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ANOTAÇÕES DE AULA DE DIREITO CIVIL – DIREITOS REAIS DIREITO DAS COISAS / DIREITOS REAIS Breves anotações: Direito real, consiste em um direito integrado ao patrimônio de seu titular, correspondente a uma coisa. Ônus real é um gravame que recai sobre a coisa, restringindo o direito do titular de direito real. É uma responsabilidade limitada ao bem. Obrigações reais ou repersecutórias – obrigação propter rem, ob rem ou reipersecutória. Direitos reais ou direito das coisas. Decorre da expressão latina res (coisa). CONCEITO - É o conjunto de normas que regulam as relações jurídicas entre os homens, em face às coisas corpóreas, capazes de satisfazer às suas necessidades e suscetíveis de apropriação. (Silvio Rodrigues) POSSE E PROPRIEDADE Possuidor – artigo 1196 CC. Aquele que possui de fato o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade. São poderes inerentes à propriedade: artigo 1228 CC - Direito de uso – usar a coisa Direito de gozo ou fruição – gozar da coisa, receber todos os frutos que a mesma produza, obter os rendimentos financeiros. Direito de disposição da coisa – pode doar, alienar, oferecer em garantia, abandonar, enfim, dispor da coisa como bem entender, a título gratuito ou oneroso. Direito de reaver a coisa de quem injustamente a possua ou detenha Não se deve confundir posse e propriedade. O proprietário possui o domínio sobre um bem, podendo utilizá-lo, fruir de suas funções econômicas ou, ainda, dispô-lo, transmitindo-o gratuita ou onerosamente para outra pessoa em caráter definitivo quando bem entender. O proprietário:

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ANOTAÇÕES DE AULA DE DIREITO CIVIL – DIREITOS REAIS

DIREITO DAS COISAS / DIREITOS REAIS

Breves anotações:

Direito real, consiste em um direito integrado ao patrimônio de seu titular, correspondente a uma coisa.

Ônus real é um gravame que recai sobre a coisa, restringindo o direito do titular de direito real. É uma responsabilidade limitada ao bem.

Obrigações reais ou repersecutórias – obrigação propter rem, ob rem ou reipersecutória.

Direitos reais ou direito das coisas. Decorre da expressão latina res (coisa).

CONCEITO - É o conjunto de normas que regulam as relações jurídicas entre os

homens, em face às coisas corpóreas, capazes de satisfazer às suas necessidades e

suscetíveis de apropriação. (Silvio Rodrigues)

POSSE E PROPRIEDADE

Possuidor – artigo 1196 CC. Aquele que possui de fato o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade.

São poderes inerentes à propriedade: artigo 1228 CC -

• Direito de uso – usar a coisa

• Direito de gozo ou fruição – gozar da coisa, receber todos os frutos que a mesma produza, obter os rendimentos financeiros.

• Direito de disposição da coisa – pode doar, alienar, oferecer em garantia, abandonar, enfim, dispor da coisa como bem entender, a título gratuito ou oneroso.

• Direito de reaver a coisa de quem injustamente a possua ou detenha

Não se deve confundir posse e propriedade. O proprietário possui o domínio sobre um bem, podendo utilizá-lo, fruir de suas funções econômicas ou, ainda, dispô-lo, transmitindo-o gratuita ou onerosamente para outra pessoa em caráter definitivo quando bem entender. O proprietário:

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• Exerce domínio;

• Pode usar o bem como bem entender;

• Pode fruir das funções econômicas do bem (frutos);

• Pode dispor do bem a título gratuito ou oneroso.

A posse pode ser atribuída a quem é o proprietário ou não.

Ex.:

• O inquilino possui a posse do imóvel alugado.

• O credor pignoratício possui a posse da coisa outorgada em garantia;

• O arrendatário possui a posse da área arrendada.

☼ Em regra, o proprietário sempre possui a posse, ainda que de forma indireta. Nem todo possuidor por sua vez, possui a propriedade.

Artigo 1197 – o possuidor direto pode defender a coisa do possuidor indireto.

