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ÓRGˆO OFICIAL DO PARTIDO SOCIALISTA Director António JosØ Seguro Director-adjunto Silvino Gomes da Silva Internet www.partido-socialista.pt/accao E-mail [email protected] N” 1153 - Semanal 0,50 9 Maio 2002 Respondendo ao desafio do secretÆrio-geral, a Concelhia de Lisboa iniciou na passada terça-feira um ciclo de debates sobre o futuro do PS. Uma certeza ficou clara: no PS nªo hÆ qualquer problema ideológico. Esta a convicçªo de António JosØ Seguro, para quem as alianças eleitorais só com o próprio PS. A credibilidade do partido deve ser feita pela positiva, defendeu. JÆ Eduardo Prado Coelho definiu trŒs critØrios mínimos para a classificaçªo de esquerda. PÆgina 7 COME˙OU O DEBATE SOBRE O FUTURO DO PS ENTREVISTA A ALBERTO MARTINS A reforma do sistema político Ø fundamental para o revigoramento da nossa democracia, apesar da sua juventude. Tendo essa consciŒncia, o PS avançou na passada semana com a apresentaçªo do projecto-lei sobre a reforma da lei eleitoral, pois sendo esta a a mªe de todas as leis da reforma do sistema político, Ø por aí que se deve começar. Em entrevista ao Acçªo Socialista, Alberto Martins, o principal responsÆvel pelo diploma, pormenoriza os pontos de vista do PS vertidos no documento entregue na Assembleia da Repœblica, que pretende assegurar mais competitividade eleitoral, maior personalizaçªo e responsabilizaçªo na apresentaçªo de candidaturas e no cumprimento dos mandatos parlamentares. PÆginas centrais FERRO RODRIGUES REUNIU-SE COM AS DIREC˙ÕES DAS DUAS CENTRAIS SINDICAIS PÆgina 5 PS VAI APRESENTAR MEDIDAS DE COMBATE À FRAUDE E EVASˆO FISCAIS PÆgina 3

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Ó R G Ã O O F I C I A L D O P A R T I D O S O C I A L I S T ADirector António José Seguro Director-adjunto Silvino Gomes da Silva

Internet www.partido-socialista.pt/accao E-mail [email protected]

Nº 1153 - Semanal0,50

9 Maio 2002

Respondendo ao desafio dosecretário-geral, aConcelhia de Lisboa iniciouna passada terça-feira umciclo de debates sobre ofuturo do PS. Uma certezaficou clara: no PS não háqualquer problemaideológico. Esta a convicçãode António José Seguro,para quem as aliançaseleitorais só com o próprioPS. A credibilidade dopartido deve ser feita pelapositiva, defendeu. JáEduardo Prado Coelhodefiniu três critériosmínimos para aclassificação de esquerda.

Página 7

COMEÇOU O DEBATESOBRE O FUTURO DO PS

ENTREVISTAA ALBERTO MARTINSA reforma do sistema político é fundamental para o revigoramento da nossa democracia, apesarda sua juventude. Tendo essa consciência, o PS avançou na passada semana com a apresentaçãodo projecto-lei sobre a reforma da lei eleitoral, pois sendo esta a �a mãe de todas as leis dareforma do sistema político�, é por aí que se deve começar. Em entrevista ao �Acção Socialista�,Alberto Martins, o principal responsável pelo diploma, pormenoriza os pontos de vista do PSvertidos no documento entregue na Assembleia da República, que pretende assegurar maiscompetitividade eleitoral, maior personalização e responsabilização na apresentação decandidaturas e no cumprimento dos mandatos parlamentares.

Páginas centrais

FERRO RODRIGUES REUNIU-SECOM AS DIRECÇÕES DAS DUASCENTRAIS SINDICAIS

Página 5

PS VAI APRESENTAR MEDIDAS DE COMBATEÀ FRAUDE E EVASÃO FISCAIS

Página 3

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9 de Maio de 2002

A SEMANA REVISTAACTUALIDADE

Antoonio Colaço(A partir de fotografia de João Girão, JN)

O COLAR

Companheira Manela, ganda nóia esta de reduzir o défice. Vai tudo à frente!!Qual baixa de impostos! Qual combate à evasão fiscal! Os pobres que paguem a crise!Toca a cortar no crédito bonificado, toca a aumentar o IVA!!!A propósito, companheira Manela, ó pra cá com esse colarzinho!!! Ganda nóia!!!

O secretário-geral do PS reuniu-se em separado com as direcções das duas centrais sindicais, tendo-se mostradopreocupado com o previsível aumento do desemprego.

O Grupo Parlamentar do PS apresentou o seu projecto-lei sobre a reforma eleitoral.

O Governo entregou na Assembleia da República a sua proposta de Orçamento Rectificativo, no qual se prevê umaumento de dois por cento no IVA, medida inaceitável para o secretário-geral do PS, uma vez que Durão Barrosoprometeu baixar os impostos.

Reuniu-se o Secretariado Nacional do PS e o Conselho Consultivo das Mulheres Socialistas.

Teve lugar a primeira reunião da Comissão encarregue da revisão dos Estatutos.

Promovido pela Concelhia de Lisboa, realizou-se o primeiro colóquio do ciclo �O futuro do PS� em que foram oradoresEduardo Prado Coelho António José Seguro.

O secretário-geral do PS reuniu-se com os presidentes das federações.

Com a presença de Ferro Rodrigues, foi inaugurada a nova ponte Hintze-Ribeiro em Entre-os-Rios.

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9 de Maio de 2002

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ACTUALIDADE

SILVINOGOMES DA

SILVA

ORÇAMENTO RECTIFICATIVO

PS VAI APRESENTAR MEDIDASCONTRA FRAUDE E EVASÃO FISCAISO deputado do PS João Cravinho anunciou naterça-feira que irá apresentar brevemente umconjunto de medidas contra a fraude e a evasãofiscais, que considerou essencial para arecuperação orçamental do País, acrescentandoque �a democracia portuguesa não poderáresistir mais tempo, pedindo sempre aosmesmos os sacrifícios, sem que se ataque quemfoge aos impostos�.A posição do ex-ministro socialista foi assumidanum discurso, na Assembleia da República, emque teceu duras críticas às opções seguidas peloGoverno no Orçamento Rectificativo de 2002.Para o dirigente do PS, a alternativa para oequilíbrio das finanças públicas está �em colocarno centro da política orçamental o combatedecisivo à evasão e à fraude fiscais, a par damelhoria da qualidade da despesa pública�.�Que ninguém se engane: se não houver coragempara dar um combate de morte à fraude e evasãofiscais também não haverá coragem ou moral paracontrolar a economia, a eficiência e a eficácia dadespesa pública�, sustentou Cravinho.Nesse contexto, adiantou, o PS avançará a curtoprazo com propostas destinadas a combater afraude e evasão fiscais, �de modo a conciliar ocumprimento do Programa de Estabilidade eCrescimento e o reforço do desenvolvimentonacional e da coesão económica e social emtorno dos verdadeiros interesses nacionais�.No campo das cobranças coercivas, o diplomado PS prevê o �levantamento urgente de todosos processos de execução fiscal pendentes emcada serviço de finanças, a adopção de

procedimentos diferenciados (de acordo comos diversos níveis de cobrança), a aplicação deregras para a compressão de dívidas tributáriase a atribuição de prioridade à instauração etramitação dos processos de inquérito por crimede abuso de confiança fiscal�.No capítulo da modernização de processostendentes aos cumprimento voluntário dasobrigações, o PS defende a instituição da conta-corrente global por sujeitos passivos, de modo apermitir a compensação automática entreimpostos.Na mesma área, o PS quer que o Governoproceda ao desenvolvimento de aplicaçõesinformáticas de detecção e de alerta automático

dos serviços de inspecção tributária, assimcomo a publicação dos coeficientes teóricos poractividade prevista na legislação para efeitosde determinação do imposto devido.Na sua intervenção, João Cravinho desafiou oGoverno a esclarecer que medidas propõe parao controlo da despesa fiscais na zona francada Madeira, bem como o que pretende fazerquanto à aplicação do regime de preços detransferência.Em relação ao Orçamento Rectificativo de 2002,o deputado socialista considerou-o �umorçamento anulativo do seu programaeleitoral�.�É um orçamento indicativo de que as soluçõesdo PSD para a consolidação das finançaspúblicas são as soluções da facilidade, dainjustiça e da depressão económica e social�,acusou Cravinho.�A democracia portuguesa não poderá resistirmais tempo, pedindo sempre aos mesmosportugueses os sacrifícios, sem que se ataquequem foge aos impostos�, disse.Ainda segundo Cravinho, após a aprovação doOrçamento Rectificativo de 2002, no dia 15deste mês, �a política económica em vigor jánão será a do PS, mas a do Governo PSD/CDS-PP�.�Acabaram-se as desculpas. O Orçamentopassará a ser vosso e é muito mau�, disse.

O regimento vale para todos

Entretanto, na terça-feira, um novo conflito

surgiu no Parlamento, fruto da actuação donovo presidente e da nova maioria naAssembleia da República que tem sido marcadapor constantes polémicas.A polémica ocorreu quando foi anunciado queMarques Mendes pretendia usar da palavraainda nessa tarde sobre o OrçamentoRectificativo, sem que a oposição tenha sidoinformada.De acordo com o regimento, os gruposparlamentares devem ser avisados quando oGoverno pretende usar da palavra naAssembleia, bem como do tema da intervenção.O pedido de Marques Mendes foi feito nasegunda-feira ao presidente da Assembleia daRepública, mas Mota Amaral, pasme-se,«esqueceu-se» de avisar o plenário.Irritado com mais este atropelo, AntónioCosta afirmou que as regras parlamentaresservem para todos. «A democracia exerce-sede acordo com as regras. Temos umregimento que vale para os senhores e queserve para nós. Valeu para nós enquantoéramos Governo e valerá para os senhoresenquanto forem Governo e valerá enquantonão for mudado», disse.«A questão é simples, esta assembleia tem defuncionar de acordo com as normas e competeà mesa com isenção e imparcialidade fazer,aplicar e respeitar as normas que têm que regeros trabalhos desta casa e não poderemosaceitar outra atitude por parte da mesa e muitomenos da maioria», afirmou ainda AntónioCosta.

LARANJA AMARGAPrometeu um choque fiscal para animar a economia. Proclamou aos quatro ventos que baixava osimpostos. Fez tudo ao contrário. Aumentou o IVA em dois por cento, acabou com a tributação dasmais-valias que vai beneficiar somente os que arriscam na Bolsa, e, como se não bastasse, extinguiuo crédito bonificado para a habitação mas não os benefícios fiscais da zona franca da Madeira. Comose vê, tudo �medidas de grande alcance social�.O PSD, como por diversas vezes alertámos, realizou um campanha em que valia tudo para chegar aopoder, até mentir se isso desse votos. Prometeu tudo a todos, e agora despudoradamente vai fazendoo contrário daquilo que anunciou com o argumento mais do que estafado do estado das contas públicase da crise orçamental. Mas, se o cenário de caos já era usado e em tons mais gravosos do que arealidade, porque insistiram em mentir aos portugueses sobre as suas intenções se chegassem aoGoverno? Porque não disseram a verdade? A resposta só pode ser de má fé eleitoral, de quem não olhoua meios para atingir fins, de quem conhecendo os compromissos de Portugal com a União Europeiainsistia em apregoar uma fórmula que agora é incapaz de pôr em prática. Por isso, atirando o odioso dasituação para os socialistas que �deixaram o País de tanga� apresentaram um orçamento rectificativo,esse sim grave porque pode vir a originar uma crise económica com consequências de muito maioralcance do que a orçamental que vivemos. É que o anunciado aumento do IVA, imposto injusto e cego,é uma medida de curto prazo que ataca o problema pela via mais fácil que é o aumento das receitas, masque pode conduzir à diminuição do crescimento económico porque retrai o consumo, ao aumento dodesemprego e ao ressurgimento de problemas sociais. Prevê-se também um corte no investimentopúblico, medida essa que poderá parar o País e fazer com que Portugal desperdice o período de retomaeconómica na Europa, previsto para o segundo semestre do corrente ano.Porque é que o novo Governo não ataca o problema de frente combatendo eficazmente a fraudee a evasão fiscais, arrecadando por essa via mais receita? Não serve de desculpa a máquina fiscal

que hoje em dia está informatizada e emcondições de cruzar dados e informações vitaispara levar a cabo as suas funções. Porque éque o Executivo não avança com cortes nosbenefícios fiscais do �off-shore� da Madeira?A continuar por esta via, o Governo não vailonge. Não é pedindo sacrifícios aos mesmos,à classe média e aos menos favorecidos, semse atacar quem foge aos impostos, por muitoque se diga que a culpa é da herança, que seconsegue credibilizar uma política ou reforçaro regime.O que falta é vontade política para avançar commedidas socialmente justas e entendidas portodos os cidadãos como necessárias para quePortugal cumpra o pacto de Estabilidade eCrescimento e possa posicionar-se como umadas economias mais prósperas da UniãoEuropeia. Não nos esqueçamos que o III QCAcontinua em execução até 2006, ano em quevoltaremos a escolher novo Governo. Nessaaltura teremos ocasião de constatar que afinalas vacas não eram assim tão magras.

Não é pedindo sacrifícios aos mesmos, à classe média e aos menos favorecidos,sem se atacar quem foge aos impostos, por muito que se diga que a culpa é da

herança, que se consegue credibilizar uma política ou reforçar o regime.

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9 de Maio de 2002ACTUALIDADE

GOVERNADOR CIVIL

PS QUER SABER QUAL É AALTERNATIVA À EXTINÇÃOO PS pediu a presença do ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes, na Assembleia daRepública para explicar de que forma tenciona o Governo extinguir o cargo de governador civil.O requerimento do PS foi enviado à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades eGarantias.Em declarações à Comunicação Social, o deputado socialista Vitalino Canas lembrou o Governoque o cargo é constitucional, pelo que a sua extinção terá de resultar de um consenso políticoalargado que �não pode restringir-se à maioria� que apoia o Executivo.�O Governo sabe aquilo que não quer e, por isso, extingue o cargo de governador civil, mas nãosabe o que quer em alternativa�, disse o parlamentar do PS, acrescentando que o Executivo dedireita se precipitou sobre esta matéria.Vitalino Canas sublinhou que o PS �não faz cavalo de batalha pela manutenção dos governadorescivis, mas, antes de serem extintos, tem de conhecer-se uma alternativa credível para arepresentação externa do Estado nos distritos�.

