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PARTICIPAÇÃO DOS SUJEITOS NO PROCESSO JUDICIAL E A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 1 Flávia Moreira Guimarães Pessoa 2 Mayara Viana de Jesus 3 SUMÁRIO 1. Introdução 2. Participação dos Sujeitos Processuais na Ação Judicial 2.1. Princípio do Contraditório 2.2. Princípio da Cooperação 3. Considerações Finais 4. Referências Bibliográficas. RESUMO 1 O presente artigo foi elaborado no âmbito do grupo de pesquisa “O Novo Código de Processo Civil à Luz da Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais”. 2 Professora Adjunta da Universidade Federal de Sergipe, Juíza do Trabalho (TRT 20ª Região), Especialista em Direito Processual pela UFSC, Mestre em Direito, Estado e Cidadania pela UGF, Doutora em Direito Público pela UFBA, líder do grupo de pesquisa “O Novo Código de Processo Civil à Luz da Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais” da Universidade Federal de Sergipe. Artigo elaborado com o apoio do PIBIC da Universidade Federal de Sergipe. 3 Acadêmica de Direito da Universidade Federal de Sergipe, bolsista do PIBIC, integrante do grupo de pesquisa “O novo Código de Processo Civil à Luz da Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais” da Universidade Federal de Sergipe.

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Page 1: ANONIMATO E MANIPULAÇÀO DO DISCURSO … · Web viewTeoria Geral do Processo. Prefácio Prof. Luís Eulálio de Bueno Vidigal. 29ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros Editores, 2013

PARTICIPAÇÃO DOS SUJEITOS NO PROCESSO JUDICIAL E A CONCRETIZAÇÃO

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS1

Flávia Moreira Guimarães Pessoa2

Mayara Viana de Jesus3

SUMÁRIO

1. Introdução 2. Participação dos Sujeitos Processuais na Ação Judicial 2.1. Princípio do

Contraditório 2.2. Princípio da Cooperação 3. Considerações Finais 4. Referências

Bibliográficas.

RESUMO

O presente artigo tratará do Novo Código de Processo Civil relacionado à Constituição

Federal. Trará enfoque na participação dos sujeitos processuais na ação judicial através,

precipuamente, da observância dos artigos contidos no Capítulo I do CPC/2015 e eventual

correspondência com o CPC/1973.

Palavras-chave: Direitos Fundamentais, Normas Fundamentais, Processo Civil, Novo Código

de Processo Civil, Sujeitos Processuais, Contraditório, Cooperação.

1O presente artigo foi elaborado no âmbito do grupo de pesquisa “O Novo Código de Processo Civil à Luz da Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais”.2 Professora Adjunta da Universidade Federal de Sergipe, Juíza do Trabalho (TRT 20ª Região), Especialista em Direito Processual pela UFSC, Mestre em Direito, Estado e Cidadania pela UGF, Doutora em Direito Público pela UFBA, líder do grupo de pesquisa “O Novo Código de Processo Civil à Luz da Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais” da Universidade Federal de Sergipe. Artigo elaborado com o apoio do PIBIC da Universidade Federal de Sergipe.3 Acadêmica de Direito da Universidade Federal de Sergipe, bolsista do PIBIC, integrante do grupo de pesquisa “O novo Código de Processo Civil à Luz da Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais” da Universidade Federal de Sergipe.

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1- INTRODUÇÃO

O Direito Processual não pode ser analisado de forma isolada do Direito

Constitucional. Com o fenômeno da constitucionalização, a Magna Carta passa a ser

analisada além da função de certificar a validade das disposições normativas. A Constituição

Federal passa a ser fundamento do critério interpretativo e elemento de integração do direito

ordinário4 (PIRES, 2014, p. 68). Nesse aspecto, o ordenamento jurídico toma a Lei Maior

como centro normativo ao redor do qual gravitam todas as outras espécies normativas. Sobre

o assunto, vejamos os ensinamentos de Hans Kelsen na sua obra “Teoria Pura do Direito”:

(...) sob a condição de pressupormos a norma fundamental: devemos

conduzir-nos como a Constituição prescreve, quer dizer, de harmonia

com o sentido subjetivo do ato de vontade constituinte, de harmonia

com as prescrições do autor da Constituição. A função desta norma

fundamental é: fundamentar a validade objetiva de uma ordem

jurídica positiva, isto é, das normas, postas através de atos de vontade

humanos, de uma ordem coerciva globalmente eficaz, quer dizer:

interpretar o sentido subjetivo destes atos como seu sentido objetivo.

