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ÓRGˆO OFICIAL DO PARTIDO SOCIALISTA Director António JosØ Seguro Director-adjunto Silvino Gomes da Silva Internet www.ps.pt/accao E-mail [email protected] N” 1137 - Semanal 0,50 17 Janeiro 2002 SOCIALISTAS ELEGEM SEXTA E S`BADO NOVO SECRET`RIO- -GERAL ENTREVISTA A CARLOS TEIXEIRA UM AUTARCA PRÓXIMO DOS MUN˝CIPES A habitaçªo Ø o maior dos problemas em Loures. Por isso, atØ 2004, Carlos Teixeira quer acabar com os bairros clandestinos e mandar abaixo as barracas. Nos próximos quatro anos a aposta vai tambØm para a educaçªo e para a criaçªo de um agŒncia de desenvolvimento local que atraia industrias nªo poluentes. Para o novo presidente da Câmara de Loures, as obras de vulto que foram feitas no concelho devem- se à acçªo do Governo do PS e nªo ao trabalho dos anteriores executivos comunistas. A vantagem relativa de Loures Ø a proximidade com Lisboa e a grande qualidade das acessibilidades. Fª confesso de Ferro Rodrigues, vai empenhar-se na mobilizaçªo dos socialistas do concelho na batalha das legislativas, para levar o mais que provÆvel futuro líder do PS a primeiro-ministro. PÆgina 10 ALQUEVA MAIS UMA PROMESSA CUMPRIDA A ministra do Planeamento, Elisa Ferreira, assinalou a conclusªo dos trabalhos de construçªo do paredªo da barragem de Alqueva e deslocou-se à nova aldeia da Luz, para verificar a situaçªo dos acabamentos. As comportas devem ser fechadas para testes jÆ no próximo mŒs. Esta Ø uma obra que para sempre ficarÆ ligada aos governos do PS. PÆgina 15 TECNOLOGIA O ESTADO NA SOCIEDADE DE INFORMA˙ˆO O Governo continua apostado em modernizar a Administraçªo Pœblica atravØs do recurso generalizado às novas tecnologias de informaçªo. O œltimo Conselho de Ministros aprovou um conjunto de diplomas que efectivam a «Iniciativa Internet». PÆgina 13

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Ó R G Ã O O F I C I A L D O P A R T I D O S O C I A L I S T ADirector António José Seguro Director-adjunto Silvino Gomes da Silva

Internet www.ps.pt/accao E-mail [email protected]

Nº 1137 - Semanal0,50

17 Janeiro 2002

SOCIALISTASELEGEM

SEXTAE SÁBADO

NOVOSECRETÁRIO-

-GERALENTREVISTA A CARLOS TEIXEIRA

UM AUTARCAPRÓXIMO DOSMUNÍCIPESA habitação é o maior dos problemas em Loures. Porisso, até 2004, Carlos Teixeira quer acabar com osbairros clandestinos e mandar abaixo as barracas. Nospróximos quatro anos a aposta vai também para aeducação e para a criação de um agência dedesenvolvimento local que atraia industrias nãopoluentes. Para o novo presidente da Câmara de Loures,as obras de vulto que foram feitas no concelho devem-se à acção do Governo do PS e não ao trabalho dosanteriores executivos comunistas. A vantagem relativade Loures é a proximidade com Lisboa e a grandequalidade das acessibilidades.Fã confesso de Ferro Rodrigues, vai empenhar-se namobilização dos socialistas do concelho na batalhadas legislativas, para levar o mais que provável futurolíder do PS a primeiro-ministro. Página 10

ALQUEVA

MAIS UMA PROMESSACUMPRIDA

A ministra do Planeamento, Elisa Ferreira, assinalou a conclusão dos trabalhos de construção doparedão da barragem de Alqueva e deslocou-se à nova aldeia da Luz, para verificar a situação dosacabamentos. As comportas devem ser fechadas para testes já no próximo mês. Esta é uma obraque para sempre ficará ligada aos governos do PS. Página 15

TECNOLOGIA

O ESTADO NA SOCIEDADEDE INFORMAÇÃO

O Governo continua apostado em modernizar a Administração Pública através do recursogeneralizado às novas tecnologias de informação. O último Conselho de Ministros aprovou umconjunto de diplomas que efectivam a «Iniciativa Internet». Página 13

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17 de Janeiro 2002

A SEMANA REVISTADecorreram por todo o País sessões dos candidatos à liderança do PS. Ferro Rodrigues e Paulo Penedos reuniram-se com osmilitantes para apresentarem as suas ideias e discutirem o futuro do PS e de Portugal.

Ferro Rodrigues reuniu-se em Lisboa com independentes numa reedição dos Estados Gerais. A ideia é obter contributos para oPrograma de Governo que o PS vai apresentar ao eleitorado a 17 de Março.

A ministra do Planeamento esteve em Alqueva onde anunciou o calendário definitivo para o encerramento das comportas dabarragem e a data da transferência dos habitantes da Aldeia da Luz para a nova localidade. Longe os tempos do «construam-meporra», Alqueva é um marco da governação socialista.

Os ministros da Educação e da Cultura celebraram um protocolo que visa levar os jovens alunos das escolas portuguesas a visitaremas gravuras rupestres de Foz Côa.

As pulseiras electrónicas para os presos preventivos passaram a ser uma realidade e constituem uma medida que vai permitirobviar à superlotação das cadeias. A justiça em Portugal deu mais um passo na sua modernização.

O ministro da Defesa Nacional esteve em Timor onde ofereceu duas lanchas às autoridades do novo Estado. Timor, desígnionacional, conhece assim a efectiva solidariedade de Portugal.

Mário Soares presidiu à sessão do Parlamento Europeu que procedeu à eleição do seu novo presidente. Na intervenção que proferiuem Estrasburgo, o ex-Presidente da República deixou uma palavra de elogio a Nicole Fontaine.

O último relatório da OCDE diz que Portugal vai sair da fase de abrandamento económico mais cedo do que inicialmente se previa,de acordo, aliás, com as palavras de António Guterres na sua mensagem de Natal.

DURÃOBARRISO

� Porque é que te ris tanto,Zé Manel?!

� Então não é que o Cavacoacreditou mesmo que eu iaprivatizar a Caixa Geral deDepósitos!!!

FOTOMONTAGEM DE ANTÓNIO COLAÇO

A PARTIR DE FOTOGRAFIA DE ANA BAIÃO (EXPRESSO)

ACTUALIDADE

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«Gomes Mota foi um homem de convicções ede valores, com um invulgar sentido ético davida»

MÁRIO SOARES

José de Magalhães Saldanha Gomes Mota, queera oficial da Marinha de Guerra na reserva,teve o seu percurso marcado pela estreitacolaboração com Mário Soares, tendo dirigidoo MASP 1 e o MASP 2. Esteve ainda à frente docongresso «Portugal, que futuro?», em 1994,um importante contributo na denúncia dopseudo-oásis cavaquista.Licenciado em Económicas, em 1970, com amelhor classificação em todo o País, fez semprequestão antes do 25 de Abril de mostrar a suaoposição à ditadura.Em 1975, Gomes Mota esteve ao lado do Grupodos Nove contra o gonçalvismo, e foi no sótãoda sua casa que tiveram lugar reuniões onde sedebatia a forma de pôr travão à ascensão dasforças totalitárias.Põe fim à carreira militar e dedica-se comsucesso à vida empresarial mercê da sua

licenciatura em Economia, dos seus contactose do natural jeito para os negócios. Foi consultoreconómico e no mundo da Comunicação Socialdestacou-se como proprietário da revista«Negócios».Mas a vida de Gomes Mota acabou por ficarmarcada pelo apoio que deu às candidaturasde Mário Soares e Jorge Sampaio para aspresidenciais.Esteve à frente dos destinos da TAP duas vezes,até que entrou em conflito com o entãoprimeiro-ministro Cavaco Silva e, em 1984,abandonou definitivamente a administração dacompanhia aérea portuguesa.Gomes Mota chegou também a secretário deEstado da Cooperação e administrador deempresas públicas quando o PS estava no poder.Sempre ligado ao nosso partido, a sua filiaçãopartidária aconteceu só no final do ano 2000,com a ficha de adesão assinada por MárioSoares. Tinha o número 25.502, e militava naSecção do Bairro Alto.

J. C. C. B.

FALECEU GOMES MOTA

UM HOMEM DE ACÇÃOE DE CONVICÇÕES

ANTÓNIO JOSÉ SEGURO

Militar de Abril, lutador da democracia, economista, ex-conselheiro deEstado e principal responsável pelas campanhas presidenciais de Mário

Soares, o comandante Gomes Mota, que faleceu no sábado vítima dedoença prolongada, teve ainda um papel activo nas vitórias de Jorge

Sampaio e João Soares em Lisboa. Homem da liberdade e combatentepela consolidação da democracia, Gomes Mota contava 69 anos.

ACTUALIDADE

A família socialista vai a votos nos próximos dias 18 e 19 de Janeiro para eleger o 5º secretário-geral do PartidoSocialista, num clima de unidade e de estabilidade interna. Para os menos atentos isto era difícil de imaginarhá um mês, quando o PS obteve a sua primeira derrota da última década. Com efeito, após a demissão deAntónio Guterres e o previsível anúncio da dissolução do Parlamento pelo Presidente da República, os socialistassouberam colocar acima das suas opiniões pessoais o objectivo central de ganhar as próximas eleições legislativas.Este sentido de responsabilidade foi confirmado ao longo de duas semanas de campanha interna, onde osmilitantes e os amigos do PS se mobilizaram e encheram as salas em todos os distritos do País. Marcarampresença para expressarem o seu orgulho na obra feita mas também a sua crítica construtiva de quem temconsciência que tem de aprender com os próprios erros.Ao bota-abaixo da oposição, e em particular do PSD, os socialistas têm sabido responder com a consciência doserros cometidos e com o realismo de que o balanço da governação dos últimos seis anos é claramente positivo.Portugal está melhor do que estava em 1995. Os portugueses vivem melhor do que viviam em 1995. Mas paraque assim continue é necessário a continuação de políticas de mais rigor, mais determinação e mais afrontamentoaos interesses corporativos que se manifestam. A nossa tarefa não é a de prometermos sol na eira e chuva nonabal, mas a de utilizarmos uma linguagem de verdade para reforçar a relação de confiança com os portuguesese, através dela, mobilizar o país para continuarmos a convergir com os países da União Europeia, garantirmosmais e melhor emprego e mais e melhor qualidade de vida.Os portugueses esperam de nós propostas concretas que resolvam os problemas do seu dia-a-dia. São essaspropostas que vamos apresentar, obedecendo a uma coerência estratégica de sustentabilidade dodesenvolvimento de Portugal.Esta é uma tarefa que nos deve mobilizar a todos.

SENTIDO DERESPONSABILIDADE

Ao bota-abaixo da oposição, e em particular do PSD, ossocialistas têm sabido responder com a consciênciados erros cometidos e com o realismo de que o balançoda governação dos últimos seis anos é claramentepositivo.

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17 de Janeiro 2002O MILITANTE

EDUARDO QUINTA NOVA

AJUDARO PS

É AJUDARPORTUGAL

Reconhecer com humildade aquilo que não correu bem na acçãogovernativa do PS, apresentar projectos credíveis e falar com

verdade é a fórmula para a vitória na próxima contendaeleitoral. Uma visão defendida por Eduardo Quinta Nova, O

Militante que esta semana fala ao «Acção Socialista».Certo de que «quando estamos a ajudar o Partido Socialista a

ganhar eleições estamos também a ajudar os portugueses aterem um melhor quadro de vida e a termos um País com

melhores níveis de desenvolvimento», este militante está prontoe disponível para participar e colaborar activamente na

campanha do PS para as legislativas de 17 de Março.

Aos 34 anos, Eduardo Quinta Nova dáapoio jurídico na Comissão de Trabalho,Segurança Social e Saúde da Assembleiada República, é adido nas áreas deactuação da toxicopendência e dosnegócios estrangeiros, prestando aindacolaboração directa à direcção do GP/PS.A ligação deste jovem quadro ao PScomeça com o despertar da suaconsciência política, «ainda antes deentrar na faculdade». A filiação no partidodar-se-ia mais tarde, aos 22 anos, quandoentendeu que poderia colaborar e apoiarefectivamente o partido.De entre as razões que aponta para ainscrição no PS destaca a identificaçãocom os princípios e valores socialistas,assim como com tudo o que o partidodefendera antes e depois do 25 de Abril.O momento-chave da integração na grandefamília socialista aconteceu durante osegundo ano da faculdade, altura em entracomo funcionário da UGT (gabinetejurídico), onde teve contacto próximocom alguns dirigentes sindicais, quetambém eram dirigentes do PS,nomeadamente a deputada Elisa Damião,com quem trabalhou durante vários anose que lhe assinou a ficha de inscrição noPS.A noção de militante e de militânciamantém-na intocada na sua essência. «Omilitante tem direitos e obrigações numpartido», afirma Eduardo Quinta Nova,

que prefere focar a perspectiva dasobrigações.«Um militante deve estar disponível paraparticipar quer nas tarefas mais simplesquer nas tarefas partidárias maiscomplexas», observa, reconhecendo,porém, que os próprios partidos sofreramevoluções ao longo dos tempos.Referindo-se aos partidos «de eleitores»� que definiu como tendo uma menor cargaideológica �, Eduardo Quinta Nova realçoua sua proliferação, quer no panoramanacional quer internacional, contribuindode algum modo para a alteração do perfildo militante moderno.