PARLAMENTO

LAURENTINO DIAS FISCALIZACONTAS DO EURO 2004Laurentino Dias vai presidir à Comissão Parlamentar de Fiscalização do Euro 2004. Na anteriorlegislatura, o deputado do PS já era o vice-presidente desta comissão.Na intervenção que efectuou, na terça-feira, na Assembleia da República, Laurentino Diaselogiou o trabalho desenvolvido pela comissão nos últimos três anos e realçou a necessidadede se continuar a fiscalização parlamentar da gestão do dinheiro público usado para arealização do campeonato europeu de futebol.

AUGUSTO SANTOS SILVA REAFIRMA

GOVERNO DE CAVACO TOMOUDECISÕES RUINOSAS PARA A RTP

O ex-ministro socialista AugustoSantos Silva desmontou as

�irresponsáveis� e �inaceitáveis�declarações do ministro da tutelapara a Comunicação Social, NunoMorais Sarmento, considerando

que se alguém tivesse deresponder judicialmente pelo

�buraco� financeiro da RTP seriamos membros do último Governo de

Cavaco Silva, que �tomaramdecisões ruinosas�.

A estação pública de televisão �passou a darprejuízos a partir de 1992, quando o Governo deCavaco Silva decidiu pôr fim à taxa de radiodifusãoe vender a sua rede de emissão�, acrescentou.Apesar das críticas, o ex-ministro garantiu queo PS está disponível para conseguir com o PSD,em sede parlamentar, uma base de apoio parauma nova forma de financiamento da RTP, �maiscompatível com as normas de serviço público�,que permitisse �pôr cobro ao clima de guerrilha�

que deixou em aberto a possibilidade deresponsabilizar os anteriores membros doGoverno que tutelaram a RTP, �se necessáriopor vias judiciais�.Referindo que o tempo de campanha eleitoral�já terminou� e chegou o momento do Governo�actuar e não fazer ameaças�, Augusto SantosSilva considerou �pouco educada� esta�judicialização de divergências políticas naturaisentre os partidos�, e classificou de�irresponsável� o facto do ministro ter feito assuas declarações no Parlamento das Escolas,�cuja finalidade é contribuir para socializar osjovens nos valores da democracia e não se podedizer que este tenha sido um bom exemplo�.Caso o assunto fosse parar aos tribunais, disse,a primeira a ser chamada seria a administraçãolaranja do último Governo de Cavaco Silva, que,na sua opinião, tomou as medidas que tornaram

o défice da RTP imparável desde 1992.Questionado sobre a �holding� Portugal Global,afirmou ter sido criada para tentar o saneamentofinanceiro da RTP, mas considerou que o seumodelo �não é compatível com o programa doactual Governo�.O ex-ministro reafirmou a �total oposição� do PSà alienação da RTP2 e RDP2, considerando quecaso a segunda decisão for para a frente �colocaráPortugal na situação singular de ser o único paíssem uma estação pública de música clássica�.Quanto à poupança que a alienação do segundocanal da televisão traria, Santos Silva estima-aem 25 milhões de euros por ano, enquanto�outra medida prevista pelo Governo, o fimrápido da publicidade na RTP, provocaria umadiminuição nas receitas de 50 a 60 milhões deeuros�.

PS quer Morais Sarmento na AR

O PS quer que Morais Sarmento, vá ao Parlamentoexplicar qual o futuro da RTP. O pedido foiapresentado ontem, quarta-feira, pelo deputadosocialista Arons de Carvalho, que se mostrouperplexo com as recentes declarações do ministroda Presidência.Para o PS, as alterações anunciadas,nomeadamente a extinção de um canal e asupressão de publicidade terão consequênciasmuito graves no serviço público da RTP e tambémna situação financeira da empresa.Morais Sarmento deverá dar, também, explicaçõesaos deputados sobre o alcance da ameaça feitade levar a tribunal antigos membros do Governoque tutelaram a RTP.O PS lembra que tal facto seria inédito na históriada democracia e que quando António Guterres eo Governo tomaram posse, em 1995, já foramencontrar na televisão do Estado um passivo decerca de 50 milhões de contos.

J. C. C. B.

MUSEU DE FOZ CÔA

DEPUTADOS DO PS QUESTIONAMMINISTRO DA CULTURANa sequência de notícias publicadas recentemente nalguns órgãos de informação sobre a intençãodo Governo de suspender o projecto do Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa e extinguir oInstituto Português de Arqueologia, que suscitam �legítimas preocupações�, os deputados socialistasAugusto Santos Silva e Fernando Cabral enviaram um requerimento ao ministro da Culturasolicitando informações sobre se o Governo confirma a intenção de �suspender o projecto doMuseu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa�, tal como ele está a ser desenvolvido, bem como oque vai fazer, perante os compromissos já assumidos contratualmente.Os deputados querem saber se caso a intenção seja proceder à �reformulação� ou�redimensionamento� do projecto do Museu, quais são os termos precisos de tal reformulação ouredimensionamento, e ainda quais são os fundamentos, os propósitos e as condições dodesaparecimento do Instituto Português de Arqueologia, enquanto serviço do Ministério, e da sua�fusão� com o Instituto Português do Património Arquitectónico.No documento, os deputados do PS querem ainda saber como é que o Governo entende a políticanacional de arqueologia, quer no domínio da investigação, quer no domínio da salvaguarda evalorização patrimonial . J. C. C. B.

que diz haver em torno da televisão pública.O agora deputado do PS respondia àsinquietantes e irresponsáveis declarações doministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento,

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ACTUALIDADE

Guilherme d´Oliveira Martins falava, emconferência de Imprensa, após a ministra deEstado e das Finanças ter apresentado as linhasgerais do Orçamento Rectificativo (OE) para2002, que inclui o aumento da taxa do IVA de 17para 19 por cento.O último ministro das Finanças dos governos deAntónio Guterres acusa o PSD de ter prometidouma �descida imediata de impostos�, umapromessa eleitoral que se transformou, agora,�no seu contrário, num aumento imediato deimpostos�.�O aumento do IVA em dois pontos percentuaisafecta gravemente a classe média e os trabalhadorespor conta de outrem, que dependem dos seussalários e que são, já, quem mais paga impostos�,

disse o ex-ministro das Finanças.�Esse aumento é injusto ainda porque afectamais aqueles que menos têm, provocandodiminuição no poder de compra dosportugueses�, acrescentou.Nessa medida, adiantou, �o Governo põe emcausa a competitividade da nossa economiaperante os nossos parceiros europeus. O IVA emPortugal passará a ser três pontos percentuaisacima do IVA em Espanha�.Guilherme d´Oliveira Martins referiu tambémque um corte no investimento público, seacontecer, �tem consequências económicasgraves, podendo ajudar a lançar o País narecessão e tem um outro efeito, também grave,porque pode pôr em causa a execução dos fundos

comunitários, podendo conduzir à perda defundos comunitários que não sendo gastos, opaís perderá, com eles perdendo oportunidadesde desenvolvimento�.

Aumento de impostosé solução injusta

Referindo que �o Governo tem usado comojustificação para estas medidas uma retórica queassenta na dramatização da situação das contaspúblicas, que já passou do razoável há muitotempo, arriscando-se a transformar uma criseorçamental em crise económica, o que seriagravíssimo�, o ex-ministro das Finançassublinhou que �o actual Orçamento de Estadocumpre os nossos compromissos europeus,pressupondo a concretização do programa dereforma da despesa pública e de medidas deeficiência fiscal, em curso, de que

aparentemente este Governo desistiu,privilegiando apenas o aumento de impostos�.Para Oliveira Martins, �o aumento de impostos éuma solução injusta e de curto prazo, para umproblema que é estrutural�, escondendo aindauma outra face da realidade, ou seja, �esteGoverno sabe que a sua política provocarádiminuição do crescimento económico,desemprego, problemas sociais. Por isso precisade criar folgas para o aumento de despesa públicaque tais eventualidades acarretam, bem comopara medidas que anunciou e cujo impactofinanceiro ignora por completo�.Segundo sublinhou o dirigente do PS, �a situaçãodas constas públicas não pode ser, porém,desculpa para uma orientação pública que podepôr em causa o nível de vida dos portugueses e aconvergência real com os nossos parceiroseuropeus�.

J. C. CASTELO BRANCO

REUNIÃO COM AS CENTRAIS SINDICAIS

FERRO RECEIAAUMENTO DO DESEMPREGO�É inaceitável. Durão Barroso ganhou aseleições prometendo uma baixa nosimpostos e a primeira medida que anuncia éo aumento do IVA�, declarou o secretário-geral do PS aos jornalistas após reuniõesseparadas com as direcções das centraissindicais ocorridas na passada segunda-feirano Largo do Rato, em que se analisou asituação económica, política e social. FerroRodrigues sublinhou, por outro lado, que oPSD nunca assumiu, durante a campanha, anecessidade de aumentar a carga fiscal,�quando dizia que a situação financeira dopaís era mais calamitosa e catastrofista�,recorrendo depois a uma �extrapolação�sobre a derrapagem do défice público noprimeiro trimestre de 2002.Embora a posição dos socialistas só deva sertomada após a reunião do grupo parlamentar,mas deixando antever que o PS poderá votarcontra o Orçamento Rectificativo, já que odocumento preconiza medidas gravosas para

o País, como o abandono ou suspensão dealguns projectos de grande envergadura e oaumento da taxa máxima do IVA em 2 porcento que nem sequer fazia parte doprograma eleitoral do PSD, Ferro Rodriguesadmitiu que �a existência de uma medida quenão foi apresentada durante a campanhacoloca problemas a uma oposição construtivado PS�.Do ponto de vista social, e tendo em conta obalanço dos encontros que realizou com asduas centrais sindicais, o líder socialistamostrou-se preocupado com as propostasapresentadas pelo Executivo que terãoconsequências �muito graves� e �ficarão paraa história como medidas inflacionistas e queagravaram o desemprego�. Ferro Rodriguesmanifestou-se igualmente contra a políticade cortes no investimento público, o que irá�parar o país, já a partir do segundo semestredeste ano� e que terá repercussão directa noagravamento do desemprego.

ORÇAMENTO RECTIFICATIVO

COMPETITIVIDADEPOSTA EM CAUSAO ex-ministro das Finanças Guilherme d�Oliveira Martins alertou que osportugueses �serão confrontados com um conjunto de medidas gravosaspara as pessoas e para a economia nacional�, sublinhando que �háaspectos preocupantes na estratégia seguida pelo Governo�.

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9 de Maio de 2002ACTUALIDADE

PONTE DE ENTRE-OS-RIOS

FERRO PRESENTENA INAUGURAÇÃOA inauguração da nova ponte Hintze Ribeiro,que liga Entre-os-Rios a Castelo de Paiva,construída pela engenharia portuguesa sobgovernação socialista no prazo recorde de 11meses, decorreu num ambiente sóbrio,marcado pela presença de Ferro Rodrigues.O líder do PS e ex-ministro do EquipamentoSocial, foi dos primeiros a chegar,acompanhado por Vieira da Silva, seu ex-secretário de Estado.Ferro percorreu, na manhã de sábado, a réplicada ponte que no ano passado foi palco do trágicoacidente que vitimou 59 pessoas.O secretário-geral do PS apreciou o convite quelhe foi dirigido por Durão Barroso qualificando-o de �normal em democracia�, uma vez que foiele o ministro do Equipamento que lançouaquela obra, num vasto pacote demelhoramentos para a região.Mas Ferro fez questão de se demarcar do tomgeral com que Barroso havia de caracterizar aregião: �Há uma certa visão de Castelo de Paiva

totalmente errada e que demonstra odesconhecimento das pessoas, [pois esteconcelho e o de Penafiel têm] um dinamismoindustrial e agrícola muito forte, que as infra-estruturas têm que acompanhar�.�A visão que se tem transmitido de Castelo dePaiva e de Penafiel como sendo do TerceiroMundo não corresponde à realidade, pois sãoconcelhos com grande dinamismo�, disse.No �acto simbólico� de abertura ao tráfego danova travessia rodoviária entre Entre-os-Riose Castelo de Paiva � uma réplica da ponte comestrutura reforçada e garantida �, o primeiro-ministro não resistiu a dar alguns beijos �paraa fotografia� e tentou recauchutar a �políticade betão ou de obras públicas� que marcou ocavaquismo.Repetindo a ideia mais sublinhada por todos �o tempo recorde de construção da infra-estrutura �, Durão afirmou ser este �umexcelente exemplo da capacidade realizadorados portugueses�, ignorando que a primeira

NOMEAÇÕES

PAULO PEDROSODESMENTE DURÃO BARROSOO ex-ministro do Trabalho e da SolidariedadePaulo Pedroso desmentiu categoricamente quetenha havido nomeações políticas feitas na suaárea, desde o início do ano, quando o Governodo PS já estava só em gestão.Paulo Pedroso respondia assim a Durão Barroso,que, num almoço com os TSD, acusou o últimoGoverno de António Guterres de ter feitonomeações políticas na área da SegurançaSocial.�Há com certeza uma confusão entre

nomeações políticas e nomeações de pessoasfeitas pelos Institutos para o desempenho defunções essenciais�, explicou Paulo Pedroso.Também Simões de Almeida, o secretário deEstado com o pelouro desta área refutou asacusações do líder laranja, referindo que�nomeações políticas não foram nenhumas� eque Durão Barroso só pode estar a falar deeventuais nomeações que tenham sido feitaspelos Institutos �no quadro das suascompetências normais�.

grande inauguração do seu Executivo é umaobra do PS.Com Ferro Rodrigues presente, Barroso deixou-se cumprimentar e beijar, naturalmentesatisfeito com o banho de multidão que omomento lhe proporcionava.

