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Anteprojecto da Política de Emprego Página 1

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Anteprojecto da Política de Emprego Página 1

Anteprojecto da Política de Emprego Página 2

Nota sobre o processo de preparação da Politica de Emprego

Por decisão do Governo de Moçambique, sob direcção do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança

Social (MITESS) e com o apoio especial da Organização Internacional do Trabalho, está em curso, desde

Novembro de 2015, a preparação de uma Política de Emprego (PE), cujos objectivos são a criação de

emprego e trabalho dignos, em conformidade com o plano quinquenal de desenvolvimento económico e

social e outros instrumentos governamentais relevantes.

A preparação da Política de Emprego é acompanhada por um Comité Consultivo para a Elaboração da

Política de Emprego, encabeçada pelo MITESS e constituída por representantes de vários ministérios e

outros sectores selecionados, e inclui um processo de consulta nacional por meio de

seminários, entrevistas, questionários e recolha e estudo de documentos relevantes produzidos em

Moçambique, bem como na região da SADC e internacionalmente.

O Ante-Projecto da Politica de Emprego que agora se apresenta para apreciação e enriquecimento

resultou da primeira fase dessa preparação, da qual se realçam as visitas e reuniões e entrevistas

realizadas nos meses de Dezembro e Janeiro últimos nas 11 províncias do Pais com representantes de

trabalhadores, empregadores, governo, organizações sociais, parceiros de cooperação, entre outros.

A fase seguinte de preparação vai consistir principalmente na realização, em cada província, na primeira

quinzena de Março, de um seminário com representantes dos principais grupos interessados na Politica de

Emprego, acima nomeados, com o objectivo de se rever e enriquecer o Ante-Projecto da Politica de

Emprego. Em paralelo, vai continuar a recolha de contribuições individuais ou colectivas por meio de

entrevistas e questionários ou submissões voluntárias feitas pelos cidadãos.

Após os seminários provinciais, vai ser produzido o Projecto da Politica de Emprego, para ser levado

para apreciação e deliberação num seminário nacional a realizar-se no próximo mês de Abril.

A Universidade Politécnica, entidade responsável pela produção do Projecto da Politica de Emprego, vai

receber com imensa gratidão todas as contribuições, incluindo as que lhe forem individualmente enviadas

para o endereço indicado no fim deste documento.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 3

Siglas e Acrónimos

LISTA SIGNIFICADO

CRM Constituição da República de Moçmbique

ENDE Estratégia Nacional de Desenvolvimento

FAIJ Fundo de Apoio a Iniciativas Juvenis

FDA Fundo de Desenvolvimento Agrário

FDD Fundo de Desenvolvimento do Distrito

FDP Fundo de Desenvolvimento Pesqueiro

GdM Governo de Moçambique

HIV & SIDA Vírus da Imunodeficiência Humana & Sindroma de Imunedeficiência Adquirida

IDE Investimento Directo Estrangeiro

INE Instituto Nacional de Estatísticas

INEFP Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional

M&A Monitoria e Avaliação

MINEDH Ministério da Educação & Desenvolvimento Humano

MITESS Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social

MPMEs Micro, Pequenas e Médias Empresas

OSC Organizações da Sociedade Civil

PERPU Programa Económico de Redução da Pobreza Urbana

PIB Produto Interno Bruto

RSC Responsabilidade Social Corporativa

SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral

Anteprojecto da Política de Emprego Página 4

ÍNDICE I. PREÂMBULO ...................................................................................................................................... 6

II. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 6

III. DEFINIÇÕES ................................................................................................................................... 7

IV. ESCOPO ........................................................................................................................................... 8

V. PRINCÍPIOS ......................................................................................................................................... 9

VI. PILARES DA POLÍTICA ............................................................................................................. 10

A. Medidas macro-económicas e sectoriais ............................................................................................ 10

Pilar 1: Macro-económico virada para a criação de emprego ................................................................. 10

Pilar 2: Políticas Sectoriais ..................................................................................................................... 11

B. Medidas de aumento da quantidade de postos de trabalho .................................................................. 13

Pilar 3: Criação de Emprego ................................................................................................................... 13

Pilar 4: Sector Informal ........................................................................................................................... 14

Pilar 5: Empreendedorismo ..................................................................................................................... 14

Pilar 6: Responsabilidade Social Corporativa ......................................................................................... 14

Pilar 7: Trabalho Migratório/ Expatriados .............................................................................................. 15

Pilar 8: Investimentos e Conteúdo Local ................................................................................................ 16

C. Medidas de aumento da qualidade de emprego .................................................................................... 17

Pilar 9: Empregabilidade ......................................................................................................................... 17

Pilar 10: Educação, Formação Profissional e Desenvolvimento Humano .............................................. 17

Pilar 11: Não Discriminação, Inclusão e Trabalho Digno ...................................................................... 18

Pilar 12: Trabalho Infantil ....................................................................................................................... 19

Pilar 13: Protecção Social ....................................................................................................................... 20

Pilar 14: Diálogo Social .......................................................................................................................... 20

Pilar 15: Assuntos transversais ............................................................................................................... 21

17.1. Género ........................................................................................................................................ 21

17.2. Juventude ................................................................................................................................... 21

17.3. Pessoas com Deficiência Física ................................................................................................. 22

17.4. HIV & SIDA .............................................................................................................................. 22

17.5. Ambiente e Mudanças Climáticas .............................................................................................. 23

Anteprojecto da Política de Emprego Página 5

D. Medidas sobre o mercado do trabalho................................................................................................... 23

Pilar 16: Mercado de Trabalho................................................................................................................ 23

E. Medidas sobre a cooperação internacional ............................................................................................ 24

Pilar 17: Integração Regional .................................................................................................................. 24

Pilar 18: Cooperação Internacional ......................................................................................................... 25

VI. NEPOTISMO E CORRUPÇÃO ........................................................................................................... 25

VII. RESPONSABILIDADES DOS PRINCIPAIS ACTORES ................................................................. 26

1. Governo .......................................................................................................................................... 26

2. Sindicatos ........................................................................................................................................ 27

3. Empregadores ................................................................................................................................. 27

4. Sociedade Civil ................................................................................................................................ 27

VIII. COORDENAÇÃO ............................................................................................................................. 28

IX. PLANO DE ACÇÃO E AVALIAÇÃO ................................................................................................ 28

Anteprojecto da Política de Emprego Página 6

I. PREÂMBULO

A Política de Emprego é sustentada por princípios consagrados na Constituição da

República de Moçambique (CRM), que estabelece que o “trabalho é a força motriz do

desenvolvimento e é dignificado e protegido” (Art. 112). A Política de Emprego está

alinhada com vários Acordos assinados e Convenções Internacionais ratificadas pelo

Governo de Moçambique (GdM), que promovem o direito ao trabalho, o respeito pelo

trabalhador e o “emprego digno, produtivo e sustentável”1.