Mãos à obra

Na vida partidária, Eduardo Quinta Novacomeçou a colaborar nas iniciativaspartidárias nas secções das suas diversasresidências.Mais recentemente, foi o candidatosocialista à presidência da freguesia deSão Marcos, uma das novas freguesias doconcelho de Sintra.Apesar de ter perdido a contenda eleitoral,o jurista não desarma e qualifica comoenriquecedora a vivência.Confrontado com a conjuntura partidáriados socialistas, este militante jovemassume não conhecer em particular PauloPenedos, nem tão-pouco as ideias por eledefendidas ou os projectos esboçados

enquanto candidato à liderança do PS.Quinta Nova considera saudável aexistência de vários candidatos à liderançado partido, mas não hesita em manifestartotal apoio à candidatura de Eduardo FerroRodrigues, cuja acção governativa nasáreas do trabalho e da solidariedadeacompanhou de perto.Descrevendo Ferro Rodrigues como «umhomem extremamente qualificado,competente e sério», Quinta Nova nãotem dúvidas de que o antigo ministro doTrabalho e da Solidariedade «reúne osrequisitos e as características para ser umbom líder do PS e para ser um bomprimeiro-ministro de todos osportugueses».A acção governativa de António Guterresmereceu uma avaliação «muito positiva»por parte deste militante, uma vez que,na sua opinião, o secretário-geral cessantecolocou em prática os valores e ideias doPartido, «nomeadamente os princípios dasolidariedade, da fraternidade esobretudo lançou as bases para umverdadeiro diálogo de concertação socialque não existia no País».Recusando-se a estabelecer comparaçõesentre Ferro Rodrigues e António Guterres,Quinta Nova chama a atenção, porém, paraa conjuntura difícil que ambos enfrentama nível internacional e que se reflectiu nasituação interna de Portugal.«Ferro Rodrigues está em melhorescondições do que qualquer outro líder dequalquer outro partido da oposição paraenfrentar os desafios que se perfilamdentro e fora das fronteiras do País»,afirma.Nas próximas eleições legislativas,Eduardo Quinta Nova espera um PS muitoactivo, aberto à participação daqueles quesejam militantes ou não, mas que queiramdar o seu contributo, um PS aberto ao

diálogo e capaz de fazer as grandesreformas estruturais que não foram feitasface ao quadro parlamentar de maioriarelativa com que teve de governar.Este algarvio de Monchique não questionaa vitória socialista nas próximaslegislativa, não só por estar confiante nagrande capacidade de liderança e deconcertação de Ferro Rodrigues, mastambém por considerar que o PSdemonstrou, ao longo dos últimos seisanos, que é um «partido com aptidão paragovernar», não obstante as grandesdificuldades que se lhe apresentaram,frisando que «a grande marca que oPartido Socialista» deixa como legado dasua acção governativa é «a marca dosocial».Os resultados de 16 de Dezembro não têm,para o jurista, uma leitura nacional.Embora adverso à ideia segundo a qual oeleitorado castigou o Governo socialista,confiando as autarquias à oposição,Quinta Nova não exclui que podem terhavido situações pontuais onde a inversãoda tendência de voto fosse punitiva daacção governativa do PS, mas aceita estacomo «a única explicação», apontandopara o cansaço do eleitorado e para anecessidade de renovação de projectos eideias.O acto eleitoral que se aproxima impõe,segundo o militante Eduardo Quinta Nova,a motivação dos militantes e simpatizantesdo PS, no sentido de apostarem edemonstrarem as diferenças, sem esqueceros valores fundamentais do socialismodemocrático, «colocando as pessoassempre em primeiro lugar» e«apresentando um programa de governocom soluções reais para problemasconcretos».

MARY RODRIGUES

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17 de Janeiro 2002ACTUALIDADE

CAMPANHA

FERRO PRECONIZA REFORÇODA COESÃO NACIONAL

O aprofundamento daspolíticas de coesão sociale nacional foi uma dasprioridades apontadas porFerro Rodrigues para umfuturo Governo do PS, emvárias acções de divulgaçãodas linhas gerais da suacandidatura a líder do PS,que registaram elevadaafluência de militantes.Sem escamotear algunserros cometidos ao longodestes seis anos, o putativolíder do PS aponta bateriasao «bota-abaixo» do PSDe garante que os socialistasnão cederão nas convicções.Acredita que a 17 de Marçoos portugueses vão darmaioria absoluta ao PS.

Numa reunião com militantes de Lisboa, no dia9 à noite, que juntou mais de mil camaradasnum hotel e que deixou largas centenas forada sala onde decorreu o encontro, o candidatoa secretário-geral do PS Ferro Rodriguesdefendeu o fim da eleição directa do lídersocialista e a limitação de mandatos nos órgãosdirigentes do partido, duas propostas querecolheram fortes aplausos da vasta plateia.No encontro, marcado pela elevada afluênciade militantes, o camarada Ferro Rodriguesencontrava-se ladeado pelos dirigentes do PSAntónio José Seguro, Paulo Pedroso, AntónioCosta e Edite Estrela.Na parte da sua intervenção centrada na vidainterna do partido, Ferro Rodrigues começoupor reconhecer que o congresso do ano passadono pavilhão Atlântico foi «uma oportunidadeperdida».«Mais valia não termos tido medo de discutirpropostas, mais valia termos confrontado osmilitantes com a imagem que o Governo tinha

de querer o poder a todo o custo (após aaprovação do Orçamento de Estado de 2001pelo deputado independente Daniel Campelo)»,disse Ferro Rodrigues.E acrescentou, por entre uma forte salva depalmas: «Mais valia termos discutido isso tudo,em vez de estarmos naquele congresso comonuma espécie de missa a bater palmas uns aosoutros, ou a assobiarmos de quemdiscordávamos».No congresso que se seguirá às eleiçõeslegislativas de Março, Ferro assegurou que«estará tudo em causa, todos os órgãos dopartido» e incluindo a sua liderança.Como ideias para mudar no interior do PS, oainda ministro do Equipamento Social dissequerer acabar com a eleição directa dosecretário-geral do partido, regressando aomodelo anterior em que o líder é eleito emcongresso pelos delegados.Ferro Rodrigues voltou a ser ovacionado pelosmilitantes socialistas quando estendeu a sua

ideia de limitar os mandatos dos cargos políticosexecutivos existentes no país aos lugares deâmbito partidário.

Secções que só funcionam paracongressos

«Os cargos partidários não são para uma pessoalá entrar e, depois, tudo fazer para que nuncamais de lá possa sair», comentou, antes devoltar a ser ovacionado pelos socialistas quandocriticou as secções do PS «que apenasfuncionam para congressos».«Também não podemos aceitar que hajapessoas que querem entrar no PS e não podem,só porque algumas secções do partido nãoquerem que eles entrem», protestou ainda ocandidato à sucessão de António Guterres naliderança dos socialistas.Durante a fase de debate com os militantessocialistas, houve sempre uma nota comum emtodas as intervenções: um claro e inequívoco

agradecimento por Ferro Rodrigues ter aceitecandidatar-se à liderança do PS num momentodifícil, após a derrota nas eleições autárquicas.Noutro registo, Ferro Rodrigues lançou umasérie de acusações ao «bota-abaixismo» do PSDe garantiu que os socialistas não cederão àssuas convicções face a interesses corporativos.Perante mais de mil militantes socialistas, ocandidato a líder do PS levantou a plateia naparte final do seu discurso, quando assegurouàs bases do seu partido que «não podemosceder mais nas nossas convicções, sejam quaisforem os interesses que tenhamos deenfrentar».Na sua intervenção, Ferro Rodrigues lamentoualguns avanços e recuos e erros cometidospelo Governo ao longo dos últimos seis anos,sublinhando, no entanto, que «muito seavançou no País» com os executivos chefiadospor António Guterres.«É preciso acabar com o �bota-abaixismo� doPSD. Reconhecemos erros e insuficiências, mas

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os nossos adversários têm de reconhecer omuito que se fez», disse, lembrando, apropósito, os sucessos de Guterres no III QuadroComunitário de Apoio, ao nível da políticaexterna e «nas conquistas de ordem social».«Temos de reconhecer as nossas hesitações,mas os nossos adversários também têm dereconhecer os progressos no pré-escolar e oaumento do número de jovens no EnsinoSuperior», acrescentou, antes de sustentar queos governos do PS também foram superioresaos de Cavaco Silva em áreas como as obraspúblicas, designadamente ao nível daconstrução de auto-estradas.

Bota-abaixismodo PSD

«Estamos fartos do bota-abaixo do PSD. Nãoqueremos baixa política, o insulto gratuito e apolitiquice», afirmou, contrapondo objectivosnacionais, como a coesão social, a convergênciareal de Portugal face aos seus parceiroseuropeus e o «restabelecimento da relação deconfiança entre eleitos e eleitores».Ferro Rodrigues acusou o PSD de poucas ounenhumas propostas para o país ter até agoraformulado.«Durão Barroso falou em privatizar a CaixaGeral de Depósitos, mas logo a seguir foiemendado por Cavaco Silva. Em matéria deziguezagues, na realidade, há quem tenhatelhados de vidro», comentou o candidato alíder do PS.Ferro Rodrigues, na sua intervenção, nãopoupou críticas à postura das forças de direitaem matéria de protecção social.«Portugal é um país de trabalho. Não é um paísem que uns trabalham e outros vivem dorendimento mínimo garantido, como a direitadiz», disse Ferro, antes de questionar o líderdo PSD sobre os motivos que o levam a quereracabar com a Lei de Bases da Segurança Social.«Já estou como o Jardel, do Sporting: por queserá», perguntou, depois de referir que, antesde os socialistas chegarem ao poder, «osgovernos do PSD usavam o sistema deSegurança Social para financiar a sua políticaorçamental, deixando o sistema quase entrarem colapso».

Encontrocom independentes

No âmbito da sua campanha, Ferro Rodriguesreuniu-se no dia 12 com cerca de 100personalidades independentes, a maior partedas quais tiveram papel de relevo nos EstadosGerais.Na reunião, na qual o candidato reconheceuque nos últimos anos «o PS se fechoudemasiado sobre si próprio», Ferro Rodriguesdebateu, sobretudo, três questões: comoaumentar o crescimento português de modo ahaver uma maior aproximação da média daUnião Europeia, como conseguir maior coesãonacional e como recuperar a confiança dosportugueses.No dia 12, num encontro com cerca de 250militantes de Aveiro, Ferro Rodrigues refutouem absoluto as teses catastrofistas do PSD.«Dizem que o País está à beira do abismo enão é essa a realidade», afirmou o candidato,acusando o PSD de estar a utilizar a «políticade terra queimada».Numa intervenção em que enumerou diversos«bons exemplos» da actuação do Governo em

diversas áreas, considerou que para o futuro«é necessário ir mais longe e com maiorexigência».Depois de Aveiro, Ferro Rodrigues esteve nodia 13 no Minho, onde mais uma vez recebeucalorosos apoios na sua corrida para o Rato edepois para São Bento.Em Paredes de Coura, Viana do Castelo, ocandidato a líder do PS acusou o PSD de teruma política ziguezagueante, e deu comoexemplo o caso da falada privatização da CaixaGeral de Depósitos.«Propuseram a privatização da Caixa Geral deDepósitos, mas rapidamente tiveram que voltarpara trás, mostrando que os ziguezagues, comeles, já começavam ainda na oposição, o queseria se estivessem no Governo», frisou.Ferro Rodrigues acusou a oposição de pautara sua actuação apenas pela «lógica do bota-abaixo, nada propondo de novo e tentandoapenas atacar e denegrir» aqueles quegovernaram Portugal nos últimos anos, nãose inibindo para isso de «falsear a imagem doPaís».«Até agora, os nossos adversários nadadisseram de diferente e de alternativo,limitando-se apenas a fizer aquilo com quevão acabar, como o Rendimento MínimoGarantido ou a Lei de Bases da SegurançaSocial», criticou Ferro Rodrigues.«É extraordinário que, ao mesmo tempo quedizem que querem revogar a Lei de Bases daSegurança Social, para que haja apossibilidade de descontar menos para osistema público e mais para os sistemaprivados, dizem também que queremaumentar as pensões. Mas como é que isso