Ainda que �ensombrado� pela morte de cercade três dezenas pessoas no trágico acidentede 4 de Março que obrigou à construção da novatravessia, o momento acabou por ser mais queum mero acto administrativo.

M.R.

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PS EM MOVIMENTODEBATE SOBRE O FUTURO DO PARTIDO

PS NÃO TEM QUALQUERPROBLEMA IDEOLÓGICO

Respondendo ao desafio dosecretário-geral, a Concelhia de

Lisboa iniciou na passada terça-feira um ciclo de debates sobre ofuturo do PS. Uma certeza ficou

clara: no PS não há qualquerproblema ideológico. Esta a

convicção de António José Seguro,para quem as alianças eleitorais só

com o próprio PS. A credibilidadedo partido deve ser feita pela

positiva, defendeu. Já EduardoPrado Coelho definiu três critérios

mínimos para a classificação deesquerda.

Depois de uma breve reflexão sobre asimplicações de alguns acontecimentos maismarcantes ocorridos recentemente - atentadosde 11 de Setembro, presidenciais francesas e onovo governo de centro-direita em Portugal - ,Eduardo Prado Coelho referiu que �acomplexidade de dados e problemas do mundocontemporâneo é de tal modo complexo que édifícil saber onde está mais o centro ou mais aesquerda�, acrescentando que para se reclamarde esquerda �não basta ter preocupaçõessociais� .No entanto, considerou que é possívelestabelecer três critérios mínimos para aclassificação de esquerda. O primeiro implica oreconhecimento da economia de mercado comoinstrumento e não como um fim, não deixandoque a sociedade se transforme numa sociedadede mercado, reconhecendo que há outroscritérios de ordem social, económica eecológica.O segundo critério prende-se com a liberdadede escolha. �Eu sinto-me tanto mais livre quantotenha numa sociedade maior liberdade deescolha, seja nos médicos, nos livros, ou nosprogramas televisivos�, explicou.Quanto ao terceiro critério para umaclassificação de esquerda, o ensaísta referiu

que ele se centra no reconhecimento de quehá que encontrar respostas de inclusão paratodos aqueles que são vítimas do processo demodernização da sociedade.No debate moderado pelo líder da Concelhia,Miguel Coelho, este novel militante do PSafirmou ainda que os partidos devem estaratentos ao aparecimento de novos fenómenos

de debate permanente e estar mais inseridosnas comunidades locais�.

PS deve afirmar-sepela positiva

António José Seguro, por sua vez, reafirmouque no PS não há qualquer problemaideológico, defendendo que o nosso partido�só pode sobreviver enquanto partido deesquerda se se afirmar pela positiva, comrespostas concretas para os problemas reaisdos portugueses�.�Continuo a pensar que há um olhar deesquerda e um olhar de direita para asociedade�, disse, acrescentando que �aesquerda deve olhar em primeiro lugar para osmais desfavorecidos, para os excluídos que oprocesso de modernização gera�.Por outro lado, considerou que o �o PS nãoprecisa de mudar de estratégia; deveapresentar-se ao eleitorado sozinho�.Referindo que o PS �não pode estar no poder aqualquer custo�, o actual deputado ecoordenador do grupo de estudos do partidodefendeu que �o PS deve preparar-se para voltara ser governo. Para isso, adiantou, �deve manterum diálogo permanente com os cidadãos queresidam em Portugal e com as diversasorganizações que existem na sociedade�, paraapresentar �um projecto de alternativa, e nãoapenas de alternância, .claramente diferente,para que a escolha recaia sobre duas opçõesideológicas, e não apenas a escolha entre doiscandidatos a primeiro-ministro�. �O programade Governo de 2002 é uma boa base de trabalho�,acrescentou.O dirigente do PS mostrou-se ainda favorável àparticipação de cidadãos não militantes na vidado nosso partido, num quadro que visa melhoraros métodos de trabalho interno. �Não éadmissível que se proíba a participação decidadãos que não se querem filiar no PS�, disse.O PS - partido de militantes e de eleitores -deve ter �uma lógica inclusiva�, sustentou,defendendo ainda a importância das áreas daformação e informação no partido.

J. C. CASTELO BRANCO

como os movimentos antiglobalização,sublinhando que �em torno destes movimentossentiu-se que havia uma reflexão sobre osproblemas do mundo contemporâneo�.Num contexto marcado por um crescentedistanciamento entre as estruturas partidáriase a sociedade, Eduardo Prado Coelho defendeuque �os partidos devem ter uma componente

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9 de Maio de 2002

ONU

SAMPAIO PARTICIPAEM SESSÃO ESPECIAL SOBRE CRIANÇAS

CONSELHO DA EUROPA

AGREDIR MULHERES É CRIMECONTRA A HUMANIDADE

O Presidente da República está em NovaIorque, onde participa numa sessão especialda ONU sobre crianças e entrega donativosa familiares de luso-descendentes mortosnos atentados de 11 de Setembro.Sampaio é um dos mais de 70 chefes deEstado e Governo que participam na sessãoespecial da Assembleia Geral das NaçõesUnidas sobre as crianças, que visa apelarao investimento na educação e saúdeinfantil como forma de contribuir para a pazmundial.Jorge Sampaio vai à ONU �reafirmar aprioridade política� das questões da criançae dos direitos humanos, fazendo da suaintervenção �uma ponte para iniciativasfuturas, quer a nível nacional, querinternac ional� , re fere uma nota daPresidência.O chefe de Estado chegou a Nova Iorque aofim da tarde de quarta-feira, seguindo-seuma recepção oferecida pelo presidente daAssembleia Geral da organização, o coreanoHan Seung-Soo.

Hoje, quinta-feira, o Presidente encontra-se de manhã com o secretário-geral da ONU,Kofi Annan, seguindo-se um encontro como Presidente da República de Moçambique,Joaquim Chissano. À noite, Sampaio assistea um concerto organizado pela UNICEF.Amanhã, sexta-feira, é o dia da sessãoespecial em que Sampaio representaPortugal. À tarde, o Chefe de Estado visitauma exposição no museu da cidade de NovaIorque dedicada aos bombeiros da cidade eà sua intervenção no auxílio às vítimas dosatentados.A concluir a visita, no sábado, Sampaiovisita a sede da Fundação Americana para aCaridade de Portugal, onde entregarádonativos às famílias das quatro vítimasluso-descendentes dos atentados.Depois de 11 de Setembro, esta Fundação,criada por empresários luso-americanos,recolheu mais de 50 mil euros entre acomunidade portuguesa, constituindo umfundo que será repartido entre as famíliasdas vítimas e obras sociais portuguesas.

Os 44 Estados do Conselho da Europa nãopoderão invocar a tradição, os costumes e/ou a religião para justificar qualquer tipo deviolência contra as mulheres.A recomendação, adoptada no dia 30 de Abrilem Estrasburgo pelo Comité de Ministrosdeste organismo, aplica-se a qualquer tipode agressão contra o sexo feminino, sejaela exercida no seio da família (física,psíquica, violação, abuso sexual, mutilaçõesgenitais, casamentos forçados ou crimes dehonra) ou na comunidade (assédio sexual,violação ou tráfico de mulheres).Ao longo de mais de 20 páginas, o Conselhorecomenda igualmente o fim da violênciaperpetrada ou tolerada pelos Estados e aviolação de direitos fundamentais em tempode guerra.Assim, a detenção de mulheres comoreféns, a violação sistemática, a escravaturasexual, a gravidez forçada deverão serconsiderados �crimes contra a humanidade�ou �crimes de guerra�, se forem cometidosem tempo de conflitos armados.Os países-membros são obrigados a tomarmedidas legislativas e a adoptar medidas

nacionais para prevenir e punir estasagressões, proteger as vítimas, educar esensibilizar a população e para avaliar equantificar a extensão do problema.A criação de bancos com os dados genéticosde agressores sexuais, leis que punamolhares lascivos e humilhações públicas sãooutras medidas que os Estados do Conselhoda Europa devem adoptar para reforçar ocombate a todas as formas de violênciasobre as mulheres.No documento são enumeradas dezenas demedidas concretas, que vão da punição dosautores da violência às mais elementaresmedidas de prevenção.Em caso de violência familiar, por exemplo,o agressor deverá ser imediatamenteobrigado pelas autoridades policiais aabandonar a residência, mesmo que seja oseu proprietário, de forma a proteger avítima.Como medidas preventivas, são apontadaso reforço da iluminação pública em zonashabitacionais e parques de estacionamentoou a colocação de paragens de transportespúblicos em zonas vigiadas.

INTERNACIONAL

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O MILITANTEPAULO ALEXANDRE PEREIRA

VIVER A MILITÂNCIA DIA-A-DIA

PERFILNomePaulo Alexandre da Silva Pereira

Idade35 anos

ProfissãoProfessor universitário

MilitânciaAdere à JS em 1982/83 e inscreve-seno PS em 1984/85

Referências socialistasMário Soares, Willy Brandt e OlofPalme

HobbiesCinema, estar e passear com a família

Os princípios e valores dosocialismo democrático

devem ser vividos noquotidiano,

consubstanciados empalavras e acções. Assimpensa Paulo Alexandre, o

militante que esta semanafala ao �Acção Socialista�

sobre as suas preocupaçõespolíticas e sobre as suas ideia

de oposição construtiva.O curriculum de militânciaque o acompanha desde a

adolescência faz destecamarada um críticoconsciente, que não

escamoteia as indecisõesgovernativas do PS, mas que

também defende a obra degente que faz.

Quando, aos 16 anos, aderiu à JuventudeSocialista, após a histórica vitória de MárioSoares nas presidenciais que o opuseram aocentrista Freitas do Amaral, ninguém dafamília reagiu. Mas, pouco depois de terentrado para o Secretariado Nacional, noprimeiro mandato do António José Seguro, amilitância e o trabalho começaram a ser maisintensos e os estudos na Universidade foramdeixados temporariamente para trás,causando uma reacção familiar menospositiva.Porque militância é �lutar pelas causas que sepensam justas e ter voz, pelo menos na secçãoa que pertencemos�, Paulo Alexandre quis teressa voz, tendo desempenhado diversasfunções e desenvolvido actividades no seioda JS e do PS.No núcleo da JS do Limoeiro, além de ter sidopresidente da mesa da Assembleia Geral, foiainda coordenador e secretário nacional daOrganização.Durante três anos foi membro da ComissãoNacional do PS ao mesmo tempo que eraresponsável na Federação da JS/FAUL pelaárea da organização e administraçãofinanceira.Este militante foi nomeado membro honorárioda JS em 1996, ano em que coordenou acampanha das eleições regionais da Madeira.Desde então, Paulo Alexandre exerce a suamilitância diariamente nas suas opiniões eno seu modo de actuar, prometendo torná-lamais �activa e adequada� em momentos queconsidere oportunos.No imediato, o jovem docente defende que aforma de militância que servirá melhor o PS

na actual conjuntura é a reflexão.Sendo o maior partido de oposição, o PartidoSocialista �deve aproveitar esta oportunidadepara reflectir�.Assim, o Paulo Alexandre Pereira propõe arealização de debates abertos à sociedade esessões de esclarecimento ao nível dasconcelhias sobre temas actuais, �tantas vezesmal compreendidos e que incluem termos equestões desconhecidas�, por forma a�esclarecer as pessoas sobre o que se está apassar no mundo da política�.Quando questionado sobre a actuação doGoverno socialista durante os últimos seisanos, o militante faz um balanço positivo,frisando que �o PS, como partido de esquerdaque é, deu valor a boas políticas sociais eambientais que o distinguiram dos partidos àsua direita�, mas reconhecendo que, �adeterminada altura, o Executivo de AntónioGuterres teve receio de tomar medidasimpopulares e algumas reformas ficaram porfazer, como por exemplo, a reforma fiscal oua da saúde�.

Quanto à coligação Durão/Portas, o Paulomostra-se convencido de que �o novo Governotem condições para exercer as suas funções edeve exercê-las durante os próximos quatroanos, com ou sem PP�.Na qualidade de docente universitário, PauloAlexandre Pereira é cauteloso nas previsõessobre a actuação do novo titular da pasta daEducação.�É contra as ideias defendidas pelos governosde Cavaco Silva, nomeadamente retirou aaprovação de alunos com mais de trêsnegativas�, considera, acrescentando que�ainda é muito cedo para podermos sentir osefeitos da separação do ensino secundário dosuperior�.Paulo Alexandre confessa-se preocupado coma crise orçamental, fazendo votos para queesta �não se transforme numa crise social eeconómica�.Para isso, o PS deverá estar atento a todas asáreas de governação, �em particular àspolíticas sociais e à saúde�, fazendo uma�oposição com responsabilidade� que tenhaem linha de conta �objectivos previamentedelineados sobre o que o partido quer para oPaís�.O Partido Socialista deve, na opinião destemilitante, �apresentar sempre alternativascada vez que rejeite as propostas apresentadaspelo Governo de coligação�.Para isso, os socialistas contam com FerroRodrigues, um político que �mostrou corageme determinação ao assumir a liderança dopartido numa altura em que se verificava quenão iria ganhar as eleições�.�Mesmo não ganhando as eleições, conseguiuum bom resultado em más condições�, recordaPaulo, adiantando que espera que Ferro seja�um bom líder� de uma oposição�responsabilizadora�, com a �consciência dequem já fez parte de um Governo do País�.Lá fora, a situação instável no Médio Orienteé um problema que preocupa este militante,�não só por causa da guerra e das pessoasque sofrem de ambos os lados, como pelasrepercussões que tem a nível global�.A viragem à direita a que se assiste um poucopor toda a Europa é também motivo deapreensão para este camarada, que defendeuma urgente �análise das razões que levamas pessoas a votar em partidos que defendemopiniões radicais e extremistas�.�Todos os partidos devem tentar perceberessas razões e apresentar as suas soluções�,reafirma Paulo Alexandre, citando comoexemplo o problema da imigração de pessoasdos países de Leste e de países em guerra,considerando que deve ser um tema a debatera nível da União Europeia.Por cá, �o Governo português deve tomarmedidas que evitem a insegurança e aprecariedade das condições de vida doscidadãos estrangeiros residentes no nossopaís�, combatendo a exclusão social e amarginalidade, �para que exemplos como ofrancês não se repitam a nível interno�.