(KELSEN, 1999, p. 141-142)

Por essa linha de intelecção, a Constituição não contém somente normas que

regulam a produção da legislação pátria. Ela também estabelece preceitos por força dos quais

as normas constitucionais não podem ser revogadas ou alteradas pela mesma forma que as leis

simples, mas somente através de processo especial submetido a requisitos mais severos

(KELSEN, 2014, p. 156). Assim, estão garantidos pela Lei Maior os direitos fundamentais,

que agem de modo a proteger o indivíduo contra o poder arbitrário e garantir o estado de

direito.

4 Ordinário aqui entendido como normas de direito infraconstitucional.

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Os direitos fundamentais também englobam disposições de cunho processual.

Nessa perspectiva, a Carta Maior prescreve nos incisos de seu art. 5º o acesso à justiça

(XXXV), o devido processo legal (LIV, LV e LIII), o contraditório e a ampla defesa (LV), o

juiz natural (XXXVII e LIII), a inadmissibilidade das provas obtidas por meio ilícito (LVI) e

o respeito ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada (XXXVI). Dessa

observação, emerge o entendimento de Eduardo Cambi: “Por isso, para a noção de acesso à

ordem jurídica justa converge o conjunto das garantias e dos princípios constitucionais

fundamentais ao direito processual, o qual se insere no denominado direito fundamental ao

processo justo” (Grifo do autor) (CAMBI, 2007, p.25).

Devido à importância da temática, o Novo Código de Processo Civil,

estabelecendo divisão entre parte geral e especial, destinou todo um capítulo daquela parte

para disciplinar as normas processuais fundamentais. Vale mencionar que o Código de 1973

já trazia algumas das disposições desse capítulo, porém de forma dispersa em seu texto.

Percebe-se, assim, a sistematização das normas processuais fundamentais como importante

inovação do Código de 2015.

O capítulo referido é o Capítulo I- Das Normas Fundamentais do Processo Civil,

localizado no Livro I- Das Normas Processuais Civis, Título Único- Das Normas

Fundamentais e da Aplicação das Normas Processuais. É composto por 12 artigos, dos quais

insta mencionar litteris o art. 1º: “O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado

conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República

Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código”. Indubitável é a

interdependência do direito processual civil em relação ao direito constitucional.

Isto posto, é indispensável a análise da relação processual à luz da hermenêutica

constitucional. Para tanto, é preciso compreender as mudanças e inovações trazidas pela nova

codificação referente às relações entre os sujeitos processuais.

2- PARTICIPAÇÃO DOS SUJEITOS PROCESSUAIS NA AÇÃO JUDICIAL

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Inicialmente, convém abordar os pressupostos processuais, elementos essenciais

para a existência e validade da ação. No âmbito subjetivo, encontra-se o juiz competente,

órgão investido de jurisdição que exercerá sua função de forma imparcial, e as partes,

entendidas como autor e réu da ação, sendo imprescindível a capacidade processual e

postulatória para a validade de seu exercício.

Por muito tempo, a organização do processo era analisada através de uma

distribuição de funções específicas que deveriam ser exercidas por cada participante da

relação processual. Nesse sentido, a doutrina identifica modelos de estruturação do processo,

a saber, o modelo adversarial e o inquisitorial. (DIDIER, 2015, p. 120-121)

No modelo adversarial, regido pelo princípio dispositivo, o órgão jurisdicional

assume um papel relativamente passivo, observando a disputa entre as partes. Estas produzem

sua defesa e suas provas. O juiz possui a função precípua de proferir somente a decisão final

sobre a lide em questão, sendo mais comum em países que aplicam o sistema do common law.

O centro do processo está, portanto, nas partes litigantes.

Em contrapartida, no modelo inquisitorial, aplica-se o princípio inquisitivo, no

qual o órgão jurisdicional possui função mais ativa, ditando o que deve ser feito pelas partes

de acordo com os preceitos legais. Desse modo, o juiz é o protagonista e, por conseguinte, o

centro do processo.

No entanto, Fredie Didier Jr. afirma não haver no ordenamento jurídico brasileiro

sistema totalmente dispositivo ou inquisitivo. O que ocorre, segundo o autor, é a existência de

“procedimentos construídos a partir de várias combinações de elementos adversariais e

inquisitoriais” (DIDIER, 2015, p. 122-123).