O emprego e a empregabilidade sempre constituíram prioridades do Governo. A

Política de Emprego está também alinhada com o Programa Quinquenal, a Estratégia

Nacional de Desenvolvimento (ENDE), a Agenda 2025 e reforça as políticas

sectoriais existentes. Acima de tudo, a Política de Emprego reforça o compromisso do

GdM de promover o diálogo social e um ambiente favorável para a promoção de

investimentos e negócios com potencial para a criação de novos postos de trabalho.

II. INTRODUÇÃO

O contexto actual é caracterizado por um crescimento rápido do Produto Interno

Bruto (PIB) e descobertas de grandes reservas de recursos energéticos com potencial

para acelerar a alavancagem da economia nacional, proporcionando a criação de mais

postos de trabalho para os moçambicanos.

O país possui aproximadamente 70% da sua população economicamente activa no

sector da agricultura (INE, 2007) e uma grande percentagem da força de trabalho no

sector informal.

A taxa de emprego é baixa e a de desemprego (incluindo o desemprego de longa

duração) é muito elevada2, sobretudo, entre os jovens, que constituem a maior parte

da população activa. A taxa de desemprego é um indicador crítico para a análise das

tendências de crescimento e desenvolvimento do país, dai a necessidade de se

melhorar e monitorar as estatísticas sobre esta matéria.

As políticas macro-económicas devem continuar a privilegiar um cenário de controlo

da taxa de inflação, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), da tendência do

emprego e do índice da pobreza.

É neste contexto que se enquadra a necessidade de uma Política de Emprego que

harmonize as políticas sectoriais existentes e articule com clareza os objectivos

estratégicos e metas do Governo para este sector.

1 OIT (): Convenção da OIT sobre Política de Emprego

2 MITESS (2014): Towards a National Employment Policy for Mozambique – Background working document

Anteprojecto da Política de Emprego Página 7

A Política de Emprego visa contribuir para a eliminação e mitigação das assimetrias

regionais do desenvolvimento e reduzção da tendência de êxodo rural para as capitais

provinciais, particularmente de jovens, na procura de melhores condições de vida.

Visa, igualmente, promover de forma estruturada, uma maior interacção e parcerias

entre as instituições de ensino e o sector privado para a melhoria do alinhamento dos

programas de formação, para uma maior absorção da mão-de-obra local.

É de destacar que, entre os objectivos específicos, a Política de Emprego visa também

reforçar a cooperação regional em áreas que promovam o investimento, emprego, as

exportações e a integração, contribuíndo para o fortalecimento da cooperação.

III. DEFINIÇÕES

Para os efeitos desta Política, os termos usados definem-se do seguinte modo:

Desemprego: refere-se a todas as pessoas que não trabalham mediante uma

remuneração, mas são capazes e disponíveis para trabalhar.

Desemprego de longa duração: refere-se a todas as pessoas desempregadas

durante períodos contínuos de desemprego, que duram um ou mais anos3.

Moçambique tem medido o desemprego em relação a semana anterior

(últimos 7 dias).

Emprego: a medição do emprego quantifica as pessoas, num intervalo

definido de idades, que trabalharam mediante remuneração (incluída a

remuneração em géneros) e/ou tendo em vista um lucro durante um dado

período de referência; ou que estavam temporariamente ausentes do trabalho

por motivos específicos como a doença, maternidade, licença parental, férias,

formação ou conflito laboral. Os trabalhadores familiares não remunerados,

que trabalharam pelo menos uma hora no período de referência também

devem ser incluídos na medição do emprego, pese embora muitos países

apliquem um limite de horas superior4.

Empregabilidade: o termo refere-se às competências e qualificações móveis

que reforçam a capacidade individual de utilizar oportunidades de educação e

de formação disponíveis para assegurar e manter um trabalho digno5.

Emprego informal: é uma relação que, na lei ou na prática, não está sujeita à

legislação nacional de trabalho, imposto sobre o rendimento, protecção social

3 Idem

4 Idem

5 Idem

Anteprojecto da Política de Emprego Página 8

ou ao direito a determinados benefícios do emprego, e não é regulada pela

legislação do trabalho6.

Emprego produtivo: emprego que tem um retorno suficiente do trabalho

prestado, que permite ao trabalhador e aos seus/suas dependentes que atinjam

um nível de consumo acima do limiar da pobreza7.

Política de emprego: uma visão e um quadro concertado e coerente ligando

todas as intervenções na área do emprego e todos os grupos de interesse num

determinado país8.

População economicamente activa ou força de trabalho: é a população

disponível para trabalhar. Inclui as pessoas empregadas e desempregadas de

um país/região. As pessoas empregadas são as que têm um emprego ou um

negócio, enquanto os desempregados estão sem trabalho disponível para

trabalhar e estão activamente à procura de trabalho9.

Sub-emprego: pode ser definido em relação às horas trabalhadas, ao tipo de

emprego em relação às qualificações e em relação à remunerações, tendo em

consideração as actividades realizadas. Neste sentido o subemprego inclui

todas as pessoas empregadas que, durante um curto período de referência,

estiveram a) dispostas a trabalhar horas suplementares, b) disponíveis para

trabalhar horas suplementares e c) trabalharam menos do que um certo limite

estipulado de horas de trabalho10

, empregaram-se em actividades de qualidade

inferior às suas qualificações, ou auferiram rendimentos baixos para o mesmo

tipo de actividade. Moçambique tem medido o sub-emprego em relação ao

limite de horas trabalhadas.

Taxa de desemprego: é calculada em termos do número de pessoas

desempregadas como percentagem da população economicamente activa.11

IV. ESCOPO

A Política de Emprego define uma visão partilhada e clarifica a articulação com as

acções prioritárias para a promoção do “pleno emprego, produtivo e sustentável” para

todos os moçambicanos. Esta Política aplica-se a todos os cidadãos sem qualquer tipo

de discriminação e a todas as empresas nacionais e estrangeiras em Moçambique.

