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Centro de Estudos em Telecomunicações
ANTENAS PARA SISTEMAS SDMA
Aluna: Isabela Cunha Maia Nobre
Orientador: José Ricardo Bergmann
Introdução
Nos novos sistemas celulares, a multiplicação dos acessos pela utilização SDMA (Space
Division Multiple Access) será de grande importância para o aumento da capacidade da rede e
para a redução de interferência. Uma Estação Rádio Base (ERB) operando em SDMA deverá ser
capaz de estabelecer um enlace de comunicação direcional com a estação móvel. Para sistemas
SDMA associados a uma cobertura omnidirecional, isto assegura o acesso a um canal de
frequência disponível para qualquer estação móvel no interior da área de cobertura. A
diretividade do feixe principal da antena requer que cada canal de frequência seja processado
separadamente através de um receptor conectado a cada porta da antena da ERB em SDMA. As
características das antenas a serem utilizadas nestes sistemas apresentam algumas semelhanças
com aquelas empregadas em radares: varredura, acompanhamento, e diagrama adaptativo.
Entretanto, para utilização em sistemas telecomunicações, é fundamental que as soluções sejam
compactas e de baixo custo. As antenas para estes sistemas devem gerar feixes independentes ao
longo do plano horizontal, com varredura de 3600. Este feixes devem apresentar um ganho de
20dBi e envelope de lóbulos laterais abaixo de –20 dB no plano horizontal e um isolamento de
polarização cruzada menor que –17 dB; já no plano vertical, não é necessário que estas antenas
apresentem varredura.
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Fig. 1. Geratriz do sistema de duplos refletores
para SDMA
Fig. 2. Protótipo da antena de duplos refletores
Para atender estas características de varredura de 3600, serão consideradas neste projeto
configuração de antenas refletoras circularmente simétricas iluminadas por uma corneta capaz de
excitar diversos modos com dependência azimutal n, onde o controle da fase e amplitude destes
modos permite redirecionar o diagrama ao longo do horizonte. A Figura 1 ilustra a geratriz da
antena de duplos refletores circularmente simétricos e o fluxo de energia no seu interior. A
Figura 2 mostra um protótipo de refletores. O controle destes modos é realizado por um conjunto
de portas de excitação dispostas como mostrado na Figura 3. O número de portas definirá a
largura do feixe ao longo do plano horizontal e o potencial de reutilização da frequência na
célula iluminada pela ERB, onde o maior número de excitadores está associado ao estreitamento
do feixe e o aumento do reuso de frequência. O modelamento da geratriz dos refletores permitirá
o controle do diagrama no plano vertical e a simetria circular destes permitirá a varredura deste
feixe ao longo dos 3600. Diferentemente da antena iluminada pela corneta coaxial TEM com
diagrama omnidirecional e polarização vertical, a excitação dos modos com dependência
azimutal n>0 os campo radiado pela antena apresentam uma componente de campo elétrico
horizontal, trazendo a presença de polarização cruzada.
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Fig. 3. Corneta coaxial com múltiplas portas
Para o projeto deste alimentador foi utilizado um conjunto de conectores padrão do tipo
SMA (SubMiniature version A) de 50 Ω e conectados às portas de excitação.
Objetivos
Estudo sobre sistemas celulares envolvendo conceitos básicos de comunicação e de dispositivos
utilizados para a cobertura.
Estudo básico de técnicas numéricas para o modelamento eletromagnético de dispositivos, de
técnicas de otimização e de técnicas de programação computacional.
Estudo básico sobre métodos de análise eletromagnética de dispositivos radiantes: FDTD (Finite
Difference Time Domain), MoM (Método dos Momentos) e Métodos Assintóticos.
Treinamento no uso de ferramentas computacionais de análise disponíveis no laboratório de
antenas do CETUC/PUC-Rio (FDTD, CST, HFSS, MoM).
Projeto da corneta coaxial através das ferramentas computacionais disponíveis, com o objetivo
de aumentar seu desempenho ao longo da sua banda de operação, em termos da perda de retorno
e controle do diagrama de radiação.
Embasamento Teórico
Para o projeto da antena coaxial é necessário o conhecimento das expressões dos campos
modais existentes no interior de guias coaxiais. Os campos serão melhor representados em
coordenadas cilíndricas, dada a simetria do problema. Estes obedecem às seguintes expressões:
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Onde A e J são, respectivamente, os vetores potenciais magnéticos e elétricos, que
obedem à equação de onda. Ela é dada por:
Considerando que A e J só possuam componente na direção z, a equação acima
simplifica para:
Utilizando o Método de Separação de Variáveis e resolvendo em coordenadas cilídricas
para os campos E e H, podemos obter as expressões deles para os modos TE, TM e TEM em
relação a z. Os campos presentes na estrutura serão dados pelo somatório de todos os campos
relativos aos modos que podem existir.