MARY RODRIGUES

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9 de Maio de 2002ENTREVISTA

A reforma do sistema político éfundamental para o revigoramento

da nossa democracia, apesar da suajuventude.

Tendo essa consciência, o PSavançou na passada semana com aapresentação do projecto-lei sobre

a reforma da lei eleitoral, poissendo esta a �a mãe de todas as

leis da reforma do sistemapolítico�, é por aí que se deve

começar. Em entrevista ao �AcçãoSocialista�, Alberto Martins, o

principal responsável pelodiploma, pormenoriza os pontos

de vista do PS vertidos nodocumento entregue na

Assembleia da República, quepretende assegurar mais

competitividade eleitoral, maiorpersonalização e responsabilizaçãona apresentação de candidaturas e

no cumprimento dos mandatosparlamentares.

Acredita que a reforma da leieleitoral vai finalmente avançar?Creio que há uma grande consciência danecessidade por parte dos cidadãos portuguesesquanto à reforma do sistema político. Penso queé absolutamente imprescindível termosconsciência de que a abstenção eleitoral temaumentado progressivamente em todas aseleições, sobretudo nas legislativas. Tem havidouma perda crescente de identificação doscidadãos com os partidos políticos.De acordo com estudos sociológicos, metade doscidadãos portugueses eleitores não se identificacom nenhum partido, verificando-se umacrescente perda de confiança na política e nospolíticos. Por isso, é absolutamenteimprescindível que algo mude no sentido derevigorarmos o sistema.A lei eleitoral para a Assembleia da República é,de certa forma, matricial. Podemos dizer que é amãe de todas as leis da reforma do sistemapolítico, porque a sua alteração implicamodificações ou, pelo menos, ajustamentos nosistema partidário, no recrutamento doscandidatos aos órgãos electivos e, por isso, éum instrumento essencial. Se os partidos nãoassumirem a consciência desta necessidadetemos um problema, uma questão, aliás, que oPartido Socialista está assumir.

Havia um consenso relativamente àcriação dos círculos nominais quepassava por um entendimento entre oPSD e o PS. O PSD prepara-se, ao que

IMPRESCINDÍVEL REVIGORARO SISTEMA POLÍTICO

tudo indica, para recuar, dando o ditopor não dito. Se assim for, o processopode ficar bloqueado?A lei eleitoral da Assembleia da República éparaconstitucional, isto é, implica uma votaçãopor maioria de dois terços, logo, só pode obtervencimento com a conjunção de contactos e deinteresses dos dois maiores partidos, do PS e doPSD.A questão dos círculos nominais está no textoconstitucional, isto é, a revisão de 97 daConstituição consagrou a possibilidade de haverum círculo nacional e círculos uninominais.A razão de ser dos círculos uninominais é a depersonalizar a escolha dos cidadãos. Nestemomento os portugueses escolhem os seusdeputados por distrito e escolhem os partidos.Aquilo a que se tem assistido é a uma crescentepersonalização da escolha, quando sabemos quemesmo os cabeças-de-lista nos diversos círculoseleitorais entraram em perda crescente dereferência, uma vez que, em relação aos doismaiores partidos, as atenções centram-sebasicamente no candidato a primeiro-ministro.Portanto, a escolha da Assembleia da Repúblicaacaba por ser partidária.A nossa proposta, ao consagrar a ideia doscírculos uninominais, permite a cada cidadãoeleitor escolher, ao mesmo tempo um deputado� o deputado que prefere para o seu círculoterritorial � e vote no seu partido. Assim, cada

cidadão tem um duplo voto significando,portanto, que se trata de um círculo derepresentação proporcional personalizado.Sabemos pela experiência do próprio sistemaeleitoral português que o grau de participaçãoaumenta proporcionalmente à competitividadepersonalizada no caso das eleições autárquicasou presidenciais.

Mas esse modelo que tem vindo a serdefendido pelo PS não pode pôr emcausa a existência parlamentar dospequenos partidos?Não. Em termos de representação proporcional,este modelo não põe absolutamente em causa arepresentação proporcional dos partidos. Pelocontrário, até pode gerar um pequeno acréscimode proporcionalidade ao permitir que, noscírculos onde os pequenos partidos não elegemdeputados, os votos possam ser utilizados nocírculo nacional. Dito de outro modo, os votosdesaproveitados no círculo eleitoral são todoscontados no círculo nacional permitindo que sepossam eleger deputados. Assim, aproporcionalidade, sempre de acordo com a regrade Hondt, é garantida nos círculos deapuramento, que são os círculos distritais, talcomo existem hoje, bem como no círculonacional. Agora, o que pode ser dito, é que noscírculos uninominais o conflito político ou odebate político se situa sobretudo entre os dois

maiores partidos ou nos partidos com maiorcompetitividade, e que isso pode induzir umadinâmica desfavorável para os pequenospartidos. Sobre essa matéria nada se sabe. Nãohá estudos, nós fizemos uma simulação na basedos resultados de 97 e 99, relativamente a todosos partidos, sobretudo ao partido mais pequenoque tinha então dois deputados, o Bloco deEsquerda, e não havia qualquer redução darepresentação de deputados desses partidos.

Não há estudo nenhum feito para asúltimas legislativas?Não há estudos sobre isso, os estudos deveriamser feitos.

E mantinha-se a mesmarepresentatividade?O objectivo era que esta proposta não constituí-se nenhuma forma de engenharia eleitoral parareduzir a representação dos pequenos partidos.Não é esse o objectivo. A ideia é garantir umamaior aproximação dos eleitores aos eleitos pelavia da escolha proporcional.

Mas o modelo, proposto, dada a suacomplexidade, não poderá afastar,em vez de aproximar, os cidadãosdesta reforma eleitoral?Não. Todos os modelos eleitorais explicados nasuas fórmulas são sempre fórmulas matemáticas,

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ENTREVISTAo método de Hondt, a eleição pelo métodoHondt, em representação proporcional, é feitacom base numa fórmula matemática. O modeloproposto também o será.

Mas é mais perceptível pelo cidadãocomum?Não. Em termos de cidadão é muito simples. Nósagora votamos numa lista com os partidos. Depoispassaríamos a votar numa lista em que figuram,por um lado, os partidos, e, por outro lado, osnomes dos candidatos.

Como seria o boletim de voto?Seria um boletim com o voto em lista e o votouninominal. O voto em lista é o correspondenteao voto que existe hoje. O outro refere-se aonome dos candidatos. O eleitor escolhe ocandidato que quer. Digamos, em termospráticos, que a complexidade que está a ser feitaé a complexidade que existe hoje, por parte darepresentação proporcional do método deHondt. Se for perguntar à generalidade doscidadãos que votam, como é a representaçãoproporcional por método de Hondt em termosde fórmula matemática, as pessoas não sabem,mas sabem que votam numa lista que tem ospartidos e que passarão a votar numa lista ondede um lado têm partidos e do outro têm os nomesdas pessoas.Penso que não haverá quaisquer dificuldades.Aliás, este método e esta fórmula já foramtestados.

Qual é o modelo inspirador doprojecto-lei do PS?O modelo em que nos inspiramos vem daAlemanha, apresentando duas diferençassubstanciais. Por um lado, na versão germânicaexiste uma claúsula-barreira: é preciso umarepresentação mínima de cinco por cento paraque os partidos tenham assento parlamentar e,por outro lado, os votantes supranumeráriospodem, nos círculos uninominais, alargar onúmero de deputados. Na nossa proposta issonão acontece, uma vez que os nossossupranumerários, em termos de candidatura,entrarão no círculo nacional.

Pode um candidato apresentar-se aostrês círculos?Não. O candidato só se pode apresentar, deacordo com a fórmula final que nós apuramos,em dois círculos: no círculo nacional no parcialou distrital. Pode ainda apresentar-se a umdesses dois círculos e ao círculo nacional. Massó se pode apresentar a dois círculos.

Por uma questão de linguagem, nãoseria mais fácil manter a designaçãode círculo distrital em vez de parcial?A dificuldade é a seguinte: o círculo parcial, namaior parte dos casos, é círculo distrital, que é ocorrespondente aos distritos. Só que há doiscírculos parciais que não são correspondentesaos distritos, como é o caso dos círculos dosAçores e da Madeira, que são círculos parciais enão têm círculos uninominais e os círculos forada Europa; portanto, o dos residentes noestrangeiro.Aí não há voto uninominal, nem círculosuninominais. Tudo o resto existe. As pessoascontinuam a ter um voto que tem uma duplasequência em termos de apuramento: umapuramento para o círculo parcial e outro para ocírculo nacional. Note-se que os círculos deapuramento, vendo as coisas em termos de

contas, são círculos distritais tal qual como hojeexistem e o círculo nominal passará a existir --como reforço da proporcionalidade.Há outra questão que separa, neste momento,a proposta do PS da do PSD para se formar oleque constitucional e que se prende com onúmero de deputados. Nós prevemos 230 e oPSD pretende reduzir a representatividade a 180parlamentares.

Há algum consenso nesta matéria?É bom que tenhamos um ponto de partida. Nãoexiste, neste momento, uma proposta públicaconhecida de consenso, que seja identificávelcomo proposta do PSD. A nossa é conhecida, ado PSD não é.No passado, o PSD fez ponto de honra nadelimitação dos círculos e na redução do númerode deputados. No programa eleitoral queapresentámos a sufrágio nas últimas eleições,nós admitimos a referida redução. Deixou deconstituir um tabu a questão da redução donúmero de parlamentares.Devemos ter presente que, para além de umacerta redução (a redução pode implicar riscosque ponham em causa a proporcionalidade e arepresentatividade do sistema), nós nãoqueremos um sistema para excluir partidos, nemque ponha em causa a proporcionalidade. Estãofeitos estudos de simulação sobre os resultadoseleitorais para os mapas dos círculos uninominaisde candidatura. Documentos que são públicos emandados fazer no âmbito do Ministério daReforma de Estado e da Administração Pública,na altura tutelado por mim. Há ainda umasimulação, com base nos resultados de 99, sobreas consequências da redução dos diversosnúmeros de deputados cinco, dez e quinze, etc.Portanto, podemos, apoiados nesses estudos,avaliar as consequências em termos de modelo.O objectivo não é excluir partidos, nemrepresentações. Não pretendemos criardinâmicas perversas no sistema democrático.Queremos personalizá-lo, respondendo a umanecessidade que é sentida pelos cidadãos demaior confiança no sistema político.

O PS está disposto a diminuir onúmero de deputados ou mantém aproposta de 230?O ponto de partida da proposta é 230parlamentares. A disponibilidade de reduzir essenúmero está afirmada no nosso programa deGoverno e no programa eleitoral.

Dois temas novos então em cima damesa: a paridade e o estudo deformas de voto electrónico. Porquê aopção por estes dois temas?Estes dois temas faziam já parte da proposta donosso programa eleitoral. O objectivo da paridadeé constitucional e visa criar condições de umarepresentação equilibrada. A questão coloca-serelativamente à participação das mulheres navida política. A ideia é criar mecanismos quepossam garantir a igualdade de oportunidades ea igualdade efectiva de realização dessasoportunidades.Estava na nossa lei, no projecto anterior da leieleitoral para a Assembleia da República, que

esse tema seria discutido autonomamente. Háum grupo de trabalho coordenado pela deputadaMaria de Belém que tem vindo a debruçar-sesobre essa matéria. Creio que já foram avançadassoluções para esse ponto. O grupo parlamentarentendeu que esta não é uma matéria própriada lei eleitoral para Assembleia da República,dizendo respeito a todas as leis eleitoraisdevendo ser tratada numa base mais abrangentee transversal.Relativamente ao voto electrónico, trata-se deuma evolução natural no sentido de se criaremcondições para que a democracia electrónicafaça parte da vida quotidiana com segurança.Mas, levanta-se a problemática daconfidencialidade, da segurança e do controlo.Da mesma forma que nós, hoje, podemos fazercom segurança os nossos levantamentos, oupela via digital, fazer as nossas assinaturaselectrónicas, tem que haver condições para quese vote, de forma segura e controlada. Para issodevem ser feitos estudos.

É imaginável o dia em possamos votarno multibanco?É imaginável, sim. Agora, todas essas medidastêm de ser implementadas com prudência e comrigor, olhando para as experiências feitas noestrangeiro. Há voto electrónico na Holanda,na Bélgica e no Brasil. Essa é uma questão queestá a ser discutida nalguns países. Na Inglaterraestá a ser objecto de debate. Trata-se de umamatéria à qual não podemos ficar indiferentes.O grupo parlamentar vai estudar essas questões,seguramente com consistência e segurança,admito que a solução deve ser encontradas combase em iniciativas exemplares localizadas.

Entre a última iniciativa legislativa doanterior Governo e o actual projecto-lei, quais são as diferença queassinalava?A diferença mais significativa, que, aliás, constana exposição de motivos do projecto, é a divisãoem círculos distritais. Este modelo abandona aagregação de círculos de pendor regional e fazuma divisão em círculos distritais, consagrandoo voto presencial.

