore uma ficha-citaccedilatildeo sobre o capiacutetulo Ciecircncia do Concreto (LEacuteVI-
STRAUSS 2008) e fazer comentaacuterio criacutetico associando caracteriacutesticas do
paradigma estruturalista
b) Fazer uma pesquisa sobre Totemismo em Leacutevi-Strauss e elaborar comentaacuterios
utilizando outras fontes como eacute o exemplo de Zanini (2006) Destaque
elementos reveladores do estruturalismo francecircs
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados para fazer parte do Glossaacuterio e explicadas
definiccedilotildees referentes agrave Unidade 3
Unidade 4 ndash O Interpretativismo na Antropologia Norte-
Americana e a Antropologia Poacutes-Moderna
Mariza Peirano
Fontehttpswwwgooglecombrsearchq=Mariza+Peirano+fotografiaamptbm=ischampimgil=T1nRDtkGZNIigM253A
253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRUG7kOyKUBP-M-
Wda4HQluk6vVN7GzjowghN3XsvGAeFApQVrA253B124253B160253B_7WNzEGlTGF-
vM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwcoicolumbiaedu25252Fvisitingscholarshtmlampsource=iuampusg=__Qdijs3
Y2cWFN4eSJP4VXJp51pss3Dampsa=Xampei=XIvIU6TOJ8_fsASLiYGYDAampved=0CCcQ9QEwAwampbiw=1360ampbih=624fa
crc=_ampimgdii=_ampimgrc=FklTDI9vv1N0eM253A3BBGMFrRElfjlv0M3Bhttps253A252F252Fc2staticflickrco
m252F2252F1076252F560271295_c523e1e94ejpg3Bhttps253A252F252Fwwwflickrcom252Fphotos252
Fsimon3252F560271295252F3B3203B240
Em suas manifestaccedilotildees variadas a antropologia feita nos Estados Unidos parece
ocupar atualmente um espaccedilo socialmente equivalente agravequela da Inglaterra na primeira
metade do seacuteculo ou da Franccedila no periacuteodo aacuteureo do estruturalismo No entanto
inserida em uma ambiecircncia em que a ideia de fragmentaccedilatildeo se transforma em valor
nos Estados Unidos a antropologia eacute inevitavelmente alvo de criacutetica e ameaccedilas de
dissoluccedilatildeo Nas publicaccedilotildees especializadas o bombardeio agraves disciplinas domina o
campo das humanidades no mundo poacutes-moderno (PEIRANO 1997 p 69)
41 Sobre o Paradigma Hermenecircutico
Nessa unidade continuaremos a abordar aspectos simboacutelicos da cultura mas agora
dentro de perspectivas voltadas para o paradigma hermenecircutico formado na tradiccedilatildeo
empirista como Cardoso de Oliveira (1988) explica ldquoo paradigma hermenecircutico abre
seu espaccedilo na antropologia primeiramente por uma negaccedilatildeo radical daquele discurso
cientificista exercitado pelos trecircs outros paradigmasrdquo (p 97) Daiacute essa eacute uma marca que
se instaura como caracteriacutestica da poacutes-modernidade na antropologia desenvolvida nos
Estados Unidos centrada em criacuteticas por exemplo da ldquoconstruccedilatildeo do texto etnograacutefico
passando a ser de fundamental importacircncia contextualizaccedilatildeo da proacutepria pesquisa
etnograacutefica dentro de uma interlocuccedilatildeo com os pesquisadosrdquo (CARDOSO DE
OLIVEIRA 1988 p 97)
Cardoso de Oliveira (1988) tambeacutem destaca como segundo aspecto
a reformulaccedilatildeo de trecircs elementos que haviam sido domesticados pelos paradigmas
da ordem a subjetividade que liberada da coerccedilatildeo da objetividade toma sua forma
socializada assumindo-se como inter-subjetividade o indiviacuteduo igualmente liberado
das tentaccedilotildees do psicologismo toma sua forma personalizada (portanto o indiviacuteduo
socializado) e natildeo teme assumir sua individualidade e a histoacuteria desvencilhadas das
peias naturalista que a tornavam totalmente exterior ao sujeito cognoscente pois dela
se esperava fosse objetiva toma sua forma interiorizada e se assume como
historicidade (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 97)
Assim Cardoso de Oliveira (1988) aponta que satildeo esses trecircs elementos que atuam como
ldquofatores de desordem daquela lsquoantropologia tradicionalrsquordquo (p101) propiciando assim
ldquoo exerciacutecio pleno da intersubjetividade ndash que natildeo se confunde com subjetividade ndash
nos domiacutenios privilegiados da investigaccedilatildeo etnograacuteficardquo (p 101) Assim essa nova
forma de investigaccedilatildeo etnograacutefica
revitaliza o pesquisador e o pesquisado enquanto individualidades explicitamente
reconhecidas uma vez que a proacutepria biografia deste uacuteltimo pode ser a autobiografia do
primeiro E ao apreender a vida do Outro (indiviacuteduo grupos ou povos) o faz em
termos de historicidade num tempo histoacuterico do qual ele proacuteprio pesquisador natildeo se
exclui A intersubjetividade a individualidade e a historicidade parecem circunscrever
a nova antropologia (CARDOSO DE OLIVEIRA 1978 p101)
Assistir explicaccedilatildeo de Roberto Cardoso de Oliveira sobre a Hermenecircutica e
Antropologia httpyoutubeQHUlOsrrjKk
Alguns autores que se destacam dentro dessa produccedilatildeo que marcaram de forma
bastante significativa com suas perspectivas teoacutericas inovadoras foi o antropoacutelogo
James Clifford (2002) que no seu livro A Experiecircncia Etnograacutefica Antropologia e
Literatura no Seacuteculo XX argumenta que inovaccedilotildees na deacutecada de 1920 foram feitas
atraveacutes do ldquonovo teoacuterico-pesquisador de campordquo (Clifford 2002 p 27) que
ldquodesenvolveu um novo e poderoso gecircnero cientiacutefico e literaacuterio a etnografia uma
descriccedilatildeo cultural sinteacutetica baseada na observaccedilatildeo participanterdquo (p 27) Clifford (2002)
explica que satildeo seis inovaccedilotildees tais como
(a) ldquoa persona do pesquisador de campo foi legitimadardquo (p 28)
(b) o uso da liacutengua nativa e pesquisa de duraccedilatildeo ateacute dois anos
(c) ldquocultura era pensada como um conjunto de comportamentos cerimocircnias e gestos
caracteriacutesticos passiacuteveis de registro e explicaccedilatildeo por um observador treinadordquo (p 29)
(d) ldquoo pesquisador podia ir atraacutes de dados selecionados que permitiriam a construccedilatildeo
de um arcabouccedilo central ou lsquoestruturarsquo do todo culturalrdquo (p 29-30)
(e) trabalhos sincrocircnicos abordando o ldquorsquopresente etnograacuteficorsquo ndash ciclo de um ano uma
seacuterie de rituais padrotildees de comportamento tiacutepicordquo (p 30)
Assim essas caracteriacutesticas inovadoras teriam a funccedilatildeo de ldquovalidar uma etnografia
eficienterdquo (p31) como eacute o caso que ele exemplifica de Evans-Pritchard (2007) sobre
Os Nuer Clifford (2002) observa que
a experiecircncia tem servido como uma eficaz garantia de autoridade etnograacutefica Haacute
sem duacutevida uma reveladora ambiguidade no termo A experiecircncia evoca uma
presenccedila participativa um contato sensiacutevel com o mundo a ser compreendido uma
relaccedilatildeo de afinidade emocional com seu povo uma concretude de percepccedilatildeo
(CLIFFORD 2002 p 38)
Daiacute Clifford (2002) conclui que se trata de uma ldquocriaccedilatildeo da experiecircnciardquo sendo mesma
ldquosubjetivo natildeo dialoacutegico ou intersubjetivo o etnoacutegrafo acumula conhecimento pessoal
sobre o campo mas a frase na verdade [ ldquomeu povordquo ] significa lsquominha experiecircnciarsquo rdquo
(p38)
James Clifford y la autoridade etnograacutefica httpyoutube8-3X8ndQEf0
Interview with James Clifford lthttpswwwyoutubecomwatchv=C9AKgRGuBM0gt
httpswwwgooglecombrsearchq=james+clifford+e+george+marcusamptbm=ischampimgil=LGDVoHEYq8IiGM253A253Bhttp
s253A252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcRM0G-
NmsuTHQ3YhFIsckE_WysSsMKX12y2j10_j3TYeJL8-
VE4YA253B340253B255253BVQ39kbUZfzdjsM253Bhttps25253A25252F25252Fculturalanthropologydukeedu
25252Fnews-events25252Fmedia25252Ftag25253Fpage2525253D5ampsource=iuampusg=__0wGxCdoP-_-
Dg6uH3dWFrInuorI3Dampsa=Xampei=Vye3U_WLPKLJsQSAkILwDQampved=0CE4Q9QEwBQampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimg
dii=_ampimgrc=tGYFLdh8RQ0tOM253A3BJgmJ67F6FMwLVM3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fimg2
52Fcovers252Fisbn13252F9780520266025jpg3Bhttp253A252F252Fwwwucpressedu252Fbookphp253Fisbn2
53D97805202660253B6673B1000
Clifford organiza juntamente com George Marcus (1986) o famoso Wrtting Culture
The Poetics and Politics of Ethnography
httplcst3789fileswordpresscom201201clifford-writing-culturepdf onde reuacutene