seria possível?», questionou.«A mudança da lei teria custos graves tantopara os pensionistas de hoje como para os deamanhã», acrescentou.Ferro Rodrigues voltou a pedir uma maioriaabsoluta para o PS nas legislativas de Março,por considerar que só assim será possívelgovernar o País «sem estar à mercê de ataquesconcertados da oposição, assentes, apenas esó, numa política do bota-abaixo».«Não queremos para o futuro de Portugal osque foram derrotados em 1995, os que nãofizeram nenhuma das chamadas reformas defundo quando tiveram maioria absoluta», disseainda Ferro Rodrigues, acrescentando que «ofuturo não se constrói com ideias do passado».Depois de Paredes de Coura, rumou até Braga,onde numa reunião no Parque de Exposições,promovida pela Federação Distrital do PS coma presença de mil militantes, pediu umamaioria absoluta e prometeu governar comfirmeza e determinação.Ferro Rodrigues voltou a criticar as propostasabsurdas de Durão Barroso de apenas saberdizer mal do PS e de fazer propostas absurdascomo a da privatização da Caixa Geral deDepósitos, que «teve que meter ao bolso depoisde Cavaco Silva ter dito que não era bemassim».O candidato à sucessão de António Guterresna liderança do PS considerou que o PSD querextinguir o Rendimento Mínimo Garantido e aLei de Bases de Segurança Social, que,segundo ele, foi concebida de modo a garantira sustentabilidade financeira do sistema.«O PSD diz coisas graves e falsas que são lidasno estrangeiro e que podem ter uma influência

negativa na economia portuguesa», afirmou,negando que exista uma crise grave nasfinanças públicas portuguesas.Ferro Rodrigues elogiou depois a acção deAntónio Guterres, lembrando a sua boaprestação na presidência portuguesa da UniãoEuropeia, os milhares de quilómetros de auto-estrada construídos em seis anos, o aumentodas verbas para as autarquias e a luta contraa toxicodependência.O candidato prometeu bater-se por uma gestãofinanceira de rigor, por uma sistema de justiçamoderno e eficaz, pela modernização daadministração pública, pelo equilíbrioterritorial entre o litoral e o interior e peladescentralização administrativa.Garantiu que, se for eleito primeiro-ministro,vai enfrentar os problemas da saúde eintroduzir os medicamentos genéricos mesmoque seja necessário afrontar os «lobbies» dosector e continuar uma política de coesãosocial.Quanto à fiscalidade, Ferro Rodriguesdefendeu que o sistema tem de ser justo, demodo a que todos paguem os seus impostos.Em termos de organização interna, ocandidato ao cargo de secretário-geral do PSgarantiu que, aconteça o que acontecer naseleições legislativas, o partido fará um grandedebate político num Congresso a convocaroportunamente.No final da intervenção, Ferro Rodrigues foielogiado por um grande número deintervenientes, que lhe colocaram diversasquestões sobre a governação socialista.

J. C. CASTELO BRANCO

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17 de Janeiro 2002OPINIÃO

Em Braga, na sede da Federação, no dia12, perante uma assembleia de oitomilitantes, Paulo Penedos criticou areunião de Ferro Rodrigues compersonalidades independentes, referindoque esta iniciativa não contribuiu pararestituir a confiança aos militantes do PS.«Os militantes precisam que lhes sejadevolvido o orgulho, pelo que aprioridade deveria ser a de os ouvir»,afirmou, considerando que a tentativa dereedição dos Estados Gerais não ésuficiente para renovar o partido.Penedos defendeu a necessidade urgentede renovação, através de quadros jovense de debate interno, alertando que «seisso não acontecer agora, poderemos terque fazer uma nova travessia do deserto».Disse que se candidata porque énecessário que os socialistas não selimitem a votar em Ferro Rodrigues, semque nada do que se passou tenha sidoalterado, e classificou as suas propostascomo sendo de «descarga de consciências»ou como uma «pedrada no charco».Depois de passar em revista algumas dasquestões que afectaram a imagem doGoverno socialista, como a da reformafiscal, da lei da alcoolemia e doscomissários regionais, concluiu que «ossucessivos avanços e recuos de Guterresforam fatais».Sustentou que os acordos feitos com oautarca de Ponte de Lima, Daniel Campelo,contribuíram para desacreditar a ideia decírculos uninominais, já que o eleitorado,a exemplo do que sucedeu no referendosobre a regionalização, teme agora que,com os círculos, seja necessário fazerorçamentos à medida de três ou quatrodeputados.Voltou a defender a reforma doparlamento e a criação de uma segundaCâmara, um Senado, que poderia agregarpersonalidades da vida política nacional,e que serviria para debater as prioridadesnacionais de médio e longo prazo.No plano interno, considerou fundamentalque se realizem eleições internas para assecções concelhias e para as federações,de modo a que o próximo Congresso não

Paulo Penedos está noterreno a fazer a sua

campanha para secretário-geral do PS. Perante

reduzidas plateias, o autarcade Vila Nova de Poiares tem

disparado em todas asdirecções. Críticas à

estratégia do Governo, aoaparelho do partido, a

Guterres e a Ferro Rodrigues,a vários membros do

Governo, aos Estados-Geraise à co-incineração marcaram

as suas intervenções.

CAMPANHA

PENEDOS DISPARAEM TODAS AS DIRECÇÕEStenha os protagonistas actuais, que sãoos responsáveis pela crise no PS.

Co-incineração

Já em Coimbra, no dia 13, Paulo Penedosapelou ao seu camarada Ferro Rodriguespara rever a sua posição em relação à co-incineração de resíduos industriais, queclassificou como um «erro políticograve».«Ferro Rodrigues prejudicou, de formainsuportável, a maneira como os nossoscandidatos nos círculos eleitorais deCoimbra e de Setúbal se vão apresentaraos eleitores», afirmou.«A lesão que a co-incineração provocouna auto-estima de Coimbra é muitogrande. Foi a gota que fez transbordar ocopo em relação a Manuel Machado»,sustentou o jovem advogado, naturaldesta cidade.Para o candidato à liderança do PS, adecisão governamental de co-incinerar osresíduos nas cimenteiras de Souselas(Coimbra) e do Outão (Setúbal)«concorreu em muito para os maus

resultados» dos socialistas nos doismunicípios.«O PS devia rever a sua política deambiente em vez de persistir na atitudeautista de optar pela co-incineração»,defendeu ainda Paulo Penedos, observandoque este processo de tratamento dosresíduos «não é uma verdade científicaabsoluta».

Tratamento de choque

Em Lisboa, dia 14 à noite, em mais umasessão de esclarecimento, Penedosdefendeu que o partido está a «precisarde um tratamento de choque» nas suasestruturas e criticou o aparelho socialistapor não ter convocado um congressonacional pré-legislativas.Na sua intervenção, perante umaaudiência de 20 militantes, não poupoucríticas à actuação do Governo em diversasmatérias, ao aparelho socialista e tambémao ainda ministro do Equipamento Social.O candidato a líder do PS referiu que «épreciso devolver a dignidade aosmilitantes e quadros do PS» e definir

dentro dos estatutos do partido «umestatuto para os independentes», quepoderão assumir a qualidade «deobservadores».Paulo Penedos criticou o aparelhosocialista e a candidatura de FerroRodrigues por terem optado pela via daconvenção, e não de um congressonacional, para a escolha do próximosecretário-geral socialista, acusando-os dequererem fugir «ao debate político internodo partido».Sobre as reformas necessárias ao País, ocandidato voltou a bater na tecla da co-incineração, criticando a «teimosia de ummembro do Governo» de querer levar emfrente a co-incineração mesmo contra ointeresse das populações.Criticou também o Executivo por «não terido até ao fim» na reforma fiscal.«Tínhamos que ter aguentado até ao fim.O PS não tem de temer fazer uma reformafiscal só porque Belmiro de Azevedo dizque muda a sede da sua empresa para aHolanda», disse.

J. C. CASTELO BRANCO

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CONVENÇÃOCOM PODERES REVOGATÓRIOS

JS CONDENA

COMPORTAMENTOINQUISITORIALDE DIRIGENTE DA JSDA Juventude Socialista está indignada com o com-portamento intolerante e inquisitorial de um diri-gente da JSD, de seu nome Santos Rosa, uma es-pécie de Diácono Remédios, que ultrapassou todosos limites da sua mentalidade ultramontana, aotomar posição, através de um cartaz, sobre aorientação sexual de alguns dos seus colegas.Um lamentável acontecimento que levou a JS acondenar «com profunda indignação» ocomportamento deste ex-dirigente da Associaçãode Estudantes do Técnico.De acordo com uma notícia do jornal «Público»,João Santos Rosa, ex-dirigente da Associação deEstudantes do Instituto Superior Técnico eactualmente, pasme-se, membro do gabinete deestudos do PSD, assumiu ter colocado um cartazno qual acusa alguns dos seus críticos naqueleestabelecimento de ensino de preferênciashomossexuais.Recorde-se que Santos Rosa deu a cara poralgumas iniciativas mediáticas da Associação deEstudantes, nomeadamente em campanhascontra a insegurança e na publicação de umanúncio com a fotografia do primeiro-ministro,António Guterres, recordando ter sido ele tambémaluno daquele estabelecimento de ensino.«É um afrontamento aos mais elementaresdireitos, liberdades e garantias», disse JamilaMadeira, secretária-geral da JS, que desafiouDurão Barroso a renovar a confiança política emSantos Rosa «mantendo-o a preparar a políticade juventude do PSD».

Programa político da JS

A líder da JS acrescentou que a sua organizaçãocontinua desde Agosto a aguardar uma respostada JSD sobre se esta organização juvenil concordacom a proposta de aumento de propinas feitapelo líder do partido, Durão Barroso.Entretanto, a JS anunciou a realização de um en-contro com militantes e não militantes, a ocorrerapós a eleição do secretário-geral do PS, paradesta forma contribuir com propostas para a áreapolítica de juventude do programa de Governo.

BARREIRO

EMÍDIO XAVIER TOMOU POSSE

ALGARVE

PS ACUSA PCP DE SER BENGALA DO PSD

PS EM MOVIMENTO

A Convenção Nacional do PS, agendada paradia 26, em Lisboa, vai ter poderes para revogara moção de estratégia de António Guterres,apesar de esta ter sido aprovada em congresso

para vigorar até 2003.A posição foi assumida pelo ex-ministro daJustiça e presidente da comissão organizadorada Convenção Nacional do PS, Vera Jardim.

Embora segundo os estatutos do PS, nenhumadecisão tomada em convenção possa prevalecerem relação a medidas aprovadas em congresso- o órgão máximo do partido - a situação geradapela demissão de António Guterres do cargo desecretário-geral terá aberto uma situaçãoexcepcional. «A moção aprovada no últimocongresso do PS (de António Guterres), no anopassado, será revogada, na medida em que vaihaver uma nova eleição para o cargo secretário-geral do partido», sustentou Vera Jardim.«Na medida em que os militantes vão escolherum novo secretário-geral (nos dias 18 e 19 deste

mês), terá também de ser aprovada uma novamoção de estratégia», acrescentou o ex-ministro da Justiça.Segundo Vera Jardim, a moção de estratégiado novo líder do PS será o único documentoque a Convenção Nacional do PS terá paraaprovar.Na Convenção do PS, aberta a todos osmilitantes, o direito de voto será exercido peloscamaradas que exercem funções em órgãosnacionais, federativos e concelhios do partido,de deputado na Assembleia da República, demembro do Governo ou de autarquias.

O Barreiro, um dos mais emblemáticos bastiões do PCP, caiu nasúltimas autárquicas. À frente dos destinos do Barreiro está agora osocialista Emídio Xavier, que tomou posse na passada sexta-feira.Emídio Xavier, que elegeu como prioridade a recuperação da frenteribeirinha do concelho, assume a liderança da autarquia oito anosdepois de ter retirado a maioria absoluta à coligação PCP/PEV.Desde 1976 que os comunistas governavam o concelho, mas semmaioria absoluta desde as autárquicas de 1993.Em Dezembro passado, o PS obteve na eleição para a Câmara

Municipal 41,27 por cento dos votos (quatro mandatos), contra40,27 por cento da CDU (quatro mandatos) e 10,44 por cento doPSD (um mandato).Como principais objectivos do seu mandato, Xavier propõe-seavançar com obras da responsabilidade do Governo reivindicadaspelo executivo comunista, como a construção da passagemdesnivelada da Recosta e da estação de tratamento de esgotos doBarreiro/Moita/QUIMIPARQUE e a recuperação da frenteribeirinha.