6 Idem

7 Idem

8 OIT (2013): Guia para a formulação de políticas nacionais de emprego – Departamento de Políticas de Emprego.

9 Idem

10 Idem

11 Idem

Anteprojecto da Política de Emprego Página 9

A Política de Emprego estabelece o quadro geral para acções que visem promover a

criação de emprego, empregabilidade e sustentabilidade do emprego no país, e

prossegue os seguintes objectivos:

1. Objectivo geral:

Aumentar as oportunidades de emprego e garantir a estabilidade do mesmo,

contribuíndo assim para o desenvolvimento económico e social e para o bem-estar

dos cidadãos.

2. Objectivos específicos:

a) Estimular e contribuir, directa ou indirectamente, para a criação de novos

postos de trabalho, garantindo o pleno emprego para todos os moçambicanos

que procuram emprego.

b) Contribuir para a criação de condições institucionais que concorram para a

melhoria do funcionamento do mercado de trabalho, tanto do lado da oferta

como do lado da procura.

c) Assegurar a harmonização das políticas sectoriais e fortalecer o quadro

institucional para o emprego e o auto-emprego.

d) Contribuir para o fortalecimento do âmbito da cooperação internacional para

atrair mais investimentos e criar mais postos de trabalho.

e) Promover e apoiar programas e iniciativas que contribuam para o

desenvolvimento do capital humano, melhorando os programas de formação

profissional alinhados com as exigências do mercado de trabalho, para

permitir uma maior absorção da mão-de-obra local.

f) Melhorar e assegurar a implementação eficaz de leis e regulamentos sobre o

uso da mão-de-obra estrangeira, garantindo a transferência de conhecimento e

know-how para o trabalhador nacional.

V. PRINCÍPIOS

1. Integridade e honestidade no recrutamento e selecção do trabalhador.

2. Trabalho digno, transparência e respeito pelos direitos do trabalhador.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 10

3. Não discriminação com base na raça, origem étnica, religião, sexo, cor partidária

ou deficiência física.

4. Profissionalismo, eficácia, eficiência e partilha de boas práticas.

5. Cultura de aprendizagem do trabalho, logrando elevados padrões de qualidade.

VI. PILARES DA POLÍTICA

A política de emprego é constituída por 18 pilares, que asseguram o aumento das

oportunidades e da garantia da estabilidade do emprego, contribuíndo assim para

o desenvolvimento económico e social e para o bem-estar dos cidadãos. Os 18

pilares enquadram-se no seguinte grupo de medidas:

Grupo A: Medidas macro–económicas e sectoriais (Pilares 1, 2)

Grupo B: Medidas de aumento da quantidade de postos de trabalho (Pilares

3,4,5,6,7,8)

Grupo C: Medidas de aumento da qualidade de emprego (Pilares

9,10,11,12,13,14,15)

Grupo D: Medidas sobre a gestão do mercado do trabalho (Pilar 16)

Grupo E: Medidas sobre a cooperação internacional (Pilares 17,18)

A. Medidas macro-económicas e sectoriais

Pilar 1: Macro-económico virada para a criação de emprego

Neste domínio pretende-se assegurar que as políticas macro-económicas

contribuam para a expansão de oportunidades de emprego, minimizando os

efeitos negativos da globalização sobre o mercado de trabalho nacional.

Principais linhas de acção:

a) Assegurar que as políticas monetárias e fiscal desempenham um papel

preponderante para o crescimento e desenvolvimento da economia

moçambicana e expansão das oportunidades de emprego.

b) Garantir que o crescimento rápido da economia seja alimentado pelo

crescimento de oportunidades de emprego altamente produtivos e

sustentáveis, assegurando que os indicadores macro-económicos, bem como

os indicadores sociais, reflictam a redução das taxas de desemprego e de

pobreza absoluta.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 11

c) Garantir que a gestão macro-económica esteja de acordo com os objectivos do

crescimento de um empresariado interno criador do emprego.

d) Promover a redução dos níveis de dependência externa e a realização de

transformações estruturais, para estimular a economia e o funcionamento

eficiente dos mercados, em parceria com o sector privado e outros grupos de

interesse, assegurando a robustez dos padrões de desenvolvimento económico

e, por via disso, a estabilidade do emprego.

e) Incentivar o Investimento Directo Estrangeiro (IDE) através de medidas

multissectoriais e concertadas para a melhoria do ambiente de negócios e a

competitividade de Moçambique principalmente na região.

f) Desenvolver políticas financeiras criadas para expandir as oportunidades de

emprego, com vista a aumentar as fontes de financiamento das MPMEs,

incentivando as instituições financeiras privadas a melhorar os seus serviços

de apoio ao crédito para as MPMEs.

g) Promover um diálogo entre o Governo e as instituições financeiras privadas

para tornar o acesso ao crédito para MPMEs mais fácil, céere e seguro.

h) Criar uma linha especial de crédito para MPMEs para os casos em que a

expansão (ou consolidação) dos negócios esteja orientada para as estratégias

de trabalho intensivo e aumento do valor acrescentado e produtividade.

i) Adoptar medidas especiais de inclusão financeira para reduzir o fosso entre as

oportunidades disponíveis entre províncias e entre áreas rurais e urbanas.

j) Dar especial atenção aos grupos vulneráveis para acederem ao mercado

financeiro.

k) Facilitar através do Banco Central, em virtude do seu papel regulador do

sistema financeiro, a introdução de instrumentos financeiros e produtos

inovadores e inclusivos permitindo maior acesso ao financiamento dos

sectores rural e informal.

Pilar 2: Políticas Sectoriais

Neste domínio pretende-se promover a harmonização das políticas sectoriais para

assegurar o cumprimento dos objectivos e metas do programa do Governo para o

emprego.

Este pilar pretende também assegurar que as políticas sectoriais estabeleçam

objectivos directos e explícitos para a maximização das oportunidades de

Anteprojecto da Política de Emprego Página 12

emprego, enquadrados na visão coerente e uniforme de promoção de emprego,

estabelecida neste documento.