Nesta perspectiva, tem se tornado crescente a aplicação de outro modelo

organizacional do processo, qual seja, o modelo cooperativo. Este consagra sua efetivação

pelo direito brasileiro com a promulgação do Novo Código de Processo Civil. Tal modelo

baseia-se no princípio da cooperação e aparece largamente na nova codificação processual.

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No modelo cooperativo, também conhecido como comparticipativo processual, o

centro do processo não está limitado ao juiz ou às partes. Todos os envolvidos na relação

processual devem ser ouvidos e ter suas considerações analisadas e levadas em conta no

momento da decisão. A decisão final continua monopólio do órgão judicial, mas este não

pode proferi-la de forma arbitrária, deixando de considerar as ponderações expostas pelas

partes. O processo funciona, então, pela conjugação de esforços de todos os participantes para

que seja alcançada uma decisão tida como justa. Observa-se, assim, relação triangular entre

juiz, autor e réu, todos com direitos e obrigações perante os demais.

O princípio da cooperação é visto por muitos estudiosos como essencial para o

modelo democrático de Estado. Coadunam com esse pensamento os ensinamentos de Dierle

Nunes e Alexandre Bahia ao citarem Francisco José Borges Motta e Adalberto Narciso

Hommerding, afirmando que:

(...) nossa proposta de democratização do processo civil parte “dos

eixos da comparticipação e do policentrismo. A ideia defendida é a de

que, numa visão constitucional e democrática, não existe entre os

sujeitos processuais submissão (como no esquema da relação jurídica

bülowiana), mas sim, interdependência, na qual a procedimentalidade

é a balizadora das decisões.” (Grifo nosso) (NUNES; BAHIA, 2014)

Os mencionados estudiosos veem a comparticipação/cooperação como uma das

finalidades de um processo democrático. Assim, é aclamada no Novo Código de Processo

Civil mediante forte influência do contraditório (arts. 9º e 10), aplicação da boa-fé processual

(art. 5º), cooperação (art. 6º) e fundamentação estruturada da decisão (art. 11).

2.1- Princípio do Contraditório

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O princípio do contraditório está precipuamente disciplinado pelos arts. 9º e 10 do

NCPC, cujos enunciados não possuem correspondência no CPC/73. O art. 9º aduz que não se

pode proferir decisão contra qualquer das partes sem que esta seja ouvida. Contudo, seu

parágrafo único apresenta exceções ao caput nos casos de tutela provisória liminar de

urgência, hipóteses de tutela de evidência trazidas pelo art. 3115 incisos II e III e a decisão que

determina a expedição do mandato monitório na ação monitória, conforme previsão do art.

7016. O art. 10 estabelece ser impossível o juiz decidir, em qualquer grau de jurisdição, com

base em fundamento que não tenha sido dado às partes oportunidade de se manifestar, mesmo

que se trate de matéria sobre a qual deva se decidir de ofício.

O contraditório é ainda assegurado expressamente pelo art. 7º do mesmo diploma

ao estabelecer como dever do juiz zelar pela aplicação deste princípio. Essa disposição

também não encontra equivalente na antiga codificação e está intimamente ligada à necessária

condição de igualdade e paridade de armas entre os litigantes. Através desse texto normativo,

é evidenciada a necessidade de que todos os envolvidos no processo, não apenas os polos

processuais ou o órgão judicial, resguardem o princípio do contraditório, tão caro para que se

alcance uma decisão justa.

Importante salientar ainda a expressa manifestação da Magna Carta em defesa do

contraditório em seu art. 5º, inciso LV, in verbis:

5 Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.6 Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa.§ 1o O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo.§ 2o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.§ 3o É cabível ação rescisória da decisão prevista no caput quando ocorrer a hipótese do § 2o.§ 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos no art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.§ 5o Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916.

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Art. 5º (...)

LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos

acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,

com os meios e recursos a ela inerentes.

A respeito do tema, o doutrinador Fredie Didier, valendo-se dos ensinamentos de

Luiz Guilherme Marinoni7, assevera:

O princípio do contraditório é reflexo do princípio democrático na

estruturação do processo. Democracia é participação, e a participação

no processo opera-se pela efetivação da garantia do contraditório. O

princípio do contraditório deve ser visto como exigência para o

exercício democrático de um poder. (DIDIER, 2015, p. 78)

Dessa maneira, aplicando-se efetivamente o contraditório, é observada a extensão

do princípio democrático sobre o exercício da jurisdição. Como Estado Democrático de

Direito, não é concebível no âmbito jurisdicional a imposição de uma decisão proferida de

forma coercitiva, sem garantir aos indivíduos envolvidos na lide o direito de serem ouvidos

em iguais condições e de terem suas considerações analisadas para a tomada da decisão final

(PIRES, 2014, p. 84).