O PS/Algarve acusou o PCP de ser «a bengala» do PSD na região, ao elegero PSD como aliado preferencial e os socialistas como «principais adversáriospolíticos». O PCP, definitivamente, não muda, e continua a fazeralegremente o jogo da direita.Em conferência de Imprensa realizada em Faro, o presidente da Federaçãodo Algarve do PS, camarada José Apolinário, criticou o afastamento doscomunistas relativamente a hipotéticos entendimentos com o PS,nomeadamente nas últimas autárquicas.«Houve propostas locais de entendimento eleitoral por parte do PartidoSocialista, como foi o caso de Lagos, em que o PCP declaradamente seafastou», disse.Referindo o «enfoque social» do Partido Socialista, designadamente noscasos do Rendimento Mínimo Garantido e da reforma da Segurança Social,o líder socialista algarvio considerou que «não faz sentido a ponteestabelecida entre o PCP e a direita política», que classificou de «anómala».«Na região, o PCP não pode ser a bengala do PS, porque o seu principal

aliado é o PSD», frisou, recordando o discurso de Carlos Carvalhas emSines, segundo o qual o PCP se recusa a ser «a bengala» do PS para efeitosde formação de Governo.Na conferência de imprensa, a Federação do PS/Algarve considerou queos recentes acontecimentos da vida política portuguesa «vieraminterromper um vasto programa de descentralização e desconcentração»,mas manifestou-se esperançada que o processo seja retomado «pelo novoGoverno socialista que sairá das eleições de 17 de Março».Nesse sentido, revelou que vai propor a Ferro Rodrigues, candidato asecretário-geral do PS, medidas descentralizadoras a tomar no caso deformar Governo.A gestão pelos serviços desconcentrados dos recursos financeirosincluídos no Orçamento regionalizado e um programa de transferênciade competências a curto prazo das direcções gerais para as direcçõesregionais são algumas das medidas que o PS/Alagrve vai propor a FerroRodrigues.

BENELUX

FEDERAÇÃO MANIFESTA TOTAL APOIO A FERROA Comissão Política da Federação do PS/Benelux manifestou o seu«total apoio» à candidatura de Ferro Rodrigues a secretário-geraldo PS e a primeiro-ministro.Reunida em Roterdão, a Federação do Benelux aprovou tambémpor unanimidade a candidatura pelo círculo da Europa do deputadoPaulo Pisco às próximas eleições legislativas.Num comunicado, os socialistas do Benelux manifestaram ainda oseu reconhecimento a António Guterres pelo seu «inestimávelcontributo para o desenvolvimento do País para a criação de uma

nova cultura democrática na sociedade portuguesa e pelas vitóriasque ao longo de 10 anos deu ao PS».Noutro plano, e em caso de vitória eleitoral, o PS/Benelux exorta opróximo primeiro-ministro a executar «sem hesitações nemambiguidades» as reformas de que o País precisa, designadamenteem áreas como a saúde, administração pública e saúde.Na área da emigração, esta estrutura socialista defende que o futuroGoverno «dê mais visibilidade e operacionalidade às políticas paraas comunidades».

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17 de Janeiro 2002ENTREVISTA

Ainda está na fase de transição para estenovo espaço ou já se instalou no gabinetede presidente da Câmara de Loures?Depois de 22 anos de gestão de outra forçapartidária, não tem sido fácil entrar dentro dosmeandros da organização que foi feita ao longode todo este período de tempo. O gabineteestava completamente vazio, não havia umapasta, não havia um manual de informaçõesda rede de telefones interna. De qualquermaneira, eu fui informado que isto ia ser assim.Não havia sequer uma pessoa de apoio, umaúnica secretaria da presidência, pelo menos aatender telefones, durante os primeiros diasda transição.

Como é que foi feita a passagem dos«dossiers» correntes da anterior da gestãomunicipal?Fizemos uma reunião na véspera da tomada deposse. Nessa reunião com o Presidentecessante, abordamos durante cerca de umahora os grandes temas em discussão, foi umaabordagem superficial onde tivemosoportunidade de saber grosso modo como ascoisas estavam. Apenas uma abordagem, nãoficou qualquer «dossier» em posse do actualpresidente, que sou eu. Agora temos quechamar a nós todas essas situações em funçãoda coisas que vão aparecendo.

Quais são os principais problemas do seuconcelho?O grande problema deste concelho são osbairros de génese ilegal. Nós temosidentificados mais de 180 bairros de géneseilegal, sendo que mais de 33 por cento dasfamílias do concelho habitam nestes bairros.Alguns têm infra-estruturas básicas, outros nãoas têm. O grande problema que se põe com osbairros de génese ilegal é a impossibilidadedas pessoas concluirem as suas casas, outrosde recorrerem a empréstimos bancários, outrosda transcrição da propriedade. Outra situaçãograve é a dos núcleos de barracas que aindaexistem no concelho, designadamente na

NOVO PRESIDENTE DA CÂMARA DE LOURES

FÃ DE FERRO

A habitação é o maior dosproblemas em Loures. Por isso, até

2004, Carlos Teixeira quer acabarcom os bairros clandestinos e

mandar abaixo as barracas. Nospróximos quatro anos a aposta vai

também para a educação e para acriação de um agência de

desenvolvimento local que atraiaindustrias não poluentes. Para o

novo presidente da Câmara deLoures, as obras de vulto que

foram feitas no concelho devem-seà acção do Governo do PS e não aotrabalho dos anteriores executivos

comunistas. A vantagem relativade Loures é a proximidade com

Lisboa e a grande qualidade dasacessibilidades.

Fã confesso de Ferro Rodrigues, vaiempenhar-se na mobilização dos

socialistas do concelho na batalhadas legislativas, para levar o mais

que provável futuro líder do PS aprimeiro-ministro.

Quinta da Vitória, no Prior Velho e emCamarate. Estas são situações que urgemresolver e dar dignidade às populações desteconcelho. Estes núcleos de barracas não estãoinseridos nos 33 por cento das pessoas quevivem nos bairros de génese ilegal, aos 33 porcento acresce, portanto, todo este problema.Estes são dois problemas a atacar desde já.Temos problemas de abastecimento de água aalguns destes bairros, problemas desaneamento, de falta de infrestruturasculturais, desportivas. O concelho é muitocarenciado em quase tudo. Não há um únicohotel no concelho de Loures, o quinto maiorconcelho do país não tem uma única unidadehoteleira. O concelho está muito atrasado e foimuito esquecido por todos nestas duas últimasdécadas.

Com essa discrição, também aqui se podeconstatar que a excelência da gestãocomunista não passava de um mito. Averificação prática é a de que não há obra?Isso é uma verdade. Criou-se uma mística queos autarcas comunistas eram os melhores.Segundo os analistas havia algum interesse doPSD e até do PS em dizer, sabendo que oscomunistas nunca entrariam na governação,de dizer o governo é para o PS e para o PSD, eas autarquias para o Partido Comunista que elessão bons nisso. E eles aproveitaram bem essaatitude dos partidos do poder e utilizaram-namuito bem. Regra geral, a maior parte dosmunicípios geridos pelo PCP entraram apenasna fase de publicitar uma ou outra obra que iasendo feita. No caso de Loures, as obras feitas

nos últimos anos foram realizadas pelo podercentral. E tiram sempre proveito dessas obras.Nomeadamente as redes viárias, o tribunal, ealgumas obras de carisma como a bibliotecaJosé Saramago teve uma participação daCâmara. Mas, as grandes obras foram semprecomparticipadas. Reconheço que nos primeirosanos, na década de oitenta se fizeram algumasescolas, centros de dias, parques infantis, istofoi nos primeiros seis sete anos, a partir daientram por outra vertente e apenas se fazia adivulgação e a obra não aparecia. Não sabemosinclusivamente onde foi gasto esse dinheiro,sabemos que temos uma máquina muitopesada, muita gente a trabalhar, estamos atentar gerir melhor os recursos que temos, pô-los nos locais mais apropriados. Fazemos aindamuitas obras por administração directa e háuma improdutividade muito grande e temos quecomeçar a arranjar métodos para que aprodutividade seja maior porque uma obra feitapela Câmara fica cinco vezes mais cara do quefeita no exterior.

Há colegas seus autarcas recém-eleitos quedisseram publicamente que iriamauditorar as contas dos respectivosmunicípios. É também o seu caso aqui emLoures?Sim. Mas sobre essa matéria não gostaria, poragora, de fazer quaisquer declarações. A minhamaneira de estar na política é discreta, falomenos e trabalho mais. As atitudes que formostomando serão nos órgãos próprios, enaturalmente que iremos tomar as nossasmedidas para nos salvaguardarmos no futuro.

Depois dos problemas, quais as soluçõesque tem para Loures, quais os projectospara o mandato?A nossa primeira e grande aposta são os bairrosde génese ilegal. E a sua resolução, do nossoponto de vista, passa pela alteração do PlanoDirector Municipal. Será mesmo a primeiramedida. O PDM está em revisão até 2004 e,portanto, iremos ter em atenção estaproblemática. Outra das soluções para acelerara resolução deste problema é a criação de umpelouro específico na dependência doPresidente da Câmara, subtraindo-o estasatribuições à jurisdição do departamento deadministração urbanística. Vai ser criado umnovo pelouro que irá acompanhar todo oprocesso das áreas urbanas de génese ilegal e,até 2004, prevemos ter resolvido o problemadas barracas. No meu programa eleitoral pusaté 2005, tentei desta forma provocar as outrascandidaturas e, nomeadamente, o poderinstituído, mas ninguém comentou isso. Porquenós sabemos que o programa PER está atrasadoem Loures vamos tentar recuperar esse atraso,num pelouro que foi nos últimos oito anosgerido pelo PSD e que não funcionou tão bemquanto devia ter funcionado. Está em vias deresolução um grande problema que é a Quintado Mocho por via do grande empenho dasecretária de Estado da Habitação, Dra. LeonorCoutinho que fez um trabalho excelente, semo qual não teríamos esta questão tão adiantadana sua resolução. Atacar em todas as frentes oproblema da habitação éo nosso maior empenho.Outra prioridade é a área da educação. As

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ENTREVISTA

escolas do concelho estão bastantedegradadas. Neste concelho de 18 freguesiase bastante jovem, isto apesar dos jovensestarem a procurar concelhos vizinhos paramorarem porque em Loures não se consegueconstruir uma casa. Tem havido uma grandesangria para os concelhos limítrofes,nomeadamente para Mafra, Vila Franca, paraOdivelas, porque em Loures praticamente nãose constrói. De qualquer maneira a área dosensinos pré-escolar e do básico serão objectode uma grande aposta, construindo maisescolas, criando refeitórios, de acordo aliás,com que está previsto na lei.Na vertente cultural tivemos o encerramentoda Amascultura para o qual prevemos novasdinâmicas. A Câmara será apenas o veículodas iniciativas que ai forem surgindo. Iremostambém dar mais ênfase à ocupação do espaçoda biblioteca José Saramago, e pretendemos,por outro lado associar a cultura ao turismo eao lazer. Pretendemos criar um conjunto deinfraesturas desportivas, piscinas, para queos jovens não tenham de ir para clubes deLisboa.No âmbito da actividade económica estamos apensar criar uma agência de desenvolvimentolocal que atraia para o nosso concelho agenteseconómicos empreendedores, novastecnologias, pólos tecnológicos dedesenvolvimento, vamos chamar e incentivara vinda de empresários e promover a instalaçãode empresas ligadas a industrias nãopoluentes. Nós somos um concelho muitogrande, extremamente bem localizado, com asmelhores acessibilidades que não devem servirsó para as pessoas passarem, mas estamosmuito carenciados ao nível do desenvolvimentoeconómico.

Qual a importância política que atribui àconquista da Câmara de Loures?Foi uma vitória muito importante para o PartidoSocialista. Hoje Loures é a maior Câmarasocialista do País. Sei a responsabilidade quetenho porque sou um homem responsável pornatureza. Tenho incutido esse espirito nosnossos camaradas de Loures. Sei dasresponsabilidades que nos cabem nadignificação do nome do nosso partido ondehoje temos uma importância acrescida.

Quando é que nasceu para a política?Quando foi o 25 de Abril tinha 17 anos e moravaao pé do Jardim Zoológico em Benfica. Nessaépoca, eu e um grupo de amigos fomos assistiràs sessões de esclarecimento de todos ospartidos políticos. Nós éramos um grupo deseis, e quem foi fazer a sessão do PS ao salãodas furnas era um jovem chamado AntónioGuterres. Eu, à data, achei que ele era umindivíduo que falava muito bem, que eraexcelente, e eu fui o único que fiqueisimpatizante do PS, os outros cinco colegasficaram todos no PPD. Militante do PartidoSocialista tornei-me enquanto funcionárioaqui da Câmara, eu trabalhava no gabinetede estudos e projectos, e observando a maioriaabsoluta da CDU aqui no concelho em 1986,entendi que devia defender os trabalhadoressocialistas que eram um poucomarginalizados. Em 1989 fui para aAssembleia Municipal, em 93 o António Costaconvidou-me a fazer parte da equipa dele paraa vereação e fui vereador durante quatro anos.O PS tinha três vereadores na altura, elegemosquatro e eu era o quarto. Entretanto o Dr.Menezes Rodrigues entendeu que eu não deviafazer parte da equipa e fiquei de fora. Depoisconvidaram-me para ser candidato à Junta de

Freguesia de Loures, eu candidatei-me,ganhei, e fui Presidente durante quatro anos.