vaacuterios autores como Michael Fischer Renato Rosaldo Vincent Crapanzano que se
destacam pela criacutetica a autoridade etnograacutefica e proposta de novas formas da realizaccedilatildeo
do trabalho etnograacutefico
Na entrevista realizada por Heloiacutesa Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e
Vagner Gonccedilalves da Silva o antropoacutelogo George Marcus (1993) explica
Acho que em nosso livro Fischer e eu fomos um pouco ingecircnuos e tentamos recuperar
uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia Haveria sempre uma dualidade Sempre que um
trabalho estaacute lidando com o outro estamos fazendo uma criacutetica impliacutecita agrave nossa
sociedade Essa seria uma tradiccedilatildeo criacutetica da antropologia que estaria precisando ser
desenvolvida Mas ela implica em dizer que o trabalho criacutetico esta na ldquorepatriaccedilatildeordquo
Na antropologia americana e tambeacutem na britacircnica e francesa a norma geral eacute
trabalhar fora da nossa sociedade e depois voltar a ela Nesse sentido eacute uma
antropologia ldquoimperialrdquo ndash natildeo eacute este o caso aqui no Brasil Nos departamentos de
antropologia e Sociologia de Chicago ou ateacute no meu departamento por exemplo os
alunos de poacutes-graduaccedilatildeo devem trabalhar no Meacutexico na Aacutefrica ou na Aacutesia e depois
podem trabalhar com a sociedade americana ndash e haacute muitos bons motivos para isso Se
os alunos escolhem trabalhar com a sociedade americana na sua primeira pesquisa
eles natildeo satildeo considerados ldquoantropoacutelogos de verdaderdquo (MARCUS 1993 p 138)
Eacute importante chamar atenccedilatildeo que nessa publicaccedilatildeo Antropologia como Criacutetica
Cultural Um Momento Experimental nas Ciecircncias Humanas de autoria de George
Marcus e Michael Fischer (1986) eles discutem a crise da representaccedilatildeo nas ciecircncias
humanas (capiacutetulo 1) etnografia e antropologia interpretativa (capiacutetulo 2) antropologia
como criacutetica cultural (capiacutetulo 5) entre outros temas considerados fundamentais para
compreensatildeo teoacuterica e metodoloacutegica (teacutecnicas) nessa nova orientaccedilatildeo dentro do
momento histoacuterico da poacutes-modernidade na antropologia
Sobre Ethnography and Interpretative Anthropology
(MARCUS FISCHER 1986 [Etnografia e Antropologia Interpretativa]) texto
publicado no livro Anthropology as Cultural Critique ler comentaacuterios de Joatildeo
Paulo Apriacutegio Moreira (2009) httpstormblastwordpresscomtagantropologia-
interpretativista
Assistir videoaula Marcus amp Fischer la crisis de representacioacuten en la Antropologia
httpyoutubeFsvr38lAFbs
Ler artigo de Mariza Peirano (1997) Onde estaacute a Antropologia
httpwwwscielobrpdfmanav3n22441pdf
42 Geertz e a Proposta da Antropologia Interpretativa
Clifford Geertz
Fonte httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesimagesgeertz-
photojpgampimgrefurl=httpwwwindianaedu~wanthrotheory_pagesGeertzhtmamph=184ampw=133amptbnid=9UQGwdSw70fJcMampz
oom=1amptbnh=160amptbnw=115ampusg=__Qrd_a-VMlBZ7O8qlKuApCUF9gMg=ampdocid=K8cYOk0-
Xhgh2Mampitg=1ampsa=Xampei=YCi3U6XuJ4_JsQSrmICwCQampved=0CI4BEPwdMAo
A resenha sobre o livro de Geertz Obras e Vidas O Antropoacutelogo com Autor (2005)
intitulada As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz de autoria da antropoacuteloga
Fernanda Massi ( sd)
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198 traz
importantes observaccedilotildees biograacuteficas sobre esse autor e chama atenccedilatildeo para a
preocupaccedilatildeo dele com o texto como o lugar onde ldquoo exerciacutecio de compreensatildeo cultural
se realizardquo (MASSI sd p 165)
Sobre isso sugiro ler o artigo A Presenccedila do Autor e a Poacutes-Modernidade em
Antropologia de autoria de Teresa Pires do Rio Caldeira (1988) onde ela explica sobre
a criacutetica poacutes-moderna relacionada a mudanccedilas no macrocontexto e significante
alteraccedilatildeo epistemoloacutegica que refletem na proacutepria relaccedilatildeo com os pesquisados
No primeiro capiacutetulo do seu famoso livro A Interpretaccedilatildeo das Culturas Geertz
(1978) afirma que eacute atraveacutes do conceito de cultura que ldquosurgiu todo o estudo da
antropologia e cujo acircmbito essa mateacuteria tem se preocupado cada vez mais em limitar
especificar enforccedilar e conterrdquo (GEERTZ 1978 p 14) daiacute propotildee um conceito
ldquosemioacuteticordquo seguindo Max Weber ldquoque o homem eacute um animal amarrado a teias de
significados que ele mesmo teceurdquo (p15) Geertz (1978) escreve ldquoassumo a cultura
como sendo essa teias e a sua anaacutelise portanto natildeo como uma ciecircncia experimental em
busca de leis mas como uma ciecircncia interpretativa agrave procura do significadordquo (p 15)
Ao explicar isso Geertz (1978) afirma que os antropoacutelogos fazem eacute a etnografia daiacute eacute
na ldquopraacutetica da etnografiardquo onde ldquose pode comeccedilar a entender o que representa a anaacutelise
antropoloacutegica como forma de conhecimentordquo (p 15) E assim propotildee a ldquodescriccedilatildeo
densardquo que seria mais do que ldquopraticar a etnografiardquo enquanto ldquoestabelecer relaccedilotildees
selecionar informantes transcrever textos levantar genealogias mapear campos manter
um diaacuterio e assim por dianterdquo (p 15) Para Geertz o que define a praacutetica da etnografia
eacute o ldquotipo de esforccedilo intelectual que ela representa um risco elaborado para uma
lsquodescriccedilatildeo densarsquordquo (p 15) Eacute atraveacutes do exemplo do piscar de olho com diferentes
conotaccedilotildees (desde um simples tique nervoso a expressotildees de imitaccedilatildeo de
cumplicidade etc) que Geertz descreve um excerto de seu diaacuterio de campo para
demonstrar como o etnoacutegrafo estaacute sempre a ldquoprocurar o seu caminho continuamenterdquo
(p 17) Assim ele explica que ldquoa etnografia eacute uma descriccedilatildeo densardquo e
ldquoo que o etnoacutegrafo enfrenta de fato eacute uma multiplicidade de estruturas conceptuais
complexas muitas delas sobrepostas ou amarradas umas agraves outras que satildeo
simultaneamente estranhas irregulares e inexpliacutecitas e que ele tem que de alguma
forma primeiro apreender e depois apresentarrdquo (GEERTZ 1978 p20)
Explicando que cultura ldquoeacute puacuteblicardquo enquanto ldquodocumento de atuaccedilatildeordquo (p 20) e porque
o proacuteprio ldquosignificado o eacuterdquo (p 22) Geertz (1978) afirma que a pesquisa etnograacutefica
enquanto ldquoexperiecircncia pessoalrdquo eacute um eterno ldquosituar-nosrdquo (p 23) e eacute isso ldquoestar-se
situadordquo o que ldquoconsiste o texto antropoloacutegico como entendimento cientiacuteficordquo (p 23)
Seria entatildeo a ldquointerpretaccedilatildeo antropoloacutegica a compreensatildeo do que ela se propotildee a
dizer de que nossas formulaccedilotildees dos sistemas simboacutelicos de outros povos devem ser
orientadas pelos atosrdquo (p 24-25) Assim ele explica como os ldquotextos antropoloacutegicos satildeo
eles mesmos interpretaccedilatildeo e na verdade de segunda e terceira matildeordquo (p 25) Eacute nesse
aspecto que entendemos o paradigma interpretativista que considera que haacute realidades
passiacuteveis de serem sempre interpretadas e que a antropologia eacute uma interpretaccedilatildeo das
interpretaccedilotildees
Para Geertz (1978) ao inscrever o ldquodiscurso socialrdquo o etnoacutegrafo ldquoo anotardquo e assim ldquoo
transforma de acontecimento passado em um relatordquo (p 29) baseado ldquoapenas agravequela
pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreenderrdquo (p 29)
Ele explica que
A anaacutelise cultural eacute (ou deveria ser) uma adivinhaccedilatildeo dos significados uma avaliaccedilatildeo
das conjeturas um traccedilar de conclusotildees explanatoacuterias a partir das melhores conjeturas
e natildeo a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem
incorpoacuterea (GEERTZ 1978 p 31)
Geertz dessa forma critica abordagens antropoloacutegicas que fazem grandes
interpretaccedilotildees como o Estruturalismo que mapeia uma ldquopaisagem incorpoacutereardquo e busca