Os sectores da (i) Agricultura, (ii) Indústria Tranformadora e Comércio, (iii)

Energia e Recursos Minerais, (iv) Turismo e (v) Obras Públicas e Habitação

(Infraestruturas), já identificados na Estratégia Nacional de Desenvolvimento

(ENDE) como apresentando grande potencial para a criação da riqueza nacional,

devem ser também orientados para o seu maior enfoque na criação de emprego.

Principais linhas de acção:

a) Assegurar a melhoria das políticas sectoriais, estabelecendo metas concretas

de emprego, reflectindo uma orientação comum para a criação de mais postos

de trabalho, aumento da empregabilidade e estabilidade do emprego.

b) Incluir em todas as políticas sectoriais as exigências de não discriminação,

justiça salarial, inclusão, formação e transferência de conhecimento.

c) Iniciar um diálogo multissectorial tendo em vista a análise das políticas e

estratégias sectoriais existentes, as preocupações com a criacção de emprego e

a maximização dos resultados do emprego na implementação destas políticas.

d) Rever as medidas sobre coordenação intersectorial contidas no Programa

Quinquenal do Governo e determinar como se pode reforçar a execução

dessas medidas, incorporando-as no Plano de Acção para a implementação da

Política de Emprego.

e) Estreitar a colaboração periódica entre o MITESS, Ministério da Agricultura e

Segurança Alimentar, Ministério da Indústria e Comércio, Ministério da

Energia e Recursos Minerais, Ministério da Cultura e Turismo, Ministério das

Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos e o Ministério da Economia e

Finanças para a implementação das suas políticas tendo em vista melhorar a

visibilidade das questões da criação de emprego e crescimento inclusivo.

f) Manter e expandir o enforque e investimentos para o desenvolvimento da

agricultura e agro-negócios como a base para uma economia moderna e

competitiva.

g) Realizar estudos específicos sobre obstáculos actuais para a criação de

emprego no sector agrícola (com foco na inclusão financeira), fortalecimento

do sistema judicial (nas questões de corrupção), potencial de desenvolvimento

de infra-estruturas, direitos sobre a propriedade da terra e acesso à terra.

h) Promover o diálogo periódico mais intenso entre o MITESS, Ministério da

Juventude e Desportos, Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano e

Anteprojecto da Política de Emprego Página 13

o Ministério da Saúde para a implementação de estratégias sectoriais relativas

ao acesso dos jovens ao mercado de trabalho.

i) Conceber estratégias para encorajar e apoiar todo o tipo de empresas, em

particular as PMEs, para a criação de oportunidades adicionais de emprego,

que contribuam para o aumento do valor acrescentado e incrementando os

conteúdos locais.

B. Medidas de aumento da quantidade de postos de trabalho

Pilar 3: Criação de Emprego

No domínio da criação de emprego pretende-se orientar todos os sectores da

economia a potenciar medidas para o aumento de postos de trabalho, assegurando

emprego para todos os moçambicanos em idade de trabalho que procuram emprego.

Principais linhas de acção:

a) Assegurar o aumento de investimentos no sector da educação e formação

profissional, por forma a garantir, continuamente, a disponibilidade de mão-

de-obra qualificada.

b) Providenciar incentivos para investimentos intensivos em mão-de-obra,

utilizando tecnologias apropriadas.

c) Promover medidas de estímulos para a criação de novos postos de trabalho no

sector privado.

d) Assegurar a avaliação periódica das iniciativas de promoção de emprego e

empreendedorismo, nomeadamente FDD (Fundo de Desenvolvimento do

Distrito) vulgo “7 milhões”, Kits para auto-emprego (conjunto de ferramentas

e consumíveis que permitem que os beneficiários iniciem e desenvolvam o

seu negócio), FDP (Fundo de Desenvolvimento Pesqueiro), FDA (Fundo de

Desenvolvimento Agrário), FAIJ (Fundo de Apoio a Iniciativas Juvenis) e o

PERPU (Programa Económico de Redução da Pobreza Urbana).

Anteprojecto da Política de Emprego Página 14

Pilar 4: Sector Informal

Neste domínio pretende-se estimular o apoio ao sector informal, facilitando a transição

para o sector formal, promovendo a estabilidade do emprego.

Principais linhas de acção:

a) Promover políticas de acesso ao crédito, formação sobre empreendedorismo e

estímulos para facilitar a transição dos informais para o sector formal.

b) Incentivar a promoção de políticas com impacto directo no aumento do

rendimento nas zonas rurais, através de facilidades na tributação, melhoria de

infra-estruturas, redes de comercialização, acesso ao crédito e outras iniciativas.

c) Desenvolver a estratégia e o plano de acção para o sector informal, especialmente

para os empreendedores individuais e familiares, que inclua incentivos para o seu

crescimento e desenvolvimento.

Pilar 5: Empreendedorismo

Neste domínio pretende-se contribuir para o robustecimento da cultura do

empreendedorismo estimulando a inovação e a criação de novos postos de trabalho.

Principais linhas de acção:

a) Promover o apoio ao empreendedorismo, através de estímulos e subsídios às

micro, pequenas e médias empresas, que contratem jovens desempregados.

b) Promover e institucionalizar a educação sobre o empreendedorismo nas escolas

primárias e secundárias, universidades e outras instituições de ensino.

c) Estimular as ONG estrangeiras e as OSC, para aumentarem os investimentos

sociais nas zonas rurais, promovendo programas e projectos sobre o

empreendedorismo e a inovação.

Pilar 6: Responsabilidade Social Corporativa

Neste domínio, pretende orientar-se a responsabilidade social corporativa para o

desenvolvimento de programas e iniciativas de geração de renda e postos de trabalho nas

comunidades onde a empresa/organização opera.

Principais linhas de acção:

Anteprojecto da Política de Emprego Página 15

a) Promover a responsabilidade social corporativa visando contribuir para o bem-

estar das comunidades, que permitem à empresa operar e rentabilizar o seu

negócio, bem como o investimento social, a auditoria social e as iniciativas

sustentáveis.

b) Utilizar a responsabilidade social corporativa como um catalisador de recursos

adicionais para a comunidade desenvolver iniciativas de geração de renda e

postos de trabalho, bem como para estimular a adopção de métodos e técnicas de

produção mais eficientes.