E como é que foi a sua indicação comocandidato do PS à Câmara de Loures?Havia três listas para a Comissão Política, umadelas liderada pelo Pedro Farmhause que no seuprograma eleitoral e de candidatura à ComissãoPolítica me indicava como candidato à Câmara,no caso dele ser eleito presidente desse órgão,como veio a acontecer. Nós ganhámos e deacordo com os nossos estatutos, o meu nome foisubmetido à apreciação da Comissão Política, eatravés de voto secreto, como sempre, o meunome foi votado por unanimidade. Julgo que foia primeira vez que um candidato a Loures foivotado por unanimidade, apesar de uma oposiçãointerna que houve.

Para si, o que é a política e o que o motivana política?A política, para mim, é o poder servir, é o poderfazer qualquer coisa. Nós temos que saberutilizar o poder que temos, e poder que temos éservir, é ter a consciência daquilo que aspessoas precisam. Eu acho que devo um poucoda minha vitória a esta sensibilidade que tenhoe à experiência que tenho em lidar compessoas, e conseguir interpretar os seusanseios. É também preciso saber estar com osjovens, com os mais idosos, com as bases dopartido, e eu acho que tenho sabido estarpermanentemente com as pessoas. E sinto-me bem a falar com as pessoas. Enquantoalguns não gostam de ser figuras públicas, eunão me importo de ser figura pública, quandoposso atender, quando posso dar um sorriso,uma palavra de esperança, um abraço ou umaperto de mão. Nós, os políticos, temos deestar próximos das pessoas. O grande problemaé quando os eleitos se afastam dos eleitores,dos cidadãos, e eu, pelo contrário, tento cultivaruma relação de grande proximidade.

É abordado na rua pelos seus munícipes?Frequentemente, principalmente aqui na

freguesia de Loures onde sou muito conhecido.Depois das eleições, a grande maioria mecumprimentava na rua. E eu também me sentiafeliz porque era o reconhecimento de que há aintimidade que é preciso ter entre o presidentee o cidadão. Um presidente de câmara tem desaber estar com o cidadão, tem que saber quetambém é um cidadão. Eu gosto dessaproximidade com as pessoas.

Nessas abordagens quais são as situaçõescom que mais frequentemente éconfrontado?Muitos dizem «é pá, cuidado, está tudominado», e transmitem-me sobretudo aspreocupações que eles próprios têm com agestão de 22 anos de um partido à frente deLoures. Outros dão-me conselhos, e eu vououvindo todos, e é sempre bom saber que aspessoas estão preocupadas, que gostam de mime que quando dizem isto é para me ajudar.

Esses conselhos dos cidadãos ajudaram-no,de alguma forma, na arrumação que fez doseu executivo camarário?Eu tenho muita experiência. Como disse aoprincípio, eu próprio trabalhei na Câmara,conheço mais ou menos o funcionamento dasestruturas municipais. Não vim para aqui azero, estou de algum modo ligado àorganização do município e não é com grandedificuldade que entrei nisto. Muitos dos chefesde departamento hoje foram meus colegas há20 anos atrás, conheço-lhes o feitio, amaneira de ser, e não tenho tido grandesdificuldades. E há técnicos muito competentesna câmara que me ajudam. Relativamente àorganização do executivo, convidei as duasforças políticas que perderam e elegeramvereadores, a participarem na gestãomunicipal. Penso que se as pessoas têmideias, projectos, devem participar na gestão.Nós elegemos cinco vereadores, o PC elegeuquatro e o PSD dois. A CDU disponibilizou-se,desde logo, para colaborar na gestão, o PSDdisse que não queria, que iria ser oposição.

Nós, maioria no executivo, fizemos um acordode gestão com a CDU, e já começamos atrabalhar. Hoje (segunda-feira, 14 de Janeiro)fizemos a nossa primeira reunião de Câmaraque funcionou bem e a CDU está a mostrar-secolaborante.

Estamos nas vésperas da eleição do novosecretário-geral do Partido Socialista, etudo indica que Ferro Rodrigues será onovo líder do partido. Revê-se na moção«Renovar a Maioria»?Eu sou fã de Ferro Rodrigues. Conforme gostavado António Guterres, apesar de nunca ter tidonenhuma acção dentro da estrutura partidária,de apoio formal, de ir às reuniões, de estar nosEstados Gerais, nunca tive essa atitude porqueme centralizei aqui mais por Loures, FerroRodrigues para mim é uma referência. Fareitudo e estou a mobilizar os socialistas de Lourespara que Ferro Rodrigues seja o próximoprimeiro-ministro.Tenho muita fé e muita confiança que isso vaiacontecer. Se ele acreditar também que é capaze todos os socialistas acreditarem que somoscapazes, nós vamos ganhar e ter a maioriaabsoluta. Estou muito convicto disso, até porqueo Ferro Rodrigues tem uma coisa importante,não é arrogante, é um homem de trabalho ediscreto. Nós socialistas temos de sabertransmitir esta mensagem de que ele é umareferência. Em Loures estamos todos com ele,e vamos mobilizar-nos para passar a mensagemde que Ferro Rodrigues tem condições para serum excelente primeiro-ministro, e que ésuperior ao Durão Barroso, sem qualquercomparação.

Para além da política, quais são os seusoutros interesses?Quando era jovem e andava na escola pratiqueiimenso desporto. Desde a classe especial deginástica acrobática, passando pelo remo, ohipismo, o voleibol, o futebol federado, oandebol federado, mas hoje limito-me aacompanhar os meus filhos que também fazemdesporto. E também leio alguma coisa, quandotenho tempo.

Agora passou a ter menos tempo para afamília. Como é que a família encara estassuas novas funções?Quando tomei a opção da candidatura falei coma minha família e tanto a minha mulher comoos meus filhos foram perfeitamente solidárioscom a minha atitude. São compreensivos esempre que podem participam. A minha filhatem 18 anos, foi eleita para a Assembleia deFreguesia de Loures e é a autarca mais jovemdo concelho de Loures. Há, portanto, umaenvolvência da família em tudo isto. Eles sabemas dificuldades que eu tenho, sabem porque éque eu estou nisto. Deixei a empresa ondetrabalhava onde poderia ter algum sucesso,para me dedicar à vida pública. Porque nóstemos de ter pessoas com a dupla experiênciado sector privado e do sector público.

Três razões para vir viver para Loures?Primeiro é um concelho socialista, querendocom isso significar que é certamente umconcelho de futuro. Segundo, Loures está muitopróximo de tudo, faz fronteira com Lisboa eterá a curto prazo as infra-estruturas quetornarão o concelho ainda mais aprazível, paraalém das belezas naturais da zona norte doconcelho. Terceiro, porque as acessibilidadessão de grande qualidade e todos aqueles quedesejarem instalar-se aqui terão um presidentepara os receber e ajudar.

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17 de Janeiro 2002

SAÚDE

NOVA FORMA DE GESTÃO HOSPITALARUma nova forma de designação dos órgãosde direcção técnica dos estabelecimentoshospitalares e dos Centros de Saúde,alterando a composição dos conselhostécnicos dos hospitais e flexibilizando acontratação de bens e serviços peloshospitais foi estabelecida, no dia 10, emreunião de Conselho de Ministros.A designação dos membros dos conselhosde administração é feita actualmente pornomeação para o director e administrador-delegado e por eleição entre os seus parespara o director clínico e o enfermeirodirector.Esta dupla lógica de designação tende a criarem muitos estabelecimentos conflitos delegitimidade e de interesse, com directasconsequências sobre a qualidade dodesempenho gestionário.

Os membros nomeados respondem directa-mente perante quem os nomeia, em últimaanálise o Governo, a quem cabe a definiçãodo interesse público na gestão dos assuntosda Saúde.Os membros eleitos, embora possam edevam assumir o interesse público, sãosempre mais ou menos vulneráveis aosinteresses directos ou indirectos de quemos elege, interesses não poucas vezescontraditórios com o interesse público.Devido a esta hibridez de composiçãogestionária, o órgão de gestão, sendo colegial,tende a decidir pelo menor denominadorcomum, ou seja, pelo máximo consensopossível. Daqui resulta que só excepcional-mente se promovam esforços de reformainterna ou de racionalização da gestão queimpliquem atingir interesses instalados,

directamente representados no conselho.Também na reunião da passada quinta-feira,os ministros deram luz verde ao regimeespecial de realização de despesas para oPrograma Humanização, Atendimento eAcesso no Serviço Nacional de Saúde.Este programa, criado por resolução doConselho de Ministros, é um programa deduração limitada e tem como objectivoscontribuir para a maior humanização doscuidados prestados aos cidadãos pelosserviços públicos de saúde e promover orelançamento da qualidade de atendimentono SNS.Trata-se de um programa pluridisciplinar emque se integram intervenções tão diversasquanto a alteração de procedimentos, aaquisição de mobiliários e equipamentos emesmo a realização de empreitadas de

obras públicas.O carácter transitório do programa e aceleridade que se pretende imprimir àsmúltiplas e urgentes intervenções a realizaraconselha a adopção, com caráctertemporário, de um regime especial derealização da despesa pública, que permitacombinar isenção e rigor com celeridade epragmatismo.O Governo estabeleceu ainda um regimeexcepcional de equiparações ao estágio dacarreira de técnicos superiores de saúde.Neste sentido insere-se num conjunto demedidas que visam, fundamentalmente,dotar os serviços e estabelecimentos de saúdede profissionais devidamente habilitados enecessár ios para a sat isfação denecessidades prementes, com vista ao seumelhor funcionamento.

NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

MEDIAÇÃO PORTUGUESAPARA ECONOMIA CENTRO-AFRICANA

Portugal perfila-se como «interlocutor» nasrelações económicas na África Central, faceàs perspectivas de exploração de petróleo emalguns países do Golfo da Guiné.O anúncio foi feito, no dia 12, em São Tomé,pelo secretário de Estado dos NegóciosEstrangeiros e da Cooperação, Luís Amado.

No final de uma «visita relâmpago» à GuinéEquatorial, o governante português disse quea exploração de petróleo naquele país«condiciona as opções políticas que se fazem,também do ponto de vista dos interesses dosinvestidores privados nesta região africana»,da qual São Tomé e Príncipe faz parte.

Após ter defendido que a Guiné Equatorialpoderá ser a curto prazo uma «potência» naexploração de petróleo, Luís Amado garantiuque Portugal tem capacidade de gestão eadministração para cooperar nesta áreaatravés do seu tecido empresarial, visando odesenvolvimento da economia desta região

do Golfo da Guiné, podendo ser «uminterlocutor muito importante» no planoeconómico e noutras domínios dasactividades.«A experiência portuguesa de cooperação parao desenvolvimento fortalecerá o peso daregião e de cada país que a integra», defendeuo governante, que relembrou a intenção dePortugal materializar os programas decooperação bilateral com a Guiné Equatorial àluz de um acordo geral assinado há três anosentre os dois Estados.Luís Amado não afastou a hipótese de umaeventual disputa com o «mundo anglosaxónico e francofono» face ao interesse quese desenvolve na área petrolífera, tanto naGuiné Equatorial como em São Tomé ePríncipe.Amado defendeu que o objectivo fundamentalde Portugal visa o desenvolvimento de uma«densa malha de ralações políticas quepermita criar as bases para a inter-relaçãoentre a região do Golfo da Guiné e a UniãoEuropeia».Por outro lado, o secretário de Estado dosNegócios Estrangeiros e da Cooperaçãoportuguês defende a entrada da GuinéEquatorial no espaço da Comunidade dos Paísesde Língua Portuguesa (CPLP), como forma «deganhar o acesso no espaço da União Europeia,através de Portugal, à América Latina via Brasil,ao espaço dos PALOP (Países Africanos deLíngua Oficial Portuguesa) através dos paísesmembros, bem como à Ásia por intermédio doobservador Timor-Leste.«A posição da Guiné Equatorial nestemovimento de adesão à lusofonia éextremamente inteligente e corresponde auma afirmação diplomática muito consistenteque o país vem afirmando nos últimos anos»,adiantou o secretário de Estado, que deixarousegunda-feira a capital são-tomense ao cabode uma visita de oito dias ao arquipélago.Luís Amado considerou ainda que a eventualentrada no espaço da CPLP permitirá à GuinéEquatorial, que tem o Castelhano como línguaoficial, se diferenciar e afirmar com umaidentidade própria para o futuro criando umarelação pessoal controlada pela vontade políticaprópria e não pela pressão de outros grupos.

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GOVERNO EM ACÇÃOTECNOLOGIA

O ESTADO NA SOCIEDADEDE INFORMAÇÃO

A adopção de planos de gestão daaquisição, uso e actualização deprogramas de computador terá de

generalizar-se a todos os níveis daAdministração Pública.

Reunido na passada quinta-feira,dia 10, o Governo aprovou um

conjunto de diplomas fundamentaispara a sociedade de informação.