interpretaccedilotildees universais
Trata-se portanto segundo Geertz (1978) de uma investigaccedilatildeo em que o ldquolocus do
estudo natildeo eacute o objeto de estudo Os antropoacutelogos natildeo estudam as aldeias (tribos
cidades vizinhanccedilas) eles estudam nas aldeiasrdquo (p 32) Essa perspectiva
metodoloacutegica traz para a experiecircncia particular subjetiva o trabalho etnograacutefico atraveacutes
do qual o antropoacutelogo se situa Assim Geertz (1978) explica que ldquocomo uma ciecircncia
observacional quando o trabalho eacute de rsquoinscriccedilatildeorsquo (lsquodescriccedilatildeo densarsquo) e lsquoespecificaccedilatildeorsquo
(lsquodiagnosersquo)rdquo (p 37) ndash o trabalho do antropoacutelogo eacute
anotar o significado que as accedilotildees sociais particulares tecircm para os atores cujas accedilotildees
elas satildeo e afirmar tatildeo explicitamente quanto nos for possiacutevel o que o conhecimento
assim atingido demonstra sobre a sociedade na qual eacute encontrado e aleacutem disso sobre
a vida social como tal (GEERTZ 1978 p 37)
Como exemplo desses posicionamentos teoacutericos e metodoloacutegicos dentro da
Antropologia o capiacutetulo nove intitulado Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga de
Galos Balinesa serve como uma referecircncia jaacute considerada claacutessica dentro da
antropologia interpretativa atraveacutes do qual uma analogia entre galos jogos e a
sociedade balinesa eacute realizada
Clifford Geertz La rintildea de gallos en Bali httpyoutubewc-zozUs1w0
No capiacutetulo quatro intitulado A Religiatildeo como Sistema Cultural Geertz (1978)
formula um conceito de religiatildeo que revela caracteriacutesticas da orientaccedilatildeo teoacuterica dentro
da hermenecircutica com sua preocupaccedilatildeo em busca de significados sobre como indiviacuteduos
vivenciam experiecircncias religiosas atraveacutes do qual a realidade aparece aos indiviacuteduos
como dada
La religioacuten como sistema cultural httpyoutubeWUcw-CCJCz0
Em entrevista Geertz explica como se situa na antropologia revelando qual eacute seu
interesse como antropoacutelogo httpyoutube36_UFucACIg
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer um trabalho reunindo dados das mais variadas fontes como
entrevistas textos e viacutedeos relacionados agraves ideias de Clifford Geertz visando
explicar caracteriacutesticas de sua antropologia interpretativa
b) Fazer uma anaacutelise do capiacutetulo 9 Um Jogo Absorvente Notas sobre a Briga
de Galos Balinesa destacando caracteriacutesticas do que Geertz (1978) descreve
no primeiro capiacutetulo enquanto ldquodescriccedilatildeo densardquo Ou seja explique atraveacutes
do capiacutetulo nove como Geertz realiza uma antropologia interpretativa dentro
das caracteriacutesticas desse tipo de empreendimento Construa essa explicaccedilatildeo
destacando aspectos que ele elenca no primeiro capiacutetulo de seu livro
selecionando exemplos etnograacuteficos
GLOSSAacuteRIO
Inclusatildeo de palavras e termos selecionados e definiccedilotildees dentro da Unidade 4
Unidade 5 ndash Antropologia e Historia Marxismo
Antropologia e Contextos de Globalizaccedilatildeo
Eacute importante abordar nessa disciplina obras de antropoacutelogos tais como o francecircs
Maurice Godelier e o norte americano Marshal Sahlins que satildeo exemplos significativos
por seguirem trajetoacuterias acadecircmicas ricas em transitarem por diferentes paradigmas
Assim incluo Sahlins como um daqueles que Cardoso de Oliveira (1988) se refere
citando Godelier que ldquovivem eles proacuteprios a enriquecedora tensatildeo [transitando]
consciente e criticamente entre os paradigmas entre as lsquoEscolasrsquordquo (p 23)
Maurice Godelier
httpswwwgooglecombrsearchq=Maurice+Godelieramptbm=ischampimgil=IOF-7-
bBiIwxQM253A253Bhttps253A252F252Fencrypted-
tbn2gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcTIQUPJu8uZC_YM79CKBmXclS3UchChwAP7uNzQLPLlA9h
c-zI9GQ253B600253B402253BJUOk8jN7DEW_jM253Bhttp25253A25252F25252Fwwwpacific-
credofr25252Findexphp25253Fpage2525253Dscope-of-
anthropologyampsource=iuampusg=__LcEnCtrRJUBzshV4jdSTdReE_VU3Dampsa=Xampei=QSq3U7v7BpXFsATkjoHQCAampved=0CK
ABEP4dMA4ampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgdii=_ampimgrc=IOF-7-
bBiIwxQM253A3BJUOk8jN7DEW_jM3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Fuploads252Fimages252Fgodelier252FDSC_1437jpg3Bhttp253A252F252Fwwwpacific-
credofr252Findexphp253Fpage253Dscope-of-anthropology3B6003B402
Maurice Godelier como veremos mais adiante introduz novas perspectivas teoacutericas
desenvolvendo uma antropologia marxista apontada como estrutural
Marshal Sahlins
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpucexchangeuchicagoeduinterviewssahlinsjpgampimgrefurl=httpucexchangeuchi
cagoeduinterviewssahlinshtmlamph=194ampw=260amptbnid=_8lWNK2cQQpEaMampzoom=1amptbnh=149amptbnw=200ampusg=__Hnlbd3
XiU0AnITtUZWDcvS4mOsU=ampdocid=8mE3GGkb8oBf4Mampitg=1ampsa=Xampei=ISm3U42KIPOwsAS4uIHwBQampved=0CNIBEPw
dMAo
Sahlins eacute considerado hoje como um antropoacutelogo em destaque tendo recebido o tiacutetulo
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais
lthttpswwwufmgbronlinearquivos005827shtmlgt
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoantropologia marxistardquo natildeo se encontra
enraizada em nenhum dos paradigmas especiacuteficos no entanto ldquoeacute produto da tensatildeo entre
a tradiccedilatildeo empirista e a intelectualista particularmente entre um tipo de lsquomaterialismo
evolutivorsquo (concernente ao 3deg paradigma) e de um lsquocriticismo dialeacuteticorsquo (referente ao
4deg)rdquo (p 23)
Assim abordaremos esses dois autores cujas produccedilotildees satildeo contemporacircneas e que
focalizam dentro de suas abordagens diferentes consideraccedilotildees sobre a relaccedilatildeo da
Histoacuteria dentro da Antropologia
51 Antropologia e Marxismo
Godelier e a Formaccedilatildeo Econocircmica e Social httpyoutubeSIss_zA5S5o
Edgard Assis Carvalho
Fonte httpswwwgooglecombrsearchq=Edgard+Assis+Carvalhoamptbm=ischampimgil=psUdP_FYSEgD6M253A253Bhttps253A
252F252Fencrypted-tbn1gstaticcom252Fimages253Fq253Dtbn253AANd9GcQTdX5-
4x_78TB0o1qB6ruCwNRHY31QSka_n3CSVIpgXgDeWuDf253B640253B480253BVrwfrhMp4He7TM253Bhttp25253
A25252F25252Fsombradaoiticicawordpresscom25252F201025252F0425252F2525252Fedgard-de-assis-carvalho-
225252Fampsource=iuampusg=__s7J4m6Qp8w49eXYcQbBL5gLD3do3Dampsa=Xampei=j8zHU4iuGJbfsAS7qIKYCAampved=0CC4Q9
QEwAgampbiw=1360ampbih=624facrc=_ampimgrc=psUdP_FYSEgD6M253A3BVrwfrhMp4He7TM3Bhttp253A252F252F
sombradaoiticicafileswordpresscom252F2010252F04252Fimagem0781jpg3Bhttp253A252F252Fsombradaoiticica
wordpresscom252F2010252F04252F25252Fedgard-de-assis-carvalho-2252F3B6403B480
Considero interessante iniciar essa temaacutetica do marxismo na Antropologia com o
antropoacutelogo brasileiro Edgard Assis Carvalho (1985) que no seu artigo intitulado
Marxismo Antropoloacutegico e a Produccedilatildeo das Relaccedilotildees Sociais
httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 discute como consta
no resumo ldquoA construccedilatildeo de uma teoria da produccedilatildeo das relaccedilotildees sociais no acircngulo do
marxismo antropoloacutegico e das praacuteticas soacutecio histoacutericas de sociedades natildeo capitalistasrdquo
(CARVALHO 1985 p 153) Carvalho inicia seu texto chamando atenccedilatildeo para a
dificuldade do uso dos termos como ldquoproduccedilatildeordquo e ldquotrabalhordquo em sociedades natildeo
capitalistas uma vez que satildeo noccedilotildees que estariam mais adequadas ao sistema
capitalista A partir daiacute portanto Carvalho (1985) explica a dificuldade desses termos
serem aplicados agravequelas sociedades estudadas pelos antropoacutelogos e consequentemente
de se ter o desenvolvimento de uma ldquoteoria das relaccedilotildees sociais na modalidade natildeo
capitalistas de produccedilatildeordquo (p 154)
Carvalho (1985) chama atenccedilatildeo que ldquovalores de usordquo praacutetica agriacutecola enquanto
principal atividade produtiva e ldquoa comunidade como mediaccedilatildeo da relaccedilatildeo homemterrardquo