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Posse

É relação entre pessoa e coisa, fundada na vontade do possuidor. É relação de

fato entre a pessoa e a coisa, tendo em vista a utilização econômica desta. É a

exteriorização da conduta de quem procede como normalmente age o dono. É a

visibilidade do domínio. (Caio Mário).

Não é possuidor o servo na posse, isto é, aquele que conserva a posse em nome de

outrem, ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se

encontre. Não se lhe recusa, contudo, o direito de exercer a autoproteção do possuidor,

quanto as coisas confiadas a seu cuidado, conseqüência natural de seu dever de

vigilância. – art. 1198 do código civil.

Dois elementos estão presentes em qualquer posse. Uma coisa (“corpus”) e uma

vontade (“animus”).

PRINCIPAIS EFEITOS DA POSSE (artigo 1210 CC)

• Proteção Possessória

• Possibilidade de gerar usucapião

Ações que socorrem o possuidor - ( R E M T I A)

• Reintegração no caso de esbulho

• Manutenção no caso de turbação

• Interdito no caso de ameaça

TEORIAS SOBRE A POSSE

Subjetiva – SAVIGNY

Posse é o poder de dispor fisicamente da coisa com ânimo de considerá-la sua e

defendê-la contra a intervenção de outrem (corpus e animus). Se faltar o animus não é

posse, e sim detenção. É necessário o animus rem sibi habendi. Para Savigny não

constitui posse, as relações em que a pessoa tem a coisa em seu poder, ainda que

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juridicamente fundada (locação, comodato, penhor, etc.), por lhe faltar a intenção de tê-

la como dono.

OBJETIVA – IHERING

Posse é um fato jurídico. É exercício de fato dos poderes que se tem sobre a coisa.

Posse é a condição de exercício da propriedade. O possuidor atua frente à coisa

como se fosse proprietário. O elemento material da posse é a conduta externa da pessoa,

que se apresenta numa relação semelhante ao processo normal de quem é proprietário.

O Código Civil adotou a teoria OBJETIVA de Ihering – art. 1196 – Considera-se

possuidor todo aquele que tem de fato o exercício pleno ou não de algum dos poderes

inerentes ao domínio ou propriedade.

Muito embora o código adotou a teoria objetiva, a teoria subjetiva é quem explica

a detenção. O detentor exerce a posse em nome de outrem – artigo 1198.

NATUREZA

NATUREZA JURÍDICA DA POSSE - é mero estado de fato, que a lei protege

em atenção à propriedade.

OBJETO DA POSSE

“Ius possidendi”- direito de possuir (posse causal). É a faculdade que tem uma

pessoa, por já ser titular de uma situação jurídica, de exercer a posse sobre determinada

coisa. Ex.: Proprietário, locatário, usufrutuário, têm o “ius possidendi” sobre o objeto da

respectiva relação jurídica.

“Ius possessionis” (posse formal) – é o direito originado da situação jurídica da

posse, e independe da preexistência de uma relação. Aquele que encontra um objeto e o

utiliza, não tem o “Ius possidendi” (direito de possuir originado de um fundamento

jurídico – ex. dono), embora tenha o “Ius possessionis” (direito originado da situação de

fato), porque procede como possuidor, embora lhe falte um título para possuir. O que

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cultiva uma gleba de terra abandonada tem o “Ius possessionis”, embora lhe falte o “Ius

possidendi”.

A lei confere ao possuidor, com fundamento no “Ius possessionis”, defesas

provisórias, ainda no caso de lhe faltar o “Ius possidendi”. Outras vezes, a posse aliada a

outros requisitos que compõem o usucapião, a lei converte o “Ius Possessionis” em

propriedade, que a seu tempo, gera “Ius possidendi” sobre a mesma coisa.

POSSE DIRETA E INDIRETA

É direta quando exercida pelo proprietário. É indireta quando o seu titular afasta

de si por vontade própria a detenção da coisa, mas continua a exercê-la mediatamente,

após haver transferido a outrem a posse direta. Ex.: LOCADOR – Posse Indireta –

LOCATÁRIO – Posse Direta.