Assim, o princípio do contraditório, juntamente com a ampla defesa, compõe

espécie de pretensão à tutela jurídica, entendida como a busca pela aplicação do direito

material. Envolve, para tanto, a conjugação do direito de informação das partes referente aos

atos praticados e elementos presentes no processo, além do consequente direito de

7 MARINONI, Luiz Guilherme. Novas linhas do processo civil. 3 ed. São Paulo: Malheiros, 1999. P. 255-258.

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manifestação sobre tudo que consta nos autos e do direito de ter seus argumentos

considerados pelo magistrado no momento do julgamento (PIRES, 2014, p.100).

Nesse sentido, pode-se decompor o princípio do contraditório em duas dimensões:

uma formal e outra substancial. A primeira expressa a garantia da participação das partes, que

se verifica nas audiências, na comunicação e na ciência dos sujeitos do processo sobre tudo o

que nele ocorre. A segunda diz respeito à influência da manifestação das partes na decisão do

Poder Judiciário. (DIDIER, 2015, p. 78-79).

Diante do exposto, é imperativo ao órgão judicial e assegurada aos litigantes a

fundamentação estruturada da decisão, mandamento positivado no art. 11 do NCPC, litteris:

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão

públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.

Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada

a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores

públicos ou do Ministério Público.

Insta salientar, ademais, o direito garantido no citado artigo ao acesso às informações sobre

tudo o que consta nos autos processuais. Ambos os aspectos visam evitar a prolação de uma

decisão surpresa, exigindo do juiz fundamentação estruturada da decisão. A partir dessa

dimensão, observa-se também a cooperação das partes no processo como fundamental para

que seja proferida a sentença.

Tratando sobre o contraditório, Leonardo Carneiro da Cunha afirma que, com o

fortalecimento do Estado Democrático de Direito, exige-se a participação dos sujeitos na

tomada de decisões sobre situações que lhe digam respeito, gerando modificação no princípio

do contraditório:

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Daí se reconstruiu o conteúdo do princípio do contraditório, exigindo-

se que o processo seja estruturado de forma dialética, com a marca de

ser participativo. E isso porque a participação, própria do

contraditório, é inerente ao regime democrático. O contraditório deve,

enfim, instaurar um diálogo no processo entre o juiz e as partes.

(CUNHA, 2014, p. 18)

2.2- Princípio da Cooperação

O art. 6º da nova codificação aduz que “todos os sujeitos do processo devem

cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”.

Essa disposição, em que pese não constar no CPC/73, é de fundamental importância para a

concretização do modelo cooperativo de estruturação do processo, o que norteia todo o

CPC/15.

De acordo com o princípio, nenhum dos sujeitos processuais, seja o juiz, sejam as

partes, prevalece sobre os demais. Todos devem atuar de forma a garantir um

desenvolvimento ideal do processo e uma solução adequada da lide. Pelo texto normativo, é

determinada a cooperação entre todos os participantes do processo, em todas as relações, quer

entre as partes, quer entre estas e o órgão jurisdicional, quer entre os sujeitos processuais e

outros que da relação participem, como o perito ou Ministério Público (DIDER, 2015, p.

125). Em suma, “o princípio da cooperação destina-se, enfim, a transformar o processo civil

numa ‘comunidade de trabalho’, potencializando o franco diálogo entre todos os sujeitos

processuais, a fim de se alcançar a solução mais adequada e justa ao caso concreto.”

(CUNHA, 2014, p. 18).

Entretanto, é importante frisar que a cooperação não é aplicada ao momento da

decisão. A prolação desta é ato exclusivo do juiz, que deve valer-se da atividade processual

cooperativa em seu julgamento. Assim entende Fredie Didier ao afirmar que “a atividade

cognitiva é compartilhada, mas a decisão é manifestação do poder, que é exclusivo do órgão

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jurisdicional, e não pode ser minimizado” (DIDIER, 2015, p. 126). Nesse sentido, a

participação dos litigantes garantem o aprimoramento da decisão e sua legitimidade.