(p 154) seriam caracteriacutesticas presentes em todas as modalidades de formas preacute-
capitalistas como no modo primitivo asiaacutetico germacircnico e romano presentes no
processo histoacuterico Ele acrescenta que o importante eacute descobrir em quais condiccedilotildees se
daacute a formaccedilatildeo da comunidade seja ldquoatraveacutes [d]a dissoluccedilatildeo dos laccedilos consanguiacuteneos
[d]o surgimento de novas formas comunitaacuterias e coletivas na ocupaccedilatildeo do solo e [d]a
formaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre cidadecampo ldquo (p 154) Dentro dessa compreensatildeo eacute a
partir da dissoluccedilatildeo dessas condiccedilotildees (surgidas na formaccedilatildeo da comunidade) dentro do
processo histoacuterico que iraacute surgir ldquoo trabalhador livre natildeo proprietaacuterio das condiccedilotildees
objetivas negado em sua subjetividaderdquo (p 154) Entatildeo eacute a partir da quebra dessas
relaccedilotildees de propriedade que surge historicamente as desigualdades ldquorelaccedilotildees de
dominaccedilatildeo e poderrdquo (p 154) Assim explica Carvalho (1985) passa a ser central se
entender como na Antropologia essas passagens de sociedades sem classes para a de
classes que necessariamente se expressa atraveacutes da quebra da comunidade (necessaacuterio
tambeacutem a compreensatildeo de como se constitui a comunidade) e definiccedilotildees sobre o que eacute
ldquoo igualitaacuterio o primitivo a alteridaderdquo (p154) Exemplificando o funcionalismo que
Carvalho (1985) cita como ldquosimples e incompletordquo (p154) as explicaccedilotildees estatildeo
centradas na ldquoconstituiccedilatildeo da comunidade e em sua integridade institucionalrdquo (p154)
Mas no marxismo antropoloacutegico Carvalho (1985) menciona que
ao tomar por base que a correspondecircncia forccedilas produtivasrelaccedilotildees de produccedilatildeo era
fundamental para definir a forma comunitaacuteria acabou por se concentrar mais nas
condiccedilotildees de persistecircncia e dissoluccedilatildeo dessa modalidade histoacuterico-social e nas
contradiccedilotildees a ela imanentes estas responsaacuteveis diretas pelos movimentos passagens
evoluccedilotildees e transiccedilotildees que viriam a ser por ela experimentados ulteriormente
(CARVALHO 1985 p 154)
Dessa forma Carvalho (1982) explica que a histoacuteria passa entatildeo a ser considerada ldquoin
fluxrdquo dentro de um processo natildeo linear ldquomultiforme contraditoacuteriordquo (CARVALHO
1982 p 215) Daiacute Carvalho (1985) menciona trecircs autores Mellassoix Godelier e Rey
que na deacutecada de 1960 produziram reflexotildees sobre ldquoformas comunitaacuterias de produccedilatildeordquo
(p154) e que contribuiacuteram assim para uma histoacuteria do Marxismo Eacute sobre
particularmente a produccedilatildeo de Godelier que vamos nos ater nos comentaacuterios de
Carvalho (1985) pois ele eacute considerado um antropoacutelogo bastante importante no campo
da Antropologia marxista
Antes poreacutem de dar continuidade agravequele artigo de Carvalho datado em 1985 eacute
interessante citar que esse antropoacutelogo eacute o organizador do volume da publicaccedilatildeo Grande
Cientistas Sociais da seacuterie Antropologia cuja introduccedilatildeo eacute de sua autoria
(CARVALHO 1981) Foi Carvalho (1981) que selecionou os textos desse volume a
partir de temaacuteticas que organiza enquanto ldquoprincipais problemaacuteticas teoacutericas e
metodoloacutegicas da produccedilatildeo bibliograacutefica de Godelierrdquo (p31)
Assim na primeira parte desse volume intitulado
A Racionalidade dos Sistemas Econocircmicos Carvalho (1981) explica que selecionou
textos em que Godelier dialoga com autores da economia e que demonstram que haacute um
ldquorompimento definitivo com o binocircmio formalismo substantivismordquo (CARVALHO
1981 p 32) e satildeo textos que servem tambeacutem para ldquoanalisar as caracteriacutesticas gerais das
formaccedilotildees econocircmicas natildeo-capitalistasrdquo (p 32) Na segunda parte intitulada
Pensamento Primitivo e Historicidade Carvalho (1981) justifica que os quatro textos
foram selecionados como respostas agraves criacuteticas feitas a Godelier sobre que ele teria
adotado perspectiva estruturalista a-histoacuterica Assim satildeo textos que explicam como o
modo de produccedilatildeo asiaacutetico se transformou no capitalismo sendo importante a
compreensatildeo da natureza e evoluccedilatildeo dessas sociedades Na terceira parte intitulada
Produccedilatildeo Parentesco e Ideologia Carvalho (1981) explica que os seis textos
selecionados refletem pensamento contemporacircneo de Godelier tais como dentro da
ldquoconcepccedilatildeo geral da causalidade estrutural da economia e da dominacircncia de outras
esferas do socialrdquo (p 32) Essas temaacuteticas abordadas por Carvalho (1981) dentro de
textos que selecionou de autoria de Godelier servem desde jaacute como indicaccedilotildees dos
elementos norteadores para compreensatildeo das preocupaccedilotildees teoacutericas de Godelier ateacute a
deacutecada de 1980 Eacute portanto importante explorar alguns artigos desse autor para
entender essa divisatildeo que Carvalho (1981) faz visando ilustrar o trabalho antropoloacutegico
desenvolvido por Godelier
Assim retornando ao artigo de Carvalho (1985) eacute importante citar como ele explica
sobre a insignificacircncia do desenvolvimento do marxismo antropoloacutegico no Brasil
Carvalho (1985) aponta que isso aconteceu devido a diferentes ordens mas
principalmente por natildeo ser considerado uacutetil e principalmente pela grande influecircncia do
funcionalismo no Brasil Daiacute ele cita a antropoacuteloga Eunice Durham (sd) para
exemplificar essa sua colocaccedilatildeo
o Marxismo teve uma penetraccedilatildeo lenta e difiacutecil na Antropologia Desprovido de uma
teoria do siacutembolo o marxismo natildeo pode ser transporto de modo imediato para a
interpretaccedilatildeo dos resultados da investigaccedilatildeo empiacuterica limitada qualitativa multi-
dimensional que caracteriza o trabalho antropoloacutegico De modo geral continuou-se a
fazer pesquisa como faziam os funcionalistas mas tentando encontrar ganchos que
permitissem interpretar os resultados com conceitos como modo de produccedilatildeo relaccedilotildees
de trabalho e luta de classes (DURHAN sd [apud CARVALHO 1985 p 155])
Mas essa criacutetica que Durhan (sd) faz ao marxismo na Antropologia parece natildeo se
enquadrar na produccedilatildeo de Godelier uma vez que ele desenvolve explicaccedilotildees como
mais adiante abordaremos que focalizam questotildees simboacutelicas principalmente nas suas
publicaccedilotildees mais recentes como eacute o caso do Enigma do Dom (2001) onde como
observa Naveira (1999) ele analisa a loacutegica simboacutelica e questotildees do imaginaacuterio
dissertando sobre as coisas que se daacute aquelas que se vendem e as que nem se daacute nem se
vende mas satildeo guardadas
Depoimento de Godelier registrado em 2009 em Paris httprevistaestudospoliticoscomentrevista-
com-maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Carvalho (1985) explica que Godelier (1971) na sua publicaccedilatildeo intitulada A
Antropologia Econocircmica procurando trazer a ldquoabordagem materialistardquo
(CARVALHO 1985 p155) para o campo antropoloacutegico orienta-se em termos de
princiacutepios metodoloacutegicos tais como
que o conceito de totalidade natildeo eacute mais entendido como justaposiccedilotildees e camadas de
instituiccedilotildees fundadas na regularidade comparativa mas como sistema cuja loacutegica
interna deve ser apreendida em suas contradiccedilotildees internas em segundo que a anaacutelise
da gecircnese histoacuterica e da evoluccedilatildeo eacute sempre posterior ao entendimento da
especificidade interna Finalmente em terceiro que a causalidade estrutural dos
processos de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo materiais devem fornecer vetores determinantes
da dinacircmica soacutecio-histoacuterica (CARVALHO 1985 p 155)
Entatildeo Carvalho (1985) analisa que esses satildeo sim os princiacutepios que nortearam as