Pilar 7: Trabalho Migratório/ Expatriados

Neste domínio pretende-se contribuir para a protecção dos direitos dos trabalhadores,

assegurar a implementação efectiva dos regulamentos existentes, garantir a reintegração

do trabalhador emigrante e transferência de conhecimento do trabalhador estrangeiro para

o nacional.

Principais linhas de acção:

a) Desenvolver políticas que protejam o trabalhador emigrante, assegurando os seus

direitos e a sua protecção no país de emigração.

b) Criar condições, sempre que necessário, para a reinseração no mercado de

trabalho nacional dos emigrantes moçambicanos regressados à Pátria.

c) Assegurar o cumprimento da lei e garantir a permanência e o trabalho legal pelos

imigrantes que escolhem Moçambique como seu país de residência permanente e

trabalho.

d) Proteger os direitos do trabalhador imigrante legal e temporário (expatriados),

através de uma efectiva implementação dos regulamentos sobre expatriados.

e) Limitar a autorização de trabalho do expatriado ao período indispensável para

cumprir um plano bem definido, salvo provando-se haver justificação plausível,

designadamente a capacitação ou a formação de mais moçambicanos.

f) Assegurar a fiscalização e controlo no sentido de que todo o rendimento ou

salário produzido em Moçambique seja tributado no país, exceptuando-se os

casos cobertos por acordos especiais, tendo em vista contribuir para o

alargamento de receitas, investimentos sociais e mais postos de trabalho.

g) Mitigar o impacto dos efeitos da globalização sobre o mercado de trabalho,

assegurando a obrigatoriedade de utilização de mão-de-obra nacional sempre que

seja disponível, recorrendo-se a mão-de-obra estrangeira apenas quando não haja

nacionais de igual qualificação e experiência.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 16

h) Criar incentivos e facilitar a imigração de mão-de-obra qualificada para os

sectores prioritários da economia, nos quais não seja possível a curto e médio

prazos suprir as necessidades de crescimento económico.

Pilar 8: Investimentos e Conteúdo Local

Neste domínio pretende-se incentivar investimentos intensivos em mão-de-obra e

parcerias que estimulem a criação de oportunidades para que as pequenas e médias

empresas possam criar mais postos de trabalho.

Principais linhas de acção:

a) Melhorar a lei do investimento, para alargar os incentivos ao investimento, que

garantam, uma percentagem razoável de conteúdo local, permitindo a promoção de

pequenas e médias empresas e a absorção da mão-de-obra local.

b) Garantir que o conteúdo local se aplique a toda a cadeia de valores, para permitir

acrescentar valor, além da criação de mais postos de trabalho e da transferência de

conhecimento para os locais.

c) Criar incentivos e vantagens para os investidores estrangeiros que incluam a

participação de, pelo menos, um accionista nacional em empreendimentos que

possam contribuir para a promoção e o robustecimento de pequenas e médias

empresas locais.

d) Criar incentivos para investimentos públicos e privados em sectores de actividade

com maior capacidade de criar postos de trabalho estáveis (emprego intensivo em

mão-de-obra), prioritariamente, em sectores em que Moçambique tenha vantagens

comparativas, que aumentem a produção nacional de alimentos e bens de consumo

básicos, que promovam a transformação e avanço tecnológico da agricultura, que

privilegiem a diminuição de importações e o aumento de exportações, contribuíndo

para a melhoria da balança de pagamentos.

e) Criar zonas exclusivas com isenções ou redução significativa de impostos por

períodos de tempo determinados, que sejam atractivas para a implantação de

empresas, que promovam mais postos de trabalho.

f) Criar incentivos para o empreendedorismo em sectores auxiliares (industriais e

serviços), que se desenvolvem a volta dos grandes investimentos, para servir os

sectores âncora e estruturantes da economia, tais como energia, telecomunicações,

transportes e infra-estruturas, criando, assim, mais postos de trabalho.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 17

C. Medidas de aumento da qualidade de emprego

Pilar 9: Empregabilidade

Neste domínio pretende-se promover o aumento de capacidades, competências e

habilidades do trabalhador, disponibilizando mão-de-obra qualificada capaz de assegurar

elevados níveis de produção e produtividade.

Principais linhas de acção:

a) Aumentar o número de instituições de formação técnico-profissional e

assegurar a fiscalização da qualidade do ensino, em especial, o ensino técnico-

profissional;

b) Rever os curricula e programas e adequar a formação profissional às

exigências do mercado de trabalho.

c) Promover programas especiais de formação para jovens, especialmente

raparigas, concedendo incentivos e a isenção de imposições aduaneiras na

importação do material e equipamento para a formação profissional.

d) Investir nos trabalhadores, capacitando-os para assegurarem elevados níveis

de produtividade.

e) Identificar objectivamente as qualificações necessárias para cada sector e

assegurar o número de graduados necessários para períodos de tempo

determinados

f) Repensar o papel do INEFP, separando as funções do emprego das funções de

formação profissional, do funcionamento dos Centros de Emprego e do

Observatório do Mercado de Trabalho, para adequá-los à nova dinâmica.

Pilar 10: Educação, Formação Profissional e Desenvolvimento Humano

Neste domínio pretende-se encorajar a promoção de programas e iniciativas de educação

e formação profissional orientados para as necessidades de desenvolvimento do país,

maximizando esforços que permitam estimular investimentos em sectores com maior

potencial para a criação de emprego.

Principais linhas de acção:

a) Adoptar medidas que permitam aumentar o financiamento às instituições de

educação e de pesquisa, sobretudo, as ligadas aos sectores de maior potencial

para o crescimento económico, desenvolvimento e emprego.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 18

b) Aumentar o acesso ao ensino a estudantes academicamente mais qualificados,

mesmo os menos capazes financeiramente.

c) Assegurar a expansão da rede de educação, em particular, a das escolas de

artes e ofícios e as escolas técnicas, orientadas para vocações, que permitam

maximizar o uso de recursos locais e a promoção de emprego.

d) Promover o processo de revisão dos programas e curricula de formação, para

adequar os seus conteúdos à demanda do mercado.

e) Envidar esforços para a melhoria da qualidade dos professores, com

prioridade para os do ensino técnico-profissional, através da capacitação,

assegurando o recrutamento e remuneração adequada aos formadores

qualificados.

f) Alargar o apoio a programas e acções de estágios pré-profissionais,

profissionais e cursos sobre comunicação verbal e escrita, trabalho em equipe,

liderança e outros, que facilitem a integração no mercado laboral, bem como

introduzir programas ocupacionais.

g) Planear a necessidade de centros de formação profissional, em conformidade

com as projecções de necessidades de recursos humanos, assegurando a sua

apropriada localização e distribuição nacional, para promover a redução de

assimetrias.

h) Aumentar os incentivos e os investimentos nas áreas de formação profissional,

nas zonas rurais, que correspondam aos seus potenciais de produção,

incentivando ao mesmo tempo a criação de postos de trabalho nessas zonas,

de modo a reduzir o desemprego e a migração das zonas rurais para as zonas

peri-urbanas e urbanas.