Na mesma linha de intelecção, estão os ensinamentos de Luiz Guilherme

Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart ao apontarem a importância da cooperação das partes na

relação processual como legitimadora do poder jurisdicional:

Como o juiz não é eleito, a pergunta que deve surgir é no sentido de

como o exercício do poder jurisdicional é legitimado. O exercício do

poder jurisdicional somente é legítimo quando participam do

procedimento que terminará na edição da decisão aqueles que serão

por ela atingidos. Em outros termos, somente existirá procedimento

legítimo e, portanto, processo, quando dele participarem aqueles que

serão atingidos pela decisão do juiz. (MARINONI; ARENHART,

2006, p. 70-71. Apud. PIRES, 2014, p. 86).

Portanto, o princípio da cooperação atua imputando aos sujeitos da relação

processual deveres para garantir um processo leal e democrático. É importante frisar que não

é necessária a existência de normatização expressa para tanto. A imputação de um

comportamento cooperativo já traz a noção de ilicitude de qualquer conduta contrária. Como

afirma Didier, “ao integrar o sistema jurídico, o princípio da cooperação garante o meio

(imputação de uma situação jurídica passiva) necessário à obtenção do fim almejado (o

processo cooperativo) ” (DIDIER, 2015, p. 127).

O referido autor defende, então, a divisão dos deveres de cooperação em deveres

de esclarecimento, lealdade e proteção. O primeiro determina que a parte autora apresente sua

demanda de forma clara, coerente e precisa, inclusive no seu pedido, não deixando pairar

dúvidas sobre o objeto da lide e a pretensão do direito. O dever de lealdade refere-se à

aplicação da boa-fé em todas as etapas do processo, estando intimamente ligado ao dever de

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proteção, que proíbe qualquer atitude que gere danos à parte contrária (DIDIER, 2015, p. 127-

128).

Ao órgão julgador também são imputados deveres. O primeiro deles equivale ao

dever de lealdade exigido dos demais participantes da relação processual. De acordo com ele,

todos devem agir conforme a boa-fé. É dever ainda do magistrado esclarecer as partes sobre

seus pronunciamentos, além de buscar a elucidação junto aos sujeitos processuais sobre as

alegações, pedidos ou posicionamentos por eles apresentados, a fim de evitar “percepções

equivocadas ou apressadas” (DIDIER, 2015, p. 128). Decorrente do dever de esclarecimento é

o dever de consulta e de informação, o qual ganha expressão ao ser positivado pelo art. 10 da

codificação, que prescreve a impossibilidade de decisão sobre fato não discutido pelas partes.

O art. 4º, ao garantir o direito à solução integral do mérito, em conjunto com o art.

10, impede que o órgão jurisdicional se abstenha de analisar o mérito do pedido sem antes

apresentar aos litigantes as questões possivelmente geradoras da inadmissibilidade da ação.

Nesses termos, é observado o dever de prevenção, consistente na obrigação do magistrado de

apontar deficiências formais que tornem inadequado o processo, como se verifica no art. 3218.

Em relação à boa-fé no processo, esta é tratada pelo art. 5º do CPC/2015, segundo

o qual: “Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo

com a boa-fé”. Esse artigo possui correspondência com o art. 14, II do Código de 19739, o

qual estabelece a todos que do processo participem o dever de proceder com lealdade e boa-

fé. O referido dispositivo legal segue, assim, a mesma linha do art. 6º, ao imputar um dever a

todos os que participam de algum modo do processo, não restringindo sua aplicação aos

sujeitos da relação processual.

8 Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.9 Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processoI - expor os fatos em juízo conforme a verdade;II - proceder com lealdade e boa-fé;III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento;IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito.V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.(...)

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A codificação processual buscou ainda reforçar a ideia de boa-fé e lealdade ao

proclamar os arts. 79 e 80. Esses dispositivos estabelecem, respectivamente, a punição

àqueles que procederem de má-fé (devem responder por perdas e danos) e a positivação de

um rol exemplificativo de situações de má-fé vedadas aos litigantes10.