anaacutelises que Godelier faz principalmente sobre os Incas e sobre os Mbuti Assim sobre
os Mbuti Carvalho (1985) explica que Godelier conclui que ldquoas praacuteticas religiosas
representariam um trabalho simboacutelico sobre as contradiccedilotildees sociais no sentido de
garantir a reproduccedilatildeo do lsquosistema social Mbutirsquordquo (CARVALHO 1985 p 155) Sobre os
Incas ele aponta que
mesmo que os conceitos de modo de produccedilatildeo e formaccedilatildeo social ainda tomem conta
de toda anaacutelise nada disso torna imperativa a conclusatildeo de que a forma capitalista natildeo
destroacutei simplesmente tudo aquilo que encontra pela frente mas que em muitos casos
usa relaccedilotildees sociais que lhe satildeo estranhas para garantir seu proacuteprio avanccedilo e
perpetuaccedilatildeordquo (CARVALHO 1985 p 156)
Gostaria de chamar atenccedilatildeo para esse comentaacuterio que se relaciona agrave forma de
entendimento do processo histoacuterico de expansatildeo do capitalismo ocidental e que eacute
considerado em termos de mudanccedila social em outros contextos da antropologia como eacute
o caso da antropologia dinacircmica ou processualista como vimos anteriormente Mais
adiante abordaremos essa questatildeo dentro da forma como Sahlins tambeacutem desenvolve
anaacutelises considerando a histoacuteria de forma bem semelhante a Godelier
Entrevista com Godelier (2011) httprevistaestudospoliticoscomentrevista-com-
maurice-godelier-por-bernardo-buarque-e-rodrigo-ribeiro
Sob a influecircncia de Leacutevi-Strauss particularmente do livro O Pensamento Selvagem
Carvalho (1985) ainda comenta como Godelier nos seus uacuteltimos trabalhos se preocupa
com questotildees relacionadas ldquoagraves partes ideais aos fundamentos do pensamento selvagem
ao fetichismo e lsquoa teoria geral da ideologiarsquordquo (CARVALHO 1985 p158) Para
ilustrar esse comentaacuterio de Carvalho (1985) destaco um trecho do artigo A Parte Ideal
do Real onde Godelier (1971 p 190) cita literalmente Leacutevi-Strauss
eacute evidente que entre todas as representaccedilotildees que o homem tem de si proacuteprio e do
mundo quando caccedila pesca praacutetica de agricultura etc e que lhe servem para
organizar estas atividades tudo natildeo eacute ilusoacuterio Contecircm imenso tesouro de
lsquoverdadeirosrsquo conhecimentos e de conhecimentos verdadeiros que constituem uma
verdadeira lsquociecircncia do concretorsquo conforme a expressatildeo de Leacutevi-Strauss a propoacutesito do
pensamento lsquoselvagemrsquo (GODELIER 1981 p 190)
Godelier Sobre a importacircncia da antropologia e o trabalho de campo
httpyoutubem0YR4QNUSGM
The Making of Great Men (GODELIER 1986) eacute um livro
que aborda a dominaccedilatildeo masculina refletida em vaacuterios aspectos entre os Baruya da
Nova Guineacute desde praacuteticas xamaniacutesticas ideologia de concepccedilatildeo rituais de iniciaccedilatildeo
etc A materializaccedilatildeo e praacutetica dessa dominaccedilatildeo masculina diz respeito a forma como os
Baruya se organizam socialmente atraveacutes da desigualdade e relaccedilatildeo de poder que
marcam a diferenccedila sexual
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Faccedila leitura e elaboraccedilatildeo de fichas-citaccedilatildeo dos seguintes textos de autoria de Godelier
-Moeda de Sal e Circulaccedilatildeo das Mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
(1981b) - A Parte Ideal do Real (1981a)
b) Faccedila uma tabela onde de forma esquemaacutetica sejam elencadas as obras citadas por
Carvalho (1985) de autoria de Godelier e assim constem os comentaacuterios e
caracteriacutesticas que Carvalho (1985) aponta dessa produccedilatildeo destacando os textos
etnograacuteficos da atividade do item (a) acima
52 Antropologia e Histoacuteria
Os trabalhos etnograacuteficos constituem per se um registro histoacuterico sejam eles de
orientaccedilatildeo metodoloacutegica diacrocircnica ou sincrocircnica trazem dados que estatildeo situados num
contexto histoacuterico-local Antropoacutelogos tem considerado a histoacuteria como referecircncia
importante para compreensatildeo de povos que investigam inclusive reunindo dados para
entendimento de processos histoacutericos que as populaccedilotildees investigadas passam
Antropologia Teoria][Histoacuteria httpwwwunsaeduarteoriasindexhtml
Marchal Sahlins como jaacute mencionado anteriormente traz discussotildees contemporacircneas
dentro dessa relaccedilatildeo da antropologia com a histoacuteria Atraveacutes de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica pode-se observar que ele transitou por diferentes escolas Kuper (2002)
chama atenccedilatildeo para a trajetoacuteria de Sahlins que foi um evolucionista devoto durante uns
vinte anos passando de um ldquosimpatizante do marxismo para um tipo de determinismo
culturalrdquo (KUPER 2002 p 213)
Em seu livro Cultura e Razatildeo Praacutetica
httpminhatecacombratilamunizpaDocumentosSAHLINS2c+Marshall+-
+Cultura+e+razc3a3o+prc3a1tica+dois+paradigmas+da+teoria+antropolc3b3gica2982862
pdf Sahlins (2003) explora argumentos segundo os comentaacuterios da antropoacuteloga Maria
Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
Com rigor acadecircmico e fino senso de humor [que] desdobram-se em dois planos De
um lado razatildeo praacutetica e cultura satildeo noccedilotildees polares agregadoras de posiccedilotildees
diversas dentro da antropologia e das ciecircncias humanas em geral num leque temporal
que inaugurado no seacuteculo XIX atravessa todo o seacuteculo XX De outro busca-se a
superaccedilatildeo do dualismo proposto como ponto de partida Conforme o debate percorre
as arenas intelectuais definidoras de seus proacuteprios termos delineia-se com forccedila
crescente a posiccedilatildeo do autor de base estruturalista a razatildeo simboacutelica eacute a qualidade
especiacutefica da experiecircncia humana aquela experiecircncia cuja condiccedilatildeo de existecircncia eacute a
significaccedilatildeo (CAVALCANTI 2005 p318)
Ler a resenha sobre essa obra de Sahlins (2003) Cultura e Razatildeo Praacutetica de autoria de
Maria Isaura Viveiros de Castro Cavalcanti (2005)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-93132005000100013
Essa mesma busca de ldquosuperaccedilatildeo do dualismo propostordquo que Cavalcanti (2005)
menciona que Sahlins (2003) faz em Cultura e Razatildeo Praacutetica pode-se tambeacutem se
constatar ao seu mais recente livro Cultura na Praacutetica (SAHLINS 2007) que esta
dividido em trecircs partes intituladas Cultura (parte I) Praacutetica (parte II) e Cultura na
Praacutetica (parte III) e que reuacutene diferentes textos produzidos por ele em variadas eacutepocas
Ver como foi organizado diferentes dados desse livro na postagem Notas para a Prova
de Antropologia SAHLINS Marshal Cultura na Praacutetica do blog
lthttpumapiruetaduaspiruetascom20111119notas-para-a-prova-de-antropologia-
sahlins-marshall-cultura-na-praticagt
No ensaio bibliograacutefico intitulado Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Marcos Lanna (2001) inicia explicando que aborda criticamente esse
artigo de Sahlins publicado em 1988 porque ldquoincorpora reflexatildeo sobre a histoacuteria
apresentada anos antes (SAHLINS 1981 [1990]) [quando ele] retoma a criacutetica agrave razatildeo
praacutetica (SAHLINS [2003]) e ao mesmo tempo anuncia reflexotildees mais recentes sobre o
pensamento ocidental (SAHLINS 1993a 1993b 1996 1997 1998)rdquo (LANNA 2001 p
117) Lanna ainda cita que por esse trabalho de Sahlins (1988) Cosmologias do
Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema Mundial trazer nova perspectiva
sobre ldquotrocasrdquo ainda acrescenta sofisticaccedilatildeo ao artigo entatildeo publicado por Sahlins
intitulado Stone Age Economics (1972) Daiacute o objetivo de Lanna (2001) como ele
explicita eacute ldquoavaliar as contribuiccedilotildees do autor por meio de uma criacutetica que assume uma
perspectiva interna agrave sua obrardquo (p117) Nesse pequeno paraacutegrafo Lanna (2001) enuncia
toda trajetoacuteria acadecircmica de Sahlins atraveacutes de suas publicaccedilotildees por isso considero uma
importante referecircncia para entender o pensamento de Sahlins dentro de sua produccedilatildeo