Entre os documentos apreciados está umaresolução que determina a modernizaçãotecnológica do Estado, estabelecendomedidas que visam assegurar uma adequadaselecção de programas de computador, querentre os disponíveis no mercado dos produtossujeitos a licença de uso, quer em regime deuso gratuito ou condicionado, bem como porrecurso a sistemas abertos de software; amelhor relação custo/benefício dos programasa utilizar; e a modalidade apropriada deaquisição ou obtenção dos programas,incentivando-se a compra de grupo, as licençassujeitas a regime mais favorável e a utilizaçãode programas mediante doação.Também a devida actualização dos programase a incorporação atempada de correcções quemelhorem a sua funcionalidade e limitemvulnerabilidades; o recurso, quando apropriado,a modalidades de aprovisionamentoelectrónico; a garantia da integridade dosdados informatizados e das aplicaçõesinformáticas e a garantia da sua protecção,designadamente contra vírus informáticos; e aprevenção e a correcção da utilização ereprodução ilícita de programas de computadorna Administração Pública estiveram na mira dadecisão governamental.O Governo considera, pois, que o exemplo doEstado é, neste campo, determinante.Recorde-se que o sector público é um dosprincipais utilizadores de software, cabendo-

lhe a responsabilidade de, com a uma actuaçãoconforme à lei, afirmar, muito claramente, ainadmissibilidade da utilização ilegal deprogramas de computador.Trata-se, pois, de proteger as empresas desoftware nos seus direitos, o Estado no volumede impostos arrecadados, o emprego, namedida em que limita a oferta de postos detrabalho. Por outras palavras, pretende-seresponder decisivamente a uma práticaseriamente lesiva da economia.O diploma aprovado em Conselho de Ministrosinclui também uma norma que determina queos organismos acima referidos actuem nosentido de prosseguir o objectivo de utilizaçãode sistemas abertos de software pelaAdministração Pública inscrito no plano deacção «eEurope 2002».Os núcleos para a sociedade da informaçãoexistentes em cada ministério deverão serinformados de todas as medidas adoptadasem cumprimento do diploma.

Oferta de empregona Net

Na Net vai passar a haver um sítio quedisponibilizará informações sobre emprego,ficando a sua gestão à responsabilidade daFundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).Assim, a FCT deverá determinar o tipo de dadosa incluir no sítio e estabelecer o que os serviços

e organismos da Administração Central, bemcomo os institutos públicos em todas as suasmodalidades, devem fazer publicitar naInternet todos, incluindo os concursos pararecrutamento e selecção de pessoal na áreacientífica e tecnológica e, genericamente,todas as ofertas de emprego nessa área quesejam obrigatoriamente publicitadas em«Diário da República».Obrigadas à referida publicitação estãotambém as entidades, públicas ou privadas,que promovam a oferta pública de empregona área científica e tecnológica total ouparcialmente financiado por fundos públicos.Prevê-se que aqueles organismos e serviçospossam ainda fazer publicitar no sítio referidooutras ofertas de emprego na área científicae tecnológica, faculdade que é estendida aquaisquer instituições privadas.O Governo determinou igualmente que asinstituições públicas de I&D e as instituiçõespúblicas de ensino superior devem transmitirà FCT informação completa e actual sobre osquadros de pessoal respectivos, no que serefere aos lugares da carreira de investigaçãocientífica, docente universitária e docente doensino politécnico.Entretanto, nesta área governativa, foiaprovada a atribuição de relevância jurídica àdisponibilização e submissão por viaelectrónica dos modelos dos formulários dosorganismos e serviços públicos integrados na

Administração Pública.O diploma em questão vem regular aelaboração dos formulários electrónicos porparte dos organismos e serviços públicosintegrados na Administração Central,incluindo os institutos públicos em todas assuas modalidades, e a sua disponibilização,em suporte digital, bem como a possibilidadeda respectiva submissão electrónica pelopúblico em geral.Nele, estabelecem-se ainda as condições emque o modelo do formulário transmitido on-line tem o mesmo valor que o entregue emsuporte papel.Na reunião da passada quinta-feira, oConselho de Ministros decidiu criar um registonormal de teses de doutoramentos em curso.Este registo será constituído pelo Observatóriodas Ciências e das Tecnologias (OCT), ao qualos estabelecimentos de ensino superiorportugueses devem comunicar um conjuntode elementos relativos aos respectivosdoutorandos (nome; título do plano da tese;área disciplinar e palavras chave; instituiçãoque confere o grau; nome do orientador; datade registo do tema da tese de doutoramento).Os doutorandos portugueses em instituiçõesde ensino superior estrangeiras poderãocomunicar, eles próprios, ao OCT, oselementos a que referidos para efeito deinscrição no registo.

PUB internáutica

O Governo fez também avançar a resoluçãoque determina a referenciação dos sítios daInternet do Estado e a publicação depublicidade do Estado em sítios da Netoperados por terceiros.Determinou-se, desta forma, que os organismose serviços públicos integrados na administraçãodirecta e indirecta do Estado devem, sempreque apropriado, promover a referenciação dossítios da Internet que operem em sítios datitularidade de terceiros, bem como actuar nosentido de toda a publicidade que coloquemem órgãos de Comunicação Social ser tambémpublicada ou referenciada em sítios da Internetoperados por terceiros.Desta forma, visa-se, por um lado, estimulara publicitação de informação do Estado e areferenciação dos sítios na Internet de queseja titular em outros sítios, operados porterceiros, por forma a que o público alvo dainformação que se pretende divulgar seja, defacto, atingido.Por outro lado, pretende-se contribuir para adinamização do mercado publicitário na Netdando-se, assim, cumprimento aoestabelecido pelo Governo no ano 2000,aquando da aprovação do plano de acção da«Iniciativa Internet».

M.R.

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17 de Janeiro 2002GOVERNO EM ACÇÃO

ECONOMIA E FINANÇAS

GOVERNO DEFINENORMAS PARAEXECUÇÃOORÇAMENTAL

As normas indispensáveis à execução doOrçamento de Estado para 2002 foram jáestabelecidas pelo Governo, incluindo asrelativas ao orçamento dos serviçosintegrados, aos orçamentos dos serviços efundos autónomos e ao orçamento dasegurança social.

A decisão foi tomada na passada reunião deConselho de Ministros, que decorreu no dia10, na residência oficial do primeiro-ministro.Ao contrário do que sucedia até agora, asnormas relativas à execução do orçamento daSegurança Social deixam de constar dediploma autónomo e por força da nova Lei do

Enquadramento Orçamental passam a integrarum capítulo específico deste decreto-lei.Não obstante o diploma seguiressencialmente a linha dos anteriores,reforça os mecanismos para o controlo dadespesa pública e salvaguarda da consolidaçãoorçamental.Neste sentido clarifica-se a informação aprestar pelos serviços e fundos autónomos,privilegiando a introdução e a utilização dealguns mapas e modelos contabilísticosprevistos no Plano Oficial de ContabilidadePública, no sentido de melhorar e facilitar ocontrolo da respectiva gestão orçamental.Foram igualmente fixadas as consequênciasdo incumprimento da obrigação do envio dainformação e consagrou-se um conjunto de

medidas, das quais se destaca a suspensão,durante o ano de 2002, da alteração dosquadros de pessoal, com algumas excepção,bem como a limitação do pessoal a admitirem cada ministério ao número global deefectivos que, por qualquer motivo, cessemfunções, excepto se o aumento líquido deefectivos tiver contrapartida noutro ounoutros ministérios.Com o mesmo objectivo e também como factorde reforço do regime da unidade de tesouraria,fixou-se que os juros que tenham sidoauferidos em instituições financeiras pelautilização de todas as verbas que, por motivosimputáveis aos serviços, não tiverem sidodepositadas nos cofres do Tesouro no ano de2001 constituem receita geral do Estado.

HUMANIZAÇÃO DA JUSTIÇA

CHEGARAMASPULSEIRASELECTRÓNICASA revolução tranquila na área da justiçacontinua. O Governo deu mais um passo degigante com vista à humanização da Justiçacom a introdução das pulseiras electrónicas �um sistema de vigilância electrónica alternativoà prisão preventiva para pequenos delitos.António Guterres, que se encontravaacompanhado pelo titular da pasta daJustiça, António Costa, na cerimónia delançamento do sistema de monitorizaçãoelectrónica, afirmou que esta é uma medida de«humanização da justiça», de «redução doimpacto da privação de liberdade» e um novoinstrumento para reduzir o número de presospreventivos, que constitui um terço dapopulação prisional (cerca de quatro milreclusos).António Costa, por sua vez, esclareceu queserão «a personalidade e as circunstâncias doarguido» a ditar a aplicar a aplicação,acrescentando que um cidadão comantecedentes de violência não encaixa namedida.

TURISMO

2001 FOI O MELHORDE SEMPRE

Apesar de se tratar de um ano desfavorável � desaceleração das economias � o que foi agravadopelos atentados de 11 de Setembro, 2001 fica para a história como o melhor de sempre do turismoportuguês em número de visitantes (12,2 milhões) e receitas (6085 milhões de euros).Visivelmente satisfeito com mais esta «performance» de um dos sectores mais importantes danossa economia � que mais uma vez demonstra a falsidade da teoria do caos propagandeada porDurão Barroso e seus pares � o secretário de Estado do Turismo, Vítor Neto, sublinhou que osrecordes agora alcançados sucederam a «três anos de crescimentos extraordinários».O governante destacou ainda que o turismo interno «adquiriu uma expressão permanente, sólida,irreversível», com mais de 9,4 milhões de portugueses maiores de 15 anos a gozarem férias (71por cento), dos quais (51 por cento) fora da residência habitual, o que coloca Portugal ao nível damédia europeia.

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GOVERNO EM ACÇÃO

Adjudicada em Dezembro de 1996, a empreitadaprincipal de construção civil da barragem ecentral hidroeléctrica de Alqueva, teve asprimeiras betonagens em Maio de 1998.Foram necessários cerca de um milhão e 100 milmetros cúbicos de betão e 20 mil toneladas deaço para dar corpo à barragem de Alqueva, aqual conta com 96 metros de altura máxima,contados a partir da fundação, e um coroamentode 458 metros.A infra-estrutura será ainda equipada com umacentral hidroeléctrica � com dois gruposprodutores de energia de 120 mw cada � queterá capacidade para produzir, em ano médio,cerca de 380 gw/hora, equivalente ao dobro daenergia necessária para abastecer os concelhosde Beja e Évora, ou uma cidade de 180 mil

habitantes.A capacidade máxima da barragem, à cota 152,representa um volume útil de 3.150 hm3,constituindo-se assim, segundo a EDIA, umareserva estratégica de água.A Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA), responsável pelagestão do empreendimento, realça que com estaobra terminada, «aguarda-se apenas que o leitodo rio Guadiana fique liberto de outrasempreitadas», que ainda decorrem, para se ini-ciar a primeira fase do enchimento da albufeira.Depois de preenchidas todas as condições desegurança, a EDIA garante que «serão entãoaproveitadas as afluências da presente épocahúmida».

M.R.

ALQUEVA

OBRAS DO PAREDÃOCONCLUÍDASA ministra do Planeamento, Elisa Ferreira, assinalou a conclusão dostrabalhos de construção do paredão da barragem de Alqueva e deslocou-se à nova aldeia da Luz, para verificar a situação dos acabamentos. Ascomportas devem ser fechadas para testes já no próximo mês. Esta éuma obra que para sempre ficará ligada aos governos do PS.

ENERGIA

INAUGURADO PARQUE EÓLICO DAS MALHADASENTRE-OS-RIOS

CASTELO DE PAIVACOM OBRAS DE 60

MILHÕES DE EUROSOitenta por cento das obras prometidas peloGoverno para Castelo de Paiva já estão comconcurso feito ou em andamento.Estas obras totalizam 60 milhões de euros (12 milcontos), faltando apenas lançar dos troços davariante à estrada nacional (EN) n.º 222, no valoraproximado de 15 milhões de euros (três milhõesde contos).Para completar a variante à EN222 falta construirum lanço entre Cruz da Carreira e a ponte dePedorido e outro entre o limite sul do concelho e asimediações da barragem de Crestuma/Lever, emVila Nova de Gaia, num conjunto de obras que seprevê possam ser lançadas ainda este trimestre.Ainda no domínio das acessibilidades, estão emconstrução duas novas pontes sobre o Douro, umadestinada a trânsito local, pronta em 18 de Abril, eoutra a concluir até Fevereiro de 2003 e a integraro futuro itinerário complementar (IC) n.º 35.Parte deste IC � entre Fornos (Castelo de Paiva) eEntre-os- Rios (Penafiel) � foi já sujeito a concurso.Em curso estão trabalhos de reabilitação nasestradas nacionais 222 (Vila Nova de Gaia/Castelode Paiva), 224 (Entre-os- Rios/Bairros), 225(Castelo de Paiva/Alvarenga) e 222-1 (Cruz daCarreira-Greire).Decorrem também obras de reabilitação do antigohospital das minas do Pejão e de construção deuma nova escola dos segundo e terceiro ciclos doensino na Freguesia da Raiva.