Pilar 11: Não Discriminação, Inclusão e Trabalho Digno

Neste domínio pretende-se promover trabalho produtivo, digno e eliminar todas as

práticas de exclusão social e discriminação no local de trabalho.

Alcançar o trabalho digno é uma visão que implica também reforçar as iniciativas não só

para maximizar as oportunidades de emprego, mas também para, em conformidade com

as normas necessárias, garantir que as oportunidades de emprego geradas correspondem

às necessidades mínimas de qualidade.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 19

Principais linhas de acção:

a) Melhorar as políticas, regulamentos e o controlo de regulamentos contra a

prática de todos os tipos de discriminação e injustiça no local de trabalho.

b) Fazer cumprir as leis, políticas e regulamentos, complementando as acções do

Governo sobre a não discriminação, a inclusão e o trabalho digno.

c) Promover o uso de testes psicotécnicos para a orientação profissional ou

recrutamento de pessoal, abolindo o uso de testes psicotécnicos

descontextualizados e proibindo práticas que promovem a exclusão e a

discriminação no local de trabalho.

d) Adequar a idade de reforma ao crescimento demográfico e às necessidades de

mão-de-obra qualificada no país.

e) Melhorar a legislação vigente introduzindo-lhe mecanismos adicionais, que

assegurem salário justo e igual para trabalho igual, sem discriminação na base

de sexo, cor ou nacionalidade.

f) Promover programas de aconselhamento para a procura de emprego através

do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFP), as

Agências Privadas de Emprego, bem como iniciativas de aprendizagem para

assegurar a sustentabilidade do emprego.

g) Promover a prática de denunciar e reportar os casos de discriminação,

exclusão social ou qualquer caso de violação da lei.

h) Criar “linhas verdes” ou meios alternativos para permitir denúncias e evitar

repercussões para os denunciantes.

i) Promover o trabalho digno, que constitui um direito fundamental do

trabalhador, através de acções de capacitação, promoção de um ambiente

favorável de trabalho, remuneração justa e estabilidade do trabalho.

Pilar 12: Trabalho Infantil

Neste domínio pretende-se contribuir para a eliminação a médio e longo prazos de todas

as formas de trabalho infantil, encoranjando a promoção de programas de educação e

formação.

Principais linhas de acção:

Anteprojecto da Política de Emprego Página 20

a) Assegurar a implementação efectiva da legislação sobre o trabalho infantil e rever

o regime sancionatório para incluir maior severidade contra qualquer caso que

sujeita a criança a condições abusivas e cruéis de trabalho.

b) Eliminar as piores formas de trabalho infantil que incluem a exploração sexual, o

tráfico de menores, introduzindo sanções mais severas.

c) Promover acções para a erradicação do analfabetismo através de um maior acesso

à educação e, acima de tudo, de elevação do nível geral de escolaridade.

Pilar 13: Protecção Social

Neste domínio pretende-se contribuir para uma melhor protecção social que potencie a

promoção de emprego, especialmente para jovens. Não se trata aqui da protecção social

para idosos, desempregados, pessoas com deficiências físicas ou mentais, e outros grupos

especiais de cidadãos.

Principais linhas de acção:

a) Promover políticas de protecção social para a promoção de emprego, sobretudo

para jovens, facilitando a colocação de desempregados em programas de

formação e melhorando os benefícios e procedimentos existentes.

b) Promover políticas de protecção social aos trabalhadores, através de pacotes

bonificados de seguros de saúde e subsídios de doença.

c) Investir na expansão e melhoramento dos serviços de protecção social

especialmente os que concedem apoio em troca de trabalho.

Pilar 14: Diálogo Social

Neste domínio pretende-se contribuir para incentivar o diálogo social, promovendo

espaços que estimulam o aumento da produção, produtividade e melhoria do ambiente de

negócios.

Principais linhas de acção:

a) Promover a protecção de liberdade sindical, sendo responsabilidade do Governo,

Sindicatos e Empregadores, entre outros, incentivar o diálogo social.

b) Promover programas de capacitação para os membros da Comissão Consultiva do

Trabalho (CCT) e os Fóruns de Consulta e Concertação Social (FOCCOS).

c) Promover diálogo social aos níveis dos Distritos e das Localidades e disseminar

as decisões tomadas a nível central.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 21

Pilar 15: Assuntos transversais

Neste domínio pretende-se priorizar a integração do género, juventude, pessoas com

deficiência física, HIV e SIDA, ambiente e mudanças climatéricas em todos os

programas e iniciativas sectoriais orientados para a criação e estabilidade de emprego.

Principais linhas de acção:

17.1. Género

Neste domínio pretende-se reforçar os planos e iniciativas do Governo para a integração

do Género em todos os programas e projectos de desenvolvimento económico e social e

assegurar a eliminação de casos de discriminação e assédio sexual.

Principais linhas de acção:

a) Priorizar a educação e a formação profissional da rapariga e da mulher,

visando contribuir para o aumento de oportunidades de emprego e da sua

sustentabilidade.

b) Promover programas especiais para expandir o acesso ao crédito às mulheres

empreendedoras.

c) Estabelecer tolerância zero para os casos de discriminação, suborno e de

assédio sexual em relação a raparigas que procuram emprego.

17.2. Juventude

Neste domínio pretende-se incentivar investimentos intensivos em mão-de-obra para

absorver a força de trabalho maioritariamente jovem e estimular a formação profissional

de jovens.