bibliograacutefica
Lanna (2001) explica que Sahlins utiliza e expande a noccedilatildeo de praacutexis em Marx e ainda
utilizando Leacutevi-Strauss (2008) em O Pensamento Selvagem segue em direccedilatildeo sobre
o entendimento da ldquoproduccedilatildeo da vida social como apropriaccedilatildeo da naturezardquo (p 117)
dentro ldquode uma determinada forma de sociedaderdquo (p117-118) uma vez que a noccedilatildeo de
modo de produccedilatildeo ldquonatildeo especifica qualquer ordem culturalrdquo (SAHLINS 1988 p 51
apud [LANNA 2001 p 118]) Assim Lanna (2001) descreve que para Sahlins a
ldquohistoacuteria dos povosrdquo (p117) natildeo estaacute reduzida ldquoagraves condiccedilotildees materiaisrdquo (p117) para
isso Sahlins utiliza como exemplo trecircs sociedades (havaiana os Kwakiult e a chinesa)
para argumentar que se trata de uma relaccedilatildeo dentro de processo de globalizaccedilatildeo (que
sempre existiu) e que natildeo satildeo ldquovitimas do capitalismordquo (p117) mas ldquoresponsaacuteveis pela
sua proacutepria histoacuteriardquo (p117) E dessa forma explica Lanna (2001) Sahlins utiliza a
ldquoloacutegica local do lado lsquocolonizadorsquordquo (LANNA 2001 p 118) enquanto anaacutelise de
ldquometaacuteforas histoacutericasrdquo (p118) como eacute o exemplo havaiano
Eacute no livro Ilhas da Histoacuteria onde Sahlins (1990) traz essa perspectiva teoacuterica que se
relaciona com a noccedilatildeo da lsquoestrutura em conjunturarsquo quando ele analisa por exemplo a
relaccedilatildeo entre os britacircnicos e havaianos dentro dessa perspectiva da loacutegica local Assim
atraveacutes de um mito havaiano Sahlins (1990) explica sobre a chegada de deuses dentro
da percepccedilatildeo havaiana sobre a chegada dos britacircnicos e como isso eacute refletido na relaccedilatildeo
deles estabelecida com os britacircnicos
Assistir a videoaula Marshal Sahlins La estrutura em conjuntura
httpyoutubewGZULHrVYsE
Em Marshal Sahlins talks ldquoThe Culture of Material Value and the Cosmography
of the Differencerdquo palestra realizada em Kingrsquos College Cambridge em 2013 Sahlins
discute sobre os problemas da economia citando Godelier sobre o consumo e bens
materiais dentro de abordagem contemporacircnea Ele afirma que ldquoatraacutes de valores
peculiares estatildeo valores realmente significativos que natildeo estamos realmente
conscientes das opccedilotildees econocircmicasrdquo Ele diz que ldquoos valores utilitaacuterios satildeo diferentes
valores culturaisrdquo relacionados a ldquoordem cultural e socialrdquo e assim ldquoo mercado eacute um
meio da ordem cultural uma expressatildeo da ordem culturalrdquo
httpswwwyoutubecomwatchv=13vX9VbPbkA Essa palestra foi publicada pelo
HAU Journal of Ethnographic Theory
fileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf (SAHLINS 2013)
No artigo sobre o pensamento de Sahlins Schwarcz (2001) chama atenccedilatildeo para como
esse autor atraveacutes de sua produccedilatildeo dentro da ldquoestrutura na histoacuteriardquo (p 130) consegue
abordar questatildeo do poder (que natildeo vinha sendo considerada na antropologia) ao mesmo
tempo que concentra-se num diaacutelogo entre abordagem diacrocircnica e sincrocircnica
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
No seu artigo O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a
cultura natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo (Parte I)
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-
93131997000100002amplng=enampnrm=iso Sahlins (1997) discute toda a crise
relacionada ao conceito de cultura e argumenta que
pode[-se] hoje concluir a respeito disso eacute que natildeo conhecemos a priori e
evidentemente natildeo devemos subestimar o poder que os povos indiacutegenas tecircm de
integrar culturalmente as forccedilas irresistiacuteveis do Sistema Mundial Portanto natildeo basta
assumir atitudes de denuacutencia em relaccedilatildeo agrave hegemonia Os antropoacutelogos sempre teratildeo
aleacutem disso que dar testemunho da cultura (SAHLINS 1997 p 64)
Eacute essa a mensagem que Sahlins (1997) retoma que tem sido a eterna missatildeo dentro do
trabalho antropoloacutegico de focalizar e abordar culturas questotildees culturais
contemporacircneas dentro dos contextos especiacuteficos de povos que foram ocidentalizados e
que ao mesmo tempo natildeo satildeo ocidentais satildeo indiacutegenas e possuem suas particularidades
dentro de elaboraccedilotildees proacuteprias nas suas experiecircncias histoacutericas
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Fazer ficha-citaccedilatildeo do texto de Kuper (2002) intitulado Marchall Sahlins
Histoacuteria como Cultura e associar comentaacuterios e observaccedilotildees que Kuper
descreve da antropologia desenvolvida por Sahlins e as caracteriacutesticas citadas
em outros autores da produccedilatildeo acadecircmica desse antropoacutelogo
b) Compare os dois artigos de Schwarcz (2001) e de Lanna (2001) sobre Sahlins
fazendo um esquema onde esteja organizado as principais observaccedilotildees que
fazem sobre a obra e pensamento de Sahlins
53 Sobre Globalizaccedilatildeo Interculturalidade
No seu artigo Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo o antropoacutelogo Otaacutevio Velho
(1997) explica porque existe uma resistecircncia entre antropoacutelogos em considerar o
fenocircmeno da globalizaccedilatildeo enquanto objeto de estudo
httpwwwscielobrpdfmanav3n12458pdf Apoacutes explicar sobre divergecircncias entre
antropoacutelogos e cientistas sociais Velho (1997) esclarece que a hipoacutetese que segue eacute que
ldquoem geral o que se disputa eacute simplesmente a definiccedilatildeo do que eacute determinante ndash se o
local o global ou alguma combinaccedilatildeo dos dois sem assumir que estamos diante de
realidades inseparaacuteveis da proacutepria accedilatildeo humana (p134) Daiacute Velho (1997) sugere que
ldquoa questatildeo da globalizaccedilatildeordquo deve ser considerada em termos de ldquoperspectivardquo (p 134)
Entatildeo ldquopoder-se-ia pensar a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo (ou as interdependecircncias) no limite em
qualquer situaccedilatildeo ou alternativamente poder-se-ia colocar a questatildeo entre parecircnteses
O lsquonovorsquo de hoje soacute o seria na medida em que se considere que recaptura de modo feacutertil
o passado mas ao fazecirc-lo paradoxalmente o efeito seraacute relativizar-se enquanto lsquonovorsquo
(Velho 1997 p134) E assim Velho (1997) chama atenccedilatildeo que isso envolve uma
proacutepria ldquodesconstruccedilatildeordquo (p 134) de praacuteticas profissionais e um desafio dos
antropoacutelogos para se debruccedilarem sobre um novo objeto Mas isso esse
ldquodescongelamentordquo (p 135) observa ele jaacute vem sendo feito pelos antropoacutelogos que
natildeo utilizam o termo globalizaccedilatildeo daiacute Velho (1997) cita o exemplo de Sahlins que
explora questotildees locais e histoacutericas dentro de uma abordagem estrutural
Ver disciplina do PPGAS do Museu Nacional proposta pelo antropoacutelogo Carlos Fausto
intitulada Antropologia e Globalizaccedilatildeo
httpwwwmuseunacionalufrjbrppgasantropologia_glob_carlos_cursos2011pdf
Assistir o viacutedeo Globalizaccedilatildeo e Identidade
httpswwwyoutubecomwatchv=MpzBwxHc1D8 e explicar quais os elementos
considerados nesse trabalho de equipe de um seminaacuterio de antropologia que se
relacionam com questotildees de globalizaccedilatildeo
Neacutestor Garcia Canclini
Fonte lt httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwww3ecauspbrsitesdefaultfilesu275canclinijpgampimgrefurl=httpwww3eca
uspbreventosppgcom-realiza-aula-inaugural-com-n-stor-garcia-
cancliniamph=182ampw=277amptbnid=xgdY_WNW9KwIAMampzoom=1amptbnh=79amptbnw=119ampusg=___5Mr66z63-
SgTDtmxLJscBSE5BM=ampdocid=UU8O0Y366_U4kMampitg=1ampsa=Xampei=qcHDU8rBFsLhsATZooCgBwampved=0CI8BEPwdMAo
O antropoacutelogo argentino Neacutestor Garcia Canclini (2007) escreve um livro intitulado A
Globalizaccedilatildeo Imaginada onde aponta que o ldquofenocircmeno da globalizaccedilatildeordquo eacute um ldquoobjeto
cultural natildeo identificadordquo
httpbooksgooglecombrbooksid=-