Beneficiando directamente os concelhos deGóis e Pampilhosa da Serra, foi inaugurado,pelo ministro da Economia, o novo parqueeólico das Malhadas, uma fonte de energiarenovável e não poluente.A infra-estrutura é composta por 15aerogeradores, com uma capacidadeunitária de 670 kw, sendo a potência

instalada de 9,9 mw.Segundo a autarquia de Góis, estão em cursonegociações para instalar mais seteparques, tirando partido de um recursoendógeno que deve beneficiar todo oconcelho.Com estes sete parques � que se juntamaos dois já em funcionamento � o município

poderá atingir uma facturação bruta daordem dos dois milhões de contos (cerca dedez milhões de euros) ao fim de 25 anos.O Parque Eólico das Malhadas, situado naSerra da Lousã, foi instalado pela empresaRES � Renewable Energy Systems, e os seus15 aerogeradores produzem energiasuficiente para abastecer 14 mil habitações.

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17 de Janeiro 2002EUROPA

«A presidência da OSCE representa, naverdade, uma oportunidade única para quePortugal possa continuar a dar expressão aoseu apego a uma política de direitoshumanos, de enraizamento da democracia ede promoção da paz, da estabilidade e daprosperidade no mundo e em particular nocontinente europeu»

JAIME GAMA

A presidência portuguesa aposta, nomea-damente, no reforço do diálogo político daOSCE, no desenvolvimento equilibrado das suasdimensões humana, económico-ambiental e

PRESIDÊNCIA DA OSCE

GAMA APRESENTAPROGRAMA EM VIENAAs grandes linhas de acção da presidência portuguesa daOrganização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE)foram apresentadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros,Jaime Gama, em Viena.O combate ao terrorismo é a principal prioridade do programaque o chefe da diplomacia portuguesa explicou ao ConselhoPermanente da OSCE, sediado na capital austríaca.

político-militar, bem como na dinamização dosvectores de prevenção de crises, resoluçãopacífica de conflitos e reabilitação pós-conflito.A operacionalidade do conceito da Plataformade Segurança Cooperativa e a promoção do papelda organização face ao terrorismo, extremismoviolento, xenofobia e intolerância são outrospilares do programa.O ministro dos Negócios Estrangeiros vaiigualmente incidir na consolidação e melhoriado funcionamento e capacidade da OSCE, nofomento da cooperação com outras áreageográficas (Mediterrâneo e Ásia) e na maiorvisibilidade da organização pela sociedade civil.

Os Balcãs, Cáucaso e Ásia Central são regiõesno centro da atenção deJaime Gama.

Gama prepara reuniãode organizações internacionais

Entretanto, Jaime Gama anunciou na sexta-feira que Portugal vai acolher em Junho umareunião entre secretários-gerais de todas asgrandes organizações internacionais paracoordenação das agendas e actividades de lutacontra o terrorismo internacional, no quadroda promoção de uma segurança abrangente e

cooperativa para a Europa do século XXI.O chefe da diplomacia portuguesa e presidenteem exercício da OSCE falava após uma reuniãocom o secretário-geral da NAO, lorde GeorgeRobertson, que teve por objectivo a análise deuma articulação de esforços entre as duasorganizações tendo em vista o estabelecimentode pontes de contacto reforçadas e a definiçãode canais abertos de comunicação para gestãode cenários em áreas problemáticas, como sejaa dos Balcãs e em particular a Macedónia e oKosovo.

J. C. C. B.

Sérgio Sousa Pinto vaiapresentar ao ParlamentoEuropeu uma proposta quevisa a criação depassaportes e dedocumentos comuns a todosos Estados-membros.Na origem desta iniciativado eurodeputado socialistaestá a necessidade de sereequacionar os conceitosde segurança e de liberdadede circulação, de forma agarantir a defesa dosdireitos dos cidadãosnesses planos.Caso seja aprovada, ainiciativa legislativa deSousa Pinto produziráefeitos políticos maisprofundos ao permitir que seja ultrapassada a interpretação que é dada actualmente a um artigo doTratado de Maastricht, que estabelece as competências da Comissão Europeia.O eurodeputado socialista considera que as actuais regras não funcionam, e aponta como exemplo aquantidade enorme de passaportes que são desviados dos Estados-membros e que entram no circuitoda imigração ilícita, não só de mão-de-obra clandestina como também no que se refere à criminalidadeinternacional organizada, uma preocupação que aumentou após os atentados de 11 de Setembro.Recorde-se que o desvio de passaportes para o mercado negro é um flagelo que assola todo o VelhoContinente.

PARLAMENTO EUROPEU

SOUSA PINTO PROPÕEPASSAPORTE EUROPEU

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OPINIÃO

Os resultados eleitorais do passado dia 16 de Dezembro provocaram profundasalterações no País e no nosso partido. Os factos são conhecidos e algumasconsequências também. Dispenso-me, pois, de enunciar e comentarpormenorizadamente uns e outras.O importante, neste momento e neste local, é reflectirmos sobre o passadopara dele extrairmos alguns ensinamentos que nos ajudem a melhorprepararmos o futuro.Como diz o povo na sua proverbial sabedoria, não vale a pena chorar sobre oleite derramado. Ou se arranja mais leite ou se bebe outra coisa. E com cuidadoporque, em matéria de bebidas, especialmente daquelas que interferem comas capacidades dos automobilistas, também estamos conversados.Passando directamente aos factos. Começo por realçar a correcção da atitudedo António Guterres. Não obstante tratar-se de eleições autárquicas, e portantode âmbito local, e independentemente da interpretação dos resultados e dasilações a retirar (na certeza de que não há leituras unívocas), é fácilcompreender a decisão do secretário-geral do PS e reconhecer-lhe dignidadee lucidez. Decisão que a todos surpreendeu, dentro e fora do partido.Mesmo aqueles que andaram a clamar por eleições antecipadas e a dizer queestavam preparados, ficaram muito incomodados e «instabilizados», mas semargumentos. Este não era seguramente o momento desejado pelos líderespartidários para a realização de eleições. Ser-lhes-ia mais favorável continuara desgastar o governo. Começariam por exigir a apresentação de uma moçãode confiança, para depois solicitarem ao presidente da República a dissoluçãoda Assembleia e a marcação de eleições antecipadas. Ou seja, os resultadospráticos de tudo isto não seriam muito diferentes da situação que estamos aviver. Com excepção do tempo, mais tempo, todo ele dedicado a denegrir oGoverno e a acusar o primeiro-ministro e os socialistas de estarem agarradosao poder e de só saírem se empurrados.Com a tendência que alguns deles têm, especialmente os do PSD, paraavaliarem os comportamentos dos outros à sua imagem e semelhança, ficaramsurpreendidos com o desprendimento e o sentido de Estado de AntónioGuterres. Não é qualquer um que tem a lucidez e a coragem de tomar ainiciativa de se sacrificar, como ele fez e sem que ninguém, pelo menosnaquela altura, lho exigisse, em nome do interesse nacional e também do PS.Terminámos o fatídico ano de 2001, atordoados pelo resultado das eleiçõese com um líder demissionário. Decorridas pouco mais de duas semanas do

LÍDER NOVOOPORTUNIDADE NOVA

ano da capicua (bons augúrios?), aomesmo tempo que vamos digerindoa derrota, estamo-nos a reorganizare, no final desta semana, iremoseleger o novo secretário-geral. Aavaliar pela mobilização do partidoe pela a f luência de mil i tantes eindependentes que têm comparecidoàs sessões promovidas pe lacandidatura � como aconteceu naFAUL - tudo leva a crer que EduardoFerro Rodrigues obterá uma votaçãomac iça nesta e le ição. E bem amerece, não só pe las suasqualidades pessoais e políticas, mastambém porque esteve disponívelnum momento complicado da vida doPS. E isso não deve ser esquecido.O novo líder representa uma novaoportunidade para o PS. Tem umaimagem muito positiva, de grandecompetênc ia e honest idade,reconhec ida até pe los seusadversários. Representa a mudançae a novidade, sem rupturas nemconflitos inúteis. Também por isso eleé uma mais-valia para as próximaseleições legislativas, como indiciamos estudos de opinião recentementedivulgados.Não será um passeio alegre nem umacampanha fácil, mas é possível edese jáve l que o PS ganhe a spróximas eleições legislativas. Estánas nossas mãos e merecermos avitória.

EDITE ESTRELA

Não obstante tratar-se de eleições autárquicas, e portanto deâmbito local, e independentemente da interpretação dos resultadose das ilações a retirar (na certeza de que não há leituras unívocas),é fácil compreender a decisão do secretário-geral do PS ereconhecer-lhe dignidade e lucidez. Decisão que a todossurpreendeu, dentro e fora do partido.

O RAPAZ DOTRAPÉZIO VOADOR

O rapaz do trapézio voador trazia na ideia um salto «imortal», sem rede,na glória dos lugares escuros e do rufo dos tambores. Era o «suspense»absoluto. E ele que se arrojara ao Tejo, pudibundo e vacinado e até, emassomo jáulico enfrentara os dóceis leões. Tinha uma ideia. Sempre amesma, insistente. Voar no espaço, por cima dos trapézios e das luzes, eaté da corista velha que via mal ao longe.O rapaz do trapézio voador imaginara o voo, no sossego da noite, certo dasua entrada em cena.O velho artista já só aparecia em dias de gala, tonitroante.Ao titular prenunciava vocação diversa e Mimi Travessuras já lhe haviapredestinado sorte azarada no desembarque.Só o rapaz do trapézio voador atravessava a noite num salto imortal....Por cima dos telhados ele adivinhava as casas, as escadas, os cubículosmenores, até os desencontros no virar do bairro. O voo atravessava agora

Por cima dos telhados ele adivinhava as casas, as escadas, os cubículosmenores, até os desencontros no virar do bairro. O voo atravessava agorao trapézio, o próprio voo, embriagante e súbito. Nada lhe atrasava aideia, a vertigem funâmbula que desafiava o correr dos dias e dos feitos.O real fazia-o à sua medida, dos aplausos, das luzes e do pasmo doobservador próximo.

o t rapéz io , o p róp r io voo ,embr iagante e súb ito . Nada lhea t rasava a ide ia , a ve r t igemfunâmbula que desafiava o correrdos dias e dos feitos. O real fazia-oà sua medida, dos aplausos, dasluzes e do pasmo do observadorpróximo.Ao atravessar a noite num saltoimortal, o rapaz do trapézio voadoracordara no dia seguinte: sem rede,sem luzes, sem tambores, e até avelha corista que não via ao longetinha desaparecido. ALBERTO MARTINS

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17 de Janeiro 2002OPINIÃO

O verdadeiro problema da política é saber perder para se saber ganhar. O PS já ganhou� nos últimos anos somou triunfos inquestionáveis - e perdeu � por vezes, até, emalguns casos inespera-damente e mesmo injustamente.Agora, o tempo é novo: temos de recomeçar a subir a montanha. Em pouco tempo,porém, somos chamados, de novo, a propor aos portugueses coisas claras e que sejamcompreendidas por todos, de modo a que cada um de nós saiba verdadeiramente qualé o registo em que nos movemos. É uma tarefa complexa e difícil, mas somos obrigadospelas circunstâncias a, outra vez, avançarmos com determinação, ao encontro dosportugueses.Mas há outras questões que urgem ser resolvidas este ano. Tais como, por exemplo,saber quantos somos e quem somos. Há dias, no Porto, ouvi falar já em um processo derefiliação. Não me parece mal. Mas não é suficiente. É urgente repensar a estruturaçãodo PS: que secções, que concelhias, que federações?Sou objectivamente contra o «partido-empresa», mas sou, de igual modo, contra assecções que só servem para alguns assumirem atitudes ou, até, se perpetuarem emórgãos locais...Mais grave, porém, é o enfraquecimento dos órgãos nacionais. Pode haver um Executivode 40 personalidades? É exequível o seu funcionamento, a sua operacionalidade?A Comissão Política Nacional pode continuar a ser o quê (o que foi, designadamentenestes últimos seis anos), uma câmara de eco, ou, simplesmente, um palco de pequenase grandes vaidades? Assisti a algumas dessas reuniões e, com toda a franqueza, raramentevi um debate aberto e franco. Preferem-se os corredores... Isto, assim, sempre será.Mas não é sério!Temos de «emagrecer» esses órgãos, de modo a que a análise da coisas concretas seaprofunde. Que fique claro: sou a favor do diálogo, mas não da hesitação!Depois é urgente rever, também, a existência de alguns órgãos � com a natural excepçãoda JS (que, por agora, não ponho em causa) � designadamente o Departamento deMulheres ou mesmo a ANA/PS. Que papel, de facto, desempenham?Sei, naturalmente, que são matérias que para uns serão de «estatutos» mas que sãoessencialmente de modelo de partido. É isso que deve estar em discussão nos próximostempos, sendo, igualmente, verdade que, por exemplo, a relação de poder entre osdiversos órgãos partidários se não for clara, irá, futuramente, constituir focos detensão e de desavença como sucedeu na preparação e escolha das candidaturasautárquicas.Temos a obrigação de «arrumar a casa».Outra das questões em aberto é a sedução feita aos independentes. Tenho hoje sériasdúvidas sobre esse comportamento de quase submissão à ideia de que, fora das paredespartidárias, estão os que melhor são capazes de responder às exigências. Não discutoas competências, mas no PS convivem «quadros» de inegável qualidade a que muitas