Que tem como consequência o prazopara a formação do Governo?Sim, encurta os prazos para a formação doGoverno e é um voto com maior fiabilidade.Obtivemos vencimento desta nossa propostade voto presencial na lei para escolha doPresidente de República pelos cidadãosportugueses residentes no estrangeiro. Faztodo o sentido que nesta lei, por igualdade derazões, de consistência, de fiabilidade, decredibilidade, o voto também seja presencial.Acessoriamente, a presencialidade levatambém ao encurtamento dos prazos para aconstituição do Governo.Uma outra medida é a dupla candidatura,contrariamente à proposta anterior, que admitiauma tripla candidatura ao círculo uninominal,ao círculo parcial e ao círculo nacional. Existe aideia de que as candidaturas implicam o risco danão consagração absoluta.Recordo, a título de exemplo negativo, o queaconteceu mais do que uma vez na Alemanha,em que o chanceler Khol foi derrotado no círculouninominal e depois foi eleito no círculo nacionale foi chanceler apesar disso.Por outro lado, temos uma solução mais precisaem termos de delimitação dos círculosuninominais. É indiferente para representação

PROPOSTADE CÍRCULOSUNINOMINAIS

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9 de Maio de 2002ENTREVISTA

proporcional destes círculos a sua delimitação,isto é, a delimitação geográfica dos círculosuninominais é feita com base na percentagemde eleitores. Segundo a nossa proposta,teremos cerca de 100, 103 104 círculosuninominais, cuja delimitação territorial seráobtido a partir da divisão do territóriocontinental pelo número de eleitores. Uma dasregras dessa delimitação territorial é que oscírculos uninominais sejam homogéneos,contíguos e com compacidade, ou seja, devemter o menor corte artificial, sendo certo que osmunicípios maiores podem ser objecto de divisãoem vários círculos uninominais. Esse desenhoé feito de uma forma mais rigorosa nesteprocesso, na baseado nos estudos dasentidades universitárias que foramencarregadas de definir o mapa para orecenseamento.

Na reunião parlamentar em que estedocumento foi discutido foramintroduzidas algumas alterações?Foram introduzidas pequenas alterações. Aalteração mais significativa foi a respeitanteao número de votos, admitindo-se a duplacandidatura e não a tripla. A outra respeita àfixação do número limite de candidaturas paraevitar que em qualquer circunstância pudessehaver candidaturas ou a indução de partidosregionais que, como sabe, são proibidos pelaConstituição.

No âmbito da reforma do sistemapolítico mais geral, uma dasquestões que está na ordem do dia éa do financiamento dos partidos. Emseu entender, a solução deve sermanter o modelo actual ou evoluir-separa uma situação de financiamentoexclusivo público, como parece ser atendência dominante?O nosso programa eleitoral apontava para ofinanciamento exclusivamente público, semprejuízo dos financiamentos normais fruto dasquotizações dos membros dos partidos. Estoude acordo com essas soluções. Mas, a meu ver,o grande problema não são os financiamentosdeclarados, os financiamentos reais, e sim osocultos. Esta é a questão decisiva. Por isso,financiamento público, privado ou misto, oproblema essencial reside nos mecanismos decontrolo e de fiscalização. Devemos reforçar osinstrumentos, dando, eventualmente, maiorespoderes aos órgãos fiscalizadores no sentido,sobretudo, de terem capacidade para fiscalizaras receitas e as despesas.

Qual a solução proposta pelo PSrelativamente à questão da duraçãodos cargos políticos, nomeadamentenas funções executivas?No programa eleitoral fazemos também umaopção sobre essa matéria ao dizer que estamosdisponíveis para encarar a delimitação dosmandatos dos cargos executivos. Por isso, nãodevemos limitar esta questão aos autarcas, oque seria uma forma segregacionista deanalisá-la. O que está em jogo é o princípiorepublicano do carácter não vitalício dos cargospolíticos. Portanto, o princípio de renovaçãoelectiva dos mesmos deve ser muito bemdefinido em toda a sua dimensão. No programaeleitoral dizemos que deve haver limitação dosmandatos nos cargos de natureza executiva, efazemos uma referência concreta aos cargosda administração indirecta do Estado, aos

institutos públicos e às entidades públicasreguladoras às autoridades independentes derevelação, portanto à administraçãoindependente do Estado. Enquanto ministroda Reforma do Estado do anterior Governoapresentei à Assembleia da República uma leisobre os institutos públicos que limitava omandato dos órgãos dirigentes destes.Também no âmbito do anterior Executivo, umadas batalhas que se perdeu foi a batalha daregionalização, o que fez cair por terra todo oedifício jurídico que estava a ser construído paraa reforma da administração e do Estado emPortugal. Agora, o novo Governo aparece coma promessa da extinção dos governadores civis,sem que se veja ou anteveja uma proposta deuma autarquia a nível intermédio.

Como é que encara esta proposta doPSD de acabar com os governos civis?Esta proposta, como se viu, ficou-se pelaproclamação. Aliás, é público que foramnomeados governadores e que alguns foramdestacados dirigentes do PSD. Portanto, nessamatéria e vontade do PSD estamos conversados.Por outro lado, os governadores civis constamno texto constitucional, tal como consta aregionalização, e, na nossa proposta, aeliminação dos governadores civis era feita nasequência da consagração constitucional dasregiões administrativas. Deixava de fazersentido, havendo uma estrutura organizacionalterritorial e intermédia que houvessegovernadores civis, mas fazia sentido sim, eera a proposta que estava no textoconstitucional, vigente, a existência de umgovernador ou de um representante do Estadojunto da regiões. Governadores civis e de pendordistrital deixavam de fazer sentido com odesaparecimento do distrito enquantoautarquia, enquanto organização territorial.Com o surgimento de uma autarquia territorial-região, os valores desapareciam, mas haviaalguém que tinha funções de desconcentraçãojunto dessa autarquia regional.

Relativamente à comissão eleitoralpara a reforma do sistema políticoagora criada considera que estãocriadas as condições para se avançarmesmo para essa reforma?O grupo parlamentar e o Partido Socialistaderam o seu acordo à constituição dessacomissão. Creio que pode ser um organismosignificativo e importante para que, de ummodo especializado, os diversos gruposparlamentares discutam as questões que estãona ordem do dia relativamente à reforma dosistema político, independentemente daspropostas. A questão do sistema eleitoral, dofinanciamento dos partidos, a questão doestatuto dos partidos políticos, da limitação dosmandatos, a forma de exercício de democraciae a renovação da democracia são dossiersactuais e importante o que justifica espero, quese consigam resultados positivos no sentido deaprofundarmos a democracia. Não há limitespara o aprofundamento do regime democrático.Constatamos que nos nossos dias, ele éinterpelado e está a responder com dificuldadesaos novos movimentos sociais.A reforma dos parlamentos, dos partidos, dosistema político no seu todo é uma tarefaabsolutamente essencial e urgente. Espero, porisso, que todos os grupos parlamentaresassumam as suas responsabilidades e tenhamconsciência dessa necessidade.

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PRESIDENCIAIS FRANCESAS

O TRIUNFO DA DEMOCRACIA

INTERNACIONAL

A França respirou de alívio nopassado domingo, quando os

resultados da segunda volta daspresidenciais exorcizou o fantasmaantidemocrático que estremecera o

eleitorado afecto aos váriosquadrantes político-partidáriosdaquele país. Afinal, cinco anospassam depressa e o importante

era salvar a democracia.

A 21 de Abril, a nação francesa tremeu ao verJean-Marie Le Pen, candidato da FrenteNacional (FN), passar à segunda volta eleitoral,afastando o candidato socialista Lionel JospinDesde então, os franceses viveram numsobressalto e numa ansiedade inconformadaque os fez sair à rua quotidianamente paraprotestarem.O movimento popular culminou com ademonstração de força do 1º de Maio, em quemais de meio milhão de pessoas invadiram asprincipais artérias parisienses.Foi este contexto verdadeiramente excepcionalque criou condições para que o candidato dadireita tivesse sido (re)eleito com um resultadoesmagador e histórico que se viu.O candidato neogaullista do movimento RPR,Jacques Chirac, obteve 82,1 por cento dosvotos, enquanto o candidato da extrema-direitase ficou pelos 17,9 por cento, o que, apesar deter sido o melhor resultado obtido pela FN emeleições presidenciais, se situa muito aquémdas suas expectativas que apontavam para 30por cento.Na segunda volta das presidenciais, Le Pen nãoconseguiu um único voto que tivesse chegadodo exterior da órbita da extrema-direitafrancesa.Aquilo que foi qualificado de referendo contraLe Pen transformou-se num plebiscito em tornodo candidato da direita que bateu todos osrecordes da V República.Mas este resultado é qualificado por algunsanalistas políticos como �enganador�, uma vezque retira a Chirac a credibilidade dos númerosque o conduziram a mais cinco anos no Eliseu.O Presidente reeleito teve um triunfo amargo.O candidato neogaullista deve a sua estrondosavitória aos votos da esquerda, votos queideologicamente não lhe pertenciam, nem aoseu projecto.Chirac não teve, no passado domingo, razõesválidas para festejar de forma triunfal. O homemque grande parte da esquerda elegeu semocultar que votava no �escroque� para evitar operigo do �facho� viveu um dilema. Sabia quequanto mais expressiva fosse a sua vitória maiorseria o crédito das oposições de esquerda.Há quem diga que os grandes vencedores desteescrutínio excepcional foram a repúblicademocrática e o povo francês que, numrepentino despertar, reconheceu que se tinhaenganado na primeira volta, passandorapidamente à emenda do erro.

Para já, uma boa notícia para a democracia éque Le Pen, já com 74 anos, fez destas eleiçõeso último combate da sua vida. Dentro de cincoanos este animal político, de retóricaextremista e demagógica, estará já com umaidade que não lhe permitirá sonhar com oEliseu.

Esquerda em recuperação

Na Praça da Bastilha, milhares de pessoasfizeram a festa do alívio. O fantasma dototalitarismo tinha sido afugentado e a pátriada utopia, do sonho, e do �é proibido proibir�,

OLHARES DE FORARomano Prodi � presidente da Comissão EuropeiaA Europa é uma união de nações e de povos e o povo francês demonstrou, mais uma vez, quea sua nação pertence ao coração da Europa

Tony Blair � primeiro-ministro britânicoA reeleição de Jacques Chirac foi �uma vitória para a democracia e uma derrota para oextremismo e a política repugnante que representa Le Pen

Gerhard Schroeder � chanceler alemãoO povo francês rejeitou, sem ambiguidades, o extremismo [porque] uma política [como a deLe Pen] de demagogia, de desprezo pelos nossos valores comuns e de abandono da Europanão era um modelo de futuro

cumprindo a missão de exemplaridadeideológica que a França ilustrou durante quasedois séculos.O forte abalo político e cultural, que se fez sentirnas bases da sociedade francesa, com oanúncio da derrota e afastamento de Jospin e,sobretudo, com no inacreditável sucesso de LePen teve efeitos terapêuticos.A esquerda está a recompor-se do golpe daprimeira volta das presidenciais enquantoChirac se interroga, e com razão, sobre quantosdos seus votos eram genuínos e capazes de serepetirem, sinal inequívoco de que a novabatalha das legislativas começou.

As feridas que se abriram na mitologia deesquerda começam a ser tratadas, mas épreciso não esquecer que o fenómeno que sedeu na França não é nem é mais nem menosperigoso para a democracia que alguns outrosfenómenos do mesmo género na Europa.A esquerda deve assumir que foi surpreendidanas urnas, mas reivindicar que continua viva evigilante, disponível para o serviço da causapública. A prová-lo está a atitude de LionelJospin. O antigo primeiro-ministro, nãopodendo impedir a vitória do seu adversário ecom ela o triunfo da direita, cumpriu o deverdemocrático pedindo aos seus camaradassocialistas para barrar o caminho de Le Pen.Jospin não deixou de preservar o ainda possívelespaço da esquerda socialista que elerepresentou durante cinco anos de mortíferacoabitação institucional com a direita.Enquanto na Praça da Bastilha se juntavammilhares de jovens para celebrar a derrota LePen e o não francês às teses de discriminaçãoe de regressão da extrema-direita os líderes daesquerda do país da Revolução frisavam que areeleição de Jacques Chirac era �uma vitóriada República, e que a esquerda fez mais do queo seu dever no escrutínio�.Aguardemos agora pela terceira volta daspresidenciais, ou seja, vamos ver como fica aFrança depois das próximas legislativasmarcadas para Junho.

MARY RODRIGUES

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9 de Maio de 2002INTERNACIONALPRESIDENCIAIS FRANCESAS

LEITURAS SOCIALISTASDepois do sobressalto democrático

que pôs a França nas bocas domundo, é tempo de reflexão. Asatenções viram-se agora para aseleições legislativas que, já em

Junho próximo, definirão o perfilparlamentar francês.

O �Acção Socialista� ouviu asopiniões de alguns camaradas que

acompanharam o �fenómeno�eleitoral das presidenciais

francesas, regista as diferentesanálises e algumas ideias sobre o

futuro político do país daRevolução da liberdade, da

igualdade e da fraternidade.

Manuel Almeida, presidente da Federação doPS/França, seguiu a par e passo a formação,na rua, de �uma frente republicana�, após osresultados da primeira volta das presidenciaisfrancesas que apuraram Jacques Chirac eJean-Marie Le Pen, deixando a esquerda forada corrida.A calma voltou ao núcleo socialista e àsociedade francesa em geral no domingo,quando o povo escolheu o menor dos males, ocandidato neogaulista, afastando oextremista de direita, cujo discurso xenófoboe intolerante agudizou preocupações eansiedades na comunidade portuguesaimigrante em França.Segundo o camarada Manuel Almeida, �oresultado da segunda volta foi para além dasexpectativas, mesmo depois de todas asmanifestações que a esquerda organizou�.O �voto protestatário� contra Le Pen reelegeuesmagadoramente Chirac, mas a reconduçãodeste para cargo de Presidente da Repúblicaé �pouco legitimada�, considera o líder do PS/França, para quem a legitimação do mandato�acontecerá ou não nas próximas eleiçõeslegislativas�, e, se não acontecer, ou seja, sea esquerda conseguir uma maioriaparlamentar, �o rei ficará nú�.Mas, a batalha não se apresenta fácil, emboraseja possível uma nova coabitação no Eliseu.Afinal, �a esquerda reforçada demonstrou àdireita que não deve ser subestimada�.Manuel Almeida faz referência a uma sondagemrecente, apontando para 35 das intenções devoto favoráveis à esquerda unida e 38 por centopara a esquerda plural. Por isso, uma vitóriasocialista não está posta de parte.�Tudo dependerá das negociações�. As divisõesna ala esquerda do espectro político francêslevantam obstáculos a uma maioria de esquerdano parlamento embora não a impossibilite�,mas o camarada Manuel Almeida mostra-seconfiante numa �reacção pró-democrática afavor do PS e das forças da esquerda francesaque este aglutina à sua volta�.Afinal, explica, �o voto útil a favor do PS é aúnica alternativa à perigosa união da direita�,

e isso foi percebido e manifestado por muitosjovens, potenciais votantes à esquerda.