Os modos TE em relação a z são caracterizados pela presença da componete em z do
vetor F, da ausência das suas outras compenentes e da ausência do vetor A. Eles são obtidos na
seguinte forma:
Onde a função Z é uma combinação linear de funções de Bessel de primeira e segunda
espécie, e a função P uma combinação linear de senos e cossenos.
Das mesma forma, modos TM em relação a z são caracterizados pela presença da
componete em z do vetor A, da ausência das suas outras compenentes e da ausência do vetor F.
Eles são obtidos na seguinte forma:
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Para m = n = 0, podemos obter o modo TEM, dado por:
As frequências de corte de cada modo estão desenhadas no gráfico abaixo [5]:
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Fig.4. Frequências de corte do guia cilíndrico
Estamos interessados somente nos modos TEM TEn1, visto que o objetivo é fabricar
diagramas de radiação somente no plano horizontal, e demais modos (TM e TEnm) atrapalhariam
a configuração. Portanto, é necessário poder fazer um controle modal dentro da estrutura, de
forma a permitir somente aqueles modos desejados. Para a exclusão dos modos TM, a razão
entre o raio interno e raio externo foi planejada para aproximadamente 0.6. Na figura acima, é
possível perceber que essa determinação faz com que modos TM não se propaguem.
Estudos
Na primeira etapa da pesquisa, foram realizados diversos estudos sobre o tema.
Primeiramente, houve um estudo sobre sistemas celulares envolvendo conceitos básicos de
comunicação e de dispositivos utilizados para a cobertura.
Depois houve uma leitura bibliográfica sobre análise eletromagnética, análise de
problemas de radiação e a maneira de operação das antenas, utilizando para isto as referências
[1-4].
Finalmente, houve um treinamento no uso da ferramenta computacional de análise
eletromagnética CST Microwave Studio (Computer Simulation Technology), disponível no
laboratório de antenas do CETUC/PUC-Rio. O software CST faz simulações eletromagnéticas e
obtém soluções computacionais precisas e eficientes para projetos eletromagnéticos. É possível
também fazer o projeto e a otimização de dispositivos operando em uma ampla gama de
freqüências. O software se beneficia também de um ambiente de desenho integrado que dá
acesso a todas as ferramentas de solução. A montagem do sistema e a modelagem facilita co-
simulação bem como a gestão de todo o sistema eletromagnético. O CST MWS (Microwave
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Studio) é uma excelente ferramenta para simulações 3D rápidas e precisas de dispositivos com
altas frequências, permitindo a análise de antenas, filtros, acopladores, etc.
Simulações
Na segunda etapa foram feitas simulações computacionais com o software CST
Microwave Studio, ajudando no desenvolvimento do protótipo do alimentador.
Primeiramente foi feito o dimensionamento da corneta coaxial formada por dois cilindros
concêntricos. Os diâmetros destes cilíndricos foram dimensionados para que permitissem a
propagação de modos com simetria azimutal de ordem n>2. Para a propagação destes modos
superiores, foi necessário o alargamento do diâmetro. O dielétrico utilizado (em amarelo) é o
teflon.
Otimizações das dimensões do alimentador foram necessárias. Os parâmetros foram
aperfeiçoados de tal forma que houvesse o melhor casamento de impedâncias das estruturas
envolvidas, pois é neste caso em que há a máxima transferência de potência. Isto pode ser
verificado através dos diagramas de perda de retorno.
A impedância (em Ω) de uma estrutura coaxial é calculada através de:
√
Onde µ e ε são respectivamente as constantes permeabilidade magnética relativa e
permissividade elétrica relativa, r1 o raio externo e r2 o raio interno.
Após algumas otimizações, a porta construída da forma como se apresenta na figura
abaixo. Há uma porta inferior e duas laterais nesta primeira análise, o objetivo era excitar
somente os modos TEM (através da porta inferior) e TE11 (portas laterais) e fazer a combinação
modal.
Fig. 5. Corneta coaxial formada por dois cilindros concêntricos
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Fig. 6. Diagramas de perda de retorno em dB para as portas laterais (acima) e inferior (abaixo)
O diagrama de radiação do alimentador deve ter um nulo ao longo do eixo de simetria e
isto foi obtido através da excitação unicamente dos modos com dependência azimutal, o que
pôde ser produzido com um número par de portas, simetricamente dispostas e com excitações
defasadas de 180º. A fase e amplitude dos sinais nas portas permitem o controle da direção do
lóbulo radiado. Através da superposição linear dos modos TEM e adicionais modos TEn1 no guia
de onda coaxial, os campos elétricos e magnéticos resultantes na abertura se tornam funções do
ângulo azimutal. Abaixo temos um exemplo da combinação dos modos TEM e TE11.