COMPOSSE

Duas ou mais pessoas na possuem juntos o mesmo bem. Ex.: cônjuges no regime

de comunhão de bens.

ESPÉCIES DE POSSE

• JUSTA � é a que não for violenta, clandestina ou precária – art. 1200 CC.

• INJUSTA� é aquela que é violenta, clandestina ou precária;

• POSSE VIOLENTA � conseguida por força injusta. Mesmo o dono não pode usar violência para reaver a posse. Porém se a violência cessar, a posse viciada pode ganhar validade.

• POSSE CLANDESTINA� é a posse escondida. Pode ter validade quando se torna pública e o proprietário se acomoda diante da situação exteriorizada. (posse é a exteriorização do domínio).

• POSSE PRECÁRIA� é a posse daquele que tendo recebido a coisa para depois devolvê-la, a retém indevidamente, quando a mesma lhe é reclamada. A posse precária jamais convalesce, devido a precariedade não cessar nunca. Ex.: o dever do comodatário, depositário, locatário, etc., de devolverem a coisa recebida não se extingue jamais.

• POSSE “AD INTERDICTA” � propriamente dita, basta que seja justa (vem vícios). Ela garante ao possuidor a proteção possessória em casos de esbulho, turbação ou ameaça.

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• POSSE “AD USUCAPIONEM” � é a posse capaz de gerar a usucapião.

• POSSE NOVA � tem menos de ano e dia.

• POSSE VELHA� tem mais de ano e dia.

• POSSE DE BOA-FÉ � quando o possuidor ignora o vício ou obstáculo que lhe impede na aquisição da coisa. Importante: não se pode considerar de boa-fé, a posse de quem por Erro Inescusável, ou ignorância grosseira, desconhece o vício que mina sua posse.

• POSSE DE MÁ-FÉ � quando o possuidor conhece o vício, ou obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa, ou do direito possuído.

• Posse de coisa e Posse de direito real – posse de coisa se dá sobre o bem, com a intenção de possuí-lo; posse de direito real é aquela que se dá mediante o exercício do direito real incidente sobre a coisa (ex. credor pignoratício – exerce a posse da coisa por força do direito real de penhor)

• POSSE JURÍDICA, POSSE NATURAL E POSSE CIVIL: jurídica – é a posse que confere direito de uso dos interditos (ações de defesa); posse natural é aquela se fundamenta na detenção material da coisa; posse civil é aquela que se adquire pela lei, independentemente da apreensão do bem (ex. constituto possessório). A Posse civil pode se dar: Sem apreensão – transferida pela sucessão; Sem intenção – decorre da lei. A pessoa está com a coisa por força de garantia.

• POSSE IMPRODUTIVA E POSSE PRO LABORE – improdutiva é aquela obtida pela pessoa, sem intuito de nela produzir. Posse pro labora é aquela obtida pela pessoa, com intuito de nela produzir.

Alguns efeitos decorrentes da posse de boa-fé:

• Art. 1210 CC – O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos, devendo restituir os pendentes, no momento em que cessa a boa-fé;

• Art. 1216 CC - O possuidor de má-fé deve restituir os fundos colhidos e percebidos, bem como os percipiendos.

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ART. 1204 – AQUISIÇÃO DA POSSE

Artigo 1205: aquisição direta e aquisição indireta

Pelo próprio interessado

Por meio de representante (incapaz)

Por meio de mandatário

Por meio de terceiros sem mandato (gestão de negócios). Posteriormente a pessoa ratifica. Essa ratificação pode ser expressa ou tácita.

a- apreensão da coisa ou pelo exercício do direito de propriedade;

b- fato de dispor da coisa ou do direito;

c- qualquer dos modos de aquisição em geral.