Tendência para o equilíbrio

Também a secretária-geral da JS, JamilaMadeira, sublinha a movimentação político-social que teve a juventude francesa comomotor.A líder da �jota� evidencia que foram as �geraçõesmais jovens que, desde Maio de 68, operaram aviragem à esquerda� na França, tendência essaque, afirma, se tem consolidado.�Foi com muito orgulho que assisti à mobilizaçãodo povo francês em defesa da causademocrática e republicana�, afirma a jovemlíder, reivindicando para a Juventude Socialistaum papel mobilizador no contexto políticonacional, �travando lutas por Portugal,gritando que a intolerância não é a nossapolítica e que é possível viver numa sociedadede liberdade, com preocupações sociais�.Olhando para o futuro próximo, Jamila Madeiranão exclui a hipótese de uma vitória daesquerda francesa nas eleições legislativas,explicando que na França, a segunda volta daspresidenciais deixa perceber a necessidade dese alcançar um certo equilíbrio no poder�.

Tudo em aberto

Para José Lamego, secretário nacional do

Partido Socialista para as relaçõesinternacionais, �tudo está em aberto naseleições francesas de Junho�.Manifestamente satisfeito com o isolamentoda Frente Nacional, Lamego não arriscaprognósticos para a próxima contenda eleitoralna França, embora acredite numa �recuperaçãorápida da esquerda�.Apesar de defender que o facto de JacquesChirac ter sido reeleito Presidente com votossocialistas e comunistas não retira legitimidadeao resultado estrondoso e histórico que esteconsegui no passado domingo, José Lamegoressalva que �quem votou no candidato dadireita mas é de esquerda não está obviamentecativo desse acto, podendo votar emconformidade com as suas convicções nopróximo sufrágio�.

Plebiscito diário

�A França demonstrou que há resultadoseleitorais imprevisíveis e inesperados�, constataCarlos Lage, o presidente da delegaçãoportuguesa do PS no Parlamento Europeu.E porque no mercado político podem surgirgrandes surpresas é preciso não esquecer que�a democracia é um plebiscito todos os dias�.O fenómeno francês deve ser, passado osobressalto, analisado em profundidade.�Esta emergência da extrema-direita napaisagem política europeia tem de ser motivo

de reflexão� por tratar-se de �um fenómenoque nos faz pensar sobre a natureza dassociedades dos nosso dias e nas ameaças quese levantam hoje contra a democracia�.Apesar de considerar que o regime democráticonão está posto em causa no Velho Continente,Carlos Lage assinala sérios sinais de que eledeve ser defendido e enriquecido.Quanto aos 82 por cento de votos que elegeramo Presidente que se sucede a si mesmo, o líderdos socialistas portugueses no PE afirma que,apesar das diferente leituras, é precisoreconhecer que Jacques Chirac teve �a maiorvitória eleitoral na história francesa� e que aderrota de Lionel Jospin �liquidou o modelopolítico de esquerda em França� que estedefendia.Olhando para a �terceira volta� eleitoralagendada para Junho, Carlos Lage consideraque �muito dificilmente haverá uma maioria deesquerda no Parlamento�.�Apesar de Chirac se ter reeleito com votossocialistas e comunistas, a sua vitória criou umelan positivo que lhe facilita a formação de umgoverno de centro-direita�, considera oeurodeputado, acrescentando que a longaexperiência da coabitação suscita dúvidas elevanta suspeitas sobre as vantagens da�ambiguidade política�, sem deixar de ressalvarque �a esquerda francesa dispõe ainda de fortesargumentos a seu favor�.

MARY RODRIGUES

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9 de Maio de 2002

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OPINIÃO

A REALIDADE E O SEU RETRATONuma simples frase, de forma clara e lapidar, a direcção parlamentar do PSD enunciou um princípiopolítico fundamental para o seu partido. A frase é a seguinte: �Quem ganha fica por cima e quem perdefica por baixo.� Foi proferida no contexto da discussão sobre a instalação física dos grupos parlamentaresno novo edifício da Assembleia da República, mas comporta um significado mais amplo de que a simplesvoracidade espacial que também exprime. É mais do que uma atitude, assume quase o lugar de umadoutrina. Não aponta apenas para a arrogância dos comportamentos, indicia já a inclemência dospoderosos para quem a espécie humana se divide em duas categorias, a dos vencedores e a dos vencidos.A uns a glória, a outros o opróbrio. Nesta projecção geométrica simplista e simbolicamente primáriarevela-se, afinal de contas, toda uma visão do mundo.É verdade que o PSD venceu as eleições e por essa via adquiriu legitimidade democrática para governare exercer o poder político nos termos constitucionalmente definidos. Obteve esse direito e contraiu essedever. Mas não deixa de ser curioso que, logo nas suas primeiras decisões, se tenha salientado, por umlado, pela insistência obsessiva na exteriorização desse poder e, por outro, na revogação imediata de umcompromisso eleitoral assumido para com os portugueses, o de não proceder ao aumento da cargafiscal. O PSD que acha que quem ganha fica por cima é o mesmo que entende que quem promete não temobrigação de cumprir. Revela mais afoiteza em ocupar novos gabinetes do que em concretizar o seuprojecto eleitoral. Convenhamos que esta não é a forma mais brilhante de alguém se iniciar no desempenhode funções governativas.Para tentar apagar esta mentira original da sua governação, o actual Executivo e os dois partidos que ointegram e apoiam, têm vindo a levar a cabo uma monumental campanha de propaganda política, assentenuma grosseira falsificação da história recente. É certo que em política as heranças são sempre pesadas,os trabalhos por definição hercúleos, as dificuldades naturalmente imensas e o génio de cada umpraticamente insuperável. Os que chegam, ofuscados pelo brilho da novidade e ainda embriagados peloprazer da vitória, tendem a pensar que tudo começa com eles. Mas mesmo partindo deste olhar indulgente,não podemos aceitar a retórica propagandística desta maioria de direita. O retrato que fazem de Portugalnão corresponde à realidade. O País está hoje, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vistaestritamente orçamental, melhor do que estava em 95. Se agora está de tanga, em que estado estariaentão? Exibindo despudoradamente um corpo à beira da inanidade?Sejamos sérios e exigentes. Não transformemos a luta política numa confrontação de deturpações ínvias

do passado mais próximo. Em seis anos de governaçãodo PS cometeram-se certamente vários erros, pelosquais já fomos aliás eleitoralmente penalizados. Masnos aspectos essenciais alcançamos os objectivospreconizados. Conduzimos o País ao núcleo dosestados fundadores do Euro, reforçamos o investimentopúblico, investimos fortemente na educação e naformação profissional, na ciência e na inovaçãotecnológicas, levamos a cabo uma política culturalséria e coerente, aumentámos o peso das despesassociais no conjunto da despesa pública e demos passossignificativos no processo de consolidação orçamental.Não podemos por isso mesmo assistir impavidamente aeste julgamento sumário que a direita nos quer fazer.Não permitiremos que nos imponham como oficial a suaversão falseada da história. Nem tão pouco poderão contarcom o nosso silêncio perante o incumprimento dos seuspróprios propósitos eleitorais ou a adopção de medidasque, no nosso entendimento, prejudiquem osportugueses. O País espera do PS uma oposição construtiva e responsável, mas igualmente firme e contundente.A democracia alimenta-se deste confronto que nenhum hipotético estado de graça deve atenuar sob pena deacentuar um certo estado de desgraça que tende a atingir quem acaba de perder eleições.Que o Governo governe sem subterfúgios nem álibis, que a oposição fiscalize e enuncie caminhosalternativos sem tibiezas nem complexos. Uns e outros tendo consciência de quão efémeras são asposições na vida política.É por isso mesmo que até para os actuais dirigentes parlamentares do PSD chegará o dia do arrependimentoem relação à atitude voraz e arrogante agora exibida na questão da distribuição de espaços pela AR.Resta-nos esperar pelo dia em que os elevadores avariem na AR. E, como sabemos, todos os elevadoresavariam um dia.

FRANCISCO ASSIS

VISTO DE BRUXELAS

A LIÇÃO QUE A FRANÇANOS DEIXA

Não temos cinco milhões de fascistas em França, temos sim cinco milhões de desesperados.Esta frase proferida, na campanha eleitoral, entre as duas voltas da eleição presidencial, colocouo dedo na ferida e ajudou a explicar o sucesso relativo da extrema-direita francesa naquelaeleição.Com a esmagadora vitória de Jacques Chirac poderá parecer que a acalmia e a tranquilidaderegressaram ao quotidiano político dos franceses.Mas tal não é inteiramente verdade.Depois do que se passou nas últimas semanas e seguramente do que ocorrerá como consequênciadesses acontecimentos políticos e sociais dentro de poucos dias, nada ficará como dantes.É pois importante que todos meditemos e nos preocupemos com isso.A inquietação social lançada por Le Pen e seus apoiantes não poderá repousar exclusivamentesobre os franceses, devendo envolver também todos os europeus que comungam ideais desolidariedade e coesão e desejam para a Europa uma Paz e um Desenvolvimento duradouros.Se assim não for, o desespero dos actuais cinco milhões de franceses pode transformar-se, acurto prazo, no desespero de muitos e muitos mais.De resto, não escasseiam infelizmente os indícios de que, aqui e além, podem estar a surgirformas larvares de contestação ou a reforçar-se modelos e projectos que visam, no essencial, pôrem causa o sistema de valores adquiridos nas sociedades democráticas e abertas que, não oesqueçamos, são os responsáveis por um período longo de Paz e Prosperidade no Continente.É hoje indisfarçável o divórcio existente entre os eleitos políticos e os eleitores que é supostoaqueles representarem.Uma parte significativa dos eleitores não se reconhece nos métodos e nos actos de alguns dosmais destacados interventores políticos.Por isso, se afasta, por isso se abstém, por isso, às vezes, vota contra o sistema.É esta a verdadeira razão do desespero a que aludia o cidadão francês que comecei por citar noinicio deste escrito.Com efeito, não há no plano económico razões profundas, para tão profunda contestação.O crescimento económico da Europa é positivo.A Europa não entrou em recessão como se temia, e as expectativas para os próximos anos (já apartir de 2003) aproximam esse crescimento do valor potencial reconhecido como mais saudável(3 por cento) sem grandes desequilíbrios macroeconómicos.O desemprego e a exclusão social têm sido contidos e combatidos com programas justos eadequados.É certo que se verifica ainda uma enorme incidência de desemprego, junto das camadas maisjovens, mas, especificamente para estes sectores sociais, têm vindo também a ser desenvolvidasas necessárias e adequadas políticas.O desespero dos europeus que é o verdadeiro caldo de cultura do avanço da extrema direita e

nalguns casos também (embora mais limitados) daextrema-esquerda, tem portanto outras e maiscomplexas causas.Não basta hoje dizer que esta ou aquela política éde esquerda ou é de direita, para que por essaforma simplista e simplificada possa ser vendida àadequada clientela eleitoral.Os cidadãos querem, fundamentalmente, ver os seusproblemas concretos resolvidos.E hoje os problemas concretos das pessoas nãosão exactamente os mesmos de há vinte anos atrás.Mais do que a riqueza e o rendimento de cada um,o que hoje marca é o desequilíbrio crescente entreos poucos que continuam a acumular e os muitosque, embora progredindo, se sentem cada vez maisafastados de uma justa repartição.O divórcio crescente entre eleitos e eleitoresassenta também na crise da autoridade do EstadoDemocrático, no artificialismo da vida política, noabandono de princípios e valores, mas também na insistência em manter padrões de comportamentoideológico, e exibir e lutar por bandeiras que hoje estão absolutamente ultrapassadas.E nesta brutal mutação de paradigma, tem sido a esquerda o espaço político que revela menorcapacidade de adaptação.Foi �arrepiante� ver reconhecido agora em França que, afinal, a consagração das 35 horas semanaiscomo horário de trabalho pode ter sido rejeitada por uma boa parte dos trabalhadores a quem erasuposto beneficiar.Como, aliás, já tinha sido �estranho� reconhecer em Portugal que a criação de um rendimentomínimo garantido pode ter provocado, junto dos sectores sociais beneficiados, um saldo negativode apoio eleitoral.Em contrapartida, a facilidade com que as direitas têm lidado com os fenómenos da insegurança,com as consequências da imigração, exigindo respeito absoluto pela legalidade e defendendo asadequadas políticas securitárias, constituem portas escancaradas para o exercício dos populismosmais ignóbeis e da fruição, a curto prazo, dos correspondentes resultados políticos.É também esta reflexão que deve ser feita, em toda a Europa (não podemos esquecer-nos queestamos à beira do alargamento político mais significativo que alguma vez se verificou no espaçoeuropeu), mas de igual modo em Portugal, onde nos próximos quatro anos não devem faltarespaços nem oportunidades para repensar estratégias e renovar identidades.

MANUEL DOS SANTOS

A inquietação social lançada por Le Pen e seus apoiantesnão poderá repousar exclusivamente sobre os franceses,

devendo envolver também todos os europeus que comungamideais de solidariedade e coesão e desejam para a Europa

uma Paz e um Desenvolvimento duradouros.

Sejamos sérios e exigentes. Não transformemos a luta política numaconfrontação de deturpações ínvias do passado mais próximo.