Principais linhas de acção:

a) Promover políticas e incentivos ao investimento intensivo em mão-de-obra

capazes de absorver a maioria da população jovem, que procura emprego

produtivo e estável.

b) Incentivar o empreendedorismo como alternativa complementar importante,

que deve ser apoiada por programas de formação e oportunidades de acesso ao

crédito.

c) Identificar e investir na formação dentro e fora do país de jovens para sectores

de actividade com potencial para contribuir para o uso de novas tecnologias e

ocupação em novas profissões.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 22

d) Divulgar informação e dados sobre o mercado de trabalho, particularmente os

relacionados com a juventude.

e) Instituir programas profissionais de indução e de informação de competências

para ajudar os jovens a adquirir as informações necessárias e relevantes para

a tomada de decisões informadas sobre as escolhas relativas à transição para o

trabalho.

f) Encontrar mecanismos de gestão de trabalho migratório juvenil e mobilidade

na região.

17.3. Pessoas com Deficiência Física

Neste domínio pretende-se combater à exclusão e estigmatização de pessoas com

deficiência física, contribuíndo para a eliminação de barreiras para o acesso aos

locais de trabalho.

Principais linhas de acção:

a) Melhorar o alcance das políticas de combate à exclusão e estigmatização

de pessoas com deficiência física.

b) Promover uma fiscalização mais eficaz da implementação de medidas que

visam eliminar barreiras de acesso aos locais de trabalho.

c) Criar condições para a contratação de pessoas com deficiência física,

criando um ambiente de trabalho adequado.

17.4. HIV & SIDA

Neste domínio pretende-se reforçar as políticas e práticas de não discriminação de

candidatos ao emprego e trabalhadores vivendo com o HIV & SIDA.

Principais linhas de acção:

a) Envidar esforços para a redução de novas infecções, garantindo uma

sociedade livre do HIV & SIDA, num futuro breve.

b) Promover políticas e práticas de não discriminação e não estigmatização

de candidatos ao emprego vivendo com o HIV & SIDA, no recrutamento

de pessoal e nos locais de trabalho.

c) Priorizar a aquisição e disponibilização de anti-retrovirais de qualidade

para os trabalhadores das classes média e mais desfavorecidas.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 23

17.5. Ambiente e Mudanças Climáticas

Neste domínio pretende-se contribuir para estimular acções com impacto

significativo na mitigação de mudanças climáticas, proporcionando incentivos

para iniciativas que geram postos de trabalho.

Principais linhas de acção:

a) Promover iniciativas de baixo custo para a melhoria das condições

ambientais especialmente nas zonas rurais, permitindo a criação de postos

de trabalho.

b) Assegurar iniciativas que permitam alcançar os objectivos e metas globais

de desenvolvimento sustentável e do novo Acordo de Paris.

c) Assegurar a participação comunitária em acções com impacto na

mitigação de mudanças climáticas, investindo e proporcionando

incentivos, que geram emprego e benefícios adicionais para as

comunidades locais.

d) Promover a penalização de iniciativas e práticas atentórias contra o meio

ambiente e a biodiversidade e simultaneamente incentivar e premiar

iniciativas amigas da protecção e preservação do ambiente e

biodiversidade.

D. Medidas sobre o mercado do trabalho

Pilar 16: Mercado de Trabalho

Neste domínio pretende-se promover a melhoria do sistema de informação do mercado

do trabalho, estimulando o equilíbrio entre a procura e a oferta do trabalho, elevando os

níveis de eficácia e eficiência e inovação.

Um sistema eficaz do mercado de trabalho é necessária para garantir que todos os actores

deste mercado possam actuar em sintonia, assegurando a existência de Normas do

Mercado do Trabalho, um Sistema de Informação do Mercado do Trabalho,

Financiamento do Trabalho de Investigação e Desenvolvimento sobre o Mercado do

Trabalho, Coordenação e Mercado de Trabalho (PNE, 2014).

Anteprojecto da Política de Emprego Página 24

Principais linhas de acção:

a) Promover a melhoria do sistema de informação do mercado do trabalho.

b) Inserir indicadores básicos do mercado de trabalho na recolha periódica de dados

pelo Governo.

c) Promover melhor coordenação inter-institucional e introduzir maiores níveis de

eficácia e eficiência e inovação para estimular o mercado do trabalho.

d) Integrar as discussões actuais no Observatório do Mercado de Trabalho nas

sessões de capacitação do INEFP para vincular a procura e a oferta de trabalho

aos centros de emprego.

e) Assegurar uma publicação anual que resuma as tendências dos principais

indicadores do mercado de trabalho.

f) Introduzir ajustamentos no mercado de trabalho, sempre que possível, para

permitir que os reformados e as pessoas que preencham os requisitos para a

reforma, não ocupem postos de trabalho, que possam ser ocupados por jovens.

g) Restringir a possibilidade de as mesmas pessoas ocuparem vários postos de

trabalho e, estando em idade de reforma, permitir, sempre que possível, reformas

antecipadas.

h) Criar parcerias com institutos especializados, universidades e investigadores para

permitir estudos periódicos focalizados para aprofundar o conhecimento de

elementos específicos do mercado de trabalho em Moçambique.

E. Medidas sobre a cooperação internacional

Pilar 17: Integração Regional

Neste domínio pretende-se apoiar iniciativas que promovam a criação e estabilidade de

emprego em Moçambique e na região da África Austral.

Principais linhas de acção:

a) Apoiar uma integração económica benéfica para todos os Estados-membros da

Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitindo o

comércio livre e um mercado comum, que promova a criação de emprego e a

estabilidade do emprego.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 25

b) Promover estudos e acções que promovam cadeias de valor com potencial para

maximizar as vantagens comparativas que o país oferece a nível regional.

c) Aplicar criteriosamente e por períodos pré-definidos políticas, que protejam a

produção nacional e promovam a fixação do trabalho em Moçambique.

Pilar 18: Cooperação Internacional

Neste domínio pretende-se orientar a cooperação internacional para o aumento do volume

de negócios e investimentos em sectores com potencial para a criação de mais postos de

trabalho.

Principais linhas de acção:

a. Garantir que a cooperação internacional promova e apoie a transformação

estrutural, o crescimento de exportações, a atracção de investimento intensivo em

mão-de-obra e um ambiente propício para o desenvolvimento de negócios.

b. Definir uma estratégia para o IDE que identifica os sectores de produção e as

áreas geográficas em que o país quer promover o crescimento económico.

c. Assegurar o financiamento e a realização bem sucedida dos Objectivos do

Desenvolvimento Sustentável.