Aquisição originária – pela apreensão;

Aquisição derivada:

– disposição da coisa;

- exercício do direito real (entrega a coisa em garantia);

- transmissão da posse (traditio brevi manu; constituto possessório)

I. Apreensão – ato pelo qual o sujeito se apodera da coisa.

Apreensão real:

Apreensão da coisa móvel – contato físico com a coisa;

Apreensão da coisa imóvel – presença do adquirente no imóvel ou seu ingresso no imóvel.

Apreensão ficta:

Coisa móvel – entrega do bem a terceiro que representa o adquirente;

Coisa imóvel – entrega das chaves.

II. Aquisição derivada:

Disposição da coisa – a pessoa que exerce a posse, pode dela dispor;

Transmissão da posse:

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a) traditio brevi manu (por mão curta) – é uma ficção de transmissão. Possibilita a quem já possui a posse (ainda conservada em nome alheio), possuí-la como própria. Exemplo: locatário que compra o imóvel locado.

b) Constituto possessório – é uma ficção de transmissão a pessoa que possuía em nome próprio, a partir de então passa a possuir em nome alheio. Exemplo: a pessoa vende o imóvel e continua morando nele como inquilino ou mesmo durante um tempo necessário para realizar a desocupação (vende o imóvel e continua nele por um período x).

O CÓDIGO CIVIL DE 1916, PREVIA, EXPRESSAMENTE, O INSTITUTO DA “CONSTITUTO POSSESSÓRIO”, COMO MEIO DE AQUISIÇÃO DA POSSE: cc 1916 – ARTIGO 494: : A posse pode ser adquirida:I - pela própria pessoa que a pretende; II - por seu representante, ou procurador; III - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação; IV - pelo constituto possessório.

Jurisprudência:

TJRJ. O 'constituto possessório' e a aquisição da posse. Apesar do novo Código Civil não elencar o constituto possessório dentre as hipóteses de aquisição da posse (art. 1205 CC), sua previsão pode ser extraída do parágrafo único do art. 1267, in verbis: "Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição." "Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico". Marco Aurélio Bezerra de Melo de forma elucidativa esclarece: "Não nos parece que a ausência de previsão do instituto tenha marcado seu fim, pois como a referida cláusula não se presume, bastará aos interessados que a prevejam nos atos translativos de domínio para que sejam produzidos os efeitos queridos, tendo em vista que no âmbito do direito privado a liberdade contratual somente é estrangulada por meio de normas de ordem pública e não existe nenhuma regra proibindo a indigitada estipulação (Novo Código Civil Anotado, Editora Lumen Juris, 3ª edição, p. 25). Em comentário à citada norma, refira-se Francisco Eduardo Monteiro, em obra coordenada pelo Min. Cezar Peluso: "O parágrafo único do art. 1267 elenca três casos de tradição ficta. O primeiro é o constituto possessório, pelo qual o possuidor de uma coisa em nome próprio passa a possuí-la em nome alheio" (Código Civil Comentado", Editora Manole, p. 1108).

Clausula constituti é a cláusula inserida no contrato que dispõe a respeito da situação do constituto possessório.

DISTINÇÃO ENTRE POSSE ORIGINÁRIA E POSSE DERIVADA

• ORIGINÁRIA – nova, uma situação de fato. Nasce sem vícios

anteriores. (nasce com os defeitos novos mas sem os vícios anteriores).

Ex.: Se o titular anterior era de má-fé, quer por havê-la adquirido de

quem não era dono, quer por sabê-la nascida na clandestinidade, tais

vícios desaparecem ao ser ele esbulhado.

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• DERIVADA – o adquirente recebe a posse com todos os vícios de que

era portadora. Art. 1206 CC.

PERDA DA POSSE

I – Abandono;

II – Tradição;

III – Perda ou destruição da coisa;

IV – Posse de outrem;

V – Constituto Possessório.

• PERDA DO ANIMUS E DO CORPUS � ocorre nas hipóteses de abandono e tradição. Abandono – possuidor afasta de si a coisa; ele rejeita a coisa. O abandono é unilateral e irrevogável. Tradição – quando o alienante transfere a coisa possuída ao adquirente. A coisa é transferia com intenção de transmiti-la em definitivo

• PERDA DO CORPUS �� destruição da coisa. Se caracteriza quando o objeto material, sobre o qual recai a posse, se perde ou se destrói, ou ainda é posto fora do comércio.