1GYOetkm64Camppg=PA170amplpg=PA170ampdq=GlobalizaC3A7C3A3o+e+Antropologiaampsource=blampots=XefdfeF4qDampsig
=N62NZAN_6R5QSpW8XIlKM7DEAfQamphl=pt-BRampsa=Xampei=Q7vDU-
qVFIfLsATpg4DoBgampved=0CEsQ6AEwBjgUv=onepageampq=GlobalizaC3A7C3A3o20e20Antropologiaampf=false
Dentro do limitado acesso a conteuacutedos dessa obra eacute importante fazer anotaccedilotildees sobre
como esse autor explica e situa questotildees sobre globalizaccedilatildeo
Assistir e anotar o que ele fala sobre globalizaccedilatildeo nacionalizaccedilatildeo e transnacionalizaccedilatildeo
Canal Entrevista Nestor Canclini httpswwwyoutubecomwatchv=t3ZntEDVLU4
Ler o artigo do antropoacutelogo Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (2010)
intitulado A Intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo
intercultural na cidade de Satildeo Paulo) O objetivo eacute entender o uso da noccedilatildeo de
interculturalidade num contexto contemporacircneo etnograacutefico sobre iacutendios no setting
urbano fileCUsersSilvia20MartinsDownloads17-66-1-PBpdf
Assistir a viacutedeoaula Iacutendios na Cidade httplacedetcbrsiteatividadesvideo-aulaso-
estado-e-os-povos-indigenas-no-brasilvideoaula-3-indios-nas-cidades dada por Joatildeo
Pacheco de Oliveira Filho do LACEDMNUFRJ
EXERCIacuteCIOS DE APRENDIZAGEM
a) Explicar como Velho (1997) aborda o fenocircmeno da globalizaccedilatildeo dentro da
antropologia Faccedila uma ficha-citaccedilatildeo desse seu artigo e relacione temaacuteticas
abordadas que divergem eou satildeo semelhantes entre Velho (1997) e Garciacutea
Canclini (2007)
b) Explicar a partir dos textos de autoria de Garciacutea Canclini (2007 2005) como
esse autor explica e inter-relaciona os fenocircmenos da globalizaccedilatildeo e
interculturalidade e aborde como Albuquerque (2010) utiliza Garciacutea Canclini
(2005)
GLOSSAacuteRIO
Termos selecionados e explicados referentes agrave Unidade 5 Organizaccedilatildeo final de termos e
noccedilotildees inseridos no Glossaacuterio para confecccedilatildeo final e inclusatildeo no livro da disciplina
Antropologia 3
OBSERVACcedilOtildeES FINAIS
Retomando o texto de Cardoso de Oliveira (1988) considero interessante mencionar
que ele conclui Tempo e Tradiccedilatildeo chamando atenccedilatildeo para o problema de modismos
que surgem e explica que somente atraveacutes da ldquoreflexatildeo criacutetica e da pesquisa seacuteriardquo (p
24) podemos evitar o ldquodesenvolvimento perverso e mitificadorrdquo (p 24) de radicalismos
Segundo Cardoso de Oliveira (1988) a ldquoAntropologia no Brasil eacute suficientemente
madura para derrogar essa ameaccedila e assumir esse lsquoespantorsquo sobre si mesma sobre seu
proacuteprio SERrdquo (p 24) E assim recomenda
uma interrogaccedilatildeo permanente a alimentar o exerciacutecio de nosso ofiacutecio oficio que
natildeo seja apenas um ritual profissional consagrado agrave eternizaccedilatildeo da academia ou agrave
legitimaccedilatildeo da intervenccedilatildeo naquelas parcelas da humanidade que constituiacuteram a
nossa disciplina (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p 24)
Cardoso de Oliveira (1988) entatildeo menciona que ldquo o modo poliacutetico de conhecermos o
outro e de nos conhecermos a noacutes mesmos o estilo da antropologia que fazemos no
Brasilrdquo relaciona-se com ldquoo compromisso de nossa solidariedade e o nosso devotamento
agrave defesa de direitos [dos povos estudados] (CARDOSO DE OLIVEIRA 1988 p24)
E isso que Cardoso de Oliveira (1988) chama atenccedilatildeo como uma caracteriacutestica da
Antropologia desenvolvida no Brasil diz respeito a nossa forma institucionalizada de
ser como eacute o exemplo da Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia-ABA
(httpwwwportalabantorgbr) Se compararmos como algueacutem se torna membro da
ABA ou da American Anthropological Association-AAA (httpwwwaaanetorg)
observamos que a forma como indiviacuteduos se afiliam a essas associaccedilotildees eacute menos
burocratizada na AAA Enquanto que se torna fundamental a referecircncia de antropoacutelogos
para respaldarem aqueles que querem se associar agrave ABA o que revela uma preocupaccedilatildeo
mais controlada de poliacutetica de inserccedilatildeo de membros na associaccedilatildeo brasileira
Sugiro para aqueles interessados em antropologia particularmente no que acontece na
nossa casa em termos de antropologia brasileira ficarem atentos ao site da ABA
(httpwwwportalabantorgbr ) e sempre prestar atenccedilatildeo nas bibliotecas eventos etc
Eacute um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar
REFEREcircNCIAS
ALBUQUERQUE Marcos Alexandr dos Santos A intenccedilatildeo Pankararu(a ldquodanccedila dos
ldquopraiasrdquo como traduccedilatildeo intercultural na cidade de Satildeo Paulo) Cadernos do
LEME Campina Grande v2 n1 p2 ndash 33 2010 Disponiacutevel em
httplemeufcgedubrcadernosdolemeindexphpe-lemearticleview17
Acesso em 12abr2014
BARTH F O guruacute o iniciador e outras variaccedilotildees antropoloacutegicas Rio de Janeiro
Contracapa 2000
CALDEIRA M P do Rio A presenccedila do autor e a poacutes-modernidade em antropologia
Novos Estudos CEBRAP n21 1988 Disponiacutevel em
httplw1346176676503d038hospedagemdesiteswsv1filesuploadscontents
5520080623_a_presenca_do_autorpdf Acesso em 23out2013
CARDOSO DE OLIVEIRA R Sobre o pensamento antropoloacutegico Rio de Janeiro
Tempo Brasileiro Brasiacutelia CNPq 1988
______ O trabalho do antropoacutelogo Olhar ouvir escrever Satildeo Paulo Editora
UNESP 1996
CARVALHO Edgard de Assis Carvalho Marxismo antropoloacutegico e a produccedilatildeo das
relaccedilotildees sociais Perspectivas Satildeo Paulo v8 p153-175 1985 Disponiacutevel
em httpseerfclarunespbrperspectivasarticleviewFile18501517 Acesso
em 18mar2014
______ (Org) Introduccedilatildeo In Godelier ndash Antropologia Satildeo Paulo Atica p07-34
1981
CAVALCANTI M L V de Castro Cultura e razatildeo praacutetica Resenhas Mana Rio de
Janeiro v11 n1 2005 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg101590S0104-
93132005000100013gt Acesso em 12abr2014
CLIFFORD J A experiecircncia etnograacutefica antropologia e literatura no seacuteculo XX
Rio de Janeiro Editora da UFRJ 1998
CLIFFORD J MARCUS G (Eds) Writing culture the poetics and politics of
ethnography BerkeleyCA University of California Press 1986
COPANS Jean Criacuteticas e poliacuteticas da antropologia Lisboa Ediccedilotildees 70 1981
DE BEAUVOIR S As estrutura elementares de parentesco de Claude Leacutevi-Strauss Campos v8 n1 pp183-189 2007
DELGADO ROSA O fantasma de Evans-Pritchard Diaacutelogos da antropologia com sua
histoacuteria Etnograacutefica Revista do Centro de Rede de Investigaccedilatildeo em
Antropologia v15 n2 2011 Disponiacutevel em
httpetnograficarevuesorg965 Acesso em 15abr2014
DURHAM E DURHAM ER mdash Antropologia hoje problemas e perspectivas
(mimeo) sd
EVANS-PRITCHARD E Essays in Social Anthropology Londres Faber and
Faber1962
______ Os Nuer Uma descriccedilatildeo do modo de subsistecircncia e das instituiccedilotildees
poliacuteticas de um povo nilota Satildeo Paulo Perspectiva 2007 Disponiacutevel em
httpsociofespspfileswordpresscom201308evans-pritchard-tempo-e-
espac3a7o-in-os-nuerpdf Acesso em 20jun2014
FORTES M EVANS-PRITCHARD E E Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
FREIRE P A Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Disponiacutevel
em httpwwwletrasufmgbrespanholpdf5Cpedagogia_do_oprimidopdf
Acesso em 22jan2014
GARCIacuteA CANCLINI Neacutestor Diferentes Desiguais e Desconectados Mapas da
Interculturalidade Rio de Janeiro Ed UFRJ 2005
______ Globalizaccedilatildeo Imaginada Satildeo Paulo Iluminuras 2007
GEERTZ Clifford A Interpretaccedilatildeo das Culturas Rio de Janeiro Zahar 1978
_______ Obras e Vidas O antropoacutelogo como Autor Rio de Janeiro Editora da
UFRJ 2005
GLUCKMAN Max O reino dos Zulos na Aacutefrica do Sul In Fortes e Evans-Pritchard
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1981
_______ Anaacutelise de uma Situaccedilatildeo Social na Zululacircndia Moderna In BIANCO Bela
Feldman Ed Antropologia das Sociedades Complexas Satildeo Paulo Ed
Global p 273-365 1986