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9 de Maio de 2002PS EM MOVIMENTO

ARRUDA DOS VINHOS

CONCELHIADIZ QUE CÂMARA ESTÁ DE TANGA

PORTO

SÓCRATES DENUNCIATELENEGÓCIOJosé Sócrates denunciou a solução-negociataque o Governo tem preparada para a RTP. Oex-ministro considerou que a decisão deextinguir um dos dois canais da RTP é �umtelenegócio que interessa apenas à SIC e àTVI mas não serve a Portugal�.O ex-ministro socialista, que falava terça-feiranum debate promovido pela Comissão PolíticaConcelhia do PS/Porto sobre �a nova situaçãopolítica�, comentava assim as declarações doministro da Presidência, Nuno MoraisSarmento, que �falou não em privatizar oualterar o Canal 1 da RTP. Falou em eliminar,riscar do mapa�.�O ministro defendeu que a RTP deve deixarde lutar pelas audiências e publicidade, quepassaria integralmente para as televisõesprivadas, mas esqueceu-se de que o serviçopúblico não é uma mera formalidade e quesem audiências ele não existe�, afirmou.Sócrates passou em revista as gestões da RTPdesde os governos de Cavaco Silva até aosdias de hoje para concluir que todos tiveramculpas.Salientando que nunca lhe �passou pelacabeça que pudesse alguém agora quereragravar ainda mais os erros acabando com aRTP1�, defendeu que o PS tem de tomar umaposição totalmente contra essa decisão.

PS deve votarcontra o Orçamento Rectificativo

Por outro lado, José Sócrates reafirmou que oPS deve votar contra o OrçamentoRectificativo, uma vez que o PSD cometeu uma�fraude eleitoral ao subir os impostos depois

de ter passado a campanha a dizer que os iabaixar�.O ex-ministro do Ambiente disse que adecisão de aumento do IVA em dois pontospoderá �provocar uma crise económica comaumento da inflação, quebra dacompetitividade nacional e injustiça social�.�Face a tudo isto, o Orçamento só pode teruma avaliação crítica�, afirmou Sócrates, paraquem �o mandato do Governo é para encurtaras despesas e não para aumentar as receitas.Isso é o mais fácil�.Acusou ainda o Governo de �envergonharPortugal no estrangeiro, enquanto é Bruxelasque surge a defender o país e a dizer que ascontas públicas estão bem�, e garantiu queeste discurso traz �repercussõesinternacionais negativas�.�Quem quer apostar num país cujo primeiro-ministro diz que está de tanga e nabancarrota?�, perguntou.José Sócrates lembrou que Paulo Portas �disseque não concordava com aumentos do IVA etanto não concordava que já lá está�.Depois de defender que o PS deve ser �umpartido à altura destes tempos�, afirmou queele deve �seguir o seu rumo em frente, semdesvios à esquerda e à direita�, e apelou,ainda que implicitamente, a que não hajalutas internas no próximo congresso nacionaldo partido.�Temos de ter juizinho�, afirmou, dizendo que�contrariamente ao que se passa no PSD, ondea questão da liderança ainda está malresolvida, o PS resolveu o seu problema deliderança durante o período eleitoral e hojetem um líder�.

A Concelhia de Arruda dos Vinhos do PScriticou a gestão financeira da Câmara local,de maioria do PSD, afirmando que os níveisde endiv idamento da autarquia aosfornecedores permitem concluir que �omunicípio de Arruda está de tanga�.Os socialistas arrudenses referem que a Contade Gerência da Câmara de 2001, aprovadana Assembleia Municipal com os votosfavoráveis do PSD e da CDU, confirma asdenúncias que fizeram nos últimos anos de�total descontrolo financeiro� da autarquia.Segundo o presidente da Comissão Política

Concelhia do PS, Casimiro Ramos, �asd ív idas da Câmara a fornecedoresascendiam, em 31 de dezembro de 2001, a370 mil contos�, valor que constitui �maisde metade do que o município recebe doEstado por ano� e que ultrapassa largamenteos 160 mil contos registados em 2000.�Poder ia ser admiss ível um elevadoendividamento se o mesmo resultasse deobras realizadas, mas não é o caso�, explicaCasimiro Ramos, adiantando que as dívidasenvolvem, sobretudo, �a aquisição de bensde consumo e não investimento�.

Os socialistas de Arruda dos Vinhos referemainda que a Câmara �só executou oOrçamento de 2001 em cerca de 66 porcento, enquanto as despesas correntesvoltaram a registar um aumento de cerca de11 por cento�, acrescentando que �tal comoem 1999 e 2000, a falta de execução deobras co-financiadas, não só impossibilitamos munícipes de usufruírem dos seusserviços, como, do ponto de vista financeiro,a Câmara adiou mais uma vez receitas decerca de 700 mi l contos de fundoscomunitários�.

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OPINIÃO

OS CAMINHOSDA ESQUERDA

QUAL É A NOSSA VIA?Durante anos ouvi as vozes desconfiados apontarem para o �bom exemplo� de Lionel Jospin paracontrapor ao �estilo� de Guterres. E se, por acaso, alguém evocava Tony Blair, surgiam sorrisos dedesdém...Verdadeiramente: quer o PS �guterrista� quer o �New Labour� representavam �derivas de direita� nomovomento socialista/social-democrata. Era uma visão simplista e, por isso mesmo, redutora deolhar a vida política.O panorama é hoje diferente: quer Guterres quer Jospin �ouviram� o eleitorado e abandonaram ocombate. Abriu-se a tentação de questionar de novo, qual será o melhor dos caminhos. Uns, obviamente,pensam que é justando/atraindo esquerda à esquerda e outros insistindo na necessidade de prosseguiruma via própria - a �nossa via�! - de modo a saber responder aos conflitos de sempre e aos novosproblemas da sociedade. O clima é, aliás, propício: o PS perdeu eleitoralmente importantes posiçõesseja nas autarquias, seja na Administração Central, que deixou de comandar. A questão que se coloca- por enquanto, ainda sibilinamente - é a de saber se devemos promover uma �mudança radical�. E adireita está atenta aos mínimos gestos (o �coro� que se ouviu quando Ferro Rodrigues desceu, pormomentos, a Avenida da Liberdade ou quando foi saudar os trabalhadores agrupados na �Inter�, é apequena demonstração dessa atenção que os tenores da direita prestam ao PS...).A menos que haja um qualquer sobressalto, a direita vai durar. Temos, por isso, tempo paraaprofundarmos as nossas dúvidas e desenharmos um percurso. Daí que, até ao Congresso, haja, ameu ver, necessidade de se promover um debate aberto - como se está a fazer em Lisboa e no Portono âmbito das �concelhias� - que facilite a procura de um rumo. Sabemos todos que �os demóniosestão à solta� e que será preciso uma grande eficácia na oposição. Mas isso não poderá impedir-nosde fazermos a discussão fraterna. O combate necessário ao Governo não pode impedir-nos desermos exigentes.Parece-me, por ora, bastante claro que o PS se preocupou, nos anos em que foi governo, emenfrentar as questões sociais: a pobreza, a exclusão, a infância, a educação, a formação profissional,de algum modo, também, a saúde (particularmente na esfera do tratamento da Sida ou natoxicodependência).Os portugueses vivem hoje melhor do que em 95. E simultaneamente não se desarmou perante asobras públicas que arrastam as economias: é preciso dizer: com os governos do PS, Portugal cresceusempre!Temos, então, agora que defender aquele paradigma social, reflectir sobre outras opções.Mas para já é importante, talvez, reflectir sobre o �desastre� do PS francês. Que razões profundas

levaram, afinal, a esquerda a ter amargamente devotar um homem da direita? Dividiu-se! É a explicaçãomais fácil.O facto de ter subestima a direita do é, em minhaopinião, a razão pela qual o PS tombou à saída dasurnas. Até porque o �fenómeno� Le Pen estava lá eficou lá...Certamente que o que agora sucedeu em França - eque só distraídos não imaginaram, mas que homenscomo Jacques Juliard tinham pressessionado.... -irá fazer �correr muita tinta�. Para nós, porém,importa dizer que o �projecto� da �maioria plural� seesvaiu em lágrimas. Temos agora de pensar de outramaneira, e cumpre-me assinalar também que aqueles- �os do costume�! - que apontavam o exemplofrancês têm estado mais ou menos escondidos,porque, bem vistas as coisas, falharam...Talvez por isso, mesmo, recomendo que se preste mais atenção a Gordon Brown - o n.º 2 do �Lobour�- que se interessa pouco com o que se passa na Bósnia ou no Médio Oriente, mas que conseguiu pôrem marcha uma ampla reforma dos serviços públicos, recuperando a velha e boa ideia da �sociedadede bem-estar�.A dupla Blair/Brown está a fazer o que alguém já chamou de �revolução silenciosa�, mas que,teimosamente, alguns nossos camaradas não querem saber. Basta dizer, a título de exemploimediato, que pela primeira vez há na Grã-Bertanha um salário mínimo - coisa impensável nostempos do capitalismo �puro e duro�.Claro que não ignoro, também, os registos positivos de Jospin. Todavia, como diz Emmanuel Todd,a �sociedade francesa leva muitos anos a fugir da realidade�. Daí o fracasso, porqueindependentemente de tudo é o realismo que deve presidir às escolhas, nós, socialistas, sabemoso que não queremos, mas muitas - demasiadas vezes - não sabemos o que queremos. Chega aí a horade traduzirmos num corpo de ideias o que verdadeiramente vamos propor aos portugueses. Temostempo. É essa a nossa vantagem!Qual é a nossa via?.

JOSÉ SARAIVA

O crescimento eleitoral da extrema-direita pela Europa fora, e em especial em França, nãopode ser atribuído a uma falência dos partidos do sistema no tratamento das questões desegurança. A criminalidade crescente tem a sua importância, mas não explica a razão pelaqual pequenas comunidades rurais subtraídas ao fenómeno da violência urbana votarammassivamente em Le Pen.Totalmente grotesco é extraír desta sobrevalorização das questões securitárias que o Estado setem concentrado excessivamente nas suas funções �subsidiárias�, ou sociais, em detrimento dasditas funções �de soberania�, que caracterizavam o �Estado guarda-nocturno� do princípio doséculo passado, e cuja incapacidade para enquadrar a emergente sociedade de massas conduziuao êxito das doutrinas fascistas em quase todo o continente europeu.Explicação mais aceitável é a que responsabiliza a insegurança e a incerteza quanto ao futuro quelançam larguíssimas camadas sociais numa enorme ansiedade, à qual os partidos tradicionaisnão oferecem respostas satisfatórias. O radicalismo oferece respostas simples e esconjura omedo.A sobrevivência numa economia global, aberta e ultracompetitiva obriga - dizem-nos - aodesmantelamento do modelo de sociedade que a Europa edificou no pós-guerra.Essa fatalidade económica que pretende varrer a segurança no emprego, desmantelar o serviçonacional de saúde, privatizar a segurança social, flexibilizar os despedimentos tem, portanto, umnome: globalização.A julgar pelas enormes mobilizações de rua, e mesmo por alguns indicadores eleitorais, aglobalização ocupa cada vez mais espaço no centro do debate político e constitui uma das ideiasmais fortes que estruturam esse debate.No entanto, a globalização é uma abstracção: tem sido a esquerda a promover a associação entreo conceito e os males económicos, sociais e políticos de que todos têm uma percepção mais oumenos difusa.Poder-se-ia, assim, pensar que a função da esquerda seria, portanto, combater a globalização emnome de um qualquer regresso ao passado ou em nome de um modelo novo, alternativo, desociedade ou de organização económica.

No que me diz respeito, nenhuma das opções memerece grande consideração.Não interessa voltar à discussão sobre apossibilidade de uma alternativa ao capitalismo,agora na versão de globalização; como nãointeressa meditar sobre as ilusórias vantagens eas incomensuráveis desvantagens, económicas epolíticas, de um regresso ao proteccionismo.Não é a abertura dos mercados que põe em risco onosso modelo de sociedade, sabendo nós que ocomércio da União Europeia com as economiasasiáticas - modelos de desregulação - apenasrepresenta cerca de 3 ou 4 por cento da riquezaproduzida na Europa comunitária. Por outro lado,no mundo desenvolvido a economia assente embens transaccionáveis perde terreno - no seu valor- em relação aos serviços, estes por definição maisdifíceis ou impossíveis de �globalizar�. Narealidade, um corte de cabelo, por exemplo, não se pode exportar.A esquerda tem, porventura, dois caminhos mais frutuosos por diante. Um primeiro que consisteem desinsuflar o espectro da globalização, para subtrair a política a essa espécie de tutelaeconómica, a esse falso determinismo que nos priva de quaisquer escolhas sobre a sociedade emque queremos viver - e que serve os interesses de quem tem a ganhar com a desregulação ultra-liberal. O outro consiste em aprofundar a integração política e económica europeias, a uma escalaque devolva à democracia a sua preponderância sobre o poder económico, por forma a que aregulação dos mercados - direito da concorrência, política comercial, harmonização fiscal, fluxosfinanceiros - coloque o seu dinamismo ao serviço do interesse geral. Afinal, o que é o mercadocomum senão uma globalização continental, consumada e bem sucedida?

SÉRGIO SOUSA PINTO

Não interessa voltar à discussão sobre a possibilidade deuma alternativa ao capitalismo, agora na versão de

globalização; como não interessa meditar sobre as ilusóriasvantagens e as incomensuráveis desvantagens, económicas

e políticas, de um regresso ao proteccionismo.

A questão que se coloca - por enquanto, ainda sibilinamente- é a de saber se devemos promover uma �mudança radical�.

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9 de Maio de 2002NOTÍCIAS PS

VILA REAL

ARTUR VAZ LIDERAÚNICA LISTA CANDIDATA

À CONCELHIAA lista liderada por Artur Vaz é a únicacandidata às eleições para a ComissãoPolítica Concelhia do PS de Vila Real, que serealizam sexta-feira, entre as 18 e as 23horas.Ex-governador civil de Vila Real, Artur Vaz,de 53 anos, disse em conferência deImprensa que, depois dos resultadosnegativos obtidos pelo nosso partido nasúltimas eleições autárquicas e legislativas,chegou a hora de �dar espaço e voz a novosagentes e protagonistas, reorganizando eabrindo o partido às dinâmicas da sociedade�.Nas legislativas de Março, recorde-se, o PSD ganhou as eleições em 13 dos 14 concelhos dodistrito com 54,13 por cento dos votos, enquanto que o PS obteve 31,84 por cento dos votos.Artur Vaz quer que o PS se transforme numa �oposição responsável, mas exigente e afirmativa,em relação a quem governa o País e o concelho�.