• POSSE DE TERCEIRO – a pessoa ingressa na posse e o titular da posse permanece inerte, sem nada fazer.

• Coisa colocada fora do comércio – o código de 1916 dispunha no artigo 69 – são coisas fora do comércio as insuscetíveis de apropriação, e as legalmente inalienáveis.

• PERDA DO ANIMUS � constituto possessório. Quando o alienante de certo bem, em vez de entregá-lo ao adquirente, conserva-o, com anuência deste (comprador), em seu poder, por um outro título, como o de locatário, depositário ou comodatário.

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Ações possessórias - JUÍZO PETITÓRIO e JUÍZO POSSESSÓRIO

• PETITÓRIO � rito é o ordinário, os litigantes alegam o domínio e o

reivindicante, nega o direito de seu adversário sobre a coisa cuja

entrega reclama;

• POSSESSÓRIO � basta demonstrar a posse mansa e pacífica por ano e

dia, para que o possuidor alcance proteção contra quem quer que seja. É

possível medidas liminares.

Importante:

A alegação do domínio é excepcionalmente permitida nas ações possessórias em dois casos (jurisprudência não é uniforme):

a) quando duas pessoas disputam a posse a título de proprietárias;

b) quando duvidosa a posse de ambos os litigantes.

MANUTENÇÃO DE POSSE

Quando o possuidor sofre turbação. Objetiva ordem judicial que ponha termo

aos atos perturbadores. Requisitos:

Prova da turbação atual;

Prova da turbação ter menos de ano e dia. Se passou de ano e dia, a situação se

consolidou, não podendo mais ser discutida no juízo possessório. Importante: no juízo

possessório, o réu pode entre os meios de defesa, alegar e provar que a posse do autor

desmerece proteção, por havê-la o mesmo, por exemplo, obtido violentamente do

próprio contestante. É facultado ao juiz, caso convencido de tal alegação, não somente

denegar o pedido, como atender ao pedido do contestante, no sentido de reintegrá-lo na

posse de quem foi esbulhado. (é o caráter dúplice). É feito na própria contestação. Não

cabe reconvenção.

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REINTEGRAÇÃO DE POSSE

É concedida ao possuidor esbulhado. São pressupostos para a reintegração: a)

Prova do esbulho; b) Que date de menos de ano e dia. A Pessoa que nunca exerceu

posse e adquiriu a propriedade, deve promover ação reivindicatória, salvo casos como a

constituto possessório em que a ordem jurídica disciplina ter havido a transferência ficta

da posse – CC artigo 1267 parágrafo único: A propriedade das coisas não se

transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. Parágrafo único. Subentende-se

a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório;

INTERDITO PROIBITÓRIO

É remédio possessório concedido ao possuidor que, tendo justo receio de ser

molestado ou esbulhado em sua posse, pretende ser assegurado contra a violência

iminente.

OUTRAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

• IMISSÃO DE POSSE � Adquirente de bens, para haver a respectiva

posse, contra os alienantes ou terceiros, que os detenham; Os

administradores e demais representantes das pessoas jurídicas de direito

privado, para haverem dos seus antecessores a entrega dos bens

pertencentes a pessoa representada; Aos mandatários, para receberem

dos antecessores a posse dos bens do mandante. Obs.: o CPC vigente

não disciplina esse antigo instituto.

• NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA � Art. 934 CPC. Proprietário ou

possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel

vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é

destinado; Ao condômino para impedir que o co-proprietário execute

alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum; Ao município,

a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do

regulamento ou de postura.

• EMBARGOS DE TERCEIRO SENHOR e POSSUIDOR (1046 À

1054 CPC) � Quem não sendo parte no processo sofrer turbação ou

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esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos

como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial,

arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhes

sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos. §1.º - os

embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas

possuidor.