GODELIER Maurice ______ A Antropologia Econocircmica In Antropologia ciecircncia
das sociedades primitivas Lisboa Ediccedilotildees 70 p 142-189 1971
______ The Making of the Great Men Cambridge Cambridge Universidty Press
1986
______ A Parte Ideal do Real In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo
Paulo Atica p185-203 1981a
______ ldquoMoeda de salrdquo e circulaccedilatildeo das mercadorias entre os Baruya da Nova Guineacute
In CARVALHO E A Godelier Antropologia Satildeo Paulo Atica p124-162
1981b
______ O Enigma do Dom Satildeo Paulo Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001
HARRISON F Decolonizing Anthropology Moving further toward an
Anthropology for Liberation HARRISON Faye Harrison (Ed)
ArlingtonVA Association of Black Anthropologists AAA 1997
KROEBER AL Anthropology Race- Language ndash Culture ndash Psychology -
Prehistory New York Harcourt Brace Company 1948
KUPER Adam Antropoacutelogos e Antropologia Rio de Janeiro Francisco Alves 1978
______ Entrevista Colocircnias Metroacutepoles um Antropoacutelogo e sua Antropologia
entrevista por C Fausto e F Neiburg Mana Rio de Janeiro v6 n1 p157-
173 2000 Disponiacutevel em httpptscribdcomdoc28209814Adam-Kuper-
Colonias-metropoles-um-antropologo-e-sua-antropologia Acesso em 18 abr
2014
______ Cultura a visatildeo dos antropoacutelogos Bauru SP EDUSC 2002
______ Histoacuterias Alternativas da Antropologia Social Britacircnica Etnograacutefica v9 n2
2005 p209-230 Disponiacutevel em
httpceasiscteptetnograficadocsvol_09N2Vol_ix_N2_AKuperpdf
Acesso em 20 abr 2014
LANNA Marcos Ensaio Bibliograacutefico sobre Marshal Sahlins e as ldquoCosmologias do
Capitalismordquo Rio de Janeiro Mana v 7 n1 p 117-131 2001
LEACH E Social and economic organization of the Rowanduz Kurds Londres
Berg Publishers 1940
______ Political systems of highland Burma Londres London School of Economics
and Political Science 1954
______ As ideacuteias de Leacutevi-Strauss Satildeo Paulo Cultrix 1982
LEacuteVI-STRAUSS Claude ______ Tristres Troacutepicos Lisboa Ediccedilotildees 70 1955
______ Raccedila e histoacuteria Lisboa Ediccedilotildees 70 1971
______ Antropologia estrutural Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1975
______ Antropologia estrutural dois Rio de Janeiro Tempo
Brasileiro 1976
______ A via das maacutescaras Lisboa Editorial Presenccedila 1981
______ As estruturas elementares do parentesco Petroacutepolis Vozes1982
______ Histoacuteria de lince Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
______ Saudades do Brasil Satildeo Paulo Companhia das Letras1994
______ Olhar escutar ler Satildeo Paulo Companhia das Letras 1997
O Homem nu Mitoloacutegicas IV Lisboa Cosac Naify 2011
______ O pensamento selvagem CampinaSP Papirus 2008
______ Leacutevi-Strauss nos 90 A Antropologia de Cabeccedila para Baixo Entreviesta a
Eduardo Viveiros de Castro Mana v4 n2 p119-126 1998
______ Voltas ao passado Mana v 4 n 2 p 105-117 1998
______ O cru e o cozido Mitoloacutegicas I Satildeo Paulo Cosac Naify
2004
______ Do mel agraves cinzas Mitoloacutegicas II Satildeo Paulo Cosac Naify 2005
______ A origem dos modos agrave mesa Mitoloacutegicas III Satildeo Paulo
Cosac Naify 2006
MARCUS George Entrevista com George Marcus Entrevista realizada por Heloiacutesa
Buarque de Almeida Liacutedia Marcelino Rebouccedilas e Vagner Gonccedilalves da Silva
Satildeo Paulo Cadernos de Campo v 3 1993
MARCUS G FISCHER M (Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e
Londres The University of Chicago Press 1986
MARCUS George E FISCHER Michael J Ethnography and interpretative
anthropology In MARCUS George E FISCHER Michael
(Eds) Anthropology as Cultural Critique Chicago e Londres The University
of Chicago Press pp 17-44 1986
MASSI Fernanda A As Estrateacutegias Textuais de Clifford Geertz Cadernos de
Campo Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile4031343198
Acesso em 18 abr 2014
MOREIRA Joatildeo Paulo Apriacutegio Marcus George E amp Fischer Michael J
1986 ldquoEthnography and interpretative anthropologyrdquo In
Anthropology as cultural critique Caderno de Leituras Quando os
livros satildeo o campo 2009 Disponiacutevel em
lthttpstormblastwordpresscom20091106marcus-george-e-fischer-
michael-j-1986-E2809Cethnography-and-interpretative-
anthropologyE2809D-in-anthropology-as-cultural-critiquegt
Acesso em 22 abr 2013
MAUSS Marcel Ensaio sobre a Daacutediva Forma e Razatildeo da Troca nas Sociedades
Arcaicas In Sociologia e Antropologia v2 Satildeo Paulo Edusp
MELATTI Juacutelio Ceacutezar Antropologia no Brasil um Roteiro Brasiacutelia Seacuterie
Antropolgia UnB1983 Disponiacutevel em
httpwwwjuliomelattiprobrartigosa-roteiropdf Acesso em 18 jan 2014
NAVEIRA O Enigma do Dom Resenhas Gadelier Maurice Linigme dl don Paris
Librairie Artheme Fayard 1996 Capa v1 n1 s 2 1999
OLIVEIRA FILHO Joatildeo Pacheco de Nosso governo os Ticuna e o Regime Tutelar
Rio de Janeiro Marco Zero BrasiacuteliaDF MCT-Cnpq 1988
PEIRANO Mariza Onde estaacute a Antropologia Rio de Janeiro Mana v3 n2 1997
RADCLIFFE-BROWN E Prefaacutecio In FORTES M EVANS-PRITCHARDcedil J
Sistemas Poliacuteticos Africanos Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian1981
RUBIN Gayle ldquoEl traacutefico de mujeres notas sobre la lsquoeconomia poliacuteticarsquo del sexordquo
Nueva Antropologiacutea Meacutexico v 8 n 30 p 95-145 1986
SAHLINS Marshal Stone Age Economics Chicago Aldine 1972
______ Historical Metaphors and Mythical Realities Structure in the
Early History of the Sandwich Islands Kingdom Ann Arbor The
University of Michigan Press 1981
______ Cosmologias do Capitalismo O Setor Trans-Paciacutefico do lsquoSistema
Mundialrsquordquo In Anais da XVI Reuniatildeo Brasileira de Antropologia
Campinas SP pp 47-1061988
______ Ilhas da Histoacuteria Rio de Janeiro Zahar 1990
______ Cultura e razatildeo praacutetica Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003
_________ Waiting for Foucault CambridgePrickly Pear Press 1993a
_______ Goodbye to Tristes Tropes Ethnography in the Context of Modern 1993b
History Journal of Modern History 651-25
______ The Sadness of Sweetness the Native Anthropology of Western
CosmologyCurrent Anthropology v37 n3 p 395-428 1996
______ O lsquopessimismo sentimentalrsquo e a experiecircncia etnograacutefica por que a cultura
natildeo eacute um ldquoobjetordquo em via de extinccedilatildeo Mana v 3 n1 p
41-73 [ParterI] e Mana v 3 n 2 103-150[ParteII] 1997
______ Two or Three Things that I Know about Culture Huxley Lecture18 de
novembro 1998
______ On the culture of material value and the cosmography of riches In HAU
Journal of Ethnographic Theory 3 (2) 161ndash95 2013 Disponiacutevel em
ltfileCUsersSilvia20MartinsDownloads344-1749-1-PBpdf Acesso em
______ Cultura na Praacutetica Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2007
SMITH L Linda Thiwai Decolonizing Methodologies Research and Indigenous
Peoples London amp New York Zed Books Dunedin University of Orago
Press1999
SZTUTMAN Renato Eacutetica e Profeacutetica nas Mitoloacutegicas de Leacutevi-Strauss In Horizontes
Antropoloacutegicos Porto Alegre v15 n 31 p 293-319 2009 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfhav15n31a12v1531pdf Acesso em 11mai2014
______ Resenha de lsquoO Homem Nurdquo de Claude Leacutevi-Strauss 2012 Disponiacutevel em
httpogloboglobocomblogsprosaposts20120114resenha-de-homem-nu-
de-claude-levi-strauss-426318aspgt Acesso em 30 abr 2014
SCHWARCZ Lilia Moritz Marshal Sahlins ou Por uma Antropologia Estrutural e
Histoacuterica Cadernos de Campo Satildeo Paulo n 9 pp 125-133 2001
Disponiacutevel em
httpwwwrevistasuspbrcadernosdecampoarticleviewFile5310857170
TRIPP David Pesquisa Accedilatildeo Uma Introduccedilatildeo Metodoloacutegica Educaccedilatildeo e Pesquisa
Satildeo Paulo v 31 n 3 p 443-466 2005
httpwwwscielobrpdfepv31n3a09v31n3
VAN VELSEN J A Anaacutelise Situacional e o Meacutetodo de Estudo de Caso Detalhado In
A Antropologia das Sociedades Contemporacircneas Bela Feldman-Bianco
Ed p 345-374 1987
VELHO Otaacutevio Globalizaccedilatildeo Antropologia e Religiatildeo Mana v3 n1 p133-154
1997
ZANINI Maria Catarina Chitolina Totemismo RevisitadoPerguntas DistintasDistintas
Abordagens Haacutebitus Goiacircnia v4 n1 p513-533 2006