Construção de uma nova alternativa

O objectivo é �transformar o partido no motor e dinâmica da construção de uma nova alternativa,para o desenvolvimento e afirmação da cidade e do concelho de Vila Real, em que o mesmopartido, o PSD, foi sempre maioritário, nos últimos 26 anos�.Na elaboração da lista, Artur Vaz procurou o contributo dos autarcas socialistas do concelho entrevereadores, deputados municipais e militantes das assembleias de freguesia, e o equilíbrio entrea continuidade e a renovação.Na lista do ex-governador civil encontram-se António Martinho, Miguel Costa Pinto, AdrianaCosta, Francisco Rocha, Carlos Almeida, Paulo Pomar.O responsável salientou que 61 por cento dos elementos que compõem a lista são militantes quenão faziam parte da anterior comissão política, e que a média de idades ronda os 42 anos.Artur Vaz já foi presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião e da Comissão PolíticaConcelhia daquele concelho, presidente da Federação Distrital do PS e desde 1995 até ao dia 30de Abril foi o governador civil do distrito.

AÇORES

PS EM DEFESA DOSINTERESSES DA REGIÃO

O Secretariado Regional do PS/Açores reafirma,num comunicado, que �assumirá, de formacontínua, firme e com sentido de justiça, a defesados interesses� da região.�O PS/Açores já o fez quando era o PS a terresponsabilidades no Governo da República, aonão hesitar, por exemplo, em classificar comoinsatisfatória a proposta de revisão da Lei dasFinanças Regionais�, refere o comunicado.�O PS/Açores não é como o PSD/Açores. Não temduas caras: protesta contra o que tem de protestar,elogia o que tem de elogiar, e fez, faz e fará isso,sempre na condição de partido que defendeu,defende e defenderá os interesses dos Açoresseja a favor ou contra quem for�, lê-se na nota àImprensa.Os socialistas açorianos exortam ainda o GovernoRegional a �prosseguir com firmeza e convicção asua acção em nome da defesa do desenvolvimento

das ilhas, a mudar os Açores, com a autoridadedemocrática que resulta da sua legitimidadeeleitoral, agindo serenamente contra aarrogância da oposição e o alarido que promove�.Por outro lado, os socialistas açorianosmanifestam-se favoráveis à manutenção da figurainstitucional do ministro da República, elogiandoas �qualidades humanas e políticas� do titular docargo, o conselheiro Sampaio da Nóvoa.Entretanto, o Secretariado Regional do PS/Açoresaprovou ainda a realização, no primeiro trimestrede 2003, do próximo Governo Regional ordinário,bem como um documento que integra um planode reestruturação do funcionamento do partidona região. Este plano visa melhorar a coordenaçãopolítica das diferentes frentes de actuaçãopartidária, cuidando, simultaneamente, daintensificação da sua acção aos níveis locais e defreguesia e de participação e audição social.

JUVENTUDE SOCIALISTA

FILIPE COSTACANDIDATA-SEÀ LIDERANÇA

MADEIRA

LUÍSA MENDONÇAÉ PRESIDENTE INTERINALuísa Mendonça, deputada à Assembleia Legislativa Regional e dirigente do PS-Madeira, é desdeo dia 5 a presidente interina do partido até ao próximo congresso extraordinário dos socialistasmadeirenses.A Comissão Regional aceitou a renúncia de José António Cardoso do cargo de líder do PS/Madeiraapós os maus resultados das últimas eleições autárquicas e legislativas nacionais.�Assumo as funções de presidente do partido porque nunca viro as costas ao partido�, disse LuísaMendonça no final dos trabalhos da Comissão Regional.A Comissão Regional vai reunir-se no próximo dia 19 de Maio para deliberar se o actual Secretariadose mantém ou se é eleito outro, decidir a data do congresso e criar uma comissão de gestão dopartido até à eleição do novo presidente dos socialistas madeirenses.

Filipe Costa, presidente da Federação da ÁreaUrbana de Lisboa (FAUL) da JS, vai avançarpara a corrida à liderança da JuventudeSocialista, tendo iniciado já a sua campanha.Nos contactos estabelecidos com diversasestruturas, Filipe Costa pronunciou-se nosentido de �relançar politicamente a JS�,estando �a construir uma candidatura�, porquefaz �uma apreciação crítica� ao actualSecretariado Nacional.�A JS tem que recuperar o seu espaço deintervenção política, abrindo-se aosmovimentos sociais em áreas como o ambiente,a globalização, a construção europeia efenómenos de emigração e integração,devendo também trabalhar mais activamente

no associativismo juvenil e estudantil�, disse.Filipe Costa, que diz contar com o apoio damaioria das federações da JS a nível nacional,pretende também apresentar uma agenda socialpara Portugal, com base nas preocupaçõessociais mas �de modo mais transversal�.Licenciado em Relações Internacionais eespecializado na vertente económica, ocandidato foi chefe de gabinete do ex- secretáriode Estado da Cultura, José Conde Rodrigues.Até agora, a única candidatura conhecida eraa da actual secretária-geral, a deputada JamilaMadeira.A escolha de um novo líder para a JS terá lugardurante o Congresso do PS, agendado para 21,22 e 23 de Junho.

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9 de Maio de 2002

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AUTARQUIASMELGAÇO

NOVO MUSEUDO CINEMAA autarquia socialista de Melgaço vai ter um espaço reservado à SétimaArte. O protocolo que institui a criação do Museu Municipal do CinemaJean Loup Passek foi assinado sábado, numa ocasião em que presidenteda câmara, Rui Solheiro, contextualizou esta aposta no esforçocontinuado pelo �melhoramento das condições de vida� de umapopulação e de uma região muito marcadas pelo fenómeno da emigração.

CÂMARA DO PORTO

PS CONTRA EXTINÇÃO DE PROJECTODE COMBATE À TOXICODEPENDÊNCIA

Os 11 mil habitantes de Melgaço preparam-separa entrar no circuito mundial do cinema. Nestavila do Alto Minho será instalado um museu quevai ter nome francês em reconhecimento ao�mecenas� que decidiu doar à terra que sempre oacolhe �calorosamente� o seu valioso espólio deobjectos relativos ao primeiro século de históriado cinematógrafo.O projecto anunciado pela edilidade de Melgaço,e que deverá ser uma realidade em 2003, pretendeser algo mais do que um simples local deexposição.Inserido numa �política mais vasta de dinamizaçãocultural da autarquia�, o Museu do Cinema deMelgaço juntar-se-á a outros dois núcleosmuseológicos e a um conjunto de estruturasdesportivas existentes no concelho, alargando,deste modo, o pacote de oferta cultural e turísticada região.

Rui Solheiro assegurou ao �Acção Socialista� queo nome do museu é a primeira garantia de que �aimportância deste equipamento vai ultrapassaras fronteiras locais�. O local deverá ser um �núcleovivo de animação�, tanto de todo o Alto Minhocomo do próprio País.Recorde-se que o espólio de Passek temcaracterísticas únicas no mundo da Sétima Arte.Por via da sua relação com o meio do cinema, ocoleccionador reuniu ao longo dos últimos 30 anosum espólio de perto de um milhão de fotografias(entre elas estão as imagens das 65 exposiçõesque organizou no Centro Pompidou), centenasde cartazes, inúmeros aparelhos da época anteriorao cinema (lanternas mágicas, por exemplo) einúmera documentação que inclui fotosautografadas por figuras como Charles Chaplin,Jules Dassin ou Melina Mercoury, chequesassinados por Raoul Walsh e James Stewart e

tantas outras raridades.Em declarações à Imprensa, Passek confidenciouque a sua colecção foi cobiçada por vários arquivosfranceses, e também pela Cinemateca Portuguesa.�Mas o meu desejo, desde o início, foi criar umpequeno museu sentimental e pessoal, numaterra pequena, para que ele fosse visitado apenaspor pessoas que se interessem verdadeiramentepelas memórias do cinema�. explicou ocoleccionador.Para acolher estes documentos preciosos, aCâmara de Melgaço adquiriu do Estado a antigacasa da Guarda Fiscal, junto à cerca da muralhamedieval, que vai agora entrar em obras derestauro, de modo a permitir a abertura do museuno decorrer do próximo ano.A ideia é, segundo Solheiro, �valorizar opatrimónio cultural� dando-lhe, ao mesmo tempo,um �óptimo enquadramento urbanístico�.Encarando o equipamento como pólo de

Os vereadores do PS da Câmara doPorto consideram um �erro

gravíssimo� a não renovação doContrato-Cidade de combate à

toxicodependência, um projecto queestava em curso há seis anos, com

excelentes resultados. Por isso,querem ver discutida esta questão na

reunião do Executivo da Câmara,agendada para o dia 21.

Apesar de o vice-presidente da autarquia, PauloMorais, já ter garantido que o Contrato-Cidadenão vai ser renovado, os socialistas requereramo agendamento desta questão, tendoanunciado sexta-feira, em comunicado, que oprotocolo seria analisado na reunião do dia 21.No requerimento assinado pela vereadorasocialista Isabel Oneto, o PS pretendia que fosseanalisada na reunião, à porta fechada, otrabalho desenvolvido nos últimos seis anosno âmbito do Contrato-Cidade e que fossevotada a renovação ou não do protocolo entrea Câmara, Governo e instituições de

solidariedade social envolvidas.Os autarcas socialistas queriam ainda, napresença de representantes daquelasinstituições, que fosse debatido o projecto damaioria PSD/CDS para os arrumadores e quefosse analisado o trabalho desenvolvido pelo�gabinete informal� que Paulo Morais terácriado para combater a toxicodependência.

Erro gravíssimo

Em declarações ao �Acção Socialista�, avereadora socialista Isabel Oneto considerou�gravíssimo interromper o projecto que estavaem curso há seis anos em troca de nada�.Isabel Oneto sublinhou, a propósito, que noâmbito do programa Contrato-Cidade funcionaum Observatório Permanente de Segurança,que, no último relatório referente ao ano 2001,destacou os resultados positivos alcançados,nomeadamente o aumento dos níveis dequalidade de vida, de saúde e de reinserçãosocial da população que frequenta o programa,�contribuindo assim de forma decisiva para a

diminuição dos comportamentos desviantes�.A autarca socialista teceu ainda duras críticas aoprograma de erradicação de arrumadoresapresentado pelo PSD. Segundo Isabel Oneto, oprograma, �para além de várias ilegalidades, éinconstitucional�, sublinhando que a filosofia quelhe está subjacente, e que assenta numaperspectiva �policial e autoritária, não se coadunacom o Estado de Direito, que tem regras�.O programa de Rui Rio para os arrumadores,ainda segundo a vereadora do PS, �carece deum suporte de enquadramento, uma vez quenão está inserido numa perspectiva global decombate à toxicodependência�.

PS é a primeira força política

Por outro lado, Isabel Oneto lembrou que �o PSé a força política com maior representatividadena Câmara, tendo por isso sempre uma palavraa dizer sobre os destinos da cidade�.Na Câmara do Porto, recorde-se, o PS é o partidocom maior número de vereadores eleitos, seis,contra quatro do PSD e dois do PP, enquanto a

CDU tem um vereador.O propósito do Executivo camarário de nãorenovar o programa Conttrato-Cidade mereceutambém duras críticas ex-vereadora da Câmara,a socialista Maria José Azevedo.Em declarações à Lusa, a ex-vereadora da AcçãoSocial e fundadora do Contrato-Cidademanifestou-se �indignada por se pôr cobroassim a um trabalho de seis anos, sem tentarmelhorá-lo ou aperfeiçoá-lo�.Recordando os elogios que o projecto e a suaexecução �sempre mereceram nos fórunsinternacionais, tendo mesmo servido de modelopara os planos de desenvolvimento lançadospelo anterior Governo em vários pontos do País�,Maria José Azevedo rejeitou liminarmente osfalsos argumentos de Paulo Morais de que eleficava demasiado caro à autarquia.�A Câmara paga por ano nem 14 mil contospara o Contrato-Cidade. O resto do dinheirovem todo da administração central, a quemcompete a prevenção e combate àtoxicodependência�, explicou a ex-autarca.

J. C. C. B.

atracção e desenvolvimento, o autarca socialistaprevê ainda �estreitar relações com clubes decinema� e encetar de �parcerias� com outrasedilidades, nomeadamente com a CâmaraMunicipal do Porto, com vista a alargar o projectoao âmbito regional.O projecto do museu aguarda agora luz verde doIPPAR, seguindo-se a fase de concurso públicode adjudicação das obras de requalificação, cujoarranque está previsto para o princípio de 2003.O orçamento para as obras é de 300 mil euros e ocusto final do equipamento deverá ascender a500 mil.Quanto a financiamentos, a autarquia vaiproceder à candidatura do projecto a váriosprogramas comunitários, mas Rui Solheiroassegurou ao �Acção Socialista� que, �mesmo semverbas europeias, o museu será uma realidadecom fundos próprios�.

MARY RODRIGUES

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9 de Maio de 2002POR FIM...

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Comemora-se hoje o Dia da Europa.

Com a presença de Jorge Sampaio, decorre em Nova Iorque a sessão especial conjuntaONU/UNICEF sobre os direitos da criança, reunião a que faltará Rosa Albernaz por nãoconcordar com os termos impostos pelo presidente da Assembleia República para asdeslocações dos deputados ao estrangeiro.

Na Assembleia da República vai-se discutir e votar o Orçamento Rectificativoapresentado pelo Governo.

Vicente Jorge Silva e Jorge Coelho são os oradores convidados para o segundocolóquio da concelhia de Lisboa sobre �O futuro do PS�, que terá lugar no próximodia 14 de Maio, às 21 horas, no auditório do novo edifício da Assembleia daRepública.

Tem lugar a reunião semanal do Secretariado Nacional.

O plenário do Parlamento Europeu reúne-se em Estrasburgo.

Medeiros Ferreira profere uma conferência sobre �Que política estrangeira para aEuropa� a ter lugar a 13 de Maio, às 18 horas, no Instituto Franco-Português emLisboa.

No âmbito dos �Encontros Consumo�, promovido pela DECO, realiza-se na próximaterça-feira um sessão sobre �Produtos financeiros com benefícios fiscais�.