vezes não se presta a dúvida atenção...Depois, estudar as políticas e criar no quadrode um corpo de doutrina que matriza o PS,opções claras para os vários sectores. Navegarà bolina é uma atitude perigosa.Finalmente, a «nossa via» é ou não a únicavia? Peter Mandelson, um dos «gurus» dostrabalhistas britânicos, dizia, há dias no«The Guardian» que não há alternativa. Eapoiava-se no último livro de AnthonyGuiddens � «E agora? Para onde deve ir onovo trabalhismo?» � para enfatizar osinconvenientes de não ter Blair um conjuntode ideias claras sobre matérias exigentes.Tal como entre nós, digo eu.É verdade que o PS adicionou à sua ricahistória política sucessos no combate àpobreza, aos mais fracos, aos excluídos doprocesso de desenvolvimento, àimpreparação profissional, à criação de umarede pré-escolar etc.. Mas faltou-lhe opçõesclaras em outros domínios, designadamentena política fiscal.Sei que a hora é de luta. Que é precisotriunfar sobre a corrente neoliberal que oPSD interpreta. Tenho, claro, confiança. Nãoiludo, todavia, as minhas preocupações. Enão as escondo, nem me refugio no«aparelhismo» que caracteriza mal a vidados partidos e que, para mitos, pareceinelutável. Penso sinceramente que tal comoSisifo foi condenado a passar o resto da vidaa erguer a pedra até ao cimo da montanhaque depois tombava pela encosta, teremosnós, agora, de novo, de, com esforço,reerguer as pedras e reconstruir a vitória.Mas é indispensável que Sisifo não seja apenasuma mitologia, mas uma realidade nossacontemporânea.

JOSÉ SARAIVA

É verdade que o PS adicionou à sua rica história políticasucessos no combate à pobreza, aos mais fracos, aos excluídosdo processo de desenvolvimento, à impreparação profissional,à criação de uma rede pré-escolar etc.. Mas faltou-lhe opçõesclaras em outros domínios, designadamente na política fiscal.

O MITODO SISIFO

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TRIBUNA LIVRE

PROPOSTAS PARAO FUTURO IMEDIATO DO PS

Estas notas preparadas para o encontro promovido por Ferro Rodrigues no Hotel Altis, no dia 9 de Janeiro,onde não puderam ser apresentadas dada a imensa afluência de militantes, vão ser enviadas à COC paraserem admitidas como moção, no caso de na Convenção poderem ser aceites para discussão outras moçõesalém das apresentadas pelos dois candidatos Ferro Rodrigues e Paulo Penedos. Se for o caso, onde nelasaparece escrito Ferro Rodrigues, deve ser entendido: o secretário-geral eleito, Ferro Rodrigues ou PauloPenedos. Em qualquer caso é pedida a sua publicação no «Acção Socialista».

I- Penso que a decisão de se realizar uma Convenção em vez de um Congresso não foi a melhor. Se a opçãotivesse sido o Congresso, teriamos, neste momento, centenas de militantes a prepararem moções e aorganizarem-se com vista a participarem no que seria, estou convicto, um Congresso renovador e mobilizadordo PS. Com a solução adoptada, os canais de renovação do PS foram momentaneamente concentrados emFerro Rodrigues que tem assim uma imensa responsabilidade.Uma vez que foi esta a solução adoptada, interessa que se desenvolva do melhor modo e seja um bomcomeço de renovação do PS que o prepare para as tarefas que tem na frente.Com este intuito tenho uma pergunta a fazer a F.R.:A actual Comissão Nacional vai continuar.O nº3 do artigo 59 dos estatutos diz que: «A Comissão Política Nacional é eleita pela Comissão Nacionalpelo sistema das listas completas e segundo o princípio da representação proporcional».O nº7 do mesmo artigo diz que: «O Secretariado Nacional é eleito segundo o sistema de lista completa, sobproposta do secretário-geral».Ferro Rodrigues vai, necessáriamente, reunir a Comissão Nacional para este órgão eleger o novo Secretariado.A pergunta que lhe faço é esta:Na reunião onde vai ser eleito o novo Secretariado, vai Ferro Rodrigues propor uma nova Comissão PolíticaNacional?No caso de o entender fazer, apresentando para o efeito uma lista que quase de certeza será única, dispõe-se, na elaboração desta lista, a adoptar um critério abrangente que a alargue a sectores mais vastos que oshoje presentes na Comissão Nacional, eleita no último Congresso?E, no caso de aceitar este último ponto, dispõe-se a aproveitar a ronda que está a fazer pelas federaçõespara sentir e detectar valores e sensibilidades que possam vir a integrar essa Comissão Política renovada,alargada e enriquecida?Se o fizer, acho que o PS poderá contar com um órgão que o poderá representar validamente quando fornecessário pensar e definir a sua política em prazos apertados, como provavelmento será o caso depois deconhecidos os resultados das eleições legislativas.

II- O nosso camarada António Guterres demitiu-se logo a seguir às autárquicas. Embora algo precipitadaesta demissão teve o imenso mérito de indicar ao PS a absoluta necessidade de se renovar.Ora, no dia 16 de Dezembro, houve um PS derrotado e um PS vitorioso.O PS derrotado foi o das comissões políticas concelhias e federativas dominadas por clientelas queperderam o sentido das suas obrigações para com o país, que não souberam apresentar propostas para acomunidade, que apresentaram candidatos que deram do PS a imagem de um partido sem ideias, fechadosobre si próprio e incapaz de se renovar.O PS vencedor foi o das comissões que, superando dificuldades, apresentaram candidatos que transmitiramalgo para o exterior e, embora em muitos casos sem ganhar Câmaras, ganharam votos e deram do PS umaimagem que o valorizou.Se o secretário-geral, em face de resultados considerados maus, entendeu demitir-se, com muito mais forterazão devem as estruturas concelhias e federativas que tiveram maus resultados pôr o problema da suademissão. Não devem ser as estruturas nacionais a pressiona-las. O problema das estruturas locais sedemitirem, ou não (e quando) para permitir um renovamento do partido a partir da base, é um problemadelas próprias que deve ser deixado à consciência, e permito-me dizer, à inteligência política dos seusmilitantes .Há, no entanto, um problema que interessa a todo o partido: o da escolha dos candidatos a deputados.Esta escolha deve revelar a vontade e a capacidade de renovamento do PS.É absolutamente inadmissível que as estruturas que se revelaram as mais incapazes de iniciar este renovamentetenham um papel dominante na escolha dos candidatos.O artigo 91º dos Estatutos diz que 70 por cento dos candidatos a deputados devem ser indicados pelasFederações. O nº 4 do artigo 90º diz que a Comissão Nacional pode avocar uma série de competências deórgãos inferiores. Pode-se discutir se este nº 4 é aplicavel ao indicado no artigo 91º, que se segue.Mas a Comissão Nacional tem competência delegada pelo anterior Congresso para alterar os Estatutos. Foiesta capacidade, aliás, que lhe permitiu decidir a eleição do secretário-geral sem ser em simultâneo com umCongresso. A Comissão Nacional só vai reunir, provavelmente, uma vez antes das eleições.Nestas condições legais, mas de verdadeira excepção, propõe-se que:1- A Comissão Nacional na sua primeira reunião avoque todas as competências previstas no artigo 91 dosEstatutos.2- Delegue todas estas competências na Comissão Política Nacional.3- Recomende à Comissão Política Nacional que oiça as opiniões das Federações sobre as escolhas doscandidatos a deputados, aproximando-se tanto quanto possivel do previsto no nº 1 do artigo 91º, mas sema isso se sentir formalmente obrigada.É este o caminho único da legalidade, do bom senso, e do entendimento entre os socialistas, pelo menosdos que sentem que é necessário renovar o PS para o combate que se avizinha.

III- O PS vai travar uma batalha dificil. Se ganhar, se formar governo, os que acompanham de perto Ferro

Rodrigues vão ser ministros. É normal e é justo.Mas se perder, se o PS não formar governo, o quevão fazer? Vão ficar comodamente instalados empostos de direcção do PS, ou vão continuar a travara batalha pela sua renovação?Um Congresso Nacional logo a seguir às eleiçõesserá, ou o Congresso do Aplauso e da auto-satisfação, ou um congresso desorientado e comtendência para imolar os que estiveram à frente. Emqualquer dos casos, dificilmente será o congressoda renovação.As estruturas concelhias e federativas do PS são,em muitos casos, órgãos virados para dentro,avessos à renovação e com ligações insuficientes àmassa dos militantes. . Muitas das secções queelegem delegados estão praticamente fechadasdesde há anos, nalguns casos desde há décadas, esão controladas por pequenos grupos que se nãorenovam.Com a actual exigência de listas completas e comsuplentes de dimensões exorbitantes para elegerdelegados nas secções, o renovamento do PS numCongresso de baixo para cima é praticamenteimpossivel.A renovação do PS exige algo mais. Exige, no casode uma derrota nas legistativas, que dirigentes comoos que agora acompanham Ferro Rodrigues tenhama humildade, de vir disputar eleições nas concelhiase federações.Em qualquer caso, são essas eleições, mais próximasdos militantes que se devem fazer em primeiro lugar.Depois, mais tarde, deverá ser feito o CongressoNacional mas, antes, a actual Comissão Nacionaltem a obrigação de pôr em funcionamento o Fórumde debates aprovado no último Congresso.É na sequência de debates iniciados nesse Fórum,que podemos ter um Congresso válido que possainiciar uma nova época para o PS.Há uma convicção que nos deve animar: com massados portugueses que o apoiam, o PS tem todas ascondições para ganhar estas eleições, ou as próximasde 2006. Mas devemos também saber que para oconseguir o PS precisa, em absoluto, de se renovar.

IV- Estes encontros são feitos, entre outras coisas,para os dirigentes ouvirem opiniões e sugestõesdos militantes. É uma prática antiga que temfuncionado com resultados muito insuficientes. Masvejo na convocatória que me chegou algo de novoque me agradou: o convite para enviar contributosescritos para a candidatura.É preciso que esta prática se institucionalize no PS.Sugiro que haja no PS um serviço com uma indicação,que poderá ser, simplesmente: «Contributos» e umendereço de e:mail, para onde os militantes possamenviar os seus contributos. Esse serviço deveráatribuir um número de entrada aos textos recebidos,acusar a sua recepção na volta do correio, e informardepois os autores do eventual encaminhamento quelhe seja dado. É um mínimo a que tem direito quemenvie um contributo.A Direcção deverá, ainda, ter colaboradores capazesque semanalmente façam uma sintese dos textoschegados.Se isto for feito, e é fácil fazê-lo, os militantes ficarãoa saber que, num partido que anda constantementea ouvir independentes, os contributos internosdeixarão registo e poderão, também, ser ouvidos eeventualmente tidos em conta.Considero que a Direcção do PS, pelo respeito quedeve aos militantes, a isto se deve sentir obrigada.

ANTÓNIO BROTAS

Se o secretário-geral, em face deresultados considerados maus,entendeu demitir-se, com muitomais forte razão devem asestruturas concelhias e federativasque tiveram maus resultados pôr oproblema da sua demissão. Nãodevem ser as estruturas nacionaisa pressiona-las. O problema dasestruturas locais se demitirem, ounão (e quando) para permitir umrenovamento do partido a partir dabase, é um problema delas própriasque deve ser deixado à consciência,e permito-me dizer, à inteligênciapolítica dos seus militantes.

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17 de Janeiro 2002POR FIM...

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O Presidente da República deve promulgar o decreto que dissolve a Assembleia daRepública e convoca eleições legislativas para 17 de Março.

O primeiro-ministro, António Guterres procede ao balanço da informatização na área daJustiça.

O ministro da Educação está em Timor onde irá assinar diversos protocolos tendo em vistao ensino e a divulgação da língua portuguesa no território.

A Fundação para a Ciência e Tecnologia abre, a 20 de Janeiro, o concurso para atribuiçãode bolsas individuais de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento.

No Instituto Nacional de Estatística serão apresentados os resultados do Censos 2001.

No Tribunal da Maia é lida a sentença de 17 mulheres acusadas de terem praticado abortoclandestino.

Na Galeria Municipal de Abrantes está patente ao público até 3 de Fevereiro a exposição«de tanto olhar», de António Colaço.

Na Culturgest em Lisboa, tem lugar, de sexta a domingo, um conjunto de iniciativas quevisam homenagear o coreógrafo Bauhaus.