Ao tratar do princípio da cooperação, não se pode olvidar de importante vertente

acautelada pelo Novo Código de Processo Civil, o autorregramento no processo. Este parte da

noção de “negócio jurídico processual”, possibilitando às partes da relação determinarem o

modo de execução de alguns atos processuais. O autorregramento do processo está

intimamente ligado ao direito fundamental à liberdade, consagrado no art. 5º, caput, da CF11, e

à nova perspectiva determinada pelo CPC/15 de maior participação no processo daqueles que

sofrerão diretamente as consequências da decisão proferida. Este conceito é assim definido

por Fredie Didier:

O princípio do respeito ao autorregramento da vontade no processo

visa, enfim, à obtenção de um ambiente processual em que o direito

fundamental de autorregular-se possa ser exercido pelas partes sem

restrições irrazoáveis ou injustificadas. (Grifo do autor) (DIDIER,

2015, p. 134)

Importante frisar que o autorregramento da vontade, entendido também como

autonomia privada, não é ilimitada no processo. O próprio Código traz em seu texto algumas

das hipóteses cabíveis de participação das partes nos atos processuais, os “negócios

10 Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;II - alterar a verdade dos fatos;III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;VI - provocar incidente manifestamente infundado;VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.11 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...).

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processuais típicos”. Nesse aspecto, o NCPC trouxe grande inovação ao ampliar as hipóteses

desses negócios em relação ao CPC/73. Leonardo Carneiro da Cunha explica essa ampliação

em sua obra “Negócios Jurídicos Processuais no Processo Civil Brasileiro”, apontando

algumas das novas hipóteses previstas no CPC/15.

De acordo com o autor, o NCPC traz a possibilidade de o juiz, em concordância

com as partes, reduzir prazos peremptórios (art. 222, §1º); criar um calendário processual

fixando datas para a realização dos atos processuais (art. 191); das partes, em comum acordo,

escolherem o perito (art. 471); a necessidade do juiz designar audiência para saneamento e

organização de matéria complexa em cooperação com as partes (art. 357, §3º); a possibilidade

das partes apresentarem ao juiz, para homologação, acordo de saneamento delimitando

consensualmente questões jurídicas que merecem análise para solução do mérito (art. 364,

§2º) e a possibilidade de uma das partes, sem exigir a concordância da parte contrária, desistir

de documento anteriormente apresentado por ela como instrumento probatório (art.432)

(CUNHA, 2014, p. 22-27).

O NCPC permite, ainda, a solução de conflitos por autocomposição, disposição

entendida doutrinariamente como “negócio processual atípico”, previsto no art. 190 do

CPC/15. A prescrição normativa admite a possibilidade de as partes estipularem mudanças no

procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre atos do

processo. É papel do juiz controlar a validade dessas convenções, recusando-lhes aplicação

somente nos casos de nulidade ou abusividade (parágrafo único do art. 190). Ademais, os

parágrafos do art. 3º12 da nova codificação apresentam exemplos de autocomposição, como a

arbitragem, a solução consensual dos conflitos pelo Estado, a conciliação e a mediação.

No que concerne à limitação do autorregramento, “os negócios jurídicos

processuais devem situar-se no espaço de disponibilidade outorgado pelo legislador, não

podendo autorregular situações alcançadas por normas cogentes”. Desse modo, é inconcebível

12 Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

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que a autonomia das partes gere afastamento de regra que vise a proteção de direito

indisponível ou trate sobre tema cuja disciplina é reservada à lei (CUNHA, 2014, 30).

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todo o exposto, é inegável a evolução do direito processual brasileiro ao

instituir no NCPC modificações nas relações entre os sujeitos processuais. Ao trazer como

elemento norteador da nova codificação uma participação mais ativa das partes litigantes, o

legislador busca garantir um processo leal e democrático, gerando, consequentemente, uma

decisão mais justa aos olhos dos sujeitos processuais.

Para tanto, não se pode desprezar o instituído pela Magna Carta, utilizada como

parâmetro normativo e interpretativo do processo. A colaboração das partes no processo,

entendido como meio para a concretização do direito material, garante ainda a democracia e a

legitimidade da jurisdição, além de assegurar direitos fundamentais.

Nesse sentido, é essencial para a concretização de um processo leal e democrático

a aplicação do princípio do contraditório e da cooperação. Desse modo, o processo deixa de

ser formado por atos isolados previamente delimitados para cada um dos sujeitos processuais

e passa a ser a conjugação dos esforços participativos daqueles a quem a decisão se destina e

do órgão estatal responsável por regular a relação processual e proferir a sentença. Os

princípios do contraditório e da cooperação são, assim, basilares para que seja alcançado um

processo comparticipativo.

O Novo Código de Processo Civil tenta, então, incutir na sociedade o fim da ideia

de confronto entre litigantes, pregando a realização de um processo fundamentado na

colaboração entre todos os envolvidos para que, juntos, cheguem a um desfecho que garanta

uma decisão mais justa frente às pretensões levadas ao Judiciário.

4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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