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Fig. 7. Superposição linear dos modos coaxiais TEM e TE11 e efeitos no padrão
de radiação. Diagramas à esquerda: intensidades, diagramas à direita:
distribuição de campo. (a) modo TEM. (b) modo TE11. (c) TEM+ TE11
A seguir podem ser vistas as distribuições de campo elétrico no interior da antena, onde é
possível perceber que no caso resultante (Figura 11) quase toda a energia está sendo irradiada
para uma só direção.
Fig. 8. Distribuição de campo elétrico no interior da corneta. Somente uma
porta lateral excitada
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Fig. 9. Distribuição de campo elétrico com somente porta inferior excitada
Fig. 10. Distribuição de campo elétrico no interior da corneta devido à
excitação das duas portas laterais defasadas de 180º.
Fig. 11. Distribuição de campo elétrico no interior da corneta devido à
combinação das excitações produzidas pelas três portas.
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Foram apresentadas dificuldades para melhorar a perda de retorno da porta inferior.
Como isso representa uma perda energética e de eficiência para o projeto, esta porta foi
descartada e foi considerada a possibilidade de se reproduzir o modo TEM somente com portas
laterais. Esta possibilidade se provou possível, porém seria necessário um maior controle das
fontes de excitação, problema que foi resolvido com a adição de mais duas portas laterais, no
total de 4. Abaixo podemos ver a nova estrutura:
Fig. 12. Estrutura alimentada com 4 portas laterais
O modo TEM foi obtido através da excitação simultânea de todas as portas, e pode ser
verificado abaixo no diagrama de radiação (nulo ao longo do eixo de simetria) e na distribuição
de campo elétrico (ausência de nulos na dependência azimutal):
Fig. 13. Modo TEM – Distribuição de Campo Elétrico (esquerda) e Diagrama de Radiação (direita)
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O diagrama de radiação obtido acima em phi = 0 é igual à qualquer outro obtido com phi
diferente de zero. Ou seja, ele possui simetria azimutal, o que é esperado deste modo.
A frequência de excitação foi de 12 GHz e, conforme a figura 4, sabemos que podemos
excitar os modos TEM, TE11 e TE21. Eles foram obtidos com êxito:
Fig. 14. Modos TE11 (esquerda) e TE21 (direita)
Fazendo uma combinação dos três modos obtidos acima, variando a fase e a amplitude
relativas das portas de excitação, podemos sintetizar um diagrama de radiação mais concentrado
em uma determinada região da corneta coaxial (mais diretivo):
Fig. 15. Combinação dos modos TEM, TE11 e TE21
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A frequência foi aumentada para 20 GHz, que, conforme a figura 4, permite a existência
do modo TE41, obtido e verificado abaixo:
Fig. 16. Modo TE41
Conclusão
Em uma abordagem futura, modos de ordem maior serão excitados através da utilização
de um total de 8 portas laterais. Superposições lineares dos modos TEM e TEn1 no guia coaxial
permitem a síntese de padrões de diagramas de radiação no plano horizontal, tornando simples a
aplicação desta antena para SDMA. Foi possível fazer um estudo e um controle dos modos
excitados no interior do guia, o que possibilita a utilização do método para os objetivos
apresentados.
Além disso, se a antena é utilizada como receptora, dadas as diferenças de fase e de
amplitude do sinal recebido nas portas de excitação, é possível localizar a direção deste sinal,
possibilitando uma comunicação direta com ele, e evitando gastos de energia.
Esta antena pode ser fabricada com custos muito baixos, visto que não possui partes ou
materiais caros. Devido a seu design flexível, a antena multimodal bicônica também pode ser
utilizada para diferentes aplicações em frequências de microondas.
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Referências
[1]BALANIS, Constatine A. Antenna theory: analysis and design. 2nd ed. New York: J. Wiley,
1997. 941 p. ISBN 0471606391
[2]HARRINGTON, Roger F. Time-harmonic electromagnetic fields. New York: McGraw-Hill
Pub. Co., 1961. xi, 480 p. ISBN 070267456
[3]RAGAN, George Leslie. Microwave transmission circuits. NewYork: Dover, 1965. 725 p.
[4]ZANG, Sandro Rogério. Aplicação do Método do Casamento de Modos na Análise e
no Projeto de Estruturas Coaxiais. 2005. Tese (Mestrado em Eletromagnetismo Aplicado) –
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Centro de Estudos em Telecomunicações,
Rio de Janeiro.
[5] Demmerle, F.; Wiesbeck, W. A Biconical Multibeam Antenna for Space-Division
Multiple Access. IEEE Institute Of Electrical And Electronics. Vol. 46. No 6. Junho 1998.