VI. NEPOTISMO E CORRUPÇÃO

Neste domínio pretende-se combater e eliminar todas as práticas de nepotismo e

corrupção nos locais de trabalho.

Principais linhas de acção:

a) Proibir e combater as práticas de favorecimento, de nepotismo e de corrupção, no

recrutamento e nos locais de trabalho.

b) Sancionar a oferta ou a recepção de subornos no processo de recrutamento e/ou

selecção para qualquer tipo de emprego ou promoção no trabalho.

c) Estabelecer canais de recolha de informar sobre suspeitas e actos de corrupção no

mercado de trabalho, as quais, em seguida, devem ser investigadas.

d) Punir os actos de suborno ou de ocultação de leis, regulamentos e procedimentos

sobre o emprego, quando estejam em causa actos de nepotismo ou de corrupção

no recrutamento de trabalhadores nacionais ou estrangeiros.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 26

VII. RESPONSABILIDADES DOS PRINCIPAIS ACTORES

1. Governo

a) Promover a revisão da Lei do Trabalho e regulamentos relacionados para

assegurar a sua conformidade com o objectivo da promoção do emprego e

trabalho digno.

b) Estimular iniciativas de desenvolvimento do capital humano, regulando os níveis

de distribuição dos rendimentos, melhorando o sistema de tributação e outros

instrumentos legais;

c) Estimular o aumento da renda dos grupos sociais mais desfavorecidas, através de

investimentos em infra-estruturas locais usando investimento intensivo em mão-

de-obra, a educação, a formação profissional e as iniciativas de geração de

rendimento.

d) Promover tecnologias locais apropriadas e a utilização de tecnologias de uso

intensivo em mão-de-obra local, incluindo a promoção de pesquisa para o

desenvolvimento de técnicas locais com impacto positivo na produção e

produtividade.

e) Regular e assegurar a implementação de leis e regulamentos sobre o uso de mão-

de-obra estrangeira, garantindo a transferência de conhecimento e know-how para

o trabalhador nacional.

f) Estimular e financiar a realização de estudos sobre crescimento demográfico e seu

impacto no mercado de trabalho e bem-estar social, tomando em consideração as

boas práticas de países que adoptaram políticas populacionais projectadas para o

futuro.

g) Assegurar a planificação do desenvolvimento económico e social de médio e

longo prazos com ampla concertação social e consenso nacional, envolvendo

todos os grupos de interesse.

h) Garantir a concertação inter-sectorial na implementação da Política de Emprego,

criando mecanismos indispensáveis aos níveis nacional, provincial e outros,

sempre que necessários.

i) Adoptar medidas explícitas para a promoção do crescimento económico inclusivo.

j) Criar um ambiente de paz e estabilidade política e social propício para o trabalho

produtivo e atractivo para os investidores nacionais e estrangeiros.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 27

2. Sindicatos

a) Galvanizar o diálogo social, com vista a proteger os interesses dos trabalhadores e

a desempenhar um papel preponderante na mediação de conflitos.

b) Assegurar o acompanhamento e a fiscalização da implementação das leis e dos

regulamentos de trabalho que são parte integrante das responsabilidades exigidas

para a estabilidade do emprego.

c) Aprimorar os mecanismos de funcionamento dos Sindicatos, desenvolvendo

acções de promoção de cultura do trabalho no seio dos seus associados.

d) Promover os valores e atitudes conducentes ao trabalho árduo, honestidade e brio

profissional

3. Empregadores

a) Encorajar os empregadores a expandir as suas actividades, promovendo parcerias

com instituições de formação profissional e pesquisa para o aumento da qualidade

da mão-de-obra e o uso de tecnologias locais apropriadas.

b) Utilizar a responsabilidade social corporativa não só para promover a imagem da

empresa, mas também para o bem-estar das comunidades, que permitem que a

empresa opere e rentabilize o seu negócio.

c) Investir na formação profissional dos seus trabalhadores, na promoção de

moçambicanos para funções técnicas gradualmente mais especializadas e para

funções de direcção.

4. Sociedade Civil

a) Desempenhar um papel importante para o desenvolvimento económico enquanto

parceiro que complementa as actividades do Governo nos programas de redução

da pobreza e de criação de emprego.

b) Facilitar a inovação, transferência de conhecimento e o uso de tecnologias

apropriadas sobretudo para as zonas rurais.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 28

VIII. COORDENAÇÃO

a) Estabelecer mecanismos interinstitucionais apropriados, a todos os níveis, para

garantir uma coordenação eficaz de todas as acções a serem implementadas no

âmbito da Política de Emprego.

b) Continuar a incentivar o diálogo tripartido adoptado pelo Governo devendo ser

melhorado e reforçado para garantir uma dinâmica contínua.

c) Assegurar que um órgão idóneo, ao nível do Gabinete do Primeiro-Ministro, com

desdobramento nas províncias e noutros níveis julgados indispensáveis, que

garanta a implementação, monitoria e avaliação (M&A) do plano de

operacionalização da Política de Emprego.

IX. PLANO DE ACÇÃO E AVALIAÇÃO

a) Elaborar um Plano de Acção para a implementação da Política de Emprego,

definindo objectivos estratégicos, acções e iniciativas, indicadores do desempenho

e do impacto, instituição e pessoa responsável, metas, prazos e financiamento

necessário.

b) Gerir e monitorar o Plano de Acção, através de uma unidade especializada capaz

de garantir com sucesso a realização das acções aprovadas.

c) Avaliar o plano de operacionalização da Política de Emprego, periodicamente,

para permitir uma prestação mútua de contas e assegurar elevados níveis de

qualidade, controlo e realização.

d) Desenvolver e executar uma estratégia de comunicação e visibilidade ligada a

Politica de Emprego e seu Plano de Acção.

Anteprojecto da Política de Emprego Página 29

Preparado por:

Dr. Duarte Casimiro, Cordenador da Equipa Técnica

Dra Teresa Muenda, Consultora

Dra Maimuna Ibraimo, Consultora

Dr. Ventura Mazula, Consultor

Supervisado por:

Prof. Narciso Matos, Pró-Reitor

Lic. Alorna Langa, Oficial de Programas

Universidade Politécnica

Política de Emprego

Av. Paulo Samuel Kankomba, número 1011, Maputo

[email protected]

Maputo, 24 de Fevereiro de 2016